país sai da crise, atrai bilhões em investimentos e retoma...

13
Economia Sustentável Uma publicação do Ministério da Fazenda > Outubro de 2009 > Número 5 CRESCIMENTO De volta ao País sai da crise, atrai bilhões em investimentos e retoma ciclo acelerado de avanços econômicos e sociais

Upload: vokiet

Post on 23-Dec-2018

217 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

Economia SustentávelUma publicação do Ministério da Fazenda > Outubro de 2009 > Número 5

CRESCIMENTODe volta ao

País sai da crise, atrai bilhões em investimentos e retoma ciclo acelerado de avanços econômicos e sociais

sumárioO País volta a crescer e abre um novo ciclo de oportunidades

da crise, foi um dos fatores que deram à economia brasileira capacidade de superar rapidamente as dificuldades.

Com bases sólidas e um mercado vigoroso, o País mostrou capacidade de promover com sucesso um conjunto de medidas anticrise. De um lado, adotou uma política monetária expansio-nista; de outro, desenvolveu uma ação fiscal pró-ativa. Somadas, elas injetaram dinheiro na economia, estimularam o consumo, mantiveram empregos e deram dinamismo aos negócios.

Um dos eixos da política monetária, juntamente com a redução dos juros, foi a liberação de R$ 100 bilhões do depósito compulsório dos bancos, autorizada assim que a crise interna-cional se agravou. A expansão monetária deu suporte aos bancos de pequeno e médio portes, garantindo a estabilidade do sistema financeiro, ao contrário do que se viu em muitos países, mas não garantiu a oferta de crédito no volume necessário. Para isso, foi fundamental a atuação dos bancos públicos. Sem eles, o crédito permaneceria escasso e os juros, mais altos.

Outro instrumento importante foram as desonerações tributárias, como a redução do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) na compra de automóveis, caminhões, ônibus, material de construção, eletrodomésticos e bens de capital. As medidas, que equivalem a uma renúncia fiscal no valor de R$ 13,6 bilhões ou 0,4% do PIB, conseguiram manter o consumo em alta e aceleraram a recuperação. Em meados do ano, diversos segmentos industriais já tinham conseguido ultrapassar o volume de produção que registravam no período antes da crise. A estimativa é que, no seu conjunto, a política anticíclica terá um impacto entre 2,5% e 3,5% do PIB. Sem elas, é provável que, em vez do crescimento de 1% esperado para este ano, o PIB teria queda de 2%.

Essa reação coloca o País no limiar de um novo ciclo de desenvolvimento, que marca a volta ao caminho seguido até setembro de 2008. As imensas riquezas que serão geradas com a exploração de petróleo na camada do pré-sal, a necessidade de obras de infraestrutura para dar suporte ao crescimento, o potencial do agronegócio e da energia renovável e uma imensa gama de outros negócios abrem incríveis oportunidades para o Brasil e para a consolidação de um modelo econômico que combina crescimento com desenvolvimento social.

Brasil | Economia Sustentável Outubro de 2009

412

18

4

12

18

24

editorial

CrescimentoUm ano após a turbulência financeira

que paralisou o mundo, o País

supera dificuldades e projeta

uma expansão de 5% para 2010

DesenvolvimentoA resposta brasileira contra a crise

incluiu medidas para ampliar o

crédito, com uma firme atuação

dos bancos públicos

InvestimentosPetróleo, infraestrutura, agronegócio,

energia renovável e a Copa do Mundo:

o Brasil oferece uma ampla e

diversificada gama de oportunidades

Pré-salA riqueza que vem do fundo do mar

vai ser usada para financiar a educação

e promover o desenvolvimento social

Andr

e Lu

is

Capa

: Mar

celo

Cal

enda

Germ

ano

Lüde

rsM

ario

Rod

rigue

s

Brasil – Economia Sustentável Uma publicação do Ministério da Fazenda produzida pela Assessoria de Comunicação Social em parceria com a área de Projetos Especiais da Revista EXAME – Editora Abril S/A.

BRASIL ECONOMIA SUSTENTÁVEL | 3

Oaumento de 1,9% no PIB no segundo trimestre de 2009 confirmou que a economia brasileira con-seguiu reagir aos impactos da maior turbulên-cia financeira já vista desde o crash da Bolsa de Nova York, em 1929. Um ano depois da quebra

do Lehman Brothers, o Brasil surpreende os céticos, e é um dos primeiros a sair da crise para retomar o ciclo de desenvolvimen-to que vinha registrando nos últimos anos. Os sinais observados neste terceiro trimestre indicam que será possível fechar o ano com resultados positivos e voltar, em 2010, ao patamar ocupado antes da crise, com uma expansão anual em torno de 5%.

Quando a maior parte do mundo começava a conviver com os primeiros indicadores de desaquecimento, o Brasil apresentava um crescimento vigoroso. Baseado em consis-tentes fundamentos macroeconômicos, esse modelo tornou o País mais preparado para enfrentar a crise do que em qualquer outro momento de sua história. Em condições de empreender uma recuperação em ritmo bem mais rápido do que a maioria dos outros países vem apresentando.

A crise financeira colocou a economia brasileira à prova e ela se saiu bem nesse duro teste. Inflação sob controle; soli-dez, expressa em reservas internacionais de US$ 220 bilhões; contas públicas equilibradas; dívida externa saldada; e um sistema financeiro regulado e estável permitiram suportar o estresse do furacão econômico que abalou o mundo. É um cenário bastante diferente do que se criou em outras crises internacionais, que acabaram mergulhando o País em longos períodos de retração.

O que sustenta o crescimento econômico e ajudou a dar fôlego contra a crise foi a criação de um amplo mercado consumidor, fenômeno inédito em um país que convivia com grandes desigualdades na distribuição de renda. Nos últimos cinco anos, mais de 24 milhões de brasileiros saíram da po-breza e outros 27 milhões foram incorporados ao conjunto das classes A, B e C. Esses avanços refletem o sucesso da política de distribuição de renda do governo e o aumento do nível de emprego entre 2003 e 2008.

O rendimento médio da população está em alta desde 2004 e a desigualdade vem caindo há seis anos, como acaba de mostrar a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio (Pnad), maior levantamento sobre a realidade social do Brasil. A força do mercado interno, mesmo na fase mais acentuada

Guido MantegaMinistro de Estado da Fazenda

4 | BRASIL ECONOMIA SUSTENTÁVEL BRASIL ECONOMIA SUSTENTÁVEL | 5

Foto

: Jor

ge A

rauj

o

4 | BRASIL ECONOMIA SUSTENTÁVEL BRASIL ECONOMIA SUSTENTÁVEL | 5

crescimento

Vendas em alta confirmam a retomada dos negócios

e estimulam as grandes redes varejistas a investir na

abertura de novas lojas

Retomadaem ritmo aceleradoIndicadores confirmam: a crise ficou para trás e o Brasil é um dos primeiros países a reagir à pior recessão que o mundo enfrentou em oito décadas

Produto Interno Bruto (PIB) em alta; aumento do nível de emprego, crescimento das vendas; novos investimentos; recordes na bolsa de valores. Nas últimas semanas, uma série de notícias positivas confir-mou o que milhões de brasileiros já sentiam em seu dia a dia. Depois do aperto provocado pela crise financeira internacional, o País reto-

mou o crescimento e passou a ver as dificuldades pelo retrovisor, mostrando sua capacidade de resistência. Uma das últimas a sentir o impacto da turbulência que se seguiu à quebra do Lehman Brothers, em setembro de 2008, e abalou o mundo inteiro, a economia brasileira foi uma das primeiras a reagir.

* Projeções > Fonte: IPEADATA > Elaboração: MF/SPE

PIB brasileiro volta a crescerDepois da crise, a previsão para 2010 chega a 5% (em %)

2,0

6,0

-2,0

0

4,0

-4,0

-6,0

1994

1995

2002

2003

2005

1998

1999

2006

2007

1996

1997

2004

2000

2001

2010

*20

09*

2008

5,33

4,42

2,15

3,38

0,040,25

4,31

1,31

2,66

1,15

3,16

3,97

5,08

1,00

5,00

5,71 5,67

6 | BRASIL ECONOMIA SUSTENTÁVEL BRASIL ECONOMIA SUSTENTÁVEL | 7

apresentaram desempenho positivo, o que mostra um crescimento firme, não limitado a uma ou ou-tra atividade. Um dos destaques foi a indústria de máquinas e equipamentos, com alta de 8,9%, um claro sinal da disposição das empresas de investir na expansão de sua capacidade produtiva. No se-tor de máquinas para escritório e de informática, o aumento da produção foi ainda maior: 12,1%.

A pesquisa mostrou, ainda, que diversos segmentos industriais já haviam ultrapassado em julho a produção registrada em setembro de 2008, confirmando a aceleração do crescimen-

6 | BRASIL ECONOMIA SUSTENTÁVEL

É um cenário totalmente diferente do registra-do em outras crises mundiais, que mergulharam o Brasil em longos períodos de retração. Quando teve início o que seria a pior recessão já vista em oito décadas, o Brasil vivia um ciclo consistente de desenvolvimento, baseado em sólidos fundamen-tos econômicos, com taxas positivas de aumento do PIB havia 27 trimestres; reservas internacionais de US$ 205 bilhões; um sistema financeiro estável; e um processo de importantes conquistas sociais.

Em 2008, a taxa de desemprego ficou em 7,1%, a mais baixa desde 2001; o rendimento

Bolsa de valores brasileira registrou alta de quase 100% em relação ao pior momento da crise

Robs

on F

erna

ndje

s

médio do trabalhador continuou em alta, regis-trada desde 2005; e a desigualdade social caiu, segundo a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios 2008 (Pnad), o mais amplo levan-tamento sobre a realidade do País. Por isso, os efeitos da crise foram menores e sentidos com menos intensidade, conforme pesquisa realizada com consumidores de toda a América Latina.

Apenas um ano depois do vendaval que parali-sou o mundo inteiro, a economia brasileira voltou a crescer, com sinais de uma retomada forte, sem recuos. O indicador mais recente dessa tendência

foi o desempenho do PIB no segundo trimestre – um crescimento de 1,9%. Com esse resultado, as projeções para o PIB em 2009 passaram para positivas e, para 2010, já se prevê uma expansão no mesmo ritmo mantido antes da crise.

O País começou o segundo semestre com fôlego. Em julho, a produção industrial cresceu 2,2%, segundo pesquisa do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Foi o sétimo avanço consecutivo e um importante indicador de recuperação dos negócios e redução da ocio-sidade. Dos 27 setores analisados pelo IBGE, 23

“Há indícios claros de que a economia está se recuperando do choque externo, ajudada pela força do sistema financeiro doméstico, baixa inflação e programas antipobreza efetivos”

Relatório da Economist Intelligence Unit (EIU), braço de pesquisas da revista The Economist

Bovespa: a maior valorização do ano

7%

24%

12%

41%

69%

10%

30%

63%

15%

48%

70%

Fonte: Bloomberg > Elaboração: MF/STN

EUA(S&P)

MéxicoJapão Argentina RússiaAlemanha China TurquiaInglaterra Índia Brasil

Mercado brasileiro mostrou reação mais rápida

Fonte: LatinPanel > Elaboração: MF/Gabinete

Poucos brasileiros sentiram os impactos da crise mundial

100%

90%

80%

70%

60%

50%

40%

30%

20%

10%

0%AméricaLatina

Argentina Bolívia Brasil AméricaCentral

Chile Colômbia Equador México Peru Venezuela

Não sei Pouco ou nada Muito

Pesquisa mostra que os efeitos foram mais intensos em outras regiões da América Latina (em %)

52

41

8

64

33

67

30

3 3

60

30

10

39

53

61

21

18

59

34

7 7

79

16

32

63

5 5

69

20

11

32

54

15

* Com base na renda do trabalho principal > Fonte: IBGE/PME > Elaboração: MF/SPE

Renda e massa salarial crescem durante a turbulência

0%

1%

2%

3%

4%

5%

6%

7%

8%

jun07

ago07

out07

dez07

fev08

abr08

jun08

ago08

out08

dez08

fev09

abr09

jun09

Rendimento médio *

Variação acumulada em 12 meses (em %)

4,1%

2,1%

4,3%

crescimento

8 | BRASIL ECONOMIA SUSTENTÁVEL BRASIL ECONOMIA SUSTENTÁVEL | 98 | BRASIL ECONOMIA SUSTENTÁVEL BRASIL ECONOMIA SUSTENTÁVEL | 9

Crescimento da China contribuiu para um novo ânimo dos mercados

Emprego: mercado reage e setor de serviços é um dos destaquesSt

ephe

n Th

omps

on

Rica

rdo

Azou

ry

to. Grande parte desse processo é sustentado pelo consumo das famílias, que resistiu até na crise e cresce há 23 trimestres consecutivos. No segundo trimestre, o avanço foi de 3,2% em rela-ção ao mesmo período do ano anterior.

As vendas dos supermercados continuam subindo. No primeiro semestre, o aumento em relação ao mesmo período do ano anterior foi superior a 5%. O mercado interno ganhou for-ça com a migração das classes C e D para a classe média, como mostrou um estudo con-duzido recentemente pelo Centro de Políticas Sociais (CPS), da Fundação Getulio Vargas. Nos últimos cinco anos, cerca de 27 milhões de pessoas, o equivalente à metade da popula-

ção da França, foram incorporadas ao conjunto das classes A, B e C. “O mercado interno foi um verdadeiro Pelé contra a crise”, diz Marcelo Néri, economista-chefe do CPS.

O consumo familiar deve aumentar nos pró-ximos meses com a queda do desemprego. Em agosto, foram criados 242,1 mil empregos formais no País, melhor resultado mensal desde setembro do ano passado. Essa reversão sinaliza o fim do processo de ajustes promovidos pelas empresas para fazer frente à crise. Nesse ponto, o Brasil também leva vantagem. Foi o segundo menos afetado em seu mercado de trabalho, segundo levantamento realizado pelo Economist Intelli-gence Unit (EIU) em 23 países. A sustentação da

Fonte: MTE/CAGED > Elaboração: MF/SPE

Criação de postos de trabalhoNúmero de contratações ultrapassa demissões. Variação absoluta (em milhares)

-700

-550

-400

-250

-100

50

200

350 242,1

ago 07

* Variação ante o trimestre anterior (t/t-1), com ajuste sazonal – taxas anualizadas > Fonte: GDW JP Morgan 11/09/2009 e IBGE para Brasil

Crescimento do PIB no segundo trimestre de 2009Comparação com outros países* (em %)

-10

-5

0

5

10

15

7,8

México

Canad

á

África d

o Sul

Reino U

nido

Itália

Chile

EUA

Suíça

Zona

do eu

ro

Suéc

ia

Aleman

ha

Franç

a

Norueg

a

Polôn

iaJa

pão

Austrá

lia

Indon

ésia

Rússia Índ

iaBras

il

Coreia

do Su

lChin

a

out 07 dez 07 fev 08 abr 08 jun 08 ago 08 out 08 dez 08 fev 09 abr 09 jun 09 ago 09

220,0

* Posição do dia 28 de agosto de 2009 > Fonte: BCB > Elaboração: MF/SPE

Reservas internacionaisLiquidez internacional (em US$ bilhões)

set06

set07

set08

mar07

mar08

mar09

set09*

30

110

190

70

150

230

crescimento

* Estimativa para julho de 2009 > Fonte: BCB > Elaboração: MF/SPE

Dívida externa total líquidaEm % do PIB

11,2 11,214,1

19,5

29,7

26,529,4

32,7

27,3

20,4

11,5

6,9

-0,9 -1,8 -2,7

1995

1996

1997

1998

1999

2000

2001

2002

2003

2004

2005

2006

2007

2008

2009

*

10 | BRASIL ECONOMIA SUSTENTÁVEL BRASIL ECONOMIA SUSTENTÁVEL | 1110 | BRASIL ECONOMIA SUSTENTÁVEL

“A economia brasileira tem tudo para crescer a um ritmo de 5% nos próximos anos e se tornar uma das mais fortes do mundo”Jim O’Neill, do Goldman Sachs, criador da expressão Brics

massa salarial e do mercado de trabalho é a meta prioritária da política econômica brasileira.

Outro importante indício da retomada eco-nômica é o anúncio de grandes investimentos. A Petrobras vai aplicar recursos da ordem de US$ 174,4 bilhões entre 2009 e 2014. A Vale, uma das maiores empresas mundiais de mineração, planeja investir R$ 31,2 bilhões em quatro me-gaprojetos siderúrgicos, que deverão gerar cerca de 80 mil novos empregos. Um estudo do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e So-cial (BNDES) revela que já foi retomada quase a metade dos R$ 100 bilhões de investimentos que haviam sido congelados após a crise.

O fluxo de Investimento Estrangeiro Direto (IED) pode totalizar R$ 25 bilhões em 2009, de acordo com projeções da Sociedade Brasileira de Estudos de Empresas Transnacionais e da Globalização Econômica (Sobeet). É um volume 40% menor do que o registrado no ano passado, mas suficiente para fazer o Brasil subir várias po-sições no ranking dos países que mais recebem recursos do exterior, passando à frente de econo-mias desenvolvidas, mais afetadas pela crise.

Trata-se de um avanço que deve ser mantido nos próximos anos: uma pesquisa feita pela Conferência das Nações Unidas sobre Comércio e Desenvolvi-mento (Unctad) com 240 empresas multinacionais revela que o Brasil poderá tornar-se o principal des-

ceu a crise está na bolsa de valores. Em meados de setembro, o Ibovespa, superou pela primeira vez, desde junho de 2008, a marca de 60 mil pontos. Desde o início de 2009, sua valorização chegou a quase 100%, em dólar. Nenhuma outra bolsa atin-giu essa marca. Na Bolsa de Valores, Mercadorias e Futuros (BM&FBovespa), foi realizada, em ju-nho, a segunda maior abertura de capital (IPO) do mundo este ano, a da administradora de cartões de crédito Visanet, uma operação que resultou na captação de cerca de R$ 8,4 bilhões.

De olho nas oportunidades de negócios que a recuperação econômica está abrindo, um número sem precedentes de autoridades estrangeiras, dirigentes de companhias mul-tinacionais e empresários em missões comer-ciais têm desembarcado no País nos últimos meses. Saindo da crise antes da maioria e tão forte quanto antes, o Brasil entrou de vez para o mapa dos negócios e se tornou um parceiro estratégico para quem quer crescer e ganhar espaço na economia global.

tino de recursos internacionais para investimento direto até 2011. Para especialistas como Octavio de Barros, diretor do departamento de economia do Bradesco, segundo maior banco privado brasileiro, a economia do País passou a ser reconhecida como disciplinada e previsível. “O Brasil se saiu melhor do que o esperado”, afirmou Mauro Leos, analista-chefe da Moody’s para o Brasil. A agência anun-ciou, no dia 22 de setembro, a classificação do risco país para “grau de investimento”, a exemplo do que já fizeram a Standard & Poor’s e a Fitch.

Jim O’Neill, do Goldman Sachs, criador da expressão Brics, para definir os quatro principais países emergentes – Brasil, Rússia, Índia e China –, também reconhece que o País teve sucesso na forma de enfrentar a crise internacional e chega com mais vigor à era do pós-crise. “A economia brasileira tem tudo para crescer a um ritmo de 5% nos próximos anos e se tornar uma das mais fortes do mundo”, comentou. A rápida reação do Brasil à crise financeira global e sua estabilidade econômi-ca no período de máxima turbulência, assim como a capacidade de inovação do seu setor privado, já haviam sido demonstradas pelo ranking de compe-titividade do Fórum Econômico Mundial. O País subiu oito pontos na classificação geral, maior salto desde que a lista começou a ser organizada.

Um dos termômetros do dinamismo que a eco-nomia ganhou e da confiança de que o País ven-

No primeiro semestre, os supermercados brasileiros bateram em 5% os resultados do mesmo período de 2008 Fe

rnan

do M

orae

s

BRASIL ECONOMIA SUSTENTÁVEL | 11

1. Regiões metropolitanas de Recife, Salvador, Belo Horizonte, Rio de Janeiro, São Paulo e Porto Alegre. 2. Classe econômica com renda domiciliar per capita do trabalho habitual entre R$ 1.115 e R$ 4.807 a preços de dezembro de 2008 por mês. 3. Até julhoFonte: FGV/CPS a partir dos microdados da PME/IBGE > Elaboração: MF/SPE

Nova classe média1

Em proporção da população total – anual

Classe C2

2003 2005 20082004 20072006 20093

55

50

45

40

42,4

44,4

46,1

48,2

50,3

52,352,9

1,2

Medidas discricionárias relacionadas com a crise com efeitos fiscais em 2009 e 2010Fonte: FMI > Elaboração: MF/SPE

Programa de estímulo fiscal

Itália

Turqu

iaÍnd

iaBras

il

Franç

a

Argenti

na

Reino U

nido

Indon

ésia

México

Canad

á

Aleman

ha EUAJa

pão

Austrá

lia

África d

o Sul

Rússia

China

Arábia

Saud

itaCore

ia

9

8

7

6

5

4

3

2

1

0

Fonte: DIEESE > Elaboração: MF/Gabinete

Evolução do salário-mínimoMédia anual nas últimas décadas (em valores atuais)

300

325

350

375

400

425

475

450

2003 20072005 20092004 20082006

312,13

323,75

346,29

394,96

418,83431,72

449,51

crescimento

Quanto os países gastaram para sair da crise (em % do PIB)

12 | BRASIL ECONOMIA SUSTENTÁVEL BRASIL ECONOMIA SUSTENTÁVEL | 13

Foto

: Cris

tiano

Mar

iz

desenvolvimento

Conjunto de medidas anticíclicas adotadas pelo governo aos primeiros sinais de desaceleração injetou dinheiro na economia e apressou a retomada dos negócios

Conjunto de medidas anticíclicas adotadas pelo governo

rapidez e ousadiarapidez e ousadiaAção,

BRASIL ECONOMIA SUSTENTÁVEL | 13

Com incentivos, construção civil voltou a crescer e a gerar empregos

12 | BRASIL ECONOMIA SUSTENTÁVEL

Medidas rápidas, ousadas e eficazes para reduzir os impactos do fura-cão que castigou duramente boa parte do mundo ajudaram o Brasil a passar pelo teste da crise internacional. Com sua ação anticícli-ca, o País conseguiu virar rapidamente essa página, fazendo dela a oportunidade para mostrar a solidez de sua política macroeconômi-

ca, a força de seu mercado interno e o dinamismo de seus negócios. Um dos eixos dessa reação foi a atuação dos bancos públicos para combater o aper-

to da liquidez e a retração no crédito. Aos primeiros sinais da crise, o governo auto-rizou a liberação de R$ 100 bilhões do compulsório – parcela dos depósitos a prazo que os bancos estão impedidos de repassar – para estimular o consumo e os negócios.

Licenciamento de automóveis*Em mil unidades

232,2

261,2

242,0256,0

288,2

244,8

268,7

239,3

197,4199,4

271,5

234,4

177,8

194,5

247,0

285,4

mar 08 mai 08 jul 08 set 08 nov 08 jan 09 mar 09 mai 09 jul 09

300,1

* Inclui automóveis e comerciais leves, caminhões e ônibus > Fonte: Anfavea

-10

-5

0

5

10

15

20

25

30

35

set 08 out 08 nov 08 dez 08 jan 09 fev 09

+10,0

mar 09 abr 09 mai 09 jun 09

+9,8

jul 09

+32,9

+9,1

-0,3

Índice do Saldo das Operações de Crédito (set/2008 = 100) > Fonte: Banco Central > Elaboração: MF/SPE

Crédito domésticoVariação acumulada desde setembro de 2008 (em %)

Bancos privados pequenos e médios

Bancos públicos

Bancos privados grandes

14 | BRASIL ECONOMIA SUSTENTÁVEL BRASIL ECONOMIA SUSTENTÁVEL | 15

Como grande parte desses recursos foi desti-nada a aplicações financeiras (operações compro-missadas), coube aos bancos públicos, liderados pelo Banco do Brasil e pela Caixa, o papel de sus-tentar o crédito. O saldo das operações de crédito dos bancos públicos cresceu mais de 32%, muito acima dos bancos comerciais, e sua participação no crédito total chegou a quase 40%. Desde o agravamento da crise, em setembro de 2008, a criação e o reforço de linhas oficiais de crédito somaram R$ 277 bilhões, de acordo com um le-vantamento da Agência Brasil.

O Banco Nacional de Desenvolvimento Eco-nômico e Social (BNDES), principal agente para o financiamento de investimentos de longo prazo, recebeu um aporte adicional de R$ 100 bilhões – o equivalente a 3,3% do Produto Interno Bruto (PIB) – para reforçar seu capital e viabilizar programas como o destinado à compra de máquinas e equi-pamentos. Com isso, seus desembolsos em 2009 podem totalizar R$ 168 bilhões, um recorde his-tórico. O governo também disponibilizou recursos para a indústria naval e ampliou o financiamento às exportações e os créditos à agricultura, setores que têm necessidade de empréstimos para custear as suas atividades. Os financiamentos para a safra agrícola 2009/2010 totalizaram R$ 107 bilhões.

Outro instrumento da política anticíclica do

governo foram a expansão dos investimentos do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), as iniciativas como o Minha Casa, Minha Vida, com recursos de R$ 60 bilhões para a construção de 1 milhão de moradias, a manutenção e am-pliação dos programas sociais e um espaço fiscal que permite a Estados e municípios realizarem investimentos de R$ 34,5 bilhões em obras de in-fraestrutura e saneamento.

O governo também promoveu uma política de desonerações tributárias para estimular o consumo de bens como automóveis, eletrodomésticos e ma-teriais de construção. As renúncias fiscais deverão somar cerca de R$ 13,6 bilhões até o fim do ano, o correspondente a 0,4% do PIB, com um saldo extremamente positivo. As medidas aumentaram as vendas, ajudaram a manter empregos e movi-mentaram a economia. No caso dos automóveis, por exemplo, o corte do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI), adotado pelo governo em janeiro de 2009, permitiu baixar preços entre 5% e 7%, revertendo a tendência de queda nas vendas.

No primeiro semestre, enquanto as monta-doras lá fora amargavam perdas pesadas, o Brasil produziu 1,4 milhão de unidades, de acordo com o acompanhamento mensal da Associação dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea). Apesar da forte queda nas exportações, esse volu-

Montadoras bateram recorde de vendas no primeiro semestre Ge

rman

o Lü

ders

Kenneth Rogoff, da Universidade Harvard, ex-economista-chefe do Fundo Monetário Internacional (FMI)

“O fato de o País passar tão bem pela crise tinha mesmo de inspirar confiança”

“O Brasil tirou nota boa e agora está todo mundo olhando e dizendo ‘esse cara é bom’”Ilan Goldfajn, economista-chefe do Itaú Unibanco

desenvolvimento

Fonte: Ministério da Fazenda > Elaboração: MF/SPE

Mais recursos para agriculturaPlano Safra (em R$ bilhões)Ciclo de cortes ajudou a neutralizar os efeitos da crise

Agricultura familiar Agricultura empresarial

100

80

60

40

20

0Safra02/03

Safra03/04

Safra04/05

Safra05/06

Safra06/07

Safra07/08

Safra08/09

Safra09/10

2008/0978,0

2009/10107,5

Fonte: Ministério da Fazenda > Elaboração: MF/SPE

Taxa de juros descontadas as expectativas de inflação

4

6

8

10

12

14

16

18

% a

o an

o

jan 03 jan 04 jan 05 jan 06 jan 07 jan 08 jan 09

4,9

mínimoshistóricos

2,4

21,7

5,4

27,2

7,0

38,5

9,0

44,5

10,0

50,0

12,0

58,2

13,0

65,0

15,0

92,5

16 | BRASIL ECONOMIA SUSTENTÁVEL BRASIL ECONOMIA SUSTENTÁVEL | 1716 | BRASIL ECONOMIA SUSTENTÁVEL

Desde setembro de 2008, linhas oficiais de crédito somaram R$ 277 bilhões

Bancos públicos tiveram papel-chave na oferta de créditoM

arce

lo K

ura

Lia

Luba

mbo

me ficou 3% acima do que foi registrado nos seis primeiros meses de 2008. Pelos cálculos da An-favea, sem o corte nos impostos, pelo menos 300 mil veículos ficariam sem compradores, lotando os pátios das montadoras. O número representa cerca de 10% do que o setor planeja vender em 2009, o que garantirá o terceiro ano seguido de recorde em vendas. A medida também contribuiu para manter entre 50 mil e 60 mil empregos, segundo estudo do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), e para criar novos postos de trabalho.

A redução de impostos sobre os eletrodomés-

ticos da chamada “linha branca” – geladeiras, fogões e máquinas de lavar – produziu o mesmo efeito. Adotada em abril, deixou os preços mais baixos e elevou as vendas em até 20%, segundo estimativas das grandes cadeias de lojas, que che-garam a ficar sem produtos nas prateleiras. Mui-tos fabricantes precisaram contratar funcionários para conseguir atender à demanda e a maior parte deles retornou ao nível de atividade do período pré-crise, segundo avaliação da Associação Nacio-nal de Fabricantes de Produtos Eletroeletrônicos (Eletros). Na indústria de material de construção,

as vendas reagiram de imediato à redução do IPI. Em agosto, o aumento chegou a quase 5% sobre o mesmo período de 2008, como mostra o levanta-mento da Associação Nacional dos Comerciantes de Material de Construção (Anamaco).

No total, a estimativa é que os efeitos diretos e indiretos das medidas anticrise empregadas pelo governo devem contribuir para uma expansão en-tre 2,5% e 3% do PIB. Sem elas, é provável que houvesse uma queda de 2%, ao invés do aumen-to esperado de 1%. Além de fazer a economia andar, esse conjunto de medidas ajudou a criar

outro cenário positivo. Em julho, depois de nove meses consecutivos de queda, o emprego no setor industrial registrou alta. É mais um sinal de que a economia brasileira voltou a pisar no acelerador, levando adiante um ciclo que associa crescimento econômico, desenvolvimento social e responsabili-dade fiscal. Apesar de todas as ações anticíclicas, o Brasil terá o menor déficit nominal entre os países do G-20, segundo estimativa do Fundo Monetário Internacional (FMI). Representou 1,9% em rela-ção ao PIB, bem distante dos 13,6% dos Estados Unidos e dos 10,2% da Índia.

Del� m Netto, ex-ministro da Fazenda

Mauro Leos, analista-chefe da Moody’s para o Brasil

“Não vamos cair na conversa mole de que os bancos públicos prejudicam o sistema privado”

“O País se saiu melhor do que o esperado. E um dos fatores para rever a sua classificação foi a avaliação do mercado”

BRASIL ECONOMIA SUSTENTÁVEL | 17

desenvolvimento

* Simulações do Banco Central, considerando um superávit primário de 2,5% do PIB em 2009 e 3,3% do PIB de 2010 a 2012 > Fonte: Banco Central > Elaboração: STN/CESEF

Dívida líquida do setor públicoExcluindo a Petrobras (em % do PIB)

55

51,3

53,5

48,2 48,0

45,943,9

38,8

42,5

39,5

36,5

33,4

30,1

45

35

252002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009* 2010* 2011* 2012* 2013*

50

40

30

42,9

39,8

36,5

30,4

33,5

* Parâmetros mercado e MF consideram primário 2,5% e 3,3% para os demais anos > Fonte: STN

Resultado fiscalBalanço nominal consolidado do setor público. Excluindo a Petrobras (em % do PIB)

Cenário mercado Cenário mercadoCenário Ministério da Fazenda Cenário Ministério da Fazenda

-4,0%

-3,5%

-3,0%

-2,5%

-2,0%

-1,5%

-1,0%

-0,5%

0,0%

0,5%

2005 2006 2007 2008 2009* 2010* 2011* 2012* 2013*

-3,38%-3,54%

-2,75%

-1,98%

-2,32%-2,45%

-0,53%-0,71%

-0,20%-0,39%

0,09%-0,24%

-0,08%

0,30%

18 | BRASIL ECONOMIA SUSTENTÁVEL BRASIL ECONOMIA SUSTENTÁVEL | 19

* Projeções > Fontes: MF/STN & MP/DEST > Elaboração: MF/SPE

Investimentos do governo federal e da PetrobrasEm % do PIB

3,5

3,0

2,5

2,0

1,5

1,0

0,5

0

PACPetrobras

Governo federal

2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009* 2010*

0,80,8 0,8

0,80,9

1,3

1,7

2,0

0,3 0,5 0,5 0,6 0,7 0,91,2

1,5

O pré-sal e uma gama de negócios mantêm um ciclo que associa crescimento e avanços sociais

Com o início da fase de testes no campo de Tupi, na Bacia de Santos, em maio, o Brasil abriu a mais nova fronteira da indústria mundial de petróleo. A produção de óleo e gás no pré-sal, em águas ultra-profundas, numa faixa que se estende por mais de

800 quilômetros do litoral, só deve começar a partir de 2010, mas está criando uma demanda por bens e serviços sem similar no mundo, com investimentos que já impulsionam a economia, fortalecendo outros negócios, geram mais empregos e contri-buem para que a renda média dos brasileiros mantenha a ten-dência de alta registrada nos últimos anos.

Um mar deoportunidades

Foto

: Divu

lgaç

ão

Petrobras: maior projeto de expansão da indústria do petróleo

18 | BRASIL ECONOMIA SUSTENTÁVEL BRASIL ECONOMIA SUSTENTÁVEL | 19

investimentos

20 | BRASIL ECONOMIA SUSTENTÁVEL BRASIL ECONOMIA SUSTENTÁVEL | 2120 | BRASIL ECONOMIA SUSTENTÁVEL BRASIL ECONOMIA SUSTENTÁVEL | 21

Financiamento imobiliárioEstoque cresceu 41% nos últimos 12 meses (em R$ bilhões)

Fonte: Dados ABECIP, Banco Central

dez 0

7fev

08ab

r 08

jun 08

ago 0

8ou

t 08

dez 0

8fev

09ab

r 09

jun 09

65

60

55

50

45

70

75

74,1750

700

650

600

550

5001998 2001 20052003 20072002 20062004 20081999

Poder aquisitivo sobeRendimento médio mensal (em R$)

Valores inflacionados pelo INPC com base em setembro de 2008, excluindo a população da área rural de Rondônia, Acre, Amazonas, Roraima, Pará e AmapáFonte: IBGE/PNAD > Elaboração: MF/SPE

200

180

160

140

120

100

80

60

40

20

0

-20

1968 1973 1978 1983 1988 1993 1998 2003 2008

Saldo comercial Exportação Importação

Balança comercial brasileira

Fonte: MDIC > Elaboração: MF/SPE

Em US$ bilhões

A riqueza extraída a até 7 mil metros do fun-do do mar dá ao País lugar de destaque entre os grandes produtores mundiais. Só no campo de Tupi, de acordo com as primeiras análises realizadas, poderão ser obtidos entre 5 bilhões e 8 bilhões de barris de petróleo. É o suficiente para elevar em 40% a 60% as reservas da Petro-bras e marcar uma conquista inédita: o Brasil será o único país, desde as crises do petróleo dos anos 70, a passar de importador para a con-dição de exportador líquido.

A Petrobras destinou para os próximos cinco anos recursos da ordem de US$ 28 bilhões para o desenvolvimento da produção no pré-sal. Mas, antes mesmo de ser dada a largada para a sua ex-ploração, indústrias nacionais e internacionais e prestadores de serviços da gigantesca cadeia do pe-tróleo – de estaleiros e fabricantes de plataformas a produtores de peças, tubos, caldeiras e software – estão se movimentando e fazendo a economia se movimentar em ritmo mais acelerado.

O exemplo mais recente é o Estaleiro Atlân-tico Sul, em Pernambuco, que será o maior do País e inicia atividades com um quadro de 2.400 funcionários e a contratação de 15 navios e do casco de uma plataforma para a Transpetro, o braço de transportes da Petrobras. A sua capa-

Copa do Mundo de 2014: construção e modernização de estádios, como o do Maracanã, no Rio de Janeiro, vão exigir um investimento de US$ 1,1 bilhão

Financial Times

“O Brasil é uma democracia madura, com uma economia diversificada e uma população jovem e adaptável festejando um firme crescimento das taxas de emprego e renda”

O país do futebol espera receber mais de 500 mil turistas, com fortes investimentos na rede hoteleira

investimentos

cidade de produção é de 150 mil toneladas, um terço do que a indústria naval brasileira dispu-nha até agora. É o início de um novo ciclo de in-vestimentos. Os financiamentos para a compra de máquinas poderão chegar a US$ 80 bilhões nos próximos dez anos, segundo estimativa do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômi-co e Social (BNDES). O governo anunciou ain-da que planeja aproveitar a onda do pré-sal para

criar um grande polo petroquímico, um setor há duas décadas sem receber recursos.

A retomada do crescimento da economia e o potencial que ela oferece estão longe de se es-gotar no pré-sal. Uma gama de setores também cria janelas de oportunidades. Para dar suporte à sua expansão, o País está investindo pesado em infraestrutura, uma das prioridades do Pro-grama de Aceleração do Crescimento (PAC),

que vai injetar R$ 646 bilhões, até 2010, em áreas como habitação, saneamento, transpor-te e energia, entre outros. O valor empenhado em projetos do PAC (R$ 40,7 bilhões) e o já pago (R$ 22,5 bilhões) dobraram em 2008. Em março de 2009, foi lançado o programa Minha Casa, Minha Vida. A iniciativa reaqueceu o mercado, contribuiu para uma nova rodada de investimentos privados no setor de construção e, principalmente, criou melhores condições de vida para os brasileiros.

Bem antes da chegada dos 500 mil a 600 mil turistas que são esperados no Brasil, a Copa do Mundo de 2014, disputada em 12 cidades

Divu

lgaç

ãoRo

drig

o Lo

bo

22 | BRASIL ECONOMIA SUSTENTÁVEL BRASIL ECONOMIA SUSTENTÁVEL | 2322 | BRASIL ECONOMIA SUSTENTÁVEL BRASIL ECONOMIA SUSTENTÁVEL | 23

Nono

nono

no

Acesso à habitaçãoNúmero de unidades habitacionais financiadas (média por período)

Fonte: Banco Central, ABECIP, SAI, CI-CAIXA > Elaboração: MF/SPE

363.540

155.468173.879

327.054

494.562

Geisel1974/1978

Sarney1985/1989

FHC1995/2002

Figueiredo1979/1984

Collor/Itamar1990/1994

Lula2003/2008

436.139

investimentos

Rentabilidade média dos bancosSobre o patrimônio, de janeiro a junho de 2009 (em %)

Banco

do Bras

il

Brades

co

Itaú U

niban

co

Goldman

Sach

s

Fifth

Third

Banco

rp

America

n Exp

ress

Wells F

argo

Citigrou

p

U.S. Ban

corp

Bank o

f Ameri

caBB&T

JPMorg

an Cha

se

Bank o

f NY M

ellon

PNC Ban

k

Santa

nder

0

3

6

9

12

1512,9

11,210,1

8,37,2

6,1 5,8

4,0 4,03,5 3,4 3,0 2,8 2,7 2,1

Com programas de incentivo, habitação popular tem registrado crescimento elevado

País conquistou a liderança na produção mundial de carnes

brasileiras, começa a ter impacto sobre a eco-nomia. Além da construção e modernização de estádios, que exigirão cerca de US$ 1,1 bilhão, estão sendo realizados investimentos em obras públicas – aeroportos, pavimentação, infraes-trutura turística, segurança – e na ampliação da rede hoteleira. A estimativa é que o valor total dos investimentos ficará entre US$ 5 bilhões e US$ 10 bilhões.

Transportes é um dos setores que estão mo-bilizando grandes recursos – entre projetos de metrôs, veículos leves sobre trilhos, ferrovias de cargas e trens urbanos, o País deverá investir R$ 71 bilhões até 2014, com recursos do gover-no federal e dos governos estaduais. Os projetos incluem o trem de alta velocidade (TAV), que fará em duas horas a ligação entre São Paulo e o Rio de Janeiro, as duas maiores cidades do País,

percorrendo um trecho de mais de 400 quilô-metros. A primeira etapa deverá ser concluída até a Copa do Mundo. Cerca de US$ 25 bilhões serão empregados no transporte de cargas, aju-dando a superar um dos principais entraves das empresas para alcançar ganhos de competiti-vidade na distribuição e aumentar as exporta-ções. É um passo importante para consolidar negócios como minérios e alimentos, que,

juntamente com o petróleo, têm alta demanda mundial e grande peso nas exportações.

Do petróleo à energia renovável – hidrelé-tica, eólica e a dos biocombustíveis, campos em que o País desenvolveu avançadas tecno-logias –, grandes projetos estão em desenvol-vimento, apoiados e, ao mesmo tempo, dando continuidade a um ciclo que combina cresci-mento com avanços sociais.

Leo

Drum

ond/

Agên

cia

Nitro

Dani

ela

Pico

ral

Menor déficit nominal do G-20Política anticíclica com responsabilidade fiscal (em % PIB) – Estimativa FMI

0

-4

-8

-12

-2

-5

-10

-14

Fonte: FMI > Elaboração: MF/Gabinete

Brasil

Indon

ésia

África d

o Sul

Coreia

Argenti

na

Canad

áChin

a

México

Arábia

Saud

ita

Austrá

lia

Aleman

haItá

lia

Turqu

ia

Franç

aRús

sia

Espa

nha

Reino U

nido

Japã

oÍnd

ia

Estad

os Unid

os

2009 2010

-1,9

-0,8

-2,5 -2,2-2,9 -3,2 -3,3

-2,8-3,4 -3,6 -3,6 -3,6 -3,6 -3,7 -3,8

-1,4

-4,3-5,3

-4,7

-6,1-5,4

-5,9 -5,9-5,1

-6,2 -6,5

-5-6,2

-9,8-10,9

-9,9 -9,8 -10,2

-8,7

-13,6

-9,7

-7,5 -7,5

-3,2

-4,7

24 | BRASIL ECONOMIA SUSTENTÁVEL BRASIL ECONOMIA SUSTENTÁVEL | 25

pré-sal pre-salt

Mar

celo

Cal

enda

New sources of oil and gas will become a regular source of resources to help fund education and social projects focused on science and technology, culture, environmental preservation and to fight poverty

A ticket to the future

As novas reservas de óleo e gás serão uma fonte regular de recursos para ajudar a financiar a educação e os projetos sociais voltados para a ciência e tecnologia, cultura, preservação ambiental e combate à pobreza

Parte dos recursos do pré-sal será destinada a um fundo social para a realização de programas sociais, ambientais, científicos e culturais e iniciativas voltadas para a redução das desigualdades sociais, conforme projeto de lei encaminhado ao Congresso Nacional. Uma das prioridades do fundo social será a educação, considerada crucial para a consolidação do desenvolvimento e para promover um País mais justo.

A exploração do petróleo na camada do pré-sal ocorre a uma profundidade de até 7 mil metros, equivalente à altura do Himalaia. É um tesouro de proporções ainda incalculáveis. Só a produção de Tupi, o primeiro campo em fase de testes, poderá aumentar as reservas brasileiras entre 40% e 60%. A Petrobras está investindo US$ 28 bilhões nesse programa, mas os recursos totais poderão chegar a US$ 190 bilhões. Estima-se que o pré-sal deverá criar 700 mil empregos nos próximos quatro anos em toda a cadeia do petróleo.

According to a Bill sent to the National Congress some pre-salt resources should be pigeonholed to a Social Fund for social, environmental, scientific and cultural programs and efforts focused on decreasing social inequalities. Education will be one of the Social Fund’s priorities – an issue that is considered vital for development and to create a fairer country.

The exploration of petroleum in the pre-salt layer is made at a 7-thousand-meter depth – about the height of Himalaya. It is an as-yet incalculable treasure. The production of Tupi reserve – the first field now in the test stage – alone may increase Brazilian reserves from 40% to 60%. Petrobras is investing $ 28 billion in this program, but total resources may come to $ 190 billion. It is estimated that pre-salt should generate 700 thousand jobs in the next four years along the whole petroleum chain.

futuro

Desenvolvimento

Aposta no amanhãTesouro submerso

Betting on tomorrow

Underwater treasure

InvestimentosA Petrobras está investindo

US$ 28 bilhões, mas os recursos totais poderão chegar a US$ 190 bilhões

Petrobras is investing $ 28 billion, but total resources may come to $ 190 billion

Besides generating jobs the reserve found should serve as a sort

of savings to help decrease social inequality

Além de gerar empregos, as descobertas vão servir como uma espécie de poupança

para reduzir a desigualdade social

socialInvestments

Social development

Passaporte

futuropara o

Nelio

Rod

rigue

s

Tiag

o Lu

bam

bo

Alao

r Filh

o