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07 de Julho, 2014 Análise Fundamentalista Panorama Semanal Estratégia & Porólio: De olho nas minutas do FOMC... Panorama Semanal | Análise XP Top Picks Racional das alterações: Sem alterações esta semana. Porólio final: Cep (25%), Ambev (20%), Estácio (25%), Itaúsa (20%), Petrobras (10%). Visão Macroeconômica Retrospecva Sem a presença do invesdor estrangeiro devido ao feriado do Dia da Independência nos Estados Unidos, e com fechamento antecipado em 2h30 por causa do jogo da Seleção Brasileira na Copa do Mundo, a Bovespa registrou nesta sexta-feira seu menor volume financeiro desde o pregão seguinte ao Natal de 2011 (26 de dezembro), quando movimentou apenas R$ 1,287 bilhão. Em um pregão normal, o giro no fim do dia alcançaria a casa dos R$ 6 bilhões Perspecva Semaninha lenta nos negócios locais. Além do fechamento antecipado dos mercados amanhã, por causa do jogo do Brasil contra a Alemanha, e do feriado de quarta-feira (Dia da Revolução Constucionalista de 1932), a agenda local está mais fraca esta semana. Destaques na Agenda Fontes dos textos: AE, Bloomberg, InfoMoney e Reuters. Índice Resumo Visão Macroeconômica Visão Macroeconômica: Agenda Top Picks: Porólio Sugerido Top Picks: Estascas & Rentabilidade Estudo da Semana Disclaimer Ricardo Kim Analista, CNPI [email protected] Dia Hora Local Indicador 07/07/2014 10:30 BRA Produção/Vendas de veículos Anfavea 08/07/2014 09:00 BRA IPCA inflação IBGE (a.m.) 09/07/2014 15:00 EUA Minutas do FOMC 10/07/2014 09:30 EUA Seguro-desemprego 11/07/2014 05:00 BRA IPC FIPE- Semanal Fonte: Bloomberg & Análise XP Agenda

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Page 1: Panorama Semanal · 07 de Julho, 2014 Análise Fundamentalista Panorama Semanal Estratégia & Portfólio: De olho nas minutas do FOMC... Panorama Semanal | Análise XP

07 de Julho, 2014

Análise Fundamentalista

Panorama Semanal Estratégia & Portfólio: De olho nas minutas do FOMC...

Panorama Semanal |

Análise XP

Top Picks

Racional das alterações:

Sem alterações esta semana.

Portfólio final: Cetip (25%), Ambev (20%), Estácio (25%), Itaúsa (20%), Petrobras (10%).

Visão Macroeconômica

Retrospectiva

Sem a presença do investidor estrangeiro devido ao feriado do Dia da Independência nos Estados

Unidos, e com fechamento antecipado em 2h30 por causa do jogo da Seleção Brasileira na Copa do

Mundo, a Bovespa registrou nesta sexta-feira seu menor volume financeiro desde o pregão seguinte

ao Natal de 2011 (26 de dezembro), quando movimentou apenas R$ 1,287 bilhão. Em um pregão

normal, o giro no fim do dia alcançaria a casa dos R$ 6 bilhões

Perspectiva

Semaninha lenta nos negócios locais. Além do fechamento antecipado dos mercados amanhã, por causa do jogo do Brasil contra a Alemanha, e do feriado de quarta-feira (Dia da Revolução Constitucionalista de 1932), a agenda local está mais fraca esta semana.

Destaques na Agenda

Fontes dos textos: AE, Bloomberg, InfoMoney e Reuters.

Índice

Resumo

Visão Macroeconômica

Visão Macroeconômica: Agenda

Top Picks: Portfólio Sugerido

Top Picks: Estatísticas & Rentabilidade

Estudo da Semana

Disclaimer

Ricardo Kim

Analista, CNPI

[email protected]

Dia Hora Local Indicador

07/07/2014 10:30 BRA Produção/Vendas de veículos Anfavea

08/07/2014 09:00 BRA IPCA inflação IBGE (a.m.)

09/07/2014 15:00 EUA Minutas do FOMC

10/07/2014 09:30 EUA Seguro-desemprego

11/07/2014 05:00 BRA IPC FIPE- Semanal

Fonte: Bloomberg & Análise XP

Agenda

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Panorama Semanal | Top Picks

07 de Julho, 2014

Panorama Semanal | 2

Visão Macroeconômica Retrospectiva: Bovespa registra menor volume financeiro.

Sem a presença do investidor estrangeiro devido ao feriado do Dia da Independência nos Estados Unidos, e com fechamento antecipado em 2h30 por causa do jogo da Seleção Brasileira na Copa do Mundo, a Bovespa registrou nesta sexta-feira seu menor volume financeiro desde o pregão seguinte ao Natal de 2011 (26 de dezembro), quando movimentou apenas R$ 1,287 bilhão. Em um pregão normal, o giro no fim do dia alcançaria a casa dos R$ 6 bilhões.

Nos EUA, o relatório de emprego (payroll) mostrou a criação de 288 mil vagas em junho, superando as 215 mil esperadas pelo mercado. Foi o quinto mês consecutivo de contratações acima de 200 mil, a maior sequência neste nível desde o final dos anos 90. A última vez que esta sequência ocorreu foi entre setembro de 1999 e janeiro de 2000, segundo um levantamento do The Wall Street Journal. A taxa de desemprego caiu de 6,3% em maio para 6,1% no mês passado, ante expectativa de estabilidade, alcançando também o menor nível desde setembro de 2008.

Na Europa, o membro do Banco Central Europeu Christian Noyer afirmou no sábado que os riscos de deflação no continente parecem ter sido evitados, mesmo se a inflação for muito baixa. Ele afirmou que é um paradoxo a inflação continuar fraca apesar das políticas monetárias altamente acomodativas, acrescentando: "Mesmo se o risco de deflação parecer ter sido debelado, temos aumentos de preços que estão muito baixos."

Perspectiva: Semana morna com feriado e Copa.

Os investidores começam a semana mais propensos em embolsar os ganhos recentes antes da tão esperada ata da última reunião de política monetária do Federal Reserve, que pode dar pistas sobre o início do processo de alta dos juros básicos nos Estados Unidos.

Nos EUA, a expectativa é com os balanços corporativos do segundo trimestre, que começam amanhã com os resultados da Alcoa. Além disso, na quarta-feira será divulgada a ata do Fomc, que deve atrair ainda mais atenção após os bancos JPMorgan e Goldman Sachs revisarem suas projeções e anteciparem a data para o primeiro aumento de juros no país. As mudanças foram anunciadas após o forte desempenho do mercado de trabalho em junho, divulgado na semana passada.

Em terras brasileiras, o destaque fica por conta do IPCA de junho na terça-feira, que deve mostrar leve desaceleração em relação a maio, segundo estimativas. No mesmo dia, sai o IGP-DI de junho e IPC-S de julho. Há também as prévias do mês IGP-M (quinta-feira) e do IPC-Fipe (sexta-feira). Também na sexta-feira, o IBGE revela a Industrial de Emprego em maio.

Na Europa, na quinta-feira, o Banco da Inglaterra (BoE, na sigla em inglês) anuncia sua decisão de política monetária após reunião de dois dias. No mesmo dia, saem a produção industrial da França e Itália e inflação consumidor francês. A inflação ao consumidor alemão em junho na sexta-feira.

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Panorama Semanal | Top Picks

07 de Julho, 2014

Panorama Semanal | 3

Visão Macroeconômica: Agenda

Hora Local Indicador Data Exp. Ant.

05:30 EUR Sentix-Confiança do investidor Jul 7.8 8.5

10:30 BRA Produção de veículos Anfavea Jun -- 282465

10:30 BRA Vendas de veículos Anfavea Jun -- 293362

10:30 BRA Exportações de veículos Anfavea Jun -- 35162

15:00 BRA Balança comercial semanal jul/06 -- --

08:00 BRA IGP-DI Inflação FGV (a.m.) Jun -0.63% -0.45%

08:00 BRA IPC-S IPC FGV jul/07 0.35% 0.33%

08:30 EUA NFIB Otimismo pequenos negócios Jun 97.0 96.6

09:00 BRA IPCA inflação IBGE (a.m.) Jun 0.39% 0.46%

16:00 EUA Crédito ao consumidor Maio $20.000B $26.847B

22:30 CHI IPC (a.a.) Jun 2.4% 2.5%

08:00 EUA MBA-Solicitações de empréstimos hipotecários jul/04 -- -0.2%

15:00 EUA Fed Releases Minutes from June 17-18 FOMC Meeting -- -- --

-- CHI Reservas estrangeiras Jun $3980.0B $3950.0B

-- CHI Balança comercial Jun $36.95B $35.92B

05:00 EUR ECB Publishes Monthly Report -- -- --

08:00 BRA IGP-M Inflation 1st Preview Jul -0.23% -0.64%

09:30 EUA Novos pedidos seguro-desemprego jul/05 315K 315K

09:30 EUA Seguro-desemprego jun/28 -- 2579K

11:00 EUA Estoques no atacado (a.m.) Maio 0.6% 1.1%

11:00 EUA Vendas de negócio no atacado (a.m.) Maio 0.9% 1.3%

-- BRA ABCR Highw ay Transportation Report -- -- --

05:00 BRA IPC FIPE- Semanal jul/07 0.07% 0.03%

15:00 EUA Orçamento mensal Jun $79.0B --

segunda-feira, 7 de julho de 2014

terça-feira, 8 de julho de 2014

quarta-feira, 9 de julho de 2014

quinta-feira, 10 de julho de 2014

sexta-feira, 11 de julho de 2014

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Panorama Semanal | Top Picks

07 de Julho, 2014

Panorama Semanal | 4

Top Picks: Portfólio Sugerido

Petrobras (PETR3)

A Petrobras é uma companhia de capital aberto que atua como uma empresa integrada de energia nos seguintes setores: exploração e produção, refino,

comercialização, transporte, petroquímica, distribuição de derivados, gás natural, energia elétrica, gás-química e biocombustíveis. A companhia tem como

acionista majoritário o governo brasileiro.

Itausa (ITSA4)

O grupo foi constituído para centralizar as decisões financeiras e estratégicas de um conjunto de empresas. Atualmente sua composição está, quase

exclusivamente, apoiada em Itaú Unibanco (96%). Neste sentido, a melhor definição do ativo e suas perspectivas podem ser obtidas através de uma análise a

respeito do banco Itaú Unibanco. O banco enxugou custos e despesas nos últimos trimestres, além de ter realizado aquisições relevantes, como a participação

remanescente da Redecard e CorpBanca. Acreditamos que o desempenho continua superando as expectativas do mercado, sendo a melhora performance dentre

as instituições financeiras. O banco demonstra que segue em tendência positiva em termos de queda de inadimplência, evolução de sua margem com clientes,

custos operacionais sob controle e continuidade do foco em ganhos de eficiência. Principal risco de curto prazo, o julgamento que tramita no STF, pode gerar

desconforto e volatilidade no período de investimento. Porém, acreditamos que a instituição dispõe de excesso de capital suficiente para absorver impactos

significativos tendo um cenário mais favorável mais favorável para instituições financeiras. Vale ressaltar que consideramos que o ativo se encontra em patamar

descontado, se comparado ao seu desempenho operacional (P/E 2014: 7,3 & 2015:6,5). No relativo, o setor em questão torna-se mais atrativo. Em função da

evolução em termos de preço dos demais setores do meio financeiro.

Ambev (ABEV3)

Ambev dispensa apresentações. O retorno da mesma à carteira semanal é decorrente do fraco desempenho das ações da companhia na semana e no mês de

março. Acreditamos que esse fraco desempenho é decorrente do provável aumento de impostos que entrará em vigor amanhã, dia 1º de abril. Na nossa opinião,

as ações da companhia já embutem esse aumento nos impostos. No lado positivo para as ações da companhia, amanhã será divulgada a prévia da carteira teórica

do Ibovespa e acreditamos que Ambev deva subir dos atuais 3,8% para 5,3%, um incremento considerável para as ações da companhia. Aliado a isso, o 1T14

apresentou forte crescimento de vendas de bebidas, devido ao clima (calor) e postergação do carnaval para março. Assim, recomendamos exposição ao ativo.

Cetip (CTIP3)

Mercados Organizados é a maior depositária de títulos privados de renda fixa da América Latina e a maior câmara de ativos privados do País, desempenhando o

papel de integradora do mercado financeiro. Por intermédio da Unidade de Títulos e Valores Mobiliários, a companhia é líder no Brasil nas atividades de registro,

custódia e liquidação de ativos privados de renda fixa - como Certificados de Depósito Bancário (CDB), Certificados de Depósito Interfinanceiro (CDI), Letras

Financeiras (LF) e Certificados de Recebíveis Imobiliários (CRI), Debêntures, entre outros - e de derivativos de balcão, funcionando como uma solução integrada

para estes mercados. Também possui uma plataforma de negociação eletrônica para o mercado secundário de títulos públicos e privados. Realiza ainda

processamento de DOCs e liquidação de TEDs. A instituição possui capital disperso. Porém, existem uma série de fatores que podem contribuir para uma

performance positiva, no curto prazo, apesar do desempenho relevante no ano (+21%), como: baixa necessidade de capital, resiliência de preços praticados, alta

geração de caixa e elevação do payout do ativo.

Estácio (ESTC3)

A Estácio é um dos mais relevantes grupos educacionais do país, com 78 cursos de graduação, mestrado, doutorado e cursos de extensão, para uma base de mais

de 330 mil alunos. Atualmente conta com 260 mil alunos presenciais (com forte presença no RJ) e cerca de 70 mil alunos em EAD. Tanto no segmento presencial

quanto no EAD, a empresa tem apresentado um crescimento de 2 dígitos em sua base de aluno. A empresa está em um momento de ganhos de margem e melhora

operacional, que pode ser observado nos resultados dos últimos trimestres. Recentemente a Estácio adquiriu a UniSEB, marca muito forte em EAD, principalmente

no estado de SP. Além do EAD ser um segmento muito promissor (cresce 2 dígitos nos últimos anos), com essa aquisição a Estácio entra em São Paulo, região em

que a empresa não tinha uma presença muito forte. Outro ponto a se destacar é o FIES, financiamento oferecido pelo governo e que já está em andamento,

proporcionando condições muito atraentes para os alunos, ao mesmo tempo que diminui a evasão e aumenta o ticket médio para as instituições participantes. Das

empresas do setor de educação preferimos a Estácio, por se tratar de um case com maior visibilidade quanto aos ganhos de margem e crescimento, ao passo que

para Kroton e Anhanguera ainda tem muito trabalho para fazer no curto prazo, com relação a fusão das empresas.

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Panorama Semanal | Top Picks

07 de Julho, 2014

Panorama Semanal | 5

Top Picks: Estatísticas & Rentabilidade

Rentabilidade (~12:50h)

Carteira 13,8 5,3 15,0 1,1 17,8 68,3 - - - - - -

Ibovespa 4,1 -17,7 8,2 -17,3 6,9 -14,7 - - - - - -

dif. p.p. 9,7 p.p. 23,0 p.p. 6,8 p.p. 18,5 p.p. 10,9 p.p. 83,0 p.p. - - - - - -

Carteira 0,9 0,3 17,4 24,7 - - - - - - - -

Ibovespa 0,9 3,9 4,1 13,6 - - - - - - - -

dif. p.p. 0,0 p.p. -3,7 p.p. 13,2 p.p. 11,1 p.p. - - - - - - - -

*Inicial: Carteira XP 30/4/2009

Carteira 0,59 - -5,2% -22,1% 14,3% 2,3% 39,69 100,00 72,00 0,3% 8,5% -12,5%

TTM: Últimos 12 meses (Traling Twelve months)

Maior

Retorno

Semana

Menor

Retorno

Semana

Alpha

(TTM)

Vol.

(TTM)# Sem.

# Sem.

Positivo

# Sem.

Negativo

Retorno

Médio

Semana

Estatísticas:Top Picks

PortfólioBeta

(TTM)

Beta

(atual)

VaR

(TTM)

Sharpe

(TTM)

Portfólio semana 4 sem. 26 sem. 52 sem.

Inicial*Portfólio 2014 2013 2012 2011 2010

Performance: Top Picks

70,0

80,0

90,0

100,0

110,0

120,0

130,0

DESEMPENHO 2013

Top Picks Ibovespa

60

80

100

120

140

160

180

DESEMPENHO HISTÓRICO

Top Picks Ibovespa

-1,50 -1,00 -0,50 0,00 0,50 1,00 1,50 2,00 2,50

PETR3

CTIP3

Top Picks

IBOV

ESTC3

ITSA4

ABEV3

∆% Semanal

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Panorama Semanal | Top Picks

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Panorama Semanal | 6

Estudo da Semana: Se não souber fazer, não faça

Zeina Latif

Cresce o debate sobre o baixo crescimento do Brasil. Muitos atacam a política macroeconômica, especificamente a política monetária, e defendem a administração

da taxa de câmbio. Ainda que não se possa rejeitar completamente a hipótese de que taxas de juros elevadas e câmbio apreciado por longos períodos de tempo

prejudicam a produção ou a chamada oferta agregada da economia, há confusões aqui. Se ambos os preços, câmbio e juros, estão “errados” por muito tempo,

“errados” não são os preços, mas sim as condições que os levaram a esses patamares. Convém investigar os fatores que levam a esse quadro.

Boa parte da política macroeconômica precisa ser tratada por aquilo que ela é: um instrumento de administração da demanda agregada, visando minimizar

oscilações indesejáveis de inflação e emprego. Não se pode exigir da política macro algo que está além do seu escopo. Ela não deve ser vista como instrumento de

promoção de crescimento de longo prazo, sendo este último mais associado ao comportamento da oferta agregada.

E a política fiscal? Certamente a mais complexa de todas as políticas, podendo ser não apenas um instrumento de administração da demanda agregada, mas

também de correção de falhas de mercado, de melhora de indicadores sociais e de distribuição de renda, funções estas que podem impactar o potencial de

crescimento do país ao longo do tempo. Países com boa infraestrutura e com sociedade educada e vida digna podem colher mais ganhos de produtividade.

Da teoria à prática, uma grande distância. O efeito do impulso fiscal sobre a demanda agregada não é garantido. A política pode ser bastante eficaz (usando o

jargão dos economistas, o multiplicador da política fiscal seria maior que 1) ou não. Pode ser até contraproducente, caso cause estragos de tal magnitude no

ambiente econômico que prejudique significativamente os gastos privados. Políticas que produzam pressão sobre as taxas de juros e inflação e coloquem em

dúvida a capacidade de solvência do governo podem não valer a pena. Sua eficácia também é afetada pelo câmbio, que por diversos canais tende a se valorizar em

termos reais com a expansão fiscal, o que prejudica as exportações líquidas.

Quanto ao impacto sobre distribuição de renda e crescimento, a discussão é mais complexa. Além de avaliar o efeito dos gastos, é necessário levar em conta a

estrutura tributária. O financiamento de gastos públicos com impostos distorcivos pode tornar a política fiscal, mesmo quando bem intencionada, inadequada.

Pelas pesquisas mais recentes, não há sinais de que a carga tributária seja progressiva no país, que seria o desejado. Na melhor das hipóteses ela é proporcional,

sendo que a carga sobre os mais pobres é bastante pesada. Do lado das transferências, apesar do bolsa-família, as transferências públicas como um todo têm fraco

caráter distributivo, estando o Brasil em posição inferior à média da OCDE. A razão para isso é o pagamento de aposentadorias e pensões que acabam

beneficiando menos as classes de renda mais baixa.

Para um quadro completo, seria importante considerar o foco dos gastos públicos e das renúncias tributárias ao setor produtivo, além do pagamento de salários e

pensões do setor público. Será que ação estatal como um todo está sendo benéfica para melhorar a distribuição de renda?

Para o crescimento, não chegamos ao estágio de avaliar o quanto a política fiscal tem contribuído para o crescimento de longo prazo. Pelo contrário. O baixo

investimento em infraestrutura, o fraco desempenho dos nossos jovens no PISA e os questionamentos ao sistema de saúde pública requerem reflexão sobre

nossas falhas. Isso sem contar a complexa e distorciva estrutura tributária que prejudica decisões de investimento e inovação.

Finalmente, convém uma visão crítica da política setorial, que pesa sobre as contas públicas pela renúncia tributária e pelo subsídio ao crédito. Políticas setoriais

podem ser recomendadas em caso de benefício público superior ao benefício privado (externalidades), evitando proteger setores menos competitivos e que

inovam menos. E devem estabelecer contrapartidas aos benefícios e proteções, avaliando sistematicamente o efeito das políticas para evitar distorções de preços

e má alocação de recursos públicos por longo período de tempo. Nestes quesitos todos, não estamos bem.

Essas reflexões levam à conclusão de que a política fiscal exige muita cautela, pois não apenas ela pode ter implicações sobre o bem estar da sociedade pela

flutuação exagerada de inflação e emprego, como também pode ser perversa sobre a distribuição de renda e o crescimento. Pode causar excessos de demanda e

contração da oferta agregada. O pior dos mundos.

Esta discussão vai além do debate sobre modelo econômico do Brasil, cuja espinha dorsal, o estado de bem-estar definido pela Constituição de 1988,

supostamente reduz potencial de crescimento do país. O que se discute é a capacidade do país de realmente atender os anseios da sociedade por igualdade de

oportunidades e serviço público de qualidade, e de forma sustentada, ou seja, sem machucar o potencial de crescimento do país.

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Panorama Semanal | Top Picks

07 de Julho, 2014

Panorama Semanal | 7

Disclaimer 1. O atendimento de nossos clientes pessoas físicas e jurídicas (não institucionais) é realizado por agentes de investimento. Todos os agentes de investimento que atuam através da XP Investimentos

CCTVM S/A (“XP Investimentos Corretora”) encontram-se devidamente registrados na Comissão de Valores Mobiliários. A relação completa de agentes de investimento da XP Investimentos Corretora pode ser

consultada no site http://www.cvm.gov.br > Agentes Autônomos > Relação dos Agentes Autônomos contratados por uma Instituição Financeira > Corretoras > XP Investimentos e no site http://

www.xpi.com.br, da XP Investimentos. Na forma da legislação da CVM, o agente autônomo de investimento não pode administrar ou gerir o patrimônio de investidores. O agente de investimento é um

intermediário e depende da autorização prévia do cliente para realizar operações no mercado financeiro.

2. Este relatório foi elaborado pela XP Investimentos CCTVM S/A (´XP Investimentos Corretora´) e tem como único propósito fornecer informações que possam ajudar o investidor a tomar sua decisão

de investimento. Este relatório não constitui oferta ou solicitação de compra ou venda de qualquer instrumento financeiro. As informações contidas neste relatório são consideradas confiáveis na data da

divulgação deste relatório e foram obtidas de fontes públicas consideradas confiáveis.

3. O analista de investimento responsável pela elaboração deste relatório, em conformidade ao artigo 17, I, da Instrução Normativa CVM n. 483/10, declara que as recomendações expressas neste

relatório refletem única e exclusivamente suas opiniões pessoais e foram produzidas de forma independente, inclusive em relação à pessoa ou a instituição à qual está vinculado.

4. O analista de investimento está indiretamente envolvido na intermediação dos valores mobiliários objeto deste relatório, em conformidade ao artigo 17, II, c, da Instrução Normativa CVM n. 483/10.

5. A remuneração do analista de investimento responsável por este relatório é indiretamente influenciada pelas receitas provenientes dos negócios e operações financeiras realizadas pela pessoa a que

esteja vinculado, em conformidade ao artigo 17, II, e, da Instrução Normativa CVM n, 483/10.

6. Os instrumentos financeiros discutidos neste relatório podem não ser adequados para todos os investidores. Este relatório não leva em consideração os objetivos de investimento, situação financeira

ou necessidades específicas de cada investidor. Os investidores devem obter orientação financeira independente, com base em suas características pessoais, antes de tomar uma decisão de investimento. A

rentabilidade de instrumentos financeiros pode apresentar variações, e seu preço ou valor pode aumentar ou diminuir. Os desempenhos anteriores não são necessariamente indicativos de resultados futuros e

nenhuma declaração ou garantia, de forma expressa ou implícita, é feita neste relatório em relação a desempenhos futuros. A XP Investimentos Corretora se exime de qualquer responsabilidade por quaisquer

prejuízos, diretos ou indiretos, que venham a decorrer da utilização deste relatório ou seu conteúdo.

7. Este relatório não pode ser reproduzido ou redistribuído para qualquer pessoa, no todo ou em parte, qualquer que seja o propósito, sem o prévio consentimento por escrito da XP Investimentos

Corretora. Informações adicionais sobre os instrumentos financeiros discutidos neste relatório se encontram disponíveis quando solicitadas.

8. A Ouvidoria da XP Investimentos Corretora tem a missão de servir de canal de contato sempre que os clientes que não se sentirem satisfeitos com as soluções dadas pela empresa aos seus

problemas. Para contato, ligue 0800 722 3710.

9. O custo da operação e a política de cobrança estão definidos nas tabelas de custos operacionais disponibilizadas no site da Corretora: www.xpi.com.br.

10. Inexistem situações de conflitos de interesses entre a XP Investimentos e a utilização desse produto.

11. Este relatório é baseado na avaliação dos fundamentos de determinadas empresas e dos diferentes setores da economia. A análise do ativo objeto do relatório utiliza como informação os resultados

divulgados pelas companhias emissoras e suas projeções. As condições de mercado, o cenário macroeconômico, os eventos específicos da empresa e do setor podem afetar o desempenho do investimento.

12. Este produto é indicado, sobretudo, a investidores cujo perfil haja sido definido como Moderado, Moderado-agressivo, Agressivo, de acordo com a Política de Suitability empregada pela XP

Investimentos.

13. Ação é uma fração do capital de uma empresa que é negociada no mercado. É um título de renda variável, ou seja, um investimento no qual a rentabilidade não é preestabelecida, dependendo das

cotações nos mercados. O investimento em ações é um investimento de risco e os desempenhos anteriores não são necessariamente indicativos de resultados futuros e nenhuma declaração ou garantia, de

forma expressa ou implícita, é feita neste material em relação a desempenhos. As condições de mercado, o cenário macroeconômico, os eventos específicos da empresa e do setor podem afetar o desempenho

do investimento, podendo resultar até mesmo em significativas perdas patrimoniais. A duração recomendada para o investimento é de médio-longo prazo. O patrimônio do cliente não está garantido neste tipo

de produto.