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PALAVRA DE DEUS & palavras de homem

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Page 1: PALAVRA DE DEUS · ... porque é Deus de Deus, ... “Amo a minha vida e não quero morrer em coisas que me agarrem ... muros, a fim de os roubar

PALAVRA DE DEUS & palavras de homem

Page 2: PALAVRA DE DEUS · ... porque é Deus de Deus, ... “Amo a minha vida e não quero morrer em coisas que me agarrem ... muros, a fim de os roubar

“Quem é o meu próximo?» Tomando a palavra, Jesus respondeu: Certo homem descia de Jerusalém

para Jericó e caiu nas mãos dos salteadores que, depois de o despojarem e encherem de pancadas, o

abandonaram, deixando-o meio morto. Por coincidência, descia por aquele caminho um sacerdote

que, ao vê-lo, passou ao largo. Do mesmo modo, também um levita passou por aquele lugar e, ao vê-

lo, passou adiante. Mas um samaritano, que ia de viagem, chegou ao pé dele e, vendo-o, encheu-se

de compaixão. Aproximou-se, ligou-lhe as feridas, deitando nelas azeite e vinho, colocou-o sobre a

sua própria montada, levou-o para uma estalagem e cuidou dele. Qual destes três te parece ter sido

o próximo daquele homem que caiu nas mãos dos salteadores?» Respondeu: «O que usou de miseri-

córdia para com ele.» Jesus retorquiu: «Vai e faz tu também o mesmo.» | Lc 10, 29-37

Jesus, desafiaste-me a amar o próximo como a mim mesmo.

Perguntei-te: “Quem é o meu próximo?”

Como é frequente, respondeste-me com uma história,

que, no final, lança uma outra questão: “De quem te fazes próximo?”

Fiquei pensativo, primeiro. Embaraçado, depois. Desassossegado, no final.

Percebi.

Não se trata de saber quem é o próximo (desconhecemos quem é?)

mas abeirar-me de todos. Caminhar na direção do outro.

O homem ferido estava ao alcance do sacerdote, do levita e do samaritano,

mas só este último o abraçou.

Devo lançar-me para diante, não ficar colado a medos e preconceitos;

ser engenheiro de pontes, não construtor de muralhas;

oferecer disponibilidade, não virar as costas;

estar para o outro, mesmo que o outro não esteja para mim;

encurtar distâncias entre corações e torná-los vizinhos; ligar longes.

Ser primeiro: no sorriso, no abraço, no amar, no perdoar,

na palavra, na lágrima, na oração, na atenção, na visita, na canção,

na ternura, na escuta, na verdade, na comunhão… Sempre.

Nada fácil, esta forma de viver. Mas é a tua maneira, Senhor.

“Vai e faz tu também o mesmo.”

Sim!

Page 3: PALAVRA DE DEUS · ... porque é Deus de Deus, ... “Amo a minha vida e não quero morrer em coisas que me agarrem ... muros, a fim de os roubar

O deserto e a terra árida vão alegrar-se, a estepe exultará e dará flores belas como narcisos. Vai

cobrir-se de flores e transbordar de júbilo e de alegria. Verão a glória do Senhor, e o esplendor do

nosso Deus. Fortalecei as mãos débeis, robustecei os joelhos vacilantes. Dizei aos que têm o coração

pusilânime: «Tomai ânimo, não temais!» Deus vem em pessoa retribuir-vos e salvar-vos. | Isaías

Advento. Sim, novamente. Para nos prepararmos.

É que, mais uma vez, Jesus quer visitar-nos.

Sabemos que já veio, que virá, que está.

Mas necessitamos de liturgias que nos recordem, de tempos a tempos,

o imenso Amor que Deus tem por nós.

Vamos aguardá-l’O, de coração escancarado e mãos estendidas,

como pobres que necessitam de tudo.

Disponhamo-nos a recebê-l’O.

Que Ele venha encher os nossos espaços interiores ainda vazios

e dissipar todos os receios e angústias que nos consomem;

retemperar as nossas forças, algo esgotadas pela caminhada;

estimular a nossa criatividade para reinventarmos o amor e a paz;

retirar as cortinas que negam a entrada da aurora

e nos impedem de contemplar tudo com um olhar de Céu;

ensinar-nos novos ritmos e sonoridades de vida;

abrir as prisões onde estão retidas a ternura e a compaixão;

secar lágrimas e desenhar sorrisos;

alentar-nos na defesa da vida desde a sua conceção até ao seu final;

erradicar da face da terra a mentira, a inveja, a hipocrisia, a murmuração.

Com Deus no meio de nós, atravessaremos todas as tempestades,

por mais medonhas que sejam,

e enfrentaremos os imensos desafios que o Futuro nos reserva,

com a serenidade dos simples e a esperança dos Santos.

Acolhamos o Senhor que vem.

Juntos!

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A Palavra fez-se carne e acampou entre de nós. | Jo 1, 14

No centro, à vista de todos, uma tenda. Para Deus.

Entrará no mundo de mansinho, para não impor-se;

mas anuncia a chegada, para propor-se.

Vem do Céu, porque é Deus de Deus,

mas nascerá da terra, do ventre de uma Mulher,

porque quer ser homem entre os Homens.

Chamar-se-á JESUS, o Emanuel, Deus-connosco.

Ele, que é a PALAVRA, vem dar sentidos novos às nossas palavras,

preenchê-las de ternura, decifrar-lhes todos os segredos,

revelar-lhes os sabores originais, salpicá-las de bom senso,

vesti-las de simplicidade, pintá-las com as cores da verdade e da coerência.

As nossas conversações ganharão novos brilhos e tons de festa.

Serão sempre diálogos, nunca solilóquios.

Nos lugares dos nossos encontros erguer-se-ão catedrais de comunicação,

com Deus no meio, fascinado com a beleza das nossas ligações.

Falaremos mais de nós e menos sobre os outros.

Ficaremos mais perto de nós mesmos e mais próximos dos outros.

Seremos mais de nós e também mais dos outros.

E daremos mais espaço ao silêncio e à escuta.

Os comentários mordazes e cínicos, as afirmações venenosas e obscenas,

as opiniões fúteis e boçais, os juízos reles e corrosivos,

os palavreados torpes e grosseiros, os julgamentos primários e facciosos,

abandonarão para sempre a face da terra.

Ficarão, isso sim, palavras “arco-íris”, que fazem sonhar e voar.

E gente com a alma cheia de vida para as dizer e cantar.

A PALAVRA vai nascer.

Numa tenda, à vista de todos.

Aqui.

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E, quando eles ali se encontravam, completaram-se os dias de Maria dar à luz e teve o seu filho pri-

mogénito. | Lucas

Dois olhos de ver bem e fundo.

Duas orelhas, para escutar o palpitar da Vida.

Um nariz, para acolher o aroma da santidade e da paz.

Uma boca, para anunciar o Reino e proclamar a Boa Nova.

Braços pequenitos, mas capazes de abraçar o Universo.

Mãos meigas, para abençoar e oferecer a ternura do toque de Deus.

Pernas irrequietas, a ensaiar as grandes caminhadas.

Pés animados, a marcar a cadência e o ritmo da Dança dos Sonhos.

E, dentro do peito, um coração. Imenso. Inteiro. Humano e divino.

Matizado com as cores da Beleza. Cheio de Céu. Onde cabemos todos.

Nasceu há dias.

Chama-se JESUS.

É Deus, que vem para ti.

Porque te ama.

Muito.

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O Senhor te abençoe e te guarde! O Senhor faça brilhar sobre ti a sua face e te favoreça! O Senhor

volte para ti a sua face e te dê a paz! | Livro dos Números 6, 24-25

Ano 2011. Uma nova etapa. Com a distância de 365 dias.

Esperanças que acordam. Sonhos que revivem. Possíveis que amanhecem.

Avancemos, sem medo, com o coração centrado em Deus.

Deixemo-nos conduzir por Jesus.

Com Ele, alcançaremos todos os horizontes.

Escreveu Emílio Mazariegos:

“Amo a minha vida e não quero morrer em coisas que me agarrem

e não me deixem seguir a minha marcha”.

Sim, somos viandantes. Temos alma de andarilhos.

Palmilhamos o mundo. Mas não nos fixamos nele. Estamos de passagem.

A nossa caminhada tem um sentido. E uma meta: o Céu.

E o Céu, a Vida em plenitude, começa aqui, na terra, dentro da nossa casa.

“O Reino já está entre vós”!, foi Jesus que o disse.

Por isso, empenhamo-nos na viagem da vida. Esta vida. A nossa vida.

Não permitiremos ser retidos por coisas mesquinhas, reles, comezinhas.

Na estrada depararemos com ‘profetas da desgraça’, ‘velhos do Restelo’,

‘fazedores de opinião’, ‘gente do contra’, ‘feiticeiros de soluções mágicas’.

Sim, vamos encontrá-los. Mas passaremos adiante. E rezaremos por eles.

Deixaremos para trás, os egoísmos que petrificam,

os receios que angustiam, os comodismos que instalam,

as invejas que corroem.

Recolheremos todos os instantes em que o Amor vencer.

Queremos seguir a marcha. Livres. Até ao fim.

Nada nos vai parar!

Queres vir também?

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Ainda que eu fale as línguas dos homens e dos anjos, se não tiver amor, sou como um bronze que

soa ou um címbalo que retine. Ainda que eu tenha o dom da profecia e conheça todos os mistérios e

toda a ciência, ainda que eu tenha tão grande fé que transporte montanhas, se não tiver amor, nada

sou. Ainda que eu distribua todos os meus bens e entregue o meu corpo para ser queimado, se não

tiver amor, de nada me aproveita. O amor é paciente, o amor é prestável, não é invejoso, não é arro-

gante nem orgulhoso, nada faz de inconveniente, não procura o seu próprio interesse, não se irrita

nem guarda ressentimento. Não se alegra com a injustiça, mas rejubila com a verdade. Tudo descul-

pa, tudo crê, tudo espera, tudo suporta. O amor jamais passará. | Cor 13, 1-8

Ano 2011 em movimento.

2011 gestos de amor por pessoa,

a dividir por 365 dias dá, como resultado final,

5,50958904 gestos de amor por pessoa/por dia.

Aceitamos o desafio?

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Os anciãos dos judeus prosseguiram com êxito a reconstrução do templo, segundo as profecias de

Ageu, o profeta, e de Zacarias, filho de Ido. | Esdras 6, 14

Uma igreja.

Com um longo Passado por detrás.

E, pela frente, um Futuro que depende de nós:

porque, Hoje, ela pertence-nos; mora no coração desta Cidade.

Por isso queremos cuidar dela, honrar os que a edificaram,

juntarmo-nos aos que por ali passaram.

Não vamos aguardar por fins de crises ou por ofertas que nunca chegarão.

Também não esqueceremos os que vivem com carências:

continuaremos ao seu lado.

Mas estamos empenhados em enfrentar outras expressões de pobreza.

Deixar degradar-se uma igreja, que ‘vive’ na nossa Casa, é uma delas.

Por isso, vamos avançar. Sem ter nada. Mas com confiança. Determinados.

Contribuiremos com o possível, partilharemos o muito ou pouco.

E, ao mesmo tempo, acrescentaremos pedacinhos das nossas almas,

para que o restauro seja confirmado com o selo da solidariedade.

E, assim, a igreja de Nossa Senhora da Conceição,

qual beijo de Mãe, e abraço de Pai, continuará a acolher-nos.

Com mais beleza. Mais nossa. Mais de Alcobaça.

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Não acumuleis tesouros na terra, onde a traça e a ferrugem os corroem e os ladrões arrombam os

muros, a fim de os roubar. Acumulai tesouros no Céu, onde a traça e ferrugem não corroem e onde

os ladrões não arrombam nem furtam. Pois onde estiver o teu tesouro, aí estará também o teu cora-

ção. | Mt 6, 19-21

Tesouros na terra. Tesouros no Céu.

Os primeiros são visíveis (para os ladrões e para as traças é vantajoso...).

Os segundos, percebidos pelo coração, mas vislumbrados por Deus.

Uns têm uma duração que se mede em anos.

Outros, ultrapassam a finitude dos tempos e plantam raízes na eternidade.

Alguns, quanto mais os aumentamos, mais carecidos ficamos.

Alguns, quanto mais os dispensamos, mais ricos nos tornamos.

Tesouros que são como asas, para voarmos ao encontro dos outros

e tesouros que nos trancam em nós, pintam-nos com as cores de ganância,

e até nos fazem pensar e agir como donos de tudo e de todos.

Como definição de ‘família’, afirmou alguém:

“um grupo de pessoas unidas pelo sangue e desunidas pelas partilhas”.

Para além da ironia presente na expressão, está uma verdade:

o poder do ‘vil metal’ a vencer, até, a força da seiva que une gerações!

Claro que necessitamos de bens para viver (ou, pelo menos, sobreviver!),

e até de armazenar pedaços, para enfrentar os dias que ainda vão nascer.

Mas, quando terminarmos a viagem deste lado de cá da Vida,

nada de material levaremos na bagagem.

Carregaremos, apenas, o que o dinheiro nunca poderá comprar:

amor, afetos, instantes de dádiva, sorrisos que cantam, dignidade íntegra,

silêncios que falam, amizade sincera, ternura, olhares de luz, unidade,

cumplicidades fraternas, liberdade, gestos de paz, abraços que curam.

Na Casa do Pai iremos encontrar uma outra fortuna.

Uma riqueza incorpórea, pintada em tons de ressurreição,

que Deus, ao longo da nossa vida, foi recolhendo e arrecadando:

todos os momentos em que os nossos pensamentos, palavras e ações,

revelaram, aqui na terra, o fulgor da Beleza e o brilho da Santidade.

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É assim que a vou seduzir: ao deserto a conduzirei, para lhe falar ao coração. | Oseias 2, 16

Quaresma 2011.

Deus convida-nos para um encontro.

No Deserto.

Só ELE e nós. E o silêncio.

Para nos falar ao coração. A cada coração.

Quer seduzir-nos; atrair-nos para ELE.

Apesar das nossas infidelidades, continua encantado connosco.

Não desiste de nós.

Também nos vai falar de Jesus, o Filho Amado.

Aquele que foi pregado numa cruz, entre dois malfeitores,

por causa de um Amor levado ao limite.

Sim, Jesus morreu, mas Ressuscitou!

O Poder de Deus é mais forte do que a Morte!

Esta é a Vitória que iremos festejar na Páscoa.

Regressaremos do Deserto mais livres, mais felizes, mais serenos,

mais confiantes, mais disponíveis, mais amados, mais amantes.

A viagem principia com um sinal: cinzas derramadas sobre a cabeça.

Para recordar a nossa pequenez e finitude,

e confirmar a nossa força quando nos unimos a Deus e uns aos outros.

Entremos no Deserto, ou antes, deixemos que o Deserto venha até nós.

AQUELE DESERTO.

Onde um AMOR imenso, ansiosamente, nos aguarda.

Para nos cativar e deslumbrar.

De novo.

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Partiram de Elim e toda a comunidade dos filhos de Israel chegou ao deserto de Sin, que está entre

Elim e o Sinai, no décimo quinto dia do segundo mês, após a sua saída da terra do Egipto. | Êxodo, 16, 1

Diário de viagem (dia 15): ainda há pouco iniciámos a caminhada através

do Deserto da Quaresma, e descobrimos, fascinados, que cada grão de

areia que calcamos tem nome e lança-nos desafios: perdão, generosidade,

verdade, simpatia, disponibilidade, gratidão, educação, afabilidade, amiza-

de, escuta, benevolência, boa disposição, bom senso, humor, alegria, entu-

siasmo, doação, encanto, inteligência, liberdade, atenção, persistência,

audácia, paz, simplicidade, sobriedade, compromisso, empenho, partilha,

misericórdia, atenção, honestidade, paciência, humildade, justiça, amor,

tolerância, elegância, sobriedade, obediência, dever, honra, dignidade,

bondade, confiança, castidade, serenidade, conversão, fidelidade, coragem,

disciplina, criatividade, oração, santidade, sabedoria, acolhimento, beleza,

comunhão, compaixão, ternura, respeito, responsabilidade, pudor, pureza,

esperança, fé, fraternidade, amabilidade, temperança, harmonia, fortaleza,

igualdade, louvor, prudência, serviço, gentileza, carinho.

Com meiguice e recato, como um ritual sagrado, receando inquietar o

silêncio que nos circunda, cada um de nós recolheu uma mão-cheia desta

terra abençoada, que recebe com prodigalidade os nossos passos de anda-

rilhos que têm a Páscoa como destino.

Quem imaginava que, no coração do Deserto, iríamos encontrar tanta

riqueza?

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Judas foi falar com os sumos sacerdotes e os oficiais do templo sobre o modo de lhes entregar Jesus.

Eles regozijaram-se e combinaram dar-lhe dinheiro. Judas concordou e procurava ocasião de o

entregar, sem a multidão saber. | Lc 22, 4-5

Subir com decisão a Jerusalém. Com Ele.

Participar com alegria na Ceia. Com Ele.

Rezar a dor no Gestsémani. Com Ele.

Ser preso e torturado. Com Ele.

Fazer o caminho para o Calvário. Com Ele.

Morrer. Com Ele.

Ressuscitar. Com Ele.

Viver. Com Ele.

Tríduo Pascal:

o tempo e o espaço da ternura de Deus

levada até ao infinito.

Por ti, por mim, por nós, por todos.

Com uma Cruz pelo meio.

E o AMOR a vencer.

Sempre!

Como no princípio…

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Os sumos sacerdotes, porém, instigaram a multidão a pedir que lhes soltasse, de preferência, Barra-

bás. Tomando novamente a palavra, Pilatos disse-lhes: «Então que quereis que faça daquele a quem

chamais rei dos judeus?» Eles gritaram novamente: «Crucifica-o!» Pilatos insistiu: «Que fez Ele de

mal?» Mas eles gritaram ainda mais: «Crucifica-o!» Pilatos, desejando agradar à multidão, soltou-

lhes Barrabás; e, depois de mandar flagelar Jesus, entregou-o para ser crucificado. | Mc 15, 11-15

Pedro: amigo de Jesus. Negou-O. Deu a vida por Jesus.

Judas: admirava o Mestre. Queria-O como Rei de Israel. Atraiçoou Jesus.

Guardas: os ‘seguranças’ do templo. Capturaram Jesus.

Sacerdotes e escribas: os cabecilhas do ‘sistema’ religioso. Culparam Jesus.

Herodes: um joguete nas mãos dos Romanos. O frívolo. Gozou com Jesus.

A multidão: o triunfo da manipulação e da mentira. Ódio sobre Jesus.

Soldados romanos: máquinas eficazes de destruição. Brutalizaram Jesus.

Barrabás: o guerrilheiro zelota. O felizardo. Libertado na vez de Jesus.

Pilatos: o Poder. A debilidade cínica da cobardia. Mandou matar Jesus.

Simão Cireneu: coagido a socorrer o Condenado. Carregou a cruz de Jesus.

Um dos crucificados: a desesperança e a injúria. Não compreendeu Jesus.

O outro crucificado: o reconhecimento da culpa. Entrou no Céu com Jesus.

O centurião romano: a voz do acordado pelo espanto. Viu Deus em Jesus.

Algumas mulheres: sempre presentes e próximas. Ao lado de Jesus.

José de Arimateia: o respeito e o cuidado. Deu sepultura a Jesus.

Maria Madalena: uma discípula fiel. Primeira nas Aparições de Jesus.

Maria de Nazaré: a Mulher e a Esposa. Mãe de Jesus.

E o teu nome, onde está?

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“Enquanto Eu estou no mundo, sou a luz do mundo”. Dito isto, cuspiu em terra, fez com a saliva um

pouco de lodo e ungiu os olhos do cego. Depois disse-lhe: «Vai lavar-te à piscina de Siloé»; Siloé

quer dizer «Enviado». Ele foi, lavou-se e ficou a ver. | João

Era cego. Desde o meu nascimento.

Naquele dia, encontrei-me com o inesperado.

Estava sentado, a olhar para dentro da minha noite, quando Jesus passou.

Acercou-se de mim.

Com lodo, feito de terra e saliva, esfregou os meus olhos.

E ordenou-me: “Vai lavar-te à piscina de Siloé”.

Fui. Hesitante. Desconfiado. Lavei-me. E o imprevisível abraçou-me.

Invadiu-me uma explosão de luz e um turbilhão de cores.

Confusão… assombro… alegria… deslumbramento. Estava a ver!

Chorei e ri. Gritei e cantei. Mergulhei num silêncio de gratidão. Rezei.

Seguiram-se dias de tormenta e confusão. Estava a redescobrir o mundo.

Mas, o mais espantoso, o verdadeiramente importante, ocorreu depois.

Com Jesus, a quem me liguei por gratidão e me prendi como amigo,

comecei a perceber, aos poucos, que a visão mais importante é a da alma,

que “só se vê bem com o coração; o essencial é invisível aos olhos”.

Jesus foi-me revelando diferentes tipos de ‘cegueiras’ e curando-me delas.

Fez-me descobrir ‘mundos’ que muitos seres humanos desconhecem,

porque só se avança por eles com os ‘óculos’ de Deus: o olhar de Jesus.

Jesus é a Luz do mundo. Deu-me uma vista nova, deu-me uma vida nova.

Ao fim destes anos, ainda não consigo visualizar tudo na perfeição:

o meu ver é, por vezes, preconceituoso, redutor, faccioso, snob, malicioso.

Mas já sou capaz de enxergar, com fascínio e contentamento de criança,

inúmeros sinais de Esperança e Luz, que dançam e cantam no escuro,

e aclarar o mistério de Deus, o sentido da vida e o destino do Homem.

Numa das minhas viagens, passei por Alcobaça.

Querem saber o que vi?

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Quanto a Maria, conservava todas estas coisas, ponderando-as no seu coração. | Lc 2, 19.

Ao longo destes dias de Maio, tu, Mulher, visitarás as nossas vidas.

Chamas-te Maria. És a Mãe de Jesus. E nossa Mãe, também.

Vens falar a todos do teu Filho: aos que O amam e O seguem,

aos que caminham por outras estradas espirituais;

aos que não crêem em Deus; aos que acreditam em tudo;

aos que perseguem o nada; aos que troçam do sagrado;

aos que vivem inquietos; aos que andam à procura.

Vens ensinar-nos a acolher e guardar os tempos que passam

e que nem sempre somos capazes de compreender,

para, depois, na intimidade do coração, numa conversa com Deus,

desvendarmos o sentido de cada instante.

Vens revelar o segredo da palavra ENCONTRO, cuja magia se manifesta

quando largamos as amarras dos preconceitos e dos fundamentalismos,

e derrubamos os muros que nos separam em classes, cores de pele,

motivações políticas, crenças religiosas, hierarquias aberrantes,

para ficarmos apenas com a nossa humanidade, a nossa pequenez.

Homens e mulheres, simplesmente.

Só assim é possível viver a aventura de atravessarmos espaços e tempos

de mãos dadas e corações estreitados, juntos, mesmo que diferentes.

Bem vinda sejas, Maria! Estávamos à tua espera.

Contigo, aromas novos dançarão por estas bandas.

E um pedido teu ficará gravado em nós: “fazei tudo o que Ele vos disser.”

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Naqueles dias, Jesus foi para o monte fazer oração e passou a noite a orar a Deus. Quando nasceu o

dia, convocou os discípulos e escolheu doze dentre eles, aos quais deu o nome de Apóstolos: Simão,

a quem chamou Pedro, e André, seu irmão; Tiago, João, Filipe e Bartolomeu; Mateus e Tomé; Tiago,

filho de Alfeu, e Simão, chamado o Zelote; Judas, filho de Tiago, e Judas Iscariotes, que veio a ser o

traidor. | Lc 4, 42-44

Pedro, André, Tiago, João, Filipe, Bartolomeu, Mateus, Tomé, Tiago,

Simão, Judas (filho de Tiago) e Judas Iscariotes.

Jesus escolheu estes, não por serem bons mas para serem bons e santos.

E foram.

Adalberto, Afonso Maria de Ligório, Agostinho, Águeda,

Ana Maria Javouhey, Alberto Magno, Ambrósio, André Dung-Lac,

Anselmo, António de Lisboa, Atanásio, Beatriz da Silva, Bento, Bernardo,

Bonifácio, Bruno, Carlos Borromeu, Catarina de Sena, Clara, Domingos,

Filipe de Néri, Francisco de Assis, Inácio de Loiola, Isabel de Portugal,

Jerónimo, João Bosco, João da Cruz, João Crisóstomo, João de Deus,

João de Brito, João Maria Vianney, João Paulo II, Jorge, José,

Maria Goretti, Maria, Maria Madalena, Martinho, Maximiliano Kolbe,

Metódio, Nuno de Santa Maria, Teresa de Jesus, Teresa do Menino Jesus,

Teresa de Calcutá, Tomás de Aquino, Tomás More, Vicente de Paulo…

Deus escolheu estes, não por serem bons mas para serem bons e santos.

E foram.

Jesus, também te escolheu,

não por seres bom/boa mas para seres bom/boa e santo/a.

Posso colocar aqui o teu nome?

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Jesus disse-lhes: «Deixai as crianças e não as impeçais de vir ter comigo, pois delas é o Reino do

Céu.» | Mt 19,14

Os territórios de onde Deus é expulso não ficam vazios.

São, geralmente, ocupados por feiras de deuses coloridos e fofinhos,

rodízios de misticismos bacocos, devoções mais ou menos exóticas,

ou mesmo de palácios de ‘divindades’ de carne e osso.

Dentro de nós, bem no centro no coração, existe uma ‘sala interior’

onde nos encontramos frente a frente com nós mesmos:

o local onde se constrói a alma e fabrica o futuro;

o espaço onde compomos a sinfonia da nossa vida;

o jardim onde plantamos as sementes de todos os sonhos.

Nesse compartimento, a um canto, um pequeno santuário: para Deus.

Ou para deus (quase sempre o deus-eu); ou para deuses.

Mas, sempre, para ‘alguém’ ou para ‘algo’, que é possível reciclar,

modificar, mascarar, manipular, mas nunca anular.

Procurar saber quem é esse ALGUÉM constitui um imenso desafio.

É que não é indiferente saber que, em nós, habita um Deus-Pessoa-Amor

ou uma ‘divindade-virtual-ou-material’, um ‘deus-faz-de-conta’,

fabricado segundo os nossos critérios de conveniência ou oportunismo.

Em todas as crianças devemos providenciar um ‘lugar para Deus’,

onde podem acolher o Inesperado e experienciar uma ‘Presença’.

É lá que elas se encontram com o Senhor que acalma os grandes medos,

apaga solidões, vence a maldade, ensina a arte do amor,

a pureza dos actos, a técnica do encanto, os ritmos da comunhão,

os caminhos da auto-estima, os voos da esperança,

os tons da alegria, os alicerces das grandes convicções.

Deixemos as crianças aproximar-se de Jesus.

Ninguém melhor do que Ele lhes pode falar da Vida.

Page 18: PALAVRA DE DEUS · ... porque é Deus de Deus, ... “Amo a minha vida e não quero morrer em coisas que me agarrem ... muros, a fim de os roubar

Todo o que escuta as minhas palavras e as põe em prática é como o homem prudente que edificou a

sua casa sobre a rocha. | Mt, 7, 24.

Tudo muda em grande velocidade: à nossa volta e dentro de nós.

Como encontrar um local seguro no meio de tanta agitação e confusão?

Como evitar o desgaste de estar sempre em movimento apressado?

Talvez parar.

Mergulhar no silêncio, ou seja, ficar lado a lado comigo mesmo.

Neste lugar, onde me posso escutar, seja crente ou não, perguntarei:

onde se enterram as raízes da minha vida? Onde me alicerço?

O que é imutável em mim, aquilo que, no meio de tanto desassossego,

me oferece a certeza de não me perder de mim mesmo?

Releio a história dos que me precederam.

Recolho a sua experiência e o manancial de valores que transmitiram.

Agradeço tudo que comunicaram. O que deixaram como herança.

Ajudaram-me a ser responsável. A orientar-me dentro e fora de mim.

Mas sei que não posso, nem devo, ser guiado sempre por outros.

Devo caminhar pelos meus próprios pés. Voar o meu voo. Ser eu. Único.

A fé, ‘garantia das coisas que se esperam’, é um bom ponto de partida,

pois coloca-nos no universo de uma Realidade maior do que nós,

e escora-nos numa posição que não muda conforme os ventos.

Jesus diz que devemos construir a vida sobre a rocha que é a sua Palavra

e não sobre o pó das nossas ilusões ou na vacuidade de sonhos quiméricos.

Precisamos de nos afastar, de tempos a tempos, do tempo e do espaço,

para repousarmos na nossa casa interior, estaleiro da nossa singularidade.

Se, na opinião de muitos, a doença do nosso tempo é a falta de relações,

então o desafio primeiro da nossa vida é estarmos bem com nós mesmos.

Porque, se assim não for, não conseguiremos estar bem com ninguém.

Entra dentro de ti. Que vês?

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Esquecendo-me daquilo que está para trás e lançando-me para o que vem à frente, corro em dire-

ção à meta, para o prémio a que Deus, lá do alto, nos chama em Cristo Jesus. | Filipenses 3,13-14

Corro, porque tenho pernas e pés.

Corro, porque a beleza de Deus me atrai.

Corro, porque Jesus corre ao meu lado.

Corro, para encher de Espírito a minha alma.

Corro, para alcançar os Santos.

Corro, para partilhar-me depressa com todos.

Corro, porque “parar é morrer”.

Corro, porque há gente que chama por mim.

Corro, porque há gente de quem preciso, sim.

Corro, para que todos possam correr.

Corro, para ultrapassar os meus pecados.

Corro, para chegar, com tempo, à Festa da Eucaristia.

Corro, para pintar um arco-íris em todos os corações.

Corro, para nunca falhar os encontros com o Amor.

Corro, porque ainda não cheguei à meta.

Corro, porque o Céu me espera com impaciência.

Corro, para que o Céu comece aqui.

Corro, para fugir deste texto de tinta.

Corro, para começar a escrever com a minha própria vida.

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Para tudo há um momento e um tempo para cada coisa que se deseja debaixo do céu:

tempo para nascer e tempo para morrer,

tempo para plantar e tempo para arrancar o que se plantou,

tempo para matar e tempo para curar,

tempo para destruir e tempo para edificar,

tempo para chorar e tempo para rir,

tempo para se lamentar e tempo para dançar,

tempo para atirar pedras e tempo para as ajuntar,

tempo para abraçar e tempo para evitar o abraço,

tempo para procurar e tempo para perder,

tempo para guardar e tempo para atirar fora,

tempo para rasgar e tempo para coser,

tempo para calar e tempo para falar,

tempo para amar e tempo para odiar,

tempo para guerra e tempo para paz. Ecl 3, 1-8

Afinal, há ou não, tempo para tudo?

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Jesus subiu depois a um monte, chamou os que Ele queria e foram ter com Ele. |Mc 3, 13

Entre o ‘sim’ que voou dos meus lábios há 20 anos e o ‘sim’ que canto hoje,

uma ponte, fabricada de puro dom, com a extensão da palavra ’gratidão’.

Gratidão a Deus, por me ter desafiado a ser padre. Ele lá sabe porquê.

De mansinho, sem se impor, Jesus conduziu-me ao lugar onde me queria.

Ele conhece, melhor que nós próprios, qual o nosso ‘local de trabalho’.

Aceitei. Não com a evidência da razão, mas com a certeza da fé.

Gratidão, a tantos com quem me fui cruzando e tecendo cumplicidades,

e me ajudaram a alçar as paredes interiores daquilo que sou e do que faço.

Juntos, partilhámos a serenidade das planícies encantadas e fecundas,

o sobressalto das grandes tempestades,

o desgaste das dúvidas e dos medos, os compassos soturnos do desânimo,

os cumes dos montes da contemplação, a riqueza imensa da comunhão,

os instantes mágicos de todas as festas, o fascínio de semear sonhos,

a ousadia de sermos de Deus e amigos de Jesus.

Recordo os muitos momentos em que me vesti com tons de pecado:

quando falhei e fui tão pouco; quando me calei e devia falar;

quando fui mais de mim do que de Deus e dos outros; quando fui opaco.

De todos os vazios de beleza e de santidade me envergonho e peço perdão.

E, apesar do desgosto de experimentar como nos desperdiçamos tanto,

podendo partilharmo-nos mais uns com os outros,

uma Sinfonia de esperança e júbilo ecoa dentro de mim:

a música tem Deus por autor (o tom é Sol Maior);

a letra é um trabalho comum de homens e mulheres, crentes e não crentes,

que apostam na força do Amor, no fulgor da verdade,

no brilho da simplicidade, no dom da inteligência,

na virtude da sabedoria, no tesouro da fraternidade.

O arco-íris continuará a ser pintado nos céus das nossas terras!

Não passamos pela vida; a vida é que passa por nós.

Não ‘fazemos anos’; os anos é que nos fazem.

Continuemos a caminhada. A viagem ainda não chegou ao fim.

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Por isso, também nós não cessamos de orar por vós e de pedir a Deus que vos encha do conheci-

mento da sua vontade, com toda a sabedoria e inteligência espiritual, a fim de caminhardes de

modo digno do Senhor, para seu total agrado: dai frutos em toda a espécie de boas obras e progredi

no conhecimento de Deus; deixai-vos fortalecer plenamente pelo poder da sua glória, para chegar-

des a uma constância e paciência total com alegria; dai graças ao Pai, que vos tornou capazes de

tomar parte na herança dos santos na luz. |Cl 1, 9-13

E… E se… E se eu… E se eu não… E se eu não avançasse…

E se eu não avançasse por… E se eu não avançasse por esta…

E se eu não avançasse por esta folha...

E se eu não avançasse por esta folha branca…

E se eu não avançasse por esta folha branca, disponível...

E se eu não avançasse por esta folha branca, disponível e...

E se eu não avançasse por esta folha branca, disponível e acolhedora?

Então,… Então, não… Então, não poderia… Então, não poderia deixar...

Então, não poderia deixar escrito… Então, não poderia deixar escrito algo...

Então, não poderia deixar escrito algo que…

Então, não poderia deixar escrito algo que cumpro...

Então, não poderia deixar escrito algo que cumpro todos...

Então, não poderia deixar escrito algo que cumpro todos os...

Então, não poderia deixar escrito algo que cumpro todos os dias:

rezo por ti!

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Deus fez dois grandes luzeiros: o maior para presidir ao dia, e o menor para presidir à noite. | Gn 1, 16

Deus deu-te um nome: Lua. E elegeu-te como rainha de todas as noites.

Em ti, decifro alguns sinais que me falam de beleza.

Mudas de expressão exterior, mas, por dentro, permaneces igual.

Rodas sobre ti, mas manténs sempre a mesma face voltada para mim.

Não chamamos a isto, fidelidade?

A tua luz é singular. Tem o tom da magia e a musicalidade da plenitude.

Mas tens consciência de que este tesouro não te pertence.

Sabes que o teu resplendor tem como fonte outro luzeiro maior do que tu.

Não chamamos a isto, humildade?

De longe, a tua visão encanta-me. E faz-me sonhar todos os possíveis.

Mas, quando me aproximo de ti, verifico que és feita de pedras e pó.

Não ficas perturbada. Continuas a sentir-te feliz.

O Criador ama todas as suas criaturas. Todas. E tu és obra de Deus.

Não chamamos a isto, simplicidade?

Por vezes, disfarças-te de negro fundo sideral. Escondes-te do nosso olhar.

Como que a procurar folgar de uma excessiva exposição que não te apraz.

Disfarças-te de invisibilidade. Mas continuas a velar. No teu lugar. Atenta.

Não chamamos a isto, discrição?

Na tua dança à nossa volta, de tempos a tempos, abeiras-te mais de nós.

Para, depois, novamente, te afastares.

Como que a dizer: “estou aqui, ao pé de ti”. E: “estou ali, ao pé de ti”.

Não chamamos a isto, amizade?

“Louvado sejas, meu Senhor, pela irmã Lua…”, cantava Francisco de Assis.

E não tinha razão?

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O Senhor disse a Elias: «Sai e mantém-te neste monte, na presença do Senhor; eis que o Senhor vai

passar.» Nesse momento, passou diante do Senhor um vento impetuoso e violento, que fendia as

montanhas e quebrava os rochedos diante do Senhor; mas o Senhor não se encontrava no vento.

Depois do vento, tremeu a terra. Passou o tremor de terra e ateou-se um fogo; mas nem no fogo se

encontrava o Senhor. Depois do fogo, ouviu-se uma voz de silêncio ligeiro. Ao ouvi-la, Elias cobriu o

rosto com um manto, saiu e pôs-se à entrada da caverna. | 1 Rs 19, 11-13

Não foi bom, escutarmos a voz de silêncio ligeiro, murmúrio de leve brisa?

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Disse Jesus: dou-vos um novo mandamento: que vos ameis uns aos outros; que vos ameis uns aos

outros assim como Eu vos amei. Por isto é que todos conhecerão que sois meus discípulos: se vos

amardes uns aos outros. | Jo 13, 34-35

Amai-vos uns aos outros assim como Eu vos amei. Amai-vos uns aos

outros assim como Eu vos amei. Amai-vos uns aos outros assim como Eu

vos amei. Amai-vos uns aos outros assim como Eu vos amei. Amai-vos uns

aos outros assim como Eu vos amei. Amai-vos uns aos outros assim como

Eu vos amei. Amai-vos uns aos outros assim como Eu vos amei. Amai-vos

uns aos outros assim como Eu vos amei. Amai-vos uns aos outros assim

como Eu vos amei. Amai-vos uns aos outros assim como Eu vos amei. Amai

-vos uns aos outros assim como Eu vos amei. Amai-vos uns aos outros

assim como Eu vos amei. Amai-vos uns aos outros assim como Eu vos

amei. Amai-vos uns aos outros assim como Eu vos amei. Amai-vos uns aos

outros assim como Eu vos amei. Amai-vos uns aos outros assim como Eu

vos amei. Amai-vos uns aos outros assim como Eu vos amei...

Nota: aos que tiveram a gentileza de viajar até aqui, peço desculpa pelo

incómodo ou irritação que, provavelmente, terão sentido por esta obstina-

da repetição de frase. É que o repto que Jesus nos lança, encanta-me (a ti,

também?). Mas ainda não consegui, totalmente, que cada palavra se diluís-

se no meu sangue e se tornasse parte de mim. Por isso, se não se importa-

rem, vou continuar a rezar: amai-vos uns aos outros assim como Eu vos

amei…

Queres juntar-te a mim?

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Deus disse: «Crescei e multiplicai-vos, enchei e dominai a terra». | Gn 1, 28

Agora, somos nós. Todos nós.

A nossa missão é encher a Terra com vidas e Vida.

E dominá-la, ou seja, cuidar dela com respeito e ternura.

Transportamos o saber que recolhemos na Escola do Passado,

a ousadia de querer semear Amanhãs de Encanto e de Esperança,

a arte de desenhar sonhos no firmamento de Hoje.

Somos pó na imensa vastidão do cosmos.

Mas possuímos um ‘universo’ dentro de nós.

Na viagem, registaremos várias cadências, mas não afrouxaremos o passo.

Há tanto caminho a percorrer!

Tanta violência para extinguir e feridas para curar!

O “grito” do Planeta Terra, nossa Casa, convoca-nos. Consegues ouvi-lo?

Um Mundo vestido de Paz e sem Fomes, desafia-nos. É possível, sim!

Por onde passarmos, deixaremos tudo melhor do que encontrámos.

Na alma da Terra e do Universo imprimiremos marcas: a tua e a minha.

Queremos cumprir o nosso dever. E o dever é: amar! Todos os dias!

Seremos uns dos outros. Uns com os outros. Uns para os outros.

Deus é nosso companheiro.

Mesmo que não acredites n’Ele ou não O ames, Ele acredita em ti e ama-te.

Com Ele, vamos continuar e defender a Criação.

Revisitar o instante em que Deus entoou a primeira nota do Cântico.

Decifrar o Sentido de ‘tudo isto’.

Reencontrar melodias que levem o ‘já e ainda não’ a dançar em Festa.

«Crescei e multiplicai-vos, enchei e dominai a terra».

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Jesus dirigiu-se resolutamente para Jerusalém e enviou mensageiros à sua frente. Estes puseram-se

a caminho e entraram numa povoação de samaritanos, a fim de lhe prepararem hospedagem. | Lc 9, 51

-52

Um passo. Depois outro. E outros. Muitos. Os que forem necessários.

De Alcobaça a Fátima. A pé.

Podemos chamar a esta pequena aventura: “caminhação”.

Tem a visibilidade de uma CAMINHAda e as cores de uma peregrinaÇÃO.

A sonância dos nossos passos, com ritmos desiguais mas idêntica firmeza,

vai recordar-nos outras andanças: aquelas que realizamos dentro de nós.

Aproveitaremos esta viagem, esta “caminhação”, avançar con(sentido),

para unir ‘aldeias’ que existem dispersas pelos territórios interiores,

e que, na faina diária, não conseguimos interligar com a devida exactidão.

Usamos as ‘redes sociais’, que nos permitem estar ‘ao lado’ uns dos outros,

mas quanta dificuldade em traçar vias de comunicação dentro do coração!

Nova visão nos será oferecida

para lermos melhor o mapa-daquilo-que-somos,

afinar comportamentos, corrigir rumos, clarificar sonhos embrionários.

Ao longo da estrada seremos poucos. Apenas um pequeno grupo.

Mas levaremos, no silêncio da oração, as nossas famílias, os nossos amigos,

os nossos grupos, a nossa cidade, o nosso mundo.

Portanto, vamos ser uma multidão.

Iremos pobres, solícitos, decididos, solidários, humildes, disponíveis.

Algumas vezes, sozinhos. Outras, em grupo. Nunca sós.

E unidos, do princípio ao fim.

Atentos ao inesperado e às surpresas de Deus.

Chegaremos com as pernas mais ‘pesadas’. Mas com a alma mais leve!

Entraremos no Santuário de Fátima como no Útero de Mãe.

Sentiremos aquele instante como o início de uma nova gestação.

Para, depois, renascermos com mais Vida.

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Vós sois a luz do mundo. Não se pode esconder uma cidade situada sobre um monte; nem se acende

a candeia para a colocar debaixo do alqueire, mas sim em cima do candelabro, e assim alumia a

todos os que estão em casa. Assim brilhe a vossa luz diante dos homens, de modo que, vendo as

vossas boas obras, glorifiquem o vosso Pai, que está no Céu. | Mt 5, 14-16

1, 2, 3, 4, 5, 6, 7, 8, 9, 10, 11, 12, 13, 14, 15, 16, 17, 18, 19, 20, 21, 22, 23, 24,

25, 26, 27, 28, 29, 30, 31, 32, 33, 34, 35, 36, 37, 38, 39, 40, 41, 42, 43, 44,

45, 46, 47, 48, 49, 50, 51, 52, 53, 54, 55, 56, 57, 58, 59, 60, 61, 62, 63, 64,

65, 66, 67, 68, 69, 70, 71, 72, 73, 74, 75, 76, 77, 78, 79, 80, 81, 82, 83, 84,

85, 86, 87, 88, 89, 90, 91, 92, 93, 94, 95, 96, 97, 98, 99, 100, 101, 102, 103,

104, 105, 106, 107, 108, 109, 110, 111, 112, 113, 114, 115, 116, 117, 118,

119, 120, 121, 122, 123, 124, 125, 126, 127, 128, 129, 130, 131, 132, 133,

134, 135, 136, 137, 138, 139, 140, 141, 142, 143, 144, 145, 146, 147, 148,

149, 150, 151, 152, 153, 154, 155, 156, 157, 158, 159, 160, 161, 162, 163,

164, 165, 166, 167, 168, 169, 170, 171, 172, 173, 174, 175, 176, 177, 178,

179, 180, 181, 182, 183, 184, 185, 186, 187, 188, 189, 190, 191, 192, 193,

194, 195, 196, 197, 198, 199, 200, 201, 202, 203, 204, 205, 206, 207, 208,

209, 210, 211, 212, 213, 214, 215, 216, 217, 218, 219, 220, 221, 222, 223...

Por manifesta falta de espaço interrompo a escrita da minha contagem.

Mas asseguro-vos que estou a avistar uma multidão de gente que quer ser

luz do mundo…

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Vinde, benditos de meu Pai! Recebei em herança o Reino que vos está preparado desde a criação do

mundo. Porque tive fome e destes-me de comer, tive sede e destes-me de beber, era peregrino e

recolhestes-me, estava nu e destes-me que vestir, adoeci e visitastes-me, estive na prisão e fostes

ter comigo. (…) Em verdade vos digo: Sempre que fizestes isto a um destes meus irmãos mais

pequeninos, a mim mesmo o fizestes. | Mt 25, 34-40

Uma desconfortável inquietação assaltou-me:

então, Jesus, não vai ter em conta o facto de eu ser cristão e, até, padre,

as Missas que celebrei, os tempos de oração,

as horas de estudo e de trabalhos, o curso de Teologia,

as peregrinações em que participei, os retiros que orientei,

os rituais que celebrei com seriedade, as andanças daqui para ali?

Para receber o Reino, não é necessário e suficiente tudo aquilo?

‘Sempre que tu deste de comer e de beber a um precisado,

vestiste o desnudado, acolheste o forasteiro,

visitaste o doente e o cativo, foi a mim que o fizeste’.

A grelha de leitura de Jesus sobre a nossa vida tem, apenas, um item: amar.

Deus não se agrilhoa aos invólucros religiosos ou vestiduras espirituais;

nem nas especificações crente, praticante, não praticante, agnóstico, ateu…

O seu Sonho é que cuidemos uns dos outros. Com gestos concretos.

Muitos embarcam nesta aventura, árdua, mas fascinante.

E, também, vivificante.

E, se alguns, como eu, avançam com a graça da fé e a força da esperança,

e se nutrem dos Sacramentos, da sabedoria e do amparo da Mãe Igreja,

outros, movem-se ao ritmo de distintos ímpetos de alma e de coração.

Mas encontramo-nos, com estima e agrado,

nos espaços onde há bem a fazer,

numa cumplicidade colorida de gente que canta a melodia do amor.

E alegramo-nos por estarmos, juntos, ali!

Quando servimos, tornamo-nos irmãos.

Que seja acolhida a bondade que está a ser gerada entre tantos de nós!

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Disse Jesus: tomai cuidado, vigiai, pois não sabeis quando chegará esse momento. É como um

homem que partiu de viagem: ao deixar a sua casa, delegou a autoridade nos seus servos, atribuiu a

cada um a sua tarefa e ordenou ao porteiro que vigiasse. Vigiai, pois, porque não sabeis quando virá

o dono da casa; não seja que, vindo inesperadamente, vos encontre a dormir. O que vos digo a vós,

digo a todos: vigiai! | Mc 13, 33-37 | Primeiro Domingo do Advento 2011.

Vamos vigiar, ou seja, mantermo-nos atentos e comprometidos.

Daremos mais sentido às pedras da calçada,

mas, também, às estrelas do céu.

Arriscaremos a ser verdadeiros. A mentira deixará de gostar de nós.

Falaremos uns com os outros de forma polida, edificante, confiante,

colocando nas palavras a sinceridade do pensamento

e o vigor das convicções.

Enjeitaremos as conversas torpes e enviesadas que envenenam,

e deixam na atmosfera o odor da suspeição e a pestilência da discórdia.

Estaremos ao lado da inteligência, contra a estupidez e a idiotice.

Fitar-nos-emos, não através dos olhos, mas com o olhar da alma.

Atenderemos o apelo das nossas responsabilidades.

Nunca cruzaremos os braços.

Não esperaremos que tudo aconteça: faremos, nós próprios, acontecer.

Cogitaremos menos no ‘direito à greve’ e mais no ‘dever de trabalhar’.

Partilharemos o que temos, sobretudo com os que menos têm.

E, por respeito e ternura para com eles e pelos que não têm quase nada,

evitaremos as lamúrias estéreis, que nada resolvem;

só abespinham e desgastam.

Em cada gesto, por mais insignificante ou despretensioso que seja,

imprimiremos o tom do belo, o cunho da alegria, a matiz da gratuidade.

Daremos uma limpeza e nova arrumação na ‘casa interior’, o lugar do ‘eu’,

onde se acumulam ’crises’ por resolver e um oceano de sonhos a germinar.

Vamos permitir que este Tempo de Advento peregrine dentro de nós.

Prepararemos a visita de Deus, que vem aí.

Vigiemos!

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Por aqueles dias, saiu um édito da parte de César Augusto para ser recenseada toda a terra.

Este recenseamento foi o primeiro que se fez, sendo Quirino governador da Síria. Todos

iam recensear-se, cada qual à sua própria cidade. Também José, deixando a cidade de Naza-

ré, na Galileia, subiu até à Judeia, à cidade de David, chamada Belém, por ser da casa e linha-

gem de David, a fim de se recensear com Maria, sua esposa, que se encontrava grávida. E,

quando eles ali se encontravam, completaram-se os dias de ela dar à luz e teve o seu filho

primogénito, que envolveu em panos e recostou numa manjedoura, por não haver lugar

para eles na hospedaria. Na mesma região encontravam-se uns pastores que pernoitavam

nos campos, guardando os seus rebanhos durante a noite. Um anjo do Senhor apareceu-

lhes, e a glória do Senhor refulgiu em volta deles; e tiveram muito medo. O anjo disse-lhes:

«Não temais, pois anuncio-vos uma grande alegria, que o será para todo o povo: Hoje, na

cidade de David, nasceu-vos um Salvador, que é o Messias Senhor. Isto vos servirá de sinal:

encontrareis um menino envolto em panos e deitado numa manjedoura.» De repente, jun-

tou-se ao anjo uma multidão do exército celeste, louvando a Deus e dizendo: «Glória a Deus

nas alturas e paz na terra aos homens do seu agrado.» Quando os anjos se afastaram deles

em direcção ao Céu, os pastores disseram uns aos outros: «Vamos a Belém ver o que acon-

teceu e que o Senhor nos deu a conhecer.» Foram apressadamente e encontraram Maria,

José e o menino deitado na manjedoura. Depois de terem visto, começaram a divulgar o que

lhes tinham dito a respeito daquele menino. Todos os que ouviram se admiravam do que

lhes diziam os pastores. Quanto a Maria, conservava todas estas coisas, ponderando-as no

seu coração. E os pastores voltaram, glorificando e louvando a Deus por tudo o que tinham

visto e ouvido, conforme lhes fora anunciado. | Lc 2, 1-20

Natal, dentro do Jornal de todos nós! Não é uma boa notícia?

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“Ao ver a estrela, sentiram imensa alegria; e, entrando na casa, viram o menino com Maria,

sua mãe. Prostrando-se, adoraram-no; e, abrindo os cofres, ofereceram-lhe presentes: ouro,

incenso e mirra”. | cf Mt 2, 1-12

Finalmente, chegou o momento! Ansiava por ele.

A mensagem dizia: “Nasceu. Vem. Traz um presente.”

Peguei na caixinha, preparada há muito. Minúsculo recipiente.

Mas, por dentro, com as dimensões do Cosmos. E da Eternidade.

Senão, como poderia albergar tantos tesouros? A saber:

todos os cantores da alegria e da esperança, no palco do desalento;

a bravura dos que ficaram sem emprego mas não quebrantam;

o engenho dos construtores de pontes de comunhão e ternura;

os muitos perseguidos e violentados, que não desertam do Amor;

a paixão dos protagonistas na aventura da educação e da cultura;

a solidariedade de tantos, transfigurada em abraços e assistência;

a memória dos que perderam a vida por serem fiéis à verdade;

a fragância dos que têm um jardim, para todos, dentro do coração;

o rosto dos que acreditam no poder do perdão e na magia da paz;

o sorriso dos que, apesar de todos os golpes, apostam na Vida;

a honra dos que não se vendem nem se deixam corromper;

o testemunho daqueles que estão sempre atentos e disponíveis;

o nome dos injustamente excluídos, acusados ou condenados;

o empenho dos jovens que se forjam para serem um futuro de luz;

a tenacidade dos que pugnam por um mundo sem fome;

os artífices de catedrais de beleza, nos terrenos da vulgaridade;

o olhar fascinante dos que transportam o Céu dentro de si.

Cheguei. E ofertei cada uma das preciosidades que levava.

O Menino acolheu-as com um ‘sorriso-gratidão-bênção’.

E não ficou surpreso com o facto de uma tão exígua caixeta

ser uma fonte de onde jorrou tamanho manancial de dons.

Afinal, um Deus que reduz o seu Coração à dimensão do meu,

percebe, na perfeição, como estas coisas funcionam.

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Que o Deus de Nosso Senhor Jesus Cristo, o Pai a quem pertence a glória, vos dê o Espírito

de sabedoria e vo-lo revele, para o conhecerdes; sejam iluminados os olhos do vosso cora-

ção, para saberdes que esperança nos vem do seu chamamento, que riqueza de glória con-

tém a herança que Ele nos reserva entre os santos e como é extraordinariamente grande o

seu poder para connosco. | Ef 1, 17-19

Fixa-te na imagem.

Se a observares com os olhos, apenas verás a camada externa.

Mas se a contemplares com o coração, vais captar-lhe a alma.

E ser-te-ão revelados os segredos que nela se escondem.

Como gostaria de guiar-te numa viagem por esta ‘pintura de Deus’!

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Jesus começou a ensinar na sinagoga. Os numerosos ouvintes enchiam-se de espanto e

diziam: «De onde é que isto lhe vem e que sabedoria é esta que lhe foi dada? Não é Ele o

carpinteiro, o filho de Maria?» E isto parecia-lhes escandaloso. Jesus disse-lhes: «Um profe-

ta só é desprezado na sua pátria, entre os seus parentes e em sua casa.» E não pôde fazer ali

milagre algum. Apenas curou alguns enfermos, impondo-lhes as mãos. Estava admirado

com a falta de fé daquela gente. | Mc 6, 1-6

Ao chegar, ouvi um comentário:

“Como é possível que este homem, que conhecemos tão bem, um

artesão, se atreva a doutrinar em público como um mestre sábio?”

Jesus estava surpreendido com aquela gente. Acerquei-me d’Ele.

“Sabes, Jonas - disse-me - é custoso, para muitos, aceitar que não

somos massa inerte e inalterável, mas projetos em construção. Que

todos os dias podemos mudar, que ansiamos viajar continuamente

para além de todos os horizontes. O apelo do futuro seduz-nos e

determina-nos. Estou a cumprir uma missão: anunciar que o Céu

alcançou a Terra; que Deus também mora aqui. Mas não me dão

ouvidos. Fixaram-se na palavra ‘carpinteiro’. Estão herméticos às

palavras e gestos proféticos que nascem no meu coração, e que

falam da soberania do Amor e da convocação para a Vida Eterna.

Ousam, até, supor que sabem ler a minha alma. E pedem curas e

soluções rápidas para todos os problemas. Mas o que eu anseio é por

milagres: que cada pessoa se encante pela boa nova, acolha o Reino,

se converta e se assuma como irmão de todos. Este é o sonho que

dança dentro de mim.”

Relembrei os tempos em que me sustentava do roubo e da vigarice,

e o instante em que Jesus se aproximou e, olhos nos olhos, pergun-

tou-me: “És feliz nesta forma de vida?” E o milagre teve início.

Sou um novo homem. Mas, alguns, ainda me catalogam com o rótulo

de outrora. Mudei, e fingem não perceber. Ficaram lá. Eu estou aqui.

Livre. Eles não.

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Deus respondeu a Moisés: «Eu mesmo irei adiante de ti, e dar-te-ei descanso.» Moisés disse:

«Se Tu mesmo não vieres connosco, não nos obrigues a partir deste lugar. Como havemos

de saber que eu e o teu povo alcançámos graça aos teus olhos? Para isso, não será indispen-

sável que caminhes connosco? É a única forma de nos distinguirmos, eu e o teu povo, de

todas as nações da terra.» | Ex 33, 14-15

Tu caminhas connosco.

Por isso, ganhamos ânimo e arrebatamento para partir.

Sem Ti, como arriscaríamos deixar este lugar? Para onde ir?

Assim, enfrentaremos, uma vez mais, a essencialidade do Deserto,

com a convicção de que vamos acompanhados e guiados.

Tu caminhas connosco.

Nos quarenta dias e quarenta noites que nos separam da Páscoa,

revisitaremos, com o coração disponível, espaços já conhecidos.

Também ousaremos arriscar novos percursos e desafiar o ignoto.

Tu caminhas connosco.

Reconhecemo-nos pequenos e frágeis. Como todos.

Mas, ’cá dentro’, mora uma certeza que nos transfigura e distingue:

Tu caminhas connosco.

Sim, Tu viajas ao nosso lado. No meio do pó e do vento.

És difícil de encontrar. Mesmo para os que acreditam em Ti.

Pareces estar escondido, silencioso, ausente, fugido.

Contudo, ‘sabemos’ que estás aí.

Vais adiante de nós, para nos ‘dar descanso’.

Tu caminhas connosco.

É na estrada que, verdadeiramente, Te reconhecemos.

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No princípio, quando Deus criou os céus e a terra, a terra era informe e vazia, as trevas cobriam o abis-

mo e o espírito de Deus movia-se sobre a superfície das águas.

Deus disse: «Faça-se a luz.» E a luz foi feita. Deus viu que a luz era boa e separou a luz das trevas. Deus

chamou dia à luz, e às trevas, noite. Assim, surgiu a tarde e, em seguida, a manhã: foi o primeiro dia.

Deus disse: «Haja um firmamento entre as águas, para as manter separadas umas das outras.» E assim

aconteceu. Deus chamou céus ao firmamento. Assim, surgiu a tarde e, em seguida, a manhã: foi o

segundo dia.

Deus disse: «Reúnam-se as águas que estão debaixo dos céus, num único lugar, a fim de aparecer a

terra seca.» E assim aconteceu. E Deus viu que isto era bom.

Deus disse: «Que a terra produza verdura, erva com semente, árvores frutíferas que deem fruto sobre a

terra, segundo as suas espécies, e contendo semente.» E assim aconteceu. Deus viu que isto era bom.

Assim, surgiu a tarde e, em seguida, a manhã: foi o terceiro dia.

Deus disse: «Haja luzeiros no firmamento dos céus, para separar o dia da noite e servirem de sinais,

determinando as estações, os dias e os anos; servirão também de luzeiros no firmamento dos céus,

para iluminarem a Terra.» E assim aconteceu. Deus fez dois grandes luzeiros: o maior para presidir ao

dia, e o menor para presidir à noite; fez também as estrelas. E Deus viu que isto era bom. Assim, surgiu

a tarde e, em seguida, a manhã: foi o quarto dia.

Deus disse: «Que as águas sejam povoadas de inúmeros seres vivos, e que por cima da terra voem aves,

sob o firmamento dos céus.» Deus criou, segundo as suas espécies, os monstros marinhos e todos os

seres vivos que se movem nas águas, e todas as aves aladas, segundo as suas espécies. E Deus viu que

isto era bom. Assim, surgiu a tarde e, em seguida, a manhã: foi o quinto dia.

Deus disse: «Que a terra produza seres vivos, segundo as suas espécies, animais domésticos, répteis e

animais ferozes, segundo as suas espécies.» E assim aconteceu. E Deus viu que isto era bom.

Depois, Deus disse: «Façamos o ser humano à nossa imagem, à nossa semelhança, para que domine

sobre os peixes do mar, sobre as aves do céu, sobre os animais domésticos e sobre todos os répteis que

rastejam pela terra.» Deus criou o ser humano à sua imagem, criou-o à imagem de Deus; Ele os criou

homem e mulher. Abençoando-os, Deus disse-lhes: «Crescei e multiplicai-vos, enchei e dominai a terra.

E assim aconteceu. Deus, vendo toda a sua obra, considerou-a muito boa. Assim, surgiu a tarde e, em

seguida, a manhã: foi o sexto dia.

Concluída, no sétimo dia, toda a obra que tinha feito, Deus repousou, no sétimo dia, de todo o trabalho

por Ele realizado. Deus abençoou o sétimo dia e santificou-o, visto ter sido nesse dia que Ele repousou

de toda a obra da criação. Esta é a origem da criação dos céus e da Terra. | Gn 1,1-2,4

Nota: o texto sofreu pequenos cortes que não alteram o seu sentido.

Mergulhámos no silêncio e atravessámos de novo o texto

(que é uma narrativa religiosa, não um relatório científico).

Desta vez, viajámos ao lado de Deus.

Assumimo-nos como co-Criadores, apesar de sermos criaturas.

No final, o incrível sucedeu: o Universo sorriu e abraçou-se a nós!

Vimos que isto era muito bom.

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Disse Jesus: “A lâmpada do corpo são os olhos; se os teus olhos estiverem sãos, todo o teu

corpo andará iluminado. Se, porém, os teus olhos estiverem doentes, todo o teu corpo anda-

rá em trevas. Portanto, se a luz que há em ti são trevas, quão grandes serão essas trevas!”

| Mt 6, 22-23

Sim, tal como tu, também vejo muito cinzento.

Mas, concentro-me neste pontinho de luz.

Que, para mim, tem um nome: Jesus.

Como se chama a tua Esperança?

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No primeiro dia da festa dos Ázimos, os discípulos foram ter com Jesus e perguntaram-lhe:

«Onde queres que façamos os preparativos para comer a Páscoa?» Ele respondeu: «Ide à

cidade, a casa de um certo homem e dizei-lhe: ‘O Mestre manda dizer: O meu tempo está

próximo’». | Mt 26, 17-18.

A chave para decifrar o mistério dos dias próximos

tem a forma do Amor e a consistência de um Nome: Jesus.

Queres entender o Espanto que vamos celebrar?

A CEIA: Deus que come connosco.

GETSÉMANI: Deus que mergulha em todas as solidões.

A PRISÃO: Deus que se deixa alcançar e dominar.

O ESPANCAMENTO: Deus ’vencido’ pela bestialidade humana.

A CRUZ: Deus que se oferece a todos até ao fim.

O TÚMULO VAZIO: Deus que confirma o Poder absoluto da Vida.

A COMUNIDADE: Deus que permanece na terra através de nós.