outubro / novembro 2011 Água e meio ambiente … · do em diversos locais do mundo, para aumen-tar...

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ÁGUA E MEIO AMBIENTE SUBTERRÂNEO 1 OUTUBRO / NOVEMBRO 2011

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ÁGUA E MEIO AMBIENTE SUBTERRÂNEO 1OUTUBRO / NOVEMBRO 2011

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ÁGUA E MEIO AMBIENTE SUBTERRÂNEO 3OUTUBRO / NOVEMBRO 2011

EDITORIAL

MAIS UMA GRANDE CONQUISTA PARA O SETOR

ÍNDICE

II CIMAS PROMOVERICO INTERCÂMBIOESPECIALISTAS E EMPRESASNACIONAIS E INTERNACIONAISDEBATERAM AS PRINCIPAIS QUESTÕESPARA O FUTURO DAS ÁGUAS E DOMEIO AMBIENTE SUBTERRÂNEO

1010101010

TALK SHOWASSOCIAÇÕES DO SETOR REUNIDASPROMOVERAM INTENSO DEBATECOM PARTICIPAÇÃO DA PLATEIA

2020202020

FENÁGUANEGÓCIOS E NETWORKINGMARCARAM A FENÁGUA 2011

2424242424

CA

PA 4 Agenda

5 Abas Informa

6 Núcleos Regionais

8 Hidronotícias

30 Conexão Internacional

32 Remediação

33 Perfuração

34 Opinião

Humberto José Tavares Rabelo AlbuquerquePresidente da ABAS

Marlene Simarelli, editora

Esta edição da revista é um especial sobre os princi-pais destaques do II Congresso Internacional de MeioAmbiente Subterrâneo (II CIMAS), realizado pela Asso-ciação Brasileira de Águas Subterrâneas (ABAS), emoutubro. Ocorrido num momento propício de grandesdenúncias de áreas contaminadas por parte da impren-sa, sobretudo no estado de São Paulo, o evento pro-porcionou riquíssimos debates sobre o meio ambientesubterrâneo como um todo. Mas não apenas os pro-blemas e os desafios foram discutidos, mas tambémas soluções e os exemplos bem-sucedidos de empre-sas e profissionais que se dedicam a gerir de formasustentável seus negócios. Esta edição da Feira Nacio-nal da Água (FENÁGUA), ocorrida paralelamente aoCongresso, reuniu 28 empresas especializadas do se-tor e órgãos de pesquisa, para exposição de produtose serviços de caráter empresarial e institucional, volta-dos para a água. Uma exposição que possibilitou alémda promoção de negócios, também networking e inícioe estreitamento de parcerias. Gostaria de destacar ain-da a grande contribuição dos pesquisadores que ex-puseram seus trabalhos técnicos visando à dissemina-ção do conhecimento relacionado à água e ao meio

ambiente subterrâneos. Aproveito o momento tambémpara agradecer imensamente a participação dasrenomadas personalidades – nacionais e internacionais– do setor, que nos brindaram com brilhantes palestrase comentários, ou simplesmente com o prestígio de suapresença. Vale ressaltar ainda a intensa interatividadedo público que contribuiu com perguntas e experiênci-as. Divido todo este sucesso com todos nossos associ-ados, apoiadores do evento, e especialmente aos pa-trocinadores do II CIMAS, que viabilizaram sua realiza-ção. A terceira edição do Congresso Internacional deMeio Ambiente Subterrâneo está previsto para aconte-cer de 01 a 03 de outubro de 2013. Enquanto isso, es-peramos colher os frutos deste maravilhoso fórumde debates, que trouxe novas ideias, pesquisas,tecnologias e, acima de tudo, um renovador otimismoe a certeza de que há ainda muito a ser feito. Portanto,mãos à obra!

Boa leitura a todos!

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AGENDA

DIRETORIAPresidente: Humberto José T. R. de Albuquerque1º Vice-Presidente: Mário Fracalossi Junior2º Presidente: Amin KatbehSecretária Geral: Maria Antonieta Alcântara MourãoSecretário Executivo: Everton de OliveiraTesoureiro: Álvaro Magalhães Junior

CONSELHO DELIBERATIVOHelena Magalhães Porto Lira, Zoltan Romero Cavalcante Rodrigues,Francisco de Assis M. De Abreu, Carlos Augusto de Azevedo, Carlos AlvinHeine, Francis Priscila Vargas Hager, Mário Kondo

CONSELHEIROS VITALÍCIOS/EX-PRESIDENTESAldo da Cunha Rebouças (in memorian), Antonio Tarcisio de Las Casas,Arnaldo Correa Ribeiro, Carlos Eduardo Q. Giampá, Ernani Francisco daRosa Filho, Euclydes Cavallari (in memorian), Everton de Oliveira, EvertonLuiz da Costa Souza, Itabaraci Nazareno Cavalcante, João Carlos Simankede Souza, Joel Felipe Soares, Marcílio Tavares Nicolau, Uriel Duarte, WaldirDuarte Costa

CONSELHO FISCALTitulares: Arnoldo Giardin, João Manoel Filho, Egmont CapucciSuplentes: Nédio C. Pinheiro, Carlos A. Martins, Carlos José B. de Aguiar

NÚCLEOS ABAS – DIRETORESAmazonas: Daniel Benzecry Serruya - [email protected] -(92) 2123-0800Bahia: Iara Brandão de Oliveira- [email protected] - (71) 3283-9795Ceará: Francisco Said Gonçalves - [email protected] - (85) 3218-1557Centro-Oeste: Antonio Brandt Vecchiato - [email protected] - (65) 3615-8764Minas Gerais: Carlos Alberto de Freitas - [email protected] -(31) 3250-1657 / (31) 3309-8000Pará: Manfredo Ximenes Ponte - [email protected] - (91) 3277-0245Paraná: Jurandir Boz Filho - [email protected] - (41) 3213-4744Pernambuco: Waldir Duarte Costa Filho - [email protected] - (81) 9997.8848Rio de Janeiro: Gerson Cardoso da Silva Junior - [email protected] -(21) 2598-9481 / (21) 2590-8091Santa Catarina: Heloisa Helena Leal Gonçalves [email protected] - (47) 3341-7821/2103-5000Rio Grande do Sul: Mario Wrege – [email protected] - (51) 3259-7642

CONSELHO EDITORIALEverton de Oliveira e Rodrigo Cordeiro

EDITORA E JORNALISTA RESPONSÁVELMarlene Simarelli (Mtb 13.593)

DIREÇÃO E PRODUÇÃO EDITORIALArtCom Assessoria de Comunicação – Campinas/SP(19) 3237-2099 - [email protected]

REDAÇÃOFernanda Faustino, Isabella Monteiro, Larissa Straci e Marlene Simarelli

COLABORADORESCarlos Eduardo Q. Giampá, Everton de Oliveira, Juliana Freitas e Marcelo Sousa

SECRETARIA E [email protected] - (11) 3868-0723

COMERCIALIZAÇÃO DE ANÚNCIOSSandra Neves e Bruno Amadeu - [email protected]

IMPRESSÃO E ACABAMENTOGráfica Mundo

CIRCULAÇÃOA revista Água e Meio Ambiente Subterrâneo é distribuída gratuitamente pelaAssociação Brasileira de Águas Subterrâneas (ABAS) a profissionais ligados ao setor.Distribuição: nacional e internacionalTiragem: 5 mil exemplares

Os artigos assinados são de responsabilidade dos autores e não refletem,necessariamente, a opinião da ABAS.Para a reprodução total ou parcial de artigos técnicos e de opinião énecessário solicitar autorização prévia dos autores. É permitida areprodução das demais matérias publicadas neste veículo, desde quecitados os autores, a fonte e a data da edição.

EXPEDIENTE

EVENTOS PROMOVIDOS PELA ABAS

22º SALT WATER INTRUSION MEETINGData: 17 a 21 de junho de 2012Local: Armação dos Búzios – RJInformações: Gerson CardosoTelefone: (21) 2220-2097Email: [email protected]ção: ABAS - Núcleo Rio de Janeiro

XVII CONGRESSO BRASILEIRO DE ÁGUASSUBTERRÂNEAS – XVIII ENCONTRO NACIONALDE PERFURADORES DE POÇOS E VII FEIRANACIONAL DE ÁGUASData: 23 a 26 de outubro de 2012Local: Centro de Convenções de Bonito – MSInformações: Acqua ConsultoriaTelefone: (11) 3868-0726Email: [email protected]ção: ABAS – Associação Brasileirade Águas Subterrâneas

EVENTOS APOIADOS PELA ABAS

XIX SIMPÓSIO BRASILEIRO DERECURSOS HÍDRICOSData: 27 de novembro a 01 de dezembro de 2011Local: Maceió – ALInformações: Acqua ConsultoriaTelefone: (11) 3868-0726Email: [email protected]: www.abrh.org.br

FEIRA NACIONAL DE SANEAMENTO E MEIOAMBIENTE (FENASAN)Data: 06 a 08 de agosto de 2012Local: Expo Center Norte – Pavilhão Branco, VilaGuilherme, São Paulo – SPInformações: Acqua ConsultoriaTelefone: (11) 3868-0726Email: [email protected]: www.fenasan.com.br

46º CONGRESSO BRASILEIRO DE GEOLOGIAData: 30 de setembro a 05 de outubro de 2012Local: Santos - SPInformações: Acqua ConsultoriaTelefone: (11) 3868-0726Email: [email protected]

ERRATA: Na edição 23, página 9, houve um errode grafia do nome da empresa “Phytoetore”, quan-do o correto é Phytorestore.

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ABAS INFORMA

HUMBERTO ALBUQUERQUE É ELEITOPRESIDENTE DA CÂMARA TÉCNICA DEÁGUAS SUBTERRÂNEAS

O presidente da ABAS, Humberto Albuquerque, foi eleito presiden-te da Câmara Técnica de Águas Subterrâneas do Conselho Nacionalde Recursos Hídricos, durante a 76ª Reunião da CTAS/CNRH, reali-zada no dia 30 de setembro, em Brasília (DF). Esta eleição é bastanteimportante, pois, segundo Albuquerque, a ABAS terá um represen-tante efetivamente ligado às águas subterrâneas brasileiras. “A Câ-mara Técnica terá o apoio da ABAS em diversas funções, por exem-plo, para editar resolução ou moção através do Conselho Nacionalde Recursos Hídricos. Isso facilitará a articulação da ABAS com aCâmara Técnica, o que poderá se levar à uma definição de diretrizespolíticas para as águas subterrâneas brasileiras”, garante ele.

Seu mandato terá duração de dois anos, até setembro de 2013.Esta é a terceira vez que a ABAS assume a presidência da CTAS/CNRH. Em 2006, o geólogo João Carlos Simanke de Souza seelegeu como presidente da Câmara Técnica onde permaneceuaté 2008, quando o então 1º vice-presidente da ABAS, EvertonSouza, assumiu o cargo.

CONFIRMADOS DATAE LOCAL DO XVIICONGRESSO BRASILEIRODE ÁGUAS SUBTERRÂNEAS

Foi confirmada a realização do XVII Con-gresso Brasileiro de Águas Subterrâneas de23 a 26 de outubro de 2012, na cidade deBonito, em Mato Grosso do Sul, no Centrode Convenções da cidade. O Congresso épromovido pela Associação Brasileira deÁguas Subterrâneas (ABAS), em parceriacom o Núcleo ABAS Centro Oeste e tevesua última edição em São Luís (MA).

O tema principal do evento, ospalestrantes, os apoiadores e as empre-sas participantes ainda serão definidos.Porém o objetivo principal é debater te-mas relacionados à gestão dos recursoshídricos subterrâneos e discutir sobre adisponibilidade de água para as futuras ge-rações, observa Humberto Albuquerque,presidente da ABAS.

ABAS ESCLARECE À SOCIEDADESOBRE RIO HAMZA.Leia em wwwwwwwwwwwwwww.abas.org.abas.org.abas.org.abas.org.abas.org

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NÚCLEOS REGIONAIS

PROGRAMA DE CAPACITAÇÃODA ABAS NÚCLEO BAHIA-SERGIPE CONTINUA

“Métodos Práticos de Investigação Hidrogeoquímica”é o curso que a ABAS Núcleo Bahia-Sergipe realizarános dias 02 e 03 de dezembro, na Escola Politécnica daUniversidade Federal da Bahia (UFBA). Sérgio Nascimen-to, do Instituto de Geociências (IGEO- UFBA) ministraráas aulas. Os módulos serão realizados em parceria coma Associação Brasileira de Química (ABQ) - RegionalBahia. Haverá descontos para profissionais sócios daABAS, estudantes sócios e não sócios. Mais informaçõese inscrições pelo e-mail [email protected]

Outros cursos realizadosO curso “Arcabouço Legal Nacional para Classifica-

ção, Monitoramento e Enquadramento dasÁguas Subterrâneas”, aconteceu de 27 a 29 de outu-bro, em continuidade ao “Programa de Capacitação emHidrogeologia Aplicada”, promovido pela ABAS NúcleoBahia-Sergipe desde o início de 2011. Suely Mestrinho,professora da UFBA e consultora da Agência Nacionalde Águas (ANA), ministrou o curso.

Nos dias 30 de setembro e 01 de outubro, ocorreu ocurso “Métodos Práticos para Cálculos Hidrogeológicos”,ministrado por Zoltan Romero Rodrigues, geólogo es-pecialista em Meio Ambiente e Recursos Hídricos do Ins-tituto de Gestão das Águas e Clima (INGÁ), da Secreta-ria do Meio Ambiente (SEMA-BA). O curso teve o total de20 participantes, sendo 17 deles profissionais de empre-sas públicas ou privadas dos estados da Bahia, EspíritoSanto e Minas Gerais.

ABAS NÚCLEO RJ PARTICIPA DA ELABORAÇÃO DO PLANOESTADUAL DE RECURSOS HÍDRICOS

ABAS NÚCLEO - MGREALIZA SEMINÁRIOINTERNACIONAL RECARGAARTIFICIAL DE AQUÍFEROS

A cidade de Belo Horizonte receberá o Semi-nário Internacional Recarga Artificial de Aquíferos,a ser promovido pela Associação Brasileira deÁguas Subterrâneas, Núcleo Minas Gerais(ABAS-MG), de 11 a 15 de junho de 2012.

O evento, voltado a profissionais e estudan-tes da área de recursos hídricos, divulgará ex-periências nacionais e internacionais e promo-verá um fórum de debates com participação dediversos segmentos envolvidos com a gestãodas águas subterrâneas. O procedimento derecarga artificial de aquíferos está sendo adota-do em diversos locais do mundo, para aumen-tar a disponibilidade dos recursos hídricos sub-terrâneos e melhorar sua qualidade, além decontribuir para a gestão sustentável, a proteçãoe a revitalização de importantes aquíferos.

O seminário terá a participação de representan-tes do Ministério do Meio Ambiente, U. S. GeologicalSurvey (USGS), United States EnvironmentalProtection Agency (EPA) e dos professores UweTröger, da Alemanha, e Emílio Custódio Gimena,da Espanha, entre outros profissionais.

Mais informações: ABAS Núcleo MG, telefo-ne (31)3309-8000; l [email protected] .

Na 40ª Reunião Ordinária do Conselho Estadual deRecursos Hídricos (CERH-RJ), realizada no último mêsde agosto, Rosa Formiga Jonhsson, diretora de Ges-tão das Águas e do Território do Instituto Estadual doAmbiente (INEA), anunciou a elaboração do Plano Es-tadual de Recursos Hídricos do Estado do Rio de Ja-neiro. Para Moema Versiani Acselrad, gerente de Ins-trumento de Gestão de Recursos Hídricos, o plano seráum importante instrumento de gestão e será elaboradoem 18 meses. Além disso, ressaltou que as diretrizesforam construídas de forma participativa visando o Ter-mo de Referência que orientou a licitação.

Na ocasião, o presidente da ABAS Núcleo RJ, ohidrogeólogo Gerson Cardoso da Silva Junior, profes-sor do Departamento de Geologia/Laboratório de

Hidrogeologia da Universidade Federal do Rio de Ja-neiro (UFRJ), solicitou a inclusão da intrusão salina noplano, tema a ser discutido por especialistas do mundotodo, de 17 a 21 de junho de 2012, em Armação dosBúzios (RJ).

Paulo Carneiro, da equipe técnica da Fundação Coor-denação de Projetos, Pesquisas e Estudos Tecnológicos(COPPETEC/UFRJ), deixou claro, ao abordar a propos-ta técnica, a importância da contribuição da ABAS-RJ noaspecto das águas subterrâneas. Carneiro esclareceuque o plano tem como escopo, entre outros temas, obalanço das disponibilidades hídricas – em quantidadee qualidade -, das águas superficiais e subterrâneas noestado carioca, considerando as dez atuais regiõeshidrográficas com seus problemas e conflitos.

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HIDRONOTÍCIAS

RECORDAR É VIVER

Carlos EduardoQuaglia Giampá,Diretor da DHPerfuração de Poços

A crescente comercialização da água e a grande influ-ência das empresas engarrafadoras estão exigindo umaregulamentação da gestão deste recurso vital, garantin-do que o seu acesso seja um direito fundamental, afir-mam especialistas. “Precisamos de um acordo ou trata-do internacional sobre o direito de acesso à água paradeixar claro de uma vez por todas que não se pode negá-la a nenhuma pessoa por esta não poder pagar”, disseMaude Barlow, especialista canadense e assessora dopresidente da Assembléia Geral da Organização dasNações Unidas, o nicaragüense Miguel DEscoto.

“Temos de proteger sua disponibilidade enquanto di-reito” fundamental, insistiu, acrescentando que a Comis-são de Direitos Humanos, com sede em Genebra, talvezseja o órgão mais indicado para propor um tratado comessas características. Mas, o melhor seria que fosse rati-ficado pelos 192 membros da Assembléia Geral. “Preci-samos mais do que uma declaração da ONU.

Aproximadamente 880 milhões de pessoas, a maio-ria em nações em desenvolvimento, carece de águapotável, segundo a ONU, número que pode subir paraquatro bilhões em 2030, a maioria na China e Ásia me-ridional. O mercado mundial de água chega a US$ 250

bilhões e pode subir para US$ 660 bilhões em 2020,segundo estudo feito em março pelo Programa dasNações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma).

O Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimen-to (Pnud) afirmou que as atuais prioridades em matériade fornecimento podem ser consideradas um “apartheidhídrico”, em alusão ao sistema de discriminação racial queimperou na África do Sul até 1994, por parte da minoriabranca contra a maioria negra. Há suficiente água e recur-sos financeiros para cobrir as necessidades atuais, se-gundo esta agência da ONU. O Pnud recomenda respei-to às leis existentes para ajustar as prioridades financeiraspara que as pessoas mais pobres disponham desse re-curso. Algumas empresas como Connecticut Water ePepsiCo adotaram politicas para considerar o acesso àágua como um direito humano, acrescentou Jones.

A comunidade internacional deve observar as gran-des potências que buscam água fora de suas fronteiras,com já fizeram com o petróleo, disse Barlow. A China,por exemplo, constrói um aqueduto para canalizar a águadesde a região do Himalaia para seu território.

Fonte: IPS/Envolverde

ÁGUA:RECURSO VITAL E

DIREITO HUMANO

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HIDRONOTÍCIAS

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ESPECIAL II CIMAS

“A água subterrânea é o item de maior importânciado mundo, por isso todos que trabalham nessa áreatêm que fazer sua parte”, declarou Everton Oliveira, pre-sidente do II Congresso Internacional de Meio Ambien-te Subterrâneo (II CIMAS), durante a abertura do even-to, que aconteceu dias 4, 5 e 6 de outubro de 2011, noCentro de Convenções da Fecomércio, em São Paulo(SP), paralelamente à Feira Nacional da Água (Fenágua).Promovido pela Associação Brasileira de Águas Sub-terrâneas (ABAS), o evento reuniu 435 participantes numintenso e rico intercâmbio de experiências, além dasnovidades e lançamentos das empresas e instituiçõespara o mercado. Autoridades renomadas ressaltaram aimportância dos debates durante a sessão de abertura.

Lupércio Ziroldo Antonio, do Fórum Nacional dosComitês das Bacias Hidrográficas, salientou que a água

II CIMAS:UM RICO E INTENSO INTERCÂMBIOTextos: Fernanda Faustino e Isabella MonteiroFotos: Daniel Codina (ABAS), Fernanda Faustino e Larissa Stracci (ArtCom A.C.)

é fator preponderante na estruturação de políticas pú-blicas. “O tema água é sinônimo de desafio. A águasubterrânea é o grande recurso invisível que necessitaser preservado.O mundo no futuro dependerá do quefaremos a respeito a partir de agora.” Para Milton Vas-concelos, gerente da Petrobrás, é inquestionável a im-portância do tema, seja pela escassez de recursoshídricos ou para se antecipar às futuras necessidades.“A Petrobrás reafirma o compromisso com a questãoda água. O gerenciamento de áreas contaminadas éprioridade para a empresa”, declara.

Segundo Ricardo Moraes, superintendente do Depar-tamento Nacional de Produção Mineral (DNPM), é im-portante que participem da discussão todos os atoresdesse bem escasso: “A água representa futuro!” Deacordo com Giovanni Palermo, secretário adjunto da

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ESPECIAL II CIMAS

ço” explica. “Vamos discutir a integração dos comitêsde bacia e isso também requererá uma atuação maisfirme do Ministério de Integração Nacional.” HumbertoAlbuquerque, presidente da ABAS, ressaltou que a as-sociação se sente satisfeita por causa daprofissionalização cada vez mais presente no setor. “Ape-sar disso, ainda temos dificuldade em buscar a gestãopara águas subterrâneas”, ressalta. “Nos preocupamos,também, com a clandestinidade na perfuração dos po-ços, pois promove a contaminação do aquífero.”

A abertura do congresso ainda contou com a apre-sentação do grupo Choro das Três que representou aalma do brasileiro através do choro e interpretou can-ções como: Brasileirinho e Aquarela do Brasil – músicasque ressaltam a beleza dos recursos naturais do país.

Choro das Três abriu o evento interpretando oHino Nacional Brasileiro

Prefeitura de São Paulo, é importante a participação domunicípio nas questões que envolvem água, para cola-borar com as autoridades estaduais. Ele explica que énecessário fazer um controle de exploração de águasubterrânea. “É preciso organizar e criar um departa-mento para gerir esta necessidade.”

Ana Cristina Pasini da Costa, diretora da CompanhiaAmbiental do Estado de São Paulo (CETESB), explicouque o avanço nas discussões sobre gestão de recursossubterrâneos é implícito e quando falamos de gestão nosreferimos à qualidade, à quantidade e, principalmente, àsua preservação. “Esse recurso deve ser preservado, masprecisa ser possível sua utilização”, enfatiza. Thales deQueiroz Sampaio, diretor de Hidrologia e Gestão Territorialdo Serviço Geológico do Brasil (CPRM), chamou a aten-ção ao fato de que a água não é subterrânea ou superfici-al. “A água é uma só. Ela está subterrânea ou está super-ficial.” E coloca: “Quando falamos em água, precisamostrabalhar em conjunto, conectando as organizações paraconduzir o país ao desenvolvimento sustentável.”

ProfissionalizaçãoRicardo Vedovello, representante da Secretaria do

Meio Ambiente do Estado de São Paulo, destacou asações promovidas pelo órgão. Entre elas: a gestão e ocontrole da área de Jurubatuba, na Capital (SP); o pla-no de desenvolvimento do Aquífero Guarani; o grupode trabalho para estudar as ações de nitrato nas águassubterrâneas, além do plano para estipular o cadastrode empresas de perfuração de poços. SegundoVedovello, “a Secretaria planeja muitas ações no seg-mento e vê, nessa plateia (presente ao evento), os pro-tagonistas da gestão de águas subterrâneas.”

Augusto Valle Martins, da Secretaria de InfraestruturaHídrica, explicou que a partir desse ano, o órgão prevêintervenções em como é realizado o processo de águasubterrânea. “A execução disso requererá muito esfor-

A partir da esq, ao alto: Everton de Oliveira,presidente do congresso, Lupércio Ziroldo Antonio,Milton Vasconcelos, Giovanni Palermo, RicardoMoraes, Ana Cristina Pasini da Costa, Thales deQueiroz Sampaio, Ricardo Vedovello, HumbertoAlbuquerque e Augusto Valle Martins

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ESPECIAL II CIMAS | CONFERÊNCIAS

Benedito Braga, professor da Esco-la Politécnica da Universidade de SãoPaulo (USP) e presidente do 6º FórumMundial da Água, a ser realizado em2012 em Marseile, na França, abriu ociclo de palestras do congresso, como tema “Água como fator de desen-volvimento socioeconômico”. Duran-te sua apresentação deixou explícitaa importância do recurso para o de-senvolvimento sustentável e para amanutenção da vida. “A água é comoa força motriz do desenvolvimentosustentável”, compara. Braga expôsdados alarmantes, como os 700 mi-lhões de pessoas que não tem aces-so à água potável no mundo. “Porcausa da utilização desordenada dosrios, muitos deles já não chegam até

ÁGUA É FORÇA MOTRIZ PARA DESENVOLVIMENTOos mares,” ressalta. Segundo ele, para que, efetivamente odesenvolvimento seja sustentável, deve estar atrelado ao equi-líbrio de quatro capitais: humano, ambiental, econômico e so-cial, pois “é intrínseca a ligação entre cada um deles.”

Braga citou a África do Sul como exemplo de país que so-fre com o problema de segurança hídrica, pois pouca chuvaé equivalente a pouco desenvolvimento econômico e estefator está exposto à sazonalidade. “Quem paga por isso sem-pre são os mais vulneráveis”, salienta. Por isso, ele explicaque se faz necessário o investimento em estrutura hídrica.“Investir na infraestrutura em si causa vários impactos positi-vos na saúde, como a redução da mortalidade infantil alémdo aumento do Produto Interno Bruto (PIB) da região”, afir-ma. “Quando se trata de infraestrutura hídrica, quanto maiorfor a variabilidade climática maior será o custo envolvido, jus-tamente por causa das intempéries.” O que se tem observa-do – diz ele – é uma gestão inadequada e a falta de integraçãona gestão das águas subterrâneas. “A gestão de recursoshídricos é essencialmente um processo político.”

12 ÁGUA E MEIO AMBIENTE SUBTERRÂNEO OUTUBRO / NOVEMBRO 2011

REDE DE RELACIONAMENTOS COMPARTILHARÁ EXPERIÊNCIASEncerrando as atividades do primei-

ro dia do congresso, Jim Barker, da Uni-versidade de Waterloo, Canadá, minis-trou a palestra: “Remediação de FaseResidual de Hidrocarbonetos: O que sepode esperar? O que vem agora?”. Apesquisa de Barker se concentra nacontaminação das águas subterrâneaspor produtos químicos orgânicos,hidrocarbonetos, especialmente petró-leo e produtos químicos industriais. Se-gundo ele, apesar da universidade tertecnologias e experiências, nenhumatecnologia limpará os lugares de umaforma completa. “A recomendação doestudo realizado é que mais estudos emais recomendações sejam feitas. Pre-cisamos, também, providenciar o desenvolvimento datecnologia nessa área e usá-la a nosso favor.”

Ele relata que a ideia da universidadeé formar uma rede de relacionamentosmundial para compartilhar experiências.“Um exemplo é o acordo assinado pelaUniversidade de São Paulo (USP) e pelaUniversidade Paulista Júlio de Mesquita(UNESP) em parceria com Waterloo”, sa-lienta. Barker aponta que um dos proje-tos do instituto, que faz pesquisas pararecursos hídricos na universidade, é cri-ar uma plataforma para possibilitar pes-quisas de ponta e ampliar oportunidadeeconômica para prover água de quali-dade na rápida urbanização. “A água éfundamental para a manutenção doecossistema e o intuito da instituição éformar técnicos no mundo inteiro para

debater o tema. É papel de todos analisar a ecologia e asaúde humana, pois são questões essenciais”, ressalta.

ÁGUA NO SÉCULO XXI: COMPLEXIDADE EXIGEINTEGRAÇÃO DAS AÇÕES E DO CONHECIMENTO

Conduzida pelo diretor científico do Centre forEnvironmental Research – Helmholtz Institute, da Ale-manha, Georg Teutsch, a conferência salientou os de-safios que envolvem a água no Século XXI e o meio am-biente. Imigração e migração, falta de infraestrutura,

pressões ecológicas, competição por terra e água, sãoalguns dos exemplos.

Em termos de pesquisa, Teutsch lembra que nos anosde 1950 e 1970, havia uma perspectiva estática sobre aágua; quando se realizou a identificação de fontes, de quan-

Benedito Braga,presidente do6º Fórum Mundialda Água

Jim Barker, pesquisador daUniversidade de Waterloo, do Canadá

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ÁGUA E MEIO AMBIENTE SUBTERRÂNEO 13OUTUBRO / NOVEMBRO 2011

ESPECIAL II CIMAS | CONFERÊNCIAS

tidade e a caracterização. Já nos anosde 1980 e 1990, a pesquisa adquiriuperspectiva dinâmica, na qual experi-mentos de campo embasados em ex-perimentos teóricos mostraram que omeio ambiente subterrâneo não é ho-mogêneo. Fato que impulsionou osurgimento e desenvolvimento de em-presas e empregos na área. Entre osanos 2000 e 2010, surgiu a perspecti-va sustentável, Eco-Hydrology(hidrologia ecológica), incluindo novastecnologias de remediação, como abiorremediação. Teutsch salienta que,na atualidade, a questão água é com-plexa, pois envolve uma série de fato-res correlacionados: aumento da po-pulação, mudanças climáticas, menorbiodiversidade, maior demanda por co-mida, bioenergia, limitada disponibili-dade de água, aumento da demandapelo recurso e a falta de preocupaçãocom os impactos futuros das atitudes do presente.

A contaminação é também um grave e preocupantefator. Apenas na Europa, há cerca de 20 mil megasites

contaminados. O especialista ressal-ta a importância da investigaçãoadequada e minuciosa e acreditaque “as autoridades não devem ape-nas se atentar para as concentra-ções de contaminantes, mas sim,para a flexibilidade delas, para ondevai o fluxo e sua proximidade com aorigem de contaminação”. É preci-so trabalhar as questões de formaintegrada. Há limitação no modocomo os modelos globais atuam,por isso, é necessário otimizar sis-temas e resultados. “Com os mode-los conceituais, é possível mensurarum ano em apenas quatro ou seissemanas. Portanto, eles são funda-mentais”. Teutsch cita ainda o mo-delo de sistema híbrido desenvolvi-do pelos grupos de Waterloo, no Ca-nadá; dos Estados Unidos e da Fran-ça, “que estão unindo esforços do

que há de melhor em cada um, em termos de modelosmatemáticos”, destaca ao mencionar o valor imprescin-dível de compartilhar e unificar o conhecimento.

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ÁGUAS SUBTERRÂNEAS ADQUIREM RELEVÂNCIA NA AGENDA DA ANAUnidades de Enquadramento. E divide as águas subter-râneas em seis classes, com base em seus usos pre-ponderantes: consumo humano, dessedentação de ani-mais, irrigação e recreação.

Já a Resolução CNRH 107/2010 estabelece diretrizes e cri-térios a serem adotados para planejamento, implantação eoperação de Rede Nacional de Monitoramento Integrado Qua-litativo e Quantitativo de Águas Subterrâneas (RENAMAS),

que deverá ser planejada e coordena-da pela ANA e implantada, operada emantida pela Companhia de Pesquisade Recursos Minerais (CPRM), em ar-ticulação com órgãos gestores de re-cursos hídricos estaduais. As informa-ções qualitativas e quantitativas gera-das serão incorporadas ao Sistema Na-cional de Informações sobre RecursosHídricos (SNIRH).

Adriana admite que o monitoramentode águas subterrâneas no Brasil aindaé pontual, limitado a algumas redes es-taduais e focos de contaminação espe-cíficos, portanto incipiente. Mas, segun-do ela, até 2020 a previsão é de quesejam instalados 3 mil pontos demonitoramento no país.

Cenários da Qualidade das Águas Subterrâneas noBrasil frente às normas CONAMA 396/2008 e CNRH 107/2010 foi o tema da última conferência do II CIMAS, pro-ferida por Adriana Niemeyer Pires Ferreira, superinten-dente de Implementação de Programas e Projetos daGerência de Águas Subterrâneas da Agência Nacionalde Águas (ANA).

A Agenda de Águas Subterrâneas da ANA visa promoverações para fortalecer aimplementação da gestão integra-da de recursos hídricos superficiaise subterrâneos. E busca ainda: apoi-ar a gestão das águas subterrâneasnos estados; ampliar o conhecimen-to hidrogeológico nacional; promo-ver a aplicação dos instrumentos daPolítica Nacional de RecursosHídricos nas águas subterrâneas;apoiar a gestão compartilhada deaquíferos interestaduais etransfronteiriços.

A Resolução CONAMA 396/2008 define a Bacia Hidrográficacomo Unidade de Planejamentoe o aquífero, conjunto deaquíferos ou porção destes como

Georg Teutsch, diretor científico doCentre for Environmental Research –Helmholtz Institute, da Alemanha

Adriana Niemeyer Pires Ferreira,superintendente de Implementação deProgramas e Projetos da ANA

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REGULAMENTAÇÃO DA LEI ESTADUAL DE ÁREAS CONTAMINADASA mesa redonda 1 com o tema Regulamentação da

Lei Estadual de Áreas Contaminadas – Lei nº. 13577/2009 - trouxe o ponto de vista da indústria, do MinistérioPúblico e do órgão de licenciamento de São Paulo – aCETESB – sobre a temática. Eduardo San Martin, doCentro das Indústrias do Estado de São Paulo (CIESP),Rodrigo Cesar de Araújo Cunha, gerente da CETESB,José Ismael Eduardo Lutti, do Ministério Público do Es-tado de São Paulo, conduziram as palestras da mesa,que foi presidida por Giovanna Setti Galante presidenteda Associação Brasileira das Empresas de Consultoriae Engenharia Ambiental (AESAS).

San Martin, do CIESP, colocou que a partir de 1988 secomeçou a discutir a poluição do solo provocada por resí-duos industriais, domésticos e resíduos de serviços de saú-de. “Não é difícil saber que muita coisa foi feita antes da leientrar em vigor”, observa. O posicionamento da Federa-ção das Indústrias do Estado de São Paulo (FIESP) e doCIESP sobre áreas contaminadas, segundo ele, é que overdadeiro desenvolvimento do setor produtivo paulistadeve ter respaldo socioambiental. “A FIESP e o CIESP de-fendem a indústria legalista – que cumpre a lei e está pre-ocupada com as questões ambientais. Nossa posição éque tudo o que diga respeito ao meio ambiente seja trata-do como prioridade.” San Martin explica que há algunspontos que trazem dificuldades para a indústria. Um delesé o desconhecimento. “A ABAS pode ser uma grande par-ceira para rodarmos o Brasil mostrando como se faz in-vestigação, estudo de análise de risco e monitoramento”,afirma. Outro ponto que, segundo ele, traria muitos bene-fícios àa proposta seria trazer a universidade como parcei-ra da indústria. “A iniciativa, que já ocorre em outros paí-ses, pode ajudar para que haja a inserção de novos profis-sionais trabalhando com conceitos de produção mais lim-pa”, relata. Tanto a FIESP como o CIESP concordam arespeito da regulamentação da lei. “Tudo o que alguém

produziu como impacto ambiental, o responsável precisarecuperar. Mas, quem não teve culpa, não deve se tornarresponsável”, observa. Outra reivindicação é para que exis-tam cadastros de áreas contaminadas diferentes – paraquem contaminou e para quem tem potencial de contami-nar. “Não dá para todos serem enquadrados na mesmacategoria”, diz.

Rodrigo Cunha, da CETESB, ressaltou alguns pontosimportantes da regulamentação. Entre eles: cadastro – coma finalidade de armazenar informações, inclusive, das áre-as com potencial de contaminação; plano de remediação– que deve ser desenvolvido pelo responsável legal da área;identificação de áreas contaminadas – qualquer indício decontaminação identificado pelo responsável legal, deve sercomunicado imediatamente à agência, que realizará avali-ação preliminar e investigação confirmatória.

Cunha também salientou que o responsável pela áreacontaminada pode pleitear recursos do Fundo Estadual paraRemediação de Áreas Contaminadas (FEPRAC). Vinculadoà Secretaria do Meio Ambiente, é destinado à proteção dosolo contra alterações prejudiciais às suas funções, à identi-ficação e à remediação de áreas contaminadas. Ele explicaque toda desativação de empreendimento deve sercomunicada previamente à CETESB e, caso haja interesseem se reutilizar uma área contaminada, os processos detratamento também deverão ser acompanhados.

José Ismael Eduardo Lutti, do Ministério Público do Es-tado de São Paulo, explica que para qualquer ação emrelação ao meio ambiente é preciso, primeiramente, sabero que diz a constituição. “Antes do empresário ser empre-sário, a constituição já mostra a responsabilidade que eletem, como relata o Artigo 170 da Constituição Federal.”Ele aponta que o objetivo da lei é garantir o uso sustentá-vel do solo, protegendo-o de contaminação, prevenindoalterações na sua característica e função por meio de me-didas para proteção de qualidade do solo e águas subter-

À partir da esq.: Eduardo SanMartin, Giovanna Galante,

Rodrigo Cunha e José Ismael Lutti

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râneas. A Lei nº. 13.577/2009 prevê que a área remediadapara uso declarado, local que, anteriormente, estava con-taminado, mas foi submetido à remediação, tem restabe-lecido o nível de risco aceitável à saúde humana, ou seja,não é necessário restabelecer a condição natural do terre-no e o nível de remediação é definido por avaliação deriscos toxicológicos. Para os efeitos da lei, segundo ele,devem ser consideradas as funções do solo: sustentaçãoda vida e do habitat para pessoas, animais e organismosdo solo. “Qualquer atividade considerada lesiva ao meioambiente sujeitará, aos infratores, a obrigação de reparar

todo o dano causado.” Sobre as responsabilidades dodegradador, Lutti citou o artigo V da Lei Federal nº 6938/81. “Quem contaminou tem a responsabilidade de reparare a proteção das áreas ameaçadas de degradação é doórgão ambiental”, enfatiza.

Giovanna Setti Galante, que coordenou o debate, res-saltou que a parte da investigação, que determinará se umaárea está ou não contaminada, deve ser muito bem feita.“É a partir da investigação que saberemos os procedimen-tos posteriores, e, às vezes não se dá a devida atenção aessa etapa”.

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PREVENÇÃO E TECNOLOGIA OTIMIZAM RESULTADOS DE REMEDIAÇÃOdiretor do departamento de Remediação de Solo e Águassubterrâneas do Centro de Pesquisas AmbientaisHelmholtz, de Leipzig, na Alemanha.

Líder em polietileno 100% de origem renovável, tendoo etanol como matéria-prima, a Braskem conta com sis-tema de gestão que busca atender aos requisitos de Saú-de, Segurança e Meio Ambiente (SSMA). Segundo Ma-chado Junior, a prevenção é fundamental neste proces-so, que conta com auditoria constante para disseminar o

A mesa-redonda 2, intitulada “Grandes Desafios, Gran-des Soluções”, promoveu uma exposição sobre algunsexemplos de soluções ambientais realizadas pelas empre-sas convidadas para compor a mesa, presidida pelo pro-fessor da Universidade de Waterloo, Jim Barker. Participa-ram: Claudio Henrique Dias Guimarães, gerente de MeioAmbiente da Petrobrás; Mauro Machado Junior, engenhei-ro de Saúde, Segurança e Meio Ambiente da Braskem,James Henderson, consultor da Dupont, e Holger Weiss,

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RESTRIÇÕES EM PROL DA PRESERVAÇÃOAMBIENTAL E DA SAÚDE HUMANA

“Restrições de Uso de Solo e Água Subterrânea: Devomesmo remediar?” foi a temática levantada pela terceiramesa-redonda, que contou com os palestrantes: DavidReynolds, consultor da Geosyntec; Elton Gloeden, geren-te do setor de Áreas Contaminadas da CompanhiaAmbiental do Estado de São Paulo (CETESB) e OtavioGalembeck, responsável pelo Escritório de Apoio Técnicode Rio Claro (SP), do Departamento de Águas e EnergiaElétrica de São Paulo (DAEE).

conhecimento e evidenciar as melhores práticas comoreferência a serem adotadas. O sistema conta tambémcom protocolo específico de águas subterrâneas, que in-clui: identificação, histórico, dados do meio físico,monitoramento, análise de risco, metas de remediação,prevenção e novos projetos.

Henderson, da Dupont, citando alguns casos graves decontaminação, como o México, onde somente 27% dosrecursos superficiais são de qualidade aceitável, lembraque um grande problema é que a remediação, além dedispendiosa e tecnicamente difícil, nem sempre funcionabem. E alerta para a importância de uma avaliaçãocriteriosa: “se não entendermos o que está acontecendono local, não podemos remediar”. Os processos e técni-cas de remediação são muito recentes, existem há apenas30 anos, porém, “conforme a água for se tornando maisvaliosa, o público exigirá limpezas mais rigorosas e rápi-das”. Ele salienta ainda que é fundamental verificar quaistecnologias possuem menor custo e pouco risco e adequá-las a cada realidade, respeitando as técnicas desustentabilidade: reciclagem, reuso, transformação ebiodegradação. “Já conhecemos os verdadeiros limites daTerra. Mas estamos consumindo muito mais do que o pla-neta pode dar”, pondera.

Guimarães, da Petrobrás, afirma que países como Japãoe Estados Unidos estão mais maduros no que se refere às

práticas de remediação; mas que, dos paísesda América Latina, o Brasil é o mais avançado.Questionado sobre como convencer as empre-sas de que aderir à sustentabilidade vale a pena,Guimarães afirmou que este é um grande de-safio para os profissionais do setor ambiental.Entretanto, “deve-se querer sempre mais açõesda empresa, buscando a sustentabilidade as-sociada ao equilíbrio econômico”.

Holger Weiss falou brevemente sobre a gra-ve realidade de contaminação na Alemanha, ori-ginária, principalmente, pelo histórico da II Guer-ra Mundial, sobretudo na porção oriental dopaís. Segundo ele, bombas lançadas na época

da guerra, quebraram parte natural do solo que protegia oaquífero, deixando buracos de até cinco metros de profun-didade, contaminando, inevitavelmente, também os lençóisfreáticos. No país, são gastos em média, 80 milhões de euros,por ano, em descontaminação. Há ainda fundos pararemediação de áreas órfãs, o que não acontece no Brasil,embora seja um problema brasileiro muito comum.

Jim Barker lançou uma pergunta polêmica aos integran-tes da mesa: “Por que não dizemos que o que estamosfazendo é apenas conter danos e minimizar riscos, espe-rando que no futuro outros resolvam?”. Para Henderson,“mesmo que não seja possível despoluir totalmente, nãosignifica que devemos desistir. Temos que fazer nossa par-te”. Machado Júnior acredita que todas as formasantropogênicas resultam em impactos, por isso é funda-mental trabalhar com prevenção e pesquisa para encon-trar formas cada vez mais eficientes para sanar os proble-mas. É o que também pensa Guimarães: “tudo o que faze-mos na vida é com base em risco. Para eliminar todo orisco, é preciso não fazer. A decisão está na base dasustentabilidade. Clean-up é uma meta e um sonho, nemsempre alcançável”. Por fim, Weiss enfatiza que nunca serápossível lidar novamente com um ambiente pré-industrial.“Teremos que pagar pelas faltas das gerações anteriores,que não se preocupavam com meio ambiente. Evitar repe-tir os erros de outros países é fundamental”.

Reynolds mencionou que no Oeste da Austrália há pro-blemas de contaminação industrial e por agricultura, simila-res aos do Brasil. Lá as áreas contaminadas são classifica-das como potencialmente contaminadas, de uso restrito ede remediação exigida. Os relatórios são feitos pelos audi-tores que os enviam aos proprietários dos sites, antes des-tes chegarem às autoridades responsáveis. O governo apon-ta as restrições de uso nos documentos das terras para queo comprador esteja ciente do que está adquirindo, ação que

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A partir da esq.: Holger Weiss, Claudio Henrique Dias Guimarães, JimBarker, James Henderson e Mauro Machado Junior

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impacta, consequentemente, no valor da propriedade. Nestes casos, o governo regula aredução do valor da propriedade para o primeiro comprador, que solicita compensaçãopela aquisição. “O governo usa a restrição para proteger o público, pressionando assimos proprietários a remediá-los”, afirma. Ele acredita que os poluidores não deveriam terliberdade sem punição, mas que também deveria existir financiamento para que paguema remediação. Segundo ele, outro problema é a falta de conscientização da população,pois, mesmo com o uso de água em determinadas regiões restritopelo risco de contami-nação, há uso clandestino.

Sobre gestão de áreas contaminadas, Elton Gloeden, da CETESB, chamou a aten-ção para a importância de saber quais são as etapas necessárias antes de remediar,sendo imprescindível uma ótima investigação do local. “Os modelos conceituais pode-rão apontar medidas e também as restrições para reabilitação da área”, esclarece.Também os poços de monitoramento auxiliam na obtenção de mais dados sobre aqualidade do solo e/ou da água. Os chamados mapas de risco – que possibilitam aidentificação do posicionamento das plumas de contaminação – devem ser realizadospelos consultores, que deverão analisar o local, propor medidas para intervenção e asapresentarem para avaliação e aprovação da CETESB. Algumas das medidas de inter-venção em áreas contaminadas citadas por ele foram: restrição de uso, medidas decontrole de engenharia e medidas de remediação. Gloeden ressalta que as medidas derestrição de uso, de modo particular, são bastante rígidas, pois buscam a segurançahumana. “Na restrição de uso de águas subterrâneas, enquanto não atingir o nívelexigido de potabilidade, será mantida sempre”.

O estado de São Paulo é o que mais outorga perfuração de poços no país, afirmaOtavio Galembeck, responsável pelas Unidades de Gerenciamento de Recursos Hídricos5 e 10 do DAEE (UGRHI-5 e UGRHI-10). As cidades paulistas que mais consomem orecurso são Americana, Campinas, Jundiaí e Limeira, para uso em indústrias e abas-tecimento público. Em Itu, a situação é preocupante, pois há dificuldade de obtençãode águas superficial e subterrânea para atender à população. Galembeck alerta parao alarmante número de outorgas de poços tubulares no estado paulista, que deveráexigir, em breve, do DAEE, uma restrição das permissões de perfuração e também arevisão das licenças de uso, para não comprometer os aquíferos.

“No momento de outorgar é preciso levar em conta a gestão, o planejamento sobreo número de outorgas e pensar nas reservas do aquífero: permanente, explotável eregulada”, afirma. Ele relata que, a partir da criação da portaria 01, entre 2007 e 2008,que penalizou e fiscalizou uso de água, aumentou a solicitação pelo direito de uso dorecurso subterrâneo, especialmente em Campinas (SP). O presidente da mesa, Evertonde Oliveira, diretor da Hidroplan, secretário executivo da ABAS e presidente do II CI-MAS, respondendo à pergunta temática da mesa-redonda, concluiu, com base no quefoi discutido, que apenas deve-se remediar em último caso, já que esta prática exigeuma série de processos criteriosos e burocráticos.

ESPECIAL II CIMAS

Otavio Galembeck, Everton de Oliveira, Elton Gloeden e David Reynolds

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Assunto bastante em voga na atualidade, a “RemediaçãoSustentável” foi o tema da mesa-redonda 4, que contoucom John Ryan, representante do World Business Councilfor Sustainable Development, dos Estados Unidos; DaveEllis, consultor da DuPont; Sander Eskes, diretor técnicode Consultoria e Engenharia de Remediação da AECOM;e com Haroldo Mattos de Lemos, professor da Escola Po-litécnica da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ)e presidente do Instituto Brasil PNUMA; e foi conduzidapor Pedro Penteado, assessor da Diretoria de Tecnologia,Qualidade e Avaliação Ambiental da Companhia Ambientaldo Estado de São Paulo (CETESB).

“Estamos jogando na biosfera mais resíduos do que elacomporta”, aponta Lemos. A Organização das Nações Uni-das (ONU) prevê que 6 milhões de hectares de terraagricultável se transformarão em deserto por ano. “Depen-demos muito da tecnologia, fundamental para asustentabilidade, mas isso não bastará. O mundo mudarános próximos 15 anos o que não mudou em um século”,acredita. Portanto, há três desafios na sustentabilidade. Pri-meiro, garantir a disponibilidade de recursos naturaisrenováveis, respeitando a velocidade de sua renovação; edos recursos não renováveis, assegurando que alternativassejam desenvolvidas a tempo de substituí-los quando estesficarem escassos, como é o caso do petróleo. Em segundolugar, não ultrapassar os limites da biosfera para assimilarresíduos e poluição e, por fim, reduzir a pobreza no mundo,dando condições de desenvolvimento sustentável.

De acordo com o relatório da Organização Não Gover-namental, WWF Brasil, de 2008: “a humanidade já conso-

me 30% mais recursos naturais doque o planeta é capaz de repor”. Le-mos explica que a biocapacidade éa capacidade de produção de bens,mas o Brasil ainda é um credorecológico, ou seja, ele ainda é ca-paz de produzir mais do que a suapopulação consome. Atualmente,quase 80% dos países são deve-dores ecológicos: têm que impor-tar para suprir necessidades inter-nas, especialmente Estados Uni-dos e Japão. O professor alertapara a importância de diminuirmosa “Pegada Ecológica”, área neces-sária para produzir o que a popu-lação consome e absorver seus re-síduos e poluição. No futuro, nãohaverá espaço para o supérfluo.“Acabou a era da abundância.Estamos entrando na era da escas-sez”, alerta. Segundo ele, a ONU

aprovou em 2011, que o PNUMA invista 2% do PIB mun-dial (US$ 1,3 trilhão de dólares) na economia verde.

Dave Ellis, da Dupont, enfatizou que a remediação sus-tentável necessita de uma visão global, que atenda aos prin-cípios da sustentabilidade: suportável, sustentável, equitativa(igualitária), viável social e economicamente. “Dizemos queremediação custa muito, talvez porque ela não faz tudo muitobem, não limpa completamente, e também às vezes causamais danos ao meio ambiente”. Por isso, as técnicas sus-tentáveis de remediação estão progredindo muito. Nos Es-tados Unidos, há mais de 300 sites remediados, mas ape-nas três foram bem-sucedidos. Portanto, “se for remediar,deve ter certeza de que o método funcionará, senão ficaráum legado ruim para as próximas gerações.”. Segundoele, há alguns mitos sobre remediação sustentável, quenão condizem com a realidade: que as análises são carase demoram muito mais tempo do que as convencionais;que se gasta mais com remediação e de que tudo se tratado CO² e do aquecimento global – mas os argumentosque defendem este tipo de remediação vão além, pois pre-cisamos nos preocupar com o meio ambiente de formageral e também com a saúde da população, preservandotambém o lado social da sustentabilidade. “Estamos ten-tando reduzir todo tipo de danos durante a remediação:causar menor impacto no ar; minimizar consumo de ener-gia ou outra fonte natural; reutilizar a terra e materiais, in-centivar o reuso de água”, destaca. Ellis aponta oSustainable Remediation Framework (SURF), como ummétodo bastante eficaz de remediação.

Para Sander Eskes, da AECOM, as boas práticas de

MINIMIZANDO IMPACTOS, OTIMIZANDORESULTADOS SUSTENTÁVEIS

ESPECIAL II CIMAS | MESAS REDONDA

Sander Eskes, Dave Ellis, Haroldo Mattos de Lemos, John Ryan e Pedro Penteado

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ÁGUA E MEIO AMBIENTE SUBTERRÂNEO 19OUTUBRO / NOVEMBRO 2011

Estatísticas do II CIMAS

•Participantes: 435

•Trabalhos inscritos: 170

•Cursos e workshops pré congresso: 4

•Empresas expositoras na Fenágua: 27

•Divulgação na mídia: 7 jornais, 6 revistas,1 rádio, 2 TVs, 48 sites, 20 portais, alémde diversas divulgações em redes sociais,totalizando 149 aparições na mídia.

•Patrocinadores: 19

•Apoiadores: 20

remediação sustentável devem atender aos requisitos:econômico (ações corretivas reduzem riscos), social (be-nefícios para a sociedade local) e ambiental (tecnologias).E podem ser mensuradas de forma quantitativa e qualita-tiva. “Muitas vezes estamos preocupados em atingir me-tas de remediação, mas deve-se pensar no contexto dosenvolvidos. Pode ser projeto mais barato e reverter di-nheiro para a população”, indica uma alternativa. Eskescita ainda outros exemplos: no aspecto econômico pode-se integrar remediação com reutilização da área, atravésde terraplanagem. Já no viés social, é possível estabele-cer uma comunicação com as partes, minimizar riscos eincômodos para a população do local e adotar medidasde incentivo cultural. Na questão ambiental, boas práti-cas buscam diminuir a “pegada ambiental”, como atecnologia in situ. Ele mencionou ainda técnicas de fito-remediação para tratamento das águas subterrâneas,como: engenharia de wetlands para tratamento deefluentes; reuso da água para processos industriais ereinjeção ou lançamento na rede pluvial de resíduos tra-tados. “Cada país ou região, no caso do Brasil, deveriater uma noção própria do que é remediação sustentávelaplicada às características locais”, diz. Para ele, é neces-sário incentivar: impostos setoriais, proteção legal, servi-ços públicos pagos (economia); um modelo conceitualbem elaborado e metas de remediação que definem ofuturo uso dos sites. Além disso, considerar a pegada

ESPECIAL II CIMAS | MESAS REDONDA

ambiental das medidas de remediação (ambiental), bemcomo a inclusão de todas as partes, considerando os ris-cos e benefícios para a comunidade local (social).

John Ryan, concluiu incentivando o desenvolvimento denovos estudos na área “É importante investir em pesquisa,ter envolvimento das universidades. Nos EstadosUnidos,fazemos isso ao longo do país todo, com palestrasitinerantes”, exemplificou.

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TALK-SHOW REÚNE RENOMADOSESPECIALISTAS PARA DEBATERDESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL

ESPECIAL II CIMAS | TALK SHOW

Desafios para o Desenvolvimento Sustentável doBrasil foi o tema do debate realizado em formato detalk-show, com especialistas da área e contou comparticipação do público. “Sem dúvida, este foi um dosgrandes momentos do II Congresso Internacional deMeio Ambiente Subterrâneo (II CIMAS). Uma exce-lente e criativa oportunidade de discussão de dife-rentes visões sobre o mesmo tema, com profissio-nais altamente capacitados e com vasta experiênciano setor”, afirma o presidente do Congresso, Evertonde Oliveira, moderador do debate ao lado de RodrigoCordeiro, diretor da Acqua Consultoria, organizadorado evento. Participaram do talk show: HumbertoAlbuquerque, presidente da ABAS; FernandoKertzman, presidente da Associação Brasileira de Ge-ologia de Engenharia e Ambiental (ABGE); GiovannaSetti Galante, presidente da Associação Brasileira dasEmpresas de Consultoria e Engenharia Ambiental(AESAS); Lupércio Ziroldo Antonio, presidente doFórum Nacional dos Comitês de Bacias Hidrográficas;Ingrid Illich Müller, presidente da Associação Brasi-leira de Recursos Hídricos (ABRH); Sussumu Niyama,ex-presidente da comissão técnica de fundações daAssociação Brasileira de Mecânica dos Solos e En-genharia Geotécnica (AMBS); Adriana Ferreira, coor-denadora do Departamento Técnico da AssociaçãoBrasileira das Empresas de Limpeza Pública e Resí-duos Especiais (ABRELPE ); Fabio De Gennaro Cas-tro, vice-presidente do Comitê Brasileiro de Barragens(CBDB) e Hugo Cássio Rocha, presidente do ComitêBrasileiro de Túneis da ABMS.

Rodrigo Cordeiro abriu a discussão, lembrando que osolhares internacionais estão voltados para o Brasil, quedo bloco econômico BRICs (composto por Brasil, Rússia,Índia, China e África do Sul) é o país de maiorrepresentatividade comercial. “Isto se deve ainda, aos im-portantes eventos internacionais que o país sediará,como Copa do Mundo e Olimpíadas, que exigirão rápidoe intenso crescimento nos setores de transporte, energia,infraestrutura, além de mão de obra especializada”. Dian-te das demandas, surge o desafio: como promover o de-senvolvimento, respeitando os limites da sustentabilidade?Acompanhe os principais momentos.

Falhas na comunicaçãodemandam fontes competentese informações acessíveis

Giovanna Galante pôs em pauta um assunto comuma todos: a apuração inadequada da notícia, por parte damídia, especialmente sobre questões técnicas. “Nos ca-sos de contaminação de áreas, a mídia procura fonteserradas para falar sobre o assunto. As instituiçõescredenciadas, que tem este papel de informar, nem sem-pre são procuradas. Além disso, tecnicamente esclare-cemos o fato, o problema é que a percepção técnica ficamuito aquém da mídia”, observa. Hugo Rocha concor-da, lembrando-se dos acidentes no Aeroporto deCongonhas e do metrô, ambos em São Paulo (SP), epi-sódios em que esteve diretamente ligado: “quanta bo-bagem saiu na mídia”. Para Fernando Kertzman, as as-sociações devem aparecer e se posicionar mais na mídia,a exemplo dos casos de desastres naturais ocorridos

Everton de Oliveira Rodrigo Cordeiro Giovanna Setti Galante Hugo Cassio Rocha Humberto Albuquerque

Isabella Monteiro

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ESPECIAL II CIMAS | TALK SHOW

em Santa Catarina e Friburgo (RJ). Entretanto, SussumuNiyama salienta que normalmente no Brasil estas asso-ciações são muito técnicas, afastadas da indústria e dasociedade. “Tudo o que fazemos tem riscos, mas nemsempre isso é passado para a sociedade. É preciso tra-duzir o conhecimento, transformá-lo em uma linguagemmais acessível”. O argumento ganhou reforço da plateia:“a comunicação é fundamental para envolver a popula-ção e engajar as pessoas nisso”.

Clandestinidade na perfuração:via de mão dupla

“Considerando que mesmo um condomínio de altaclasse perfura sem as devidas concessões do órgãopúblico, o problema não é falta de informação, mas simde querer driblar a lei”, declarou Lupércio Antônio, le-vantando uma questão importante para o setor. ParaHumberto Albuquerque, o problema não é apenas aclandestinidade do setor de Perfuração, mas também aclandestinidade do usuário, que incentiva a prática àmedida que aceita e procura o serviço. “Apesar de exis-tir uma legislação moderna e gerenciável, há fragilida-de na gestão de recursos hídricos, que se pauta muitasvezes pela cobrança e não pela solução”.

Everton de Oliveira argumenta que, se por um ladoas pessoas evitam a outorga, por outro, é quase im-possível o Poder Público fiscalizar a legalidade de to-dos os poços. “Acredito que não haja interesse diretono fechamento de poços ilegais, porque não seria pos-sível suprir as demandas de abastecimento”. ParaAlbuquerque, é fundamental que as reivindicações se-jam encaminhadas aos comitês de bacia. “A clandesti-nidade é preocupante, mas apesar das poucas outor-gas, o Serviço Geológico do Brasil tem um banco commais de 200 mil poços”. Segundo Fábio Castro, cabeao Poder Público “outorgar, fiscalizar de forma inteli-gente, eficiente e diligente. Nos casos de grande pro-porção, o governo quer fazer tudo de uma vez, o que

não fez em uma gestão inteira. Por isso, a integraçãodas associações de classe é muito benéfica – a exem-plo do II CIMAS – e elas podem ajudar na gestão contí-nua”, acredita.

Política Nacional de ResíduosSólidos: benefícios e entraves

Sancionada em 2010, a Política Nacional de ResíduosSólidos (PNRS) vem, segundo Adriana Ferreira, estabele-cer medidas para a gestão adequada dos resíduos sóli-dos urbanos no Brasil, que apresenta dados agravantes.“A lei veio como um marco regulatório, para mudar total-mente, fazer a diferença”. Das 61 milhões de toneladasde resíduos sólidos urbanos produzidas por ano no país,cerca de 23 milhões de toneladas são dispostas de formainadequada em lixões e aterros controlados, contaminan-do solo e água. Para Adriana, há boa mobilização do se-tor privado com relação à logística reversa, o que temviabilizado bons resultados. Mas a meta proposta de eli-minar todos os lixões até 2014 parece otimista e levantamuitas dúvidas. Como serão encerrados? Como as cida-des lidarão com o lixo depois? “Questiono se em quatroanos conseguiremos eliminar mais de 4 mil lixões. De ondevirá a verba e como chegará às prefeituras? Após desativaro lixão, como será a remediação? Há planejamento?”, in-daga Giovanna Galante.

Adriana explica que os incentivos financeiros aindanão ficaram claros. “Até o final de 2012, municípios eestados apresentarão planos para receber verba”, in-forma. Giovanna acredita que o lixo deverá sercapsulado, cobrindo os resíduos para evitar lixiviação,sendo preciso tratar o chorume e os gases provenien-tes. Giovanna ressalta ainda a importância de se certi-ficar que haja aterros sanitários disponíveis para rece-ber todo o material e de se estabelecer redes de pos-tos de monitoramento para garantir descarte e decom-posição seguros.

Para Adriana, a PNRS possui uma responsabilidade

Fernando KertzmanFabio De G. Castro Adriana Ferreira Sussumu NiyamaIngrid Illich Müller Lupércio Ziroldo Antonio

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ESPECIAL II CIMAS | TALK SHOW

compartilhada, “desde o consumidor, que deverá se-parar adequadamente o lixo, e a indústria, que deverápensar que tipo de produto colocará no mercado. Alémdisso, possui um viés econômico, que prevê novastecnologias para reciclagem e também um forte viéssocial, organizando catadores de lixo em cooperativas”,destaca. Fernando Kertzman acredita que “a soluçãopara o lixo é agregar valor a ele, fazê-lo virar matéria-prima, gás para energia. É preciso adotar uma mudan-ça de postura cultural. Verba para investir o governotem, é preciso apenas redistribuí-la”.

Gestão das Águas: uma realidadeurgente e desafiadora

Fomentando uma imprescindível discussão no que serefere ao meio ambiente subterrâneo, tema que deu ori-gem ao Congresso, Rodrigo Cordeiro questiona a ges-tão dos recursos hídricos superficiais e subterrâneos, res-saltando que a capacidade de integração é ainda dísparou quase inexistente. Everton de Oliveira lembrou queno início a Agência Nacional de Águas (ANA) se preocu-pava apenas com as águas superficiais, mas posterior-mente incluiu as águas subterrâneas diante de sua ex-trema importância. “A ABAS fez um acordo com os go-vernos federal e estadual, e um excelente acordo com aANA também. É um grande avanço, mas precisamos ain-da de muito mais do que boa intenção”, salienta.

Ingrid Illich Müller afirma que é um grande erro nãoenxergar a ligação do ciclo hidrológico: “Preocupa-nosa pouca integração entre as águas superficiais e sub-terrâneas, sobretudo a regulação. A Lei das Águas temsomente 15 anos, por isso há muito que ser acertadosobre como vamos fazer estas leis entrarem em práti-ca”. Segundo Ingrid, o que evoluiu muito foi a gestãodescentralizada e participativa, por meio dos Comitêsde Bacia; e o que ainda não evoluiu foi o engajamentona gestão. “Os órgãos competentes estão esvaziados.Estamos tentando nos conhecer um ao outro, andarjuntos dentro destas leis. Precisamos focar nas ques-tões da contaminação e da potabilidade da água.”

Lupércio ressalta que o Brasil, por possuir dimensõescontinentais, precisaria de um cordão de gestão paraligar os estados. “A ANA tem buscado estabelecerparâmetros de gestão nos estados, por meio de umaequação a nível territorial”. De acordo com ele, apenas14% do esgoto são tratados. “Hoje o país passa por umagestão permeável e transversalizada. A ANA avançoumuito na gestão (PAC do Saneamento), mas ainda háfalhas na fiscalização. Uma das metas é ter 84% do es-goto de São Paulo tratados até 2013, atendendo a umadas demandas levantadas pelos Comitês de Bacia”.

Humberto Albuquerque pôs em debate a preocupa-ção com relação à gestão das águas a nível federal: “a

Secretaria de Recursos Hídricos se transformou emSecretaria de Recursos Hídricos e Ambiente Urbano. Edeverá englobar também as mudanças climáticas. Issonão afetará a visibilidade e as ações em prol dos recur-sos hídricos?”, questiona. Para Lupércio todos do atualgoverno têm conhecimento de que a água é fatorestruturante do desenvolvimento e que, por isso, omundo olha para o Brasil com toda a potência hídricaque tem. Neste sentido, segundo ele, os recursoshídricos não serão submetidos nem esquecidos na ges-tão. Para Fernando Kertzman, “se o tema das mudan-ças climáticas tem conquistado cada vez mais espaço,vale a pena aproveitar o momento para chamar a aten-ção também para a importância dos recursos hídricos”.

Educação ambiental exigemudança cultural

Sobre o tema motivador do talk-show, o desenvolvi-mento sustentável, Sussumu Niyama acredita “que asustentabilidade sem conscientização não é possível,pois é necessária uma mudança cultural”. Citando oexemplo do Japão na década de 1960, que mobilizou apopulação a adotar medidas ecologicamente corretas,motivadas pelas Olímpiadas que sediaria, “os eventosinternacionais que o Brasil sediará podem ser uma opor-tunidade de ouro para mudar a cultura; é uma questãode prioridade política, que poderá ser subsidiada comos recursos disponíveis”. Para Lupércio, o CIMAS pos-sibilitou profícuos momentos de discussão e elenca trêsprioridades para atender à sustentabilidade: pesquisa,informação e educação, especialmente a ambiental, quedeve ser continuada, a fim de mudar a cultura. É o quetambém acredita Fábio Castro, que salienta que “asustentabilidade é um processo contínuo e cultural, ese é cultural é a longo prazo”.

Como equilibrar o desenvolvimento ambiental, eco-nômico e social, mudança de uso das áreas e constru-ção civil crescendo vertiginosamente? Giovanna Galanteacredita que “tudo gira em torno da quantidade e qua-lidade de água: esgoto, contaminação, uso e ocupa-ção do solo, lixos mal gerenciados, etc. Por isso, é im-portantíssimo um evento como este, para trocarmosideias e trabalharmos juntos. Devemos priorizar o in-vestimento em educação e conscientização”.

Hugo Cássio Rocha salienta a importância do in-centivo à educação, de forma geral, mencionando,sobretudo, a dificuldade que o país enfrenta em ter-mos de quali f icação profissional em áreastecnológicas como geologia e engenharia. Ao con-cluir o debate, Rodrigo Cordeiro e Everton de Olivei-ra agradeceram os participantes e o público, quecontribuíram para o enriquecimento de uma discus-são desafiadora que afeta a vida de todos.

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FENÁGUA: LANÇAMENTOS E NETWORKINGTexto e fotos: Fernanda Faustino

ESPECIAL II CIMAS | FENÁGUA

Com 28 expositores e crescimento de 40% em relação à edição anterior, a Fenágua 2011 reuniu empre-sas e instituições, que trouxeram lançamentos de produtos e serviços para apresentar ao setor. Numainiciativa pioneira, a troca de experiências e os novos contatos foram ainda mais fortalecidos durante obrunch oferecido aos participantes no período de realização da feira. O local abrigou também a exposiçãodos trabalhos apresentados nas sessões técnicas, possibilitando maior acesso às pesquisas e trabalhos decampo pelos expositores e demais interessados.

ABASA ABAS, organizadora da

FENÁGUA e do II CIMAS, trouxepara conhecimento dos partici-pantes todo o trabalho de 33 anosda associação, que tem comoprincipal objetivo a exploração ra-cional de águas subterrâneas.Humberto Albuquerque afirmaque a feira é importante para pro-pagar um tema de importância vi-

tal. “Remediação, recuperação de áreas degradadas,passivos ambientais, ainda são coisas novas. E a feira per-mite às empresas e aos participantes acompanhar o desen-volvimento de produtos e técnicas do setor.”

Agência Nacional das Águas (ANA)Com a missão de implementar e coordenar a gestão com-

partilhada e integrada dos recursos hídricos e regular o aces-so à água, a Agência Nacional de Águas, participou da feirapara divulgar os trabalhos da instituição. Desde 2007, a ANAcriou uma agenda própria para águas subterrâneas. Fabrí-cio Bueno, especialista em Recursos Hídricos, relata quehoje a agência promo-ve vários trabalhos decapacitação, na área dehidrogeologia básica,e, ainda este ano, serãomais dois editais sobreo tema. “Viemos paraaprender e transmitir oque sabemos sobre re-cursos hídricos subter-râneos.”

Ag SolveA Ag Solve, empresa especializada em projetos, ven-

da, locação e manutenção de instrumentos paramonitoramento ambiental, oferece ao mercado equi-pamentos resistentes, práticos e inovadores. A AgSolve trouxe para a feira o lançamento da sondaAcquaread – que monitora a qualidade da água – e o

monitor de hidrocarbonetosem água, o Uvilux.

Para Mauro Banderali, espe-cialista em instrumentaçãoambiental, a feira proporcionaatualização. “Conhecer pesso-as e se apresentar novamentepara o mercado é um dos mo-tivos de participarmos daFenágua”, declara.

Analytical TechnologyLaboratório especializa-

do em prestar serviços deanálise química, aAnalytical Technologyapresentou produtos e so-luções desenvolvidas paramonitoramento ambiental,dioxinas, furanos ebiocombustível, etc.

O gerente FábioSeghesi comenta que,recentemente, a empre-sa implantou dois servi-ços: um relacionado àextrusão de vapores,

método americano exclusivo no país; e a implantaçãode pilotos de tratabilidade. “O perfil da empresa é deinovação e expor isso na feira, é muito importante.”

Anasol O Analytical Solutions é um laborató-

rio de análises de alta tecnologia que aten-de as matrizes: água, ar, alimentos,efluentes industriais, emissões gasosas,resíduos, sedimentos, solo e vegetação.“Temos condições de examinar matrizespara informar se há algum tipo de conta-minação ou não”, relata Antônio Carlos,coordenador comercial de HigieneOcupacional.

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CAPA | FENÁGUA

Para ele, a feira “é um ótimo espaço divulgar os serviçose o nome da empresa e para estar em contato com agentesque atuam no mercado ambiental.”

Arcadis TetraplanEspecializada em en-

genharia ambiental ehidrogeologia, aArcadis Tetraplan temcomo mote ajudar asindústrias a cuidar dasdemandas relaciona-das à investigação eremediação de áreas.

Para Martinês Vicente, participar da FENÁGUA é im-portante, pois possibilita contato com clientes e forne-cedores. “Queremos fortalecer a marca e mostrar aomercado a fusão entre Arcadis Tetraplan e ArcadisHidroambiente. Somos uma das únicas empresas a tertodas as soluções desde licenciamento ambiental atéinvestigação de áreas degradadas e remediação.”

ASL Ambiental O ASL Ambiental é um laboratório dedicado à presta-

ção de serviços analíticos nas áreas de água, efluentes,solos, resíduos e emissões atmosféricas. Segundo o dire-

tor Maurício Chiodini, a empresa trou-xe para a feira a qualidade dos servi-ços e a inovação de atendimento nomercado de laboratórios ambientais.“Atendemos consultorias e empresase esta feira possibilita o encontroscom fornecedores e clientes, além deexpor a marca em um encontro dealto nível técnico.”

BioagriA Bioagri, grupo de empre-

sas de prestação de serviçosanalíticos, oferece um escopode serviços diferenciados e di-versificados em análises de altacomplexidade, em oito seg-mentos de atuação, entre eleso ambiental. Segundo a geren-te de filial, Juliana Pistoni, parti-cipar da feira é importante para

focar o relacionamento e expor a marca Bioagri. “Recente-mente mudamos nosso logo e trouxemos isso para conhe-cimento do público. Estamos aqui para prestigiar tambémtoda a organização do evento, os participantes e convida-dos e oferecer os nossos serviços.”

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CAPA | FENÁGUA

Clean Environment BrasilA Clean Environment Bra-

sil fabrica e comercializa umacompleta linha de produtos,equipamentos e tecnologiaspara meio ambiente e segu-rança ocupacional. A em-presa trouxe como desta-ques o sistema integradode remediação e produtospara oxidação química, en-tre outros. Segundo seupresidente Paulo Negrão, “oevento é importante por con-

gregar a comunidade técnico-científica e acontece em ummomento muito importante por causa do conhecimentoque a população passa a ter sobre áreas contaminadas.”

CorplabA Corplab, laboratório

de análises ambientais,apresentou o serviço decertificação integrada emtodas as suas unidades,além dos serviços tradici-onais, como diagnósticosde ar, água, resíduos sóli-dos, ecotoxicidade etc.Leonardo Barreto, gerentede Contas, relata que seusmaiores clientes sãoconsultorias ambientais. “É importante estar na feira, poisela agrega justamente esse público, além de estabelecercontatos com os clientes.”

Districhem FMC BrasilA Districhem representa no país a

empresa FMC, pioneira na química deoxidação aplicada. Dentre os serviçosestão: consultorias em produtos e pro-cessos de oxidação avançados; e emprocessos de bioremediação; serviçosde investigação e desenvolvimento deremediações e de mitigações; e estu-dos de tratabilidade. A empresa desen-volve a tecnologia de ativação do

persufato por aplicação em projetos de remediação in-situe ex-situ. Para o diretor técnico, Paulino Rodrigues, “parti-cipar da feira é contribuir com novas tecnologias inovado-ras para o mercado de meio ambiente”.

DoxorA Doxor, especializada em sistemas de remediação

ambiental, trouxe, para expor na feira, o sistema de trata-mento por aquecimento no solo –técnica americana pa-

tenteada pela empresano Brasil – que possi-bilita remediação acurto prazo, de quatroa nove meses.

Thiago Gomes, dire-tor comercial, colocaque é uma satisfaçãoparticipar do CIMAS,por ser o maior evento

na América Latina. “Notamos que todas as empresas detecnologias e serviços de solução na área estão presentesno evento. E a FENÁGUA é a oportunidade de reavivarcontatos com clientes e parceiros.”

EnvirologekA Envirologek oferece

avançadas tecnologiaspara uso no ambiente.São instrumentos,equipamentos e pro-dutos para indústrias eaplicações em gestãode recursos hídricos;monitoramento e mo-delagem das águassubterrâneas; monitoramento de rios; investigação de mi-neração; gestão de aterros sanitários; etc. Lowell Kessel,presidente, explica que a empresa tem como focotecnologias para soluções técnicas mais ecológicas e eco-nomicamente vantajosas. “Estamos abrindo uma empresano país e é importante conhecer o mercado, por isso partici-pamos da feira.”

Fugro In Situ GeotecniaA Fugro In Situ atua em in-

vestigações e controle dequalidade. Ricardo Pompeu,gerente de meio ambiente,afirma que a empresa trazdois sistemas para a feira:um para def in ição decontaminantes orgânicos nosolo e o outro é uma ferra-menta a partir do modo delaser que emite uma licença

e identifica contaminantes no solo e águas subterrâne-as sem coleta de amostra.

Para Pompeu, “é uma feira e um congresso de grandeexpressão no mercado brasileiro, pois reúnem profissio-nais de todo o país.”

GaiatecA Gaiatec Sistemas dispõe de produtos direcionados às

indústrias de gás natural, petróleo e saneamento. O dire-

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CAPA | FENÁGUA

tor Marcelo Dias relata que“estamos, juntamente comuma empresa parceira, tra-zendo uma nova sondamultiparâmetro – com umainfinidade de variáveis quepodem ser lidas, armazena-das e enviadas por comuni-cação telemétrica com aces-so aos resultados de qual-quer cidade ou país, via rá-

dio frequência. E nossa intenção na feira é mostrar nossosprodutos para o mercado que atendemos.”

GeosyntecA Geosyntec, consultoria

e engenharia especializadaem meio ambiente einfraestrutura civil, apresen-tou tecnologias usadaspara: remediação in situ desubstâncias químicas per-sistentes; gestão de baciashidrográficas urbanas parareduzir cargas poluentespara águas receptoras; pro-

jeto de instalações de eliminação radioativos, industriais ede resíduos urbanos; entre outros. Para Gary Wealthall,“participar da Fenágua é importante para entender o mer-cado brasileiro e abrir caminhos para trazer tecnologia econhecimento para introduzir no país”.

Helmholtz-Zentrum FürUmweltforschung - UFZ

Criado em 1991, o Centro Helmholtz,desenvolve pesquisas ambientais focadasem: solo, energia e meio ambiente, saú-de, tecnologias key, estrutura de transpor-tes. A Associação Helmholtz tem mais de30 mil funcionários em 17 centros de pes-quisa e um orçamento anual de cerca de3 bilhões de euros, se tornando uma dasmaiores organizações científicas.

Durante a feira, a UFZ apresentou oMegasite Management Toolsuite (MMT)– um conjunto de ferramentas que auxilia na gestão deáreas degradadas, que . simplifica o planejamento inte-grado e avaliação de opções de reconstrução.

Para Martin Biddens, do setor de Remediação de ÁguasSubterrâneas, “a feira é uma oportunidade para encontrarespecialistas, empresas e órgãos reguladores e ótima opor-tunidade para expor nosso trabalho.”

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CAPA | FENÁGUA

HidrosuprimentosA Hidrosuprimentos

é pioneira na produ-ção de equipamentospara aplicação emh i d r o g e o l o g i a ,m o n i t o r a m e n t o ,amostragem eremediação totalmen-te nacionalizados,como o primeiroamostrador descartável e o primeiro sistema de extraçãode fase livre, entre outros . Kleber Cirilo, supervisor de Ven-das, explica que a empresa produz nacionalmente equipa-mentos de remediação, monitoramento e para amostragemde águas subterrâneas com métodos convencionais e osnovos como amostragem para baixa vazão. “A intenção aoparticipar da FENÁGUA é mostrar a produção de equipa-mentos nacionais, que competem de igual para igual comos exportados.”

Instituto GeológicoO Instituto Geológico é um

órgão de pesquisa vinculadoà Secretaria de Meio Ambien-te do Estado de São Paulo.Dentre os estudos, desta-cam-se: levantamentos emgeociências e estudos aplica-dos à ocupação dos espaçosterritoriais e utilização susten-tável dos recursos minerais ehídricos subterrâneos. O IGexpôs material de divulgação

destinado a leigos, técnicos e professores. Para LucianaFerreira, diretora do Núcleo de Geologia, a feira é uma óti-ma oportunidade para divulgar os trabalhos, além de esta-belecer contato com outras instituições.

In situ RemediationA ISR – In-Situ

Remediation dispo-nibiliza equipamentos esoluções de reme-diação, que vão, des-de a exclusiva e inova-dora detecção dehidrocarbonetos porutilização de radônio –sistema que além de sereficiente, possui custosatrativos – até a remediação de águas subterrâneas por in-jeção de oxidantes químicos. De acordo com o diretor Mar-cos Pede, estar na FENÁGUA é importante para conhecerclientes em potencial e também pela troca de informação.

KellerA Keller é fabricante líder na Europa de transdutores de

pressão e transmissores de isolados, lógares – registrado-res autônomos de medição de pressão e refratura e omodo GSM que permite supervisão de vários poços re-motamente via rede GPRS. Para Helmut Bösiger,desenvolvedor de negócios na América Latina, é muitoimportante participar pois “vislumbramos uma grande

chance de aumen-to de demanda naárea de mediçãode nível que integratambém o segmen-to de lógares. Eessa feira possibili-ta o contato compossíveis clientes.”

MGA AmbientalA MGA Monitoramento e Ges-

tão Ambiental executa serviços esoluções em mineração e resídu-os; áreas contaminadas; investi-gação; revegetação etc. “Atua-mos no suporte operacional comatividades executivas, quecomplementam a consultoriaambiental”, explica o geólogoGustavo Codo. “Este é o tipo deevento que possibilita rever clientes, amigos, parceiros, for-necedores, aliando informação e atualização associadascom contato e networking”.

Phytorestore BrasilPresente no Brasil há dois

anos, a francesa Phytorestoreé especializada no tratamen-to de ar, água, esgoto e lodosanitário, pela ação natural deplantas – os jardins filtrantes.A solução para despoluiçãocom plantas é uma patenteinternacional da empresa.

Marcelo Ferraz, presiden-te da Phytorestore Brasil,afirma que um dos fatoresque mostra a crescente im-portância do tema é que a

empresa já assinou contratos no país em diversos setores.“A participação se dá em um momento muito oportuno.Afinal, o que tem mais importância do que a água?”

Sauber SystemA Sauber System atua na prestação de serviços, indus-

trialização e locação de produtos e equipamentos para in-

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CAPA | FENÁGUA

vestigação e remediação, entre outros.Uma bomba automática que trabalhacom remediação e extração de águassubterrâneas foi o lançamento apre-sentado. Daniel Brandão, diretor téc-nico, ressalta que “esta é uma exce-lente oportunidade para as empresaspor causa da divulgação no mercadoambiental. Como a feira está associa-da a um congresso de meio ambien-te subterrâneo, é muito importanteestar aqui.”

SoilutionA consultoria ambiental

Soilution trouxe para a fei-ra a metodologia utiliza-da em investigação,monitoramento e reme-diação ambiental. Jaymede Paula, diretor técnico,afirma que “é realmenteo capital intelectual quetrazemos para divulgar”.

Para ele, “é importante participar para ampliar nosso mer-cado e contatar profissionais de outros estados. E aindapara expor trabalhos, projetos e conhecimento em umafeira já consolidada..”

TrionicA Trionic, especializa-

da em oferecer serviçosnas áreas de hi-drogeologia, saneamen-to, mineração e moni-toramento, expôs uma li-nha de equipamentosque auxiliam na perfura-ção do poço, entre eleso isolante em argila na-tural para poços demonitoramento.O diretorJoel Felipe Soares afirmaque “como sócio funda-

dor da ABAS, participa de todos os congressos e encon-tros. Para ele, o CIMAS foi uma iniciativa pioneira e “essainiciativa foi fundamental para mostrar à população a res-ponsabilidade de cada um com o meio ambiente.”

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CONEXÃO INTERNACIONAL

PARA QUEM GOSTA DEDESAFIOS: GESTÃO DE ÁGUAS

SUBTERRÂNEAS NA CHINAEntrevistacom o Prof.Jiu Jiao(Universidadede HongKong, China) Marcelo Sousa, Universidade de Waterloo, Canadá.

Juliana G. Freitas, Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP), Brasil.

Um dos principais desafios da atualidade é a busca de um modelo produtivo que equilibre o desenvolvimentoeconômico com a conservação do meio ambiente. Na China, esse problema se apresenta em imensas proporções. Éo país mais populoso do globo (cerca de 1.3 bilhões de habitantes), lidera as exportações mundiais e possui impres-sionantes taxas de crescimento econômico anual. Por outro lado, a crescente pressão sobre recursos naturais vêmcausando uma série de problemas ambientais que podem inviabilizar a estratégia do país no longo prazo.

O equacionamento desse problema é fundamental para garantir a sustentabilidade do modelo de desenvolvimentoatual, não só na China, mas também no resto do mundo. E nesse contexto, o gerenciamento das águas subterrâneasrepresenta um ponto crucial para a sustentabilidade.

Nessa edição, entrevistamos o Prof. Jiu Jiao sobre a situação das águas subterrâneas na China. Jiao estudou naUniversidade Chinesa de Geociências, em Wuhan, e obteve um PhD pela Universidade de Birmingham, no ReinoUnido. Atualmente, Jiao é professor da Universidade de Hong Kong.

A.M.A.S.: Quais são os principais problemas rela-cionados às águas subterrâneas na China?

A China tem praticamente todo tipo possível de proble-mas relacionados às águas subterrâneas. O crescimentoeconômico, industrialização e urbanização ultrapassaramos investimentos em infraestrutura e a capacidade degerenciamento, criando problemas de escassez e polui-ção das águas subterrâneas. Esses problemas são sériosem metade das cidades no norte da China.

A desertificação também representa um grande pro-blema ambiental. Áreas desertificadas estão se expan-dindo em cerca de 10.000 km2/ano e quase um terçoda China já é composta de desertos. A superexploraçãode águas subterrâneas é um dos fatores responsáveispela desertificação. A queda nos níveis d’água causa aredução da cobertura vegetal e desertificação em mui-tas áreas. Em áreas irrigadas, observa-se a elevaçãodo nível d’água e a salinização do solo.

Outro ponto: os impactos ambientais das barragens nemsempre é bem compreendido. O projeto da barragem deTrês Gargantas envolveu estudos de impacto ambientalna área próxima ao leito, mas o fluxo subterrâneo seráafetado numa área muito maior. Esses impactos aindamprecisam ser avaliados. Alguns rios estão secando porcausa da construção da barragem e, consequentemente,aquíferos estão sendo cada vez mais superexplorados.

A superexploração causou rebaixamentos significati-vos de níveis d’água em cidades no norte da China.Poços cada vez mais profundos precisam ser instala-

dos. Uma pesquisa recente revelou que cones de de-pressão em aquíferos profundos se juntaram formandoum imenso cone que se expande por diversas provínci-as. A competição por água entre diferentes comunida-des, setores da economia e províncias está crescendo.

Muitas cidades situadas sobre camadas de solo molenão-consolidado, especialmente no litoral, estão sofren-do com a subsidência causada pela exploração deaquíferos profundos. Isso tem causado vários proble-mas, como o afundamento da base de ferrovias, edifíci-os, tubulações enterradas, além de inundações em áre-as próximas a rios ou ao mar. Diques tiveram que serconstruídos para evitar inundações na cidade de Tianjin.

Intrusão da cunha salina também ocorre na maioriadas cidades costeiras, predominantemente no norte. Issotem resultado em corrosão de equipamentos industriaisde resfriamento. O colapso da superfície do solo após orebaixamento do nível d’água também aconteceu em al-gumas cidades, localizadas em aquíferos cársticos. Porexemplo, ocorreram colapsos em 20 locais na cidade deTangshan. Além disso, a superexploração também estárelacionada à abertura de cerca de 400 fissuras em 49cidades na região norte.

Algumas nascentes localizadas em aquíferoscársticos estão com uma vazão muito reduzida ou pa-raram de fluir devido ao rebaixamento excessivo. Porexemplo, o desaparecimento de fontes na cidade deJinan, conhecida por milhares de anos como a “cidadedas fontes”, está prejudicando o turismo na região.

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ÁGUA E MEIO AMBIENTE SUBTERRÂNEO 31OUTUBRO / NOVEMBRO 2011

CONEXÃO INTERNACIONAL

A.M.A.S: Como é feita a gestão e proteção daságuas subterrâneas na China? Em sua opinião, quaissão as tendências para o futuro?

O governo reconheceu a necessidade de lidar com osproblemas relacionados à água subterrânea para garantiro desenvolvimento do país. Desde 1988 foram introduzidasdiferentes legislações visando regulamentar o uso e pro-teger a qualidade das águas subterrâneas. Elas especifi-cam como avaliar a quantidade e qualidade, e apresen-tam o nível de detalhe necessário em cada estágio de in-vestigação. Também é exigido que as fontes de poluiçãosejam identificadas e o risco quantificado. Além disso, alegislação define que os níveis e qualidade da água se-jam monitorados para a realização de estudos futuros. Essalegislação nos dá a esperança de um melhorgerenciamento de águas subterrâneas, mas é necessárioque ela seja aplicada rigorosamente.

Antigamente, quando se pensava em problemas re-lacionados a recursos hídricos, o foco era limitado àságuas superficiais. Dessa maneira, muitos dos princi-pais problemas relacionados às águas subterrâneas nãoforam enfrentados. O campo de águas subterrâneasprecisa de mais conhecimento e legislação. Num futu-ro próximo, com problemas cada vez mais sérios e comum maior número de pessoas conscientizadas, o go-verno deve fazer um esforço para promover projetosde pesquisa em grande escala para entender a conta-minação das águas subterrâneas e definir estratégiasde remediação. Eu tenho esperança que as águas sub-terrâneas sejam melhor gerenciadas, na medida em quepassarem a fazer parte das principais preocupações dopúblico em geral e da classe política.

A.M.A.S: O Brasil, assim como a China, está atual-mente enfrentando o desafio de conciliar o crescimentoeconômico com a preservação do meio ambiente e,em particular, com a preservação dos seus recursoshídricos. Como a China está lidando com isso?

Nos estágios iniciais de desenvolvimento de qualquerpaís, o crescimento econômico é uma prioridade soci-al e isso resulta em impactos no meio ambiente, inclu-indo as águas subterrâneas. Isso ocorreu em paísesdesenvolvidos e ocorre atualmente em outros paísesem desenvolvimento, como o Brasil. Os cientistas e re-guladores de países em desenvolvimento devem apren-der com a experiência dos países desenvolvidos paranão repetir os mesmos erros e acelerar o aprendizado.

A.M.A.S: Quais as maiores mudanças que vocêespera que aconteçam no campo da hidrogeologiano futuro?

Uma das maiores mudanças será que os profissio-nais de águas subterrâneas terão outras opções de tra-

balho além da identificação de recursos para abasteci-mento de água e resolver problemas de contaminaçãode aquíferos. Nós teremos que lidar com muitos outrosproblemas, tais como a disposição de dióxido de car-bono e resíduos radioativos, sistemas geotérmicoscomo fonte de energia limpa, efeitos ecológicos e bio-lógicos da água subterrânea, modificação dos sistemasde fluxo devido a ações antropogênicas e mudançasclimáticas etc.

Além disso, técnicas de laboratório e campo para ob-tenção de dados têm melhorado muito. Atualmente,medições em campo de nível d’água, temperatura eparâmetros químicos podem ser feitos com precisão emintervalos de poucos segundos. Nós também podemosobservar o fluxo da água e transporte de sólidos na es-cala de poros em laboratório. Isso nos proporciona aoportunidade de entender o meio ambiente subterrâneonuma escala e resolução que nunca tivemos antes.

A.M.A.S: Você tem alguma sugestão ou recomen-dação para um professional de água subterrânea nocomeço de carreira?

Hidrogeologia é parte da geologia e a água subterrâ-nea ocorre e circula em sistemas geológicos. Para serum bom hidrogeólogo, uma pessoa precisa ter um bomconhecimento da geologia. Além disso, hidrogeologiaé uma área multidisciplinar e exige conhecimentos emhidrologia, química, física, matemática, biologia etc.Ninguém pode ser um especialista em todos esses tó-picos, mas deve ser bem preparado em pelo menosdois deles e ter conhecimento básico do maior númeropossível das outras áreas. Experiência pode ser acu-mulada durante a vida, mas técnicas e habilidades es-pecíficas são melhor aprendidas quando se é jovem.

Nascente Yueya (LuaCrescente), próxima à cidadede Dunhuang. A profundidademáxima era por volta de 7m.Em função do bombeamentoexcessivo, essa profundidadecaiu para 18 cm em 2001

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REMEDIAÇÃO

O REMÉDIO, ALEI E A LUA

Everton de Oliveira, diretor da Hidroplan e secretário executivo da ABAS

Um hidrogeólogo estaria absolutamente sem em-prego na Lua. Lá não existe água e portanto tampoucoexiste água subterrânea. Um hidrogeólogo de conta-minação estaria muito mais fadado ao esquecimen-to. Lá não há receptores potenciais para quaisquertipos de contaminação, logo não há o que remediar.Estendendo-se o raciocínio, pode-se imaginar o as-tro dos românticos e apaixonados como um destinoperfeito para todo o resíduo produzido aqui na Ter-ra. Não está próximo do meu jardim. Nem do seu.Nem do de ninguém.

A ausência de receptores e sua extensão, a elimi-nação de rotas de exposição destes potenciais re-ceptores aos contaminantes que lhes ofereçam riscotoxicológico tem sido a base para a definição de pro-jetos de remediação de locais contaminados. Mas talqual na Lua, não havendo receptores não há o quefazer. A contaminação pode ficar lá, desde quemonitorados os cenários paraque os receptores não apareçampara estragá-los. A alteração docenário propicia a necessidadeda remoção do contaminante.Basta que se ofereçam garanti-as de que receptores incautosnão venham atrapalhar os planose a remediação por eliminaçãode rotas está feita.

Assim como deixar o resíduo naLua, o que no mínimo destrói oromantismo, deixar ocontaminante sem tratamento poreliminação de rotas de exposiçãotambém não é lá muito românti-co. Prático, sem dúvida. Mas pelojeito, não é legal tampouco. Cal-ma, ainda não é caso para se ras-garem diplomas, mas a discussão

foi lançada e precisa ser discutida e resolvida.O problema foi levantado no II CIMAS, através de

exposição contundente e bem humorada, pelo promo-tor de meio ambiente do Estado de São Paulo, Dr. JoséEduardo Ismael Lutti. Ao público presente foi mostra-do que a manutenção de contaminação no local e autilização de medidas de engenharia ou medidasinstitucionais para a eliminação de rotas de exposiçãovai contra princípios da Constituição do Estado de SãoPaulo, assim como vai contra a Constituição Federal.O bom humor do apresentador foi rapidamente con-traposto ao mau humor geral causado pela exposição.Como proceder então, sabendo-se que muitas dascontaminações não tem remediação possível? Sim, re-pito, não tem remediação possível! A Natureza venceos hidrogeólogos de “lavada”, como se diz (egeólogos, engenheiros, biólogos e toda a gama de téc-nicos que se dedicam a pesquisar e a estudar as téc-

nicas de remediação).Assim como remediar vários

tipos de contaminação não épossível com as técnicas, co-nhecimento e dinheiro hojedisponíveis, deixá-la no localpara futuras gerações tambémnão soa adequado. Ou român-tico, como no caso da Lua. Hámuito, portanto, o que se fa-zer tanto no campo daremediação quanto no campodas leis para se adequar essegrande problema à realidade.Nem o mais lunát ico doshidrogeólogos se disporia aafrontar a lei. Bastante trabalhoà frente quer na remediaçãoquer nas leis. Afinal, não vive-mos no mundo da Lua.

Assim como remediarvários tipos de

contaminação não épossível com as

técnicas,conhecimento edinheiro hoje

disponíveis, deixá-lano local para futuras

gerações também nãosoa adequado

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PERFURAÇÃO

A construção de um poço tubular para extração deágua subterrânea é uma obra complexa. Durante a obra,deve-se cuidar para que não haja aporte de materialcontaminante para o poço e o aquífero. Uma fase quenecessita de atenção especial é a instalação do selosanitário.Segundo as normas NBR 12212 e 12244(2006), o processo de selamento consiste em “isola-mento através do preenchimento do espaço anular en-tre a perfuração e a coluna de revestimento com cimentoe/ou pellets de argila expansiva, ou outra técnica queevite a percolação de águas superiores pela paredeexterna do revestimento”. Ainda nesta norma, selo sa-nitário é definido como “Preenchimento do espaço anu-lar entre a parede de perfuração e a coluna de revesti-mento, com espessura mínima de 75 mm, com a finali-dade de preservar a qualidade das águas subterrânease de as proteger contra contaminantes e infiltrações dasuperfície. Depende da geologia local, sendo aconse-lhável uma profundidade mínima de 12 m”.

Também fazem parte da obra de isolamento do poço: alaje sanitária e o lacre. A laje sanitária consiste na constru-ção de uma laje de concretocom dimensão mínima de 1m2

e espessura de 10 cm, con-cêntrica ao tubo de revesti-mento e com declividade paraas bordas. A coluna de tubosde revestimento deve ficar sa-liente no mínimo 30 cm sobrea laje. O lacre consiste em umatampa que isole o ambienteexterno na superfície do interi-or do poço e, segundo a nor-ma, “protegendo o mesmo decontaminações superficiais eimpedindo o acesso de ani-mais, líquidos e outras subs-tâncias que possam alterar asqualidades originais da água.Deve permitir o acesso paracontrole, manutenção emonitoramento (...)”.

A norma contempla o usode cimento ou de pellets de

SELO SANITÁRIO, ESSENCIALÀ QUALIDADE DA ÁGUAJuliano Magalhães, Químico de Desenvolvimento de Produtos, System Mud Indústria e Comércio Ltda.

argila expansiva para a fase de isolamento por selo sani-tário, sendo que a melhor opçãoé a argila expansiva. Aopção por pellets de argila expansiva proporciona van-tagens sobre o método tradicional de cimentação, como:• não há necessidade de nenhuma preparação prévia;• aplicação da argila expansiva por gravidade atéo ponto de isolamento, sem necessidade debombeamento.• selagem completa após 24 horas;• não apresenta trincas após processo de hidratação;• por seu caráter plástico, pode remoldar-se e mantero selo intacto, caso haja movimentos oureacomodações da tubulação de revestimento;• garante isolamento perfeito no selo sanitário e no iso-lamento entre aquíferos, onde apresenta baixíssimo co-eficiente de permeabilidade e vida útil ilimitada.

Outro aspecto desconhecido sobre argilas expansivasé que suportam grandes pressões sem perder a capaci-dade impermeabilizante, o que proporciona grande se-gurança em isolamento de aquíferos em poços profun-dos. Em medidas laboratoriais, ficou evidenciado que

uma camada de apenas 9 cmé capaz de suportar 120 pside pressão sem ruptura dacamada impermeabilizante, oequivalente a suportar a pres-são da coluna de água de umpoço de 80 m. Isso garanteque o selo sanitário (ao qualsão associados apenas 12 mde coluna de água) seja bemconstruído e dimensionado.

Se o selo sanitário não forbem construído, pode seruma rota permanente decontaminantes para o poçoe entre aquíferos, uma vezque colocará em contatoáguas superiores, que rece-bem contaminação superfi-cial constantemente, com osaquíferos inferiores que, nor-malmente, possuem águade boa qualidade.

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OPINIÃO

NOSSAS SOFRIDASÁGUAS URBANAS

PEDEM SOCORRONo que diz respeito à forma como estão sendo trata-

das nossas águas urbanas, e considerando oensinamento místico de que o sofrimento conduz à sal-vação, deveriam ir todas para o Paraíso Celeste, e porlá permanecer rompendo de uma vez por todas o ciclohidrológico que seguidamente as trás de volta ao Infer-no urbano.

Quanto às águas superficiais urbanas, o fundamentoda cultura técnico-urbanística que vêm já há temposcomandando as expansões urbanas de nossas cida-des está na intenção de livrar-se das águas de chuva oquanto mais rapidamente possível. Para isso lança-semão da extensa impermeabilização da superfície urba-na, de uma densa rede de drenagens construídas –calhas, valetas, bueiros, galerias – também totalmenteimpermeáveis - e da retificação e canalização decórregos e rios. O crescimento em número e intensida-de dos episódios de enchentes têm sido cruel na de-monstração que não há capacidade de vazão instaladacapaz de dar conta de tanta água aportada em tão cur-to espaço de tempo.

Por outro lado, um outro braço dessa mesma culturatécnica viciada diz respeito à engenharia de áreas pla-nas, ou seja, o uso intensivo e extensivo de serviços deterraplenagem para produção artificial de áreas planaspara a construção civil. Aliada a essa deformidade ur-banística e arquitetônica, é dominante o total descasocom os processos erosivos então instalados e o decor-rente assoreamento da rede de drenagens naturais econstruídas. Ou seja, uma cultura técnico-urbanísticaque acumula erros sobre erros, impondo pesados ônusde todas as ordens às populações urbanas. No caso, oresultado não poderia ser outro: aumento da frequênciae intensidade das enchentes urbanas (e por favor, li-vrem-me a alma e a paciência dessa esperta história deque isso se deve aos efeitos pluviométricos do badala-do aquecimento global).

Sobre a qualidade dessas águas urbanas superficiaisbasta lembrar que do total dos esgotos produzidos nasregiões urbanas uma pequena fração é submetida a tra-tamento adequado. O grande volume desses esgotos,seja direta ou indiretamente, seja legal ou ilegalmente,chega sem qualquer tratamento à rede hidrográfica.

Álvaro Rodrigues dosSantos, ex-diretor dePlanejamento e Gestão doIPT e da Divisão de Geologiae consultor em Geologia deEngenharia, Geotecnia eMeio Ambiente

Quanto à água subterrânea, intervenções diretas eindiretas (poluição, extração, depleção) sobre o lençoltêm atingido níveis alarmantes, com conseqüênciasgravíssimas tanto sobre o próprio recurso hídrico, en-tendido como manancial estratégico de boa água paraa sociedade, como sobre o comportamento geotécnicodos terrenos afetados por variações do Nível d’Águaadvindas de sobre-exploração do recurso ou de opera-ções de rebaixamento forçado do lençol associadas àimplantação de obras civis. Aliás, nesse último caso, orebaixamento que é concebido para serhidrogeologicamente localizado e temporário (apenaspelo tempo de construção dos pavimentos subterrâne-os de um edifício, por exemplo), com muita frequênciatorna-se permanente, uma vez que o devidoestanqueamento dos pisos subterrâneos é negligenci-ado e as conseqüentes infiltrações são solucionadaspela instalação de sistemas permanentes debombeamento/exaustão.

Um caso particular da gravidade do não controle daexploração e manejo da água subterrânea acontece naregião noroeste da região metropolitana de São Paulo,no âmbito e nos entornos do município de Cajamar,onde são comuns corpos calcários cársticos (com ca-vidades subterrâneas naturais). Nessas condições, orebaixamento do lençol decorrente da operação debombeamentos forçados constitui o agentepotencializador e deflagrador de abatimentos geológi-cos de grande porte, como aconteceu, por exemplo,no conhecido caso do Buraco de Cajamar.

Em resumo, a situação de nossas águas urbanas édramática. Com custos técnicos, sociais e econômicosem uma ordem de grandeza bilionária. Não há outrocaminho, nossas entidades de alguma forma associa-das direta ou indiretamente ao fator água – ABAS, ABRH,ABES, ABGE, ABMS, etc – devem unir esforços parauma ação articulada e muitíssimo mais enérgica e ou-sada em relação ao que já vem sendo feito. Cada minu-to que decorrer sem que essa iniciativa sejaimplementada pesará em muito em nossa consciênciacidadã quando, mais à frente, diante de catástrofesanunciadas, nos arrependermos de não termos “viradoa mesa” quando ainda em tempo.

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