painel - edição 252 - mar.2016

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painel Ribeirão Preto e a metrópole Ano IX nº 252 março/ 2016 AEAARP

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Veículo de divulgação oficial da Associação de Engenharia, Arquitetura e Agronomia de Ribeirão Preto (AEAARP).

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painel

Governo de São Paulo inicia processo que vai congregar 34 municípios da região

Ribeirão Pretoe a metrópole

ARQUITETURAInclusão muito além das necessidades especiais

HOBBYO engenheiro que coleciona histórias

ELEIÇÕESOs par� dos polí� cos

Ano IX nº 252 março/ 2016

Associação de Engenharia, Arquitetura e Agronomia de Ribeirão PretoA E A A R P

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INSPIRAR, PAPEL ESTRATÉGICO DA AEAARP

Lançamos neste mês de março a agenda de semanas técnicas da AEAARP, come-çando pela de Tecnologia da Construção. Estes eventos têm por obje�vo fornecerferramentas que aprimorem o trabalho dos nossos associados, que é um dos pilares davalorização profissional, missão estratégica para a Associação. Devemos ter bastanteclareza sobre o significado disso. Para aqueles que há vários anos atuam em escritó-rios e repar�ções públicas, essas ferramentas são cruciais para que se mantenhamatualizados em relação ao mercado, às tecnologias, aos métodos de trabalho e àlegislação. Para os jovens, as ferramentas que oferecemos são o compar�lhamentode conhecimento. Essa troca de experiências é vital para a carreira. Todos os profis-sionais guardam na memória aquele colega mais experiente que foi essencial paraseu crescimento. Muitos da AEAARP têm como exemplo o arquiteto Durval Soave,um dos ar�fices da modernização da Associação a par�r do final dos anos de 1970.

Aqueles que inspiram certamente um dia foram inspirados e é este o desafio daAEAARP. A en�dade deve inspirar aqueles que já caminham conosco e os que estãochegando agora, ou já até es�veram aqui, por meio da par�cipação em semanastécnicas, em debates acerca dos problemas da cidade etc. A en�dade de classe deveser palco para que o profissional exerça sua cidadania de forma plena.

A AEAARP reforça o compromisso de aplaudir sempre todos os acontecimentosque a construíram. Nosso compromisso é criar pontes que aproximem a en�dadedos profissionais e caminhos que levem à valorização da a�vidade de engenheiros,arquitetos e agrônomos.

Até o final deste ano acontecerão as semanas de Arquitetura, Agronomia, Enge-nharia e Meio Ambiente.

Eng. civil Carlos Alencastre

palavra dopresidente

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Horário de funcionamentoAEAARP CREADas 8h às 12h e das 13h às 17h Das 8h30 às 16h30Fora deste período, o atendimento é restrito à portaria.

expediente

índiceESPECIAL 05Ribeirão Preto em versão metrópole

CARREIRA 09Intercâmbio de engenheiros portugueses e brasileiros

HOBBY 10O colecionador de histórias

PAINEL ELEIÇÕES 12Os par�dos polí�cos

ARTIGO 14A importância de quan�ficar as emissões de CO2 naconstrução civil – os riscos do aquecimento global

PESQUISA 16USP testa pavimento de concreto con�nuamente armado

INOVAÇÃO 18Inspiração e pesquisa

GESTÃO 213 segredos de quem gerencia de maneira eficiente o seu negócio

ARQUITETURA 22Arquitetura inclusiva

CREA}SP 25ART e Acervo Técnico

NOTAS E CURSOS 26

A S S O C I A Ç Ã ODE ENGENHARIAARQUITETURA EAGRONOMIA DERIBEIRÃO PRETO

Rua João Penteado, 2237 - Ribeirão Preto-SP - Tel.: (16) 2102.1700Fax: (16) 2102.1717 - www.aeaarp.org.br / [email protected]

Eng. civil Carlos Eduardo Nascimento AlencastrePresidente

Eng. eletr. Tapyr Sandroni Jorge1º Vice-presidente

Eng. civil Arlindo Antonio Sicchieri Filho2º Vice-presidente

DIRETORIA OPERACIONALDiretor Administra[vo: eng. agr. Callil João FilhoDiretor Financeiro: eng. agr. Benedito Gléria FilhoDiretor Financeiro Adjunto: eng. civil e seg. do trab. Luis Antonio Baga�nDiretor de Promoção da É[ca de Exercício Profissional: eng. civil Hirilandes AlvesDiretor Ouvidoria: eng. civil Milton Vieira de Souza Leite

DIRETORIA FUNCIONALDiretor de Esportes e Lazer: eng. civil Rodrigo Fernandes AraújoDiretor de Comunicação e Cultura: eng. agr. Paulo Purrenes PeixotoDiretor Social: arq. e urb. Marta Benedini VecchiDiretor Universitário: arq. e urb. Ruth Cris�na Montanheiro Paolino

DIRETORIA TÉCNICAAgronomia, Agrimensura, Alimentos e afins: eng. agr. Jorge Luiz Pereira RosaArquitetura, Urbanismo e afins: arq. Ercília Pamplona Fernandes SantosEngenharia e afins: eng. Naval José Eduardo Ribeiro

CONSELHO DELIBERATIVOPresidente: eng. civil Wilson Luiz Laguna

Conselheiros TitularesEng. agr. Dilson Rodrigues CáceresEng. civil Edgard CuryEng. civil Elpidio Faria JuniorArq. e eng. seg. do trab. Fabiana Freire GrelletEng. agr. Geraldo Geraldi JrEng. agr. Gilberto Marques SoaresEng. mec. Giulio Roberto Azevedo PradoEng. elet. Hideo KumasakaEng. civil João Paulo de Souza Campos FigueiredoArq. Luiz Eduardo Siena MedeirosArq. e urb. Maria Teresa Pereira LimaEng. civil Ricardo Aparecido Debiagi

Conselheiros SuplentesEng. agr. Alexandre Garcia TazinaffoArq. e urb. Celso Oliveira dos SantosEng. agr. Denizart BolonheziEng. civil Fernando Brant da Silva CarvalhoArq. e urb. Fernando de Souza FreireEng. agr. Ronaldo Posella Zaccaro

REVISTA PAINELConselho Editorial: eng. civil Arlindo Sicchieri, arq. urb. Celso Oliveira dos Santos,eng. mec. Giulio Roberto Azevedo Prado e eng. agr. Paulo Purrenes Peixoto [email protected]

Conselheiros Titulares do CREA-SP indicados pela AEAARP: eng. civil e seg. do trab.Hirilandes Alves e eng. mecânico Fernando Antonio Cauchick Carlucci

Coordenação Editorial: Texto & Cia Comunicação – Rua Galileu Galilei 1800/4, Jd. Canadá,Ribeirão Preto SP, CEP 14020-620 - www.textocomunicacao.com.brFones: 16 3916.2840 | 3234.1110 - [email protected]

Editora: Daniela Antunes – MTb 25679

Colaboração: Bruna Zanuto – MTb 73044

Capa: foto JFPimenta

Publicidade: Departamento de eventos da AEAARP - 16 2102.1719Angela Soares - [email protected]

Tiragem: 3.000 exemplaresLocação e Eventos: Solange Fecuri - 16 2102.1718Editoração eletrônica: Mariana Mendonça NaderImpressão e Fotolito: São Francisco Gráfica e Editora Ltda.

Painel não se responsabiliza pelo conteúdo dos ar[gos assinados. Os mesmos também nãoexpressam, necessariamente, a opinião da revista.

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especial

versão metrópoleA reflexão acerca da criação da Região Metropolitana de

Ribeirão Preto, tema que pauta debates há várias décadas,deve levar em consideração a técnica e a oportunidade

34 municípios da região poderão, embreve, integrar a Região Metropolitana(RM) de Ribeirão Preto, anunciada re-centemente pelo governo do estado deSão Paulo. Segundo a Empresa Paulistade Planejamento Metropolitano SA (Em-plasa), estudo realizado nesta região de-finiu os critérios para a decisão. Luiz JoséPedre�, vice-presidente da Emplasa, no

entanto, ressalta que o debate públicosobre o tema, pautado por deputadose vereadores, colaborou para que oexecu�vo despertasse para esta pauta.

O desenvolvimento integrado da re-gião e o incremento nos inves�mentos,sobretudo em saúde e saneamento,são os principais argumentos dos quedefendem a ins�tuição da RM. Existem,

entretanto, crí�cos que apontam a faltade critérios técnicos na decisão.

Os 34 municípios ocupam 14,7 milquilômetros quadrados onde vivem maisde 1,6 milhões de pessoas. O Produto In-terno Bruto (PIB) é de R$ 48,38 milhões,equivalente a 2,83% do total estadual.Este montante, segundo a Emplasa, ésuperior ao PIB da Baixada San�sta (R$

Ribeirão Preto emFoto - JFPimenta

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especial

O projeto de lei complementar quedeverá ins�tuir a Região Metropolitana,de autoria do poder execu�vo, vai criara Agência Metropolitana, autarquia do-tada de infraestrutura própria. Prefeitose representantes do governo estadualintegrarão o Conselho que vai debatere definir as ações e inves�mentos regio-nais. Também será criado, por decreto,o Fundo Metropolitano, que receberárecursos financeiros oriundos dos mu-nicípios, do estado e de inves�mentosexternos. Uma das vantagens dessaorganização é a possibilidade de captarinves�mentos no exterior.

Pedretti explica que o modelo degestão da RM é compar�lhado, isto é,“ninguém é maior do que ninguém”. Mu-nicípios e governo estadual têm partesiguais na composição do Conselho, quetem também a prerroga�va de definir apeça orçamentária.

Um dos impactos que serão percebidosrapidamente pela população é na telefo-nia. As ligações interurbanas entre as 34cidades passarão a ser tarifadas comolocais. Outra mudança é que a EmpresaMetropolitana de Transportes Urbanosde São Paulo (EMTU) passará a gerir o sis-tema de transporte regional. Pedre� falaFonte: IBGE, PNUD, Emplasa

Municípios Área (km2) População 2015Al�nópolis 928,96 16.179

Barrinha 146,03 31.230

Batatais 849,53 60.589

Brodowski 278,46 23.460

Cajuru 660,09 25.230

Cássia dos Coqueiros 191,68 2.623

Cravinhos 311,42 34.110

Dumont 111,38 9.178

Guariba 270,29 38.499

Guatapará 413,57 7.446

Jabo�cabal 706,60 75.820

Jardinópolis 501,87 41.799

Luís Antônio 598,26 13.378

Mococa 854,84 68.797

Monte Alto 346,95 49.456

Morro Agudo 1.388,13 31.620

Nuporanga 348,27 7.255

Orlândia 291,77 42.678

Pitangueiras 430,64 38.211

Pontal 356,37 45.978

Pradópolis 167,38 19.814

Ribeirão Preto 650,92 666.323

Sales Oliveira 305,78 11.438

Santa Cruz da Esperança 148,06 2.084

Santa Rita do Passa Quatro 754,14 27.502

Santa Rosa de Viterbo 288,58 25.666

Santo Antônio da Alegria 310,29 6.739

São Simão 617,25 15.104

Serra Azul 283,14 13.216

Serrana 126,05 42.784

Sertãozinho 403,09 120.152

Taiúva 132,46 5.605

Tambaú 561,79 23.214

Taquaral 53,89 2.819

Unidade regional de Ribeirão Preto 14.787,89 1.645.996

Estado de São Paulo 248.222,36 44.396.484

47,83 milhões), estabelecida como RMdesde 1998 com nove municípios.

O vice-presidente da Emplasa explicaque o governo adotou critérios de regiona-lização de inves�mentos que incluem saú-de, educação, saneamento e transportepara definir os 34 municípios. Do ponto devista legal, a expecta�va é que a minuta doprojeto a ser votado na Assembleia Legis-la�va paulista esteja pronta em maio. Neleestarão contemplados estudos técnicosmais detalhados do que os disponíveis atéagora e o resultado de audiências públicasque estão em andamento.

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também do aumento no teto de financia-mento para habitações de interesse sociale a mudança no repasse dos recursos doSistema Único de Saúde (SUS).

EstatutoA lei 13.089/2015 ins�tui o Estatuto

da Metrópole, que descreve as possibi-lidades de organização urbana regiona-lizadas. A metropolitana é uma delas e,de acordo com a lei, caracteriza-se pela“aglomeração urbana que configure umametrópole”. Diz ainda que “os critériospara a delimitação da região de influên-cia de uma capital regional, previstos noinciso V do caput deste ar�go [ParágrafoÚnico do Art. 2º] considerarão os bens eserviços fornecidos pela cidade à região,abrangendo produtos industriais, educa-ção, saúde, serviços bancários, comér-cio, empregos e outros itens per�nentes,e serão disponibilizados pelo IBGE narede mundial de computadores”.

Consulte informações do IBGE

ibge.gov.br/home/geociencias/geografia

A lei refere-se ao estudo do Ins�tu-to Brasileiro de Geografia e Esta�s�ca(IBGE), que mantém detalhado estudoterritorial e populacional. O sociólogoPythagoras Daronch Silva, docente nocurso de Arquitetura e Urbanismo doCentro Universitário Moura Lacerda, dizque uma das caracterís�cas que definema metrópole é a existência de municípiosque se interliguem territorialmente. Falaque deve haver também elevado desen-volvimento industrial entre as cidades.São estes alguns dos critérios definidospelo IBGE que, na opinião de Daronch,não se aplica à região de Ribeirão Preto.

Ele trabalhou na Emplasa de 1968 a1995. Começou quando a autarquia eraapenas um grupo que geria a GrandeSão Paulo, a primeira RM criada nopaís, em 1973. “E até hoje existemproblemas graves de mobilidade urba-na e saneamento”, diz, referindo-se àsenchentes e meios de transporte queinterligam as cidades ao redor da capi-tal paulista. Segundo a Emplasa, a RMde São Paulo é a sexta maior aglome-ração urbana do mundo, responde por18% do PIB nacional, tem 21 milhõesde habitantes e é formado pela capitale 38 municípios.

São Paulo, uma das maiores aglomerações urbanas do mundo.

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A RM de Tóquio, noJapão, tem 37 milhõesde habitantes e é a maispopulosa do mundo.Além de São Paulo,também as regiões deNova Deli (Índia), Cida-de do México (México),Seul (Coreia do Sul) ePequim (China) estãoentre as mais populosasdo planeta.

especial

Segundo Daronch, Ribeirão Pretoé caracterizado no IBGE como centroregional, com retransmissoras de TV,centros universitários, referências emsaúde etc., à exemplo de Londrina (PR).Jus�ficaria, portanto, em sua visão, de-finir a região como aglomerado urbanoque, segundo o Estatuto da Metrópole,caracteriza-se como “unidade territorialurbana cons�tuída pelo agrupamentode dois ou mais municípios limítrofes,caracterizada por complementaridadefuncional e integração das dinâmicasgeográficas, ambientais, polí�cas e so-cioeconômicas”.

Daronch cri�ca a criação da RM. Falaque o projeto de desenvolvimento re-gional, que é uma das atribuições doConselho que será formado pelos pre-feitos e representantes do governo, devepreceder a criação da RM. A organizaçãodos municípios em uma metrópole seria,portanto, consequência das necessi-dades tecnicamente estabelecidas porautoridades, sociedade civil organizada,comunidade cien�fica e organizações decomércio, serviços e indústria.

Ele conclui que o processo atual inverteesta lógica, impulsiona a criação da me-trópole pela possibilidade de incrementoorçamentário para inves�mento regional

A primeira grande discussãosobre a RM de Ribeirão Pretoaconteceu na AEAARP, dia 14 demarço. Duas audiências públi-cas deverão ser realizadas antesda promulgação do projeto, queo governo paulista pretendefazer em junho, para marcar oaniversário da cidade, que já éconsiderada capital regional.

O arquiteto e urbanista FernandoFreire opina que a decisão pode resul-tar posi�va para a região, uma vez queobrigará as cidades a se planejarem. É aoportunidade, por exemplo, de os mu-nicípios debaterem regionalmente suasdemandas e estabelecer planejamentosconjuntos.

Para Freire, esta poderá ser a pressãoque obrigará as cidades a fazerem seusplanos diretores, uma vez que a RMdeverá ter o seu próprio Plano de De-senvolvimento Regional, instrumento

semelhante à esta lei que em RibeirãoPreto, por exemplo, está incompletadesde que foi adotada, nos anos de 1990.

A interação dos municípios vai ressal-tar as convergências regionais, na visãodo arquiteto e urbanista Luiz EduardoSiena Medeiros. Pode significar a o�mi-zação de tempo e de recursos, escassosem muitas cidades. Siena considera que aRM poderá permi�r que a região disputeuma fa�a maior do orçamento do estado.Para ele, esta discussão deve ser tratadano campo da estratégia, independenteda adoção de organizações sociais epolí�cas.

O começoA organização urbana em metrópoles

começou, no Brasil, nos anos de 1970. Aprimeira experiência foi na Grande SãoPaulo, um modelo reformado em 1988e que sofreu alterações em 2011. Asdemais RMs paulistas foram adotadasem 2000 (Campinas), 2012 (Vale doParaíba) e 2015 (Sorocaba). Em Jundiaíe Piracicaba foi adotado o modelo deaglomeração urbana.

Pedretti, da Emplasa, afirma que omodelo de gestão das RMs do estadonão tem paralelo no resto do país. “Égenuinamente caipira, paulista”, diz.

e não o planejamento. A equação, insisteDaronch, deveria ser inver�da. Para ele,a RM deveria ser um processo técnicocom o devido encaminhamento polí�co,e não o inverso.

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A par�r de abril, estarão disponíveisos procedimentos e formulários doacordo de reciprocidade firmado entreBrasil e Portugal para o intercâmbio deengenheiros das duas nacionalidades.O acordo entre o Confea e a Ordem dosEngenheiros de Portugal (OEP), assinadoem setembro de 2015, permi�rá reco-nhecer as competências profissionaisdos engenheiros portugueses e brasilei-ros em ambos os países, autorizando oexercício pleno da a�vidade profissional.Os engenheiros interessados devemacompanhar as páginas do Confea e daOEP, onde serão divulgados os próximospassos para solicitar o intercâmbio.

A OEP reconhecerá as competênciasdos profissionais cadastrados no SistemaConfea/Crea e Mútua, pois a en�dade

carreira

Contamos com suacolaboração!

Destine16% dovalorda ARTpara aAEAARP

(Associação deEngenharia, Arquitetura

e Agronomia deRibeirão Preto)

Agora você escreve o nomeda entidade e destina parte dovalor arrecadado pelo CREA-SPdiretamente para a sua entidade

engloba as engenharias: Agronômica,Ambiental, Civil, Eletrotécnica, Florestal,Informá�ca, Materiais, Mecânica, Naval,Química, Biológica, Minas, além da Geo-logia e da Geografia.

Respaldo legalO termo de reciprocidade leva em con-

sideração diversos instrumentos legaisdo Brasil e de Portugal. Da Lei 5.194/1966ao Regimento do Confea, passando pelaResolução 1.007, pelo lado brasileiro, àLei 31/2009 e ao Estatuto da OEA, pelolado português, além do seu Regula-mento de Admissão e Qualificação e seuRegulamento da Cédula Profissional eExercício da Profissão.

Fonte: Téchne.pini e Confea

Intercâmbio deengenheiros

Acordo firmado entre Confea e OEP garantirá oreconhecimento dos profissionais em ambos os países

portugueses e brasileiros

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hobby

O colecionadorde históriasA partir do interesse pelos seus antepassados, o engenheiro mecânico passou a pesquisar a história do Brasil e do mundo

O engenheiro mecânico Giulio Roberto Azevedo Prado começou a colecionar selos aos 15 anos. Também já colecio-nou moedas. Ele preserva este acervo e acrescenta alguns itens sempre que pode. São coletados, sem metodologia, nas viagens que gosta de fazer. Hoje, com o empenho e a metodologia necessários ao colecionador, o engenheiro se dedica à pesquisa histórica.

A a� vidade surgiu por acaso. Ele pes-quisava sua descendência portuguesa com o obje� vo de obter o passaporte da União Europeia quando fez descobertas que o fascinaram. “A legislação mudou, não consegui ter esse passaporte, mas con� nuei a pesquisa”, conta.

A genealogia fi cou em segundo plano, apesar de seus familiares ainda serem os protagonistas das histórias colecionadas por ele. Os movimentos sociais e econô-micos ocorridos no Brasil e na Europa, que antes estavam em segundo plano, hoje são seus principais interesses.

As pesquisas revelaram, por exemplo, que seus primeiros descendentes chega-ram ao Brasil em 1723, atraídos pelo ouro de Minas Gerais, onde receberam terras que passaram a explorar – as sesmarias.

Suas histórias esbarram em Tiradentes e seu grupo de amigos inconfi dentes. Azevedo Prado iden� fi cou um de seus antepassados nesse grupo, que foi exila-

PradoGiulio Roberto Azevedo Prado

depois foi para a Europado em Bissau, depois foi para a Europa asil alguns anos depois.e retornou ao Brasil alguns anos depois.

não foi aplicada a mes-“Aos amigos do rei não foi aplicada a mes-ta a Tiradentes”, conta.ma punição imposta a Tiradentes”, conta.

ais, a família emigrouDe Minas Gerais, a família emigrou São Paulo ainda nopara o estado de São Paulo ainda no

ompanhando a economiaimpério, acompanhando a economia Oeste” paulista e pas-cafeeira rumo ao “Oeste” paulista e pas-terra em Cravinhos. Osaram a cul� var a terra em Cravinhos. O

onel Carapina, foi um dosavô, fi lho do Coronel Carapina, foi um dos é vi�mados pela crisefazendeiros de café vi� mados pela crise

mudou as caracterís�casde 1929, que mudou as caracterís� cas vidade agrícola no país.econômicas da a� vidade agrícola no país.chama a atenção paraAzevedo Prado chama a atenção para ômico e social dessesos cenários econômico e social desses

parte da cidadania co-períodos. “Faz parte da cidadania co-ria, é isso que constróinhecer a sua história, é isso que constrói

dade”, diz. Ele lamenta,a nossa iden� dade”, diz. Ele lamenta, os tenham interesseporém, que poucos tenham interesse

suas próprias histórias eem conhecer suas próprias histórias e lidade da pesquisa e doa do país. A u� lidade da pesquisa e do nhecimento proporcio-acúmulo de conhecimento proporcio-

possibilidade de conhecer osnado é a possibilidade de conhecer os do passado e aprenderacontecimentos do passado e aprender guardar e compar�lharcom eles. “Se não guardar e compar� lhar tos, a gente vai ter deesses conhecimentos, a gente vai ter de vamente”, compara.inventar a roda novamente”, compara.

amentos revelaram, porSeus levantamentos revelaram, por famílias mudavam-seexemplo, que as famílias mudavam-se fato de esgotarem avárias vezes pelo fato de esgotarem a

odutiva da terra ondecapacidade produtiva da terra onde Foi assim que parte decul� vavam café. Foi assim que parte de

migraram para o Vale doseus ancestrais migraram para o Vale do

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Paraíba, onde foram pioneiros no cul�-vo do grão. Houve também a migraçãoimpulsionada pelo comércio de produtosquer serviam às fazendas cafeeiras. A ge-nealogia de sua família já está em 1570,quando todos viviam em Portugal.

Em razão desse interesse, movido porgra�dão pessoal, Azevedo Prado passoua se debruçar sobre outras histórias.Quando tem a oportunidade de visitara Europa, por exemplo, faz roteiros dife-rentes dos tradicionais. Passou a estudaro Império Romano e nas viagens querconhecer onde era a área de cada um.

No Rio de Janeiro (RJ), certa vez, nãoesteve em pontos turís�cos badalados.Ele soube que no subsolo da arquidioce-se existem livros de registros da chegadade imigrantes no país. Não descobriu

nada sobre a sua família, mas em umapequena igreja encontrou registros sobreBa�smos, inclusive sobre sepultamentode escravos, da cidade de Vargem Grande(MG) que eram �dos como perdidos.Teriam sido queimados em um incêndioda matriz da cidade mineira. Informou aprefeitura do município e um grupo degenealogistas que �nham interesse neste

assunto e o achado foi publicado no jor-nal de um ins�tuto de estudos da região.

É por este mo�vo que, ainda que sejaengenheiro mecânico, é ele um dos repre-sentantes da AEAARP no Conselho Munici-pal de Preservação do Patrimônio Cultural(CONPPAC). Em dez anos Azevedo Pradodeverá se aposentar. “Aí eu vou me dedicarexclusivamente à pesquisa histórica”.

Sites de Genealogia: www.myheritage.com.br ou www.geni.com

Algumas fontes de pesquisa:- Almanak Laemmert, Administra�vo e Industrial da Corte e Províncias, que circuloudurante os anos de 1840 a 1899 na Corte, RJ, encontra-se microfilmado na Universidadede Chicago-USA: h�p://brazil.crl.edu/: Center for Research Libraries/ La�n AmericanMicrofilm Project/Brazilian Government Document Digi�za�on Project.

- Livro As Três Ilhoas (famílias Andrade, Carvalho, Garcia, Junqueira, Meirelles, Rezendee outras) de Dr. José Guimarães, 3 volumes, 1989 e 1998. Sua descendência cobre todoo centro e sul de Minas e grande parte de São Paulo. Chegam ao sul de Mato Grosso eGoiás e depois colonizam o norte do Paraná.

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Paineleleições

políticosCientista político diz que as organizaçõessão indissociáveis da política

Os partidos

Segundo o Tribunal Superior Eleitoral (TSE), aquele que quiserdisputar a eleição deve comprovar domicílio eleitoral de nomínimo um ano na cidade na qual pretende concorrer. A filia-ção a um par�do polí�co deve acontecer seis meses antes dadata da votação. O prazo, portanto, termina no dia 2 de abril.

O Congresso Nacional promulgou noinício deste ano a Emenda Cons�tucional91, que abre espaço para que polí�cosdetentores de mandatos ele�vos pro-porcionais (deputados e vereadores)mudem de par�do sem incorrer em infi-delidade par�dária. Segundo a legislaçãoatual, parlamentares só podem mudarde legenda se forem para um par�do

recém-criado. Do contrário, correm riscode perder o mandato, que pertence aopar�do pelo qual foi eleito. A regra nãoé válida para senadores, prefeitos e go-vernadores pelo fato de serem �tularesde cargos majoritários.

No Brasil, 35 par�dos polí�cos estãoregistrados no TSE. O úl�mo é de setem-bro de 2015, perto do limite imposto pela

lei para que possa par�cipar da eleiçãode 2016. Não existem aqui partidoscentenários. Nos Estados Unidos, porexemplo, as duas principais organizaçõespolí�cas foram fundadas no século XIX:Democrata em 1828 e Republicano em1854. No Brasil os partidos tambémsurgiram naquele século, mas as mudan-ças polí�cas alteraram o cenário nesseperíodo.

O cien�sta polí�co Marcelo Buffa daFonseca, docente da Universidade deRibeirão Preto (UNAERP), conta que noPrimeiro Reinado (1822/31) surgiram or-ganizações que evoluíram para par�dosdurante Segundo Reinado (1831/40).

“Naquele tempo, a Europa enfrentavaa crise das an�gas monarquias absolu�s-tas e a consolidação dos novos Estadoscivis, como as monarquias parlamen-

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tares, as cons�tucionais e os regimesrepublicanos”, explica. Lá, a organizaçãopolí�ca das elites girava em torno dosrepublicanos, iden�ficados com regimescivis, e centralizadores, iden�ficados comas monarquias absolu�stas.

No Brasil o cenário se repe�a, mascom nomenclaturas diferentes: Liberaise Conservadores. “Porém, apesar desteaspecto que aparentemente nos remeteao choque entre as elites burguesa earistocrata, é consenso entre os pes-quisadores que estes partidos poucorepresentavam interesses tão dis�ntos”,observa Fonseca. Todos, ao final, eram“farinha do mesmo saco”, forma tidacomo “clássica” pelo cien�sta polí�copara definir o posicionamento de liberaise conservadores. “Quando chegavamao poder não apresentavam maioresdiferenças em suas prá�cas, eram mo-narquistas e ambos comprome�dos coma ordem oligárquica no país”, explica.

Par�dos são fundados por um grupode pessoas que compar�lham do mesmopropósito e ideologia. Não é possível,portanto, fundar um partido políticosozinho, de uma pessoa só. É comoqualquer outra organização da sociedadecivil: possui estatuto, regimento internoe processos eleitorais para definir suasdireções.

Pesquisa do Instituto Brasileiro deOpinião Pública e Estatística (Ibope)divulgada em 2015 revela que mais de80% dos entrevistados não confiam empar�dos polí�cos. José Álvaro Moisés,diretor do Núcleo de Pesquisa de Polí-�cas Públicas da Universidade de SãoPaulo (USP), escreveu, à época, que oresultado repe�a o que suas própriaspesquisas haviam mostrado em 2006 e2014, quando a desconfiança era de 81%

e 84%, respec�vamente.Em ar�go publicado no jornal O Estado

de São Paulo (Os par�dos estão colap-sando?, 24 de Agosto de 2015, Opinião),ele escreveu também que o cenário dedesconfiança poderia ir além: em 2006,30% de seus entrevistados responderamque a democracia poderia funcionar semos par�dos e este índice subiu para 45%na pesquisa de 2014. O aumento nessesdois levantamentos se explica pelosmovimentos que tomaram as ruas dopaís desde 2013 e as operações lideradaspela Polícia Federal, envolvendo polí�cose empresários.

Fonseca afirma que os par�dos polí�-cos, diferentemente da opinião expressana pesquisa de Moisés, são indissociá-veis da vida polí�ca. “Os indivíduos seassociam de forma orientada em tornode uma ideologia ou interesses comunscom o intuito de influenciar ou ocupar opoder. Portanto, a organização das pes-soas em par�dos, na polí�ca, é condiçãosine qua non. Elites polí�cas, ao longo dahistória, caíram e ascenderam ao podertendo seus interesses representados nointerior dos par�dos polí�cos”, explica.

Por fim, todo cidadão que possua �tulode eleitor pode filiar-se a um par�do po-lí�co. Cabe à organização elencar as con-dições para aceitar ou não uma filiação. revistapainel

ANUNCIENA

PAINEL

16 | [email protected]

Veja na área No�cias da página daAEAARP o atalho para a íntegra doar�go Os par�dos estão em colapso?

www.aeaarp.org.brrp rg

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artigo

aquecimento global

A importância de quantificar asemissões de CO2 na construçãocivil – os riscos do

O atual fenômeno dos baixos índicespluviométricos, que tem afetado deforma preocupante os mananciais e osreservatórios de água em muitas cidadese metrópoles brasileiras, tem levantadouma série de questões rela�vas às cau-sas da atual situação e aos riscos destecenário se tornar crônico.

É quase unânime nos meios cien�ficos,apesar de algumas vozes ainda discor-dantes, que as emissões de CO2 têm sidoas principais responsáveis pelo efeitoestufa e o consequente aquecimentoglobal, o que tem promovido graduaismudanças climá�cas.

O Dióxido de Carbono (CO2), segundodados disponíveis, é o principal causadordo Efeito Estufa contribuindo com 60%enquanto outras emissões contribuem daseguinte forma: Metano 15%, CFCS 12%,Ozônio 8% e o Oxido Nitroso com 5%.

A quan�dade de CO2, que tem se acu-mulado na atmosfera desde a RevoluçãoIndustrial, tem batido recordes nesteinício de século XXI e vários efeitos jáse fazem sen�r, sobretudo no recrudes-cimento do clima em diversas zonas doplaneta com mudanças nos regimes dechuva, ampliação dos períodos de secase elevação das temperaturas médias emdiversas zonas do planeta.

As ondas de calor se tornaram quatrovezes mais intensas no mundo desde ocomeço do século passado e 0,85 grauscen�grados foi quanto subiu a tempe-

ratura no do planeta desde a RevoluçãoIndustrial, de acordo com estudos cien-�ficos publicados.

A interrupção e a reversão desteprocesso requer o comprome�mentode todos os níveis da sociedade, masprincipalmente dos responsáveis pelasa�vidades produ�vas onde a indústriada construção civil tem importante papelnas suas diversas etapas de produção:extração das matérias primas, fabricaçãodos materiais, projetação e finalmentesuas aplicação no canteiro de obras.

Muito já se avançou em relação àbusca da sustentabilidade dos edi�cios.Vários aspectos hoje são passíveis deavaliação e controle; como o consumoenergé�co, des�nação dos resíduos euso de materiais eco eficientes, quandoadotados os processos para obtençãodos almejados Selos de Certificaçãonacionais ou internacionais disponíveis.

Porém, dispomos de poucos métodos,processos e elementos para se avaliare quan�ficar o impacto ambiental, noque se refere à emissão de CO2, durantea etapa da projetação destes edi�cios.

Como quan�ficar a quan�dade, mes-mo que aproximada, de CO2 que osdiversos materiais a serem empregadosem determinado edi�cio lançaram naatmosfera durante seu fabrico?

Qual impacto ambiental teria umedifício cuja somatória dos materiaisempregados na sua construção emi�u

Paulo Ferreira, arquiteto e urbanistagraduado pela FAU/PUCC em 1982;Curso de Especialização no Poli, designPolitecnico di Milano, atua desde entãono setor da construção civil

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uma determinada quan�dade de CO2?Como os proje�stas poderiam escolher

e dosar os diversos materiais especifica-dos nas estruturas, fechamentos, aca-bamentos e nas instalações buscando amenor contribuição de CO2 sem saber oquanto estes insumos emi�ram na etapade fabricação?

A exemplo das indústrias alimen�cias,que são obrigadas, por norma�va dosórgãos competentes, a estampar em seusrótulos as “informações nutricionais”,também os matérias de construção eacabamentos deveriam informar, nasembalagens ou etiquetas, a quanti-dade de CO2 por unidade de medida,compa�vel com as usadas nas planilhasorçamentárias da indústria da construçãocivil, a fim de que os proje�stas pudes-

sem apurar quan�ta�vamente a emissãototal de dióxido de carbono e optarpela melhor “receita”. Por exemplo: umdeterminado edi�cio cujo projeto pres-supõe usar “x” toneladas de cimento,�po tal, e “y” metros cúbicos de blocoscerâmicos de tal fabricante, sabendo-sequanto cada material emi�u de CO2 nasua fabricação, permi�ria a apuração dequantas toneladas de CO2 estariam pre-sentes neste projeto e assim se pudesseverificar se este total se enquadrariaem alguma meta ideal estabelecida edai ajustes poderiam ser feitos visandomelhor sustentabilidade nas emissões.

Não se trata de demonizar este ouaquele material muitas vezes apontadocomo “campeões” das emissões poluen-tes, mas poder apurar as quan�dades

efe�vas de CO2 e dosar seu uso durantea etapa de projetação, buscando metasque causassem menor impacto possível.Assim como es�mular os fabricantes aaperfeiçoar seus processos quanto àsemissões de carbono desenvolvendoprodutos mais sustentáveis.

O presente breve ar�go tem como ob-je�vo insis�r no alerta aos graves efeitosque as emissões sem controle de CO2

tem em nossos processos industriais epropor que se informe nas embalagensou e�quetas, até de forma obrigatória,a quantidade de CO2 emitidos (infor-mação de emissões) na fabricação dosmateriais que par�cipam da indústria daconstrução civil, este importante setorque no Brasil nos úl�mos anos tem sidoresponsável por 6,5% do PIB.

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pavimentode concreto

USP testa

Expectativa dos pesquisadores é duplicara durabilidade do pavimento

O Departamento de Engenharia deTransportes (PTR) da Escola Politécnica(Poli) da USP coordena pesquisa queestuda a combinação de diversos �posde materiais para encontrar as melhoressoluções em pavimentação em concretocon�nuamente armado, com aplicaçõesem áreas de tráfego de veículos pesados,como rodovias, aeroportos e corredoresde ônibus. Estão sendo estudados dois�pos diferentes de aço, quatro �pos deconcreto e dois �pos de cimento em umapista-teste — um trecho de 200 metrosfoi pavimentado em janeiro, na CidadeUniversitária (zona oeste de São Paulo).

A pesquisa é coordenada pelo chefe doPTR e do Laboratório de Mecânica de Pa-vimentos (LMP), José Tadeu Balbo, e delapar�cipam as empresas Votoran�m Side-rurgia, Votoran�m Cimentos, Engemix,Engenharia de Pisos, Construtora OAS,Serveng Mineração, Construtora NorbertoOdebrecht e Grace, além da Prefeiturado Campus da Capital. Foram inves�doscerca de R$ 500 mil, exclusivamente dainicia�va privada. Foram dois anos e meiode conversas para construir a parceria.

A pavimentação asfál�ca dura cercade dez anos, aquela feita em concretoconvencional pode durar 20 anos e uma

em concreto continuamente armado,como o que está em teste na USP, podechegar a 40 anos. “O Brasil é um paísessencialmente rodoviário e carente desoluções de alta durabilidade. Precisamosde pavimentos mais robustos em grandesrodovias e que demandem pouca manu-tenção”, aponta o professor Balbo.

A pista-teste fica paralela à raia da USP,perto da Portaria 2, um trecho no qualcirculam carros e ônibus cole�vos. Umadas inovações é o fato de ser um longotrecho sem juntas como o pavimento deconcreto convencional, o que aumentao conforto e a segurança ao se dirigir,

pesquisa

continuamente armado

Trecho da Marginal do Pinheiros. Foto: Marcos Santos/USP Imagens

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além de reduzir os custos com o desgastedos veículos. Até agora a Poli �nha feitopesquisas semelhantes usando uma va-riedade menor de materiais e em trechosmais curtos, os quais, tecnicamente, nãoprecisam de emenda.

Concreto para pavimentaçãoNo Brasil já se usa concreto para

pavimentação. Mas, por limitações decustos e de transferência dos conheci-mentos acadêmicos, é mais frequente aaplicação do asfalto. Países europeus eEstados Unidos usam o concreto armadoou a combinação de concreto e asfalto,soluções mais caras, mas cujos custos sediluem ao longo dos anos pela economiana manutenção e maior durabilidade.Trata-se de uma solução viável para

rodovias, corredores de ônibus, pá�osde estacionamento de aeronaves emaeroportos, por exemplo.

Foram usados 26 caminhões de con-creto de sete metros cúbicos cada umpara pavimentar os 200 metros dapista-teste na Cidade Universitária. Elafoi dividida em trechos, nos quais foramaplicadas diversas combinações de mate-riais, cujo desempenho será avaliado aolongo de cinco anos do estudo.

Dos quatro �pos de concretos que es-tão sendo testados, dois têm agregadosreciclados. Metade da pista u�liza açocomum e a outra, aço galvanizado. Alémdisso, os pesquisadores da Poli estãotrabalhando com dois �pos diferentes decimento, um produzido no Sul do Brasile outro no Sudeste.

“Queremos entender, especialmente,como as fissuras ocorrem no concreto”,conta. Equipamentos de mensuração se-rão instalados em campo e vários testesserão feitos em laboratório. Os pesqui-sadores analisarão as fissuras causadasno verão e no inverno; farão provas decarga, com o uso de veículos pesadospara verificar o comportamento do con-creto armado; extração de material paraanálise de corrosão do aço; extração dematerial onde houver fissura, para veri-ficar se o agregado sofreu fratura, entreoutros testes. Es�ma-se o envolvimentode, pelo menos, dez alunos de mestradoe doutorado ao longo dos anos de exe-cução da pesquisa.

Fonte: Agência USP

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Inspiraçãoe pesquisaEm todo o mundo, engenheiros e cientistasbuscam soluções na natureza, usando-a maiscomo exemplo do que como matéria-prima

Observando a natureza, o homem in-troduziu materiais, meios de transportee soluções que revolucionaram a históriada humanidade. Foi assim, por exemplo,que Leonardo Da Vinci desenhou osprimeiros protó�pos do que viria a sera máquina que permite que as pessoasvoem, assim como fazem os pássaros.Observando, viu que interessava me-nos as asas e mais a aerodinâmica e o

aproveitamento das correntes de ar edo vento.

A natureza já inspirou soluções paragrandes problemas da engenharia. NoJapão, os trens-balas, que batem suces-sivos recordes de velocidade, alcançandoaté 500 km/h, emitiam um som queextrapolava os padrões ambientais depoluição sonora, causado por uma ondade pressão atmosférica criada pelo trem

quando entrava em um túnel estreito.Na saída, a explosão sônica e a vibraçãoeram sen�das pelos moradores distantesaté 400 metros do local.

O engenheiro Eiji Nakatsu, que tam-bém era observador de pássaros, inspi-rou-se no mar�m-pescador e remodelouo nariz do trem, onde estava parte doproblema. Para se alimentar, esta aveprecisa mergulhar. Para isso, troca rapi-

inovação

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damente de um ambiente de baixa resis-tência para um com muita resistência, oar e a água. Sua aerodinâmica é perfeitapara superar esse desafio. A inspiraçãodo mar�m-pescador tornou os trens--balas mais silenciosos, 10% mais rápidose 15% mais econômicos.

Existem também soluções em pro-dutos que surgiram dessa forma. Aplanta de lótus, por exemplo, inspirouo desenvolvimento de tintas, vidros etecidos autolimpantes, que dispensamo uso de detergentes, além de equi-pamentos eletrônicos à prova d’água.A superfície desta planta mantém-selimpa, apesar de estar sempre próximade áreas com lama.

Já a super�cie da pele do tubarão degalápagos (Carcharhinus galapagensis),tem protuberâncias que funcionamcomo um repelente natural de bactériase inspirou o desenvolvimento de biofil-mes para reves�r camas hospitalares,entre outras aplicações.

PesquisaTecnologias inspiradas na natureza

são desenvolvidas em um campo depesquisa chamado biomimética. É aárea que estuda os princípios cria�vos eestratégias da natureza, visando a criaçãode soluções para os problemas atuais dahumanidade, unindo funcionalidade,esté�ca e sustentabilidade. A naturezaé usada como exemplo e não comomatéria-prima.

No início deste ano, uma indústria depneus apresentou ao mercado o conceitode um modelo esférico, des�nado a au-tomóveis autônomos. A empresa diz queo modelo vai aprimorar a capacidade demanobra dos veículos, permi�ndo que semovimente em todas as direções. O de-

senho da banda de rolagem se assemelhaao da super�cie cerebral e tem caracte-rís�cas de uma esponja, endurecendoem pisos secos e tornando-se mais macionaqueles que estão molhados. O modeloé conceitual, embora a empresa admitaque possa ir para o mercado no futuro.

CobraUm experimento usando os princípios

das escamas de cobra reduz o atritomecânico em 40%. A pesquisa é feita naAlemanha, no Ins�tuto de TecnologiaKarlsruhe. A cobra é a inspiração paraesta solução pelo fato de escorregaremsobre todo �po de super�cie e não des-gastarem a pele.

Os cien�stas alertam, entretanto, quea nova super�cie não funciona em am-bientes com substâncias lubrificantes. Oefeito da pele de cobra, quando em con-tato com esses produtos, cria três vezesmais atrito do que uma super�cie lisa.Esta caracterís�ca também se assemelhaà fonte de inspiração dos cien�stas, jáque a espécie vive em ambientes secose não secreta óleo. A expecta�va é ade que as super�cies nanoestruturadassubs�tuam equipamentos que exigemlubrificantes.

BorboletaAntes de levantarem voo, borboletas

usam as asas para captar a luz do sole aquecer os músculos necessários àtarefa. Pesquisadores observaram que apostura em V potencializa o resultado epassaram a aplica-la aos equipamentosusados em sistemas de captação deenergia termosolar.

Os sistemas usam espelhos que con-centram o calor em canos no interior dosquais um líquido é aquecido e usado paragerar eletricidade. Na Universidade deExeter, no Reino Unido, concluíram queimitar a posição das asas das borboletaspoderá aumentar o rendimento dospainéis em até 50%.

A técnica usada pelas borboletas parase aquecer mais rapidamente é chama-da pelos biólogos de “aquecimento porrefletância”. Pode ser observado emdias nublados, quando a intensidade docalor solar é menor e precisa ser melhoraproveitado. Além disso, microestruturasnas asas das borboletas permitem quea luz seja refle�da de forma eficiente,garan�ndo que os músculos a�njam umatemperatura ó�ma muito rapidamente.

A equipe concluiu que é possível cons-truir uma estrutura para concentrar a

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energia solar com alta eficiência usandoum material com refletância ó�ma comfolhas postas em formato de V inclinadasa 170. O calor ob�do da luz concentradanessa angulação é 7,30C mais elevado doque se os refletores forem man�dos naposição plana.

Planta carnívoraEngenheiros da agência espacial alemã

projetaram uma asa metamórfica paraaviões inspirada em uma planta carní-vora. A asa ganhou um bordo traseirocapaz de se transformar suavemente emqualquer formato, permi�ndo subs�tuiros flaps, essenciais nas decolagens epousos, mas que afetam a eficiência dovoo. Quando estão estendidos compro-metem a aerodinâmica, aumentam o

consumo de combus�vel e geram muitoruído, além de serem controlados por umsistema complexo e pesado.

O bordo traseiro de asa biomimé�coé leve, flexível e mais simples de operar,além de eliminar o espaço existente en-tre a asa e o flap estendido, resolvendoos principais problemas de eficiência.

A capacidade de deformação da su-per�cie foi inspirada na planta carnívoraDioneia, que fecha as folhas rapidamentepara capturar suas presas. O movimentoé feito alterando a pressão nas células dafolha. Acumula tensão nas folhas usan-do a pressão da água em seu interior.Quando um inseto entra na folha e tocaem seus biossensores, essa pressão édescarregada rapidamente, fechando afolha e capturando a presa.

Para copiar o sistema, os engenheirosusaram ar comprimido, que passa entreduas camadas sobrepostas de “células”plás�cas - as células têm diferentes ta-manhos para permi�r o formato afiladodo bordo da asa. Para levantar o bordo,a camada de células inferior é pressu-rizada. Esvaziando a camada inferiore inflando a camada superior tem-se oefeito inverso.

A expecta�va é que os flaps metamórfi-cos permitam que os aviões mantenhamsustentação a velocidades mais baixas,ajudando no pouso e na decolagem. Opróximo passo será testar os protó�posem túnel de vento, antes de colocá-losem uma aeronave de testes.

Fonte: Agência Fapesp, InovaçãoTecnológica e Tecmundo

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3 segredos de quemgerencia de maneira

eficiente o seu negócio

gestão

Flaviane Tavanti Castilho de AraujoConsultora SEBRAE-SP

“A persistência emexcesso pode tornar

o empreendedor cegoe teimoso. Persistir é

diferente de insistir noerro, persistir significainvestir em algo em

que há a certezade futuro apesar de

tudo, insistir no erro éignorar a realidade enão aceitar o fracasso” Neste ar�go, ressaltamos duas ferramentas e um comportamento fundamentais para

que o profissional obtenha sucesso em seu negócio.A primeira ferramenta é o planejamento, que proporciona ao empreendedor se an-

tecipar a prováveis situações, conhecer muito bem o mercado, as técnicas de produçãoagrícola, oferecer a confiabilidade do serviço ao cliente, realizar análises financeiras eanalisar inves�mentos necessários. O planejamento, seja do candidato a empreendedorou do empresário, contém um cronograma lógico e prá�co que possibilita a inserçãodos mais diversos dados sobre o futuro do negócio.

O segundo ponto é a gestão, o dia a dia da empresa, que necessita de rigoroso con-trole do que foi planejado: não basta ter o produto ou o serviço de qualidade, tem queter o cuidado com o cliente, o controle de custos, a formação do preço de venda, anegociação com o fornecedor. A gestão eficiente é um diferencial faz com que muitasempresas tenham sucesso no mercado.

Além de aspectos gerenciais como planejamento e gestão, os empreendedores embusca de sucesso também precisam aprimorar determinadas caracterís�cas pessoais. Umdos diferenciais dos empresários de sucesso é persistência. Sinônimo de perseverança,a persistência pode ser definida como a capacidade de seguir e ir em frente apesar dosdesafios. Persistência é o que torna o empreendedor capaz de perseguir um obje�voquando quase tudo pode dar errado e está diretamente relacionada à capacidade derealização e de superação do empreendedor.

Como toda caracterís�ca estudada, ela pode ter efeitos contrários. A persistência emexcesso pode tornar o empreendedor cego e teimoso. Persis�r é diferente de insis�r noerro, persis�r significa inves�r em algo em que há a certeza de futuro apesar de tudo,insis�r no erro é ignorar a realidade e não aceitar o fracasso.

Acreditamos que esse tema é muito importante para alavancar os resultados dasempresas e menos deba�do do que deveria.

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inclusivaOs desafios de implantar a acessibilidade e asnovidades do setor

Arquitetura

Desde 1985, quando foi adotada aNBR 9050 da Associação Brasileira deNormas Técnicas (ABNT), que trata daacessibilidade a edificações, mobiliário,espaços e equipamentos urbanos, ocor-reram muitas mudanças para atender àsnecessidades de mais pessoas e ampliara implantação da arquitetura inclusiva.Se antes o conceito de acessibilidaderestringia-se às pessoas com deficiência,hoje abrange todas aquelas que têmmobilidade reduzida – idosos, grávidas,obesos etc. O impacto no custo da obraé baixo, 0,12%. Para reformar o local eadaptá-lo o custo pode significar 25% dovalor da obra.

Segundo José Antonio Lancho�, pro-fessor do curso de Arquitetura do CentroUniversitário Moura Lacerda e especia-lista em Acessibilidade, a dificuldadede implantar a arquitetura inclusiva éa aceitação dos clientes. “Os proprie-tários muitas vezes não compreendem

as vantagens da acessibilidade na obra.Acham exagero e desnecessário. E isso écontraditório, pois em casos de estabe-lecimentos comerciais, o local acessívelatende a um número maior de pessoas”.

De acordo com o Censo 2010, do Ins�-tuto Brasileiro de Geografia e Esta�s�ca(IBGE), 23,9% da população brasileiratem algum tipo de deficiência – sejaela audi�va, visual, �sica ou intelectual.Até 2050, o Brasil poderá ter até 70 mi-lhões de idosos, segundo a OrganizaçãoMundial da Saúde (OMS). O objetivoda arquitetura inclusiva é proporcionarindependência a essas pessoas.

Desenho universalA par�r dos anos 1960, nos Estados

Unidos, a arquitetura passou a usar otermo desenho universal para designarprojetos de arquitetura inclusiva. NoBrasil, o conceito demorou pelo menos20 anos para ser u�lizado. Ele quebra a

ideologia de um homem-padrão, comdimensões pré-estabelecidas usadascomo base para as soluções arquitetô-nicas, que muitas vezes não condiz coma realidade. “O desenho universal deveatender todo �po de usuário, sem imporbarreiras arquitetônicas”, explica FlavioCesar Marchesoni, arquiteto e urbanistae mestre em Tecnologia do AmbienteConstruído.

Marchesoni diz que uma das principaisdificuldades da implantação do desenhouniversal é o uso inadequado do espaçodisponível para a construção. Para evi-tar o problema, foi criada a ABNT NBR15.575/2013, mais conhecida comoNorma de Desempenho que, segundoMarchesoni, garante a qualidade dosespaços construídos, especificando asdimensões mínimas para cada �po deambiente, por exemplo.

TecnologiasA acessibilidade vai além das dimen-

sões dos ambientes. A rugosidade dopiso, os materiais an�derrapantes nasescadas, as barras de apoio e outrosequipamentos integram este conceito.Além disso, o mercado tem inves�docada vez mais em tecnologia assis�va– produtos e serviços que garantem ainclusão e a independência de pessoascom mobilidade reduzida. É um nichoque chega a movimentar R$ 5,5 bilhõesanualmente.

arquitetura

Silvana Cambiaghi é arquiteta, mestre em Acessibilidade e Desenho Universale representante da Secretaria Municipal da Pessoa com Deficiência e

Mobilidade Reduzida, na Comissão Permanente de Acessibilidade. Vejaa entrevista concedida ao portal Téchne, da Pini, na qual avalia como aacessibilidade se desenvolveu nos úl�mos dez anos. O conteúdo está

disponível no endereço eletrônica da AEAARP.

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Um dos setores mais atuantes é ode tecnologia da automação, que têmdesenvolvido cadeiras de rodas que so-bem e descem escadas, computadoresque funcionam com o movimento dosolhos, luzes que apagam e acendem aocomando de voz e sistemas mecânicosque sobem e descem pias e mesas.

Lancho� par�cipou do projeto NovosRumos – criado pelo ex�nto Ins�tutoMuito Especial e com o apoio do Minis-tério de Ciência e Tecnologia – que cons-truiu uma casa modelo 100% acessível,exposta em um shopping em Recife (PE),em 2010. Ele e o arquiteto e urbanistaRenato Leandrini construíram a casaem uma marcenaria em Brodowski (SP)e quase todos os equipamentos foramcomprados em Ribeirão Preto (SP).

A Reatech – Feira Internacionalde Tecnologias em Reabilitação,

Inclusão e Acessibilidade – éum dos principais eventosdo setor. A próxima edição

acontecerá em junho de 2017,em São Paulo (SP).

Veja na área de No�cias osdetalhes da casa acessível do

projeto Novos Rumos.

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Fotos - José Antonio Lanchoti

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FormaçãoA arquitetura inclusiva tem contribuído

para a criação de novas especializaçõesacadêmicas. Há ins�tuições de ensinoque oferecem mestrado em InclusãoSocial e Acessibilidade, pós-graduaçãoem Ergonomia e Acessibilidade, alémde cursos extracurriculares oferecidospor en�dades como o Ins�tuto BrasilAcessível, criado em 2004.

Na graduação em Arquitetura e Urba-nismo, o tema também é amplamente de-ba�do. “Não existe uma disciplina especí-fica para a acessibilidade. O assunto é tãoimportante que ele é discu�do em todasas matérias, desde a aula de estrutura àde escadas”, afirma Marchesoni, docentena Universidade de Ribeirão Preto.

Lancho� acrescenta que arquitetos for-mados a par�r de 2006 �veram bastanteacesso ao conceito nas universidadesem razão das novas Diretrizes Curricu-lares Nacionais, criadas pelo ConselhoNacional de Educação e pela Associação

Brasileira de Ensino de Arquitetura eUrbanismo (ABEA). Nos anos de 2006 e2007, a ABEA também visitou universida-des do Brasil para capacitar professorese explicar a melhor forma de abordar oassunto em sala de aula. “Já os arquitetosformados antes de 2006 �veram opor-tunidade de par�cipar de cursos de atu-alização, promovidos por en�dades declasse em diversas cidades brasileiras”,explica Lancho�. Para ele, “quem nãoatende aos princípios da acessibilidadeestá fora do mercado”.

Brasil é um país acessível?Para Marchesoni, sim. “O Brasil tem

uma consciência muito grande. NaEuropa, por exemplo, existem váriosproblemas com as escadas. Lá eles nãotêm muitas rampas e elevadores”. O ar-quiteto complementa que a implantaçãoda acessibilidade enfrenta outro pro-blema que não tem a ver com barreirasarquitetônicas. “O problema é a falta de

educação das pessoas”. A acessibilidade,segundo ele, é fácil de ser aplicada, bastaseguir rigorosamente a NBR 9050.

Lancho� pondera que existem muitascidades an�gas no país e que no seu sur-gimento o termo acessibilidade sequerera discu�do. “Temos que reconstruir eadequar muitas áreas públicas e cole�vasnas cidades, melhorar o uso do transportecole�vo, remodelar as calçadas, aprimoraro acesso aos edi�cios an�gos, esses sãosó alguns exemplos”. Na contramão dis-so, a legislação tem avançado. “Gestorespreocupados com a qualidade de vida dapopulação já ins�tuíram no Plano Diretor,nas novas legislações e nas licitações deobras públicas o conceito da acessibili-dade. As cidades que não se adequaremestarão desrespeitando a convenção daONU [Organização das Nações Unidas]sobre os Direitos das Pessoas com Defici-ência, transformada no Brasil em emendacons�tucional, e a própria Lei Brasileira deInclusão [Lei 13.146/15]”.

Casa modelo 100% acessível, exposta em um shopping em Recife (PE)

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crea-sp

Acervo TécnicoART e

Mais segurança paraprofissionais e sociedade

Criar instrumentos que possibilitemainda mais segurança aos clientes. Parao alcance dessa meta foi formatado umnovo formulário para padronizar no paíso registro da Anotação de Responsa-bilidade Técnica (ART). Com essa açãonasceu a Nova ART. A consequência é ageração de informações valiosas para osCREAs, as en�dades, os profissionais e osórgão públicos.

A atualização da ARTA ART existe há 38 anos e sua atua-

lização está baseada na Resolução1.025/2009 e vem para reforçar umdocumento que ao logo do tempocomprova o acervo dos profissionaise garante à sociedade a presença deprofissional habilitado à frente de obras,empreendimentos, projetos e serviçosda área tecnológica. O novo modelo foiuma demanda originada no 6º CongressoNacional dos Profissionais (CNP).

No processo evolu�vo de aprimora-mento desse instrumento de proteçãopara o profissional e para a sociedade,foram diagnos�cados os principais pro-blemas – conceituais e operacionais –,as omissões nos norma�vos em vigor, oscasos de sucesso adotados por diversosCREAs, as exigências da legislação exter-na ao Sistema (Lei de Licitações, Decretode Acessibilidade) e as orientações dasociedade e de outros órgãos (IBGE, TCU,CGU etc.). O obje�vo foi propor um con-

junto de norma�vos e instrumentos quees�vessem alinhados às necessidades dopaís e também atendessem ao anseiodos profissionais.

A ARTA ART permite que todo o conjunto de

procedimentos seja colocado em prá�cade maneira uniforme em todos os 27CREAs, além de possibilitar a composiçãoda base de dados nacional para que oSistema CONFEA/CREA se conheça aindamelhor e também conheça as a�vidadestécnicas realizadas pelos profissionaisaqui reunidos.

O diferencial da ARTO que diferencia a nova ART é o com-

par�lhamento de determinados dadoscom alguns órgãos públicos. Com o Ins-�tuto Brasileiro de Geografia e Esta�s�ca(IBGE), por exemplo, permi�rá basearestatísticas relativas às atividades daengenharia no país. Com os Tribunais deContas Estaduais e da União, ajudará nocontrole do andamento e da u�lização derecursos em obras, empreendimentos eserviços públicos, o que também interes-sa ao Ministério do Planejamento e Orça-mento e à Controladoria Geral da União.

As mudanças da ARTAprovada pelos conselheiros federais

na Plenária nº 1364 do CONFEA, a novaResolução nº 1.025/09 propõe a moder-nização administra�vo-tecnológica doSistema CONFEA/CREA. Entre as prin-

cipais mudanças estão a uniformizaçãode procedimentos, a desburocra�zaçãodo sistema, a integração tecnológica, acriação automá�ca do acervo técnico eo compar�lhamento de informações comoutros órgãos.

De acordo com a nova resolução quetrata da ART e do Acervo Técnico, oregistro deverá ser feito no início ou,dependendo do caso, no decorrer daobra. Para evitar problemas gerados peloregistro de obras prontas, a resoluçãonão permite mais o registro de obrasou serviços já concluídos. No texto, oprofissional só tem a possibilidade deregistrar a ART antes ou durante a obrae não mais após o término.

No que tange à uniformização, os for-mulários, códigos, tabelas e exigênciasdocumentais passam a ser iguais paratodos os CREAs. Para facilitar a vidado profissional, o registro será 100%eletrônico. De posse de um login (iden-�ficação pessoal eletrônica) e senha, oprofissional acessa, a qualquer tempo, asinformações registradas, faz alterações eimprime formulários. Após pagamentoda ART, o formulário defini�vo fica libe-rado para impressão.

Outras mudanças ficam por contada criação e atualização automá�ca doacervo técnico, após o registro e a baixadas ARTs, assim como pelo compar�lha-mento dessas informações com a socie-dade e com órgãos públicos, medianteparceria com o CONFEA e os CREAs.(Fonte CONFEA)

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O link para baixar o aplica� vo está disponível na área No� cias, no

çendereço eletrônico da AEAARP.ço

www.aeaarp.org.brrp rg

William PlacidiEngenheiro civil

Guilherme Henrique Sempionato Souza SantosEngenheiro mecânico

Jose Nazareno Agos�ne� MenezesJose Nazareno Agos� ne� Menezes Engenheiro mecânico

Jose FernandoJose Fernando Nogueira Engenheiro eletricista

RitRita Maria Borges de Moraes Engenheiro Agronomo

Dulce Campos Toledo Engenheira Civil

Gustavo Reis Furlan Guimarães Estudante de engenharia civil

Tassiana Moreira de Brito Estudante de engenharia civil

Larissa Aparecida Rampin Ariede Estudante de engenharia civil

Alexandre Ca� o Pacheco Técnico refrigeração e ar condicionado

novos associados

INSTAPAINEL INSTAPAINEL

notas e cursos

CONSUMO DE ENERGIA

USINAS SOLARES FLUTUANTES

A maior fazenda solar flutuante da Europa está sendo construída em um reservatório naInglaterra. Mais de 23 mil painéis solares fotovoltaicos estão sendo colocados na super�ciedo reservatório Rainha Elizabeth II, perto de Surrey. A fazenda, que terá o tamanho equiva-lente a oito campos de futebol, deverá gerar 5,8 megawa�s-hora de eletricidade. Parte dessaenergia será usada para alimentar o sistema de tratamento de água instalado na própriaenergia será usada para alimentar o sistema de tratamento de água instalado na própria represa. O empreendimento é uma obra conjunta entre a empresa de abastecimento derepresa. O empreendimento é uma obra conjunta entre a empresa de abastecimento de água e a concessionária de energia que atende a região. A plataforma flutuante terá 57.500água e a concessionária de energia que atende a região. A plataforma fl utuante terá 57.500 metros quadrados, composta por mais de 61 mil flutuadores e 177 âncoras. Os painéis so-metros quadrados, composta por mais de 61 mil fl utuadores e 177 âncoras. Os painéis so-lares estão sendo instalados sobre a plataforma em um sistema de construção simples e delares estão sendo instalados sobre a plataforma em um sistema de construção simples e de baixo custo, com as peças sendo montadas em terra e simplesmente lançadas sobre a água.baixo custo, com as peças sendo montadas em terra e simplesmente lançadas sobre a água.

genhariaFonte: InsM tuto de Engenharia

3O estudante de engenharia elétrica daO estudante de engenharia elétrica da 3Universidade Federal do Tocan�ns, ThigorUniversidade Federal do Tocan� ns, Thigor Garcia, desenvolveu o aplica�vo Energiaque permite ao consumidor consultar aqualquer momento do mês o quanto já foigasto de eletricidade. A proposta do apli-ca�vo é mostrar para o consumidor o queele está pagando de forma detalhada, parapoder conter gastos. O uso do aplica�vo ésimples: o consumidor anota as informa-ções do medidor de energia e coloca noaplica�vo. Na sequencia, sai o relatório comtodos os impostos pagos para o governo,a bandeira tarifária, o consumo e o valorda tarifa. O sistema também auxilia noconsumo consciente, pois mostra quantocada aparelho elétrico gasta por hora, oque permite que o consumidor faça umaes�ma�va de quanto irá pagar a mais deenergia ao comprar um novo eletrodomés-�co. O aplica�vo já conta com quase mildownloads e, por enquanto, está disponívelapenas para o sistema Android.

Fonte: Universidade Federal de TocanMnsFonte: Universidade Federal de TocanM ns

1Envie para [email protected] para aeaarp@aeaarp.

org.br uma foto feitorg.br uma foto feita por

você e ela podervocê e ela poderá ser

publicada nesta colunapublicada nesta coluna

O vice-presidente Tapyr Sandroni Jorgerepresentou a AEAARP na reunião da UNACENque aconteceu em Barretos.

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