palestra sobre genero 1

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Por que discutir GÊNERO? Por que GÊNERO na ESCOLA? Por que ser FEMINISTA?

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um mergulho sobre a discussão genero

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Page 1: Palestra Sobre Genero 1

Por que discutir GÊNERO?

Por que GÊNERO na ESCOLA?

Por que ser FEMINISTA?

Page 2: Palestra Sobre Genero 1
Page 3: Palestra Sobre Genero 1

Por que discutirGÊNERO?

Por que GÊNERO na ESCOLA?

Por que serFEMINISTA?

Page 4: Palestra Sobre Genero 1
Page 5: Palestra Sobre Genero 1

BOA NOITE A TOD@S!!!• JOYCE KAMILA FERREIRA

• Formada em Ciências Sociais na Universidade Federal de São Paulo

• Monografia em Gênero na Educação

Page 6: Palestra Sobre Genero 1

• APRESENTAR PROPOSTA

• Preencher características

Page 7: Palestra Sobre Genero 1
Page 8: Palestra Sobre Genero 1

O que é ser mulher? O que é ser homem?A mulher deve ser:

- Feminina- Sensível

- Amável / Meiga- Carinhosa

- Querer se casar- Querer ter filhos

- Ter como objetivo de vida, construir uma família.

- Falar da vida dos outros(as)- Curtir o lar, o ambiente familiar

- Gostar de novelas- Ficar histérica

- Chorar por tudo- Ser interesseira

- Fazer questão da aparência- Tem que gostar de rosa

- Tem que gostar de perfumes doces/enjoativos

O homem deve ser:

- Agressivo- Grosso- Bruto

- Insensível- Rude

- Querer ser solteirão- Rejeitar os filhos (se engravidar)

- Gostar de falar de futebol (e política)- Gostar de ficar no bar

- Odiar novelas- Não fazer questão da aparência

- Ser bem sucedido- Ganhar dinheiro

- Comprar um carro- Comprar uma casa- Sustentar a mulher

Page 9: Palestra Sobre Genero 1

O que é ser mulher? O que é ser homem?

A mulher não pode:

- Ser grossa- Falar alto

- Ser superior ao homem- Querer ser solteirona- Querer não ter filhos- Gostar de futebol

- Odiar novelas- Ser bem sucedida- Ganhar mais que o marido/companheiro

-Ocupar os espaços públicos, devendo se restringir aos espaços privados e

familiares

O homem não pode:

- Ser sensível- Gostar de rosa

- Gostar de novelas- Fazer as unhas

- Se preocupar com a aparência- Andar cheiroso

- Ganhar menos que a mulher- Deixar de trabalhar fora para cuidar

da casa e dos filhos- Ser sustentado pela mulher

- Querer ficar nos espaços privados

Page 10: Palestra Sobre Genero 1

DAR O PRIMEIRO EXEMPLO DO COTIDIANO

PARA SER PENSADO AO LONGO DA DISCUSSÃO

Page 11: Palestra Sobre Genero 1

CONSERVADOR

X

PROGRESSISTA

Page 12: Palestra Sobre Genero 1

SEXO fem. e SEXO masc.X

GENERO fem. e GENERO masc.

BIOLOGICOX

SOCIAL

Page 13: Palestra Sobre Genero 1

CONSTRUÇÃO DE GÊNERO,OU PAPÉIS SOCIAIS DE GÊNERO

NATURAL/BIOLÓGICO X

SOCIAL/CULTURAL

Page 14: Palestra Sobre Genero 1

“Gênero é um conceito relacional, ou seja, que vê um em relação ao outro e considera que estas relações são de poder e de hierarquia dos homens sobre as mulheres” (FARIA; NOBRE. p.14)

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Page 20: Palestra Sobre Genero 1

• Portanto, desde o nascimento de nossas crianças, estes novos seres humanos que estão vindo ao mundo sem nenhuma formação, vamos definindo, segundo o seu sexo biológico quais serão as características adequadas, quais as atitudes aceitas, quais as expressões corporais possíveis de ser praticadas por este novo serzinho humano, que lhe cabe dentro do seu papel social possível.

• Portanto, para um humano macho, não será possível gostar de rosa ou querer brincar de boneca, pois o seu ‘futuro’ papel social masculino de provedor da casa propiciará a ele a necessidade de conquistar o espaço publico em detrimento do privado, simbolizado pela boneca. Por ser provedor, terá de ser forte, não demonstrar fraqueza, geralmente assimilada ao rosa e cores suaves, destinadas as mulheres.

• Já um humano fêmea, não poderá gostar de azul ou querer brincar de bola e carrinho, pois deve se concentrar/direcionar suas energias para as tarefas do lar, tais quais a comidinha, a brincadeira de casinha, o cuidado da boneca, já socializando a garota com o seu futuro de mãe, construindo já, a fantasia da familia e filhos como objetivo de vida feminina.

Page 21: Palestra Sobre Genero 1

“ Ninguém nasce mulher: torna-se mulher.”

Page 22: Palestra Sobre Genero 1

PÚBLICOX

PRIVADO

A CONSTRUÇÃO DA DIFERENÇA

DA DIFERENÇA À DESIGUALDADE

Page 23: Palestra Sobre Genero 1

Percebemos que dos papéis sociais que vão sendo construído socialmente para mulheres e homens:

• cabe as mulheres o domínio do espaço privado, este referente a família e as “coisas do lar”, intimista...

• ao homem atribui-se o domínio dos espaços públicos, estes espalhados pelo “mundo lá fora” que englobam o mercado de trabalho, a política, espaços coletivos...

• POREM, faz-se necessário ressaltar que, esta ocupação dos espaços privados pelas mulheres e dos espaços públicos pelos homens, não foi opcional.

• Temos uma história (milenar) de exclusão das mulheres nos espaços públicos, tais como a proibição da educação feminina, a proibição da participação política, as mulheres antigamente só poderiam sair de casa para ir as igrejas. Logo, o espaço privado era o local de confinamento das mulheres.

Page 24: Palestra Sobre Genero 1

O problema ocorre, não apenas pelo questão de as mulheres não terem tido escolha ao serem condicionadas para os espaços privados, o problema se dá, de fato, quando tudo que lhe é atribuído na sociedade passa a ser considerado secundário, inferior, desvalorizado.

No texto de Nalu Faria e Miriam Nobre, O que é ser mulher? O que é ser homem? Subsídios para uma discussão das relações de gênero,as autoras evidenciam isso no seguinte trecho:

“A pesquisadora Maria Inês, comparando as etapas do trabalho agrícola na cana-de-açúcar, em diferentes regiões do Nordeste, pôde perceber uma diferença significativa. Carpir, no sertão nordestino, era uma tarefa dos homens e era considerado um trabalho pesado. Carpir; no Brejo Paraibano, era tarefa das mulheres e era considerado trabalho leve. Como se vê, no cultivo da cana o que caracterizava um trabalho como leve ou pesado não era a força física necessária para executá-lo, mas o valor social de quem o fazia. Sempre que o trabalho é considerado de mulher; ele é leve, é coisinha à-toa, é ajuda.” (p. 5)

Page 25: Palestra Sobre Genero 1

A construção dos papeis de gênero se tornam complicadas na medida em que tudo o que exercido e praticado pela mulher se torna desvalorizado. Por exemplo: a mulher tem que ser sensível, logo a qualidade que a sociedade vê como valor é a agressividade e a sensibilidade se torna motivo de vergonha. EX: homem não poder chorar e a mulher que chora é considerada histérica.

Os trabalhos domésticos, que são exercidos pelas mulheres, sejam as mães ou as filhas, como a limpeza da casa, a preparação da comida, lavagem das roupas e mesmo o cuidado dos filhos tornam-se obrigações femininas que não devem nem ser remuneradas, nem reconhecidas. “Não faz mais que a obrigação”.

Enquanto que o homem por “trazer dinheiro para a casa” se torna prestigiado a ponto de poder chegar em casa e colocar os pés em cima do sofá.

A mulher também trás para casa renda, mas, neste caso, “não faz mais que a obrigação”.

Page 26: Palestra Sobre Genero 1

O que é ser mulher?A mulher deve ser:

- Feminina- Sensível

- Amável / Meiga- Carinhosa

- Querer se casar- Querer ter filhos

- Ter como objetivo de vida, construir uma família.

- Falar da vida dos outros(as)- Curtir o lar, o ambiente familiar

- Gostar de novelas- Ficar histérica

- Chorar por tudo- Ser interesseira

- Fazer questão da aparência- Tem que gostar de rosa

- Tem que gostar de perfumes doces/enjoativos

Ser feminina, sensível, amável, meiga e carinhosa são coisas que “não combinam” no mercado de trabalho, por exemplo.Ou em cargos de direção. Se vc apresentar qualquer destas características consideradas femininas você não será levada a serio.Experimente ir vestida de rosa choque sendo diretora de uma grande empresa...Ou ainda, experimente chorar no meio de uma reunião em que vc esta sendo muito pressionada.Ou ainda, fale fino ao dar uma ordem...

A mulher só será levada a serio nos espaços públicos como no mercado de trabalho, na política, ou mesmo no âmbito familiar à medida que ela incorpora as características boas e legitimas, que são as masculinas.

Page 27: Palestra Sobre Genero 1

O que é ser homem?O homem deve ser:

- Agressivo - Grosso- Bruto

- Insensível- Rude

- Querer ser solteirão- Rejeitar os filhos (se engravidar)

- Gostar de falar de futebol (e política)- Gostar de ficar no bar

- Odiar novelas- Não fazer questão da aparência

- Ser bem sucedido- Ganhar dinheiro

- Comprar um carro- Comprar uma casa- Sustentar a mulher

Ao homem, portanto, cabe não fazer a vergonha de demonstrar as características inferiores, pois as suas próprias, são em si, legitimas e superiores aquelas.

Logo, o homem que não chora deixa de fazê-lo por ser em si vergonhoso, pois esta é uma característica “típica” feminina, ou dos seres inferiores.As meninas, até podem gostar de azul, pois é a cor do tipo superior, mas os homens jamais podem gostar de rosa.

Page 28: Palestra Sobre Genero 1

PATRIARCADO e

MACHISMO

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• recebeu a denominação de patriarcado, isto é, uma organização social que sistematicamente beneficia o homem em detrimento da mulher (SCHOLZ, 2010).

Page 30: Palestra Sobre Genero 1
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MACHISMO

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2014. Editora BestBolso.

Page 33: Palestra Sobre Genero 1

A respeito da dominação masculina, Bourdieu fala:

“ (...) paradoxo da doxa: o fato de que a ordem do mundo (...) com suas obrigações e suas sansões, seja, respeitada; que não haja um maior numero de transgressões ou subversões (...)

é (...) surpreendente, que a ordem estabelecida, com suas relações de dominação, seus direitos e suas imunidades, seus privilégios e suas injustiças, salvo uns poucos acidentes históricos, perpetue-se depois de tudo tão facilmente, e que condições de existência das mais intoleráveis possam permanentemente ser vistas como aceitáveis ou até mesmo como naturais.” (p. 11)

Page 34: Palestra Sobre Genero 1

“ [...] sempre vi na dominação masculina, e no modo como é imposta e vivenciada, o exemplo por excelência desta submissão paradoxal, resultante daquilo que eu chamo de violência simbólica, violência suave, insensível, invisível a suas próprias vitimas, que se exerce essencialmente pelas vias puramente simbólicas, da comunicação e do conhecimento, ou, mais precisamente, do desconhecimento, do reconhecimento ou, em ultima instancia, do sentimento.

Essa relação social extraordinariamente ordinária oferece também uma ocasião única de aprender a lógica da dominação, exercida em nome de um principio simbólico conhecido e reconhecido tanto pelo dominante quanto pelo dominado, de uma língua (ou uma maneira de falar), de um estilo de vida (ou de uma maneira de pensar, de falar ou de agir) e, mais geralmente, de uma propriedade distintiva, emblema ou estigma, dos quais o mais eficiente simbolicamente é essa propriedade corporal inteiramente arbitraria e não predicativa que é a cor da pele.” (p. 12)

Page 35: Palestra Sobre Genero 1

“Torna-se evidente que, nessas matérias, nossa questão principal tem que ser a de restituir à doxa seu caráter paradoxal e, ao mesmo tempo, demonstrar os processos que são responsáveis pela transformação da história em natureza, do arbitrário cultural em natural.” (p. 12)

Page 36: Palestra Sobre Genero 1

O que é ser mulher? O que é ser homem? Subsídios para uma discussão das relações de gênero

Nalu Faria e Miriam Nobre

Page 37: Palestra Sobre Genero 1

1- Por que mulheres e homens vivem em condições de desigualdade?

2- Por que as mulheres são consideradas inferiores e vivem situações de injustiça por serem mulheres?

Page 38: Palestra Sobre Genero 1

“Vamos começar pelos bebês. As pessoas nascem bebês machos e fêmeas e são criadas e educadas conforme o que a sociedade define como próprio de homem e de mulher: Os adultos educam as crianças marcando diferenças bem concretas entre meninas e meninos. A educação diferenciada dá bola e caminhãozinho para os meninos e boneca e fogãozinho para as meninas, exige formas diferentes de vestir, conta estórias em que os papéis dos personagens homens e mulheres são sempre muito diferentes. Outras diferenças aparecem de modo mais sutil, por aspectos menos visíveis, como atitudes, jeito de falar, pela aproximação com o corpo” (p. 1)

“Educados assim, meninas e meninos adquirem características e atribuições correspondentes aos considerados papéis femininos e masculinos (...) Os atribuídos às mulheres não são só diferentes dos do homem, são também desvalorizados. Por isso, as mulheres vivem em condições de inferioridade e subordinação em relação aos homens.” (p. 1)

“Usamos as expressões identidades de gênero e relações de gênero para deixar bem claro que as desigualdades entre homens e mulheres são construídas pela sociedade e não determinadas pela diferença biológica entre os sexos. Elas são uma construção social, não determinada pelo sexo.”

Não ignoramos que isso tudo se constroem em corpos sexuados e distintos biologicamente.

Page 39: Palestra Sobre Genero 1

CRIAÇÃO DE ESTEREÓTIPOS FEMININOS

“Os modelos de feminino em nossa sociedade são criados a partir de símbolos antagônicos: Eva e Maria, bruxa e fada, mãe e madrasta. Essas definições propõem o que é bom para as mulheres e culpam-nas quando não respondem a esse padrão.” (p. 2)

“A partir da consolidação do capitalismo, existe a idéia de que ocorre uma divisão entre as esferas pública e privada, sendo que a esfera privada é considerada como o lugar próprio das mulheres, do doméstico, da subjetividade, do cuidado. A esfera pública é considerada como o espaço dos homens, dos iguais, da liberdade, do direito”. (p. 2)

Nessa compreensão, o papel feminino tradicional estabelece a maternidade como principal atribuição das mulheres e, com isso também o cuidado da casa e dos filhos, a tarefa de guardiã do afeto e da moral na família. Ela é uma pessoa que deve sentir-se realizada em casa. O homem típico é considerado o provedor, isto é, o que trabalha fora, traz o sustento da família, realiza-se fora de casa, no espaço público. Para uma mulher, ainda é considerado mais adequado ser meiga, atenciosa, maternal, frágil, dengosa, e do homem, o que ainda se espera, é que tenha força, iniciativa, objetividade, racionalidade.” (p. 2)

Page 40: Palestra Sobre Genero 1

Mamãe, o que você gostaria de ser se pudesse viver?

Page 41: Palestra Sobre Genero 1

Este modelo nunca existiu de verdade, é um ideal. Só uma parcela muito pequena de mulheres vivem nestas condições.Ex: mulheres negras, camponesas, nas cidades mulheres vivem sozinhas com seus filhos sendo total responsável pela sustento da família e ainda outras dividem com o marido.

“E por que ainda é tão forte a idéia de que mulher deve seguir o modelo de mãe e dona-de-casa? E por que ainda é tão forte a idéia de que o trabalho fora de casa cabe apenas ao homem? A persistência nessas idéias tradicionais e nunca realizadas plenamente costuma ser justificada pela idéia de que esses papéis são naturais, isto é, homens e mulheres já nascem para ser desse jeito. Dizemos que a naturalização é o principal mecanismo de justificativa dessa situação” (p. 3)

Page 42: Palestra Sobre Genero 1

“A naturalização dos papéis e das relações de gênero faz parte de uma ideologia que tenta fazer crer que esta realidade é fruto da biologia, de uma essência masculina e feminina, como se homens e mulheres já nascessem assim” (p. 2)

• DIVISÃO SEXUAL DO TRABALHO

“As relações de gênero são sustentadas e estruturadas por uma rígida divisão sexual do trabalho. O papel masculino idealizado é de responsabilidade pela subsistência econômica da família e a isso corresponde designar o trabalho do homem na produção. A atribuição do trabalho doméstico designa as mulheres para o trabalho na reprodução: ter filhos, criá-los, cuidar da sobrevivência de todos no cotidiano.” (p. 4)

O mito acaba influenciando o real.

“No caso das mulheres, a tentativa é sempre de considerar o trabalho realizado fora da casa como uma extensão do seu papel de mãe. As mulheres se concentram em atividades consideradas tipicamente femininas como serviço doméstico, professoras, enfermeiras, assistentes sociais. Em 1990, 30% das mulheres que se declararam como trabalhadoras na pesquisa do IBGE eram empregadas domésticas, costureiras e professoras primárias” (p. 4)

Page 43: Palestra Sobre Genero 1

• TIPOS DE PROFISSÕES FEMININAS

“A maioria das professoras dá aulas para o primário, já são menos as que trabalham no nível secundário e muito poucas as da universidade. Quando estão na universidade, elas se concentram em determinadas áreas, como educação e psicologia, e têm menos acesso a promoção, a títulos etc. Este exemplo mostra que, mesmo dentro de uma determinada categoria, formas de divisão sexual são recriadas. Um outro exemplo: as mulheres são minorias entre os escritores literários, mas a maioria das mulheres escritoras são autoras de literatura infantil.” (p. 4)

“Na indústria, as mulheres são embaladoras, montadoras e costureiras, funções que exigem habilidade manual, coordenação motora fina, paciência. As habilidades para exercer essas profissões foram sendo desenvolvidas no processo de educação das meninas: brincando de casinha, cuidando dos irmãos, bordando, ajudando a mãe no trabalho doméstico. As pessoas "esquecem" que as meninas precisam treinar para aprender tudo isso e agem como se toda mulher já nascesse com essas "aptidões", como se fosse uma dádiva da natureza. Se é dádiva da natureza, não precisa ser reconhecida, nem devidamente remunerada. Porém, se os homens fossem ser treinados para realizar essas tarefas, seria necessário um grande investimento.” (p. 5)

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• DESIGUALDADE E POBREZA“Como os homens é que são considerados os provedores da família, o trabalho profissional das mulheres é sempre visto como complementar às suas "responsabilidades" domésticas, estas, sim, sua verdadeira ocupação. A partir dessa idéia, surgem várias conseqüências negativas para as mulheres. A primeira é a de que os salários delas podem ser baixos, já que o que elas ganham é visto como suplementar: Quem não se lembra do Maluf dizer que o problema das professoras de São Paulo não era o salário baixo, mas serem mal-casadas?” (p. 5)

“Em segundo lugar, os serviços públicos não se organizam para assegurar às mulheres condições de trabalharem fora. Não existem serviços de apoio, como creches, abrigos para idosos, lavanderias coletivas. Os postos de saúde e as escolas têm horários restritos, como se todas as mães estivessem o tempo todo em casa, à disposição da família, prontas para levar crianças e outras pessoas à escola e ao médico somente nesses horários. Dessa forma, muitas mulheres "optam" por ocupações em que há maior flexibilidade de horários: elas "escolhem" trabalhos em tempo parcial ou no mercado informal, "belas escolhas", que não garantem direitos trabalhistas e oferecem poucas perspectivas de crescimento profissional.

O resultado disso é uma enorme desigualdade na distribuição dos recursos e do poder na sociedade, entre homens e mulheres. Segundo a ONU, as mulheres executam 2/3 do trabalho realizado pela humanidade, recebem 1/3 dos salários e são proprietárias de 1 % dos bens imóveis. Dos quase 1,3 bilhão de miseráveis do mundo, 70% são mulheres.” (p. 6)

Page 45: Palestra Sobre Genero 1

• SEXUALIDADE

“O controle da sexualidade das mulheres, o controle da função procriativa e a criminalização do aborto fazem parte da opressão das mulheres. Dessa forma, a vivência da sexualidade foi desde vários séculos rodeada por tabus e mitos, que têm como ponto em comum, considerar pecado, desvio, doença, exagero, falta de pudor e até mesmo crime, as manifestações da sexualidade feminina.

A partir disso, as mulheres em geral têm vivido sua sexualidade de acordo com os padrões impostos como os mais corretos, considerando o papel social de esposas "honestas" e mães dedicadas que lhes é destinado. Outras vivem como "profanas" e, portanto, indignas de respeito: são "as piranhas, as usadas, as fáceis, as putas". Uma das formas de definição desse modelo passou pelo estabelecimento de um duplo padrão do que é ou não correto em relação à sexualidade.” (p. 6)

Page 46: Palestra Sobre Genero 1

“Para os homens, a idéia da virilidade é sinônimo de muitas relações sexuais, de preferência com muitas mulheres diferentes. As mulheres, ao contrário, devem viver a sexualidade em função da reprodução, negando o prazer. A repressão à sexualidade feminina em boa parte se dá pelo desconhecimento do corpo e pela imposição de regras rígidas do que significa ser uma mulher "honesta".

Mas há aí uma contradição, pois nem todas as mulheres podem ser "honestas". Se os homens precisam de mulheres "honestas" para o casamento e os filhos, têm que existir as "outras", para o livre desfrute da sexualidade sem responsabilidade, só para o prazer. Nesse caso também se estabelece um duplo padrão de comportamento sexual para as mulheres: o que uma mulher livre faz, uma esposa não pode fazer nem desejar. Claro que esse duplo padrão se estabelece sempre em função do desejo dos homens.” (p. 7)

Page 47: Palestra Sobre Genero 1

O PROBLEMA DA SEXUALIDADE INFANTILE A HETERONORMATIVIDADE PADRÃO

“As crianças desde muito cedo são levadas a incorporar os símbolos da heterossexualidade e estes aparecem vinculados ao casamento e à família. No entanto, é visível que as crianças vivem sua sexualidade a partir do interesse de explorar seu corpo e o das outras crianças e, claro, desfrutando das sensações de prazer que encontram". (p. 7)

Page 48: Palestra Sobre Genero 1

VIOLÊNCIA

“A violência contra as mulheres expressa a demonstração de poder dos homens e a idéia de que as mulheres são objeto de posse. É uma forma de reproduzir e manter o machismo e de dizer o tempo todo que a mulher é inferior: Esse tipo de violência se manifesta de muitas maneiras: espancamento, insultos, ameaças, estupros, assédio, assassinatos, mas também em formas sutis de desqualificação das mulheres, como quando alguém diz que uma mulher é boa profissional, "apesar de ser mulher". (p.8)

COMO SE MANTÉM A VIOLÊNCIA?

“E o que é que contribui para manter a violência contra as mulheres? A impunidade dos agressores, a transformação da vítima em ré (a mulher é sempre a culpada, é quem provocou, é quem fez por onde), o silêncio das mulheres agredidas, as idéias sobre a inferioridade das mulheres.

A dependência, os sentimentos de desvalorização e de culpa acabam fazendo com que a mulher acredite que não há saída ou que a culpa é dela mesma. Em uma relação afetiva esses sentimentos se misturam com a esperança de que o homem vai mudar, ou com a idéia, bastante comum nas mulheres, de que ela é responsável e poderá salvá-lo.” (p.9)

Page 49: Palestra Sobre Genero 1

FAMÍLIA

“A sociedade estabelece um modelo-padrão de família, no qual se. espera que todas as pessoas se enquadrem. O modelo considerado ideal de família em nossa sociedade é chamado mononuclear, ou seja, constituído por um núcleo que são o pai, a mãe e as filhas ou filhos, de preferência poucos, melhor ainda se forem um casal.

A família é considerada o lugar de socialização das crianças, o lugar onde se criam e se educam. É na família que as crianças fazem seus primeiros aprendizados para a divisão sexual do trabalho e é nesse ambiente que elas adquirem grande parte da sua identidade de gênero. É na família que a criança começa a aprender o que é "ser homem" e o que é "ser mulher".

As tarefas chamadas domésticas são realizadas nas casas praticamente quase que só pelas mulheres, como trabalho não-pago, que assim serve para baratear o custo da reprodução da força de trabalho. Basta ver quanto custa a comida pronta e a lavagem da roupa na lavanderia para se começar a ter uma idéia desse barateamento” (p. 9)

Page 50: Palestra Sobre Genero 1

EDUCAÇÃO

“A escola é um agente socializador dos seres humanos, tanto quanto a família, e isto significa que junto com o conhecimento, a escola também transmite valores, atitudes e preconceitos.

Tradicionalmente a escola tem reforçado a desigualdade entre mulheres e homens. Isso ocorre, por exemplo, na forma como se lida com meninos e meninas: a divisão nas filas, a divisão de tarefas (meninas como ajudantes da professora), o que a escola reforça em um e no outro ("isso não é coisa de menina" ou "está até parecendo uma menina", ("comporte-se como um menino").” (p.10)

Os livros didáticos também reproduzem e reforçam a desigualdade, apresentando estereótipos sobre o que é uma família, como são as mulheres, como vivem as mulheres negras. Nos livros didáticos as famílias são sempre brancas, o pai tem um emprego fora de casa e a mãe aparece sempre de avental, servindo a mesa ou costurando. O menino está sempre brincando de caminhãozinho ou bola e a menina está sempre com uma boneca, olhando o irmãozinho brincar de coisas mais interessantes.” (p.11)

Nos livros de Ciências são os meninos que fazem as experiências.A mulher negra costuma aparecer sozinha, sem família, como empregada de uma família branca.As atividades na Educação Física....

Page 51: Palestra Sobre Genero 1

A REPRODUÇÃO DO MACHISMO

“Como mães e professoras, as mulheres muitas vezes reproduzem o machismo e as idéias dominantes na sociedade, que pregam a suposta inferioridade das mulheres em relação aos homens.” (p.11)

Page 52: Palestra Sobre Genero 1

MEIOS DE COMUNICAÇÃO

Contraditórios“Nas novelas, que são os programas mais assistidos, trata-se as mulheres de forma muito estereotipada, mesclada com alguns momentos mais críticos. Nos programas de humor, praticamente não há momentos críticos, só repetição das idéias dominantes mesmo: mulher interesseira, loura burra, sogra horrenda.” (p.12)

Page 53: Palestra Sobre Genero 1

“As revistas femininas, vendidas às centenas de milhares por mês, permanecem em assuntos estereotipados: moda, beleza, decoração, culinária, como cuidar dos filhos e como agarrar, agradar e conservar o seu homem. São raros os artigos que saem das idéias dominantes. Nas revistas ditas masculinas, o corpo das mulheres é exposto ao desfrute, transformando-as de pessoas em objeto sexual.” (p.12)

“As mulheres aparecem muito nas capas das revistas femininas e masculinas, mas quase nunca na primeira página do jornal. Elas têm pouco poder político e econômico, mas nem esse pouco aparece na primeira página, reservada aos políticos, esportistas homens, banqueiros, empresários. As poucas mulheres que aparecem na primeira página ganham esse espaço quando morrem (como a princesa Grace Kelly), quando vão presas (como a Deolinda, do Movimento dos Sem-Terra) ou quando são motivo de escândalo.” (p.13)

Page 54: Palestra Sobre Genero 1
Page 55: Palestra Sobre Genero 1

A ORGANIZAÇÃO DO MOVIMENTO DE MULHERES

“O feminismo é um conjunto de idéias e práticas que visam superar as desigualdades entre homens e mulheres e acabar com as situações de opressão e exclusão das mulheres. O feminismo é uma teoria política que tem expressão social desde o fim do século passado.

• As mulheres sempre lutaram por sua liberdade e em todas as épocas temos exemplos de mulheres excepcionais, de ações de resistência e de elaboração de tratados e manifestos em defesa da igualdade. No fim do século XIX e no início do atual, as mulheres formaram amplas organizações que lutaram e conquistaram o direito à educação, ao voto e ao acesso a determinadas profissões, como magistério e advocacia.” (p. 13)

Page 56: Palestra Sobre Genero 1

“Características consideradas do outro gênero estão presentes em todas as pessoas. Só que são valorizadas de forma diferente, conforme o lugar em que cada um está. Por exemplo, nos espaços políticos, tradicionalmente masculinos, é comum as mulheres serem cobradas a deixarem um pouco de lado a sua feminilidade e demonstrarem características compatíveis com o modelo estabelecido do que é ser militante, forte e combativa, porque só assim os homens irão considerá-las como "fortes", sem "frescuras", que é o que se espera na política, segundo a visão mais comum.” (p. 16)

Page 57: Palestra Sobre Genero 1

• Texto• “Gênero e Sexualidade:

Histórias de Exclusão”

• Guacira Lopes Louro• 2002; EdUsp

Page 58: Palestra Sobre Genero 1

Falando de diversidade e tolerância ...• “Parece-me oportuno questionar sobre quem tem poder para nomear

ou apontar a diferença; a partir de que lugar se observa tal diversidade.

• Para o propósito desta analise, sugiro que pensemos, de modo especial, nas varias identidades sexuais e de gênero, que, articulando-se às identidades de classe, de nacionalidade, de etnia, de religião, de idade ou raça podem complexificar a compreensão do que seja uma sociedade multicultural.

• A palavra convivência aponta exatamente para isso e sugere a tolerância (da diferença) como o caminho possível para a harmonia.

• Não podemos esquecer que quem tolera é sempre aquele ou aquela que detém uma posição confortável, uma posição de algum modo superior; enfim, alguém que pode consentir, alguém que permite e que aceita.”. (p. 136)

Page 59: Palestra Sobre Genero 1

• “Essa historia foi a produtora de uma norma, ou seja, de um sujeito que é

a referencia para os demais: o homem branco heterossexual de classe media urbana e cristão. Todos os outros sujeitos sociais são apresentados (ou são representados) tomando-o como referencia e como centro. Assim, o gênero feminino – o chamado “segundo sexo” – é sempre descrito por sua diferença em relação ao masculino. De antigos ditos populares a modernas e sofisticadas teorias, “constata-se” que nós, as mulheres, somos diferentes deles, os homens. A norma ou o referente face ao qual se estabelece uma relação para mais ou para menos é o gênero masculino.

• Da mesma forma, a sexualidade “normal” é a heterossexual. Homens e mulheres homossexuais ou bissexuais estão fora da norma, são desviantes, doentes, ou pervertidos. A referencia heterossexual também marginaliza aquelas e aqueles que vivem sua sexualidade sozinhos, sem parceiros, ou que transitam de uma forma de sexualidade à outra. Uma infinidade de teorias médicas, psicológicas, religiosas e educacionais é acionada para reconduzir essas mulheres e esses homens à posição “correta” – a heterossexualidade.” (p. 137)

Page 60: Palestra Sobre Genero 1

“Apesar da alegada “democracia racial” brasileira, quando falamos de raça, imediatamente todos supõem que estamos falando de negros ou negras ou, talvez, de índios (pois o branco, que é a norma, não é percebido como uma raça). Um raciocínio semelhante ocorre quando o assunto é religião; também nesse caso apenas algumas delas são denominadas “alternativas”.

Os “outros”, os sujeitos “diferentes”, os “alternativos” serão, em principio, as mulheres, as pessoas não-brancas, as não-heterossexuais ou não-cristãs”. ” (p. 137)

Page 61: Palestra Sobre Genero 1

CONSTRUÇÃO

DA

NORMA

Page 62: Palestra Sobre Genero 1

- HOMEM - BRANCO

- CLASSE MÉDIA- HETEROSSEXUAL

- CRISTÃO

- URBANO

Page 63: Palestra Sobre Genero 1
Page 64: Palestra Sobre Genero 1

CONSTRUÇÃO

DAS

MINORIAS

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- MULHER - NÃO-BRANCOS•

- NÃO-HÉTEROS - POBRE

- RURAIS - NÃO-CRISTÃO

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A autora propõe, e se• “a historia, a ciência, a literatura, as leis, a medicina fossem narradas

sob a ótica desses sujeitos “secundarizados” – dos índios, dos homossexuais, das mulheres, dos negros e negras? (...) as linguagens, os códigos, as normas, a estética desses grupos continuariam sendo “diferentes”?

• Ninguém é, afinal, essencialmente diferente, ninguém é essencialmente o outro; a diferença é sempre constituída a partir de um dado lugar que se torna como centro (Louro, 1998)

• Discursos médicos, religiosos, jurídicos, psicológicos e educacionais voltaram-se para conhecer e disciplinar os corpos, para normatizar e controlar o modo de ser homem ou mulher. Varias formas de viver a sexualidade e os gêneros (bem como as praticas e identidade de classe, etnia, raça, religião) são, no entanto, experimentadas. Certamente, algumas detém o selo da legitimidade, podem ser afirmadas e exercidas com aprovação e autoridade; outras são desaprovadas, marginalizadas ou condenadas;” (p. 138)

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• “A sociedade brasileira também produziu, historicamente, seus critérios para determinar o que (ou quem) é permitido ou proibido, legal ou ilegal, sadio ou doente, adequado ou inadequado, moral ou imoral. A escola, a justiça, as igrejas, os meios de comunicação, as famílias, enfim, as mais variadas instancias sociais, através das mais distintas estratégias e técnicas, ensinaram e continuam ensinando – a todos – os lugares sociais apropriados e aqueles que são condenadas” (p. 138)

• Na definição do “normal” e do “diferente” o que esta em ação é uma dinâmica de poder

• “A nomeação dos sujeitos de gênero e sexuais, a repetição de normas regulatórias, “a forca da linguagem que nomeia os sujeitos, da linguagem que marca aqueles e aquelas que vivem sua sexualidade de formas distintas da norma.” (p. 138)

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Uma pedagogia cultural trabalha produção das identidades de gênero e sexuais.

• “A publicidade, a televisão e as academias delineiam corpos perfeitos para homens e mulheres e anunciam as formulas para adquiri-los e mante-los (...) Tais pedagogias estão em ação, nas bandas de rock e nos livros de auto-ajuda, nos cartazes, nas pregações das igrejas, nas novelas (...) “fixar” uma identidade masculina ou feminina “normal” e duradoura” (p. 139)

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PAPEL DA ESCOLA

• A escola faz um papel duplo: por um lado, promover a sexualidade “normal” e por outro, controla-la.

• E para os que tem “desejos distintos da norma, as alternativas serão, então, o silencio, a dissimulação ou a segregação”.

• “... nas escolas, a produção da heterossexualidade é acompanhada pela rejeição da homossexualidade”. (p. 139)

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• ... inscrevemos as marcas de gênero, delimitamos territórios, indicamos destinos e autorizamos projetos diferenciados para meninos e meninas, para jovens e adultos.

• A escola nega e ignora a homossexualidade (...) e, desta forma, oferece muito poucas oportunidades para que adolescentes ou adultos assumam, sem culpa ou vergonha, seus desejos. Esse que seria, em principio, o lugar do conhecimento, mantém-se, com relação à sexualidade, como o lugar do desconhecimento e da ignorância. Pela afirmação ou pelo silenciamento, nos locais reconhecidos e públicos ou nos cantos escondidos e privados, é exercida uma pedagogia da sexualidade, legitimando determinadas identidades e praticas sexuais, reprimindo e marginalizando outras.” (p. 140)

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• “Se por um lado, a maior visibilidade de gays e lésbicas dá liberdade em determinados espaços, por outro “tem acirrado as manifestações e a violência antigays e antilésbicas, estimulado a organização de grupos hipermasculinos e provocado um revigoramento de campanhas conservadoras de toda ordem.

• “Assumir-se” se torna um ato político. Um ato que, nas atuais condições, em nossa sociedade, ainda pode cobrar o alto preço da estigmatizarão.

• renovam-se os apelos conservadores, buscando formas novas, sedutoras e eficientes de interpelar os sujeitos (especialmente a juventude) e engajá-los ativamente na recuperação de valores e de praticas tradicionais (...) Outros discursos emergem (...) estabelecem-se controvérsias e contestações, afirmam-se, política e publicamente, identidades silenciadas e sexualmente marginalizadas.” (p. 140)

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O QUE É FEMINISMO, AFINAL?

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