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PARA GOSTAR DE LER: A literatura infantil em questão
Autora: Alaine Costa Nader Perusso1
Orientador: Dr. Thiago Alves Valente2
Resumo
Este trabalho tem como objetivo incentivar práticas de leituras habituais,
implementando estratégias e técnicas que seduzam para o prazer de ler, buscando
conhecimentos para a formação do senso crítico e despertando uma nova
consciência sobre a importância da leitura; ampliando e transformando sua visão de
mundo por meio do texto literário. O acesso aos mais variados textos possibilita aos
alunos estabelecer relações em diferentes níveis, fornecendo requisitos para que
consiga interpretar o que se lê e possa criar, utilizando-se dos conhecimentos
adquiridos através dela. A obra literária traz uma intertextualidade percebida nos
temas, nas diferentes épocas e nos diálogos constantes entre obra/autor/leitor. E
para a literatura infanto-juvenil é atribuída a responsabilidade na formação da
consciência de mundo das crianças e dos jovens. O método a ser utilizado será o
Recepcional das autoras Bordini e Aguiar (1988). Processa-se em cinco etapas,
favorecendo sempre a interação entre o texto e o leitor, atribuindo sentido ao texto e
viabilizando a quebra da mesmice que há na constante confirmação de expectativas.
A avaliação do método deve ser uma leitura mais exigente que a inicial em termos
estéticos e ideológicos.
Palavras-chave: Formação leitor; leitura; método Recepcional; prática escolar.
1 Professora do Programa de Desenvolvimento Educacional – PDE, área de Português, Escola Estadual João XXIII – São Jerônimo da Serra PR.2 Docente na Universidade Estadual do Norte do Paraná (UNEP) – Cornélio Procópio – PR
1
INTRODUÇÃO
Na busca pelo conhecimento, o ser humano vai construindo sua imagem
através das interações que realiza com o outro e com as situações vividas. Assim
sendo, a comunicação é imprescindível para a integração dos indivíduos com o
mundo. A leitura é extremamente importante para o crescimento pessoal, social,
profissional, político. A leitura contribui para o enriquecimento pessoal e para a
compreensão do mundo do leitor. É elemento essencial para se adquirir
conhecimento, formar cidadão crítico, reflexivo, ativo com consciência e autonomia,
capaz de pensar e interferir no meio onde vive transformando a realidade que o
cerca. È uma prática imprescindível no contexto educacional diferenciado e eficiente.
E por meio dela é possível oferecer uma educação que atinja o desenvolvimento
integral do aluno.
A Escola Estadual João XXIII - Ensino Fundamental, localizada na Rua João
Pedro Proença, nº. 500 no município de São Jerônimo da Serra, única na cidade a
ofertar as séries finais do Ensino Fundamental. Possui 580 alunos com
características distintas: advindos da zona urbana, zona rural e também alunos
pertencentes a outros segmentos sociais e/ou étnicos como assentados e indígenas,
resultando uma realidade sociocultural diversificada. Os alunos nela matriculados
apresentam traços semelhantes em relação ao aspecto socioeconômico. Pertencem
a famílias, em sua maioria, de baixa renda, pais trabalhadores de mão de obra não
qualificada. O percentual de famílias com pouca escolaridade, pais desempregados
que participam de programas de transferência de renda é um número muito
significativo, acentuando ainda mais a desigualdade social.
Trabalhando como professora de Língua Portuguesa, nas escolas estaduais
do Estado do Paraná há 25 anos, presenciei e participei de mudanças ocorridas no
ensino em todo esse tempo, mas não percebi resultados concretos e significativos
referentes a pratica efetiva da leitura.
Formar leitores não é papel somente da escola, mas é ela a grande
responsável em incutir e conscientizar a todos sobre a importância da leitura nos
tempos atuais. Percebeu-se, em minha escola, um grande distanciamento entre a
intenção explícita na legislação de formar alunos críticos com gosto e hábito de ler, e
o fato desses alunos demonstrarem desinteresse e incompetência com a leitura.
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Havia algo errado e alguma coisa deveria mudar. Com o Programa de
Desenvolvimento Educacional (PDE) a oportunidade surgiu como alternativa para
que esta realidade começasse a se modificar.
A implementação do Projeto “Para gostar de ler: Identidade e sociedade” foi
desenvolvido na escola com a finalidade de compreender melhor como é o processo
de leitura. O projeto contemplou a prática da leitura, resgatando a necessidade de
identificar questões relacionadas ao hábito de leitura, aproximando-a como atividade
ligada à vida. Tornou-se visível que o prazer pela leitura é fator intrínseco em nossas
vidas e imprescindível para a socialização do conhecimento.
OS “PORQUÊS” DA LEITURA
Segundo Bordini e Aguiar “todos os livros favorecem a descoberta de
sentidos” (1988, p.13). Informação, emoção, sonhos, realidade são representações
encontradas na literatura extraindo visão histórica, política e social, uma tomada de
consciência. Como citam as autoras “não é um mero reflexo da mente, que se traduz
em palavras, mas o resultado de uma interação ao mesmo tempo receptiva e
criadora” (1988, p.14).
Ler é ato que provoca construção de sentidos e não apenas decifração de
códigos. É uma prática social que envolve atitude, gestos e habilidades que são
registrados pelo leitor. O sujeito registra conhecimento de leitura, mesmo quando
não possui o domínio alfabético, isto se reflete quando sabe relatar a função de um
jornal, ouvindo leituras, quando reconhece e localiza pontos de acesso público ou
privado. Todas as tentativas que o sujeito faz atribuindo sentido a um texto ou uma
situação são consideradas leituras.
Freire afirma: “O ato de ler não se esgota na decodificação pura da palavra
escrita ou da linguagem escrita, mas que se antecipa e se alonga na inteligência do
mundo. A leitura do mundo precede a leitura da palavra” (2005, p. 11).
Sendo assim, a leitura é construção de sentido, ler é uma atividade complexa
que amplia a perspectiva sócio-cognitiva, para a qual o leitor mobiliza o
conhecimento prévio e conhecimento de mundo acrescentado à decodificação de
sinais atribuindo-lhes sentidos, fornecendo possibilidades de experiências subjetivas
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de partilhar ideias, de entender melhor a realidade, de tornar o sujeito apto a
interpretar, questionar, refletir e interferir nas transformações do mundo. Segundo o
autor Silva “leitura voltada às batalhas do cotidiano, ao fazer pedagógico concreto e
às transformações de que tanto precisamos nesta sociedade” (2005, p. 33).
A leitura é uma prática social que envolve atitudes, emoções, informações
que são modificadas ou transformadas pelo leitor, tanto no ato da leitura, quanto no
que precede e o efeito causado após seu término. O ato de ler é importantíssimo na
busca da aquisição de conhecimentos, crescimento social, profissional e político,
para integração e interação com outros e com situações, como diz Antunes: “A
linguagem é uma das formas de atuar, de influenciar, de intervir no comportamento
alheio, que outros atuam sobre nós usando-a e que igualmente cada um de nós a
podem usar para atuar sobre os outros” (ANTUNES, 2003, p. 82 apud FONSECA &
FONSECA, 1977, p. 82).
A escola pública vem repensando o seu papel e a sua função social há algum
tempo, assumindo que grande parcela da população tem a escola como a única
instituição de acesso ao conhecimento. Perspectivas de ensinamentos, garantindo
aprendizagem e noções básicas para a vida em sociedade, pressupõem uma
educação escolar transformadora, inclusiva, completa e eficiente. As Diretrizes
Curriculares da Educação Básica de Língua Portuguesa do Estado do Paraná (2008)
refere-se à leitura como processo de produção de sentidos estabelecendo relações
entre o texto, como um ato dialógico, a partir de interações sociais, significado
global, possibilidades dialógicas, intertextualidade, conhecimento linguístico,
conhecimento prévio, conhecimento de mundo. Na visão das DCEs:
Nestas Diretrizes, compreende-se como leitura como um ato dialógico,
interlocutivo, que envolve demandas sociais, históricas, políticas,
econômicas, pedagógicas e ideológicas de determinada momento. Ao ler, o
indivíduo busca as experiências, os seus conhecimentos prévios, a sua
formação familiar, religiosa, cultural, enfim, as várias vozes que o
constituem. Na concepção de linguagem assumida, por estas Diretrizes a
leitura é vista como ato dialógico, interlocutivo. O Leitor, nesse contexto, tem
um papel ativo no processo da leitura, e para se efetivar como co-produtor,
procura pistas formais, formula e reformula hipóteses, aceita ou rejeita
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conclusões, usa estratégias baseadas no seu conhecimento linguístico, nas
suas experiências e na sua vivência sócio-cultural (2008, p.56).
No ensino de Língua Portuguesa, uma das lacunas da aprendizagem é a não
priorização da leitura significativa e prazerosa do ensino. De um modo geral, a
escola vem trabalhando a leitura de forma fragmentada, imposta, não linear, focando
a aprendizagem na decodificação, interpretação dos exercícios e nos
preenchimentos das fichas literárias. Essas práticas demonstraram que, na escola, a
literatura é trabalhada, na maioria das vezes, através textos apresentados no livro
didático; e para complementação dos temas, alguns livros paradidáticos, quando
não se adota fragmentos ou folhas avulsas acompanhadas de questionários com
pouca reflexão e exercícios gramaticais.
Isso faz com que o aluno não se empolgue com a leitura tornando-a uma
coisa imposta, chata, maçante. Outra situação agravante é que as atividades
propostas são repetitivas, sem qualquer criatividade, obsoletas, atividades
esquematizadas sempre da mesma forma, uma fórmula pronta para direcionar o
estudo da gramática, para produção de textos e interpretação reprodutiva, não
levando em conta abordagem do texto e sua orientação na teoria literária.
Uma dos fatores para se formar o hábito de leitura é o de que os livros
ofertados sejam próximos da realidade do leitor e que os assuntos abordados
estabeleçam questões significativas para suas vidas. O processo para que isso
ocorra pode-se iniciar de maneira dinâmica, partindo das leituras das preferências
do leitor, por textos conhecidos de autores atuais e pelas temáticas que despertem
interesse e curiosidade. Isso acarretará uma reflexão crítica, gerando ampliação dos
conhecimentos existenciais e culturais do leitor.
Para Bordini e Aguiar, a leitura e a literatura infanto-juvenil aproximam-se das
expectativas do aluno, através de sua linguagem acessível, compreensão fácil,
ambientes reconhecíveis, personagens e problemas próximos de sua realidade.
Para as autoras: “A familiaridade do leitor com a obra gera predisposição para a
leitura e o consequente desencadeamento do ato de ler” (1988, p.18).
A literatura infantil originou-se da transformação da sociedade, no século
XVIII, com necessidade de uma linguagem direcionada ao público infantil. E o
crescimento de leitores da literatura infantil, tinha o intuito à orientação da formação
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do indivíduo. Segundo Zilberman e Magalhães “propiciar à criança um conjunto de
normas de comportamento e meios de decodificação do mundo circundante,
integrando e adequando o leitor a ele” (2009, p. 62).
A linguagem da literatura infantil possibilita o conhecimento de normas
transmitindo valores típicos de padrão de comportamento, é característica
predominante nos contos de fadas. Mas a formação moral da criança não é o único
objetivo da literatura infantil, também a formação de conhecimento cognitivo surge
com a atividade como forma lúdica de obter informações de caráter enciclopédico.
Dependendo da faixa etária onde se encontra a criança, percebe-se o
interesse por determinados textos literários e o prazer que esses lhes proporcionam.
A leitura do professor é pré-requisito para a leitura do aluno e devem direcionar o
seu trabalho. Para Bordini e Aguiar “ler é imergir num universo imaginário, gratuito,
mas organizado, carregado de pistas as quais o leitor vai assumir o compromisso de
seguir, se quiser levar sua leitura, isto é, seu jogo literário a termo” (1988, p. 27). E
este trabalho do professor deve estar vinculado a uma teoria literária como suporte
do trabalho textual para escolha dos textos.
Em meados do século XIX, a estética tradicional e a teoria literária
desconsideravam o leitor. O que dominava era o modo como as obras e seus
autores eram vistos e compreendidos em meio à produção literária da época. A obra
era vista fora de todo contexto da leitura. Priorizavam a linguagem, o estilo, a
estrutura e a textualidade. Focava-se o mundo do escritor, a biografia ganhava
importância. O papel do leitor na constituição de sentido de um texto e sua
importância na recepção de obras literárias passa a tomar forma apenas mais tarde.
Em 1964, A Estética da Recepção surgiu na República Federal da Alemanha,
onde adquiriu o estatuto de “escola” na Universität Konstanz. Considerados os
fundadores Hans Robert Jauss (1921-1997) e Wolfgang Iser (1926-2007), ambos
desenvolveram uma noção dinâmica do leitor como ponto principal, uma vez que
considerava a literatura um sistema que se define por produção, recepção e
comunicação, tecendo uma relação dialética entre autor, obra e leitor.
A Estética da Recepção dá embasamento a propostas de ensino de literatura
que colocam o leitor como fator essencial, considerando seus interesses e
conhecimentos prévios, por fundar seus pressupostos no alargamento do seu
horizonte de expectativa, levando-o à reflexão acerca da construção de sentidos
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elaborada a partir do texto e concedendo ao leitor uma nova consciência crítica de
seus códigos e expectativas habituais.
Baseadas nessa referência, Bordini & Aguiar (1988) fizeram uma pesquisa
acerca dos métodos de ensino de literatura e desenvolveram o Método
Recepcional.
O Método Recepcional é uma boa forma de incentivar/construir o aluno leitor,
partindo do que já é de domínio, para, aos poucos, ir ampliando a leitura de cada
um. A leitura só se concretiza quando passa a ser significativa ao leitor. Torna-se
uma estratégia eficaz porque o leitor é o ponto principal, mais importante no
processo de interação leitor-texto-autor.
A riqueza polissêmica da literatura é um campo de plena liberdade para o
leitor, o que não ocorre em outros textos. Daí provém o próprio prazer pela
leitura, uma vez que ela mobiliza mais intensa e inteiramente a consciência
do leitor, sem obrigá-lo a manter-se nas amarras do cotidiano.
Paradoxalmente, por apresentar um mundo esquemático e pouco
determinado, a obra literária acaba por fornecer ao leitor um universo muito
mais carregado de informações, porque o leva a participar ativamente da
construção dessas, com isso forçando-o a reexaminar a sua própria visão da
realidade concreta (BORDINI & AGUIAR, 1988, p.15).
O método recepcional considera a obra como uma sequência de saberes. A
obra é um cruzamento de conhecimentos de vários contextos históricos como
aponta Aguiar (1988, p.85) “Quanto mais leitura o indivíduo acumula, maior a
propensão para a modificação de seus horizontes, porque a excessiva confirmação
de suas expectativas produz monotonia que a obra difícil pode quebrar”.
Para se obter experiência de leitura, o aluno deve ter contato com diferentes
textos. A avaliação do método deve ser uma leitura mais exigente que a inicial em
termos estéticos e ideológicos. No Método Recepcional, o leitor é o ponto principal e
verifica-se que só obterá êxito, a partir do momento em que os alunos se sintam
motivados e seguros a novas leituras, superando seus horizontes e expectativas. O
método parte do próprio conhecimento dos alunos e a leitura literária tende a ficar
cada vez maior quando o aluno é capaz de compreender níveis mais profundos do
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texto. A literatura será valorizada, à medida que sua função formativa e o seu poder
de formar cidadãos críticos e reflexivos se efetivem.
Para as autoras:
A teoria da estética da recepção desenvolve seus estudos em torno da
reflexão sobre as relações entre narrador-texto-leitor. Vê a obra como um
objeto verbal esquemático a ser preenchido pela atividade de leitura, que se
realiza sempre a partir de um horizonte de expectativas. Roche define este
como “soma de comportamentos, conhecimentos e ideias pré-concebidas
com que se depara uma obra no momento de sua aparição e segundo o qual
é medida” (1980:10). Por esse caminho, a teoria tenta fechar o círculo entre a
abordagem estrutural e sociológica. A obra literária é avaliada, a partir da
teoria recepcional, através de descrições de componentes internos e dos
espaços vazios a serem preenchidos pelo leitor. Faz-se, então, o confronto
entre o texto e suas diversas realizações na leitura e explicam-se estas se
recorrendo às expectativas dos diferentes leitores ou grupos de leitores em
sociedades históricas definidas. A obra é tanto mais valiosa quanto mais
emancipatória, ou seja, quanto mais propõe ao leitor desafios que as
expectativas deste não previam (BORDINI & AGUIAR, 1988, p.31).
O método Recepcional se processa em cinco etapas, favorecendo
sempre a interação entre o texto e o leitor, atribuindo sentido ao texto e
viabilizando a quebra da mesmice que há na constante confirmação de
expectativas:
1. Determinação do horizonte de expectativas: nesta primeira etapa, será
realizada uma investigação junto aos alunos através do diálogo e trabalho em
sala de aula para detectar os horizontes de expectativas indicados pelos seus
preconceitos, estilo de vida, valores, crenças, a fim de prever estratégias de
ruptura e transformação do mesmo.
2. Atendimento do horizonte de expectativas: a segunda etapa consiste no
atendimento do horizonte de expectativas, em que se proporcionarão à classe
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experiências com textos literários que os alunos apreciem e as atividades
técnicas que já dominem e sintam satisfação em expor.
3. Ruptura do horizonte de expectativas: nesta etapa serão introduzidos textos e
atividades propostas que deverão abalar as certezas dos alunos em ternos de
literatura ou de vivência cultural, dando continuidade à etapa anterior;
assemelhando-se no tema, tratamento, estrutura ou linguagem; para que o
aluno mesmo ingressando em um campo desconhecido, sinta-se seguro para
continuar participando do processo.
4. Questionamento do horizonte de expectativas: nesta quarta etapa de
questionamento do material literário trabalhado, os textos exigem um nível
mais alto de reflexão, trazem um grau maior de satisfação. Os alunos farão
comparações das leituras realizadas, detectarão as dificuldades, e neste
momento perceberão que o conhecimento e a vivência que adquirem,
facilitarão a compreensão ainda maior dos textos.
5. Ampliação do horizonte de expectativas: última etapa em que os alunos,
conscientes de suas novas possibilidades de manejo com a literatura, partem
para a busca de novos textos, que atendam as suas expectativas ampliadas
no tocante a temas e composição mais complexa.
Esse método de ensino de literatura possibilita colocar o aluno em contato
com diferentes textos, enfatizando a comparação entre o familiar e o novo, entre o
próximo e o distante no tempo e no espaço, sempre discutindo as leituras com o
interesse do grupo. Como aponta Aguiar (1988, p.85) “Quanto mais leitura o
indivíduo acumula, maior a propensão para a modificação de seus horizontes,
porque a excessiva confirmação de suas expectativas produz monotonia que a obra
difícil pode quebrar”.
Proporciona também trabalhar com os três eixos do ensino da língua: leitura,
oralidade e escrita. Ampliando as competências em leitura e em escrita dos textos,
aprimorando a fluência e desenvoltura dos exercícios da comunicação oral. Segundo
Antunes: “Que aqueles objetivos mais amplos e relevantes sejam alcançados e que
se favoreça um contato mais positivo do aluno com a língua que ele estuda, a fim de
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que saiba falar, ouvir, escrever e ler mais adequada e competentemente” (2003,
p.13). E assim, o fim de cada etapa é o início de uma nova aplicação, evoluindo em
espiral, permitindo ao aluno uma postura mais crítica em relação aos textos e à sua
vida.
PROPOSTA DE APRENDIZAGEM: a leitura dos textos literários
Serão trabalhadas as cinco unidades de acordo com as etapas do Método
Recepcional, com enfoque no tema desigualdade social, contendo textos de
fundamentação com sugestões de atividades aos alunos, 7º ano do Ensino
Fundamental, desenvolvidas em 12 encontros:
1º encontro
a) Sensibilização através dos vídeos:
Duas classes... Duas vidas. Disponível em:
<http://www.youtube.com/watch?v=Fk6ud_dua7M&NR=1&feature=fvwp> Acesso em 13 jun. 2011.
Desigualdade social. Disponível em:
< http://www.youtube.com/watch?v=tLHBHjOij3k&feature=related> Acesso em 13 jun.2011.
a) Debate informal oportunizando ao aluno uma participação mais efetiva na
discussão sobre o tema proposto.
b) Textos jornalísticos: conceitos sobre notícia e reportagem que mostram a
notícia comprometida com a veracidade dos fatos e seus aspectos essenciais e a
reportagem caracterizada por formar conjunto de matérias com aprofundamentos
dos fatos.
ENSINAR e APRENDER: VOLUME 1 - Material produzido pelo CENPEC para O Projeto Correção de Fluxo da Secretaria de Estado da Educação do Paraná, 1988.
c) Estudo dos textos jornalísticos:
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Notícia enfocando um assalto na residência de um juiz em bairro nobre em Teresina.
OLIVEIRA, Apoliana. Grupo é responsável por arrastões e costumam agir nos bairros da zona nobre da capital. Notícia. Teresina PI. Disponível em: <http://180graus.com/geral/bando-de-jovens-de-classe-alta-e-investigado-na-zona-leste-411567.html> Acesso em 10 jun.2011.
Reportagem com exemplos de famílias vivendo em extrema miséria, dependendo
financeiramente dos programas sociais para sua sobrevivência.
AVANSINI. Caroline. Segunda geração dos excluídos. Reportagem. Londrina PR, Folha de Londrina,
domingo, 24 abr. 2011.
d) Debate informal sobre os estudos anteriores.
e) Confecção de cartazes com desenhos representativos sobre o tema
desigualdade social.
2º encontro
a) Audição da música e letra “O meu guri” de Chico Buarque de Holanda (1944-)
A música retrata questões sociais que levam crianças e adolescentes a
ingressarem no mundo do crime organizado. Gravada em 1981 – “O meu
guri”. Narra a história de jovens que vivem em periferias; seus sofrimentos,
privações, angústias e como as atividades criminosas se estruturam servindo
de ponte para que adolescentes adquiram bens materiais, produtos que a
sociedade de consumo produz e propaga e que eles consideram essencial
para se viver.
BUARQUE, Chico. Meu Guri. Disponível em:
<http://www.vagalume.com.br/chico-buarque/#ixzz1PT4VBRmi> Acesso em 15 jun.2011.
b) Discussões sobre as impressões contidas na música.
c) Cantar a melodia.
d) A música “Rap da felicidade” de Cidinho e Doca, os mesmos procedimentos
da música anterior. Este texto faz referência a situações ligadas à violência
urbana.
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Cidinho - Doca. O Rap da Felicidade. Disponível em: <http://www.vagalume.com.br/mcs-cidinho-
e-doca/rap-da-felicidade.<html#ixzz1PNtvbHBX> Acesso em 14 jun.2011.
e) Conceituar crônica como um comentário leve e breve sobre algum fato
comum das pessoas e narrado em primeira pessoa.
CEREJA. William Roberto; MAGALHÃES. Thereza Cochar. Português: Linguagens. São Paulo: Atual,
1998.
f) Estudo da crônica Bandidos e Polícias, que conta a história de dois amigos
que brincam de mocinho e polícia e trocam sempre os papéis . Com o passar
dos tempos, os papéis começam a ser definidos e a brincadeira de criança
torna-se uma terrível realidade.
Texto extraído do livro: LOPES, Vera, LARA, Anésia. TUDO DÁ TRAMA. Belo Horizonte: Editora
Dimensão, 1977. Pág.128.
e) Discussão no grande grupo sobre os questionamentos:
• Pobreza gera violência?
• Quais são os problemas que levam algumas crianças ao roubo?
• Até que ponto os pais são responsáveis pelas atitudes dos filhos? E a sociedade
também é responsável?
• O que é felicidade?
• A escola é um fator que pode realmente mudar a vida de alguém?
3º encontro
a) Leitura das imagens dos vídeos “História de Tito” de Cidinho e Doca, que
conta a história de um menino exemplar na escola, mas que por um motivo
se desvirtua para o tráfico de drogas.
Disponível em: < http://www.youtube.com/watch?v=cV9mUoZYen4&feature=related> Acesso em 04
ago.2011.
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b) Outro vídeo tratou-se de cenas chocantes da violência urbana em nosso país.
Disponível em< http://www.youtube.com/watch?v=lpnpYEdEC0Q.> Acesso em 04 ago. 2011.
c) Debate informal sobre os vídeos assistidos.
d) Conceituar paródias.
CEREJA. William Roberto; MAGALHÃES. Thereza Cochar. Português: Linguagens: literatura,
produção de texto e gramática, v.1.3.ed.rev. e ampl. São Paulo: Atual, 1999.
e) Divisão das equipes e elaboração das paródias das músicas estudadas.
4º encontro
a) Socialização das narrativas com a turma.
b) Laboratório de informática para digitação dos textos.
5º encontro
a) Sensibilização dos alunos a respeito da desigualdade social através de
fotografias de Sebastião Salgado (1944-) que procura fazer as pessoas refletir sobre
a situação da pobreza, da dor, da fome retratada em suas imagens.
Disponível em: <http://obviousmag.org/archives/2010/08/a_fome_em_preto_e_branco_-
_sebastiao_salgado.html> Acesso em 25 jun.2011.
Disponível em: <http://topicos.estadao.com.br/fotos-sobre-sebastiao-salgado/salgado-registra-
continente-esquecido765dfb15-ef15-4941-8d0f-ce957c69e232> Acesso em 25 jun.2011.
b) Interpretação da tela “Os Retirantes” de Cândido Portinari (1903-1962). “Os
Retirantes”, produzidos em 1944, expõe o sofrimento dos migrantes representados
por pessoas magérrimas e com expressão que transmitem sentimentos de fome e
miséria. Fugiam dos problemas provocados pela seca, pela desnutrição e pelos altos
índices de mortalidade infantil no nordeste. Contribuíram para essa migração a
desigualdade social, no Nordeste.
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Disponível em: <
http://www.proa.org/exhibiciones/pasadas/portinari/salas/portinari_retirantes.html>Acesso em 27 jun.
2011.
c) Releitura contemporânea da obra. A atividade será interdisciplinar com a
disciplina de Arte.
d) Tarefa de casa: Pesquisar a biografia de Lygia Bojunga Nunes (1932-).
6º encontro
a) Projetar a biografia da autora da tarefa e discutir sobre sua vida.
b) b) Definição sobre o gênero literário Conto.
Ensinar e aprender: volume 2 - Material produzido pelo CENPEC para O Projeto Correção de
Fluxo da Secretaria de Estado da Educação do Paraná, 1988.
c) Questionamento sobre o título do conto “O bife e a pipoca” e as relações entre
as palavras “bife” e “pipoca”.
d) Leitura das duas primeiras páginas pela professora com o intuito de instigar os
alunos para a leitura do conto “Bife e a Pipoca”.
e) Distribuição dos exemplares do conto para os alunos. Este conto estrutura-se
em torno de dois garotos, colegas de escola, Tuca e Rodrigo, personagens
pertencentes à realidade oposta. Tuca é morador de favela com mais dez irmãos,
sendo a irmã mais velha responsável por eles. Trabalha lavando carros para ajudar
nas despesas da casa. Filho de mãe alcoólatra e de pai que abandonou a família.
Aluno bolsista de uma escola particular onde também estuda Rodrigo, filho único de
uma família da classe média. Apesar das personagens possuírem realidades tão
contrastantes, tão diferentes, constrói-se uma amizade sincera, com muitas
revelações que transpõem todas as dificuldades encontradas.
7º encontro
a) Diálogo informal sobre a frequência com que recebe ou enviam cartas.
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b) Leitura da carta que Rodrigo envia ao seu amigo Guilherme. A história é
dividida em dez partes. Algumas contam o cotidiano dos personagens e outras
partes são cartas que Rodrigo escreve a Guilherme, amigo que se mudou para
Pelotas, Rio Grande do Sul, contando as novidades da escola e de seu amigo: Tuca.
c) Apresentação dos elementos presentes no gênero epistolar.
CEREJA. William Roberto; MAGALHÃES. Thereza Cochar. Português: Linguagens: literatura,
produção de texto e gramática, v.1.3.ed.rev. e ampl. São Paulo: Atual, 1999.
d) Elaboração das cartas-respostas do personagem Guilherme.
e) Socialização das mesmas.
f) Exposição no pátio da escola de um painel com formato de um saquinho de
pipocas, onde as cartinhas ficarão à mostra para toda a escola.
g) Solicitação da tarefa de casa: biografia do autor Mark Twain (1835-1910).
8º encontro
a) Projetar a biografia da tarefa e discutir sobre a vida do autor citado.
b) Interdisciplinaridade com a História sobre a época do reinado de Henrique VIII
ampliando os conhecimentos e situações da época, na parte econômica, artística,
religiosa do reinado de Henrique VIII.
c) Leitura em sala de aula do livro O príncipe e o mendigo. A história focaliza
dois meninos idênticos que trocam de roupa e de vida. Um, Edward Tudor,
passando de príncipe de Gales para a mais completa pobreza e o outro, Tom Canty,
um mendigo, que tomará decisões que envolvem milhares de vidas. Com a morte do
rei Henrique VIII, a situação dos dois meninos torna-se insustentável mediante as
dificuldades vivenciadas por ambos. Mas ao final da história, os dois garotos
retomam as suas verdadeiras identidades e o rei legítimo, Edward, é coroado.
TWAIN, Mark. O PRÍNCIPE E O MENDIGO. Adaptação em português de Claudia Lopes. São Paulo:
Scipione, 1998- (Série Reencontro).
9º encontro
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Datashow para a exibição do filme “O príncipe e o mendigo”, com duração
aproximadamente de 129 min.
O Príncipe e o Mendigo (filme). Downloaded from www. Allsubs.org. Legendas feitas por Bebef www. Titrari. ro. 129 min.
10º encontro
Estratégia para avaliar como se procedeu a leitura. A dinâmica de grupo “fio
condutor” estabelece que o material utilizado seja confeccionado pelo professor.
Vários fios de lã, de medidas diferentes, uns 50 cm, 80 cm outras com até 1m,
muitas cores, serão emendados uns aos outros, formando um novelo. A professora
iniciará a história desenrolando o novelo e, quando mudar a cor da lã transfere-se a
narrativa a outro narrador da história.
11º encontro
Produção de cartazes sobre a pergunta: Se você fosse um príncipe ou uma
princesa o que faria para transformar a vida de um amigo?
12º encontro
Encerramento do Projeto da implementação com o Bingo Literário.
RELATO DE EXPERIÊNCIA
Inicialmente, com o objetivo de detectar os seus horizontes de expectativas,
os alunos foram convidados a apreciar a exibição de dois vídeos que tratavam do
tema proposto para a execução do projeto. Após a sessão, foi realizada uma
investigação junto aos alunos através do debate informal.
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Foram distribuídos impressos com dois textos jornalísticos: uma notícia3 e
uma reportagem4, nas quais perceberam que a desigualdade social se apresenta em
várias facetas e está presente em todas as localidades. Os textos foram trabalhados,
primeiramente, através da leitura silenciosa para estimular a autonomia e captação
mais apurada das informações e para aprimoramento da dicção, entonação e
socialização; a leitura oral também se fez presente. Através de aula expositiva,
aproveitou-se para mostrar as diferenças entre notícia e reportagem e as
características de cada uma.
Como muito dos fatos relatados nas imagens e nos textos pertenciam a sua
realidade, muitos alunos se identificaram. Houve depoimentos relatando suas
dificuldades como: participação em programas de transferência de renda,
desemprego, analfabetismo em suas famílias, assuntos que oportunizaram uma
participação mais efetiva na discussão. O vídeo aproxima a sala de aula do cotidiano
e os textos documentam a realidade, motivando os alunos à aprendizagem e
comunicação. Foi elaborado um grande quadro demonstrativo com palavras
mencionadas nos textos e debates. As palavras enlencadas foram: violência,
racismo, desigualdade social, higiene, prostituição, drogas, falta de oportunidade de
emprego, lixo, assalto, desnutrição, pobreza, criminalidade, falta de médico e de
escolas, bolsa família, analfabetismo, insegurança, preconceito, miséria, bullying,
guerra, falta de moradia, menores infratores, poluição.
Foi solicitado aos alunos que formassem duplas, formando um total de 15
equipes. Foram distribuídas cartolinas e tirinhas coloridas de EVA. Utilizando as
tirinhas, os alunos esboçaram desenhos representativos sobre o tema estudado e
neles as palavras do quadro que expressavam suas opiniões, sentimentos,
intolerâncias e esperanças. Foi um momento de reflexão sobre como podemos
adotar práticas sociais para amenizar a desigualdade em nossa comunidade.
Foi confeccionado um mapa territorial brasileiro bem grande, dimensão de
3x4m, onde estes trabalhos foram expostos no pátio da escola, conforme imagem a
seguir:
3OLIVEIRA, Apoliana. Grupo é responsável por arrastões e costumam agir nos bairros da zona nobre da capital. Notícia. Teresina PI. Disponível em: < http://180graus.com/geral/bando-de-jovens-de-classe-alta-e-investigado-na-zona-leste-411567.html> Acesso em 10 jun.2011. 4AVANSINI. Caroline. Segunda geração dos excluídos. Reportagem. Londrina PR, Folha de Londrina, domingo, 24 abr. 2011.
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Através da participação, percebeu-se a motivação para o estudo do tema
proposto e a sua aceitação.
Para atender os horizontes de expectativas, foram escolhidas duas músicas
“O meu guri” de Chico Buarque de Holanda5 e o “Rap da felicidade” de autoria de
Cidinho e Doca6.
Iniciou-se com a audição da música “O Meu Guri”, depois se ouviu a letra. Na
sequência, lemos a letra e passamos a discutir as impressões nela contida.
5 Biografia disponível em: http://www.e-biografias.net/biografias/chico_buarque.php . Acesso em 25 Mar. 2012.6 Biografia disponível em: http://pt.wikipedia.org/wiki/Cidinho_e_Doca . Acesso em 25 Mar. 2012.
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A música foi analisada oralmente de forma coletiva. Através do debate,
percebeu-se que a falta de uma política pública que não garante direitos civis e
sociais, gera questões conflitantes, tais como: analfabetismo, assaltos, mortes,
pobreza, principalmente para aqueles que são mais desprovidos
socioeconomicamente. Direitos que estão assegurados no artigo 7º do Estatuto da
Criança e do Adolescente (1990), não são respeitados e poucos ofertados à grande
população. A grande indignação demonstrada pelos alunos foi que questões
denunciadas pela música há 30 anos ainda são manchetes nacionais.
Houve pouca participação na apresentação da música. Por ser uma música
antiga, desconhecida, o samba-sincopado de Chico Buarque de Holanda não
agradou. Os alunos não demonstraram entusiasmo ao ouvir a canção.
Os mesmos procedimentos foram realizados com a música “Rap da
felicidade”. O rap refletiu sobre o descaso de como são tratados os moradores da
favela. Por ser um estilo musical atual, de finalidade crítica e com a mensagem que
devemos reivindicar e lutar por nossos direitos, aqueles assegurados pela
Constituição, foi bem aceita pelos alunos que sempre cantavam a melodia.
Após ouvirem e refletirem sobre as músicas, foi apresentado a crônica
“Bandido e polícia” de Moacyr Scliar (1937-2011) 7, mais um gênero literário para
aprofundamento sobre o tema. A crônica mostrou que ter identidade própria,
descobrir quem somos, é muito importante; e também que a escola é um fator que
interfere positivamente na mudança de vida das pessoas.
Depois da leitura da crônica, o texto foi analisado, observando a intenção da
escrita utilizada pelo autor para identificar a organização do texto, variedade
linguística e os recursos de coesão. Em seguida, foi solicitado que fizessem um
grande círculo debatendo questões pertinentes à função social da escola e à
responsabilidade dos pais referente à educação dos filhos.
Para maior motivação, foi utilizada a TV Multimídia para exibição do vídeo
“História de Tito”, de Cidinho e Doca, que conta a história de um menino exemplar
na escola, mas que por algum motivo se envolve com o tráfico de drogas. Outras
imagens foram apresentadas, como o vídeo “Violência Urbana no Brasil” que trata
de cenas chocantes da violência urbana em nosso país.
Os alunos foram questionados se conheciam histórias semelhantes e já
haviam presenciado cenas como as do vídeo. Houve muita participação. Relataram
7 Biografia disponível em: http://www.releituras.com/mscliar_bio.asp . Acesso em 25 Mar. 2012.
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histórias de pessoas muito próximas que sofreram vários tipos de violência e casos
de desvio de conduta. Foi muito assustador saber como crianças de tão pouca
idade já fazem à leitura da vida de um modo muito peculiar.
Retomamos as músicas, os alunos ouviram-nas e cantaram-nas novamente.
Após a análise e compreensão dos textos, o gosto pelas canções foi despertado. A
partir disso, os alunos perceberam que elas dialogam entre si, passando a apreciá-
las sob um novo olhar. Na sequência, foi solicitado que elaborassem, em duplas,
paródias das músicas estudadas.
Depois os alunos socializaram suas narrativas com a turma. Percebeu-se
que a apresentação oral de um texto é uma das formas mais simples e eficientes
para despertar o gosto pela leitura.
Após as apresentações, os alunos foram encaminhados ao laboratório de
informática onde passaram ao trabalho de edição de seus textos no computador.
Digitaram e fizeram a revisão de questões relacionadas ao formato de sua produção
– ortografia, pontuação e léxico. Depois finalizaram suas produções, imprimiram
cópias e expuseram-nas no mural da escola.
No laboratório de informática havia 20 computadores, mas apenas 12
estavam funcionando, isto prejudicou muito a atividade. Muitos alunos tiveram que
retornar em outro turno para o término do trabalho.
A leitura das fotos denunciando a fome no mundo de Sebastião Salgado8 foi
feita com o objetivo de sensibilizar os alunos sobre a má distribuição de renda e
riqueza no mundo. Sentiram-se impressionados com a dimensão da fome,
principalmente em alguns países africanos como foi demonstrado nas fotos em
estudo. Consideraram a desigualdade social como um dos principais determinantes
da pobreza. Perceberam a intenção do fotógrafo em documentar as imagens em
preto e branco mostrando a realidade, não utilizando nenhum recurso para atenuar
o problema em questão, pois a técnica concentra a emoção, permitindo que a
imagem seja interpretada pelo o que ela é.
Com a finalidade de trabalhar com linguagens múltiplas, foi explorada outra
leitura de imagem, a tela de Cândido Portinari9, que retrata famílias inteiras fugindo
da seca do nordeste à procura de emprego. Percebe-se bem isso na obra “Os
Retirantes”, em que o pintor expressa a degradação de uma parcela significativa de
8 Biografia disponível em: http://www.infoescola.com/biografias/sebastiao-salgado/ . Acesso em 25 Mar. 2012.9 Biografia disponível em: http://www.culturabrasil.org/portinari.htm . Acesso em 25 Mar. 2012.
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brasileiros trabalhadores e sofredores. Os alunos colocaram que conheciam a tela,
pois já haviam estudado na disciplina de Geografia, isto possibilitou uma melhor
compreensão sobre a pintura.
Foi proposto aos alunos que fizessem a releitura da obra ou das fotos,
refletindo suas observações e opiniões do mundo em que vivemos. Explicou-se que
reler uma obra é atribuir um significado subjetivo do olhar do artista. As releituras
contemporâneas foram confeccionadas nas aulas de Arte. Os alunos demonstraram
muito interesse nesta atividade.
Percebe-se bem isto através do depoimento da professora S.R.:
A maior dificuldade em uma aula de pintura é o espaço físico, pois para esse
tipo de atividade, o ideal seria que tivesse uma sala apropriada, com
mobiliário adequado. Como a turma é numerosa e as carteiras pequenas,
derrubaram algumas tintas e copos com água pelo chão. Percebi durante o
desenvolvimento da atividade, que os alunos souberam compartilhar suas
tintas e os demais materiais, visto que eram limitados. Os alunos gostam
muito desse tipo de atividade e maioria tenta expressar ao máximo a sua
criatividade e seu interesse.
Mediante essa disposição dos alunos, foi proposto um concurso com
premiação ao melhor trabalho. A comunidade escolar foi quem o elegeu. Os
21
alunos transmitiram suas impressões e se posicionaram em relação à
temática. Demonstraram que através das pinturas pode-se protestar sobre a
desigualdade social reivindicando justiça social. A aluna E.C. foi a vencedora
com o seguinte trabalho:
A aluna relata que:
Esse desenho retrata a miséria e a fome. As pessoas do sertão saem da
cidade onde moram para viver na cidade grande, mas eles não sabem o que
vai acontecer. Eles acham que terão uma vida melhor, mas muitas vezes é o
contrário. As pessoas não encontram emprego e ficam com muita fome e vão
procurar comida no lixão. Essa é a vida real que acontece com muitas
pessoas que mudam de cidade.
A interdisciplinaridade envolvendo a disciplina de Arte e Português aconteceu
com grande êxito. A arte possibilitou a fundamentação do tema, propiciando o
desenvolvimento do pensamento artístico, estético e crítico dos alunos. Ampliou-se a
sensibilidade, a percepção, a reflexão e a linguagem.
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Os alunos foram convidados à leitura da biografia da escritora Lygia Bojunga
Nunes para motivar a nova etapa da proposta.
Para romper o horizonte de expectativas dos alunos, foi proposta uma
atividade que abalou as certezas dos alunos em termos de literatura. Foi oferecido a
eles o conto “O bife e a pipoca” de Lygia Bojunga Nunes 10.
O conto expõe temas que intrigaram os alunos: desigualdade social,
alcoolismo, trabalho infantil. Foi uma leitura instigante envolvendo o leitor em uma
realidade tão próxima como a de muitas crianças de nosso país. Os assuntos foram
abordados de forma literária, fazendo com que a narrativa despertasse o gosto pela
leitura. Isso comprovou que quando a oferta de livros é próxima à realidade do leitor
e que os assuntos abordados levantam questões significativas para ele, despertam
interesse e curiosidade, gerando predisposição para a prática da leitura.
Após explorar as palavras “bife” e “pipoca”, os alunos perceberam a
importância do título e sua significação. Iniciou-se a leitura propriamente dita e os
alunos não queriam parar de ler. Demonstravam isso através de pedidos para
completar a narrativa que havia sido iniciada pela professora. Acredita-se que o
leitor emancipe-se quando efetua uma leitura que os levam a uma identificação, pois
são movidos a questionar a si mesmo e ao mundo real, sentem-se transformados
por situações intrigantes que promovem a reflexão e a ampliação dos horizontes.
Através da alegria, entusiasmo com que realizaram a atividade constatou-se que a
atividade foi emocionante e confirmadora aguçando a curiosidade para o ato de ler.
Estabeleceu-se, naquele momento, a ruptura de horizonte prevista no Método
Recepcional.
Após pesquisa realizada em sala de aula, foi constatado que poucos alunos já
escreveram ou receberam correspondências. Alegaram que se comunicam através
do aparelho celular ou por redes sociais, devido aos meios tecnológicos mais
rápidos e econômicos.
Foi solicitado aos alunos que respondessem a carta que Rodrigo enviou a
Guilherme na qual relata sua angústia quando rompe a amizade com Tuca.
10 Biografia disponível em: http://www.itaucultural.org.br/aplicexternas/enciclopedia_lit/index.cfm?fuseaction=biografias_texto&cd_verbete=5750 Acesso em 25 Mar. 2012.
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24
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As respostas possibilitaram a reflexão sobre a importância da amizade.
Como a perda de amigos nos entristece e uma amizade sincera nos fortalece nas
batalhas da vida. Foi confeccionado um grande saco de pipoca, onde os alunos
colaram ali suas cartas-resposta para a apreciação de toda a escola.
Passou-se para a etapa seguinte: questionamento do horizonte de
expectativas. Nesta fase, solicitou-se que os alunos lessem o livro O príncipe e o
mendigo, de Mark Twain11. Foram distribuídos 25 exemplares da adaptação em
português de Claudia Lopes da obra mencionada. Assim todos possuíam o exemplar
para a leitura.
Foram ofertadas as adaptações por aproximar o leitor das obras consagradas
e também por democratizar a leitura, por apresentar um vocabulário mais acessível,
ilustrações, propiciando uma recepção mais facilitadora favorecendo a aproximação
do leitor infanto-juvenil do texto clássico.
Para uma melhor compreensão e identificação com a leitura do livro, a
professora de História trabalhou com a sala situações da época, na parte
econômica, artística, religiosa do reinado de Henrique VIII. Através de vídeos,
ampliaram seus conhecimentos sobre os costumes do século XVI.
Foi estabelecido com os alunos o prazo de dez dias para que lessem até o
capítulo 15, sendo a metade do livro. Passado este tempo, foi realizado um círculo
onde os alunos conversaram sobre o que tinham lido e gostado, surpresas e
descobertas, vocabulário, intenção do autor, o que não foi apreciado, enfim
comentários gerais a respeito do livro. Então, foi dado mais 10 dias para que
pudessem finalizar o livro. Esta atividade foi realizada com o intuito de despertar,
nos alunos, o gosto pela leitura de narrativas longas infanto-juvenis. As leituras de
obras literárias favorecem a sensibilização para os aspectos sociológicos e,
consequentemente, a formação do leitor crítico.
Para que fizessem um paralelo de leitura, em uma das salas da escola,
utilizando-se do aparelho datashow foi projetado o filme O príncipe e o mendigo.
Para que o ambiente ficasse semelhante a uma sessão de cinema, foi servido
pipoca aos alunos. As comparações entre as histórias fizeram os alunos perceberem
que os livros são mais ricos em detalhes e que, mesmo sendo ficção, aproximam-
nos mais da realidade. O filme, por sua vez, ensinou estratégias de leitura, que
11 Biografia disponível em: http://educacao.uol.com.br/biografias/mark-twain.jhtm . Acesso em 25 Mar. 2012
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aplicam, ao mesmo tempo, atividades que promovem habilidade de interpretação, as
quais favoreceram o gosto pela leitura.
Foi organizado um círculo para que a dinâmica de grupo “fio condutor” fosse
aplicada. A professora iniciou a dinâmica desenrolando o novelo e iniciando a
história. Quando a cor do novelo terminasse, passaria ao próximo para que
continuasse a história e assim sucessivamente. Foi uma estratégia utilizada para
avaliar como procederam à leitura do livro e o resultado foi significativo. A maioria
dos alunos participou da dinâmica. Apenas três alunos não contaram a história
alegando vergonha dos companheiros.
Aproveitando a história da amizade e camaradagem dos personagens
Edward e Tom, os alunos participaram de atividade reflexiva e confeccionaram
frases que ornamentaram a sua sala de aula sobre o questionamento: “Se você
fosse um príncipe ou uma princesa, o que faria para transformar a vida de um
amigo?”.
Os trabalhos refletiram sobre a solidariedade e nas mensagens elaboradas
por eles priorizava-se auxílio para aquisição da casa própria e obtenção do emprego
nas respostas dos cartazes, como se pode perceber nos exemplos: “Eu o ajudaria
financeiramente e com o meu apoio moral”; “Faria o possível e tentaria o impossível
para ser o melhor amigo do mundo. Apesar de que os bens materiais não são tudo
na vida”; ”Pediria ao meu pai (rei) e a minha mãe (rainha) ajudar também arrumando
um emprego para os pais do meu amigo para eles comprarem uma casa nova”12.
Atividades assim fazem com que a literatura infantil tenha um novo enfoque,
onde o leitor passa a possuir uma postura questionadora da realidade, reproduzir
através de ações e atitudes um posicionamento crítico mediante as normas de
conduta e vivência na sociedade.
Neste momento, os alunos e a professora se mobilizaram, com faixas na
cidade, anúncios na rádio comunitária e banner na escola, com objetivo de
conscientizar a população sobre a realização de um “bingo literário”. Para aquisição
da cartela a troca era um livro de literatura, concorrendo a um prêmio simbólico
ofertado pelo Banco do Brasil. Todo material adquirido foi revertido para melhoria do
acervo da biblioteca escolar. Essa campanha obteve resultado satisfatório, sendo
arrecadados 198 exemplares.
12 Transcrito conforme textos originais dos alunos.
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Partimos para a última etapa do método, a ampliação dos horizontes de
expectativas. Nesta etapa, os alunos mais conscientes com relação à literatura e às
experiências de vida, e com a biblioteca melhor equipada, começaram a ter maior
autonomia na escolha de outras obras literárias.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
A leitura é uma atividade que depende de processamento individual, mas que
se insere no contexto social e envolve atitudes, capacidades relativas à decifração
de códigos, de compreensão e da produção de sentidos. O processo da leitura
pressupõe a compreensão e construção de significados a tudo e a todos que o
cercam. Segundo Silva (2005, p.85), há uma distinção entre a pessoa alfabetizada e
o sujeito leitor, “a pessoa alfabetizada é capaz de traduzir o código escrito em código
oral, quer sentido ou não, enquanto este, o leitor, é alguém que faz uso concreto e
objetivo da escrita na sua vida social”.
Percebe-se isso quando a leitura promovida é carregada de significação. O
leitor, entendendo o texto, procura se entender, buscando também o entendimento
do próprio mundo em que se situa. Uma das grandes ferramentas que amplia visões
escancara os problemas e sugere soluções é a literatura. De modo muito
abrangente, a literatura favorece a produção de sentidos. Sua função formativa é
expressiva, crianças são transformadas em adultos capazes de enfrentar a vida. A
literatura propicia a exploração de inúmeras possibilidades de educação no
desenvolvimento social, emocional e cognitivo do indivíduo. Contribui para formação
de homens críticos e reflexivos que sabem discernir sobre seus deveres e direitos.
Na visão de Coelho:
A literatura, e em especial a infantil, tem uma tarefa fundamental a cumprir
nesta sociedade em transformação: a servir como agente de transformação
seja no espontâneo convívio leitor/livro. Seja no diálogo leitor/texto estimulado
pela escola. È ao livro, à palavra escrita, que atribuímos a maior
responsabilidade na formação da consciência de mundo das crianças e dos
jovens (2000, p.15).
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A função do professor é criar condições para a aprendizagem do aluno,
conforme os seus interesses, dúvidas e fantasias. O professor deve criar condições
que favoreçam o hábito de leitura. E para isso necessita de uma teoria e de uma
metodologia que direcionem o trabalho de formação desse leitor. Segundo Bordini &
Aguiar (1988, p. 152), “a adoção de um método pedagógico supõe que se optou por
uma linha filosófica de educação. Essa escolha determina todo o processo de
ensino-aprendizagem, orientando-o para um certo tipo de aluno que se prevê
formar”. .
Na experiência apresentada, o método recepcional resultou em ações
educacionais distintas que considerava as diversidades possíveis do aluno e
situações escolares. O método em questão auxiliou na organização e seleção dos
textos para alcançar o objetivo de despertar, nos alunos do Ensino Fundamental, o
prazer e o hábito de ler, desenvolvendo práticas sociais de leitura a partir do trabalho
com textos de caráter estético da literatura infantil brasileira. E com a grande
vantagem de poder contar com a participação dos alunos desde o início do
processo. As cinco etapas do método recepcional fundamentaram este trabalho,
possibilitando diferentes formas de leitura: fotos, filmes, jornais, quadros e livros,
reconhecendo neles o valor estético e utilitário da linguagem.
O trabalho com a musica favoreceu o desenvolvimento do potencial criativo,
da sensibilidade e o gosto pelas atividades artísticas e culturais. A música foi
utilizada como recurso simples, dinâmico, contextualizado que aproxima o jovem de
sua realidade. Não foi vista somente como experiência estética, mas também como
facilitadora do processo de aprendizagem, como instrumento para tornar a sala de
aula um lugar mais agradável e receptivo.
Promoveu, também, o diálogo de literatura com vários gêneros textuais
(jornais, cartas, crônicas, contos), proporcionando uma análise reflexiva do que lhe
foi proposto, possibilitando ao aluno tornar-se um individuo mais crítico.
A cada etapa trabalhada os alunos foram se tornando mais críticos,
perspicazes e cada vez mais motivados com relação à leitura. Foram alargando
seus horizontes de expectativas. O projeto concretizou-se à medida que se sentiram
capazes em analisar textos literários nas entrelinhas, dando significação ao texto.
Desenvolver o interesse e o hábito pela leitura é um processo constante,
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que começa muito cedo, em casa, aperfeiçoa-se na escola e continua pela vida
inteira. Não podemos ter pressa. Devemos ter a consciência de que este é um
processo a longo prazo, mas que nem por isso devemos desistir de buscar soluções
para este problema. Não devemos esquecer que o gosto e prazer de ler precisam
ser cultivados e isto demanda continuidade, caminhada. E para que isto se reverta,
necessita da participação de todos para o enfrentamento desta grande dificuldade.
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