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abril de 2004 22 P R O G R A M A S I N T E G R A D O S / A I D S D Frentes de batalha contra o trabalho de caracterização dos vírus HIV em circulação no Brasil ao estudo de fatores de risco ligados à transmissão da doença de mãe para filho, passando pela produção de medica- mentos anti-retrovirais que chegam atualmente a mais de 120 mil portadores da doença no país, são múltiplas e relevantes as ações de grupos da Fiocruz no enfrentamento da Aids. Tem sido assim desde que um grupo de cientistas da Fundação, coor- denados pelo imunologista Bernardo Galvão, isolou pela primeira vez, em 1987, o vírus HIV no Brasil, abrindo perspectivas para uma série de ações e estudos que, desde então, vêm ajudando o programa de Aids do gover- no brasileiro a ser reconhecido no mundo inteiro. As páginas a seguir tratam de resultados de diferentes linhas de pes- quisa que certamente trarão impacto ao estudo da doença. Aids que segue sendo sinônimo de flagelo em várias partes do mundo, mas que, por outro lado, encontra no esforço coletivo de cientistas e outros profissionais de saúde uma esperança para seu controle definitivo. Aids

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P R O G R A M A S I N T E G R A D O S / A I D S

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Frentes de batalha contra o trabalho de caracterização dos vírus HIV em circulação no

Brasil ao estudo de fatores de risco ligados à transmissão da

doença de mãe para filho, passando pela produção de medica-

mentos anti-retrovirais que chegam atualmente a mais de 120

mil portadores da doença no país, são múltiplas e relevantes as ações de

grupos da Fiocruz no enfrentamento da Aids.

Tem sido assim desde que um grupo de cientistas da Fundação, coor-

denados pelo imunologista Bernardo Galvão, isolou pela primeira vez, em

1987, o vírus HIV no Brasil, abrindo perspectivas para uma série de ações

e estudos que, desde então, vêm ajudando o programa de Aids do gover-

no brasileiro a ser reconhecido no mundo inteiro.

As páginas a seguir tratam de resultados de diferentes linhas de pes-

quisa que certamente trarão impacto ao estudo da doença. Aids que segue

sendo sinônimo de flagelo em várias partes do mundo, mas que, por outro

lado, encontra no esforço coletivo de cientistas e outros profissionais de

saúde uma esperança para seu controle definitivo.

Aids

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um inimigo comum

Amostras com vírus da Aids sendoanalisadas em laboratório daFiocruz, que mantém várias linhasde pesquisa sobre a doença

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vírus da imunodeficiên-cia humana (HIV) apre-senta uma elevada taxade mutação. Para avali-ar o impacto dessas

mudanças virais, o Laboratório de Aidse Imunologia Molecular do InstitutoOswaldo Cruz está realizando umasérie de estudos que poderão ser usa-dos como base no desenvolvimentode vacinas nacionais e na inclusão dasvariantes que circulam no país emcompostos vacinais produzidos emtodo o mundo.

“Trabalhamos na área de carac-terização do vírus, não do genoma com-pleto, mas das várias partes que codi-ficam proteínas importantes para aresposta imune”, diz Mariza Morgado,coordenadora do laboratório. Segundoela, o perfil de vírus que circula no Bra-sil varia de região para região. “Os sub-tipos que mais circulam no Sudeste sãoo B e o F, no Nordeste é praticamenteo B e no Sul o mais prevalente é o C. Eisso não é apenas um jogo de letras,

Para decifrar osdisfarces do HIVConhecimento dos subtipos de HIV que circulamno país pode ajudar na produção de vacinas

Oessa diversidade genética se reflete emuma diversidade de resposta imunoló-gica, que pode ter importância em re-lação à vacina”, explica.

Atualmente, a comunidade cien-tífica internacional discute se é precisoproduzir uma vacina para cada subtipodo HIV, ou se uma única vacina seriacapaz de conferir proteção. “A dúvidaé se um indivíduo infectado com de-terminado subtipo responde igualmen-te a antígenos derivados de outros sub-tipos”, comenta.

Um forte argumento para a dú-vida são os vários casos de superinfec-ção, em que o portador de determina-do subtipo se re-infecta em contatocom um novo subtipo. Outra situaçãomuito freqüente é a formação de vírusrecombinantes, quando duas variantesvirais se juntam, gerando um genomaúnico também infectivo. Ambos casosindicam que um vírus não protege con-tra a entrada de outro, o que reforça aidéia de que uma vacina deverá con-templar todos os subtipos virais ou pelo

menos os mais predominantes.Os cientistas ainda questionam

se a resposta às terapias anti-retrovi-rais varia de acordo com os subtipos.Em um estudo realizado recentemen-te, a equipe liderada por Mariza, emparceria com profissionais do Institu-to de Pesquisas Clínicas Evandro Cha-gas (Ipec), avaliou a resposta terapêu-tica, tomando como base indivíduosbons respondedores e maus respon-dedores. Foram estudados pacientesinfectados com os subtipos B, F, como recombinante BF e com uma vari-ante do subtipo B que só circula noBrasil, o Bbr. Dados preliminares nãomostraram importância do subtipoviral em relação à resposta terapêuti-ca. “Aparentemente o subtipo viral nãoinfluenciou na eficácia da resposta te-rapêutica, mas essa é ainda uma pri-meira análise”, conta Mariza.

Segundo ela, esse tipo de estu-do se enriqueceria muito se fossemincorporadas amostras do subtipo C,comum na região Sul do país. Cientis-

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tas acreditam que esse seja o subtipoque mais se dissemina no mundo. Den-tro desse contexto, a equipe do labo-ratório de Aids juntamente com pes-quisadores do Ipec avaliou a transmissãovertical (de mãe para filho) em paci-entes atendidos em três hospitais doRio de Janeiro e três serviços médicosdo Rio Grande do Sul.

Os pesquisadores verificaram aaceitação do teste rápido de HIV, aprevalência de infecção em gestan-tes que não tiveram acesso ao pré-natal e a taxa de transmissão intra-úte-ro e no pós-parto. “Trabalhamoscontextos genéticos diferentes: Rio deJaneiro, aonde predominam o B e oF, e Sul, aonde predomina o C”, diz apesquisadora.

Os resultados mostraram que aprevalência de mulheres que chega-vam positivas ao parto era bem dife-rente. “No Rio de Janeiro, a prevalênciafoi de 1.32%, enquanto no Sul foi de6.5%”, diz ela. Apesar disso, ao obser-var a transmissibilidade do vírus, não

foi detectada nenhuma diferença natransmissão mãe-filho nas duas regiõesestudadas, que ficou em 6%. “Issomostra que, aparentemente, o subtipoC não parece ter uma eficiência maiorna transmissão vertical, diz”.

Estudos revelam que os subtipostambém não influenciam, quando seanalisa a capacidade dos anticorpos dopaciente de bloquear a entrada do ví-rus na célula – a não ser em alvos muitoprecisos. Até hoje, nenhum protótipovacinal conseguiu bloquear a entradado vírus nas células. Por isso, a espe-rança atualmente é que a vacina mudea história natural da doença.

“A idéia é vacinar indivíduos ne-gativos a fim de desencadear uma res-posta imune tanto de anticorpos quan-to de células. Uma vez em contatocom o vírus, esses indivíduos seriaminfectados com uma carga viral bas-tante reduzida, em decorrência da res-posta imune ao vírus e, conseqüente-mente, apresentariam ausência ou umtempo muito maior de evolução para

a doença”, explica ela.Outra possibilidade no campo das

vacinas é a utilização protótipos diver-sos capazes de induzir uma respostaimune que auxiliaria a terapia anti-retroviral no controle da replicação viral.Segundo Mariza, um indivíduo que res-ponde muito bem à terapia, ao longodo tempo pode apresentar queda daresposta imune, por esta não estar sen-do estimulada. Se ele começar a de-sencadear resistência às drogas, teráboas chances de fazer altos picosvirais. A vacina terapêutica serviriapara contrabalançar essa situação, por-que ela estaria sempre “lembrando”ao sistema imune que o vírus aindaestá presente.

Mariza acredita que em curtoprazo o Brasil já comece a testar va-cinas terapêuticas. No laboratório deaids da Fiocruz, já foram identifica-dos alguns alvos para formulação e/ou testagem de protótipos vacinais apartir de seqüências de variantes bra-sileiras do HIV.

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os países em desenvol-vimento existe umamorte mais rápida dosindivíduos infectadoscom o vírus da imuno-deficiência humana

(HIV). Pesquisadores do Laboratóriode Imunologia Clínica do InstitutoOswaldo Cruz descobriram que umdos motivos deste aceleramento estáligado às infecções do trato gastro-intestinal, que geram aumento dacarga viral do indivíduo. “Indivíduosmoradores em países tropicais e sub-desenvolvidos têm uma elevada taxade parasitoses intestinais e infecçõesgastrointestinais de origem bacterianae viral, provocadas principalmentepela falta de saneamento básico”, dizLuiz Roberto Castello Branco, chefedo laboratório.

A equipe acompanha pacientescom HIV em seus aspectos imunoló-gicos e nutricionais. Os pesquisadoresavaliam a imunidade da mucosa doaparelho gastro-intestinal e monitoramo aparecimento e evolução das infec-ções intercorrentes. Além de aumen-tar a carga viral, eles constataram queas infecções gastro-intestinais provo-cam modificações nos subtipos virais.“As infecções do trato gastro-intestinalprovocam um aumento da carga viral,e esta replicação do HIV facilita a mu-tação do mesmo, gerando subespéciesdo vírus”, explica Castello Branco.

O vírus escapa da resposta imu-ne do indivíduo infectado e dos medi-camentos por meio das mutações, queocorrem durante a transcrição de RNApara DNA. Com uma simples altera-

ção (em um aminoácido, por exem-plo), os remédios podem deixar defazer efeito. Considera-se efetivo umtratamento anti-HIV quando a quanti-dade de vírus por mililitro de sangue(carga viral) é reduzida até atingir ní-veis indetectáveis pelos métodos dequantificação mais sensíveis.

O HIV não é totalmente erradica-do porque, entre outras razões, existemno organismo alguns reservatórios ondeele se aloja: os macrófagos e os linfócitosT CD4+ de memória. Ambos têm capa-cidade de resistir aos efeitos do vírus,podendo manter-se infectados por umperíodo relativamente longo. Cientistasde diferentes centros de pesquisa des-cobriram que mediadores inflamatórios,liberados pelo organismo como respos-ta aos insultos de natureza infecciosa,modulam a replicação viral em macró-fagos, induzindo, na maioria das vezes,seu aumento.

Estudo avalia papel dasco-infecções na elevação

da carga viral

Várias condições podem resultarna elevação da carga viral e na persis-tência da infecção em indivíduos HIV-positivos, entre elas as co-infecções.Um estudo iniciado no Laboratório deImunologia Clínica pretende avaliar aco-infecção com a leishmaniose. “Aidéia é estudar como um agente para-sitário, no caso a Leishmania, interferena evolução da infecção pelo HIV. Aleishmaniose é uma doença endêmicano Brasil e está ocorrendo umasobreposição de áreas onde os doisagentes infecciosos se encontram. Isso

porque a epidemia de HIV está seinteriorizando e a leishmaniose estáatingindo os grandes centros”, explicaDumith Chequer Bou-Habib.

Segundo o pesquisador, o estu-do, em parceria com professores Uni-versidade Federal do Rio de Janeiro(UFRJ), consiste em infectar macrófa-gos com Leishmania e com HIV, eavaliar a multiplicação de ambos osagentes. Eles pretendem fazer estu-dos semelhantes com outras co-infec-ções, como a tuberculose – que atu-almente é a que provoca mais mortesem portadores do vírus.

Esses estudos são importantesno desenvolvimento de produtos quí-micos capazes de inibir a replicaçãoviral. Duas composições químicas,analisadas pelos pesquisadores, de-monstraram eficácia como inibidoresda replicação do HIV. A primeira, cujoartigo está submetido, trata-se de umalcalóide. A segunda, pesquisada emparceria com professores da Univer-sidade Federal Fluminense (UFF), éuma molécula definida, de origemnatural brasileira. Segundo Bou-Habib, ambas inibem a replicação doHIV em macrófagos e em linfócitosT, as células-alvo do HIV. “É impor-tante ressaltar que este é apenas umprimeiro passo de uma linha que es-tuda produtos químicos com poten-ciais inibitórios”

Nestes projetos os pesquisadorescontam com a colaboração da Univer-sidade de Londres, dos Institutos Naci-onais de Saúde (NIH, Estados Unidos),da UFRJ, da UFF e de pesquisadoresde outras unidades da Fiocruz.

Da moléculaao pacienteGrupo estuda clinicamente pacientes HIV-positivos einvestiga produtos capazes de inibir a replicação viral, in vitro

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inte anos depois daidentificação do pri-

meiro caso de Aids noBrasil – ocorrida em 1983

–, o Instituto de Tecnolo-gia em Fármacos (Far-Manguinhos)da Fiocruz vê consolidada sua po-sição como principal produtor na-cional de medicamentos anti-retro-virais (ARV), que combatem o HIV.Com vocação para a pesquisa e odesenvolvimento de novos produ-tos, Far-Manguinhos fabrica cercade 1,3 bilhão de unidades farma-cêuticas por ano e tem por objetivoelevar esse número a 1,8 bilhão em

Far-Manguinhos dobraprodução de anti-retrovirais

2004. Em relação aos ARV – Far-Manguinhos produz sete dos 15que são distribuídos pelo SUS a120 mil portadores da doença –, aprodução, que em 2002 chegou a150 milhões de unidades (cápsu-las, bisnagas e comprimidos), de-verá dobrar este ano.

“Cerca de 60% dos ARV são fei-tos aqui em Far-Manguinhos. Temospraticamente uma fábrica dentro daoutra para dar conta da demanda doMinistério da Saúde (MS). Dos nos-sos 180 funcionários, 35 se dedicamà produção dos anti-retrovirais”, dizo farmacêutico Jorge Costa.

VO empenho da Coordenação

Nacional de DST e Aids em garan-tir o acesso universal e gratuito aosARV – esforço que conta com a con-tribuição estratégica de Far-Mangui-nhos –, tem resultado na diminui-ção da mortalidade por Aids etambém no número de internaçõesem hospitais públicos. De acordocom dados do MS, o índice deinternações por doenças oportunis-tas, como tuberculose, pneumoniae outras, teve uma redução de 80%.De 1997 a 2001, 358 mil internaçõesforam evitadas, gerando uma eco-nomia de US$ 1,1 bilhão.

Linha de produção de medicamentos em Far-Manguinhos, que produz vários dos anti-retrovirais distribuídos pelo SUS

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Foto: Rogério Reis

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Departamento de En-demias Samuel Pessoa(Densp), da Ensp, fir-mou, em julho, umacordo com a Secreta-

ria de Estado de Administração Peni-tenciária do Rio de Janeiro (Seap), parao programa de colaboração técnico-ci-entífico com ênfase na capacitação dosistema penitenciário do estado para otratamento de Aids e tuberculose.

O Núcleo de Assistência Farma-cêutica (NAF), do Departamento deCiências Biológicas (DCB), atualmen-te desenvolve a pesquisa Diagnosticodo financiamento do acesso aos anti-retrovirais na América Latina (em coo-peração com a Unaids e o governofrancês) e tem a responsabilidade porsecretariar a Rede Global sobre Financi-amento da Atenção a Saúde de PessoasVivendo com HIV/Aids, que visa promo-ver a expansão do acesso dessas pesso-

Aids em presídios

Fiocruz, em conjunto como Imperial College, daInglaterra, vem anali-sando a tendência daepidemia de Aids no

Brasil. Em 2003 desenha-se um ce-nário mais eqüitativo no tratamentoda doença, como explica FranciscoInácio Bastos, do Centro de Infor-mação Científica e Tecnológica (Cict)da Fiocruz e responsável pelo estu-do. “A despeito das diferenças soci-ais e regionais, o acesso ao tratamen-to vem se ampliando. Não há maisexpressiva disparidade entre sobre-vida de pacientes do Sudeste e Nor-deste, por exemplo”.

Pesquisas avaliamevolução da doença no Brasil

A

O

Bastos é também um dos co-ordenadores de uma pesquisa daFundação, em parceria com a Or-ganização Mundial de Saúde e aUniversidade do Estado do Rio deJaneiro (UERJ), sobre infecção porHIV em usuários de drogas injetá-veis. De nível mundial, no Brasilfoi concluída em 2001, apontandoredução de 70% na taxa de infec-ção. O pesquisador afirma que, aocontrário do que se previa, essaspessoas vêm mantendo comporta-mento de menor risco e buscandotratamento.

Nessa mesma linha, um es-tudo envolvendo a Fiocruz, Uni-

versidade da Pensilvânia e oCentra-Rio, centro de apoio ausuário de drogas no Rio, anali-sa respostas de um questionáriomultimídia preenchido por paci-entes do centro. O computadormostra-se uma eficiente interfacecom essa população, inclusivepara respostas a questões delica-das em torno da Aids, como se-xualidade.

Acompanhando a evolução dadoença há 13 anos, Bastos destacaque as conquistas não podem le-var ao descuido, pois a taxa de in-fecção por HIV ainda é grande e otratamento, complexo.

as aos cuidados de saúde.Um projeto coordenado pela

pesquisadora Marilia Sá Carvalho, doDepartamento de Administração e Pla-nejamento em Saúde, avalia a sobrevi-da dos pacientes com Aids de hospi-tais cariocas através das bases de dadosbrasileiras.

No Centro de Saúde Escola Ger-mano Sinval Faria (CSEGSF), o Nú-cleo de DST/Aids acompanha atual-mente cerca de 200 pacientes. Aproposta de aproximar o serviço desaúde e a comunidade levou à cria-ção do Bazar da Solidariedade, como objetivo de prestar socorro emer-gencial a pacientes e suas famílias, aOficina Artesanal, que inicialmente foisugerida para mulheres soropositivase que hoje gera renda para as mu-lheres de Manguinhos, e a Associa-ção de Mulheres e Amigos do Com-plexo de Manguinhos.

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erca de 90 criançasportadoras do vírusda Aids recebem as-sistência no ambula-tório de Doenças In-

fecciosas e Parasitárias (DIP) doDepartamento de Pediatria doInstituto Fernandes Figueira(IFF). Elas são consultadas no mí-nimo uma vez por mês e rece-

Qualidade de vida para peque

Cbem gratuitamente toda a medi-cação de que precisam. “O prin-cipal objetivo é permitir que acriança portadora do HIV leveuma vida normal: estude, prati-que esporte e brinque comoqualquer outra”, afirma a médi-ca Ana Cláudia Mamede, respon-sável pelo ambulatório – quetambém acompanha mais de 60

meninos e meninas menores de18 meses ainda sob suspeita deapresentarem o HIV.

Além disso, o IFF atende agestantes infectas pelo vírus daAids, de modo a evitar a trans-missão do HIV das mães para osfilhos, que ocorre principalmentedurante o parto. Quando a mu-lher não segue nenhum tratamen-

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nos portadoresto, as chances de seu filho nas-cer portador do HIV são de 25%.Esse risco, porém, cai para 2%se ela receber uma combinaçãode remédios e for submetida àcesárea eletiva (feita na 38ª se-mana de gestação, antes do rom-pimento da bolsa d’água e daentrada em trabalho de parto). “De1994 a 2001, das 128 mulheres

que seguiram esse protocolo aquino IFF, apenas quatro tiveram fi-lhos infectados pelo HIV, sendoque nenhum desses casos de trans-missão ocorreu depois de 1997”,diz o médico Marcos Pone, coor-denador do DIP.

Quanto às crianças portado-ras do vírus da Aids atendidas hojeno IFF, em geral, suas mães não

fizeram pré-natal de forma ade-quada e só procuraram o institu-to no momento do parto ou apóso nascimento dos filhos infecta-dos. “Casos em que a mulher sódescobre sua condição de porta-dora do HIV quando um filhonasce com o vírus são mais co-muns do que se imagina”, contaAna Cláudia.

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tualmente, a Fiocruz en-frenta o problema datransmissão vertical daAids em duas principaisfrentes. Estas represen-

tadas, primeiramente, por uma pesqui-sa que verifica a presença do HIV noleite materno e depois por um traba-lho que observa que muitos recém-nas-cidos de mães doentes já apresentam,antes mesmo de qualquer tratamento,vírus resistentes a certos remédios anti-retrovirais. Os projetos são levados

Transmissão mãe/filho e presençado vírus no leite materno

adiante pelo Departamento de Virolo-gia do Instituto Oswaldo Cruz (IOC) esão coordenados pelos biomédicosSandra Simonetti e José Simonetti.

“A transmissão vertical acontecequando uma gestante infectada com oHIV passa o vírus para seu bebê”, ex-plica Sandra. A possibilidade maior docontágio é na hora do parto, quando acriança está mais exposta ao sangue eoutros fluídos da mãe. Porém, a conta-minação pode se dar durante a gravi-dez — o vírus pode, em certos casos,

passar pela placenta que protege ofeto. Daí a importância de se saberantes ou durante a gravidez se a mãeé soropositiva. Sem tratamento, a pos-sibilidade de transmissão vertical é de40%. Com os devidos cuidados, cai para5%, completa Simonetti.

A amamentação também repre-senta um risco para o neném. “A crian-ça que se alimenta do leite da mãe comAids, pode ter, em média, 15% dechances de contrair a doença”, explicao pesquisador, justificando o objetivo

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falta de qualidade do pré-natal realizado no Nordes-te do Brasil pode estarcontribuindo com atransmissão do vírus da

Aids de mãe para filho. Pesquisa base-ada em dados da região coletados peloMinistério da Saúde (MS) e em visitasa dois hospitais públicos referência notratamento da doença no Rio Grandedo Norte, revela que, enquanto em SãoPaulo, estado que concentra cerca de50% dos casos de Aids no País, a taxade crescimento anual de transmissãomaterno-infantil chega a menos de 5%,no Nordeste, esse percentual atingiu17% dos bebês nascidos de 1990 a1996, ano em que foi introduzida emâmbito nacional a terapia anti-retroviral(ARV) em gestantes. O estudo foi con-cluído recentemente pelo Centro dePesquisa Aggeu Magalhães (CPqAM),unidade técnico-científica da Fiocruzem Pernambuco.

De acordo com os dados da pes-quisa, cerca de 28% das gestantes por-tadoras do vírus HIV atendidas em doishospitais estaduais do Rio Grande doNorte sequer foram à farmácia das uni-dades de saúde para receber gratuita-mente o AZT, um dos medicamentosutilizados no tratamento da aAids e cujoefeito assemelha-se ao de uma “vaci-na” para o recém-nascido. “Qualquerrecusa da gestante é grave, principal-mente quando se sabe que o uso doAZT durante a gestação reduz em até2/3 o risco de transmissão do vírus parao bebê”, ressaltou a médica Ana Brito,responsável pelo levantamento incor-porado à sua tese de doutorado de-fendida recentemente.

Integrante do Comitê Assessor deEpidemiologia do Programa Nacionalde DST/Aids, Ana Brito disse que, di-ante dos resultados, comprova-se anecessidade de estabelecimento deações de avaliação e monitoramentodo programa de adesão aos anti-retro-virais no Nordeste, apontando para anecessidade do fortalecimento do tra-tamento, sobretudo na questão detransmissão vertical (de mãe para fi-

lho). “Isso demonstra que é precisomelhorar o pré-natal no país e essa açãotem de ser mais descentralizada”, co-mentou a médica, alegando que, em-bora o Sistema Único de Saúde (SUS)garanta ampla cobertura, o atendimen-to à atenção secundária no Nordestepermanece centralizado, desde os pro-cedimentos de urgência até os maiscomplexos.

Além de verificar a recusa dasmães, a pesquisadora observou que, noRio Grande do Norte, onde fez visitasàs farmácias dos hospitais referência notratamento de Aids em Natal e emMossoró bem como revisão dos pron-tuários, cerca de 35,9% das pessoascom indicação de medicamentos anti-retrovirais entre os 498 pacientes adul-tos atendidos nessas unidades de saú-de não aderiram ao tratamento ARV.Ana Brito detectou também que 10,4%desses pacientes não aceitaram o tra-tamento, o que corresponde ao nãocomparecimento à farmácia por umperíodo de seis meses após a data daprescrição médica.

“Procuramos analisar o que esta-va associado a essa não-adesão e per-cebemos que 35,9% dos que não ade-riram aos anti-retrovirais, ou seja, queforam menos de cinco vezes à farmá-cia, iniciaram a terapia com os medica-mentos tardiamente, após um interna-mento hospitalar”, citou a médica. Ouso de drogas lícitas ou ilícitas (álcool,maconha, cola e crack) também estáassociado a uma menor adesão. A pro-porção dos portadores de HIV comhistória de consumo de drogas até umano anos de iniciar a terapia ARV foi21% inferior em relação aos que nãofizeram sua ingestão.

No levantamento, verificou-seque a inclusão dos inibidores deprotease, drogas que estariam associa-das a maior ocorrência de efeitoscolaterais, não apresentou associaçãocom a baixa adesão à terapia anti-retroviral. Os resultados do trabalhoforam apresentados, em agosto desteano, na reunião técnico-científica doPrograma Nacional de DST/Aids.

Pré-natal preocupante

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de se avaliar e detectar a presença doHIV no leite materno. O estudo teveinício há dois anos e o número de ges-tantes analisado ainda é pequeno parase estabelecer dados definitivos.

A verificação de vírus resistentesa remédios antri-retrovirais em crian-ças infectadas também se explica, poistraça qual será a conduta terapêutica efacilita o planejamento de tratamentosmais específicos. “Muitas vezes, a grá-vida já está em tratamento, o que tor-na possível a transmissão de vírus re-sistentes para o feto”, diz Sandra,ressaltando a importância de examesde Aids antes da gravidez e durante opré-natal, “esse ainda é o passo princi-pal para se evitar a transmissão verti-cal”, conclui José Simonetti.

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OMinistério da Saúde dis-tribuiu medicamentosanti-retrovirais para 128mil pacientes em todopaís em 2003. Este ano,

o número aumentará em 20 mil, atin-gindo a marca de 148 mil atendidospelo Programa Nacional de DST/Aids,reconhecido internacionalmente pelosseus bons resultados. Além do sucessodo Programa na área de assistência àsaúde, o Brasil também desponta naárea de pesquisa sobre o tratamento eprevenção da doença, ao ser incluídonum esforço internacional de estudosde ponta em Aids organizado por re-des do National Institutes of Health(NIH), agência de pesquisa em saúdedo governo americano.

A Fiocruz será responsável pelogerenciamento dos estudos e resulta-dos no Brasil. O trabalho inclui o testede três novos medicamentos contraAids em cem pacientes, a avaliaçãoem 1.750 bebês de um esquema tra-tamento para evitar a transmissão dadoença a recém-nascidos filhos demães HIV positivas diagnosticadas du-rante o parto, duas estratégias de pre-venção da transmissão do vírus em ca-sais heterossexuais.

Até o fim de 2004, o grupo deensaios clínicos em Aids, liderado porBeatriz Jegerhorn Grinsztejn, ValdiléaVeloso e José Henrique Pilotto, do Ins-tituto de Pesquisa Evandro Chagas(Ipec), iniciará sua participação nos trêsestudos internacionais coordenados porredes ligadas ao NIH. Além de gerenciaros trabalhos e resultados no Brasil, ogrupo fará o atendimento a pacientes.A equipe reúne especialistas do Insti-

Brasil participará depesquisa mundial sobretratamento de Aids

tuto Oswaldo Cruz (IOC), do Centrode Informação Científica e Tecnologia(Cict) e do próprio Ipec. O grupo par-ticipará de estudos conduzidos pelasredes Adult Aids Clinical Trials Group(AACTG) e HIV Prevention TrialsNetwork (HTPN).

“Na área de tratamento, a parce-ria será com o AACTG, considerada amaior rede de ensaios clínicos do mun-do. A pesquisa deve começar em ju-nho deste ano e avaliará a eficácia detrês tratamentos anti-retrovirais em cempacientes brasileiros que ainda não re-cebem esse tipo de medicação. Aotodo, serão analisados 1.250 soroposi-tivos em 12 centros de pesquisa espa-lhados em todo o globo.

Os pesquisadores da Fiocruz se-rão responsáveis pelo atendimento aospacientes, análises laboratoriais e con-solidação dos dados obtidos. A parce-ria com o AACTG já rendeu a amplia-ção das instalações do ambulatório doIpec. O Instituto recebeu do NIH umaverba de U$ 84 mil para construçãode oito novas salas para atendimentoexclusivo a soropositivos.

Com o HTPN, o grupo partici-pará de dois projetos na área de pre-venção. O estudo HPTN 040 avaliarátrês medidas profiláticas pós-exposi-ção usadas em recém-nascidos filhosde mães HIV positivas diagnosticadasdurante o parto. Um total de 1.750bebês será distribuído aleatoriamenteem três grupos, que receberão medi-cações diferentes. O primeiro será tra-tado apenas com Zidovudina (AZT),medida preventiva padrão em todo omundo. Já o segundo receberá tam-bém Nevirapina. Aos restantes será ad-

ministrado um esquema formado porAZT, Lamivudina e Nelfinavir.

“A duração do projeto é de 33meses e, a partir dos resultados obti-dos, será possível identificar qual a op-ção mais eficaz na prevenção à trans-missão vertical da Aids”, explica Pilotto,frisando que, nesse projeto, o grupo seráresponsável pelo gerenciamento técni-co global, administração, análiseslaboratoriais e consolidação dos dados.

Ainda na mesma rede, o estudoHPTN 052 vai comparar duas estraté-gias de prevenção da transmissão deHIV em casais heterossexuais em queum dos cônjuges é portador do vírusda Aids e o outro não, conhecidoscomo sorodiscordantes. Sessenta casaisserão divididos aleatoriamente em doisgrupos. Um terá contato apenas comos métodos comuns, como o uso dacamisinha e o aconselhamento. Nooutro, os soropositivos sem indicaçãopara tratamento anti-retroviral recebe-rão remédios, além de terem acessoàs medidas tradicionais.

“Vamos saber se a medicação temalgum efeito protetor nessa populaçãoque não exige tratamento”, afirmaBeatriz. O Ipec será responsável pelogerenciamento nacional do estudo epelo atendimento de parte dos pacien-tes. A previsão é que os trabalhos co-mecem no segundo semestre.

Além dos novos estudos, o gru-po termina este ano uma parceria como Comprehensive International Pro-gram of Research on Aids (Cipra), redede apoio a estudos em Aids tambémligada ao NIH. O Cipra concedeu aogrupo uma doação para planejamentoe organização no valor de U$ 50 mil, o

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que permitiu a realização de treinamen-tos e eventos e a conclusão de umestudo com gestantes soropositivas doRio de Janeiro e do Rio Grande do Sul.Em agosto, serão apresentados o rela-tório de atividades e um novo projetode pesquisa. A meta é receber umadoação para pesquisa exploratória, quepode chegar a U$ 500 mil. Segundo acoordenadora do projeto, Mariza Mor-gado, do Instituto Oswaldo Cruz, comessa verba será possível aprofundar ostrabalhos iniciados na primeira etapa,detalhando as diferenças entre as epi-demias de Aids nos dois estados. Nes-se novo estudo, será utilizada a mes-ma amostra do projeto HPTN 040.

Caso a proposta seja aceita, ogrupo de ensaios clínicos renovará seurelacionamento com o Cipra, manten-do, simultaneamente, quatro parceriascom redes do NIH. Para BeatrizGrinsztejn, esse reconhecimento inter-nacional é fruto do trabalho e dos re-sultados obtidos pela equipe nessesonze anos de atividades.

“Muitos dos principais avanços ci-entíficos na luta contra a Aids surgirama partir de trabalhos desenvolvidos porredes do NIH. Participar disso é ser pi-oneiro na pesquisa sobre a doença”,comemora Beatriz.

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A doençano Brasil

pacientes receberãomedicamentos anti-retrovirais doMinistério da Saúdeem 2004

148 mil

5.762

277.141

600 mil

400 mil

R$ 508milhões

Formado a partir do Laboratório de Higi-ene, criado em 1887, o National Institutesof Health (NIH) é hoje um dos princi-pais pólos de pesquisa em saúde do mun-do, englobando 20 institutos e sete cen-tros localizados nos EUA. O NIH é ligadoao Departamento de Saúde e ServiçosHumanos do governo americano e de-senvolve estudos em várias áreas, comocâncer, genética, hematologia, alcoolis-mo etc. As redes Adult Aids Clinical TrialsGroup (AACTG), HIV Prevention TrialsNetwork (HTPN) e ComprehensiveInternational Program of Research on Aids(Cipra) fazem parte do National Instituteof Allergy and Infectious Diseases, uni-dade responsável por estudos em aler-gia e doenças infecciosas.

O que é o NIH?

serão gastos peloserão gastos peloserão gastos peloserão gastos peloserão gastos peloMinistério da SaúdeMinistério da SaúdeMinistério da SaúdeMinistério da SaúdeMinistério da Saúdeem medicamentosem medicamentosem medicamentosem medicamentosem medicamentosanti-ranti-ranti-ranti-ranti-retretretretretrooooovirais estevirais estevirais estevirais estevirais esteano, número ano, número ano, número ano, número ano, número R$ 34R$ 34R$ 34R$ 34R$ 34milhõesmilhõesmilhõesmilhõesmilhões menor que menor que menor que menor que menor queo gasto em 2003o gasto em 2003o gasto em 2003o gasto em 2003o gasto em 2003

portadores de HIVdesconhecem suacondição sorológica

soropositivos vivem no Brasilsegundo estimativa doMinistério da Saúde

casos de Aids foramregistrados desde 1980

novos casos de Aids foramnotificados no ano passado

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Fiocruz deu o primeiropasso para a nacionaliza-ção do teste rápido paradiagnóstico do vírusHIV tipos 1 e 2, causa-

dores da Aids. Um acordo de transfe-rência de tecnologia assinado com aempresa americana Chembio permi-tirá que o Instituto de Tecnologia emImunobiológicos (Bio-Manguinhos)comece a fabricar ainda no primeirosemestre deste ano os primeiros kitsde exames rápidos. A previsão é deque, ao fim de três anos, os custos nacompra do teste caiam pela metade,gerando uma economia de cerca deU$ 500 mil para o Programa Nacionalde Doenças Sexualmente Transmis-síveis e Aids (PNDST/Aids). O pro-grama efetua cerca de 300 mil exa-mes desse gênero anualmente,importando todos os kits, a um custopróximo de U$ 1 milhão.

O teste rápido, que indica emapenas dois minutos a presença dovírus, é fundamental em diagnósticosprematuros, como em grávidas quenão fizeram pré-natal ou em recém-nascidos, permitindo assim que me-didas profiláticas sejam tomadas paraevitar a infecção de bebês na chama-da transmissão vertical, de mãe parafilho. Esse tipo de transmissão respon-deu por 82,3% dos casos de infecçãopor HIV em crianças menores de 13anos no Brasil no ano passado.

A expectativa é que a produ-ção comece em dois meses e sejacapaz de atender à demanda do Mi-nistério da Saúde já no primeiro ano.Na fase inicial, a Fiocruz compraráos insumos da Chembio e finalizaráa produção no Brasil, reduzindo opreço em mais de 20%. A partir doterceiro ano, a produção será total-mente nacionalizada, gerando umaeconomia de 50%.

Com o acordo, Bio-Mangui-nhos será capaz de adaptar a tec-nologia do teste rápido anti-HIVpara desenvolver, em curto prazo,exames similares para diagnosticaroutras doenças, como dengue,leptospirose e leishmaniose.

Bio-Manguinhos produzirá teste rápido

A

ovens que já participaram deprojetos sociais revelam maiorconhecimento sobre DST s, ten-dem a se prevenir mais e apre-sentam maior preocupação coma gravidez precoce. Esses são os

resultados preliminares de um estudo,apoiado pela Fundação Ford, que avaliaa repercussão de projetos sociais natrajetória de vida de jovens carentes noRio de Janeiro. A pesquisa é realizada noLaboratório de Educação em Ambientee Saúde (Depto de Biologia/IOC) da Fi-ocruz, que há anos se dedica a trabalhosem torno da prevenção do HIV/Aids. En-tre os projetos nessa área, destaca-se,também, a nova edição do jogo Zig-Zaids, agora com perguntas mais atuali-zadas na versão CD-Rom.

Estão sendo avaliados quatroprojetos sociais que visam dar novas al-ternativas aos jovens: o Programa Fazen-do e Aprendendo, o Projeto Monitoresdo Museu da Vida, ambos da Fiocruz, aorganização não governamental Ex-Cola,e o Grupo Cultural Afro Reggae. A pes-quisa baseia em entrevistas com 42 jo-vens, de ambos os sexos, com idadesentre 18 e 24 anos, com e sem partici-pação nos referidos projetos. O estudoleva em conta temas como, trajetória fa-

Aids e educação

Jmiliar, escolaridade, experiência sexual,relações de gênero, discriminação sociale étnico/racial, uso de drogas, DST s, vi-olência e rede social.

“Os primeiros resultados mostramque jovens que participaram deprojetos sociais têm um vocabuláriomais aprimorado, maior noção de ci-dadania, se preocupam mais com a gra-videz e ampliam seus conhecimentossobre DST´s/Aids”, diz a pesquisadoraFátima Cecchetto.

O outro projeto é uma iniciativaque deu certo e já rendeu uma patentepara a Fiocruz. A versão impressa dojogo Zig-Zaids chegou às escolas a par-tir da distribuição de 100 mil exempla-res pelo Ministério da Saúde. A partirdas sugestões enviadas por alunos e pro-fessores, a equipe da Fiocruz montouuma nova versão do jogo, em formatoCD-Rom, que inclui além das questõeshabituais, temas como sexualidade, dro-gas e primeira vez. “Ainda não se sabecomo vai ser a distribuição desse pro-duto, temos uma pequena quantidadedestinada à doação”, diz Sandra Rebello,também do laboratório.

Visite também o site:www.fiocruz.br/piafi/zigzaids/

O teste rápido dá o resultado em dois minutos