os157

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Ano VIII Edição 157 De 22/08 a 03/09/2003 Contribuição: R$ 2,00 A VERDADE SOBRE ROBERTO MARINHO ALCA PÁGINA 3 PÁGINA 8 COMUNICAÇÕES LIDERANÇAS DA GREVE DO FUNCIONALISMO DEFENDEM NECESSIDADE DE NOVO PARTIDO DEBATE NO RIO REUNIU LIDERANÇAS DA GREVE DO FUNCIONALISMO. MAIS DE 400 ATIVISTAS DISCUTIRAM A NE- CESSIDADE DE UM NOVO PARTIDO E LANÇARAM UM MANIFESTO. COLETE ASSINATURAS, PARTICIPE DO GRITO DOS EXCLUÍDOS E MONTE CARAVA- NAS PARA A ENTREGA DOS ABAIXO-ASSI- NADOS EM BRASÍLIA, NO DIA 16. PÁGINAS 6 e 7 A LUTA CONTRA A PEC-40 CONTINUA PÁGINA 5 REFORMA DA PREVIDÊNCIA DE 1 A 7 DE SETEMBRO, MUTIRÃO PELO PLEBISCITO OFICIAL

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DEBATE NO RIO REUNIU LIDERANÇAS DA GREVE DO FUNCIONALISMO. MAIS DE 400 ATIVISTAS DISCUTIRAM A NE- CESSIDADE DE UM NOVO PARTIDO E LANÇARAM UM MANIFESTO. COLETE ASSINATURAS, PARTICIPE DO GRITO DOS EXCLUÍDOS E MONTE CARAVA- NAS PARA A ENTREGA DOS ABAIXO-ASSI- NADOS EM BRASÍLIA, NO DIA 16. REFORMA DA PREVIDÊNCIA PÁGINAS 6 e 7 PÁGINA 8 PÁGINA 3 PÁGINA 5 COMUNICAÇÕES ALCA Ano VIII Edição 157 De 22/08 a 03/09/2003 Contribuição: R$ 2,00

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Page 1: os157

Ano VIII Edição 157De 22/08 a 03/09/2003Contribuição: R$ 2,00

A VERDADE SOBREROBERTO MARINHO

ALCA

PÁGINA 3

PÁGINA 8

COMUNICAÇÕES

LIDERANÇASDA GREVE DO

FUNCIONALISMODEFENDEM

NECESSIDADE DENOVO PARTIDO

DEBATE NO RIO REUNIU LIDERANÇAS

DA GREVE DO FUNCIONALISMO. MAIS

DE 400 ATIVISTAS DISCUTIRAM A NE-

CESSIDADE DE UM NOVO PARTIDO E

LANÇARAM UM MANIFESTO.

COLETE ASSINATURAS, PARTICIPE DOGRITO DOS EXCLUÍDOS E MONTE CARAVA-NAS PARA A ENTREGA DOS ABAIXO-ASSI-NADOS EM BRASÍLIA, NO DIA 16.

PÁGINAS 6 e 7

A LUTA CONTRA APEC-40 CONTINUA

PÁGINA 5

REFORMA DA PREVIDÊNCIA

DE 1 A 7 DE SETEMBRO,MUTIRÃO PELOPLEBISCITO OFICIAL

Page 2: os157

2 OOOOOPINIÃOPINIÃOPINIÃOPINIÃOPINIÃO S S S S SOCIALISTAOCIALISTAOCIALISTAOCIALISTAOCIALISTA

Unificar as lutas contrao projeto do FMI, da

burguesia e do governoNuma única semana, o presidente Lula foi ao Fantástico, deu entrevista exclusiva à

revista Veja e fez pronunciamento oficial em rede nacional de rádio e televisão.Tal atitude, tem como objetivo reagir ao desgaste e à crise que começa a bater na sua porta.

Aproveitando-se da vitória que teve junto à burguesia com a aprovação em 1º turno da reformada Previdência, o governo tenta a um só tempo pedir mais paciência aos trabalhadores,dizendo que vai resolver as aflições sociais e sinalizar para a burguesia que “é forte”, capazde conter as lutas e os movimentos sociais e manter a “ordem”.

A verdade, porém, é que o governo vê-se acossado por divisões e disputas interburguesasde um lado e também vê que está havendo erosão no apoio popular.

A burguesia, afora interesses eleitorais que tem levado setores como o PSDB e PFLelevarem o tom, quer antes que nada que o governo evite na base da cooptação ou do porreteuma onda de lutas, que possa colocar em xeque seus interesses e, sobretudo, seus “contratos”e propriedades. No objetivo de contenção das lutas, retirada de direitos e maior exploraçãoda classe trabalhadora a burguesia está unida e apóia o governo. Também tem acordo noatacado com o projeto de FHC e do FMI que Lula segue aplicando. Mas, no varejo, aburguesia não tem nenhum acordo entre si e cada fração quer puxar o governo e seu projetopara o lado que a favoreça.

Daí, a gritaria do empresariado com os juros altos e com a recessão (daí talvez as pressõese “boatos” de possível demissão de Pallocci). As burguesias regionais, por sua vez, por trásde governadores e prefeitos, que no atacado defendem a Lei de Responsabilidade Fiscal doFMI, na hora H engalfinham-se na briga por recursos. A centralização dos recursos e receitasdos impostos na União, bem como o aumento permanente da carga tributária sobre ostrabalhadores e a classe média, garantia do pagamento das dívidas, desde os idos de Malan,esgarçou o pacto federativo. Os governadores, portanto, defendem o acordo com o FMI, mas,ao mesmo tempo, cada um deles quer mais verbas e brigam uns contra os outros e com o governocentral. Os banqueiros até que não têm do que reclamar, mas junto com o resto temem“desordem”. E o latifúndio, além de não querer reforma agrária, está quase emplacando aliberação total ou disfarçada dos transgênicos.

Nessa toada, cada um vai brigando por arrancar um naco maior do bolo que cada dia émenor. E o governo, comprometido até o fim com o FMI e com a classe dominante, vai“administrando” tais pressões arrancando mais dos pobres para dar aos ricos.

É assim, que enquanto “economizou” R$ 40 bi do orçamento em 6 meses para pagarjuros, está confiscando a aposentadoria dos servidores. Enquanto está destinando R$ 162milhões para a reforma agrária, o que não dá para assentar nem 15 mil sem-terra -; numacanetada renunciou a R$ 342 bilhões em impostos para as montadoras (Volks, GM e cia).Enquanto tenta contentar governadores, quer perpetuar a CPMF e além de tudo desvincularsua receita da saúde e do fundo de combate à pobreza.

Como nem tudo isso satisfaz plenamente a todos do imperialismo e da classe dominante,já que, por exemplo, se o governo atender todos os governadores arrebenta as metas que acordoucom o FMI, ou se atender todo o empresariado também; ele vai tentar acalmá-los com maisexploração dos trabalhadores. Por isso, está na Câmara um Projeto de Lei que regulamentao trabalho temporário que, em si, é um escândalo e um golpe tremendo nos direitos trabalhistas.É por isso também, que a reforma trabalhista está sendo gestada em passo acelerado.

Chega de paciência. É hora de luta unificada.Para os trabalhadores, o governo não tem nada a oferecer. Pelo contrário, segue pedindo

paciência, enquanto a cada dia favorece mais a burguesia.A burguesia, por sua vez, clamapor “ordem” e, ao mesmo tempo, arma seu espetáculo da exploração.

Aproxima-se a data base de categorias importantes (bancários, petroleiros, químicos,metalúrgicos). A patronal, porém, não quer repor sequer as perdas inflacionárias. A burguesiaindustrial está demitindo, quer flexibilizar ainda mais direitos e arrochar os salários. Os sem-terra estão sendo vítimas da truculência e violência de latifundiários e governadores, com totalconivência do governo Lula. Os servidores, em luta, têm sido reprimidos e estigmatizados.

Por emprego, salário e terra!Que Lula rompa com a ALCA, o FMI e a burguesia

Por emprego, salário, terra e direitos é necessário ir à luta unificada por um programa dostrabalhadores. Exigir aumento geral e real de salários, redução da jornada sem reduçãosalarial, assentamento imediato das 130 mil famílias acampadas, retirada da PEC-40e nãoprivatização da Previdência, não à reforma trabalhista do capital, direitos para todos ostrabalhadores e um plano de obras públicas que gere empregos para todos. Para tanto, ogoverno deve romper com o FMI, não pagar as dívidas, romper as negociações da ALCA econvocar um Plebiscito Oficial.

É hora de exigir que Lula expulse do governo os ministros burgueses e governe para ostrabalhadores, apoiando-se na sua mobilização. Nesse sentido, é positivo que os movimentos– incluindo a CUT – estejam convocando manifestações para o dia 13 de setembro.

Entretanto, não é aceitável que, por exemplo, os sindicatos dirigidos pela Articulação naCUT queiram reivindicar menos que a reposição integral da inflação á patronal, comoqueriam fazer na entrega da pauta dos metalúrgicos á Fiesp: quando propuseram reivindicara média da inflação dos últimos meses.

Também é errado que todos os movimentos sociais – incluindo o MST – se calem dianteda reforma da previdência, bem como digam que o governo defende os movimentos sociaiscontra os ataques da direita, quando o governo não apenas lava as mãos diante de um escândalomonumental como a prisão de Zé Rainha e, quando vai á TV, dizer que a reforma agrárianão será feita nem na marra, nem no tapa, que “esse país tem ordem, tem lei” e que discordada proposta de reforma agrária do MST.

Também não é nosso caminho levar propostas para serem debatidas no Conselho deDesenvolvimento Econômico e Social, fórum do empresariado, dos banqueiros e do latifún-dio, antro de sonegadores do INSS que legitimaram a privatização da Previdência.

Devemos ganhar as ruas todos juntos para exigir emprego, salário, terra, direitos e rupturacom a ALCA e o FMI.

EDITORIAL

A S S I N AT U R A

Envie cheque nominal ao PSTU no valor da assina-

tura total ou parcelada para Rua Loefgreen, 909

- Vila Clementino - São Paulo - SP - CEP 04040-030

24 EXEMPLARES

� 1x R$ 48

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Opinião Socialista é uma publicação quinzenal doPartido Socialista dos Trabalhadores Unificado

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CORRESPONDÊNCIARua Loefgreen, 909 - Vila Clementino

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EDITORA E JORNALISTA RESPONSÁVELMariúcha Fontana (MTb14555)

CONSELHO EDITORIAL Bernardo Cerdeira, Cyro Garcia, Concha Menezes,

Dirceu Travesso, Eduardo Almeida, João Ricardo Soares,Joaquim Magalhães, José Maria de Almeida, Luiz Carlos

Prates ‘Mancha’, Nando Poeta e Valério Arcary

REDAÇÃOAndré Valuche, Luiza Castelli,

Rodrigo Ricupero, Wilson H. Silva

PROJETO GRÁFICO E DIAGRAMAÇÃOGustavo Sixel

FOTOGRAFIAAlexandre Leme, Ana Luisa Martins, Sérgio Koei

Fotos de capa: Samuel Tosta, Diego Cruz

COLABORARAM NESTA EDIÇÃOÁlvaro Binachi, Ana Rosa Minutti, Cilinha Garcia, Diego

Cruz, Emanoel Oliveira, Fabiana Borges, Jocilene Chagas,José Erinaldo Junior, Luciana Candido, Ruy Braga

IMPRESSÃOGazetaSP - Fone: (11) 6954-6218

E X P E D I E N T E

EDITORIAL/ NOTAS

ALCA / MULHERES

MOVIMENTO /JUVENTUDE

REFORMA DAPREVIDÊNCIA

NOVO PARTIDO

ROBERTO MARINHO

T R O T S K Y

TERCEIRA VIA

CHILE / IRAQUE

CULT U R A

S U M Á R I O

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6 - 7

9

1 0

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MARXISMO VIVO

LULA,

em entrevista à revista Veja

Posso avisarque neste paísninguém faz

reforma agrárianem na marranem no tapa.

O QUE SE DISSE

FLASH MOB

‘POLITIZADA’

Um dos mais recentes modismosalimentados pela Internet acaba dechegar ao país. São as “flash mobs”(multidões relâmpagos). No hemis-fério norte, a idéia é de pura diver-são: alguém anuncia pela rede umlocal e um horário em que as pes-soas deverão se reunir para fazeruma coisa absurda (invadir umaloja aos gritos, por exemplo).Em São Paulo, na quinta-feira pas-sada, centenas de pessoas atra-vessaram a Av. Paulista, batendoseus sapatos no chão. Entre eles,um grupo significativo portava car-tazes onde se lia “Contra-burguês,baixe MP3” (os programas gratui-tos com músicas), numa clara ebem-vinda referência a nossoslogan eleitoral.

NOTAS

Embora se tente afirmar que vi-vemos em uma sociedade demo-crática, onde existe igualdade dedireitos e oportunidades, a mu-lher lésbica sabe que a coisa nãoé bem assim. Ela é duplamenteoprimida e explorada.Até hoje, apesar da intensifica-ção das lutas por direitos, aslésbicas não conseguiram incor-porar suas reivindicações especí-ficas nem no movimento femi-nista nem no movimento gay.Diante disso, lésbicas do mundointeiro estão se organizando etomando as ruas para lutar pela“visibilidade lésbica”.A escolha do dia 29 de agosto sedeve ao fato desta data ser umdos principais marcos da organi-zação do movimento lésbico nopaís e, este ano, serão realizadosatos nas principais cidades brasi-leiras. Entre em contato com asede do PSTU e informe-se emcomo participar desta luta.

29 DE AGOSTO: DIA DAVISIBILIDADE LÉSBICA

8

1 2

MARINHO E O PCCS

Na manifestação do dia 19 emBrasília, os mais de 15 mil mani-festantes mais uma vez vaiaramLuiz Marinho, presidente da CUT. Emais uma vez, ele se destemperoue passou a atacar o PSTU.Desta vez, além de atacar o PSTU(coisa que já não cola, na medidaem que as vaias são gerais,irrestritas, espontâneas), come-teu outra gafe. Ao ver centenas deservidores com camisetas e ban-deiras com a inscrição PCCS, diri-giu-se a eles como se fossem dealgum partido com tal sigla. Disse:“vocês do PCCS um dia ainda vãocrescer, estão dividindo os traba-lhadores...”É incrível o grau de alienação dopresidente da CUT em relação àslutas dos servidores, a ponto deconfundir o Plano de Cargos e Salá-rios com um partido.

A sétima edição da revista Marxismo

Vivo traz como destaques uma análi-se do governo Lula, assinada pelointelectual norte-americano JamesPetras e artigos avaliando a novaofensiva de Bush, pós Guerra doIraque e a situação revolucionáriamundial. Adquira seu exemplar comquem lhe vende o jornal.

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3Edição 157 - Ano VIII - De 22 de agosto a 3 de setembro de 2003

ALCA

urante a semana de 1º a 7 desetembro, haverá um gran-de mutirão de coleta de as-sinaturas pelo PlebiscitoOficial sobre a Área de Li-

vre Comércio das Américas (Alca). Aorientação do Comitê Nacional daCampanha é para que, com o tema“Vacine-se contra a Alca”, sejam monta-das barracas com o abaixo-assinadoem praças, locais movimentados(como estações rodoviárias e saídas deMetrô), escolas, igrejas, associaçõesde bairro, etc.

No último dia de coleta de assina-turas, 7 de setembro, também serãorealizados atos do Grito dos Excluídosnos estados. O abaixo-assinado seráentregue em Brasília dia 16, após a

MULHERES

Plenária Nacional da Campanha.Recolher o maior número possível

de assinaturas e participar no Grito dosExcluídos são atividades fundamen-tais para fortalecer a campanha queexige do governo brasileiro a retiradaimediata das negociações da Alca e arealização do Plebiscito Oficial até ofinal do ano. Ainda mais porque ogoverno Lula tem dado mostras deque está mesmo decidido a se subme-ter às exigências dos EUA e descon-siderar o resultado da consulta popu-lar realizada em 2002, que deixoumuito claro que a população brasileiranão quer a entrada do país na Alca.

O governo brasileiro aceitou parti-cipar da Cúpula Ministerial, em no-vembro, e da Cúpula Presidencial,em dezembro. Essas reuniões preten-dem acelerar as discussões sobre aAlca e garantir sua implementação em

NO BRASIL, É HORA DE ACELERAR A COLETA DE ASSINATURAS PELOPLEBISCITO OFICIAL, EM UMA SEMANA DE MOBILIZAÇÕES QUE TERÁ

SEU AUGE NO GRITO DOS EXCLUÍDOS. EM TODO O CONTINENTEAMERICANO, CONTINUA A LUTA PARA BARRAR A ALCA

DE 1º A 7 DE SETEMBRO,VACINE-SE CONTRA A ALCA!

D

LUIZA CASTELLI,

da redação

2005. Além disso, o governo Lulamantém sigilo sobre os termos doacordo, acatando a imposição dos EUApara que o conteúdo das discussõesnão fosse revelado à população dospaíses.

Também a Direção Nacional doPT deu as costas para a “vontade po-pular” que diz defender: quer que ogoverno apenas “considere a possibi-lidade” de um “plebiscito” no finaldas negociações, ou seja, quando omáximo que se poderá fazer será refe-rendar ou não um fato consumado.

Por isso, esse é o momento deintensificar a Campanha contra a Alcae unificá-la às manifestações que acon-tecem em outros países da América.Os militantes e simpatizantes do PSTU

devem continuar na linha de frentedessa mobilização!

Entidades pedem aoSenado aprovação

do Plebiscito

Está em tramitação no Senado Federal um pro-jeto de Plebiscito Oficial sobre a Alca, encaminha-do pelo senador Roberto Saturnino Braga. O PDL71, de 19 de abril de 2001, aguarda um parecer dasenadora Ideli Salvatti. Para pedir que a senadoradê um parecer favorável, o Comitê Nacional daCampanha contra a Alca elaborou um texto, quepode ser assinado por entidades ou pessoas físicas.

O texto afirma a necessidade de consultar apopulação brasileira sobre a Alca e critica a perma-nência do governo brasileiro nas negociações, con-sideradas como antidemocráticas. O documentoretoma o resultado da consulta popular realizadaem 2002, na qual 9,5 milhões de pessoas se mani-festaram contra a implementação da Alca. E reivin-dica que o Plebiscito Oficial seja realizado antes dofinal de 2003, quando as negociações da Alcaentram em sua fase final.

A íntegra do texto está disponível no site doPSTU (www.pstu.org.br) e deve ser enviado para o e-mail: [email protected] ou por fax, para0xx61 311-2880.

Luta contra a Alcaé continental

Em todo o Con-tinente Americanocontinua a mobili-zação contra a im-plementação daAlca, inclusive coma participação de paí-ses do hemisfério Nor-te. Recentemente, a cen-tral sindical norte-ame-ricana AFL-CIO aderiu àCampanha contra a Alca einiciou uma consulta po-pular nos Estados Unidos.No Canadá, a Suprema Cor-te daquele país aceitou umadenúncia do Sindicato dos Tra-balhadores dos Correios contra o Tratado deLivre Comércio da América do Norte (NAFTA),considerado como inconstitucional.

A próxima atividade internacional é a realiza-ção de atos contra a Cúpula Ministerial da Orga-nização Mundial do Comércio (OMC), que acon-tece de 9 a 13 de setembro.

SETEMBRO

1º a 7 – Coleta de assinaturas peloPlebiscito Oficial sobre a Alca

7 – Grito dos Excluídos

9 – Ação Mundial contra as negociaçõesda OMC

10 a 14 – Jornada de Mobilização contraa Reunião Ministerial de negociações daOMC (Cancún, México)

14 e 15 – Plenária Nacional da Campanhacontra a Alca (Brasília)

16 – Ato de entrega do abaixo-assinado(Brasília)

o dia 26 deagosto, estaráacontecendo asegunda edi-ção da Marcha

das Margaridas. Estão sen-do esperadas em Brasília50 mil mulheres trabalha-doras rurais de todo o país.Esta Marcha tem um sig-nificado muito importan-te para a luta dos trabalha-dores, pois acontece emum momento em queLula continua pagando adívida externa, fazendo asreformas do FMI – comoa previdenciária – e comisso não atende as reivin-dicações dos trabalhado-res do campo e da cidadee ataca os seus legítimosmétodos de luta. Por ou-tro lado, as trabalhadorase os trabalhadores do cam-po e da cidade estão mos-trando o caminho: inten-sificar a luta por terra e nascidades por moradia. Só aluta muda a vida.

Este ano, a Marcha dasMargaridas irá reivindicarterra, água, salário míni-mo digno, direito à saúdepública com assistência in-tegral à mulher e combateà violência sexista e todasas formas de violência nocampo.

A Marcha é uma ho-menagem a MargaridaMaria Alves, ex-presi-denta do Sindicato de Tra-balhadores Rurais deAlagoa Grande, Paraíba/PB, assassinada em 1983,a tiros, na porta de suacasa, diante do marido edos filhos, a mando dosusineiros do grupo da Vár-zea. A impunidade dosassassinos tem reforçado aação dos coronéis e doslatifundiários na Paraíba,que continuam perseguin-do, seqüestrando, tortu-rando e assassinando li-deranças que lutam porseus direitos.

Marcha dasMargaridas:todas aBrasília

ANA ROSA MINUTTI,

da Secretaria Nacional de

Mulheres do PSTU

N

OUTUBRO

4 a 11 – Consulta Popular sobre a Alca,Dívida Externa e Militarização (Argentina)

12 – Grito dos Excluídos Continental/ Dia daResistência dos Povos (Todos os países)

12 – Consulta Popular sobre a Alca (Equador)

NOVEMBRO

3 a 18 – Mobilizações contra a militarização(Todos os países)

7 a 9 – Acampamento contra a Alca

19 a 21 – Jornada de mobilização contra a

reunião de ministros que negociam a Alca(Todos os países)

23 – Semana pela Paz e Desmilitarização(Miami, EUA)

DEZEMBRO

3 a 10 – Jornada Mundial de Ação pelosDireitos Humanos e contra o Pagamento daDívida (Todos os países)

PRÓXIMAS ATIVIDADES DA CAMPANHA

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4 OOOOOPINIÃOPINIÃOPINIÃOPINIÃOPINIÃO S S S S SOCIALISTAOCIALISTAOCIALISTAOCIALISTAOCIALISTA

Acampamento Santo Dias:um balanço necessário!

MOVIMENTO

o dia 19 de julho, cerca de300 famílias do MTST(Movimento dos Trabalha-dores Sem Teto) ocuparamum terreno de 200 mil

metros quadrados da antiga fábrica daVolks Caminhões na região do ABCpaulista. Chamados por um carro desom, desempregados, mães de famíliaque não tinham como sustentar seusfilhos, pessoas idosas com seus netos,portadores de deficiência física, mo-radores de rua e aqueles que viviamem casa de parentes - famílias inteirassem perspectiva de moradia - forma-ram um grande acampamento.

Foram 20 dias de intensamobilização e batalha jurídica paragarantir o direito à moradia. Ao final,o acampamento Santo Dias já tinha3.500 pessoas cadastradas, segundodados da CDHU (Companhia deDesenvolvimento Habitacional Ur-bano de São Paulo).

ALCKMIN PREPAROU UMAOPERAÇÃO DE GUERRA PARADESOCUPAR

Dia 9 de agosto, à meia noite, atropa de choque foi “fazer cumprir” aliminar de reintegração de posse dadaà Volks. A avenida de acesso ao acam-pamento foi fechada por barreiras dapolícia. Mais de mil homens forte-mente armados, com atiradores deelite, cavalaria, cães, Tropa de Cho-que com todo tipo de bombas e arma-mento pesado e helicóptero sobrevo-ando a área, compuseram o mega dis-positivo de guerra.

Os sem-teto, orientados por suadireção, saíram sem resistência. Al-guns caminhões que os transportaramforam desviados pela polícia que osdespejou na estrada e espancou bru-talmente mulheres, crianças e idosos.

O PAPEL DA DIREÇÃO:PACIFICAR O MOVIMENTOE PRESERVAR O GOVERNOFEDERAL

A direção do MTST se esforçavapara convencer os acampados de quenão deveriam resistir, mesmo com umsetor disposto a fazê-lo. Esta orienta-ção desarmou o movimento, que saiusem nenhuma perspectiva. Um diri-gente saiu com o carro de som noacampamento dizendo que não erapara resistir. A não-resistência foi umaopção da direção, que tinha esperançasde que o governo federal solucionasseo conflito. O principal dirigente, Jota,dizia que não poderia brigar com o PTporque este era um aliado. Só que o

EMMANUEL OLIVEIRA,

de São Bernardo do Campo (SP)

N

governo federal e as cinco prefeiturasdo PT na região não mexeram umapalha para solucionar o problema.

A responsabilidade pela desocupa-ção deveria ser do governador e doprefeito, e não da direção do movi-mento. O pior é que saíram do terrenosem a garantia de ter outro lugar para ir.Foram para a prefeitura, de onde fo-ram novamente desalojados. Termi-naram passando a noite na Praça Ma-triz. Um sem-teto, indignado, disse:“Somos sem-teto, não mendigos de praça”.

PODERIA SER DIFERENTEA luta dos sem-teto poderia ser di-

ferente se a direção desse outra condu-ção ao movimento. Era necessária aunificação da luta por moradia com aluta contra as demissões dos metalúr-gicos e com a greve dos servidorescontra a reforma da Previdência, paraexigir de Alckmin, mas também deLula, moradia digna, trabalho, empregoe uma Previdência pública para todos.

FOTO ALEXANDRE LEME

JUVENTUDE

Cerca de cinco mil pessoas participa-ram, dia 16 de agosto, da manifesta-ção pela reforma agrária organizadapelo MST e pela CUT em São Gabriel(RS). O objetivo era receber os sem-terra que estavam em marcha desde10 de junho em direção à região,onde ocorreria um dos maiores assen-tamentos do estado.

Entretanto, o Supremo Tribunal Fe-deral suspendeu a desapropriaçãodos mais de 13 mil hectares da famíliaSouthall.

Os ruralistas da região, organizadosno movimento Alerta Rio Grande –liderado pelo prefeito de São Gabriel,Rossano Gonçalves (PDT) -, consegui-ram liminar proibindo qualquer mani-festação na cidade. Em função disto,o MST e a CUT optaram por fazer o atoem uma propriedade “emprestada”,onde os integrantes da marcha acam-param. Afastado tanto do centro dacidade quanto da fazenda, o ato nãoteve a repercussão pretendida.

O PSTU esteve presente, denuncian-do o caráter reacionário do Ministé-rio de banqueiros e latifundiários dogoverno Lula e afirmando que reformaagrária só sai com ocupação.

No retor-no a PortoAlegre, oônibus emque se en-contravammilitantesdo PSTU eindepen-dentes foiatacado com tiros, pedras e rojões aopassar pelo acampamento dosruralistas (foto acima). Um estudanteda UFRGS ficou ferido. O PSTU repu-dia tal ação e exige apuração do fatoe punição dos responsáveis.

Ato em São

Gabriel reúne

cinco mil

LUCIANA CANDIDO,de São Gabriel (RS)

Em 8 de agosto, a sede do Centro Acadêmico dos

Estudantes de Engenharia da USP-São Carlos (CAASO)

foi palco de um lamentável show de homofobia.

Acontecia a festa “Transnel”, que tradicionalmen-

te faz parte da programação do ENEL (Encontro

Nacional de Estudantes de Letras). No início do

evento, quando começava um concurso de drags,

a diretoria do CAASO, ao perceber que se tratava

de uma festa com temática gay, subiu ao palco e

ordenou que a banda começasse a tocar.

Membros da organização do ENEL subiram ao palco

protestar, mas foram retirados à força pelos segu-

ranças. A diretoria do CAASO e alguns estudantes

da USP também agrediram física e moralmente os

homossexuais.

Enfim, o que era para ser um evento contra a

homofobia e pela livre expressão sexual e artística

acabou se transformando num episódio vergonho-

so para todo o movimento estudantil. Acreditamos

que todos que lutam por uma sociedade justa,

igualitária e livre têm a tarefa de denunciar este

lamentável incidente.

Moções de repúdio podem ser enviadas pelo fax

(16) 271-9699.

INDYMEDIA BRASIL

á 15 anos, em 14 de agosto, aentão Universidade de Bauruera encampada pela Unesp. A direçãodo campus de Bauru realizou uma so-lenidade para comemorar a data e “con-

vocou” os membros dos conselhos, bem como osdiretórios e centros acadêmicos, que compareceramem peso ao evento. Porém, a exigida “roupa degala” foi trocada por camisas pretas e a entrada se deunum cortejo fúnebre. Os estudantes velaram um

Abaixo a homofobia!

FABIANA BORGES, da Sec. Nacional GLBTdo PSTU e JOSÉ ERINALDO JÚNIOR, daExecutiva da União Nacional dos Estudantes

H

Cortejo fúnebre no aniversárioda Unesp Bauru

DIEGO CRUZ,de Bauru (SP)

caixão que representava os 15 anos da falta de umapolítica de assistência estudantil e a exclusão que issoprovoca.

Na platéia estavam representantes de diversoscampi, que testemunharam a manifestação silencio-sa dos alunos. Após a abertura oficial da solenidade,os estudantes entraram com faixas e cartazes denun-ciando o descaso com a universidade, um caixão foiposto em frente da platéia. O cinismo e hipocrisia dafesta ganharam, desta forma, cores de realidade.

FOTOS

DIEGO CRUZ

Page 5: os157

5Edição 157 - Ano VIII - De 22 de agosto a 3 de setembro de 2003

LUTA CONTRA A ‘REFORMA’DA PREVIDÊNCIA CONTINUA

MARIÚCHA FONTANA,da redação

Q

REFORMA DA PREVIDÊNCIA

uando fechávamos esta edi-ção, dia 19, os servidoresacabavam de realizar maisum ato de milhares emBrasília. Mais de 15 mil to-

maram a Esplanada dos Ministériosem passeata até o Congresso, protes-tando e exigindo a derrota da PEC-40na votação em segundo turno.

O 2º turno, pelo calendário origi-nal do governo, seria no dia 20. Po-rém, ao que tudo indica não ocorreráantes do dia 26, na medida em que ogoverno não conseguiu assegurar oquórum mínimo para a realização,conforme impõe o regimento, dasduas sessões de debates prévias à vo-tação em Plenário do 2º turno.

O governo, o FMI e toda a burgue-sia têm procurado dar como favascontadas a aprovação da “reforma” atéfins de agosto ou setembro, devido àvitória deles contra os trabalhadoresno 1º turno. Em discurso no rádio e naTV, Lula, inclusive, gabou-se: “nuncagoverno algum conseguiu aprovar na Câma-ra, em apenas três meses e meio, uma reformatão importante para o futuro do nosso país.”

É verdade que o governo do PTconseguiu impor uma vitória do FMI,dos banqueiros e do capital contra ostrabalhadores, com a aprovação em 1ºturno da PEC-40. Mas, sendo issoverdade, é uma meia verdade. Pois, éverdadeiro também que o governo eo PT pagaram um preço políticoaltíssimo por isso. Uma parcela fun-damental da classe trabalhadora orga-nizada – os servidores públicos – rom-peram com o governo e estão emruptura aberta e massiva com o PT.Uma das bases sociais tradicionais doPT, rompeu com esse partido.

Mas não é só isso. Todos os setoresda burguesia e seus partidos que têmacordo com tudo que signifique ata-que à classe trabalhadora e deramsustentação de fato ao governo nestesseis meses, começam a brigar entre sino varejo e também – alguns setoresdaqueles que não se encontram nabase governista (como parte do PSDBe do PFL), começaram a botar asmanguinhas de fora ou a “boca notrombone”, buscando capitalizar o des-gaste do governo nas eleições de 2004.

A crise geral do país gera tambémcrise interburguesa e crise política. Demodo que o desgaste do governo,reivindicações não atendidas de seto-res burgueses e manifestações dos ser-vidores levaram a crises no Congres-so. O governo só pode “ganhar” no 1ºturno instalando um balcão de negó-cios na “casa do povo” (ou dos picare-tas, como a chamava nos bons temposo próprio PT) e porque pode contar –via pressão dos governadores – com osvotos decisivos do PFL e PSDB.

O governo, portanto, contraditoria-mente teve uma vitória junto à bur-guesia, mas saiu mais enfraquecido doponto de vista de sua governabilidade.

A “reforma” ainda tem um longocaminho pela frente para ser aprovadaem definitivo. E nos próximos doismeses haverá cada vez mais pedras.

A luta contra a “reforma” não ape-nas não acabou, como ainda é possívelderrotar a PEC-40.

PLENÁRIA DEFINIRÁ ACONTINUIDADE DA LUTA

É possível que quando este jornalchegue às mãos dos nossos leitores, aPlenária Nacional do Funcionalismo,que se realiza dia 21, já tenha indicadotodos os próximos passos da luta paraimpedir essa contra-reforma. Comcerteza, a luta vai continuar, seja comgreve ou outras formas de luta, até ofinal da tramitação no Senado, caso aPEC passe em 2º turno na Câmara.

Antes de optar por novas formas deluta, os servidores exigem resolveruma série de pendências com o go-verno, desde reivindicações setoriaisaté a garantia de não haver corte deponto ou qualquer outra retaliação.

Quando fechávamos esta edição, atendência da maioria das entidades eraorientar o recuo organizado da greve,mas a continuidade da luta: ações nosestados, campanha massiva de “escra-che” dos deputados que não rejeitarama PEC-40 e pressão sobre os senado-res. E também, paralisação e nova ma-nifestação em Brasília na votação noSenado.

Não se descarta ainda que a Plená-ria, o Comando e o CNESF opte pormanter algumas categorias e setoresem greve até lá.

ALTERNATIVA POLÍTICAE UNIDADE NA LUTA

Os servidores, apesar da derrota no1º turno, longe de sentirem-se desmo-ralizados, vivem uma enorme radica-lização política, com capacidade e dis-posição para torrar os deputados massi-vamente, realizar novas manifestaçõesde massas e seguir na luta contra oprojeto do FMI e do governo Lula.

E – com certeza – serão protagonis-tas da recomposição e reorganizaçãopolítica dos trabalhadores, levantandouma alternativa de esquerda a essegoverno e ao PT, garantindo que osfuturos contingentes de trabalhadoresque certamente romperão com o go-verno não sejam empurrados para adireita e nem para a desmoralização.

Para impedir a PEC-40, os servido-res contarão por um lado com maiscrises do lado de lá e mais desgaste dogoverno perante os trabalhadores. Esobretudo, não apenas com a continui-dade da sua luta, mas certamente coma entrada em luta de setores que serãoobrigados a se mobilizar por reivindi-cações (como sem-teto e sem-terra) oucontra a perda de direitos, já que vemaí a contra-reforma trabalhista.

Será necessário unir essas lutas eexigir de suas lideranças – como, porexemplo, da direção do MST que secalou no 1º turno – que se coloquemexplicitamente contra a “reforma”.

s cartazes com ascaras e nomes dosdeputados de cadaestado que estive-ram com o gover-

no, estão na praça.Desde o último dia 6, os servido-

res têm realizado atos em todos osestados, inaugu-rando os “carta-zes”, enterrandoo governo e tam-bém os traidoresdo PT e PCdoB,não poupandoinclusive os 8 quese abstiveram di-ante desse monu-mental ataque aostrabalhadores.

Em Alagoas, eles “expulsaram”José Genoíno. No Rio, realizaramuma manifestação no Buraco doLume, local de comício semanal dosdeputados petistas, especialmentedos da “esquerda” do PT. O depu-tado Chico Alencar e o ex-deputa-do Milton Temer enfrentaram-secom os Manifestantes, que os cha-mava de traidores sem parar. Emassembléia, os professores estaduaisvotaram por colocar todo mundo noposte, incluindo-os.

Em São Paulo – além de realiza-rem ato para inaugurar o cartaz dosdeputados -, os professores em as-sembléia da Apeoesp votaram con-

Massificar

o Poste

Cartazes com os

deputados do Rio

Grande do Sul e do

Rio de Janeiro

feccionar cartazes com todos queos traíram, incluindo os do grupodos 8, como Ivan Valente. Alémdisso, votaram pela desfiliação eexpulsão do sindicato do “profes-

sor” Luizinho(PT-SP).

Além destesatos que devemcontinuar, é ne-cessário – e essacertamente será aorientação da Ple-nária – massificara campanha e osescraches contraos deputados, até

para dar um recado explícito aossenadores.

Por isso, os postes de todas ascidades do país devem serempastelados com as caras e osnomes dos mesmos.

É preciso que fique marcadopara toda a população, de formamassiva, quem são aqueles quevotaram a favor ou se omitiramdiante da Privatização da Previ-dência Pública. Por isso, o objetivoé colar os cartazes em todos ospostes. Os senadores – com esteexemplo – pensarão duas vezesantes de se torrar. O poste é umgrande instrumento de luta.

O

DIA 19, 15 MIL SERVIDORES VOLTARAM A REALIZARMANIFESTAÇÃO EM BRASÍLIA. “REFORMA” AINDAIRÁ A 2º TURNO NA CÂMARA E TERÁ QUE PASSAR

POR DOIS TURNOS NO SENADO

FOTO SAMUEL TOSTA

Chico Alencar (PT-RJ) enfrenta o protesto dos

servidores no Centro do Rio de Janeiro

Page 6: os157

6 OOOOOPINIÃOPINIÃOPINIÃOPINIÃOPINIÃO S S S S SOCIALISTAOCIALISTAOCIALISTAOCIALISTAOCIALISTA

NOVO PARTIDO

FOTOS SAMUEL TOSTA

Mais de 400 ativistas, entre os quais lideranças da greve dosservidores, realizaram na Universidade do Estado do Rio deJaneiro (UERJ) um debate sobre o “Governo Lula e anecessidade de um Novo Partido de esquerda”.

A mesa foi composta por: Marcelo Badaró, historiador daUFF, que além de falar em seu nome, representou o vice doAndes-SN, José Domingues de Godói que, em razão deatividades da greve não pode estar presente; CláudioGurgel da direção do PT-RJ e coordenador do Reage PT;Roberto Simões, da direção do Sepe-RJ e da OrganizaçãoMarxista Proletária (OMP) e Zé Maria, do PSTU.

Cristina Miranda, da direção do ANDES-SN, leu umManifesto em defesa da necessidade de construção de umMovimento por um Novo Partido (ver ao lado)e conclamoutodos a assiná-lo. A deputada Luciana Genro (PT-RS)enviou uma saudação e a Corrente Socialista dos Trabalha-dores e a International Socialist Organization (ISO-EUA) estiveram presentes. A seguir publicamos trechos dealgumas intervenções realizadas no debate.

“A revolta e a raiva dos militantesque queimam a bandeira do PT é aexpressão de um processo amplo queleva milhares de militantes a rompe-rem politicamente com o partido.(...)Acreditamos que haverá um re-crudescimento das lutas, o que podeabrir a possibilidade não só de derrotaro modelo neoliberal e impedir a imple-mentação dessas políticas, mas tam-bém de construirmos uma alternativada classe, que leve à transformação dasociedade.

“Temos um objetivo comum, aconstrução de uma nova organiza-ção que surge de uma ruptura. (...)Ruptura que busca no horizonte aunidade das várias organizações emilitantes do movimento social.(...) Por isso, estou preocupado emfazer uma discussão sobre os desa-fios que estão a nossa frente. Partin-do do que temos em comum: umpartido classista, que leia a socieda-de pela ótica da luta de classes e tomepartido de uma classe e que tenhaum horizonte socialista, portantoum partido que rompa com o mo-delo atual vigente.(...)

É preciso definir claramente oprojeto estratégico (...) Me pareceque não há muita discussão sobre ofato de que quem está fazendo estedebate concorde que o projeto é osocialismo. E isso envolve ruptura,revolução e transformação socialprofunda. Mas os caminhos parafazer essa transformação não sãonecessariamente consensuais (...)Acho que a gente não pode fugirdesse debate, (...)

O segundo desafio (...) é a rela-ção dessa nova organização com os

“Eu tô dentrodesse projeto”

Marcelo BadaróHistoriador da UFF (Universi-dade Federal Fluminense)

movimentos sociais. O PT utilizaos movimentos como correia detransmissão do partido, porque osentendeu como mobilizáveis emfavor de projetos eleitorais e instru-mento de contenção da luta de clas-ses. O Partido que nós estamos cons-truindo, vai nascer dos movimentossociais e tem que ter como concepçãoa preservação da autonomia dessesmovimentos.

Um outro desafio é que muitadas organizações que se envolvemcom essa discussão (...) têm umaconcepção de internacionalismooperário e é importante que essenovo Partido tenha esta concepção(...)

(...) Muita gente decretou a morteda classe trabalhadora, (...) a morteda perspectiva socialista. No en-tanto a classe, o projeto socialista e asorganizações da classe demonstra-ram em cada um desses momentosum vigor que surpreendeu os adver-sários. A luta sempre continuava.Eu acredito que temos um ponto departida excelente para enfrentar osdesafios e construir essa nova orga-nização. Eu tô dentro desse projeto.

“Esse movimento responde àsnecessidades subjetivas de cada umde nós que luta pelo socialismo ereponde às necessidades objetivas daluta de classes no Brasil e no mundo(..)

Precisamos de um movimentocapaz de organizar e dar consistên-cia política e teórica sobre a correlaçãode forças, sobre a natureza dessa criseque vivemos, a natureza da classedominante e como ela se vincula como imperialismo.

Seguramente, quando estivermosdiscutindo estratégia, vamos discutirdemocracia e socialismo. E nessedebate iremos construir um novo fun-damento do partido, que de fato sejasocialista e que permita à classe tra-balhadora brasileira, latino-ameri-cana e mundial enfrentar os desafiosque estão no nosso cotidiano.

Saúdo a todos os presentes quetêm uma prática de vida, uma histó-ria de luta pela democracia e pelosocialismo.

Estaremos juntos nessa caminha-da!”

(...) Acho que não podemos serdesatentos ao fato de que milhares decompanheiros da esquerda organi-zada no PT estão em busca de umanova direção. Esta direção é o quenós de imediato precisamos cons-truir. Alguma forma (frente, alian-ça) que possa aglutinar e sinalizarpara todos esses companheiros quehaverá espaço para que possam dis-cutir e ter uma ação diferente. Eonde se possa criar as bases para aconstrução de um partido que nãoseja a reprodução do PT, mas umarecuperação dos sonhos e esperan-ças (...) para construir um partidosocialista com a perspectiva estraté-gica revolucionária.

Portanto, defendemos o mesmoponto de vista que os companheirosdo PSTU de que é necessário tempo

para construir esse partido.Construamos um espaço de for-

mulação, direção e intervenção, que(...) possa superar os limites doPT. É necessário que esse novopartido resgate valores que foramabandonados, (...) principalmen-te o valor da opção pelo socialismo.Esse elemento, (...) deve ser a refe-rência para a construção imediatadesta alternativa capaz de (...)apontar para um partido alternati-vo ao PT que todos nós queremosconstruir. Que hoje, com o gesto decompanheiros do PT e o gesto emparticular do PSTU –que se dispõea colocar a sua experiência aberta edisponível para ser base, referênciae interlocutor - possamos portantoconstruir o partido que a revoluçãobrasileira quer e precisa”.

Cláudio GurgelMembro do Diretório Regional do PT-RJ e coordenador do “Reage PT”

“Construir o partidoque a revolução brasi-leira quer e precisa”

Roberto LerherEx-presidente do AN-DES-SN, pesquisador daCLACSO/LPP, UERJ

“Estaremosjuntos nestacaminhada”

“Impedir a fragmentação dos des-contentes com o governo Lula; ori-entar, aglutinar, coordenar esse des-contentamento com uma direçãoclassista e socialista”

“O debate foi muito interessan-te e cheio, o que mostra a impor-tância dessa discussão que já estavaposta, na verdade, desde o mo-mento em que o PT começou a suavirada mais significativa para umprojeto de base eleitoral. A cons-trução de um novo partido já estacolocada do ponto de vista operárioe esse passo é fundamental. Comofalou Cláudio Gurgel, ao usar aexpressão “diálogo”, o que estácolocado para o imediato é a cons-tituição de um movimento

aglutinador de todas as forças deesquerda, mas de caráter classista eclaramente socialista.(...)

Nesse primeiro momento, ogrande desafio é impedir a frag-mentação dos descontentes com ogoverno Lula; orientar, aglutinar,coordenar esse descontentamentocom uma direção classista e socia-lista. Aprofundar a formação e odebate entre nós. Até para verificarfuturamente se poderá se constituirefetivamente um novo partido comperfil claro”.

Virginia FontesProfessora de História da UFF

Zé MariaPresidente do PSTU

O problema é que, se a mobiliza-ção é uma condição fundamentalpara que se realizem essas mudan-ças, ela não é condição suficiente. Énecessário que se construa uma al-ternativa política, que possa pre-parar e dirigir conscientemente esseprocesso de mobilização para que asua conclusão seja o socialismo.

(...)Por isso levantamos o debatesobre a necessidade de unirmos aesquerda socialista brasileira na cons-trução de um novo partido.(...)”

“Unir a esquerda socialista brasileirana construção de um novo partido”

POR ANDRÉ VALUCHE, da redação

Evento no Rio debate necessidade de cons

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7Edição 157 - Ano VIII - De 22 de agosto a 3 de setembro de 2003

PUBLICAMOS TRECHOS DO MANIFESTO LANÇADO POR LIDERANÇAS SINDICAIS, SOCIAIS,POLÍTICAS E INTELECTUAIS, QUE PRETENDE FOMENTAR A DISCUSSÃO E SOMAR-SE À DEFESA

DA NECESSIDADE DE QUE O MOVIMENTO PELA CONSTRUÇÃO DO NOVO PARTIDO SEJA INICIADO

mesma decepção e revolta que atinge

hoje o funcionalismo, e pode

potencializar e radicalizar as lutas

sociais em nosso país. Sabemos que a

mobilização social, apesar de

fundamental, por si só não assegura

uma saída positiva para a crise, uma

saída pela esquerda (...). Para que

haja condições efetivas de lutar por

uma saída socialista é preciso que

nossa classe tenha um instrumento

político, um partido que seja o pólo

consciente dessa luta(...).

A despeito dos milhares e valorosos

ativistas e dirigentes das lutas

sociais que são filiados ao PT, esse

partido não poderá ser a direção das

lutas que virão. É o partido que hoje

chefia a aplicação do programa do FMI

em nosso país e, como o governo,

tampouco está em disputa. O PCdoB,

levado por sua direção, apóia o

governo Lula e acompanha a cúpula do

PT, acabando por padecer dos mesmos

problemas que afetam esse partido.

O desafio da esquerda socialista

neste momento é construir uma nova

direção política capaz de preparar

conscientemente esse processo de

mobilização e de conduzir essas lutas

sociais com o objetivo de realizar uma

transformação socialista em nosso país.

Um partido

socialista, contra

a ordem do FMI e

do capitalA classe dominante clama por or

dem

e repressão aos movimentos sociais. O

governo e o PT apressam-se a responder

que não tolerarão ataques ao Estado

Democrático de Direito. Mas, o atual

Estado de Direito (que de democrático

não tem nada) é a ordem do latifúndio,

da propriedade capitalista, dos

contratos com o FMI e o imperialismo

(...). Sem romper com essa ordem não

haverá mudança para os trabalhadores.

As liberdades democráticas e os

direitos sociais são conquistas da

classe trabalhadora arrancadas ao

capitalismo com muita luta e sacri-

fício. E é de muita luta que precisamos

para manter e ampliar estes direitos.

Mas a democracia liberal, entendida

como simples acesso ao voto e a um

processo eleitoral transformado em

espetáculo pelo poder econômico do

marketing político é um obstáculo, não

um caminho, para o verdadeiro governo

dos trabalhadores (...).

Só haverá transformação social se rom-

permos com essa democracia”do capital,

para instituir uma ordem verdadeiramente

democrática, da classe trabalhadora.

O novo Partido que queremos construir

deve privilegiar a luta e a ação direta

dos trabalhadores e não as eleições,

ainda que não deva desprezar a disputa

política em todos os espaços. Deve se

vacinar contra os erros que permitiram

a degeneração do PT, rejeitando alianças

com a classe dominante para ter como

estratégia um governo dos trabalhadores,

sem latifundiários, grandes empresários

e banqueiros. Deve primar por uma

verdadeira democracia interna (...).

Unir a esquerda

socialista para

construir esse

novo PartidoEstá em curso um fenômeno de ru

ptura

com o PT, de milhares de militantes que

não aceitam as mudanças vividas por esse

partido. É preciso dar um sentido positivo

a essas rupturas, evitando a capitalização

desse processo pela direita ou a decepção

que leve à desmoralização e ao abandono

da luta. Urge então apresentar uma

alternativa socialista (...).

A anunciada expulsão dos radicais do

PT é parte dessa situação, que abriu

objetivamente um processo de recom-

posição política. Processo que vai se

prolongar no tempo, na medida que há

setores que não romperão com o governo

agora, mas poderão fazê-lo no futuro(...).

O PSTU, que agrupa uma outra parcela da

esquerda socialista brasileira, vem

defendendo a necessidade de construir um

novo partido que unifique toda a esquerda

brasileira. Em outros partidos de esquerda

e em diversos movimentos sociais cresce

a inquietação com o que ocorre com o PT

(...) indicando para a necessidade de um

novo instrumento político.

Estamos frente a uma oportunidade

histórica, que é a de fazer com que a

recomposição em curso resulte na unidade

da esquerda socialista, construindo uma

alternativa política superior a todas as

existentes. Não se trata de vontade desse

ou daquele setor. Trata-se de enfrentar

os desafios da luta de classes no quadro

político que se avizinha no país. Nenhum

dos setores da esquerda socialista

brasileira está hoje em condições de dar

conta sozinho desses desafios. A dispersão

dos socialistas neste momento teria

conseqüências trágicas (...).

Precisamos somar nossas forças para

lançarmos no prazo de tempo mais curto

possível, um Movimento pela Construção

de um Novo Partido, que se constitua

como alternativa para agrupar toda a

militância de esquerda, e seja um espaço

para unificar e impulsionar as nossas

lutas e as discussões que nos permitam

definir democraticamente quais serão a

concepção, o programa e o funcionamento

do partido que queremos construir. Os

que assinam esse Manifesto querem tomar

essa iniciativa juntamente com todos os

setores que assumam também esse desafio,

sem nenhuma preocupação com paternidade

da idéia ou de monopólio da iniciativa.

PRECISAMOS DE UM NOVO PARTIDO SOCIALISTA

QUE UNIFIQUE A ESQUERDA BRASILEIRA

Em diversos estados brasileiros, com

a participação de muitos agrupamentos

políticos e militantes dos movimentos

sociais, vem sendo travada a discussão

sobre a necessidade de construção de um

novo partido socialista. Mais do que a

vontade de dirigentes de agrupamentos já

constituídos, é a decepção e a revolta

de milhares de militantes com o PT no

governo que dá o impulso maior para esse

processo.

O presente documento pretende somar-

se à defesa da necessidade de que o

movimento pela construção do novo

partido seja iniciado. Não pretende,

portanto, esgotar as discussões acerca

desse novo partido, seu programa,

concepção e funcionamento. Pretende

fomentar a discussão, que se faz não

apenas necessária, mas também urgente.

Um caminho sem voltaAlém da reforma da Previdência

que o

governo fez aprovar na Câmara dos

Deputados, os juros na estratosfera; o

aumento do superávit primário; a

continuidade do pagamento das dívidas e

das negociações da Alca, etc, expressam

a opção do governo Lula pela defesa da

ordem capitalista/imperialista

estabelecida em nosso país e no mundo.

A LDO (...) e o documento Política

Econômica e Reformas Estruturais(...)

estabelecem a continuidade até 2006

dessas políticas (...), diretrizes do

FMI e do Consenso de Washington II. É o

custo, a conseqüência da aliança com

empresários e banqueiros que Lula e a

cúpula do PT fizeram (...).

Nesse contexto, programas tipo Fome

Zero”e Analfabetismo Zero, não passam

de políticas sociais compensatórias

(...) aos moldes defendidos pelo Banco

Mundial. Ao invés de acabar com a

pobreza e a miséria, essas políticas

(...) visam simplesmente evitar explosões

sociais. Um governo que faz tudo isso

não está em disputa. Decidiu governar

com e para os banqueiros e grandes

empresários, contra os trabalhadores.

A luta do povo

vai crescer e

rad i cal i zar :

precisa de uma

direcao politicaO saldo para os trabalhadores é o

mesmo

de sempre: o desemprego aumentou; o valor

real dos salários caiu mais de 10% em um

ano; não há recursos para a reforma

agrária, para a moradia, para a saúde,

para o reajuste de salário do funcionalismo,

e um longo etcetera (...). Essa situação

tende a se agravar (...).

Esse cenário tende a transformar as

expectativas e esperanças que a maioria

do povo ainda deposita nesse governo na

.

Assine você também o manifesto. Leia a íntegra no site do PSTU (www.pstu.org.br)

strução de Novo Partido e lança Manifesto

Page 8: os157

8 OOOOOPINIÃOPINIÃOPINIÃOPINIÃOPINIÃO S S S S SOCIALISTAOCIALISTAOCIALISTAOCIALISTAOCIALISTA

COMUNICAÇÕES

WILSON H. SILVA,da redação

Roberto Marinho: uma longae espúria história

a noite de quarta-feira, 6 de agosto, AnaPaula Padrão abriu o Jornal da Globo comvestido preto e cara de velório anuncian-do a morte do “jornalista” Roberto Ma-

rinho. Nos dias seguintes, o público foi exposto aum bombardeio de depoimentos que nos apresen-tavam o falecido como um apaixonado jornalista e“companheiro” de trabalho e, acima de tudo, umincansável batalhador pela revolução da comunica-ção e da cultura brasileiras (que, ainda, dedicavaparte de seu precioso tempo para projetos sociais).

Pode-se dizer que a farsa encenada pela Globo eseus coadjuvantes — a imprensa em geral, o gover-no Lula e eminentes petistas à frente —, apesar derepugnante, fechou com chave-de-ouro a trajetóriade Roberto Marinho. Afinal, se há algo que podesintetizar a longa biografia desse homem é a mani-pulação da comunicação, a distorção da história, aconvivência promíscua com o “poder” e o potencialem transformar qualquer fato em fonte de lucro.

À SOMBRA DO PODERRoberto Marinho acumulou uma fortuna pessoal

de US$ 1,5 bilhão. As empresas do império (cercade 100) fatura, a cada ano, cerca de US$ 6 bilhões.Sendo à Rede Globo de Televisão — a quinta maiordo mundo —, a mais importante.

A base de tudo isso foi o jornal O Globo, fundadoem 1925. De lá para cá, Marinho expandiu seusdomínios com um invejável senso de oportunidadee uma série de falcatruas econômicas e políticas.

Em 1944, quando o rádio era o principal meio decomunicação, ele inaugurou a Rádio Globo; em 1957,ganhou a primeira concessão de TV, no Rio deJaneiro, que resultou na inauguração da Globo, em1965 e, mais recentemente, nos anos 90, passou ainvestir nas chamadas novas mídias.

O elemento comum neste percurso, longe de sero empenho do abnegado jornalista, foi sua defesados interesses burgueses e, conseqüentemente, umalonga ficha corrida de serviços prestados a todas asditaduras.

Na década de 30, ao mesmo tempo em que faziacríticas ao Estado Novo de Getúlio Vargas, Marinhotinha assento permanente no Conselho do Depar-tamento de Imprensa e Propaganda (DIP), respon-sável pela censura dos jornais. Neste mesmo perío-do, o empresário ganhou rios de dinheiro, mono-polizando a edição de história em quadrinhos nor-te-americanas e na especulação imobiliária.

Também não foi por coincidência que a Globonasceu um ano após do golpe militar. Como partedo financiamento norte-americano para o “combateao comunismo”, Marinho recebeu US$ 4 bilhõesda revista Time-Life, além de todo apoio logísticopara a implementação da emissora.

A transação foi totalmente ilegal, já que a Cons-tituição vetava a participação acionária de estrangei-ros em empresas de comunicação e o congressochegou a abrir uma CPI. Contudo, a Comissãoconcluiu que, de fato, a lei havia sido desrespeitada,mas que...a operação havia sido legal. Marinho,então, pagou a dívida com a revista e, na seqüência,recebeu outro empréstimo (de US$ 3,8 bilhões) doCitibank.

A “tríplice-aliança” que envolveu Marinho, osditadores e o imperialismo foi descarada. Para se teruma idéia, a área técnica da emissora ficou nas mãosde um general e a administração financeira tinha àfrente um executivo da Time-Life.

Em retribuição, a Globo prestou valiosos serviçosà Ditadura. Através de “programas-exaltação” comoAmaral Neto, o repórter, ou manipulando o noticiário— com um criminoso silêncio sobre a tortura e arepressão. A tal ponto que um dos maiores facínoras

N

da história brasileira, o ditador Emílio Médici,declarou, na década de 70: “Sinto-me feliz todas as noitesquando assisto ao noticiário. Porque, no noticiário da TVGlobo, o mundo está um caos, mas o Brasil está em paz”.

Mais recentemente, no segundo mandato deFHC a Globo recebeu um empréstimo de US$ 38milhões da Caixa Econômica Federal, apesar daoperação ter contrariado um parecer técnico daprópria CEF.

DISTORCENDO A HISTÓRIA Há um pouco de tudo neste lamaçal. Quando as

greves do ABC explodiram, no final dos anos 70, aemissora fez o possível e o impossível para omitir osfatos, gerando um descontentamento crescente en-tre os ativistas e resultando na criação de uma

palavra-de-ordem que seria ouvida muitas vezesnos anos seguintes: “O povo não é bobo, abaixo a RedeGlobo!”

Na Campanha pelas Diretas, enquanto centenasde milhares ganhavam as ruas do país, as telas daGlobo sequer citavam os atos ou, pior, falseavam ahistória. Foi assim, por exemplo, que um ato comcerca de 300 mil pessoas, realizado em S. Paulo, nodia 25 de janeiro de 1985, foi transformado peloJornal Nacional em uma homenagem ao aniversárioda cidade.

Quatro anos depois, na campanha eleitoral quelevou Lula e Fernando Collor para o segundoturno, Marinho interveio na edição de um debateentre os dois candidatos e reproduzido no JornalNacional. O empresário beneficiou Collor — amigopessoal e filho de um sócio da Globo — não sódando-lhe mais tempo na edição, como tambémmanipulando as imagens e o som para prejudicarLula.

Em suma, o fato é que a ingerência da famíliaMarinho no poder foi ilimitada: tentaram fraudareleições (como a de Brizola, para o governo do Riode Janeiro, em 1982); indicaram diretamente minis-tros — como ACM (Comunicações) e Maílson daNóbrega (Finanças), no governo Sarney e transfor-maram seus principais produtos — incluso as tele-novelas — em canais de propaganda contra osmovimentos sociais.

A SERVIÇO DE QUEM?Além de decretar três dias de luto oficial, Lula foi

ao velório de Roberto Marinho acompanhado desete ministros e uma infinidade de aliados. Parasurpresa de muitos, até mesmo Brizola, velho “ini-migo” do empresário, também esteve lá para lem-brar da “admiração” que todos os brasileiros deve-riam dedicar a Marinho.

Na fala de todos eles, ouviu-se muito sobre oimportante papel que Marinho desempenhou nodesenvolvimento das comunicações e na divulga-ção da cultura. Uma opinião que, com certeza,muitos brasileiros compartilham, já que têm na TVseu único meio de diversão e lazer.

Contudo, o que Lula e seus aliados esquecem sãoos objetivos e os meios que Marinho tinha por trásde seu império. Em primeiro lugar, é falso dizerque a Globo cumpre um papel progressista nacultura nacional. Por mais que as pessoas apreciemseus produtos — e mesmo considerando-se queexistem artistas e profissionais de alto gabarito entreseus funcionários —, o fato é que o ImpérioMarinho é um dos principais instrumentos de pa-dronização e dominação ideológicas do país.

Algo que, por exemplo, fica evidente na tenta-tiva de homogeinização cultural através de pa-drões do sul do país, como também através de seumal disfarçado racismo, que, durante décadas afas-tou negros e negras de seus principais programas.Machismo e homofobia mereceriam “capítulos àparte”.

E mais: as Organizações Globo não só cresceramà sombra da ditadura e dos governos patronais,como também tem cumprido um papel de desta-que na defesa dos interesses do capital e do impe-rialismo.

E, para tal, não se acanhou em ser cúmplice daperseguição, tortura e até mesmo assassinato dedezenas de verdadeiros jornalistas e artistas que, nodecorrer de décadas, realmente lutaram para revo-lucionar o país, sua cultura e sua comunicação.Gente como Vladimir Herzog e Patrícia Galvão, sópara citar dois exemplos de lutadores que sofreramnas mãos dos governos acobertados por Marinho.

Desvincular Roberto Marinho disto significamanipular e distorcer a história. Algo que, por maisque seus novos amigos tenham se esforçado, Mari-nho certamente sabia fazer com mais capacidade e“profissionalismo”.

Foram muitas as declarações “espantosas”

sobre a morte de Roberto Marinho. Contudo,

poucos conseguiram superar o governo petista

e seus aliados.

De Benedita da Silva a José Dirceu, de

Aldo Rebelo a João Paulo Cunha, de Miro

Teixeira a Genoino, os governistas não

mediram esforços para endeusar o “todo

poderoso”. Eis algumas das lamentáveis

pérolas:

“Acho que a gente não mede as pessoaspelas divergências políticas, mas pela

importância que tiveram naquilo que sepropuseram a fazer (...). A comunicaçãoe a cultura no Brasil perdem um homemde vanguarda (...). Foi, inegavelmente,um dos maiores homens da história da

comunicação neste país.”Luiz Inácio Lula da Silva

“Foi o doutor Marinho fundamental naconstrução da democracia brasileira e nofortalecimento e estabilidade do sistema

democrático nacional. Devemosaplaudir o exemplo dado por ele”.

Antônio Palocci, ministro da Fazenda

“Foi o maior jornalista brasileiro, quemodificou criou e revolucionou”

Marta Suplicy, prefeita de S. Paulo

FOTO INDYMEDIA

ACM e Sarney no enterro de Roberto Marinho

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9Edição 157 - Ano VIII - De 22 de agosto a 3 de setembro de 2003

HISTÓRIA

este 21 de agosto faz 63 anos do assassina-to do revolucionário russo Leon Trotsky.Em agosto de 1940, em sua casa no Mé-xico, onde vivia exilado, um agente dapolícia secreta de Stalin (GPU), Ramon

Mercader, assassinou o companheiro de Lenin naRevolução Russa de 1917.

Leon Trosky presidiu o Soviete de Petrogradona revolução de 1905, conheceu as prisões daRússia cazarista e passou anos no exílio. Regres-sando à Rússia após a revolução de fevereiro de1917, que deu origem ao governo de colaboraçãode classes, integrou o Partido Bolchevique e, aolado de Lenin, cumpriu um papel de primeiragrandeza na revolução de outubro.

Junto com Lênin, combateu o Governo Provisó-rio (apoiado e formado por Mencheviques, Socia-listas Revolucionários e o partido da burguesialiberal, o Kadete) e levou o proletariado russo àtomada do poder.

Depois da revolução, Trotsky organizou e co-mandou o Exército Vermelho, que derrotou ainvasão dos exércitos imperialistas, e foi “comissáriodo povo” para assuntos exteriores.

A CONTRA-REVOLUÇÃO STALINISTAMas se o jovem estado operário resistiu à invasão

imperialista, não resistiu ao isolamento. As esperan-ças de Lenin se concentravam na vitória da revolu-ção nos demais países da Europa, pois só via apossibilidade de desenvolvimento do socialismo naRússia como parte de um processo mundial.

A traição dos partidos social-democratas condu-ziu a revolução européia à derrota. Isolados, ojovem estado operário russo e o Partido Bolcheviqueacabaram vítimas de um processo de burocratização.Lenin dedicou os últimos meses de sua vida paraalertar o partido e empreender uma luta contra esseprocesso.

63 ANOS DO ASSASSINATO DE TROTSKY

RODRIGO M. RICUPERO,da redação

N

Trotsky seguiu esta batalha de Lenin. Organi-zou a Oposição de Esquerda e lutou contra apolítica da burocracia dirigente que, para garantirseus privilégios, criou a “teoria-justificativa” do“socialismo em um só país”. Contra toda a tradi-ção marxista, Stalin defendeu que já não eranecessária a derrota do imperialismo para a cons-trução do socialismo.

Stalin dirigiu uma contra-revolução dentro daUnião Soviética, Trotsky foi expulso do país em1928, e em seguida Stalin decretou a eliminaçãofísica de toda velha guarda bolchevique e de todaa Oposição de Esquerda.

Depois disso era preciso eliminar também Trotsky,que representava a continuidade da revolução deoutubro: a luta pela revolução mundial.

A LUTA PELA VITÓRIA DAS REVOLUÇÕESE CRIAÇÃO DA IV INTERNACIONAL

A burocracia stalinista conspirou diretamente paraimpedir a vitória de todas as revoluções.

Na década de 30 do século passado, o stalinismocriou uma “nova teoria” que, ao lado da do socia-lismo num só país, seria uma de suas teorias cen-trais: a Frente Popular. Defendeu que os PCsconformassem governos de aliança com a burgue-sia “democrática” ou “progressista” nos limites docapitalismo.

Trotsky dedicou os últimos anos de sua vida aconstruir uma alternativa à desastrosa política dospartidos comunistas, intervindo nos processos re-volucionários.

Junto com isso, realizou o que em sua própriaopinião era “o trabalho mais importante” de suavida: a construção da IV Internacional.

Trotsky e a Revolução EspanholaRevolução Espanhola foium dos grandes aconteci-mentos da década de 30 eTrotsky participou ampla-mente dos debates. Com

a queda da monarquia no começoda década, iniciou-se um forteascenso operário e camponês comgreves e ocupações de terra.

Em 1936, a Frente Popular reunin-do o Partido Socialista Operário Es-panhol (PSOE), o Partido Comunis-ta, o POUM (Partido Operário deUnificação Marxista) e setores bur-gueses, venceu as eleições, mas nãoconcedeu terras aos camponeses nemresolveu os problemas da classe ope-rária. O movimento de massas seguiuem ascenso, precipitando a reação dadireita em um golpe militar.

A ação dos fascistas comandadospor Franco contra a República ini-ciou a Revolução Espanhola. Os tra-balhadores organizados em milíciasantifascistas derrotaram a tentativa degolpe em boa parte da Espanha, quedividiu-se em duas zonas: uma con-trolada pelos fascistas e outra repu-blicana, dando início a guerra civil.

A burguesia e os latifundiários,que apoiaram os golpistas, fugiramdas áreas controladas pelos republi-canos e as milícias armadas assumi-ram o controle das fábricas, dos ser-viços públicos e das terras. O Estadorepublicano subsistiu de forma ex-tremamente frágil, na verdade opoder real estava nas mãos dos tra-balhadores.

A política da Frente Popular foidevolver o poder à burguesia, queparticipou do governo somente comelementos secundários, “à sombra daburguesia” como dizia Trotsky. O PC,o PSOE e os anarquistas da CNT(Confederação Nacional do Traba-lho) afirmaram que a tarefa da revolu-ção não era a tomada do poder e sim aderrota dos fascistas. Portanto, os tra-balhadores que já controlavam as em-presas e as terras deveriam devolvê-las.

Trotsky defendeu o oposto. Ba-seado na experiência da RevoluçãoRussa, afirmou que a vitória na guerracivil seria o resultado da conquista dopoder pelo proletariado. E que a po-lítica da Frente Popular de deter arevolução, limitando-a à derrota dofascismo, acabaria dando a vitória aosfascistas - o que de fato se verificouem 1939 - pois as massas lutavamcontra o fascismo e também por terra,trabalho e uma vida digna.

Contra a política do PC e do PSOE,foi construído na região da Catalunha oPOUM. Uma forte organização comimplantação na classe operária que che-gou a ter mais de 10 mil milicianosarmados. O POUM surgiu da fusãoentre uma corrente com origem naOposição de Esquerda, cujo principaldirigente era Andreu Nin, e o BlocoOperário e Camponês.

Nin, ex-dirigente da CNT, estevena URSS, e foi um dos principaisdirigentes da Internacional Sindical Ver-melha. Com a ascensão do stalinismo,vinculou-se à Oposição de Esquerda e

em 1930 voltou a Barcelona.Trosky rompeu relações com Nin

quando o POUM assinou o programada Frente Popular, e em nome daunidade, este decidiu entrar no go-verno, aceitando o cargo de ministroda Justiça do governo catalão.

As conseqüências da entrada nogoverno surgiram rapidamente. Umadas primeiras decisões deste foi preci-samente a dissolução dos comitês po-pulares nascidos das jornadas revolu-cionárias, instrumentos de duplo po-der, e a restauração de um governoburguês, como tinha sido feito noresto da Espanha republicana.

Em 37, a Frente Popular desenca-deou uma ofensiva em Barcelo-na para desarmar os ope-rários, que resistirambravamente. Mas seusdirigentes, anarquistas e poumistasestavam demasiado vinculados àFrente Popular e aceitaram um cessar-fogo que permitiu ao governo assumiro controle da cidade. Em seguida, ostalinismo tornou ilegal o POUM soba acusação de colaborar com os fascis-tas. Nin foi preso e assassinado.

Trotsky escreveu: “O POUM ficouincomparavelmente mais perto da Frente Po-pular, cuja ala esquerda ele cobria, do que dobolchevismo. Se o POUM caiu vítima deuma repressão sangrenta e dis-simulada, foiporque a Frente Popular não podia realizarsua missão de sufocar a Revolução socialistasenão demolindo pedaço por pedaço seu pró-prio flanco esquerdo.

Apesar de suas intenções, o POUM se

achou, no fim das contas, o principal obs-táculo no caminho da construção de umpartido revolucionário. A Revolução nãocombina com o centrismo.

A linha de menor resistência patenteia-se, na Revolução, a linha de pior falha. Omedo de se isolar da burguesia leva a seisolar das massas. A adaptação aos precon-ceitos conservadores da aristocracia operá-ria significa a traição aos operários e àRevolução. O excesso de prudência é aimprudência mais funesta. Esta é a prin-cipal lição do desmoronamento da organi-zação política mais honesta da Espanha,

o POUM, partido centrista”.(Leon Trotsky, Lições

da Espanha: última adver-tência - Dezem-

bro de 1937).

A

Cena do filme ‘Terra e

Liberdade’, de Ken

Loach, sobre a

revolução espanhola

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10 OOOOOPINIÃOPINIÃOPINIÃOPINIÃOPINIÃO S S S S SOCIALISTAOCIALISTAOCIALISTAOCIALISTAOCIALISTA

* Ruy Braga é professor da USP** Alvaro Bianchi é professor da UniversidadeMetodista de São Paulo

O SOCIAL-LIBERALISMO CHEGA AOS TRÓPICOS

presença do presidente Luís Inácio Lula daSilva na Cúpula da Governança Progres-sista, realizada em Londres, tem sido anun-ciada pelos organizadores como a possibi-lidade de relançar o combalido projeto da

Terceira Via. “O mundo ainda vai ouvir muito sobre aTerceira Via”, festejou seu ideólogo, o sociólogo An-thony Giddens, em artigo recentemente publicado.

A Terceira Via, anunciada por Anthony Giddens,apresentou-se como um projeto e um programaeconômico, social e político, supostamenteeqüidistante tanto do liberalismo quanto do socia-lismo. Abraçado pelo então presidente norte-ame-ricano Bill Clinton, e pelo primeiro-ministro britâ-nico, Tony Blair, o projeto ganhou corpo com areunião da Cúpula da Governança Progressista,realizada em Florença em 1999, que contou tam-bém com o chanceler alemão Gerhard Schroeder ecom os primeiro-ministros Wim Kok, da Holanda,e Massimo D’Alema, da Itália.

Cabe perguntar: qual o significado da participa-ção de Lula nesse encontro? A vitória eleitoral doPartido dos Trabalhadores constituiu um aconteci-mento político inédito em nossa história. Contudo,as ações de seus primeiros meses de governo têmsido marcadas pelo signo do social-liberalismo. Aparticipação no encontro da Governança Progres-sista sinaliza para a esquerda mundial o que os“mercados” já sabiam: a conversão do PT ao progra-ma do social-liberalismo.

Por social-liberalismo entendemos um amplomovimento em escala internacional da incorpora-ção de premissas do neoliberalismo por tradicionaispartidos de orientação social-democrata. O respeitopor parte destes às determinações dos “mercados” –esta verdadeira mistificação conceitual que procuraobscurecer as estratégias e os mecanismos da explo-ração e da opressão –, a adesão às políticas de ajusteestrutural compactuadas pelos fundos internacio-nais (FMI e Banco Mundial) e a defesa programáticadas reformas trabalhistas e previdenciárias produzi-ram um curioso efeito político: a emergência deuma espécie de “neoliberalismo mitigado”.

É possível identificar um número bastante varia-do de exemplos desta conversão de partidos refor-mistas à ortodoxia liberal: o “Novo Trabalhismo”

inglês, o “Socialismo Administrativo” francês e o“Novo Centro” alemão, a despeito de suapluralidade, apontam, há algum tempo, para ocaminho que vem trilhando o “petismo” brasileiro.No Brasil, com a vitória eleitoral de 2002, esteprocesso elevou-se quantitativa e qualitativamente.Democracia e mercados, Estado e economia, direitae esquerda, crise e reestruturação produtiva, indiví-duo e classes sociais... Um conjunto heterogêneo earticulado de grandes temas ressurge, captado deacordo com o prisma do “social-liberalismo” nateoria da Terceira Via.

É inquestionável a importância deste debate noâmbito das alternativas à crise do neoliberalismo.

Fenômeno internacional, tal crise – México (1994),França (1995), Sudeste Asiático (1997), Rússia (1998),Brasil (1999), Argentina (2001-2002) e, novamente,Brasil (2002) – descortinou uma conjuntura relati-vamente nova no cenário econômico e políticointernacional. O desgaste das estratégias dos fundosinternacionais, os ataques aos direitos sociais, odesempenho econômico modesto, o desemprego eo enfraquecimento eleitoral daí decorrentes confe-riram um novo fôlego ao projeto da “moderna”orientação social-democrata, na Europa e no Brasil.Se bem é verdade que a crise do neoliberalismocondicionou o ressurgimento do debate sobre aterceira via, também é verdade que os principaiseixos teóricos e políticos que o sustentam têm raízesprofundas na conjuntura econômica e política dosanos 1970 e 1980.

Os anos da década de 1980 foram de estruturaçãodo neoliberalismo. A cena da história assumiu umatonalidade marcada pela difusão do processo demundialização do capital cuja dinâmica fez vergar aespinha dorsal da maioria das sociedades nacionais.Um impulso extra adveio da crise e do posteriorsepultamento das “sociedades do Leste”, assim comoda defensiva do movimento operário mundial,atingido em cheio pelo desemprego de massas e areestruturação produtiva em curso.

O pensamento e a prática reformistas não pode-riam passar imunes a um processo dessa magnitude.

A Terceira Via, colocando-se supostamente “alémda esquerda e da direita” pressupõe tacitamente asocial-democracia renovada pela hegemonianeoliberal. A resultante é clara: o socialismo inscre-ve-se apenas formalmente, no horizonte histórico.Deve ser perseguido por meio de reformas pro-gressistas negociadas com o capitalismo. Nesse sis-tema, só não há espaço para a revolução. Entre estae o capitalismo, intercala-se um caminho alternati-vo: acumular forças e transitar pacificamente rumoa um socialismo inalcançável. O Estado reguladorproposto pelo reformismo permitiria mudar o mundopermanecendo tudo como está.

O governo petista busca, acompanhando a traje-tória recente de parte da esquerda européia social-democrata, se constituir como a alternativa porexcelência entre aqueles que defendem a passivida-de da classe trabalhadora diante da exploração, porum lado, e os partidários das lutas de classes, poroutro. Simétricos na recusa à negociação, neoliberaise “esquerdistas” encontrar-se-iam enclausuradosnuma compreensão estreita das possibilidades aber-tas ao crescimento com estabilidade pelo compro-misso social no crepúsculo de um período históricomarcado pela crise contemporânea.

Se, por um lado, é possível localizar profundasdiferenças entre a trajetória da esquerda reformistaeuropéia – e suas representações teóricas – e atrajetória política petista, por outro, é impossíveldeixar de notar paralelismos e convergências signi-ficativas. Sobretudo quando pensamos no progra-ma de governo do PT, na reforma da Previdência ena gestão macroeconômica levada a cabo pelo mi-nistro da Fazenda, Antônio Palocci. Não queremosdizer com isso que o governo Lula será uma espéciede “cópia” de experiências políticas reformistasrecentes. A rigor, o programa petista localiza-se àdireita de várias das políticas reformistas européias.Mas, do “Novo Trabalhismo” inglês ao “SocialismoAdministrativo” francês, passando pelo “Novo Cen-tro” alemão, não deixa de ser possível vislumbrar nopassado recente europeu algumas indicações inte-ressantes a respeito do futuro do governo Lula e dasalternativas ao neoliberalismo.

RUY BRAGA* E ALVARO BIANCHI**,especial para o Opinião Socialista

A

O ESTADO PROPOSTO PERMITI-

RIA MUDAR O MUNDO PERMANE-

CENDO TUDO COMO ESTÁ

PARTICIPAÇÃO DE LULA NO ENCONTRO DA GOVERNANÇA PROGRESSISTA

SINALIZA À ESQUERDA MUNDIAL O QUE OS “MERCADOS” JÁ SABIAM:

A CONVERSÃO DO PT AO PROGRAMA DO SOCIAL-LIBERALISMO

FOTO MILTON SATTEL

26/01/2003 FOTO RICARDO STUCKERT / ABR

Boneco de Tony Blair

durante protestos contra

a invasão ao Iraque

TERCEIRA VIA

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11Edição 157 - Ano VIII - De 22 de agosto a 3 de setembro de 2003

A CLASSE OPERÁRIA CHILENAENTRA EM CENA

uando Arturo Martinez,presidente da CUT chile-na, convocou a primeiragreve nacional depois dedezessete anos, ninguém

pensou que a classe operária iria res-ponder e mostrar ao mundo que aestabilidade da economia chilena nãopassa de cifras que engordam os bol-sos das multinacionais, enquanto opovo se vê cada vez mais sem direitos.

Certamente o presidente RicardoLagos ainda está incrédulo. Antes dagreve do dia 13 de agosto, ele afirmavaque os 51% dos eleitores que o elege-ram lhe concederiam mais tempo paraconseguir sair da crise.

Uma semana antes da mobilização,apressou-se em enviar um projeto delei para que as reclamações trabalhistassejam julgadas de forma mais rápida,ao mesmo tempo em que enviava oprojeto de “adaptabilidade trabalhis-ta”, que não é outra coisa que a conhe-cida flexibilização e perda de direitos.

A PREPARAÇÃO DA GREVEApesar das ameaças do governo de

aplicar a lei “antiterrorista” aos diri-gentes sindicais, e a repetida ameaçade deixar cair “todo o peso da lei”sobre os manifestantes, alegando quea greve “prejudicaria a imagem de estabili-dade que tinha o país”, o governo nãoconseguiu diminuir a adesão à greve.

Na noite anterior ecomo última cartada, opresidente apareceu em ca-deia nacional de TV e anun-ciou a esperada proposta so-bre Direitos Humanos, o queapenas serviu para radica-lizar ainda mais o movimen-to, pois a proposta do go-verno abre caminho para dei-xar impunes os responsá-veis dos crimes da ditadura.

Na medida em que seaproximava o dia da greve,era possível sentir o climade mobilização que se ins-talava. Eram formados co-mitês para organizar a pa-ralisação, panfletos eram

distribuídos nas principais praças eavenidas e as paredes das cidades co-meçavam a encher-se de cartazes.

Os sindicatos, um a um, iam comu-nicando a adesão à paralisação juntocom declarações de apoio de organi-zações sindicais e políticas. Não haviadúvida de que em todo o país ostrabalhadores expressavam a necessi-dade da paralisação nacional, rom-pendo assim quase duas décadas deatomização das lutas dos trabalhado-res, dos estudantes e do povo.

A CLASSE OPERÁRIA ENTRAEM CENA

A grande dúvida que tinha o gover-no sobre o grau de adesão à paralisa-ção foi dissipada logo nas primeirashoras da manhã, quando a TV mostra-va uma interminável fila de táxis cor-tando uma das principais vias de aces-so ao centro da capital.

A repressão não se fez esperar. Omovimento foi duramente reprimidoe heroicamente defendido pelos prin-cipais atores deste dia: os trabalhado-res. Organizados em seis colunas es-palhadas por distintos pontos da cida-de, integradas por trabalhadores dasaúde, professores, funcionários pú-blicos e de empresas privadas, os tra-balhadores resistiram às ameaças dedemissões e represálias e aderiram àparalisação.

Estimulados pelas notícias que vi-nham da região do cobre, onde asestradas de acesso às minas foram fe-chadas, crescia a paralisação em todo

país. A TV mostravaescolas vazias, umaadesão de 80% dos pro-fessores e 100% dosalunos; nos hospitais aadesão foi de 80% enos postos de saúde,100%, apenas casos de

urgência eramatendidos. Navanguarda da

greve esteve o trans-porte público, comuma adesão de 100%no decorrer do dia.Também os funcioná-rios públicos aderirammassivamente, apoiadospela população.

DO MOVIMENTO PELOSOCIALISMO DO CHILE (MPS),especial para o Opinião Socialista

Q

CHILE

É necessário um plano de lutas

Ao cair da tarde um panoramadesolador se abatia sobre o centro dacapital, quando os manifestantes, ape-sar da brutal repressão, tentavam rom-per o cerco policial que impedia que asmarchas chegassem até a sede da CUT.

A polícia utilizou carros “lançaágua”, bombas de gás lacrimogêneo,tornando irrespirável o centro de San-tiago. Tudo isso para impedir que asmarchas convergissem até a sede daCUT. No entanto, mais de dez miltrabalhadores romperam o cerco e,depois de três horas de luta com a

polícia, chegaram à sede da Centralpara protestar contra o governo, comohá décadas não se via no Chile.

Apesar da coalizão eleitoral quesustenta o governo, Pacto dos partidospela democracia, ter afirmado que estanão era uma luta contra o governo, elafoi uma grande paralisação contra ogoverno e os empresários que estãoentregando o país ao imperialismo eaplicando os planos do FMI. Foi umaparalisação histórica, sendo os traba-lhadores seu principal motor e refle-tindo o desgaste do governo Lagos.

paralisação de 13 deagosto foi um grandetriunfo dos trabalhado-res, mas é necessáriogarantir sua continuida-

de para derrotar os planos de ataquedo governo Lagos contra a classetrabalhadora. É preciso um planode mobilização que dê continuida-de à luta por trabalho, em defesa daeducação pública e do direito à saú-de em vias de privatização.

Os trabalhadores demonstraramsua disposição de luta criando orga-nizações pela base. Porém, apesarda resposta positiva da base, tanto noterreno da luta como no da organiza-ção, a direção da CUT não faz ne-nhuma proposta de continuidade.

O governo do Chile é um dosmais fiéis capachos do imperialis-mo na América Latina. Recente-mente assinou um acordo de “li-vre comércio” com os EUA, pre-parando a entrada na Alca. A uni-ficação das lutas não está garantidae há o risco de que a unificaçãoconquistada no dia de paralisaçãonão se traduza na continuidadedeste processo.

O Movimento pelo Socialismo

(MPS) lutará por um plano de lutas,apoiado nas organizações de basesurgidas no calor da mobilização eexigirá da direção da CUT queapoie-se na base e chame a unifica-ção das lutas para derrotar o governoe os planos do imperialismo.

A

IRAQUE

uando fechávamos estaedição, um carro bombadestruiu a sede da ONUem Bagdá, matando o di-plomata brasileiro Sérgio

Vieira de Mello, máxima autoridadedesta organização no Iraque. Apesar deBush tentar convencer o mundo deque a situação no Iraque está sob con-trole, a explosão do gasoduto e agora

da sede da ONU - que reconheceu ogoverno fantoche criado pelos EUA -demonstra que a resistência segue viva.

As ações da guerrilha já deixarammais de 60 mortos em combates e 70em “acidentes”, espalhando um climade quase pânico nas tropas. Soldadosderam entrevistas denunciando seussuperiores por não estarem a par doque realmente acontece no Iraquepois estão “em seus gabinetes refrigerados”.

Mas o que mais apavora os respon-sáveis pelas forças imperialistas é que

existe um amplo apoio popular às açõescontra a ocupação. Em meio ao calorde 50º, empresas norte-americanas quesaqueiam o petróleo são incapazes degarantir a energia ou o serviço de águae esgotos. A falta de combustível, odesemprego de milhares e a prisão decivis têm levado à indignação popular.

O FANTASMA DO VIETNAMA fraude sobre as “armas de des-

truição massiva” gerou o desgaste deBush que solapa a justificativa para

manter a ocupação: o apoio à guerracaiu de 86 para 54% nos EUA. Fami-liares organizam protestos exigindo avolta dos soldados e criaram a redeBring them home now (traga-os para casaagora) com centenas de adesões.

A combinação entre guerrilha noIraque e protestos nos EUA levouRumsfeld a responder às comparaçõescom o Vietnam: “É um lugar diferente”.

O sonho de Bush de posar como olibertador do Iraque está se transfor-mando num pesadelo.

JOSEF WEIL,especial para o Opinião Socialista

Q

Resistência abala projeto do imperialismo no Iraque

Page 12: os157

Dulce Muniz: 30 anos nopalco e na luta pelo socialismo

Qual a importância do Prêmio Shell?É o prêmio mais importante do

teatro brasileiro, e funciona como oreconhecimento do trabalho. Eu sem-pre tive uma carreira muito marcadapor uma opção política clara e o papelpelo qual fui indicada é muito pe-queno. É claro que apliquei toda aexperiência dos meus 30 anos de tra-balho nesse espetáculo, que foi mui-to bem dirigido pelo Rodolfo, tam-bém indicado para o Shell.Então, foi uma surpresa a indicação?

Sim. Primeiro, por minha trajetóriapolítica; depois, porque o espetáculofaz uma menção clara a essa hecatombeque é o império americano mandan-do no mundo e também porque fa-zemos menção a Heleny Guariba,que participou da luta armada e foiassassinada pelo Exército no Araguaia.Até hoje seu corpo não apareceu. Elafoi minha professora de teatro.Você militou muitos anos no PT.Quando resolveu sair?

Na campanha da Erundina, em 88.Senti que o partido estava se burocra-

Em meio ao corre-corre do teatro, Dulce e eu nos sentamos em uma das mesinhas do bar no

Espaço dos Sátiros. Ela acaba de ser indicada ao Prêmio Shell de melhor atriz por sua atuação

em Antígona, de Sófocles. Atriz há 30 anos, ajudou a construir o PT e hoje está no PSTU

tizando e abandonando suas primeirasbandeiras. Em 1989 eu ainda partici-pei da campanha do Lula, organizei oencontro dele com os artistas e depoissaí definitivamente. Ele continua coma mesma política do FHC, privati-zando tudo e agora quer privatizar acultura. Infelizmente, esse também éum governo do capital, não dos traba-lhadores, e nós vamos ter como sem-pre de lutar, lutar, lutar... na perspec-tiva de uma outra sociedade. Eu, quesou socialista, digo: acho que nuncafoi tão clara a necessidade de organi-zação para que possamos construiruma sociedade socialista.Desde janeiro há um Movimento deOposição no Sindicato dos Artistas.

A Oposição à diretoria do Sated éalgo que vem me corroendo por den-tro há algum tempo. Eu me dei contade que há 18 anos que a mesmapessoa preside o Sindicato. Eunão acredito nisso. Eu nãoacho que a construção dascoisas passa por uma única pessoa.E por que não dar as costas ao Sated,que está tão desprestigiado?

As entidades são representativas dostrabalhadores e se a gente não tivernem isso, nós não vamos conseguirnos levantar. Quando você não temalgo que a represente, as categoriasvão desaparecendo, vão sendo cadavez mais cooptadas por aquilo que háde pior. O Sindicato tem de ser recu-perado, temos de descobrir uma for-ma nova de os artistas se organizarem

e participarem politicamente.Por que você foi presa?

Sob o governo Médici, eu partici-pava do Partido Operário Revolucio-nário Trotskista. No 1º de Maio, nósfomos a um ato público na Zona

Leste. Havia a luta armada, e para nós,do PORT, a luta armada naquele mo-mento não era a saída. O Marighella játinha morrido, as prisões estavam abar-rotadas. Então, fomos ao ato no está-dio Vila Maria Zélia, numa tentativade nos aproximar e ajudar a construirum movimento de massas contra aditadura. A polícia descobriu e cercoutudo. O Olavo Hansen, dirigente daminha célula, disse para sairmos portrás, mas não houve jeito. Fomos to-dos presos.Vocês foram levados para o Dops?Você foi torturada?

Primeiro para o Batalhão Tobias deAguiar, depois para o QG da PolíciaMilitar, depois levaram a gente praOban e pro Dops, onde fiquei 15 dias.

Não fui torturada fisicamente. OOlavo apanhou muito e morreu. Porisso nos soltaram. Jogaram o corpopor uma janela, dizendo que ele haviaingerido veneno, porque ele era ope-rário químico. Mas era mentira. En-tão, fomos soltos e ficamos assinandoo livro. Tinha de ir toda segunda-feirano Dops assinar o livro de presença.Você já fazia teatro, nessa época?

Eu tinha feito o curso do Arena e játrabalhava como atriz profissional, como Augusto Boal. Depois ele tambémfoi preso e, quando saiu, exilou-se.

POR CILINHA GARCIA,especial para o Opinião Socialista

Dulce Muniz faz o papel de Tirésias emAntígona, de Sófocles. A peça, dirigida porRodolfo Garcia Vasquez, fica em cartaz atéoutubro, no Espaço dos Sátiros, em São Paulo(Praça Roosevelt, 214 – Metrô República)

FOTO M

ARTIN

S. G

ARCIA

SEDE NACIONALR. Loefgreen, 909Vila Clementino São Paulo - SP(11) 5575.6093 [email protected]

(53)9126.7673 [email protected]

RIO GRANDE(53) 9977.0097

SANTA MARIA(55) 9989.0220 [email protected]

SÃO LEOPOLDORua João Neves da Fontoura,864Centro 591.0415

SANTA CATARINA FLORIANÓPOLISRua Nestor Passos, 104 Centro(48)225.6831 [email protected]

FRANCO DA ROCHAR. Washington Luiz, 43Centro

GUARULHOSR. Miguel Romano, 17 - Centro(11) 6441.0253

JACAREÍR. Luiz Simon,386 - Centro(12) 3953.6122

LORENAPça Mal Mallet, 23/1 - Centro

MAUÁ(11) 6761.7469

OSASCOR. São João Batista, 125

RIBEIRÃO PRETOR. Saldanha Marinho, 87Centro - (16) [email protected]

SANTO ANDRÉR. Adolfo Bastos, 571Vila Bastos

SÃO BERNARDO DO CAMPOR. Mal. Deodoro, 2261 - Centro(11)[email protected]

SÃO JOSÉ DOS [email protected]

VILA MARIAR. Mário Galvão, 189(12)3941.2845

ZONA SULRua Brumado, 169 Vale do Sol

SOROCABARua Prof. Maria de Almeida, 498 -Vila Carvalho

SUMARÉAv. Principal, 571 - Jd. Picemo I

SUZANOAv. Mogi das Cruzes,91 - Centro(11) 4742-9553

TAUBATÉRua D. Chiquinha de Mattos, 142/sala 113 - Centro

PERNAMBUCO RECIFER. Leão Coroado, 20 - 1º andar -Boa Vista - (81)3222.2549 [email protected]

PIAUÍ

TERESINAR. Quintino Bocaiúva, 778

RIO DE JANEIRO

RIO DE [email protected]

PRAÇA DA BANDEIRATv. Dr. Araújo, 45 -(21)2293.9689

CAMPO GRANDEEstrada de Monteiro, 538/Casa 2

DUQUE DE CAXIASR. das Pedras, 66/01, Centro

NITERÓIR. Dr. Borman, 14/301 - Centro(21)2717.2984 [email protected]

NOVA IGUAÇUR. Cel. Carlos de Matos, 45 Centro

VOLTA REDONDARua Peri, 131/2 - Eucaliptol

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RIO GRANDE DO SUL PORTO ALEGRER. General Portinho, 243(51) 3286.3607 [email protected]

BAGÉRua do Acampamento, 353 -Centro - (53) 242.3900

CAXIAS DO SULRua do Guia Lopes, 383, sl 01(54) 9999.0002

GRAVATAÍRua Dr. Luiz Bastos do Prado,1610/305 Centro (51) 484.5336

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ZONA NORTERua Rodolfo Bardela, 183(tv. da R. Parapuã,1800)Vila Brasilândia

ZONA SULSANTO AMAROR. Cel. Luis Barroso, 415 -(11)5524-5293

CAMPO LIMPOR. Dr. Abelardo C. Lobo, 301 -piso superior

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