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UNIVERSIDADE TECNOLÓGICA FEDERAL DO PARANÁ
CAMPUS DE CURITIBA
DEPARTAMENTO DE PESQUISA E PÓS-GRADUAÇÃO
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA MECÂNICA E DE MATERIAIS
- PPGEM
MÁRCIO MADI
OTIMIZAÇÃO DO PERÍODO DE LIMPEZA DE TROCADORES DE CALOR UTILIZADOS NO REFINO
DE PETRÓLEO
CURITIBA
2005
MÁRCIO MADI
OTIMIZAÇÃO DO PERÍODO DE LIMPEZA DE TROCADORES DE CALOR UTILIZADOS NO REFINO
DE PETRÓLEO
Dissertação apresentada como requisito
parcial à obtenção do título de Mestre em
Engenharia Mecânica e de Materiais, do Curso
de Pós-Graduação em Engenharia Mecânica e
de Materiais, do Departamento de Pesquisa e
Pós-Graduação, da Unidade de Curitiba, da
Universidade Tecnológica Federal do Paraná.
Orientador: Prof. Cezar O. R. Negrão, PhD
CURITIBA
2005
TERMO DE APROVAÇÃO
MÁRCIO MADI
OTIMIZAÇÃO DO PERÍODO DE LIMPEZA DE TROCADORES DE CALOR UTILIZADOS NO REFINO DE PETRÓLEO
Esta Dissertação foi julgada para a obtenção do título de mestre em engenharia, área
de concentração em engenharia térmica, e aprovada em sua forma final pelo Programa
de Pós-graduação em Engenharia Mecânica e de Materiais.
_________________________________
Prof. Silvio Luiz de Mello Junqueira, DSc.
Coordenador de Curso
Banca Examinadora
______________________________ ______________________________
Prof. Cezar O. R. Negrão, PhD Prof. Ricardo Augusto Mazza, Dr.Eng.
UTFPR UFPR
______________________________ ______________________________
Prof. Admilson Teixeira Franco, Dr.Eng. Prof. Luciano F. dos S. Rossi, Dr.Eng.
UTFPR UTFPR
Curitiba – 2005
iv
Esta dissertação é dedicada às pessoas que amo muito: à minha noiva Karin que compreendeu a importância
deste momento na minha vida, a meus pais, Nabil e Carmen, pelo amor, incentivo e confiança,
a meus irmãos pela ajuda de toda uma vida.
v
AGRADECIMENTOS
ao professor Cezar Otaviano Ribeiro Negrão, pela oportunidade pelos conhecimentos
passados, pela ajuda, pelo incentivo e pela amizade,
ao CNPq e ao FINEP pela ajuda financeira através de bolsa e projetos,
à ANP através do Programa de Recursos Humanos para o setor de Petróleo e Gás
(PRH),
ao Departamento Acadêmico de Mecânica da Universidade Tecnológica Federal do
Paraná,
ao Laboratório de Ciências Térmicas (LACIT) pela utilização de toda a infraestrutura e
equipamentos,
aos professores do Laboratório de Ciências Térmicas (LACIT) e demais professores do
Programa de Pós-Graduação em Engenharia Mecânica e de Materiais que contribuíram
na realização desta dissertação,
à todos meus amigos.
vi
RESUMO
A deposição de impurezas, materiais orgânicos, compostos metálicos e partículas
pesadas do petróleo nas superfícies de um trocador de calor podem resultar em
incrustação. O problema relacionando incrustação em trocadores de calor e a perda de
eficiência no processo vem sendo motivo de vários estudos. Segundo Bott (1995), um
grande estudo, publicado em 1981, fornece valores de despesa adicional de energia
devido à presença das incrustações. A estimativa é de que nos Estados Unidos, em
1993, este gasto adicional ficou entre 2 e 3 milhões de dólares para uma refinaria com
capacidade de 10 mil barris de petróleo por dia. Segundo a American Petroleum
Institute (API, 1999), um dos desafios da indústria de petróleo nas próximas décadas é
a melhoria na eficiência energética do processo de refino do petróleo. O processo de
incrustação nos trocadores de calor do pré-aquecimento do petróleo é uma grande
barreira a ser vencida nesta área. O presente trabalho visa apresentar uma metodologia
com propósito de identificar parâmetros técnicos através da resolução de equações que
permitam encontrar valores seguros para as temperaturas de saída, quantidade de
calor trocado, efetividade e resistência térmica da incrustação dos trocadores. Desta
forma, pode-se fazer a modelagem de uma rede de trocadores de calor e otimizar o
período de limpeza desta rede empregando o modelo. Para isso, são utilizados dados
coletados em campo, de uma rede de trocadores de calor, que são comparados com os
resultados obtidos por um programa de simulação desenvolvido para este estudo. Além
disso, esta metodologia procura a possibilidade de estender este estudo para uma rede
completa de trocadores de calor com configuração diferente da analisada no presente
trabalho.
Palavras chave: Trocadores de calor, incrustação, otimização
vii
ABSTRACT
The deposition of impurities, organic materials, metallic composites and heavy
particles of the crude oil in the surfaces of a heat exchanger characterizes the fouling.
The problem relating fouling in heat exchangers and the loss of efficiency in the process
have been the reason of many studies. According to Bott (1995), a great study,
published in 1981, supplies values of additional expenditure of energy due to the
presence of the fouling. The estimate is that in the United States, in 1993, this
additional expense reached between 2 and 3 millions of dollars for a refinery with a
capacity of 10 thousand barrels of oil per day. In addition, according to the American
Petroleum Institute (API, 1999), one of the challenges of the oil industry in the next
decades will be the improvement of the energy efficiency of the oil refining process. The
fouling process in the heat exchangers during the oil preheating stage is a great barrier
to be eliminated in this area. The present paper aims to present a methodology with the
intention to identify technical parameters through the resolution of equations that allow
to find safe values for the exit temperatures, amount of exchanged heat, effectiveness
and thermal resistance of the fouling in the heat exchangers. This way, the period of
cleanness of heat exchangers network can be made the modeling of this network and
be optimized using the model. To do that, it is used data from a network of heat
exchangers collected in the field, which is compared to the results gotten from simulation
program developed for this study. Moreover, this methodology looks for the possibility of
extending this study to a complete network of heat exchangers with different
configuration when compared to the one analyzed in the present dissertation.
Keywords: Heat exchangers, fouling, optimization
viii
SUMÁRIO
RESUMO............................................................................................................…..........vi
ABSTRACT.....................................................................................................................vii
LISTA DE FIGURAS.........................................................................................................x
LISTA DE TABELAS......................................................................................................xiii
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS........................................................................xiv
LISTA DE SÍMBOLOS....................................................................................................xv
ÍNDICES.........................................................................................................................xvii
1 Introdução..............................................................................................................18
1.1 Pré-aquecimento.......................................................................................19
1.2 Incrustação ...............................................................................................20
1.3 Custos relacionados à incrustação ...........................................................21
1.4 Objetivo do trabalho..................................................................................22
2 Revisão Bibliográfica............................................................................................23
2.1 Trocadores de Calor .................................................................................23
2.2 Modelos de incrustação ............................................................................24
2.3 Monitoramento do desempenho térmico de trocadores de calor ..............26
2.4 Despesa adicional com perda do desempenho térmico em trocadores de
calor ..........................................................................................................28
2.5 Simulação de uma rede de trocadores de calor........................................29
2.6 Otimização de uma rede de trocadores de calor ......................................32
2.7 O presente trabalho ..................................................................................34
3 Resistência térmica da incrustação e índice de incrustação............................35
3.1 Resistência térmica da incrustação ..........................................................35
3.2 Metodologia de Jerónimo et al. (1997)......................................................38
3.3 Comparação entre IF e a resistência térmica da incrustação ...................43
ix
3.3.1 Resistência da incrustação................................................................44
3.3.2 Índice de incrustação.........................................................................47
3.4 Metodologia proposta para o cálculo da resistência de incrustação.........49
3.4.1 Correlação entre a resistência térmica da incrustação e o índice de
incrustação................................................................................................52
4 Modelagem da rede...............................................................................................55
4.1 Modelo matemático...................................................................................55
4.2 Solução das equações..............................................................................59
5 Simulação ..............................................................................................................62
5.1 Verificação do modelo ..............................................................................63
5.2 Potencialidades do modelo.......................................................................65
5.3 Resultados da simulação para o estudo de caso 1...................................68
5.4 Período único de limpeza para a rede do estudo de caso 1 .....................75
6 Otimização .............................................................................................................86
6.1 Função objetivo.........................................................................................86
6.2 Método de otimização...............................................................................87
6.3 Estudo de caso 2 ......................................................................................88
6.3.1 Duas paradas para limpeza...............................................................91
6.3.2 Influência do índice de incrustação (IF) no período ótimo de limpeza ...
...........................................................................................................93
6.3.3 Influência do período ótimo de limpeza dos trocadores de calor no
período ótimo de limpeza de um trocador de calor da rede ....................................95
7 Conclusão..............................................................................................................98
7.1 Recomendações para trabalhos futuros ...................................................99
Referências.................................................................................................................100
x
LISTA DE FIGURAS
Figura 1. Rede de trocadores de calor analisada. .........................................................44
Figura 2. Resistência térmica da incrustação do trocador de calor TC-01. ...................45
Figura 3. Resistência térmica da incrustação do trocador de calor TC-03. ...................45
Figura 4. Resistência térmica da incrustação do trocador de calor TC-06. ...................46
Figura 5. Índice de Incrustação para o trocador de calor TC-01....................................47
Figura 6. Índice de Incrustação para o trocador de calor TC-03....................................48
Figura 7. Índice de Incrustação para o trocador de calor TC-06....................................48
Figura 8. Comparação entre a resistência térmica da incrustação com o seu valor
correspondente estimado para o trocador TC-01....................................................50
Figura 9. Comparação entre a resistência térmica da incrustação com o seu valor
correspondente estimado para o trocador TC-03....................................................50
Figura 10. Comparação entre a resistência térmica da incrustação com o seu valor
correspondente estimado para o trocador TC-06....................................................51
Figura 11. Algoritmo de solução das equações.............................................................59
Figura 12. Rede de trocadores de calor considerados na simulação. ...........................62
Figura 13. Temperatura de saída do petróleo do trocador de calor TC-05....................63
Figura 14. Temperatura de saída do petróleo do trocador de calor TC-06....................64
Figura 15. Temperatura de saída do petróleo da rede de trocadores de calor..............65
Figura 16. Temperatura de saída do petróleo da rede de trocadores de calor..............66
Figura 17. Calor trocado pelo petróleo na rede de trocadores de calor.........................67
Figura 18. Temperatura de saída do cru do trocador de calor TC-04............................68
Figura 19. Temperatura de saída do cru do trocador de calor TC-05............................69
Figura 20. Temperatura de saída do cru do trocador de calor TC-06............................69
Figura 21. Temperatura de saída do cru do trocador de calor TC-07............................70
Figura 22. Despesa extra com combustível a ser queimado nos fornos referente ao
trocador de calor TC-04. .........................................................................................71
xi
Figura 23. Despesa extra com combustível a ser queimado nos fornos referente ao
trocador de calor TC-05. .........................................................................................72
Figura 24. Despesa extra com combustível a ser queimado nos fornos referente ao
trocador de calor TC-06. .........................................................................................73
Figura 25. Despesa extra com combustível a ser queimado nos fornos referente ao
trocador de calor TC-07. .........................................................................................73
Figura 26. Despesa extra com combustível a ser queimado nos fornos referente à rede.
................................................................................................................................74
Figura 27. Despesa extra com combustível a ser queimado nos fornos referente à rede,
acumulada no período.............................................................................................75
Figura 28. Despesa extra acumulada com combustível queimado nos fornos da rede,
referente à limpeza do trocador de calor TC-05 ao longo de 36 meses..................77
Figura 29. Despesa extra acumulada com combustível queimado nos fornos da rede,
referente à limpeza do trocador de calor TC-07 em diferentes datas de limpeza. ..77
Figura 30. Despesa extra acumulada com combustível queimado nos fornos acumulado
da rede em diferentes datas de limpeza do trocador de calor TC-07, dado que o
trocador de calor TC-05 foi limpo no décimo oitavo mês. .......................................79
Figura 31. Despesa extra com combustível a ser queimado nos fornos referente à rede,
considerando a limpeza dos trocadores de calor TC-05 e TC-07 no décimo oitavo
mês. ........................................................................................................................80
Figura 32. Despesa extra acumulada com combustível a ser queimado nos fornos
referente à rede, considerando a limpeza dos trocadores de calor TC-05 e TC-07
no décimo oitavo mês. ............................................................................................81
Figura 33. Despesa extra com combustível a ser queimado nos fornos referente à rede,
considerando a limpeza dos trocadores de calor TC-05, TC-06 e TC-07 no décimo
oitavo mês...............................................................................................................82
Figura 34. Despesa extra acumulada com combustível a ser queimado nos fornos
referente à rede, considerando a limpeza dos trocadores de calor TC-05, TC-06 e
TC-07 no décimo oitavo mês. .................................................................................83
xii
Figura 35. Despesa extra com combustível a ser queimado nos fornos referente à rede,
considerando a limpeza dos trocadores de calor TC-04, TC-05, TC-06 e TC-07 no
décimo oitavo mês. .................................................................................................84
Figura 36. Despesa extra acumulada com combustível a ser queimado nos fornos
referente à rede, considerando a limpeza dos trocadores de calor TC-04, TC-05,
TC-06 e TC-07 no décimo oitavo mês.....................................................................85
Figura 37. Rede de trocadores de calor considerados na otimização. ..........................88
Figura 38. Data ótima de limpeza dos trocadores de calor para a parada de um trocador
de cada vez.............................................................................................................90
Figura 39. Datas ótimas de limpeza dos trocadores de calor para duas paradas. ........92
Figura 40. Período ótimo de limpeza dos trocadores de calor para uma parada com
influência da variação do índice de incrustação .....................................................94
Figura 41. Período ótimo de limpeza do trocador de calor TC-05, para uma parada,
dado que os demais trocadores foram limpos em seus respectivos períodos ótimos.
................................................................................................................................96
xiii
LISTA DE TABELAS
Tabela 1. Produtos, área de troca térmica e resistência térmica da incrustação de
projeto para os trocadores de calor da rede analisada. ..........................................89
xiv
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
API American Petroleum Institute
cru combinação de vários tipos de petróleo
LMTD diferença de temperatura média logarítmica
MINLP programação não linear inteira mista
REPAR Refinaria Presidente Getúlio Vargas
TC trocador de calor
TEMA Tubular Exchanger Manufactures Association
xv
LISTA DE SÍMBOLOS
ε efetividade do trocador de calor
NTU número de unidades de transferência de calor
UA condutância térmica do trocador
IF índice de incrustação
fR resistência térmica da incrustação em um trocador de calor
U coeficiente global de transferência de calor
A área de transferência de calor
m fluxo de massa
cp calor específico do fluido
T temperatura
Ft fator de correção da temperatura
Q calor transferido pelo trocador de calor
R razão entre a mínima e a máxima temperatura
h coeficiente de convecção
a dependência do coeficiente de convecção em relação à vazão mássica
devido ao escoamento interno
b dependência do coeficiente de convecção em relação à vazão mássica
devido ao escoamento externo
T∆ variação de temperatura
Jc fator de correção que leva em consideração o escoamento pela janela das
chicanas
Jl fator que considera os vazamentos entre chicana-casco e chicana-tubo
Jb fator de correção que inclui o efeito dos desvios de fluxo pela folga entre o
feixe de tubos e o casco
Js fator de correção que avalia o efeito do espaçamento das chicanas nas
seções de entrada e saída do casco
xvi
Jr fator de correção para escoamento com número de Reynolds < 100
Nu número de Nusselt
Rei número de Reynolds
Pri número de Prandtl
K condutividade térmica do fluido
iρ massa específica do fluido
iµ viscosidade dinâmica do fluido na temperatura do meio fluido
wµ viscosidade dinâmica do fluido na temperatura da parede do tubo
Vi velocidade média do fluido nos tubos
di diâmetro interno dos tubos
t tempo
CAC despesa adicional com combustível a ser queimado nos fornos
CGC custo unitário do combustível
CT custo total
CAC despesa adicional com combustível a ser queimado nos fornos
CTP custo total de parada para limpeza
xvii
ÍNDICES
f trocador sujo
cl trocador limpo
c corrente fria
h corrente quente
1 entrada do trocador
2 saída do trocador
m valores medidos
max valores máximos
i lado interno dos tubos
o lado externo dos tubos
p valor estimado
d valor de projeto
e valor estimado para resistência térmica
cruz escoamento cruzado
L condição da rede limpa
S condição da rede suja
r rede
18
1 Introdução
A deposição de impurezas, compostos metálicos e demais partículas pesadas do
petróleo nas superfícies de um trocador de calor caracteriza a incrustação. O problema
relacionando incrustação em trocadores de calor e perda de eficiência no processo vem
sendo motivo de vários estudos. Sendo assim, não poderia ser diferente no refino de
petróleo, principalmente no pré-aquecimento do cru (combinação de vários tipos de
petróleo). Isto ocorre devido aos altos custos relacionados à perda de energia no
aquecimento do petróleo.
A análise da incrustação torna-se algo complicado quando observado a origem
desta incrustação. Isto se dá devido aos diferentes tipos de petróleo encontrados em
todo o mundo. Segundo Speight (1998), a composição química do petróleo não é algo
fácil de se estabelecer, e é dependente de vários fatores, tais como, percentual de
elementos metálicos, concentração de hidrocarbonetos e outros. As características dos
poços também têm sua parcela de influência. Localização continental e profundidade
podem diferenciar a qualidade do petróleo. Entretanto, pela dificuldade de se refinar o
petróleo pesado e óleos betuminosos, tem ocorrido uma evolução no estudo da
composição química do petróleo ao longo dos anos.
Infelizmente, o petróleo não é composto somente de hidrocarbonetos. Segundo
Speight (1998), os compostos orgânicos de Nitrogênio, Enxofre e Oxigênio, juntamente
com os organometálicos, estão presentes e dificultam o refino do petróleo. Exemplo
disso são os componentes sulfurados, tais como as mercaptanas, sulfídricos e ciclo-
sulfídricos que têm grande influência na dificuldade de processar o petróleo.
Speight (1998) mostra que quanto maior o teor de Enxofre maior é a viscosidade e
menor o grau API (American Petroleum Institute). Isto representa uma maior dificuldade
de aquecimento e maiores problemas com a deposição de partículas orgânicas. Da
mesma forma, tem-se o comportamento do Nitrogênio influenciando a viscosidade e a
deposição de matéria orgânica.
A quantidade de compostos metálicos no petróleo, segundo Speight (1998),
influencia diretamente no processamento, principalmente no craqueamento catalítico.
19
As pequenas quantidades de Ferro e Cobre usualmente encontradas têm pouco efeito,
entretanto as quantidades de Níquel e Vanádio, que não são tão pequenas assim,
poderão influenciar negativamente no processamento do petróleo. Quanto maior for a
quantidade destes elementos, maior será a formação de gases e coque, podendo assim
diminuir o aproveitamento para produção de produtos como gasolina.
Para uma análise inicial e simplificada, pode-se dizer que um bom petróleo para o
refino e aproveitamento dos combustíveis deve ser rico em hidrocarbonetos e ter baixo
nível de compostos organometálicos, e desta forma um alto grau API.
1.1 Pré-aquecimento
O processo de destilação tem início com o bombeamento do petróleo (cru) através
de uma rede de trocadores de calor. Durante o aquecimento do cru, ocorre
simultaneamente o resfriamento dos produtos que deixam as torres de destilação. Este
conjunto de trocadores de calor é chamado de rede de pré-aquecimento.
O pré-aquecimento se dá em duas etapas, sendo que após a primeira etapa o cru
passa por um equipamento chamado dessalgadora, com o objetivo de remover sais,
água e partículas sólidas suspensas no petróleo. Depois de passar pela dessalgadora,
o petróleo segue para uma segunda etapa de pré-aquecimento.
Após passar pela rede de pré-aquecimento, o cru é aquecido em fornos para obter
a temperatura necessária à destilação atmosférica. Desta forma, quanto maior for a
temperatura do cru na saída da rede de pré-aquecimento, menor vai ser o consumo de
combustível nos fornos.
20
1.2 Incrustação
Desde o primeiro momento de funcionamento de um trocador de calor, inicia-se a
formação da incrustação. Devido às variações de temperatura e principalmente das
propriedades físico-químicas dos fluidos de trabalho, tem-se sempre uma taxa de
formação para cada condição de operação.
Segundo Kern and Seaton (1959), a taxa de formação da incrustação pode ser
definida como uma simples diferença entre a taxa de deposição e a taxa de remoção.
Dentre os principais mecanismos de formação da incrustação, Bott (1995)
relacionou:
Deposição de partículas: Neste mecanismo, tem-se uma grande influência da
geometria, pois a deposição se dá pela atuação da força da gravidade. Entretanto, não
é verificada de forma acentuada quando a velocidade do escoamento é alta.
Cristalização: Este mecanismo está diretamente ligado à temperatura de trabalho.
Através do aumento ou diminuição da temperatura pode-se atingir insolubilidade, e
assim ocorrer uma cristalização de sais. No refino do petróleo, tem-se a passagem da
carga (mistura de vários tipos de petróleo) pelos trocadores antes da torre de
destilação. O pré-aquecimento do cru (carga) acontece em duas etapas: uma antes e
outra após as dessalgadoras. O objetivo das dessalgadoras é retirar boa parte dos sais
presentes no petróleo. Estes sais podem ter sua insolubilidade originada pelo aumento
ou diminuição da temperatura, o que complica o controle da cristalização.
Solidificação da incrustação: Quando se tem a incrustação, geralmente no estado
líquido se movimentando dentro do trocador, poderá ocorrer a solidificação desta
incrustação na parede do trocador.
Incrustação devido à corrosão: Este processo pode ser iniciado pela presença de
impurezas ou mesmo pela reação natural dos compostos de oxigênio e hidrogênio. A
deterioração e perda de material em um ponto da tubulação seguida pela deposição
deste material em outro ponto representa a formação da incrustação devido à corrosão.
Formação de incrustação por reação química: Este mecanismo não é uma
exclusividade das refinarias. Indústrias químicas e de processamento de alimentos
21
também podem ter este tipo de problema. A deposição dos asfaltenos, oxidação dos
óleos lubrificantes, formação de coque durante o craqueamento de hidrocarbonetos
leves, formação de lama e deposição de produtos de carvão são as possíveis reações
que conduzem à deposição. No caso da formação de lama, tem-se como resultado da,
reação química um polímero geralmente insolúvel. Nos demais casos, têm-se como
resultado a deposição do coque, ácidos orgânicos e mais freqüentemente grandes
moléculas de produtos pesados.
Crescimento biológico nas superfícies do trocador de calor: Este mecanismo de
formação é usualmente identificado quando se trabalha com sistemas aquosos e
temperaturas próximas à temperatura ambiente. A presença de material biológico na
superfície dos trocadores de calor pode promover outros mecanismos de formação da
incrustação. É comum encontrar oxidação junto ao crescimento biológico nas
superfícies de trocadores.
1.3 Custos relacionados à incrustação
Segundo Bott (1995), um grande estudo, publicado em 1981, fornece valores de
despesa adicional de energia devido à presença das incrustações. A estimativa é de
que só nos Estados Unidos, em 1993, este gasto adicional ficou entre 2 e 3 milhões de
dólares para uma refinaria com capacidade de 10 mil barris de petróleo por dia.
Assim fica claro a importância de se combater este problema nas formas
preventivas e corretivas. No primeiro caso, pode-se utilizar aditivos misturados ao
petróleo para prevenir a incrustação, enquanto que as paradas programadas para
limpeza dos trocadores de calor são realizadas para corrigir o problema.
Quanto às despesas adicionais na manutenção de uma bateria de trocadores de
calor incrustada, pode-se destacar: o investimento adicional em equipamentos, os
custos adicionais de operação, a perda de produtividade e o custo de ações
remediadoras.
Com relação aos investimentos adicionais de equipamentos, a grande vantagem
de ter um trocador trabalhando em regime de espera (stand-by) é a de não consumir
22
combustível em excesso quando ocorrer uma parada para limpeza. Entretanto a
aquisição deste trocador majora significativamente o projeto. Sendo assim, existe a
necessidade de uma análise mais apurada durante o projeto, no que diz respeito à área
de transferência de calor do trocador.
A presença da incrustação é sem dúvida uma das causas do aumento dos custos
de manutenção. A prova disso é a necessidade de paradas para limpeza. No entanto,
os maiores custos relacionados com à incrustação e cuidados com a operação estão na
utilização de agentes anti-incrustação. Estes agentes e as substâncias utilizadas na
limpeza dos trocadores devem ser tratadas antes de retornar à natureza, acrescendo
ainda mais o custo de operação.
Os depósitos de material na superfície dos trocadores influenciam diretamente na
vazão do petróleo e na eficiência de troca de calor. Isto acarreta em um custo maior
com o combustível queimado nos fornos, já que o petróleo chega no forno com uma
temperatura abaixo daquela que poderia chegar com os trocadores limpos.
1.4 Objetivo do trabalho
Os gastos com energia no processamento do petróleo são realmente onerosos.
Quando se considera que certa parte desta energia está sendo gasta para suprir a má
gerência dos recursos energéticos, se faz necessário um estudo e o levantamento de
características que possam minimizar ou até mesmo eliminar este dispêndio excessivo.
A minimização das despesas relacionadas a incrustações nos trocadores de calor,
é o principal objetivo do presente trabalho. Usando técnicas que serão abordadas nos
próximos capítulos, procura-se o período ótimo de limpeza em trocadores de calor.
Com a intenção de planejar um funcionamento com o máximo desempenho dos
trocadores de calor, deve-se tomar conhecimento dos fatores que ajudarão nesta
minimização das despesas relacionadas a incrustações.
Sendo assim, a necessidade deste estudo é visível e os resultados podem
beneficiar uma refinaria que esteja preocupada em minimizar custos relativos ao
processamento do petróleo.
23
2 Revisão Bibliográfica
Trocadores de calor são usados no pré-aquecimento do cru com o propósito de
recuperar energia do processo e, portanto, reduzir o consumo de uma planta industrial.
A presença da incrustação representa uma resistência à transferência de calor e
diminui, com o passar do tempo, a performance térmica destes equipamentos. O
monitoramento e a medição (simulação) do desempenho térmico de trocadores de calor
e de suas redes podem auxiliar na redução de custo de uma refinaria de petróleo.
Métodos simples e seguros de monitoramento e simulação devem estar
disponíveis para os engenheiros de processo. O emprego destes métodos permite que
a performance atual do equipamento seja conhecida e pode ajudar na determinação do
momento ideal para limpeza do trocador de calor.
2.1 Trocadores de Calor
Os trocadores de calor são classificados segundo as suas configurações de
escoamento e tipo de construção. Nos trocadores de calor de correntes paralelas os
fluidos quente e frio escoam no mesmo sentido. Nos trocadores contracorrente, os
fluidos escoam em sentidos opostos.
Em certos casos, os fluidos podem se mover em escoamento cruzado, no qual um
fluido escoa perpendicularmente ao outro. Nestes trocadores, o escoamento pode ser
não-misturado, no caso deste ocorrer entre as aletas, ou misturado para um
escoamento em trocadores sem aletas. Segundo Incropera e de Witt (1998), a natureza
da condição de mistura dos fluidos pode influenciar significativamente o desempenho
do trocador de calor, pelo fato de que a temperatura pode variar em mais de uma
direção.
Uma outra configuração usual é o trocador de calor casco-tubo. Formas
específicas desse tipo de trocadores de calor diferem de acordo com o número de
passes no casco e nos tubos. Sua forma mais simples envolve uma única passagem
nos casco e nos tubos. Geralmente, são instaladas chicanas no lado do casco para
24
aumentar o coeficiente de transferência de calor no fluido, induzindo a turbulência e
uma componente da velocidade na direção perpendicular ao feixe de tubos.
O estudo da configuração dos trocadores de calor se faz necessário neste
trabalho, pois é de grande importância no cálculo do coeficiente global de transferência
de calor (U). Segundo Incropera e de Witt (1998), mesmo sendo a mais imprecisa das
análises feitas em trocadores de calor, o cálculo do coeficiente global de transferência
de calor é definido em função da resistência térmica total à transferência de calor entre
dois fluidos. Este valor é determinado levando em consideração as resistências
térmicas entre os fluidos separados por uma superfície. A falta de precisão se dá pelo
fato de que o resultado se aplica em casos de superfícies limpas e sem aletas.
A presença da incrustação na superfície de transferência de calor tem grande
importância no coeficiente global de transferência de calor e é um dos focos deste
trabalho.
2.2 Modelos de incrustação
A incrustação pode ter uma evolução diferente em cada trocador de calor.
Segundo Taborek et al. (1972), e Somerscales (1990) a relação entre a taxa de
deposição e a taxa de remoção é que resulta em uma grande variedade de modelos de
incrustação.
A taxa de deposição depende do mecanismo de incrustação, enquanto a taxa de
remoção depende da força de adesão do depósito e da tensão de cisalhamento. Se a
taxa de deposição é constante e a taxa de remoção é desprezível ou se a diferença
entre a taxa de deposição e a taxa de remoção é constante, a curva representativa da
evolução da incrustação com o tempo assumirá a forma de uma reta. Segundo Zubair
et al. (2000), este tipo de incrustação representa, geralmente, depósitos duros e de
difícil remoção.
A incrustação assintótica ocorre se a taxa de deposição é constante e a taxa de
remoção é proporcional à espessura da camada de incrustação. Isto sugere que a força
25
de cisalhamento na superfície da camada está aumentando ou que os outros
mecanismos que deterioram a estabilidade da camada estão tomando lugar.
A incrustação denominada “falling rate”, que é um tipo de incrustação
intermediária aos tipos linear e assintótica, ocorrerá se a taxa de deposição for
inversamente proporcional a espessura da camada de incrustação.
Uma prática comum nas refinarias de petróleo é a mudança periódica nas
condições operacionais. Isso resulta em uma configuração de incrustação denominada
“dente de serra”. Este modelo descreve uma trajetória assintótica com variações
periódicas, para mais e para menos, nos valores de resistência.
Um modelo generalizado de incrustação é proposto por Kern e Seaton (1966).
Este modelo é essencialmente uma interpretação matetmática do modelo de
incrustação assintótica. Entretanto, não existe um procedimento para prever os valores
de incrustação sem que um trabalho experimental detalhado possa ser realizado.
O uso de modelos generalizado para análise da incrustação é muito atrativo pela
simplicidade e generalização das condições. Entretanto, a limitação na obtenção de
dados experimentais satisfatórios não permite sua aplicação em problemas específicos
e, portanto, é de pouca utilidade.
Segundo Brons e Rudy (2000), a incrustação pode ocorrer ao longo da rede e
diferentes mecanismos têm sido identificados como a causa da incrustação em
diferentes trocadores de calor. Apesar da diversidade de mecanismos presentes,
algumas considerações podem ser feitas. Nos trocadores de calor localizados na
primeira fase de aquecimento, os mecanismos predominantes da incrustação estão
associados com a presença de sais inorgânicos, resinas e particulados levados com a
carga de petróleo. Nos trocadores de calor localizados na segunda fase de
aquecimento, os mecanismos predominantes na incrustação estão associados com as
reações químicas. Segundo Wilson e Watkinson (1997), este fato deve-se a presença e
instabilidade dos asfaltenos presentes no petróleo. Os trocadores de calor localizados
no final da segunda fase de aquecimento são os mais importantes na recuperação de
calor global da rede e os mais suscetíveis à incrustação. Segundo Polley et al. (2001), o
mais significante desenvolvimento em modelagem foi o reconhecimento que o
mecanismo predominante da incrustação, nestes trocadores, é a reação química. Esta
26
descoberta tem tornado disponível modelos que estabelecem limites para o início da
incrustação.
Os modelos que estabelecem limites para o início da incrustação são baseados
em relações semi-empíricas que demonstram a dependência da taxa de incrustação
com a temperatura da superfície de troca de calor e com a velocidade do escoamento
do petróleo através do trocador.
2.3 Monitoramento do desempenho térmico de trocadores de calor
Segundo a American Petroleum Institute (API, 1999), um dos desafios da indústria
de petróleo nas próximas décadas é a melhoria na eficiência energética do processo de
refino do petróleo. O processo de incrustação nos trocadores de calor do pré-
aquecimento do petróleo é uma grande barreira a ser vencida nesta área.
Quando se deseja avaliar o nível de incrustação de uma rede de trocadores de
calor deve-se conhecer variáveis como: vazões, temperaturas e propriedades
termofísicas dos fluidos. Para pequenas redes, isso pode não parecer um grande
problema. Entretanto, quando o número de trocadores de calor da rede é da ordem do
que se encontra em refinarias, o cálculo destas variáveis torna-se praticamente inviável.
Isto se deve, principalmente, ao fato de que a freqüente variação das vazões e das
cargas de petróleo implicam em mudanças das variáveis que afetam diretamente o
coeficiente global de transferência de calor. Soma-se a isso o fato de que a maioria
destas informações imprescindíveis ao cálculo das variáveis não é obtida com facilidade
dentro das refinarias, pois dependem de testes de laboratórios ou simplesmente por
fazerem parte de informações sigilosas.
Desta forma Jerónimo et al. (1997) propuseram uma metodologia baseada no
conceito da efetividade do trocador de calor ( ε ) e no número de unidades de
transferência de calor (NTU). Este método despreza os efeitos das mudanças nos
valores das propriedades termofísicas, ao longo do tempo, sobre a efetividade do
trocador de calor. Entretanto, Jerónimo et al. (1997) verificaram que a condutância
térmica do trocador (UA) pode ser corrigida somente por meio das vazões, mantendo as
27
propriedades termofísicas constantes. Desta forma, o resultado encontrado aproxima
muito o valor da efetividade calculada ao valor da efetividade medida. Concluiu-se
assim que a influência das propriedades termofísicas dos fluidos no cálculo da
efetividade é pequena e que, portanto pode ser desprezada. No entanto, existe a
preocupação com a correção dos valores de NTU nas condições de projeto para as
condições operacionais, com relação às vazões.
Tonin (2003) empregou a metodologia de Jerónimo et al. (1997) para
monitoramento do desempenho térmico de trocadores de calor. Inicialmente tentou
monitorar a performance dos trocadores de calor pelo produto entre o coeficiente global
de transferência de calor e a área externa dos tubos. No entanto Tonin (2003) observou
que devido as variações nas condições operacionais dos fluidos em processo, o valor
de UA não decrescia em todo o período analisado, chegando em algumas situações a
aumentar o valor. O segundo passo foi a comparação do produto entre o coeficiente
global de transferência de calor e a área externa dos tubos, medido diariamente, com o
valor deste produto para o trocador isento de incrustação. Neste caso para cada
variação das propriedades termofísicas e das vazões dos fluidos em processo, os
coeficientes de convecção interno e externo dos tubos eram recalculados. Esta
determinação das propriedades termofísicas dos fluidos a cada variação da carga de
processo torna o procedimento demorado e de difícil implementação para uma rede de
trocadores completa.
Desta forma, Tonin (2003) comprovou a metodologia proposta por Jerónimo et al.
(1997). Contudo, esta metodologia foi estendida de um trocador de calor para uma rede
de trocadores de calor. Por fim, Tonin (2003) mostra equivalência entre a metodologia
de Jerónimo et al. (1997) e a resistência térmica.
No entanto, revisando este estudo empregado por Tonin (2003), verificou-se que
a metodologia não pode ser aplicada a uma rede de trocadores. Isto se deve ao fato de
que o conceito empregado para efetividades de cada trocador não pode ser somado
para representar a efetividade da rede completa. Esta metodologia apenas indica que
ocorre um aumento de consumo de combustíveis no forno, entretanto os valores não
estão corretos. A melhor maneira para verificação correta dos valores de perda de
28
eficiência é a diferença de temperatura no último trocador de calor da rede, ao longo do
tempo.
A proposta de Jerónimo et al. (1997) consiste em comparar a efetividade medida
com a efetividade calculada, tanto na condição limpa quanto na condição suja de
projeto. A condição limpa significa um trocador isento de incrustação enquanto que a
condição suja inclui a resistência térmica da incrustação prevista no projeto do trocador
de calor.
Jerónimo et al. (1997) definem ainda um índice de incrustação (IF) que possibilita
quantificar o nível de incrustação do trocador de calor. Este índice de incrustação é
representado como uma função que relaciona a efetividade limpa, efetividade medida
nas condições operacionais e a efetividade suja de projeto.
A grande vantagem deste método está no fato de que exige apenas a medição de
quatro temperatura e uma vazão.
2.4 Despesa adicional com perda do desempenho térmico em trocadores de calor
Tonin (2003) considerou uma rede de pré-aquecimento que no início de sua
operação elevava, em média, a temperatura do cru de 25°C até 260°C. A temperatura
mínima exigida no início da destilação é de aproximadamente 370°C e portanto, o
restante do aquecimento ocorre nos fornos. Considerando esta mesma rede operando
nas mesmas condições, porém com um determinado nível de incrustação, a rede
elevará a temperatura do cru a um valor médio inferior a 260°C. Com esta temperatura
inferior de saída, os fornos precisam consumir uma quantidade maior de combustíveis
para atingir a temperatura mínima de destilação.
A diminuição da efetividade da rede medida nas condições operacionais em
relação à efetividade da rede calculada nas condições limpa de projeto é utilizada por
Tonin (2003) para estimar a despesa adicional com combustível a ser queimado nos
fornos. Pode-se notar que a partir da data em que a efetividade medida afasta-se da
efetividade na condição limpa, o gasto adicional com combustível cresce com o tempo
29
devido a diminuição da performance térmica da rede. O que representa uma diminuição
de aproximadamente 10% na efetividade medida da rede em relação à efetividade na
condição limpa.
Na rede avaliada por Tonin (2003), gastou-se o equivalente a U$ 200.000,00
com combustível adicional nos fornos devido à incrustação por um período de seis
meses. Esta rede analisada por Tonin (2003) é apenas um ramal da rede completa do
pré-aquecimento desta refinaria. Se for considerado o mesmo nível de incrustação para
os outros ramais desta rede, esta despesa aumenta para US$ 2.000.000,00 por ano.
2.5 Simulação de uma rede de trocadores de calor
Considerando uma rede de trocadores de calor do tipo casco-tubo, o cálculo do
calor trocado torna-se complicado, pois o escoamento no casco ocorre em várias
direções. Desta forma, o coeficiente de película e a perda de carga são baseados em
correlações empíricas.
Segundo Pinto et al. (2004), os simuladores existentes utilizam métodos próprios,
que não são encontrados na literatura e são vendidos a preços elevados, tornando seu
uso restrito. Dentre os principais métodos encontrados na literatura (Pinto et al., 2004):
Kern, Tinker e Bell, para o cálculo do coeficiente de película e da perda de carga no
casco, Pinto et al. (2004) sugere que o método de Bell é o mais utilizado por apresentar
melhores resultados. O método de Bell é um método semi-analítico, baseado em
estudos práticos, desenvolvido entre 1947 e 1963 pelo Departamento de Engenharia
Química da Universidade de Delaware. Este método se baseia no cálculo de valores
ideais do coeficiente de película e da perda de carga, para o escoamento no casco, e
utiliza fatores de correção para considerar os desvios causados por vazamentos,
desvios, corte de chicanas e escoamento laminar.
Pinto et al. (2004) propuseram uma metodologia para simulação de uma rede de
pré-aquecimento. A programação tem como dados de entrada as dimensões dos
trocadores, as condições de processo e as propriedades físicas dos fluidos. A taxa de
transferência de calor foi calculada a partir do balanço de energia dos trocadores,
30
sendo a área de troca térmica e as temperaturas médias dos fluidos obtidas a partir de
dados de entrada. O coeficiente global de transferência de calor foi obtido a partir dos
coeficientes de película. Para o lado dos tubos, o cálculo do coeficiente de película é
baseado na correlação proposta por Sieder e Tate (1936) apresentada por Holman
(1968), na qual estão relacionados os números de Nusselt, Reynolds e Prandtl bem
como a condutividade térmica e as viscosidades nas temperaturas do fluido e da
parede. Para o lado do casco, foi aplicado o método de Bell para o cálculo do
coeficiente de película e da perda de carga.
Para Pinto et al. (2004), as perdas de carga máxima admissível para o processo é
um dado de entrada. A perdas de cargas nos tubos e no casco são calculadas e
comparadas com a máxima admissível.
Como o coeficiente global de transferência de calor é o inverso da resistência
térmica, a sua variação ao longo do tempo indica a formação da incrustação.
Para a variação de temperatura na saída tem-se um novo coeficiente global de
transferência de calor. Tanto Tonin (2003) quanto Pinto et al. (2004) utilizam a mesma
formulação para definir a resistência da incrustação, que é a diferença do inverso das
condutâncias globais do trocador sujo e limpo.
Ravagnani et al. (2002) e Smaïli et al. (2001) tentam mostrar que a temperatura da
parede é o principal fator que influencia a formação de incrustação, ocorrendo um
crescimento exponencial para valores de temperatura acima de um certo valor,
denominado limite de incrustação. Pinto et al. (2004) utilizam o conceito de temperatura
média do trocador de calor para o cálculo da resistência da incrustação. Esta
temperatura é calculada a partir dos coeficientes de película, temperaturas nos tubos e
no casco e diâmetro interno e externo dos tubos.
Como há variações significativas de temperatura ao longo do trocador, a
temperatura média pode não ser representativa para o cálculo da resistência da
incrustação. É importante o cálculo da temperatura de parede para estas regiões, pois
podem estar acima das condições limites de incrustação. Neste caso, o trocador de
calor teria uma tendência à formação de incrustação que não estaria sendo
considerada na simulação.
31
Para evitar este problema, Pinto et al. (2004) verificaram a maior temperatura dos
trocadores para compará-la à condição limite de incrustação, definindo a real tendência
à formação de incrustação.
Atualmente os trocadores de calor são projetados com áreas superestimadas para
que possam operar satisfatoriamente mesmo depois da formação da incrustação. No
começo da operação, enquanto estão limpos, pode-se esperar que estes trocadores
tenham velocidades de escoamento mais baixas e temperaturas de parede mais altas
do que os valores de projeto. Isto, segundo Pinto et al. (2004), tende a acelerar o
processo de incrustação.
Segundo Ravagnani et al. (2002), se os dados de processo forem conhecidos de
tal forma que se possa calcular as condições limites de incrustação, pode-se projetar
um trocador de calor sem a necessidade de superestimar a área.
Segundo Pinto et al. (2004), o simulador recalcula a área dos trocadores
considerando a taxa de transferência de calor e o coeficiente global de transferência de
calor, para o trocador limpo. Com a nova área são encontrados novos valores de
velocidade, temperatura de saída e temperatura da parede. Para se estabelecer às
novas dimensões dos trocadores manteve-se o comprimento padrão dos tubos, e a
partir deles calculou-se a quantidade de tubos e o diâmetro do casco.
Em termos de resultados, Pinto et al. (2004) obtiveram a comprovação dos
coeficientes de película, coeficiente global de transferência de calor, temperaturas, área
e perdas de carga para um problema já existente na literatura. Desta forma buscam
mostrar a validade dos resultados.
O simulador de Pinto et al. (2004) verifica a formação da incrustação a partir do
aumento da resistência térmica, observado pela variação dos coeficientes globais de
transferência de calor com o tempo. Assim buscam demonstrar um comportamento
coerente para a resistência térmica, provando ser possível verificar como a incrustação
se forma com o tempo, podendo se estabelecer os períodos de parada para a limpeza
apenas quando a troca térmica da rede de pré-aquecimento estiver realmente
comprometida.
Pinto et al. (2004) apresentam uma comparação entre os dados de projeto de um
trocador de calor existente em uma refinaria e os dados encontrados para este mesmo
32
trocador sem superestimar a área. Neste caso, a área apresentou uma diferença de
31%, o que é uma diferença considerável que também foi encontrada para outros
trocadores da mesma refinaria. Isto indica que o estabelecimento dos limites de
incrustação pode reduzir o custo de projeto pela diminuição da área de transferência de
calor dos trocadores.
A velocidade no trocador com área superestimada foi 33,5% menor que a do
novo trocador, o que deve causar uma formação mais rápida da incrustação. Já as
maiores temperaturas de parede apresentaram uma diferença de apenas 4,5%, o que
segundo Pinto et al. (2004) não é significativa.
2.6 Otimização de uma rede de trocadores de calor
A procura pela redução nos custos de manutenção de uma rede de trocadores
de calor não tem sido uma tarefa muito simples. Segundo Ravagnani et al. (2002)
alguns métodos são apresentados na literatura sobre trocadores de calor, tais como,
análise “pinch” e programação matemática.
De acordo com Grossmann et al. (2000), a programação matemática tem três
passos. O primeiro é o desenvolvimento da representação das alternativas para a qual
a solução ótima é selecionada. O segundo é a formulação do programa matemático,
que geralmente envolve variáveis discretas e contínuas, para a seleção dos níveis de
configuração e operação. O terceiro é a solução do modelo de otimização para a qual a
solução ótima é determinada.
No projeto de uma rede de trocadores de calor, Ravagnani et al. (2002)
propuseram um método que usa análise “pinch” e considera a mínima variação de
temperatura para a otimização. Para áreas fixas, são encontradas as máximas
recuperações de energia e temperaturas. Inicialmente os trocadores são considerados
com o menor diâmetro de casco e número ideal de passes nos tubos. Isto para
minimizar os problemas com a queda de pressão. A otimização feita por Ravagnani et
al. (2002) evolui com sucessivos testes dos parâmetros e propriedades envolvidos em
uma rede de trocadores de calor, feitos passo a passo. O último passo desta otimização
33
é o teste de incrustação. O fator da incrustação é baseado no coeficiente global de
transferência de calor e comparado com o valor fixado em projeto. Se o ideal for
atingido o programa é finalizado. Senão o diâmetro do casco é aumentado e repete-se
o procedimento de simulação. Ao final, o procedimento garante que o trocador de calor
calculado é o menor, com a melhor distribuição de queda de pressão e incrustação.
Ravagnani et al. (2002) lembram, em suas conclusões, que fatores como queda de
pressão e incrustações sempre são negligenciados em projetos e sínteses de uma rede
de trocadores de calor.
Quanto à minimização do efeito da incrustação em trocadores de calor, visando
um ótimo gerenciamento da limpeza de uma rede, Smaïli et al. (2001) propuseram uma
metodologia baseada principalmente em dois pontos. O primeiro é a discretização do
horizonte de operação em um número igual de longos períodos, nos quais as decisões
de limpeza podem ocorrer. O segundo é a solução e apresentação dos resultados da
programação não linear inteira mista (MINLP) para uma estratégia de vários pontos de
início e seleção da solução ótima.
As equações de performance da rede estão escritas em forma de variáveis
binárias e não estão linearizadas, levando a uma função objetivo não-convexa. Para
esse estudo, Smaïli et al. (2001) apresentam várias relações entre queda de pressão e
resistência térmica da incrustação. A forma da função objetivo é discutida sendo fixado
um horizonte, desta forma, proporcionando um efeito significativo nos resultados
obtidos. A solução do modelo é demonstrada usando programas computacionais
comerciais que empregam programação não-linear inteira mista em dois estudos de
casos. Primeiro: Uma rede idealizada contendo quatorze trocadores de calor operando
por mais de três anos. Segundo: Uma planta real contendo vinte e sete trocadores
operando durante dois anos.
Os modelos de incrustação e parâmetros para o segundo caso de estudo foram
obtidos de dados da planta operando em um período anterior ao considerado. Os
resultados são comparados com outros métodos de aproximação e, segundo Smaïli et
al. (2001) estes resultados são tomados como estratégias apropriadas para reduzir o
efeito da incrustação.
34
2.7 O presente trabalho
Segundo a American Petroleum Institute (API, 1999), um dos principais
problemas a ser abordado nas próximas décadas diz respeito à eficiência energética no
processo de refino do petróleo. Isto significa que o estudo da resistência térmica para o
monitoramento e otimização do período de limpeza dos trocadores de calor deve ser
feito com maior freqüência e intensidade. Este estudo ainda é uma barreira técnica para
que melhores resultados possam ser atingidos, visto que a quantidade de trabalhos que
buscam otimizar o período de limpeza dos trocadores de calor ainda é muito pequena.
Esta limpeza, quando executada no período ótimo, proporciona um ganho considerável
de energia e conseqüentemente uma grande redução nos custos de aquecimento do
petróleo.
O presente trabalho visa apresentar uma metodologia com propósito de
identificar parâmetros técnicos através da resolução de equações que permitam
encontrar valores seguros para as temperaturas de saída, quantidade de calor trocado,
efetividade e resistência térmica da incrustação dos trocadores. Desta forma, pode-se
fazer a modelagem de uma rede de trocadores de calor e otimizar o período de limpeza
desta rede empregando o modelo. Para isso, são utilizados dados de uma rede de
trocadores de calor coletados em campo, que são comparados com os resultados
obtidos de programa de simulação desenvolvido para este estudo. Além disso, esta
metodologia procura a possibilidade de estender este estudo para uma rede completa
de trocadores de calor com configuração diferente da analisada no presente trabalho.
35
3 Resistência térmica da incrustação e índice de incrustação
A supervisão do desempenho de trocadores de calor é uma forma de quantificar
as despesas relacionadas à incrustação e de identificar o período adequado de sua
limpeza. Neste capítulo, será apresentada uma metodologia que permite o
monitoramento da performance de trocadores de calor. A técnica aplicada por Jerónimo
et al. (1997), citada no capítulo anterior, consiste em comparar a efetividade medida e
calculadas (na condição de projeto para o trocador limpo e sujo). A partir destas
efetividades, Jerónimo et al. (1997) propuseram um índice de incrustação que varia
entre 0 e 1.
Além disso, Jerónimo et al. (1997) procuraram identificar uma relação entre o
índice de incrustação e a resistência térmica da incrustação de trocadores de calor de
uma rede de pré-aquecimento de petróleo. Propõe-se então uma forma para estimar a
resistência térmica de incrustação a partir do índice de incrustação. Os resultados
sugerem uma boa correlação entre as variáveis. A técnica, portanto, mostra-se
adequada para a avaliação da resistência térmica da incrustação devido à sua
facilidade de implementação.
3.1 Resistência térmica da incrustação
A resistência térmica da incrustação em um trocador de calor pode ser definida
como:
clf
f )UA(1
)UA(1R −= (1)
onde U é o coeficiente global de transferência de calor e A é a área de transferência de
calor. Os índices f e cl representam o trocador sujo e limpo, respectivamente. Rf inclui a
resistência térmica em ambos lados da superfície de troca de calor.
36
Como se considera que ambos fluidos não mudam de fase no trocador de calor,
o valor de ( )fUA pode ser avaliado pelo emprego de valores medidos de temperatura e
vazão, de acordo com um balanço de energia em um dos lados do trocador de calor
(Liu and Kakaç, 1998):
( )t
2h1hhp
t
1c2ccpf FLMTD
)TT()cm(FLMTD
)TT()cm(UA
⋅
−=
⋅
−= (2)
onde m é o fluxo de massa, cp é o calor específico do fluido, T é a temperatura e Ft é
um parâmetro que depende do tipo de trocador de calor. Os índices c, h, 1 e 2 indicam,
respectivamente, as correntes fria e quente e a entrada e a saída do trocador de calor.
LMTD é a diferença de temperatura média logarítmica, dada por:
)TT()TT(ln
)TT()TT(LMTD
1c2h
2c1h
1c2h2c1h
−−
−−−= (3)
Para um trocador de calor com um passe no casco e n passes nos tubos, Ft
possui a forma (Liu and Kakaç, 1998):
( )[ ]( ) ( )
( )⎥⎥⎦⎤
⎢⎢⎣
⎡
+++ε−
+−+ε−−
ε−ε−+=
1R1R21R1R2ln1R
)R1(1ln1RF
2m
2m
mm2
t (4)
onde mε é a efetividade do trocador de calor que é baseada em valores medidos:
( ) ( )( ) ( ) 1c1h
2h1h
1c1hhp
2h1hhp
máxm TT
TTTTcmTTcm
−−
=−
−==ε (5)
37
considerando que a capacidade térmica da corrente quente é mínima e,
( ) ( )( ) ( ) 1c1h
1c2c
1c1hcp
1c2ccp
máxm TT
TTTTcmTTcm
−−
=−
−==ε (6)
admitindo que ( )cpcm é o menor valor. Note que Q é o calor transferido pelo trocador
de calor e o índice max representa o calor máximo possível a ser transferido pelo
trocador de calor. R é a razão entre a mínima e a máxima capacidade térmica das
correntes de fluidos e pode ser obtida do balanço de energia.
2h1h
1c2c
cp
hp
TTTT
)cm()cm(
R−−
== (7)
para ( )hpcm mínimo e,
1c2c
2h1h
hp
cp
TTTT
)cm()cm(
R−−
== (8)
para ( )cpcm mínimo.
Variações diárias da composição do cru podem alterar as vazões dos produtos e
as propriedades do cru. Estas variações modificam a razão de capacidades térmicas, R,
e o coeficiente global de transferência de calor, U. O coeficiente global do trocador
limpo varia com a vazão e com as propriedades termofísicas dos fluidos. Portanto, o
cômputo da (UA)cl (equação (1)) deve levar em consideração estas variações e pode
ser avaliado pela condutância global do trocador limpo,
38
( )⎟⎟⎠
⎞⎜⎜⎝
⎛+
=
ooii
cl
Ah1
Ah1
1UA (9)
onde h é o coeficiente de convecção e A é a área de transferência de calor. Para o caso
do trocador de calor do tipo casco-tubo, os índices “i” e “o” indicam o lado interno e
externo dos tubos, respectivamente. O cálculo dos coeficientes de convecção é
baseado em correlações da literatura (Liu and Kakaç, 1998), as quais consideram os
efeitos da variação de vazão e de propriedades termofísicas dos fluidos. A resistência
térmica do metal é pequena quando comparada às demais, por isso é desprezada.
3.2 Metodologia de Jerónimo et al. (1997)
A metodologia de Jerónimo et al. (1997) consiste em comparar a efetividade
medida (equações (5) ou (6)) com valores calculados de efetividades para trocadores
limpo e sujo. Os valores limpo e sujo da efetividade são calculados por (Liu and Kakaç,
1998):
( )( )
( )
100x
e1
e1R1R1
2
2p
2p
R1NTU
R1NTU2
⎥⎦⎤
⎢⎣⎡ +−
⎥⎦⎤
⎢⎣⎡ +−
−
++++
=ε (10)
R é obtido de valores medidos de temperaturas (equações (7) ou (8)) e o Número de
Unidades de Transferência, NTU, é definido por,
minp )cm()UA(NTU = (11)
Devido às mudanças nas propriedades do cru e vazões dos produtos, o valor de
U é constantemente modificado e conseqüentemente, as efetividades dos trocadores
39
de calor. Jerónimo et al. (1997) propõem correlações para estimar as mudanças de
NTU como uma função das vazões mássicas. Estas correlações são baseadas no
número de Nusselt de ambas correntes de fluidos. Entretanto, eles assumiram que as
mudanças nas composições do cru e dos produtos não alteram o valor de NTU.
Para um trocador de calor contra-corrente, as seguintes correlações foram
derivadas:
( )( )( )( )
p h
d d
p h,d
UAmcNTU
NTU UAmc
⎡ ⎤⎢ ⎥⎢ ⎥⎣ ⎦=⎡ ⎤⎢ ⎥⎢ ⎥⎣ ⎦
(12)
substituindo o valor de UA em função do coeficiente de película, tem-se:
( )
( ) ( ) ( )
( ) ( ) ( )
p hh c
d
p h,dh,d c,d
11 1 mc
hA hANTU1NTU
1 1 mchA hA
⎡ ⎤+ ⋅⎢ ⎥
⎢ ⎥⎣ ⎦=
⎡ ⎤+ ⋅⎢ ⎥
⎢ ⎥⎣ ⎦
(13)
multiplicando a equação por ( ) ( )h,d c,dhA hA⋅ tem-se:
( )
( )( )
( ) ( )( )( ) ( )
( )( ) ( )
p h,d c,d h,d
pd h,d c,dhc,d h,d
h c
mc hA hANTUNTU hA hAmc
hA hAhA hA
+= ⋅
⎡ ⎤ ⎡ ⎤⋅ + ⋅⎢ ⎥ ⎢ ⎥
⎢ ⎥ ⎢ ⎥⎣ ⎦ ⎣ ⎦
(14)
40
Para considerar a dependência do coeficiente de convecção em relação à vazão
mássica devido ao escoamento interno e externo aos tubos, deve-se utilizar os
coeficientes “a” e “b”, respectivamente.
( )
( )( )
( ) ( )( )( )
( )( )( )
( )
p h,d c,d h,db a
pd h p ph,d c,db ac,d h,d
p ph c
mc hA hANTUNTU mc mc mc
hA hAmc mc
+= ⋅
⎡ ⎤ ⎡ ⎤⎢ ⎥ ⎢ ⎥⋅ + ⋅⎢ ⎥ ⎢ ⎥⎢ ⎥ ⎢ ⎥⎣ ⎦ ⎣ ⎦
(15)
Dividindo-se a equação por ( )c,dhA tem-se:
( )
( )( )
( )( )
( )( )
( )( )
( )( )
h,d
p h,d c,db a
pd h p ph,d c,d h,db a
c,dp ph c
hA1mc hANTU
NTU mc mc mc hAhAmc mc
+
= ⋅⎡ ⎤ ⎡ ⎤⎢ ⎥ ⎢ ⎥+ ⋅⎢ ⎥ ⎢ ⎥⎢ ⎥ ⎢ ⎥⎣ ⎦ ⎣ ⎦
(16)
Se
( )( )
p c
p h
mc 1Rmc
= (17)
e
( )( )
p c,d
dp h,d
mc 1Rmc
= (18)
lembrando ainda que:
41
( ) ( )c h
1 1 1UA hA hA
= + (19)
ou
( ) ( )h c
1 1 1hA UA hA
= − (20)
Multiplicando-se esta expressão por ( )c,d
1hA
tem-se:
( )
( )
( )
( ) ( )
c,d c,d
h,d d c,d
1 1hA hA
1 1 1hA UA hA
=−
(21)
a expressão também pode ser escrita como:
( )( )
( )( ) ( )
h,d d
c,d c,d d
hA UAhA hA UA
=−
(22)
dividindo o resultado por ( )c,d
1hA
tem-se:
( )( )
( )( )( )( )
d
h,d c,d
dc,d
c,d
UAhA hA
UAhA1
hA
=−
(23)
Substituindo a equação (23) na equação (16) tem-se:
42
( )
( )( )
( )( )( )( )
( )( )
( )( )
( )( )( )( )
d
c,d
d
p c,dh,d
pd dh b a
p ph,d c,d c,db a
dp ph c
c,d
UAhA
1UA
1mc hANTU
NTU UAmcmc mc hA
UAmc mc 1hA
⎡ ⎤⎢ ⎥⎢ ⎥+ ⎢ ⎥⎢ ⎥−⎢ ⎥⎣ ⎦= ⋅
⎡ ⎤⎢ ⎥⎡ ⎤ ⎡ ⎤⎢ ⎥⎢ ⎥ ⎢ ⎥+ ⋅ ⎢ ⎥⎢ ⎥ ⎢ ⎥⎢ ⎥⎢ ⎥ ⎢ ⎥ −⎣ ⎦ ⎣ ⎦⎢ ⎥⎣ ⎦
(24)
simplificando a equação e substituindo R e dR , equações (17) e (18), respectivamente,
tem-se:
( )
( )( )
( )( ) ( )
( )( )
( )( ) ( )
c,d1 b
p h,d c,d da b a
pd h p h,d c,d
dp c,d dh
hAmc hA UANTU
NTU mc mc hAR1R hA UAmc
−
−
⎡ ⎤ −⎢ ⎥= ⋅⎢ ⎥ ⎡ ⎤ ⎡ ⎤⎣ ⎦ ⎢ ⎥+ + ⋅⎢ ⎥ −⎢ ⎥ ⎣ ⎦⎣ ⎦
(25)
dividindo a expressão por ( )
( ) ( )c,d
c,d d
hAhA UA−
e simplificando tem-se a correlação definida,
para a corrente de menor capacidade térmica escoando no casco, como:
( )[ ]( )[ ]{ }1)RR()cm()cm()hAUA(1
)cm()cm(NTU
)NTU(a
dba
minpdmin,pd
b1minpdmin,p
d
p
−+= −
−
(26)
e para a corrente de menor capacidade térmica escoando nos tubos, como:
( )[ ]( )[ ]{ }1)RR()cm()cm()hAUA(1
)cm()cm(NTU
)NTU(b
dab
minpdmin,pd
a1minpdmin,p
d
p
−+= −
−
(27)
43
O índice “p” refere-se ao valor estimado. “d” ao valor de projeto do trocador de
calor. h é o coeficiente de convecção da corrente de maior produto pcm . De acordo
com os coeficientes encontrados na literatura (Liu and Kakaç, 1998), a e b são
aproximadamente 0,8 e 0,6.
As equações (26) e (27) foram obtidas por Tonin (2003) mas apresentam valores
diferentes para os coeficientes “a” e “b”. Tonin (2003) deve ter cometido algum engano
na derivação das equações e por esta razão, o desenvolvimento destas equações foi
repetido neste trabalho.
O valor de projeto de UA, e conseqüentemente NTUd, é calculado pela adição, ao
valor de UAcl (equação (10)), de uma resistência térmica da incrustação estabelecida
em projeto. Valores de projeto da resistência térmica da incrustação são sugeridos pela
TEMA (1978). Substituindo R e NTUp na equação (10), tanto a efetividade limpa, εcl,
quanto suja, εf, podem ser calculadas. Estes valores são então comparados à
efetividade medida (equação (5)). A comparação indica o atual estágio de incrustação
do trocador de calor.
Além disso, Jerónimo et al. (1997) define um índice de incrustação para o trocador
de calor:
( )( )fcl
mclIFε−εε−ε
= (28)
Se IF é igual a zero o trocador está limpo e se IF igual a unidade o trocador está
sujo na condição de projeto.
3.3 Comparação entre IF e a resistência térmica da incrustação
Um ramal da bateria de pré-aquecimento (Figura (1)) da refinaria REPAR
(Refinaria Presidente Getúlio Vargas da PETROBRAS localizada em Araucária, Paraná)
foi utilizado para comparar o comportamento de IF com a resistência térmica da
44
incrustação. Como mostrado, o cru é aquecido em sete trocadores de calor; três (TC-
01, TC-02, TC-03) antes das unidades de dessalinização (V-02 e V-05), e quatro (TC-
04, TC-05, TC-06 e TC-07) após. Resíduo de vácuo, gasóleo pesado, diesel pesado,
diesel leve e nafta pesada são os produtos da destilação que trocam calor com o cru.
Os dados foram obtidos entre Outubro de 1998 e Abril de 2001. Todos os trocadores de
calor foram limpos em Outubro de 1998, imediatamente antes do início do
monitoramento.
Figura 1. Rede de trocadores de calor analisada.
Tonin (2003) levantou a resistência térmica da incrustação para todos os
trocadores de calor da Figura 1, utilizando a equação (1). Como ocorrem diariamente
variações da composição do cru e das vazões dos produtos, ambos efeitos foram
considerados na avaliação de (UA)cl. Os valores de (UA)f foram baseados em valores
medidos, conforme a equação (2).
As Figuras 2, 3 e 4, reproduzidas do trabalho de Tonin (2003), mostram a
evolução da resistência térmica da incrustação com o tempo para os trocadores TC-01,
TC-03 e TC-06, respectivamente. Apesar da oscilação, o valor médio claramente
aumenta com o tempo. As oscilações podem tanto estar relacionadas à precisão das
correlações quanto com às incertezas de medição.
Como pode ser visto, o valor médio da resistência térmica do trocador TC-01
quase não se altera durante o primeiro ano de operação e após junho de 2000, este
sofre uma mudança brusca. De acordo com a TEMA (1978), a resistência térmica do
trocador TC-01, estabelecida no estágio de projeto, é da ordem de 6,6x10-6 K/W. Este
3.3.1 Resistência da incrustação
T C – 0 5T C – 0 4 T C – 0 6 T C – 0 7T C – 0 2T C – 0 1 T C – 0 3
V – 0 5V – 0 2D o t a n q u e P a r a o f o r n o
45
valor é aproximadamente duas vezes menor do que a resistência térmica alcançada no
final do monitoramento.
Figura 2. Resistência térmica da incrustação do trocador de calor TC-01.
Figura 3. Resistência térmica da incrustação do trocador de calor TC-03.
0,0E+00
2,0E-06
4,0E-06
6,0E-06
8,0E-06
1,0E-05
1,2E-05
1,4E-05
Out-98 Jan-99 Abr-99 Ago-99 Nov-99 Fev-00 Jun-00 Set-00 Dez-00 Abr-01
Data
Res
istê
ncia
térm
ica
da in
crus
taçã
o (K
/W)
Resistência de projeto
0,0E+00
1,0E-06
2,0E-06
3,0E-06
4,0E-06
5,0E-06
6,0E-06
Out-98 Jan-99 Abr-99 Ago-99 Nov-99 Fev-00 Jun-00 Set-00 Dez-00 Abr-01
Data
Res
istê
ncia
térm
ica
da in
crus
taçã
o (K
/W) Resistência de projeto
46
Como mostrado na Figura 3, a resistência térmica da incrustação para o trocador
de calor TC-03 cresce a uma taxa constante, porém a resistência de projeto não é
atingida durante o período de monitoramento (seu valor de projeto é de 4,9x10-6 K/W).
Por outro lado, a Figura 4 mostra que a resistência térmica da incrustação para o
trocador de calor TC-06 alcança quatro vezes seu valor de projeto (5,1x10-6 K/W). Para
todos os demais trocadores de calor da Figura 1, a resistência térmica da incrustação
aumenta a uma taxa média constante, como mostrado nas Figuras 3 e 4.
Figura 4. Resistência térmica da incrustação do trocador de calor TC-06.
-5,0E-07 1,5E-06 3,5E-06 5,5E-06 7,5E-06 9,5E-06 1,2E-05 1,4E-05 1,6E-05 1,8E-05 2,0E-05
Out-98 Jan-99 Abr-99 Ago-99 Nov-99 Fev-00 Jun-00 Set-00 Dez-00 Abr-01
Data
Res
istê
ncia
térm
ica
da in
crus
taçã
o (K
/W)
Resistência de projeto
47
Na Figura 5, o índice de incrustação de Jerónimo et al. (1997) é mostrado para o
trocador TC-01. Note que se IF é igual a zero, a efetividade medida coincide com a
efetividade calculada para o trocador limpo e se IF é igual a 1, a efetividade medida
iguala-se à efetividade calculada para o trocador sujo na condição esperada em projeto.
Qualquer valor acima de um indica que o trocador de calor está mais sujo do que
previsto em projeto. Como se vê, o índice de incrustação é praticamente zero até
outubro de 1999, indicando que a incrustação não é significativa. De Fevereiro a
Outubro de 2000 (8 meses), a incrustação aumenta exponencialmente e IF alcança
rapidamente seu valor de projeto. Como observado por operadores da refinaria, a
causa desta elevada taxa de incrustação é o depósito de produtos corrosivos
provenientes da torre de destilação. Em Abril de 2001, o valor médio do índice de
incrustação é de 1,8, em outras palavras, 80% mais alto do que seu valor previsto em
projeto.
Figura 5. Índice de Incrustação para o trocador de calor TC-01.
3.3.2 Índice de incrustação
-0,5
0,0
0,5
1,0
1,5
2,0
Out-98 Jan-99 Abr-99 Ago-99 Nov-99 Fev-00 Jun-00 Set-00 Dez-00 Abr-01
Data
Índi
ce d
e In
crus
taçã
o
Trocador limpo
Trocador sujo
48
As Figuras 6 e 7 mostram o índice de incrustação para o trocador de calor TC-03 e
TC-06, respectivamente, que crescem a uma taxa aproximadamente constante. O
índice de incrustação para o trocador TC-03 não alcança seu valor de projeto durante o
monitoramento, enquanto que para o trocador TC-06 seu valor atinge quase quatro
vezes seu valor de projeto.
Figura 6. Índice de Incrustação para o trocador de calor TC-03.
Figura 7. Índice de Incrustação para o trocador de calor TC-06.
-0,2
0
0,2
0,4
0,6
0,8
1
1,2
Out-98 Jan-99 Abr-99 Ago-99 Nov-99 Fev-00 Jun-00 Set-00 Dez-00 Abr-01
Data
Índi
ce d
e In
crus
taçã
o
Trocador limpo
Trocador sujo
-1,0
-0,5
0,0
0,5
1,0
1,5
2,0
2,5
3,0
3,5
4,0
4,5
Out-98 Jan-99 Abr-99 Ago-99 Nov-99 Fev-00 Jun-00 Set-00 Dez-00 Abr-01
Data
Índi
ce d
e In
crus
taçã
o
Trocador limpo
Trocador sujo
49
3.4 Metodologia proposta para o cálculo da resistência de incrustação
Uma comparação das Figuras 2, 3 e 4 com as Figuras 5, 6 e 7, respectivamente,
revela que a resistência térmica da incrustação e o índice de incrustação apresentam
comportamentos similares. É possível verificar que para a resistência térmica da
incrustação igual a zero, o índice de incrustação também é nulo. No momento que a
resistência coincide com seu valor de projeto, o índice iguala-se a um. Para o trocador
TC-01, cujo índice de incrustação é aproximadamente igual a dois em abril de 2001, a
resistência térmica da incrustação será aproximadamente duas vezes seu valor de
projeto para a mesma data. Esta similaridade é observada em todos os trocadores de
calor da Figura 1. Uma vez que a avaliação do índice de incrustação não é complexa,
esta variável pode ser usada para inferir a resistência térmica da incrustação. A
seguinte relação é então sugerida:
( ) ( )tIFRtR fdfe ⋅= (29)
onde Rfe é a resistência térmica da incrustação e Rfd é a resistência térmica da
incrustação estabelecida em projeto.
As Figuras 8, 9 e 10 mostram a relação entre Rfe (estimada pela equação (29)) e
Rf (avaliada pela equação (1)) para o TC-01, o TC-03 e o TC-06, respectivamente.
Como pode ser visto, há uma boa concordância entre as duas variáveis. O coeficiente
de correlação (R2) para a linha reta (1,0 e 0,0 são os coeficientes angular e linear desta
reta, respectivamente) das Figuras 8, 9 e 10 são, respectivamente, 0,88, 0,62 e 0,87.
Portanto, existe uma forte relação entre a resistência térmica da incrustação e o índice
de incrustação, apesar de serem calculados de forma diferentes.
50
Figura 8. Comparação entre a resistência térmica da incrustação com o seu valor
correspondente estimado para o trocador TC-01.
Figura 9. Comparação entre a resistência térmica da incrustação com o seu valor
correspondente estimado para o trocador TC-03.
0,0E+00
1,5E-06
3,0E-06
4,5E-06
6,0E-06
7,5E-06
9,0E-06
1,1E-05
1,2E-05
1,4E-05
1,5E-05
0,0E+00 1,5E-06 3,0E-06 4,5E-06 6,0E-06 7,5E-06 9,0E-06 1,1E-05 1,2E-05 1,4E-05 1,5E-05
Resistência térmica da incrustação (K/W)
Res
istê
ncia
térm
ica
da in
crus
taçã
o es
timad
a (K
/W)
0,0E+00
5,0E-07
1,0E-06
1,5E-06
2,0E-06
2,5E-06
3,0E-06
3,5E-06
4,0E-06
4,5E-06
0,0E+00 5,0E-07 1,0E-06 1,5E-06 2,0E-06 2,5E-06 3,0E-06 3,5E-06 4,0E-06 4,5E-06
Resistência térmica da incrustação (K/W)
Res
istê
ncia
térm
ica
da in
crus
taçã
o es
timad
a (K
/W)
51
O presente trabalho então sugere que a resistência térmica da incrustação possa
ser estimada a partir do índice de incrustação através de uma simples relação linear. A
correlação entre estas variáveis é boa e cresce para trocadores de calor com maior
nível de incrustação.
Figura 10. Comparação entre a resistência térmica da incrustação com o seu valor
correspondente estimado para o trocador TC-06.
A simplicidade para a obtenção do índice de incrustação justifica a utilização da
metodologia proposta. Cabe ressaltar que não há necessidade de cálculo das
propriedades térmofísicas para o petróleo, uma vez que estas mudam diariamente.
Apenas as temperaturas de entrada e saída do trocador, bem como a vazão de uma
das correntes de fluidos deve estar disponível durante o monitoramento. Assim sendo,
pode-se facilmente inferir o valor da resistência térmica da incrustação para qualquer
instante do monitoramento. Para trocadores de calor com crescimento linear da
incrustação ao longo do tempo pode-se extrapolar a correlação para antecipar a
0,0E+00
5,0E-06
1,0E-05
1,5E-05
2,0E-05
2,5E-05
0,0E+00 5,0E-06 1,0E-05 1,5E-05 2,0E-05 2,5E-05
Resistência térmica da incrustação (K/W)
Res
istê
ncia
térm
ica
da in
crus
taçã
o es
timad
a (K
/W)
52
ocorrência da incrustação. Esse modelo pode então ser empregado para prever as
despesas associadas e, portanto programar a limpeza do trocador de calor.
Lembrando que a efetividade de um trocador é a razão entre o calor efetivamente
trocado e o máximo calor possível de ser trocado, o índice de incrustação pode então
ser escrito como,
( )( ) fcl
mcl
fcl
mcl
QQQQIF
−−
=ε−εε−ε
= (30)
note que o máximo calor trocado é considerado independente da condição do trocador
(limpo ou sujo) ou da forma de avaliação (medido ou calculado).
O calor transferido na condição do trocador limpo será:
( ) ( ) tclclmaxminpcl FLMTDUATcmQ ⋅⋅=ε⋅∆⋅= (31)
O valor medido do calor transferido pode ser escrito como:
( ) ( ) tmmmaxminpm FLMTDUATcmQ ⋅⋅=ε⋅∆⋅= (32)
O calor transferido na condição do trocador sujo será:
( ) ( ) tffmaxminpf FLMTDUATcmQ ⋅⋅=ε⋅∆⋅= (33)
3.4.1 Correlação entre a resistência térmica da incrustação e o índice de incrustação
53
Desta forma, se for considerado que o produto de LMTD por Ft permanece
aproximadamente constante ao longo do período, pode-se reescrever a equação (30)
como:
( )( )fcl
mcl
UAUAUAUAIF
−−
= (34)
A resistência térmica de projeto pode ser expressa pela equação (1), que pode ser
escrita como:
fcl
fcl
clffd )UA()UA(
)UA()UA()UA(
1)UA(
1R⋅−
=−= (35)
O produto do IF (equação (34)) pela resistência térmica de projeto (equação (35))
será:
( )( )
cl mfd
cl f
UA UAIF R
UA UA−
⋅ =⋅
(36)
A resistência térmica medida também pode ser expressa pela equação (1),
substituindo o valor de (UA) sujo pelo valor de (UA) medido,
cl mf
m cl cl m
(UA) (UA)1 1R(UA) (UA) (UA) (UA)
−= − =
⋅ (37)
Comparando as equações (36) e (37) pode-se notar uma grande similaridade. A
razão entre as duas equações resulta na razão entre a condutância térmica medida
( )mUA , e a condutância térmica do trocador sujo, ( )fUA como estes valores são
próximos esta razão será aproximadamente igual a 1,0.
54
Quando o valor de IF for próximo de 1,0, as equações (36) e (37) serão
praticamente idênticas. Isto porque o valor de (UA) medido terá o mesmo valor de (UA)
na condição do trocador sujo. Esta é uma possível justificativa para um menor
coeficiente de correlação para os valores da Figura 9.
Desta forma, a resistência da incrustação pode ser obtida através do índice de
incrustação e da resistência térmica de projeto.
55
4 Modelagem da rede
O presente capítulo tem por objetivo a modelagem matemática do comportamento
térmico de uma rede de trocadores de calor sujeitos à incrustação. Equações de
balanço de energia em regime estacionário são empregadas para determinar as
temperaturas de saída das correntes dos trocadores de calor.
Desta forma, a modelagem é um passo fundamental para que mais tarde possa
ser utilizado o recurso da simulação. Os resultados da simulação serão comparados
com valores medidos experimentalmente, mostrando a validade da simulação. Além
disso, o calor transferido nos trocadores, avaliado pela simulação, pode ser empregado
para identificar o período adequado para limpeza dos trocadores de calor.
4.1 Modelo matemático
No presente modelo, o problema será considerado quase estático, ou seja, a
inércia térmica do trocador de calor é relativamente pequena quando comparada ao
tempo de variação das condições de operação da planta (o sistema responde
rapidamente às variações das condições de contorno). Além disso, admite-se que não
há mudança de fase dos fluidos no trocador de calor. Sendo assim, o balanço de
energia pode ser escrito como:
)TT()cm()TT()cm(Q 2h1hhp1c2ccp −=−= (38)
onde m é o fluxo de massa, cp é o calor específico do fluido e T é a temperatura. Os
índices c, h, 1 e 2 indicam, respectivamente, as correntes fria e quente e a entrada e a
saída do trocador de calor.
A efetividade de um trocador, que depende da máxima taxa de transferência de
calor possível em um trocador contra-corrente, é apresentada na equação (6). Sendo
56
assim, as temperaturas de saída das correntes fria e quente podem, respectivamente,
serem escritas como:
ε⋅−+= )TT()cm(
)cm(TT 1c1h
cp
minp1c2c (39)
ε⋅−−= )TT()cm(
)cm(TT 1c1h
hp
minp1h2h (40)
onde ε é a efetividade do trocador de calor que depende do tipo de trocador de calor.
Para um trocador de calor do tipo casco-tubo com um passe no casco e n pares de
passes nos tubos, a efetividade é obtida pela equação (10).
A determinação da efetividade segue a mesma seqüência de cálculos
apresentada na metodologia de Jerónimo et al. (1997) descrita no capítulo anterior.
Esta seqüência de cálculos depende de NTU (equação (11)) e R (equação (8)). O
primeiro é função da condutância térmica global do trocador de calor (UA) (equação
(9)), e do produto do fluxo de massa (m ) pelo calor específico do fluido (cp). O segundo
é a razão entre as capacidades térmicas máxima e mínima.
Para avaliação do produto UA (equação (9)) deve-se considerar as variações da
vazão e das propriedades termofísicas dos fluidos no cálculo dos coeficientes de
tranferência de calor por convecção, tanto para o lado interno quanto externo dos tubos
(hi e ho, respectivamente).
O coeficiente de transferência de calor no lado do casco é baseado em
correlações da literatura. Segundo Liu and Kakaç (1998), o método Bell-Delaware para
projeto de trocadores de calor é o mais confiável até o presente momento. Pois este
método leva em consideração as mudanças de direção do escoamento referente à
presença das chicanas e as fugas através das folgas. Este coeficiente é então avaliado
por:
rsblccruzo JJJJJhh = (41)
57
onde hcruz é o coeficiente de transferência de calor para o escoamento cruzado através
de um feixe de tubos, Jc é o fator de correção que leva em consideração o escoamento
pela janela das chicanas, Jl é o fator que considera os vazamentos entre chicana-casco
e chicana-tubo, Jb é o fator de correção que inclui o efeito dos desvios de fluxo pela
folga entre o feixe de tubos e o casco, Js é o fator de correção que avalia o efeito do
espaçamento das chicanas nas seções de entrada e saída do casco e Jr é o fator de
correção para escoamento com número de Reynolds < 100. Segundo Liu and Kakaç
(1998), o efeito combinado de todos estes fatores de correção para um trocador de
calor casco-tubo bem projetado é da ordem de 0,6. Isto é, o coeficiente de transferência
de calor é da ordem de 60% do seu valor para escoamento cruzado em tubos. Tonin
(2003) apresenta de forma completa e detalhada o cálculo do coeficiente de
transferência de calor (hcruz) bem como de todos os fatores de correção citados (Jc, Jl, Jb,
Js, Jr).
O cálculo do coeficiente de transferência de calor por convecção para líquidos
escoando internamente aos tubos é obtido baseado em outra correlação da literatura.
Na correlação proposta por Sieder e Tate (Holman, 1968), o coeficiente de
transferência de calor é obtido por:
( ) ( )14,0
w
i3/18,0i PrRe027,0Nu ⎟⎟
⎠
⎞⎜⎜⎝
⎛µµ
= (42)
ou
14,0
w
i
3/1
i
i,pi8,0
i
iii
i
ii k
cdVdk027,0h ⎟⎟
⎠
⎞⎜⎜⎝
⎛µµ
⎟⎟⎠
⎞⎜⎜⎝
⎛ µ⎟⎟⎠
⎞⎜⎜⎝
⎛µ
ρ⎟⎟⎠
⎞⎜⎜⎝
⎛= (43)
onde Nu é o número de Nusselt, Rei é o número de Reynolds, Pri é o número de
Prandtl, K é a condutividade térmica do fluido, iρ é a massa específica do fluido, iµ é a
viscosidade dinâmica do fluido na temperatura do meio fluido, wµ é a viscosidade
dinâmica do fluido na temperatura da parede do tubo, Vi é a velocidade média do fluido
58
nos tubos e di é o diâmetro interno dos tubos. Esta correlação é válida para
16700Pr7,0 i ≤≤ , 10000Rei ≤ e 10d/L i ≥ . Sendo L o comprimento dos tubos. O
cálculo de todas as propriedades termofísicas apresentadas na equação (43) pode ser
encontrado detalhadamente em Tonin (2003).
Para que o problema da incrustação possa ser avaliado, deve-se saber que o
coeficiente global de transferência de calor sofre alteração, pois o fato dos trocadores
estarem incrustados faz com que a efetividade não seja mais a mesma da condição
inicial, quando os trocadores estavam limpos.
Isto resulta da redução da quantidade de calor trocado em relação à condição
inicial. Conseqüentemente as temperaturas de saída dos fluidos também serão
alteradas. A temperatura de saída do fluido frio será cada vez menor enquanto que a
temperatura de saída do fluido quente será maior. Tudo isso devido à formação da
incrustação na superfície de transferência de calor.
Na modelagem isto pode ser representado por uma resistência térmica adicional
no cálculo da condutância térmica do trocador. Assim, a equação (9) pode ser escrita
agora como:
( )⎟⎟⎠
⎞⎜⎜⎝
⎛++
=)t(R
Ah1
Ah1
1UA
feooii
cl (44)
onde Rfe(t) é a resistência térmica da incrustação que é uma função do tempo. A
equação (16) pode ser usada para calcular esta resistência térmica.
59
4.2 Solução das equações
A simulação consiste na determinação dos valores de temperatura das correntes
de fluido de uma rede de trocadores de calor.
ε
Figura 11. Algoritmo de solução das equações.
60
Os valores de temperatura podem ser obtidos através da solução das equações
(39) e (40). Estas equações quando escritas para cada trocador de calor de uma rede
originam um conjunto de equações que precisa ser resolvido simultaneamente.
Para solucionar as equações descritas na seção anterior, é necessário que se
tenha conhecimento dos parâmetros geométricos dos trocadores de calor bem como
das propriedades termofísicas dos fluidos. Este conjunto de informações referente à
rede de trocadores de calor, e que é o ponto de partida do algoritmo de solução das
equações, recebe o nome de banco de dados. O banco de dados contém informações
sobre cada trocador de calor da rede, tais como: tipo de trocador de calor, dimensões
do trocador, fluidos de trabalho e demais características geométricas dos trocadores da
rede. Este banco de dados contém também características dos fluidos, como por
exemplo todas as propriedades termofísicas.
A Figura 11 mostra o algoritmo utilizado para a solução das equações. O método
iterativo empregado nesta solução é aplicado para cada trocador de calor. Inicialmente
deve-se conhecer todas as informações referentes ao banco de dados citadas
anteriormente. Deve-se conhecer também as temperaturas de entrada dos fluidos,
quente e frio. Tendo estas informações pode-se dar início ao cálculo das variáveis
referente à transferência de calor no trocador.
Os primeiros cálculos são com relação ao fluido de menor capacidade térmica,
para que em seguida possa ser calculada a razão entre as capacidades térmicas dos
dois fluidos. Em seguida executa-se o cálculo dos coeficientes de transferência de calor
do lado do casco e do lado dos tubos.
O cálculo da resistência térmica é baseado na metodologia proposta no capítulo
anterior, em função do índice de incrustação e da resistência térmica estabelecida no
projeto do trocador. Este índice de incrustação é o fator responsável pela diminuição da
transferência de calor devido à incrustação. O índice é diferente para cada trocador e é
função do tempo.
A condutância térmica global, influenciada pela resistência térmica da incrustação,
fará parte do cálculo do NTU e da efetividade. Esta última, por sua vez, é usada no
cálculo da quantidade de calor trocado e das temperaturas de saída. Obtém-se as
61
temperaturas de saída tanto para o fluido quente (produtos derivados da destilação do
petróleo) quanto para o fluido frio (cru).
Deve-se lembrar que se tem, para este estudo em questão, duas equações e duas
incógnitas (temperaturas de saída) para cada trocador de calor, independentemente do
número de trocadores na rede.
Pode-se notar que o conjunto de equações gerado a partir das equações (39) e
(40) é formado por equações lineares. Desta forma, poderia ser empregado um método
para solução de equações lineares ao invés de um método iterativo
Entretanto, o método iterativo foi escolhido por ser um método mais facilmente
empregado para qualquer configuração de rede; a seqüência de cálculo obedece a
ordem de posicionamento dos trocadores na rede. Ou seja, na matriz de solução direta
das equações lineares, o posicionamento correto das variáveis produz um trabalho
extra na lógica do programa.
Como o método é iterativo, as temperaturas intermediárias são inicialmente
arbitradas. Desta forma, faz-se necessário um teste de convergência realizado através
do balanço de energia. Nesta etapa, pode-se escolher um erro admissível para o calor
trocado pelas correntes de fluidos, da ordem que se deseja. O critério de convergência,
erro admissível, usado para simular a rede foi de 0,001%.
Com a simulação, pode-se prever a redução do desempenho da rede de
trocadores de calor com o tempo devido à incrustação e, conseqüentemente, o
consumo extra com combustível queimado nos fornos. Além disso, a metodologia
permite avaliar o desempenho da rede quando da retirada de um ou mais trocadores de
calor para limpeza.
O objetivo da simulação proposta é determinar a evolução das temperaturas de
saída de todos trocadores de calor de uma rede. As equações (39) e (40) podem então
ser escritas para cada trocador da rede, gerando assim um conjunto de equações
lineares, uma vez que as vazões e as propriedades termofísicas são consideradas
conhecidas. Estas equações são interdependentes e, portanto devem ser resolvidas
simultaneamente.
62
5 Simulação
Para a simulação da rede de trocadores de calor optou-se pelo desenvolvimento
de um código computacional em uma linguagem de programação comercial. O
programa fornece como resultado final às temperaturas de saída dos fluidos, o índice
de incrustação dos trocadores, o calor trocado e a efetividade dos trocadores.
O ramal da bateria de pré-aquecimento (Figura 1) da refinaria REPAR foi
utilizado para análise. Como o cru escoa ao longo de toda a rede, a temperatura de
saída de um trocador é a temperatura de entrada no trocador seguinte, desprezando as
perdas de energia entre os trocadores. Entretanto, as unidades de dessalinização não
podem ser desprezadas, pois a diferença de temperatura entre a saída do trocador de
calor TC-03 e a entrada do trocador de calor TC-04 é significativa. Como as unidades
de dessalinização não estão sendo modeladas, a temperatura de entrada do trocador
TC-04 deve ser estimada ou deve ser conhecida. Isso significa que o ramal (Figura 1)
pode ser simulado como se fossem dois ramais independentes. Desta forma, foi feita a
opção de reduzir o ramal da rede analisada para quatro trocadores (TC-04, TC-05, TC-
06 e TC-07), uma vez que a temperatura na saída da unidade de dessalinização é
desconhecida. A nova rede de trocadores a ser analisada, para a simulação, em um
primeiro momento, é na verdade os quatros trocadores de calor em série, apresentados
na Figura 12.
Figura 12. Rede de trocadores de calor considerados na simulação.
63
5.1 Verificação do modelo
Os resultados da simulação foram então comparados com valores experimentais
obtidos da operação da planta. Inicialmente, os trocadores foram considerados
independentes, ou seja, tanto a temperatura do petróleo quanto dos produtos, obtidas
experimentalmente, foram empregadas como condições de contorno para o problema.
A Figura 13 apresenta a temperatura de saída do petróleo do trocador de calor TC-05
ao longo de um período de 29 meses. A queda na temperatura do petróleo entre os
meses de maio/99 e fevereiro/00 está relacionada à redução da vazão do produto
(fluido quente) no período. Note que a máxima diferença de temperatura observada
entre os valores calculados e medidos é da ordem de 5°C. Nas simulações, não foram
consideradas as variações de propriedades termofísicas. Vale ressaltar que as
temperaturas medidas e calculadas mostram uma tendência similar, indicando que o
modelo utilizado para prever a incrustação é adequado.
Figura 13. Temperatura de saída do petróleo do trocador de calor TC-05.
200
210
220
230
240
250
260
out/98 jan/99 abr/99 jul/99 out/99 jan/00 abr/00 jul/00 out/00 jan/01
DATA
TEM
PER
ATU
RA
(°C
)
MEDIDO CALCULADO
64
Para o trocador de calor TC-06, a máxima diferença de temperatura observada
entre os valores calculados e medidos na corrente de petróleo (Figura 14) é de 4°C.
Mais uma vez, pode ser observada a mesma tendência das curvas e uma maior
proximidade entre elas.
Figura 14. Temperatura de saída do petróleo do trocador de calor TC-06.
Finalmente, comparou-se os valores calculados com os medidos para os quatro
trocadores de calor em conjunto. Neste caso, as vazões do petróleo e dos produtos, a
temperatura de entrada do petróleo no trocador TC-04 e as temperaturas de entrada
dos produtos em todos os trocadores são as condições de contorno. A Figura 15 mostra
a temperatura do petróleo na saída do trocador TC-07. Note que a máxima diferença de
temperatura observada entre os valores calculados e medidos é da ordem de 25°C.
Note que o efeito da evolução da resistência térmica da incrustação pode ser notado
tanto nos valores da simulação quanto nos obtidos experimentalmente.
200
210
220
230
240
250
out/98 jan/99 abr/99 jul/99 out/99 jan/00 abr/00 jul/00 out/00 jan/01
DATA
TEM
PER
ATU
RA
(°C
)
MEDIDO CALCULADO
65
Figura 15. Temperatura de saída do petróleo da rede de trocadores de calor.
5.2 Potencialidades do modelo
Com a simulação, pode-se prever a redução do desempenho térmico da rede de
trocadores de calor com o tempo devido à incrustação e, conseqüentemente, o
consumo extra com combustível queimado nos fornos. Além disso, a metodologia
permite avaliar o desempenho da rede quando da retirada de um ou mais trocadores de
calor para limpeza.
Um estudo de caso, considerando a rede da Figura 12, foi conduzido com o
objetivo de estimar a perda de desempenho da rede. As vazões do petróleo e do
produto, as temperaturas de entrada do petróleo no trocador TC-04 e dos produtos em
todos os trocadores foram consideradas constantes ao longo do tempo, bem como as
propriedades termofísicas. A rede inicia seu funcionamento com as resistências
térmicas da incrustação nulas para todos os trocadores de calor. A Figura 16 mostra a
evolução da temperatura do petróleo na saída da rede e a Figura 17, o calor trocado
pela rede ao longo de trinta meses. Entre o nono e o décimo segundo mês, o trocador
200
210
220
230
240
250
260
270
280
290
300
out/98 jan/99 abr/99 jul/99 out/99 jan/00 abr/00 jul/00 out/00 jan/01
DATA
TEM
PER
ATU
RA
(°C
)
MEDIDO CALCULADO
66
TC-06 é retirado da rede para ser efetuada a sua limpeza. Neste período, a rede opera
com os demais trocadores e com um by-pass na posição do trocador retirado. Após
este período, o trocador de calor TC-06 retorna totalmente limpo à rede. Ao final do
vigésimo primeiro mês, o trocador TC-07 é também retirado para limpeza. A rede opera
sem este trocador durante três meses, retornando totalmente limpo.
Figura 16. Temperatura de saída do petróleo da rede de trocadores de calor.
As Figuras 16 e 17 apresentam de forma evidente o efeito da incrustação na rede,
bem como, o efeito da retirada dos trocadores; a temperatura do petróleo diminui na
entrada dos fornos e a quantidade de calor trocada reduz, indicando que haverá um
maior consumo de combustível nos fornos para atingir a temperatura de destilação.
Além disso, observa-se que a limpeza de dois trocadores tem efeitos diferentes na rede.
Pode-se ver que a limpeza do trocador TC-07 teve um impacto maior na recuperação
do desempenho da rede. Apesar dos trocadores TC-06 e TC-07 apresentarem taxa de
incrustação similares, o segundo estava mais sujo que o primeiro no momento da
limpeza. Adicionalmente, o calor trocado pelo TC-07 é maior do que pelo TC-06,
indicando que a sua limpeza tem maior efeito na troca de calor total da rede.
200
205
210
215
220
225
230
235
240
245
250
255
260
1 3 5 7 9 11 13 15 17 19 21 23 25 27 29
PERÍODO (meses)
TEM
PER
ATU
RA
(°C
)
67
Figura 17. Calor trocado pelo petróleo na rede de trocadores de calor.
A diferença entre o calor trocado pela rede limpa e pela rede suja indica o quanto
a mais de calor deverá ser adicionado nos fornos. A integração desta diferença no
período analisado possibilita o cálculo das despesas adicionais de combustível nos
fornos. Portanto, a ferramenta apresentada possibilita identificar qual o período
apropriado para limpeza dos trocadores de maneira a minimizar esta integral.
Para a simulação da rede será utilizado um estudo de caso 1, com a rede da
Figura 12, em um período fixo de trinta e seis meses. O estudo de caso 2, que será
utilizado na otimização da limpeza dos trocadores, será detalhado no capítulo referente
à otimização.
0
2000
4000
6000
8000
10000
12000
14000
1 3 5 7 9 11 13 15 17 19 21 23 25 27 29
PERÍODO (meses)
CA
LOR
TR
OC
AD
O (k
W)
68
5.3 Resultados da simulação para o estudo de caso 1
Um período de trinta e seis meses é agora considerado para a rede da (Figura 12). No
início da simulação, a rede está com todos os trocadores limpos, ou seja, sem
incrustação.
Figura 18. Temperatura de saída do cru do trocador de calor TC-04.
Após trinta e seis meses de simulação, nota-se uma sensível redução na
temperatura de saída do cru de cada trocador. As Figuras 18, 19, 20 e 21 mostram esta
redução para os trocadores TC-04, TC-05, TC-06 e TC-07, respectivamente. Esta
simulação permite uma análise individual dos trocadores.
Os parâmetros geométricos dos trocadores, as propriedades termofísicas dos
fluidos, bem como as temperaturas e vazões dos produtos, são baseadas em valores
reais retirados do respectivo ramal (Figura 12) que faz parte da bateria de trocadores de
calor da REPAR.
187
188
189
190
191
192
0 4 8 12 16 20 24 28 32 36
DATA (meses)
TEM
PER
ATU
RA
(°C
)
69
Figura 19. Temperatura de saída do cru do trocador de calor TC-05.
Figura 20. Temperatura de saída do cru do trocador de calor TC-06.
205
208
211
214
217
220
0 4 8 12 16 20 24 28 32 36
DATA (meses)
TEM
PER
ATU
RA
(°C
)
216
220
224
228
232
236
0 4 8 12 16 20 24 28 32 36
DATA (meses)
TEM
PER
ATU
RA
(°C
)
70
Figura 21. Temperatura de saída do cru do trocador de calor TC-07.
A redução na temperatura de saída do cru dos trocadores é visivelmente
associada à incrustação. Pode-se notar que a redução é menor no primeiro trocador,
pois o índice de incrustação deste trocador evolui lentamente quando comparado aos
demais. A redução da temperatura na saída do TC-07 proporciona o aumento no
consumo de combustível queimado nos fornos. O aumento do consumo de combustível
a ser queimado nos fornos gera uma despesa adicional para a refinaria. Segundo Tonin
(2003) esta despesa adicional com combustível a ser queimado nos fornos (CAC) pode
ser escrita como:
[ ])t(QQ)CGC(86400CAC r,Sr,L −= [ ]dia/$US (45)
onde CGC é o custo unitário do combustível (US$/J), r,LQ é a quantidade de calor
trocado na rede limpa (W), )t(Q r,S é a quantidade de calor trocado pela rede em
operação (W) e o valor 86400 representa um dia em segundos.
227
232
237
242
247
252
257
0 4 8 12 16 20 24 28 32 36
DATA (meses)
TEM
PER
ATU
RA
(°C
)
71
Para o calculo da despesa extra considerou-se o custo unitário médio para
geração de calor de 2,85 x 10-9 US$/J, no período de Outubro de 1999 até Abril de 2001
(Tonin (2003)).
Os valores das despesas extras com combustível a ser queimado nos fornos
devido à evolução da incrustação, isoladamente em cada trocador, são apresentados
nas Figuras 22, 23, 24 e 25 para os trocadores de calor TC-04, TC-05, TC-06 e TC-07,
respectivamente.
Figura 22. Despesa extra com combustível a ser queimado nos fornos referente ao
trocador de calor TC-04.
Os valores da despesa extra mostrados nas Figuras 22 a 25 foram corrigidos e
transformados para valor presente a uma taxa de juros de 8% ao ano. Este valor foi
escolhido por representar uma média nacional de valorização do capital (Taxa de juros
média descontando os impostos - valores fornecidos pelo Banco Central do Brasil) no
período de desenvolvimento deste estudo.
0
500
1000
1500
2000
2500
3000
3500
4000
0 4 8 12 16 20 24 28 32 36
DATA (meses)
CU
STO
(US$
/mês
)
Custo extra Custo unitário de limpeza
72
As retas horizontais pontilhadas nas Figuras 22 a 25 representam o custo de
limpeza dos trocadores, no valor de US$ 3.500,00 (valores fornecidos pela REPAR)
Este é um valor médio que devido à complexidade da operação de limpeza com relação
à remoção do trocador da rede, não depende do nível de incrustação do trocador.
Figura 23. Despesa extra com combustível a ser queimado nos fornos referente ao
trocador de calor TC-05.
Mais uma vez pode-se notar que para o trocador de calor TC-04, que possui o
menor índice de incrustação, a despesa relacionada ao consumo extra de combustível
no trigésimo sexto mês, US$ 2.853,21, é bem menor que o valor correspondente ao
trocador de calor TC-05, US$ 7.088,48, que possui o maior índice de incrustação. Isso
não significa que o trocador TC-04 não deva ser limpo quando ocorrer a parada
programada para limpeza, visto que na prática estas paradas independem do nível de
incrustação dos trocadores de calor. Pois esta decisão não depende somente do estudo
do pré-aquecimento do cru.
0
1000
2000
3000
4000
5000
6000
7000
8000
0 4 8 12 16 20 24 28 32 36
DATA (meses)
CU
STO
(US$
/mês
)
Custo extra Custo unitário de limpeza
73
Figura 24. Despesa extra com combustível a ser queimado nos fornos referente ao
trocador de calor TC-06.
Figura 25. Despesa extra com combustível a ser queimado nos fornos referente ao
trocador de calor TC-07.
0
1000
2000
3000
4000
5000
6000
0 4 8 12 16 20 24 28 32 36
DATA (meses)
CU
STO
(US$
/mês
)
Custo extra Custo unitário de limpeza
0
1000
2000
3000
4000
5000
6000
7000
0 4 8 12 16 20 24 28 32 36
DATA (meses)
CU
STO
(US$
/mês
)
Custo extra Custo unitário de limpeza
74
A despesa extra com cada trocador forma a despesa extra da rede. A despesa
total da rede é apresentada na Figura 26. Esta despesa tem um aumento significativo
ao longo do período e mostra uma tendência de provável estabilização fora do período
dos trinta e seis meses. Pode-se notar que o valor de referência para o custo de
limpeza da rede apresentado nas Figura 26 e 27, agora se refere à somatória dos
quatro trocadores (US$ 14.000,00).
Figura 26. Despesa extra com combustível a ser queimado nos fornos referente à rede.
A despesa extra da rede apresentada na Figura 26 mostra um valor referente ao
consumo mensal. Ao final do período este valor é de US$ 21.438,11 Para a rede a
despesa acumulada em um período é obtida pela integração da curva da Figura 26. A
Figura 27 mostra a despesa adicional com combustível queimado nos fornos referente
à rede acumulada no período. Note que o custo de limpeza da rede é muito pequeno
quando comparado à despesa extra acumulada, Ao final do período a despesa extra
com combustível a ser queimado nos fornos é acumulada em US$ 480.275,39.
0
5000
10000
15000
20000
25000
0 4 8 12 16 20 24 28 32 36
DATA (meses)
CU
STO
(US$
/mês
)
Custo extra Custo de limpeza da rede
75
Figura 27. Despesa extra com combustível a ser queimado nos fornos referente à rede,
acumulada no período.
5.4 Período único de limpeza para a rede do estudo de caso 1
A partir das informações obtidas na simulação da rede sem parada para limpeza,
para o estudo de caso 1, pode-se determinar alguns critérios que terão influência direta
na escolha do período de parada de cada trocador.
A primeira verificação que deve ser feita é, qual o melhor período de parada para
cada trocador isoladamente? Esta análise pode ser feita se a simulação for para a rede
completa (Figura 12) e a parada para limpeza de apenas um dos trocadores de cada
vez. Vale lembrar que o trocador que sofrerá a limpeza é removido da rede, e os
demais trocadores funcionam normalmente no mês da limpeza. Isto sempre
proporcionará um custo extra de combustível a ser queimado nos fornos, durante o mês
da limpeza, pois a rede estará em funcionamento com um trocador a menos.
0
50000
100000
150000
200000
250000
300000
350000
400000
450000
500000
0 4 8 12 16 20 24 28 32 36
DATA (meses)
CU
STO
(US$
)
Custo extra acumulado Custo de limpeza da rede
76
O valor de referência para comparação do custo extra com combustível a ser
queimado nos fornos, referente à limpeza dos trocadores em períodos separados, é
US$ 480.275,39. Pois, este valor representa a operação da rede sem parada para
limpeza durante trinta e seis meses. Como o valor representado nos resultados gráficos
é para um período acumulado em trinta e seis meses, cada ponto do gráfico
corresponde ao funcionamento da rede em trinta e seis meses com a parada para
limpeza na respectiva data para cada ponto. Desta forma, é possível observar a
variação do custo extra com combustível. Por exemplo, o valor correspondente à data
de limpeza no mês 15, significa que a rede operou por trinta e seis meses e que o
trocador analisado foi limpo no décimo quinto mês. Assim, este valor corresponde à
despesa adicional com combustível da rede completa, incluindo a limpeza do trocador
analisado no décimo quinto mês. Os trocadores TC-05 e TC-07 são os que
proporcionam maior acréscimo financeiro com a queima de combustível extra nos
fornos. As Figuras 28 e 29 mostram o custo extra com combustível queimado nos
fornos referente à limpeza dos trocadores TC-05 e TC-07, respectivamente, ao longo de
36 meses possíveis para limpeza. O valor indicado no mês que corresponde à despesa
acumulada em trinta e seis meses sem parada alguma para limpeza.
Pode-se notar que a parada nos dois primeiros meses não proporciona um custo
acumulado menor que o valor de referência (mês zero). Isto ocorre devido ao custo de
parada para limpeza, que para esta análise é considerado apenas para um trocador.
Entretanto, fazendo a limpeza a partir do terceiro mês, nota-se que o custo total
acumulado no período fica cada vez menor. Para o trocador TC-05, o menor valor
acumulado nos trinta e seis meses é de US$ 446.246,44 e ocorre para limpeza no
décimo nono mês. Para o trocador de calor TC-07, o menor valor acumulado nos trinta
e seis meses é de US$ 397.283,53 e ocorre para limpeza no décimo oitavo mês.
77
Figura 28. Despesa extra acumulada com combustível queimado nos fornos da rede,
referente à limpeza do trocador de calor TC-05 ao longo de 36 meses.
Figura 29. Despesa extra acumulada com combustível queimado nos fornos da rede,
referente à limpeza do trocador de calor TC-07 em diferentes datas de limpeza.
430000
440000
450000
460000
470000
480000
490000
500000
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20
DATA DA LIMPEZA (meses)
CU
STO
(US$
)
Custo acumulado em 36 meses
300000
350000
400000
450000
500000
550000
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24
DATA DA LIMPEZA (meses)
CU
STO
(US$
)
Custo acumulado em 36 meses
78
A análise das Figuras 28 e 29 mostra, também, a diferente influência que cada
trocador exerce sobre o custo total acumulado da rede. Mesmo a taxa de incrustação
do trocador TC-05 sendo maior que o do trocador TC-07, a maior troca de calor do
segundo faz com que a limpeza isolada do trocador TC-07 reduza mais a despesa extra
com combustível queimado nos fornos da rede.
A segunda verificação que deve ser feita é, se ocorrer a limpeza de um destes
trocadores em sua melhor data para limpeza, a melhor data para limpeza de um outro
trocador sofrerá alteração? Esta análise pode ser feita pela avaliação das despesas da
rede com a limpeza do trocador de calor TC-05 no décimo oitavo mês, e a verificação
do melhor período de limpeza para o trocador TC-07.
A Figura 30 mostra a despesa extra com combustível a ser queimado nos fornos,
acumulada no período, referente à rede, para diferentes datas de limpeza do trocador
TC-07, dado que o trocador TC-05 foi limpo no décimo oitavo mês. Note que a escala
para a data da limpeza é menor agora, pois se a análise é feita para a melhor data de
limpeza do trocador TC-07, sendo que o trocador TC-05 foi limpo primeiro, e no décimo
oitavo mês, não faz sentido analisar os meses anteriores ao décimo oitavo.
Inicialmente, o trocador de calor TC-07 tinha a melhor data no décimo oitavo
mês. Entretanto a retirada dos dois trocadores no mesmo mês (décimo oitavo) acarreta
em uma despesa extra com combustível a ser queimado nos fornos muito alta, devido à
ausência destes trocadores. Assim, percebe-se uma pequena alteração na melhor data
de limpeza do trocador de calor TC-07, visto que esta ocorre no décimo nono mês e
corresponde a um valor acumulado nos trinta e seis meses de US$ 367,392.84.
79
Figura 30. Despesa extra acumulada com combustível queimado nos fornos acumulado
da rede em diferentes datas de limpeza do trocador de calor TC-07, dado que o
trocador de calor TC-05 foi limpo no décimo oitavo mês.
Para otimizar o período de limpeza da rede no estudo de caso 1 (Figura 12),
deve-se acrescentar os trocadores de calor TC-04 e TC-06 na análise dos resultados da
simulação da rede. Agora, a análise será feita considerando que as paradas de limpeza
ocorrem em datas programadas, isso significa que todos os trocadores serão limpos na
mesma data. Esta situação está sendo analisada para aproximar o estudo da realidade
das refinarias. Pois, nas refinarias, os trocadores são limpos em paradas programadas
que não dependem somente do estudo do pré-aquecimento do cru. Desta forma, o
objetivo é concluir se o trocador de calor deve ou não ser limpo na data escolhida.
A Figura 31 mostra a despesa extra com combustível a ser queimado nos fornos
referente à rede, em cada mês, dentro dos trinta e seis meses, considerando a limpeza
dos trocadores de calor TC-05 e TC-07 no décimo oitavo mês. Esta data foi escolhida
devido à análise realizada para os trocadores separadamente.
350000
355000
360000
365000
370000
375000
380000
385000
390000
18 19 20 21 22 23 24 25 26
DATA DA LIMPEZA (meses)
CU
STO
(US$
)
Custo acumulado em 36 meses
80
Figura 31. Despesa extra com combustível a ser queimado nos fornos referente à rede,
considerando a limpeza dos trocadores de calor TC-05 e TC-07 no décimo oitavo mês.
Nota-se um acréscimo da despesa no décimo oitavo mês, pois a rede opera com
50% do seu número total de trocadores e menos de 50% de sua capacidade, já que os
trocadores que foram retirados para limpeza são responsáveis por uma troca da calor
mais significativa.
Quando foram retirados para limpeza, ao final do décimo sétimo mês, a despesa
extra era de US$ 13.623,56 ao mês. Ao retornarem para operação, no décimo nono
mês, a despesa extra reduziu para US$ 4.898,74 ao mês. Os valores da despesa extra
foram corrigidos e transformados em valor presente a uma taxa de juro de 8% ao ano.
Na Figura 31, o valor representado no eixo das ordenadas cresce a cada mês, e
que neste momento ainda não pode ser prevista uma estabilização deste valor, por se
estar trabalhando com um período relativamente curto.
A Figura 32 mostra a despesa extra acumulada com combustível a ser queimado
nos fornos referente à rede, considerando a limpeza dos trocadores de calor TC-05 e
TC-07 no décimo oitavo mês.
0
5000
10000
15000
20000
25000
30000
35000
40000
45000
50000
0 4 8 12 16 20 24 28 32 36
DATA (meses)
CU
STO
(US$
/mês
)
Custo extra
81
Nota-se, mais uma vez, que ocorre um acréscimo de consumo no mês em que os
dois trocadores não operam. Entretanto, mesmo com esta condição, ao final do período
de trinta e seis meses a despesa total acumulada é de US$ 372.129,17. Este valor
representa aproximadamente 77,5% do valor de referência que foi adotado para a rede
sem limpeza no período.
Figura 32. Despesa extra acumulada com combustível a ser queimado nos fornos
referente à rede, considerando a limpeza dos trocadores de calor TC-05 e TC-07 no
décimo oitavo mês.
Vale ressaltar que a Figura 31 representa a despesa mensal em trinta e seis
meses e a Figura 32, indica a despesa acumulada a cada mês no período de trinta e
seis meses.
A limpeza do trocador de calor TC-06 foi considerado na mesma data que os
demais, no décimo oitavo mês.
A Figura 33 mostra a despesa extra com combustível a ser queimado nos fornos
referente à rede, em cada mês, dentro dos trinta e seis meses, considerando a limpeza
dos trocadores de calor TC-05, TC-06 e TC-07 no décimo oitavo mês.
0
50000
100000
150000
200000
250000
300000
350000
400000
0 4 8 12 16 20 24 28 32 36
DATA (meses)
CU
STO
(US$
)
Custo extra acumulado
82
Figura 33. Despesa extra com combustível a ser queimado nos fornos referente à rede,
considerando a limpeza dos trocadores de calor TC-05, TC-06 e TC-07 no décimo
oitavo mês.
Nota-se que o acréscimo da despesa no décimo oitavo mês teve um aumento
significativo quando comparado ao mesmo mês na Figura 26, visto que, agora se tem
mais um trocador fora de operação neste mês. Quando foram retirados para limpeza,
ao final do décimo sétimo mês, a despesa extra estava em US$ 13.623,56 ao mês. Ao
retornarem para operação, no décimo nono mês, a despesa extra foi reduzida para US$
1.483,02 ao mês. Este valor residual com combustível extra a ser queimado nos fornos,
devido à incrustação, é referente ao trocador de calor TC-04 que não foi limpo.
A Figura 34 mostra a despesa extra acumulada com combustível a ser queimado
nos fornos referente à rede, considerando a limpeza dos trocadores de calor TC-05,
TC-06 e TC-07 no décimo oitavo mês.
0
10000
20000
30000
40000
50000
60000
70000
0 4 8 12 16 20 24 28 32 36DATA (meses)
CU
STO
(US$
/mês
)
Custo extra
83
Figura 34. Despesa extra acumulada com combustível a ser queimado nos fornos
referente à rede, considerando a limpeza dos trocadores de calor TC-05, TC-06 e TC-
07 no décimo oitavo mês.
Mesmo com a retirada para limpeza dos três trocadores de calor, e desta forma
fazendo com que a rede operasse apenas com o trocador TC-01 por um mês, o
resultado final do custo extra acumulado nos trinta e seis meses foi de US$ 340.476,32,
o que representa aproximadamente 70,9% do valor para operação da rede sem limpeza
no mesmo período.
A última condição a ser analisada é referente à limpeza dos quatro trocadores de
calor ao mesmo tempo (TC-04, TC-05, TC-06 e TC-07). Durante a parada considera-se
que a rede (Figura 12) opera com o aquecimento do cru apenas nos fornos. Significa
que ao retirar os quatro trocadores ao mesmo tempo para limpeza, no décimo oitavo
mês, todo acréscimo de temperatura do petróleo será dado pelo combustível queimado
nos fornos.
A Figura 35 mostra o custo extra com combustível a ser queimado nos fornos
referente à rede, em cada mês, dentro do período, para limpeza dos trocadores de calor
TC-04, TC-05, TC-06 e TC-07 no décimo oitavo mês.
0
50000
100000
150000
200000
250000
300000
350000
400000
0 4 8 12 16 20 24 28 32 36
DATA (meses)
CU
STO
(US$
)
Custo extra acumulado
84
Figura 35. Despesa extra com combustível a ser queimado nos fornos referente à rede,
considerando a limpeza dos trocadores de calor TC-04, TC-05, TC-06 e TC-07 no
décimo oitavo mês.
Nota-se que ao retornar à operação, no décimo nono mês, à rede está totalmente
limpa. Isto significa dizer que a despesa extra no início do décimo nono mês é zero. A
partir do vigésimo mês, verifica-se a evolução da incrustação como havia ocorrido nos
primeiros meses de operação, até atingir a mesma condição de incrustação, do décimo
oitavo mês, no trigésimo sexto mês. Vale ressaltar que o valor gasto com combustível,
referente à limpeza no décimo oitavo mês, que é de aproximadamente US$ 100.000,00,
não inclui o custo de limpeza dos quatro trocadores, que é de US$ 14.000,00.
A Figura 36 mostra a despesa extra acumulada com combustível a ser queimado
nos fornos referente à rede, considerando a limpeza dos trocadores de calor TC-04, TC-
05, TC-06 e TC-07 no décimo oitavo mês.
Com a retirada de todos os trocadores da rede para limpeza por um mês, os
gastos com combustível queimado nos fornos neste mês aumentam significativamente.
A comparação dos valores das Figuras 32, 34 e 36 no trigésimo sexto mês, mostra a
necessidade de limpeza ou não dos trocadores de calor no décimo oitavo mês.
0
20000
40000
60000
80000
100000
120000
0 4 8 12 16 20 24 28 32 36
DATA (meses)
CU
STO
(US$
/mês
)
Custo extra
85
Figura 36. Despesa extra acumulada com combustível a ser queimado nos fornos
referente à rede, considerando a limpeza dos trocadores de calor TC-04, TC-05, TC-06
e TC-07 no décimo oitavo mês.
Na Figura 36 pode-se notar que o valor do custo acumulado no período
analisado (US$ 365.569,45) é menor que o valor de referência para operação da rede,
nos trinta e seis meses, sem limpeza (US$ 480.275,39). Entretanto, o valor obtido, para
o custo extra acumulado para a rede, pela limpeza dos quatro trocadores ao mesmo
tempo, no décimo oitavo mês, não é menor que o valor acumulado no mesmo período
para limpeza apenas dos trocadores de calor TC05, TC-06 e TC-07, obtido na Figura 29
(US$ 340.476,32). Isto significa dizer que, o trocador de calor TC-04 não deve ser limpo
junto com os demais, se a destilação não puder ser interrompida no período.
0
50000
100000
150000
200000
250000
300000
350000
400000
0 4 8 12 16 20 24 28 32 36
DATA (meses)
CU
STO
(US$
)
Custo extra acumulado
86
6 Otimização
6.1 Função objetivo
Segundo Smaïli et al. (2001), a otimização do período de limpeza de redes de
trocadores de calor depende de três fatores: a simulação do desempenho da rede, o
modelo de representação do comportamento da incrustação e o método para
planejamento da otimização.
A função objetivo para o estudo em questão é apresentada na forma:
[ ] dt)t(CTP)t(CAC CTt
0 ⋅+= ∫ (46)
onde CT representa o custo total, CAC a despesa adicional com combustível a ser
queimado nos fornos e CTP o custo total de parada para limpeza. A integral de zero a t
representa um período completo de operação e limpeza. Este período é estipulado
pelas refinarias e é dependente de fatores estratégicos para cada refinaria. Fatores
econômicos e operacionais são importantes na escolha deste período que para o caso
das refinarias brasileiras fica em torno de dois a três anos.
Na prática, o custo total de limpeza terá seu valor constante e independente do
tempo de utilização do trocador. A princípio este valor seria diretamente proporcional à
quantidade de incrustação. Entretanto, a complexidade da operação de limpeza de
trocadores faz com que o tempo de parada para limpeza seja praticamente o mesmo
para trocadores com muita ou pouca incrustação. Isto significa que o custo total de
limpeza, que é o somatório de vários custos, é aproximadamente constante e não sofre
influência do tempo de utilização do trocador considerando o valor presente do dinheiro.
Entretanto, o valor presente deste custo será tanto menor quanto maior o tempo de
operação entre as paradas. Além disso, para que se possa considerar este valor
constante, deve-se ter sempre o mesmo tempo para ausência do trocador na rede.
87
Conclui-se então que quanto maior o período de utilização entre cada parada
menor será a influência deste custo sobre o custo total. Desta forma a equação (46)
pode ser escrita como:
= ⋅ +∫ t
0CT CAC(t) dt CTP(t) (47)
A despesa adicional com combustível a ser queimado nos fornos (CAC) é a
mesma descrita na equação (45).
O estudo referente à influência dos CTP e CAC sobre o CT é fundamental para
determinar o período ótimo de limpeza dos trocadores.
6.2 Método de otimização
O método utilizado para procura da melhor data para limpeza dos trocadores,
dentro dos diferentes períodos estipulados, foi o Método Dicotômico (Stoecker, 1989).
Esta melhor data resultará na otimização (minimização) do CT (equação (47)).
O método consiste em buscar a melhor localização de dois pontos, dentro do
intervalo de incerteza, que permitam eliminar a maior região possível. Desta forma, o
método mostra que a escolha dos dois pontos, que formam o intervalo a ser analisado,
mais próximo do centro possível, resultará na eliminação da metade do intervalo
original. Além disso, esse método é para procura de um ponto ótimo de uma função
unimodal, ou seja, que só tenha um ponto ou valor ótimo no intervalo de interesse.
Para um intervalo de otimização de 60 meses a busca do menor valor de custo
poderá ser feita da seguinte forma:
1. Escolher dois meses consecutivos mais próximos do centro (ex.: 29 e 30);
2. Verificar qual o valor do custo total é maior para estes dois meses. Se for para
o mês 30, o intervalo acima de 30 deve ser eliminado;
88
3. Os dois próximos meses a serem escolhidos devem estar no centro do novo
intervalo de interesse (ex.: 15 e 16);
4. Verificar qual dos dois valores de custo total é maior para os dois meses. Se
for para o mês 15, o intervalo abaixo de 15 deve ser eliminado;
5. Escolher novamente dois meses no centro do novo intervalo até que o
intervalo seja formado por um único mês.
6.3 Estudo de caso 2
A rede com quatro trocadores de calor foi utilizada, principalmente, para
verificação do modelo e para simulação que buscava maiores informações sobre o
comportamento individual dos trocadores. Para verificação do período ótimo de limpeza,
neste segundo momento, foi empregada uma rede de trocadores de calor com um
maior número de trocadores de calor. Assim a nova rede (Figura 37) terá sete
trocadores de calor que estarão funcionando em série.
Figura 37. Rede de trocadores de calor considerados na otimização.
Todos os trocadores são do tipo casco-tubo. Eles têm tamanhos diferentes e
operam com fluidos diferentes. Em um dos lados do trocador, casco ou tubos, passa o
cru que vem dos tanques e vai em direção ao forno. Do outro lado passam os produtos
quentes que vêm da torre de destilação e devem ser resfriados. Nos primeiros três
trocadores (TC-01, TC-02 e TC-03), o cru passa no casco e os produtos passam nos
tubos. Nos quatro últimos (TC-04, TC-05, TC-06 e TC-07), o cru passa nos tubos e os
89
produtos passam no casco. A Tabela 1 mostra os produtos, a área de troca térmica e a
resistência térmica da incrustação de projeto para os trocadores de calor da rede
analisada.
Tabela 1. Produtos, área de troca térmica e resistência térmica da incrustação de
projeto para os trocadores de calor da rede analisada.
Inicialmente, a rede (Figura 37) foi simulada em vários períodos, para a obtenção
das melhores datas de limpezas para cada trocador. A Figura 38 mostra as melhores
datas de limpeza, para uma parada no período analisado, de 24, 36, 48, 60 e 72 meses.
Nota-se que, com uma parada para limpeza, as datas de limpeza dos trocadores
tendem a ficar na metade do intervalo. Pequenas diferenças nestas datas são
decorrentes do nível de incrustação e da capacidade dos trocadores. Para um período
menor (24 meses) o trocador de calor TC-04 apresenta a melhor data de limpeza
anterior aos demais. O que não ocorre para períodos maiores (72 meses). Desta forma,
nota-se uma tendência de período ótimo de limpeza no meio do intervalo analisado,
independente do tamanho ou do nível de incrustação do trocador de calor.
Os valores do custo de operação são referentes ao custo adicional com
combustível queimado nos fornos, considerando a rede completa. Os valores dos
custos de operação dependem do nível de incrustação e da área do trocador. Os
menores valores são referentes aos trocadores com maior área e maiores níveis de
incrustação (TC-07 e TC-06). Desta forma conclui-se que trocadores maiores e mais
incrustados têm maior influencia no custo adicional com combustível queimado nos
fornos.
TROCADOR PRODUTOS ÁREA DE TROCA TÉRMICA (m²) Rtf=Rtp*IF(K/W)TC-01 Nafta Pesada 399 2,27E-07TC-02 Diesel Leve 119 2,39E-07TC-03 Gasóleo Pesado 276 8,37E-08TC-04 Diesel Leve 230 7,19E-08TC-05 Diesel Pesado 378 7,08E-07TC-06 Gasóleo Pesado 321 7,00E-07TC-07 Resíduo de Vácuo 455 7,12E-07
90
Figura 38. Data ótima de limpeza dos trocadores de calor para a parada de um trocador
de cada vez
PERÍODODE 24 MESES
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24TC-01 185.255,92TC-02 187.067,62TC-03 192.197,31TC-04 197.449,56TC-05 183.444,89TC-06 176.800,62TC-07 158.054,02
PERÍODODE 36 MESES
6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27 28 29TC-01 368.362,34TC-02 376.745,53TC-03 378.959,03TC-04 389.811,94TC-05 363.100,50TC-06 355.340,88TC-07 317.186,94
PERÍODODE 48 MESES
12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27 28 29 30 31 32 33 34 35TC-01 591.440,69TC-02 607.091,94TC-03 605.640,88TC-04 623.867,62TC-05 582.889,56TC-06 574.969,94TC-07 518.940,00
PERÍODODE 60 MESES
18 19 20 21 22 23 24 25 26 27 28 29 30 31 32 33 34 35 36 37 38 39 40 41TC-01 842.975,19TC-02 866.764,56TC-03 860.227,06TC-04 887.241,06TC-05 832.080,44TC-06 824.703,88TC-07 753.008,31
PERÍODODE 72 MESES
24 25 26 27 28 29 30 31 32 33 34 35 36 37 38 39 40 41 42 43 44 45 46 47TC-01 1.114.152,12TC-02 1.146.456,12TC-03 1.133.527,75TC-04 1.179.209,62TC-05 1.102.218,25TC-06 1.095.884,00TC-07 1.010.781,38
Parada para limpeza
MESES CUSTO DE OPERAÇÃO (US$)
MESES CUSTO DE OPERAÇÃO (US$)
MESES CUSTO DE OPERAÇÃO (US$)
MESES CUSTO DE OPERAÇÃO (US$)
MESES CUSTO DE OPERAÇÃO (US$)
91
Mesmo que as datas de limpeza sejam próximas, pois os períodos analisados são
os mesmos para todos os trocadores da rede, os custos são diferentes para cada
trocador. O período ótimo do trocador de calor TC-04 é anterior ao do trocador de calor
TC-07. Entretanto, para 24 meses a diferença entre o custo de operação é de
aproximadamente 25%. Assim, mesmo a limpeza do trocador TC-07 sendo feita quatro
meses após a do trocador TC-04, o custo de operação da rede será menor, para
limpeza do trocador TC-07 comparada à limpeza do trocador TC-04. Quando o período
analisado é maior (72 meses) o período ótimo de limpeza destes dois trocadores é
praticamente o mesmo, tendo apenas um mês de diferença, e a diferença no custo
operacional cai para aproximadamente 16%.
Para a comparação entre uma ou duas paradas para limpeza, os trocadores
foram simulados para os mesmos períodos de operação. O objetivo é analisar qual
destas duas situações produz um mínimo custo operacional.
Os valores de custo de operação são referentes ao consumo adicional de
combustível queimados nos fornos para a rede, sem acrescentar o custo unitário para
limpeza de cada trocador (US$ 3.500,00). Este valor deve ser acrescentado ao custo de
operação referente a duas paradas para limpeza, para efeito de comparação com o
custo referente a uma parada.
A Figura 39 mostra os resultados da simulação da rede para duas paradas para
limpeza dos trocadores de calor TC-01, TC-03 e TC-06, referente aos períodos de 24,
36, 48, 60 e 72 meses. Novamente pode ser notado que as melhores datas de limpeza
para cada trocador acontecem de modo a dividir os períodos analisados em partes
iguais. Ou seja, o período ótimo de limpeza para duas paradas se distribui de maneira
uniforme ao longo do período analisado. Isso só não fica muito claro quando o período
é pequeno (24 meses).
6.3.1 Duas paradas para limpeza
92
Figura 39. Datas ótimas de limpeza dos trocadores de calor para duas paradas.
O custo de operação em um período de vinte e quatro meses não apresenta
diferença significativa entre uma ou duas paradas. Pois, se for acrescentado o custo
unitário para limpeza de cada trocador (US$ 3.500,00), nenhum deles resulta em um
custo menor para duas paradas. Entretanto, a partir de um período de 48 meses ocorre
uma redução no custo de operação para os trocadores de calor TC-01 e TC-06. Sendo
que para um período de 72 meses esta redução pode chegar a 4% para o trocador de
calor TC-06. Lembra-se que este valor de 4 % é relativo a um valor superior a um
PERÍODODE 24 MESES
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24TC-01 188.485,64TC-03 199.710,64TC-06 175.275,88
PERÍODODE 36 MESES
6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27 28 29 30 31 32 33 34 35TC-01 367.198,72TC-03 384.163,94TC-06 346.201,88
PERÍODODE 48 MESES
12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27 28 29 30 31 32 33 34 35 36 37 38 39 40 41TC-01 583.672,69TC-03 606.546,75TC-06 555.697,44
PERÍODODE 60 MESES
18 19 20 21 22 23 24 25 26 27 28 29 30 31 32 33 34 35 36 37 38 39 40 41 42 43 44 45 46 47TC-01 826.676,69TC-03 855.026,06TC-06 793.511,38
PERÍODODE 72 MESES
22 23 24 25 26 27 28 29 30 31 32 33 34 35 36 37 38 39 40 41 42 43 44 45 46 47 48 49 50 51TC-01 1.087.749,75TC-03 1.120.625,00TC-06 1.051.635,12
Parada para limpeza
MESES CUSTO DE OPERAÇÃO (US$)
MESES CUSTO DE OPERAÇÃO (US$)
MESES CUSTO DE OPERAÇÃO (US$)
MESES CUSTO DE OPERAÇÃO (US$)
MESES CUSTO DE OPERAÇÃO (US$)
93
milhão de dólares, em seis anos, correspondente apenas a limpeza de um dos
trocadores de calor, em uma bateria que pode ter mais de cinqüenta trocadores. Por
esta razão, esta redução não pode ser desprezada.
No Capítulo 3 foi apresentada uma metodologia mostrando que a resistência
térmica da incrustação e o índice de incrustação apresentam comportamentos
similares. Uma vez que a avaliação do índice de incrustação é mais simples do que a
determinação da resistência térmica da incrustação, o índice de incrustação pode ser
usado para inferir a resistência térmica da incrustação, através da multiplicação desta
variável pela resistência térmica da incrustação estabelecida em projeto (equação (29)).
Mesmo existindo uma forte relação entre a resistência térmica da incrustação e o
índice de incrustação, há diferença entre os valores. Desta forma, se faz necessário
uma simulação de operação da rede para verificação da influência do índice de
incrustação nos períodos ótimos de limpeza e nos valores do custo adicional com
combustível queimados nos fornos.
Os resultados apresentados no Capítulo 3, no qual se propõe o cálculo da
resistência térmica da incrustação através do índice de incrustação, são para os
trocadores de calor TC-01, TC-03 e TC-06. Estes trocadores têm exatamente as
mesmas configurações e operação nas mesmas condições dos respectivos trocadores,
TC-01, TC-03 e TC-06, da rede utilizada para o estudo de caso 2. A Figura 40 mostra
os resultados da simulação da rede com uma parada para limpeza de cada trocador de
calor. Para este estudo foram alterados os valores do índice de incrustação dos
trocadores TC-01, TC-03 e TC-06 em +20%, +20% e –20%, respectivamente.
Nota-se que o período ótimo de limpeza permanece o mesmo para os trocadores
de calor TC-01 e TC-06, quando o período analisado é de 24 meses. Somente o
trocador de calor TC-03 muda seu período ótimo de limpeza do décimo para o décimo
primeiro mês. A máxima variação do custo de operação para 24 meses é verificada
para o trocador TC-06, que tem o custo reduzido em aproximadamente 1,76%.
6.3.2 Influência do índice de incrustação (IF) no período ótimo de limpeza
94
Figura 40. Período ótimo de limpeza dos trocadores de calor para uma parada com
influência da variação do índice de incrustação .
Quando o período analisado é de 72 meses, a máxima variação no período ótimo
de limpeza é de um mês para os trocadores de calor TC-03 e TC-06. E a máxima
variação do custo de operação é, novamente, para o trocador de calor TC-06, que
reduz o custo em aproximadamente 2,4%. Pode-se notar que as variações dos
PERÍODODE 24 MESES
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24TC-01 187.146,28TC-03 193.519,62TC-06 173.511,27
PERÍODODE 36 MESES
6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27 28 29TC-01 372.843,50TC-03 382.178,72TC-06 347.978,88
PERÍODODE 48 MESES
12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27 28 29 30 31 32 33 34 35TC-01 599.480,12TC-03 611.622,25TC-06 562.350,12
PERÍODODE 60 MESES
18 19 20 21 22 23 24 25 26 27 28 29 30 31 32 33 34 35 36 37 38 39 40 41TC-01 855.418,75TC-03 869.803,88TC-06 805.978,25
PERÍODODE 72 MESES
24 25 26 27 28 29 30 31 32 33 34 35 36 37 38 39 40 41 42 43 44 45 46 47TC-01 1.131.650,50TC-03 1.147.410,75TC-06 1.070.563,75
Parada para limpeza
MESES CUSTO DE OPERAÇÃO (US$)
MESES CUSTO DE OPERAÇÃO (US$)
MESES CUSTO DE OPERAÇÃO (US$)
MESES CUSTO DE OPERAÇÃO (US$)
MESES CUSTO DE OPERAÇÃO (US$)
95
períodos ótimos de limpeza não são significativas com a variação do índice de
incrustação. A variação do custo de operação com a variação do índice de incrustação
pode ser considerada significativa, já que os valores para 72 meses de operação da
rede são superiores a 1 milhão de dólares. Entretanto, estes valores são pequenos
quando comparados à variação do índice de incrustação. Pode-se notar também, que
aumentando o do índice de incrustação, aumenta-se o custo de operação (trocadores
TC-01 e TC-03), e a redução diminui o custo de operação (trocador TC-06).
Cada trocador de calor tem um período ótimo de limpeza quando analisado
separadamente. Cada simulação de período (24, 36, 48, 60 ou 72 meses) foi feita com
a retirada de um trocador de cada vez, e isso resultou no período ótimo de limpeza para
cada trocador em diferentes períodos analisados (Figura 37).
A análise proposta agora é para verificação do comportamento do período ótimo
de limpeza de um dos trocadores de calor da rede, se os demais trocadores forem
limpos em seus respectivos períodos ótimos de limpeza. Assim, para esta análise foi
estabelecido que todos os trocadores de calor da rede (TC-01, TC-02, TC-03, TC04,
TC06 e TC-07) serão limpos em seus respectivos períodos ótimos, com exceção do
trocador de calor TC-05, que será simulado para determinação do novo período ótimo
de limpeza.
A Figura 41 mostra a otimização do período ótimo de limpeza do trocador de calor
TC-05, para uma parada, dado que os demais trocadores foram limpos em seus
respectivos períodos ótimos.
6.3.3 Influência do período ótimo de limpeza dos trocadores de calor no período ótimo de limpeza de um trocador de calor da rede
96
Figura 41. Período ótimo de limpeza do trocador de calor TC-05, para uma parada,
dado que os demais trocadores foram limpos em seus respectivos períodos ótimos.
Para 24 meses, nota-se uma variação de dois meses no período ótimo de limpeza
do trocador de calor TC-05. Esta variação pode ser observada pela comparação dos
resultados das simulações apresentadas nas Figuras 37 e 41. Este valor tende a
aumentar com períodos maiores, já que para 72 meses de simulação a diferença é de
quatro meses, visto que o período ótimo de limpeza passa do trigésimo sexto mês para
o quadragésimo mês.
A variação no período ótimo de limpeza é significativa. Entretanto, a variação no
custo de operação é substancial. Pois, já na simulação para 24 meses, este valor,
referente à operação da rede, com uma parada para limpeza dos trocadores, passa de
US$ 183.444,89 para US$ 155.725,69. Isso é compreendido quando se lembra que
PERÍODODE 24 MESES
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24TC-05 155.725,69
PERÍODODE 36 MESES
6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27 28 29TC-05 265.848,88
PERÍODODE 48 MESES
12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27 28 29 30 31 32 33 34 35TC-05 397.797,47
PERÍODODE 60 MESES
18 19 20 21 22 23 24 25 26 27 28 29 30 31 32 33 34 35 36 37 38 39 40 41TC-05 562.912,06
PERÍODODE 72 MESES
24 25 26 27 28 29 30 31 32 33 34 35 36 37 38 39 40 41 42 43 44 45 46 47TC-05 724.048,38
Parada para limpeza
MESES CUSTO DE OPERAÇÃO (US$)
MESES CUSTO DE OPERAÇÃO (US$)
MESES CUSTO DE OPERAÇÃO (US$)
MESES CUSTO DE OPERAÇÃO (US$)
MESES CUSTO DE OPERAÇÃO (US$)
97
para o primeiro estudo somente o trocador de calor TC-05 foi limpo em seu respectivo
período ótimo de limpeza. Para o segundo estudo todos os trocadores foram limpos em
seus respectivos períodos ótimos de limpeza, e o trocador TC-05 foi limpo em seu novo
período ótimo de limpeza. Esta diferença só não é maior pois, quando um trocador de
calor é retirado para limpeza, a rede opera normalmente, visto que este trocador recebe
um by-pass. Isso implica em um consumo maior com combustível queimado nos fornos
referente à retirada deste trocador para limpeza.
Para 72 meses o valor do custo de operação passa de US$ 1.102.218,25 para
US$ 724.048,38. Isso representa uma economia de aproximadamente 35%, e deve ser
lembrado que este é apenas um ramal da bateria de trocadores de calor que contêm
15% do número total de trocadores. Desta forma, este estudo mostra que se for
possível esta técnica de limpeza, sem parar a operação da rede, há uma economia
muito grande no consumo de combustível queimado nos fornos para adequação da
temperatura de processo.
98
7 Conclusão
O estudo da resistência térmica da incrustação se justifica pela tentativa de evitar
ou minimizar o problema, quantificar as perdas ocasionadas pelos seus efeitos e
determinar o período adequado para limpeza dos equipamentos. Por exemplo, o
monitoramento do desempenho térmico de trocadores de calor possibilita quantificar as
perdas de energia relacionadas com a incrustação e identificar o período apropriado
para limpeza.
A metodologia para simulação de redes de trocadores de calor sujeitas ao
processo de incrustação, empregando o conceito de efetividade do trocador de calor no
cálculo das temperaturas, e fazendo comparações com valores experimentais de
temperatura de trocadores de uma rede de pré-aquecimento, mostra uma boa
concordância e indica que a metodologia é promissora.
Uma metodologia para monitoramento de trocadores de calor foi estudada. Ao
aplicar esta metodologia a uma bateria de pré-aquecimento do cru de uma refinaria,
identificou-se que o índice de incrustação apresentava comportamento muito parecido
com o crescimento da resistência térmica da incrustação dos trocadores de calor. Desta
forma, a resistência térmica da incrustação pode ser estimada a partir do índice de
incrustação através de uma simples relação linear. A correlação entre estas variáveis é
boa e cresce para altos índices de incrustação.
A simplicidade para a obtenção do índice de incrustação justifica a utilização da
metodologia proposta. Cabe ressaltar que não há necessidade de cálculo das
propriedades térmofísicas para o petróleo, uma vez que estas mudam diariamente.
Apenas as temperaturas de entrada e saída do trocador bem como a vazão de uma das
correntes de fluidos devem estar disponíveis durante o monitoramento. Assim sendo,
pode-se facilmente inferir o valor da resistência térmica da incrustação para qualquer
instante do monitoramento. Com isto, pode-se antecipar a ocorrência da incrustação,
prever as despesas associadas e portanto programar a limpeza do trocador de calor.
Com a simulação, pode-se prever a redução do desempenho térmico da rede de
trocadores de calor com o tempo devido à incrustação e, conseqüentemente, o
99
consumo extra com combustível queimado nos fornos. Além disso, a metodologia
permite avaliar o desempenho da rede quando da retirada de um ou mais trocadores de
calor para limpeza.
A otimização do período de limpeza de trocadores de calor permite apontar quais
trocadores de calor estão suficientemente incrustados, a ponto de necessitarem de
parada para limpeza, pois estão contribuindo para um consumo extra de combustíveis
queimados no forno de aquecimento do petróleo.
Quando há a possibilidade de parada para limpeza de alguns trocadores de calor,
sem interromper o processo de destilação (questões de construção da rede de pré-
aquecimento), pode-se identificar as diferentes datas ótimas para limpeza de cada
trocador, através da otimização empregada.
Se a limpeza for apenas em paradas programadas, é possível, através da
otimização do período de limpeza dos trocadores de calor, identificar quais trocadores
não necessitam ser limpos e sugerir datas de limpezas, que proporcionem uma
economia operacional do processo de limpeza para refinaria, visto que este é demorado
e oneroso.
Por fim, verificou-se, dentro da otimização do período de limpeza de trocadores de
calor, a variação deste período para um trocador, em relação à variação do número de
paradas, à variação do índice de incrustação e à variação dos períodos de paradas de
outros trocadores.
7.1 Recomendações para trabalhos futuros
Recomenda-se a realização de novos trabalhos que proporcionem simulação e
otimização de redes de trocadores de calor com maiores números de ramais, e que
permitam a otimização da rede completa.
100
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