Padre António Vieira

A Vocação

A verdadeira missão na terra

No Brasil, António Vieira, entra na única escola da Baía: o Colégio dos Jesuítas em Salvador. Consta que não era um bom aluno, no início dos estudos, mas, com o passar do tempo, tornou-se brilhante.

Foi na Companhia de Jesus que começou por descobrir a sua vocação religiosa:

Aos 17 anos de idade escreveu, em latim, as cartas anuas que eram enviadas da província ao Geral de Roma.

A verdadeira missão na terra

Aos 18 aprendeu retórica no colégio de Olinda, cidade do estado de Pernambuco e depois filosofia e dialéctica.

Aos 20 anos frequentou teologia. Os seus superiores permitiram que redigisse uma apostilha para as suas próprias lições.

Aos 30, foi nomeado mestre de teologia. Passou ao 3.º grau da Companhia, dos coadjutores espirituais e em 1635, começou a exercer as funções de pregador, inerentes ao seu grau.

O Padre António Vieira tornou-se numa das mais influentes personagens do século XVII, quer como político, quer como missionário, defendendo infatigavelmente os direitos humanos dos povos indígenas e dos escravos negros, combatendo a sua exploração e escravização.

Estes eram alvos fáceis da cobiça dos colonos, sendo submetidos a condições degradantes.

Isto indignava o padre jesuíta, como se pode ver nos desabafos do Sermão da Vigésima Sétima:

«Oh trato desumano, em que a mercancia são homens! Oh mercancia diabólica, em que os interesses se tiram das almas, e os riscos das próprias!... Os senhores poucos e os escravos muitos; os senhores rompendo galas, os escravos despidos e nus; os senhores banqueteando, os escravos perecendo à fome; os senhores nadando em ouro e prata, os escravos carregados de ferros.»

Admitindo o cativeiro dos negros vindos de África,

considerado, na altura, legal, diz-nos, no entanto, Vieira:

«Bem sei que alguns destes cativeiros são justos, os quais

só permitem as leis, e que tais se supõem os que no Brasil

se compram e vendem, não dos naturais, senão dos trazidos

das outras partes: mas que teologia há ou pode haver que

justifique a desumanidade e sevícia dos exorbitantes

castigos com que os mesmos escravos são maltratados?»

Os escravos chamavam "Paiaçu“ a Padre António Viera, o que, em Tupi, significava Grande Padre/Pai. Esta designação comprova bem a importância que Vieira tinha, a seus olhos.

Padre António Vieira intercedeu, também, a favor dos judeus, defendendo a abolição da distinção entre cristãos-novos (judeus convertidos, perseguidos, à época, pela Inquisição) e cristãos-velhos (os católicos tradicionais).

     

Criticou ainda, severamente, os desmandos de sacerdotes da sua época e a própria Inquisição.

Em Dezembro de 1667, o tribunal do Santo Ofício dita a sentença condenando o padre António Vieira: "é privado para sempre de voz activa e passiva e do poder de pregar, e recluso no Colégio ou Casa de sua religião, que o Santo Ofício lhe ordenar, e de onde, sem ordem sua, não sairá.. .”

Em 1669, Vieira parte para Roma para tratar de um processo de beatificação. Aí ganha, pela sua arte de orador, grande notoriedade. É reconhecido o seu valor quer na Corte Pontifícia, quer na corte da Rainha Cristina, que frequenta.

Aí combate os métodos da Inquisição em Portugal e defende novamente os cristãos novos.

Em 1675, recebe do Papa Clemente X uma isenção da jurisdição inquisitorial e volta a Lisboa onde encontra um ambiente que lhe é desfavorável.

Em 1679, sai o primeiro volume dos Sermões, parte da extensa obra que nos legou…

     

     

A10 de Junho, já velho e doente, começou a agonia, perdeu a voz, silenciaram-se os discursos.

Morre a 17 de Junho de 1697, com 89 anos, na cidade de Salvador, Baía.      

     

     

Trabalho realizado por:

Pedro Miguel Balula, n.º 115 – 11ºAR