osistema - embrapa

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AMPO & NEG6CIOS o SISTEMA Michél Aldri hl Goncalves Engenheiro agrônomo, doutor em Fruticultura de Clima Temperado e bolsista Capes/Embrapa Gerson Kleinick VI nojo Engenheiro agrônomo, doutor em Agronomia e bolsista CNPqlEmbrapa LUIsEduardo Corrêa Antunes Engenheiro agrônomo, doutor em Fitotecnia e pesquisador da Embrapa Clima Temperado Carlos Heisser .Junior Engenheiro agrícola, doutor em Fitotecnia e pesquisador da Embrapa Clima Temperado O Rio Grande do Sul é um dos maiores produtores de moran- gos do Brasil em sistema tradi- cional, isto é, sobre canteiros preparados no solo com uso de lonas plásticas (mul- ching) e sistema de gotejamento. Tam- bém se utilizam túneis baixos para prote- ção das plantas contra intempéries. Entretanto, nos últimos anos, siste- mas inovadores de produção têm im- pulsionado a cultura e levado a produ- ção de morangos para sistemas fora do solo. Sistemas fechados ou abertos são opções rentáveis que mitigam o traba- lho, potencializam a produção ao longo de todos os meses do ano, reduzem o im- pacto e os efeitos da aplicação de agrotó- xicos na cultura. Os tipos de sistema o sistema de cultivo fora do solo pode ser classificado em fechado quando a solução nutritiva que passa pelas raízes retoma ao depósito de origem, ou aber- to, quando a solução aplicada não retor- na à origem, ou seja, com perda da solu- ção nutritiva não absorvida pelas plantas durante a prática da fertirrigação, sen- do esse o principal problema ocasiona- do pelo sistema, pois a solução nutritiva não absorvida pelas plantas pode con- taminar' o solo e, em casos extremos, os cursos de água. O sistema aberto apresenta como principal vantagem a facilidade de aqui- sição dos componentes, instalação e ma- nejo. Atualmente, já existem empresas especializadas em fornecer praticamen- te todo o material necessário para a im-

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AMPO & NEG6CIOS

o SISTEMAMichél Aldri hl GoncalvesEngenheiro agrônomo, doutor em Fruticultura deClima Temperado e bolsista Capes/EmbrapaGerson Kleinick VI nojoEngenheiro agrônomo, doutor em Agronomia ebolsista CNPqlEmbrapaLUIsEduardo Corrêa AntunesEngenheiro agrônomo, doutor em Fitotecnia epesquisador da Embrapa Clima TemperadoCarlos Heisser .JuniorEngenheiro agrícola, doutor em Fitotecnia epesquisador da Embrapa Clima Temperado

ORio Grande do Sul é um dosmaiores produtores de moran-gos do Brasil em sistema tradi-

cional, isto é, sobre canteiros preparadosno solo com uso de lonas plásticas (mul-ching) e sistema de gotejamento. Tam-bém se utilizam túneis baixos para prote-ção das plantas contra intempéries.

Entretanto, nos últimos anos, siste-mas inovadores de produção têm im-pulsionado a cultura e levado a produ-ção de morangos para sistemas fora dosolo. Sistemas fechados ou abertos sãoopções rentáveis que mitigam o traba-lho, potencializam a produção ao longode todos os meses do ano, reduzem o im-pacto e os efeitos da aplicação de agrotó-xicos na cultura.

Os tipos de sistema

o sistema de cultivo fora do solopode ser classificado em fechado quandoa solução nutritiva que passa pelas raízesretoma ao depósito de origem, ou aber-to, quando a solução aplicada não retor-na à origem, ou seja, com perda da solu-ção nutritiva não absorvida pelas plantasdurante a prática da fertirrigação, sen-do esse o principal problema ocasiona-do pelo sistema, pois a solução nutritivanão absorvida pelas plantas pode con-taminar' o solo e, em casos extremos, oscursos de água.

O sistema aberto apresenta comoprincipal vantagem a facilidade de aqui-sição dos componentes, instalação ema-nejo. Atualmente, já existem empresasespecializadas em fornecer praticamen-te todo o material necessário para a im-

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MORANGO

CERTO PARA PRODUZIR MORANGOSplantação do sistema de cultivo aberto.

Já o manejo do sistema é de fácil com-preensão por parte dos agricultores, emvirtude da semelhança em diversos as-pectos com o manejo realizado com plan-tas cultivadas em canteiros no solo.

Por questões econômicas e ambien-tais, a tendência é a migração para o siste-ma de cultivo fechado com uso de subs-trato e recirculação da solução nutritiva(LIETEN et al., 2004; ANDRIOLOet al., 2009).

Vantagens do plantio fora do solo

Os sistemas de produção de moran-go fora do solo apresentam algumas van-tagens, quando comparados com sistemasde produção no solo, sendo as principais:~ Possibilidade de obtenção de produ-

ções durante os doze meses do ano.~ Viabilidade de produção em uma

mesma área durante longo tempo,evitando-se a necessidade de rotaçãode culturas.

~ Redução de problemas fitossanitá-rios, principalmente os relacionados

ao sistema radicular, em virtude de asplantas serem cultivadas em substrato.

~ Proteção das plantas dos efeitos dachuva e maior ventilação, condiçõesque minimizam o estabelecimento dedoenças.

~ Menor pressão de doenças, permitindoa substituição parcial dos agrotóxicospor práticas culturais adequadas, usode agentes de controle biológico, assimcomo produtos alternativos, reduzin-do o nível de contaminação dos frutos.

~ Ergonomia do sistema, resultando emmenores riscos à saúde do trabalhadorenvolvido diariamente com a cultura.Além das vantagens citadas, pode-

mos destacar como benefícios adicio-nais a maior produtividade e a qualida-de da fruta, proporcionando ciclos deprodução que podem se estender du-rante o ano inteiro (MORAES; FUR-LANI, 1999; ANTUNES; DUARTEFILHO, 2003).

A produção de morangueiro fora dosolo pode chegar a trip1icar o potencialde uso da área de terra (BORTOLOZ-ZO et al., 2007).

Variações no sistema de produçãofora do solo

) Sistema aberto: o sistema de pro-dução aberto fora do solo é assim deno-minado por não reaproveitar a soluçãodrenada (não absorvida pela planta) du-rante o ciclo produtivo. Atualmente, essesistema é o mais utilizado quando se falaem produção de morangos fora do solo,independente da região.

E um sistema considerado de rela-tiva facilidade de manejo por parte doprodutor, sendo que para tal sistema jáexiste um pacote tecno1ógicobem defini-do, que envolve indicação de substratos ecultivares, instalação de estruturas, assimcomo da nutrição nas diferentes fases dedesenvolvimento da cultura.

, Sistema fechado: o sistema de pro-dução fechado ou recircu1ante é dotadode estruturas que permitem que a solu-ção nutritiva utilizada no sistema quenão for absorvida pelas plantas seja co-letada e direcionada novamente para o

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reservatório de abastecimento do siste-ma, sendo a mesma fornecida novamenteàs plantas. O sistema recirculante é con-siderado uma alternativa para minimi-zar a contaminação ambiental ocasiona-da pelo cultivo, sendo mais eficiente nouso de nutrientes e água.

Escolha do local

A escolha da área onde serão instala-das as estruturas de produção de moran-go fora do solo é o ponto de partida, poisuma decisão equivocada pode levar o sis-tema à ineficiência produtiva. Sendo as-sim, algumas recomendações devem serlevadas em consideração:• Dar preferência para áreas com boa in-

cidência de luz solar, não devendo terobstáculos principalmente do lado les-te da estufa/túnel.

• A área deve apresentar drenagem efi-ciente.

• Escolher um local que apresente superfí-cie do solo plana, e quando não for pos-sível,é recomendado o nivelamento doterreno, visando evitar problemas como sistema de irrigação.

• Optar por áreas que apresentem boaventilação, porém, sem incidência ex-cessiva de ventos. Em locais muito ex-postos, a instalação de quebra-ventos

~ CAMPO & NEGÓCIOS l;tffl"IiT\M I Janeiro 2017

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deve ser realizada para aumentar a se-gurança e durabilidade das instalações.

• Sempre que possível, optar por áreaspróximas às sedes das propriedades,para facilitar um melhor acompanha-mento de todo o processo produtivo.

• O local a ser escolhido deve apresen-tar, obrigatoriamente, energia elétricae água de qualidade. Em locais com re-des elétricas instáveis é recomendadoque se tenha gerador de energia elétri-ca para segurança do sistema,principal-mente nos sistemas fechados.

Osslabs

No caso do sistema de cultivo aber-to, geralmente as plantas são cultivadasem 'slabs', sendo uma embalagem plásti-ca (PEBD) tubular, preferencialmente decor branca externamente e internamentepreta, para evitar aquecimento excessivodo substrato que é colocado em seu in-terior, bem como evitar a germinação desementes que possam existir ali.

Os 'slabs'podem ser adquiridos pron-tos (com substrato) ou vazios, para que oprodutor prepare o seu próprio substra-to e realize o enchimento na proprieda-de, reduzindo o custo, além de garantirmaior controle sobre o substrato utiliza-do e seus componentes.

Uma boa !Iorada garantealia produtividade

Atualmente, existem disponíveis nomercado plásticos especialmente destina-dos à confecção dos 'slabs', com distintasdimensões e espessuras.As larguras maiscomuns dos 'slabs' comerciais são: 39 cm;33 cm e 30 cm.

Os 'slabs' confeccionados com mate-rial de 39 em de largura comportam cer-ca de 60 litros de substrato por metro; oscom 33 em de largura, 42 litros; e os de30 cm comportam aproximadamente 28litros de substrato.

A maioria dos produtores utiliza desete a 10 plantas por metro de 'slabs', dis-postas em filasduplas, sendo este um pon-to de grande divergência atualmente. Al-gumas cultivares apresentam melhoresresultados quando cultivadas em fileiraúnica no 'slab',acondicionando assim seisa oito plantas por metro.

De forma prática, utilizando-se a es-trutura "guarda-chuva" com arcos de 5,20m e comprimento de 30 m de estufa (di-mensões mais utilizadas), é possívelalocarquatro fileiras duplas de 'slabs'por estufa,resultando em aproximadamente 240 mde 'slabs' por estrutura, onde podem seralocadas de 1.680 a 2.400 plantas, depen-dendo da cultivar utilizada.

A utilização de 'slabs' traz como van-tagem em relação aos demais sistemasde produção a substituição dos mesmosquando as plantas apresentarem sinto-mas de podridões de raízes ou outro pa-tógeno de solo,já que é possível eliminaro 'slab' contaminado sem prejuízo às de-mais plantas do sistema.

A recomendação é que se realize atroca dos 'slabs'e do substrato a cada doisanos, minimizando assim a possibilidadede perda de produtividade em virtude decontaminantes.

Os 'slabs' devem ser dispostos sobbancadas de sustentação, que podem serconstruídas com diferentes materiais eformatos. É importante destacar que asmesmas devem apresentar resistência es-trutural suficiente para sustentar o pesodos 'slabs' com o substrato saturado coma solução nutritiva.

De forma geral, as bancadas devemser construí das na altura de 1 m do solo,sendo muito importante que o espaço en-

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tre as bancadas permita a realização detratos culturais e colheita das frutas. Adistância mínima a ser adotada é de pelomenos 0,5 m, sendo recomendado tam-bém um espaço livre no início e no fimda estufa.

Sistema fechado

No sistema fechado, o leito de cultivo(bancada) pode ser de dimensões e for-matos variados,mas sempre atendendo àsfunções principais exigidas, como: o vo-lume adequado de substrato por metrolinear, que dará suporte às plantas (desen-volvimento do sistema radicular), reco-lhimento e destinação da solução nutri-tiva excedente.

Os principais materiais utilizados sãotelhas de fibrocimento e calhas de PVCou madeira, sendo estas de fácil aquisiçãoe manejo durante a montagem do siste-ma.As calhas ou telhas devem ser imper-meabilizadas com filme plástico que ficaentre o suporte e o substrato.

As bancadas devem apresentar umdesnível de 2 a 4% nas calhas, para per-mitir a drenagem da solução nutritivanão absorvida pelas plantas e possibilitarque a mesma seja coletada e direciona-da novamente para o reservatório prin-cipal. Outro fator a ser observado é queo comprimento total das calhas não sejasuperior a 15 m, evitando, dessa forma,excessivadiferença de umidade no subs-

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trato das plantas mais próximas e distan-tes da drenagem.

Estudos estão sendo realizados paradefinir a melhor densidade de plantio nosistema fechado, sendo essadefinição pre-judicada pelo grande número de estrutu-ras utilizadas pelos produtores. A telhapode ser utilizada inteira ou com suas ca-naletas individualizadas e espaçadas apro-ximadamente em 30 cm uma da outra.

Essa disposição auxilia no melhoraproveitamento da luz, além da melhoraeração do sistema. A estrutura de sus-tentação para os leitos de cultivo do sis-tema fechado também apresenta grandevariação em formatos e materiais utiliza-dos em sua confecção, sendo atualmenteutilizadas, na maioria, estruturas de ma-deira, seja ela tratada ou não.

Essas estruturas devem ser construí-

das de forma que permitam um desnívelentre a parte de entrada do sistema de irri-gação e a parte de coleta da soluçãodrena-da. Esse desnível não deveultrapassar 4%,evitando assim o deslocamento do subs-trato juntamente com a solução drenadapara a parte inferior do sistema, além degerar grandes diferenças de umidade nosubstrato ao longo da calha.

Quando utilizadas telhas de fibroci-mento como leito de cultivo, é necessárioque as estruturas de sustentação apresen-tem elevada robustez, sendo que o con-junto telha, substrato, sistema de irrigaçãoe plantas apresenta maior peso quandocomparado a outros materiais.

Também é recomendada a utilizaçãodas estruturas de sustentação num espa-çamento máximo de 1,5 m, garantindoboa sustentação e drenagem do sistema .•

CURseCultivo em Suastuuo

10/02/2017Pouso Alegre - MG

MINISTRANTESDr. Jorge BarcelosDr. Fernando SalaDr. Pedro Furlani

Eleio SteydingGilberto Almeida

Tiago Tinti

INSCRiÇÕESwww.frutasalmeidasantos.com.br/cursos.html

[email protected]

Inf: Gilberto Almeida (32) 99986-1650

Eleio Steyding (55) 99106-1102

CAMPO &~.~

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