pÁgina vozes junho julho de 2006 … bondade e compaixão, fazendo com que ele floresça em toda...

4
Verdades e mitos sobre a esquizofrenia Página 4 Evento “Onda Cidadã” em São Paulo Página 5 Saúde mental participa do Primeiro Emprego Usuários fazem arte no Caps de Diadema Página 3 De Volta para Casa é a primeira organização social da saúde mental a integrar o Programa Nacional de Estímulo ao Primeiro Emprego Inês Barreto Julyana Rosa da Saúde Mental Ano 1 - Nº 4 Junho/Julho de 2006 Distribuição Gratuita VOZES JUNHO/JULHO DE 2006 PÁGINA 8 LOUCARTE VOZES

Upload: vutu

Post on 12-Feb-2019

214 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

Verdadese mitossobre aesquizofreniaPágina 4

Evento“OndaCidadã” emSão PauloPágina 5

Saúde mental participado Primeiro Emprego

Usuáriosfazem arteno Caps deDiademaPágina 3

De Volta para Casa é a primeiraorganização social da saúde mental a

integrar o Programa Nacional deEstímulo ao Primeiro Emprego

Inês Barreto

Julyana Rosa

da Saúde MentalAno 1 - Nº 4 Junho/Julho de 2006Distribuição Gratuita

VOZES JUNHO/JULHO DE 2006 PÁGINA 8

LOUCARTE VOZES

VOZES JUNHO/JULHO DE 2006 PÁGINA 2

VOZES

Veículo daAssociação JoséMartins de AraújoJúnior e daO.S. “De Voltapara casa”

Equipe de redação:Antonio Mauro Guirado, Eduardo Souza Ferreira, Elizabete Satie Henna,Ivan Pellison Scoriza, José Albano Felipe Vieira, Josiene Silva de OliveiraAugusto, Maria Dinael Gonçalves Silva, Maria do Carmo de Deus, MarioAlexandre Moro, , Meire Aparecida Barbosa Elek, Vitória Ferreira, NatanGomes de LimaRelações institucionais: Margarete SuzanoJornalista Responsável: Margarete Vieira (Mtb16.707)

CORRESPONDÊNCIA

Endereço: Avenida Estados Uni-dos, 24 – Bairro Santa Terezinha –CEP 09210-300 – Santo André/SPTelefone: (11) 4996-4037Fax: (11) 4997-2315e-mail:[email protected]

Colaboração: Núcleo de Jornalismo Social da Faculdade deJornalismo da Universidade Metodista de São Paulo - InêsBarreto, Michel Vita, Julyana Rosa e Rosana VilarProjeto Gráfico: José Reis Filho (Mtb 12.357)Ilustração: Abimael Pessoa, Davi Lopes de Melo, Tatiana CasaresImpresso na gráfica do Diário do Grande ABCTiragem: 10 mil exemplares

Associação José Martins de Araújo Júnior: Presidenta – Maria Dirce Cordeiro

EDITEDITEDITEDITEDITORIALORIALORIALORIALORIAL

Colabore com o Vozesda Saúde Mental

O jornal Vozes é uma produção dos usuários, familiares e funcionários da saúde mental e dos componentes da Associação José Martins de Araújo Junior

É com muita felicidade que vamospara a 4ª. Edição do Jornal Vozes daSaúde Mental. Este é um jornal que nas-ceu para difundir a idéia de que todos osusuários da Saúde Mental têm direito a umtratamento digno e livre de manicômios. Eé com o apoio da Universidade Metodistade São Paulo, da Secretaria de Saúde daPrefeitura de Santo André, comercianteslocais e nesta edição o SEMASA, quevamos tornando este sonho realidade.

Nesta edição temos o prazer de darinício a uma série de reportagens sobre asituação da Saúde Mental no GrandeABCDMRR/SP. Damos continuidadetambém às informações sobre transtornosmentais e o tratamento adequado, falandodesta vez sobre a esquizofrenia.

Esperamos estar cumprindo nossamissão.

Boa leitura!

Sonho torna-serealidade

Envie suas críticas, dúvidas e sugestões para o nossojornal. Nós queremos ouvir você[email protected]

(11) 4996-4037; fax: (11) 4997-2315Av. Estados Unidos, 24 - Santa Terezinha

Santo André - SP - CEP 09210-300

A OS De Volta Para Casa é uma das institui-ções executoras do Primeiro Emprego, que naregião é supervisionado pela Coopervolks. AOS De Volta Para Casa é responsável pelo cur-so “auxiliar do desenvolvimento infantil”, que ca-pacitará profissionais para atuarem embrinquedotecas da saúde.

A coordenadora pedagógica do curso, CarineTatiane de Rosa, explicou que as aulas se divi-dem em 400 horas teóricas, que incluem portu-guês, matemática, informática, meio ambiente,valores humanos, etc. e a parte técnica dabrinquedoteca. Além disso, há 25 horas men-sais de estágios a serem realizados nabrinquedoteca do Hospital Municipal, no CAPS

(Centro de Atenção Psicossocial) Infantil e noEncontro Nacional de Redução de Danos emServiços de Saúde.

Para Albano Felipe, auxiliar administrativo docurso e conselheiro da OS De Volta Para Casa,esta instituição já atua formando cuidadores desaúde mental, e agora estará formando jovenspara atuar na saúde com crianças.

São 27 no total, sendo dois deles da comu-nidade apoiados pela OS jovens no total, mui-tos deles usuários dos serviços de saúde men-tal, ou familiares. Segundo Felipe, todos devemter uma oportunidade para trabalhar.

Elizabete Henna

OS DE VOLTA PARA CASA NOPRIMEIRO EMPREGO

OS DE VOLTA PARA CASA NOPRIMEIRO EMPREGO

Mario Moro

Diversas entidades se reuniram para o I Encontro Sudeste do Movimento Antimaniconial

ENCONTRO

VOZESJUNHO/JULHO DE 2006 PÁGINA 7

LOUCARTELOUCARTE

A filosofia BUDISTA, com seusensinamentos e preceitos, ligados eenunciados por BUDA (O ILUMI-NADO), transmitidos desde há mi-lênios até nossos dias, de geração emgeração, através dos registros feitospelos principais discípulos e segui-dores do BUDISMO, a mais antigado mundo. A doutrina BUDISTA ul-trapassa o campo da filosofia e daciência, porque estabelece que so-mente através da percepção direta edo auto conhecimento poderemosalcançar a natureza original inerentea todos os seres s ensíveis, que é anatureza do BUDA.

O Budismo aperfeiçoa, não somen-te nossa mente e nosso corpo, mas nu-tre nosso coração tornando-o repletode bondade e compaixão, fazendo comque ele floresça em toda sua plenitude.

Uma visão materialista, sem dúvi-da não nos conduzirá a um mundomelhor e mais justo, que só é possí-vel que se conseguido através da ele-vação do espírito, do coração e damente. Corpo e alma, requerem, da

mesma forma, alimentos e cuidados,para desenvolverem-se em igualdadee completaram-se num todo. O pa-raíso não é inantigível, nem o infernoé tão distante, eles estão neste mun-do que conhecemos e são frutos dasboas e más ações que praticamos, denossa compaixão e amor ao próximo,que é uma das filosofias do Budismo.

Para realmente sermos felizes, nósnão devemos nos esquecer de queestamos sendo desejados por Budae antepassados, de modo que preci-samos esforçar em agradecer e re-tribuir as graças de Buda.

Abandonemos o pensamento ar-rogante de se considerar semprebons e corretos, sendo os demaiserrados. Esforcemo-nos o máximona vida para a verdadeira lama hu-mana que é ignorante e imaduro, as-sim, tornondo-nos modestos huma-nos sendo gratos pela compaixão deBuda. Sem dúvida o melhor meio deagradecer e retribuir.

Anderson Saiki

BudismoMuda o artista a história é a mesmaVira a noite na correriaNada mais satisfazia, dor nos ossosPara anestesiar a alma

Desorientado na vidaPerdido no espaçoNa hora do tuimA eternidade dura 5 minutosCai o nóia, a sonhar, acordar, acordaE sonhar o que sobrou do tuim

TuimSem saber se é demaisSe droga até quase morrerDe hospício em hospício tenta viver

Sofrimento perigosoEm breve chegaráSem julgar você veráSe é pouca sorteOu muito azar

Marcelo Melinsky de Morais

Pamonha AssadaIngredientes:8 espigas de milho verde não muitoduras limpas e sem fiapos.3 colheres (sopa) bem cheias demanteiga.1 coco ralado ou 1 pacote de cocoraladoDesidratado ¼ de queijo curado ou1 pacoteDe queijo ralado pequeno ou grande.Açúcar e canela a gosto.4 ovos.3 copos americanos de leite.1 pitada de sal.

1 colher (sopa) de fermento em pó.

Modo de fazer:Rale o milho e passe na peneira fina .Bata os ovos inteiros, misture todosos ingredientes eVá adoçando até o ponto desejado.Asse emFôrma untada com manteiga. Porúltimo deAssar, coloque o fermento em pó.

Vitória Aparecida Pinal deSouza Ferreira

RECEITA

Davi Lopes

VOZESJUNHO/JULHO DE 2006 PÁGINA 3

Diadema

Santo André Sem Homofobia

ia 26 de maio aconteceuo evento “Chega de vio-lência Santo André SemHomofobia”, onde após a

cerimônia de abertura com Hino Na-cional, foi apresentada nova comis-são Legislativa.

Um dos focos principais doevento procurou transmitir que nãoseria preciso entender ou aceitar oshomossexuais, mas sim ter odever de respeitar para tam-bém ser respeitado pelos Di-reitos Civis.

“Homofobia é o medo,ódio ou repulsa que a homos-sexualidade vem sofrendo poroutros tipos de pessoas, quepode ter conseqüências gravesna saúde mental e física da pró-pria pessoa ou leva-la a come-ter atos homofóbicos ou anti-sociais” garante a ONG.

Marcelo Golveia Gil, presidenteda (ABCD’S), Conselheiro Munici-pal da Saúde de Santo André e prin-cipal organizador deste evento dizque para justamente se ter vida e po-der, seria necessário estar no meioda sociedade.

Marcelo defende também que sejacrime um homem matar outro homem,mais que não seja crime um homem

amar outro homem.Mariana Dias, assessora da Secre-

taria da Justiça e da Defesa da Cida-dania, falou sobre a lei 10.948/01 queexiste justamente para punir os casosde discriminação por homofobia.

Mariana também falou do ServiçoIntegrado de Defesa da Cidadania(Sidec) onde quem for vítima de qual-quer tipo de discriminação, procureesse serviço via a Secretaria da Justi-ça e da Defesa da Cidadania – SPtel.(ll)3291- 2626/ via o PROCONou ACISA.

Beto de Jesus, secretário da As-sociação Brasileira de Gays,Lésbicas e Transgeneros(ABGT) após saudar seu amigo

as o cenário ainda nãoé o ideal. SegundoSandra Lia Chioro dos

Reis, 44, psiquiatra ec o o r - denadora de saúde mentaldo centro, uma cidade do tamanhode Diadema, com 400 mil habitan-tes, deveria ter quatro Caps. Deacordo com normas da OrganizaçãoMundial de Saúde (OMS), cada ci-dade precisaria de um centro paracada 100 mil habitantes.

Os centros têm o objetivo dedar assistência aos usuários atravésde oficinas de artesanato, teatro, te-rapia ocupacional e contam com umaequipe que reúne psicólogos, psiqui-atras, enfermeiros e outros profissi-onais que auxiliam no tratamento.

O Caps do município é impor-tante para os usuários. Cláudio David,36, foi eleito representante pelos co-legas de centro. Ele afirma ter me-lhorado bastante desde que começoua freqüentar o local. David diz quetem crises e manias, o que o impos-sibilitou de continuar na escola. “Nãoconseguia ficar parado e o precon-ceito é muito grande. Já no Caps euconsigo ficar. Faço terapiaocupacional, pinto quadros e conver-

Marcelo com um beijo, comentou daimportancia do Programa Brasil semHomofobia, lembrando que l7 de maiofoi o dia Mundial de Luta contrahomofobia.

Décio de Castro Alves, representantedo governo municipal e coordenador ge-ral da Saúde Mental de Santo André, lem-bra que as diferenças são o que nos fa-zem mais ricos.

Este evento foi marcado também pelapresença de trabalhadores e usuários dasaúde mental.

Mario Moro

No auditório da Câmara Municipal de Santo Andrélotado, com presença de 280 pessoas de vários movimen-tos sociais , que também sofrem com discriminação. AOng “Ação Brotar pela Cidadania e Diversidade Sexual(ABCD`S) e apoio do Programa Mundial / DST/Aids.

so com as pessoas.”Maria de Lourdes Teodoro, 46,

aprova o tratamento que o filho, Ro-gério Luiz Teodoro, 24, tem no Caps.“Não é que eu não queira ficar commeu filho. Só quero ter certeza de queele está seguro”. Teodoro já fugiu decasa e foi para Belo Horizonte semavisar os pais, que moram em SantoAndré. Atualmente, ele está internadoem um pronto-socorro do município.

Os próprios usuários têm recla-mações a fazer e esperam melhorias.Cláudio David, em reunião com oscompanheiros, levantou diversos pro-blemas. “Queremos reformar a casa,melhorar a comida e o transporte. Àsvezes queremos visitar algum pacienteem crise e não temos carro”, conta.

O relacionamento entre os usuáriosque estão no Caps é benéfico. “Aqui te-nho vários amigos. Não conversamos sósobre nossos problemas, somos amigos deverdade. A sociedade ainda está um pou-co longe de nos entender”, explica David.

O relacionamento com a Previdên-cia Social foi motivo de queixa dos pa-cientes. Eles têm de fazer perícias duasvezes ao ano para avaliar sua condiçãoclínica. “É um absurdo a gente ter de fa-zer perícia de seis em seis meses. Fica-mos na fila, dá nervoso, é muita pres-são”, reclama David.

“Um projeto já foi enviado para oMinistério da Saúde. A intenção é criarum Capsi (Centro de Apoio PsicossocialIntegral) infantil”, diz a psiquiatra Sandra.

Margarete SuzanoMichel Vita

Vitória Ferreira

O Caps (Centro deApoio Psicossocial) deDiadema, que fica naRua Manoel daNóbrega, 833, atendecerca de 1.400 pesso-as no momento, das8h às 17h, de segun-da a sexta-feira.

M

D

Panorama da Saúde Mental no ABC

VOZES JUNHO/JULHO DE 2006 PÁGINA 6

anja com Canja começou emsetembro de 2000, em San-to André, com a proposta de

promover encontros entremúsicos, produtores, poder público e aComissão de Música do Conselho Mu-nicipal de Cultura deste município.

Segundo uma das fundadoras doprojeto e trabalhadora da saúde men-tal, Margarete Suzano, “o projeto co-meçou a partir das reuniões da Comis-são de Música do Conselho Munici-pal de Cultura da Secretaria de Cultu-ra, Esporte e Lazer da prefeitura deSanto André, com objetivo de pensarquestões relativas à produção musicalda cidade e promover diálogos per-manentes e integração entre poderpuúblico e sociedade civil. Neste con-texto surge a idéia coletiva de um pro-jeto musical para contemplar os artis-tas e adversidade musical”.

Margarete ainda comenta que, nodecorrer desses cinco anos de en-contros, nos empenhamos e conso-lidamos um projeto que atende e fa-vorece músicos da região evisualizamos um cenário regional rico

e muito interessante.Neste processode aprendizagem entre o poder pú-blico e sociedade civil a troca épossível, comenta.

Hoje, pela sociedade civil ela e RitaMaria conduzem o projeto com a Se-cretaria de Cultura de Santo André.

De 2000 a 2006, muitas bandasse apresentaram e para a gravação doprimeiro DVD foram convidados, Ruie Glau, A Rosa di Zinco, Reggae asPlantas, Uafro, Kléber Albuquerque,Candeeiro, Brasa Jazz, Projeto Nave,Joca e Regional, Chero di Mato, KBSativa, Corvo Branco, Milton Araújo,Enézimo e Tifu, Zé Terra e Renê de

Canja com canja grava primeiro DVDEm comemoração aos 5anos de existência , oCanja com Canja gra-vou, nos dias 16 e 17 demaio, no saguão doTeatro Municipal deSanto André, o seu pri-meiro DVD. Com entra-da franca, o eventocontou com a participa-ram 19 artistas da re-gião, a maioriaandreense.

C

França, Mestre Formiga, Vasco Faé,Os Mharmotas e K-Ram -K.

Um dos convidados, Vasco Fae,músico andreense e um dos fundado-res do projeto, diz que, “o principal mo-tivo do Canja com Canja é mostrar otrabalho dos artistas locais para um pú-blico grande”.

Faé ainda comenta que participeimais de 20 edições do Canja, o proje-to é valido, pois continua simples e semcustos altos e com a gravação do DVD,vamos ter um registro do que fizemos”.

O projeto abre espaço e o artista etrabalhador da saúde mental, JhonnyLazarini esteve no dia das gravações etambém já participou de outras ediçõescriando ao vivo quadros coloridos.

O músico Abimael Pessoa, 47anos, que já participou de ediçõesanteriores, estava no Canja como es-pectador e diz que, “a coisa mais im-portante nesse projeto é a reuniãodos músicos, reencontrar velhos ami-gos e trocar idéias sobre o que maisgostamos, a música”.

Cada banda gravou uma faixa do

DVD, que serão produzidos mil exem-plares e a previsão de lançamento épara julho, em Paranapiacaba.

Os músicos interessados em parti-cipar do Canja com Canja podem le-var release e áudio ao Departamentode Cultura localizado no prédio da Bi-blioteca, no Paço Municipal ou no diadas edições no Saguão do Teatro Mu-nicipal de Santo André.

Júlio C. Rossi

Det

alhe

: Joh

nny

Lazz

arin

i

Arquivo Pessoal

VOZES JUNHO/JULHO DE 2006 PÁGINA 4

difícil identificar a origem exata daesquizofrenia. “A esquizofrenia tem umcomponente genético importante, mas não

explica toda a doença. Biologicamente te-ria a ver com a constituição física e predisposiçãogenética. Psicologicamente tem a ver com o ambi-ente social”, explica Sebastião Antônio GonçalvesAmbrósio, o “Sebá”, psicólogo encarregado doNaps (Núcleo de Atenção Psicossocial) 1.

COMO IDENTIFICAROs sintomas da esquizofrenia são separados em dois

grupos: positivos e negativos. Os positivos são aquelesque distorcem a função psíquica normal (delírios e aluci-nações). A parte negativa engloba a diminuição das fun-ções psíquicas (redução da afetividade e dificuldades derelacionamento). Tais sintomas podem surgir gradualmen-te ou aparecer de uma vez.

As crises psicóticas, que podem acontecer eventu-almente, são conhecidas. Mas Sebá afirma que as pesso-as distorcem a intensidade e a freqüência delas. “As crisessão inevitáveis. Uma vez ou outra, a pessoa vai ter, geral-mente diante de alguma exigência, de alguma carência.”

O psicólogo avisa que o usuário com esquizofrenianem sempre é violento. “Os usuários são mais vítimasda agressão. Se colocasse 100 pessoas esquizofrênicas

e 100 pessoas neuróticas, o que é considerado estatis-ticamente normal, vai ter o mesmo contingente de pes-soas violentas nos dois grupos.”

A legislação brasileira ajudou a disseminar o pre-conceito. Em 1934, a lei dizia que os esquizofrênicos eramviolentos e justificava internações. Na nova constituição,válida desde 1988, certas leis protegem os direitos dosusuários e os tratam com mais respeito.

COMO TRATARUm dos tratamentos para o esquizofrênico é permi-

tir que ele expresse seus sentimentos. Para Débora Rico,que desenvolve um ateliê terapêutico no Naps 2, é impor-tante que a pessoa esteja livre para desenhar o que quiser.“A gente não dá temas. A pessoa traz para o papel a ex-pressão do inconsciente.”

Os usuários nomeiam o trabalho e contam uma his-tória referente a ele. “A história, o título e o trabalho vãodar uma condição melhor de entender o inconsciente.”Cada pessoa tem o direito de querer ou não que sua obraseja analisada.

É comum o usuário expor seus sintomas no trabalhoartístico, o que pode facilitar o trabalho de diagnóstico demédicos e psicólogos.

Sebá confirma que a arte pode ajudar o paciente deesquizofrenia. “Alguns usuários podem ter dons artísticos,desde que estabilizados. Eles conseguem encaminhar seuspensamentos para uma produção artística.”

O tratamento pode ser feito também pela parte bio-lógica, com neurolépticos e anticonvulssionantes, usadospara evitar efeitos colaterais dos primeiros. Algunsantidepressivos são utilizados em momentos de crise.

A família tem participação importante na terapia.Eles têm de saber evitar situações que podem desen-cadear as crises. “Trocar experiências com outra pes-soa já proporciona que o familiar crie novas posturas elide de maneira diferente”, diz Sebá. É fundamental que

Esquizofrenia

os familiares observem a alimentação do usuário, jáque os medicamentos podem induzia a obesidade. Sen-do assim, a alimentação deve ser mais leve.

SERVIÇOMais informações podem ser obtidas no Naps I

(rua Marechal Hermes, 33, em Santo André) ou noNaps II (praça Chile, 140, em Santo André). Quemquiser saber mais sobre o tema pode assistir ao filme“Uma mente brilhante”.

DEPOIMENTO

Davi Lopes, 35 anos, lembra que começou a terproblemas quando se envolveu com drogas ofereci-das por amigos. Ele trabalhava e estudava, mas suacondição agravou-se com o tempo e virouesquizofrenia. Lopes foi internado diversas vezes.Quando as alucinações começaram, Lopes fugiu deuma das instituições. Em 2003 ele, que é casado etem dois filhos, um de relacionamento anterior, come-çou a se tratar no Naps 1 e diz que está muito melhor.

É

O termo esquizofrenia foicriado em 1911 e significa“mente divida”.

“Eu trabalhava e estudava. Tinha uma vidaque me proporcionaria algo no futuro. Um

colega me ofereceu maconha e eu comecei a usar vá-rias vezes. Tive a psicose de drogas. Fui internadomais de dez vezes em diferentes hospitais.

O problema aumentou e virou esquizofrenia. Viacoisas onde não tinha e acabei internado em Campi-nas, mas fugi de lá. Meu irmão me buscou e eu pedipara não ser internado de novo. Com o tratamento em2003 e não uso mais drogas nem bebo mais. Se tiveruma recaída, converso com as pessoas do Naps 1,que freqüento desde 2000. Me recuperei, mas não to-talmente. Faço de tudo para colaborar com os médi-cos. Uma coisa que sempre me incomodou foi o pre-conceito. Minha família não me vê como uma pessoanormal, eles acham que sou doente e não tem confian-ça total em mim. Hoje, vivo um dia após o outro.

Para o futuro, penso em trabalhar, já que vivocom o pouco que a Previdência Social me dá”, contou Lopez.

Michel Vita

“Jo Rabelo

VOZESJUNHO/JULHO DE 2006 PÁGINA 5

Vozes participa da “Onda Cidadã”

foco do evento este anotambém será voltando suaatenção aos movimentossociais, grupos independen-

tes e Ongs, que devido a criação deespaços de expressão jornalísticas, ar-tísticas e educativas, marcadas por suasdiscusões e cidadania, passaram a fa-zer parte desta nova onda de comuni-cação devido suas próprias mídias.

Claudinei Ferreira, 48 anos gerentedo núcleo de diálogos, coordenador eum dos principais responsáveis peloevento, diz que o programa permanen-te começou em 2003 totalmente focadono radio, como principal veiculo de co-municação no Brasil.

Segundo Pereira, cerca de quaren-ta e cinco rádios do Brasil inteiro e cin-qüenta Ongs ou Movimentos Sociaisestão sendo esperadas para apresen-tarem projetos, conhecerem a redaçãoe outras Ongs.

Ele disse também que somos um Ins-tituto Cultural, precisamos ter um tipode relacionamento com as mídias autô-nomas, independentes de trabalharembem ou mal informações culturais queveinculam e seria preciso entender es-ses trabalhos diversos.

Claudinei afirma que esse é um tra-balho muito importante onde todos aca-bam se conhecendo e falam de suamídia, pois o ONDA CIDADÃ já che-

C

Representantes da nova onda de comunicação compos-ta por rádios comunitárias, imprensa alternativa, blogs,fanzines, jornais estarão se encontrando entre os dias 8de junho à 1 de julho de 2006, em mais um evento do“ONDA CIDADÃ , realizado no Itaú Cultural, naAv.Paulista, 149 - São Paulo.

riada pelo Dr. Zhuang YuenMing, médico ortopedista etraumatologista, em Pe-quim. Ao sentir o sofrimento

das pessoas ele conseguiu en-contrar uma solução na medicina mo-derna, então resolveu pesquisar na me-dicina tradicional, na massagem tuiuná

Liang Gong, quer dizerforjar um corpo forte esaudável. É uma práticaChinesa e pode se dizertambém que é umaginástica terapêutica,que constrói a saúde aolongo do tempo comperseverança.

e resolveu juntar todo esse conhecimen-to numa série de movimentos, começan-do pelo pescoço, cabeça, coluna , per-nas e criou o chamado LIANG GONGem 18 terapias, sempre mantendo o nú-cleo central que é o liang gong , um diauma massagem, outro uma roda, outrodia uma massagem”, disse Maria da Gló-

O

gou ocorrer em Estados como, PortoAlegre, Belo Horizonte, Salvador eRio de Janeiro.

Carlos Alberto Romanoffi, 46 anos,formado em publicidade, disse ter gos-tado muito do evento principalmente por

seu foco este ano estar voltado as Ongspois acha que devemos investir mais naárea de comunicação e educação, aju-dando assim a salvar muita gente e comisso vir a melhorar o pais.

M.M.

ria Amaral, 40, socióloga e que atua comoagente de lazer há 14 anos, sendo 7 coma prática do Liang Gong: “Usando umamúsica de fundo na ginástica, ele gra-vou e narrou fazendo as contagens dosmovimentos, que ficou sendo a primeirado Liang Gong e passou a ser usado in-clusive em parques, praças, etc.”

“Glória disse ainda que a terapia tema função de trazer a alegria, brincar,estar juntos, abraçar e sempre mantera prática, como é feito no NAPS I, II,AD, CAPSI, trazendo benefícios como:controle da hipertensão, diabetes, pro-blemas de coluna, melhora a função doaparelho digestivo, escretor, trabalhatodas as articulações, fortalecendo osmúsculos e evita o aumento da artritee artrose.”

Na parte mental e emocional é fei-to um trabalho com a respiração o qualdiminue a ansiedade, stress, angústia,depressão e até a vontade de fumaratenua.

Falou ainda que começou na Prefei-tura como agente de lazer e trabalhouno Departamento de Lazer na área Cen-tral e Esportiva, com crianças e até a3ª idade.

Ela afirma que se sente muito felizporque trabalha com o que gosta.

Josiene AugustoMaria do Carmo de DeusMauro Guirado

Itaú Cultural

Liang Gong no NapsLiang Gong no Naps

Mario Moro

Josiene Augusto