painel - edição 160 - jul.2008

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Semana do Meio Ambiente, promovida pela AEAARP, debate políticas públicas e ações da iniciativa privada para questões ambientais. painel Ano XI nº 160 julho/2008 Associação de Engenharia, Arquitetura e Agronomia de Ribeirão Preto 2008 anos Semana do Meio Ambiente, promovida pela AEAARP, debate políticas públicas e ações da iniciativa privada para questões ambientais. METRÔ Condeports e AEAARP investem em projeto para modernizar transporte em Ribeirão Preto. A vida na Terra A vida na Terra MOSTRA DE VENEZA Lá fora: além da construção. Brasil na maior exposição de arquitetura do mundo. RECICLAGEM Brasil lidera lista de países com sistemas de destinação de embalagens de defensivos agrícolas.

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Revista oficial da Associação de Engenharia, Arquitetura e Agronomia de Ribeirão Preto.

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Page 1: Painel - edição 160 - jul.2008

Semana do Meio Ambiente, promovida pela AEAARP, debate políticas públicas e ações da

iniciativa privada para questões ambientais.

painelAno XI nº 160 julho/2008 Associação de Engenharia, Arquitetura e Agronomia de Ribeirão Preto

2 0 0 8 a n o s

Semana do Meio Ambiente, promovida pela AEAARP, debate políticas públicas e ações da

iniciativa privada para questões ambientais.

MEtRô Condeports e AEAARP investem em projeto para modernizar transporte em Ribeirão Preto.

A vida na TerraA vida na Terra

MoStRA dE VEnEzALá fora: além da construção. Brasil na maior exposição de arquitetura do mundo.

RECICLAgEMBrasil lidera lista de países com sistemas de destinação de embalagens de defensivos agrícolas.

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60Eng. Civil

Roberto Maestrello

Nos anos de 1970 o Brasil experimentou o milagre econômico. A abertura das rodovias representou o progresso para muitas regiões do país e foi este o período das grandes obras. Não se tinha, à época, consciência de preservação ambiental. Poucas e isoladas vozes diziam o que hoje é praticamente um coro: é necessário explorar com responsabilidade sócio-ambiental e preservar os recursos naturais para que o homem possa contar com eles no futuro.

As profissões da área tecnológica – representadas pela AEAARP – são as que mais intervêm neste meio. Por isso, é no seio desta instituição que queremos travar o debate, justo e necessário, sobre os rumos da preservação ambiental, a necessidade de serem estabelecidas políticas públicas que proporcionem o desenvolvimento e a preservação do meio ambiente e a urgência para que a sociedade crie esta consciência. Foi este o espírito da II Semana do Meio Ambiente, organizada pelo Fórum Permanente de Debates “Ribeirão Preto do Futuro”, e que é relatada nesta edição da Painel.

Aliás, as duas principais reportagens desta revista são reveladoras das necessidades do homem moderno: a preservação, da qual já falamos, e a modernização dos transportes. O engenheiro Edgard Cury, que integra a direção do Condeports, está liderando a elaboração de estudo, envolvendo partes significativas da sociedade, que prevê a criação de um metrô de superfície na cidade. Os trens passarão preferencialmente por cima da terra, aproveitando parte dos leitos ferroviários remanescentes, diminuindo custos e os impactos ambientais.

Estes temas chamam a atenção para uma reflexão urgente entre nós: qual é o nosso papel nesta sociedade que exige cada vez mais a responsabilidade ambiental e como podemos atuar nesta área, valorizando os profissionais envolvidos em todo o processo.

Preservar o planeta é uma questão urgente! Diante disso, onde cabe a preocupação com o ser humano? Com a qualidade de vida que todos nós buscamos e a necessidade de gerar novos postos de trabalho? Alguns estados da Amazônia, como o Acre, criaram até mesmo um vocabulário próprio para tratar destas questões. Lá se fala mais em “florestania” do que em “cidadania”. Desta forma, o homem está aprendendo a usufruir dos bens naturais sem esgotá-los, ainda que existam graves problemas de preservação a serem sanados.

Quando nos debruçamos sobre as questões ambientais precisamos sempre colocar o ser humano neste contexto. Uma notícia veiculada no final do mês passado chama a atenção: na Índia um homem analfabeto adotou um urso. Lá, como aqui, os animais silvestres são protegidos pela lei. O urso foi encontrado por ele um ano atrás, ainda filhote e apartado da família, e se não tivesse recebido os cuidados do tal homem fatalmente teria morrido. Quando a imprensa local noticiou a história, a polícia encarcerou o sujeito, mandou a filha dele de seis anos para um orfanato e alojou o animal em um zoológico. Esta história ilustra a reflexão necessária: quando o senso de preservação extrapola o de respeito ao ser humano, os sinais estão trocados e é necessário revê-los.

Eng. Civil Roberto Maestrello

Presidente da AEAARP

Editorial

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Rua João Penteado, 2237 - Ribeirão Preto-SP - Tel.: (16) 2102.1700Fax: (16) 2102.1700 - www.aeaarp.org.br / [email protected]

Roberto Maestrello José Roberto Hortêncio Romero Presidente Vice-presidente

DIRETORIA OPERACIONALDiretor-administrativo: Pedro Ailton GhideliDiretor-financeiro: Cecílio FráguasDiretor-financeiro Adjunto: Ronaldo TrigoDiretor de Promoção da Ética de Exercício Profissional: José Aníbal Laguna

DIRETORIA FUNCIONALDiretor de Esportes e Lazer: Francisco Carlos FagionatoDiretora Comunicação e Cultura: Maria Inês CavalcantiDiretora Social: Luci Aparecida Silva

DIRETORIA TÉCNICAEngenharia, Agrimensura e Afins: Argemiro GonçalvesAgronomia, Alimentos e Afins: José Roberto ScarpelliniArquitetura, Urbanismo e Afins: Marcia de Paula Santos SantiagoEngenharia Civil, Saneamento e Afins: Luiz Umberto MenegucciEngenharia Elétrica, Eletrônica e Afins: Edson Luís DarcieGeologia e Minas: Caetano Dallora NetoEngenharia Mecânica, Mecatrônica, Ind. de Produção e Afins: Júlio Tadashi TanakaEngenharia Química e Afins: Denisse Reynals BerdalaEngenharia de Segurança e Afins: Edson BimComputação, Sistemas de Tecnologia da Informação e Afins: Giulio Roberto Azevedo PradoEngenharia de Meio Ambiente, Gestão Ambiental e Afins: Evandra Bussolo Barbin

DIRETORIA ESPECIALUniversitária: Onésimo Carvalho LimaDa Mulher: Maria Teresa Pereira LimaDe Ouvidoria: Geraldo Geraldi Junior

CONSELHO DELIBERATIVOPresidente: Marcos Vilela LemosAlexandre Sundfeld Barbin José Fernando Ferreira VieiraCarlos Alberto Palladini Filho Luiz Antonio BagatinEdes Junqueira Luiz Fernando CozacEdgard Cury Luiz Gustavo Leonel de CastroEricson Dias Mello Manoel Garcia FilhoHideo Kumasaka Marcos A. Spínola de CastroHugo Sérgio Barros Riccioppo Maria Cristina SalomãoInamar Ferraciolli de Carvalho Ricardo Aparecido DeBiagiJoão Paulo de S. C. Figueiredo Sylvio Xavier Teixeira Júnior

CONSELHEIRO TITULAR DO CREA-SP REPRESENTANTE DA AEAARPCâmara Especializada em Engenharia Civil: Ericson Dias Mello

REVISTA PAINELConselho Editorial: Maria Inês Cavalcanti, José Aníbal Laguna, Ericson Dias Mello e Hugo Sérgio Barros Riccioppo

Coordenação Editorial: Texto & Cia Comunicação – Rua Paschoal Bardaro, 269, cj 03, Ribeirão Preto-SP, Fone (16) 3916.2840, [email protected]

Editores: Blanche Amâncio – MTb 20907 e Daniela Antunes – MTb 25679

Publicidade: Promix Representações - (16) 3931.1555 - [email protected] Pajolla Júnior / Jóice Alves

Tiragem: 5.000 exemplaresLocação e Eventos: Solange Fecuri - (16) 2102.1718Editoração eletrônica: Mariana Mendonça Nader - [email protected] Impressão e Fotolito: São Francisco Gráfica e Editora Ltda.Fotos: Ezequiel Pereira e Texto & Cia.

Painel não se responsabiliza pelo conteúdo dos artigos assinados. Os mesmos também não expressam, necessariamente, a opinião da revista.

AssociAçãode engenhAriA ArquiteturA e AgronomiA de ribeirão Preto

TransporTe 06Metrô de superfície deve modernizar transporte em Ribeirão Preto

reciclagem 09Brasil inova em sistema de destinação de embalagens de fitossanitários

presidenTes 10Conheça os homens que dirigiram a AEAARP

semana do meio ambienTe 11A “Era das conseqüências” em debate

consTrução civil 19Diretrizes para os projetos de gestão de resíduos da construção civil

HisTória 20Centenário da imigração japonesa

biblioTeca 21Livro desvenda bastidores da lei que saneou a paisagem urbana de SP

inovação Tecnológica 22São Paulo desenvolve projeto inovador para lixo eletrônico

crea 23Prêmio CREA-SP 2008 destacou excelência dos alunos da área tecnológica

urbanismo 24“Não arquitetos” vão à Mostra Internacional de Arquitetura

noTas 25

inTeriores 26Projetos de interiores apostam no minimalismo

Índice

Expediente

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TRANSPORTE

Há 125 anos, a Companhia Mogiana de Estradas de Ferro chegou a Ribeirão Preto, à época uma cidade com economia eminentemente rural, ruas sem calçamento e nenhum carro. Hoje, a estrada de ferro já não é mais sinônimo de modernidade, como foi naquela época. Os trilhos que restaram na área urbana estão, em sua maioria, abandonados e a disputa que há sobre eles versa mais pela retirada do que pelo seu aproveitamento. O engenheiro Edgard Cury, vice-presidente paulista do Condeports-Conselho Público-Privado de Desenvolvimento Econômico e Social dos Portos, Aeroportos e Infra-Estrutura do Estado de São Paulo, recolheu

ART para a elaboração de um projeto que faça da região da rotatória Amim Calil um terminal rodo-ferroviário e, do pátio de manobra dos trens da estação ferroviária, um centro de logística que integre o aeroporto, já internacionalizado.

“Temos de pensar a cidade para os próximos 50 anos”, afirma o engenheiro, que pretende reunir em torno da idéia profissionais técnicos e entes públicos. A AEAARP, por meio

do Fórum “Ribeirão Preto do Futuro”, vai debater e colaborar com o projeto. Edgard explica que a primeira vez que o metrô de superfície entrou em pauta foi no ano passado, durante uma reunião do Comur-Conselho Municipal de

Metrô de superfície deve modernizar

AEAARP6

Rua da Estação. Autor não identificado. Acervo: Arquivo Público e Histórico de Ribeirão Preto.

“ “É consenso que a cidade

precisa de uma solução para a

área de transporte urbano

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Urbanismo. “É consenso que a cidade precisa de uma solução para a área de transporte urbano”, diz o engenheiro.

Tal consenso ecoa no Palácio Rio Branco. O prefeito Welson Gasparini está “estudando quais os melhores setores que deverão estar representados” na comissão de estudos para a implantação do metrô na cidade, antecipada pela Painel na edição de abril deste ano (edição 158, página 06 – “Dos bondinhos ao metrô”). “Nossa idéia é ter a representação de setores que tenham condições técnicas de avaliar o assunto e também dos possíveis beneficiários desse tipo de transporte”, afirma o prefeito em entrevista respondida por e-mail à revista Painel.

Enquanto o metrô não chega, Gasparini conta com a construção de dois viadutos na avenida Castelo Branco, com recursos do governo do Estado. As propostas das empresas que se habilitaram na licitação seriam abertas no dia 30 de junho (após o fechamento desta edição). Para desfazer o nó que o grande volume de carros proporciona à cidade, Gasparini defende agilidade. “Um planejamento mais rápido do crescimento da cidade. E isto temos tentado fazer nos últimos tempos quando da aprovação de novos empreendimentos”, diz.

RecursosEdgard Cury informou que já

conversou com secretarias municipais de Ribeirão Preto e associações de classe representativas da cidade para formar uma equipe multidisciplinar para iniciar os estudos para o novo projeto. Ele disse também que o Condeports “já assumiu” o projeto e está trabalhando para captar recursos para o mesmo.

Como a questão do transporte na cidade é um dos assuntos complexos, Cury defende que seja criada uma agência reguladora. “Não se faz um projeto grandioso para planejar, otimizar e modernizar o transporte num município do porte de Ribeirão Preto em uma única gestão; isso não pode depender do mandato de um prefeito, daí a importância de se criar uma agência reguladora”.

transporte em Ribeirão PretoVulcão de 60 milhões de anos inviabiliza metrô

subterrâneoO projeto gestado no Condeports

e na AEAARP pode usar os trilhos remanescentes da estrada de ferro que ainda estão na área urbana e fazer do leito do Ribeirão Preto, ao longo da Via Norte, um corredor para o metrô de superfície. O investimento pode partir da parceria da iniciativa pública com o setor privado, sendo objeto de concessão.

“O automóvel simboliza o individualismo”, avalia Edgard. Ele acredita que a união dos organismos técnicos, como a AEAARP e o Condeports, a entidades representativas como a ACIRP-Associação Comercial e Industrial de Ribeirão Preto, a Prefeitura Municipal, governo do Estado e Ministério das Cidades, é o elemento necessário para que a cidade desponte como a primeira do interior do país a contar com um metrô de superfície utilizando a malha ferroviária já existente.

Considerando que há 100 anos nenhum automóvel circulava na cidade e que hoje é este o meio de transporte mais utilizado pelos ribeirão-pretanos – são mais de 300 mil segundo dados oficiais – o debate é um avanço necessário.

As rochas que compõem o solo da cidade inviabilizam o metrô subterrâneo, segundo Edgard. A cidade está sobre um vulcão de 60 milhões de anos e pedreiras compõem o subsolo, tomado ainda pelo Aqüífero Guarani. “As questões ambientais também inviabilizariam esta intervenção”, diz o engenheiro.

O metrô, entretanto, não deve ser uma conquista isolada da cidade. Assim como não é sua economia e os serviços que presta. A vocação de sede regional deve ser refletida na gestação destas idéias, considerando tanto o transporte público ferroviário quanto a internacionalização do aeroporto uma conquista da região da Alta Mogiana.

Revista Painel 7

Pensar a cidade para os próximos 50 anos inclui investir em ações que incrementem o aporte de recursos públicos. Uma destas iniciativas embala discursos políticos e tramita na ALESP-Assembléia Legislativa do Estado de São Paulo. O deputado estadual Baleia Rossi é autor do Projeto de Lei Complementar 77/07 que cria a Região Metropolitana de Ribeirão Preto e estabelece outros dispositivos legais necessários a esta ação. A íntegra do projeto está disponível na internet e pode ser acessada no site da Assembléia: www.al.sp.gov.br.

As cidades da região metropolitana

• Altinópolis• Batatais• Barrinha• Brodowski• Cajuru• Cássia dos Coqueiros• Cravinhos• Dumont• Guariba• Guatapará• Jaboticabal• Jardinópolis• Luiz Antonio• Monte Alto• Morro Agudo• Nuporanga• Orlândia• Pitangueiras• Pontal• Pradópolis• Ribeirão Preto• Sales de Oliveira• Santa Cruz da Esperança• Santa Rita do Passa Quatro• Santa Rosa do Viterbo• Santo Antônio da Alegria• São Joaquim da Barra• São Simão• Serra Azul• Serrana• Sertãozinho• Taquaral• Taquaritinga

Ribeirão Preto, região metropolitana

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AEAARP8

TRANSPORTE

A viagem de ônibus por Ribeirão

O transporte público de Ribeirão Preto é composto por uma frota de 308 ônibus, com idade

média de 3,5 anos. Três empresas permissionárias operam na cidade – TURB, TRANSCORP e Rápido

D’Oeste – transportando uma média mensal de 5,19 milhões de passageiros por mês, sendo 4,01 milhões de pagantes e 1,18 milhões de não pagantes.Segundo a Transerp, o Serviço Complementar Leva e Traz é oferecido em 30 rotas e operado por 28 microônibus, sendo prestado por uma cooperativa remunerada pelas três empresas permissionárias. Este serviço atende regiões periféricas da cidade com baixa ocupação

populacional ou de difícil acesso para o ônibus, interligando-as, com isenção de tarifa, a 16

pontos de conexão com linhas regulares de transporte coletivo convencional

existentes em bairro vizinho.

financeira e acaba encampada pelo governo do Estado de São Paulo, em 1952. Nesse ano, inicia o processo de dieselização com aquisição das primeiras locomotivas diesel-elétricas. Ela ainda luta, fabricando carros metálicos e comprando novos vagões de carga, mas os seguidos déficits levam à unificação das ferrovias paulistas, surgindo a Fepasa-Ferrovia Paulista S/A em 1971. Já em 1970 restavam apenas 1.500 quilômetros de linhas, com vários ramais desativados entre 1956 e 1970.

A Fepasa, privatizada em fins de 1998, não consegue manter os níveis de serviços, principalmente o transporte de passageiros, provocando a total extinção dessa modalidade.

A CM tinha oficinas em Campinas (uma das maiores e mais completas do Brasil), Ribeirão Preto e Uberaba.

Além de depósitos de locomotivas em Aguaí e Guaxupé. Em Campinas foram fabricados locomotivas a vapor, carros de passageiros, vagões de carga e inúmeros componentes. Serviu as cidades de Campinas, Jaguariúna, Amparo, Socorro, Serra Negra, Mogi Mirim, Mogi Guaçu, Aguaí, Casa Branca, São José do Rio Pardo, Ribeirão Preto, Franca, Uberaba, Uberlândia, Araguari, Poços de Caldas, São João da Boa Vista, São Simão, Itapira, Mococa, Guaxupé, Passos entre outras.

Fonte: www.cmef.com.br

A MogianaA Companhia Mogiana de Estradas

de Ferro fundada em março de 1872 teve quase 2.000 quilômetros de linhas em São Paulo e Minas Gerais até 1971, quando foi incorporada à Fepasa.

O primeiro trecho da Mogiana foi inaugurado em maio de 1875, ligando Campinas a Jaguariúna, na época Jaguary. Em agosto do mesmo ano a linha chegava a Mogi Mirim e em 15 de novembro era inaugurado o ramal entre Jaguariúna e Amparo. O último trecho foi inaugurado em 1921, em Passos-MG.

A Mogiana teve seus primeiros 50 anos marcados pela expansão. Em 1936, cria a Companhia Mogiana de Transportes, mais tarde Rodoviário da Cia. Mogiana. A segunda metade de sua vida é marcada pela crise

Oficina de Campinas nos anos 1930. Foto do Museu da Cia. Paulista, em Jundiaí. Fonte: www.cmef.com.br

Propaganda publicada na Revista Ferroviária, setembro de 1957. O número 3003 é integrante do sistema de numeração de locomotivas a vapor. No final do mesmo ano ela recebe o número 103 e fica com ele até a incorporação à Fepasa.(Foto extraída do acervo de revistas do Museu da CP - Jundiaí)Fonte: www.cmef.com.br

Estação Mogiana (Centro). Fonte: “Ribeirão Preto - Retratos da Terra”. Acervo: Arquivo Público e Histórico de Ribeirão Preto.

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das embalagens vazias. A unidade tem capacidade de pro-cessamento de 4.500 toneladas anuais de plásticos, inicial-mente para a produção de resinas pós-consumo; a partir de 2009, estará estruturada para fabricar embalagens plás-ticas, inclusive para a indústria de defensivos agrícolas.

Legislação - A legislação federal (Lei no. 9.974/2000) determina responsabilidades para o agricultor, o canal de distribuição, o fabricante e o poder público. O inpEV foi criado para representar a indústria fabricante de defensi-vos agrícolas no papel de conferir a destinação final às embalagens devolvidas pelos agricultores.

Atualmente, o Brasil figura na liderança entre os países que possuem sistemas de destinação final de embalagens de defensivos agrícolas. Do volume comercializado, foram destinados cerca de 80% do total de embalagens vazias co-locadas no mercado e 96% do total de embalagens primá-rias (aquelas que entram em contato direto com o produto). A Alemanha destina atualmente 60%; a Austrália, 50%; a França, 45%; e os EUA, menos de 20%.

Com o material resultante da reciclagem são fabricados 12 artigos como barricas de papelão, conduítes, caixas de passagem de fios elétricos, embalagem para óleo lubrifi-cante, sacos plásticos para lixo hospitalar, entre outros.

A Campo Limpo Reciclagem e Transformação de Plásticos S.A., em-presa idealizada pelo Instituto Nacional de Processamento de Embala-gens Vazias, o inpEV, foi constituída para fechar o ciclo da gestão das embalagens pós-consumo dentro da indústria fabricante e promover a auto-sustentabilidade do sistema de destinação final de embalagens vazias de defensivos agrícolas. Localizada em Taubaté (SP), a recicla-dora já recebeu investimentos de R$ 8 milhões, sendo que mais R$ 20 milhões serão investidos até o ano de 2011. Composta por 31 acionis-tas, a unidade é uma experiência única no mundo ao propor a pro-dução de novas embalagens a partir da reciclagem e transformação

Brasil inova em sistema de destinação de

RECICLAGEM

embalagens de fitossanitários

Revista Painel 9

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Agricultor fazendo a tríplice lavagem em embalagem vazia.

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Esta nova edição da Revista Painel apresenta mais quatro profissionais que dirigiram a Associação e, durante suas gestões, ajudaram a escrever parte da história da entidade: José Antonio Barbosa, Durval Soave, José Augusto Corsini de Barros e José Aníbal Laguna.

Para ajudar a escrever esta história, a AEAARP solicita às pessoas que tiverem algum documento referente à trajetória da entidade, que colabore cedendo cópia para auxiliar na reconstrução dos 60 anos da Associação.

Conheça os homens que dirigiram a aeaarP

AEAARP10

José Augusto Corsini Monteiro de Barros - Gestão 1982-1984Ao final do mandado, estava iniciando as obras de terraplanagem para a construção da atual sede da AEAARP. Com a FAEASP em pleno funcionamento, e sendo seu presidente, passou a ter acesso direto ao CREA e conseguiu aprovar o processo de registro da AEAARP junto ao Conselho. Assim Ribeirão Preto passou a ter conselheiros no CREA. “O primeiro conselheiro foi o engenheiro Carlos Eduardo Epaminondas França e indiquei por telefone”, conta. “Conseguimos também aprovar um projeto na Câmara Municipal que determinava que todos os projetos que tratassem de questões técnicas fossem encaminhados para receberem o parecer da AEAARP; hoje não é mais assim”, lembra. Segundo o ex-presidente, ao final do mandato, a entidade já somava quase 1.000 associados e os jantares em comemoração ao Dia do Engenheiro já reuniam mais de 400 pessoas. “O convênio para atendimento médico que firmamos e a própria atuação junto ao CREA ajudaram muito a alavancar esse número”, analisa.

José Antonio Barbosa - Gestão 1973-1976Engenheiro arquiteto, formado pela Universidade Federal de Minas Gerais, em BH, José Antonio Barbosa é natural de Franca. Vive em Ribeirão Preto e, como todos os demais ex-presidentes que falaram à Painel, lembra que os dirigentes da Associação trabalhavam muito para conquistar novos associados e para aproximar a entidade da Prefeitura Municipal, colocando à disposição dos governantes locais o conhecimento técnico dos associados para a discussão das políticas de urbanização do município. “Para trazermos novos associados, argumentávamos que era importante fortalecer a Associação para que ela tivesse um peso cada vez maior na sociedade e, desta forma, conseguíamos sempre um novo colega”, conta.

Durval Soave - Gestão 1976-1978

Arquiteto, formado pela FAU-USP em 1962, fez pós-graduação em Engenharia de Segurança do Trabalho. Teve participação ativa na AEAARP. Foi membro do Conselho Deliberativo de 1993 a 1997 e foi inspetor do CREA por duas vezes.

José Augusto Corsini Monteiro de Barros - Gestão 1978-1980Engenheiro mecânico, assumiu a presidência com 27 associados com pagamento de anuidade em dia e, ao final do mandato, contabilizava cerca de 360 nomes. Mudou o Estatuto da então Associação dos Engenheiros, que passou a ser Associação de Engenheria, Arquitetura e Agronomia de Ribeirão Preto, e deu uma nova configuração à diretoria “bem próxima do que é hoje”, criando as diretorias de Arquitetura, Engenharia e Agronomia, além do Conselho Deliberativo. Lançou também o Prêmio “Engenheiro do Ano”, em parceria com a Cohab, que patrocinava a premiação. Maomé Cozac foi o primeiro premiado e o segundo foi o criador José Augusto Corsini Monteiro de Barros, que já não era presidente quando foi reconhecido. Assinou convênio com a Unimed – “o primeiro convênio que a cooperativa firmou com uma entidade de classe na cidade”, diz. Ao final do mandato, estava fundada a Federação das Associações de Engenharia, Arquitetura e Agronomia do Estado

de São Paulo e que teve como presidente por dois mandatos consecutivos o próprio engenheiro José Augusto Corsini Monteiro de Barros. “Graças a isso, a AEAARP passou a ter efetiva participação junto à classe em nível estadual”, diz.

José Aníbal Laguna - Gestão 1980-1982Quando foi diretor de Comunicação do ex-presidente José Augusto, Aníbal Laguna entendeu que o Jornal Painel era uma importante ferramenta de comunicação e integração e tratou de trabalhar por ele. Correu atrás de patrocínios e ajudou o jornal a crescer. Na época, lançou o projeto Gama que tinha como objetivo principal a valorização do profissional por meio do uso da Caderneta de Obras, além disso, previa maior fiscalização das obras na cidade e outros meios que tinham como fim a limitação do trabalho de leigos. “O projeto Gama foi recebido com muita resistência pela sociedade, especialmente na Câmara Municipal. Um vereador trabalhou fortemente para derrubá-lo e conseguiu”, lamenta Laguna. Segundo ele, “os vereadores julgavam que o projeto provocaria aumento do custo da construção na cidade, mas ele dava segurança à construção e, além disso, contemplava o lado social, pois previa doação de plantas para obras abaixo de 50 m2”, explica. Para Laguna, sua administração teve como saldo positivo o maior participação dos associados na entidade. “Não sei qual foi o grande motivo, mas acho que cativamos o pessoal com energia”, resume.

PRESIdENTES

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Os aspectos jurídicos, sociais, culturais, econômicos e tecnológicos que envolvem as questões ambientais pautaram a II Semana do Meio Ambiente, promovida pela AEAARP e organizada pelo Fórum Permanente de Debates “Ribeirão Preto do Futuro”. A programação integra a comemoração pelos 60 anos da fundação da entidade. Organizada sob a coordenação do engenheiro Ericson Dias Mello, a Semana revelou debates necessários para o avanço das políticas públicas e ações da iniciativa privada que tenham como foco a preservação do meio ambiente aliada ao desenvolvimento econômico e social.

a

SEMANA dO MEIO AMbIENTE

“era das conseqüências”em debate

A era da procrastinação, das meias medidas, dos expedientes que acalmam e confundem, a era dos adiamentos está chegando ao fim. No seu lugar,

estamos entrando na era das conseqüências. ¨

Winston Churchill, 1936

As profissões da área tecnológica respondem por 70% do PIB-Produto Interno Bruto nacional. Mello afirma que esta discussão é relevante entre os profissionais representados pela AEAARP, entretanto a preocupação ambiental não pode estar restrita a um segmento da sociedade. “A questão ambiental está afeta não somente às grandes decisões, mas às pequenas ações cotidianas”, disse.

Lançado durante a II Semana do Meio Ambiente, o prêmio terá a primeira edição em 2009. Até lá serão definidos os critérios de escolha dos projetos, desenvolvidos por pessoas físicas ou jurídicas. A AEAARP é a única entidade de Ribeirão que investe neste tipo de ação, valorizando os projetos e os profissionais por ela representados.

Prêmio AEAARP de Meio Ambiente

Oficina de reciclagem O engenheiro Vagner Cardoso, da Secretaria Municipal do Meio Ambiente, comandou uma oficina de reciclagem que reuniu duas dezenas de pessoas interessadas em conhecer – e exercitar – o processo de fabricação do papel a partir de jornais. E a Semana abriu suas atividades entregando, como brinde, pequenas barras de sabão em pedra a todos os participantes do encontro.

Leia a seguir os principais temas abordados nas 13 mesas de debates formadas nos três dias de evento na sede da AEAARP, reunindo um público de mais de 400 pessoas.

Cerca de 200 pessoas atenderam ao convite da AEAARP no primeiro dia do evento

Ricardo Trinca, Gilberto Pinhata, Ademir Alves do Amaral, Marcos Villela Lemos, Roberto Maestrello, Marcos Spínola, Francisco Kurimori e Ericson Dias Mello na abertura solene do evento

Revista Painel 11

O presidente Roberto Maestrello fez a abertura do evento ao lado dos engenheiros Marcos Villela Lemos, presidente do Conselho Deliberativo, Ericson Mello, Gilberto Pinhata, Marcos Spínola, Francisco Kurimori e Ademir Alves do Amaral, superintendente operacional do CREA-SP. Um coquetel foi servido aos convidados.

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Meio ambiente e tributação: influência tributária sobre créditos de carbono

O advogado tributarista Evandro Grilli, do escritório Brasil Salomão e Matthes Advocacia, afirmou em sua palestra que a carga tributária que incide sobre os projetos de RCE-Reduções Certificadas de

Emissões, documento expedido pela ONU-Organização das Nações Unidas a empresas que investem em Mecanismos de Desenvolvimento Limpo inviabiliza os projetos no Brasil. Ele integrou uma equipe de advogados que estudou a legislação brasileira para determinar o enquadramento tributário destas ações. A conclusão, apresentada na AEAARP, é a de que os impostos brasileiros consomem 34% do investimento. O Brasil foi pioneiro no desenvolvimento de projetos de RCE, com uma experiência realizada em um aterro sanitário em Nova Iguaçu (RJ). “Estamos deixando o bonde passar”, disse Grilli, que informou que o país foi líder em projetos desta natureza durante vários anos, mas já foi ultrapassado pela Índia e pela China. Ele vê nestes projetos, popularmente conhecidos como “crédito de carbono”, a oportunidade de o Brasil atrair investimentos e conquistar o desenvolvimento sustentável. Ele defendeu a desoneração na aquisição de equipamentos para projetos de RCE.

SEMANA dO MEIO AMbIENTE

Influência da arborização no meio ambiente urbano

O engenheiro Marcelo Crestana, da CATI, abriu a programação ressaltando a importância da arborização e como a preservação influencia na condição climática. “As árvores são as maiores plantas do planeta”, disse, durante uma apresentação didática sobre os benefícios e malefícios que projetos de arborização podem proporcionar ao ambiente urbano e rural. Estes projetos dependem de técnica para terem seus efeitos alinhados às necessidades dos homens e das lavouras. Ele demonstrou as espécies de árvores ornamentais, que não dependem somente de flores para exibirem a beleza.

Ações de fiscalização do exercício profissional na área ambiental

“Os profissionais da área de tecnologia são os que mais interferem no meio ambiente”, segundo a engenheira florestal Evandra Barbim, coordenadora adjunta da Comissão Permanente de Meio Ambiente do CREA-SP. Ela foi mediadora da apresentação de Zildete Prado, coordenadora da Comissão. Segundo ela, o primeiro avanço foi justamente o fato de esta instância tornar-se permanente, uma vez que tinha somente o status de especial.

Zildete está coordenando um grupo que elabora um plano de trabalho que definirá, entre outras coisas, um manual de fiscalização para o setor, abrangendo tanto o meio ambiente quanto os recursos hídricos. Este material vai municiar fiscais, inspetores e conselheiros do CREA-SP com informações técnicas e legais que possibilitarão uma atuação eficaz.

AEAARP12

O trabalho, segundo ela, adequa o manual do CONFEA à realidade paulista que, por ser o estado mais populoso e industrializado do país, necessita de informações e regras diferenciadas para a fiscalização. Além disso, a Comissão já está desenvolvendo uma nova área no site do CREA-SP com as “boas práticas ambientais” e espaço para a publicação de trabalhos já efetuados nesta área. “Será um mini-portal ambiental, onde vamos socializar as informações”, disse.

José Gilberto de Campos, superintendente de relações institucionais do CREA-SP, disse que a “alavanca” da questão ambiental surgiu em 1992, na convenção da ONU batizada de Rio 92. O marco seguinte foi o surgimento do Protocolo de Quioto, em 1997. “Nas décadas de 1960 e 1970 era comum ouvir que derrubaram uma mata para plantar soja e milho”,

conta. Na construção civil ele lembrou que a propaganda ressaltava o uso de peroba rosa e ipê.

A regulamentação das profissões tecnológicas explicita a interferência deste profissional no meio ambiente, e o código de ética preconiza que esta ação deve ser pautada pelo respeito ao meio ambiente. É neste sentido que as ações de fiscalização do CREA-SP estão pautadas. Um dos exemplos apresentados por ele foi o projeto piloto que está em andamento na bacia do Rio Paraíba do Sul. Uma ação conjunta fiscalizou empresas e obras alocadas naquela região.

Um projeto semelhante será desenvolvido na bacia do Rio Pardo e os fiscais da região de Ribeirão Preto reuniram-se durante esta apresentação para receber orientações para implantarem o projeto.

Ademir Alves do Amaral, superintendente operacional do CREA-SP, apresentou o Rio Tietê como um exemplo de que “o homem é capaz de destruir e também de melhorar” o meio ambiente. Mais de mil quilômetros do rio foram recuperados e em várias regiões do estado os trechos são atrativos turísticos. Os representantes do CREA-SP explicaram que as questões identificadas pelos fiscais e que fugirem da competência do Conselho serão encaminhadas às comissões das bacias hidrográficas já implantadas. O engenheiro José Carlos de Freitas e Silva, do DAEE-Departamento de Águas e Energia Elétrica, órgão ligado ao governo do estado, explicou aos fiscais qual é a atuação nesta região, uma vez que dará apoio às ações já iniciadas pelo CREA-SP.

Evandro Grili

Ademir Alves do Amaral, José Gilberto Pereira de Campos, Evandra Barbim e Zildete Prado

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Legislação profissional e a nova sistemática de atribuições profissionais

O engenheiro Ericson Dias Mello, docente do Centro Universitário Moura Lacerda, expôs durante sua apresentação a evolução da legislação que regula as profissões tecnológicas. “Nas décadas de 1960 e 1970 a questão ambiental, que está na agenda do país, não tinha o corpo que tem hoje”, afirmou. Antes de 2005 não havia resolução que tratasse deste tema, apesar de a Engenharia Ambiental ter sido criada por portaria do MEC-Ministério da Educação em 1994. A partir da conscientização em relação ao tema ele começou a integrar os currículos dos cursos universitários.

Uma deficiência na formação que ainda persiste, na visão do engenheiro, é a ausência da disciplina de Biologia nos cursos de graduação. “Nenhuma engenharia tem só a ambiental”, informou. Dias Mello afirma que as atribuições profissionais são alteradas de acordo com as necessidades de especialização que são determinadas pelo exercício profissional.

O arquiteto João Carlos Correia, docente do Centro Universitário Barão de Mauá e diretor de Educação do CREA-SP, apresentou as atribuições definidas pela Resolução 1010/2005. Segundo sua avaliação, a questão ambiental é obrigatória para todos os profissionais da área tecnológica, uma vez que envolve impactos ambientais.

Atividades agropecuárias e florestais e sua influência no meio ambiente

Alfredo José Barreto Luiz, engenheiro da unidade da Embrapa em Jaguariúna, afirmou que o esgotamento dos recursos naturais não fez parte do imaginário popular durante várias décadas. O modelo de exploração do meio ambiente

não tinha preocupação com o esgotamento dos recursos. Ele estabeleceu uma relação entre a ida do homem ao espaço, o fato de sermos a primeira geração a vermos o planeta Terra “de fora” e os primeiros movimentos alertando sobre a finitude dos recursos, que aconteceram a partir de 1970.

Apesar de não haver uma relação direta de causa e efeito, o fato é que a mudança climática avança a passos largos, com crescente emissão de carbono na atmosfera registrada desde a década de 1950. Experiências como o etanol são aplaudidas pelo engenheiro, uma vez que substitui a queima de combustíveis fósseis. Porém, a monocultura da cana-de-açúcar é uma preocupação constante. “Não se pode colocar todos os ovos em uma mesma cesta”, disse. Ele alertou que há risco econômico e epidemiológico na monocultura, que é crescente no estado de São Paulo.

A prática não é isolada do ponto de vista histórico. O mesmo movimento aconteceu com as culturas de borracha, cacau, café e até mesmo de pau-brasil. Hoje, afirmou Barreto Luiz, o país importa cacau, que já foi uma das maiores riquezas nacionais, e o estado de São Paulo é o maior produtor de borracha, apesar de esta cultura ter sido iniciada no norte do país. A avaliação de Luiz é a que os municípios investem mais na preservação do meio ambiente porque sentem mais o efeito da degradação.

A árvore mais antiga do paísAlfredo José Barreto Luiz finalizou a apresentação

expondo a imagem do jequitibá de 3,5 mil anos, a árvore mais antiga do país, que fica no Parque do Vassununga, em Santa Rita do Passa Quatro. Ela resistiu às alterações climáticas e à exploração humana durante muitos séculos e ele espera que o ser humano deixe na terra algo tão durável quanto esta árvore. A árvore mais antiga do planeta foi identificada recentemente na Suécia, é da espécie Picea abis e tem 9.550 anos.

O engenheiro Denizart Bolonhezi, da APTA Regional, defendeu a agricultura conservacionista como forma de preservar o meio ambiente. “Não tem jeito de produzir alimento sem impacto ambiental”, disse. Bolonhezi fez de sua apresentação um discurso em defesa da produção de etanol, do protagonismo brasileiro na produção de energia limpa e da importância da conscientização dos produtores sobre a necessidade de investir em tecnologias de plantio que preservem inclusive suas próprias lavouras.

Ele é um defensor do plantio direto, uma vez que a palha da cana deixada no campo aumenta a biodiversidade e protege o solo. Ao contrário da exploração desregrada, a agricultura conservacionista reduz a emissão de gases, produz nitrogênio e controla a erosão.

Bolonhezi alertou que as críticas internacionais direcionadas ao Brasil sobre a produção de etanol são injustas. Segundo ele, os EUA produzem mais milho, usado para a produção de biocombustíveis, do que a produção brasileira de grãos. O ganho energético, entretanto, é menor. “O setor sucro-alcooleiro não é o vilão que passa na mídia”, disse.

João Carlos Correia e Ericson Dias Mello

Denizart Bolonhesi, José Roberto Scarpellini e Alfredo José Barreto Luiz

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Aspectos gerais das áreas de preservação permanente em área urbana

A palestra da advogada Mariel Silvestre, presidente do Condema, tratou da insegurança jurídica das APPs. Em sua visão, este fato “facilita” a atuação daqueles que não têm interesse em cumprir o Plano Diretor e pode gerar conflitos desnecessários. Ela apresentou um histórico da evolução da legislação, desde os anos de 1960. “O que temos é uma colcha de retalhos”, afirmou.

As APPs, ressaltou, limitam o uso da propriedade privada, por isso precisam de um regime jurídico seguro, tanto para o proprietário quanto para a sociedade, que vai usufruir da função social daquele espaço. A base da legislação é o Código Florestal, alterado por força de lei e de medidas provisórias desde os anos de 1930.

O foco desta legislação era a propriedade rural, motivado principalmente pela realidade da época. A Constituição de 1988 e a evolução do direito estabeleceram a função social da propriedade. Estas novas decisões excluíram a aplicação da antiga legislação às áreas urbanas. Mas esta história, conforme ressaltou a advogada, ainda está sendo escrita pelos legisladores e precisa da atuação da sociedade civil organizada para que as determinações caibam na realidade.

Programa de gestão de resíduos da construção civil: experiências de Ribeirão Preto

A responsabilidade dos geradores de resíduos sobre sua destinação pautou as intervenções desta mesa de debates. José Batista Ferreira, diretor regional do Sinduscon-SP, apresentou o Programa de Destinação de Resíduos da Construção Civil, que estabelece regras para a coleta, transporte e destinação de resíduos que está em fase de implantação.

Resíduos da Construção Civil.

Resíduos MisturadosDiversos.

Galhos e Folhas, Jardins,Terra.

Fon

te:

SIN

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N-S

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Batista, Graminha e o engenheiro Wilson Luiz Laguna defenderam a padronização das caçambas por cores, o que definirá o tipo de resíduo que cada uma levará, assim como uma ampla campanha de comunicação para conscientizar a população sobre a deposição de lixo comum nas caçambas

SEMANA dO MEIO AMbIENTE

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Ele defende que o poder público municipal, que integra o grupo de trabalho, transfira para a iniciativa privada a gestão e exploração desses serviços. Segundo levantamento do Sinduscon-SP, a Prefeitura terá uma economia de cerca de R$ 3 milhões por ano com esta decisão, além do ganho social ao inserir no mercado formal de trabalho os catadores de lixo autônomos. Estas pessoas já estão sendo treinadas por meio de um convênio com o Senai e o objetivo é que esta mão-de-obra possa ser absorvida posteriormente pela construção civil.

Por falta de um local específico para a deposição dos resíduos da construção, eles são despejados em locais inadequados o que, segundo Batista, tem causado desconforto às empresas. Duas construtoras da cidade tiveram os certificados de qualidade negados em decorrência da falta de informação precisa sobre o tema. Este foi um dos motivos que levou o Sinduscon a investir no projeto. Já foram gastos R$ 2 milhões para a aquisição de um terreno onde será implantado o primeiro “Recitulho”, como foi batizado. Batista diz que as empresas não têm o objetivo de “ganhar dinheiro” com o entulho e afirma que a defesa da exploração pela iniciativa privada não tem ressonância no poder público.

A produção de resíduos evolui principalmente entre os chamados “geradores formais”, ou seja, as construtoras, mas o geólogo Celso Graminha, coordenador do Grupo de Saneamento dos Resíduos da Construção Civil da Secretaria Municipal do Meio Ambiente, avalia que possa haver queda em decorrência das novas tecnologias aplicadas à construção. Desde a poda de árvores até pequenas reformas em residências são responsáveis por pelo menos 80% dos resíduos que não têm destinação correta na cidade. Graminha informou que ainda este ano a Prefeitura entregará dois pontos de coleta de entulho, já licitados. Um deles será na antiga pedreira Ortolan. Neste caso, o entulho depositado será usado para recuperar a área explorada. Graminha disse que a Guarda Civil municipal e equipes da Fiscalização Geral estão capacitadas para aplicar a legislação vigente, autuando e punindo aqueles que desrespeitarem as normas de deposição dos resíduos (veja artigo do geólogo sobre o tema). Em 2008 o investimento público neste projeto está consolidado em R$ 360 mil e para o próximo ano a Secretaria pleiteia R$ 4,6 milhões do orçamento municipal.

Mariel Silvestre

Celso Graminha, José Batista Ferreira, José Alfredo Pedreschi Monteiro, Wilson Luiz Laguna e Silvana Resende

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Brechó da Construção

O Projeto de Lei da vereadora Silvana Resende, aprovado pela Câmara, integra o Programa de Gerenciamento de Resíduos Sólidos da Construção Civil. A proposta é disponibilizar materiais que são descartados e repassá-los a pessoas que se interessem por eles. Afinal, o que não serve para alguns pode ser útil para outras pessoas.

O engenheiro José Alfredo Pedreschi Monteiro, coordenador adjunto do Fórum Permanente de Debates “Ribeirão Preto do Futuro” disse que a previsão de economia do poder público expressado por Batista é modesta, tendo em vista os ganhos sociais e ambientais que o programa vai gerar (veja artigo).

Educação ambiental: uma proposta sustentável

A arquiteta Flávia Buischi Olaia, docente do Centro Universitário Barão de Mauá, apresentou o projeto de educação ambiental desenvolvido em conjunto com a Universidade Federal de São Carlos. Ela é autora do projeto, iniciado quando cursava a graduação. À época, em meados de 1980, poucas informações sobre a reserva natural estavam disponíveis.

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destinadas à coleta de resíduos de construção – ou de poda de árvores e outras ações de iniciativa privada ou pública.

Wilson Laguna apresentou um histórico da destinação dos resíduos na cidade. O aumento da produção de entulho nos anos de 1990 motivou o investimento em um estudo de destinação, que culminou em uma usina de reciclagem, que ficou ativa por cerca de três anos.

Wilson Laguna alertou que todos os agentes envolvidos na produção, no transporte e na deposição dos resíduos devem trabalhar em harmonia. Assim como seus colegas de mesa, defendeu punições rígidas para aqueles que depositam lixo comum em caçambas destinadas aos resíduos. Ele fez esta observação pautada em números. Segundo ele, há alguns anos, toneladas de cabelo humano, fezes humanas e de animais são encontrados misturados ao entulho diariamente, o que compromete a reutilização. “Chega muito lixo junto; tem de estar o mais puro possível para o reuso”, afirmou.

A vereadora Silvana Resende (PSDB) representa o Legislativo no grupo de trabalho liderado pelo Sinduscon-SP e concordou com Wilson Laguna. Ela afirma que “infelizmente” a punição deve ser o caminho para que o resíduo sólido seja protegido do lixo comum e possa gerar riquezas, ao invés de poluição e risco ao meio ambiente.

Atualmente 24 milhões de pessoas vivem sobre o Aqüífero e o projeto de educação ambiental atingiu 70 mil pessoas, dentro e fora de Ribeirão Preto. Ela apresentou o Projeto de Proteção Ambiental e Desenvolvimento Sustentável do Sistema Aqüífero Guarani, realizado graças a uma parceria entre o Brasil, Chile, Argentina e Uruguai, países que estão sobre o manancial.

A cidade abriga um dos projetos piloto de preservação da reserva, uma das maiores do mundo. Flávia alertou que este fato está longe de ser motivo de orgulho. O projeto é desenvolvido em Ribeirão em decorrência dos problemas que apresenta na preservação do Aqüífero e da ocupação desordenada do solo. Ela exemplificou os problemas encontrados, como fossas negras em favelas, o fato de o Cemitério “Bom Pastor” estar sobre uma das áreas de recarga e a falta de informação da população.

“Não podemos culpar uma dona de casa que lava a calçada se ela imagina que o Aqüífero é uma tribo indígena e pensa que a água vem só do cano, ignorando a existência da reserva”, disse. Ela afirmou que é necessário repensar a ocupação do solo nas áreas de recarga e trabalhar sobre os problemas ambientais e sociais que envolvem a preservação.

Desenvolvimento Urbano: Expansão ou Requalificação Ambiental

O engenheiro Luiz Umberto Menegucci, diretor da AEAARP, abriu o debate expondo a preocupação em relação à necessidade de revitalização da área central da cidade, destacando os debates sobre os temas que são pautados na Associação. Ele questionou o custo social da desocupação da área central e afirmou que a cidade cresce e estas questões não são debatidas. Nas intervenções seguintes, a preocupação com os vazios urbanos e com a qualificação dos espaços ficaram explícitas.

A arquiteta Marcela Petenusci, docente do Centro Universitário Moura Lacerda, afirmou que a partir do final do século passado o planejamento urbano começou a ser concebido considerando a necessidade de implantação de medidas que permitam o controle sobre a amplitude da deterioração ambiental criada pela urbanização e as cidades passaram a ser vistas como parte de um sistema, que tem a abordagem conjunta dos elementos do ambiente.

A realidade, entretanto, demonstra perversidade neste sistema, como o desmatamento, a ocupação inadequada do solo (legal e ilegal) e a falta de infra-estrutura urbana. Em sua avaliação, a expansão urbana desordenada gera prejuízo ambiental.

Flávia Buischi Olaia

Flávia Buischi Olaia, Vera Blat Migliorini, Luiz Umberto Menegucci, Marcela Petenusci e Fernando Freire

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A cidade densa, neste conceito, não representa mais um risco sanitário, em decorrência do desenvolvimento tecnológico, e apresenta vantagens sociais, pela proximidade que proporciona dos equipamentos de lazer e até do trabalho, aumentando o rendimento energético, reduzindo o consumo de recursos e produção de poluição, além de conter a expansão sobre áreas rurais.

Vera encerrou sua apresentação mostrando uma seqüência de mapas que revelam o macrozoneamento de Ribeirão desde 2001, quando o Plano Diretor foi aprovado. Chamou sua atenção o fato de a zona de urbanização controlada ter avançado sobre a área rural da cidade, como revela o mapa de 2008. Sobre o fato, não deu explicação, deixando o questionamento e a reflexão.

A arquiteta Flávia Buischi Olaia também integrou esta mesa e diante da apresentação de suas colegas levantou o questionamento: “como ficam as áreas de recarga que estão ocupadas?” Ela exemplificou com o Jardim Interlagos, que foi projetado para proteger a área de recarga, mas é lá também que o desrespeito é flagrado, em calçadas e na deposição irregular de resíduos sólidos em APPs, ações motivadas principalmente pela falta de informação.

O arquiteto Fernando Freire, presidente do COMUR, disse que o Conselho estuda a desocupação do centro e propostas para a revitalização, além de

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“Quando a área não é qualificada, vira vazio urbano”, enfatizou. Ela ressaltou a necessidade de implantação de áreas verdes e de recuperação das já existentes. Estes espaços urbanos mantêm o equilíbrio ecológico, disponibilizam áreas para o lazer da população, atenuando a temperatura, valorizando a paisagem urbana, caracterizando e sinalizando os espaços urbanos, além de regularizar os regimes hídricos através da recarga dos lençóis freáticos. O crescimento das cidades, entretanto, está dando a estes espaços outra realidade. Elas têm se transformado cada vez mais em espaços edificados ou destinados aos automóveis, o que exclui a vegetação do cenário urbano. A falta de manutenção, de reposição de árvores e o orçamento insuficiente para a manutenção é revelador da negligência do poder público.

A também arquiteta Vera Lúcia Blat Migliorini deu seqüência à exposição de Marcela. Ela é docente dos Centros Universitários Moura Lacerda, Barão de Mauá e Faculdades COC e reforçou o conceito de que a expansão urbana resultou nos vazios urbanos e, mais do que isso, na periferização, de alto e baixo poder aquisitivo. Ela expôs os tipos de vazios urbanos identificados em Ribeirão Preto, que vão desde a ocupação desordenada até mesmo o abandono de áreas inteiras, como os galpões da antiga Ceagesp.

A urbanização dispersa das cidades tem como “agentes impulsionadores”, descritos por Vera, a industrialização e a dispersão do mercado de trabalho industrial, o aumento das condições de mobilidade, a pressão do mercado imobiliário e a dispersão das atividades comerciais e de serviços, entre outros. O esvaziamento de áreas chamadas de “consolidadas”, como o centro de Ribeirão Preto, é uma das conseqüências, além dos prejuízos ambientais, como a impermeabilização excessiva do solo, o desmatamento, maior consumo de energia, poluição e degradação do patrimônio.

Vera apresentou o conceito de “Cidade Sustentável”, conceituada pelo arquiteto britânico Richard Rogers. Segundo ele, cidades compactas consomem menos recursos naturais e possibilitam um “metabolismo circular”, que proporciona o reuso dos resíduos sólidos e orgânicos.

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acompanhar os projetos em andamento, um trabalho que vem ao encontro das diretrizes do Plano Diretor. Ele apontou que a infra-estrutura está consolidada no centro, ao contrário das regiões periféricas ocupadas pela população de baixa renda, e que o esvaziamento se dá, historicamente, em decorrência do crescimento desordenado, transformando espaços anteriormente ocupados em vazios urbanos que depreciam a região. “Não temos políticas públicas que contenham o crescimento desordenado”, disse. Ele apontou ainda que é a iniciativa privada que urbaniza as áreas, tirando do poder público esta responsabilidade, o que causa uma carência de serviços.

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O Sistema CONFEA/CREA’s: aspectos legais e ética profissional

O arquiteto José Roberto Geraldine Junior, docente do Centro Universitário Barão de Mauá e conselheiro do CONFEA, expôs a legislação que regulamenta o exercício dos 900 mil profissionais matriculados no sistema em todo o país. Disse que antes da edição da resolução 1010/2005, as atribuições profissionais eram pautadas por uma regra de 1973, obsoleta para os padrões atuais. Ele ressaltou a necessidade de observar os aspectos estabelecidos no Código de Ética. “Quando os profissionais se graduam, passam a ter deveres e direitos. Na prática, entretanto, podem acontecer desvios e quando isso acontece podem ocorrer problemas relativos à ética”, afirmou, enfatizando a necessidade da observância desses preceitos no desenvolvimento de projetos ambientais.

Secretaria Municipal de Meio Ambiente de Ribeirão Preto: Desafios de Gestão

O engenheiro Marcos Vilela Lemos, presidente do Conselho Deliberativo da AEAARP, fez um histórico da Secretaria do Meio Ambiente em Ribeirão, implantada pela primeira vez nos anos de 1980, pelo ex-prefeito João Gilberto Sampaio,

sofrendo influência direta de demandas encaminhadas por meio da Associação. O atual prefeito Welson Gasparini, que assumiu o mandato logo depois de João Gilberto, manteve a estrutura, extinta no final dos anos de 1990, durante a última reforma administrativa, quando foi fundida à Secretaria do Planejamento.

O vereador Gilberto Abreu (PV) esteve à frente da Secretaria e criticou duramente sua extinção. Durante a mesa de debates ele propôs a implantação de uma agência que faça a gestão das políticas de preservação do meio ambiente no município. Em sua visão, somente uma super-secretaria, com poderes de gerir o orçamento e executar políticas públicas, é capaz de dar conta dos desafios impostos pela ocupação desordenada que consome os recursos naturais. Ele disse que a Secretaria criada nos anos de 1980 tinha caráter normativo e reside nesta limitação de ação a ineficiência das políticas desenvolvidas no período, apesar da capacidade do quadro técnico.

A advogada Mariel Silvestre, presidente do CONDEMA, lamentou o fato de o órgão, que tem atribuição consultiva, não ter sido ouvido quando da elaboração da lei que criou a nova Secretaria. Ela apresentou a proposta desenvolvida a partir das sugestões dos conselheiros e em parceria com a AEAARP. O documento foi entregue ao Poder Executivo e pautou emendas no Legislativo, mas não teve o sucesso pretendido. “O CONDEMA não ficou omisso e vai trabalhar para esta Secretaria acontecer”, enfatizou a advogada.

A harmonia entre o desenvolvimento econômico e social e a preservação ambiental não é uma equação de fácil solução, segundo Mariel. Ela entregou um ofício ao secretário Genésio de Paula e Silva com reivindicações do Conselho, que inclui desde a agilidade na análise e concessão de licenças ambientais até a disponibilidade de estrutura física e técnica que aprimorem a ação do Conselho, além da definição de um “protocolo procedimental”, inexistente atualmente.

O secretário disse que o primeiro passo é fazer a estrutura funcionar, uma vez que estava integrada às outras pastas. “Todas as ações têm ressonância ambiental e a Secretaria foi criada como resposta à demanda da sociedade”, disse Silva. Ele afirmou que a Secretaria está longe de ter a estrutura que precisa, mas está próxima do ideal. Também expôs no debate os pontos importantes a serem atacados para a efetiva implantação da Secretaria que foram antecipados na edição de maio da revista Painel (edição 159 – página 18). Equipes técnicas de três secretarias se fundiram na nova estrutura e, a partir desta fusão, é necessário criar uma unidade de trabalho coesa. Um dos entraves é a dificuldade orçamentária, uma vez que a Secretaria não estava prevista no orçamento de 2008. “O meio ambiente herdou pedaços”, diz. Seu “sonho” é reverter esta estrutura em uma agência de desenvolvimento ambiental. “É necessário dar um passo de cada vez”, observou.

Ele acrescentou que ao trabalho da Secretaria há ainda a superposição de outros órgãos, como a Coderp e o Daerp, e que as ações de tratamento de esgoto, gerenciamento do lixo e das praças têm atribuições pulverizadas. Afirmou ainda que as preocupações expostas pela advogada Mariel são dele também, que espera uma “simbiose” com o Conselho para somar esforços e que esta parceria é esperada também em relação à iniciativa privada. Silva afirma que está preparando um “inventário ambiental”, com um plano de trabalho que defina os rumos da ação da Secretaria

José Roberto Geraldine Junior

Gilberto Abreu, Marcos Vilela Lemos, Genésio de Paula e Silva e Mariel Silvestre

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Eng. José Alfredo Pedreschi Monteiro

Os profissionais da área de Engenharia e Arquitetura precisam dar o exemplo no que tange à gestão de resíduos sólidos da construção civil, deixando de destruir e passando a construir um ambiente mais limpo e agradável, demonstrando competência e correição no exercício profissional.

A responsabilidade pelas leis municipais nº. 1.704/04 e nº. 1.616/04 é do gerador, podendo constar como co-responsáveis os demais profissionais envolvidos na gestão de tais resíduos, como, por exemplo, os transportadores. A resolução 307/2002 do do CONAMA também responsabiliza o gerador pelo resíduo proveniente da construção civil. No conceito da legislação o gerador pode ser a pessoa física ou jurídica, pública ou privada que constrói, reforma ou demole uma construção existente.

Este gerador necessita quase sempre de um profissional habilitado junto ao CREA para que, através de uma ART, se responsabilize por sua obra, com o trabalho profissional competente. Desta forma, nós, engenheiros e arquitetos, podemos ser os responsáveis pelo resíduo gerado. Este entulho deve ser transportado para um local devidamente preparado para recebê-lo segundo as normas da ABNT, ou seja, uma ATT (Área de Transbordo e Triagem) ou área de destino final. Os resíduos transportados por caçambas (grandes geradores) devem ser encaminhados para uma ATT licenciada e devem ser transportados por empresas devidamente cadastradas na Prefeitura Municipal. Para os pequenos volumes (menores que 2 m³), de acordo com a legislação vigente, a Prefeitura deverá propiciar locais adequados para estes descartes.

Hoje a iniciativa é por parte dos grandes geradores. Empresas privadas se reuniram em um ponto na Zona Sul de Ribeirão Preto formando uma unidade que atende a triagem e transbordo de forma licenciada. Outras unidades devem ser licenciadas em outras áreas, contribuindo assim para o bom desempenho do município. O não encaminhamento deste entulho para a área licenciada é extremamente prejudicial ao meio ambiente, pois estes entulhos estão sendo depositados em terrenos baldios, praças, vias públicas, áreas de preservação permanente (APP) dos córregos e rios, sendo de grande impacto ambiental.

O descumprimento da legislação poderá acarretar punições por parte dos órgãos governamentais competentes, bem como dificuldades em aprovar e obter o respectivo Habite-se. Lembrando que no último mês de abril a polícia ambiental apreendeu vários caminhões transportando resíduos da construção civil, tal fato muito provavelmente continuará acontecendo, caso os profissionais ligados à área não tomem uma atitude em prol do meio ambiente.

A responsabilidade sobre os resíduosRibeirão Preto tem cartilha sobre arborizaçãoDurante a Semana do Meio Ambiente, foi lançada, na AEAARP, a cartilha

“Vamos arborizar Ribeirão Preto”. Desenvolvida pela Secretaria Municipal do Meio Ambiente da Prefeitura Municipal, o material é destinado a todas as pessoas e profissionais que desejam cuidar da arborização urbana. Os autores listam 138 espécies com nomes popular e científico, origem, época de floração, frutificação, porte, formato da copa, indicações (para calçadas, avenidas, praças ou parques) e observações gerais, como espécies que atraem aves, ameaçadas de extinção, ornamentais, suscetíveis à seca, frutos (comestíveis ou não), dentre outras informações sobre cuidados ao planejar plantios e ao executar serviços de manejo das árvores urbanas.

Segundo Perci Guzzo, ecólogo da Secretaria Municipal do Meio Ambiente, este é um material que deve subsidiar as ações técnicas e educativas de arborização na cidade. Ele lembra do município de Maringá, que é um exemplo de cidade bem arborizada no Brasil, onde as çalçadas são arborizadas com árvores de grande porte e por isso contribuem significativamente com a melhoria do clima urbano.

Ribeirão tem aproximadamente 4,5 m2/habitante de área verde pública, quando o recomendado pela Sociedade Brasileira de Arborização Urbana (SBAU) é 15m2/hab. “Podemos trabalhar para chegar ao índice recomendado em Ribeirão Preto se no desenvolvimento da cidade forem destinados espaços generosos para parques e florestas urbanas, por exemplo, e também assegurarmos como áreas em arborizadas o passivo ambiental existente - espaços livres ainda não tratados paisagisticamente. “Devemos lembrar que a urbanização, da forma como é concebida e autorizada pela legislação vigente, ainda é a atividade humana que mais impacta o ambiente natural”, alertou o ecólogo.

II Semana do Meio Ambiente

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diretrizes Para os Projetos de

A Resolução CONAMA 307 de 17/07/2002 é bastante clara e objetiva ao estabelecer as obrigações ao gerador, qual seja ele pessoa física ou jurídica, pública ou privada pequeno ou grande gerador, como responsável direto e objetivo pelos “resíduos gerados nas atividades de construção, reforma, reparos, demolições de estruturas e estradas, bem como aqueles resultantes da remoção de vegetação e escavação de solos”.

Contudo, esta mesma resolução discrimina nos artigos 8º. e 9º as competências diferenciadas para pequenos geradores (aqueles que gerem volumes inferiores a 2m3 de resíduos por evento ou por descarte) e grandes geradores (aqueles não enquadrados como pequeno gerador) onde os pequenos volumes devem ser inseridos no Programa Municipal de Gerenciamento dos RCC e por outro lado os grandes volumes que são de responsabilidade direta dos geradores e compreendem os Projetos de Gerenciamento dos RCC.

Ressalta-se que ambos os instrumentos de gestão compõem o Plano de Gerenciamento Integrado dos RCC que para Ribeirão Preto está em fase de conclusão através dos trabalhos coordenados pelo Grupo de Saneamento dos Resíduos da Construção Civil vinculado ao NUSAN-Núcleo de Saneamento da Secretaria de Planejamento e Gestão Pública conforme estabelecido em Lei Complementar 2.257 de 16/04/2008.

O fluxograma ilustra o Plano de Gerenciamento dos RCCs e indica ações seqüenciadas que devem ser orientadas ao longo de todo o processo.

Fluxograma da gestão Integrada dos Resíduos da Construção Civil (extraído de Pinto, 2008Fonte: Sinduscon, 2007

No âmbito do Programa Municipal (para os pequenos geradores) as ações que têm sido adotadas aqui no município e com resulta-dos já consolidados em vários outros municípios tem sido a cons-trução de pequenos pontos (geralmente chamados como Ecopon-

tos, Pontos de Apoio ou Recitulhos, no caso de Ribeirão) dispersos em vários pontos do município e que funcionam como receptórios gratuitos de pequenos descartes de materiais diversos (entulho, sobras de construção – areia, brita, pisos, etc.) e também materiais volumosos diversos (sofás, eletrodomésticos usados, etc.) que até então tinham como destino certo o abandono em passeios públi-cos, terrenos baldios, fundos de vale, causando problemas e incô-modos diversos já vivenciados por muitos de nós munícipes.

Para o caso dos grandes volumes a gestão dos resíduos implica desenvolver Projetos de Gestão dos RCCs e que em atendimento ao previsto na legislação deve ser desenvolvido pelo gerador de forma prévia à própria execução da obra e apresentado quando do protocolo dos alvarás de construção, demolição obras ou re-paros junto aos órgãos competentes no município.

As etapas que deverão ser contempladas nos projetos são des-critas em detalhe no bojo da própria legislação e resumidamente compreendem:

I. Caracterização II. Triagem III. AcondicionamentoIV. Transporte V. DestinaçãoPara garantir uniformidade na análise dos projetos e principal-

mente considerando as especificidades e graus de complexidade que deverão ocorrer no universo das aprovações de obras, o Grupo de Saneamento dos Resíduos da Construção Civil estabeleceu um formulário padrão para apresentação dos Projetos de Gestão dos RCCs junto ao município, que será disponibilizado aos setores e profissionais interessados por meio de eventos técnicos (que serão realizados na AEAARP neste ano) e no site oficial da Prefeitura.

A análise dos Projetos deverá ser realizada pelas secretarias afetas ao tema como Secretaria de Obras Públicas e Particulares, Planejamento e Gestão Pública, Secretaria do Meio Ambiente e Secretaria da Fazenda (Fiscalização de Obras) sendo que a emis-são dos alvarás, licenças e habite-se nas obras ficarão condicio-nadas à apresentação e cumprimento dos projetos propostos pelo empreendedor no trâmite processual do interessado.

A tramitação deste processo deve pressupor por parte de mu-nicipalidade procedimentos, processos e recursos específicos e otimizados que ao mesmo tempo sejam capazes de garantir a avaliação técnica, os controles e fiscalizações necessários de modo a garantir, sobretudo, a agilidade e qualidade do serviço prestado ao munícipe.

Importante destacar que somente com o exercício pleno das responsabilidades específicas será possível êxito na gestão deste tipo de resíduo em todo o município, onde já sabemos que estas ações demandarão num primeiro momento esforço adicional e adequações técnicas e operacionais por parte dos empreendedo-res e empresários da construção civil, profissionais (engenheiros, arquitetos) e também por parte dos órgãos municipais ligados à fiscalização e avaliação de obras.

Contudo o pleno sucesso deste processo será certamente re-compensador, com ganhos reais e efetivos em termos econômicos, ambientais e sociais, que no amplo sentido da palavra definem os pilares da sustentabilidade tão aclamada nos tempos de hoje.

Celso Aluísio Graminha - Coordenador do Grupo de Saneamento dos Resíduos da Construção Civil - Secretaria do Meio Ambiente Prefeitura Municipal de Ribeirão Preto

CONSTRuçãO CIvIL

Gestão integrada de RCD

Programa municipal de gerenciamento de RCD

Projetos de gerenciamento de RCD

Programas de conscientização ambiental para redução da geração de RCD na fonte

Cadastramento dos pequenos

geradores

Cadastramento dos transportadores

Redução Reutilização

Áreas licenciadaspara pequenos

volumes

Caracterização dos RCD

Triagem dos materiais naorigem para reaproveitamento

Área licenciada de triagem e reciclagem de RCD

Resíduos recicláveis paraoutras destinações (plástico,

papel/papelão, metais, vidros,madeiras, alumínio, etc.)

Resíduos passíveis dereutilização e reciclagem

oriundos da construção civil(tijolos, blocos, azulejos,

concreto, argamassas, solo, etc.)

Mercadorecicláveis

Resíduos nãoaproveitáveis

Resíduos dareciclagem

Materiaisreciclados

Tratamento e disposição final Reuso naconstrução civil

gestão de resíduos da Construção Civil

Revista Painel 19

Page 20: Painel - edição 160 - jul.2008

JaponesaCentenário da imigração

HISTóRIA

FAZENDA MUNICIPIO PROCEDÊNCIA FAMÍLIA AVULSO

Dumont Ribeirão Preto Fukushima 51 13

Kumamoto

Kagoshima

Hiroshima

Miyagi

Tóquio

Guatapará Ribeirão Preto Kagoshima 23 6

Niigata

Hirishima

São Martinho Sertãozinho Kagoshima 27 12

Sobrado São Manuel Yamagushi 15 0

Ehime

Floresta Indaiatuba Okinawa 24 3

Chanaan São Simão Okinawa 24 6

Fonte: Imigração Japonesa no Brasil – Memorial do ImigranteMuseu Histórico da Imigração Japonesa - Portal Aprende Brasil

No dia 18 de junho de 1908, atraca no porto de Santos, vindo do Japão, o navio “Kasato Maru”, trazendo os primeiros imigrantes japoneses para trabalhar no Brasil. Desembarcaram 165 famílias, que cruzaram oceanos na esperança de mudar seus destinos e chegaram cheias de sonhos. Foram 52 dias de viagem a partir do porto de Kobe.

No começo do século XX, o Brasil precisava de mão-de-obra estrangeira para as lavouras de café, enquanto o Japão passava por um período de grande crescimento populacional. A economia nipônica não conseguia gerar os empregos necessários para toda população, então, para suprir as necessidades de ambos os países, foi selado um acordo imigratório entre os governos brasileiro e japonês.

Grande parte destes imigrantes era formada por camponeses de regiões pobres do norte e sul do Japão, que vieram trabalhar nas prósperas fazendas de café do oeste do estado de São Paulo. Inicialmente eles foram enviados para seis fazendas no interior de São Paulo:

O começo da imigração foi um período difícil, pois os japoneses se depararam com muitas dificuldades. A língua diferente, os costumes, a religião, o clima, a alimentação e até mesmo o preconceito tornaram-se barreiras à integração dos nipônicos aqui no Brasil. Mesmo assim, eles venceram estes problemas e prosperaram. Embora a idéia inicial da maioria fosse retornar para a terra natal, muitos optaram por fazer a vida em solo brasileiro obtendo grande sucesso.

O cônsul-geral do Japão em São Paulo, Hitohiro Ishida, esteve no dia 19 de novembro de 2004 em

Eng. Mecânico Julio Tadashi TanakaDiretor da AEAARP

Ribeirão Preto, na Câmara Municipal, para receber a homenagem que confere a Ribeirão Preto o título de “Berço da Imigração Japonesa no Brasil”. O título foi concedido pelo vereador Sílvio Martins, por meio de Projeto de Lei, ao tomar conhecimento de que os primeiros imigrantes japoneses que desembarcaram no Brasil, em 1908, no porto de Santos, vieram para cá trabalhar nas lavouras de café. O cônsul Ishida destacou em seu discurso “a acolhida que tiveram os primeiros imigrantes, que também contribuíram para fazer de Ribeirão Preto o grande centro da cultura cafeeira”.

Hoje, a colônia japonesa no Brasil é estimada em cerca de 1.168.000 pessoas. Apenas 10% dedicam-se à agricultura e são responsáveis por 30% do total da produção agrícola do Brasil. A maioria está concentrada nos centros urbanos.

Atualmente, o Brasil é o país com a maior comunidade japonesa fora do Japão, que contribui com o crescimento econômico e desenvolvimento cultural de nosso país. Os japoneses trouxeram, junto com a vontade de trabalhar, sua arte, costumes, língua, crenças e conhecimentos que contribuíram muito para o nosso país. Juntos com portugueses, índios, africanos, italianos, espanhóis, árabes, chineses, alemães e muitos outros povos, os japoneses formam este lindo painel multicultural chamado Brasil, e a AEAARP presta esta homenagem, no ano do Centenário da Imigração Japonesa, a todos os descendentes que escolheram como profissão as áreas de Engenharia, Arquitetura e Agronomia.

AEAARP20

Julio Tadashi Tanaka

Page 21: Painel - edição 160 - jul.2008

livro desvenda Bastidores da lei que saneou a paisagem urbana de sP

Quem esteve em São Paulo no início de 2006 e voltar agora provavelmente sentirá a diferença, mesmo que não saiba explicar com exatidão o motivo. O que aconteceu foi o que se considerava impossível: no prazo aproximado de um ano, uma das maiores cidades do mundo viveu uma transformação radical graças à lei Cidade Limpa, que combate com rigor a poluição visual.

Essa iniciativa do prefeito Gilberto Kassab, um case de sucesso da administração pública brasileira, agora pode ser conhecida em detalhes em “Cidade Limpa – O projeto que mudou a cara de São Paulo”, do jornalista Leão Serva. Lançado pela Clio Editora, o livro conta toda a trajetória do projeto, com revelações sobre sua criação e sua implantação.

Atualmente coordenador de imprensa da Prefeitura de São Paulo, Leão Serva foi diretor de jornalismo do portal iG, secretário de redação do jornal “Folha de S.Paulo” e diretor do extinto jornal “Notícias Populares”. Sua experiência jornalística, que inclui outros veículos de comunicação e a cobertura da guerra de Kosovo, transforma “Cidade Limpa – O projeto que mudou a cara de São Paulo” em uma grande reportagem.

Além de desvendar os meandros da lei que tornou São Paulo uma referência

mundial no combate à poluição visual, o livro traz artigos de personalidades da vida paulistana e fotos de Gal Oppido, que mostram o “antes e o depois” da paisagem urbana da cidade. “Achei que valia a pena escrever sobre o assunto, produzindo um documento sobre essa lei que contou com aprovação quase unânime de políticos e também da população”, afirma Serva.

Uma cidade mais bonita“Quando passei diante do prédio da Receita Federal, tive uma visão que

me surpreendeu e me inundou de alegria: a cidade de São Paulo estava linda. Como nós, paulistanos, amamos odiar nossa cidade, estranhei e pensei que a sensação poderia ter sido uma ilusão causada pela luz do sol de final de tarde ou pelo céu especialmente limpo naquele dia, mas não era nada disso. É que, depois de anos, eu finalmente estava vendo São Paulo ao invés de lê-la. Todas aquelas palavras retiradas das empenas dos prédios e das ruas parecem ter liberado meu cérebro para que ele pudesse ver o que estava por trás”, afirmou o cineasta Fernando Meirelles em artigo reproduzido no livro e publicado originalmente na “Folha de S.Paulo” em abril do ano passado.

bIbLIOTECA

Cidade Limpa – O projeto que mudou a cara de São PauloAutor: Leão ServaPreço: R$ 24,90Páginas: 128

16 [email protected]

- Estacas moldadas “in loco”: •tiporaizemsoloerocha. •tipoStrauss. •escavadascomperfuratriz hidráulica. •escavadasdegrandediâmetro (estacões). •hélicecontínuamonitoradas.

- Estacas pré-moldadas de concreto.

- Estacas metálicas (perfis e trilhos).

- Tubulões escavados à céu aberto.

- Sondagens à percussão SPT-T.

- Poços de monitoramento ambiental.

- Ensaios geotécnicos.

QUASE 6.000 ObRAS DE FUNDAçõES EM

27 ANOS DE AtIVIDADES.

Page 22: Painel - edição 160 - jul.2008

anúncio gráfica

são Paulo desenvolve Projeto inovador Para o lixo eletrônico

INOvAçãO TECNOLóGICA

A CETESB desenvolveu um projeto inovador para a destinação de lixo eletrônico, chamado de TI-Verde, que recebeu o primeiro prêmio no 11º CONIP na categoria “Excelência em Inovação na Gestão Pública 2008” e o prêmio “Destaque do Ano - Professor Francisco Romeu Landi”, concedido pelo Comitê Gestor de Internet do Brasil, em parceria com o CONIP-Con-gresso de Informática Pública, garantindo o direito de apresentar o projeto, em evento sobre inovação tecnológica, na Itália.

O vértice do Projeto TI-Verde é evitar a contaminação ambiental e pro-teger a saúde pública dos efeitos causados pela disposição incorreta do lixo eletrônico (computadores, celulares e aparelhos de televisão). E agrega, também, um componente social com o estímulo à iniciativa de inclusão digital, ao prever a doação de equipamentos com potencial de uso educa-cional. Outro componente associado é o econômico, pois proporcionará a geração de empregos, com a abertura de indústrias na área de reciclagem.

A CETESB, enquanto órgão responsável pela qualidade ambiental e de-tentora de conhecimento técnico na área de tratamento de resíduos, desen-volveu o Projeto TI-Verde para apontar o caminho ambientalmente correto de se equacionar o problema decorrente da crescente geração de resíduos eletroeletrônicos. Caberá à CETESB o papel de agente credenciador das empresas de reciclagem, por meio de emissão de Licenças de Instalação e de Operação, além do acompanhamento dos índices de reciclagem e dos balanços de quantidades de lixo.

Legislação no Brasil e no mundo

Com a implantação deste projeto, o Estado preencherá uma lacuna na legislação da Política Estadual de Resíduos Sólidos, em processo de regu-lamentação, na qual os resíduos eletroeletrônicos não são classificados e nem sequer mencionados. No âmbito nacional, a Resolução 257/99 está em processo de revisão no CONAMA, há cerca de quatro anos.

Projeto PilotoPara demonstrar que há condições técnicas e ambientais para a recicla-

gem com destinação completa dos itens de TIC-Tecnologia da Informação e Comunicação, para as máquinas sem condições de uso e reuso de máqui-nas em projetos de inclusão digital, a CETESB implementará um projeto piloto. Cerca de 150 microcomputadores obsoletos para as atividades da companhia serão destinados a reuso através de repasse ao Fundo de Soli-dariedade e Desenvolvimento Social e Cultural do Estado, para posterior doação a projetos de inclusão digital. Outros 490, sem condições de reuso, serão reciclados por algumas das 457 empresas licenciadas pela CETESB.

Os técnicos prevêem, ainda, a criação de um Índice de Reciclagem, que reflita, não somente a quantidade de material reciclado, mas também o risco associado aos elementos contidos nesses equipamentos, como chumbo, cobre e alumínio.

Page 23: Painel - edição 160 - jul.2008

trabalho, vocês terão de, obrigatoriamente, se registrar no Conselho. A melhor maneira de transformar essa obrigação numa utilidade agradável é participar da organização da nossa categoria e isso só acontece efetivamente quando o profis-sional procura uma entidade de classe do seu município”.

O reitor da UniLins disse aos formandos que “vocês representam o que há de melhor em tecnologia neste país e, por isso, devem se tornar empreendedores e, se possível, empregadores”. O conselheiro federal Pedro Katayama disse, com humor, que “quando acaba o “paitrocínio”, é hora de buscar outros tipos de apoio, que, por exemplo, os jovens profissionais podem encontrar nas associa-ções de classe e no próprio Crea”. O arquiteto João Carlos Correa lembrou que “a atual administração do Crea-SP está promovendo uma aproximação com as instituições de ensino como nunca anteriormente”. Miguel Prieto sugeriu aos premiados que “procurem conhecer a Mútua, o braço social e assistencial do Sistema Confea/Crea que lhes pode ser muito útil”. O presidente licenciado do Crea-SP aconselhou os novos profissionais a nunca pararem de se aprimorar. “Temos de manter a atitude de eternos aprendizes. Só assim seremos valoriza-dos pela sociedade”. Encerrando os pronunciamentos, o diretor administrativo no exercício da Presidência fez uma retrospectiva da evolução da engenharia, da arquitetura e da agronomia no Brasil, mencionando a responsabilidade com que os egressos das faculdades da área tecnológica devem encarar o mercado, com base no Juramento do Engenheiro: “Não me deixar cegar pelo brilho excessivo da tecnologia, de forma a não me esquecer de que trabalho para o bem do ho-mem e não da máquina. Respeitarei a natureza, evitando projetar ou construir equipamentos que destruam o equilíbrio ecológico ou poluam, além de colocar todo o meu conhecimento científico a serviço do conforto e desenvolvimento da humanidade. Assim sendo, estarei em paz comigo e com Deus”.

Em 12/6, 244 formandos que, segundo indicação de 75 instituições de ensino re-gistradas no Conselho paulista, se destacaram em 2007 nos cursos de graduação de nível superior pleno nas modalidades vinculadas ao Sistema Confea/Crea recebe-ram, em São Paulo, placas alusivas ao Prêmio Crea-SP de Formação Profissional. A homenagem, instituída em 1997, tem objetiva prestigiar a formação dos profissio-nais de Engenharia, Arquitetura, Agronomia, Geologia, Geografia e Meteorologia.

Compuseram a mesa de cerimônia o diretor administrativo no exercício da Presidência do Crea-SP, engenheiro agrônomo Valdemar Antonio Demétrio; o coordenador da Câmara Especializada de Agronomia do Crea-SP e reitor do Centro Universitário Moura Lacerda, engenheiro agrônomo Glauco Eduardo Perez Cortez; o diretor do Fórum de Entidades de Classe do Crea-SP, engenhei-ro civil José Galdino Barbosa da Cunha Junior; o diretor da Escola Politécnica da Universidade de São Paulo, engenheiro civil Ivan Gilberto Sandoval Faleiros; o reitor do Centro Universitário de Lins-UniLins, engenheiro Milton Leo; o conselheiro federal engenheiro agrônomo Pedro Shigueru Katayama; o diretor de Valorização Profissional do Crea-SP, engenheiro eletricista Jayme de Olivei-ra Bezerra Nunes; o diretor do Fórum de Instituições de Ensino, arquiteto João Carlos Correira; o diretor da Mútua-SP, engenheiro agrimensor Miguel Prieto; e o presidente licenciado do Crea-SP, engenheiro civil José Tadeu da Silva.

Em breve pronunciamento, o coordenador da Câmara Especializada de Agro-nomia do Conselho paulista disse aos formandos que “esta é sua primeira opor-tunidade para começarem a entender qual é a real função do Crea-SP. Vocês se esforçaram tanto para chegar até aqui e merecem que o seu conselho de fiscali-zação profissional combata com rigor a atuação de leigos e maus profissionais”. O diretor do Fórum de Entidades de Classe do Crea-SP fez um lembrete im-portante aos jovens profissionais: “Para exercer suas atividades no mercado de

Prêmio Crea-sP 2008 destaCou exCelênCia dos alunos da área teCnológiCa

CREA

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uRbANISMO

AEAARP24

“Não arquitetos” vão à mostra internaCional de arquitetura

A participação oficial brasileira na Mostra Inter-nacional de Arquitetura de Veneza irá contar com depoimentos de cerca de cem pessoas, todos não arquitetos. Personalidades e anônimos, artistas, médicos, psicanalistas, designers, filósofos, di-plomatas, editores, políticos, professores, canto-res, escritores, fotógrafos, empresários, donas-de-casa, taxistas, padeiros, pedreiros, músicos, cozinheiros e muitos outros cidadãos participam desta Bienal no pavilhão brasileiro. A 11ª Mos-tra Internacional de Arquitetura de Veneza 2008 acontece entre os dias 14 de setembro e 23 de no-vembro de 2008, em Veneza, Itália.

Neste ano a exposição, a maior de arquitetura do mundo, tem como tema Out There: Architec-ture Beyond Building (lá fora: arquitetura além da construção) e será organizada pelo curador norte-americano Aaron Betsky. A proposta é discutir o papel de uma arquitetura que ultrapasse a idéia de construção e, que seja realmente ligada às questões centrais da sociedade.

A participação brasileira é tradicionalmente or-ganizada pela Fundação Bienal de São Paulo, por meio de um convênio com o Ministério das Rela-ções Exteriores. O arquiteto Roberto Loeb será o curador da participação oficial brasileira.

Painéis no pavilhão brasileiro em Veneza tra-rão alguns depoimentos e um catálogo lançado

“ “

Arquitetura não é construção. Construções são objetos e o ato

de construir nos leva a esses objetos, mas arquitetura é algo

mais. É a maneira como pensamos e falamos sobre edificações,

como as experimentamos, como as representamos, como as

construímos. Isto é arquitetura.Aaron Betsky, curador.

junto com a mostra reunirá todas as entrevistas, dispostas ao lado de fotos, croquis, desenhos e manuscritos cedidos pelos entrevistados.

A proposta é que surja dessa coleção de depoi-mentos a imagem que cada cidadão tem da arqui-tetura, dos espaços vividos, de suas aspirações, sonhos, experiências, memórias e expectativas: as casas, a rua, a cidade, a escola, o objeto, o ci-nema, o teatro e todos os espaços e utensílios de suas vidas pessoais, familiares e profissionais. Os depoimentos expostos nas paredes do pavilhão do Brasil estarão também disponíveis sobre extensas mesas, para a consulta do público. Um livro em branco receberá declarações dos visitantes.

Roberto Loeb

Croqui do Pavilhão da Representação Brasileira na Bienal de Veneza

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NOTAS

Painel de negócios

LIGuE E ANuNCIE 16 3931.1555PAINEL dE NEGóCIOS

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Processo administrativo O CREA-SP está instaurando processo administrativo com a finalidade de apurar responsabilidades do caso “João Rock”, em Ribeirão Preto. Horas antes de abertura dos portões para o festival de rock, dia 16 de junho, uma parte da estrutura metálica do palco desabou e feriu funcionários e músicos. O evento foi cancelado e o chefe da unidade do CREA em Ribeirão Preto, Alexandre Barbin, informou que “após a devida instrução, o processo será analisado pela câmara especializada para apurar as responsabilidades”.

Imigração japonesaMarta Lopes Toyoshima, Julio Tanaka e Hideo Kumassaka estão organizando uma noite em comemoração aos 100 anos da imigração japonesa. Será dia 19/7, às 20h, na AEAARP, e uma das novidades será a apresentação de taiko - instrumento de percussão típico da cultura japonesa, tem a superfície confeccionada com pele de animais, que pode ser tocada com baquetas ou com as mãos.

Prêmio para melhor trabalho de engenhariaO engenheiro Gustavo Monteiro de Barros Chodrawi, de Ribeirão Preto, recebe, em julho, o prêmio pelo melhor trabalho de doutorado, no Brasil, na área de Engenharia Civil pela CAPES. O trabalho trata de Engenharia de Estruturas Metálicas.

••••••••••••••

Construtoras fundam associação para comprasDiante do cenário de alerta com a crescente alta dos preços de insumos básicos na construção civil, as construtoras paulistas criaram dia 26 de junho, em assembléia no SindusCon-SP, a Compracon-Associação de Compras da Construção Civil do Estado de São Paulo. A entidade vai promover aquisições coletivas de materiais e também atuar nas negociações com fornecedores, otimizando o poder de compra dos associados, além de viabilizar processos de importação de produtos. A Associação poderá desenvolver mecanismos de ações conjuntas para logística de fornecimento de materiais, locação de equipamentos e andaimes e outros serviços que as associadas decidirem contratar conjuntamente. Até mesmo itens não diretamente ligados à construção poderão ser adquiridos de forma conjunta, como computadores, EPI’s e outros equipamentos e serviços.

ImportaçõesA iniciativa conta com o

apoio da CBIC-Câmara Brasileira da Indústria da Construção e já resultou

em uma série de operações que trouxeram benefícios às construtoras. Com o apoio dos

respectivos Sinduscons, já foram formadas entidades que funcionam como cooperativas de compras em estados como Bahia, Ceará, Rio Grande do Sul, Rio Grande do Norte, Goiás, Rio de Janeiro, Santa Catarina e Distrito Federal. Recentemente, a Coopercon-RS informou ter contratado a

aquisição de 121 elevadores da China e prepara-se para iniciar importações

de outros produtos de países potenciais fornecedores.

ARQUITETOSmaria beaTriZ sandovalmaurilio ribeiro cHiareTTiENGENHEIRO METALURGISTAJose HenriQue greTZiTZ KunTZENGENHEIRO QUIMICOcaio marcelo TonHoli bergamascHiESTUDANTE - ARQUITETURA E URBANISMOluis gusTavo murilo salvador nobre de campos neTo

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ENGENHEIROS CIVISiveTe amaral ruiZ ciro nigro engracia de oliveiraluiZ andre nascimenTo gomes luiZ anTonio Fernandes marcos luiZ de paula TÉCNICO AGRICOLArodolFo ucHoa biagi TÉCNICO EM ELETROTECNICAluiZ dos sanTos

Page 26: Painel - edição 160 - jul.2008

Há 15 anos, quando a arquiteta e urbanista Renata Azevedo iniciou sua carreira, os projetos de interiores eram ricos em cores e texturas, objetos e demais itens de decoração. Mas o ritmo de vida contemporâneo vem exigindo cada vez mais praticidade e o estilo de vida imposto pelos tempos modernos acabou refletindo-se nos projetos de arquitetura de interiores.

“As paredes trabalhadas com cores e materiais diversos, as sancas e os móveis rebuscados não combinam mais com as novas exigências dos projetos de interiores”, alerta Renata.

Na prática, o minimalismo é a regra atualmente e aparece nas cores, nos lustres, nos objetos e até mesmo na distribuição dos espaços dos novos imóveis. Trata-se de construções “limpas”, sem excessos, porém refinadas.

Segundo a arquiteta, hoje os tons claros estão em alta, especialmente o branco. “Pois dão leveza aos ambientes, evocam um clima de paz e são cores que permitem compor com qualquer estilo”, explica.

Os armários, por exemplo, já foram tratados com cor marfim, depois foi a vez do tabaco com branco e hoje são brancos ou em tom de carvalho. “O branco é a grande tendência e a tendência é que as portas de armários mal sejam notadas, confundindo com as paredes”, exemplifica a arquiteta. A regra vale também para a iluminação. “Das sancas, passamos para a iluminação embutida que gera menos informação no ambiente”.

Quanto aos móveis, Renata aposta na mescla do moderno com o rústico, sendo este não rebuscado. Já os objetos devem ter significados pessoais, como fotos, lembranças de viagens etc. “Os objetos, sim, podem ser coloridos porque dão um toque pessoal em cada ambiente”. Em relação à tendência retrô, Renata diz que lustres e objetos que evoquem a moda dos anos 1960 estão em alta.

Por conta dos espaços menores, hoje a sala de TV é integrada ao living e a cozinha americana já não é tão comum nos novos projetos – “ela, agora, aparece voltada à área de lazer”, diz Renata. Segundo ela, a tendência na distribuição de espaços internos atualmente é menos paredes e pouca informação.

Por trabalhar muito com reformas e projetos de interiores, Renata diz que é importante que o engenheiro e arquiteto pensem no projeto como um todo, desde a construção até a decoração. “O projeto de construção tem que prever a instalação de cortinas e ar condicionado, a colocação de porta-toalhas nos banheiros e tantos outros detalhes que precisam estar previstos desde a concepção da obra”, finaliza.

MinimalismoO minimalismo não é um movimento recente. Ele já se apresentou

nas artes plásticas, no design, na música e até na literatura durante boa parte do século XX. Um dos nomes sempre lembrados quando o assunto é simplicidade em arquitetura é o do mestre do minimalismo, o arquiteto Ludwig Mies van der Rohe, nascido na Alemanha, em 1885, e falecido nos Estados Unidos, em 1969. A conhecida expressão “Menos é mais”, de sua autoria, caracteriza bem sua obra.

Mas o minimalismo sempre foi um tema polêmico. Seus críticos acusam-no de evocar um reducionismo. Seus defensores argumentam que a simplicidade não exclui o refinamento e que, efetivamente, “menos é mais”.

Projetos de interiores aPostam no

INTERIORES

AEAARP26

Mies van der Rohe já dizia “menos é mais”Minimalismo

Renata Azevedo

Living - O espaço foi projetado para uma família que gosta de receber amigos. Junto ao living foi colocado um aparador com bebidas (bar) e uma mesa redonda para aperitivos.

Living - Apartamento de um casal com pouco espaço. Há um sofá-cama para hóspedes e cortina com blackout para manter a sala escura ao amanhecer. Há um balcão de mármore para bar, com espelho ampliando o espaço e refletindo a sala.

Sala de jantar e living - Apartamento de casal com dois filhos. Na sala de jantar foi usada a mesa do apartamento antigo, foi trocado o tampo que era retangular para quadrado, pois compunha melhor na nova sala, foram colocadas duas poltronas para as pontas e trocado o tecido das cadeiras antigas. O espelho amplia o espaço e reflete o living.

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