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usando sonhos para facilitar processos psicoterápicos

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    O USO DO SONHO EM PSICOTERAPIA: uma pesquisa com psiclogos da cidade de Franca

    Laura Ferreira Silva Machado (Uni-FACEF, Bolsista CNPq) Maria Cherubina de Lima Alves (Uni-FACEF, Doutoranda Unesp)

    Os sonhos vm sendo cada vez mais utilizados em psicoterapia, pois se considera que so meios de acesso a contedos psquicos importantes dos pacientes, podendo ser encontradas vrias abordagens diferentes no uso desta tcnica. Neste trabalho sero enfocadas as abordagens psicanalticas, cognitivo-comportamentais e junguianas dos sonhos. O presente artigo tem como objetivo verificar as especificidades do trabalho clnico com os sonhos dos profissionais da cidade de Franca (SP), buscando compreender as diferentes formas com que os sonhos so trabalhados clinicamente e as percepes destes profissionais frente a este trabalho. Este estudo faz parte de uma pesquisa de Iniciao Cientfica com bolsa do CNPq, que est em desenvolvimento, sendo que neste trabalho ser apresentada uma parte dos dados j analisados como parte da pesquisa.

    1. Viso psicanaltica dos sonhos O primeiro a utilizar o sonho, na poca em que o paradigma cientfico cartesiano comeou a se expandir para todas as reas de expresso humana, foi Sigmund Freud. Segundo Freud (2000), a psicoterapia foi o ponto de partida do procedimento que investiga os sonhos, atravs das associaes involuntrias. Segundo Ferraz (2006), o objeto propriamente dito da psicanlise era o inconsciente, para o qual o sonho seria, conforme defendia Freud, a "via rgia". Neste momento foi consolidada uma nova forma de investigao psquica: a capacidade humana de simbolizao e de suas produes decorrentes.

    Para Freud (2000) existem dois tipos de contedos no sonho: o contedo manifesto do sonho, que se caracteriza pelas imagens do sonho tal como so recordadas ao despertar e o contedo latente do sonho que se caracterizam pelo significado contido nessas imagens, que pode ser acessado pela decodificao das mesmas, chegando-se ao que estava encoberto e obscuro, ou seja, o real significado das imagens onricas para a vida psquica do paciente. Segundo ele, as

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    mensagens onricas latentes s podem ser compreendidas depois de tornarem-se conscientes atravs do trabalho teraputico.

    Diante disso, Freud (2000) afirma que essa a verdadeira razo para que se tenha uma opinio terica mdica desfavorvel do sonhar, pois este resultado de uma atividade anmica restrita, muitas vezes no compreendida em seu sentido.

    Para trabalhar com os sonhos do paciente, Freud (2000) usava a tcnica de livre associao, ou seja, o paciente deve dirigir sua ateno para a idia em causa (problemtica), mas no com o intuito de refletir sobre ela, em seguida ele deve comunicar ao psicanalista de forma livre o que lhe vem mente mesmo que de forma desconexa. Vale salientar que mesmo que o paciente afirme no se lembrar do sonho, deve-se saber que todos ns sonhamos. Essa dificuldade de recordar o sonho se d pelo juzo crtico do paciente em lidar com os contedos presentes nos seus prprios sonhos, o que na maioria das vezes, o impede de pronunciar suas idias ao psicanalista e tambm de torn-las conscientes. Uma forma de evitar isso fazer com que o paciente abandone suas crticas sendo que o psicanalista deve acompanhar suas seqncias de pensamentos ligados idia patolgica. Esse material trazido pelo paciente desvendar os contedos patolgicos e outras questes relacionadas a ele, permitindo que sejam substitudos por uma idia nova (FREUD, 2000).

    Freud (2000) afirma que de suma importncia anotar todas as associaes involuntrias (ou livre associaes) que os pacientes fazem com o material onrico, mesmo que a princpio elas sejam incompreensveis, pois no decorrer da anlise as mesmas traro grande contribuio para compreenso do caso. Em seguida deve-se dividir o sonho em partes, isolando cada um de seus elementos e descobrir separadamente as associaes ligadas a cada uma dessas pequenas partes, pois quando se segue a cadeia de associaes que parte de um elemento do contedo do sonho, logo se reconduzido a outro de seus elementos (FREUD, 2000). Vale salientar que se somarmos o nmero de elementos de representao ou o espao de tempo tomado para anot-los, no caso dos sonhos e dos pensamentos onricos, no nos restar nenhuma dvida de que o trabalho com sonhos facilita a compreenso e condensao, sendo que quanto mais fundo investiga-o na anlise mais ele tomar consistncia (FREUD, 2000).

    Para Freud (2000) de cada elemento do contedo do sonho ramificam-se fios associativos em duas ou mais direes. Para ele, o prprio material dos

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    pensamentos onricos reduzidos e reunidos deve ser utilizado para esse fim, devendo haver um ou mais elementos comuns em todos os componentes, o elemento comum a eles se destaca claramente da imagem conjunta, enquanto os detalhes contraditrios se anulam reciprocamente. Freud (2000) afirma que nos sonhos podem ser encontrados dos mais diferentes e diversos materiais sendo que, segundo a lgica do inconsciente, o sonhador pode ter seus desejos mais proibidos realizados atravs dos sonhos. Assim, basta sonhar para que ocorra a realizao do desejo, pois os sonhos mostram-nos o desejo j realizado, eles representam sua realizao como real e presente, portanto, todo sonho se caracteriza pela realizao inconsciente do desejo reprimido pela conscincia (FREUD, 2000). Freud (2000) afirma que ao analisar um sonho, o psicanalista vai deparar-se com incertezas e ambigidades, podendo ter dvidas sobre os diversos significados latentes do sonho. Para interpret-los de forma completa, deve-se substituir o ou... ou por um e e tomar cada uma das aparentes alternativas como pontos de partida, pois alterando a forma verbal de pronunciar dois pensamentos onricos, que se possibilita sua unio, e assim pode-se aproxim-los um do outro.

    Freud (2000) resume a condensao dos sonhos em uma frmula, sendo esta composta por vrios elementos, tendo cada um deles um significado determinado pelos pensamentos onricos. Esses elementos no tm necessariamente uma estreita relao com o significado dos pensamentos onricos. O elemento onrico o representante de todo esse material diverso no contedo do sonho. Entretanto a anlise do sonho revela a relao entre o contedo do sonho e os pensamentos onricos que podem ser transformados em situaes dramticas, sendo esta a maior riqueza de se trabalhar com sonho.

    De acordo com o aspecto citado acima, Beividas (2004) afirma que o sonho contm em si no s o cenrio ou cena" onde o inconsciente se mostra mais acessvel. Melhor que isso, ele apresenta um conjunto enorme de estratgias de composio do prprio cenrio, das personagens e suas falas, estratgias que mostram a expresso no qual o inconsciente se mostra.

    No trabalho com sonhos essencial que haja uma boa relao entre analista e analisando, para assim ser possvel um bom trabalho teraputico. Segundo Gobbato (2001), interpretar a transferncia vencer tanto a resistncia e negao de contedos, imposta pela figura do analista, como o recalcamento, restabelecendo

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    uma ponte entre os significantes e garantindo assim a associao livre. A tarefa do analista de limpar constantemente sua tela das projees do sujeito. A impossibilidade do analista de realizar esta tarefa consistia no que foi denominado de contra-transferncia, ou seja, o analista no compreende o que o sujeito lhe projeta e esta falta de compreenso faz com que haja a impossibilidade de retornar o objeto projetado pelo analisando, ocorrendo assim a incorporao do objeto (GOBBATO, 2001). Para este autor, os sonhos tambm expressam caractersticas da relao transferencial e contratransferencial entre paciente e analista.

    Freud (2000) afirma que apesar de no se ter idia da natureza do processo que fez com que o sonho seja gerado, no se pode encar-lo restritamente como algo fsico e sem sentido psquico.

    2. A viso junguiana dos sonhos

    "Sua viso s ficar clara quando voc olhar em seu corao. Quem olha fora, sonha. Quem olha dentro, desperta." (WHITMONT, PERERA, 1995).

    O uso dos sonhos em psicoterapia bastante difundido entre os psiclogos que adotam a abordagem terica junguiana como referncia de entendimento do ser humano. Jung foi um psiquiatra suo que, assim como seu mestre, Freud, se interessou pela investigao da psique, principalmente de sua dimenso desconhecida e misteriosa, o inconsciente, suas investigaes se diferem das descobertas freudianas, tendo criado conceitos e concepes alm daquelas que a psicanlise trata (SILVEIRA, 2003).

    Jung (2003) descobriu uma via indireta a fim de se chegar imagem arquetpica instintiva, atravs da observao dos sonhos de seus pacientes que indicavam um rico material produzido pelas fantasias. Visando melhor explorar os sonhos, Jung (2003) comeou a apontar uma imagem ou uma associao do sonho e dava como tarefa ao paciente elaborar ou desenvolver essa imagem podendo ser de forma dramtica, artstica, acstica ou em forma de dana. O resultado desta tcnica era uma srie de produes artsticas consideradas como manifestaes espontneas de um processo incgnito, onde estavam presentes apenas as habilidades do paciente, a tcnica da amplificao do significado dos sonhos. Esta

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    tcnica permite que o sonhador identifique e entenda os aspectos psquicos que precisa desenvolver, apontando para as etapas a serem seguidas e aos obstculos a serem transpostos no seu processo de individuao. Para Jung (2003) o processo de individuao aquele, atravs do qual o indivduo se desenvolve por inteiro, de forma equilibrada e integrada, tornando-se mais livre.

    Segundo Whitmont e Perera (1995) o sonho ajuda a esclarecer e ensinar, e tambm ajuda a criar uma confiana bsica e um ego seguro o suficiente para ser capaz de responder as mutveis mensagens do Self.

    Jung (2003) afirma que a anlise do simbolismo do sonho varia conforme o consideremos do ponto de vista causal ou final. Jung (2003) afirma que todo fenmeno psicolgico deve ser abordado sob um duplo ponto de vista, ou seja, do ponto de vista da causalidade e do ponto de vista da finalidade. O ponto de vista causal tende, para a fixao dos significados dos smbolos, se d atravs das ligaes entre as imagens onricas at que se chegue ao complexo reprimido no inconsciente. J o foco na finalidade do sonho, pelo contrrio, v variaes das imagens onricas, no reconhecendo os significados fixos dos smbolos, por isto considera as imagens onricas importantes em si mesmas, tendo cada uma delas sua prpria significao, em virtude da qual elas aparecem nos sonhos. Assim, necessrio compreender o para que daquele sonho, identificando qual seria sua finalidade (SILVEIRA, 2003).

    Segundo Jung (2003), o sonho se caracteriza por resqucios de uma atividade que se pratica durante o sono. Desta maneira o sonho se isola dos demais contedos da conscincia, sendo este isolamento advindo pelo contedo prprio do sonho, que ofensivo a pensamentos conscientes.

    O sonho se caracteriza pela auto-representao espontnea, sob a forma simblica, da situao inconsciente (JUNG apud SILVEIRA, 2003, p.91).

    Esta linguagem de natureza fantstica contida nos sonhos acontece, pois, segundo Jung (2003), o inconsciente se expressa atravs de contedos simblicos (algo que nos familiar e vai alm do seu sentido exato) que representam inmeras variaes das imagens arquetpicas. O autor coloca que os smbolos so formas expressivas que esto cada vez mais distantes da compreenso do homem moderno em funo do extremo racionalismo com que este vive, tendo deixado esta linguagem limitada ao submundo psquico (SILVEIRA, 2003).

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    Outro aspecto importante relacionado ao psiquismo (consciente e inconsciente) que Jung o v como um sistema energtico relativamente fechado, no qual seu potencial permanece o mesmo em quantidade atravs de suas diversas manifestaes, durante toda a vida de cada indivduo (SILVEIRA, 2003).

    Os termos regresso e progresso servem para indicar as direes do movimento de energia da psique do indivduo. Na progresso, a libido utilizada na adaptao do indivduo com o mundo externo, quando essa energia usada da forma correta (indivduo adaptado ao mundo), as polaridades dentro de si mesmo so equilibradas e ao mesmo tempo geram energia que promovem o avano, visto que no h interrupo pode-se dizer que esse indivduo est tendo um fluxo de energia positivo. Entretanto, na regresso essa energia reingressa no psiquismo e fica inacessvel para adaptao, continuando fixada e investida em uma situao especfica. (STEIN, 2000).

    Jung (2003) afirma que o sonho e seu contexto constituem algo inexplicvel para ns. Entretanto, isto no impede que o sonho possua um significado intrnseco prprio, visto que se constitui de contedo manifesto e contedo latente. A anlise do contedo manifesto do sonho nos fornece o melhor argumento a favor de um sentido oculto do sonho. Para explicar os sonhos, o analista deve primeiramente investigar as experincias anteriores, de que se compem a vida do paciente. Assim, conhecendo a histria de vida do sonhador, atravs da livre associao sobre o contedo expresso nos sonhos, que se pode obter a amplificao dos significados contidos no sonho. Entretanto os significados dos elementos contidos nos sonhos tm um significado diferente para cada sonhador, pois cada indivduo imprime aos smbolos e s imagens arquetpicas seu prprio olhar, que nico (JUNG, 2003).

    Whitmont e Perera (1995) afirmam que como as imagens onricas so simblicas importante que o profissional no faa pr-julgamentos, ele deve ser cauteloso no momento da compreenso e significao do sonho.

    Para entender sonhos existem algumas divises entre as suas funes e os seus tipos. Silveira (2003), afirma que os sonhos tm duas funes sendo uma a funo compensadora, ou seja, o sonho funciona como auto-regulador da conscincia e a outra a funo prospectiva, ocorre que o inconsciente do indivduo dispe de dados mais abundantes que o consciente, fornecendo a este informaes capazes de ampliar sua apreenso. A autora ainda divide os sonhos em relao aos

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    seus tipos: redutores (depreciam o indivduo que se posiciona excessivamente confiante), reativos (re-vivncia de acontecimentos traumticos para elabor-los), telepticos (acontecimento que no tem relaes causais entre si, mas est conectados inconscientemente), grandes (saturados de significao) e pequenos (situaes vividas no cotidiano) (SILVEIRA, 2003).

    O uso psicoteraputico do sonho um tema questionado por muitos tericos, muitos deles consideram a anlise do sonho algo indispensvel no trabalho teraputico, j outros dizem ser algo insignificante. Vale salientar que todo aquele que considera o papel do inconsciente como decisivo na etiologia da neurose, tambm atribui ao sonho a expresso direta desse inconsciente, trazendo dessa forma um significado prtico fundamental para a anlise. Entretanto aqueles que negam o inconsciente, consequentemente dispensam a anlise dos sonhos (JUNG, 1999).

    Diante os aspectos abordados, pode-se afirmar que o sonho transforma a situao e acrescenta o material que ainda est faltando na conscincia do indivduo, desta forma h melhora em relao a atitude do paciente. Este processo clareia a nossa viso da importncia de se analisar os sonhos no trabalho psicoteraputico (JUNG, 2003).

    3. Compreenso do sonho pela abordagem cognitivo comportamental A principal caracterstica dessa abordagem no trabalho com sonhos se d atravs dos temas dos sonhos, que so utilizados para compreender padres de comportamentos observveis quando o indivduo se encontra acordado (VANDENBERG, PITANGA, 2007).

    Segundo Vandenberg e Pitanga (2007) o foco est no pressuposto de que os relatos dos sonhos contm informao valiosa sobre os processos cognitivos que participaram da gnese do sujeito, eles so produtos do mundo interior da pessoa que sonha, garantindo uma coeso entre o sonho e os processos cognitivos durante as vivncias acordadas.

    Vandenberg e Pitanga (2007) afirmam que o sonho um produto da pessoa que sonha, o material particular que ela coloca no seu sonho vem de suas experincias anteriores e das suas crenas atuais. Por isso, o material do sonho pode ser usado nas intervenes de reestruturao cognitiva como os pensamentos automticos.

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    Nesta abordagem, os sonhos tambm podem ser utilizados quando o paciente chegou a um bloqueio na terapia, quando ele no consegue mais trazer material para ser analisado e no consegue contribuir mais na anlise dos contedos das vivncias acordadas (VANDENBERG, PITANGA, 2007).

    A maneira como a pessoa reage ao contexto do sonho o resultado da sua histria de aprendizagem nas suas vivncias acordadas. Visto que enquanto o comportamento acordado limitado pelas contingncias materiais do mundo real, o contedo do sonho, que no limitado nesse sentido, mostra claramente o efeito das contingncias passadas sobre o paciente que sonha (VANDENBERG, PITANGA, 2007).

    Na terapia cognitivo comportamental, o prprio paciente deve interpretar seus sonhos, de forma que se torne um trabalho colaborativo, fato que essencial na terapia cognitiva, o papel do terapeuta de acompanhar de forma que se torne um guia e no um perito que conhece os sentidos dos sonhos. Alm do que a conscincia que o cliente tem de si no decorrer do trabalho teraputico, pode ser testada atravs da capacidade do cliente dar sentido aos seus sonhos. (VANDENBERG, PITANGA, 2007).

    Segundo Vandenberg e Pitanga (2007), na terapia cognitivo comportamental o paciente pode encontrar certos momentos e imagens no sonho que lhe conduzam a descrever possveis experincias futuras. O terapeuta pode tambm solicitar que o paciente anote diariamente os sonhos que se lembra, e as imagens que deles vm podendo servir assim, como material a ser utilizado durante a sesso.

    Nesta abordagem, a anlise dos sonhos ajuda a compreender atitudes do paciente que so importantes para identificar certos sintomas fsicos, ela pode ser valiosa como via de acesso aos contedos cognitivos em casos em que a comunicao direta com o paciente difcil (VANDENBERG, PITANGA, 2007).

    Na abordagem comportamental, a anlise de sonhos usada a fim de coletar dados a respeito do diagnstico, no processo teraputico, e na avaliao dos efeitos da terapia na vida do paciente (VANDENBERG, PITANGA, 2007).

    Uma das tcnicas utilizadas para abordar os sonhos na abordagem cognitivo comportamental o uso de esquemas, ou seja, refere-se a estruturas mentais, ou cognitivas, pelas quais os indivduos intelectualmente se adaptam e organizam o meio, e que no so objetos reais, mas um conjunto de processos no sistema nervoso (WADSWORTH, 1996),

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    Outra vantagem em utilizar a anlise dos sonhos como instrumento de diagnstico que, em certos casos, o paciente estar mais disposto a relatar seus sonhos do que suas vivncias acordadas, porque o relato dos sonhos geralmente sofre menos censura social. A anlise dos sonhos permite contornar no somente a omisso intencional de informaes relevantes, mas tambm a esquiva no intencional de contedos relacionados histria passada e s contingncias atuais que o paciente no seu relato da vida do cotidiano esquece ou simplesmente no identifica por serem relacionados com experincias aversivas (VANDENBERG, PITANGA, 2007). De acordo com a abordagem comportamental, o uso dos relatos de sonhos para intervenes diversificado, visto que a prtica clnica realizada no pretende encontrar nenhum significado profundo. Entretanto, a anlise dos sonhos um instrumento importante na deteco de indcios a respeito das variveis que controlam o comportamento do paciente, sendo assim, o terapeuta pode us-lo para refinar suas hipteses sobre o comportamento do paciente e modificar de acordo com a demanda o planejamento do tratamento a ser realizado com o mesmo (VANDENBERG, PITANGA, 2007). O relato do sonho pode ser um recurso metafrico ou uma manobra de esquiva do cliente. Neste ponto, o terapeuta deve procurar entender funcionalmente o que o cliente relata, visto que este pode descrever de maneira distorcida ou metafrica um dado importante para o desenvolvimento do tratamento ou pode ate mesmo ser uma maneira de exigir algo do terapeuta, fato que comprova que a anlise com sonhos pode indicar o momento em que se encontra a relao teraputica entre cliente-terapeuta (VANDENBERG, PITANGA, 2007).

    4. Metodologia A presente pesquisa foi feita em duas etapas distintas: a primeira trata de um

    levantamento bibliogrfico visando realizao de uma reviso de literatura sobre a temtica investigada. A segunda etapa foi realizada atravs de uma pesquisa de campo caracterizada como uma pesquisa descritiva qualitativa capaz de obter a maior quantidade de informaes qualitativamente diferentes capazes de abranger a complexidade e a amplitude da temtica investigada, pois, segundo Kahhale (2002), os aspectos qualitativos trabalham com o contedo, a essncia, a diversidade dos dados.

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    Na primeira etapa da pesquisa, foi feito um levantamento bibliogrfico da utilizao dos sonhos em trs abordagens tericas da psicologia (psicanlise, psicologia cognitivo comportamental, psicologia junguiana), pesquisando os autores de referncia em cada uma destas abordagens, bem como produes cientficas (artigos, livros, dissertaes e teses) atuais que versem sobre o emprego dos sonhos na psicoterapia.

    Na segunda etapa da pesquisa, foi elaborado um roteiro de entrevista semi-estruturada para abordagem dos sujeitos, pois este tipo de entrevista permite uma manifestao livre dentro das temticas investigadas, estabelecendo-se apenas um roteiro bsico para garantir a abordagem dos focos de interesse da pesquisa. As entrevistas tiveram como objetivo acessar a opinio dos sujeitos sobre a utilizao dos sonhos em psicoterapia, suas contribuies para o desenvolvimento do processo analtico, a formao profissional requerida para esta prtica clnica, bem como outras temticas relevantes levantadas com a reviso de literatura da rea. Neste momento o projeto de pesquisa foi submetido anlise do Comit de tica em Pesquisa, tendo sido aprovado. Em seguida foi feita uma seleo dos profissionais que trabalham com psicoterapia (psiclogos) na cidade de Franca-SP em funo do seu tempo de experincia e de sua representatividade profissional na rea, foram selecionados trs profissionais cuja prtica se pauta em diferentes abordagens tericas (psicanaltica, junguiana e cognitivo comportamental) e que trabalham com psicologia clnica h mais de 10 anos. Atendendo a este critrio de incluso na amostra, os profissionais foram abordados pela pesquisadora com uma carta-convite para participao na pesquisa, explicando os objetivos e os procedimentos metodolgicos desta, sendo que quando aceitassem participar da pesquisa, os mesmos assinaram um Termo de Consentimento Livre e Esclarecido. As entrevistas foram gravadas e transcritas na ntegra. Posteriormente foram levantadas categorias dentro dos contedos acessados, permitindo comparao entre as realidades dos diferentes profissionais e destas com a literatura. As entrevistas foram realizadas nos consultrios dos profissionais, conforme a disponibilidade dos sujeitos.

    Os profissionais entrevistados no sero identificados em hiptese alguma, sero relatados atravs de nomes fictcios para preservar a privacidade de cada um.

    5. Apresentao e anlise dos resultados

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    Os resultados e anlises dos dados da pesquisa sero apresentados de acordo com as categorias temticas mais relevantes presentes concomitantemente nas entrevistas e na teoria investigada. Sero realizadas comparaes entre os resultados das trs abordagens contempladas nas entrevistas (piscanaltica, junguiana e cognitivo comportamental) a fim de esclarecer a forma com que cada uma trabalha com os sonhos na sua respectiva prtica clnica. As categorias temticas que foram identificadas nesta pesquisa foram as seguintes: psiquismo, mtodos investigativos, contedo do sonho, fidedignidade, funo do sonho, formao especfica para o trabalho com sonho e por fim grupos fechados de psiclogos.

    Diante dos aspectos observados na anlise de dados pode-se perceber, em relao ao psiquismo, que duas das abordagens (psicanaltica e junguiana) do devida importncia ao inconsciente, pois segundo a teoria o sonho utilizado para acessar o mesmo (FERRAZ, 2006). Entretanto a abordagem cognitivo comportamental foca nos processos cognitivos que participaram da gnese do sujeito (VANDENBERG, PITANGA, 2007). Diante os dados obtidos podem-se verificar a diferenas entre as concepes da psique humana dentro de cada uma das trs abordagens tericas investigadas. Isto influencia na forma de utilizao e trabalho com seus contedos, que ser exposto a seguir, nomeado como mtodos investigativos.

    Aps verificar os dados a respeito dos mtodos investigativos diante cada abordagem, pode-se perceber que na abordagem cognitivo comportamental, a anlise de sonhos usada a fim de coletar dados a respeito do diagnstico do indivduo (VANDENBERG, PITANGA, 2007), pode-se perceber que o contedo do sonho no especialmente relevante, mas sim os sentimentos que ele contm e a forma com que ele relatado so indicativos para a formulao de um diagnstico. Vale ressaltar que apesar de no ter sido encontrado na teoria que os sentimentos contidos no sonho so relevantes para o estabelecimento de um diagnstico, este fato foi mencionado pelo entrevistado. Na abordagem psicanaltica se trabalha com mtodos de investigao especficos, como a livre associao de idias (FREUD, 2000), tendo-se os sonhos apenas como ponto de partida para o trabalho psicoteraputico. Entretanto, na abordagem junguiana, verificou-se o foco no trabalho com sonhos como mtodo mais rico e completo de investigao da psique

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    (SILVEIRA, 2003), tendo-se como pressuposto que os sonhos podem indicar aquilo que deve ser trabalhado em cada ser humano.

    Pode-se verificar entre as trs abordagens investigadas, diferentes tcnicas de trabalhar com sonhos, sendo que a abordagem junguiana busca a amplificao (JUNG, 2003) do sonho para se poder acessar seu significado, j a psicanaltica utiliza a livre associao (FREUD, 2000) e por fim a cognitivo comportamental, que segundo o entrevistado, faz uso de esquemas.

    A tcnica da amplificao foi vastamente explicada na parte terica deste artigo, sendo que a entrevistada tem uma prtica que vai de encontro com o relatado na teoria. Em relao tcnica de livre associao utilizada na psicanlise pode-se perceber que a entrevistada faz uso da mesma tcnica exposta na teoria, porm, segundo ela, o principal papel dentro da tcnica de livre associao est na linguagem utilizada pelo paciente para relatar o sonho, ou seja, os termos, os personagens, o cenrio, o enredo e as emoes contidas neste relato (BEIVIDAS, 2004). A tcnica relatada pelo entrevistado que trabalha na abordagem cognitivo comportamental foi o esquema, sendo que este foi mencionado tambm na teoria (WADSWORTH, 1996). Para o entrevistado, a tcnica de identificao dos esquemas do cliente permite acessar um padro relativamente estvel para interpretao de eventos que est operando nesta pessoa, o esquema proporciona o entendimento da forma de se auto-organizar e dos esquemas de pensamento, ou seja, til para se perceber os automatismos aos quais os indivduos esto submetidos.

    Estas diferentes tcnicas levam a resultados diferentes partindo do mesmo ponto, j que os junguianos querem chegar na compreenso do ponto de partida (que o prprio sonho), os psicanalistas acham que o ponto de partida serve apenas para iniciar a jornada e pode influenci-la ou no e, finalmente, os cognitivistas comportamentais acreditam que os sonhos revelam modos de ser ou esquemas representativos.

    De acordo com as trs abordagens, pode-se perceber que o contedo do sonho ressaltado de formas diferentes. Na psicanlise, o contedo do sonho utilizado para averiguar a transferncia (GOBBATO, 2001) entre analista e analisando, sendo que de acordo com a entrevistada isto feito atravs da linguagem utilizada entre ambos. Por sua vez, na abordagem junguiana, o contedo pode indicar movimentos psquicos de progresso e regresso da libido (STEIN,

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    2000), sendo que a entrevistada ilustrou estes movimentos com o relato de um caso clnico atendido por ela. Por fim, a abordagem cognitivo comportamental utiliza os contedos dos sonhos para verificar sentimentos despertados no indivduo atravs do relato do sonho (VANDENBERG, PITANGA, 2007).

    J em relao fidedignidade, pode-se perceber que na abordagem junguiana, a experincia relatada foi de que a garantia da eficcia dos sonhos est na experincia prtica de se ter tido muitos resultados clnicos atravs da sua utilizao. Os entrevistados das outras abordagens, entretanto, afirmam que por se tratar de contedos subjetivos, o uso psicoteraputico dos sonhos, no pode ser considerado fidedigno. Vale salientar aqui que este aspecto est presente em todo contedo subjetivo, no valendo como descaracterizador da utilidade dos sonhos, mas apenas ressaltando que estes so feitos de matria abstrata, subjetiva, no mensurvel.

    Na abordagem psicanaltica alm deste aspecto, a entrevistada ressalta que os sonhos devem ser vistos como efeito e no como fonte, pois so manifestaes fenomenolgicas. A mesma afirma que, existem diversas formas de trabalho com sonhos, sendo assim, ele pode ser trabalhado de formas particulares de acordo com cada psicanalista. Diante disso, no h como provar segundo lgica positivista cientfica a veracidade dos sonhos ou mesmo a sua potencialidade reveladora de contedos psquicos importantes, entretanto pode-se perceber na prtica que o mesmo serve como sinalizador de processos inconscientes importantes na vida do indivduo (JUNG, 1999).

    Outro aspecto presente na abordagem cognitivo comportamental que o trabalho psicoteraputico dos sonhos focado na forma com que se relata o sonho e nas reaes que se tem ao relat-lo, sendo assim, est sujeita a alteraes de acordo com as normas sociais de adequao, diante disso deve-se saber que nem sempre possvel ter certeza da preciso das descries sobre esses eventos (SILVA, 2000), j que estes podem ser alterados por receio de julgamento.

    Outro aspecto observado nas trs abordagens tericas diz respeito a funo do sonho como instrumento psicoteraputico. As trs buscam o desenvolvimento do indivduo, entretanto cada uma nomeia este desenvolvimento de formas diferentes. Na abordagem junguiana chama-se este processo de individuao, na cognitivo comportamental chamado de auto-compreenso e por fim na psicanlise, a

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    finalidade proporcionar ao paciente seu auto-conhecimento, sua prpria descoberta (FREUD, 2000).

    De acordo com Figueiredo (1993) a adeso explcita e assumida a uma escola diz muito pouco da efetiva atuao do profissional de psicologia. O que diz respeito formao especfica para o trabalho com sonho dentro de cada abordagem faz-se necessrio aprimorar o levantamento bibliogrfico a respeito deste item, pois no se encontrou as recomendaes referentes a isto no contedo levantado.

    Apesar de no ser objetivo da pesquisa, um aspecto que chama a ateno a respeito dos grupos fechados de psiclogos da cidade de Franca segundo dois dos trs entrevistados. Na abordagem cognitivo comportamental e na psicanlise isso fica muito claro. Os entrevistados afirmam existir nichos ou guetos de psiclogos de acordo com suas abordagens tericas. Algo que contrape com os dados da entrevistada junguiana, pois a mesma afirma participar de grupos de estudos com dois profissionais freudianos, mostrando assim que h uma mistura de abordagens tericas em um mesmo contexto, por mais que haja possibilidade da mesma ser uma exceo.

    Diante disso, Figueiredo (1993) afirma que a multiplicidade na psicologia est visivelmente presente. Esta multiplicidade pode ser vista em dois mbitos: no campo de atuao e nas correntes tericas e metodolgicas. As estratgias de autolegitimao baseadas em processos de excluso geram alianas totalmente ilegtimas e insustentveis, que revelam, por sua vez, o modo de funcionamento mental de quem adota esse tipo de postura. Sendo assim, o psiclogo deve estar atento que a sua atividade cotidiana requer que ele seja um profissional do encontro, ou seja, ele lida constantemente com o outro na sua alteridade.

    Concluso O trabalho apresentado parte da pesquisa de Iniciao Cientfica financiada

    pelo CNPq (Conselho Nacional de Desenvolvimento Cientfico e Tecnolgico) que ainda est em andamento. Desta forma, as concluses apresentadas aqui so apenas indicativos dos caminhos a serem seguidos na anlise das informaes coletadas na amostra total da referida pesquisa.

    O objetivo desta pesquisa verificar as especificidades do trabalho clnico com os sonhos dos profissionais da cidade de Franca (SP), buscando compreender

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    as diferentes formas com que os sonhos so trabalhados clinicamente e as percepes destes profissionais frente a este trabalho. Na comparao do uso dos sonhos no processo psicoteraputico das trs abordagens, pode-se perceber tanto aspectos semelhantes quanto aspectos diferentes.

    Nesta comparao foram levantadas tais categorias: psiquismo, necessidade de uma formao especfica para se trabalhar com sonhos, relao entre os psiclogos, funo do sonho, contedo do sonho e mtodo investigativo.

    Foram encontrados aspectos semelhantes entre as abordagens analisadas, sendo que as abordagens psicanaltica e junguiana concordam com a idia de que os sonhos so expresses inconscientes do psiquismo, sendo que os profissionais destas duas abordagens tambm sinalizaram a necessidade de uma formao especfica para se trabalhar com sonhos em psicoterapia, entretanto na abordagem cognitivo comportamental ela dispensada. Quanto relao estabelecida entre os psiclogos formados que atuam segundo abordagens diferentes, foi indicado pelos entrevistados da abordagem psicanaltica e cognitivo comportamental que h a formao de nichos psicolgicos agrupando estes profissionais conforme sua abordagem terica. Entretanto vale salientar que para a entrevistada da abordagem junguiana, existe interao entre duas abordagens diferentes (junguiana e psicanaltica) na sua experincia profissional.

    Foram encontrados aspectos que se diferem nas trs abordagens pesquisadas: a funo do sonho, o uso de seu contedo e os mtodos investigativos aplicados nos sonhos. Em relao funo do sonho como instrumento psicoteraputico, cada uma das abordagens tem sua concepo, sendo que na abordagem psicanaltica utilizado como realizao de desejo, j na abordagem junguiana, o uso do sonho tem funo de auxiliar no processo de individuao, por fim a abordagem cognitivo comportamental, que utiliza o sonho para atingir o auto-compreenso do cliente.

    Outro aspecto que se difere em relao ao contedo do sonho, visto que na abordagem psicanaltica o contedo utilizado para avaliar a relao transferncial entre psicanalista e paciente. Na abordagem junguiana ressaltado que o contedo dos sonhos serve para indicar movimentos psquicos de progresso e regresso da libido e, por fim a abordagem cognitivo comportamental utiliza os contedos dos sonhos para assinalar os sentimentos despertos ao relatar o sonho.

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    Em relao ao mtodo investigativo as diferenas so significativas: a abordagem psicanaltica utiliza o mtodo da livre associao de idias, a junguiana a tcnica da amplificao do sonho, e a cognitivo comportamental que utiliza os esquemas.

    Assim, pode-se concluir que as trs abordagens consideram relevante usar o sonho como material para investigao psicolgica, considerando-o como um indicativo do desenvolvimento dos pacientes. Destaca-se, portanto, entre as trs abordagens estudadas, o papel de destaque que a abordagem junguiana confere aos sonhos.

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