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JUVENTUDE PLEBISCITO OFICIAL SOBRE A ALCA O AGOSTO DO BUZU EM SALVADOR Ano VIII Edição 159 De 18/9 A 01/10/2003 Contribuição: R$ 2,00 CONTRA A POLÍTICA DE ARROCHO DO GOVERNO, DO FMI E DA PATRONAL GREVE UNIFICADA! PÁGINA 8 PÁGINA 5 PÁGINAS 6-7 ABAIXO-ASSINADO É ENTREGUE AO GOVERNO ESTUDANTES PARAM A CIDADE CONTRA AUMENTO DAS PASSAGENS

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O AGOSTO DO BUZU EM SALVADOR PÁGINA 8 PÁGINA 5 ESTUDANTES PARAM A CIDADE CONTRA AUMENTO DAS PASSAGENS JUVENTUDEPLEBISCITOOFICIALSOBREAALCA PÁGINAS 6-7 Ano VIII Edição 159 De 18/9 A 01/10/2003 Contribuição: R$ 2,00

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JUVENTUDEPLEBISCITO OFICIAL SOBRE A ALCA

O AGOSTODO BUZU EMSALVADOR

Ano VIII Edição 159De 18/9 A 01/10/2003Contribuição: R$ 2,00

CONTRA APOLÍTICA DEARROCHO DOGOVERNO, DO

FMI E DAPATRONAL

GREVEUNIFICADA!

PÁGINA 8 PÁGINA 5

PÁGINAS 6-7

ABAIXO-ASSINADOÉ ENTREGUE AOGOVERNO

ESTUDANTESPARAM A CIDADECONTRA AUMENTODAS PASSAGENS

Page 2: os159

2 OOOOOPINIÃOPINIÃOPINIÃOPINIÃOPINIÃO S S S S SOCIALISTAOCIALISTAOCIALISTAOCIALISTAOCIALISTA

NOTAS

Liberdade para os sem-terraNo dia 11 de julho José Rainha compareceu ao Fórum de Teodoro Sampaio (SP) como

testemunha em um processo, e foi preso. Felinto Procópio dos Santos, o Mineirinho, foi visitá-lo, e também foi preso. Em 10 de setembro a polícia prendeu Diolinda Alves em sua casa, na frentede seus filhos.

O deputado Luis Eduardo Greenhalgh chamou o juiz Átis de Araújo Oliveira de desequili-brado mental. Pode ser, mas ele não é o centro da questão. As prisões das lideranças do MST sãopolíticas e o juiz do Pontal é uma mera peça desse jogo, comandado pelo governador Alckmin,(PSDB) que tem contado com o silêncio cúmplice do governo Lula. Essas prisões políticas, quenão ocorrem só em São Paulo, são parte da estratégia de criminalização dos movimentos sociais.

Entre maio de 2002 e agosto de 2003 foram decretadas 29 prisões “preventivas” contraintegrantes do MST, apenas na Comarca de Teodoro Sampaio. Agora, com a prisão de Diolinda,foram mais 10. Para Alckmin, quem luta pela reforma agrária é bandido.

Por isso, a polícia cercou a sede do MST em São Paulo à procura do irmão de Zé Rainha,com ordem de prisão decretada. Helicópteros sobrevoaram a área numa ação digna de filme.

Zé Rainha e Mineirinho foram retirados do Presídio I de Presidente Venceslau após muitapressão. Mas Alckmin mandou-os para o Presídio de Segurança Máxima de Presidente Bernardes,onde está Fernandinho Beira Mar. Foram tratados como animais. Com a cabeça raspada e isoladosem suas celas, não podiam conversar nem receber livros e tomavam sol algemados. Agora estão presosem Dracena, quando o movimento reivindicava que eles viessem para São Paulo.

De acordo com a Ouvidoria Agrária Nacional, nos sete meses do governo Lula o número demortes de sem-terra chegou a 18. Os números da Comissão Pastoral da Terra (CPT) são aindamais impressionantes: 44 mortos no campo, entre eles 18 em disputas por terras indígenas, maisque as 43 mortes de 2002. Depois disso, foram mais três assassinatos: dois no Paraná e um no Pará.Em Sergipe há mais seis feridos e sete coordenadores do MST presos.

Crescem os assassinatos e o governo Lula não combate a impunidade. Zé Rainha estácondenado por porte ilegal de arma, enquanto latifundiários e jagunços se exibem na TV comarmamento pesado, matam quase 50 pessoas em 6 meses e não têm um único preso.

Por tudo isso, é escandaloso o silêncio do governo Lula, que se diz “popular”. Quando os sem-terra invadem latifúndios, a burguesia clama e o governo não titubeia em ir à TV defender a “leie a ordem”. Quando morre um safado como Roberto Marinho, o presidente e todo o ministériodesembarcam no velório, ajudando a falsificar a história. Mas quando há uma ofensiva política– com o uso da justiça – contra os sem-terra, o governo fica quieto, como se isso não lhe dissesserespeito, fosse problema apenas do Judiciário.

As prisões são políticas. E a principal autoridade política no país é o presidente. Todomovimento social deve exigir que Lula se pronuncie em cadeia nacional de rádio e TV pelalibertação dos sem-terra e que coloque a Advocacia Geral da União para requerer que os processosdo Pontal sejam julgados em nível Federal. Ou a AGU só serve para recorrer em favor do Exércitocontra os familiares dos desaparecidos do Araguaia?

É hora também de todo o movimento social entrar em campanha pela libertação de Zé Rainha,Diolinda e demais sem-terra, contra a criminalização dos movimentos e punição dos latifundiáriosassassinos. Pois, ao contrário do advogado Greenhalgh, que tem censurado Zé Rainha e Diolindapor não terem saído do Pontal, alegando que juridicamente tais prisões eram inevitáveis, é precisodefender todos os sem-terra do Pontal e a libertação das suas lideranças, porque a questão não éjurídica, é política. Chega de perseguição aos sem-terra e impunidade. Reforma agrária, já!

Quem cala consente, por isso o governo Lula é cúmplice destas perseguições políticas, na medidaem que se cala. É cúmplice porque não faz a reforma agrária e não reprime o latifúndio. De nadaadianta usar o boné do MST e depois permitir que seus dirigentes sejam presos e assassinados.

Greve unificada contra apolítica de arrocho salarial dogoverno, do FMI e da patronalPalocci enviou nova carta subserviente ao FMI, onde se compromete em manter o superávit

primário de 4,25% do PIB para pagamento de juros da dívida externa.Discute-se também a renovação ou não do acordo com o FMI. No Orçamento de 2004, o governo

já se comprometeu a manter intacta toda a política do Fundo. O resultado é que, para seguir transferindobilhões para os banqueiros, além de faltar verbas para aumentar o salário mínimo e fazer a reformaagrária, o governo tenta impor um tremendo arrocho salarial. É o que já estamos vendo nas campanhassalariais de correios, bancários, petroleiros, portuários, químicos e outros. Além da patronalmetalúrgica que se nega a repor as perdas inflacionárias.

Nos Correios, a direção da empresa estatal – subordinada ao governo – oferece 6% de reajuste, contraperdas de mais de 58% e uma inflação de mais de 20% só no último ano.

Os banqueiros têm o descaramento de propor 10% de reajuste, diante de perdas de 21% só no últimoano e de mais de 100% nos bancos federais. A Petrobrás, com lucro recorde, ofereceu 6% de reajuste.A Fiesp diz que repor a inflação nem pensar e ainda quer parcelar o reajuste.

O governo, através de Palocci, disse que os reajustes salariais não podem ser de acordo com a inflaçãopassada, mas futura, porque, do contrário, os reajustes vão gerar inflação. Nem no argumento inovam.

Os trabalhadores elegeram Lula porque queriam mudanças. E acreditam que é hora, sim, dedar um basta ao arrocho e ir à greve. Por isso, bancários, petroleiros, funcionários do Banco Centrale dos Correios têm demonstrado grande combatividade e radicalização.

A direção majoritária da CUT, a Articulação e o PCdoB, tem tentado impor reivindicaçõesrebaixadas, no que têm sido derrotados em muitos lugares, e não querem unificar as categorias.

Neste sentido a greve de Correios é emblemática, porque se impôs nacionalmente pela base, contraa maioria da direção da Federação e dos sindicatos que estavam contra. Mas no afã de defender a políticado governo, dirigentes sindicais do PT e do PC do B, em aliança com a empresa, impediram que abase decidisse sobre a continuidade da greve e mesmo tendo sido derrotados se retiraram da assembléiade São Paulo e foram à imprensa decretar o fim do movimento.

É hora de ir à greve e de unificar as campanhas salariais. Estas não se confrontam só com asempresas, mas com a política econômica: a Febraban, as direções das estatais, a Fiesp, o governoe o FMI têm uma política unificada de arrocho. É do salário dos trabalhadores que sai o dinheiropara pagar a dívida externa.

É hora dos trabalhadores irem à greve unificada, montar comandos de base e impor a greve aosseus sindicatos. É hora também de todos exigirem que Lula rompa com a Alca e o FMI, pare depagar bilhões para os banqueiros e garanta salário, emprego e terra.

EDITORIAL

A S S I NA S S I NA S S I NA S S I NA S S I N AAAAA T U R AT U R AT U R AT U R AT U R A

Envie cheque nominal ao PSTU no valor da assina-tura total ou parcelada para Rua Loefgreen, 909- Vila Clementino - São Paulo - SP - CEP 04040-030

24 EXEMPLARES

1x R$ 48 2x R$ 24 3x R$ 16 Solidária

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Opinião Socialista é uma publicação quinzenal doPartido Socialista dos Trabalhadores Unificado

CNPJ 73.282.907/0001-64Atividade principal 91.92-8-00

CORRESPONDÊNCIARua Loefgreen, 909 - Vila Clementino

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EDITORA E JORNALISTA RESPONSÁVELMariúcha Fontana (MTb14555)

CONSELHO EDITORIAL Bernardo Cerdeira, Cyro Garcia, Concha Menezes,

Dirceu Travesso, Eduardo Almeida, João Ricardo Soares,Joaquim Magalhães, José Maria de Almeida, Luiz Carlos

Prates ‘Mancha’, Nando Poeta e Valério Arcary

REDAÇÃOAndré Valuche, Luiza Castelli, Wilson H. Silva,

Yuri Fujita, Valério Paiva

PROJETO GRÁFICO E DIAGRAMAÇÃOGustavo Sixel

FOTOGRAFIAAlexandre Leme, Ana Luisa Martins,

Sérgio Koei, Matheus Birkut

COLABORARAM NESTA EDIÇÃOAmérico Gomes, Carla Lisboa, Ezequiel Lima, Henrique

Lemos, José Erinaldo Jr., Maria Lucia Fattorelli,Nericilda Rocha, Sebastião Carlos ‘Cacau’, Sérgio

Lessa, William Côrbo

IMPRESSÃOGazetaSP - Fone: (11) 6954-6218

E X P E D I E N T EE X P E D I E N T EE X P E D I E N T EE X P E D I E N T EE X P E D I E N T E

E D I TE D I TE D I TE D I TE D I T O R I A L / NO R I A L / NO R I A L / NO R I A L / NO R I A L / N OOOOO TTTTTA SA SA SA SA S

BBBBB A N E SA N E SA N E SA N E SA N E S TTTTTA D OA D OA D OA D OA D O

ARAGUAIA / CAMPOARAGUAIA / CAMPOARAGUAIA / CAMPOARAGUAIA / CAMPOARAGUAIA / CAMPO

J U V E N T U D EJ U V E N T U D EJ U V E N T U D EJ U V E N T U D EJ U V E N T U D E

N A C I O N A LN A C I O N A LN A C I O N A LN A C I O N A LN A C I O N A L

ALCA / MOVIMENTOALCA / MOVIMENTOALCA / MOVIMENTOALCA / MOVIMENTOALCA / MOVIMENTO

S E M -S E M -S E M -S E M -S E M -T E TT E TT E TT E TT E T OOOOO

OMC / REFORMAOMC / REFORMAOMC / REFORMAOMC / REFORMAOMC / REFORMADA PREVIDÊNCIADA PREVIDÊNCIADA PREVIDÊNCIADA PREVIDÊNCIADA PREVIDÊNCIA

P S T UP S T UP S T UP S T UP S T U

NNNNNOOOOOVVVVVO PO PO PO PO PARARARARARTIDOTIDOTIDOTIDOTIDO

S U M Á R I OS U M Á R I OS U M Á R I OS U M Á R I OS U M Á R I O

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6 - 76 - 76 - 76 - 76 - 788888

99999

11111 00000

11111 11111

Podemos mexerem tudo, desde quehaja negociação.Se alguém quiserretirar alguma

coisa, a outra parteda mesa pergunta-rá como será com-pensada. É certo

que ninguémsairá do FórumNacional com asmesmas posições

que entrou.

JACQUES WAGNER,ministro do Trabalho e

Emprego, na abertura daConferência Estadual do

Trabalho (Porto Alegre, 11/9)

O QUE SE DISSE

SEMINÁRIO DEBATE-RÁ REFORMAS TRA-BALHISTA E SINDICALAs reformastrabalhista esindical que sepreparam noBrasil não es-tão dissociadasda tendênciageral que seobserva acercadesse assuntonos outros paí-ses: promoverd e s r e g u l a -m e n t a ç ã o ,flexibilização e eliminação dedireitos dos trabalhadores.No Brasil, as mudanças feitas nogoverno anterior, bem como osdiscursos e “balões de ensaio”lançados pelos representantesdo atual governo, também apon-tam neste mesmo sentido.Essa discussão já está em cursoem diversos segmentos da soci-edade e, particularmente, noFórum Nacional do Trabalho,criado pelo governo (onde par-ticipam as centrais sindicais erepresentações dos empresá-rios). O objetivo é formular “pro-postas consensuais” para enviarao Congresso Nacional.A FENAM (Federação Nacionaldos Metalúrgicos da CUT), oANDES/SN (Sindicato Nacionaldos Docentes das UniversidadesBrasileiras), a FENASPS (Federa-ção Nacional dos Trabalhadoresna Previdência, Saúde e Traba-lho) e a FSDMG (Federação De-mocrática dos Metalúrgicos deMinas Gerais), promovem o Se-minário sobre Reforma Traba-lhista e Sindical, para defenderos direitos dos trabalhadores efortalecer a organização sindi-cal classista e de luta. O eventoserá nos dias 30 de setembro e1 de outubro, no Sindicato dosQuímicos de São Paulo.As inscrições podem ser feitasno Sindicato dos Metalúrgicosde São José dos Campos, atravésdo e-mail: [email protected] ou pelotelefone (012) 3946.5305, comAna. A taxa de inscrição é R$ 10e poderá ser paga no credencia-mento. Leia a convocatória nosite www.pstu.org.br.

NOTAS

11111 22222

CCCCC A RA RA RA RA R TTTTT A SA SA SA SA S

“Esteve em Rondônia o secretário do minis-tro da Agricultura para entregar ao governode Rondônia e aos grandes latifundiários otitulo de área livre da febre aftosa. (...)Acabaram com a febre aftosa mas não aca-baram com a malária, a dengue, a febreamarela, a corrupção e a miséria deste esta-do. Temos milhões de cabeças de boi mas opovo passa fome.(...) Até o presente momento Lula tem sidouma decepção ao povo que o elegeu.”

David Silvério de Oliveira,de Vilhena (RO)

P S T U . O R G . B RP S T U . O R G . B RP S T U . O R G . B RP S T U . O R G . B RP S T U . O R G . B R

Leia no site do PSTU o artigo“Sorrisonhos Risonhos de Haroldode Campos”, de Sérgio Darwich,sobre a homenagem ao poetaconcretista, publicada no últimoOpinião Socialista.

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3Edição 159 - Ano VIII - De 18/09 a 1/10/2003

NACIONAL

N

CPI DO BANESTADO: É PRECISO EXIGIRA COMPLETA APURAÇÃO DOS FATOS E

PUNIÇÃO DOS RESPONSÁVEISA QUEM INTERESSA A LIBERDADE DE MOVIMENTO DE CAPITAIS E A FACILITAÇÃO

DAS REMESSAS EM MOEDA ESTRANGEIRA? O GOVERNO ATUAL NÃO QUERIA A CPI DO BANESTADO E FLEXIBILIZOU AINDA MAIS O ENVIO DE DINHEIRO AO EXTERIOR,ATRAVÉS DA CIRCULAR 3187 DO BANCO CENTRAL, DE 16 DE ABRIL DE 2003, QUEPERMITE REMESSAS ATRAVÉS DE SIMPLES TRANSFERÊNCIA ELETRÔNICA

as duas últimas décadas, assistimos auma crescente liberalização dos mer-cados financeiros globais, com aimplementação das políticas neoli-berais em diversos países do mundo.

Essas políticas foram impostas, principalmente,pelos EUA e Inglaterra, que se aproveitaram doelevado grau de vulnerabilidade dos países do 3o

Mundo quando esses negociavam suas dívidasexternas, após a grande crise das dívidas do iníciodos anos 80. No Brasil, nos anos 90, oendividamento conjugado às medidas adotadaspara conquistar a “estabilidade da moeda” e contera inflação (abertura dos portos aos produtos im-portados, manutenção do dólar barato, elevaçãodas taxas de juros, liberalização da movimentaçãodos fluxos financeiros) tornaram o país dependen-te da entrada de capital especulativo, sem o qualnão se fecharíamos nossas contas externas. Estaopção resultou em baixo crescimento econômico,desemprego e piora dos indicadores sociais. Man-tendo-se essa política, repetiremos a história vividanas duas últimas décadas, consideradas “perdidas”.

A livre movimentação de capital vem sendoestimulada, no Brasil, pelo crescente afrouxa-mento da legislação fiscal e cambial. As contasCC-5, criadas por uma simples Carta Circulardo Banco Central em 1969, tinha o objetivoinicial de permitir a movimentação de contascorrentes de estrangeiros em serviço no país(principalmente diplomatas). Até 1989, sua le-gislação impedia que fosse enviada ao exterioruma quantia superior à que entrasse no país,razão pela qual o volume movimentado nessascontas era pequeno.

A partir de 1989, essas contas foram paulatina-mente liberalizadas, permitindo que se enviasserecursos ao exterior, sem limite algum. Em 1996,o então Diretor de Assuntos Internacionais doBanco Central, Gustavo Franco, concedeu auto-rização especial para que cinco bancos, operandoem Foz do Iguaçu (entre eles o Banestado),pudessem aceitar depósitos em dinheiro - semidentificação do depositante – em contas CC-5,os quais poderiam, em seguida, ser convertidosem dólares e livremente enviados para o exterior.Segundo Gustavo Franco, a justificativa para talautorização especial era decorrente da grandemovimentação comercial na fronteira do Brasilcom o Paraguai: os “sacoleiros” brasileiros quefaziam compras em Ciudad del Leste, no Paraguai,deixavam seu dinheiro – em reais - com comer-ciantes paraguaios, que estavam com dificuldadespara trocar esses reais pela moeda de seu país.Com tal autorização especial, os comerciantespoderiam depositar os reais em bancos paraguaios,que traziam o dinheiro em carros fortes para ascontas CC-5 de Foz do Iguaçu, de onde seriaconvertido em dólares, e enviado de volta para oscomerciantes de Ciudad Del Leste. Dezenas debilhões de dólares foram movimentados na re-gião da fronteira Brasil-Paraguai em decorrênciadessas “autorizações especiais”!

A justificativa apresentada por Gustavo Fran-co não confere com as investigações da PolíciaFederal, que denunciaram que parte do di-nheiro depositado nas contas CC-5 de Foz doIguaçu sequer provinha do Paraguai, e tambémnão retornava em dólares para Ciudad del Leste.O dinheiro provinha de várias partes do Brasil(através de contas de laranjas), era sacado em Foze depositado em dinheiro nas CC-5, como sefosse proveniente dos sacoleiros. Desta forma,ficou extremamente difícil identificar os autoresdas remessas, que se utilizavam desse expedientepara “lavar dinheiro”.

Em seu depoimento à CPI do Banestado, oprocurador Luiz Francisco de Souza informouque apenas a autuação das remessas ilegais poderiagerar uma arrecadação de quase R$ 30 bilhões emtributos. Para se ter uma idéia desse montante, eleequivale à alegada economia que o governo farácom a reforma da Previdência em duas décadas, oque evidencia que o verdadeiro ralo dos recursospúblicos em nosso país não são os servidores. Naverdade, os servidores públicos, aviltados ilegal-mente em seus direitos pela reforma da previdênciajá aprovada em primeiro turno da Câmara dosDeputados, são exatamente os que, apesar de todasas dificuldades impostas pela falta de infra-estruturae legislação inadequada, vêm se arriscando paradefender o país e evitar a sangria, o roubo, a evasão,a sonegação e toda espécie de injustiça.

Apesar dessas graves evidências, o governo ten-tou protelar a instalação da CPI do Banestado,chegou ao cúmulo de arquivá-la no Senado, ale-gando que ela iria atrasar a tramitação das “Refor-mas”... Porém, pressionado pela opinião pública,teve de recuar e permitir sua instalação. Fatalmen-te, essa investigação poderá elucidar grandes cri-mes cometidos no país, conforme declarou odelegado José Castilho Neto, responsável pelainvestigação das remessas nos Estados Unidos, emseu depoimento na CPI do Banestado:

“Tivemos acesso aos extratos bancários de toda essabandalheira de que já tínhamos notícia no Brasil há anos:corrupção, narcotráfico, contrabando, caixa dois, essascoisas de que a cultura brasileira nos permite falar sem amenor vergonha. Chegamos lá e identificamos a boiadapassando naquela porteira. (...) montamos o banco dedados mais completo de que já se ouviu falar na históriamundial da apuração de crime financeiro. Nunca semapeou tanto dinheiro.”

As investigações poderão chegar também, comoafirmou o procurador Luiz Francisco de Souza, àsprivatizações do governo anterior, que movimen-taram recursos através da utilização de contas emFoz do Iguaçu. A população brasileira, que assistiuà verdadeira rifa de seu patrimônio, não sabe

quanto se gastou no processo de privatizações;quanto foi pedido emprestado para o saneamentodessas empresas e por quanto foram vendidas. Porisso, teríamos que brigar também pela instalação daCPI da privatização das Teles, já desmascarada porgravações telefônicas que denunciam influênciadireta da mais alta cúpula governamental no pro-cesso de venda das lucrativas empresas de telefo-nia. Nunca se vendeu tanto patrimônio nacional,por tão pouco, em tão curto espaço de tempo.

O governo, ao invés de investigar as privatizações- como prometeu em seu programa de governo em2002 - flexibiliza ainda mais o envio de dinheiro aoexterior, através da circular 3187 do Banco Central,de 16 de abril de 2003, que permite remessas atravésde simples transferência eletrônica.

Toda essa conjuntura escancara a opção dogoverno brasileiro pela submissão ao mundo dasfinanças, onde se lucra muito às custas do povo ese envia livremente o dinheiro para o exterior. Aquem interessa a liberdade de movimento decapitais e a facilitação das remessas em moedaestrangeira? Para responder a essa pergunta, façominhas as palavras do Procurador Luiz Francisco,em seu depoimento na CPI do Banestado:

“Onde mais no mundo inteiro há tanta rentabilidade,tanta falta de fiscalização, tanto retorno garantido pormeio do mecanismo espúrio da dívida pública, dos títu-los? Onde isso ocorre? No Brasil.”

Diante disso tudo, é urgente e necessário que osmovimentos sociais acompanhem de perto a CPIdo Banestado, exigindo a completa apuração dosfatos e punição dos responsáveis.

MARIA LÚCIA FATTORELLI*,Especial para o Opinião Socialista

* Maria Lúcia Fatorelli é auditora fiscal da ReceitaFederal, presidente do Unafisco Nacional, coorde-nadora do Fisco Fórum-MG e da Auditoria Cida-dã da Dívida pela Campanha Jubileu Sul

“Montamos o banco de dados maiscompleto de que já se ouviu falar na histó-ria mundial da apuração de crime finan-ceiro. Nunca se mapeou tanto dinheiro.”

José Castilho Neto, responsável pelainvestigação das remessas nos Estados Unidos

GUSTAVO SIXEL

Page 4: os159

4 OOOOOPINIÃOPINIÃOPINIÃOPINIÃOPINIÃO S S S S SOCIALISTAOCIALISTAOCIALISTAOCIALISTAOCIALISTA

o início de 1970 o PC doB implementou a Guerri-lha do Araguaia. O obje-tivo era o de acumularforças para a transição ao

socialismo através de um movimentode libertação nacional segundo a es-tratégia maoísta da Guerra PopularProlongada. Em 1975, o Exército,após três operações de cerco e des-truição, derrotou a guerrilha. Alémdos militantes do PC do B, há notíci-as de camponeses executados peloExército. Até hoje não se sabe o nú-mero exato de mortos.

Apenas algumas ossadas dos guer-rilheiros foram encontradas. Da açãodo Exército pouco se conhece e asinformações são muito fragmentadas.Mas os detalhes das atrocidades co-metidas são aterradores e é urgenteque conheçamos este episódio da nos-sa história. Possibilitar que as famíliasdos guerrilheiros sepultem seus entesqueridos é, também, reparar, aindaque muito parcialmente, as violaçõesaos direitos humanos. E, ainda, porfim, mas não menos importante, épossibilitar que julguemos, se nãojurídica, ao menos historicamente, osindivíduos e as instituições que atua-ram no episódio.

Após anos de batalha judicial, aJustiça finalmente determinou aoExército que torne público todos osdocumentos relativos ao episódio e,o governo Lula, colocando-se ao ladodos militares, decidiu recorrer da sen-tença. Os argumentos do governotêm pouca importância, pois são me-ras justificativas para uma decisão to-mada a priori e por “razões de Estado”:o projeto do PT para o país é tãomirrado que não pode sequer tocarneste ponto “sensível ao Exército”.

No Chile e na Argentina, paracitar apenas países próximos, a anistiaestá sendo revista e os torturadoresestão sendo juridicamente respon-sabilizados. Em triste comparação, noBrasil, Romeu Tuma, auxiliar donosso mais notório torturador, Ser-gio Fleury, era há pouco um senadorda República. E, agora, o governo doPT age não apenas para proteger, mastambém para manter desconhecido oaparelho repressivo.

O que estamos assistindo é o atofinal da degeneração de revolucioná-rios em braço político auxiliar de seusex-algozes. Pensemos, para ficar noscasos mais exemplares, em Zé Dirceu,José Genoíno e Aldo Arantes: o quejustifica, moral e humanamente, eles

NSÉRGIO LESSA*,Especial para o Opinião Socialista

apoiarem o Exército neste episódio?Não há opção política que justifiquea vilania deste ato.

O que estamos assistindo é, ainda,a explicitação dos limites máximosda realização possível do reformismona realidade brasileira. Em países

como o nosso, o reformismo, pormais radical e bem intencionado,não pode ir para além de modifica-ções cosméticas na defesa intransi-gente dos interesses dominantes con-tra os trabalhadores. Com o governoLula, a proposta tupiniquim de re-forma encontra a sua realidade e nãopode, sequer, cumprir o mandadojudicial sobre o Araguaia.

Além da degeneração de algunsrevolucionários e da plena realiza-ção do reformismo brasileiro estamosassistindo, todavia, a algo que nemos estrategistas da ditadura militarsonharam: a vitória da estratégia da“transição ampla, gradual e segura”,proposta pelo general Geisel. Nãopelas mãos dos militares “linha mole”;nem pelos civis que apoiaram osmilitares, como Sarney, Delfim Nettoou Tancredo Neves. Muito menospela oposição consentida, comoUlisses Guimarães ou Fran-co Montoro. Ou da opo-sição que tentava ne-gociar, como o anti-go PCB. Mas sob abatuta do partidoque aproveitou dasgreves do ABC parase apresentar como

* Professor de filosofia da Univer-sidade Federal de Alagoas

É PELAS MÃOS DO GOVERNO DO PT QUE O EXÉRCITO TEM SUA MELHOROPORTUNIDADE PARA MANTER SECRETA A HISTÓRIA DO ARAGUAIA.

DESDE A DITADURA MILITAR, NUNCA TIVEMOS UM GOVERNO TÃOSUBSERVIENTE AO FMI E NUNCA ASSISTIMOS A UMA DEFESA DO APARELHO

REPRESSIVO COM A PARTICIPAÇÃO DE ALGUMAS DAS SUAS VÍTIMAS

ARAGUAIA

Alckmin criminaliza os trabalhadoresdo campo, mas não pára por aí. Que odigam os sem-teto e os professores.Somente uma grande campanha nacio-nal e internacional poderá tirar ZéRainha e todos nossos companheirosda prisão, bem como derrotar estapolítica de criminalização dos movi-mentos sociais.

Os sindicatos devem produzir carta-zes e adesivos pela liberdade dos sem-terra e todos os materiais sindicaisdevem exigir sua libertação e tambémque o governo Lula se some a essacampanha.

Devemos realizar uma reunião na As-sembléia Legislativa com todos os mo-vimentos sociais e parlamentares dospartido de esquerda para organizar eimpulsionar a campanha.

É preciso denunciar o governador Ge-raldo Alckmin às entidades internacio-nais de direitos humanos.

E fundamentalmente devemos exigirque o governo Lula deixe de ser cúmpli-ce de Alckmin, demais governadores edos latifundiários, assuma esta campa-nha e combata a impunidade.

Envie dax exigindo a imediata liberta-ção dos dirigentes sem-terra e o fim dacriminalização dos movimentos sociais:Ao Exmo Sr. Governador do Estadode São PauloDr. Geraldo AlckminTel-fax- 11-3745-3621

Ao Exmo. Sr. Ministro da JustiçaDr. Marcio Tomas BastosTel-fax: 61-322-6817

Ao Exmo Sr. Presidente da RepúblicaLuís Inácio Lula da SilvaTel-fax: 61-411-2222

Cresce lutapela terraReforma Agrária no Pontale no Brasil, já!Segundo relatório da Ouvidoria Agrá-ria Nacional, em sete meses os sem-terra ocuparam 171 propriedades ru-rais, nos 12 meses do ano passadoforam 103 ocupações, enquanto em2001 foram 158.

A quantidade de acampados tambémcresce: no início do ano eram 60 mil sem-terra na beira da estrada, hoje sãocerca de 140 mil. Só em São Paulo, houveum crescimento de 3 mil para 14 mil.

Não é para menos que o Pontal doParanapanema seja um dos centros doconflito e uma das áreas mais polariza-das socialmente do país. Existem lácerca de 400 mil hectares em terrasdevolutas, exploradas ilegalmente pe-los fazendeiros. Por isso, se concentrana área 6 mil assentados e mais 8 milacampados esperando terra.

Alckmin defende um decreto que regu-larize as áreas de 500 hectares para osfazendeiros que realizaram grilagem.Ele pretende transformar a região emum centro do latifúndio “produtivo”,do agronegócio e está investindo eminfraestrutura na região. Para ele ossem-terra significam um mal a ser ex-tirpado para beneficiar seu projetoempresarial.

CAMPO

Entre em campa-nha pela libertaçãode Zé Rainha,Diolinda, Minei-rinho e demaissem-terra presos

oposição radical à ditadura. Ironica-mente, é pelas mãos do governo doPT que o Exército tem sua melhoroportunidade para manter secreta ahistória do Araguaia. E com a coni-vência do PC do B, que abandonaos militantes que enviou para a selvaem troca de algumas sinecuras!

Desde a ditadura militar, nuncativemos um governo tão subservi-ente ao FMI e nunca assistimos auma defesa do aparelho repressivocom a participação de algumas dassuas vítimas. Tal coincidência não émero acaso. Antes, são faces da mes-ma moeda. Muito pouco separa asdecisões de ofertar ao FMI um su-perávit primário maior do que oexigido e a de proteger o aparelhorepressivo. Também por isso, já nãoé mais descabida a pergunta que,antes, sequer poderia ser imaginada:ao seu final, o governo petista terásido algo mais que o coroamentocompleto da estratégica “transiçãolenta, gradual e segura” concebidapelo general Golbery do Couto eSilva? Terá, finalmente, o PT seincorporado à estratégia dos milita-res para saírem do poder cedendo osanéis e mantendo os dedos?

O GOVERNO DO PTAGE NÃO APENASPARA PROTEGER,

MAS TAMBÉMPARA MANTER

DESCONHECIDOO APARELHOREPRESSIVO

PELA ABERTURA DOSARQUIVOS DO EXÉRCITO

AMÉRICO GOMES,de São Paulo (SP)

Governo Lula é cúmplice dos militares

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5Edição 159 - Ano VIII - De 18/09 a 1/10/2003

JUVENTUDE

A REVOLTA DOS MENINOS

Com Lula no poder, o PC do B e o PT fazem detudo para desmobilizar a juventude. Mas desta vezconseguiram se superar. Com a Prefeitura e verea-dores, fecharam um acordo que “ampliava” os direi-tos de utilização da meia passagem para os finais desemana, feriados e férias e também para os estudantesde pós-graduação e supletivo.

Mas o tal “acordo” nada versava sobre a reivindi-cação principal – a revogação do aumento da passa-gem – e reduzia o direito à meia passagem a umaquota de duas viagens por dia. A traição foi anun-ciada triunfalmente pelos representantes do PCdoBe do PT, que de mãos dadas e erguidas, saíram daCâmara Municipal orientando que os estudantesnão saíssem mais às ruas. Decretavam o fim da luta.

Em um ginásio lotado, informaram o que, se-gundo eles, era a “grande vitória do movimento”, jábatizado de o “Agosto do Buzu”. Mas o acordão foirepudiado veementemente pelos estudantes queimediatamente tomaram as ruas, na melhor respostaaos que tentaram “rifar” o movimento. Exemplo

desta revolta foi o fato de terem rasgado camisetasdo PCdoB, usadas por seus militantes na plenária,e rejeitarem a participação das entidades (UNE,UBES, ABES) que participaram da manobra.

Os “filhotes de ACM” entraram em ação paratentar capitalizar a revolta dos estudantes contra o PT/PC do B. Passaram a atacar o PSTU e tentar jogar osestudantes contra os “partidos” dizendo-se um “mo-vimento apolítico” e outros jargões reacionários.

Apoiando-se na justa revolta dos estudantes pelaatuação burocrática das entidades, o que queria adireita era desacreditar a necessidade da organiza-ção dos estudantes, confundindo as entidades domovimento com suas direções. Financiados peloPFL, faziam campanha contra os partidos.

Nós, do PSTU combatemos esta política da direi-ta, mas também as traições do PC do B e do PT, queem nome da “estabilidade” do governo Lula, que-rem sufocar a luta da juventude. A “rebelião” dosestudantes foi uma atitude legítima contra os que, emnome do movimento, queriam sufocar a luta.

Quando escrevíamos este artigo o ritmo dasmobilizações já era inferior. Isto se deve a queapesar da combatividade, o movimento nãoconseguiu gerar uma direção com força sufi-ciente para impor uma derrota à frente que seformou entre a Prefeitura e a direção majoritáriado movimento estudantil na cidade. Esta frentepassou a defender o fim dos bloqueios, métodode luta que se demonstrou determinante.

Acreditamos que os secundaristas de Salva-dor são parte de um processo nacional de lutanão só pelo transporte público, gratuito e dequalidade, mas também contra os ataques con-tra a juventude que resultam em índices recor-des de miséria e falta de perspectivas.

Estão ocorrendo mobilizações em todo opaís contra os aumentos nas tarifas, pelo meio-passe e pelo passe-livre. Sigamos o exemplo deluta de Salvador em todo país. Organizemoscomitês pelo passe-livre, passeatas, coleta deassinaturas, de abaixo-assinados e toda e qual-quer forma de mobilização e organização.

Também como aprendizado das lutas dajuventude baiana, não podemos confiar estatarefa às direções majoritárias da UBES e daUNE. Construamos fóruns de organização pró-prios, democráticos e para a luta, que sejamoposição às direções burocráticas e traidoras domovimento estudantil. Tomemos as ruas pordireito à educação, emprego e pelo passe-livre!

Se você quiser organizar a Campanha dopasse-livre em sua cidade, entre em contato:

PSTU (11) 5575-6093 [email protected] [email protected] de projeto de Passe-Livre e abaixo-assinado:

www.pstu.org.br

o final de agosto e início desetembro, os olhares de todoo país se voltaram para olevante juvenil de Salvadorcontra o aumento da passa-

gem de ônibus. Seguindo a “lógicasuprema” do capitalismo, de que osserviços básicos prestados à populaçãodevem dar lucro, a tarifa do transportecoletivo em Salvadorteve um aumento aci-ma de 15%. A passa-gem do “buzu” au-mentou de R$ 1,30para R$ 1,50.

Este aumento, ca-sado com a situaçãode crise social gene-ralizada no país, fez explodir uma dasmaiores mobilizações da juventudedos últimos tempos. Por duas sema-nas, as ruas de Salvador foram com-pletamente tomadas pelos secunda-ristas. Foram mais de 40 bloqueiossimultâneos que chegaram a somarmais de 20 mil pessoas fechando ruas.

Ora organizados pelos grêmios, oupor sua própria conta, os secundaristasse reuniam nas escolas e tomavam asruas. Em um ritmo frenético, bloquea-vam os principais pontos da cidadedurante o dia todo. Não raro os blo-queios se encerravam depois das 22h.

Quando não reuniam um contin-gente suficiente para um bloqueio,

ANERICILDA ROCHA, de Salvador (BA) eJOSÉ ERINALDO JR., da Executiva daUnião Nacional dos Estudantes

subiam e desciam as ladeiras de Salva-dor à procura de outros grupos ou deum bloqueio que já estivesse ocor-rendo. Este vai e vem dos estudantespor toda a cidade produzia um climafantástico de mobilização constante.

Ao final dos bloqueios, os pique-teiros implementavam o “passe-livre”,os passageiros entravam pela porta desaída dos ônibus e no dia seguinte, oritual da mobilização se repetia.

A mobilização contou com umenorme apoio da população. As pas-

seatas eram recebidascom “buzinaços” eaplausos. Pesquisa deum jornal local com-provou que mais de80% da população de-positavam suas espe-ranças na mobilizaçãoestudantil.

Outro fato importante é que, frutoda dimensão da luta e do imensoapoio popular, a polícia de Salvador,uma das mais violentas do país, selimitava a observar os bloqueios.

Entre as diversas ações, vale ressal-tar o grande bloqueio do Iguatemi(centro financeiro e principal entron-camento de avenidas da cidade) quereuniu mais de dez mil pessoas, osbloqueios constantes do terminal daLapa (principal terminal urbano) e aparalisação do desfile de Sete de Se-tembro por uma “marcha da juventu-de”, que reuniu mais de 3.000 estu-dantes e estragou a “festa cívica” doprefeito Imbassay (PFL) e de ACM.

FOTO WANDAICK COSTA

29/8 – Primeira passeata dos estudantes.

1/9 –Aumento da tarifa de ônibus de 1,30 para1,50. Os estudantes começam a paralisar otrânsito na estação da Lapa.

2/9 – Mobilização estudantil pára vários pon-tos. Pela primeira vez o trânsito em frente aoIguatemi é paralisado, fechando as vias deacesso do centro aos demais bairros.

3/9 – Pressão no Palácio Tomé de Souza. Maisde 15 mil estudantes saem às ruas. Conquistada meia-passagem para o ano inteiro. UBES eUNE dão golpe na comissão de negociaçãoeleita em plenária na qual haviam sido exclu-ídas. Montam nova comissão e fecham acordo

com o prefeito mantendo a tarifa a 1,50 e secomprometendo a por fim à luta.

4/9 – Plenária com mais de mil estudantesrepudia acordo e desautoriza comissão. UNEe UBES são impedidas de conduzir a plenária,militante do PC do B tem camisa rasgada e osestudantes voltam às ruas.

5/9 – Na TV, a UBES chama os estudantes a nãosaírem das escolas. Mesmo assim os estudan-tes voltam às ruas parando o trânsito.

7/9 – Estudantes invadem desfile da pátria.

8/9 – Após orientação do PT e PC do B e forterepressão, estudantes não têm força paracontinuar com os protestos de rua.

CRONOLOGIA

MANIFESTAÇÃO MANIFESTAÇÃO MANIFESTAÇÃO MANIFESTAÇÃO MANIFESTAÇÃO no Palácio Tomé de Souza, onde funciona a Câmara dos Vereadores

Mais uma traição do PCdoB e do PT

Aprender comSalvador

Nacionalizar a luta contra o aumentodas passagens e pelo Passe-Livre

FOTO WANDAICK COSTA

MILITANTESMILITANTESMILITANTESMILITANTESMILITANTES do PSTU participam de uma das inúmeras passeatas em direção ao Iguatemi, acesso do centro aos bairros de Salvador

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6 OOOOOPINIÃOPINIÃOPINIÃOPINIÃOPINIÃO S S S S SOCIALISTAOCIALISTAOCIALISTAOCIALISTAOCIALISTA

NOTAS

É HORA DE IR À GR

BANCOS PRIVADOSOs trabalhadores dos bancos priva-

dos estão lutando por uma reposiçãode 21,58%, num país em que os ban-cos aumentaram seus lucros em maisde 180%. Os banqueiros oferecemmíseros 10%.

A categoria tem demonstrado umagrande disposição de luta nas paralisa-ções por todo o país. Em assembléiaspor locais de trabalho os trabalhadorestêm paralisado por duas horas e emmuitos locais têm ido além da orienta-ção da direção do sindicato e paralisa-do todo o dia. Mas, as paralisaçõesparciais precisam ser concebidas comoparte de um plano de lutas com oobjetivo de organizar a uma grevenacional da categoria.

O fato é que chegamos ao fim desetembro, os banqueiros seguem en-rolando e a direção não estabeleceuma data limite para as negociações,que sirva de aviso aos banqueiros ecoloque uma perspectiva de organiza-ção da greve para a categoria.

O FMI exige que uma parte dodinheiro arrecadado pelo governonão seja investida no país e formeum saldo de caixa para o pagamentoda dívida externa e interna. É ochamado superávit primário.

O Orçamento Geral da União deFHC se comprometia com o FMI agerar um superávit primário de3,75% do PIB. Lula “radicalizou”.Comprometeu-se a gerar um supe-rávit primário de 4,25% do PIB e naverdade gerou até julho 5,05%, re-

Campanhas salariais enfrentam política econ

epois da greve nacional dosservidores contra a refor-ma da Previdência, come-çam a esquentar as campa-nhas salariais. Os bancários

dos bancos privados e também ostrabalhadores de estatais como os doBanco do Brasil, CEF e petroleirosestão em campanha. Os metalúrgicosde São Paulo iniciam uma campanhaunificada.

Todos estes setores da classe traba-lhadora brasileira têm uma grande his-tória de lutas: não foram poucos osplanos econômicos que caíram ou fo-ram feridos de morte por greves des-tas categorias.

Tanto os trabalhadores das empre-sas privadas como os das estatais estãolutando contra o que a imprensa vemnoticiando estas semanas, a diminuiçãoda renda do trabalhador brasileiro.

Se nos fixarmos nos índices de re-posição das perdas exigidos e na dispo-sição de luta demonstrada pelos traba-lhadores, estaríamos diante de um qua-

dro político muito parecido com o dasgrandes greves da década de 80.

Neste sentido, a greve nacional doscorreios teve muitas características se-melhantes à da greve de 1985, a maiorjá realizada pela categoria: piquetesmassivos, radicalização e uma grandedose de espontaneidade. No primei-ro dia, a greve atingiu 16 estados e nosegundo dia, eram 24 em greve.

A grande diferença que marca aslutas atuais é política. Hoje o PT está nogoverno central. Hoje a maioria dosdirigentes dos sindicatos e da CUT(membros do PT ou do PC do B) égovernista e dizem que nossas lutas nãosão contra o governo, são apenas contraas empresas.

Mas, os “planos econômicos” dosgovernos anteriores contra os quaislutamos, mudavam só de nome, poisem essência significavam um profun-do arrocho nos salários dos trabalhado-res para garantir os lucros das empresase assegurar a sangria de recursos do paíspara o exterior.

Sempre foi o governo a ditar asregras do jogo, ao estabelecer a polí-tica econômica. E hoje, na nossa opi-

nião, continua sendo assim.Até agora, as propostas de reajustes

tanto das estatais, como da Febrabanou da FIESP estão longe de repor asperdas salariais e mais longe ainda dasreivindicações históricas, como redu-ção da jornada. O primeiro grandeproblema colocado para todas as cam-panhas salariais se resume a uma per-gunta: contra quem estamos lutando?

O GOVERNO DIZ NÃO ÀREPOSIÇÃO DAS PERDAS

O governo, através de seu ministroPalocci, disse que os reajustes salariaisnão podem ser de acordo com a infla-ção passada, mas futura, porque, docontrário, os reajustes salariais vão gerarinflação. A declaração do ministro,deu o parâmetro de negociação tantopara os banqueiros da Febraban comopara os empresários da FIESP e para asdireções das empresas estatais, quedependem diretamente do governo.

Também para o governo Lula, ostrabalhadores não podem repor suasperdas salariais, pois isto “desesta-bilizaria a economia”.

Infelizmente, nem no argumento o

governo Lula inova. Esta falta de ima-ginação, entretanto, expressa que apolítica econômica aplicada é a mes-ma de FHC. O arrocho nos saláriosdos trabalhadores é a base de toda apolítica econômica do governo.

A prioridade central de Lula é man-ter em dia o pagamento da dívidaexterna. De janeiro a julho, forampagos R$ 90 bilhões de juros aos ban-queiros. Isto equivale a 10,18% doProduto Interno Bruto (PIB) ou detudo que foi produzido no país nesteperíodo. Se compararmos esses nú-meros com a arrecadação de impostos,veremos que os banqueiros ficaramcom 40% de tudo que se arrecada.

Esta é a verdadeira causa da recessão.Os trabalhadores geraram estas rique-zas, mas como diminui o tamanho do“bolo”, porque uma parte éabocanhada pelo imperialismo, al-guém dentro do país tem que ganharmenos. E o governo Lula, junto como FMI, a Febraban e a Fiesp, dizclaramente que no lucro dos banquei-ros e empresários não se mexe. Sobra-rá então, uma vez mais, para os traba-lhadores.

DJOÃO RICARDO SOARES,da redação

Preparar a grevenacional dos bancários

BANCO DO BRASIL E CEFApós amargar os anos de FHC, fun-

cionários destas instituições tinham umagrande expectativa de que o governoLula inverteria a lógica que determi-nou a administração privatizante. Maso governo manteve os mesmos critéri-os, e o funcionalismo tem sido um alvoa ser atacado pelas direções das empre-sas, que sequer aceitam negociar namesa única com a Febraban, onde sediscute a reposição de 21,58%. Dasperdas anteriores, que chegam a maisde 100%, não querem nem ouvir falar.

Os trabalhadores têm parado agên-cias, centros administrativos e exigidoda Confederação Nacional dos Ban-cários um plano de lutas em direção àgreve nacional. Nossa luta deve serconstruir a unidade da categoria paragarantir os 21,58% e avançar nas ques-tões específicas como as perdas passa-das e a extensão de direitos aos novos.

PROPOSTA DE CALENDÁRIO DE

LUTA PARA OS BANCÁRIOS:

1- Intensificar a mobilização: que as

paralisações sejam de um dia inteiro e

sirvam para mobilizar a categoria.

2- Paralisação de 24 horas de toda a

categoria dia 25.

3- Encontro Nacional dos Bancários

aberto à participação de todos no dia

30/9

4- Dia 1º de outubro, como data indicativa

para a Greve Nacional da categoria.

DIRCEU TRAVESSO,da Executiva da CUT-SP

tirando verbas da saúde, educação,moradia e reforma agrária.

Mas a sangria não pára aí. As esta-tais também devem “contribuir” como superávit primário. Quais as conse-qüências desta política para os salári-os dos trabalhadores das estatais?Quem explica é o ministro Mantega,do Planejamento: “As empresas estataisterão de cumprir o superávit e cumprirão. Setiverem de reduzir investimento, vão redu-zir.” No “planejamento” do governoas estatais devem remeter R$ 11 bi-

lhões para os banqueiros e o FMI.Por isso, a reposição das perdas não

está no dicionário do governo. Não éque o dinheiro não exista, o problemaé que a prioridade do governo não écom os trabalhadores. Vejamos o casoda Petrobrás, que teve um lucro de R$8,5 bilhões no primeiro trimestre. Amaior parte deste lucro vai para osinvestidores privados da empresa, quecontrolam mais de 60% de seu capitaltotal. O governo também decidiuque a empresa deve contribuir com

R$ 7,5 bilhões para o superávitprimário. A empresa, então, devepromover uma grande distribui-ção de lucros ao governo federal,para pagar os juros da dívida e paraos acionistas da empresa.

Resultado: para o governo Lula,os petroleiros devem continuar comos salários arrochados, os novos tra-balhadores contratados não devemter direitos e deve continuar reduzi-da a capacidade de investimento esegurança no trabalho.

As estatais e o superávit primário

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7Edição 159 - Ano VIII - De 18/09 a 1/10/2003

GREVE UNIFICADA!

Por proposta do Movimento poruma Tendência Socialista (MTS), aExecutiva Nacional da CUT mar-cou para o dia 25/9 um Dia Nacionalde Luta das categorias em campanhasalarial. O comunicado da CUT diz“a forma do protesto e o engajamento de cadacategoria serão definidos em reunião do Nú-cleo de Negociação Coletiva, composto pormembros da Executiva e os presidentes dosramos organizados na CUT, dia 22. Asmanifestações deverão ocorrer em todo o país.”

Todos os trabalhadores em cam-panha devem tomar esta data e cons-

Os petroleiros reivindicam reposi-ção da inflação entre setembro de2002 e agosto de 2003 pelo ICV-DIEESE – 15,5% – e aumento real atítulo de produtividade – 6,8% – o querepresenta reajuste salarial de 23,35%.Também reivindicam fim das discri-minações, da terceirização e recom-posição dos efetivos próprios da em-presa, reintegração dos demitidos nasgreves de 1994 e 1995, fim da políticade remuneração variável, com recupe-ração salarial e um novo plano decargos e salários. Além de melhorescondições de trabalho e segurança, ga-rantia no emprego, redução da jornadade trabalho para o regime administrati-vo, sem redução de salários.

A Petrobrás, que teve lucro recorde,ofereceu 6% de reajuste. Os petrolei-ros deram uma resposta à intransigênciae pararam com força no dia 10.

Mesmo diante de um indicativoconfuso da direção da Federação Úni-ca dos Petroleiros (FUP), que nãochamou a rejeição da proposta da em-presa nem estabeleceu um limite para asnegociações no sentido de organizar agreve, o que se viu foi uma forte mobi-

A maioria dos trabalhadores em cam-panha salarial votou em Lula e temexpectativas em seu governo. Até porisso, tem enorme disposição de lutanesse momento. Pois votaram neleporque querem mudança, o fim doarrocho, do desemprego, da perda dedireitos. Mas Lula segue aprofundandoa política econômica de FHC e do FMI.

A direção majoritária nos sindicatos,por sua vez, em sua maioria militantesdo PT e do PC do B, são governo. Porisso, têm feito de tudo para que asgreves não saiam e, se saírem, para quenão se unifiquem. Mais, na hora H –como nas mobilizações dos estudantesem Salvador ou na greve dos Correios– têm atuado para desmontar as lutas etentar fazer com que os trabalhadoresaceitem acordos rebaixados.

econômica do governo, do FMI e da patronal.

Base garante forte paralisação de 24h dos petroleirosWILLIAN CÔRBO,petroleiro da Reduc, Duque de Caxias (RJ)

lização. Nas refinarias, prédios admi-nistrativos e áreas de produção, a mobi-lização selou a unidade pela base.

As assembléias de base expressaram

desconfiança em relação à direção daFUP e aos sindicatos governistas. To-dos estão atentos ao fato de que, nasnegociações, as posições do governoestão nos dois lados da mesa. Por isto,mesmo sem a indicação da FUP, algu-mas assembléias votaram a rejeição dacontraproposta da empresa, que nãoatende às principais reivindicações.

Os trabalhadores da Refinaria Du-que de Caxias (Reduc), no Rio, dePresidente Bernardes (RPBC), emCubatão (Cubatão) e também os pe-troleiros de Sergipe, Pará e Rio deJaneiro exigem uma outra dinâmica àcampanha.

Na Reduc os trabalhadores aprova-

ram um calendário para a campanha:limite das negociações dia 30/9; Ple-nária de base nos dias 28 e 29/9 e grevepor tempo indeterminado a ser discu-tido nesta plenária. Também delibe-rou que o sindicato chame a unifica-ção das campanhas salariais em curso.

QUE A BASE DECIDA EPARTICIPE

A base exige total transparência,pois desconfia – corretamente - quesua direção está protelando as negoci-ações e não está organizando a greve.Várias assembléias de base exigiram atransmissão das negociações ao vivopela TV corporativa. Mas a direção daFUP ao invés de acatar a vontade dacategoria, fez o oposto: aceitou nego-ciar com a Petrobrás em lugar distante,em total desrespeito à decisão da base.

Neste sentido, em vez de um re-presentante por sindicato que acom-panhe as negociações como propõe adireção da FUP, a categoria deve ele-ger seus representantes nas assembléi-as para participar das negociações.

O dia 10 mostrou que nós temosque construir nossa campanha pelabase. E isto significa começar a prepa-rar a greve e estabelecer um limitepara as negociações.

DIA 25: CONSTRUIR UMDIA DE GREVE NACIONAL

Acontece que não é possível ganharuma luta se não sabemos identificarcontra quem estamos lutando. Ban-queiros, empresários, governo e FMItêm uma política unificada de arrochosalarial. O governo não quer que ne-nhum setor patronal dê o reajuste queos trabalhadores têm direito, para queestes não se generalizem. Tambémnão quer greves unificadas e mobilizaçãosocial, porque isso ameaça a “estabili-dade” com o FMI.

É hora, portanto, de construirmosuma mobilização unificada, montarcomandos de base e impor a greve aossindicatos. É hora também de exigir-mos que Lula rompa com a Alca e oFMI, pare de pagar bilhões para osbanqueiros e garanta salário, empregoe terra para os trabalhadores.

Lição dos Correios:é preciso comando de basepara lutar e para negociar

truir um dia de paralisação unifica-do, organizado pela base.

Desde já devemos exigir que ossindicatos marquem assembléias paraorganizar o dia 25 como um dia deparalisação com manifestações, queunifique todos os trabalhadores: osque estão em campanha salarial, ossem-terra, o movimento popular e ajuventude que luta pelo passe-livre.

Transformemos o dia 25 em umgrande dia, que unifique a luta porsalário, terra e moradia e pela ruptu-ra com o FMI e a Alca.

UNIFICAR AS LUTASQueremos aumento de salário. Que Lula rompa com o FMI e a Alca!

A primeira greve desta leva de cam-panhas salariais – a dos Correios – trazvários ensinamentos e alertas às de-mais categorias. Na página seguinte,os companheiros contam como se im-pôs pela base essa que foi a maiorgreve da categoria desde 1985 e tam-bém como foi a operação desmontelevada pelo PT e PCdoB, numa açãocombinada entre os diretores gover-nistas dos sindicatos e da Federação dacategoria, a direção da empresa e osex-sindicalistas ligados a esses partidose que ocupam cargos de confiança nointerior da mesma e no governo.

Desde o tempo da pelegada, quefoi varrida pelas oposições cutistas naépoca da ditadura, não se via coisaigual.

As greves terão que se impor pelabase, precisarão ganhar consciênciade que sua luta é contra a patronal,mas também contra o governo.Terãoque impor democracia e avançar nasua organização: construir comandospela base para conduzir a luta, exigirassembléias e plenárias nacionais debase para decidir e também elegercomandos de base para negociar aolado das direções sindicais.

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8 OOOOOPINIÃOPINIÃOPINIÃOPINIÃOPINIÃO S S S S SOCIALISTAOCIALISTAOCIALISTAOCIALISTAOCIALISTA

MOVIMENTO ALCA

s trabalhadores dos Correiosrealizaram a maior greve dacategoria desde 1985. Comum piso de 395 reais e umaperda salarial de 53%, fomos

a luta por um reajuste salarial de 69% eaumento real de 10%.

A maioria da direção do movimento,Articulação do PT e Corrente Sindical Classista(PC do B) desde junho, quando docongresso da categoria, tentaram evitaruma pauta abrangente e uma dataindicativa de greve, para não se con-frontar com o governo. Vale lembrarque há cerca de 60 ex-dirigentes sindi-cais da categoria em cargos de confiançana empresa.

Depois de mais deum mês enrolando aempresa propôs 4%de reajuste. Contraesta proposta a cate-goria foi à greve. Com80% de paralisação emuita disposição deluta, os trabalhadoresparavam setores intei-ros, sem a presença dedirigentes sindicais.

Em vários estados àgreve saiu contra a asdireções dos sindica-tos, chegando a 24 es-tados. Os piquetes foram assumidos pelabase, que faziam as faixas de seu própriopunho para levarem às assembléias.

O ministro das Comunicações pro-pôs novo reajuste: 6%. A maioria doComando Nacional indicou aos sindi-catos o recuo da greve no dia 11, masnenhum sindicato acatou a orientação.

Dia 15, numa manobra digna dospelegos da época da ditadura, os dirigen-tes do sindicato de São Paulo do PT e doPC do B, com auxilio de seguranças,tomaram o controle do caminhão de some dirigiram à força a assembléia.

Propuseram o fim da greve. Sua pro-posta foi rejeitada pela maioria da as-sembléia. Mas eles anunciaram que ha-via sido aprovado o fim da greve. Aí seinstalou uma grande confusão, com gran-

de revolta dos trabalhadores que tenta-vam virar o caminhão de som. Escorra-çados pelos mais de dois mil ecetistasrevoltados, os pelegos tiveram que sairescoltados pela PM. Com muita dificul-dade, a minoria da diretoria - do MTS edo PSTU - retomou a assembléia, refa-zendo a votação e garantindo a vontadeda categoria de seguir em greve.

Mas, logo depois da assembléia, ospelegos, deram uma entrevista coletiva,dizendo que a greve havia terminado. Adireção da empresa e o Comando Nacio-nal, também anunciaram pela imprensaem todo país que São Paulo havia sus-pendido a greve.

Os diretores do MTS e do PSTU,cumprindo a decisão da assembléia or-ganizaram os piquetes e mantiveram a

greve. Apesar da tre-menda confusão e de-sorganização na base,bombardeada peloanuncio do fim dagreve.

No dia 16 foi reali-zada nova assembléia,que, com a participa-ção de 800 trabalha-dores. Após o coman-do de base avaliar queo movimento havia sedesorganizado e esta-va muito dividido nabase, pelas traições damaioria da diretoria,

foi decidido suspender a greve.Mas também foi decidido: rejeitar a

proposta da empresa; nova assembléiadia 1/10. Além de chamar um EncontroNacional com delegados eleitos em as-sembléias de base para retomar o movi-mento nacional.

Para que a categoria retome o sindica-to que está controlado pela empresa epelo governo, a assembléia votou a con-vocação imediata de novas eleições paraa diretoria e a destituição da pelegada.

Na base, o clima é de revolta com amaioria da direção do sindicato que éum braço da empresa e do governo quea controla. A base quer lutar, mas apren-deu que com essa direção não dá.

Neste momento, os pelegos cercaramo sindicato de jagunços.

OEZEQUIEL FILHO,militante do PSTU e funcionáriodos Correios de São Paulo (SP)

Chamados pela direção da empresa, policiaisprendem ativista no piquete em São Paulo

A LIÇÃO DA GREVE DOS CORREIOS

Direção governista ésinônimo de traição

Piquete dos trabalhadores dos Correios em São Paulo

o dia 16 de setembro, foi entregue em Brasília osabaixo-assinados exigindo: a realização de um Plebis-cito Oficial - para que seja o povo a decidir se o Brasildeve ou não seguir nas negociações da ALCA – ,auditoria l da dívida externa e cancelamento do acordo

de Alcântara.Durante a manhã, a Campanha deu uma entrevista coletiva no

Plenário I da Câmara dos Deputados. Na mesa, estavam DomTomás Balduíno pela CNBB, Maria Lúcia Fattorelli, da Unafiscoe da Auditoria da Dívida, João Paulo, do MST, Luis Carlos Prates,o Mancha, da Federação dos Metalúrgicos e do PSTU, LuísBasségio, do Grito dos Excluídos, Tatto do ANDES-SN e oDeputado Luis Eduardo Greenhalgh.

Do lado de fora, na entrada do Anexo II da Câmara, mais de 300companheiros faziam uma manifestação contra a ALCA, o FMI ea Dívida e exigiam o Plebiscito Oficial. Infelizmente, a Coorde-nação desmarcou o ato e as caravanas que originalmente estavamprevistas para a entrega dos abaixo assinados. Ainda assim, osindicato dos metalúrgicos de São José dos Campos, o PSTU deSão Paulo e outros estados fizeram um esforço e enviaram ônibuspara lá. De modo que militantes do PSTU de São Paulo, São José,Minas, Rio e Brasília garantiram um protesto, ao qual se somaramtambém companheiros do MST – que estavam acampados nacapital contra os transgênicos.

Na coletiva, Dom Tomás enfatizou “Queremos um PlebiscitoOficial porque este acordo vai excluir, desempregar, concentrarcada vez mais, nos humilhando muito mais do que a velha colônia”

Maria Lúcia respondendo à um jornalista disse: “O governocontinua destinando a maioria do orçamento à dívida. Essa políticaé imposta pelo FMI, que também está nos impondo as reformasprevidenciária, trabalhista e tributária. As reformas e essa depen-dência do FMI é o tapete para a ALCA. O recado desta Campanhaé que queremos Plebiscito Oficial e auditoria oficial. Estamosfazendo a nossa parte, mobilizando. O Plebiscito é um elementode democracia direta que consta na Constituição. Democracia nãoé dar um cheque em branco. Nós esperamos que os três poderesdêem atenção à voz do povo, porque está em jogo a soberania,que, na constituição, não é dos três poderes, mas do povo.”

Do lado de fora, os manifestantes gritavam “ô Lula, eu querover, o Plebiscito sobre a Alca acontecer”

Como a entrega dos abaixo assinados audiências no Ministériodas Relações Exteriores e demais poderes ocorreriam a partir das16hs, os manifestantes foram para o ministério da Justiça, ondehavia audiência com o MST em torno das prisões e assassinatos dossem-terra e também audiência – exigida pela Fasubra – para tratardo inquérito sobre os assassinatos de José Luís e Rosa Sundermann.

Lá, sob os gritos de “Preso político, não vai dar não. LibertemZé Rainha da prisão” , fizeram um ato. Em seguida, sairam empasseata até o ministério das Relações Exteriores e posteriormenteaté o Palácio do Planalto.

CAMPANHA CONTRA AALCA ENTREGA AO

GOVERNO LULA ABAIXO-ASSINADO EXIGINDOPLEBISCITO OFICIAL

4 e 5 de outubro temPlenária Nacional

Dias 4 e 5 de outubro haverá Plenária Nacional em SãoPaulo, que fará uma avaliação da Campanha e decidirá sobresua continuidade.

É fundamental a participação da militância dos estadosnessa Plenária. Pois, evidentemente, as diferentes avaliaçõese posturas perante o governo, incidiram sobre a condução daCampanha neste ano e incidirão sobre sua continuidade.

Nós, do PSTU, faremos uma avaliação por escrito, queenviaremos a todos os companheiros(as) da CoordenaçãoNacional. E desde já achamos que é fundamental que aCampanha continue, pois o governo Lula está comprome-tido com a Alca.

NMARIÚCHA FONTANA,da redação

Page 9: os159

9Edição 159 - Ano VIII - De 18/09 a 1/10/2003

A verdade sobreo despejo e a

resistência dossem tetos emSão Bernardo

O despejo das 3 mil famílias do acampamentoSanto Dias fora determinado pela juíza da 4º varacivil de São Bernardo e cumprido no dia 07/08pelo Batalhão de Choque da Polícia Militar dacapital. Com um total de 800 homens da tropa dechoque, cavalaria e infantaria com cães.

Orientamos o povo a fazer um cordão humanoem volta da área simbolizando o interesse empermanecer no local. Às 10h a PM tensionou comempurrões nos advogados e parlamentares em frenteao portão principal, dando início ao clima de con-flito que obrigou o povo a desmanchar o cordãohumano e se deslocar para a portaria principal.Neste momento já havia entrado a cavalaria pelosfundos do acampamento agredindo acampados quecorriam dos fundos para a frente do acampamento.Alguns já estavam com seus pertences nas mãosdizendo que não queriam violência. Pedimos aocoronel da polícia que retirasse as tropas para quefizéssemos uma assembléia decisiva. Eles pararamde tencionar mas posicionavam atiradores de elitecom fuzis automáticos no telhado da Volks. Nóspercebemos a marca vermelha da mira laser perpas-sando-nos a face durante o tempo que falávamoscom o povo em assembléia. Sabíamos também queo governador Geraldo Alckmin havia feito pessoal-mente contato com os diretores dos presídios daregião deixando-os alerta às prisões que seriamefetuadas. Ao governo interessava a violência. Es-tava claro também quem iria ficar com as marcasdessa violência e, conseqüentemente, de quemseria a vitória se persistíssemos na idéia do conflito.A imprensa burguesa em todo momento mostrava-nos como um movimento violento, fazia relaçãoentre a morte do repórter e nossa organizaçãobuscando criminalizar-nos, ao passo que, denunciáva-mos publicamente que os argumentos tendenciosos erampróprios de quem busca tratar as questões sociais compolícia e não com política. No auge do conflito que seinstalava optamos pela saída pacífica.

Bem antes do despejo, nossos militantes se esforçaramno sentido de dar a qualidade necessária para que o povopudesse resistir na área. Apoiando-se nos estudos deteoria da organização e nas práticas populares deramorganicidade interna construindo brigadas e setoresonde discutia-se os rumos do acampamento e desen-volvia-se cursos de formação política (como funcio-na a sociedade, análise de conjuntura etc). Foi umsalto de qualidade na produção de consciência. Fo-mos vitoriosos porque o povo ainda não se dispersou.Essa ofensiva não freou a organização dos pobres deSão Bernardo que seguem em reuniões massivas.Provamos com isso que o Estado burguês é incompa-tível à organização popular, responde a ela com seuaparato militar. Isso ocorre em nível municipal, esta-dual e federal. De modo que não temos dúvidassobre o caráter do governo Lula. Mas, pressionamoso governo do estado de São Paulo e o prefeito de SãoBernardo, que no momento se apresentaram como osprincipais defensores da grande invasora de terrasbrasileiras, a Transnacional Volkswagen.

Em essência, a posição do companheiro Jota é deque a ocupação Santo Dias se desenvolveu sob umacorrelação de forças desfavorável, não havia comoorganizar a resistência e, ainda assim, o movimentosaiu vitorioso porque avançou em sua consciência.Não concordamos com essas conclusões e acredita-mos que elas estão relacionadas com os debates quetivemos durante a ocupação sobre quem eram nossosinimigos e se devíamos ou não resistir.

Qual era a correlação de forças na qual se inseria aocupação? Na nossa opinião, sentindo-se vitoriososcom a eleição de Lula, os trabalhadores encontraramforças para avançar na luta por suas reivindicações.Pegos de surpresa pelo seu “próprio governo”, meiomilhão de servidores entraram em greve contra a refor-ma da Previdência. Primeiro 30 mil e depois 70 milmarcharam sobre Brasília. Os sem-terra, exigindo re-forma agrária, realizaram no primeiro semestre 171

ocupações. Os sem-teto acompanharam essas ações realizandoocupações nos prédios e terrenos dos grandes centros. Oacampamento Santo Dias era uma expressão desse movimentoe ganhou dimensão nacional e internacional.

Onde estava a situação defensiva em julho/agosto?Infelizmente, na cabeça de diversos dirigentes dosmais variados setores da nossa chamada esquerda.Fazendo eco à pressão das classes dominantes -incluindo as que se encontram no próprio governo- que clamavam por “ordem”, o PT começou a vernas mobilizações sociais o motivo de desestabilização.Passou a exigir o estrito cumprimento da lei.

Sob a pressão desta política, outros setores daesquerda começaram a frear e desviar as lutas. Asocupações foram uma a uma recuando, tanto nacidade como no campo, salvo as que resistiram a talorientação. O latifúndio e a chamada direita foramganhando terreno, voltando a assassinar liderançassem-terra e, agora, não só José Rainha, mas tambémDiolinda, sua mulher, encontra-se presa.

A tática implementada no acampamento SantoDias pela maioria da coordenação do MTST, consci-

ente ou inconscientemente, foi prisioneira desta lógicadefensiva construída a partir do Palácio do Planalto, esti-mulada pela própria direção do MST que pôde expô-la comtodas as letras no próprio acampamento.

É a única explicação por ter poupado o PT e o governo dascríticas e dos movimentos táticos que o pressionas-sem, quando boa parte da solução estava no Planalto– via Ministério das Cidades e Secretaria Nacional deHabitação, cujo secretário, Jorge Hereda, é da região.Ao limitar as exigências a Alckmin e ao prefeito,perdeu-se a oportunidade de aproveitar inclusive ocompromisso feito por Vicentinho de entregar umacarta dos sem-teto a Lula, para encontrar uma solução.

É também a única explicação plausível para quedurante os 20 dias de ocupação, com a repercussão queteve, não se preparasse nenhuma forma de resistênciafrente a uma possível reintegração. Não se podeafirmar que não havia disposição do movimento. Aassembléia na noite anterior ao despejo votou pelaresistência. É verdade que, de manhã, com a presençada repressão, uma nova assembléia realizada às pressas

decidiu pela saída pacífica. Os sem-teto entenderamque uma dura batalha exigia uma direção mais segura.

A saída pacífica, seguida do espancamento dos sem-teto transportados nos caminhões desviados pela PM, afalta de um lugar para ter de pernoitar no Paço Muni-cipal, a expulsão do Paço, a ida sob chuva para a Praçada Matriz, por fim nova “transferência” para a quadra daescola de samba Gaviões da Fiel, foi uma séria derrota.

É verdade que a guerra não está perdida. O movi-mento tem reservas e seguirá sua marcha em frente. Masextrair as lições corretas das lutas de hoje é condiçãopara as vitórias de amanhã. Entender quem é o inimigoe diferenciar uma derrota de uma vitória é uma pré-condição elementar.

O despejo e aresistência sob ocrivo da verdade

No Opinião Socialista nº 157, publicamosuma avaliação sobre a desocupação doterreno da Volks em São Bernardo doCampo (SP) pela polícia, que desalojou ossem-teto do acampamento Santo Dias. Odirigente do MTST João Batista Albu-querque, o Jota, nos enviou um artigo quepublicamos abaixo ao lado de nossa resposta.

O BALANÇO DA

OCUPAÇÃO SANTO

DIAS EM DEBATE

JOÃO BATISTA ALBUQUERQUE,da direção do MTST

EMANNUEL OLIVEIRA E PAULO AGUENA,do PSTU de São Bernardo do Campo (SP)

POLÊMICA

FOTOS ALEXANDRE LEME

LEIA A MATÉRIA PUBLICADA NO OPINIÃOLEIA A MATÉRIA PUBLICADA NO OPINIÃOLEIA A MATÉRIA PUBLICADA NO OPINIÃOLEIA A MATÉRIA PUBLICADA NO OPINIÃOLEIA A MATÉRIA PUBLICADA NO OPINIÃOSOCIALISTA Nº157 NO SITE DO PSTUSOCIALISTA Nº157 NO SITE DO PSTUSOCIALISTA Nº157 NO SITE DO PSTUSOCIALISTA Nº157 NO SITE DO PSTUSOCIALISTA Nº157 NO SITE DO PSTU

www.pstu.org.br/jornal_anteriores.aspwww.pstu.org.br/jornal_anteriores.aspwww.pstu.org.br/jornal_anteriores.aspwww.pstu.org.br/jornal_anteriores.aspwww.pstu.org.br/jornal_anteriores.asp

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10 OOOOOPINIÃOPINIÃOPINIÃOPINIÃOPINIÃO S S S S SOCIALISTAOCIALISTAOCIALISTAOCIALISTAOCIALISTA

OMC

PREVIDÊNCIA

O FRACASSO DAS NEGOCIAÇÕES DA OMCOS IMPERIALISMOS NORTE-AMERICANO E EUROPEU FRACASSARAM EM IMPORA ABERTURA DOS SETORES DE SERVIÇOS DOS PAÍSES SUBDESENVOLVIDOS.

O G-22, LIDERADO PELO BRASIL, PODERIA SE CONSTITUIR NUMA GRANDE FRENTE DOS PAÍSES DEVEDORES PARA NÃO PAGAR A DÍVIDA EXTERNA,

MAS LIMITOU-SE A DEFENDER OS INTERESSES DE SEUS LATIFUNDIÁRIOS

AYURI FUJITA,da redação

Organização Mundial doComércio (OMC) foi cria-da em 1995 para teorica-mente administrar acordoscomerciais multilaterais e

solucionar possíveis controvérsias en-tre os países membros, mas na práticaa OMC serve como mais um dosinstrumentos dos países imperialistas,especialmente dos EUA, para impor ofim de quaisquer obstáculos que pu-dessem interferir no comércio dasgrandes multinacionais dos países ri-cos, impedindo ou dificultando assimo acesso a determinados segmentosdos mercados dos países mais pobres.

A cada dois anos a OMC organizauma rodada de negociações. Sua quintareunião, agora realizada em Cancún(México), deu prosseguimento a roda-da de Doha (Catar), cujo principal ob-jetivo era a redução das tarifas e sub-sídios agrícolas, nos países imperialis-tas (EUA, Europa e Japão) em troca daabertura de mercados de bens e servi-ços dos países subdesenvolvidos.

O bloco formado por EUA, UniãoEuropéia e Japão, iniciou as negocia-ções impondo todos os deveres aospaíses periféricos. O interesse pelaabertura do chamado “setor de servi-ços” é nada mais do que ampliar apresença das multinacionais nos seto-res financeiros, dos países subdesen-volvidos, avançar na privatização daeducação, saúde, controlar o comér-cio e os meios de transporte de longadistância etc.

Por outro lado, os países periféri-cos formaram um grande grupo, capi-taneado pelo Brasil, reunindo 22 paí-ses, o G-22, que respondem conjun-tamente por um terço da produção daagricultura mundial, para pressionaros países imperialistas a retirar os sub-sídios ao seus agricultores.

As “ajudas” dos países imperialistasaos seus agricultores chegam a 1 bi-lhão de dólares diários. Isso faz comque estes países possam exportar pro-dutos agrícolas com um preço mais

baixo, distorcendo os preços de pro-dução e impedindo que os países sub-desenvolvidos ocupem parte do mer-cado mundial.

Além dos subsídios, os países subde-senvolvidos queriam o fim das barrei-ras (tarifas) que impedem o acesso dosprodutos agrícolas aos mercados dosEUA, da União Européia e do Japão.

Porém o G-22, como afirmou orepresentante brasileiro, o ministro dasRelações Exteriores, Celso Amorim,“não estava unido por questões ideológicas esim para ampliar os mercados”. E entrou,portanto, disposto a fazer as conces-sões necessárias para que o fim dossubsídios agrícolas fosse debatido.

Mesmo com as enormes conces-sões propostas pelo G-22, os EUA e aUnião Européia não aceitaram redu-zir mesmo parcialmente o extraordi-

nário valor dos subsídios. Atendendoassim ao fortíssimo lobby dos agricul-tores de seus países.

O colapso da reunião da OMCrevelou mais uma vez que as chama-das rodadas de negociação não passamde instrumentos de pressão utilizadospelo imperialismo mundial para im-por seus planos na área comercial.

Porém, mesmo com o fracasso darodada de Cancún, o governo norte-americano, como afirmou o represen-tante Zoellick um dia depois de ter-minada a reunião, pretende utilizaracordos bilaterais para pressionar aaprovação de medidas que abram osmercados para as empresas dos EUA.

O QUE DEVERIAFAZER O G-22?

Entretanto, do lado de cá, o grupo

dos 22 países, que causou inclusiveesperanças a todo um setor dos movi-mentos sociais, foi tão ousado queofereceu quase a casa inteira em trocade um pedaço de “quintal soberano”.

Na verdade estavam dispostos aentregar às multinacionais setores comoeducação e saúde, em troca de aumen-tar a exportação dos grandes latifundiá-rios. O chamado setor de agronegó-cios (agricultura para exportação) ti-nha voz ativa na negociação, sendoconsultado pelo ministro de RelaçõesExteriores brasileiro, enquanto quaseduas mil entidades que representavamtrabalhadores, juventude e campone-ses, proibidas de se aproximarem,aguardavam os resultados a dez quilô-metros de distância do encontro.

Um bloco de países subdesenvol-vidos que verdadeiramente quisessevirar o jogo deveria em primeiro lugarquestionar a sangria de recursos queenviamos para o pagamento da dívidaexterna. O G-22 não somente repre-senta a metade da produção agrícolamundial, detém também mais de 80%da dívida externa dos países pobres.

Com o grande respaldo obtido porliderar os chamados países periféri-cos, o governo brasileiro deveria fazerum chamado à constituição de umgrande bloco de países devedores,que tenha como objetivo a rupturacom o FMI e o não pagamento dadívida externa, colocando assim emcheque os principais mecanismos desubordinação ao imperialismo. Mas aopção, como disse Amorim, é somen-te lutar por acesso aos mercados.

ATIVISTAS ATIVISTAS ATIVISTAS ATIVISTAS ATIVISTAS protestam com máscaras de governantes do G8

Cerca de 30 mil ativistas protestaramem Cancún de 10 a 14 de setembro.Ocorreram também atos no Brasil, empaíses da América Latina, Ásia, Europae EUA.

No Brasil, a direção majoritária daUNE fez um papelão, com umahomenagem ao ministro Celso Amorim.O ministro recebeu uma placa, comelogios por sua “defesa do Brasil”.Detalhe: um dia antes, na entrega doabaixo-assinado pelo plebiscito oficial daAlca, a maioria da direção da UNE nãoestava presente.

Em Cancún, protestos. Em Brasília, papelão da UNE

FOTOS INDYMEDIA

s servidores públicos con-tinuam atuando contra areforma da Previdência.Várias atividades estão sen-do realizadas nos estados -contra as propostas de

emenda à Constituição (PEC) 67 e 40- e no Congresso, com seminários,audiências públicas e o corpo-a-cor-po com os senadores pedindo votocontra a proposta do governo.

Nas últimas semanas servidores in-tensificaram as pressões para que ogoverno federal retome as negocia-ções e têm discutido saídas para en-frentar o golpe desferido pelo procu-rador-geral da República, CláudioFontelles, que lançou mão da AçãoDireta de Inconstitucionalidade(Adin) 2.968, a fim de remeter 480 milservidores públicos federais, entreaposentados, ativos e pensionistas, aoregime geral da Previdência, num dis-farçado plano B para a eventualidadede o governo não conseguir aprovar a

reforma da Previdência na íntegra.A intenção do governo é embuti-la

na reforma da Previdência e reduzirainda os gastos com pessoal. Se a Adinfor julgada procedente, servidores con-tratados com base na Consolidação dasLeis do Trabalho (CLT) até 1990 po-dem deixar o Regime Jurídico Único eperder uma série de direitos, como aaposentadoria integral – o que atingiriainclusive os aposentados.

No dia 23 deste mês a Coordena-ção Nacional das Entidades dos Servi-dores Federais (CNESF) realizará

uma grande discussão sobre as mu-danças que o governo pretende fazerno sistema previdenciário. O debateterá a participação de senadores e in-telectuais que estão contra a reforma.

A CNESF também decidiu intensi-ficar a luta para a retomada das mesas denegociação e planeja a realização deuma nova marcha em Brasília na pri-meira quinzena de outubro, próximoao dia de votação da PEC 67 em primei-ro turno no Senado. Depois da marchaestá previsto um encontro entre os fun-cionários públicos das três esferas.

CARLA LISBOA,de Brasília (DF)

O

Intensificar a luta contra a reforma da Previdência

Rafael Pops, da Articulação de Esquerda,Celso Amorim e Gustavo Petta, do PCdoB

FOTO MARCELO CASAL / AG. BRASIL

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11Edição 159 - Ano VIII - De 18/09 a 1/10/2003

SÃO LEOPOLDORua João Neves da Fontoura,864Centro 591.0415

SANTA CATARINA FLORIANÓPOLISRua Nestor Passos, 104 Centro(48)[email protected]

MAUÁRua Capitão João, 1152 sala 6(11) 6761.7469

OSASCOR. São João Batista, 125

RIBEIRÃO PRETOR. Saldanha Marinho, 87Centro - (16) [email protected]

SANTO ANDRÉR. Adolfo Bastos, 571Vila Bastos

SÃO BERNARDO DO CAMPOR. Mal. Deodoro, 2261 - Centro(11)[email protected]

SÃO CAETANO DO SULRua Eng. Rebouças, 707(esq. com Amazonas) -Oswaldo Cruz

SÃO JOSÉ DOS [email protected] MARIAR. Mário Galvão, 189(12)3941.2845ZONA SULRua Brumado, 169 Vale do Sol

SOROCABARua Prof. Maria de Almeida, 498 -Vila Carvalho (15)[email protected]

SUMARÉAv. Principal, 571 - Jd. Picemo I

SUZANOAv. Mogi das Cruzes,91 - Centro(11)4742-9553

TAUBATÉRua D. Chiquinha de Mattos, 142/sala 113 - Centro

RIO DE JANEIRO RIO DE [email protected]ÇA DA BANDEIRATv. Dr. Araújo, 45 -(21)2293.9689CAMPO GRANDEEstrada de Monteiro, 538/Casa 2JACAREPAGUÁPraça da Taquara, 34 sala 308

DUQUE DE CAXIASR. das Pedras, 66/01, Centro

NITERÓIR. Visconde de Itaboraí, 330 -Centro (21)[email protected]

NOVA FRIBURGORua Souza Cardoso, 147 - VilaAmélia - [email protected]

NOVA IGUAÇUR. Cel. Carlos de Matos, 45 Centro

VALENÇ[email protected]

VOLTA REDONDARua 2, 373/101 - Conforto

RIO GRANDE DO NORTE NATALCIDADE ALTAR. Dr. Heitor Carrilho, 70(84) 201.1558ZONA NORTEAv. Maranguape, 2339Conj. Panatis II

RIO GRANDE DO SUL PORTO ALEGRER. General Portinho, 243(51) 3286.3607 [email protected]

BAGÉRua do Acampamento, 353 -Centro - (53) 242.3900

CAXIAS DO SULRua do Guia Lopes, 383, sl 01(54) 9999.0002

GRAVATAÍRua Dr. Luiz Bastos do Prado,1610/305 Centro(51) 484.5336

PASSO FUNDOXV Novembro, 1175 - Centro -(54) 9982-0004

PELOTASRua Santa Cruz, 1441 - Centro -(Próximo a Univ. Católica)(53)[email protected]

RIO GRANDE(53) 9977.0097

SANTA MARIA(55) 9989.0220 [email protected]

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BAURUR. Cel. José Figueiredo, 125 -Centro - (14)[email protected]

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PSTU

PSTU CRESCE NO INTERIORDO ESTADO DO RIO

Os primeiros meses do governoLula, com a “reforma” da Previdência,o sim à Alca e a aplicação do projeto doFMI, deixaram muitos petistas atôni-tos. No sul do Estado do Rio, a reaçãofoi outra. Em Valença, 10 militantesromperam com o PT e com o governoe vieram ao PSTU. Em Itatiaia, foram12 companheiros. Algo semelhanteacontece também em Barra do Piraí,Barra Mansa, Angra dos Reis e Resen-de, que sedia empresas como a Basf ea Volks, e um grande setor químico.

As filiações destes novos militantesvêm sendo feita com atos de lança-mento do PSTU nos municípios, comoo de Itatiaia, no dia 23 de agosto. Oscompanheiros não pouparam esforçosna convocação e, desde a manhã, 20carros anunciavam o surgimento doPSTU neste importante pólo químicoe turístico. O esforço construiu umacontecimento histórico na cidade, emais de 80 pessoas participaram do atona Câmara de Vereadores.

O ato reuniu novos militantes doPSTU do Sul Fluminense, como osde Barra Mansa e Volta Redonda, ePeter Herman, eletricitário e ex-can-didato a prefeito de Barra do Piraípelo PT. A mesa do ato também

contou com Cyro Garcia, presidenteestadual do partido, Tarcísio Xavier,de Volta Redonda, e Rogério Cunha,um dos principais organizadores doPSTU em Itatiaia. Dos seis membrosda comissão provisória de Itatiaia, cin-co são mulheres, demonstrando que olugar das lutadoras é no PSTU.

O ato foi marcado por protestoscontra a política traidora do PT e anecessidade da atuação conjunta doPSTU no Sul Fluminense. Uma coor-denação, com dois militantes de cadacidade, fará reuniões mensais. O pró-ximo encontro acontecerá na inaugu-ração da sede de Volta Redonda. Apóssete anos sem sede, a Regional voltaráa estar ao lado da Companhia Siderúr-gica Nacional, próximo do setor ope-rário da cidade.

Partido faz encontrono Sul Fluminense

Novos militantes no norte doestado e na Região dos Lagos

Angra dos Reis

Resende

VoltaRedonda

BarraMansa

ItatiaiaValença

Barra doPiraí

Campos

Rio dasOstras

São Joãoda Barra

São Pedrod’Aldeia

Cabo Frio

Araruama

MILITANTES CONSTRÕEM PARTIDO EM 12 CIDADES.CRESCE O NÚMERO DE ATIVISTAS QUE ROMPEMCOM O PT E COM O GOVERNO LULA

Encontro em Itatiaia

Do outro lado do estado, o PSTUestá nascendo com força, com atuaçãono campo, na juventude, servidorespúblicos e profissionais de Educação.O partido já tem filiados em Rio dasOstras, São Pedro da Aldeia, CaboFrio, Campos, Araruama e São Joãoda Barra. Em muitos locais a constru-ção do partido está bastante avançada.

No dia 6 de setembro, uma reuniãocom 25 pessoas lançou o PSTU emRio das Ostras. Com panfletagens nacidade, seu surgimento foi noticiadopelos jornais locais. Ativistas do assen-tamento Cantagalo filiaram-se ao par-tido, somando-se aos professores eestudantes. O assentamento existedesde 1995, e as cerca de 50 famílias

lutam até hoje com o Incra pela possedas terras. A região conta ainda comoutros dois assentamentos, que juntosorganizam cerca de 400 famílias, semligações com o MST.

Em Araruama, um grupo com atua-ção no funcionalismo municipal en-trou no partido. Eles distribuíram umboletim na feira, com os motivos porque vieram ao PSTU, “um partido quenão perdeu sua identidade de defesa dos traba-lhadores, que até o PT perdeu”. Para o finalde outubro, está sendo organizadoum grande encontro com os novosmilitantes da Região dos Lagos.

No norte do estado, foram criadosos diretórios de São João da Barra, nodia 23/8, e de Campos, no dia 20/9

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Minas e Goiás elegem acoordenação provisória domovimento e intensificam a coletade assinaturas para o manifesto

Os debates continuam acontecendo em todos os cantos do país.Em Belo Horizonte, no dia 6 de setembro, no auditório da

Sociedade Mineira de Engenheiros foi lançado o Manifesto “Precisamosde um novo partido que unifique a esquerda brasileira”. O ato reuniu cerca deduzentos sindicalistas e ativistas dos movimentos popular e estudantilda região metropolitana de Belo Horizonte e também de algumascidades do interior de Minas, que enviaram seus representantes.

Neste evento foi eleita uma coordenação provisória que vai ficarresponsável em intensificar a coleta de assinaturas no Manifesto ereproduzir, em reuniões regionais, a apresentação do manifesto e olançamento do movimento por um novo partido de esquerda.

Entre as várias manifestações de apoio que chegaram durante o ato,teve destaque a do professor Sérgio Ricardo de Souza, presidente doSind-CEFET, acompanhado de vários representantes do ANDES –Região Leste e do mesmo Sind-CEFET.

Além da coleta de assinaturas, ficou decidida a realização de umseminário estadual, ainda este ano, que discuta as diretrizes do progra-ma e funcionamento do novo partido.

Em Goiânia, cerca de 60 pessoas estiveram presentes ao debateonde se discutiu o governo Lula e a necessidade de um novo partido,no auditório do Sindicato dos Trabalhadores das Indústrias Urbanas deGoiás. O tom do debate foi a necessidade de construir um novo partidoque unifique a esquerda socialista brasileira e torne-se um instrumentode combate ao imperialismo e as medidas tomadas por Lula. Ao finalelegeu-se uma coordenação para a dar continuidade ao movimento.

É importante a cidade que não realizou, marcar já a sua atividade!E não esqueça de mandar o informe de como foi para o jornal através

do e-mail [email protected]

SETEMBRO

19 – Curitiba (PR)

20 – Juiz de Fora (MG)

20 – Florianópolis (SC)

22 – Salvador (BA)

27 – Divinópolis (MG)

OUTUBRO

3 – São José dos Campos (SP)

11 - Rio de Janeiro* (RJ)

18 – Belém (PA)

* seminário estadual, na Uerj

NOVOS DEBATES:

urante muitos anos cente-nas de milhares de ativistasderam o melhor de si paraconstruir o PT como um

partido dos trabalhadores para as lu-tas. O melhor desta vanguarda hojevê com enorme decepção o governoLula: este é o governo que está im-pondo a reforma da Previdência, ne-gocia a Alca, não faz nada pela reformaagrária, mantém preso Zé Rainha edeixa livre as milícias do latifúndio.

Já existe hoje um movimento, ain-da incipiente, para a criação de umnovo partido de esquerda no país.Um movimento que pode ajudar acriar uma alternativa de esquerda demassas perante a falência do PT.

Este movimento tem hoje quatrocomponentes importantes que têmse reunido em diversos atos em todoo país : milhares de ativistas indepen-dentes, em particular dirigentes sin-dicais e da juventude; grupos regio-nais ; Heloísa Helena, os parlamenta-res radicais (Babá, Luciana Genro,João Fontes) e o PSTU.

Nós, do PSTU, já manifestamosdiversas vezes nossa disposição deconstruir um movimento unitáriopara discutir com todos os setoresque se disponham a construir estenovo partido. Entre os ativistas inde-pendentes existe um claro sentimen-to por este novo partido. Os parla-mentares radicais estão às vésperasde sua expulsão do PT. Tudo pare-ceria caminhar no sentido de avan-çar nesta direção unitariamente.

Mas isso pode ser frustrado, o queseria um sério erro. Os parlamentaresradicais Luciana Genro, Babá e JoãoFontes fizeram um ato no Rio, lan-çando já o novo partido, que teria aténome (PTS), e o programa “dos úl-timos 20 anos do PT”. Com a pressade compor uma legenda “para apre-sentar uma alternativa eleitoral em2006”, os companheiros querem im-por, a todos os outros componentesdo movimento, a legalização de umpartido sem discussão pela base doprograma, concepção e estatutos.

Isso é uma grosseria, umametodologia equivocada que deveser retificada pelos companheiros. Éno PT que os parlamentares deci-dem, e a base só busca votos (ouafiliações eleitorais). Em que discus-são de base se votou um nome paraeste novo partido? Só no PT se podechegar à conclusão que o programanecessário é o “programa defendidopelo PT nos últimos 20 anos”. Estepartido teve vários programas, termi-nando por aplicar o mesmo de FHC.

Quem definiu na base deste movi-mento que o grande objetivo do novopartido é apresentar uma alternativaeleitoral em 2006? Nós defendemosque o novo partido tenha seu centronas lutas diretas dos trabalhadores enão nas eleições. Podemos e deve-mos participar de eleições, mas não

vamos repetir os erros do PT de jogartodos seus esforços em eleições eeleições.

Existe um claro sentimento na van-guarda que quer construir um novopartido de que não podemos repetiros mesmos passos do PT. Acredita-mos que estes companheiros não per-ceberam esta realidade e querem darcontinuidade a uma metodologiaequivocada.

Houve inúmeras manifestações derechaço a esta postura por parte destesparlamentares. Em função desta resis-tência , foram feitas algumas corre-ções. Babá agora diz que deve haverdiscussão de programa pela base, aocontrário do que divulgaram no atodo Rio de Janeiro. Mas esta discussão,segundo Babá, só iria até maio de2004, porque senão prejudicaria oessencial, que é a legalização da novalegenda. Mais uma vez, aqui é aparticipação nas eleições que deter-mina tudo.

Mas o pior é que, para evitar adiscussão e a polêmica, os parlamen-tares radicais estão promovendo ati-vidades em todo o país, nas quaisexcluem o PSTU. Enquanto oPSTU, os dirigentes da greve dofuncionalismo público e os gruposregionais propõem atividades con-juntas com os parlamentares radicais,eles convocam atividades em separa-do, nas quais os outros componentespodem , no máximo, fazer “sauda-ções”. Parece que a discussão amplana base não é bem-vinda.

Existe uma clara dinâmica dos com-panheiros de fazer um movimentopor um novo partido em separado,dividindo o que deveria nascer unitá-rio. Isto seria um crime, que atentacontra o sentimento de unidade queexiste em toda a vanguarda que estárompendo com o PT.

É necessário começar já um movi-mento unitário com todas as correntese ativistas de esquerda que romperamcom o PT e o governo para discutir acriação de um novo partido. Vamoscomeçar uma discussão democráticasobre um programa para o país, e quetipo de partido necessitamos. As ne-cessárias tarefas de legalização destenovo partido (que consideramos mui-to importantes) devem vir depois dasdefinições de programa e de que par-tido queremos. Chamamos os com-panheiros parlamentares radicais a mu-dar seu rumo e virem conosco nesteprocesso. Venham discutir suas posi-ções no interior deste movimento, eouvir as posições da base.

Devemos promover atos, debatese seminários em todo o país com esteconteúdo. Em cada cidade vamosconformar coordenações unitárias domovimento, para avançar na prepa-ração das atividades conjuntas. Va-mos discutir a preparação de um en-contro nacional do movimento pelonovo partido.

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