páginas 8e9 - aasm - cua · das, nomeadamente, nos atos eleitorais que são ... páginas 8e9 o...

12
Agricultor 2000 Nº 96 JULHO DE 2014 http://www.aasm-cua.com.pt Editorial Jorge Alberto Serpa da Costa Rita Eleições do dia 25 de julho devem ser uma demonstração da vitalidade da Agricultura Micaelense A s eleições para os corpos sociais da Asso- ciação Agrícola de São Miguel e da Coo- perativa União Agrícola, CRL, decorrem no próximo dia 25 de Julho e serão mui- to importantes e fundamentais para a afirmação destas Instituições na Agricultura de São Miguel e dos Açores. Estas Instituições têm sofrido nos últimos anos transformações significativas, mas têm de ser sem- pre o reflexo das pretensões e das necessidades dos seus associados, pelo que, é imprescindível a sua participação nas atividades associativas desenvolvi- das, nomeadamente, nos atos eleitorais que são sempre a manifestação máxima da democracia. A crise que vivemos tem sido transversal a to- dos os setores económicos, mas mesmo com as di- ficuldades existentes, o nosso setor tem sido ca- paz de olhar para o futuro com esperança e fé, porque os agricultores têm sido capazes de inves- tir, utilizando os meios que estão ao seu dispor, mesmo num período muito desfavorável e pouco propício ao risco. A Agricultura continua e continuará a ser a prin- cipal atividade económica da região, porque a sua contribuição para a economia regional é insubsti- tuível e a recente alteração de denominação da Se- cretaria Regional de Recursos Naturais (designação nunca aceite pela Associação Agrícola de São Mi- guel) para Agricultura e Ambiente, só vem reconhe- cer e realçar mais uma vez, a importância do nosso setor no contexto regional. A consolidação e sustentabilidade da Associação Agrícola de São Miguel e da Cooperativa União Agrícola, CRL, é da responsabilidade dos seus asso- ciados que devem envolver-se e preocupar-se com o seu funcionamento, por isso, a participação nas eleições, constituí uma demonstração de vonta- de e de empenho dos sócios. Temos de acreditar no setor, mesmo, sabendo que existirão sempre obstáculos pela frente que terão de ser ultrapassados, e para isso, precisamos duma As- sociação Agrícola de São Miguel forte e capaz de rei- vindicar com firmeza e convicção em prole dos ren- dimentos dos agricultores e das suas famílias. DIRETOR: Eng.º NUNO SOUSA II SÉRIE Direção da Associação Agrícola de São Miguel termina mandato já a pensar nos próximos três anos Jorge Rita convicto que agricultura será grande ajuda para sair da crise Páginas 6e7 A Evolução genética da raça Holstein Frísia na ilha de São Miguel Evolução do melhoramento bovino em São Miguel Página 11 Páginas 8e9 O novo parque de exposições vai ficar como uma obra emblemática deste mandato da direção da Associação Agrícola de São Miguel que elege a fábrica de rações como uma obra marcante para a melhoria do setor. O presidente da direção da Associação Agrícola de São Miguel, Jorge Rita, faz um balanço positivo de mais um mandato mas garante que ainda há muito a fazer. Com eleições a 25 de Julho e com mais um mandato em perspetiva, Jorge Rita elege o novo Quadro Comunitário de Apoio e a abolição das quotas leiteiras como as questões mais preocupantes Páginas 2a5

Upload: truongthuan

Post on 25-Nov-2018

225 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

Agricultor2000

Nº 96JULHO DE 2014 http://www.aasm-cua.com.pt

Editorial

Jorge Alberto Serpa da Costa Rita

Eleições do dia 25 de julho devem ser uma demonstraçãoda vitalidade daAgricultura Micaelense

As eleições para os corpos sociais da Asso-ciação Agrícola de São Miguel e da Coo-perativa União Agrícola, CRL, decorremno próximo dia 25 de Julho e serão mui-

to importantes e fundamentais para a afirmaçãodestas Instituições na Agricultura de São Miguele dos Açores.

Estas Instituições têm sofrido nos últimos anostransformações significativas, mas têm de ser sem-pre o reflexo das pretensões e das necessidades dosseus associados, pelo que, é imprescindível a suaparticipação nas atividades associativas desenvolvi-das, nomeadamente, nos atos eleitorais que sãosempre a manifestação máxima da democracia.

A crise que vivemos tem sido transversal a to-dos os setores económicos, mas mesmo com as di-ficuldades existentes, o nosso setor tem sido ca-paz de olhar para o futuro com esperança e fé,porque os agricultores têm sido capazes de inves-tir, utilizando os meios que estão ao seu dispor,mesmo num período muito desfavorável e poucopropício ao risco.

A Agricultura continua e continuará a ser a prin-cipal atividade económica da região, porque a suacontribuição para a economia regional é insubsti-tuível e a recente alteração de denominação da Se-cretaria Regional de Recursos Naturais (designaçãonunca aceite pela Associação Agrícola de São Mi-guel) para Agricultura e Ambiente, só vem reconhe-cer e realçar mais uma vez, a importância do nossosetor no contexto regional.

A consolidação e sustentabilidade da AssociaçãoAgrícola de São Miguel e da Cooperativa UniãoAgrícola, CRL, é da responsabilidade dos seus asso-ciados que devem envolver-se e preocupar-se com oseu funcionamento, por isso, a participação naseleições, constituí uma demonstração de vonta-de e de empenho dos sócios.

Temos de acreditar no setor, mesmo, sabendo queexistirão sempre obstáculos pela frente que terão deser ultrapassados, e para isso, precisamos duma As-sociação Agrícola de São Miguel forte e capaz de rei-vindicar com firmeza e convicção em prole dos ren-dimentos dos agricultores e das suas famílias.

DIRETOR: Eng.º NUNO SOUSA

II SÉRIE

Direção da AssociaçãoAgrícola de São Miguel termina mandato já a pensarnos próximos três anos

Jorge Rita convicto que agricultura será grande ajuda para sair da crise

Páginas 6e7

A Evolução genéticada raça Holstein Frísia na ilha de São Miguel

Evolução do melhoramentobovino em São Miguel

Página 11

Páginas 8e9

O novo parque de exposições vai ficar como uma obra emblemática deste mandato da direção da Associação Agrícola de São Miguel que elege a fábrica de rações como umaobra marcante para a melhoria do setor. O presidente da direção da Associação Agrícolade São Miguel, Jorge Rita, faz um balanço positivo de mais um mandato mas garante que ainda há muito a fazer. Com eleições a 25 de Julho e com mais um mandato em perspetiva, Jorge Rita elege o novo Quadro Comunitário de Apoio e a abolição dasquotas leiteiras como as questões mais preocupantes Páginas 2a5

JULHO DE 20142 Agricultor 2000

>> O novo parque de exposições vai ficar como uma obra emblemática deste mandato da direçãoda Associação Agrícola de São Miguel que elege a fábrica de rações como uma obra marcante para a melhoria do setor. O presidente da direção da Associação Agrícola de São Miguel, Jorge Rita,faz um balanço positivo de mais um mandato mas garante que ainda há muito a fazer. Com eleiçõesa 25 de Julho e com mais um mandato em perspetiva, Jorge Rita elege o novo Quadro Comunitáriode Apoio e a abolição das quotas leiteiras como as questões mais preocupantes

Direção da Associação Agrícola de São Miguel termina mandato já a pensar nos próximos três anos

- Os últimos três anos demandato foram de crescimen-to e consolidação da Asso-ciação e da Cooperativa. Comovê esta realidade?

Jorge Rita - Vejo com muitoagrado, porque resultou do que-rer e ambição destes órgãos so-ciais que sempre acreditaramque era possível, com moderaçãoe ponderação, fazer com que es-tas Instituições fossem cada vezmais sólidas e viáveis e assim, fo-ram desenvolvidas um conjuntode obras essenciais para o futurodesta casa que é de todos os asso-ciados. Nós não prometemosaquilo que não podemos fazer.Prometemos a realização de umaobra que é emblemática para osetor que é a construção da fábri-ca de rações e que está no fim,

além de termos aumentado a ca-pacidade de armazenagem que ébem visível na Canada da Meca, talcomo, a nova loja de produtos agrí-colas, a secção dos pneus e fertili-zantes, a bomba de gasóleo ou aoficina.

Em termos de obras fica comomarca, obviamente, o novo parquede exposições que é uma obra degrande importância para a agri-cultura micaelense. Era uma pre-tensão nossa de há uns anos a estaparte e está conseguida.

No armazém do Nordeste mel-horámos as condições existentesatravés de obras de remodelaçãoe distribuição, criamos uma secçãode pneus, o que levou ao aumentodo volume de vendas, proporcio-nando a contratação de mais doisfuncionários.

Queria também dizer que fo-ram feitos dezenas de protocoloscom empresas com vantagens es-pecíficas para os associados e fun-cionários, além dos realizados coma banca, que permitiu a muitas ex-plorações, criar meios de financia-mento que foram imprescindíveis.

Em tempo de crise e de dificul-dade como o incêndio que tive-mos na fábrica de rações, pensoque demos um impulso na Asso-ciação Agrícola de São Miguelque é visível, ao mesmo tempoque temos uma situação estável,tal como as demonstrações de re-sultados o provam. Houve umcrescimento substancial no vo-lume de vendas e no aumento deempregos que num momentodifícil para a Região e para o País,é muito importante.

- Além das obras, a Asso-ciação Agrícola de São Migueltambém tem conseguido reivin-dicar melhorias para os agricul-tores...

J. R. - Estas são obras que dei-xam a sua marca, mas o objetivo daAssociação Agrícola de São Miguele da Cooperativa União Agrícolatem a ver principalmente com orendimento do agricultor, que as-senta essencialmente naquilo quesão as reivindicações que temos naárea do leite, da carne, da diversi-ficação agrícola ou das própriaspolíticas comunitárias.

A reivindicação tem de ser per-sistente, constante e firme, e estesanos foram difíceis e exigentes emque fomos capazes de demonstrara credibilidade que a AssociaçãoAgrícola de São Miguel tem. Nocaso do leite, a sazonalidade queera um problema devastador naeconomia dos agricultores, acaboue agora os mercados dos produtos

“Houve um crescimento substancial novolume de vendase no aumento de empregos quenum momentodifícil para a Região e para o País, é muitoimportante”

“A reivindicaçãotem de ser persistente, constante efirme, e estesanos foram difíceise exigentes emque fomoscapazes dedemonstrar a credibilidade que a AssociaçãoAgrícola de SãoMiguel tem”

JULHO DE 2014Agricultor 2000 3

Inauguração do Parque de Exposições de São Miguel Parque de Exposições de São Miguel

Primeiro-ministro Pedro Passos Coelho comprimenta Jorge Rita na Feira Nacional de Agricultura em Santarém Santd da Associação Agrícola de São Miguel na Feira Nacional de Agricultura em Santarém

Protocolo com a CCAM - Açores

Protocolo com o BES - Açores

Protocolo com a Caixa Económica da Misericordia de Angra do Heroísmo

lácteos é que ditam as alteraçõesdo preço do leite, sendo esta umasituação mais justa e que os lavra-dores poderão perceber melhor.Felizmente que as instituições li-gadas ao setor têm tido um com-portamento melhor do que tive-ram no passado e as indústriasperceberam que a fileira do leite sótem futuro se também mudassemos seus pressupostos.

Hoje existe uma grande aproxi-mação do preço do leite regional e a

nível nacional, não só pelas subidasa nível regional mas muito tambémpelas descidas a nível nacional.

Gostaria também de relembrara realização do resgate leiteiro em2012 que foi devido à reivindi-cação da Associação Agrícola deSão Miguel e que a proporcionou asaída digna do setor para 78 pro-dutores.

- No leite ainda é preciso in-vestir muito?

J. R. - Há muito investimento

ração do setor, na entrada de jo-vens agricultores que têm de serapoiados e acarinhados. Há todoum trabalho que tem de ser fei-to e temos de aproveitar o próxi-mo Quadro Comunitário deApoio para encurtar distânciasem relações aos outros produto-res nacionais e europeus.

- Em relação à carnetambém muito foi feito...

J. R. - Na área da carne têm-se dado passos muito impor-tantes na exportação devido áintervenção da CooperativaUnião Agrícola, CRL, que apos-tou na raça Aberdeen Angus, etambém devido ao escoamen-to que é feito de novilhos,através das parcerias estabele-cidas. A carne IGP também temcrescido na Região. Tambémexistem novos operadores co-merciais que entraram no cir-cuito comercial e que têm feitoum bom trabalho.

Existe a necessidade de re-formular e reestruturar os ma-tadouros para que a exportaçãoda carne com qualidade aumen-te e seja cada vez mais, umamais-valia na Região. Temosmatadouros que já não estão atrabalhar conforme as exigên-cias dos mercados.

Está-se a inverter a situação dosetor, diminuindo a exportaçãodos animais em vivo e aumen-tando o abate dos animais na re-gião, mas para isso, temos demelhorar as infraestruturas exis-tentes, nomeadamente, as salasde desmancha que têm aptidõespara exportação, e também, ne-cessitamos de melhorar o localonde se faz a receção dos animaispara abate e aumentar o númerode câmaras de frio.

“A liderança da Federação Agrícola dos Açores é uma forma de reconhecimento da dimensão e da importância que as restantesorganizações de produtores dos Açores têm da AssociaçãoAgrícola de São Miguel”

para fazer ainda na área do leite.Falo de forma transversal, não aonível das indústrias, que estão bemapetrechadas e que devem conti-nuar a criar produtos de valoracrescentado que sejam uma mais

valia para a região, mas existe ain-da muito investimento que ainda épreciso fazer ao nível das infraes-truturas agrícolas, caminhos,abastecimento de água e luz às ex-plorações, na contínua reestrutu- >>

JULHO DE 20144 Agricultor 2000

“Há muita necessidade de reformulare reestruturar os matadourospara que a exportação da carne com qualidade seja uma mais-valia na Região.Temos matadouros que já não estão a trabalhar conforme são as exigências necessárias”

>>

Jorge Rita reconduzido como Presidente da Federação Agrícola dos Açores Contraste leiteiro e entrega de Certificados de Formação

Secretário de Estado da Agricultura Participação na Feira Agrícola Açores 2013 no Faial

Novas instalações da Cooperativa União Agrícola em Santana Concurso Juvenil no novo Parque de Exposições

É fundamental que o GovernoRegional tenha a atenção quepara termos alguma capacidadede exportação, tem de haver ca-pacidade de concentração, parahomogeneização das carcaças epara isso é preciso criar infraes-truturas próprias para que osprivados e as cooperativas pos-sam criar parques de acabamen-tos, para que a carne vá em con-formidade com aquilo que são asexigências do mercado atual-mente. Vendemos aquilo que omercado quer absorver e não oque queremos vender.

- O próximo Quadro Comu-nitário de Apoio vai valorizar aexportação...

J. R. - Existem mais-valiasno próximo Quadro Comunitá-rio de Apoio especialmente pa-ra a exportação ao nível doCompetir+, com apoios que sãointeressantes e devem ser bemaproveitados e que podem aju-dar a resolver o problema dostransportes entre e para foradas ilhas, que tem sido sempreuma reivindicação da Fede-ração Agrícola dos Açores.

Por outro lado, ao nível do Po-sei irão haver alterações nas pro-duções animais, nomeadamen-te no leite e na carne, que vêm aoencontro das nossas pretensões,permitindo uma melhor e maiorflexibilização e aplicação do Po-sei, e uma desburocratizaçãodeste programa que era o que to-dos desejávamos. O Posei irá re-sultar numa concentração devárias medidas e vários apoiosque são diretamente direciona-dos para as produções, que é oque faz sentido. Porque valemospor aquilo que exportamos e te-mos todo o interesse em ter cadavez mais níveis de exportações eapoios diretamente relaciona-dos com isso.

Quanto ao Prorural+, aguar-damos que algumas das nossaspreocupações sejam aprovadasem Bruxelas e que seja tambémum instrumento que privilegieo aumento da capacidade de ex-portação da região, nomeada-mente na criação de melhorescondições que sejam capazes deir de encontro às necessidades daprodução.

- Neste mandato houve ou-tras situações marcantes...

J. R. - Foi um mandato emque tivemos muitas dificuldades.Não concordámos por exemplocom muitas situações do Posei e

do Prorural, que têm-se alteradode forma substancial e muitas de-las vêm ao encontro das nossaspretensões.

Temos também a questão daabolição das quotas leiteiras, ondeainda não estão salvaguardadosapoios discriminatórios para a Re-gião Autónoma dos Açores, já queas medidas englobadas no pacotede leite criado pela União Euro-

peia, não são satisfatórios, por isso,fomos várias vezes a Bruxelas emdefesa dos interesses dos Agricul-tores Açorianos, além da sensibi-lização permanente que é feita jun-to dos responsáveis do Governo daRepública.

A expetativa é que todos nóscontinuemos a trabalhar para queem qualquer situação de alerta oude dificuldades no rendimento dos

JULHO DE 2014Agricultor 2000 5

“Temos uma relação franca e abertacom todos, quer com o Ministério daAgricultura, quer com a SecretariaRegional da Agricultura e Ambiente,quer com os eurodeputados, quer comgrupos de pressão que temos ao nívelda Comunidade Europeia e a quemestamos associados”

Agricultura Açoriana presente em Bruxelas Federação Agrícola dos Açores reuniu com a ministra Assunção Cristas

Seminário sobre a reforma da PAC

Viagem da Direção da CAP a São Miguel

Nova Fábrica de Rações Santana

em relação à luta desnecessáriaque houve em relação ao gasóleoagrícola, que no fim veio resol-ver-se conforme tínhamos pre-tendido desde o início.

Tivemos também anos emque as condições climatéricasforam adversas para a agricul-tura, nomeadamente para aprodução de forragens, no en-tanto, conseguimos arranjarapoios para a importação dosalimentos e para a fibra. Numaluta constante com o GovernoRegional também conseguimoso Safiagri que foi uma boa aju-da para os agricultores em queserão no final do processo, atri-buídos apoios de 2,6 milhões deeuros.

Temos uma boa execução doQuadro Comunitário de Apoioe a expetativa é que o próximovenha na mesma linha e estãosempre em cima da mesa dos-siers que precisam de acompan-hamento e de proximidade comos eurodeputados, quer com osdo passado, do presente, e os dofuturo, com o Governo Regionale com o Governo Central. Feliz-mente temos uma relação francae aberta com todos, quer com oMinistério da Agricultura, quercom a Secretaria Regional daAgricultura e Ambiente, quercom os eurodeputados, quercom grupos de pressão que te-mos ao nível da ComunidadeEuropeia e a quem estamos as-sociados.

Obviamente que é precisomanter a reivindicação e oxaláque seja criado um lobby emBruxelas porque grande partedas verbas que chegam à Regiãosão de origem europeia.

agricultores, por via de baixas dopreço do leite derivado aos merca-dos e aos excedentes de produçõesque pode haver na Europa, seja lo-go assinalado no sentido de preca-vermos o futuro da região.

Também não gostaria de deixarde referir o nosso empenho juntodo Governo Regional e da Repú-blica para que exista uma soluçãosatisfatória nas contribuições pa-ra a segurança social dos jovensagricultores e dos agricultores quese instalaram após 2011, que é in-justa e que pode ser um entrave aodesenvolvimento do setor agríco-la e estamos, esperançados, quetal como aconteceu no regime de

mente dos problemas particularesde cada ilha, estamos a defenderos interesses de todos os agricul-tores dos Açores. Atualmente o se-tor, apesar das grandes dificulda-des que tem, é o melhor setor deatividade económica e social daregião e se há atividade na Regiãoque tem capacidade de crescer é a

agricultura, o que nem sempre évalorizado.

- Tem sido uma luta constantena defesa dos interesses dosAgricultores Açorianos…

J. R. - É para isso que somoseleitos e temos constantemente deestar alerta face às situações quevão ocorrendo, como por exemplo,

bens em circulação e na baixa doIVA na prestação de serviços naagricultura, seja possível encon-trar uma resolução para este gra-ve problema.

- A Associação Agrícola deSão Miguel mantem a liderançada Federação Agrícola dos Aço-res. É uma forma de reconhecero mérito desta direção?

J. R. - Sem dúvida, é uma for-ma de reconhecimento da di-mensão e da importância que asrestantes organizações de produ-tores dos Açores têm da Asso-ciação Agrícola de São Miguel, esabem, que quando defendemosos agricultores, independente-

“Acabou a sazonalidadeque era umproblema na economia dosagricultores”

JULHO DE 20146 Agricultor 2000

>> No seminário sobre “agricultura familiar versus agricultura sustentável” o presidente da Associação Agrícola de São Miguel, Jorge Rita, defendeu que o peso que a agricultura tem naRegião, especialmente ao nível da empregabilidade, é uma mais-valia que pode ajudar em situaçãode crise. Aquele que é o maior e melhor setor de atividade na região, sofreu uma grande reestruturação através das reformas antecipadas e da entrada de jovens agricultores e que foramfundamentais para a continuidade da agricultura familiar sustentada na Região. Sobre o novoQuadro Comunitário de Apoio, Jorge Rita entende que os fundos europeus não devem ser desperdiçados e que existem projetos de grande valor na Região

Jorge Rita convicto que agricultura será grande ajuda para sair da crise

No atual contexto decrise o setor agrícolapode ser uma mais-valia e pode ajudar a

região e o país a inverter a si-tuação menos positiva. Esta é aconvicção do presidente da Asso-ciação Agrícola de São Miguel, daFederação Agrícola dos Açores erepresentante da Confederaçãodos Agricultores de Portugal(CAP), Jorge Rita, que destacaque o setor "tem dado uma gran-de alavancagem, não só em ter-mos económicos mas também noaumento da empregabilidade".

Jorge Rita, que falava no se-minário "agricultura familiarversus agricultura sustentável",organizado pela Secretaria Re-

gional da Agricultura e Ambienteno âmbito do Ano Internacionalda Agricultura Familiar, salientouque só o setor agrícola "ajudará decerteza a que a crise seja ultrapas-sada o mais rapidamente possível,pois produzimos bens essenciaispara a alimentação da população.As pessoas podem dispensar ou-tros bens, mas a alimentação nin-guém dispensa".

A propósito do seminário, opresidente da Associação Agrícolade São Miguel afirmou que a agri-cultura na Europa assenta sempreem bases familiares e que nos Aço-res essa situação é ainda maisnotória já que a tradição da agri-cultura se faz através da trans-missão de geração em geração.

Além disso, "ser agricultor nor-malmente depende sempre mui-to de toda a família, envolvida di-reta ou indiretamente na explo-ração. A nossa agricultura assentatradicionalmente na transmissãode pais para filhos", embora dis-tinguindo que a agricultura fami-liar não é uma agricultura de sub-sistência como já aconteceu nopassado. A agricultura na regiãocarateriza-se por uma agriculturafamiliar que em todas as ilhas setorna vital não apenas para a eco-nomia mas também para a coesãosocial já que "uma agricultura fa-miliar em todas as ilhas faz e farásempre com que a fixação das pes-soas aos meios rurais seja umprincípio básico e essencial para o

desenvolvimento harmónico esustentado da Região Autónomados Açores".

Neste sentido, Jorge Rita refe-riu que a agricultura na Região re-presenta mais de 45% da econo-mia, mais de 12% da populaçãoativa trabalha diretamente naagricultura, mais de 50% da popu-lação trabalha direta e indireta-mente no setor. Além disso, dire-tamente a agricultura tem um pe-so de 9% no PIB, mas se juntarmoso que se transforma e exporta nosetor pode representar 12% e se aisso adicionarmos o peso da bancae dos seguros, "representa certa-mente 20% ou até mais".

Jorge Rita salientou por issoque o setor agrícola "é o maior emelhor setor de atividade na Re-gião, é aquele que dá garante desustentabilidade económica, éaquele que dá garante de empregoe com maior possibilidade de cres-cimento em termos de emprego.Nomeadamente ao nível de expor-tações em que a Região é exporta-dora exclusivamente do setorprimário, nomeadamente, leite eseus derivados, da carne, mastambém de outras produções tra-dicionais na área da diversificaçãoagrícola, algumas que têm capa-cidade de exportação para nichosde mercado de excelência", disse.

O presidente da AssociaçãoAgrícola de São Miguel destacoupor isso que a balança comercialna Região "não é muito mais defi-citária" porque tem um setor vitalpara a economia que tem dado "in-dicações de crescimento em todasas vertentes".

Perante a plateia, Jorge Ritalembrou que o número de produ-tores na Região tem vindo a dimi-nuir substancialmente, situaçãoque ficou a dever-se à "necessidadede dimensão de algumas explo-rações" e também à questão dasquotas que "foi um estrangula-mento às produções e fez com quehouvesse necessidade na Região de

“A nível nacional e regional, umsetor que temdado uma grandealavancagem,não só em termoseconómicosmas também deaumento deempregabilidadetem sido o setoragrícola”

JULHO DE 2014Agricultor 2000 7

se reestruturar o setor com resga-tes leiteiros que foram muitos im-portantes". Jorge Rita entende quea saída de muitos agricultores ficoua dever-se a "dificuldades, à falta dedimensão ou por questões de saú-de mas que saíram com a dignida-de que foi justa". Além disso essaquota foi depois redistribuída pe-rante todos os agricultores jovens eséniores "que tiveram possibilida-de de crescer as suas explorações eredimensioná-las para poderemser mais eficientes e competitivas".Jorge Rita não tem dúvidas que"um dos melhores instrumentosque tivemos foi a reestruturação dosetor, associado a outro que foi im-portantíssimo na economia fami-liar das empresas agrícolas de carizfamiliar, e que teve a ver com as re-formas antecipadas".

Reformas antecipadas acom-panhadas por projetos de primei-ra instalação e entrada de jovensagricultores no setor que foram"fundamentais para a continuida-de da agricultura familiar de for-ma gradual e sustentada", afir-mou Jorge Rita mas que não terãoseguimento no âmbito do novoQuadro Comunitário de Apoiopara o período 2014-2020, de-monstrando alguma "preocu-pação" no sentido que as reformasantecipadas "não terão seguimen-to" no próximo Quadro Comu-nitário de Apoio.

Também ao nível da entrada dejovens agricultores no setor a si-tuação é preocupante já que ape-sar "do grande entusiasmo e do in-cremento que houve em chamar osjovens para o setor, há entraveseconómicos" que vão condicionara entrada de novos agricultores.

Por exemplo, as comparticipaçõesà segurança social que aumenta-ram bastante para os agricultorescoletados desde 2011 "o que podeestrangular muitos dos jovensagricultores e o seguimento deuma agricultura familiar que que-remos na Região".

Reconhecendo que se trata deuma legislação nacional, Jorge Ri-ta elogiou o trabalho do Ministérioda Agricultura que "tem demons-trado grande disponibilidade paraajudar a resolver os problemas dosagricultores nos Açores" e que "foio melhor que tivemos até hoje",mostrando-se expetante que "con-tinue a dar continuidade à reso-lução dos nossos problemas maisprementes e que dependem doMinistério da Agricultura, da Re-gião e do nosso empenho, dedi-cação e habilidade", disse.

Falando sobre o anterior Qua-dro Comunitário de Apoio, JorgeRita salientou a boa execução domesmo ao nível dos Açores, fican-do a dever-se a três vertentes:"apetência, vontade e investimen-to dos agricultores, a disponibili-zação de meios por parte do Go-verno Regional e as verbas vindasde Bruxelas". No entanto, ressal-vou que grande parte das medidasde Bruxelas "terminaram commuita antecedência e temos a ex-petativa que os projetos saiam omais rapidamente possível" nonovo Quadro Comunitário deApoio que apesar de ter "uma de-ficiência que são as reformas an-tecipadas, vai ao encontro do quequeríamos. Temos de limar ares-tas, mas temos um programa doPosei mais bem estruturado, te-mos um bom documento que foitrabalhado por todas as asso-ciações de produtores", lembrou.

O presidente da AssociaçãoAgrícola de São Miguel apelou aque se aproveite ao máximo osfundos comunitários disponíveispois existem na Região projetosinteressantes, não só na área doleite, mas também na carne e nadiversificação agrícola, "projetoscom futuro que são essenciais pa-ra atenuar a importação de muitosprodutos". Mas reconheceu que onovo Quadro Comunitário deApoio "não é perfeito" e, devido àscondições climatéricas adversasque por vezes se fazem sentir na re-gião, Jorge Rita destacou a neces-sidade de haver seguros para aprodução pois "se não houver se-guros para as produções regionaisao ar livre e em estufas, o cresci-mento dessas produções pode es-tar limitado no tempo".

Por fim Jorge Rita destacou o"excelente trabalho dos agricul-tores e suas famílias na Região"que além de terem um "trabalhoárduo, têm de ter consciência quefazem um trabalho excecional pa-ra a Região que é manter a paisa-gem e produzir bens essenciais",concluiu. Para o presidente daAssociação Agrícola de São Mi-guel os agricultores dos Açoressalvaguardam as questões am-bientais, trabalham de forma per-sistente com o grande objetivo daqualidade que, no fundo, acabapor dar reconhecimento aos pro-dutos da Região.

Visita às instalações AASM, do Secretário de Estado das Florestas e Desenvolvimento Rural, no âmbito da visita aos Açores para o colóquio sobre a Agricultura Familiar

“A agricultura assenta sempre numa raiz familiar porqueser agricultor normalmente depende sempre muito de toda a família envolvida direta ou indiretamente”

“A balança comercialnão é muito maisdeficitária na região porque o setor agrícolatem dado indicações decrescimento emtodas as vertentes”

“Os agricultorespara além deterem um trabalhoárduo, têm de ter a consciência quefazem um trabalhoexcecional para a Região que émanter a paisageme produzir bens essenciais”

JULHO DE 20148 Agricultor 2000

Caracter Leiteiro

A Evoluçãogenéticada raça HolsteinFrísia na ilha de São MiguelA

primeira referência emterritório nacional a va-cas pretas e brancasprovenientes do norte

da Europa, mais propriamente dafoz do Reno, surgiu no Ribatejoem meados do século XVIII. Noentanto fruto de uma melhor cli-matização, acabou por ser na fozdo rio Vouga que os animais daraça Frísia melhor se adaptaram,sendo o Baixo Vouga consideradoo solar da raça Frísia portuguesa.

Nos Açores embora se repor-te apenas aos finais do séculoXIX a existência de animais des-ta raça, a forma surpreendentecom que se adaptaram à região,leva que tenhamos de conside-rar também os Açores como par-te do solar desta raça impar paraa produção de leite.

Foi a partir do fim dos anos no-venta do século passado que seiniciou o registo de animais aço-rianos no Livro Genealógico por-tuguês da raça, primeiro na ilhade S. Miguel, fruto do protocoloestabelecido entre a APCRF e aAssociação Agrícola de S. Miguel,tendo mais tarde estendido o re-gisto aos animais das ilhas Tercei-ra, Pico e ao Faial.

Nessa altura, quando os classi-ficadores do Livro Genealógicocomeçaram a classificar os ani-mais de São Miguel era aindapossível diferenciar em algumasexplorações, animais pertencen-tes ao tronco Frísio, o chamadoHolando Micaelense de animaistotalmente Holsteinizados. Aexistência de animais já marcada-mente Holstein devia-se não ape-nas ao facto dos Açores terem si-do a primeira região do país a usarsémen proveniente da Américado Norte, mas também à apli-cação na década de noventa deembriões originários do Canadá.

Nos últimos quinze anos assis-timos a um esforço enorme emprole do melhoramento da raçapor parte dos criadores micaelen-

ses. É certo que a este incrementonão é alheio a grande importânciaque o setor tem para a região, bemcomo a relação de proximidadeexistente entre os criadores e assuas estruturas associativas.

No caso particular de São Mi-guel, deve-se destacar a Asso-

ciação Agrícola de São Miguel, e oesforço notório efetuado por ela naformação dos criadores e jovenscriadores, organizando cursos téc-nicos ligados à raça, bem como co-locando à disposição dos criadoresassociados serviços ligados ao mel-horamento, como o emparelha-

mento corretivo ou o acesso faci-litado à tecnologia de transplantesde embriões.

Uma observação atenta dos grá-ficos com as médias por grande re-gião das classificações morfológicasrealizadas nos últimos quinze anosem S. Miguel, permite concluir que

embora se tenha observado um li-geiro recuo nos dois primeirosanos, a partir daí assistiu-se a umcrescimento constante do valor fe-notípico dos animais, que se tra-duziu também no melhoramentogenético do efetivo, no que respei-ta ao Tipo. Uma nota interessante

Pernas & Pés Capacidade

JULHO DE 2014Agricultor 2000 9

“No caso particularde São Miguel,deve-se destacar a AssociaçãoAgrícola de SãoMiguel, e o esforçonotório efetuadopor ela na formaçãodos criadores e jovens criadores,organizando cursostécnicos ligados à raça (...)”

Estatura

Úbere

a ressalvar, é que embora a Re-gião Autónoma dos Açores re-presente cerca de 16,7% das clas-sificações morfológicas realiza-das anualmente para o LivroGenealógico, a percentagem devacas da região com a classifi-cação Excelente (EX) no todo na-cional é de 70%.

Para melhor compreender a evo-lução que o efetivo Holstein Frísioteve nesta ilha ao longo da últimadécada, basta observar os excelen-tes exemplares presentes no con-curso que anualmente se realizanesta ilha. As campeãs bem comoos animais melhores classificadosem pista, estão ao nível do que é

apresentado nos melhores con-cursos europeus.

Nos tempos difíceis que seaproximam para o setor leiteironacional, com a liberalização daprodução no espaço comunitário,possuir animais mais funcionaisserá seguramente uma mais valia.Espero que para os Açores em ge-ral e para a ilha de S. Miguel emparticular, o esforço efetuado nosúltimos vinte anos em prole domelhoramento da raça HolsteinFrísia frutifique, tornando maiscompetitiva a produção de leite,naquela que é seguramente umadas regiões com maior aptidãoem toda a Europa.

ENG.º SAMUEL PINTOSECRETÁRIO TÉCNICO DA APCRF

De forma recorrente, todos os anos no período compreendi-do entre Julho e Setembro, são criadas condições climatéri-cas (temperatura e humidade elevadas) para o desenvolvi-mento de um fungo (Pithomyces chartarum) na erva dasnossas pastagens. Este fungo produz uma potente toxina(Esporodesmina) que quando ingerida, exerce uma impor-tante ação tóxica sobre o fígado provocando-lhe lesões queo impedem de libertar os produtos tóxicos do organismo,nomeadamente o pigmento existente na erva verde aFiloeritrina. Se esta não é eliminada, mantêm-se na circu-lação sanguínea, atinge a pele, onde desencadeia reaçõesfotoquímicas que se manifestam sobre a forma de pruridointenso, seguido de queimaduras mais ou menos intensasnas zonas claras e glabras da pele. Esta patologia, conhecida como fotossensibilidade ouDoença de Pelar, tem sido responsável por avultadas perdaseconómicas nas explorações devido a, quebras acentuadasna produção de leite e carne, abortos, retenção placentária,doenças metabólicas (nomeadamente cetoses), gastos com

veterinários e medicamentos, abate prematuro de animaiscom elevado potencial genético e por fim mortes. Alerta-se os produtores para protegerem os seus ani-mais durante os períodos críticos, quer através da uti-lização de um maneio alimentar adequado, ou da admin-istração de zinco.O zinco pode ser administrado de três formas diferentes: - Incorporado na agua da bebida, sobre a forma deSulfato de Zinco, modalidade que só deve ser utilizadaem animais que não estão a produzir leite, por estetransmitir um sabor desagradável, factor limitante ásua natural ingestão, situação que não se pretende emvacas em produção;- Incorporado no concentrado, ou em Bolus (Cápsulas delibertação lenta) sobre a forma de Óxido de Zinco.Solicita-se aos agricultores que contactem o seu médicoveterinário assistente, de modo a informarem-se sobrequal a forma mais eficaz de actuação.

DR. JOÃO VIDAL

AlertaFotossensibilidade ou Doença de Pelar

JULHO DE 201410 Agricultor 2000

JULHO DE 2014Agricultor 2000 11

Evolução do melhoramento bovino em São MiguelD

esde sempre se verifi-cou a preocupaçãopor parte de qualquercriador, independen-

temente da espécie animal, emselecionar os seus melhoresexemplares para serem utilizadosposteriormente como reproduto-res. Este facto sustenta a regraque só utilizando os melhores, seobtêm melhores performances.Logicamente na boviniculturaacontece exactamente o mesmo.

Foi prática comum ao longodos tempos, os agricultores se-leccionarem os vitelos filhos dassuas melhores vacas para seremos futuros reprodutores, ouentão, recorrerem às exploraçõesconsideradas de elite, para ad-quirirem futuros reprodutoresno sentido de uma aproximaçãodo ponto de vista genético.

Embora já fosse utilizada emalguns países, nomeadamentenos Estados Unidos da América,só no final da década de sessen-ta, foi adotada nos Açores a téc-nica que veio revolucionar todoo melhoramento genético a ní-vel global, a Inseminação Artifi-cial (IA). Inicialmente executa-da por técnicos dos serviços dedesenvolvimento agrário ( juntapecuária de então), limitadaapenas a um número relativa-mente reduzido de animais e deexplorações.

Depois da fundação da AASM,a partir de 1988 o serviço de IApassou a ser executado por estaorganização. Os técnicos deentão (dos quais alguns ainda semantêm neste serviço), foramdistribuídos por diferentes pon-tos da ilha, criando zonas quelhes ficavam adstritas. Para alémdo trabalho de inseminação, es-tes exerceram um importantíssi-mo papel de divulgação, alertan-do para os benefícios que esta tra-ria para as explorações e seusproprietários.

De forma gradual foram au-mentando o número de explo-rações que aderiram ao projecto,até ser globalmente aceite que aIA é de facto o caminho mais co-rrecto e que menores custos e ris-cos comporta.

A prevalência de algumas do-enças infecciosas (nomeada-mente a Brucelose), foi motivopara chamadas de atenção porparte dos técnicos, no sentido dealertar os agricultores para o ris-co que comportava a utilizaçãodos reprodutores masculinos naperpetuação destas, contribuin-do positivamente para a imple-mentação da IA.

Com o aparecimento poste-rior de nova tecnologia na áreada reprodução nomeadamente atransferência de embriões (TE),bem como a sexagem do sémen,

o melhoramento tornou-se muitomais rápido devido a um consi-derável encurtamento entre ge-rações. Efectivamente com a TE,pode ser aproveitado o elevado po-tencial genético de uma vaca, paraobter um número considerável deembriões, que depois serão im-plantados em outras vacas de me-nor potencial, conseguindo-se as-sim um elevado número de filhasem apenas um ano, bem como umenorme contributo no patrimóniogenético da comunidade bovina.

Durante muitos anos os empa-relhamentos foram feitos de formaempírica, assentes na experienciae perícia conjunta dos agricultorese técnicos da IA, de forma a bene-ficiar das características positivasde cada reprodutor, bem como co-rrigir os defeitos existentes. Nestaaltura quando a qualidade gené-tica das manadas ainda não era tãoevidente, optou-se por selecionarsémen proveniente de reproduto-res muito equilibrados, tanto doponto vista morfológico como pro-dutivo, com o propósito de se obteruma rápida homogeneidade dosefectivos.

De forma voluntária, a escolharecaiu em reprodutores que apre-sentavam boas características es-pecialmente para úberes e patas,por se verificar défice a este nívelnos animais de então. Em poucosanos assistiu-se a uma revoluçãona qualidade genética das nossasmanadas. Na comparação que erafeita entre as manadas que aderi-ram à IA e, as que não aderiram,nomeadamente na componenteprodutiva e morfológica, a dife-rença era tal, que levou ao aumen-to do número de adesões a tal pon-to, que mais de 85% das nossas va-cas passaram a beneficiar destatécnica.

Alguns reprodutores, conside-rados hoje lendas da indústria daIA exerceram um impacto tre-mendo no melhoramento das nos-sas manadas. Podiam-se citarmuitos nomes, mas seria injusto

não realçar touros como o Blacks-tar, Chief Mark e Starbuck, queratravés dos seus contributos direc-tos, quer através dos seus inúme-ros descendentes que entraramcomo reprodutores de top no cir-cuito da IA.

Ao longo de todos estes anos, foipreocupação constante por parteda AASM disponibilizar sempre osmelhores e mais adequados repro-dutores, de acordo com as nossasnecessidades, independentemen-te da nacionalidade ou proveniên-cia, estando sempre na qualidadeo motivo da escolha. Independen-temente de poderem ter sido co-metidos eventuais erros, o certo éque se conseguiu uma melhoriagenética impressionante, capaz deorgulhar todos os agentes envolvi-dos neste projecto.

Mais recentemente, utilizandotodos os recursos informáticos dis-poníveis, optou-se por trabalhar deuma forma mais orientada ou maiscientifica se quisermos, no sentidode escolher o emparelhamentomais adequado para cada animal.Com a criação do serviço de empa-relhamento, conseguimos escolhero melhor sémen disponível, paramanter ou melhorar os caracteresdesejáveis que o animal já possuibem como corrigir os eventuais de-feitos, excluindo sempre aquelescruzamentos que iriam aumentara consanguinidade.

É do conhecimento geral que aconsanguinidade representa umenorme problema para qualquer

comunidade, sendo particular-mente evidente nas vacas Hols-tein, fruto de um melhoramentomuito intenso e rápido. Quandoelevada, os animais podem apre-sentar menor resistência a umsem número de doenças, bem co-mo uma acentuada redução dafertilidade, daí a importância deum bom programa de emparelha-mento que elimine esta possibili-dade, contribuindo simultanea-mente para a obtenção de vacasmais resistentes, mais férteis, commaior durabilidade e melhor uni-formidade.

O melhoramento animal é umprocesso activo e dinâmico, quese adapta ao longo do tempo àsnecessidades dos produtores. Éfundamental que os produtorescontinuem a insistir nele, porquecomo já foi largamente demons-trado só assim se conseguem ob-ter animais de excelência, factosfacilmente comprováveis queratravés da observação directa dasnossas explorações, nos concur-sos realizados ano após ano, bemcomo nos volumes e qualidade deleite produzido.

Como nota final e título infor-mativo, os gastos com o melhora-mento genético numa exploraçãobovina leiteira representam umapercentagem muita baixa dos cus-tos totais, devendo ser interpreta-dos como investimento no futuro enão somente como um custo.

DR. JOÃO VIDAL

“Ao longo de todos estes anos, foi preocupação constante porparte daAssociaçãoAgrícola de São Migueldisponibilizar sempreos melhores e maisadequados repro-dutores, de acordocom as nossasnecessidades”

JULHO DE 201412 Agricultor 2000