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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE FACULDADE DE FARMÁCIA PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS FARMACÊUTICAS OTIMIZAÇÃO DE SOLUÇÃO EXTRATIVA E DESENVOLVIMENTO TECNOLÓGICO DE PRODUTO SECO POR ASPERSÃO DE Psidium guajava L. MARCEL DA SILVA FERREIRA NATAL, 2009

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE

FACULDADE DE FARMÁCIA PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS FARMACÊUTICAS

OTIMIZAÇÃO DE SOLUÇÃO EXTRATIVA E DESENVOLVIMENTO TECNOLÓGICO DE

PRODUTO SECO POR ASPERSÃO DE Psidium guajava L.

MARCEL DA SILVA FERREIRA

NATAL, 2009

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE

FACULDADE DE FARMÁCIA PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS FARMACÊUTICAS

OTIMIZAÇÃO DE SOLUÇÃO EXTRATIVA E DESENVOLVIMENTO TECNOLÓGICO DE PRODUTO

SECO POR ASPERSÃO DE Psidium guajava L.

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Ciências Farmacêuticas da Universidade Federal do Rio Grande do Norte como requisito à obtenção do título de Mestre em Ciências Farmacêuticas

MARCEL DA SILVA FERREIRA Orientador: Prof. Dr. Luiz Alberto Lira Soares

Co-orientador: Prof. Dr. Tatiane Pereira de Souza

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Dedicatória A meus pais, pelo apoio incondicional.

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AGRADECIMENTOS

A Deus, que teve muito mais trabalho que eu.

Aos meus pais, Marcílio e Vera, e a meus irmãos, Marina, Mateus e Marcus,

que não deixaram de acreditar em mim e sempre estiveram lá quando precisei.

Aos meus orientadores, Professor Dr. Luiz Alberto Lira Soares e Professora

Dra. Tatiane Pereira de Souza, pela orientação e paciência.

À toda minha Família e aos amigos dela, pelo incentivo e torcida.

Aos outros membros do triunvirato, Tadeu, Leo, Berit e Zezinho, que me

apoiaram nesse ano complicado.

Aos professores do Programa de Pós-Graduação em Ciências Farmacêuticas

da UFRN, pela ajuda, estímulo e contribuição, em especial aos Professores Dr.

Mateus Pedrosa e à Professora Dra. Telma Lemos, que foi quem deu a idéia.

A Fernanda, pelo sorriso.

A Alfredo, Guliver, Julio, Pedro e Raoni, que não se esqueceram.

Ao pessoal do laboratório de Fitoterápicos da Faculdade de Farmácia,

principalmente, Igor, Magda, Lívia, pela força

E aos amigos, Beiço, Breno (a cavalaria!), Albert, Raphael, Mamá, Cris,

Carol,Desventuras, Priscila, Mogui e todos os outros, pelas risadas e pela paz.

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SUMÁRIO

Sumário.............................................................................................................v

Lista de Figuras.................................................................................................vii

Lista de Tabelas................................................................................................viii

Lista de Abreviaturas, Siglas e Símbolos..........................................................ix

Resumo.............................................................................................................x

Abstract.............................................................................................................xi

1. Introdução.....................................................................................................12

1.1. Introdução Geral........................................................................................13

1.2. Revisão Bibliográfica..................................................................................15

1.2.1. Psidium guajava......................................................................................15

1.2.1.1. Aspectos Botânicos..............................................................................15

1.2.1.2. Aspectos Agronômicos.........................................................................17

1.2.1.3. Aspectos Fitoquímicos..........................................................................17

1.2.1.4. Aspectos Farmacológicos – Etnofarmacologia.....................................18

1.2.1.4. Aspectos Farmacológicos – Atividade Farmacológica.........................20

1.2.1.5. Aspectos Toxicológicos........................................................................27

1.2.2. Material Vegetal e Controle de Qualidade...............................................27

1.2.3. Produto Seco Por Aspersão e Extratos Vegetais....................................29

2. Objetivos........................................................................................................32

2.1. Objetivo Geral.............................................................................................33

2.2. Objetivos Específicos..................................................................................33

3. Materiais e Métodos.......................................................................................34

3.1. Matéria-Prima Vegetal................................................................................35

3.1.1. Material Vegetal.......................................................................................35

3.1.2. Obtenção de Matéria-Prima Vegetal........................................................35

3.1.3. Caracterização da Matéria Prima Vegetal...............................................35

3.1.3.1. Determinação da Perda por Dessecação.............................................35

3.1.3.2. Determinação do Teor Extrativo...........................................................36

v

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3.1.3.3. Análise Granulométrica por Tamisação..............................................36

3.2. Otimização e Padronização da Solução Extrativa....................................37

3.2.1. Preparação da Solução Extrativa...........................................................37

3.2.1.1. Seleção do Método de Extração.........................................................37

3.2.1.2. Seleção da Proporção de Droga e Solvente de Extração...................37

3.2.2. Análise do Teor de Taninos....................................................................38

3.2.3. Resíduo Seco.........................................................................................39

3.2.4. Análise Estatística...................................................................................39

3.2.5. Ensaio Antimicrobiano.............................................................................39

3.3. Desenvolvimento Tecnológico de Produto Seco por Aspersão..................41

3.3.1. Determinação de Umidade Residual.......................................................41

3.3.2. Determinação de Tamanho de Partícula.................................................41

3.3.3. Análise da Forma de Partícula.................................................................42

3.3.4. Avaliação de Higroscopicidade................................................................42

3.3.5. Determinação dos Índices Reológicos.....................................................42

3.3.6. Determinação do Rendimento da Operação de Secagem......................43

3.3.7. Determinação do Teor de Taninos..........................................................43

3.3.8. Cromatografia em Camada Delgada.......................................................43

3.3.9. Análise Estatística....................................................................................44

4. Resultados e Discussão................................................................................45

4.1. Matéria-Prima Vegetal................................................................................46

4.2. Otimização e Padronização da Solução Extrativa......................................48

4.3. Desenvolvimento Tecnológico de Produto Seco por Aspersão..................54

5. Conclusões....................................................................................................60

6. Bibliografia.....................................................................................................62

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1: Caule de Psidium guajava..................................................................20

Figura 2: Folhas de Psidium guajava.................................................................20

Figura 3: Fruto de Psidium guajava ..................................................................21

Figura 4: Flores de Psidium guajava.................................................................21

Figura 5: Histograma de distribuição da matéria prima vegetal de

Psidium guajava.................................................................................................39

Figura 6: Curvas de retenção e de passagem da matéria prima vegetal..........40

Figura 7. Teor de taninos em diferentes métodos de extração, usando

água (A) e etanol 50% (B) como solvente.........................................................53

Figura 8: Superfície de resposta ao teor de taninos..........................................54

Figura 9: Superfície de Resposta ao resíduo seco............................................55

Figura 10: Esquema dos resultados da cromatografia em camada delgada. Ct:

catequina; ag: ácido gálico; at: ácido tânico; se: solução extrativa; os: produtos

secos por aspersão............................................................................................

Figura 11: Microscopia Eletrônica de Varredura do Produto Seco por

Aspersão............................................................................................................63

Figura 12: Perfil de Higroscopicidade dos produtos secos por aspersão

de Psidium guajava............................................................................................64

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LISTA DE QUADROS

Quadro 1: Fitoquímica de Psidium guajava......................................................23

Quadro 2: Usos terapêuticos de Psidium guajava............................................24

Quadro 3: Desenho fatorial 32...........................................................................53

Quadro 4: Atividade antimicrobiana de extrato de folhas de Psidium guajava

em zona de inibição de disco............................................................................53

Quadro 5: Planejamento fatorial para os PSA...................................................57

Quadro 6: Condições operacionais de secagem...............................................61

Quadro 7: Tamanho médio de partícula dos produtos secos (PSA).................62

Quadro 8: características reológicas dos produtos secos por aspersão

(PSA).................................................................................................................65

Quadro 9: Variáveis de resposta do planejamento fatorial para os produtos

secos (PSA).......................................................................................................66

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LISTA DE ABREVIATURAS, SIGLAS E SÍMBOLOS % - Percentagem °C – Graus Celsius µm – micrômetro mm – milímetro µg – micrograma mg- miligrama g – grama µl – microlitro ml – mililitro ANVISA – Agência Nacional de Vigilância Sanitária v/v – volume/volume p/v – peso volume Rf – índice de retenção PSA – produto seco por aspersão FNT – Fração não Tanante PFT – Polifenóis Totais TTT – Teor de Taninos Totais

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RESUMO

O aumento do consumo de fitoterápicos por parte da população gerou

uma necessidade maior de estudos dos processos de produção desse tipo de

medicamentos por parte da comunidade científica. Substituições na droga,

adulterações e alterações na técnica de produção são situações comuns no

comércio de produtos farmacêuticos de origem vegetal, levando órgãos

governamentais de controle farmacêutico ao redor a adotarem práticas

analíticas variadas para os fitomedicamentos. No entanto, fatores agronômicos

e tecnológicos causam variações em características da matéria-prima e de

constituição química da droga, problemática a ser solucionada pelos

pesquisadores da área. O presente trabalho visa obter um produto seco por

aspersão a partir de solução extrativa obtida de folhas de Psidium guajava L.

baseado em referências bibliográficas que ressaltam as vantagens da forma

farmacêutica intermediária. Também busca a validação de metodologias úteis

para o controle de qualidade tanto da matéria prima como dos seus derivados.

Utilizando-se de oito variações do Produto Seco por Aspersão (com Eudragit®,

Aerosil ® e Avicel PH101 ® como adjuvantes de secagem), o estudo propõe

modelos analíticos utilizando técnicas comumente utilizadas para

fitomedicamentos e suas formas intermediárias. Como resultado, obteve-se um

produto seco por aspersão viável, gerado a partir de uma solução extrativa

padronizada. Dentre os adjuvantes estudados, a combinação Aerosil ® com

Eudragit ® mostrou os valores de rendimento, reologia, umidade residual e teor

de taninos que mais se adequavam às exigências da Farmacopéia Brasileira.

x

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ABSTRACT

The increasing in the consumption of plant medicine by parts of the population

generated a bigger need for studies. Drug substitutions, changes and

adulterations at the production techniques are common places at plant-

originated drugs trade, leading governmental departments of drug control round

the world to adopt many analytical practices to medicinal plants. However,

agronomic and technological issues cause characteristics and chemical

composition variation at the drug, problem to be solved by the subject

researchers. The present work aims to obtain a spray dried extract from a

extractive solution obtained from Psidium guajava L. leaves based in book

references that stress the intermediate dosage forms advantages. It also tries to

validate useful methodologies for the quality control for both raw material and its

derivates. Using eight sets of the spray dried extract (with Eudragit®, Aerosil ®

e Avicel PH101 ® as drying adjuvants), the study proposes analytical methods

using techniques commonly performed to plant medicines and its intermediate

forms. As results, a viable spray-dried extract was obtained from a standartized

extract solution. Among the studied adjuvants, the combination Aerosil ® with

Eudragit ® showed the drying outcome, rheology, humidity and tannin content

values that best fitted the demands of the Brazilian Pharmacopaea.

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INTRODUÇÃO

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1. INTRODUÇÃO

1.1. Introdução Geral

A população mundial apresenta uma tendência crescente ao consumo

de agentes terapêuticos de origem vegetal e, nesse sentido, é cada vez maior

o número de investigações científicas direcionadas à identificação dos

principais constituintes de plantas usadas na medicina tradicional, assim como,

de estudos farmacológicos a fim da determinação e comprovação da atividade

terapêutica e toxicológica dos produtos de origem vegetal (FARIAS, 2003).

No entanto, estudos tecnológicos com a finalidade de desenvolvimento

de formas farmacêuticas ainda são bastante incipientes. É senso comum entre

os farmacêuticos que os mesmos possuem responsabilidades profissionais no

que concerne a fitoterápicos e, como especialistas em medicamentos, são mais

aptos a promover a produção e o uso saudável de medicamentos de origem

vegetal. Instituições reguladoras de Medicamentos através das Américas

adotaram padrões de práticas de produção que requerem a participação do

farmacêutico como profissional responsável (FARREL, 2008).

De acordo com a Organização Mundial de Saúde, apesar de seu uso

remontar ao início da própria civilização e de passar por um aumento de

popularidade vertiginoso durante a última década, o uso de plantas medicinais

não foi oficialmente reconhecido na maioria dos países. Conseqüentemente, a

educação, treinamento e pesquisa nesta área não receberam atenção e

suporte. A quantidade e qualidade dos dados de segurança e eficácia dos

fitoterápicos são insuficientes para atingir o critério necessário para seu uso

mundial. As razões pela falta de dados de pesquisa não são apenas políticas

de saúde públicas deficitárias, mas também uma lacuna na área de

metodologia de pesquisa adequada para a avaliação dos fitomedicamentos

(WHO, 2000).

O sistema de saúde pública brasileiro não dispõe de uma política de

assistência farmacêutica capaz de suprir as necessidades medicamentosas da

população. Dessa forma, as famílias de baixa renda apresentam dificuldades

para obtenção de medicamentos essenciais, recorrendo ao uso de plantas

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medicinais, muitas vezes de forma ineficaz ou insegura. Em contraponto a isto,

alguns estados e municípios brasileiros têm realizado Programas de Fitoterapia

na atenção primária à saúde, com a finalidade de suprir as carências

medicamentosas de suas comunidades. Merece destaque o Programa

Farmácias Vivas, criado há mais de vinte anos pelo professor Francisco José

de Abreu Matos – da UFCE –, o qual influenciou a criação de programas de

fitoterapia no Brasil, tornando-se referência no país na produção de

fitoterápicos acessíveis à população carente (SILVA e col., 2006).

O menor custo com relação aos medicamentos sintéticos, a preferência

dos consumidores por produtos naturais, a tendência da população à auto-

medicação, os efeitos adversos mais brandos e outros motivos fizeram com

que o mercado de fitomedicamentos aumentasse também nos países

civilizados, desde 1985 a uma taxa de 5% a 18% ao ano (CALIXTO, 2000). Tal

comercialização dos preparados de drogas vegetais em um circuito paralelo ao

dos medicamentos, tem gerado problemas tanto para as autoridades sanitárias

quanto aos consumidores no que concerne à padronização destes produtos.

Sendo assim, é necessário o desenvolvimento de formas farmacêuticas que

contemplem a composição química da droga vegetal, além de pautas de

elaboração que satisfaçam requerimentos farmacêuticos básicos de qualidade

e reprodutibilidade na preparação do produto de uso medicinal (AGUADO e

col., 2006).

O objetivo do estudo dos medicamentos fitoterápicos é a preservação e

valorização do potencial terapêutico da planta. Para se assegurar a qualidade

do produto fitoterápico, em seu desenvolvimento é de fundamental importância

o estabelecimento de métodos analíticos validados, tanto para controle de

matéria-prima vegetal quanto para produtos tecnológicos intermediários

(SOUZA, 2004).

A secagem é uma escolha promissora para conservação e estoque dos

extratos vegetais. Das técnicas de secagem existentes, a secagem por

aspersão ou spray-drying (o termo secagem por nebulização também é usado)

é uma das mais empregadas na indústria de fitoterápicos, por sua estabilidade

e possibilidade de controle das características do produto final. Todavia, os

extratos secos por aspersão não possuem boas características reológicas nem

de compressibilidade. Somadas a esses defeitos, sua elevada higroscopia e

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necessidade de altas doses fazem necessário o uso de adjuvantes de

secagem, que por sua vez alteram as características tecnológicas do produto

(SOUZA e col., 2006; LACHMAN, 2001; VOIGT, 2006).

A Psidium guajava L. é uma árvore frutífera comumente conhecida como

goiabeira, a qual pertence à família das Myrtaceae. Ela é conhecida por sua

atividade anti-diarreica, hepatoprotetora, hipoglicemiante, hipotensora, anti-

bacteriana e antioxidante. A mesma contém fitoconstituintes como taninos,

triterpenos, flavonoides representados pela quercetina, óleos voláteis, dentre

outros. Trata-se de uma planta de importância medicinal imensa e a extensa

lista de trabalhos científicos dedicados a ela mostra a necessidade de gerar

interesse entre a população para seu potencial em prever e tratar várias

doenças comuns (KAMATH, 2008).

1.2. Revisão bibliográfica

1.2.1. Psidium guajava

1.2.1.1. Aspectos Botânicos

A Psidium guajava é uma planta rústica, de porte arbustivo ou arbóreo

com menos de 10 metros. Possui tronco tortuoso, liso e descamante. As raízes

atingem cerca de 1 metro de profundidade e cerca de 2 metros de distância do

tronco. As flores são brancas, hermafroditas, isoladas ou em grupos de 2 ou 3,

situando-se nas axilas das folhas e nas brotações de ramos maduros. A

fecundação provém de polinização cruzada. O fruto é uma baga com tamanho

entre 5cm a 7cm, quando maduros, de coloração amarela por fora e vermelha

ou branca por dentro. As folhas são papiráceo-coriáceas, inteiras, oblongo-

elípticas e ovaladas, de 7,0cm a 15,0cm de comprimento e 3,0cm a 6,0cm de

largura, de ápice obtuso ou acuminado, base obtusa e margem inteira (Figuras

1 a 4). Lâminas discolores, com face adaxial de coloração verde-brilhante e

abaxial verde-pálido e diminutas áreas translúcidas pouco aparentes (SILVA,

2001).

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Quanto à anatomia microscópica, constata-se que a folha é

hipoestomática, com estômatos paracíticos, e apresenta tricomas tectores

unicelulares. No limbo, ocorrem epiderme uniestratificada, camadas

subepidérmicas parenquimáticas junto à superfície adaxial e cavidades

secretoras. O mesofilo tende a dorsiventral e a nervura central e o pecíolo são

percorridos por um feixe vascular bicolateral envolto por bainha

esclerenquimática. O caule apresenta cilindros vasculares contínuos de floema

externo, xilema e floema interno, atravessados por raios estreitos. Cristais de

oxalato de cálcio e células com conteúdo fenólico ocorrem na folha e no caule.

(DUARTE e PAULA, 2005).

Figura 1: Caule de Psidium guajava. Figura 2: Folhas de Psidium guajava.

Figura 3: Fruto de Psidium guajava. Figura 4: Flores de Psidium guajava.

Fonte: Smithsonian Tropical Research Institute, 2003-2006

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1.2.1.2. Aspectos Agronômicos

A Psidium guajava é uma das frutas de clima tropical que têm

apresentado maior incremento nas áreas de plantio, sendo a maior parte dos

frutos produzidos destinados à industrialização (PEREIRA e NACHTIGAL,

2002). No Brasil, a planta é cultivada em escala comercial em quase todas as

regiões, com destaque para os estados de São Paulo, Minas Gerais e Rio de

Janeiro, na região sudeste; Bahia, Paraíba e Pernambuco na região nordeste;

Goiás, na região centro-oeste e Rio Grande do Sul e Paraná na região sul.

(HOJO, 2005).

É considerada nativa do México e sua presença se estende através da

América do Sul, Europa, África e Ásia. Evidências arqueológicas mostram que

é conhecida no Peru desde tempos pré-colombianos. Cresce em todas as

áreas tropicais e subtropicais do mundo e se adapta a diferentes condições

climáticas, mas prefere climas secos (GUTIÉRREZ e col. 2008).

A grande maioria dos pomares comerciais é formada a partir de mudas

oriundas de sementes, principalmente devido ao baixo custo da muda. Este

tipo de propagação torna os pomares bastante heterogêneos, não apenas em

relação ao porte e produção, mas também com relação às características dos

frutos (CALLOVY FILHO e col., 1995).

1.2.1.3. Aspectos fitoquímicos

A Psidium guajava é rica em taninos, fenóis, triterpenos, flavonoides,

óleos essenciais, saponinas, carotenoides, lecitinas, vitaminas, fibras e ácidos

graxos (Quadro 1). Seu fruto é mais rico em vitamina C do que muitas frutas

cítricas (80mg de vitamina C em 100g de fruta) e contêm valores apreciáveis

de vitamina A também, além de ser uma boa fonte de pectina

(SUNTTORNUSK, 2005).

Quatro compostos comprovadamente bactericidas foram isolados de

folhas de Psidium guajava. Dois glicosídeos flavonoides, morin-3-O-alfa-L-

lixopiranosídeo e morin-3-O-alfa-L-arabopiranosídeo além de guajaijavarina e

quercetina foram identificados (ARIMA, 2002).

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SUBSTÂNCIA EXTRAÇÃO BIBLIOGRAFIA

Cálcio, Fósforo, Ferro Fruta CONWAY, 2002; IWU, 1993

Vitamina A, Tiamina, Riboflavina, Niacina,

Ácido Ascórbico, Vitamina B3vitamin A

Fruta FUJITA et al. 1985;

HERNANDES, 1971

Ácido gálico, polifenóis totais Fruta MARQUINA et. al. 2008

Ácido Fosfórico, Ácido Málico e Ácido

Oxálico

Fruta NADKARNI e NADKARNI, 1999

Hexanal e aldeídos derivados, fenol,

cariofileno, nerolidol,acetato de

fenilpropila

Fruta (óleos

essenciais)

PANIANDY et. all, 2000

3-penten-2-ol e acetato de 2 butenila Fruta JORDAN et al, 2003

Α-pineno, β-pineno, limoneno, mentol,

acetato de terpenila, alcool isopropílico,

longicicleno, β-bisaboleno, cineol, β-

copaneno, farneseno, humuleno,

selineno, cardineno e curcumeno

Folhas LI et al., 1999

Flavonoides (miricetina, quercetina,

luteolina e kaempferol) e Saponinas

combinadas com ácidos oleanoicos

Folhas e botões de

flor

ARIMA e DANO, 2002; VARGAS

et alii, 2006

Nerolidiol, sitosterlol, ácido ursólico, ácido

cratególico, ácido guayavólico

Folhas IWU, 1993

Ácidos Tri-terpênicos; avicularina e seu 3-

4-piranosídeo

Folhas OLIVER-BEVER, 1986

Resinas, taninos, gorduras, celulose e

sais minerais

Folhas, casca do

tronco e raízes

NADKARNI e NADKARNI, 1999

Ácido guavanoico, ácido guavacumárico,

ácido hidroxiursólico, ácido jacumárico,

ácido isoneriucumárico, ácido asiático,

ilelatifol e sitosterol

Folhas BEGUM et. al., 2002

1.2.1.4. Aspectos Farmacológicos

Etnofarmacologia

O uso medicinal de uma infusão aquosa preparada com folhas de Psidium

guajava para o alívio de desordens gastrointestinais é uma prática comum

iniciada pela medicina tradicional asteca do México. As propriedades

Quadro 1: Fitoquímica de Psidium guajava

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terapêuticas das folhas dessa árvore são descritas com detalhes em muitos

documentos históricos da região nos últimos 500 anos. A planta é sempre

relatada para o tratamento de disenterias, alívio de cólicas, distensões

abdominais e para cura da diarreia (LOZOYA, 1999).

Com a colonização europeia da América, a planta se espalhou pelo

mundo e adquiriu nos últimos três séculos uma pletora de finalidades ao redor

do mundo (Quadro 2), a maioria baseada nos seus efeitos antimicrobianos,

anti-diarreicos, anti-inflamatórios, hipoglicemiantes e hipotensores

(GUTIERREZ e col, 2008).

PAÍS/REGIÃO EXTRATO - PARTE UTILIZADA APLICAÇÃO

Colômbia e México Decocção – Folhas Gastroenterite, diarreia,

disenteria, dor reumática,

úlceras e dor de dente.

Índios Maya, Nahuatl, Zapotec

e Popoluca, do México

Infusão ou decocção – Folhas Tosse, diarreia

América Latina, Moçambique Infusão ou decocção – Folhas Diarreia, cólicas estomacais

México Decocção – Folhas, mudas, mistura

de casca e folhas, frutos

Febre, curetagem, resfriados,

tosse, hipoglicemia, dermatites,

cáries, hemorragia vaginal,

feridas, febre, desidratação e

distúrbios respiratórios

África do Sul Infusão ou decocção – Folhas Diabetes mellitus, hipertensão

Caribe Infusão ou decocção – Folhas Diabetes mellitus

China Infusão ou decocção – Folhas Diarreia, sepse, diabetes

mellitus

Filipinas Decocção – Folhas, casca, poupa da

fruta e raízes

Adstringente, úlceras e diarreia

Índia e Gana Infusão ou decocção – Folhas e

mudas

Febre, espasmos, reumatismo

Peru Infusão ou decocção – Botões de flor

e folhas

Constipação, conjuntivite,

tosse, diarreia, problemas

digestivos, disenteria, edema,

gota, hemorragias, gastrite,

pneumonias, choque, descarga

vaginal, vertigem, vômito e

parasitoses

Quadro 2: Usos terapêuticos de Psidium guajava

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Congo Infusão ou decocção – Folhas, casca Diarreia, amebíase

Senegal Infusão ou decocção – Mudas e

raízes

Diarréia, disenteria

Uruguai Infusão ou decocção – Folhas Lavagem vaginal e uterine,

especialmente em leucorréia

Fiji Macerado em solução salina – Folhas Diarreia, tosse, cólica

estomacal, disenteria, dor de

dente, indigestão, constipação

Taiti e Samoa Infusão ou decocção – Mudas e

qualquer parte da planta

Dismenorreia, aborto,

hemorragia interina, úlceras e

partos prematuros

Nova Guiné, Samoa,Tonga,

Niue, Futuna, Taiti

Infusão ou decocção – Folhas Escabiose

Ilhas Cook Infusão ou decocção – Folhas Dores, queimaduras, cortes

Trinidad Tobago Infusão ou decocção – Folhas Infecções bacterianas, diarréia,

disenteria

América Latina, África Central

e Ocidental e Sudeste Asiático

Decocção – Folhas Faringite, Laringite, dermatite e

irritação vaginal

Panamá, Bolívia e Venezuela Decocção – Folhas e casca Disenteria, adstringente,

dermatite

Brasil Decocção – Folhas e flores

Trituração – frutos

Anorexia, cólera, diarreia,

problemas digestivos,

disenteria, insuficencia gástrica,

inflamações em mucosas,

laringite, dermatites, faringite,

úlceras.

EUA Decocção – Folhas Infecções e diarreia

Atividade Farmacológica – Ensaios Pré-clínicos e Clínicos

ALVES e col. (2006) relataram que o extrato preparado por lixiviação em

fluxo contínuo e depois concentrado em rota vapor a 1:1 (p/v) tem atividade

antifúngica sobre leveduras do gênero Cândida da cavidade oral. Utilizando o

método da Concentração Inibitória Mínima (CIM) e o gluconato de clorexidine a

0,12% como padrão, os pesquisadores constataram uma redução do diâmetro

do halo de inibição à medida que a concentração do extrato foi diminuída. O

estudo não propõe um mecanismo de ação, mas os resultados sugerem a

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possibilidade de utilização do extrato como meio alternativo no tratamento de

candidíases orais.

HSIE e col. (2007) estudaram o mecanismo de ação molecular in vitro de

extrato aquoso obtido a partir de infusão de folhas jovens de Psidium guajava

contra a apoptose celular causada por hiperglicemia. Utilizando como modelo

células do endotélio de veias umbilicais humanas, o artigo mostra que o extrato

é capaz de inibir a ativação da p38-mitose-ativada proteíno-quinase (MAPK) e

da proteína quinase C induzidas por glicose e a ativação da MAPK extracelular

regulada por sinal induzida por metilglioxal, de suprimir espécies oxigeno-

reativas e a liberação de óxido nítrico e de inibir a expressão do nuclear κB,

sendo todos esses resultados promissores efeitos antiapoptóticos no modelo

estudado. O estudo ainda atribui a ação do extrato aos compostos polifenólicos

e aos polissacarídeos presentes em Psidium guajava.

Em outro estudo sobre os efeitos de Psidium guajava na diabetes,

OJEWOLE (2005) comprovou em ratos que o extrato (por Soxhlet) aquoso das

folhas planta é hipoglicemiante e hipotensor. Utilizando ratos Dahl hipertensos

sensíveis a sal e ratos com diabetes induzida por estreptozotocina, o

pesquisador observou que doses orais do extrato aquoso das folhas de

Psidium guajava causaram quedas significativas e dose-dependentes na

concentração de glicose no plasma e na pressão arterial sistêmica. O autor

alerta que o mecanismo de ação desse efeito ainda não é totalmente

conhecido, mas conclui que o estudo dá certo crédito ao uso de folhas de

Psidium guajava no controle a hipertensão e diabetes mellitus tipo 2 em

comunidades rurais e de baixa renda ao redor do mundo.

O mesmo autor também pesquisou os efeitos anti-inflamatórios e

analgésicos do extrato aquoso das folhas de Psidium guajava (OJEWOLE,

2006). Essa propriedade foi investigada em ratos, utilizando edema induzido

por albumina de ovo, enquanto o efeito analgésico foi avaliado em modelos de

testes de dor em ratos por queimadura térmica e química, com o extrato

administrado por via oral. Usando diclofenaco e morfina como padrão para

comparação respectivamente anti-inflamatória e analgésica, o autor observou

efeitos anti-inflamatórios e analgésicos significativos e dose-dependentes.

Especula-se que os numerosos taninos, compostos polifenólicos, flavonoides e

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outros compostos químicos presentes na planta são levados em consideração

para o estudo do mecanismo de ação.

Em outro estudo neste assunto, CHOI e col. (2008) tentaram elucidar as

atividades anti-inflamatórias do extrato etanólico de folhas fermentadas de

Psidium guajava. Num primeiro momento foi descoberto que o extrato inibia a

produção de óxido nítrico induzida por lipopolisacarídeos (LPS) e

prostaglandina E2, através da técnica de Western blot. Em seguida, foram

examinados os seus efeitos na ativação do fator nuclear kappa B (NF-kappaB)

induzido por LPS e se descobriu que o extrato inibia a transcrição do NF-

kappaB. A análise imunoquímica revelou a supressão da degradação de I-

kappaBalpha. Estes dois dados juntos indicam que o extrato fermentado das

folhas de Psidium guajava está envolvido na inibição de óxido nítrico sintaxe e

da ciclooxigenase-2 através da regulação da produção de NF-kappaB,

revelando uma base molecular parcial para as atividades anti-inflamatórias da

planta.

SHAHEEN e col. (2000) examinaram os efeitos de extratos metanólicos,

em hexano e em acetato de etila de folhas de Psidium guajava no sistema

nervoso de camundongos. Os três extratos exibiram efeitos antinoceptivos

dose-dependentes em destes químicos e térmicos de analgesia. Os extratos

também produziram prolongação dose-dependente do efeito indutor de sono da

pentobarbitona. Não foram observados efeitos significativos à coordenação

motora, capacidade de locomoção e de exploração. Os resultados dão

respaldo ao uso ancestral de folhas de Psidium guajava como calmante e

indutor de sono em várias partes da Ásia.

Em contraponto à ação hipoglicêmica, RAI e col. (2007) estudaram o

potencial glicêmico do extrato do pericarpo do fruto de Psidium guajava nos

níveis plasmáticos de glicose de ratos normais e com diabetes induzida por

estreptozotocina. Ao realizar as medidas da glicose em jejum e do teste de

tolerância a glicose, os autores constataram um aumento significativo da

glicemia, tanto nos ratos sadios como nos diabéticos, em apenas uma

administração. Tal resultado sugere que pacientes diabéticos devam retirar a

pele dos frutos de Psidium guajava antes de consumi-los, mas também que a

mesma pele pode ser útil em crises hipoglicêmicas causadas ocasionalmente

por excesso de insulina ou de outros medicamentos hipoglicemiantes.

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O extrato aquoso das folhas de Psidium guajava também apresenta, sob

certas condições, ação vasoconstritora. Em experimento realizado por

OLANTUJI-BELLO (2007), anéis aórticos de ratos Sprague-Dawley foram

incubados no extrato e apresentaram ação contrátil, mesmo na presença de

nifedipina e fentolamina, de forma significativa e dose-dependente. A ação

parece ser mediada por ativação de um alfa-adrenorreceptor (já que a

fentolamina é um composto bloqueador de receptores alfa-adrenais) e de forma

menos importante, por ativação dos canais de cálcio (já que a nifedipina é um

conhecido bloqueador de canais de cálcio).

TANGPU e YADAV (2006) observaram a possibilidade de uso do extrato

das folhas de Psidium guajava contra cestódeos. O extrato foi preparado por

maceração em metanol e administrado a ratos albinos experimentalmente

infectados com Hymenolepis diminuta. A eficiência anti-cestódeos foi avaliada

pela contagem de ovos nas fezes, contagem de parasitas no intestino após o

tratamento e destruição total dos parasitas. Os resultaram mostraram que,

comparado com o medicamento padrão, o praziquantel, o extrato tem ação

anti-cestódeos significativa e dose-dependente, confirmando seu uso para esse

fim na medicina tradicional do norte da Índia.

A ação anti-tussígena de Psidium guajava foi avaliada em ratos e

camundongos por JAIARJ e col. (1999). Os resultados mostraram que o extrato

aquoso das folhas da planta em doses de até 5g/kg diminuiu significativamente

a frequência da tosse induzida por aerosol de capsaicina. Um estudo isolado

no músculo traqueal dos ratos mostrou que o extrato estimulou diretamente a

contração muscular e também entrou em sinergismo com o efeito estimulante

da pilocarpina. Além disso, o crescimento de Staphylococcus aureus e do

grupo A dos β-estreptococos teve seu crescimento inibido no ensaio de difusão

em disco pelos extratos aquoso, em metanol e em clorofórmio. Apesar de a

atividade anti-tussígena do extrato não ser maior do que o medicamento

utilizado como padrão, o dextrometorfano, os pesquisadores defendem o uso

das folhas de Psidium guajava como agente anti-tussígeno.

GONCALVES e col. (2008) investigaram a atividade anti-microbiana de

diferentes extratos de Psidium guajava contra diferentes bactérias isoladas no

camarão do mar Xiphopenaeus kroyeri. O extrato de óleos essenciais

apresentou ação inibitória contra Staphilococcus aureus e Salmonella spp., ao

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passo que extratos (obtidos por extração de Soxhlet) tendo como solventes

hexano, acetato de etila e metanol mostraram atividade também contra

Escherichia coli. O estudo conclui defendendo o uso de fitomedicamentos feitos

a partir de folhas de goiabeira em casos de diarreia.

Em outro estudo relacionado à ação antibacteriana de Psidium guajava,

ANAS e col. (2008) avaliaram a atividade antibacteriana de extratos orgânicos

e aquosos de folhas da planta contra cepas de Staphylococcus aureus

multirresistente. Tais cepas foram isoladas em pacientes de hospitais no norte

da Índia e os resultados mostraram um bom potencial inibitório dos extratos

metanólicos e aquoso e um alto grau de degradação proteica. Por fim, um

ensaio baseado na contagem de hemácias humanas mostrou ausência de

hemólise mesmo em concentrações maiores do que a concentração bactericida

mínima, o que mostra, portanto, sua segurança para uso terapêutico.

A ação antidiarreica de Psidium guajava foi amplamente estudada.

LOZOYA (2002) desenvolveu um fitomedicamento a partir das folhas da planta,

em cápsula, com o conteúdo de quercetina padronizado a 1mg/500mg.

Pesquisas anteriores sugerem que a atividade espasmolítica de Psidium

guajava é principalmente devida à aglicona quercetina, presente na folha

principalmente na forma de cinco flavonoides, cujos efeitos são produzidos

quando da hidrólise desses produtos pelo fluido gastrointestinal (LOZOYA,

1994). Pacientes com diarreia aguda receberam cápsulas de 500mg do produto

e se observou, nos três dias subsequentes à administração, queda na

frequência de evacuações e na intensidade da dor abdominal, o que indica

efeito antiespasmódico. O autor conclui que a concentração de flavonoides do

produto resultou nos efeitos terapêuticos e possibilitando o uso bem aceito e

tolerado por adultos e crianças.

Num estudo realizado com plantas comumente utilizadas na medicina

tradicional africana, TONA e col. (1998) observaram uma forte ação in vitro de

extrato preparado por decocção de folhas e cascas de Psidium guajava contra

protozoários da espécie Entamoeba histolytica cultivadas em laboratório. O

extrato apresentou uma baixa concentração inibitória mínima para o

protozoário. Esse é outro importante efeito da planta, visto que E. histolytica é

conhecida por causar diarreias e disenterias. O artigo observa a capacidade

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anti-diarreica da planta em três aspectos da doença, como antiespasmódica,

anti-bacteriana e antiamebiana.

QA’DAN e col. (2005) estudaram a ação de extrato da folhas de Psidium

guajava contra acne. As bactérias Propionibacterium acnes, Staphylococcus

aureus e Staphylococcus epidermitis foram isoladas a partir de lesões acneicas

de trinta e oito pacientes com diversos tipos de acne. Em seguida foi realizado

o teste de zona de inibição anti-microbiana, tendo como padrão óleo de

melaleuca, clindamicina e doxiciclina. Os resultados mostraram inibição

satisfatória do crescimento das bactérias. O pesquisador concluiu que a planta

é benéfica no tratamento de acne, pois além do efeito inibidor demonstrado,

ainda apresenta conhecida ação anti-inflamatória.

Outro efeito estudado em Psidium guajava foi o hepatoprotetor. ROY

(2006) Avaliou a atividade hepatoprotetora do extrato aquoso das folhas da

planta em lesões hepáticas agudas experimentais causadas por tetracloreto de

carbono, paracetamol ou tioacetamida e lesão hepática crônica causada por

tetracloreto de carbono. Em ambas as situações o extrato reduziu de forma

significativa e dose-dependente os níveis séricos de aspartato

aminotransferase, alanina aminotrasferase, fosfatase alcalina e bilirrubina.

Exames histológicos posteriores do tecido hepático confirmaram a

hepatoproteção.

KAILEH e col. (2007) pesquisaram a atividade anti-tumoral de 24 plantas

da medicina tradicional da região da Palestina, dentre elas, Psidium guajava.

Os extratos alcoólicos foram testados por seus potenciais citotóxicos para

células de fibrosarcoma murino L929sA e para células de câncer de mama

humano MDA-MB231 e MCF7. Utilizando o ensaio colorimétrico do azul de

tetrazolium para avaliar a redução da viabilidade das culturas celulares na

presença dos extratos, os pesquisadores observaram que Psidium guajava

apresentava uma capacidade inibitória para as células MCF7 digna de nota.

Além disso, o extrato de Psidium guajava também apresentou vários graus de

inibição do fator nuclear de transcrição NFκB, responsável pela expressão de

genes presentes na apoptose e na imunomodulação. Segundo os autores,

Psidium guajava seria uma boa candidata para um fracionamento com

monitoramento de atividade para identificar os princípios ativos da ação anti-

neoplásica.

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MANOSROI, DHUMTANOM e MANOSROI também pesquisaram a

capacidade anti-tumoral de Psidium guajava, mas dos óleos essenciais, ao

contrário da maioria dos estudos sobre a planta. No estudo foi avaliada a

capacidade anti-proliferativa de 17 plantas da medicina tradicional da Tailândia

contra linhagens celulares de carcinoma epidérmico humano (KB) e leucemia

murina (P388). Das plantas estudas, Psidium guajava foi a que apresentou

melhor ação contra a linhagem KB, sendo quatro vezes mais potente do que a

vincristina. Apesar de não ter havido um desempenho satisfatório contra a

linhagem P388, os resultados mostrados ilustram o potencial da planta no

tratamento de tumores.

QUIAN e NIHORIMBERE (2004) avaliaram a capacidade antioxidante dos

compostos fitoquímicos das folhas de Psidium guajava. Extratos aquosos e

hidroalcoólicos (50 por cento) tiveram seu conteúdo fenólico total determinado

por espectrofotometria e sua capacidade antioxidante foi determinada por

colorimetria. Essa capacidade foi medida através da queda de absorvância do

agente de cor, o 2,2-difenil-1-picrilidrizil. Quanto mais amostra era utilizada,

maior era o efeito de seqüestro de radicais livres. Os resultados obtidos

mostraram um efeito oxidante bem menor do que o do ácido ascórbico, mas o

extrato hidroalcoólico apresentou uma capacidade antioxidante satisfatória,

revelando que as folhas de Psidium guajava podem ser usadas como fontes de

agentes antioxidantes naturais.

Em outro estudo relacionado ao efeito antioxidante de Psidium guajava,

AKINOLA, OLADOSSU e DOSUMU (2007) avaliam o efeito do extrato

etanólico das folhas da planta frente à espermatotoxicidade relacionada ao

gossipol, um polifenol presente na semente de algodão, cujo óleo é bastante

consumido em países em desenvolvimento. Ratos foram tratados com óleo cru

de algodão, rico em gossipol, por 53 dias, para induzir a espermatotoxicidade.

Outro grupo de destes animais recebeu, além deste óleo, o extrato

hidroalcoólico da folha de Psidium guajava e não sofreu alteração significativa

na produção de espermatozóides, o que sugere ação protetora da planta e seu

uso na melhoria da fertilidade masculina. Os autores atribuem o efeito à

capacidade antioxidante dos constituintes das folhas.

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1.2.1.4. Aspectos Toxicológicos

Já existem na literatura, há algum tempo, artigos sobre experiências com

a toxicidade de Psidium guajava e, em geral, os resultados encontrados

atestam para uma boa margem de segurança no uso da planta. CARVALHO e

col. (2002) levaram a termo um estudo que teve por objetivo determinar a Dose

Letal 50 do extrato hidroalcoólico (a 70 por cento e concentrado em rotavapor)

de folhas e caules de Psidium guajava. O extrato foi injetado por via

intraperitonial em camundongos Mus musculus e os resultados mostraram que

sua atividade tóxica, de 779,17mg/Kg, não foi relevante, dando margem ao uso

desta planta com segurança como agente terapêutico.

Em seu artigo sobre a atividade anti-cestódeos de Psidium guajava¸

TANGPU e YADAV (2006) também realizaram um ensaio de toxicidade aguda

no qual 6400mg/kg do extrato foram administrados por via oral em ratos

albinos. Os espécimes não apresentaram mortalidade nem quaisquer

manifestações patológicas pela administração dessa dose, que acontecia duas

vezes ao dia e era quatro vezes maior do que a utilizada no experimento.

1.2.2. Material Vegetal e Controle de Qualidade

O consumo de plantas para fins terapêuticos, colocado de lado pela

medicina ocidental com a revolução farmacêutica pós-segunda guerra,

encontra-se em expansão mundial. O baixo custo, o surgimento de doenças

sem tratamento tradicional apropriado e a crença incongruente de que

medicamentos a base de plantas são inócuos são algumas das justificativas

para essa expansão do consumo. Esses e outros fatores favorecem o uso

indiscriminado de produtos a base de plantas, causando grandes riscos à

saúde (SOUZA, 2005).

A transformação de uma planta em medicamento deve visar à

preservação da integridade química e farmacológica do vegetal, garantindo a

constância de sua ação biológica e a segurança de utilização, sem deixar de

valorizar o potencial terapêutico. Para alcançar esses objetivos, a produção de

fitoterápicos requer estudos prévios relativos ao desenvolvimento de

metodologias analíticas e tecnológicas. É justamente essa fundamentação

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científica que diferencia o produto fitoterápico propriamente dito das plantas

medicinais e das preparações utilizadas na medicina popular (SONAGLIO e

col., 2001).

A estabilidade é uma parte crucial da padronização de um produto

fitoterápico, posto que a instabilidade modifica três requisitos essenciais:

qualidade, eficácia e segurança. Pode ser definida como o tempo durante o

qual a droga retém sua integridade em termos de quantidade e identidade

química e pode ser afetada por fatores ambientais como temperatura, pH,

luminosidade e ar. No escopo das drogas vegetais, suas preparações e

produtos derivados, se os constituintes com atividade terapêutica não são

conhecidos, um limite de variação de ±10% dos valores dos constituintes do

ensaio inicial são comumente aceitos (BILIA e col., 2001).

Desta forma, justamente por serem menos estáveis, as soluções

extrativas de produtos fitoterápicos passam por um controle de qualidade mais

acirrado. O método de extração deve estar de acordo com as necessidades

dos constituintes, como pH, temperatura e solubilidade. Também é de vital

importância o conhecimento das circunstâncias da matéria prima vegetal.

Também devem ser estabelecidos marcadores químicos, a propósito de

identificação analítica (ONG, 2004; CALIXTO, 2000).

A legislação brasileira, fazendo-se valer através da ANVISA, exige uma

extensa lista de medidas a serem tomadas quando do registro de um

medicamento fitoterápico, tais como: relatório completo de produção, estudos

de estabilidade, quantidade de cada substância identificada na droga e sua

ação, metodologia utilizada na produção, nomenclatura, solventes, parte da

planta utilizada, controle de qualidade da matéria-prima e do produto acabado,

dentre outros (BRASIL, 2004).

Quanto à planta deste estudo, a Farmacopéia Brasileira determina que a

droga vegetal de Psidium guajava, constituídas de folhas secas, deve conter,

além dos óleos essenciais, no mínimo 5,5% de taninos totais e 1,0% de

flavonóides totais calculados como quercetina, sendo esses os marcadores

químicos estudados neste trabalho (FARMACOPÉIA BRASILEIRA, 2002).

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1.2.3. Produto Seco por Aspersão e Extratos Vegetais

A secagem pressupõe a eliminação da fase líquida até valores residuais,

com uma eficiência que depende do líquido extrator tratado, da técnica e do

tipo de evaporador. A secagem em torre de aspersão ou Spray-drying funciona

segundo o princípio de aumentar a superfície específica da solução, suspensão

ou emulsão a secar, através de sua nebulização, elevando, assim, a área de

contato com o fluido de secagem (SONAGLIO e col., 2001).

A técnica consiste em dividir o extrato a ser secado em finas gotículas no

interior de uma câmara provida de ar quente e seco, a fim de obter a

evaporação do solvente e a recuperação de um produto seco particulado. Essa

nebulização se obtém mecanicamente através de discos nebulizadores

giratórios ou hidrodinamicamente com válvulas de pressão líquida ou de ar

comprimido. A separação do produto sólido a partir do gás efluente é

conseguida por meio de um separador de ciclone conhecido como coletor

primário e o pó deixado no ar é removido por um filtro. O tempo que o extrato

passa em contato com as temperaturas elevadas é pequeno, o que permite a

sua utilização para substâncias sensíveis ao calor (SOUZA, 2004). Por essa

razão, para substâncias delicadas, como hormônios, enzimas, vitaminas,

glicosídeos e outras, a secagem por aspersão é um dos métodos de escolha.

Além disso, substâncias dificilmente solúveis em água que normalmente se

apresentam em seu estado cristalino são transformadas total ou parcialmente

no seu estado amorfo mediante a secagem por aspersão, o que permite, em

determinados casos, o aumento de sua velocidade de dissolução ou de sua

solubilidade (VOIGT, 2006).

Extratos vegetais secos por aspersão têm sido utilizados como produtos

finais e intermediários na obtenção de diferentes formas farmacêuticas. Apesar

da forma fluida dos extratos ser a mais comumente comercializada, somente

após a retirada de parte do líquido extrator é que as formulações sólidas, semi-

sólidas ou líquidas podem ser preparadas. Porém, se a eliminação do solvente

não for realizada corretamente pode-se provocar a perda de constituintes

químicos do extrato (SILVA, 2006).

A grande utilização da secagem por spray-drying deve-se às vantagens

de baixos riscos de degradação química durante a operação, devido ao curto

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tempo de contato do líquido disperso com a fonte de calor; a versatilidade na

obtenção de pós, grânulos ou aglomerados e o elevado rendimento por tempo

de produção. Consiste numa técnica de baixo custo, quando comparada a

outras técnicas que empreguem calor. Além disso, o grande número de

vantagens apresentadas pelos extratos secos em comparação aos extratos

líquidos, como estabilidade química e microbiológica, facilidade de

manipulação e homogeneidade de distribuição de constituintes tornam a

secagem por aspersão uma ferramenta eficaz na indústria farmacêutica, de

cosméticos e de alimentos (SILVA, 2007).

A qualidade dos produtos secos por aspersão é baseada nas

circunstâncias que dependem de aplicações científicas. Em geral, o conteúdo

de umidade final, a solubilidade, as propriedades reológicas do pó e a

densidade são de primeira importância. Atualmente as maiores dificuldades na

produção por spray-drying são o desenvolvimento de produtos e a redução de

custo de processo. Por isso, a capacidade de produção das instalações

disponíveis é maximizada, as condições de processo são direcionadas para

mínimas perdas de produto e redução do gasto de energia combinados com o

maior rendimento de pó possível (LANNES, 2003).

A otimização dos parâmetros de secagem como temperaturas de entrada

e de saída e velocidade de fluxo de alimentação, concentração e tipo de

adjuvante tecnológico, assim como os teores de resíduo seco do extrato fluido

a ser nebulizado são fatores indispensáveis para obtenção de extratos secos

com melhores características físico-químicas e aumento do rendimento da

operação (VASCONCELOS, 2005).

Trata-se de uma forma intermediária de baixa contaminação, já que

apresenta valores de contagem microbiana abaixo do limite máximo (107

UFC/g) permitido pela Organização Mundial de Saúde. Essa contagem, no

entanto, geralmente é a mesma da encontrada no decocto antes da aspersão,

o que indica que os microorganismos não são afetados pela secagem por

aspersão. (SOUZA, LIONZO e PETROVICK, 2006).

Os produtos secos por aspersão originados de extratos vegetais são

utilizados com sucesso na obtenção de várias formas farmacêuticas. No

entanto, para a produção de comprimidos, tais extratos podem ser trabalhosos,

por parâmetros insatisfatórios em características importantes, como reologia e

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compressibilidade que permitam a manufatura (SOARES e col. 2003, 2005a,

2005b).

Para compensar esse efeito, faz-se necessário o uso de agentes

adjuvantes de secagem. Neste trabalho, três adjuvantes foram estudados para

uso na secagem por spray-drying de extratos de Psidium guajava:

• O dióxido de silício coloidal, que é muito vantajoso como agente

regulador de fluxo por sua grande superfície específica. Diminui

bastante o acapachamento das partículas e diminui assim o atrito

entre as mesmas (VOIGT, 2006);

• A celulose microcristalina, uma substância de emprego múltiplo na

fabricação de medicamentos. Pode diminuir a formação de pontes

de hidrogênio entre as partículas, o que melhora o fluxo do pó

(LACHMAN, 2001);

• O Eudragit E ®, um copolímero de éster metacrílico usado para

mascarar cor e odor e proteger partículas de influências como ar,

luz e umidade. Dessa forma, pode ser utilizado para melhorar as

propriedades de compressão e aumentar a higroscopia do produto

seco por aspersão (SOUZA e col., 2006).

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OBJETIVOS

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2. OBJETIVOS

2.1. GERAL:

O objetivo do presente trabalho é o desenvolvimento do produto seco

por aspersão a partir de uma solução extrativa otimizada de Psidium guajava,

bem como a validação de metodologias analíticas úteis para o controle de

qualidade tanto da matéria-prima vegetal como de produtos acabados,

elaborados a partir de soluções extrativas de P. guajava.

2.2. ESPECÍFICOS:

- Caracterização da matéria-prima vegetal, Psidium guajava, e

determinação de alguns limites físico-químicos visando o

estabelecimento de parâmetros para o controle de qualidade da droga

vegetal;

- Padronização e caracterização de uma solução extrativa das folhas de

Psidium guajava;

- Avaliação da influência de adjuvantes de secagem sobre as

características tecnológicas dos produtos secos obtidos;

- Otimização e caracterização tecnológica de produto seco por aspersão

(PSA) de Psidium guajava.

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MATERIAIS E MÉTODOS

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3. MATERIAIS E MÉTODOS

3.1. Matéria-Prima Vegetal

3.1.1. Material Vegetal

O material vegetal foi constituído por folhas de Psidium guajava L,

coletadas na cidade de Natal – RN, em seguida foi identificado e registrado no

Herbário do Departamento de Botânica, Zoologia e Ecologia do Centro de

Biociências da Universidade Federal do Rio Grande do Norte sob o número de

registro 8214.

3.1.2. Obtenção da Matéria-Prima Vegetal (MPV)

As folhas de Psidium guajava, logo após a coleta, foram postas para

secar à sombra durante três dias. Em seguida foram separadas as danificadas

e as boas foram levadas para secar em estufa de ar-circulante aquecida a

37,5°C por um período de sete dias. Determinou-se então a umidade das

folhas para ver se as mesmas estavam adequadas para serem armazenadas.

Após a secagem, as folhas foram trituradas em moinho de facas e

armazenadas em recipiente fechado de poliestireno, constituindo a matéria-

prima vegetal.

3.1.3. Caracterização da matéria-prima vegetal

3.1.3.1. Determinação de perda por dessecação (F, Bras, IV, 1988)

Cerca de 500mg de matéria-prima vegetal foram colocados em pesa-

filtro, devidamente tarado, e levada à estufa aquecida a 105°C até que a

mostra atingisse o peso constante. Depois disto foi calculada a diferença de

peso entre a amostra inicial e a final, determinando-se a perda por dessecação.

O ensaio foi realizado em triplicata.

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3.1.3.2. Determinação de teor extrativo (BUNDESVEREINIGUNG, 1986)

Cerca de 1g de matéria-prima vegetal foi adicionado em 100ml de água

destilada. O sistema foi pesado e colocado sob decocção por 10min. Após

resfriamento, reconstitui-se o peso do sistema inicial com adição de água

destilada. Então, o sistema foi filtrado desprezando-se os primeiros 20mL. Uma

alíquota de 20mL do filtrado foi colocado em pesa filtro, previamente tarado, e

levado para banho-maria até secura, após isto o pesa-filtro foi colocado em

estufa a 105°C até peso constante, calculando-se o teor de sólidos. O ensaio

foi realizado em triplicata. O resultado apresentado foi um teor de 27,13 ± 0,37.

3.1.3.3. Análise granulométrica por tamisação (VOIGT, 2000)

Cerca de 100g da matéria-prima vegetal, exatamente pesados, foram

submetidos à passagem através de tamises, previamente tarados, com

abertura de malha de 0,800; 0,630; 0,315; 0,200; 0,125 e 0,071mm. A

tamisação foi realizada a 60 vibrações por segundo durante 15 min. As frações

retidas nos tamises e coletor foram pesadas e os dados analisados por método

gráfico, construindo-se curvas de retenção e passagem e histograma de

distribuição, a fim de se obter o diâmetro médio de partículas. Os resultados

expressam média de três determinações.

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3.2. Otimização e Padronização da Solução Extrativa

3.2.1. Preparação da solução extrativa

3.2.1.1. Seleção do método de extração

Foram avaliados três métodos extrativos usando diferentes proporções de

droga vegetal seguindo dois desenhos fatoriais 22 foram avaliados. No primeiro

desenho, os fatores analisados foram método extrativo (infusão e decocção) e

proporção de droga (5,0% e 7,5%). Neste experimento, a solução extrativa foi

preparada usando água como solvente durante 15 min. Após o tempo de

extração a solução foi resfriada, filtrada e o volume de água perdido durante a

extração foi completado.

No segundo, os fatores analisados foram método de extração (maceração

e decocção) e proporção da droga (5,0% e 7,5%). Neste caso, etanol 50% (v/v)

foi o solvente extrativo. O tempo de decocção foi 15 min. e o de maceração, 5

dias. Após a extração a solução foi filtrada e o volume de solvente perdido foi

completado.

Os desenhos fatoriais 22 foram realizados com replicação (n=3) e a

variável dependente analisada foi o teor de taninos das soluções extrativas.

3.2.1.2. Seleção da proporção de droga e solvente de extração

Um desenho fatorial 32 foi realizado para verificar a influência da

proporção de droga e concentração alcoólica no teor de taninos e resíduo seco

da solução extrativa. (Quadro 3).

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Nível Fatores

Codificada Natural

-1 2,5

0 6,0

D: Proporção de Droga (%) (p/v)

+1 7,0

-1 00,0

0 50,0

E: Concentração de Etanol % (v/v)

+1 100,0

Quadro 3: Desenho fatorial 32

O método de extração foi decocção durante 15 minutos. O experimento foi

realizado com replicação (n=4) no ponto central.

3.2.2. Análise do teor de taninos

A análise do teor de taninos foi realizada considerando a capacidade de

precipitação com proteína. Para determinação do teor de polifenóis totais (PFT)

uma alíquota diluída da solução extrativa (SE) foi analisada por

espectrofotometria a 271nm usando água como solução de compensação.

Para determinação da fração não tanante (FNT) 0,150g de caseína (Merck) foi

adicionada a 10,0mL da solução extrativa durante uma hora, e então filtrada e

o ensaio procedeu como descrito para determinação do teor de polifenóis

totais. O teor de taninos totais (TTT) foi expresso em gramas de Ácido Gálico

por 100g de solução extrativa de acordo com as equações 1, 2 e 3. Os

resultados representam a média de três determinações.

)(

1%

1 pmA

FDAPFT

cm −⋅

⋅= (Equação 1)

)(

2%

1 pmA

FDAFNT

cm −⋅

⋅=

(Equação 2)

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TT = PFT – FNT (Equação 3)

onde: PFT = polifenóis totais (g%); FNT = fração não-tanante (g%); TT =

taninos totais (g%); A1 = absorbância de polifenóis totais; A2 = absorbância da

fração não-tanante; FD = fator de diluição; m = massa de matéria-prima vegetal

(g); p = perda por dessecação de matéria-prima vegetal (g); A1% = coeficiente

de absorção específica do ácido gálico.

3.2.3. Resíduo seco

O teor de resíduo seco foi determinado gravimetria usando uma estufa a

105 °C (HARTKE, MUTSCHLER, 1987).

3.2.4. Análise estatística

A análise multivariada foi realizada usando o software Statistica® 6.0

(StatSoft, Tulsa – USA, 1984-2005). Os dados foram analisados por ANOVA e

um modelo quadrático foi testado para determinar a relação entre as variáveis

dependentes (teor de taninos e resíduos seco) e independentes (proporção de

droga e concentração alcoólica) (MONTGOMERY, 1991).

3.2.5 Ensaio antimicrobiano

O método de difusão em discos de papel para o teste de suscetibilidade a

antibióticos foi usado (BAUER e col., 1966). Seis cepas padrão diferentes

(Pseudomonas aeruginosa ATCC 27853, Staphylococcus aureus ATCC 29213,

Staphylococcus aureus ATCC 25922, Bacillus cereus ATCC 11778, Bacillus

subtilis DAUFPE16 e Candida albicans ATCC 10231) foram usados neste

ensaio. Discos de papel (6mm de diâmetro) foram usados com 25 µL de uma

solução extrativa de folhas de Psidium guajava preparada por decocção a 5,0%

(p/v) de droga:solvente em etanol 50% (v/v) como solvente e 25 µL de etanol

50% (v/v) como controle. Os discos de papel foram secos a 37ºC antes do uso

e a suspensão contendo a cultura de bactéria foi espalhada igualmente na

superfície do meio Agar Muelle-Hinton (Biobrás-Brasil) com um swab de

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algodão. Em seguida os discos de papel foram colocados na superfície do ágar

com pinça flambada e gentilmente pressionados para assegurar o contato. As

placas foram incubadas a 37ºC por 24h e os diâmetros de inibição foram

medidos com réguas. Uma leitura de mais de 6mm indicava inibição de

crescimento.

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3.3. Desenvolvimento Tecnológico de Produto Seco por Aspersão

O produto seco por aspersão foi obtido a partir da solução extrativa

otimizada. A secagem foi realizada em mini spray-dryer Büchi (B-191). Testes

preliminares foram realizados com a finalidade de determinar as condições

iniciais de secagem, bem como verificar a viabilidade de obtenção do produto

seco sem a adição de adjuvantes farmacêuticos. Como adjuvantes de secagem

foram avaliados Aerosil®, Avicel PH101® e Eudragit EPO®. Para definir qual a

melhor combinação de adjuvantes a ser utilizada, um planejamento fatorial 23

foi realizado, tendo como resposta o rendimento, o teor de umidade residual e

o teor de taninos do produto seco por aspersão (Quadro 5).

Quadro 5: Planejamento fatorial para os PSA Fatores Níveis A) Avicel (-) 0%

(+) 10% B) Aerosil (-) 0%

(+) 20% C) Eudragit EPO (-) 0%

(+) 5%

3.3.1. Determinação de umidade residual

A umidade residual foi realizada através da determinação da perda por

dessecação por gravimetria em estufa a 105°C (F, Bras, IV, 1988).

3.3.2. Determinação do tamanho de partícula

Foi realizada em microscópio óptico através da medida do diâmetro de

Ferret de, no mínimo, 1500 partículas, em ocular de aumento 40 vezes provida

de nônio. O nônio foi graduado através de uma lâmina colocada sob a objetiva

dotada de escala de 1mm com 100 divisões. Os parâmetros de distribuição das

partículas foram determinados através de método gráfico (LANTZ, 1990).

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3.3.3. Análise da forma de partícula

Foi feita através da microscopia eletrônica de varredura (MEV) no

Laboratório de Microscopia Eletrônica de Varredura do Núcleo de Estudos em

Petróleo e Gás Natural da Universidade Federal do Rio Grande do Norte.

3.3.4. Avaliação da higroscopicidade (STAHL, 1980)

Esta determinação foi realizada através do ensaio de estabilidade em

atmosfera controlada por volta de 70% de umidade relativa, determinada com o

uso de um termo-higrômetro. Utilizou-se uma solução saturada de Iodeto de

potássio para a criação da atmosfera desejada no interior de um dessecador,

Amostras de PSA, colocadas no dessecador, foram pesadas sequencialmente

durante 15 dias, nas três primeiras 24h e depois a cada 48h para verificação do

ganho de umidade.

3.3.5. Determinação das densidades bruta e de compactação, fator de

Hausner, índice de Carr e de densificação (CARR, 1965; VOIGT, 1993;

GUYOT et al,, 1995; PECK et al,, 1989)

Os volumes brutos e de compactação foram medidos em volúmetro de

compactação, onde 5g do pó, exatamente pesados, foram vertidos numa

proveta de 25ml (volume bruto = Vb) e submetidos a 10 (V10), 500 (V500) e 1250

quedas sequenciais (DIN 5394). O ensaio foi continuado em sequências de

1250 quedas até que a diferença entre duas leituras subsequentes fosse

inferior ou igual a 0,1 ml, sendo este considerado como volume de

compactação (Vc), A partir dos dados obtidos neste ensaio foram calculados as

densidades brutas e de compactação, o fator de Hausner, índice de Carr e de

densificação, segundo as equações 4, 5 e 6, respectivamente, Os resultados

do índice de densificação foram extrapolados para massa de 100g, conforme

recomendado pela literatura.

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dbdc

FH = (4) 100dc

dcdbIC ×

−= (5) 50010 VVID −= (6)

onde: FH = fator de Hausner; db = densidade bruta (g/ml); dc = densidade

de compactação (g/ml); IC = índice de Carr; ID = índice de densificação; V10

= volume do pó após 10 quedas (ml); V500 = volume do pó após 500 quedas

(ml),

3.3.6. Determinação do Rendimento da Operação de Secagem

O rendimento foi obtido através da diferença entre a massa teórica de

sólidos presentes na solução extrativa e a massa do produto seco obtido.

3.3.7. Determinação do teor de taninos

Foi determinado pelo método espectrofotométrico em 271nm, utilizando-

se como agente complexante a caseína e tempo de complexação de 1 hora,

conforme demonstrado no capítulo IV.

3.3.8. Cromatografia em Camada Delgada

Foi desenvolvida em placas de sílica gel 60 F254 de 8 cm x 5,5 cm em

que foram aplicados 5µl do produto seco por aspersão ressuspenso em água

destilada e dos padrões. Os padrões analisados foram os seguintes: ácido

gálico, ácido tânico, quercetina e catequina, todos em concentração de 0,1 %

(m/v). A fase móvel utilizada foi uma solução de acetato de etila – metanol –

água (15,2:2,8:2, v/v/v). As placas cromatográficas foram reveladas com

solução de vanilina clorídrica, solução de cloreto férrico e 2-aminoetil-difenil-

borato 1%.

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3.3.9. Análise Estatística

Os resultados foram avaliados através de ANOVA multivariada, análise

de regressão múltipla, curva de superfície de respostas e gráficos de

contornos, construídos a partir das equações ajustadas pela regressão

(COCHRAN e COX, 1978; MONTGOMERY, 1991). A análise estatística será

realizada com auxílio dos programas Statistica®, Excel® e SigmaStat®. A

análise de validação dos modelos será realizada de acordo com os critérios

descritos por WEHRLÉ et al (1995).

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RESULTADOS E DISCUSSÃO

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4. RESULTADOS E DISCUSSÃO

4.1. Matéria-Prima Vegetal (MPV)

A matéria-prima vegetal obtida apresentou perda por dessecação de

12,61% ± 0,1%, demonstrando que a mesma está dentro dos limites

preconizados pela literatura que é de 14% evitando, assim, o desenvolvimento

de micro-organismos que possam comprometer o armazenamento e

contaminar os produtos elaborados a partir da MPV (LIST e SCHIMIDT, 1989).

O valor de teor extrativo foi de 27,12% ± 0,3%, sugerindo que a água é um bom

solvente extrator.

0

5

10

15

20

25

30

0-210 210-300 300-420 420-500 500-600 600-710 710-1000

faixa granulométrica (µm)

freq

uenc

ia (

%)

Figura 5: Histograma de distribuição da matéria prima vegetal de Psidium

guajava.

A granulometria do material triturado é um parâmetro importante a ser

estabelecido, pois representa uma influência direta sobre a eficiência e

reprodutibilidade do processo extrativo (MIGLIATO, 2007). A análise

granulométrica da Matéria Prima Vegetal demonstrou que cerca de 26% das

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partículas encontram-se na faixa entre 700 e 1000 µm (figura 5), apresentando,

no entanto, tamanho médio das partículas de 476,5 µm (figura 6).

0

20

40

60

80

100

120

0 105 255 360 460 550 655 855

tamanho de partícula (µm)

freq

üênc

ia (

%)

Fret

Fpass

Figura 6: Curvas de retenção e de passagem da matéria prima vegetal.

Como uma metodologia para extração já fazia parte do trabalho, o ensaio

de teor extrativo foi realizado aqui apenas como parâmetro de controle de

qualidade da matéria-prima vegetal. O resultado apresentado foi um teor de

27,13% ± 0,37.

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4.2. Otimização e Padronização de Solução Extrativa

As folhas de Psidium guajava são comumente preparadas como uma

infusão em água quente para ser usadas para propósitos medicinais (OLAJIDE

e col, 1999). Portanto, infusão e decocção em água com duas diferentes

proporções de droga foram selecionados como métodos extrativos para avaliar

a capacidade de extração de taninos. Considerando este desenho experimental

(Figura 7A), a análise estatística demonstrou que apenas o método de extração

foi um fator significante (p = 6,1 x 10-3) no teor de taninos. Apesar de que a

proporção de droga, neste caso, não foi um fator importante (p=0,72), houve

uma interação significativa entre os dois fatores (p = 2,2 x 10-5). Considerando

outros métodos de extração (maceração e decocção) usando etanol 50% como

solvente (Figura 7B), a análise estatística revelava que ambos os fatores

(método de extração e proporção de droga) foram significativamente

importantes (p,0,001) e que houve interações significativas (p = 0,0002) entre

os dois fatores.

Figura 7. Teor de taninos em diferentes métodos de extração, usando água (A) e etanol 50%

(B) como solvente.

A Figura 7 mostrou que em ambos os casos o métodos de decocção foi

mais eficiente para extrair os taninos e dependendo do método de extração o

aumento da proporção de droga pareceu diminuir o teor de taninos. Este fato

pôde ser justificado pela saturação de solventes com o aumento da proporção

de droga.

A B

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Estes experimentos demonstraram que a decocção foi o melhor método

de extração de taninos independente do solvente usado. No entanto, o solvente

hidroalcoólico pareceu ser mais eficiente do que a água para extrair os taninos,

uma vez que a solução extrativa obtida por decocção com etanol 50% (v/v)

apresentou um teor de taninos mais elevado (5,13 ± 0,02 g%) do que a

decocção com água (2,71 ± 0,12 g%).

Assim, o desenho fatorial 32 foi desenvolvido para verificar a influência de

dois fatores (proporção de droga e concentração alcoólica) no teor de taninos e

no resíduo seco da solução extrativa. A análise estatística mostrou que apenas

a concentração alcoólica (p = 0,00014) foi significativamente importante para o

teor de taninos. O modelo matemático proposto (equação 7) foi capaz de

descrever 98,2% dos experimentos (r2 = 0,98195).

TT = 4.450-0.250*D+0.002*D2+0.090*AC–0.001*AC2+0.002*D*AC (equação 7)

Onde: TT = taninos totais (g%) D = proporção de droga (g) e AC =

concentração de álcool (%).

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Figura 8: Superfície de resposta ao teor de taninos.

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Da análise da superfície de resposta é possível observar que houve uma

extração máxima de taninos a 50% de concentração alcoólica (Figura 2). A

respeito do resíduo seco, tanto a proporção de droga como a concentração

alcoólica foram estatisticamente significativas. A superfície de resposta (Figura

3) mostrou que a concentração alcoólica teve uma influência quadrática no

resíduo seco onde a concentração ótima foi 50% de álcool, enquanto a

proporção de droga teve praticamente uma influência linear onde maiores

proporções de droga significaram mais resíduo seco. O modelo matemático

proposto (equação 8) pode descrever 97,5% dos experimentos (r2 = 0,97582).

RS=-0,0515+0,2101*D–0,0101*D2+0,0146*AC–0,0001*AC2+0,0006D*

(Equação 8)

Onde: RS = resíduo seco (g%) D = proporção de droga (g) e AC =

concentração de álcool (%).

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Figura 9: Superfície de Resposta ao resíduo seco.

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A análise estatística indicou que a decocção usando álcool 50% (v/v)

como solvente foi a melhor condição para preparar a solução extrativa a partir

de folhas de Psidium guajava. Esta solução apresentou 5,13 g% de taninos e

1,30g% de resíduo seco e foi selecionada para avaliar atividade antimicrobiana

(Quadro 4). Os dados indicam uma completa inibição para todos os

microorganismos testados, exceto P. aeruginosa, onde nenhuma atividade foi

mostrada. Estes resultados estão de acordo com a literatura indicando a

atividade antimicrobiana do extrato hidroalcoólico de Psidium guajava.

(CARVALHO e col., 2002; SANCHES e col, 2005)

Microorganismo Diâmetro da Zona de Inibição (mm)

P. aeruginosa ATCC 27853 -

S. aureus ATCC 29213 13

S. aureus ATCC 25922 14

B. cereus ATCC 11778 12

B. subtilis DAUFPE 12

C. albicans ATCC 10231 10

Quadro 4: Atividade antimicrobiana de extrato de folhas de Psidium guajava em zona de

inibição de disco

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4.3. Desenvolvimento Tecnológico de Produto Seco por Aspersão

Os produtos secos por aspersão (PSA) foram obtidos através da secagem

da solução extrativa com e sem o uso de adjuvantes em torre de secagem Mini

Spray-dryer Büchi-191. As condições operacionais utilizadas estão descritas no

quadro 6, abaixo:

Quadro 6: Condições operacionais de secagem

Parâmetros Valores

Temperatura de entrada 120°C

Temperatura de saída 90 ± 3 °C

Fluxo de alimentação 1,7 mL/min

Aspiração 85%

Pressão 2 bar

Diâmetro do atomizador 0,7 mm

Foi avaliada a viabilidade de obtenção de um produto seco por aspersão

com e sem adjuvantes de secagem, sendo neste último caso utilizados

Aerosil®, Avicel PH101® e Eudragit EPO®.

Todos os PSA foram obtidos a partir da solução extrativa padronizada

com uma relação droga: solvente de 5,0% (m/v) utilizando como solvente

etanol 50% (m/v), em decocção sob refluxo durante 15min. Os PSA foram

produzidos considerando o resíduo seco da solução extrativa, e sendo assim,

foi obtido PSA sem adjuvante (PSA - 0), com 20% de Aerosil ® (PSA-A), com

10% de Avicel PH101® (PSA-C), com 5% de Eudragit EPO® (PSA –E) e com

as combinações para satisfazer o fatorial 23; Aerosil e Avicel (PSA-AC), Aerosil

e Eudragit (PSA-AE), Avicel e Eudragit (PSA-CE) e os três adjuvantes

combinados (PSA-ACE).

Todos os produtos secos obtidos, independentemente, do adjuvante de

secagem apresentaram semelhante aspecto visual e morfologia de partícula,

ou seja, coloração castanha claro, tamanho médio de partícula menor que 4,8

µm e formato esférico com aspecto enrugado, o que é comum quando se utiliza

álcool como solvente de extração (MATA, 2005) (quadro 7 e figura 11).

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Quadro 7: tamanho médio de partícula dos produtos secos (PSA)

PSA Tamanho de partícula (µm)

PSA-0 (Sem adjuvante) 4,60

PSA-A (com aerosil) 4,52

PSA-C (com avicel) 4,68

PSA-E (com eudragit) 3,42

PSA-AC (com aerosil+avicel) 4,57

PSA-AE (com aerosil+eudragit) 4,01

PSA-CE (com avicel+eudragit) 4,11

PSA-ACE (com aerosil + avicel + eudragit) 4,38

Apesar de não ser um método de quantificação, a Cromatografia em

Camada Delgada é bastante útil como um método de triagem simples e

relativamente barato para o controle de qualidade de fitomedicamentos

(VALENTE, 2006). Dessa forma, foi realizada cromatografia em camada

delgada para a solução extrativa e para os produtos secos por aspersão

ressuspensos em água destilada.

Os cromatogramas foram revelados em uma mistura de soluções de

vanilina clorídrica, cloreto férrico e 2-aminoetil-difenil-borato e visualizados em

luz ultravioleta no comprimento de onda de 366nm. Para a solução extrativa

foram detectadas quatro manchas principais, com Rf de 0,77, 0,68, 0,57 e 0,38.

Para os produtos secos por aspersão ressuspensos também foram

encontradas quatro manchas, mas com Rf que variavam entre 0,73 a 0,79,

0,70 a 0,72, 0,57 a 0,61 e 0,39 a 0,42 (Figura 10). Os padrões apresentaram

valores de 0,72 para catequina, 0,82 para a quercetina, 0,72 para o ácido

gálico e 0,70 para o ácido tânico. O fato de que os cromatogramas para a

solução extrativa e para os PSAs mostra que a técnica de secagem por

aspersão não causa alterações qualitativas nos compostos fitoquímicos

presentes nas folhas de Psidium guajava.

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Figura 10: Esquema dos resultados da cromatografia em camada delgada. Ct: catequina; ag:

ácido gálico; at: ácido tânico; se: solução extrativa; os: produtos secos por aspersão.

A análise da forma da partícula foi realizada através de microscopia

eletrônica de varredura no Laboratório de Microscopia Eletrônica de Varredura

do Núcleo de Pesquisa em Petróleo e Gás Natural da UFRN. Todos os PSA’s,

ao serem visualizados pela técnica apresentavam um aspecto semelhante ao

mostrado na figura 11.

Figura 11: Microscopia Eletrônica de Varredura do Produto Seco por Aspersão

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Durante exposição a ambientes de atmosfera com umidade relativa

controlada de 70%, no ensaio de avaliação da higroscopicidade, o

comportamento de todos os produtos secos obtidos foi de ter um aumento de

massa de mais de 6% nas primeiras 24 horas, subindo para entre 8% e 11%

nos dias subsequentes, dependendo do produto seco avaliado (figura 12). A

partir do quarto dia observou-se formação de grumos e leves alterações de cor.

Estes resultados mostram que, apesar dos produtos secos PSA-AE e

PSA-ACE apresentarem uma absorção de umidade mais aceitável, ela ainda é

preocupante, já que provoca alterações nas propriedades físicas do produto.

Figura 12: Perfil de Higroscopicidade dos produtos secos por aspersão de Psidium guajava. A:

PSA-0, PSA-E, PSA-C, PSA-A; B: PSA-ACE, PSA-AC, PSA-AC, PSA-AE.

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No estudo da reologia, fatores como o índice de Carr e o fator de Hausner

são parâmetros vinculados à capacidade de empacotamento do pó,

considerando-se que valores baixos no índice de Carr, abaixo de 20%, indicam

propriedades reológicas mais estáveis. Todos os PSA produzidos, com e sem

adjuvantes, apresentaram deficientes propriedades de fluxo, mostrando baixa

densidade e alta instabilidade de empacotamento (VOIGT 2006). No entanto,

como pode se vê no Quadro 8, o PSA-AE teve valores consideravelmente

melhores, mostrando um Fator de Hausner abaixo de 1,5, valor considerado

mediano.

Quadro 8: características reológicas dos produtos secos por aspersão (PSA)

PSA DB (g/ml) dc (g/ml) FH IC (%)

PSA-0 0,212 0,403 1,90 47,46

PSA-A 0,244 0,378 1,55 35,36

PSA-C 0,194 0,353 1,81 44,96

PSA-E 0,211 0,377 1,78 43,97

PSA-AC 0,232 0,361 1,70 41,27

PSA-CE 0,218 0,369 1,69 40,92

PSA-AE 0,279 0,398 1,43 29,90

PSA-ACE 0,223 0,357 1,60 37,53

db=densidade bruta; dc=densidade de compactação; FH=fator de hausner; IC=índice de Carr

Para determinar qual o melhor produto seco, foi elaborado um fatorial 23

tendo como variáveis de resposta o teor de umidade, o rendimento de secagem

e o teor de taninos totais nos produtos secos por aspersão. Em seguida foi

realizada uma análise estatística dos resultados obtidos.

O rendimento da operação de spray-drying para cada produto seco por

aspersão foi calculado e pode ser visto no quadro 8. Apesar de mais uma vez,

o PSA-AE ter obtido os valores mais altos, os mesmos não foram significativos

em relação aos outros (SILVA, 2006).

Quanto à umidade, apesar de não haver diferenças significativas entre os

produtos secos estudados, apenas três dentre os oito apresentaram um teor

acima do limite permitido de 7% para produtos de acondicionamentos não

herméticos (SOUZA, 2004).

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Com relação ao teor de taninos totais, as análises demonstraram que os

resultados (quadro 9) foram muito semelhantes ao que foi encontrado na

solução extrativa original demonstrando assim que o processo de spray-drying

não altera o conteúdo de substâncias presentes nas soluções extrativas.

Quadro 9: Variáveis de resposta do planejamento fatorial para os produtos secos (PSA).

Amostra Umidade (%) Rendimento de secagem (%) Teor de taninos totais (%)

PSA-0 7,29 41,84 4,66

PSA-A 7,07 42,86 5,39

PSA-E 6,93 42,21 4,48

PSA-C 5,11 44,78 4,93

PSA-AC 7,01 38,24 5,18

PSA-AE 6,42 47,03 5,41

PSA-CE 5,70 44,01 4,91

PSA-ACE 6,14 42,56 5,02

Foi realizada uma análise estatística utilizando como variáveis de

secagem a umidade residual, o teor de taninos e o rendimento de secagem.

Todos os PSAs foram significativos para a variável de teor de taninos. O PSA-

E, o PSA-A e o PSA-AE apresentaram resultados significativos para a umidade

residual apenas o PSA-AE foi significativo (p = 0,043) na variável rendimento

de secagem. Isso aliado ao fato de ter apresentado as melhores características

reológicas faz com que o PSA-AE seja considerado o mais apropriado dos

PSAs estudados.

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CONCLUSÕES

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5. CONCLUSÕES

• De acordo com o desenho fatorial, os parâmetros que proporcionaram

solução extrativa com maior rendimento foram: decocção sob refluxo,

como método de extração; e, etanol 50% (v/v) como solvente de

extração;

• As condições selecionadas para preparação de solução extrativa com

maiores respostas em taninos e resíduo seco, foram: relação

droga:solvente de 7,5% (m/v); etanol 50% (v/v), e, decocção sob refluxo

durante 15min;

• Constatou-se a viabilidade da obtenção de produto seco por aspersão a

partir da solução extrativa padronizada;

• O perfil cromatográfico obtido por cromatografia em camada delgada

confirmou a presença de taninos e flavonóides tanto na solução extrativa

como no produto seco por aspersão;

• Dos adjuvantes de secagem estudados, a combinação Aerosil ® com

Eudragit ® apresentou as melhores características reológicas, foi mais

significativo nas análises estatísticas envolvendo rendimento, umidade

residual e teor de taninos totais, neste último apresentando valores que

satisfazem as exigências da farmacopéia brasileira.

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