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Campo Grande, 25 a 28 de julho de 2009, Sociedade Brasileira de Economia, Administração e Sociologia Rural 1 PADRÃO DE ESPECIALIZAÇÃO AMBIENTAL DAS EXPORTAÇÕES DA INDÚSTRIA DE TRANSFORMAÇÃO BRASILEIRA (1989 2006) [email protected] APRESENTACAO ORAL-Agropecuária, Meio-Ambiente, e Desenvolvimento Sustentável ARIANE DANIELLE BARAÚNA; ANGÉLICA DA TRINDADE HENRIQUE; KARLA KAROLYNE BARBOSA ROCHA. UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO, RECIFE - PE - BRASIL. PADRÃO DE ESPECIALIZAÇÃO AMBIENTAL DAS EXPORTAÇÕES DA INDÚSTRIA DE TRANSFORMAÇÃO BRASILEIRA (1989 – 2006) Grupo de Pesquisa: AGROPECUÁRIA, MEIO-AMBIENTE, E DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL. Resumo O OBJETIVO DESTE TRABALHO É VERIFICAR OS FLUXOS DE EXPORTAÇÃO DE PRODUTOS INDUSTRIALIZADOS SEGUNDO O PADRÃO DE ESPECIALIZAÇÃO AMBIENTAL, NO PERÍODO COMPREENDIDO ENTRE 1989 E 2006. AS EXPORTAÇÕES BRASILEIRAS COMPLEMENTAM A OFERTA DE OUTROS PAÍSES, ATRAVÉS DA PRODUÇÃO INTERNA, PORTANTO, A IDENTIFICAÇÃO DO PADRÃO DE ESPECIALIZAÇÃO AMBIENTAL PERMITE VERIFICAR O QUANTO DE EMISSÕES PERMANECERAM NO PAÍS SEM QUE SEU PRODUTO TENHA SIDO CONSUMIDO INTERNAMENTE. O PADRÃO DE ESPECIALIZAÇÃO AMBIENTAL FOI ELABORADO SEGUNDO O ÍNDICE LINEAR DE INTENSIDADE DE TOXIDADE HUMANA AGUDA (ILITHA), ANALISANDO QUAIS OS SETORES INDUSTRIAIS APRESENTAM MAIS RISCOS À SAÚDE HUMANA, SEJA EM RELAÇÃO AO PRODUTO OU AOS MÉTODOS OU PROCESSOS DE PRODUÇÃO. OS SETORES FORAM CLASSIFICADOS NAS CATEGORIAS ALTA, MÉDIA ALTA, MÉDIA BAIXA E BAIXA INTENSIDADE DE TOXIDADE. AS PRINCIPAIS CONCLUSÕES SÃO: O PADRÃO DE ESPECIALIZAÇÃO AMBIENTAL ESTÁ BASEADO EM SETORES QUE APRESENTAM ALTA INTENSIDADE DE; AS CATEGORIAS MÉDIA ALTA E BAIXA ELEVARAM-SE E A CATEGORIA MÉDIA BAIXA APRESENTOU REDUÇÃO, NO PERÍODO CONSIDERADO. PORTANTO, DEVIDO AO PADRÃO DE ALTA INTENSIDADE DE TOXIDADE, AS EXPORTAÇÕES TORNAM-SE MAIS VULNERÁVEIS ÀS BARREIRAS NÃO TARIFÁRIAS DE CARÁTER AMBIENTAL. Palavras Chaves: Especialização Ambiental, Sustentabilidade, Exportações. Abstract

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PADRÃO DE ESPECIALIZAÇÃO AMBIENTAL DAS EXPORTAÇÕES DA INDÚSTRIA DE TRANSFORMAÇÃO BRASILEIRA (1989 – 2006) [email protected] APRESENTACAO ORAL-Agropecuária, Meio-Ambiente, e Desenvolvimento Sustentável ARIANE DANIELLE BARAÚNA; ANGÉLICA DA TRINDADE HENRI QUE; KARLA KAROLYNE BARBOSA ROCHA. UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO, RECIFE - PE - BRASIL.

PADRÃO DE ESPECIALIZAÇÃO AMBIENTAL DAS EXPORTAÇÕES DA INDÚSTRIA DE TRANSFORMAÇÃO BRASILEIRA (1989 – 2006)

Grupo de Pesquisa: AGROPECUÁRIA, MEIO-AMBIENTE, E DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL. Resumo

O OBJETIVO DESTE TRABALHO É VERIFICAR OS FLUXOS DE

EXPORTAÇÃO DE PRODUTOS INDUSTRIALIZADOS SEGUNDO O PADRÃO DE ESPECIALIZAÇÃO AMBIENTAL, NO PERÍODO COMPREENDIDO ENTRE 1989 E 2006. AS EXPORTAÇÕES BRASILEIRAS COMPLEMENTAM A OFERTA DE OUTROS PAÍSES, ATRAVÉS DA PRODUÇÃO INTERNA, PORTANTO, A IDENTIFICAÇÃO DO PADRÃO DE ESPECIALIZAÇÃO AMBIENTAL PERMITE VERIFICAR O QUANTO DE EMISSÕES PERMANECERAM NO PAÍS SEM QUE SEU PRODUTO TENHA SIDO CONSUMIDO INTERNAMENTE. O PADRÃO DE ESPECIALIZAÇÃO AMBIENTAL FOI ELABORADO SEGUNDO O ÍNDICE LINEAR DE INTENSIDADE DE TOXIDADE HUMANA AGUDA (ILITHA), A NALISANDO QUAIS OS SETORES INDUSTRIAIS APRESENTAM MAIS RISCOS À SAÚDE HUMANA, SEJA EM RELAÇÃO AO PRODUTO OU AOS MÉTODOS OU PROCESSOS DE PRODUÇÃO. OS SETORES FORAM CLASSIFICADOS NAS CATEGORIAS ALTA, MÉDIA ALTA, MÉDIA BAIXA E BAIXA IN TENSIDADE DE TOXIDADE. AS PRINCIPAIS CONCLUSÕES SÃO: O PADRÃO DE ESPECIALIZAÇÃO AMBIENTAL ESTÁ BASEADO EM SETORES QUE APRESENTAM ALTA INTENSIDADE DE; AS CATEGORIAS MÉDIA ALTA E BAIXA ELEVARAM-SE E A CATEGORIA MÉDIA BAIXA APRESENTOU REDUÇÃO, NO PERÍODO CONSIDERADO. PORTANTO, DEVIDO AO PADRÃO DE ALTA INTENSIDADE DE TOXIDADE, AS EXPORTAÇÕES TORNAM-SE MAIS VULNERÁVEIS ÀS BARREIRAS NÃO TARIFÁRIAS DE CARÁTER AMBIENTAL. Palavras Chaves: Especialização Ambiental, Sustentabilidade, Exportações. Abstract

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THE AIM OF THIS STUDY IS TO VERIFY THE EXPORT FLOWS OF MANUFACTURED PRODUCTS ACCORDING TO THE PATTERN OF ENVIRONMENTAL SPECIALIZATION IN THE PERIOD BETWEEN 1989 AND 2006. BRAZILIAN EXPORTS SUPPLEMENT THE OFFER OF OTHER COUNTRIES THROUGH DOMESTIC PRODUCTION, THUS IDENTIFYING THE PATTERN OF ENVIRONMENTAL SPECIALIZATION ALLOWS YOU TO CHECK HOW MUCH EMISSIONS HAVE REMAINED IN THE COUNTRY WITHOUT HAVING THEIR PRODUCT HAS BEEN CONSUMED DOMESTICALLY. THE PATTERN OF ENVIRONMENTAL EXPERTISE WAS PREPARED ACCORDING TO THE INDEX LINEAR INTENSITY OF HUMAN ACUTE TOXICITY (EILEITHYIA) ANALYZED WHICH INDUSTRIES HAVE GREATER RISKS TO HUMAN HEALTH, EITHER IN RELATION TO THE PRODUCT OR THE METHODS OR PROCESSES. THE SECTORS WERE CLASSIFIED INTO THE CATEGORIES HIGH, MEDIUM, HIGH, MEDIUM AND LOW INTENSITY OF LOW TOXICITY. THE MAIN CONCLUSIONS ARE: THE PATTERN OF SPECIALIZATION IS ENVIRONMENTAL-BASED INDUSTRIES THAT HAVE HIGH INTENSITY, THE AVERAGE HIGH AND LOW CATEGORIES AMOUNTED TO LOWER MIDDLE CLASS AND DECREASED IN THE PERIOD CONSIDERED. THEREFORE, DUE TO THE HIGH INTENSITY PATTERN OF TOXICITY, EXPORTS BECOME MORE VULNERABLE TO NON-TARIFF BARRIERS TO ENVIRONMENTAL CHARACTER. Key words: Specialization Ambiental, Sustainability, Export.

1. INTRODUÇÃO

O homem sempre buscou dominar os recursos naturais em beneficio próprio e muitas vezes de forma despreocupada com a sua sustentabilidade. A partir do momento em que conseguiu dominar a técnica do fogo e desenvolveu a agricultura, ele percebeu que podia deixar de ser um membro no meio em que vivia para se tornar um agente com capacidade de alterar a dinâmica do meio ambiente objetivando maximizar os resultados obtidos em benefício próprio.

Atualmente o fator “Meio Ambiente” tem sido muito discutido e incorporado no estudo do crescimento econômico, uma vez que o mesmo sofre impactos ao dispor de seus recursos naturais de forma quantitativa e qualitativa, visto que exerce uma pressão ao explorar suas reservas, em muitos casos, de forma desmedida e irresponsável, levando à extinção de determinados recursos necessários à utilização na estrutura produtiva. As nações desenvolvidas, consideradas as mais ricas, alcançaram altos níveis de crescimento gerando degradação ambiental, sendo, esse padrão seguido por muitos dos países ainda em desenvolvimento.

O crescimento econômico baseado no comércio internacional pode intensificar a degradação ambiental. Apesar das melhoras em alguns problemas ambientais ocorridas nos países desenvolvidos com a tomada de algumas medidas, dentre elas, a redução de emissões de algumas substâncias tóxicas, a criação e o estabelecimento de sistemas de saneamento eficientes etc., outros problemas foram criados com o crescimento econômico,

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como o aquecimento global. Diante disso, a discussão acerca da sustentabilidade torna-se relevante para que seja observado se o desenvolvimento econômico de hoje deve se realizar sem comprometer o desenvolvimento econômico das gerações futuras.

O setor industrial é causador de grandes danos ambientais, seja através dos seus processos produtivos ou pela fabricação de produtos poluentes, provocando um aumento das emissões de gases poluentes. A identificação do padrão de especialização ambiental, de acordo com a intensidade poluidora da indústria de transformação, permite verificar o quanto de emissões permaneceu no país sem que seu produto tenha sido consumido internamente. O setor industrial brasileiro cresceu ao longo do tempo, sendo que no período em estudo as exportações industriais brasileiras complementam a oferta de outros países, por meio de sua produção interna. Este trabalho tem por objetivo, portanto, identificar o padrão de especialização ambiental das exportações brasileiras de produtos industrializados, no período compreendido entre 1989 e 2006.

A metodologia utilizada para realização desse trabalho foi elaborada pelo Banco Mundial, a qual proporciona a criação de indicadores que nos permita avaliar o impacto ambiental das exportações da indústria de transformação brasileira do ponto de vista de sua toxidade humana. O faremos, determinando seu padrão de especialização ambiental, que foi baseado no ranking de 74 setores industriais, de acordo com o Índice Linear de Intensidade de Toxidade Humana Aguda (ILITHA), para os anos 1989 a 2006.

Ao referirmos aos recursos encontrados no meio ambiente torna-se necessário defini-los para melhor compreensão do que seria utilizado na estrutura produtiva. Um recurso é algo que é útil e possui valor na condição em que se encontra na natureza sem passar por processo de transformação, sendo por conceito, escassos. Existem dois tipos de recursos que são encontrados no meio ambiente: os recursos naturais e ambientais.

Recursos Ambientais são aqueles que possuem valor e são úteis na forma que são encontrados na natureza, gerando utilidade para o homem sem passarem por um processo de transformação, não sendo consumíveis apenas utilizáveis. Já os Recursos Naturais possuem valor e são úteis na forma que são encontrados na natureza, porém, é necessário que eles sejam utilizados com outros fatores de produção, para que gerem um bem ou recurso que seja útil às pessoas (KAMOGAWA, 2003).

É consenso que a poluição é danosa tanto ao meio ambiente quanto à saúde da população. Muitas doenças podem ser evitadas com menores níveis de poluição, aumentando o bem-estar da sociedade. Adicionalmente, as doenças causadas pela poluição levam ao aumento dos gastos governamentais e privados com saúde.

O presente trabalho está divido quatro partes, além dessa introdução. Na seção seguinte serão analisadas algumas proposições teóricas acerca do crescimento econômico ao desenvolvimento. Posteriormente, apresentaremos a metodologia utilizada no trabalho. A terceira seção apresenta algumas conjecturas acerca do comércio internacional e o desenvolvimento sustentável e algumas considerações no âmbito das exportações brasileiras. A quarta seção analisa as exportações brasileiras segundo seu padrão de especialização ambiental. Finalmente, a conclusão com algumas considerações finais do trabalho.

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2 - COMÉRCIO INTERNACIONAL E DESENVOLVIMENTO SUSTEN TÁVEL

A crescente preocupação acerca das questões ambientais e a difusão do conceito de desenvolvimento sustentável, dentro das discussões sobre o desenvolvimento econômico, tem sido tema relevante de estudo do comércio exterior. A liberalização do comércio internacional de bens e serviços foi intensificada a partir das conclusões alcançadas na Rodada Uruguai do Acordo Geral sobre Tarifas Alfandegárias e Comércio (GATT). Foi a mais famosa, pois se chegou a um acordo final para a ampla liberalização do comércio de produtos e serviços com a criação da Organização Mundial do Comércio (OMC), que é um organismo multilateral, internacional, para construção, defesa e desenvolvimento do sistema mundial do comércio, criada pelo Acordo de Marraqueche, em 15 de abril de 1994, entrando em vigor em 1 de janeiro de 1995.

O crescimento econômico baseado no comércio pode intensificar a deterioração ambiental. Apesar das melhoras em alguns problemas ambientais ocorridas nos países desenvolvidos com a tomada de algumas medidas, dentre elas, a redução de emissões de algumas substâncias tóxicas, a criação e o estabelecimento de sistemas de saneamento eficientes etc., outros problemas foram criados com o crescimento econômico. Como exemplo, podemos citar a crescente quantidade de resíduos sólidos, as emissões de dióxido de carbono, a poluição das águas subterrâneas, o esgotamento dos solos, o buraco na camada de ozônio, a redução da biodiversidade, dentre outros. Percebe-se então, que a situação ambiental a nível global vem se deteriorando com a atividade econômica mundial.

Diante dessa preocupação com o crescimento e desenvolvimento sustentável das economias, o Relatório Brundtland, documento elaborado pela Comissão Mundial sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento das Nações Unidas cunhou o termo Desenvolvimento Sustentável como “un desarollo que sastiface las necesidades del presente sin comprometer la capacidade de las generaciones futuras de satisfacer sus propias necesidades. Encierra en si dos conceptos fundamentales: el de necesidades, en particular lãs de los pobres de todo el mundo, a lãs que debe concederse una prioridad preeminente, y la idea de que el estado de la tecnologia y la organización social imponem limitaciones a la capacidad del médio ambiente para satisfacer las necesidades presentes y futuras” (CHUDNOVSKY et al, 1999).

O termo sustentável refere-se à questão da manutenção da dotação de recursos naturais disponíveis no mundo e ao fato de que a capacidade de regeneração dos ecossistemas permaneça intacta e que a biodiversidade seja conservada. Porém, os objetivos com relação ao desenvolvimento sustentável são diferenciados no que concerne aos países desenvolvidos (PD) e aos países em desenvolvimento (PED), considerando as prioridades socioeconômicas e ambientais nas agendas dos determinados países. Portanto, a proteção do meio ambiente deverá constituir parte integrante do processo de desenvolvimento e não poderá considerar-se de forma isolada.

As Nações Unidas pressupõe que as políticas econômicas dos países tanto no âmbito interno como as relações econômicas internacionais possuem importância para o desenvolvimento sustentável. Para se alcançar o desenvolvimento é necessário um ambiente econômico e internacional dinâmico e propício, em conjunto com políticas consistentes. O fracasso do desenvolvimento sustentável será obtido se esses pressupostos não forem observados.

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Os PD, considerados recebedores de alto investimento e abundância de capitais, têm apresentado uma crescente preocupação com as mudanças climáticas, a perda da biodiversidade e o desmatamento, se concentrando na elaboração e implementação de políticas econômicas e ambientais com vistas a longo prazo. Os PED, por possuírem problemas causados pelas desigualdades nos níveis de renda de forma mais acentuada, tendem a focar suas políticas na solução dos mesmos. Portanto, a relevância da problemática ambiental é diferenciada para ambos os grupos de países, apesar de os PED se conscientizarem da degradação dos recursos naturais, suas preocupações se focam na redução dos problemas sociais.

Com relação aos problemas ambientais causados pelo comércio internacional, são causadores de danos o uso de um produto, que é caracterizado quando o consumo de determinado produto importado afeta o meio ambiente do país importador. Nesse caso, o país produtor estaria exportando o produto juntamente com problemas ambientais. Com relação aos prejuízos causados por processos e métodos de produção (PPM),1 ou seja, quando a maneira em que o bem produzido traz problemas ao meio ambiente. Segundo Lustosa (1999), eles são classificados em duas categorias, A e B.

Os casos em que o dano ambiental causado por PPM é transportado por meio de um produto importado, gerando uma externalidade devido ao consumo, é pertencente à categoria A, que também recebe o nome de PPM relativos ao produto (product-related PPM). O dano causado por esse problema não está associado com o modo de produção, sendo que esses problemas estão associados aos requisitos de processos industriais que garantem a qualidade. Como exemplo, pode ser citado carnes com altos níveis de hormônios. Os PPM não relativos ao produto (non-product-related PPM), pertencentes à categoria B, abrangem os casos em que os PPM causam danos ambientais no país produtor ou em outros países, causando uma externalidade devido à produção. São geradores de problemas como a poluição, perda de recursos vivos comuns, a partir da extinção de cardumes em alto mar devido a métodos de pesca nocivos, por exemplo, e preocupações com o meio ambiente não só em escala local como também global. Como exemplo, a nível mundial, temos os impactos causados na camada de ozônio pela utilização de gases tipo Cloroflurocarbono (CFC) e as mudanças climáticas e quando nos referimos à escala global, temos os que ocorrem quando os PPM levam a danos ambientais nos limites geográficos do país. Como atividade potencialmente poluidora referente à PPM temos a produção industrial. A partir de uma política em que se busca um equilíbrio das contas externas, que pode ser solucionado com o aumento das exportações industriais, tendo estas um caráter poluidor, se torna necessário implementar políticas ambientais mais adequada. Esta deve ser um instrumento de política industrial que induza às firmas a tornarem inovadoras na direção de tecnologias mais limpas, aproveitando o maior acesso a partir do comércio internacional na difusão dessas tecnologias. Através de instrumentos de política ambiental adequados, a política industrial pode ser capaz de induzir o crescimento das exportações e preservar o meio ambiente, dando um passo importante na direção do desenvolvimento sustentável. 1Refere-se ao termo em inglês, processes and production methods (PPM).

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Com relação aos dispêndios causados ao meio ambiente incorrido pelos problemas ambientais, Chudnovsk (1999) destaca que para os PED torna-se muito oneroso adotar medidas ambientais que fazem parte das políticas ambientais dos PD, uma vez que, essas medidas poderiam impor grandes sacrifícios econômicos para os primeiros. A insistência dos PD acerca das regras de sustentabilidade e internacionalização de custos é vista por alguns países pelo qual se requer que os PED aceitem valores ambientais que poderiam entrar em conflito com suas próprias necessidades e com seu desenvolvimento econômico. A sustentabilidade ambiental tem passado a ser requisito importante para a competitividade internacional, uma vez que essa preocupação tem começado a influenciar nas relações econômicas internacionais. Com a evidência dos efeitos ambientais negativos da atividade econômica e com a pressão de grupos comprometidos com a questão ambiental, passou-se a dar tratamento no âmbito de acordos comerciais à relação comércio-meio ambiente. Com relação aos efeitos ambientais podemos citar, dentre eles, o efeito escala, pelo qual o crescimento econômico derivado do comércio intensificaria os danos ambientais da atividade econômica. Ao aumentar a degradação, é necessária a inclusão da atividade induzida do transporte, já que o comércio pressupõe alguma forma de transporte para viabilizá-lo. Portanto, o comércio internacional contribui para o problema ambiental relacionado com o consumo de energia (emissões de dióxido de carbono e poluição do ar). É possível que se este custo ambiental fosse internalizado no preço do petróleo, os padrões de produção e consumo no mundo diferissem substancialmente do atual (GUTIERREZ, 1997). Lustosa (2001) aponta os novos argumentos a favor do comércio internacional, que devem ser também analisados do ponto de vista ambiental. São quatro os argumentos estáticos: diversidade de produtos, economias de escala, eficiências técnicas e fenômeno de rent-seeking. Referente à diversidade de produtos, o comércio internacional possibilita uma maior oferta de produtos tanto para os consumidores quanto para os produtores, uma vez que, a maior acessibilidade a produtos elevaria o bem-estar dos consumidores, além de que o acesso a insumos e bens de capitais de qualidade superior elevaria a produtividade dos produtores. As economias de escala seriam advindas a partir do aumento da demanda das firmas e dessa forma, um maior volume de produção que gera redução dos custos de uma unidade. Do ponto de vista ambiental, para o primeiro argumento o comércio internacional possibilitaria uma maior oferta de produtos para os consumidores, já que elevariam seu nível de bem-estar, pois a sociedade valoriza a diversidade; também para os produtores, por meio do acesso a insumos e bens de capitais de qualidade superior (LUSTOSA, 2001). O aumento da escala de produção, segundo argumento, pode trazer efeitos diferentes dependentes do padrão de especialização das exportações. Ou seja, se o país for especializado em setores poluentes, a maior escala de produção agrava os problemas ambientais, pois como ressaltado anteriormente, a escala da atividade industrial e a composição setorial da produção afetam diretamente o nível absoluto de emissões de substâncias tóxicas de um país. Ao analisar os mercados protegidos, O terceiro argumento, referente às eficiências técnicas, fundamenta-se nas hipóteses de que os incentivos para as firmas reduzirem seus

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custos nessas situações são insuficientes, o que leva ao desperdício de recursos que poderiam ser alocados para o aumento do bem-estar. Diante disso, o livre comércio, através da exposição das firmas a um mercado mais aberto, leva a uma maior concorrência, fazendo com que estas se tornassem mais eficientes. O último argumento se refere aos ganhos relativos de não propiciar o rent-seeking, visto que uma economia aberta é menos propícia à intervenção governamental nas relações de comércio exterior, dando poucos incentivos para essas atividades improdutivas. Com relação ao meio ambiente, o argumento que incentiva o comércio internacional referente às eficiências técnicas, gera efeitos positivos na medida em que a concorrência internacional pressupõe que as firmas têm que investir em inovações para evitar desperdícios e aumentar a produtividade ao utilizar de maneira mais eficiente os insumos. O maior acesso a outros mercados pode ser benéfico uma vez que, o maior acesso a tecnologias mais modernas podem ser menos danosas ao meio ambiente, porém, também exige padrões ambientais mais rigorosos. O último argumento não teria implicações diretas sobre o meio ambiente, porém é relevante a ação governamental no sentido de regulamentar as atividades de comércio internacional com relação ao meio ambiente. Os argumentos dinâmicos são quatro: o primeiro refere-se à intensificação da troca de idéias associado ao comércio, o que resulta na expansão da base tecnológica e na redução do custo da inovação, acelerando o crescimento econômico. O segundo diz respeito à maior concorrência a que ficam expostos os empresários locais, que devem tornar-se mais inovadores para sobreviverem no mercado e poderem competir com as empresas internacionais. O terceiro é por meio das economias de escalas associadas as atividades de Pesquisa e Desenvolvimento (P&D), uma vez que o comércio internacional aumenta o mercado potencial das firmas. Por último, dado a dotação de fatores específica a cada país, haverá uma especialização dos setores produtivos na direção desses fatores (LUSTOSA, 2001). Ao focar a análise na perspectiva ambiental, a troca de idéias do primeiro argumento pode apresentar soluções às questões ambientais, principalmente para os PED que podem se utilizar das inovações ambientais originadas nos PD, os quais as regulamentações ambientais são mais rigorosas. O segundo argumento está associado ao fato de que como os PD que são responsáveis por grande parte do comércio internacional e seus padrões ambientais são mais elevados, podem despertar nos produtores locais a consciência em ver a questão ambiental como fator relevante na estratégia de competição, o que os torna mais responsáveis em relação ao meio ambiente. O terceiro argumento pode gerar benefícios ao meio ambiente na medida em que a variável preservação ambiental seja um fator importante na P&D. Por fim, com relação à especialização dos setores pode trazer ou aumentar os problemas ambientais de um país se sua especialização for na direção de setores intensivos em poluição e recursos naturais. Lustosa (2001) destaca a perspectiva de os PED se especializarem nos setores intensivos em poluição e recursos naturais, visto que nesses países a legislação ambiental geralmente é menos rigorosa do que nos PD. Portanto, como em alguns países em desenvolvimento os recursos naturais são abundantes, é de extrema relevância a forma pela qual esses recursos são geridos no sentido de incentivarem a adoção de tecnologias mais limpas.

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Ainda da perspectiva do comércio internacional, é possível distinguir duas estratégias de crescimento. Uma delas voltada para fora, baseada na expansão das exportações de acordo com as vantagens comparativas do país e na substituição seletiva das importações com a economia parcialmente aberta ao exterior. A outra se baseia na substituição de importações, com a economia fechada, e o crescimento econômico efetuando-se com base no mercado interno e as exportações crescendo de forma marginal (SOUZA, 2007). O modelo ideal de desenvolvimento se fundamenta na combinação da expansão de forma acelerada das exportações com substituições seletivas de importações, as quais proporcionam a transferência de tecnologia e intensificam as interdependências entre as atividades econômicas. O trabalho e a terra a partir de sua produtividade se revelam como indicadores essenciais de desempenho, diante disso, o modelo de crescimento econômico mais eficaz maximiza no longo prazo o produto por trabalhador e o rendimento por unidade de área (SOUZA, 2007).2 Conclui-se, portanto, que o comércio internacional gera efeitos negativos e positivos sobre o meio ambiente e consequente impacto no desenvolvimento sustentável. A partir do debate sobre comércio internacional e meio ambiente, surge a questão da fronteira entre preservação ambiental e novas formas de protecionismo comercial. Alguns países se utilizam de instrumentos comerciais como proibições ou restrições comerciais, sanções comerciais, selos obrigatórios, dentre outras, com finalidade de proteção ao meio ambiente. Essas medidas são alvo da discussão e vão afetar de maneira definitiva as exportações dos PED em relação aos PD, que possuem legislação ambiental mais rígida. 3 – METODOLOGIA

Utilizou-se a metodologia elaborada pelo Banco Mundial para gerar indicadores que nos permitam avaliar o impacto ambiental das exportações das indústrias de transformação do ponto de vista de sua toxidade humana, determinando seu padrão de especialização ambiental, baseado no ranking de 74 setores industriais, de acordo com o Índice Linear de Intensidade de Toxidade Humana Aguda (ILITHA), para os anos 1989 a 2006, elaborou-se uma classificação das exprotações da indústria detranformação brasileira (BRAGA; MIRANDA, 2002).

O ILITHA baseia-se em três bases de dados: O Toxic Release Inventory – composto de informações anuais sobre as emissões de produtos químicos tóxicos–, o Human Health and Ecotoxity Database – que contém vários índices de potencial toxicológico – e o Longitudinal Research Database – que contém informações sobre os estabelecimentos industriais. Todos esses dados referem-se à indústria dos Estados Unidos e foram ponderados pelo risco ambiental e para a saúde humana que apresentam. Esse índice possibilita a comparação de riscos ambientais e para a saúde humana entre os setores industriais.3

Os setores são classificados em quatro categorias, a partir de “The Industrial Pollution Projection System (IPPS)”: Alta Intensidade de Toxidade (os 25% de maior

2 Ao citar Bruton, 1989, p. 1623. 3Comércio e Meio ambiente: uma agenda positiva para o desenvolvimento sustentável. Brasília, 2002. P.45.

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intensidade), Média Alta Intensidade de Toxidade (os situados entre 50% e 25% de maior intensidade), Média Baixa Intensidade de Toxidade (entre 25% e 50% de menor intensidade) e Baixa Intensidade de Toxidade (os 25% de menor intensidade).

O IPPS é um sistema de modelagem que é usado para estimar os dados sobre o perfil de poluição da indústria global, para os países, regiões, áreas urbanas, ou novos projetos. Foi desenvolvido para explorar o fato de que a poluição industrial é fortemente afetada pela escala de atividade da indústria, a sua composição setorial, o processo e tecnologias que são empregados na produção.

Esse sistema foi elaborado a partir de uma base de dados contendo informações econômicas e ambientais para cerca de 200.000 instalações em todas as regiões dos Estados Unidos, abrangendo cerca de 1500 categorias de produto, todas as tecnologias de funcionamento, e centenas de poluentes. De tamanho e profundidade sem precedentes, é sem dúvida o mais completo sistema de seu tipo levantado poresta pesquisa.

O mesmo pode ser útil como um guia para prováveis problemas da poluição, mesmo que estimativas exatas não sejam possíveis, já que foram elaboradas para a indústria americana, pois os fatores específicos de cada país irão afetar a precisão das projeções, no entanto, os idealizadores desse sistema, pretendem expandir a aplicabilidade dessa modelagem, incorporando dados dos países em desenvolvimento, com o objetivo de partilhar informações com os mesmos.

De acordo com Lustosa (2001)4, A utilização de dados de emissão da indústria americana, que seguramente apresenta métodos e processos de produção diferentes dos utilizados na indústria brasileira; a generalidade do índice, uma vez que um setor pode estar classificado com baixa intensidade e ser um grande emissor de um poluente específico, e o grau de arbitrariedade na escolha das categorias, compõem algumas das dificuldades encontradas na construção de uma classificação para definir o padrão de especialização ambiental.

A autora ressalta, porém, que no que diz respeito à utilização de dados da indústria americana, seu uso é justificado, já que na ausência de um um ranking desse tipo para o caso brasileiro, o índice americano serve como fundamento, pois o mais relevante é a relação entre os setores. Como exemplo, temos o fato de que produtos químicos, que figura entre os primeiros do ranking, apresentando elevado risco de toxicidade humana em comparação com produtos cerâmicos que, por sua vez, apresentam menor risco.

É relevante destacar que foi preciso uma tradução da classificação setorial da ISIC5, a qual se baseia o ranking dos setores de acordo com o ILITHA, para a NCM6, no qual são divulgados os valores das exportações. Essa tradução pode se deparar com pequenas distorções, o que não inviabiliza a visão mais agregada das categorias de intensidade de toxidade.

Nomenclatura Comum do Mercosul (NCM), adotada pelo Brasil e demais países do Mercosul (Argentina, Paraguai e Uruguai), a partir de janeiro de 1996, substituiu a

4 A autora realizou a análise para os anos entre 1988 e 1996, o presente trabalho pretende continuar essa análise, apenas para as exportações brasileiras com o intuito de avaliar o quanto de emissões permaneceu no país sem contrapartida de consumo interno, para os períodos de 1989 até 2006. 5 International Standard Industrial Classification (Classificação padrão internacional para a indústria). 6 Nomenclatura Comum do Mercosul

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Nomenclatura Brasileira de Mercadorias (NBM), utilizada pelo Brasil entre janeiro de 1989 e dezembro de 1995. A NCM é um método de classificação de mercadorias transacionadas no comércio exterior, baseado em uma estrutura de códigos e suas respectivas descrições, Ambas nomenclaturas tiveram por base o Sistema Harmonizado de Designação e de Codificação de Mercadorias (Harmonized Commodity Description and Coding System), que é um método internacional de classificação de mercadorias transacionadas no comércio exterior, formado pelos seis primeiros dígitos da nomenclatura.

De acordo com o interesse de especificação de mercadorias, o sistema possibilita aos países a criação de mais dígitos identificadores, como no caso do Brasil que consolidou a classificação com oito dígitos. Para evitar problemas de identificação dos códigos das mercadorias foi desenvolvida pelo Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC) uma correlação NCM X NBM referente aos códigos da NCM atualmente em vigor e aqueles da NBM válidos quando da substituição para a NCM. Somente cerca de um terço dos códigos NCM/NBM tem correlação direta entre si, pois quando da criação da NCM, diversos códigos ou foram suprimidos ou sofreram desdobramentos, se o resultado apresentar mais de um código, é necessário identificar a correlação correta por meio da descrição da mercadoria que mais se aproximar do produto objeto da análise. De tempos em tempos, essas classificações são atualizadas.

Os dados para esse exercício foram obtidos através do Sistema de Análise das Informações de Comércio Exterior via Internet (ALICEWeb)7, o qual é desenvolvido e mantido pela Secretaria de Comércio Exterior (SECEX) do MDIC, criado no ano de 2001, com o intuito de facilitar o acesso à dados estatísticos, mensais e acumulados desde janeiro de 1989, das exportações e importações brasileiras, permitindo também realizar consultas acerca dos códigos NCM.

Todas as informações são expressas em dólares americanos, Free on Board (FOB), além de quilograma líquido e quantidade na unidade de medida estatística, quando for outra não que não quilograma. Variáveis como mercadorias, países, blocos econômicos, unidades de federação, dentre outras, tanto para exportação quanto para importação estão disponíveis para consulta. 4 – EXPORTAÇÕES DA INDÚSTRIA DE TRANSFORMAÇÃO BRASI LEIRA SEGUNDO SEU RISCO DE TOXICIDADE HUMANA

O setor industrial é causador de grandes danos ambientais, seja através dos seus

processos produtivos ou pela fabricação de produtos poluentes ocorre um aumento das emissões de gases poluentes. As exportações brasileiras complementam a oferta de outros países, através da produção interna, portanto, a identificação do padrão de especialização ambiental permite verificar o quanto de emissões permaneceu no país sem que seu produto tenha sido consumido internamente.

O presente capítulo apresenta a análise para indústria de transformação de acordo com seu risco de toxidade humana aguda, observando os impactos dos fluxos comerciais 7Disponível em < http:// www. aliceweb.desenvolvimento.gov.br >.

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da indústria brasileira sobre o meio ambiente através de seu padrão de especialização ambiental. Os resultados mostram a evolução desse índice no período compreendido entre 1989 e 2006, tendo por base o trabalho realizado por Lustosa (2001), que em sua análise para o perído de 1988-1999, havia identificado uma redução dos setores de alta intensidade de toxicidade e aumento para média alta, média baixa e baixa intensidade.

O gráfico 1 apresenta as exportações da indústria de transformação de acordo com seu padrão de especialização ambienal, de 1989 a 2006. Observamos que o declínio da participação dos setores de alta intensidade de toxicidade, permanece, uma vez que, saiu de um patamar de 43,0% em 1989 para cerca de 35,0% em 2006, apresentando percentual superior em 1991 - 51,7% - e menor percentual em 2001 - 32,2%. A categoria de média alta intensidade teve sua participação relativa aumentada de 17,9% para 22,9% para o mesmo período de análise. A categoria de média baixa intensidade sofreu redução de 17,7% para 14,4% na sua participação relativa nos anos observados, em 2000 apresentou um pico de 24,6%, porém declinou para o nível já citado. A categoria de baixa intensidade elevou-se de 21,4% em 1989 para 27,7% em 2006.

Gráfico 1 – Exportações da Indústria de Transformação, segundo categorias da classificação pelo Índice Linear de Toxidade Humana Aguda, em %. Fonte: elaboração própria, a partir de dados do MDIC/SECEX.

Na categoria alta intensidade de toxicidade, os setores de Ferro fundido, ferro e aço

e Obras de ferro são os mais exportados e correspondiam no ano de 1989 a 35,4%, reduzindo para 23,9% em 2006. Os setores de Minérios escórias e cinzas vêm aumentando sua participação, saindo de um patamar de 18,9% em 1989 elevando-se para 22,8% em 2006, apresentando um declínio de 15,9% em 1995. Metais diversos e suas manufaturas reduziu-se de 12,3% no início do período para 10,3% em 2006, chegando a um menor percentual, cerca de 7,8% no ano anterior.

O setor que teve um aumento significativo de sua participação relativa ao longo do período levado em consideração foram Madeira, carvão vegetal e suas obras de madeira,

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sofreu uma elevação de 10% em 2004, ante 3,2% em 1989. Lustosa (2001), afirmou que os setores de Pastas de madeira e outras matérias fibrosas celulósicas e Borracha e suas obras tinham aumento da sua participação relativa no período considerado, porém, com o aumento da série temporal constatamos que esses mesmos tinham reduzido essa participação.

Notamos que, na média, alguns setores permaneceram com pequenas elevações, outros com queda. O setor que mais se destaca é o da Metalurgia, pois o mesmo apresentou uma redução relevante. Madeira e derivados, também apresentou uma queda significativa no ano de 2000, quando apresentou um percentual de 0,002%, diante da tendência de alta que vinha apresentando, recuperando-se a partir de então. O gráfico 2 ilustra esses resultados.

Gráfico 2 – Exportações (FOB) brasileiras da indústria de transformação, de acordo com o Índice Linear de Intensidade de Toxidade Humana Aguda, em US$ 1000 correntes – Categoria Alta Intensidade Fonte: Elaboração própria, com dados do MDIC/SECEX.

Os setores da categoria de média alta intensidade que mais exportam nessa categoria são os produtores de Caldeiras, máquinas e outros, porém, esse mesmo vem reduzindo sua participação de cerca de 50,6% em 1989 para 38,8% em 2006. No outro extremo, temos Combustíveis minerais, óleos minerais e produtos da sua destilação e outros, que vem aumentando significativamente sua participação. De 1989 a 2000 esse setor sofreu uma redução relevante, alcançando um percentual de 3,8% em 1997 ante cerca de 15% no inicio do período. Porém, de 2001 a 2006, esse percentual elevou-se para um patamar de 37,5%.

Os produtores de Pérolas, pedras preciosas ou semipreciosas, metais preciosos, folheados, chapeados e suas obras e outros teve um aumento em sua participação até o ano de 1996, com um pico de 8,9%, declinando a partir de então. Gorduras e óleos vegetais elevou-se até o ano de 1995, partindo de um patamar de cerca de 10% em 1989 para 14,9%, reduzindo-se nos anos seguintes. O mesmo comportamento pôde ser observado

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para Embarcações e estruturas flutuantes, ressaltando no ano de 2004 com 6,7%, se diferenciou da trajetória declinante que vinha apresentando.

Ainda nessa categoria, o setor de Máquinas e equipamentos possuía maior participação relativa, perdendo essa posição para o de Química e Petroquímica, que apresentou maior elevação de seu potencial poluidor, como já citado anteriormente. Os outros setores, semelhante ao da categoria alta, apresentaram ora ligeira alta, ora ligeira queda. O setor que se apresenta como menos significante é o de Instrumentos óticos, com percentuais um pouco maior que zero.

Algumas dessas informações poderão ser visualizadas no gráfico 3:

Gráfico 3 – Exportações (FOB) brasileiras da indústria de transformação, de acordo com o Índice Linear de Intensidade de Toxidade Humana Aguda, em US$ 1000 correntes – Categoria Média Alta Intensidade Fonte: Elaboração própria, com dados do MDIC/SECEX.

Na categoria de média baixa intensidade, os setores produtores de Calçados, polainas e artefatos semelhantes e suas partes e Preparação de legumes e outros, maiores exportadores no período analisado por Lustosa (2001), tiveram suas participações reduzidas (24,6% em 1989 para 11,1% em 2006) e (21% em 1989 para 9,3% em 2006) respectivamente. Os produtores de Cacau e suas preparações tiveram queda na participação relativa, lembrando que esse item possui um grande componente do setor agrícola. Os setores que mais aumentaram sua participação foram Móveis, mobiliário e outros - 0,9% para 5,9%; Navegação aérea - 12,4% para 19,5%. Máquinas, aparelhos elétricos e outros tiveram uma elevação significativa em sua participação relativa de 20,3% em 1989 para 36,1% em 2006.

O setor que mais apresentava significância era o de Produtos alimentícios, perdendo essa posição para o de Máquinas e equipamentos, ao reduzir-se de 5,76% em 1989 para 2,33%, se posicionando abaixo do segundo que no final do período possuía um nível de 5,19%, seguido de Material de transporte com 3,00%. Outro setor que também perdeu participação foi o de Calçados, uma vez que em 2006 mostrava um percentual de 1,60%

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ante 4,35% em 1989, como pode ser visto no gráfico 4. Os outros setores apresentaram tendência semelhante aos anteriores.

Gráfico 4 – Exportações (FOB) brasileiras da indústria de transformação, de acordo com o Índice Linear de Intensidade de Toxidade Humana Aguda, em US$ 1000 correntes – Categoria Média Baixa Intensidade Fonte: Elaboração própria, com dados do MDIC/SECEX.

Os setores, na categoria de baixa intensidade, que mais exportavam em 1989, foram resíduos e desperdícios das indústrias alimentares, alimentos preparados para animais (35,7%) tiveram suas participações relativas reduzidas nos anos posteriores alcançando um nível de 7,6% em 2006. Veículos automóveis, tratores e outros permaneceram constantes ao longo do período analisado em cerca de 36,0%, alcançando um nível maior em 2000 (41,5%).

Os produtores de Açúcares e produtos de confeitaria e de Carnes e miudezas, comestíveis foram os que mais aumentaram suas participações relativas nessa categoria. Elevaram-se de 6,0% em 1989 para 18,6% em 2006; e 7,2% para 21,5% no mesmo período, respectivamente. Fumo ou Tabaco tiveram suas participações relativas aumentada até 1998 quando alcançou um percentual de 12,6%, após esse período houve um declínio na participação ficando em um patamar de 5,1% em 2006.

Os setores de produtos alimentícios revelaram-se como mais significativos, com um alto potencial poluidor, pois, em 1989 possuía 11,18% elevando-se até 14,35% em 2006. Material de transporte, também apresentou relevância com o aumento de sua participação relativa de 7,71% no início do período para 10,03% no final do período, no entanto, seu maior percentual ocorreu em 1998 quando apresentou 11,14%. Os demais setores sofreram ligeira alta, com o de fumo reduzindo-se, o gráfico 5 apresenta algumas dessas assertivas.

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Gráfico 5 – Exportações (FOB) brasileiras da indústria de transformação, de acordo com o Índice Linear de Intensidade de Toxidade Humana Aguda, em US$ 1000 correntes – Categoria Baixa Intensidade

Fonte: Elaboração própria, com dados da ALICE WEB.

Diante do que foi apresentado, podemos concluir que as exportações brasileiras relativas à indústria de transformação mesmo com as modificações no peso relativo dos produtos exportados ao longo do período analisado, a categoria de alta intensidade de toxidade humana apesar das reduções sofridas, ainda é predominante. A categoria de média baixa intensidade também apresentou redução e as categorias média alta intensidade e baixa intensidade elevou o seu peso relativo. Quando somadas as categorias de alta e média lata toxidade humana representam mais de 50% das exportações brasileiras da indústria de transformação.

As principais mercadorias exportadas continuam sendo dos setores de Ferro fundido, ferro e aço e suas obras de ferro, da categoria alta intensidade de toxicidade, que correspondiam a 23,9% em 2006, seguindo a tendência apresentada em Lustosa (2001), com um pouco mais de 7% do total exportado no mesmo ano. Caldeiras, máquinas, reatores nucleares, aparelhos e instrumentos mecânicos e suas partes (média alta intensidade), com 38,8% no mesmo ano, apesar da redução sofrida, porém, vale destacar que nessa categoria, combinações minerais, destilados e outros mostrou uma elevação significativa de cerca de 15% alcançando um patamar de 37,6% em 2006. Ambas com mais de 7% do total exportado no mesmo ano. 5 - CONSIDERAÇÕES FINAIS

Diante do que foi apresentado notamos que diversos teóricos e estudiosos

consideram a questão do desenvolvimento e do crescimento econômico sob diferentes óticas. As hipóteses acerca do que representa o desenvolvimento vêm evoluindo e variáveis ligadas ao meio ambiente vêm sendo incorporadas ao conceito, contribuindo para o que vem a ser desenvolvimento sustentável. O crescimento econômico baseado no

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comércio pode intensificar a deterioração ambiental, apesar das melhoras em alguns problemas ambientais ocorridas, a situação ambiental a nível global vem se deteriorando resultado da atividade econômica mundial, portanto a discussão acerca do comércio internacional tornou-se relevante.

Concluímos, portanto, que desenvolvimento envolve além da melhoria de indicadores econômicos e sociais, a questão da preservação do meio ambiente, incorporando mudanças qualitativas no bem-estar da sociedade como um todo. No decorrer do tempo, o crescimento econômico, caracterizado como a elevação da produção de um país é medido por variações quantitativas do produto, tende a esgotar os recursos produtivos escassos, através da pressão exercida diante de uma utilização indiscriminada.

A sustentabilidade ambiental tem passado a ser requisito importante para a competitividade internacional, uma vez que essa preocupação tem começado a influenciar as relações econômicas internacionais. Com a evidência dos efeitos ambientais negativos da atividade econômica e com a pressão de grupos comprometidos com a questão ambiental, se passou a dar algum tratamento no âmbito de acordos comerciais à relação comércio-meio ambiente.

Com relação aos problemas ambientais originados pelo comércio internacional, os mesmos geram danos com relação ao uso de um produto, quando o consumo de determinado produto importado afeta o meio ambiente do país importador, com o país produtor exportando o produto juntamente com problemas ambientais, e com relação aos prejuízos causados por processos e métodos de produção (PPM), ou seja, quando a maneira em que o produto é desenvolvido traz problemas ao meio ambiente.

Conclui-se, portanto, que o comércio internacional gera efeitos negativos e positivos sobre o meio ambiente e consequente impacto no desenvolvimento sustentável. A partir do debate sobre comércio internacional e meio ambiente, surge a questão da fronteira entre preservação ambiental e novas formas de protecionismo comercial. Alguns países se utilizam de instrumentos comerciais como proibições ou restrições comerciais, sanções comerciais, selos obrigatórios, dentre outras, com finalidade de proteção ao meio ambiente. Essas medidas são alvo da discussão e vão afetar de maneira definitiva as exportações dos PED em relação aos PD, que possuem legislação ambiental mais rígida. A abertura ao comércio internacional, no Brasil, se intensificou a partir do final dos anos 80, foi dado ênfase ao desempenho das exportações, com perspectivas de alcançar superávits comerciais para o financiamento da balança de pagamentos resultando no aumento do valor nominal das exportações. Verificaram-se no país, políticas de liberalização comercial, como a adoção de quotas de importação de produtos estrangeiros, redução de tarifas aduaneiras. A partir da relevância atribuída ao comércio internacional desde os anos 90, na dinâmica da economia do país, percebe-se uma tendência de especialização das exportações de indústrias cuja atividade possui alto potencial poluidor. Portanto, a abertura comercial pode gerar efeitos benéficos sobre o desenvolvimento sustentável. A partir do momento em que a renda nacional eleva-se, ocorre a possibilidade de as pessoas virem a consumir produtos não prejudiciais ao meio ambiente, mesmo que esses sejam mais onerosos que os produtos resultantes de atividades com alto potencial poluidor. O fator tecnologia menos danosa ao meio ambiente também é proporcionado perante o maior acesso ao comércio internacional, já que, as multinacionais advindas de PD, com regras ambientais mais rigorosas, ajudam a difundir essas tecnologias, além do

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que, para as empresas nacionais é menos custoso implementar um processo de produção que não cause prejuízo ao meio ambiente e à saúde humana.

Na análise das exportações da indústria de transformação brasileira, segundo a classificação do padrão de especialização ambiental, os dados do período 1989 a 2006 mostram que a maior abertura ao comércio externo durante os anos 90 implicaram em um padrão de especialização ambiental baseado em setores que apresentam alta intensidade de toxidade humana, pois, ao decorrer da série temporal analisada observamos:

• o declínio da participação dos setores de alta intensidade de toxicidade, saindo de um patamar de 43,0% em 1989 para cerca de 35,0% em 2006, apresentando percentual superior em 1991 - 51,7% - e menor percentual em 2001 - 32,2%.

• A elevação da categoria de média alta intensidade de 17,9% para 22,9% para o mesmo período de análise.

• A redução da categoria de média baixa intensidade de 17,7% para 14,4% na sua participação relativa nos anos observados, em 2000 apresentou um pico de 24,6%, porém declinou para o nível já citado.

• A categoria de baixa intensidade elevou-se de 21,4% em 1989 para 27,7% em 2006.

Como um dos principais componente do ILITHA é as emissões de poluentes das unidades industriais, significa que cerca de um terço das exportações brasileiras são provenientes de processos produtivos potencialmente poluidores. Assim, tais exportações permitem que os países importadores consumam bens com PPM intensivos em emissões, sem arcar com o ônus da degradação ambiental associado à poluição da produção desses bens. A utilização de dados da indústria americana se constitui como uma limitação do trabalho, porém seu uso é justificado, já que, na ausência de um ranking desse tipo para o caso brasileiro, o índice americano serve como fundamento, pois, o mais relevante é a relação entre os setores, não estão sendo consideradas as diferenças de tecnologias entre os Estados Unidos e o Brasil, além de não contar com a modernização de alguns setores industriais ocorrida com a intensificação da abertura comercial brasileira. Outro fato acerca das limitações consiste na análise referente apenas às exportações, não incorporando as importações, o que não invalida o trabalho, pois contribui com uma análise posterior do padrão de especialização do comércio exterior. Outros setores como o da agroindústria, intensivo em recursos naturais, não foram abordado no presente trabalho, porém, existe a perspectiva de que trabalhos realizados posteriormente os incluam, assim como uma análise do comércio exterior. 6 - REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BARCELLOS, Frederico Cavadas. A Indústria Nacional e seu Potencial Poluidor. In: IV Encontro da Sociedade Brasileira de Economia Ecológica EcoEco, 2001. Disponível em: https://www.ecoeco.org.br/conteudo/publicacoes/encontros/iv_en/mesa2/4.pdf. Acesso em: 04/01/09

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