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Otimização de marcas por meio do merchandising no
Cinema
Miguel A. de Oliveira Júnior
Mestre em Linguística Aplicada – Professor das Faculdades Integradas Teresa D’Ávila, da
Associação Educacional Dom Bosco e da Escola Superior de Cruzeiro.
Daniele Alessandra da Silva
Graduanda em Publicidade e Propaganda - Faculdades Integradas Teresa D’Ávila
Thainá Ribeiro Rosa
Graduanda em Publicidade e Propaganda - Faculdades Integradas Teresa D’Ávila
Resumo O merchandising é um eficaz instrumento de marketing que possibilita a produtos, marcas ou serviços melhor resultado de vendas nos pontos em que são vendidos. O uso do merchandising é cada vez maior no âmbito cinematográfico, gerando excelentes resultados para a marca ou produto. Assim, este artigo concentra-se no estudo de ações de merchandising de marcas no cinema, por meio de análise fílmica e levantamento bibliográfico acerca do tema, a fim de compreender o quão influente a marca pode se tornar associada a um filme. O estudo desenvolvido possui grande relevância e faz uma contextualização do campo do merchandising, o levantamento de alguns cases de sucesso no cinema e, como objeto de estudo, a descrição e análise da otimização de quatro marcas inseridas no filme “O diabo veste Prada”, analisando e compreendendo as ações e resultados obtidos. Quando bem executado, o merchandising no cinema é uma ótima e eficaz estratégia para atingir o consumidor, com maior poder de induzi-lo à compra de um produto do que um comercial convencional, como, por exemplo, o de televisão ou revista. Essa capacidade é o que está fazendo com que o uso do merchandising cresça tanto no cinema.
Palavras-chave
Merchandising, marcas, cinema Abstract
The merchandising is an effective marketing tool that enables the products, brands or services best sales result in the points at which they are sold. The use of
merchandising is increasingly under film, generating excellent results for the brand or product. Thus, this article focuses on the study of actions merchandising brands in film, through film analysis and literature on the subject, in order to understand how influential the brand can become associated with a film. The study has developed highly relevant and makes a contextualization of the field of merchandising, raising some success stories in film and as an object of study, the description and analysis of the optimization of four brands inserted in the movie "The Devil Wears Prada" analyzing and understanding the actions and results. When properly executed, the merchandising in the cinema is a great and effective strategy for reaching consumers with greater power to induce him to purchase a product than a conventional business, such as the television or magazine. This ability is what is causing the use of merchandising grow both in film. Keywords Product placement, brand, cinema Introdução
Merchandising editorial é uma conceituação brasileira para o termo em inglês
Product Placement (Colocação de Produto), que se trata de qualquer técnica, ação ou material promocional que proporcione melhor visibilidade a marcas, produtos ou serviços, com o propósito de influenciar os consumidores nas decisões de compra.
Geralmente, é uma ferramenta de marketing utilizada no ponto de venda (PDV), mas percebe-se o significativo aumento desta ferramenta no âmbito cinematográfico. O crescente uso do merchandising no cinema se deve às suas efetivas vantagens, tanto para as marcas quanto para as produtoras de cinema. Enquanto as empresas têm sua marca otimizada, as produtoras se beneficiam de patrocinadores tornando a produção mais barata e rentável.
Porém, quão influente pode se tornar uma marca ao aparecer em um filme de sucesso?
Esta pesquisa exploratória justifica-se pelo aumento do uso do merchandising no mercado publicitário e cinematográfico. Outro fator que foi considerado para o estudo do merchandising no cinema é que ele apresenta excelente abordagem ao consumidor de forma efetiva e natural.
Deste modo, neste artigo é feita uma contextualização do campo do merchandising; um apuramento bibliográfico abordando conceitos e pesquisas acerca dos temas merchandising, cinema e marcas; o levantamento de alguns cases de sucesso no cinema e a descrição e análise da otimização de quatro marcas inseridas no filme “O diabo veste Prada”, analisando a forma com que o merchandising foi inserido no roteiro do filme, compreendendo a influência do uso do merchandising no público e estudando as vantagens que se agregaram à marca com o filme de sucesso.
1. Merchandising
Merchandising é um conjunto de técnicas de marketing aplicadas para
identificar e promover marcas. O uso de tais técnicas já é usado há muito tempo,
mesmo que seu conceito só tenha sido reconhecido nos Estados Unidos na década
de 30, quando comerciantes começaram a perceber que os produtos expostos nas
vitrines faziam mais sucesso do que os guardados atrás do balcão.
Bernardino (2009) afirma que a atividade de merchandising surgiu junto com a
de venda, quando homens na idade média começaram a escolher as ruas onde
iriam vender seus produtos para chamar mais atenção dos clientes do que os
concorrentes.
Santos (2013) diz que merchandising é um conjunto de recursos que visa
promover o produto certo, com preço justo, no lugar adequado e com a exposição
correta. Uma atividade mercadológica destina a fazer fluir os produtos, dando um
impulso ao consumidor na hora da compra. Percebe-se que está muito além de
apenas participar do quarto P do mix de marketing (propaganda).
Há várias controvérsias ao se discutir o assunto, mas todos concordam que é
uma maneira de se chamar a atenção do público e despertar o desejo de consumir o
produto de forma natural. O importante é fazê-los reconhecer a marca e buscá-la.
1.1. Aplicado ao PDV
No ponto de venda, o merchandising é destinado a aumentar a rotatividade
dos produtos, utilizado como forma de organizar o ambiente e dar destaque às
marcas. Mexe com todos os sentidos de percepção do homem.
Sempre em busca do melhor posicionamento de sua marca, as empresas
sabem que se o consumidor enxerga seu produto primeiro que o da concorrência, a
compra já está quase garantida. Por isso, os recursos visuais são os com maior
retorno.
Músicas que deixam o ambiente mais agradável, embalagens try-me (teste-
me) e produtos sonoros são cada vez mais utilizados para atrair pela audição por
seu feed-back positivo.
O olfato está totalmente ligado à compra por emoção, pois quando o
consumidor sente um cheiro, desperta sentimentos e lembranças que o influenciam
na hora da compra. E o paladar é utilizado como recurso, geralmente, no
lançamento de produtos, quando muitas marcas optam pela degustação.
Blessa (2006) em sua pesquisa confirma que 83% do impulso na hora da
compra é obtido pela visão, seguida pela audição, que tem 11% da influência.
Um grande exemplo em que se pode visualizar o uso de todos esses recursos
são os supermercados. Dentro deles há uma verdadeira guerra silenciosa entre
representantes de marcas, lutando por espaços favoráveis ao destaque de seus
produtos. As gôndolas são estrategicamente escolhidas de acordo com o tipo de
produto, facilitando o reconhecimento do consumidor.
O PDV é tão bem sucedido por ser responsável pelo último estágio da
comunicação mercadológica que é a hora da compra. Assim, a marca consegue
uma aproximação direta com seu consumidor no momento em que ele está mais
influenciável.
1.2. Aplicado à TV
Nonning (2009) afirma em seu livro que inicialmente no Brasil o termo era
aplicado nas ações pela TV, onde apareciam garotas propagandas fazendo um
comercial ao vivo. Em 1969, ganhou espaço nas telenovelas, com o ator na novela
Beto Rockfeller, em que o protagonista ganhava certa quantia toda vez que falava a
palavra Engov (que era o patrocinador) na trama.
O uso só foi crescendo e de acordo com uma pesquisa divulgada no jornal
eletrônico G1, o merchandising na TV aberta Brasileira arrecadou R$1,3 bilhões de
janeiro a março de 2013. No topo de investimentos está o segmento de higiene e
beleza, seguido por varejo e bebidas, respectivamente.
Já Serrano (2012) acredita que o uso do termo merchandising aplicado à TV é
errôneo. O autor diz que como nos Estados Unidos, o termo utilizado para ações na
TV é chamado product placement (colocação de produto); as pessoas acabam
confundindo ao posicionamento de produtos, este sim relacionado ao PDV, onde o
merchandising é aplicado. E que assim, então, se optou por chamar essas inserções
em programas e novelas de merchan, o que seria uma corruptela da palavra original.
1.3. Aplicado ao Cinema
Veronezzi (2013) afirma que apesar do conceito de merchandising ser novo
no cinema, diversas marcas já vêm utilizando há muito tempo e, justamente por ter
sido bem aplicado, o público não percebeu que se tratava de inserções planejadas
estrategicamente, mediante verbas de patrocinadores. Um exemplo citado foram os
filmes de 007, em que James Bond sempre pedia um Dry Martini mexido. Somente
depois de aproximadamente quatro filmes o público percebeu que não era apenas
uma coincidência.
Quando é aplicado da forma correta, a marca se destaca de forma
inconsciente, pois não deve ser percebida como algo que não deveria estar ali, ou
seja, deve-se criar uma situação onde o roteiro não pare para entrar a propaganda,
e sim, deve-se haver um equilíbrio nas cenas.
O merchandising não pode querer chamar mais atenção do que a própria
cena, não pode haver close na logo ou parada de cena apenas para falar da marca.
Destaca que deve ser direta e discreta, assumindo a forma de publicidade
subliminar.
Ramonet (2001) diz que as mensagens entram em nós de forma subliminar.
Exemplificando, quando assistimos a um filme de violência, ele mostra a tensão que
se concentra no filme e acrescenta que há muitas coisas que aparecem como a
marca de um veículo ou de um livro que se procura ler, ou consultar no filme, ou a
maneira de vestir, de se comportar ou os costumes que, pouco a pouco, vão sendo
absorvidos pelo público.
O autor afirma que o mundo é manipulado e explica que nem tudo é
forçosamente prejudicial. Mas globalmente o que ocorre é que nós somos
inconscientes dessa manipulação.
No merchandising subliminar a pessoa é pega de surpresa. Quando as
pessoas são atingidas pelas formas convencionais de propaganda estão com suas
defesas ativadas, já, quando estão assistindo a um filme essas mesmas defesas
estão desativadas. Essa é uma das vantagens, pois alcança seu público nas horas
de descontração, que é quando eles ficam mais acessíveis a essas mensagens.
O grande desafio se torna entre marca, roteirista e produtora, que devem
analisar bem o roteiro e encaixar os merchandisings naturalmente. Há muitos cases
de sucesso, onde o merchandising foi enquadrado perfeitamente dentro do filme.
Viganico (2007) instrui que as inserções não podem passar de 3 segundos
dentro da mesma cena, para que as pessoas não fixem atenção no anúncio
dissimulado e percebam que estão sendo alvo de propaganda. Ele confirma que o
merchandising deve atuar no inconsciente do espectador, com grande quantidade
de informação, num curto espaço de tempo. Citando Washington Olivetto,
proprietário da W/Brasil, o autor adverte que, “quando ostensivo e pouco talentoso, o
merchandising é ruim, como toda má propaganda”.
A cada dia, mais produtoras estão percebendo as vantagens da utilização do
merchandising associadas aos curtas de sucesso. A rentabilidade e as facilidades
na própria produção aumentam consideravelmente.
No artigo de Cortez (2009) para a revista ESPM, percebe-se a importância do
merchandising aplicado de forma correta no meio cinematográfico. Mostra a
inovação no Brasil, que vem se adequando a essa nova técnica de forma mais lenta
do que em outros países que já utilizam há mais tempo, mas que está percebendo
que é uma forma mais rentável de se produzir filmes.
Ela ainda afirma:
“Em média, o custo de produção de um longa-metragem no Brasil é de R$ 5 milhões. Mais de 50% desse total costuma vir dos recursos obtidos com as leis de incentivo fiscal. As produtoras querem mudar esse cenário, reforçando as verbas obtidas na área de marketing, que hoje são marginais.”
"Quanto mais usual se tornar essa prática, mais autossuficiente será o mercado
cinematográfico brasileiro", diz Priscila Jansen, sócia da Casé Filmes, responsável
por produções como "Cilada.com" e "Muita Calma Nessa Hora".
Folleto (2009) argumenta que existem quatro leis de posicionamento
baseadas nas afirmações de Eduardo Pinheiro, autor do livro Promoção de vendas e
merchandising.
A primeira é a lei da compenetração, que diz que quanto maior a atenção do
consumidor na tela do cinema, maior será o efeito de persuasão. A segunda é a lei
do agrado, que estuda o gosto do consumidor para agradá-lo, baseando-se na ideia
de que o que agrada é sempre mais aceito. A terceira é a lei da representação, que
instrui a deixar cenas mais reais, dando credibilidade e agilizando a persuasão. E a
quarta é a lei da identificação, em que mostra ao consumidor maneiras de satisfazer
suas necessidades com a utilização do produto.
Blessa (2006) afirma que no meio cinematográfico, o merchandising ou
product placement se divide em três. Podendo ser visual (screen placement), verbal
(script placement) ou integrado (plot placement); este último que associa os dois
primeiros.
1.4. Cases de sucesso
Foram analisadas algumas inserções de sucesso, e dentre elas escolhidas
quatro cases que se destacaram.
1.4.1. Transformers 2
Figura 1: Merchandising do Camaro no filme Transformers 2
O carro Camaro aparece durante várias cenas do filme e faz com que a
marca seja lembrada até hoje, mesmo passados três anos após lançamento, por
suas aparições. (Figura 1)
1.4.2. O Exterminador do futuro
Figura 2: Merchandising da Pepsi no filme O exterminador do futuro
No filme a marca Pepsi aparece ao lado de Arnold Schwarzenegger durante
poucos segundos. Mesmo com a imagem cortada percebe-se que o reconhecimento
é instantâneo. (Figura 2)
1.4.3. Náufrago
Figura 3: Merchandising da marca Wilson no filme Naufrago
Após inserções no filme, a marca de artigos esportivos ganhou proporções
maiores e reconhecimento mundial. O público passou a chamar as famosas bolas de
basquete carinhosamente de Wilson, como no filme, mesmo sem perceber o ataque
promocional. (Figura 3)
1.4.4. Imagine só
Figura 4: Merchandising da Apple no filme Imagine só
No filme, pai (Eddie Murphy) e filha (Yara Shahidi) se divertem jogando com o
sistema Mac. A marca aparece sem ser o objeto principal e alcança seu objetivo.
2. Merchandising aplicado ao filme “O diabo veste Prada”
2.1. O filme
Dirigido por David Frankel é uma comédia baseada no best-seller literário
Lauren Weisberger de mesmo nome e tem como assunto principal o mundo da
moda. No filme a personagem principal Andrea, interpretada por Anne Hathaway, só
quer a experiência de trabalhar numa revista conhecida nomeada, para depois
seguir com sua profissão de jornalista em algum jornal de sucesso. Mas, Miranda
Priestly, interpretada por Meryl Streep, administra com pulso forte a revista Runway
e não se importa em destruir o que estiver em seu caminho para conseguir o que
quer.
2.2. Inserções
No longa a utilização de marcas mundialmente conhecidas se torna essencial,
e as inserções são feitas de forma simples, rápida e discreta. O próprio nome já
insere uma marca em seu contexto, dando relevante atenção ao nome Prada, já
deixando a entender que a marca é sofisticada e importante.
As inserções no filme utilizam abertamente das leis vistas no capitulo 1.3.,
pois como se percebe durante todo o filme, as marcas dão à personagem, que era
totalmente fora de moda, status, sucesso na carreira, beleza e sofisticação. Com
isso consegue-se prender a atenção do espectador, retratando cenas as mais reais
possíveis, mostrando o que lhes agrada e incentivando-os a possuírem a marca,
pois com elas conseguirão aquilo de que precisam.
No filme pode-se ver a utilização de muitas marcas, mas para melhor
compreensão e facilidade no estudo das inserções, serão analisadas apenas as
marcas Prada, Channel, Calvin Klein e Dolce&Gabbana.
2.2.1. Prada
A marca tem quatro inserções durante o filme.
A primeira é no título do filme, logo no começo. É a inserção com maior
destaque e está explícita no contexto, pois dá evidência ao nome Prada, mesmo que
não apareça o logo da marca ou algum produto. É usado o merchandising visual, ao
aparecer o nome claramente escrito no meio da tela, e também o merchandising
verbal, quando o locutor faz a chamada com o nome do filme. (Figura 5)
Figura 5: 1ª Aparição da marca Prada
Na segunda, a marca aparece num perfume na prateleira do banheiro de uma
personagem figurante que está se arrumando de manhã. A inserção acontece de
forma implícita e discreta. O recurso utilizado foi o visual e ocorre no primeiro minuto
do filme de maneira bem rápida.
A terceira aparição é com um close na bolsa de Miranda, aos cinco minutos
de filme. O Merchandising foi feito explicitamente e aparece como menção ao nome
do filme, já que o diabo seria a Miranda que está usando a marca Prada. (Figura 6)
Figura 6: 3ª Aparição da marca Prada
A quarta e última aparição da marca acontece aos 37 minutos de filme. Na
cena, Andrea está subindo as escadas do metrô e num outdoor que se encontra
atrás da atriz há propaganda de um perfume Prada. Isso ocorre bem rápido e
implícito, pois aparece de forma mais sutil na cena.
2.2.2. Channel
É a marca que mais aparece no filme totalizando nove inserções ao todo.
A primeira aparição é visual, aos seis minutos de filme, quando Emilly, a
secretária de Miranda pega uma caixa em sua mesa com o escrito Channel.
Acontece bem rápida e sem dar foco à marca, por isso é implícita dentro do
contexto.
A segunda é integrada e explícita. Acontece aos 35 minutos de filme, quando
Nigel, um estilista da revista, está ajudando Andrea a se vestir melhor e lhe entrega
peças para o novo visual.
Figura 7: 2ª aparição da marca Channel
A terceira inserção se dá quando, já transformada, Andrea veste botas da
marca. Acontece de maneira verbal, pois as botas não aparecem, o que acontece é
que Emilly sem acreditar que Andrea está totalmente mudada, pergunta se aquelas
são realmente botas Channel. A cena conta com a participação da modelo Gisele
Bündchen e está explícita no filme.
A quarta aparição da marca no filme foi implícita e visual. O uso do colar
compondo o figurino passa a maior credibilidade da marca ao novo e estiloso visual
da personagem. (Figura 8)
Figura8: 4ª aparição da marca Channel
A quinta inserção é com o mesmo colar da quarta e foi feita aproximadamente
cinco minutos depois.
Na sexta aparição, Andrea está usando óculos da Channel. A cena se passa
no escritório da revista Runway. É feita de forma implícita e visual.
A sétima inserção é com o mesmo produto da sexta, mas dessa vez Andrea
está andando na rua, falando ao celular.
A oitava inserção, novamente com um colar da marca compondo o look,
Andrea está entrando na casa de Miranda, quando de forma implícita e visual a
marca aparece discretamente.
A nona inserção ocorre quando Andrea procura Miranda em seu quarto de
hotel para conversarem. No cenário encontra-se uma bolsa da Channel logo atrás
de Miranda que está sentada no sofá. Acontece de forma visual e implícita.
Figura 9: 9ª aparição da marca Channel
2.2.3. Calvin Klein
A marca aparece quatro vezes durante o filme.
A primeira inserção é quando Miranda diz a Andrea que precisa de saias da
marca. Acontece de maneira verbal, pois o produto em si não aparece, e é
consequentemente explícita.
Figura 10: 1ª aparição da marca Calvin Klein
A segunda aparição acontece logo depois da primeira, e é quando Andrea diz
à Emilly que a chefe havia dito que precisava das saias. É verbal e explícita.
A terceira é a resposta de Emilly à Andrea, dizendo que esta precisava ir a
Calvin Klein pegar as saias.
Na quarta inserção, de forma sutil e implícita aparece a etiqueta Calvin Klein
do saco de pendurar roupas, na arara, enquanto Emilly guarda o casaco de Miranda.
É uma aparição visual.
2.2.4. Dolce&Gabbana
A marca tem três inserções durante o filme.
A primeira cena em que a marca aparece é no começo, aos 5 minutos do
filme, quando Miranda está chegando a Runway, uma personagem coadjuvante
troca seu sapato por um de salto fino da marca. Essa inserção é visual e explícita.
Reforça o significado importante que a marca traz quando se está usando, não
importando conforto, e sim beleza.
Figura 11: 1ª aparição da marca Dolce&Gabbana
A segunda inserção acontece aos 15 minutos, quando Andrea atende pela
primeira vez ao telefone do escritório e pede à pessoa do outro lado da linha para
soletrar Gabbana. Acontece de forma verbal e explícita.
A terceira aparição é integrada, pois ao mesmo tempo em que Nigel fala o
nome da marca, entrega o produto à Andrea. É, portanto, explícita.
3. Otimização de marcas com a utilização do merchandising
Muitas vantagens são agregadas à marca, quando essa entra no meio
cinematográfico utilizando do merchandising, ou product placement, como meio de
ser reconhecida inconscientemente por seu consumidor. Isso acontece devido à
associação que ocorre quando o consumidor vê um personagem de quem ele gosta
usando um produto da marca; assim ele acredita que se a marca é boa para o
artista, é boa para ele também.
Viganico (2007) deixa claro isso no subcapitulo 2.3., denominado “As estrelas
de cinema e o fetiche da mercadoria”, em que coloca citações de Edgar Morin, que
afirmam que os artistas, enquanto estão em seus personagens viram uma
mercadoria, que servem para embelezar a cena a acabam virando exemplos para
espectadores. Assim esses personagens guiam as pessoas no jeito de se vestir, nas
atitudes, ensinam a beber, a fumar e podem ter o poder de influenciar até no recusar
ou aceitar um beijo.
Comparado à TV, por exemplo, seu uso tende a se tornar ainda mais influente
do que os famosos comerciais de 30 segundos, pois o canal se pode mudar na hora
que quiser e com o crescimento nos canais fechados, esses são cada vez menos
frequentes e eficientes.
Sendo aplicado de forma correta, esse tipo de publicidade se torna mais
eficaz na lembrança da marca pelo consumidor do que pelos meios usuais, como
divulgação em meios impressos ou rádios.
A procura, então, só aumenta, pois as próprias marcas estão sentindo a
necessidade de se posicionarem dentro do mercado cinematográfico, para não
ficarem para trás.
O interessante é que essas inserções também servem como janelas para
outros veículos de comunicação, pois a sala de cinema é apenas o começo da
trajetória do filme. Depois de sair de exibição, esses filmes vão para canais de TV
por assinatura, DVD’s e BlueRay’s e para a própria TV aberta. Ou seja, a marca
anunciante ganha espaço, em diversas mídias, com um único investimento ao
aplicar o merchandising.
Considerações finais
O estudo do uso do merchandising no cinema teve como propósito comprovar
a otimização de uma marca inserida no contexto de um filme.
Por meio do estudo, que teve por embasamento teórico um levantamento
bibliográfico e análise fílmica, pôde-se avaliar que o merchandising introduzido em
um filme pode ter muito mais ação sobre o público do que um anúncio comum, por
levar ao receptor, e nele introduzir, uma imagem bela e valorizada do produto.
A grande vantagem do uso do merchandising no cinema é que a marca ou
produto inseridos ao enredo do filme são altamente valorizados, mesmo que de
forma implícita, e abordam o consumidor de forma muito eficaz, fazendo com que
ele se emocione e deseje fazer parte daquela realidade.
Em relação ao filme “O diabo veste Prada”, utilizado como objeto de estudo,
observou-se que as marcas fazem alusão ao tipo de vida das pessoas e influenciam
o público em suas atitudes, estilo de vida, posição profissional e até mesmo em
relacionamentos. Na maior parte da obra cinematográfica, as inserções das marcas
de moda ocorrem de maneira explícita e sem apresentarem uma propaganda
agressiva, uma vez que a marca é inserida no contexto de um filme que aborda o
tema de moda. Considera-se que o merchandising foi executado com sucesso e
teve a sua mensagem transmitida de forma apropriada, sem tirar o foco do enredo e
forçar a mensagem ao consumidor.
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