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Ano VIII Edição 155 De 24/07 a 07/08/2003 Contribuição: R$ 2,00 NÃO ÀS DEMISSÕES NA GM E NA VOLKS DEMISSÕES PÁGINA 5 PÁGINA 3 ENTREVISTA TODOS À MARCHA A BRASÍLIA O GOVERNO QUER ACELERAR A TRAMITAÇÃO DA “REFORMA” DAPREVIDÊNCIA NA BASE DO ROLO COMPRESSOR. CRESCE A GREVE DOS SERVIDORES. TODOS OS TRABALHADORES DEVEM TOMAR BRASÍLIA NO DIA 6 DE AGOSTO PARA BARRAR A PEC 40 JOSÉ DOMINGUES, DO ANDES-SN, FALA SOBRE O GOVERNO LULA E A GREVE E REJEITA EMENDAS À REFORMA FALA ZÉ MARIA REPUDIAR A AGRESSÃO AOS GREVISTAS NO ABC PÁGINA 2 PÁGINAS 6, 7 e 12 DIA 6 DE AGOSTO

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REPUDIAR A AGRESSÃO AOS GREVISTAS NO ABC O GOVERNO QUER ACELERAR A TRAMITAÇÃO DA “REFORMA” DAPREVIDÊNCIA NA BASE DO ROLO COMPRESSOR. CRESCE A GREVE DOS SERVIDORES. TODOS OS TRABALHADORES DEVEM TOMAR BRASÍLIA NO DIA 6 DE AGOSTO PARA BARRAR A PEC 40 JOSÉ DOMINGUES, DO ANDES-SN, FALA SOBRE O GOVERNO LULA E A GREVE E REJEITA EMENDAS À REFORMA PÁGINAS 6, 7 e 12 ENTREVISTA DEMISSÕES PÁGINA 2 FALA ZÉ MARIA Ano VIII Edição 155 De 24/07 a 07/08/2003 Contribuição: R$ 2,00

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Page 1: os155

Ano VIII Edição 155De 24/07 a 07/08/2003Contribuição: R$ 2,00

NÃO ÀSDEMISSÕES NAGM E NA VOLKS

DEMISSÕES

PÁGINA 5PÁGINA 3

ENTREVISTA

TODOS À MARCHAA BRASÍLIA

O GOVERNO QUER ACELERARA TRAMITAÇÃO DA “REFORMA”DAPREVIDÊNCIA NA BASE DOROLO COMPRESSOR. CRESCE AGREVE DOS SERVIDORES. TODOSOS TRABALHADORES DEVEM TOMARBRASÍLIA NO DIA 6 DE AGOSTOPARA BARRAR A PEC 40

JOSÉ DOMINGUES, DOANDES-SN, FALA SOBREO GOVERNO LULA EA GREVE E REJEITAEMENDAS À REFORMA

FALA ZÉ MARIA

REPUDIARA AGRESSÃOAOS GREVISTASNO ABC

PÁGINA 2

PÁGINAS 6, 7 e 12

DIA 6 DE AGOSTO

Page 2: os155

2 OOOOOPINIÃOPINIÃOPINIÃOPINIÃOPINIÃO S S S S SOCIALISTAOCIALISTAOCIALISTAOCIALISTAOCIALISTA

É preciso repudiar a agressãode dirigentes do Sindicato dos

Metalúrgicos do ABC a grevistasNo dia 18 de julho, diretores do Sindicato dos Metalúrgicos do

ABC e militantes da Articulação Sindical (corrente majoritária naCUT) agrediram fisicamente servidores públicos que – em greve –tentavam realizar uma manifestação contra a reforma da Previdên-cia, por ocasião da presença do ministro Antonio Palocci, que fariapalestra no congresso daquela entidade.

Os manifestantes foram impedidos, de forma truculenta e anti-democrática, de se manifestarem pacificamente na rua que dá acessoao sindicato. Faixas foram rasgadas, mulheres ameaçadas e o servidor

da Justiça Federal, Antonio Correia, teve o nariz fraturado e foi hospitalizado.No dia seguinte, os jornais de São Paulo estampavam a foto do grevista ensanguentado

e dos agressores, que são do sindicato ao qual pertence o presidente da CUT Luiz Marinho.Braizan é diretor e Dirceu é assessor da sub-sede de Diadema e da Articulação.

Os servidores tentavam simplesmente protestar contra a “reforma”, estendendo faixas –do Sindicato e Federação da categoria (filiados à CUT, diga-se de passagem) – em frente aosindicato para esperar a chegada do ministro.

É totalmente inusitado e completamente ina-ceitável que membros de uma corrente interna daCUT e diretores de sindicatos cutistas agridamtrabalhadores que estão em greve defendendo seusdireitos. Pior, que os agridam para defender umministro de Estado e para defender um governo quequer eliminar o direito destes trabalhadores parasatisfazer os acordos que fez com o FMI.

É essa a autonomia da CUT em relação aogoverno com que se comprometeu a Articulação norecente congresso da Central? Não faz jus à históriada nossa Central, nem à gloriosa história de luta dosmetalúrgicos do ABC que militantes e dirigentes dosindicato da categoria sejam usados como tropa dechoque contra trabalhadores que lutam por seusdireitos. Mais grave ainda quando isso ocorre nosindicato de onde é oriundo o presidente da CUT.

O atual presidente do sindicato, José Lopez Feijóo, declarou que a entidade “não teve

nada a ver com isso”. Mas, não se trata só do depoimento dos servidores agredidos. As fotosprovam: os agressores são do sindicato.

É necessário e urgente que a Executiva Nacional da CUT desautorize e repudie essaagressão e exija uma retratação da diretoria do sindicato do ABC, sob pena de, não o fazendo,criar uma situação extremamente delicada no interior da Central. Não há nenhumapossibilidade de aceitarmos que um fato dessa gravidade possa passar em brancas nuvens.

Da mesma forma, todos os sindicatos filiados à Central devem manifestar-se emsolidariedade aos trabalhadores agredidos, repudiando o ataque, e hipotecando total apoio àgreve em curso dos servidores federais contra essa reforma da Previdência que o governo Lulaquer aprovar no Congresso Nacional. Apoio total à greve que, aliás, é a atitude que precisaadotar o setor majoritário da direção da CUT, de uma vez por todas, somando-se ao esforçodo Comando Nacional Unificado de Greve, no sentido de ampliar a paralisação e deintensificar as manifestações de rua.

Todos a BrasíliaO governo Lula, que já não trafega em céu de brigadeiro e viveu sua primeira crise na

semana passada, desatou uma contra-ofensiva para tentar acelerar a tramitação da “reforma”da Previdência no Congresso, para sinalizar ao “mercado” e ao FMI que as suas “reformas”serão aprovadas.

O governo sentiu o baque da greve dos servidores e sabe, também, que cresce o desconten-tamento dos demais trabalhadores com o desemprego e o arrocho salarial. Sabe, portanto, queo tempo joga contra ele.

Agregue-se a isso que começam a ocorrer fissuras interburguesas com repercussão na basegovernista. E, por fim, some-se nesse caldeirão a crise com o Judiciário e a greve dos juízes.

Diante desse quadro, o governo resolveu reaglutinar apoios da burguesia, centralizar suabase e passar o rolo compressor, com manobras e truculência de todo tipo, para acelerar atramitação e votação da reforma.

Ao mesmo tempo, se há algo que ele conseguiu unificar de verdade atrás deste projeto foia mídia, que voltou à carga no seu trabalho de manipulação da opinião pública.

A greve e manifestações dos servidores, entretanto, seguem crescendo e têm força para incidirsobre o Congresso, reabrir crises e derrotar esse projeto do FMI. Trata-se, agora, de intensificare fortalecer a greve e também acelerar, do lado de cá, as manifestações.

Além dos atos e manifestações nos estados, do trabalho junto à opinião pública, é precisojogar pesado para construir uma grande Marcha a Brasília. Com a aceleração dos trabalhosno Congresso, a Marcha está sendo convocada para dia 06 de agosto. A tarefa de todos ativistas,sindicatos, entidades estudantis e populares é a construção dessa Marcha.

É hora de arregaçar as mangas e começar a prepará-la. Os professores estaduais, queestarão recém voltando de férias, precisam trabalhar contra o tempo e organizar sua base,realizando reuniões de emergência de representantes de escola, etc. Os sindicatos e trabalha-dores do setor privado também precisam participar. E os funcionários federais devem ir emmassa para Brasília.

ABAIXO A PRIVATIZAÇÃO DA PREVIDÊNCIA PÚBLICA!

FALA ZÉ MARIA

EDITORIAL

A S S I N AT U R A

Envie cheque nominal ao PSTU no valor da assina-

tura total ou parcelada para Rua Loefgreen, 909

- Vila Clementino - São Paulo - SP - CEP 04040-030

24 EXEMPLARES

� 1x R$ 48

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Opinião Socialista é uma publicação quinzenal doPartido Socialista dos Trabalhadores Unificado

CNPJ 73.282.907/0001-64

Atividade principal 91.92-8-00

CORRESPONDÊNCIARua Loefgreen, 909 - Vila Clementino

São Paulo - SP- CEP 04040-030

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Fax: (11) 5575-6093

EDITORA E JORNALISTA RESPONSÁVELMariúcha Fontana (MTb14555)

CONSELHO EDITORIAL Bernardo Cerdeira, Cyro Garcia, Concha Menezes,

Dirceu Travesso, Eduardo Almeida, João Ricardo Soares,

Joaquim Magalhães, José Maria de Almeida, Luiz Carlos

Prates ‘Mancha’, Nando Poeta e Valério Arcary

REDAÇÃOAndré Valuche, Luiza Castelli, Wilson H. Silva

PROJETO GRÁFICO E DIAGRAMAÇÃOGustavo Sixel

FOTOGRAFIAAlexandre Leme, Ana Luisa Martins, Sérgio Koei

COLABORARAM NESTA EDIÇÃOAndré Freire, David Cavalcante,

Emmanoel Lima, Jocilene Chagas,

Nando Poeta, Romel Reyes, Romildo de Castro

e Soraya Menezes

IMPRESSÃOGazetaSP - Fone: (11) 6954-6218

E X P E D I E N T E

EDIT ORIAL/FAL AZÉ MARIA

ENTREVIS TA

CAMPO

DEMISSÕES

G R E V E

SBPC / CULTURA

MOVIMENTO

P S T U

EQUADOR

G R E V E

S U M Á R I O

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C A R TA S

“Prezados amigos e editores,

Queria cumprimentá-los pelo OpiniãoSocialista, que mantém a chama acesa e quenão se submeteu aos vendilhões do templo -mantendo a crítica ao capitalismo, justamenteencarado como modelo antihumanista, além dedenunciar os traidores que estão no governo enegam seus antigos valores.

Sou escritor, 58 anos, tenho 16 livros publi-cados. Participei ativamente do movimentoestudantil na década de 60. Dirigi grêmiosliterários, fundei cineclubes, combati intensa-mente a ditadura e, por essa luta em prol dosocialismo, passei temporadas na OperaçãoBandeirantes, no DOPS, e depois estive noexílio. Não reneguei meus valores.(...)

Despeço-me, com aguerridas saudações (não es-moreçam!)”

Emanuel Medeiros Vieira, Brasília

1 2

FOTO DE EUGÊNIO GOULART

O servidor do Judiciário Antonio Correia

é socorrido após a agressão de diretores

do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC

Nota da redação: Emanuel nosenviou dois textos sobre o governo,que publicamos no site do PSTU

JACQUES WAGNER,ministro do Trabalho,

criticando o destaque dado pelaimprensa às filas de desempregados eafirmando que o saldo de empregosnos últimos seis meses é positivo.

(Sexta, 18 de julho)

O alarme émaior do que

o drama.

O QUE SE DISSE

FERNANDO HENRIQUE,oferecendo a Lula seusserviços de conselheiro.

(Segunda, 21 de julho)

Se o presidente achar útil, pode usar o ex- presidente para alguma coisa.

SOLIDARIEDADEAOS OPERÁRIOSDO CAZAQUISTÃO

Os operários da fábrica de cobreIrtyshkiy (IMZ), no Cazaquistão Ori-ental, próximo à fronteira com aSibéria, no povoado de Glubokoe,travam uma dura batalha contra aKazakhmys, filial da Samsung, queplaneja fechar a fábrica. Nestemomento a fábrica está ocupadapelos operários em greve.

O governo local e o regime ditato-rial de Nazarbaev iniciaram a re-pressão: agentes dos serviços se-cretos tentaram prender a dirigen-te da juventude operária MarinaSaguitova e Ivan Bulgakov, do Co-mitê de Greve, recebe ameaçasdiariamente.

O povoado Glubokoe formou-se apartir da fábrica IMZ. Os morado-res exigem a nacionalização daempresa: "A fábrica é nossa vida enão deixaremos que a roubem denós!". Organizaram brigadas deautodefesa e todos os dias reali-zam assembléias nos bairros. Acidade está sitiada.

O conflito e o destino desta empre-sa e dos milhares de operários quedela dependem serão definidos nospróximos dias.

Mande mensagens para:

[email protected]

Com cópia para:

[email protected]

[email protected]

[email protected]

[email protected]

SOLIDARIEDADE

Confira no site do PSTU o espe-cial sobre a greve do funcionalis-mo. Além de notícias diárias, oespecial conta com artigos, da-dos e galerias de fotos da greve.

No site do partido, você tam-bém poderá ler o último boletimnacional.

WWW.PSTU.ORG.BR

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3Edição 155 - Ano VIII - De 24/07 a 07/08/2003

ENTREVISTA

“O trabalhador que chefia o governo parece terfeito uma opção contra a classe trabalhadora”

Opinião Socialista — Como você e oANDES-SN vêm as “mudanças” queconstam no relatório do deputado JoséPimentel (PT-CE), que será submeti-do a voto na Comissão Especial?

José Domingues — O relatório dePimentel mantém o essencial do textooriginal da PEC 40/03 e, ao contráriodo apregoado, não garante nem aintegralidade nem a paridade da apo-sentadoria dos atuais servidores.Tampouco faz qualquer menção so-bre os benefícios dos mais pobres e asmelhorias nos benefícios do INSS.Também é importante ressaltar quenão existiram as propaladas negocia-ções com os servidores e nem foramconsideradas as sugestões apresenta-das nas audiências públicas.

O governo, com uma desfaçatezjamais esperada de uma equipe chefia-da por um presidente oriundo da clas-se trabalhadora, não negocia com osservidores que são os principais res-ponsáveis pela execução das ativida-des do Estado. Prefere atender aosinteresses do capital, materializadosno fisiologismo e nos projetos dasoligarquias representadas pela maio-ria dos governadores que, inclusive,defenderam, nas eleições, o aprofun-damento da herança maldita deixadapor FHC.

O que deveria ser considerado con-dição mínima para a existência de umserviço público de qualidade foi di-vulgado, de maneira vil e subliminar,como privilégio. Com tal manobra, ogoverno tenta impedir que os direi-tos conquistados pelos servidores se-jam estendidos para os demais traba-lhadores.

OS — Quando apareceu a primei-ra proposta de “mudanças” na refor-ma, acertada com o STF, o deputadoWalter Pinheiro (PT-BA) declarouque estavam corretos os que defen-diam negociar emendas e não a reti-rada da PEC. Por que é essencial de-fender a rejeição da PEC?

Domingues — É importante deixarclaro que não somos contra uma refor-ma na Previdência, mas contra os mé-todos usados pelo governo na formu-lação e no encaminhamento da PEC40, e a pressa inexplicável e inaceitávelna sua tramitação.

Somos contra a PEC porque eladefine um modelo de Estado em quenão há espaço para o social. Um mode-lo iniciado pelo governo anterior, quefoi rejeitado nas eleições. Um Estadoque privilegia o capital, os especula-dores, os agiotas e os latifundiários,que se escondem por detrás da palavrado momento — mercado —, transfor-ma a Saúde e a Educação em mercado-rias e que tenta, agora, com a propostade reforma da Previdência, estabelecerum novo negócio para atender aosgrupos econômicos.

Defendemos a revogação da Emen-da Constitucional 20/98, que já reali-

zou a reforma da Previdência, e da Lei9876/99, que criou o fator previden-ciário que afeta principalmente os tra-balhadores do setor privado. Enten-demos que a reforma Tributária deve-ria anteceder a da Previdência, paraserem identificadas e definidas as fon-tes de recursos que oEstado brasileiro teme terá à sua disposi-ção. Reivindicamosque fossem escla-recidas as polêmicassobre os usos e desca-minhos dos recursosque deveriam estar àdisposição da Previ-dência. Não aceita-mos que a SeguridadeSocial e a Previdên-cia sejam tratadascomo uma questãofiscal, como um ne-gócio de bilhões dereais; mas sim comoum direito humano,e este não é o princípio que orienta aPEC 40. Ao contrário, a PEC repre-senta mais uma forma de acúmulo decapital, num país onde a relação capi-tal-trabalho já é de pelo menos 2 para1: 66% da riqueza nacional é do capitale, apenas 34%, do mundo do trabalho.

Não há o que emendar na PEC,que além de ferir princípios básicosdo Direito, é muito ruim, não atendeaos interesses do mundo do trabalho.Como ficou claro, desde a equipe detransição, o governo, com ministroslobistas dos fundos de pensão, não

está disposto a esta-belecer um proces-so de negociação so-bre a Previdência enem mudar o seurumo. Se a posiçãodo governo fosseoutra, teria escolhi-do para ministro ou-tra pessoa do pró-prio PT. Infelizmen-te, o trabalhador quechefia o governo pa-rece ter feito uma op-ção contra a classetrabalhadora e setransformado numselfmade-man, comoos manifestantes de-

monstraram, no dia 07 de julho, emPorto Alegre (RS), com seus cartazesde “Fora Mr. Da Silva/Volta Lula”.

O caminho para garantir o estabele-cimento de negociações é o da retira-da da PEC 40, ou, a rejeição da mesmapelo Congresso.

OS — Como está a greve e comovocê vê o desenvolvimento dela? Aameaça de corte de ponto pode en-fraquecer o movimento?

Domingues — A greve continuaavançando, com o crescimento da ade-são. A compreensão, por parte dosservidores, de que essa greve ultrapas-sa as pautas específicas levou à suacoesão e consolidação superiores aqualquer outra já realizada pela cate-goria. As ações do governo, que insis-te em só ouvir e atender os governa-dores e o setor financeiro, só poderãoser vencidas com greve e forte mobi-lização dos servidores de todo o país.

Como já foi demonstrado em ou-tras greves, as ameaças de corte deponto funcionam como “jogar com-bustível na fogueira”. A greve cresceráe ficará mais forte. A melhor atitudecom os servidores é parar, discutir enegociar de verdade. Basta recordar oque aconteceu em 2001.

O que temos a fazer é ampliar agreve; desenvolver atividades de pres-são sobre os deputados (federais eestaduais) e governadores, agendar au-diências com magistrados, entidadesda sociedade civil, sociedades cientí-ficas, conselhos profissionais e movi-mentos sociais, ampliar a mobilizaçãoe forçar o governo a abrir um processode discussão que possa garantir umSistema de Seguridade Social Uni-versal e Solidário.

OS — Podemos dizer que os pro-fessores universitários e a intelectua-lidade não estão apenas perplexos,como indignados, com este projeto dereforma neoliberal e com a políticado governo Lula. Como você vê a pro-posta e a viabilidade de se construiruma alternativa à esquerda do PT,um novo partido?

Domingues — A perplexidade eindignação do meio universitário po-dem ser ilustradas pelas seguintes ob-servações do professor Francisco Oli-veira, em manifestação recente naUSP: “Para ser breve, é preciso dizer a quevem essa reforma: se trata de negócios, compa-nheiros! E deixemos de mistificações ideológi-cas, trata-se de negócios”. E, ressalta, ainda,que: “É nossa obrigação voltar às ruas, fazertodos os movimentos... para evitar esse verda-deiro assalto contra a República”.

Assusta, ainda mais, a velocidade daadesão do governo aos pressupostosdo neoliberalismo, a forma atabalhoa-da com que formula e encaminha asreformas e a voracidade com que jogao destino dos trabalhadores nas garrasdo capital. Parece que, como já pre-visto pela jornalista francesa VivianeForrester, os trabalhadores deverãomerecer viver para ter esse direito,para tanto terão que ser lucrativos aolucro dos donos do capital.

Será inevitável a construção de no-vos partidos, inclusive à esquerda doPT, se é este ainda pode ser con-siderado um partido de esquerda.

FOTO SÉRGIO KOEI

José Domingues de Godoi Filho, 1º vice-presidente do ANDES-SN, é um dos dirigentes da greve do funcionalismo. Nestaentrevista, o professor de Geologia da Universidade Federal do Mato Grosso denuncia o relatório apresentado no congresso, defendea retirada da PEC 40. E afirma, que com a opção do governo petista pelo capital, é inevitável a construção de novos partidos

“As ações dogoverno, queinsiste em só

atender osgovernadores e osetor financeiro,só poderão servencidas comgreve e forte

mobilização”

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4 OOOOOPINIÃOPINIÃOPINIÃOPINIÃOPINIÃO S S S S SOCIALISTAOCIALISTAOCIALISTAOCIALISTAOCIALISTA

LULA NÃO ESTÁ JOGANDONO TIME DA REFORMA AGRÁRIA

CAMPO

PIAUÍ

governador do Piauí,Wellington Dias (PT), con-vocou sessões extras da As-sembléia Legislativa paravotar, a “toque de caixa”, a

reforma administrativa. Seguindo amesma linha da reforma da Previdên-cia, Wellington propõe a retirada deinúmeros direitos dos servidores pú-blicos a fim de fazer caixa para conti-nuar honrando seus compromissos com

agiotas e empresários. Além disso,cada deputado receberá R$ 19 milpela convocação.

A essência da reforma é cortar gas-tos públicos: ataca direitos dos profes-sores, põe fim à incidência dos adicio-nais por tempo de serviço, à progres-são funcional e às gratificações deinsalubridade sobre os aumentos desalários e nas futuras aposentadorias.

Por outro lado, algumas novas se-cretarias de governo serão criadas paraagraciar os aliados do PT, como oPMDB, dentre outros, gerando enor-

mes despesas ao próprio governo. Semfalar nas isenções de impostos para asmultinacionais.

O presidente da CUT regional,Moura, da Articulação, e vários sindica-tos — inclusive da esquerda petista —em vez de chamarem a mobilizaçãodos servidores pela retirada dessa re-forma administrativa da pauta da As-sembléia, assinaram um acordo com ogoverno, se comprometendo a “dis-cutir” a proposta.

Como declarou Rosa Meireles, doSindicato dos Urbanitários, “esse acordo

foi assinado de forma inconseqüente pelaslideranças do movimento sindical, uma vezque dá o aval para o governo aprovar a reformado Estado. E acarretará aos servidores inúme-ros prejuízos como prevêem as próprias mensa-gens que tramitam na Assembléia Legislativa.”

No entanto, enquanto as liderançassindicais vacilam, os servidores conti-nuam mobilizados. Agora, ou os tra-balhadores empurram suas direçõespara a luta, ou passam por cima delas.Caso contrário, o governo petista iráimpor a retirada de mais direitos dostrabalhadores.

Reforma do PT ataca direitos de servidoresROMILDO DE CASTRO,de Teresina (PI)

O

om a intensificação das açõesdo Movimento dos Traba-lhadores Rurais Sem Terra(MST), o debate sobre areforma agrária no Brasil

voltou à cena política. No entanto, defato, aqui nunca houve uma política dereforma agrária e sim a intensificaçãoda luta pela terra, principalmente nadécada de 90, que forçou o governoFHC a assentar e regularizar as famíliasacampadas nas áreas ocupadas.

O território brasileiro tem aproxi-madamente 850 milhões de hectares.Cerca de 285 milhões de hectares sãode latifúndios; 250 milhões referem-se às áreas devolutas; 81 milhões, estãoem áreas totalmente ociosas e 115milhões de hectares constituem-se emgrandes propriedades improdutivas.

A concentração da propriedade daterra é medida por um índice denomi-nado Gini, que indica o grau de con-centração ou distribuição das terras deum país entre seus proprietários ru-rais. O Brasil possui o segundo maiorÍndice de Gini, ficando atrás apenasdo Paraguai. Cerca de 40 mil grandesproprietários controlam cerca de 400milhões de hectares no país.

Apenas 18 grandes grupos indus-triais, como Votorantim, Belgo-Minei-ra e Mannesmann, detêm 11 milhõesde hectares, produzindo só em 2 mi-lhões. Quinze dos maiores grupos fi-nanceiros, entre os quais Itaú e Brades-co, são donos de 5 milhões de hectares.E 13 grupos agropecuários dominam 6milhões de hectares dos quais utilizamapenas um milhão. No total, os 46grupos são proprietários de 22 milhõesde hectares, dos quais apenas 3,7 mi-lhões são efetivamente ocupados.

Além desses 22 milhões de hectares,dados do Incra/IBGE estimam em cer-ca de 30 milhões de hectares as proprie-dades das empresas estrangeiras no país.Os 46 grupos e as empresas estrangeirascontrolam uma área quase tão grandequanto Minas Gerais. O resultado dessaconcentração espantosa são os mais dequatro milhões de famílias sem-terra.

Apesar de o MST propor ao gover-no Lula assentar em seu mandato ummilhão de famílias, o que não resolve oproblema dos sem-terra, o governovem apresentando números ínfimos.Para este ano, fala em assentar 60 mil,mas dados do Ministério do Desen-volvimento Agrário revelam que nomáximo serão assentadas 20 mil famí-lias. Não haverá reforma agrária en-quanto o governo não romper com oFMI e deixar de pagar a dívida externa.

O governo Lula vem cumprindo àrisca a cartilha do Banco Mundial. Emvez de expropriar o latifúndio impro-dutivo, liberou cerca de 26 milhões ao“Crédito Fundiário”, versão petista do“Banco da Terra” de FHC, pelo qualagricultores recebem dinheiro para ne-gociar diretamente com fazendeiros eempresários, que vendem apenas ter-ras que não lhes servem, a preçossupervalorizados, e ainda desmobilizaos movimentos sociais, transformandoa reforma agrária num negócio alta-mente lucrativo aos empresários e lati-fundiários.

AGRICULTURA FAMILIARÉ SÓ PROPAGANDA

Além disso, a agricultura familiarbrasileira sempre teve sua importânciagarantida na produção de alimentospara a classe trabalhadora. São mais de4,1 milhões de estabelecimentos fa-miliares ou o equivalente a 84% dos

imóveis rurais do país. De cada deztrabalhadores do campo, cerca de oitoestão em atividades familiares. Quase40% do Valor Bruto da ProduçãoAgropecuária vêm da agricultura fa-miliar, valor que deve alcançar cercade R$ 57 bilhões este ano.

Parte significativa dos alimentos quechegam diariamente à mesa dos brasi-leiros é produzida por agricultores fa-miliares. Quase 70% do feijão consu-mido pelo país vêm desse tipo deprodução. Vêm daí também 84% damandioca, 58% da produção de suí-nos, 54% da bovinocultura de leite,49% do milho e 40% de aves e ovos.No entanto, o governo Lula não vemdando a importância tão divulgada du-rante a campanha eleitoral para estesetor.

Pra começar, colocou um grandeempresário — Roberto Rodrigues—, membro da burguesia agrária, noMinistério da Agricultura. Lula vemaplicando a mesma política de FHCpara o campo. Dos 32,5 bilhões des-tinados ao financiamento da agro-pecuária nacional este ano, apenas5,4 bilhões vão para a agriculturafamiliar, ou seja, pouco mais de 16%.O restante será abocanhado pelosgrandes empresários e latifundiá-rios rurais, membros da UDR erepresentantes da oligarquia agrá-ria. Fica claro em qual time ogoverno está jogando.

ROMIER SOUZA*,especial para o Opinião Socialista

C

Liberdade para José Rainha!FOTO WLADIMIR SOUZA

FOTO DE MARCELLO CASAL JR. / AGÊNCIA BRASIL

Em 11 de julho, o dirigente do MSTJosé Rainha Junior foi ao Fórum deTeodoro Sampaio (SP), onde seriamouvidas testemunhas num processo noqual é acusado de ter feito uma mani-festação nos Bancos do Brasil e Banespa,em 2000. Ao final da audiência, o juizÁtis de Araújo Oliveira chamou poli-ciais militares que o prenderam.

O decreto de prisão foi proferidocontra José Rainha, Felinto Procópiodos Santos (Mineirinho), MárcioBarreto, Clédson Mendes e SérgioPantaleão. Mineirinho foi à Delega-cia de Polícia visitar José Rainha, etambém foi preso. Os demais reserva-ram-se no direito de resistir à ordemde prisão. Até agora, os advogados

não puderam ver o processo.Essa é mais uma das atitudes ar-

bitrárias do juiz Átis de Araújo Oli-veira, que em um de seus decretoschegou a comparar o MST ao PCC.

O PSTU reafirma sua total solida-riedade ao MST e conclama as enti-dades do movimento a enviar men-sagens de solidariedade pela imedia-ta liberdade dos presos políticos.

Exmo. Sr. Dr. Juiz de Direito Átis deAraújo OliveiraFórum de Teodoro SampaioRua Passeio Curió, n.º 4 e 5 – Vila SãoPaulo - Teodoro Sampaio / SPCEP 19280-000Fax: (18) 282-1152* Romier Souza é agrônomo e membro do

Instituto Agroecológico da Amazônia (IAAM)

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5Edição 155 - Ano VIII - De 24/07 a 07/08/2003

O ESPETÁCULO DODESEMPREGO E

DA EXPLORAÇÃOFOTO ARQUIVO PSTU

DEMISSÕES

nquanto o ministro do Tra-balho Jacques Wagner de-clara que há mais alarde dodrama na questão do de-

semprego, as principais montadorasdo país começaram a demitir ou aameaçar com milhares de demissões.Os trabalhadores brasileiros, ao con-trário do que diz o ministro, estãovivendo não apenas um drama, mascomeçam a assistir mais um “show dehorrores”, ao invés do “espetáculo decrescimento”.

Fiel ao receituário do FMI e, con-seqüentemente, cada vez mais atrela-do aos interesses dos setores financei-ros e patronais — nacional e interna-cional —, o verdadeiro cenário que ogoverno Lula tem montado para ostrabalhadores é composto pela reces-são, o aumento do desemprego e oataque aos direitos dos trabalhadores.

Enquanto isso, aqueles que lucram,com crise ou sem crise, querem jogar,mais uma vez, os custos nas costas dostrabalhadores, para manter os lucros.

MONTADORAS QUEREM JOGARA CRISE SOBRE OSTRABALHADORES PARAMANTER SEUS LUCROS

Nas “crises”, os fabricantes de auto-móveis jamais aceitam reduzir sua mar-gem de lucro. Ao contrário, nuncaperdem nada e muitas vezes lucramainda mais. As montadoras demitemsem dó, conseguem isenção de impos-tos e ainda rebaixam salários e direitosdos que não vão para a rua.

Além disso, seguem remetendo

muito lucro para o exterior. Quando opaís está crescendo, elas não saemaumentando salários e distribuindodireitos, mas basta haver uma crise,elas propõem PDV (Plano de Demis-são Voluntária), dão férias coletivas,querem empurrar o lay-off (suspensãotemporária do con-trato de trabalho) ousimplesmente pro-põem demissõesmassivas.

Duas das maioresmultinacionais dopaís, a Volkswagen ea General Motors,acabam de anunciarnovos ataques. AVolks divulgou que“será obrigada” a de-mitir cerca de 4 miltrabalhadores dasplantas do ABC eTaubaté. Já a GM,em São José dosCampos, demitiu450 operários.

Obviamente, anotícia não foi rece-bida pacificamentepelos trabalhadoresdestas fábricas. Em São José, já foidecidido que se as demissões nãoforem canceladas, os metalúrgicos vãoentrar em greve por tempoindeterminado. No ABC, uma as-sembléia com cerca de 10 mil traba-lhadores também apontou no sentidode não aceitação deste ataque.

Até porque, os operários da Volkstêm a triste experiência de ter visto adireção de seu sindicato ter aceitotodas as chantagens da patronal nestes

anos — topando flexibilizar direitosem salário, em troca de promessas demanutenção de emprego — e ter tidocomo resultado a eliminação de 9 milpostos de trabalho na empresa nosúltimos 6 anos.

Hoje, além de ter menos 9 miloperários, parauma produção40% maior (con-seguindo produ-zir muito mais,com muito menosgente), a fábricaconseguiu imporoutros ataquespara os que nãoforam para o olhoda rua: banco dehoras, banco dedias, diminuiçãode 15% nos salári-os e ainda dimi-nuir a PLR.

E cabe lembrarque a empresa ain-da teve, nestesanos, isenções fis-cais ou subsídiosdiretos por partedos governos.

ABRIR O CAIXA DASMONTADORAS E EXIGIRREDUÇÃO DA JORNADA SEMREDUÇÃO DO SALÁRIO

A mão de obra brasileira é barata eas montadoras querem aumentar ain-da mais a exploração. Nas “crises”,elas sempre dizem que estão na rua daamargura, como se estivessem quasefalindo. Mas, mesmo neste semestre,segundo dados da própria Fiesp, a

produção das montadoras foi 2,6%maior que a do mesmo período noano passado. As vendas no mercadointerno caíram, porém o preço dosveículos subiu 14%, em média. Poroutro lado, as exportações de auto-móveis tiveram um acréscimo de 30%.

Este movimento por demissões temcomo único objetivo a manutençãodas suas altas margens de lucro e tam-bém é uma forma de chantagem paraobter do governo novas rodadas deredução de impostos. E, obviamente,além de tudo, as empresas queremforçar os metalúrgicos a não reivindi-carem aumento de salários, no mo-mento em que os sindicatos estãopreparando sua pauta de reivindica-ções para entregar à FIESP.

Os operários devem exigir a aber-tura dos livros das empresas e umaauditoria sobre as contas dasmontadoras no país. Devem exigirtambém, que o governo Lula — queprometeu a criação de 10 milhões deempregos e até agora só gerou desem-prego — exija que as montadorasmostrem seus números verdadeiros enão demitam ninguém.

Aliás, o governo — ao invés deconfiscar a aposentadoria dos servido-res, para transferir mais dinheiro paraos banqueiros — deveria cumprir suapromessa de geração de empregos,começando por defender e implantar,já, a estabilidade no emprego e aredução da jornada para 36hs.

Que os ricos paguem pela crise.Que as multinacionais diminuam seuslucros. Chega de desemprego e ex-ploração. Nenhuma demissão!

* Com Jocilene Chagas e Emanuel Oliveira

Unir na lutaoperários da

GM e da VolksOperários da GM e da Volks

devem se unir e ir à Brasíliaexigir que o governo crie umalegislação para garantir o empre-go. Os da GM, que votaram emassembléia a exigência de redu-ção da jornada sem redução dosalário, e que podem entrar emgreve por tempo indeterminadocaso as demissões não sejam can-celadas, devem se dirigir aosoperários da Volks e ao Sindica-to do ABC, para organizar umamanifestação conjunta contra asdemissões e pela reintegraçãoimediata dos demitidos da GM.

WILSON H. SILVA*,da redação

E

GM DEMITE 450 E VOLKS AMEAÇA MANDAR

EMBORA MAIS DE 4 MIL TRABALHADORES

renda está em queda li-vre e o desemprego cres-ce. Trabalhadores pagammais para comer, masganham menos.

Mesmo quem está empregadonão está tranqüilo. Segundo oIBGE, o rendimento dos trabalha-dores da indústria caiu novamente

Trabalhadores perdememprego e renda

em maio. A retração foi de 7% emrelação ao mesmo período do anopassado. O poder de compra vai dimi-nuindo. De maio de 2002 a maio desteano, a inflação atingiu 17,24%.

Segundo pesquisa do IBGE de ju-nho, a taxa de desemprego recorde éde 13%. Outra pesquisa indica quequem manteve o emprego com rendamédia de R$ 841, perdeu 2,9% emrelação a abril e 14,7% em relação amaio de 2002.

JOCILENE CHAGAS,de São José dos Campos (SP)

A

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6 OOOOOPINIÃOPINIÃOPINIÃOPINIÃOPINIÃO S S S S SOCIALISTAOCIALISTAOCIALISTAOCIALISTAOCIALISTA

GREVE DO FUNCIONALISMO

uando fechávamos esta edi-ção, o governo usava o “rolocompressor” para votar orelatório de José Pimentel(PT-CE) na Comissão Es-

pecial e tentar acelerar a tramitação da“reforma” no Congresso.

Depois de ter amargado uma criseexplícita na semana anterior e estarsentindo o baque da greve dos servido-res, o governo engatou uma contra-ofensiva. Na base do vale tudo, datruculência e do autoritarismo, ele quersinalizar para o “mercado” que a apro-vação das “reformas” não está ameaçadae tentar acelerar o passo, porque otempo joga contra ele e ameaça sim aaprovação da PEC do FMI.

Daí estar usando o vale tudo. Oespetáculo da truculência no dia 23teve vários atos: oito parlamentares daComissão Especial foram substituidospor suplentes por discordarem do re-latório; a PM e a tropa de choqueinvadiram o Congresso, convocadaspor João Paulo Cunha (PT-SP), pre-sidente da Câmara; Rogério Marzola,diretor da Fasubra e militante do PSTUfoi preso e espancado por 20 policiais.

Tudo para “demonstrar força” aomercado e tentar a votação final naCâmara ainda na primeira semana deagosto e, se possível, até antes.

“NEGOCIAÇÕES” DE CÚPULAE NENHUM DEBATE

A crise nas alturas na semana ante-rior demonstrou que o governo é maisfrágil do que aparenta. A greve – armamais forte contra esse projeto do FMI- fez com que aflorasse esse crise edemonstrou que a reforma pode serderrotada. A correlação de forças nopaís – ao contrário do que dizemmuitos – é favorável à luta dos traba-lhadores.

É por isso mesmo que o governodetona essa contra-ofensiva. É porisso também que ele não permite umdebate sério sobre a “reforma” e nun-ca negociou nada com os servidores,só com o “mercado”, governadores,cúpula do Judiciário e parlamentares.Até a direção majoritária da CUT foideixada de boné na mão.

Nesse momento, mesmo amar-gando um tremendo desgaste, ele vaitentar o vale tudo para acelerar a PEC.

Paridadede araqueNão há no relatório nenhuma paridade(reajuste para os aposentados igual aosdos ativos). Isso porque a “paridade”será aplicada ao salário base, excluindoas gratificações. Desde vários anos, apolítica salarial dos governos tem sidode não reajustar os salários, mas dar“gratificações de produtividade”, demodo que o salário base do funcionalis-mo está reduzido a 1/4 ou 1/3 daremuneração. Os aposentados não te-rão os reajustes da ativa sobre as grati-ficações e podem até mesmo tere estasconfiscadas no momento da aposenta-doria, passando a receber 1/3 ou 1/4 doque recebiam na ativa.

Integralidadede mentiraTanto a versão original da PEC, como orelatório de Pimentel acabam com aaposentadoria integral ao suprimir afrase da Constituição atual que diz: “osproventos da aposentadoria corres-ponderão à totalidade da remunera-ção”. Mas o substitutivo é ainda pior.Para o novo cálculo da aposentadoria,não será levada em conta a remunera-ção que foi base para as contribuições“recolhidas” (como na versão original),mas para a contribuição “do servidor”.No INSS, quando um trabalhador rece-

ROLO COMPRESSOR DO GOVERNO TENTA ACELERA

MARIÚCHA FONTANA,da redação

Q

REJEITAR A PEC 40, FORTALECER A

MANIFESTAÇÃO dos servidores no Congresso Nacional, durante a entrega do relatório

A mídia, por sua vez, voltou à carga nacampanha contra os “privilegiados”.

Porém, nem tudo são flores para acontra-ofensiva governista e seu pro-jeto do FMI. Muita água e muita criseainda vai rolar. É possível derrotar aPEC. Vamos acelerar o passo tambémdo movimento.

be acima do teto, a patronal paga sua partecom base ao total do salário do empregado(recolhida) e o empregado paga o referen-te ao teto. Isso significa que, ao calcular aaposentadoria pela base de contribuiçãodo servidor e não do empregador, o novocálculo não poderá chegar a uma aposen-tadoria acima do teto. Sem dizer que a“descoberta” do salário base comoparâmetro para a paridade pode significargarantir na integralidade o salário base, oque é mais eficaz do que o teto de R$ 2.400,para acabar com a mesma.

Idade mínimaPara ter direito à falsa paridade e a essaintegralidade mínima, os servidores terãode contribuir 35 anos (homem) e 30 (mu-lher); ter idade mínima de 60 anos (homem)e 55 (mulher), ter 20 anos de serviçopúblico e 10 anos no mesmo cargo. Paravariar, serão mais prejudicados aquelesque começaram a trabalhar mais cedo eque ganham menos.

Taxação dosestaduais podeser ainda maiorO relatório diz que, no que se refere aosservidores dos estados, a contribuiçãoserá no mínimo de 11%, criando vários“regimes próprios”. Então, cada estado oumunicípio poderá estabelecer contribui-ções de 11, 12, 13...% para seus servidores

Veja como as emendas substitutivas contidas no relatório(PT-CE) não mudam a essência da PEC-40 e conseguem a p

A EMENDA É PIOR QUEFOTO DE ELZA FIÚZA / AGÊNCIA BRASIL

Rogério Marzola, do PSTU e da Fasubra, éamparado no Congresso após invasão da PM

Ao contrário de Luís Marinho,presidente da CUT, que ameaçoufazer um “julgamento” popular con-tra a greve dos juízes; os trabalhado-res devem defender o direito degreve para eles e apoiá-la.

Porém, devemos exigir que elesassumam as bandeiras do movimen-to: rejeição integral da PEC-40 edireitos para todos os trabalhadores.

Pois, se é positivo que eles se

mobilizem contra a “reforma”, nãocompartilhamos das suas reivindica-ções limitadas ao Judiciário e nemde sua concepção de Estado e mo-delo de Previdência. Suas reivindi-cações não evitam e nem mudam aessência privatizante da PEC.

Ao contrário de Marinho, nós que-remos que eles somem-se à greve,apoiando as reivindicações daCNESF e de todos os trabalhadores.

Apoiar a greve dos juízes, mas exigir oapoio às reivindicações do movimento

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7Edição 155 - Ano VIII - De 24/07 a 07/08/2003

O governo e a mídia fazem de tudopara jogar os demais trabalhadores con-tra os servidores públicos.

Lula faz demagogia barata ao cha-mar professores universitários de privi-legiados, dizer que trabalham muitopouco e usar os cortadores de cana. Ain-da mais quando sua reforma engordaráos lucros dos banqueiros e não aliviaránem um pouquinho a vida do cortadorde cana e de outros milhões sem direitos.

Nessa história, os únicos que defen-dem os cortadores de cana e direitos paratodos os trabalhadores são os grevistas eas entidades que compõem o comandode greve do funcionalismo. Eles defen-dem que o governo pare de usar dinhei-ro da Previdência para pagar banquei-ro, cobre a dívida dos sonegadores, façaos ricos pagarem impostos e garantadireito à aposentadoria para todos: os40 milhões de desempregados e sem-carteira. Defendem também a revoga-ção da emenda 20 de FHC e o fim dofator previdenciário: para que os traba-lhadores do setor privado tenham devolta os direitos tirados por FHC. De-fendem aumento real para as aposenta-dorias e direito à aposentadoria integralpara todos. Eles querem uma Previ-dência estatal, pública, solidária e porrepartição. Por isso, rejeitam a “refor-ma” do governo e do FMI, que privatiza.

Eles também não têm acordo com avisão de Previdência que a cúpula doJudiciário defende. Ela defende apenasa cúpula das “carreiras típicas de esta-do” em detrimento do conjunto dos tra-balhadores e servidores. Sem dúvida, émuito bem-vinda a greve dos juízes,que reforça a luta contra essa PEC doFMI. Mas as reivindicações de sub-teto de 90,5% para os estados e Fundode Pensão com benefício definido sãolimitadas, não barram a privatização enão defendem todos os trabalhadores.Osservidores defendem direitos para todos.E esta deve continuar sendo a bandeirado conjunto do movimento.

Já os que, como a direção majoritáriada CUT, se contentam com emendas aessa “reforma”, aceitando a privatiza-ção, fazem o jogo do FMI e fomentama divisão entre os de baixo.

comando nacional unifi-cado de greve e a CNESFconvocam todos os parla-mentares a votarem con-tra o relatório de José

Pimentel (PT-CE) e se somarem naexigência de negociação verdadeira.

O relatório deverá ser votado naComissão Especial por esses dias edepois irá a Plenário. Os servidoresdevem intensificar as mobilizações etambém seguir colocando nos postesde todo o país a cara de cada deputa-do que vota a favor do governo emcada etapa desta reforma. Os quevotaram sim na Comissão de Cons-tituição e Justiça. Os que votaremsim na Comissão Especial e os quevotarem sim no Plenário.

POSTE TAMBÉM PARA OS 30DO PT E PARA O PCdoB, SEVOTAREM SIM À REFORMA

A exigência de que todos os parla-mentares votem contra essa reforma écentral. E se tal exigência vale paratodos, com mais razão ainda, vale paraaqueles que se dizem socialistas e deesquerda, como é o caso do grupodos 30 do PT, que dizem não concor-dar com os rumos do governo, mas

sta, com certeza, já é umadas maiores greves dofuncionalismo da histó-ria. E sua dinâmica é decrescer ainda mais, com a

paralisação dos funcionários do BC,dos juízes e diversos setores queestão aderindo. Sem dizer que ostrabalhadores da Receita já fizerama diferença na balança comercial .

Com a aceleração da tramitaçãoda reforma, os servidores tambémbotaram o pé no acelerador da luta.Decidiram aumentar já o número

que até agora não se comprometeram avotar contra a reforma. Ao contráriodos radicais – que têm reafirmado quevotarão contra a PEC, mesmo quesejam expulsos – os deputados do gru-po dos 30 defendiam emendas a essareforma e muitos argumentam que nãopodem romper a “disciplina partidá-ria”. Outros dizem que vão fazer de-claração de voto contra, mas votar afavor. E outros chegam ao cúmulo deargumentar que o voto deles “não farádiferença”. É o fim da picada. Se o votodeles “não faz diferença”, por que secandidataram e pediram votos para ostrabalhadores? Deveriam, então, re-nunciar. Sim, porque, além de tudo,isso é estelionato eleitoral.

Se votarem contra a “reforma”, os30 do PT e também o PCdoB – aocontrário do que dizem – farão enor-me diferença, pois criarão uma crise

sem precedentes na base governista e,por tabela, abrirão as comportas paraque o governo e o FMI não consigama votação necessária.

Os servidores estão corretíssimosem exigir que TODOS os parlamenta-res votem contra essa reforma, bemcomo em botar no poste TODOS quea aprovarem.

AR REFORMA

GREVE E MARCHAR PARA BRASÍLIA

FOTO DE PAULO CABRAL / ANDES SN

Ou vota contra a PECou vai para o poste

O

de grevistas em Brasília. Ao menos3 mil devem ir para a capital já.Decidiram também marcar para 6de agosto a grande Marcha paraBrasília, que deve contar com aparticipação também de estudan-tes, trabalhadores do setor privado,movimentos sociais, etc. Todos de-vem organizar os ônibus e prepararas caravanas. Trabalhadores acam-parão lá de 5 a 7.

Dia 6, todos em Brasília. Vamosarregaçar as mangas e fazer a maiorMarcha que esse país já viu.

TODOS A BRASÍLIA

E

ativos e inativos, engordando o caixa aseu bel prazer.

Taxação dosaposentadosEstá mantida a taxação dos inativos,sendo que os futuros servidores serãotaxados no valor que exceder o novoteto de R$ 2.400 (lembrando que esteé nominal, ou seja, daqui a um ano jánão vale isso) e os atuais naquilo queexceder R$ 1.058,00.

Confisco daspensõesA concessão de pensão por morte terácomo parâmetro a isenção de R$ 1.058.Os valores acima disso a que tenhamdireito as viúvas sofrerão redução deaté 70%.

Fundos dePensãoEstá mantido intacto esse ponto que éo pilar e objetivo central dessa contra-reforma: a instituição da PrevidênciaPrivada, através dos Fundos de Pen-são. Com um agravante: fica claro quetais fundos serão os regimes privadosque constam das Leis Complementares108 e 109, que garantem contribuiçãofixa, mas não aposentadoria definida.

o do deputado José Pimentelroeza de torná-la ainda pior.

E O SONETO

Quemdefende

o “cortadorde cana”?

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8 OOOOOPINIÃOPINIÃOPINIÃOPINIÃOPINIÃO S S S S SOCIALISTAOCIALISTAOCIALISTAOCIALISTAOCIALISTA

Foi lançada recentementeuma edição com os principaisnúmeros do jornal Quilombo,publicado originalmente en-tre dezembro de 1948 e julhode 1950, sob a direção deAbdias do Nascimento.

A edição é um dos mais impor-tantes resgates da históriada luta contra o racismo noBrasil, no século passado. Vin-culado ao Teatro Experimen-tal do Negro, também dirigidopor Abdias — que integrou aFrente Negra Brasileira, en-tre 1931 e 37 e foi um dosimpulsionadores da fundaçãodo Movimento Negro Unifica-do, em 1978 —, o Quilombo

nasceu, como anunciava emseu primeiro editorial, para“fazer lembrar ou conhecer

ao próprio negro os seus di-

reitos à vida e à cultura”.

Para tal, durante seus doiscurtos anos de existência, ojornal trazia artigos sobrearte e cultura — tanto doperíodo em que foi editado,com destaque para a poesia,o teatro, o rádio e cinema,quanto através do resgatede figuras como Lima Barreto,Cruz e Souza, dentre outros—, movimento negro e políti-ca, nacional e internacional.

Particularmente neste aspec-to, o Quilombo conquistouuma proeza almejada pormuitos dos grandes jornaisde sua época: reunir em suaspáginas artigos de intelectu-ais como Roger Bastide, Guer-reiro Ramos, Nelson Rodri-gues, Estanislau Fischlowitz,Jean-Paul Sartre, Alberto Ca-mus, Di Cavalcanti, IronidesRodrigues e Solano Trindade.

Inserido no processo de de-mocratização que varreu omundo no pós-guerra, o jor-nal abriu suas páginas paravários debates, como a rela-ção entre “democracia raci-al” e “democracia social epolítica”, com a participaçãodireta de Gilberto Freyre.

Acima de tudo, o Quilombo

fez jus ao seu nome ao servircomo porta-voz fundamentalpara a organização do movi-mento, cumprindo um impor-tante papel para a realizaçãodo 1º Congresso do Negro Bra-sileiro e na formação do Con-selho Nacional de MulheresNegras. Também antecipou,em décadas, a luta por políti-cas públicas contra o racismo.

(Wilson H. da Silva)

Mande a sua dica [email protected]

PáginasnegrasQUILOMBO: VIDA,

PROBLEMAS E

ASPIRAÇÕES DO NEGRO

EDITORA 34

LIVRO

REUNIÃO DA SBPC CULTURA

FOTO WILTON PONTES

DAVID CAVALCANTE,

de Recife (PE)

SBPC FOI MARCADA POR

PROTESTOS CONTRA

REFORMA DE LULA

ntre os dias 13 e 18 de julho,na Universidade Federal dePernambuco, ocorreu a 55ªReunião Anual da Socieda-de Brasileira para o Progres-

so da Ciência (SBPC), com participa-ção diária estimada em 20 mil pessoas.A reunião foi marcada por protestosdos movimentos sociais, em particulardos servidores federais em greve con-tra a PEC 40.

Na abertura do evento, onde esta-vam presentes os ministros da Educa-ção, Cristóvam Buarque, e da Ciência eTecnologia, Roberto Amaral, houveum grande protesto com a participaçãode diversos sindicatos e do PSTU. Esteato contou com as presenças destacadasdos professores, estudantes e técnicosadministrativos das universidades fede-rais. A participação dos militantes doPSTU com palavras-de-ordem contra aprivatização da Previdência resultou noconvite da mesa para que o presidenteestadual do Partido, Joaquim Maga-lhães, fizesse uso da palavra. Joaquim,além de convocar professores e pesqui-sadores a tomarem posição contra areforma da Previdência e apoiarem agreve dos servidores, conclamou a co-munidade científica à luta contra a Alca.Também foi convidado a falar o repre-sentante do ANDES, Domingues Go-doi. O protesto e a participação doPSTU foram destaque na imprensa.

ESPAÇO ANDES

O principal ponto de encontro naSBPC foi o Espaço Andes, tenda orga-nizada pelo Sindicato Nacional dosDocentes e pelas Associações de Do-centes. Neste espaço houve apresenta-ções culturais, brechó, forró, jazz, te-atro, além da barraca de comidas ecerveja. A renda das vendas, incluindoa rifa de um quadro de Marx, foirevertida para o fundo de greve.

O Espaço Andes também foi o localdo principal protesto do evento, orga-nizado pelo Fórum Pernambucano emDefesa da Previdência Pública. No dia17 de julho, o ato pela retirada da PEC40 contou com expressiva presença deentidades sindicais, parlamentares eservidores das três esferas, além deoutras categorias. Também esteve pre-sente a vereadora do PT de Olinda,Ceres Figueiredo, ameaçada de expul-são por apoiar a CPI para apurar de-núncias sobre a Fundação do EnsinoSuperior da cidade. A intervenção doPSTU criticou o prefeito João Paulo(PT) por estar aumentando o desem-prego com a cassação da circulação doskombeiros, denunciou o governo Lulapor ter aceito nos EUA a Alca para2005, conclamou a ampliação da grevedos servidores às esferas estadual emunicipal e chamou os deputados avotarem contra a reforma. Os deputa-dos federais Paulo Rubem e Babá tam-

E

bém marcaram presença. Paulo Rubem(PT-PE) se solidarizou com a greve,mas não se comprometeu a votar contraa PEC 40. O deputado Babá, recebidocom a palavra-de-ordem “eu sou de luta,

Cristóvam Buarque, falando na pri-meira Conferência oficial da SBPC,tentou se credenciar diante da platéia,na sua maioria formada por bolsistasdo Programa Especial de Treinamen-to (PET), e perguntou: “Quem está rece-bendo a bolsa levante o braço!”. A demago-gia saiu pela culatra. A grande maioriados presentes não levantou as mãos efoi o maior burburinho no plenário.Ele teve de passar uns 20 minutostentando justificar os atrasos e acaboupondo a culpa nas universidades, ge-rando visível revolta dos bolsistas.

No dia 16 de julho, na conferênciasobre Política Externa do governo

sou radical, essa reforma é do Banco Mundial”,reafirmou sua disposição de votar contraa PEC, mesmo que isso custe sua expul-são, convidando Paulo Rubem a fazer omesmo.

Pérolas dasconferências oficiais

Lula, o conferencista, Secretário Ge-ral das Relações Exteriores da União,Samuel Pinheiro Guimarães, nãopôde comparecer e enviou um re-presentante que afirmou: “O Itamaratynão quer que eu fale desta forma, mas eu voudizer: o Governo Lula está a favor de cons-tituir uma Alca light, ou seja, uma Alca queseja favorável a todos países signatários doacordo de livre comércio e os pontos sensíveisque não estamos de acordo não impedirão aformação da Alca, pois faremos como os EUAfarão, levaremos para resolução no âmbito daOMC”. Curiosamente, o representan-te do Ministério das Relações Exterio-res chama-se Antônio Aguiar Patriota.

“Quem está recebendo a bolsa levante o braço!”

“Quem está recebendo a bolsa levante o braço!”

Cristóvam Buarque, ministroda Educação, recebendoo silêncio como resposta.

Leia no especial sobre a greve, a moção aprovada na reunião da SBPC

www.pstu.org.br

MANIFESTAÇÃO na abertura da 55º reunião da SBPC

FOTO ROSE BRASIL / ABR

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9Edição 155 - Ano VIII - De 24/07 a 07/08/2003

METALÚRGICOS

VI Parada Mineira, realiza-da no dia 6 de julho, foi umaforte manifestação em de-fesa das reivindicações pordireitos homossexuais e mar-

cou o posicionamento do Movimentode Gays, Lésbicas, Bissexuais, Travestise Transgêneros (GLBT) em relação àsprincipais questões nacionais.

Este ano, a Parada reuniu mais de40 mil pessoas, tornando-se um dasmaiores manifestações populares dos

“Com licença, nós vamos à luta”SOB ESTE SLOGAN, 40 MIL SAÍRAM ÀS RUAS DE BELO HORIZONTE EM DEFESA DOS DIREITOS DOS HOMOSSEXUAIS

últimos tempos em Belo Horizonte eentrando na história como o maiorevento mineiro.

Além dos coloridos do arco-íris,símbolo do movimento, de muita gen-te fantasiada e da alegria dos manifes-tantes, vários trios elétricos levaramfaixas denunciando a violência contrahomossexuais, a discriminação e odesemprego. A denúncia e o repúdioà reforma da Previdência e à imple-mentação da Alca também ganharamespaço nas faixas e falações.

Antes do inicio da caminhada, hou-ve um ato político, que contou com a

presença de representantes dos diver-sos movimentos sociais, partidos polí-ticos e ONGs. O PSTU esteve pre-sente e deu o seu recado, defendendoa necessidade da solidariedades entreas lutas dos setores oprimidos.

Apesar de toda garra dos militantesGLBT para garantir a Parada, este anohouve um empecilho para que o eventoacontecesse. A Prefeitura de BeloHorizonte (PT) fez de tudo para nãolicenciar a Parada, numa clara de-monstração de preconceito e falta devontade política para que o evento serealizasse.

Contudo, fiéis ao slogan da Parada,os militantes demonstraram que, comou sem o consentimento da prefeitu-ra, o evento iria ocorrer.

Segundo Leandro Paixão, da Se-cretaria Nacional GLBT do PSTU, “aParada de BH é um exemplo para o movi-mento porque, diferentemente do que tem ocor-rido em outras cidades, é organizada funda-mentalmente pela militância, fugindo da insti-tucionalização, e tem servido como uma im-portante ferramenta de construção e articulaçãodo movimento nos 365 dias do ano, superandoem muito o caráter puramente festivo de outrasParadas Brasil afora.”

SORAYA MENEZES,

de Belo Horizonte (MG)

A

ntre os dias 29 e 31de julho, acontecea eleição do Sindi-cato dos Metalúr-gicos de Taubaté.

Este é o segundo maior sindi-cato do Vale do Paraíba, emSão Paulo. Porém, nos últi-mos anos, não têm havidolutas e conquistas à altura desua importância.

Os trabalhadores vêm so-frendo todo tipo de ataquedas empresas e do governo,sem qualquer reação da atualdireção, que optou pela par-ceria com os patrões e portransformar o sindicato nummeio para manter regalias.Salários e direitos foram re-duzidos e as empresas utili-zam os famigerados bancosde horas e de dias contra ostrabalhadores.

A atual diretoria — da Arti-culação Sindical — se dividiunas chapas 1 e 2. Só que asduas defendem a mesma po-lítica aplicada pela Articulaçãono ABC. Só na Volks do ABC,desde 1997 já foram fechados9 mil postos de trabalho. Isso,mesmo depois da redução de15% do salário, bancos dehoras, aumento do descontoda refeição, do transporte econvênio médico. A outrachapa que concorre é a 3,formada por companheirosdo MTS (Movimento por umaTendência Socialista).

o dia 27 de junho,estudantes, profes-sores e funcionári-os da Universida-de Regional do

Cariri paralisaram suas ativi-dades em protesto contra anomeação de André Herzogpara reitor. Três dias depois, areitoria da URCA foi ocupa-da pela comunidade univer-sitária. Na madrugada do dia18 de julho, a Universidadefoi invadida pela tropa de cho-que da Polícia Militar, quearrancou os manifestantes dolocal sob a mira de armas, amando do governador LúcioAlcântara (PSDB-CE) e dointerventor André Herzog.

O movimento teve inícioporque o governo do estadoferiu a autonomia da universi-dade ao escolher o segundocolocado na consulta paritária— a primeira realizada na re-gião Nordeste — realizada nomês de maio. Dos quatro can-didatos, somente o do gover-no, André Herzog, se recusoua assinar um manifesto defen-dendo que o reitor eleito fosseempossado. Seus asseclas con-sideravam que o decisivo seriaa canetada do governador.

Mesmo depois da invasãopolicial, os manifestantes con-tinuam mobilizados. No dia21 de julho, a polícia retirou-se da reitoria, mas continuainstalada nos arredores dauniversidade. Além disso,acredita-se que policiais a pai-sana continuem no campus.

Fábio José C. de Queirós,vereador pelo PSTU na cida-de de Juazeiro do Norte, pro-fessor de História da URCA emembro do Comando deGreve, afirma que “esta é umadas greves mais radicalizadas da his-tória da universidade e tem umaenorme importância porque não estálutando somente contra o reitor-interventor, mas também contra ogoverno do estado, concretizando adefesa da autonomia da URCA.”

Ainda segundo Fábio, “ape-sar de que setores do PT e do PCdoB,que também compõem o comando degreve, comecem a acenar com pro-postas de recuo, o movimento conti-nua forte e está disposto a continuarna luta até a saída do interventor.Para tal é fundamental a solidarie-dade ativa de todo movimento estu-dantil, sindical e popular.”

Mande mensagens para:Interventor Herzogwww.oi.com.br (torpedo):(88)8805.8105com cópia [email protected]

PARALISAÇÃO POR DEMOCRACIA NAUNIVERSIDADE REGIONAL DO CARIRI,

NO CEARÁ, COMPLETA UM MÊS

Polícia retiramanifestantes dareitoria da URCA

EMMANOEL LIMA,

de Crato (CE)

N

“Os metalúrgicos de Taubaténão agüentam mais a bandalheirano sindicato. Lá não há democra-cia e prevalece a parceria com ospatrões”, avalia o diretor daCUT-SP Francisco de AssisCabral, que apóia a Chapa 3.

PREPARAR A LUTACONTRA ASDEMISSÕES

Nesse momento os tra-balhadores da Volks enfren-tam a empresa, que querdemitir 4 mil em São Ber-nardo e Taubaté. A Chapa 3foi para dentro da fábricacontra essa proposta. “Faze-mos um chamado às chapas 1 e 2para que junto conosco lutem con-tra essa política. E é importante aunidade dos metalúrgicos da Volksde Taubaté e São Bernardo e daGM de São José contra as demis-sões”, falou Antonio Dutra,funcionário da Volks e queencabeça a Chapa 3.

A Chapa 3 é contra obanco de horas, a redu-ção de salários, de em-pregos e de direitos eacredita que só a mobi-lização dos trabalhado-res pode garantir isto. Épor isso que a campanhada Chapa 3 cresce nasfábricas, contando comapoio dos cipeiros, doslutadores da outras cate-gorias da região, de estu-dantes do Movimento Rup-tura Socialista, da esquerdado PT e do PSTU.

Os metalúrgicos deTaubaté já perceberamque a Chapa 3 é a verda-deira oposição à atualdiretoria do sindicato eque é necessário cons-truir uma nova direçãopara o sindicato, forte,de luta e independentedos patrões e do gover-no Lula.

UNIVERSIDADE

GLBT

FOTO COMANDO DE GREVE

CHAPA 3, EM TAUBATÉ, NA LUTACONTRA AS DEMISSÕES

JOCILENE CHAGAS,

de São José dos Campos (SP)

E

FOTOS MANOEL PEREIRA

ANTONIO Dutra faz campanha na Volks. No alto, a chapa completa

Page 10: os155

10 OOOOOPINIÃOPINIÃOPINIÃOPINIÃOPINIÃO S S S S SOCIALISTAOCIALISTAOCIALISTAOCIALISTAOCIALISTA

PSTU

o dia 17 de julho,cerca de 300 pes-soas participaramdo debate “Seismeses do governo

Lula e a necessidade de um novopartido de esquerda no Brasil”, re-alizado na Universidade Es-tadual do Rio de Janeiro(Uerj), com a presença dopresidente nacional do PSTU,José Maria de Almeida.

Na platéia estavam muitosativistas da greve dos servido-res públicos federais contra areforma da Previdência e daúltima greve dos servidoresestaduais contra o governo

Debate com Zé Maria

reúne 300 no RioRosinha/Garotinho. Repre-sentantes das entidades dosdocentes, dos técnicos admi-nistrativos e dos estudantes daUerj também participaram dodebate.

Houve um consenso geralsobre a necessidade de apoiara greve dos servidores e deque a esquerda socialista deveser construída através de umaoposição de esquerda ao go-verno Lula.

Vários dos presentes se dis-puseram a entrar no PSTU,por compreender que, hoje,esta é a melhor alternativa paraquem quer lutar pelo socia-lismo no país. Além disso,vários militantes do PT toma-ram a palavra para elogiar afala de Zé Maria e levantar a

discussão sobre a necessidadede um novo partido de es-querda no Brasil, que repre-sente uma superação ao pro-jeto do PT.

Dentre eles, cabe destacar aparticipação de Gustavo Go-mes, militante do PT e diri-gente do movimento Reage PT,de Niterói. Ele e outros com-panheiros fundaram recente-mente o movimento AssociaçãoSocialista, que se propõe a dis-cutir os rumos do PT e a ne-cessidade do reagrupamentodos socialistas no Brasil. Estaproposta será debatida no pró-ximo dia 2 de agosto, emNiterói, com a participaçãodo PSTU, da Associação Socia-lista e da Organização MarxistaProletária (OMP).

ANDRÉ FREIRE,do Rio de Janeiro (RJ)

N

Na dia 12 de julho, a ZonaNorte de Natal (RN), umaregião com mais de 350 milhabitantes, ganhou um espaçopolítico, uma sede do PSTU.

A festa de inauguração foimuito animada, com som aovivo, feijoada e birita, e con-tou com a participação de 80

companheiros, entre profes-sores, trabalhadores em saú-de, estudantes e familiares.Até vizinhos da nova sedevieram prestigiar. Sônia Go-deiro convocou os presentesa manterem vivo aquele es-paço e reafirmou a luta con-tra a reforma da Previdência.

Partidoinaugurasede naZona Nortede Natal

Dentro do esforço para

manter viva a tradição marxis-

ta, o Instituto José Luis e Rosa

Sundermann está colocando à

disposição da nova geração de

militantes socialistas a coleção

Cadernos Marxistas.

A primeira publicação dos

Cadernos é o Manifesto Comu-

nista, escrito por Marx e Engels,

em 1848. Com o objetivo de

possibilitar ao leitor localizar a

importância histórica e política

deste texto para a luta interna-

cional do proletariado, a edi-

ção ainda traz prefácios escri-

tos pelos autores para várias

edições do Manifesto, bem como

um posfácio de Leon Trotsky,

intitulado “Os 90 anos do Mani-

festo Comunista”.

Segundo os editores dos Ca-

dernos, a escolha do Manifesto

para dar início à série “não está

somente relacionada à sua importân-

cia histórica, pois, devido à sua atu-

alidade política, o texto segue sendo

uma arma fundamental para as no-

vas gerações que se incorporam à luta

revolucionária”.

Instituto José Luis e Rosa Sundermannlança a coleção Cadernos Marxistas

“AS REVOLUÇÕES DO SÉCULO XX”

Nahuel Moreno

“MULHERES - O GÊNERO NOS UNE, A CLASSE NOS DIVIDE”

Cecilia Toledo

“PROBLEMAS DE ORGANIZAÇÃO”

Nahuel Moreno

Pedidos podem ser feitos através do telefone (11) 5539-1049ou do e-mail [email protected]

PRÓXIMOS LANÇAMENTOS

Nosso partido está lançando a cartilha "Venha para oPSTU”, uma ferramenta importante para você nosconhecer melhor. Na cartilha você poderá saber a nossaposição sobre o governo Lula e sua política de continuaro receituário do FMI e os resultados para os trabalha-dores: desemprego, arrocho salarial e Alca em 2005.

O PSTU quer discutir com cada companheiro queestá na greve dos servidores, nas fábricas, nas escolas e nomovimento popular, as razões para lutar pelo socia-lismo e a necessidade de um partido revolucionário.

Além de nossos príncipios programáticos, você po-derá conhecer mais sobre como nos organizamos. Umpouco do que representa o partido para cada militanteé explicado por Nahuel Moreno, fundador da LigaInternacional dos Trabalhadores, no texto a seguir, queintegra a cartilha. "A militância num Partido Revolucionárioé o suporte mais sólido para combater a alienação. Neste mundoalienado o partido cumpre um papel desalienante. Quer dizer, secria uma contradição no militante, porque a sociedade aliena e elevive na sociedade. O partido lhe dá todas as possibilidades paracombater a alienação."

Boa leitura! E bem-vindo à discussão com o PSTU!

PSTU LANÇACARTILHA DE

APRESENTAÇÃO

Você poderá encontrar a cartilha nas sedes doPSTU ou com o companheiro que lhe vende ojornal. Ou então, através do site do partido.

Em 2004 o PSTU fará 10 anos. Uma série de eventos contaráa história das organizações que formaram o partido e dos 30anos da Liga Internacional dos Trabalhadores no país.

No dia 1º de agosto, às 18h30, no Sindicato dos Bancários doRio de Janeiro, acontece o debate do ciclo “30 anos da construçãode um partido revolucionário no Brasil”, com Bernardo Cerdeira eJosé Welmowicki abordando os anos de 1971 a 1979. O eventoterá uma exposição de materiais da época e, ao final, uma festa.

Projeto Memória faz debate

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11Edição 155 - Ano VIII - De 24/07 a 07/08/2003

Seis meses de Lúcio Gutierrez.

Seis meses de continuísmo

o dia 15 de julho o governodo Coronel Lúcio Gutier-rez completou seis meses.Nesta data, nada fazia lem-brar a posse em 15 de ja-

neiro quando o Estádio Atahualpa, omais importante do país, estava repletode equatorianos que, cheios de espe-rança num processo de mudancas, fo-ram dar seu apoio ao novo presidente.

Seis meses depois, o governo reali-zou três “comemorações” da data, emQuito, Guayaquil e Cuenca. Todasfechadas e com forte aparato policial.

Nestes seis meses, Lúcio enfren-tou-se com greves de professores,petroleiros, saúde, empregados pú-blicos e trabalhadores do Judiciário.

O ex-presidente Gustavo Noboa (oFHC deles), passou vários meses ne-gociando uma Carta de Intenções como FMI e não conseguiu chegar a umacordo. Três dias após assumir, o go-verno Lúcio assinou a Carta, cujos com-promissos são considerados a políticamais neoliberal em 10 anos. Ele secompromete a não criar barreiras para aimplantação da Alca; a entregar a admi-nistração das empresas elétricas estataispara empresas estrangeiras; a abrir es-paço para a exploração petroleira àsempresas privadas; a gerar um superávitprimário de 4%, a reduzir gastos públi-cos em Educação e Saúde e, muitoimportante, a pagar a dívida externa.

Em relação à famigerada dolariza-ção, além de se comprometer a mantê-la, faz campanha para estendê-la atoda América Latina.

CRISE E MUDANÇASNO GOVERNO

Lúcio Gutierrez começou gover-nando com o apoio dos indígenas daConaie e do Pachakutik (partido polí-tico ligado às organizações indígenas),além de contar com o apoio do MPD-PCMLE, um partido estalinista, quese reivindicava maoísta, albanês,castrista e hoje reivindica centralmen-te a figura de Stalin. Também incor-porou o Partido Comunista – que umdia foi moscovita. E, por fim, incor-

porou a CMS (Coordenadora dosMovimentos Sociais) – através deseus dirigentes petroleiros.

Seis meses depois, a popularidadedo governo despencou. O compro-misso com o FMI e os cortes deverbas e de salários dos empregadospúblicos, a falta de uma política agrí-cola e a crise que a dolarização estágerando - mais de 200 empresas estãofechando as portas - são as razões dainsatisfação, da bronca e das mobili-zações.

O resultado destas contradições ecrise levou a mudanças na composi-ção do governo. Os petroleiros vin-culados à CMS foram destituídos dosseus cargos na Petroecuador, comosubproduto da greve contra aprivatização. O principal quadro doPachakutik renunciou ao cargo device-ministro de Administração e saiuatirando. O MPD-PCMLE, pressio-nado por suas bases, acabou rompen-do com o governo. Quanto aoPachakutik, na última reunião de ga-binete, Lúcio foi enfático: “se querempermanecer na aliança e no governo, como émeu desejo, se submetam às minhas regras. Oprimeiro que fale algo contrário vai para fora.”(Jornal Hoy - 19.07.03)

Porém, não só de “saídas” viveu ogoverno. Também existiram incor-porações. A mais importante foi a deLeon Febres Cordero, um ACMandino. Febres Cordero entrou paraa base parlamentar do governo e co-meçaram a ocorrer diversas mudançasnas instituições. Primeiro, uma duradenúncia de corrupção ao presidenteda Suprema Corte de Justica, abalouo Poder Judiciário e Febres Corderoindicou o novo presidente da Supre-ma Corte. O juiz Bermeo, pivô doescândalo e com ordem de prisãodecretada, desapareceu. O juiz Lalau,frente a Bermeo, seria um batedor decarteiras. Porém, o mais importante éque o novo juiz corresponderá à novacomposição do governo e diretamen-te ao ACM equatoriano.

O presidente do Congresso,Landazurri, escapou por pouco deum linchamento moral, à la Bermeo.Ele se submeteu às novas orientaçõespara poder seguir exercendo seu man-dato.

UMA NOVA CORRELAÇÃODE FORÇAS

A aplicação das imposições da Cartade Intenções com o FMI, a manuten-ção da dolarização e o apoio e maiorcomprometimento com o projeto demilitarização de Bush e Uribe, atravésdo Plano Colômbia, estão dia a diadesgastando o governo, derrubandosua popularidade e criando uma novacorrelação de forças no país.

Desde que assumiu, Lúcio Gutierrezenfrentou 32 greves. É verdade queforam lutas sem coordenação e unifi-cação, produto do papel traidor damaioria das direções que estavam ouainda estão no governo. Mas pela baseé crescente a disposição de luta e aoposição ao governo

O CONGRESSO DOS POVOSNo último dia 11 de julho, se rea-

lizou na Universidade Salesiana o pri-

ROMEL REYES,

do Movimento ao Socialismo (MAS),Equador

N

meiro Congresso dos Povos sob estegoverno. Havia nele 2.500 pessoas.Muitos eram indígenas, que vieram àrevelia da Conaie. Por iniciativa dospetroleiros vinculados ao MAS -Movimiento ao Socialismo – este sin-dicato alugou vários ônibus para queos indígenas participassem.

Por ser a primeira reunião de van-guarda, com importantes setores domovimento presentes, exceto a Conaiee Pachakutik, foi um importante even-to. O tom era de bronca, oposição edisposição de luta. Marcou-se umamobilização para o dia 21 de agosto,que obviamente exige ser construída eorganizada. Setores, como os do MPDque estiveram no Congresso dos Po-vos, discursaram bravamente, mas nãolevaram suas bases. Romperam com ogoverno, mas dizem que aplaudirão asmedidas progressivas e criticarão asmedidas que considerarem erradas.

Causou muita expectativa em vá-rios setores de ativistas da AméricaLatina a entrevista que Blanca Chan-coso, da Conaie-Ecuarunari, deu aMarcos Arruda, do PACs - Brasil,na qual a dirigente indígena afirmaque Lúcio firmaria um convênio nodia 14 de julho para uma Auditoriada Dívida Externa.

Em primeiro lugar é bom afirmarque Lúcio não se comprometeu comnada. Ele apenas recebeu uma pautade reivindicações entregue pelaConaie. Blanca Chancoso, lamenta-velmente, confunde receber a pautacom o atendimento das reivindica-

O governo e a dívida externações. Pior, sai dizendo coisas quequalquer mortal deste país duvida.

Na verdade, Blanca, dirigente daEcuarunari e membro do Conselhode Notáveis da Conaie, está muitopressionada por suas bases. No Con-gresso da Ecuarunari houve umagrande pressão por parte dos indí-genas de base, descontentes com ogoverno. Para “contornar”, a dire-ção acabou submetendo à votaçãouma resolução que propunha o “afas-tamento do governo” e, ao mesmotempo, pedia os cargos que lhestinham sido prometidos. Uma nocravo e outra na ferradura.

Cartaz emmanifestaçãocom chargede Gutierrez

EQUADOR

Page 12: os155

SEDE NACIONALR. Loefgreen, 909Vila Clementino São Paulo - SP(11) 5575.6093 [email protected]

SÃO LEOPOLDORua João Neves da Fontoura,864Centro 591.0415

SANTA CATARINA FLORIANÓPOLISRua Nestor Passos, 104 Centro(48)225.6831 [email protected]

GUARULHOSR. Miguel Romano, 17 - Centro (11)6441.0253

JACAREÍR. Luiz Simon,386 - Centro(12) 3953.6122

LORENAPça Mal Mallet, 23/1 - Centro

OSASCOR. São João Batista, 125

RIBEIRÃO PRETOR. Saldanha Marinho, 87Centro - (16) [email protected]

SANTO ANDRÉR. Adolfo Bastos, 571Vila Bastos(11)4427-4374

SÃO BERNARDO DO CAMPOR. Mal. Deodoro, 2261 - Centro(11)[email protected]

SÃO JOSÉ DOS [email protected]

VILA MARIAR. Mário Galvão, 189(12)3941.2845

ZONA SULRua Brumado, 169Vale do Sol

SOROCABARua Prof. Maria de Almeida,498 -Vila Carvalho

SUMARÉAv. Principal, 571 - Jd. Picemo I

SUZANOAv. Mogi das Cruzes,91 - Centro(11) 4742-9553

TAUBATÉRua D. Chiquinha de Mattos, 142/sala 113 - Centro

PERNAMBUCO RECIFER. Leão Coroado, 20 - 1º andar -Boa Vista - (81)3222.2549 [email protected]

PIAUÍ

TERESINAR. Quintino Bocaiúva, 778

RIO DE JANEIRO

RIO DE [email protected]

PRAÇA DA BANDEIRATv. Dr. Araújo, 45 -(21)2293.9689

CAMPO GRANDEEstrada de Monteiro, 538/Casa 2

DUQUE DE CAXIASR. das Pedras, 66/01, Centro

NITERÓIR. Dr. Borman, 14/301 - Centro(21)2717.2984 [email protected]

NOVA IGUAÇUR. Cel. Carlos de Matos, 45 Centro

VOLTA REDONDARua Peri, 131/2 - Eucaliptol

RIO GRANDE DO NORTE NATALCIDADE ALTAR. Dr. Heitor Carrilho, 70(84) 201.1558

ZONA NORTEAv. Maranguape, 2339Conj. Panatis II

RIO GRANDE DO SUL PORTO ALEGRER. General Portinho, 243(51) 3286.3607 [email protected]

CAXIAS DO SULRua do Guia Lopes, 383, sl 01(54) 9999.0002

PASSO FUNDOXV Novembro, 1175 - Centro -(54) 9982-0004

PELOTASRua Santa Cruz, 1441 - Centro -(Próximo a Univ. Católica)(53)9126.7673 [email protected]

RIO GRANDE(53) 9977.0097

SANTA MARIA(55) 9989.0220 [email protected]

SÃO PAULO SÃO [email protected]

CENTROR. Florêncio de Abreu, 571 - SãoBento (11)227.2047

ZONA LESTEAv. São Miguel, 9697Pça do Forró - São Miguel(11) 6297.1955

ZONA OESTEAv. Corifeu de AzevedoMarques, 3483 Butantã -(11)3735.8052

ZONA NORTERua Rodolfo Bardela, 183(tv. da R. Parapuã,1800)Vila Brasilândia

ZONA SULSANTO AMAROR. Cel. Luis Barroso, 415 -(11)5524-5293

CAMPO LIMPOR. Dr. Abelardo C. Lobo, 301 -piso superior

BAURUR. Cel. José Figueiredo, 125 -Centro - (14)[email protected]

CAMPINASR. Marechal Deodoro, 786(19)[email protected]

CAMPOS DO JORDÃOAv. Frei Orestes Girard, 371sala 6 - Bairro Abernéssia(12)3664.2998

DIADEMAR. dos Rubis, 359 - Centro(11)[email protected]

EMBU DAS ARTESAv. Rotary, 2917 sobrelojaPq. Pirajuçara(11) 4149.5631

FRANCO DA ROCHAR. Washington Luiz, 43Centro

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DISTRITO FEDERAL BRASÍLIASetor Comercial Sul - Quadra 2 -Ed. Jockey Club - Sala [email protected]

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MATO GROSSO CUIABÁAv. Couto Magalhães, 165 - Jd.Leblon (65)9956.2942 9605.7340

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CONTAGEMRua França, 532/202 - Eldorado

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ICOARACIConjunto da COHAB, Trav. S1, nº111- (91) 9993.5650 / 227.8869

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PARANÁ CURITIBAR. Alfredo Buffren, 29/4,Centro

A GREVE É NOSSA ARMAO relatório sobre a reforma

da Previdência, comsuas “mudanças” noprojeto original,demonstra que a armados servidores éa greve pelaexigência deretirada daPEC-40.

A “negociação” dogoverno é uma farsa: só

atende governadores,banqueiros e parlamentares,os trabalhadores nunca!

Os que defendem as emen-das a esse projeto do FMI eprivilegiam a negociação emdetrimento da luta precisamrever sua estratégia.

A greve cresce dia a dia. Esteé o caminho para derrotar esseprojeto do FMI e conquistaruma reforma que atenda aosinteresses dos trabalhadores. Eparlamentar que não rejeitar oprojeto... é poste!Pela retirada da PEC-40!

Atos nas audiên-

cias públicas nas

Assembléias

Legislativas do Rio

de Janeiro e de

São Paulo, no dia

14 de julho

Passeata dos servidores federais nas

ruas de Salvador

Protesto durante

a reunião da

SBPC, em Recife

Servidores repudiam o rela-

tório de José Pimentel (PT-CE)

na Câmara, no dia 23

Apitaço dos previdenciários em Porto Alegre

Piquete dos trabalhadores do

Judiciário de Santa Catarina

CLAÚDIO WAYNE

MARCELA CORNELLI

FOTO DE

ROOSEWELT

PINHEIRO /

AGÊNCIA BRASIL

MANOEL PORTO / SINTSEF BA

SAMUEL TOSTA

WLADIMIR SOUZA