otávio dias ∞ bradesco - bancários de curitiba · jorge antonio de lima - hsbc josé carlos...

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Otávio Dias ∞ BradescoPresidê[email protected]

Antonio Luiz Fermino • CaixaSecretaria [email protected]

Carlos Alberto Kanak • HSBCSecretaria de Finanç[email protected]

Kelson Morais Matos • BradescoSecretaria de Organização e Suporte Administrativo [email protected]

Alessandro Greco Garcia • Banco do BrasilSecretaria de Imprensa e Comunicaçã[email protected]

Genésio Cardoso • CaixaSecretaria de Formação Sindical [email protected]

Cristiane Zacarias • HSBCSecretaria de Igualdade e da [email protected]

Karla Cristine Huning • BradescoSecretaria de Assuntos Jurídicos Coletivos e [email protected]

Ana Maria Fideli Marques • ItaúSecretaria de Saúde e Condições de [email protected]

Marcio M. Kieller • ItaúSecretaria de Políticas Sindicais e Movimentos [email protected]

Ana Luiza Smolka • Banco do BrasilSecretaria de [email protected]

Júnior César Dias • Itaú UnibancoSecretaria de Mobilização e Organização da [email protected]

Pablo Sérgio M. Ruiz Diaz • Banco do BrasilSecretaria de Ass. de P. Sociais e E. Socioeconô[email protected]

Anselmo Vitelbe Farias • ItaúSecretaria de Assuntos do Ramo [email protected]

Sélio de Souza Germano • ItaúSecretaria de Esportes e [email protected]

Ademir Vidolin - BradescoAna Paula Araújo Busato - BBAndré C. Branco Machado - BBArmando Antonio Luiz Dibax - ItaúAudrea Louback - HSBCClaudemir Souza do Amaral - SantanderClaudi Ayres Naizer - HSBCClovis Alberto Martins - HSBCDarci Borges Saldanha - ItaúDavidson Luis Zanette Xavier - BBDébora Penteado Zamboni - CaixaDenívia Lima Barreto - HSBCEdison José dos Santos - HSBCEdivaldo Celso Rossetto - HSBCEustáquio Moreira dos Santos - ItaúGenivaldo A. Moreira - HSBCGerson Laerte da Silva Vieira - BB

Efetivos

Herman Felix da Silva - CaixaJoão Paulo Pierozan - CaixaJorge Antonio de Lima - HSBCJosé Carlos Vieira de Jesus - HSBCJosé Carneiro Ferreira - HSBCKarin Tavares - SantanderLilian de C. Graboski - SantanderNilceia Aparecida Nascimento - BradescoOrlando Narloch - HSBCRodrigo Pilati Pancotte - BBSidney Sato - ItaúSonia Regina Sperandio Boz - CaixaTarcizo Pimentel Junior - HSBCUbiratan Pedroso - HSBCValdir Lau da Silva - HSBCVanderleia de Paula - HSBCVandira Martins de Oliveira - Itaú

Ivanício Luiz de Almeida - Itaú UnibancoDenise Ponestke de Araújo - CaixaMargarete Segalla Mendes - HSBC

SuplentesTânia Dalmau Leyva - Banco do BrasilEdna do Rocio Andreiu - HSBCCarolina M. Mattozo - Banco do Brasil

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Cartas do leitorEditorialBancosEspecial eleiçõesConjunturaEntrevistaCapaOpiniãoCidadaniaCulturaFormaçãoSaúdeBalanço financeiroPé na estradaAconteceuMemórias da lutaHumor

14 Campanha salarialEm 2012, bancários querem 10,25%, valorização do piso e

melhorias na PLR. Minuta inclui reivindicações por melhores condições de trabalho, mais saúde e segurança.

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Diretas já! Luta pela redemocratização do país, duran-te a Ditadura Militar, mobilizou milhões de brasileiros em prol da queda do regime ditatorial.

Memórias da luta

Eleições municipaisCandidatos eleitos devem representar os anseios dos

eleitores e serão responsáveis por zelar pela infraestru-tura das cidades.

EntrevistaLonge de ser uma mercadoria, o ex-governador

Olívio Dutra ressalta a importância do voto como fer-ramenta de exercício da cidadania.

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Conselho Editorial: Alessandro Garcia, Ana Smolka,Carlos Kanak, Genésio Cardoso,

Júnior Dias e Otávio DiasJornalista responsável: Renata Ortega (8272-PR)

Redação: Flávia Silveira, Paula Padilha e Renata OrtegaProjeto gráfico: Fabio Souza e Renata Ortega

Diagramação e Capa: Fabio Souza Revisão: Maria C. Périgo

Impressão: Multgraphic • Tiragem: 8.200 Contato: [email protected]

A revista Bancári@s é uma publicação bimestral doSindicato dos Bancários de Curitiba e região,

produzida pela Secretaria de Imprensa e Comunicação.Presidente: Otávio Dias • [email protected]

Sec. Imprensa: Alessandro Garcia • [email protected]

Rua Vicente Machado, 18 • 8° andarCEP 80420-010 • Fone 41 3015.0523

www.bancariosdecuritiba.org.brOs textos assinados são de inteiraresponsabilidade de seus autores.

Reestruturação no HSBC

No final de maio, o HSBC iniciou mais um processo de reestruturação, desta vez, com foco na área de Tecnologia da Informação em Curitiba, sem aviso prévio ou diálogo com o movimento sindical. As mudanças preocuparam os funcioná-rios. Leia abaixo o depoimento de um bancário:

“O HSBC já se manifestou em relação à nova “reestru-

turação” do banco? A única coisa que sabemos é que estão sendo demitidas várias pessoas sem motivo concreto ou ex-plicações. A justificativa é simplesmente a reestruturação. Os boatos são de que estão sendo demitidos funcionários com baixa performance de vendas, mesmo que desempenhem bem sua função.”

Bancário do HSBC

Diante da situação, o Sindicato dos Bancários de Curitiba e região realizou uma paralisação no Centro Administrativo HSBC Kennedy, forçando o banco a marcar uma reunião. No dia 30 de maio, o HSBC informou que não fará demissões em massa e que a reestruturação será acompanhada de treina-mento de capacitação e realocação de funcionários. O Sindi-cato está vigilante!

Se você tem denúncias, críticas ou sugestões, entre em conta-to com o Sindicato pelo telefone (41) 3015-0523 ou pelo e-mail [email protected]. Para manter-se informa-do, você pode acessar o site www.bancariosdecuritiba.org.br.

Latifúndio Midiota: crimes,crises e trapaçasAutor: Leonardo Wexell SeveroPáginas: 136Editora: Papiro

Histórias cruzadasGênero: DramaTempo de duração: 146 minAno de lançamento: 2011

O livro propõe um debate e uma reflexão sobre os des-caminhos da manipulação realizada pelos conglomerados de comunicação no Brasil, estimulando a pensar com a própria cabeça e a caminhar com as próprias pernas.

Mississipi, década de 1960. Recém-saída da faculdade, uma jovem sonha em ser escritora. E, para isso, ela decide pesquisar e entrevistar mulheres negras que sempre cuidaram das famílias brancas e que têm muitas histórias para contar.

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Um ano de desafiosEncerramos a Campanha Nacional

dos Bancários 2011 com uma avaliação muito positiva, principalmente se consi-derarmos a unidade da categoria e, em especial, a mesa única de negociação. Conseguimos manter a política do ganho real, acumulando nos últimos anos mais de 12% de aumento acima da inflação, com valorização do piso da categoria su-perior a 20%, e de não desconto dos dias parados. Porém, nossa maior conquista foi a adesão dos trabalhadores, uma das maiores demonstrações de que os bancá-rios, seja de bancos públicos ou privados, chegaram ao limite da insatisfação.

Iniciamos 2012 com novos motivos para se orgulhar. Neste ano, o Sindicato dos Bancários de Curitiba e região co-memora 80 anos de fundação. A Conven-ção Coletiva de Trabalho, válida no Brasil todo, completa 20 anos. Neste contexto, a categoria se prepara para mais um desa-fio: a organização de uma minuta de rei-

vindicações em tempos de crise, apesar dos lucros crescentes dos bancos. É preci-so, portanto, ainda mais unidade para en-frentarmos um dos segmentos que mais lucra neste país e que mais abusa de seus trabalhadores, seja no cumprimento de metas ou no assédio moral.

Muitos são os nossos desafios para a Campanha Nacional dos Bancários 2012. Lutaremos por emprego decente, com a criação de novos postos de trabalho e a contratação de mais bancários, a ratifica-ção da Convenção 158 da OIT (que inibe as demissões imotivadas), o fim da ter-ceirização e do correspondente bancário e, principalmente, o fim da rotatividade, que tem gerado uma constante substitui-ção dos trabalhadores, com salários 38% inferiores. Queremos a manutenção do ganho real, com valorização no piso da categoria, e a distribuição justa dos lucros e resultados, condizente com o cresci-mento dos bancos.

Além disso, nossa maior bandeira nesta campanha salarial, com toda certeza, será a luta por mais saúde, melhores condições de trabalho e mais segurança bancária. Po-rém, queremos chamar a atenção também para a importância da regulamentação do setor, com redução dos juros, tarifas e spread e regras claras de funcionamento. Queremos discutir juntos com a socie-dade, os trabalhadores, o setor privado e o Governo, em uma grande Conferência Nacional do Sistema Financeiro. É preciso um Banco Central eficiente, que fomente o desenvolvimento do Brasil e não fique a serviço dos banqueiros.

Para terminar, lembramos que para en-frentar todos esses desafios é preciso au-mentar ainda mais a unidade da categoria e a adesão dos trabalhadores. Vamos à luta!

Otávio Dias,presidente do Sindicato

dos Bancários de Curitiba e região

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Entre 20 e 22 de julho, cerca de 700 representantes eleitos de todo o Brasil estiveram em Curitiba para participar da 14ª Confe-rência Nacional dos Bancários. Durante o encontro, os delega-dos finalizaram a pauta de reivindicações entregue à Fenaban no dia 01 de agosto. A Conferência Nacional foi realizada na capital paranaense em comemoração aos 80 anos do Sindicato dos Bancários de Curitiba e região.

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Lucro semcontrapartida

Mesmo com um lucro líquido de R$ 7,12 bilhões nos primeiros seis meses do ano, o Itaú Unibanco fechou 3.777 postos de trabalho no segundo tri-mestre de 2012. O Santander Brasil anunciou lucro líquido de R$ 1,464 bilhão no segundo trimestre, mas cortou 135 vagas no mesmo período de 2012. Já o Bradesco fechou 571 postos de trabalho, apesar de registrar lucro líquido de R$ 2,867 bilhões em três meses. Estes dados comprovam que a insatisfação crescente da categoria bancária é justificável, pois os

BANCOS CONTINUAM LUCRANDO, DESRESPEITANDO TRABALHADORESE FRUSTRANDO NEGOCIAÇÕES. BANCÁRIOS CHEGAM AO LIMITE DA INSATISFAÇÃO

Com o Santander, as negociações continuam difí-ceis. As últimas reuniões realizadas, em julho, preten-diam discutir com o banco e o Banesprev uma forma de reestruturação do Plano II, visando resolver o pro-blema estrutural, bem como evitar o aparecimento de novos déficits e prejuízos aos participantes. No primei-ro momento, o Santander não apresentou nenhuma proposta. E, posteriormente, propôs um modelo que busca apenas proteger o banco, livrando-o do com-promisso com os aposentados e da dívida que tem com os banespianos em relação à falta de aporte do serviço passado. Foi protocolada uma manifestação por escrito que protesta contra a falta de seriedade do banco em negociar.

Na última negociação com a Caixa Econômica Fe-deral, realizada em 03 de julho, foram definidas as regras de avaliação de desempenho para a promoção por mérito. Restabelecida em 2008, após mais de 15 anos de sonegação desse direito pela Caixa, a retoma-da da promoção por mérito foi decorrência da forte mobilização dos trabalhadores do banco por um novo PCS, que resultou na unificação dos dois Planos de Cargos e Salários existentes até então.

Apesar desta conquista, para 2012, os empregados da Caixa já definiram sua pauta específica, que con-templa mais contratações, mais segurança, isonomia de direitos e fim do assédio moral, entre outros.

bancos não oferecem nenhuma contrapartida social e ainda exploram seus trabalhadores.

Além das demissões mesmo em face de lucros extorsivos, os bancos têm frustrado os bancários nas negociações, ignorando as reivindicações ou apresen-tando propostas indecentes. Com isso, os trabalhadores têm intensificado, cada vez mais, as mobilizações por melhores condições de trabalho, realizando paralisa-ções, protestos e Dias Nacionais de Lutas. Mantenha-se atualizado acessando www.bancariosdecuritiba.org.br.

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Após um Dia Nacional de Lutas, o Brades-co retomou as negociações com o movimento sindical, em 18 de julho, com avanços para os bancários. O banco disse que se adequará à Re-solução Normativa 254 da Agência Nacional de Saúde (ANS), já em vigor, e incluirá no atendi-mento aos usuários novas especialidades, além de procedimentos como vasectomia. Também houve avanços nas discussões sobre a melho-ria do plano odontológico, que passou a contar com os 24 mil dentistas da rede de atendimen-to da UNA, atual gestora do plano. “O Sindicato solicita que os bancários do Bradesco auxiliem na fiscalização do cumprimento das novas re-gras, denunciando possíveis problemas à ANS”, declara Karla Hunning, diretora do Sindicato.

No HSBC, as situações de desrespeito com as reivindica-ções da categoria e demissões também têm descontenta-do os bancários. Na última negociação com o banco, reali-zada em 04 de junho, as expectativas sobre remuneração, emprego, previdência complementar e o não desconto da PLR do PPR foram, mais uma vez, frustradas. A resposta da categoria foi a realização de um Dia Nacional de Lutas, em 14 de junho, quando cerca de 180 agências ficaram fecha-das em todo o país.

Além das denúncias de envolvimento da sede america-na do HSBC em um escândalo de lavagem de dinheiro, o Sindicato dos Bancários de Curitiba e região trouxe a pú-blico mais uma ação desmedida e inaceitável do banco: a contratação de uma empresa para fazer uma investigação da vida de 164 bancários afastados por motivo de saúde, em sua maioria trabalhadores de Curitiba e região, mas também do Paraná e dos estados de São Paulo, Rio de Ja-neiro, Minas Gerais, Santa Catarina e Rio Grande do Sul.

Os bancários do Itaú Unibanco se cansaram das des-medidas demissões feitas pelo banco e deram início a uma forte mobilização em todo o país. No dia 12 de junho, cerca de 240 agências ficaram fechadas em um protesto contra a rotatividade promovida pelo banco. Segundo dados do Dieese, o Itaú fechou 1.964 postos de trabalho no primeiro trimestre de 2012, uma redução de 7,4% em relação ao mesmo período de 2011, o que acumula um corte de 7.728 vagas nos últimos 12 meses. Os bancários também protestaram contra os bônus dos executivos. Enquanto pratica demissões em massa, o Itaú pagou R$ 7,45 milhões por diretor em 2011. Após a Jornada Nacional de Lutas, o banco informou à Contraf-CUT que está tomando medidas para reduzir a rotativi-dade e, em consequência, as demissões.O Ministério Público do Trabalho ajuizou uma Ação Civil Pública na Justiça do Trabalho, com pedido de limi-nar requerendo a reintegração dos funcionários, na base do Sindicato dos Bancários de Curitiba e região, que fo-ram desligados a partir de março de 2011 pelo Itaú.

No Banco do Brasil, os trabalhadores continuam

insatisfeitos, seja com os resultados das negociações,

que não avançam, ou com o aumento desmedido do

assédio moral nos locais de trabalho, principalmente

em virtude do Sinergia. Na última reunião da mesa

permanente, realizada em 10 de julho, apesar dos

negociadores manifestarem o desejo de começar as

discussões da pauta específica assim que as entidades

sindicais fizerem a entrega da minuta, também afirma-

ram que não irão negociar a implantação da jornada

de 6 horas para todos os comissionados sem redução

de salários, frustrando os bancários. Além disso, a dire-

ção do banco ressaltou que não discute questões liga-

das ao plano de metas, arquitetura organizacional e de

remuneração da empresa.

Nas Centrais de Atendimento (CABB), trabalhado-

res de todo o país continuam mobilizados pelo cum-

primento da pauta específica, que inclui reivindicações

por melhores condições de trabalho para atendentes e

mudanças em itens de remuneração.

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Você se senterepresentado?

A cada dois anos, todos os cidadãos brasileiros assumem o compromisso de escolher seus represen-tantes nos Poderes Executivo e Legislativo. O voto é obrigatório. Mas a escolha dos candidatos depende do interesse de cada pessoa. Em outubro de 2012, o pleito é para eleger prefeitos e vereadores, que re-

presentam a população e são responsáveis por zelar pela infraestrutura das cidades e gerenciar as leis a que os ci-dadãos estão submetidos.

Muita gente não sabe, mas o artigo 30 da Constitui-ção Federal estabelece como competência administrativa dos municípios a plena auto-nomia legislativa em assuntos de interesses locais, comple-mentando as legislações esta-dual e federal. Se a rua da sua casa é esburacada, mal sinali-zada ou se o posto de saúde

tem ou não estrutura, é responsabilidade municipal, mesmo que os recursos sejam do Governo Federal.

A doutora em Filosofia Andrea Fachel, professora no Instituto Federal do Paraná (IFPR), explica que o Poder Legislativo representa a todos e, por isso, o Estado é legítimo enquanto expressão de uma

vontade geral. “No caso das Câmaras Municipais, a ideia é que vários grupos distintos possam ter seus interesses representados. Destaco que o processo de formulação, encaminhamento e votação das leis – es-tabelecidas principalmente na Constituição Federal – torna a necessidade de que os diversos grupos te-nham seus representantes diretos”, completa.

Vote em quem te representaEntidades ligadas aos movimentos sociais há mui-

to tempo lutam por uma situação mais igualitária em Curitiba, município que há anos é administrado por políticos neoliberais, que visam à venda de bens pú-blicos, à terceirização de serviços, e, por consequên-cia, à desvalorização dos trabalhadores. E esse cenário só pode ser mudado através do voto.

Na opinião do professor do IFPR Ederson Lima, mestre em História e doutorando em Educação, é nessa estrutura, do Poder Legislativo, que as leis são discutidas, criadas e aprovadas. “Uma categoria, um grupo social que não está representado na casa em que se fazem as leis terá enorme dificuldade para par-ticipar de forma mais ativa na vida da própria comu-nidade, ou seja, está fora do jogo político que elabora as leis”, diz. Para ele, o envolvimento é importante e torna-se um ciclo informativo para que os trabalha-dores saibam quais projetos tramitam, qual é o custo da Câmara Municipal para os cofres públicos.

Retirada das portas de segurançaUm exemplo prático é a onda dos bancos privados

SINDICATO DEFENDE QUE TRABALHADOR DEVE VOTAR EM TRABALHADOR,PARA FAZER VALER SUA REPRESENTAÇÃO E SEUS INTERESSES

“ Um grupo socialque não estárepresentado na casa em que se fazem as leis terá dificuldade para participar deforma mais ativana vida da própriacomunidade.”

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retirando as portas de segurança com de-tectores de metal das entradas das agências bancárias do Brasil. Em Curitiba, isso ainda não aconteceu porque os trabalhadores e clientes estão protegidos pela Lei Munici-pal nº 8.397/1994, que torna obrigatório este item de segurança. Contudo, na base do Sindicato, apenas outros três municípios são contemplados por lei semelhante: São José dos Pinhais, Campo Largo e Araucária.

Essas leis regulamentam o que já de-veria estar garantido pela Lei Estadual nº 11.571/1996, que torna obrigatória a instalação de portas de segurança em todas as agências do Paraná. Mas não é o que acontece. Sem a regulamentação, no-vas agências bancárias do Bradesco e do Itaú, por exemplo, começaram a ser aber-tas sem a porta de segurança nas cidades de Rio Negro, Quatro Barras, Pien, Qui-tandinha, Contenda, Itaperuçu, Rio Bran-co do Sul, Cerro Azul, Bocaiúva do Sul, Mandirituba e Campina Grande do Sul. “Para que este cenário seja revertido, é imprescindível que os bancários tenham a consciência de que só votando em tra-balhadores os projetos de lei em benefí-cio da categoria têm alguma chance de serem aprovados e efetivados”, acredita Otávio Dias, presidente do Sindicato.

Tramitação enroladaOutro exemplo de falta de interesse

dos vereadores é a tramitação enrolada do chamado PL da Segurança. O Sindicato dos Bancários de Curitiba, junto com o Sindi-cato dos Vigilantes de Curitiba e região, luta desde dezembro de 2010 pela aprova-ção do Projeto de Lei nº 005.00203.2010, que tramita na Câmara Municipal e está em fase de conclusão na Comissão de Le-gislação e Justiça desde abril de 2012.

O projeto foi elaborado com base em reivindicações de bancários e vigilan-tes de todo o país por mais segurança e torna obrigatória a instalação de outros dispositivos de segurança em agências e postos de atendimento (dentre eles, porta com detector de metal, vidros resistentes a disparos nas fachadas e nas estruturas internas, monitoramento por imagem em tempo real e divisórias entre os caixas). Contudo, o projeto ainda não virou lei.

Para Ederson Lima, essa demora pode ser atribuída a dois fatores: a pres-são do Siste-ma Financeiro pela não apro-vação e a falta de pressão da sociedade pela

aprovação. “Não é novidade que o setor bancário está atrelado a poucos e gigan-tescos grupos financeiros que possuem recursos e influência política suficientes para pressionar legislativos para aprovar ou engavetar projetos que venham a au-mentar os custos e responsabilidades des-sa parcela do empresariado. E isso pode estar contribuindo para o caso desse pro-jeto”, sentencia.

Leis para consumidoresExistem inúmeras Leis Municipais e

Estaduais que visam alguma regulamen-tação relacionada a agências bancárias ou instituições financeiras no Paraná, como por exemplo a Lei dos Biombos (15.453/2007), a lei que estabelece a disponibilidade de cadeira de rodas dentro das agências (15.441/2007) ou a que estabelece a obrigação de co-locar avisos de alertas para marcapassos em caso de porta com detector de metal (15.136/2006), entre outras. Essas leis são originárias de ações que visam a de-fesa dos direitos dos consumidores, tão importantes quanto as leis que visam a segurança, contudo, mais fáceis de serem fiscalizadas, já que todos os usuários de instituições financeiras são atingidos.

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“ A PrevidênciaSocial é um direitoconferido aoscidadãos de umasociedade maisevoluída, queentendeu que omercado excluirá a todos na velhice.”

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DADOS DA ANÁLISE DA SEGURIDADE SOCIAL COMPROVAMSUPERÁVIT DE MAIS DE R$ 77 MILHÕES EM 2011

Desde que o pensamento liberal-conservador ga-nhou terreno nos meios político e acadêmico, a ques-tão central para as sociedades ocidentais deixou de ser o desenvolvimento econômico da nação, com distribui-ção de renda, para se voltar à defesa da soberania dos mercados e dos interesses individuais. Com esta nova

visão de mundo, um sistema de seguridade social universal, solidário e baseado em prin-cípios redistributivistas seria incompatível. Restava, então, forjar a ideia de falência dos sistemas previdenciários pú-blicos, com custos crescentes, que decorriam de uma traje-tória demográfica de envelhe-cimento da população. Assim, não haveria solução possível a não ser o corte de direitos, re-dução do valor dos benefícios e elevação de impostos.

O discurso apresentado acima é defendido pela diretora de Estudos e Políticas Macroeconômicas do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), De-nise Gentil, doutora em Economia pela UFRJ (tendo publicado a tese A falsa crise da Seguridade Social no Brasil: uma análise financeira do período 1990-2005). Para Denise, além de uma ideia forjada, o alardeado déficit do sistema previdenciário público se apoia em uma farsa contábil, um cálculo incorreto, que não se baseia nos preceitos da Constituição Fede-

ral. “O cálculo do resultado previdenciário tem leva-do em consideração apenas a receita de contribuição ao INSS que incide sobre a folha de pagamento, di-minuindo dessa receita o valor dos benefícios pagos aos trabalhadores”, explica a economista.

“Essa, no entanto, é uma equação simplificadora da questão. Há outras fontes de receita da Previdência que não são computadas nesse cálculo, como a Co-fins (Contribuição para o Financiamento da Seguri-dade Social), a CSLL (Contribuição Social sobre o Lu-cro Líquido), a CPMF (Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira) e a receita de concursos de prognósticos. Isso está expressamente garantido no artigo 195 da Constituição e acintosamente não é levado em consideração”, justifica. Por possuir uma diversificada fonte de financiamento, a Seguridade Social se tornou um sistema financeiramente susten-tável, inclusive nos momentos de baixo crescimento, e menos vulnerável ao ciclo econômico.

A Seguridade Socialem números reaisEm meados de maio, a Associação Nacional dos

Auditores Fiscais da Receita Federal do Brasil (An-fip), lançou a publicação Análise da Seguridade So-cial em 2011, que traz dados referentes a receitas e despesas da Seguridade Social (que, conforme a Constituição Federal, é composta pela Previdência Social, Assistência Social e Saúde) no ano passado, além de um comparativo com os anos de 2008, 2009 e 2010. O levantamento aponta um superá-

Uma falsa crise

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vit de R$ 77.193 milhões no ano de 2011, valor 36,2% superior à acumulação de 2010, que foi de R$ 56.675 milhões.

“O que é mais importante na Análise é que o edi-fício da Seguridade Social, às vezes muito criticado, demonstra, ao longo do tempo, que há receitas su-ficientes, há superávit para fazer face às despesas da Seguridade Social. Muitas vezes, se discute um novo tributo para a saúde, por exemplo, mas demonstra-mos aqui na Análise que há recursos para que a Saúde possa ser melhor contemplada para atender aos an-seios da população e, mais do que isso, o dispositivo constitucional que diz que Saúde é direito de todos e dever do Estado”, destacou o presidente da Anfip, Álvaro Sólon de França, na ocasião do lançamento do documento. Ainda segundo o presidente, o próprio Governo entende que o subsistema previdenciário urbano é superavitário.

A quem interessa o déficit?Segundo Denise Gentil, há um grande excedente

de recursos no orçamento da Seguridade Social que vem sendo desviado para outros gastos, montante superior ao limite de 20% permitido pela Desvin-culação das Receitas da União (DRU). Conforme a Constituição Federal, as contribuições sociais não são a única fonte de custeio da Seguridade. Se for necessário, os recursos também virão de dotações orçamentárias da União. Contudo, tem ocorrido o inverso, pois o orçamento da Seguridade é que tem custeado o orçamento fiscal.

“A Constituição determina que sejam elaborados três orçamentos: o orçamento fiscal, o orçamento da Seguridade Social e o orçamento de investimen-tos das estatais. O que ocorre é que, na prática da execução orçamentária, o Governo sempre apresen-tou não três, mas um único orçamento chamando de “Orçamento Fiscal e da Seguridade Social”, no

qual consolida todas as receitas e despesas, unifi-cando o resultado”, explica a economista. “Com isso, fica difícil perceber a transferência de receitas do orçamento da Seguridade Social para financiar gastos do orçamento fiscal. Esse é o mecanismo de geração de superávit primário no orçamento geral da União. E, por fim, para tornar o quadro ainda mais confuso, isola-se o resultado previdenciário do resto do orçamento geral para, com esse artifício contábil, mostrar que é necessário transferir cada vez mais recursos para cobrir o rombo da Previdên-cia”, completa.

A Previdência que queremosDenise defende ainda que, mesmo que o tal défi-

cit existisse, a sociedade brasileira, através do Estado, decidiu amparar os cidadãos na velhice, na doença e invalidez por acidente de trabalho, durante a mater-nidade ou ainda em caso de desemprego. Portanto, cabe ao Estado prover os recursos mínimos àqueles que estão inviabilizados, definitiva ou temporaria-mente, para o trabalho e que perderam a possibilida-de de obter renda. “São direitos conferidos aos cida-dãos de uma sociedade mais evoluída, que entendeu que o mercado excluirá a todos nessas circunstân-cias”, justifica a economista.

Ela defende ainda que é da mais alta relevância entender que a Previdência Social é muito mais que uma transferência de renda a necessitados. “Ela é um gasto autônomo, quer dizer, é uma transferência que se converte integralmente em consumo de alimentos, de serviços, de produtos essenciais e que, portanto, retorna das mãos dos beneficiários para o mercado, dinamizando a produção, estimulando o emprego e multiplicando a renda. Os benefícios previdenciários têm um papel importantíssimo para alavancar a eco-nomia”, finaliza Denise Gentil.*Com informações do Jornal da Universidade Federal do Rio de Janeiro.

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De bancárioà vida política

Olívio Dutra, notório pela sua carreira política do Rio Grande do Sul como prefeito de Porto Alegre e governador do estado, foi deputado federal durante a Constituinte. Mas não esqueceu suas raízes no movi-mento sindical bancário. Funcionário do Banrisul des-de 1961, foi presidente do Sindicato de Porto Alegre, de 1975 até 1979, sendo, inclusive, preso durante a intervenção daquele ano, no período da Ditadura.

Olívio Dutra esteve em Curitiba no mês de maio e visitou a sede do Sindicato dos Bancários de Curitiba e região para conversar com dirigentes. Confira abai-xo suas opiniões sobre a importância de represen-

tantes dos trabalhadores nas casas legislativas.

Bancári@s: Conte-nos um pouco de sua história, do início de sua carreira política e de militante como bancário.

Olívio Dutra: Agradeço pela oportunidade de estar na casa dos bancários de Curitiba e região. Sinto-me como peixe dentro d’água. Sou bancário, me aposentei como bancário

depois de 35 anos de trabalho no Banco do Estado do Rio Grande do Sul (Banrisul). Entrei em 1961, con-cursado, em São Luiz Gonzaga (RS), como contínuo. Tinha 19 jovens como eu naquela cidadezinha, sem emprego, disputando uma vaga de contínuo no ban-co e eu passei. Para o meu pai, que era carpinteiro, e minha mãe, dona de casa, foi uma glória ter um filho bancário. Eu me orgulho muito disso também. Na-quele tempo, os concursos internos eram só depois de três anos, quando fui escriturário do Banrisul em Santa Maria. Mas a militância nunca possibilitou que eu deixasse de ser escriturário [risos].

Bancári@s: Qual a importância da militância no movimento sindical bancário para sua carreira?

O. D.: Eu fui prefeito de Porto Alegre e voltei a ser bancário. Saí num dia da Prefeitura e no outro já estava lá na minha agência trabalhando. Não fui tirar férias, nem fiz viagens. Fui para a minha profissão, para o ganha pão. E só depois de 10 anos de ter sido prefeito que fui eleito governador. E nesse período, nesse pro-cesso entre uma coisa e outra, estive em tantas outras lutas (no movimento sindical), como a greve de 1979, a intervenção (no Sindicato), a prisão (dos dirigentes). Também participei das lutas pela construção do Parti-do dos Trabalhadores (PT), pela construção da Cen-tral Única dos Trabalhadores (CUT), pela Constituinte. Essas coisas que vão forjando a gente, que estão no subsolo da minha formação, de ter sido bancário pro-fissional e militante da minha categoria. Fui presidente do Sindicato dos Bancários de Porto Alegre de 1975 a 1979, quando fui cassado. Por isso, digo que minha vida sindical foi curta, mas muito intensa.

Bancári@s: Como era ser militante em sindicato no período de ditadura no Brasil?

O. D.: Após o início da greve de 1979, houve re-pressão e a prisão das lideranças do Sindicato. Havia a expectativa (dos militares) que as prisões acabassem com a greve. E, ao contrário, o pessoal ficou mais indignado e a greve continuou. Quando o Sindicato sofreu intervenção, a gente não podia pedir anistia para ninguém. Nós fomos nos organizar no Sindi-cato dos Trabalhadores da Indústria do Vestuário de Porto Alegre. Eram companheiros muito solidários, cuja maioria eram mulheres, mas com a direção ain-da composta por homens. A Dilma e o Carlos Araújo eram assessores desse Sindicato, grandes parceiros do movimento sindical.

Bancári@s: Como está sua carreira atualmente, já que está aposentado pelo banco e não exerce car-go político?

O. D.: Eu não tenho cargo e nem mandato, mas eu sou presidente de honra do PT do Rio Grande do Sul. E

OLÍVIO DUTRA JÁ FOI PREFEITO, GOVERNADOR E DEPUTADO FEDERAL.FUNDADOR DA CUT, É BANCÁRIO APOSENTADO DO BANRISUL

“ O povo ainda não tem essa consciência de que o voto éuma ferramentaimportante, que o voto não é umamercadoria de troca.”

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isso, para mim, evidente que é uma distin-ção, mas aumenta a minha responsabilida-de, a minha alegria. Eu tenho feito roteiros pelo estado, demandados pela direção do partido, seus diretórios municipais, mas também pelo país, para discutir pautas que vão além da simples conjuntura político-eleitoral. Questões mais de fundamentos de um partido como o PT. Já um sindicato não é de nenhum partido, é de diferentes partidos ou de nenhum.

Bancári@s: Como a sua atuação no movimento sindical influenciou em sua carreira na política?

O. D.: A luta a partir da categoria ban-cária também é o resultado de uma luta coletiva, não é individual. Como diz o Lula, “eu sou o que sou, e hoje eu es-tou sendo reconhecido, mas se não fosse o movimento sindical e social no Brasil, eu não seria essa referência”. O movi-mento social é muito maior do que qual-quer pessoa. Eu me considero um luta-dor social de construção coletiva, sempre aprendendo mais. Mas eu tenho preocu-pações com o movimento sindical e com o PT, para que a gente não esmoreça na luta, a gente precisa ir adiante.

Bancári@s: Que rumo as categorias de trabalhadores podem tomar para con-quistar esses avanços, para melhorar a si-tuação dos trabalhadores no país?

O. D.: No campo popular social tra-balhista, temos que nos respeitar. Nós temos problemas para enfrentar, cons-truir uma nova cultura que possibilite que cada pessoa se sinta tão importante quanto o presidente da República, que cada pessoa se sinta sujeito e não objeto da política. É essa cultura que nós temos que construir, e, para isso, temos que dar exemplo dentro do sindicato e nos parti-dos, uma militância em torno de ideias e de propostas, não em torno de um cargo, de uma benesse. Hoje em dia, as maiorias que se formam nos Legislativos, nas Câ-maras e nas Assembleias, não têm nada a ver com projeto estratégico, mas somente com partilha de poder e de cargos.

O povo ainda não tem essa consciência de que o voto é uma ferramenta impor-tante, que o voto não é uma mercadoria de troca. Nós temos muito o que fazer para que amplas parcelas da população te-nham essa consciência. Porque, sem isso nós vamos ter sempre essas situações que o Lula teve que enfrentar, de compor com um Congresso que fez maioria com gente que não votou nele, mas que constituíram maioria no poder. E nós defendemos a democracia. O Executivo não pode se so-brepor ao Legislativo, nem ao Judiciário. O Lula teve que fazer essa composição de Governo com gente que não votou nem

“ Um dirigentesindical que vaipara o Governonão representa sóa sua categoria,representa umprojeto amplode defesa dosinteresses de todos os trabalhadores.”

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nele e nem no projeto de governo dele. Essa é uma luta que os movimentos

sociais e os partidos têm que desenvol-ver sempre: criar consciência, constituir uma cultura política que se espraia, se alastre. Por conta disso, vamos mudando a qualidade da representação política. A democracia representativa está em crise, por isso precisamos de democracia par-ticipativa se consolidando. É preciso de-bate, não há proposta pronta e acabada.

Nós temos que formar novos qua-dros capazes de se distribuir também fora da instituição, para as lutas sociais, para promover transformações que ainda não aconteceram. A democracia no nos-so país não está consolidada socialmen-te por conta das enormes desigualdades. As estruturas precisam ser mexidas, com reforma política, tributária, agrária, ur-bana. O sindicato tem os limites da luta econômica e condições de trabalho para determinada categoria e tem que ganhar força se relacionando com as outras cate-gorias. Os sindicatos, ignorando a impor-tância da organização político-partidária, se estilhaçam em lutas econômicas que se esgotam de um ano para outro. Um dirigente sindical que vai para o Governo não representa só a sua categoria, repre-senta um projeto amplo de defesa dos in-teresses de todos os trabalhadores.

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Em 2012, os bancários irão lutar por um índice de reajuste de 10,25% (re-posição da inflação projetada em 4,97%, mais 5% de aumento real). As reivindi-cações – distribuídas nos eixos Empre-go; Remuneração; e Saúde, Condições de Trabalho e Segurança Bancária – in-cluem ainda Participação nos Lucros e Resultados (PLR) de três salários mais R$ 4.961,25 fixos; piso salarial da cate-goria de R$ 2.416,38 (salário mínimo

do Dieese); Plano de Cargos, Carreira e Salários (PCCS) para todos; e melhores condições de trabalho, com mais saúde, segurança e igualdade de oportunidade.

A minuta de reivindicações, referen-dada na 14ª Conferência Nacional dos Bancários, realizada em Curitiba, de 20 a 22 de julho, e entregue à Federação Na-cional dos Bancos (Fenaban) para condu-zir as negociações, foi construída demo-craticamente. “A campanha salarial dos

Bancáriosna lutaREIVINDICAÇÕES INCLUEM 5% DE GANHO REAL, MELHORIAS NO PISO E NA PLR,ALÉM DO FIM DAS METAS ABUSIVAS, DAS TERCEIRIZAÇÕES E DA ROTATIVIDADE

A 13ª edição da Pesquisa de Emprego Bancário, realizada pela Contraf-CUT e pelo Dieese, com base no Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) do Ministério do Tra-balho e Emprego, apontou que o Sistema Financeiro Nacional gerou 1.144 novos empregos no primeiro trimestre de 2012,

uma queda de 83,3% em comparação com o mesmo período do ano passado. Entre janeiro e março, os bancos desliga-ram 10.001 trabalhadores e contrataram 11.145. No ano passado, o saldo positi-vo tinha sido de 6.851 vagas. Essa que-da brusca é quase três vezes maior que a desaceleração do emprego na economia

brasileira (27,5%). Já o salá-rio médio dos trabalhado-

res contratados foi 38,2% inferior ao dos desliga-

dos (R$ 2.656,92 para admitidos versus R$ 4.299,27 para demi-tidos). Na economia brasileira, essa dife-rença é de 7%.

O ministro do Trabalho, Brizo-

la Neto, afirmou que o motivo que o levou a comparecer à 14ª Conferência Nacional dos Bancários é a luta pelo fim da rotatividade. “Estou nesta Conferên-cia com muita satisfação, mas minha presença tem um motivo especial: a alta rotatividade na categoria bancária, uma das maiores do país. Em relação ao sis-tema financeiro, não há justificativa para essa prática dos bancos. Vou empunhar, junto com os bancários, a bandeira con-tra a rotatividade”, disse. Em 2012, a ca-tegoria irá lutar por mais contratações, fim da rotatividade, das terceirizações e do correspondente bancário, pela rati-ficação da Convenção 158 da OIT (que inibe demissões imotivadas), pela in-clusão bancária e o cumprimento da jornada legal de 6 horas.

bancários é um processo amplo, demo-crático e transparente. Nossos primeiros passos foram dados com a consulta que apontou as prioridades dos trabalhadores da base. Depois disso, realizamos Confe-rências Estaduais e Regionais e reunimos, em Curitiba, todos os representantes dos trabalhadores. O resultado é uma minu-ta completa”, resume Otávio Dias, pre-sidente do Sindicato dos Bancários de Curitiba e região.

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Apontado pelos trabalhadores como um dos temas mais urgentes, o debate sobre Saúde e Condições de Trabalho é central na pauta de reivin-dicações. O professor da Universidade Estadual de Campinas Roberto Helo-ani defende que a atual forma de or-ganização do trabalho, tanto no setor bancário como em outras categorias, é a responsável direta por muitos ma-les, entre eles o assédio moral. Ele ex-plica que as consequências do assédio nas relações profissionais são muito

Outro ponto fundamental nos de-bates é a luta por mais segurança. Con-forme o presidente da Confederação Nacional dos Vigilantes (CNTV), José Boaventura, o investimento feito pelos bancos é para assegurar seu patrimô-nio, não a vida de clientes, usuários e trabalhadores. Para ele, o cenário de descaso dos bancos torna necessária a ampliação da discussão e a pressão para que haja mais investimentos. Segun-do dados do Dieese, os cinco maiores bancos que operam no país lucraram R$ 50,7 bilhões em 2011, mas os in-vestimentos em segurança e vigilância

É hora de mobilizarAgora que a Campanha Nacional dos

Bancários 2012 já está nas ruas, é hora de muita mobilização, para pressionar a classe patronal a negociar e impulsionar a luta por emprego decente, melhores condições de trabalho, mais segurança e remuneração justa. “Esperamos manter a unidade da categoria em todo o país e que, neste ano, a adesão dos trabalhado-res seja ainda maior, para conquistarmos

cada vez mais. Em Curitiba e região, te-mos dado exemplo de organização nos últimos anos e, tenho certeza, em 2012, não será diferente. Bancários, vamos à luta!”, conclama Otávio Dias. A cober-tura completa e atualizada da campanha salarial pode ser conferida em www.bancariosdecuritiba.org.br. Acesse tam-bém o Twitter (twitter.com/bancariosc-tba) e o Facebook (www.facebook.com/bancariosdecuritiba).

evidentes e resultam no isolamento do trabalhador. Para Heloani, o bancário pode ter metas a cumprir, desde que não sejam absurdas ou impossíveis.

Além do combate ao assédio moral e o fim das metas abusivas, as reivindicações incluem questões como o cumprimento da NR 17 (intervalo de 10 minutos a cada 50 trabalhados); realocação de funcioná-rios de agências em reforma; igualdade de oportunidades, com o fim da discrimina-ção contra funcionários em reabilitação; e o aumento da licença-paternidade.

somaram apenas R$ 2,6 bilhões (5,2%).Somente no primeiro semestre de

2012, 27 pessoas morreram em ataques ou assaltos a bancos, sobretudo nos crimes conhecidos como “saidinha” de banco. Esse número é 17,4% maior que o ocorri-do no mesmo período do ano passado. Das 27 mortes, 15 foram de clientes, o que re-presenta 55,5% dos casos. Também foram vítimas 05 vigilantes, 03 transeuntes, 03 policiais e 01 bancário. São por esses mo-tivos que a categoria quer mais Segurança Bancária, com câmeras de monitoramento em tempo real e obrigatoriedade de portas giratórias com detectores de metais.

A Cooperativa de Crédito Mútuo dos Trabalhado-res do Sistema Financeiro (Coopcrefi) foi criada em 2003 para reunir e cooperar trabalhadores da base do Sindicato dos Bancários de Curitiba e região com um objetivo: que você, bancário, possa ser dono do seu próprio banco. A criação da Coopcrefi foi per-meada pela necessidade da classe trabalhadora, em meio à organização do sistema, ter uma ferramenta para melhorar sua renda. Podem participar todos os trabalhadores do sistema financeiro ou aposentados, pensionistas, pais, cônjuges ou companheiros.

Na Coopcrefi, todos os participantes têm direito à concessão de empréstimos a juros baixos, pois a capitalização de recursos é feita através de cotas-capi-tais (capital integralizado pelo sócio ao aderir ao co-operativismo) e os empréstimos são concedidos por meio da soma dos recursos capitalizados. O lucro é distribuído da mesma forma, já que todos são donos da cooperativa. Desta forma é possível estabelecer instrumentos que possibilitem uma política de assis-tência ao crédito e obter o melhor dos propósitos,

obedecendo os critérios do cooperativismo. O cooperativismo é o meio mais eficaz e democráti-

co de autogestão, que abre caminho e constrói espaços políticos importantes para uma categoria ou classe so-cial. Desta maneira, unida, a categoria pode se organi-zar, planejar vidas em torno da solidariedade e coletivi-dade. A conquista dos interesses individuais vem através da melhoria de renda, da administração dos próprios recursos e consequente melhora da qualidade de vida.

Nova diretoria da entidadeNo mês de abril, foram eleitos os dirigentes

que estarão à frente da administração da Coopcrefi no triênio 2012/2015. A nova direção agradece a confiança depositada, sem esquecer os bons servi-ços prestados pelas gestões anteriores. Nesta ges-tão, estendemos o convite a todos os bancários para que venham conhecer, investir, capitalizar recursos na nossa Cooperativa. Acreditamos ser esta a forma consciente de organizar as pessoas em torno de um propósito comum.

Sélio de Souza Germano,diretor financeiroda Coopcrefi

Como surgiram as cooperativas?

Em 1902, na cidade de Petrópolis (RJ), nasceu a primeira Cooperativa do Brasil, baseada no con-ceito Raiffeisen,(cooperativa de crédito rural), ori-ginário da Alemanha. O modelo se fortaleceu no sul do país, em regiões colonizadas pelos alemães e, com suas raízes bem estabelecidas, permanecem até os dias atuais.

Mais tarde, outras derivações de modelos de cooperativas surgiriam. Além das Haiffeisen, vie-ram as Schulze Delitzsche (cooperativas de crédi-to urbano), cópias das cooperativas de consumo nascidas na Inglaterra. Superando o período de

dificuldades enfrentadas nos governos desde suas origens, após a Segunda Guerra Mundial, o coope-rativismo desenvolve fortemente o sistema Desjar-dins, nascido no Canadá, atingindo todos os conti-nentes, inclusive a América Latina.

O conceito de cooperativismo ganhou, então, reforço, aprimoramento em seus princípios. No Brasil, surgiu a necessidade de organizar o siste-ma através de centrais de serviços, federações e confederações, todas com supervisão do Banco Central, órgão responsável por cuidar do sistema financeiro.

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Seja donodo seu bancoESSA REALIDADE PODE SER VIVIDA SENDO COTISTADE UMA COOPERATIVA DE CRÉDITO MÚTUO

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Em busca da verdadeSETE INTEGRANTES VÃO INVESTIGAR CRIMES OCORRIDOS EM PERÍODO QUE ENGLOBA DITADURA MILITAR

A criação da Comissão da Verdade foi sancionada em novembro de 2011 pela presidente Dilma Rousseff. Suas preten-sões são apurar, investigar e esclarecer os crimes cometidos contra os direitos hu-manos entre os anos de 1946 e 1988, pe-ríodo do qual a Ditadura Militar faz parte. No entanto, mesmo diante de sua impor-tância, só no dia 16 de maio de 2012 a Comissão saiu do papel e foi oficialmente instalada. O Brasil é o último entre os pa-íses latino-americanos que passaram por regimes militares a instalar um comitê desta natureza.

A Comissão da Verdade não tem poder de punir os responsáveis pelos crimes. “Os resultados dos trabalhos vão depen-der de como nós vamos reagir nas ruas, cobrando seu funcionamento de fato. É preciso sensibilizarmos o povo brasilei-ro da importância do resgate da nossa história e da verdade. Só assim seremos considerados um país civilizado”, afirma Narciso Pires, presidente da ONG Tortura Nunca Mais e ex-preso político na época da Ditadura Militar.

São sete pessoas que integram o gru-po (todas escolhidas pela presidente Dil-

ma): José Carlos Dias (ex-ministro da Justiça no governo Fernando Henrique), Gilson Dipp (ministro do STJ e do TSE), Rosa Maria Cardoso da Cunha (amiga e ex-advogada de Dilma), Cláudio Fonte-les (ex-procurador-geral da República no governo Lula), Maria Rita Kehl (psicana-lista), José Paulo Cavalcanti Filho (advo-gado e escritor) e Paulo Sérgio Pinheiro (atual presidente da Comissão Interna-cional Independente de Investigação da ONU para a Síria).

Não é revanchismo No discurso de instalação da Comis-

são, a presidente Dilma afirmou: “Ao instalar a Comissão da Verdade, não nos move o revanchismo, o ódio ou o desejo de reescrever a história de uma forma di-ferente do que aconteceu. (...) Nos move a necessidade imperiosa de conhecê-la [a verdade] em sua plenitude, sem oculta-mento”. Emocionada, Dilma foi aplaudi-da de pé. A presidente foi torturada du-rante a Ditadura.

Temerosos do que pode vir à tona, em fevereiro, militares das Forças Armadas, fora da ativa, criticaram Dilma por não

ter repreendido a ministra dos Direitos Humanos, Maria do Rosário, que decla-rou que a Comissão da Verdade poderia responsabilizar agentes públicos de cri-mes, a despeito da Lei da Anistia. A crítica foi publicada na Internet e acabou sendo retirada do ar após pressão do Governo.

Porém, alguns dias depois, 98 mili-tares da reserva afirmaram não reconhe-cer a autoridade do ministro da Defesa, Celso Amorim, e reafirmaram os ataques feitos à presidente. E disseram, ainda, que a Comissão da Verdade é “um ato incon-sequente de revanchismo explícito e de afronta à Lei da Anistia com o benepláci-to, inaceitável, do atual governo”, texto que foi endossado por 13 generais.

Para Narciso Pires, as consequências da apuração dos crimes podem reverter a sensação de impunidade dos torturado-res. “Alguns chegam a dizer que cumpri-ram seu papel. Não podemos aceitar isso. E mais, apurar os crimes e punir essas pessoas ajudará a sinalizar aos torturado-res de hoje, porque a tortura ainda existe no Brasil, que passe o tempo que passar, eles serão pegos e punidos por seus cri-mes contra o ser humano”, finaliza.

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Teresa Urban, para o desassossego deles

Foram quase duas horas de conversa que pre-cisam ser resumidas em poucos parágrafos. Tarefa difícil para jornalistas. Ainda mais difícil quando falamos de Teresa Urban, que traz em sua história uma infância de curiosidades, uma adolescência de contestação e uma vida adulta de luta contra a Di-

tadura, da qual foi vítima, e busca por uma sociedade mais justa (agora, na defe-sa do Código Florestal e de causas ambientais).

Teresa, filha de polone-ses, tinha uma mãe muito religiosa e um pai ateu. Até a quarta série do então en-sino primário, estudou em colégio público, período que julga o melhor de sua infância. No ginásio, pas-sou ao ensino particular, no Colégio Divina Providência. “Eram duas dificuldades. Não engolia muito as cer-tezas da religião e havia o problema de classe, porque lá era lugar de gente rica, e minha família não era, mas minha mãe insistia que ali era o melhor”, conta.

Do pai herdou a paixão pela leitura. Desde pequena, se acostumou a sentar-se com ele e ler o jornal. “Isso me instigava muito e me colocava numa posição até confortável, porque eu era questionadora, mas era informada e sempre fui boa aluna”, lembra Teresa.

No ensino médio, o incômodo aumentou. Na

A JORNALISTA E MILITANTE AMBIENTAL CONTA UM POUCODA SUA HISTÓRIA DE VIDA E DAS SUAS REFLEXÕES SOBRE O BRASIL

época, já circulavam ideias da Teologia da Libertação. E, enquanto isso, no colégio, Teresa se via tendo de rezar contra o comunismo. “Não gostava daquilo, não porque eu era comunista, mas porque achava tudo uma bobagem”, conta. Ela descreve um painel que havia na parede do colégio, com Cristo pregado na cruz e no lugar da coroa de espinhos, eram foices e martelos. Teresa concluiu o ensino médio em 1963 e passou 1964 em casa, brigando com a mãe que não a permitia fazer Engenharia, porque “não era curso de mulher”. Teresa foi fazer Jornalismo na Universi-dade Federal do Paraná, em 1965.

O movimento estudantil e a Ditadura “Imaginava que iria resolver as coisas que me in-

comodavam e as injustiças do mundo fazendo jorna-lismo”, conta. Encontrou um curso contaminado por pessoas comprometidas com a Ditadura. Após um se-mestre, ela e outros alunos já faziam um movimento para mudar os professores, melhorar o curso e der-rubar o interventor do Diretório Acadêmico, aliado à Reitoria.

Os ventos da França de 1968 e do movimento contra a guerra do Vietnã alteraram profundamente o que aqueles jovens brasileiros queriam e pensavam. “A contestação de um estilo de vida dentro de um regime autoritário foi explosiva”, acentua.

A primeira prisão veio em 1966, e, segundo Te-resa, foi light, apesar do cerco armado pelo exército, que fechou a quadra da casa onde morava com a fa-mília, na Rua Brigadeiro Franco. Sua mãe foi levada, por engano. “Falava para minha mãe que foi um elo-gio, mas ela nunca achou muita graça nisso”, brinca. Teresa foi, novamente, presa em 1970 e, desta vez, não teve nada de leve. Ficou detida por um mês e conheceu a tortura.

“ A juventude atual herdou um paísestragado e queestá ficando cadavez pior. Pareceque a ditadurasedimentou acorrupção, ainsignificânciapolítica, o poderisolado de alguns membros, a aliança espúria entre osdonos do capitale o Governo.”

Por Flávia Silveira

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Da desproporção Teresa acredita que a tortura no Brasil

faz parte de um processo de incorporação de valores antigos. O país foi construído em cima de violência desde os senhores do engenho com seus escravos, a humi-lhação dos negros e pobres, a polícia que surgiu para proteger a coroa. “O exérci-to incorporou tudo e instituiu a tortura como um procedimento”, afirma. A aten-ção para o problema só veio, no entanto, quando atingiu o “outro lado” da socieda-de. “Vieram para cima de nós, brancos da classe média, daí a sociedade começou a enxergar que isso acontecia”, relata Teresa.

A tortura tinha duas funções. A primei-ra era arrancar o maior número possível de nomes. “Mas também tinha caráter pu-nitivo. Eles pensavam que aquele bando de moleques precisava levar umas porradas”, reforça. É aí que mora a falta de noção de proporção do exército, segundo Teresa. Eles tinham os instrumentos e o poder em mãos. “Não tem como brecar um proces-so desses. O cara que dá o primeiro soco, é capaz de fazer todo o resto”, afirma.

“A Lei da Anistia funciona como um freio. Costumo dizer que a Ditadura no Brasil deu tão certo que pôde sair de cena sem riscos. O modo de agir, o significado político continuam iguais”, diz Teresa. “A

juventude atual herdou um país estragado e que está ficando cada vez pior. Parece que a Ditadura sedimentou a corrupção, a in-significância política, o poder isolado de alguns membros, a aliança espúria entre os donos do capital e o Governo”, completa.

E a caixa preta que é o período ainda mostra seus reflexos. “Aconteceram coi-sas pesadas e nada foi apurado, não há culpados. Isso deu certeza para a polícia, civil e militar, de que eles têm poder. Isso é pior do que impunidade”, afirma, com a angústia de quem tem impressão de que não sabemos, de fato, o que aconte-ce com as pessoas nas comunidades mais pobres, que vivem com medo da polícia.

Teresa e o meio ambiente Quando saiu da cadeia pela última vez,

em 1974, Teresa queria uma luta que fa-lasse a todos. Imaginou que todo mundo queria respirar ar puro. “Achei que fosse uma luta que não assustaria ninguém e é uma discussão que fala sobre a função do Estado de prover bem-estar para a so-ciedade, então era um leque imenso de conversa”, conta. Não foi bem assim.

Ela esbarrou com dois problemas: o Capitalismo e a exploração como único caminho, numa equação em que não há espaço para o respeito dos limites da na-

tureza; e uma sociedade que parece acre-ditar no poder absoluto da tecnologia, que daria conta de qualquer problema futuro, como se o homem tivesse poder absolu-to de dominação. “Nós temos dois cami-nhos. Vamos aprender ou pela ciência ou pela violência da própria natureza. Eu pre-feria que fosse pela ciência”, argumenta.

Do desassossego O quadro não é animador para os que

lutam. Para os que têm algo a dizer. Para os que querem dizer. “Mas se a gente não reclama, não bota a boca no mundo, não cobra, a vida deles, os corruptos, os incapa-zes, fica mais fácil. A última coisa que que-ro para a minha vida é isso. Eu não quero deixar essas pessoas sossegadas”, afirma.

Teresa está na luta desde a década de 1960 e não foram tantas vitórias, é ver-dade. Mas ela não desiste. “Deprimente é fazer nada, só juntar dinheiro, ficar con-dicionado ao mercado, como se fosse um burro atrás da cenoura. As regras do jogo te empurram a não questionar, não mani-festar e cansar de perguntar. Mas o que é mais divertido? Ser daquele jeito ou olhar para o mundo e pensar que a gente pode mudar? Eu ainda acho isso mais diver-tido”, afirma Teresa. Busquemos, então, esta diversão.

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“ Em tempos decomunicaçãoaparentemente livre nas redes sociais, como Facebook, Twitter, Foursquaree LinkedIn, quem agradece são as grandes empresas.”

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EM TEMPOS DE REDES SOCIAS, O QUE A SOCIEDADE BRASILEIRAPRECISA É DE UMA COMUNICAÇÃO AUTÔNOMA E VERDADEIRAENTE LIVRE

A defesa da liberdade humana, em toda e qual-quer esfera, é uma bandeira há séculos defendida pela sociedade. Assim, diante da popularização da Internet e, principalmente, do alcance quase ilimi-tado das redes sociais, entrou em cena nos últimos anos a preocupação com a livre expressão. De acordo com o jornalista e pesquisador Sérgio Luis Bertoni, da Tie Brasil e Paraná Blogs, tudo o que uma pes-

soa faz conectada à Internet é monitorado e passível das mais diversas intervenções do Federal Bureau of Inves-tigation (FBI) ou da Central Intelligence Agency (CIA), por exemplo. E não se trata de seriado hollywoodiano.

Quer compreender me-lhor o enredo desta trama? Acompanhe: em tempos de comunicação aparentemente livre nas redes sociais, como Facebook, Twitter, Foursqua-re e LinkedIn, quem agrade-

ce são as grandes empresas. Com capital disponível e fornecedores interessados em lucrar, elas compram dados de acesso de milhões de usuários, informações que já vêm classificadas por interesse e preferências em determinados assuntos. Assim, magicamente, em um dia qualquer, chega em seu e-mail uma newslet-ter com a sugestão de uma viagem ou pacote turísti-co justamente para o destino que você havia acabado

de pesquisar no Google. Coincidência? Não!

É essa a liberdade que você quer?Bertoni, que coordena o chamado Movimento dos

Blogueiros Proguessistas, relata ainda que faz testes sis-temáticos nas principais redes sociais, para comprovar a falsa liberdade oferecida por elas e o monitoramento constante, além da censura indiscriminada. O jorna-lista afirma, por exemplo, que, no Twitter, sua quan-tidade de seguidores nunca supera um determinado número (e, conforme novas pessoas começam a segui-lo, as mais antigas são excluídas inexplicavelmente). Já no Facebook, testes sistemáticos teriam comprovado que sempre que os progressistas fazem críticas incisi-vas a determinado partido político, seus perfis são sus-pensos, permanecendo fora do ar por um período. Ele afirma, inclusive, que os blogueiros mais censurados do país estão no Paraná.

Diante dessa situação, a proposta de Sérgio Bertoni é uma força-tarefa para burlar esse cerco on-line e pro-piciar aos usuários acesso livre à internet, de forma não monitorada e segura. Isso seria possível através de uma plataforma livre e colaborativa, criada para garantir a autonomia na blogosfera e nas redes sociais, através de um provedor confiável: o Blogoosfero (a ferramenta está a disposição de todos desde o final do mês de maio e pode ser acessada no endereço http://blogoosfero.cc). O projeto, de desenvolvimento tecnológico basea-do no Software Livre Brasileiro Noosfero, é integrado e permite criar e administrar blogs, redes sociais, sites de gerenciamento de conteúdos e fóruns.

Como proceder?

Se você conhece alguém que tem problemas com drogas e quer ajudá-lo, o procedimento, até o momento, é procurar a Unidade de Saúde da área de moradia da pessoa. A orien-tação do psicólogo Guilherme Silva é de que qualquer tratamento na área de saúde mental deve se dar pelo acolhimento e pela humanização, descartando-se modelos de discrimi-nação ou tratamento compulsórios. “A chance de acerto é muito maior se a pessoa estiver informada e cons-cientizada dos tratamentos existentes e de sua problemática”, finaliza.

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Os defasados cuidados com saúde mentalNOVAS PORTARIAS PODEM MUDAR O QUADRO, MAS FALTAM EQUIPAMENTOS E PROFISSIONAIS CAPACITADOS

As reclamações sobre saúde pública no Brasil são generalizadas: faltam postos e profissionais, as filas são imensas e há demora para se conseguir consulta, exa-me ou cirurgia. Agora, você saberia dizer como andam as políticas públicas de saú-de mental, especificamente?

Segundo o psicólogo e membro do Conselho Regional de Psicologia, Guilher-me Silva, as políticas de saúde mental no Paraná e em Curitiba estão bastante defa-sadas. “Elas ainda são muito centradas no modelo de hospital psiquiátrico como único equipamento”, explica. A esperança, de acordo com ele, é que novas legislações ajudem a mudar este quadro, com altera-ções no funcionamento das Comunidades Terapêuticas (CTs) e dos Centros de Aten-ção Psicossociais (CAPs). “Mas o proble-ma principal é a falta de equipamentos e profissionais capacitados. A rede de saúde

mental é inexistente, atual-mente. O acesso é precário e os tratamentos ineficien-tes, exatamente pela falta de

continuidade”, continua. O desconhecimento

na área é generalizado e, muitas vezes, o pa-

ciente é me-d i c a d o

com re-

médios fortes, que trazem efeitos cola-terais, quando não há necessidade. “Os tratamentos multiprofissionais são pou-co divulgados. O investimento deveria ser voltado para prevenção, com serviços ofertados nas Unidades de Saúde em um nível de atenção básica, e pelos Núcleos de Apoio à Saúde da Família”, explica o psicólogo.

Luta AntimanicomialA internação em manicômios deveria,

por lei (10.216/2001), ser o último re-curso utilizado, o que não ocorre, já que faltam serviços de atenção psicossociais. A lei define critérios pouco específicos, deixando a decisão a cargo do médico. O isolamento provisório do paciente, reti-rando-o de sua comunidade, pode trazer consequências graves. “O que vimos com o desenvolvimento de serviços além dos hospitais é que a convivência, o local fa-miliar, a liberdade, enfim, são terapêuti-cos”, afirma Guilherme Silva. “Lutar pelo fim dos manicômios é lutar pela implan-tação de uma rede forte o suficiente para tornar estes espaços dispensáveis, obsole-tos. Os hospitais psiquiátricos ainda são locais que levam à rotulação e estigma da pessoa em sofrimento psíquico, pelo iso-lamento e medicalização como método principal”, completa.

Drogas, uma questãode saúde públicaO problema das drogas e da maneira

como são tratados seus usuários, muitas vezes criminalizados, expõem a fragilida-

de do sistema de saúde mental brasileiro, que ainda parece não ter encontrado o ca-minho para tratar a questão. As campanhas de prevenção são falhas e o tratamento é restrito e de difícil acesso. Atualmente, o tratamento é feito em CAPs, hospitais psi-quiátricos e comunidades terapêuticas, de-pendendo da gravidade do caso. Para con-seguir acessar estes serviços, em Curitiba, a Unidade de Saúde é a porta de entrada, ou seja, não há acesso direto, como prevê a legislação (Portaria 336/2002). “A pessoa em situação de uso ou abuso de sustâncias psicoativas necessita acolhimento imedia-to. O momento em que ela pede ajuda precisa ser valorizado, dada a característica da condição”, acentua o psicólogo. Uma das soluções apontadas seria a instalação de CAPS que funcionem 24 horas, que já deveriam existir há anos.

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Bancários aprovam contas do SindicatoCONFORME ESTATUTO, ENTIDADE FEZ SUA PRESTAÇÃO DE CONTAS ANUAL PARA APROVAÇÃO DOS ASSOCIADOS

Em assembleia realizada no dia 13 de junho, no Espaço Cultural e Esportivo da categoria, os trabalhadores aprovaram a prestação de contas anual do Sindicato dos Bancários de Curitiba e região. Na ocasião, foi apresentado também, aos bancários presentes, o Demonstrativo de Resultados referente ao ano de 2011. Desta forma, a entidade renova, mais uma vez, seu compromisso com a transparên-cia e a ética, princípios essenciais tanto para o Sindicato quanto para a Central Única dos Trabalhadores (CUT).

“A manutenção do projeto cutista de transparência na utilização dos recursos da entidade e também na prestação de contas é fundamental”, ressalta Otávio Dias, presidente do Sindicato. Para o se-cretário de Finanças da entidade, Carlos Alberto Kanak, a prestação de contas anu-al aos trabalhadores é imprescindível para a credibilidade do Sindicato perante a so-ciedade. “É nosso dever fazer com que a gestão dos recursos financeiros atenda de maneira fiel aos interesses da catego-ria”, destaca Kanak. Mais informações em www.bancariosdecuritiba.org.br.

Carlos Alberto Kanak,secretário de Finanças do Sindicato

agosto 201224

Na serra, vá de carroGRUPO DE AMIGOS PASSA DEZ DIAS NA ESTRADA E CONHECEAS BELEZAS DE SANTA CATARINA E DO RIO GRANDE DO SUL

Em suas últimas férias, Tarcizo Pimentel, bancário do HSBC, partiu com a esposa e um casal de amigos para uma aventura pelas estradas do Sul do Brasil. Em dez dias, percorreram, de carro, mais de 2,2 mil qui-lômetros, visitaram 14 cidades e conheceram de perto belas paisagens. A viagem foi realizada de 20 a 29 de abril, e teve início na cidade de Santo Amaro da Im-peratriz (SC), onde já estavam hospedados para um encontro com amigos. O objetivo era conhecer a Rota do Sol (SC), seguir até as cidades turísticas de Canela, Gramado, Bento Gonçalves e Vacaria (RS), conhecer a Serra do Rio do Rastro a caminho de Lauro Mueller (SC). Mas o passeio acabou de estendendo.

“O roteiro foi escolhido por sugestão de amigos que já tinham feito a viagem, especialmente para che-gar à Serra do Rio do Rastro e apreciar a exuberância do local”, lembra Elizabeth Pimentel, esposa do ban-cário. “Queríamos visitar o maior número de atrativos possíveis nos dez dias disponíveis para viagem”, conta. Em Santo Amaro da Imperatriz, o casal se hospedou no hotel Caldas da Imperatriz, com instalações sim-ples e confortáveis e comida saborosa. O hotel possui piscinas térmicas, mas o atrativo são as águas termais,

consideradas terapêuticas. O grupo de amigos também visitou a Pousada das Bromélias e a Cantina do Roberto, descendente de alemães e produtor local de vinho, no município de São Bonifácio (SC).

O destino seguinte foi a cidade de Gamboa (SC). Com hospedagem garantida na casa de amigos, os ca-sais aproveitaram para conhecer as praias de Garopaba, Siriu e Ferrugem. “A região possui dunas que propi-ciam muita diversão aos visitantes”, conta Elisabeth. Em direção a Torres (RS), os viajantes optaram por co-nhecer a cidade de Laguna (SC). “Fomos surpreendi-dos pela bela vista da Praia dos Molhes, onde também pudemos observar a pesca da tainha pelos botos, e vi-sitarmos o centro histórico da cidade, que preserva a Casa de Anita Garibaldi”, relata. A casa existe há mais de 300 anos e foi transformada em museu e centro de artesanato. Ao lado fica a Igreja de Santo Antônio dos Anjos, onde Anita se casou com Giuseppe Garibaldi. “No final da tarde chegamos em Torres, litoral norte do Rio Grande do Sul e nos hospedamos na Pousada Solar Dom Kido. À noite fomos ao Café Doce Art no centro da cidade”. Torres é uma bela cidade litorânea e causou ótima impressão ao grupo.

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Subindo a serraRumo ao próximo destino, as cidades turísticas de

Gramado e Canela, os casais partiram pela estrada que liga o litoral gaúcho a Caxias do Sul (RS). Chegaram em Canela ao anoitecer e se hospedaram na Pousada Villa Vechia. “Canela e Gramado possuem muitas atrações, destacando-se a Catedral de Pedra, com efeitos de ilu-minação noturna que se modificam, uma vista mara-vilhosa”, indica Elizabeth. Foram também ao Empório Canela, restaurante, café, livraria e antiquário. “No dia seguinte, visitamos o Parque do Caracol, onde vimos uma queda livre de 131 metros”. O acesso é através de um elevador panorâmico e um teleférico. Dentro do parque existem trilhas ecológicas, passeio temático de trem e uma escadaria com 927 degraus, que conduz o visitante à base da cascata.

A chegada em Bento Gonçalves foi à noite, com hospedagem na Pousada São Francisco. “No outro dia, fomos conhecer a Vinícola Aurora. Também fizemos o passeio de Maria Fumaça, que nos propiciou um retor-no ao passado, ao som de música italiana, degustação de vinhos, champanhe e suco”, conta a esposa do ban-cário. Durante o trajeto, performances gaúcha, tarantela e teatro tornaram a viagem de duas horas muito di-vertida. O trem parte da Estação Bento Gonçalves e faz uma parada em Garibaldi até chegar a Carlos Barbosa. O retorno é feito de ônibus.

Vacaria é a cidade-sede de um dos maiores ro-deios da América Latina, o Rodeio Crioulo Inter-nacional. O grupo pernoitou no Pampa Hotel. A viagem seguiu para São José dos Ausentes (RS), no Recanto da Cerração, uma das cidades mais frias e que abriga as mais altas nascentes de águas claras do estado. “São aproximados 107 km de muralhas da serra geral, capões que guardam segredos, arau-cárias topetudas e vegetação que forma paisagens

dignas de cartões-postais”, elogia Elisabeth. Na ci-dade, também conheceram o Projeto Graxaim Car-çado, cujo objetivo é a preservação e recuperação de animais da região.

De volta para casaDa cidade mais fria do Rio Grande do Sul, o grupo

partiu para a mais fria de Santa Catarina: São Joaquim. O trajeto escolhido foi por uma estrada não pavimenta-da de 80 km, de belíssimas paisagens, vales, plantações de maçã e diversas pousadas pelo caminho. “Cruzamos o imenso Rio Pelotas através de uma ponte bem baixa, deixando o Rio Grande do Sul e iniciando retorno a Santa Catarina. Chegamos a São Joaquim ainda a tempo para almoçar”. Os casais chegaram a Serra do Rio Ras-tro na tarde de domingo. “Ao chegarmos já avistamos o mirante da Serra, um paredão que protege os visitantes. Ao nos aproximarmos, uma inusitada paisagem, que deixa uma impressão incrível, como se a pessoa esti-vesse solta no ar, uma vista inexplicável”. A chegada em Curitiba foi na noite do mesmo dia.

O grupo recomenda para quem quiser encarar essa aventura de carro que disponibilize ao menos 15 dias de férias, para ser melhor aproveitada. É impor-tante também atualizar o mapa de viagem, já que em algumas regiões, as estradas estão sendo pavimentadas. Na baixa temporada há menos trânsito e as diárias são mais baratas. Lembrando que a alta temporada na re-gião de Canela e Gramado começa no inverno.

E você, bancário, quer contar sobre uma viagem re-alizada, com dicas de roteiro e pontos turísticos, hospe-dagem, alimentação e custos? Para participar, é muito simples: basta entrar em contato com o Sindicato, pelo e-mail, [email protected], mani-festando seu interesse. Se você achar necessário, não precisa se identificar.

16.03.2012

07.05.2012

04.04.2012

Dia Nacional de Lutas na Caixa Econômica

No dia 04 de abril, funcionários da Caixa Econômica Federal de todo o país realizaram um Dia Nacional de Lutas, pela correta marcação da jornada de trabalho. Em Curitiba e região, além de pedir para o empregado trabalhar fora do ponto, gestores da empresa orien-tam a criação de banco de horas negati-vo e exigem compensação de todos os

minutos possíveis para não pagar hora extra. Para conscientizar os trabalhado-res da importância da marcação corre-ta, o Sindicato dos Bancários de Curiti-ba e região realizou uma panfletagem na Sede 1, na Praça Carlos Gomes, dis-tribuindo um informativo sobre a im-portância de todos utilizarem correta-mente a marcação da jornada.

Funcionários demitidos do HSBC são reintegrados

No mês de março, atendendo ao pe-dido de liminar da Assessoria Jurídica do Sindicato dos Bancários de Curitiba e região, a Justiça do Trabalho determi-nou a reintegração do funcionário do HSBC Rogério Antônio Calegari. Ele foi eleito dirigente da Cooperativa de Cré-dito e, por isso, não poderia ter sido demitido, nos termos dos artigos 55 da

Lei 5.764/71 e 543 da CLT. Foi deter-minado o retorno ao trabalho e o paga-mento dos salários atrasados.

Em maio, o Sindicato também con-seguiu a reintegração de outro funcio-nário do HSBC, demitido ilegalmente por comportamento decorrente do uso de álcool, mesmo durante afastamento pelo INSS para tratamento.SE

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Bancos abrem agências sem porta de segurança

O Sindicato dos Bancários de Curi-tiba e região denunciou, na edição de 07 de maio da Folha Bancária, que agências do Bradesco e do Itaú foram inauguradas sem porta de segurança em municípios da Região Metropo-litana de Curitiba (RMC). Na capital paranaense, a porta com detectores de metal na entrada das agências é obri-

gatória pela Lei Municipal 8.397/94. A falta do equipamento de segurança foi constatada durante visita dos diri-gentes aos locais de trabalho nas cida-des de Rio Negro, Quatro Barras, Pien, Quitandinha, Contenda, Itaperuçu, Rio Branco do Sul, Cerro Azul, Bocaiúva do Sul, Mandirituba e Campina Grande do Sul.

agosto 201226

12.05.2012

Cicloturismo: Bancários pedalam em Santa Catarina

A Secretaria de Esportes e Lazer do Sindicato dos Bancários de Curitiba e re-gião realizou, em 12 de maio, mais uma edição do Cicloturismo dos Bancários. A primeira edição da atividade no ano teve as inscrições esgotadas, mais uma vez, e contou com participantes anima-dos com a pedalada. O trajeto realizado foi de São Bento do Sul a Corupá (SC),

com estrutura de transporte até o local e apoio durante a atividade, incluindo café da manhã, almoço e local para banho. “Acho que só a natureza e as belíssimas paisagens para despertar nas pessoas tan-ta energia, alegria e espírito de equipe. Foi demais”, comentou uma das bancá-rias participantes, que pretende ajudar nas sugestões de novos roteiros.

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13.05.2012

Dirigente do Sindicatoé eleito na Funcef

A Chapa 1 - Movimento pela Funcef foi a vencedora na eleição dos Conse-lhos Deliberativo e Fiscal da Fundação dos Economiários Federais (Funcef). Na votação, encerrada em 11 de maio, a chapa recebeu 12.936 votos dos 34.425 computados. Assim, Antonio Luiz Fer-mino, secretário-geral do Sindicato dos Bancários de Curitiba e região, passa a

ocupar uma vaga no Conselho Delibera-tivo, tendo Marco Moita como suplente.

No mês de março, a dirigente sindi-cal Sonia Boz foi eleita pelos trabalhado-res da Caixa como uma das 11 titulares ao Conselho Deliberativo da Associação do Pessoal da CEF (Apcef-PR), tendo como suplentes os dirigentes Herman Felix e Zelário Bremm (FETEC-CUT-PR).

14.05.2012

Bancários da CABBconstroem pauta nacional

Foi realizado em São Paulo, no dia 13 de maio, o II Encontro de Atendentes e Funcionários da Central de Atendimen-to do Banco do Brasil (CABB). O evento debateu com bancários de São José dos Pinhais, São Paulo, Brasília e Salvador te-mas relativos à remuneração, condições de trabalho e mobilização, levados tam-bém para os encontros estaduais e, pos-

teriormente, ao 23º Encontro Nacional dos Funcionários do Banco do Brasil, que aconteceu entre os dias 15 e 17 junho, em Guarulhos (SP). Participaram do encon-tro os dirigentes sindicais liberados Ales-sandro Garcia (Vovô) e Ana Smolka, além dos bancários de base Itamar Tomio, Iluy Manuel, Rafael Mota, André Feldmann, Cassio Saldanha e Juramir Marques.

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23.05.2012

30.06.2012

14.06.2012

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Bancários realizamConferência Estadual

Nos dias 30 de junho e 01 de julho, bancários de todo Paraná se reuniram na 14ª Conferência Estadual dos Bancários, realizada em Umuarama. No encontro, os delegados debateram as demandas da ca-tegoria no estado e formularam propostas que foram levadas para a 14ª Conferên-cia Nacional dos Bancários, quando foi finalizada a minuta de reivindicações da

Campanha Nacional dos Bancários 2012.Os delegados que representaram os

trabalhadores de Curitiba e região na Conferência Estadual foram inscritos durante a Plenária da Campanha Nacio-nal dos Bancários 2012, realizada pelo Sindicato dos Bancários de Curitiba e região, no Espaço Cultural e Esportivo, em 13 de junho. SE

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Paralisação: Dia Nacionalde Lutas no HSBC

Bancários do HSBC de todo Brasil re-alizaram, em 14 de junho, um Dia Na-cional de Lutas, contra o alto número de demissões feitas pelo banco nos últimos meses. Na base do Sindicato dos Bancários de Curitiba e região, 26 agências ficaram fechadas o dia todo, uma em Pinhais e as demais na capital. Só em Curitiba e região, já foram registrados 289 desligamentos

nos cinco primeiros meses de 2012, entre demissões sem justa causa e a pedido.

No dia 12 de julho, o Sindicato orga-nizou uma nova mobilização, desta vez, contra a postura assediadora e intransi-gente do superintendente regional Jorge França, após inúmeras queixas dos tra-balhadores. Na ocasião, 13 agências do HSBC foram fechadas. SE

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Manifestações pedem ofim das demissões no Itaú

O Sindicato dos Bancários de Curiti-ba e região fechou 20 agências do Itaú no dia 23 de maio. A manifestação con-tinuou no dia 12 de junho, quando 23 agências foram fechadas. Os protestos fizeram parte de uma Jornada de Lutas no Itaú, realizada no Brasil todo contra as demissões promovidas pelo banco. Só no primeiro semestre de 2012, o Sindicato

já registrou cerca de 100 desligamentos, sendo 70% dos casos de bancários desde 1985 e 1986, ou seja, prestes a adquirir estabilidade de pré-aposentadoria, direi-to garantido. As mobilizações chamaram atenção, inclusive, do Ministério Público do Trabalho, que ingressou com ação ci-vil pública solicitando a reintegração de bancários.

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04.07.2012

07.07.2012

06.07.2012

Fusão é campeão da Copa Bancária 2012

Após um campeonato bastante dis-putado, o time Fusão, formado por bancários do Itaú Unibanco, levou o título de campeão da Copa Bancária de Futebol Suíço 2012. O jogo final foi realizado no dia 07 de julho, na Sede Campestre do Sindicato dos Bancários de Curitiba e região. O adversário foi o time Curva de Rio, de bancários do

Sindicato comemora 80 anos de lutas e conquistas

No dia 06 de julho, o Sindicato dos Bancários de Curitiba e região come-morou suas oito décadas de existência com lançamento do livro 80 anos: a história do Sindicato dos Bancários de Curitiba e região, suas lutas e conquis-tas. A publicação resgata as memórias da entidade, da fundação até os dias atuais, por meio de documentos e das

Dia Nacional de Lutasno Bradesco

Foi realizado no dia 04 de julho um Dia Nacional de Lutas no Bradesco, exi-gindo melhorias nos Planos de Saúde e Odontológico. Em Curitiba e região, os dirigentes foram até as agências Central e Monsenhor Celso para conversar com os bancários sobre a questão. “O Bradesco Saúde existe há 22 anos e continua o mes-mo, não seguiu o progresso da medicina

e está defasado”, explicou o presidente do Sindicato, Otávio Dias.

Após a mobilização que desencadeou uma negociação, o Bradesco anunciou mudanças no plano e aderiu à Resolução 254 da ANS, passando a cobrir novos pro-cedimentos e aumentando o rol de espe-cialidades, como nutricionistas, psicólo-gos e psiquiatras.

falas dos dirigentes sindicais. Para comemorar, o Sindicato organi-

zou uma linda festa, reunindo bancários, amigos e familiares no Espaço Cultural e Esportivo. O evento também contou com a presença de diretores que fizeram parte da história da entidade. Os bancários sin-dicalizados recebem, em casa ou no local de trabalho, o livro lançado.

Banco do Brasil, que ficou em segun-do lugar. A disputa pelo terceiro lugar foi entre AABB e Espanhol Santander. Os trabalhadores do Banco do Brasil leva-ram a melhor e ficaram com a medalha de bronze. Os artilheiros do campeona-to, com sete gols cada, foram Marcelo (Boleiros do BB), Aristeu Aluizio (Fu-são) e Luiz Felipe Rolla (AABB).

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O presidente era o General João Ba-tista Figueiredo, quinto militar a tomar o poder durante a Ditadura – já desgastado após o milagre econômico, quando ainda era possível “colorir” a situação política do país e a enorme repressão. O ano era 1979 e algumas medidas tomadas apon-tavam para a volta de certas liberdades democráticas do país, como o fim do bi-partidarismo, que fez surgir novas siglas de partidos. Alguns anos mais tarde, em 1982, foram retomadas as eleições para os Governos Estaduais e demais cargos legislativos. Diante deste quadro, a oposi-ção ao regime militar perguntou: por que não eleger também o presidente?

Em 1983, o deputado do PMDB Dante de Oliveira, que havia sido eleito no ano anterior, apresentou uma Emenda Consti-tucional que recebeu seu nome, propon-do a eleição direta do Presidente da Re-pública. O deputado recolheu assinaturas de 170 deputados e 23 senadores para a Emenda Dante de Oliveira, que logo chegou ao conhecimento da população brasileira, que começou a se mobilizar. Partidos políticos, lideranças sindicais, artistas, estudantes, jornalistas, civis, to-dos se uniram no movimento que ficou conhecido como Diretas Já.

LUTA POR REDEMOCRATIZAÇÃO DO PAÍS DURANTE DITADURA MILITAR MOBILIZOU MILHÕES DE BRASILEIROS

A ideia de criar um movimento de apoio à Emenda Dante de Oliveira partiu do senador Teotônio Vilela, que apresen-tava o programa Canal Livre, na TV Ban-deirantes. Logo, começaram as manifes-tações pelo Brasil, a primeira delas em Pernambuco, ainda em 1983, e depois as pessoas tomaram as ruas em Goiânia e em Curitiba.

O cenário não era nada favorável para os militares: o movimento crescia ao mesmo tempo em que se agravava a crise econômica e pipocavam denúncias de abusos de poder dos ditadores. Fi-gueiredo, numa manobra de desespero, ordenou prisões e aumentou a repressão aos atos populares, o que foi o enterro do prestígio dos militares.

Foi em São Paulo que o Diretas Já mostrou toda sua força, ao reunir 1,5 milhão de pessoas, no dia do aniversário da cidade, no Vale do Anhangabaú, região central da capital paulista. O ato era en-cabeçado por Tancredo Neves, que viria a ser o primeiro presidente eleito após a redemocratização do Brasil.

Apesar disso tudo, a Emenda Dante de Oliveira foi rejeitada de uma forma um tanto esquisita. No dia da votação, 112 deputados faltaram à sessão e, mesmo

com 298 votos a favor da Emenda, não havia quórum mínimo para aprovação. “Mesmo que o movimento não tenha conseguido de imediato o retorno do voto universal, mostrou àqueles que esta-vam no poder que o povo não suportava mais, ao unir trabalhadores, sindicatos, artistas, estudantes, pessoas das mais dife-rentes classes. O Diretas Já foi fundamen-tal para a redemocratização”, comenta Alessandro Garcia (Vovô), secretário de Imprensa do Sindicato dos Bancários de Curitiba e região.

No ano seguinte, 1985, com popula-ridade abaixo de zero, os militares tenta-ram continuar com a imagem de que o país vinha sendo redemocratizado e per-mitiram a candidatura de civis à presidên-cia. No dia 15 de janeiro, Tancredo Neves foi eleito pelo Colégio Eleitoral, ainda em eleição indireta. Porém, Tancredo faleceu pouco tempo antes de assumir o cargo, que acabou ficando para José Sarney, que se tornou, então, o primeiro presidente civil depois de 21 anos de ditadura. Em 1988, foi publicada a nova Constituição Federal, que reinstalava as eleições diretas no Brasil. Em 1989, Fernando Collor foi eleito o primeiro presidente do Brasil por voto direto, desde 1960.

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