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Ano VIII Edição 152 De 12 a 25/06/2003 Contribuição: R$ 2,00 É PRECISO UNIR A ESQUERDA NA UNE 48º CONGRESSO DA UNE PARA COLOCAR A UNE NA LUTA EM DEFESA DA EDUCAÇÃO E CONTRA A REFORMA DA PREVIDÊNCIA ALCA PÁGINA 4 GOVERNO LULA PROPÕE ACORDO BILATERAL COM OS ESTADOS UNIDOS PÁGINA 6 INDEPENDÊNCIA DA CUT FICA AMEAÇADA COM A VITÓRIA DO BLOCO GOVERNISTA 8º CONGRESSO DA CUT PÁGINAS 10-11 “PROPOR EMENDAS À REFORMA DO FMI É UMA ARMADILHA PARA OS TRABALHADORES” FALA ZÉ MARIA PÁGINA 3 “OU PÁRA A REFORMA, OU PARAMOS O BRASIL” PÁGINAS 8-9 MAIS DE 20 MIL TOMAM BRASÍLIA NO DIA 11. LUTA CONTRA A REFORMA DA PREVIDÊNCIA GANHA OUTRA DIMENSÃO

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MAIS DE 20 MIL TOMAM BRASÍLIA NO DIA 11. LUTA CONTRA A REFORMA DA PREVIDÊNCIA GANHA OUTRA DIMENSÃO PARA COLOCAR A UNE NA LUTA EM DEFESA DA EDUCAÇÃO E CONTRA A REFORMA DA PREVIDÊNCIA PÁGINAS 10-11 PÁGINAS 8-9 PÁGINA 3 PÁGINA 4 PÁGINA 6 48º CONGRESSO DA UNE 8º CONGRESSO DA CUT ALCA FALA ZÉ MARIA Ano VIII Edição 152 De 12 a 25/06/2003 Contribuição: R$ 2,00

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Page 1: os152

Ano VIII Edição 152De 12 a 25/06/2003Contribuição: R$ 2,00

É PRECISO UNIR A ESQUERDA NA UNE

48º CONGRESSO DA UNE

PARA COLOCAR A UNE NA LUTA EM DEFESA DAEDUCAÇÃO E CONTRA A REFORMA DA PREVIDÊNCIA

ALCA

PÁGINA 4

GOVERNO LULAPROPÕE ACORDOBILATERAL COM OSESTADOS UNIDOS

PÁGINA 6

INDEPENDÊNCIADA CUT FICAAMEAÇADACOM A VITÓRIADO BLOCOGOVERNISTA

8º CONGRESSO DA CUT

PÁGINAS 10-11

“PROPOR EMENDASÀ REFORMA DO FMI ÉUMA ARMADILHA PARAOS TRABALHADORES”

FALA ZÉ MARIA

PÁGINA 3

“OU PÁRA A REFORMA, OU PARAMOS O BRASIL”

PÁGINAS 8-9

MAIS DE 20 MIL TOMAMBRASÍLIA NO DIA 11.LUTA CONTRA A REFORMADA PREVIDÊNCIA GANHAOUTRA DIMENSÃO

Page 2: os152

2 OOOOOPINIÃOPINIÃOPINIÃOPINIÃOPINIÃO S S S S SOCIALISTAOCIALISTAOCIALISTAOCIALISTAOCIALISTA

F a b r í c i oRocha foisorteado napromoçãopelas 150edições doO p i n i ã oSocialista.Ele é de Alagoinhas, na Bahia, evai receber um exemplar dolivro ‘Aonde Vai a França?’, deLeon Trotsky.Para Fabrício o mais importan-te em nosso jornal é a sua pró-pria existência, “enquantoveículo de propagação dos ide-ais socialistas”. Fabrícioaguarda ansioso cada novaedição do Opinião: “Não vejoa hora de poder me deleitarsemanalmente com a concre-tização dos interesses dos tra-balhadores”.

CARO EDITOR

EDITEDITEDITEDITEDITORIAL / FORIAL / FORIAL / FORIAL / FORIAL / FALALALALAL A ZÉ MARIAA ZÉ MARIAA ZÉ MARIAA ZÉ MARIAA ZÉ MARIA/ ROSA E ZÉ LUIS/ ROSA E ZÉ LUIS/ ROSA E ZÉ LUIS/ ROSA E ZÉ LUIS/ ROSA E ZÉ LUIS 33333E C O N O M I A / S A Ú D EE C O N O M I A / S A Ú D EE C O N O M I A / S A Ú D EE C O N O M I A / S A Ú D EE C O N O M I A / S A Ú D E 44444A L C A A L C A A L C A A L C A A L C A 55555C O N U N EC O N U N EC O N U N EC O N U N EC O N U N E / / / / / E D U C A Ç Ã O E D U C A Ç Ã O E D U C A Ç Ã O E D U C A Ç Ã O E D U C A Ç Ã O 6-76-76-76-76-7FUNCIONALISMO FUNCIONALISMO FUNCIONALISMO FUNCIONALISMO FUNCIONALISMO 8-98-98-98-98-9CCCCC ONONONONON CUT CUT CUT CUT CUT 111110-10-10-10-10-111111MOMOMOMOMO V I M E N TV I M E N TV I M E N TV I M E N TV I M E N T O O O O O 111112-12-12-12-12-133333CULCULCULCULCULTURA TURA TURA TURA TURA 1111144444P E RP E RP E RP E RP E R U / PU / PU / PU / PU / PALESALESALESALESALES TINTINTINTINTIN A A A A A 1111155555E U RE U RE U RE U RE U R O PO PO PO PO PA A A A A 1111166666

S U M Á R I OS U M Á R I OS U M Á R I OS U M Á R I OS U M Á R I O

MARANHÃO SÃO LUÍS(98)276.5366 / 9965-5409 [email protected]

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Opinião Socialista é uma publicação quinzenal doPartido Socialista dos Trabalhadores Unificado

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CORRESPONDÊNCIARua Loefgreen, 909 - Vila Clementino

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EDITORA E JORNALISTA RESPONSÁVELMariúcha Fontana (MTb14555)

CONSELHO EDITORIALEduardo Almeida, Euclides de Agrela, Júnia Gouveia,

José Maria de Almeida e Valério Arcary

REDAÇÃOAndré Valuche, Fernando Silva, João Ricardo Soares,

Luiza Castelli, Mariúcha Fontana

PROJETO GRÁFICO E DIAGRAMAÇÃOGustavo Sixel

COLABORARAM NESTA EDIÇÃOAbel Ribeiro, Américo Gomes, Ana Cristina Silva, Asdrúbal Barbosa, Cacau,

Cecília Toledo, Dari Diehl, Emmanuel Oliveira, Gegê, Giambatista Brito,Hermano Rocha, Jocilene Chagas, José Martins, Rogério Marzola, Sérgio

Darwich, Suzana Vasconcelos, Teo Navarro, Valério Paiva, Yuri Fujita

IMPRESSÃOGazetaSP - Fone: (11) 6954-6218

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CAMPO LIMPOR. Dr. Abelardo C. Lobo, 301 -piso superior

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SEDE NACIONALR. Loefgreen, 909Vila Clementino São Paulo - SP(11) 5575.6093 [email protected]

AQUI VOCÊ ENCONTRA O PSTU

Estão rolando nas principais cidades as Paradas do Orgulho GLBT. OPSTU participa dos atos contra a homofobia por acreditar que a violênciacontra os trabalhadores e estudantes homossexuais os torna ainda maisvulneráveis às conseqüências da implementação do projeto neoliberal.Como exemplo, a reforma da Previdência de Lula, que reduz direitos. Aextensão de benefícios previdenciários a parceiros homossexuais, uma dasmaiores vitórias do movimento GLBT nos últimos anos, está ameaçada.

Leia trechos do panfleto da Secretaria Nacional GLBT do PSTU distribuído naParada de João Pessoa (PB), entre outras:

“O governo Lula desde o seu início vemmostrando uma política de traição à classetrabalhadora e suas bandeiras históricas quesempre incluíram a luta contra a homofobia,dando continuidade à política neoliberal de

FHC. (..) É preciso ir além das Paradas.Além da festa. Há mais de 100 gruposGLBTs atuando, mas não há um Fórumdemocrático onde estes possam se reunire tirar uma pauta unificada de luta.(...)

Nossa libertação das amarras de opres-são, marginalização e exploração só podeser fruto da nossa própria organização eluta. (...)”

Leia o texto completo e as datas dasParadas no site www.pstu.org.br/glbt

Gratuita e irresponsável a matéria por vocêspublicada no último Opinião Socialista, sobre agreve na prefeitura de Campinas. Temos ali umagreve de piquetes, agressiva e esvaziada, quebusca se manter pouco se importando com oatendimento dos serviços essenciais à popula-ção.

Se há erros de encaminhamento da questãopela prefeitura, nada justifica esse ataque dire-to à Articulação de Esquerda que vocês fazem.Ainda mais, sabendo que nós não comun-gamoscom a política geral da maioria do PT e nem coma conduta que a prefeita usualmente tem naadministração. Aquela não é uma prefeitura comhegemonia ou mesmo grande influência da AE.

Mesmo sendo um jornal partidário, regrasmínimas do jornalismo e da boa educação devemser respeitadas. Ouvir o outro lado não é apenasuma recomendação de manuais de redação, masuma maneira da boa convivência entre compa-nheiros.

Tanto eu quanto o Valter já colaboramos como jornal e estivemos juntos com vocês em váriasjornadas. Com este ataque, de minha parte, nãotenho mais como autorizar a publicação deminhas charges pelo Opinião Socialista.

Abraços,

Gilberto Maringoni

NOTAS

NOSSA RESPOSTA: Esclarecemos que não foi nossa intençãoatribuir à Articulação de Esquerda, como corrente nacional e a todosseus militantes, as atitudes e posicionamento que tem tido aprefeitura de Campinas perante a greve dos Servidores.

Essa greve tem dois lados: o da prefeitura e o dos servidoresgrevistas. O Opinião Socialista tem um lado, o dos servidoresgrevistas e não esconde este fato.

O Opinião Socialista é uma publicação séria e responsável. Porisso, se houver na matéria algum dado ou fato impreciso – o queestamos checando – o interesse em retificá-lo, antes de tudo, énosso. Pois, até para explicitar o verdadeiro enfrentamento políticoexistente em Campinas e defender a greve dos servidores, quantomais precisos forem todos os dados factuais, melhor. Dados factuaiserrados ou imprecisos, se houverem, podem turvar a verdadeiradiscussão.

Dado que o Secretário de Cultura da Prefeitura de Campinas,Valter Pomar (que é também da AE), colocou-se à disposição do jornalpara esclarecer fatos e os posicionamentos da prefeitura, o convi-damos a escrever no próximo número do OS para esclarecer os fatosque ele julgue necessários e apresentar sua versão e opinião sobrea greve e a posição da prefeitura.

De nossa parte, continuamos e continuaremos defendendo eapoiando a greve dos Servidores e sustentando as posições políticascentrais expressas na referida matéria.

Lamentamos, por outro lado, que Maringoni nos desautorize apublicar suas charges, não apenas porque o consideramos um ótimochargista, mas também um companheiro de luta e socialista, comquem, acreditamos, seguiremos juntos em muitas jornadas.

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3Edição 152 - Ano VIII - De 12 a 25 de junho de 2003

EDITORIAL

ais de 20 mil trabalha-dores marchavam emBrasília no último dia11 contra a reforma daPrevidência. Enquanto

isso, o governo e o PT buscavamimpedir uma CPI no Senado sobreo desvio de US$ 30 bilhões peloBanestado e forçavam a tramitaçãoda PEC-40 na Comissão Especial daCâmara. Mesmo sabendo que tal atoseria mais uma provocação aos servi-dores, o governo optou por nãoparar por ne-nhum dia o“andamentoda reforma”,para tentarmostrar aosbanqueirosque vai en-frentar os tra-balhadores.

O ministroZé Dirceu e o presidente do PT,José Genoíno, primeiro tentaramproibir parlamentares petistas de irao ato convocado pelos sindicatos epela CUT, depois liberaram a ban-cada, mas entraram em ação exigin-do que os parlamentares “fossemum exemplo para os demais partidosaliados”. Leia-se: que ninguém dis-cursasse contra as reformas e o go-verno.

Não é à toa, que quando chega-ram ao Palácio do Planalto, os mani-festantes entoaram “Stálin não mor-reu, virou o Zé Dirceu”.

Uma comissão, composta peloministro da Casa Civil, José Dirceu,do Planejamento, Guido Mantega,da Previdência, Ricardo Berzoini epelo assessor Luís Dulci, recebeuuma comissão dos manifestantes.

O professor Domingues, vice pre-sidente do ANDES-SN, que estevena comissão disse”Não tivemos ne-

M

LUTA CONTRAA REFORMA ENTRA

EM UM NOVO PATAMARnhum avanço. Só conseguiremosnossos objetivos se houvermobilização da categoria. As reivin-dicações só serão atendidas se hou-ver manifestações e paralisações”

A manifestação do dia 11, entre-tanto, com certeza, colocou amobilização contra a reforma numnovo patamar.

Agora é Luta e a tarefa de todos ossindicatos e ativistas é entrar emcheio na Campanha contra a refor-ma, esclarecendo a população e ga-

nhando o apoiocrescente dos tra-balhadores do se-tor privado à lutados servidores.

Os servidores,por sua vez, de-vem seguir ga-nhando as ruas deforma unificada,até a construção da

greve de todo setor público.

UNIR A ESQUERDA NA LUTAE NUM NOVO PARTIDO

Essa reforma é um divisor deáguas. Não é possível defender osinteresses dos trabalhadores e seguirna base do governo. Também já nãoé possível seguir fiel à luta da nossaclasse por dentro do PT, vide osparlamentares ameaçados de expul-são por se contraporem à reforma.Para ficar no PT é preciso abando-nar os trabalhadores e colocar-se aolado dos banqueiros e do acordocom o FMI.

Por tudo isso, é preciso que aesquerda socialista rompa com ogoverno e com o PT e que constru-amos juntos um novo partido, deluta, de classe, revolucionário e so-cialista, que possa ser uma alternati-va e uma referência de esquerdapara os trabalhadores brasileiros.

FALA ZÉ MARIA

A TAREFA DE TODOSOS SINDICATOS E

ATIVISTAS É ENTRAR EMCHEIO NA CAMPANHACONTRA A REFORMA

ão levou nem uma semana para que a votaçãodo CONCUT sobre a reforma da previdênciaentrasse em contradição e confronto com osmilhares de manifestantes que ocuparam Brasíliacontra o projeto do governo.

A direção da CUT e os parlamentares do PT, quedefendem emendar a PEC, modificando alguns pontos,como o aumento do teto para a contribuição dos inativosou uma regra de transição para a idade mínima, aceitame legitimam a essência da reforma: a privatização daPrevidência e o fim da integralidade e da paridade.

Tentam tapar o sol com a peneira, ao afirmar que areforma tem partes boas e partes ruins. Em vez de lutarpela retirada do projeto, tentam semear ilusões de queatravés de emendas é possível “melhorar” a reforma.

Mas esse projeto do FMI retira direitos históricos parabeneficiar os banqueiros e não atende a nenhum interes-se da classe trabalhadora. Querer emendá-lo é comoaceitar ser enforcado e defender negociar a cor da corda.

O líder do governo no Congresso, Nelson Pellegrino,afirma que a reforma está sendo feita por etapas e que,agora, no Congresso, abancada do PT pode ser um canalentre os servidores e o governo e que é possível negociare incluir algumas reivindicações dos servidores. A Co-missão do governo que recebeu uma comissão dosmanifestantes, por sua vez, deixou claro que não aceitanegociar nada que venha a “desfigurar” o projeto.

Setores que defendem emendar a reforma, como aArticulação Sindical, parlamentares do grupo dos 30 doPT, PCdoB e outros, aceitam o projeto no atacado,pressionam por migalhas no varejo e querem fazer crerque a via da “negociação” é a saída para os trabalhadores.

Outros ainda, como o deputado Ivan Valente, defen-dem a apresentação de emendas como uma “grande tática”para “implodir a reforma por dentro”, quando sabem, emuito bem, que a aprovação de qualquer emenda exige308 votos e que é mais fácil impedir que o governo tenhaesse número de votos, do que conseguir que 308 deputa-dos votem numa emenda que garanta a integralidade, aparidade ou a Previdência estatal e Pública.

A apresentação de emendas é uma grande armadilhacontra o movimento e contra a construção da luta, únicoinstrumento que pode derrotar a reforma. Muito longede “implodir por dentro o projeto”, ela conspira nosentido de implodir a unidade de todos os trabalhadoresna luta e de conduzir a mobilização para o beco semsaída, do jogo interno do parlamento burguês.

Por isso, estão corretíssimas as entidades que, como oANDES-SN, exigem a retirada da PEC40 ou a suarejeição integral pelo Congresso. Estão corretos tambémos parlamentares, chamados de “radicais”, que têm secomprometido a votar contra aPEC.

Aqueles que votarem nessa reforma – com emendasou sem emendas – merecem Ter sua cara colada nospostes de todo o país, como coveiros do serviço público.

EMENDAR A PEC40 É ARMADILHA

ZÉ LUIS E ROSA

s advogados do Insti-tuto José Luis e RosaSundermann tiveramuma entrevista com odelegado que atual-

mente acompanha o inquérito docrime, na Equipe Especial daDelegacia de Homicídios e Pro-teção a Pessoa (DHPP) na cidade

de São Paulo. O inquérito foitransferido para a capital, pois apolícia de São Carlos, depois demuita pressão, assumiu que nãotinha condições de chegar a con-clusão do caso.

Infelizmente a polícia ainda nãoapresentou nenhum suspeito, eresiste a seguir a linha de investi-gação adotada pelo Instituto, debuscar os criminosos entre os do-nos da Usina Ipiranga e seus com-

OASDRÚBAL BARBOSA,de São Paulo (SP)

CONTINUA A LUTA PELAPUNIÇÃO DOS ASSASSINOS

José Luis Sundermann

ARQUIVO PSTU

parsas. Não entende que a hipó-tese mais provável seja de crimepolítico.

Mesmo assim os advogadosinsistiram e apresentaram os indí-cios que envolvem a famíliaTitoto, dona da Usina, em maiscrimes na região de Ribeirão Pre-to, desde roubo de carros, estelio-nato e homicídios, demonstran-do a índole criminosa desta famí-lia de latifundiários.

Nove anos de impunidade

N

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4 OOOOOPINIÃOPINIÃOPINIÃOPINIÃOPINIÃO S S S S SOCIALISTAOCIALISTAOCIALISTAOCIALISTAOCIALISTA

JOSÉ MARTINS, economista doNúcleo de Educação Popular 13 de Maio

ECONOMIA

Até pouco antes de suaposse como presidenteda República, Lula daSilva gritava aos qua-tro ventos que no seugoverno os problemaseconômicos seriam re-solvidos por decisõespolíticas. Passados cincomeses de governo, o vice-presidente (José Alencar) re-bela-se contra as elevadas taxas de j u r o s :“Isso não é decisão para economistas. Édecisão para políticos”, justifica. Lula daSilva já não pensa mais assim. Em respos-ta ao seu inquieto vice-presidente, de-clarou como um economista qualquerque os juros precisam cair, mas “issonão se faz com bravatas”.

Quem está certo nessa obscenadiscussão sobre os juros? Lula,que agora defende as decisõeseconômicas para os proble-mas políticos, ou Alencar,que defende as decisões po-líticas para os problemaseconômicos? Nenhumdos dois. Não existe dec i s ãoeconômica que não seja políti-ca. A economia sem- pre foi eserá uma Econo- mia Política,como os funda- dores AdamSmith e David Ricardo a deno-minavam. Por detrás das técni-cas econômi- cas – como, porexemplo, a decisão do BancoC e n t r a l em aumentar aindamais a taxa básica de juros –

existe uma luta de dife-rentes grupos capitalistas e

seus interesses particularessobre os rumos da economia

brasileira. Alencar quer a redução da

taxa de juros – como todos oscapitalistas que acham que o remé-

dio para os problemas da economiabrasileira está no aumento das expor-

tações e diminuição das importações –porque ele é o proprietário de grandes

indústrias têxteis que se beneficiaram re-centemente com a desvalorização do real

frente ao dólar e aumentaram brutalmenteseus lucros nas exportações.

Lula quer a manutenção de elevadas taxas dejuros – como todos os capitalistas que achamque o remédio para os problemas da economiabrasileira está no combate à inflação dos preçosatravés do corte das despesas correntes dogoverno, da valorização artificial do real frenteao dólar e de uma simultânea abertura domercado nacional para os fluxos de mercado-rias e de recursos externos – porque ele aceitouespertamente a função de despachante do Fun-do Monetário Internacional (FMI) e pode serrecompensado pelos donos do mundo comum longo período na presidência da Repúbli-ca, como aconteceu com seu antecessor FHC.

Nem a posição de Alencar/máfia exportado-ra, nem a de Lula/FMI, vão resolver os proble-mas da economia brasileira. E nem existem

grandes discordâncias entre os dois. Enquantoas exportações de mercadorias batem recordesseguidos e a taxa de inflação volta a cair comforça, os dados publicados na última semanamostram que está em curso um processo plane-jado de destruição da economia: produção in-dustrial já está em queda (-3.36% em março/03);investimentos industriais desabando (- 16% nasencomendas de bens de capital no 1º trimestre/03); utilização da capacidade instalada atingindoníveis críticos; desemprego da força de trabalhobatendo recordes históricos; salários e rendi-mentos individuais continuamente arrochados;comércio interno paralisado etc.

Em resumo: simultaneamente ao aumentodesmesurado das exportações nos últimos quin-ze meses (o que favoreceu os lucros do time doAlencar), e ao aumento criminoso do superávitfiscal interno (o que aumentou as rendas e osjuros do time de Lula/FMI), a produção nacio-nal continuou derretendo. Entre o ano de 1977,quando atingiu seu maior valor (US$ 807 bi-lhões) e 2002 (US$ 451 bilhões), o ProdutoInterno Bruto (PIB) caiu quase pela metade,em valores reais.

A política do FMI no Brasil é a política que ocapital global impõe a economias dominadaspara a superação da crise que ele mesmo criou. Épor isso que essa política do FMI não pode sercontestada pelos interesses particulares desta oudaquela fração das classes dominantes nacionais.Ela tolera apenas pequenos ajustes nas perdas enos ganhos desta ou daquela fração de capitalis-tas. Nada mais do que isso.

Quem pode mais chora menos. Nessa discus-são da taxa de juros, os representantes da máfiaexportadora estão chorando e os que estão exe-cutando com mais desenvoltura a política doFMI não param de rir. Mas não se iludam, logo,logo, todos eles estarão rindo juntos, se reconci-liando como uma verdadeira franco maçonariacapitalista para continuar unidos no massacresobre os trabalhadores, quer dizer, sobre asverdadeiras forças produtivas nacionais.

ENQUANTO A PRODUÇÃO NACIONAL É DESTRUÍDA, ASMÁFIAS DOS EXPORTADORES E DO FMI TRAVAM UMA OBSCENA

DISCUSSÃO SOBRE OS JUROS DO BANCO CENTRAL

ALÉM DAS TAXASDE JUROS

Leia,divulguee assinea CríticaSemanalda Eco-nomia.Ligueagorapara (11)91326635ou passeum [email protected]

Recente episódio das mortesnas UTIs de Fortalezaescancara a falência dosistema público de saúde ea rapinagem dos hospitaisparticulares

GIAMBATISTA BRITO,de Fortaleza (CE)

O Brasil inteiro acompanhouperplexo as mortes nos hospi-tais públicos de Fortaleza, pelasuperlotação dos leitos de UTI.Ao menos 25 pessoas morre-ram na fila de espera em 25dias.

O episódio tomou tal dimensãoque chegou a merecer uma in-tervenção, mesmo que morna,do atual ministro da Saúde,Humberto Costa. Apesar doalarde, essa não é uma situa-ção nova.

De janeiro a agosto de 2001,224 pessoas morreram na fila -num único hospital público deFortaleza - , sendo que ao me-nos 113 delas poderiam estarvivas se tivessem UTI. Fortale-za tinha então 326 leitos deUTI: 168 em hospitais públicose 158 em hospitais particula-res, 29% dos leitos necessári-os. Hoje são 510 leitos em todoo Estado, sendo 367 em hospi-tais públicos. Segundo a Orga-nização Mundial de Saúde(OMS), seriam necessários,apenas na capital, 1.150.

Esse, porém, é apenas um doselementos do verdadeiro fra-casso do sistema de saúde. OCeará enfrenta um dos maio-res surtos de dengue do país:10.394 casos do tipo clássico e123 de dengue hemorrágica,com 12 vítimas fatais. O nú-mero de casos de meningitecom morte também deu umsalto.

Enquanto o estado sofrer com amiséria e a pobreza, o númerode vítimas nos hospitais - e quedirá fora deles! -, seguirá sen-do assustador. Mais da metadeda população vive abaixo donível da indigência.

Mas a recente tragédia deixouclara a incompatibilidade entrea existência de hospitais parti-culares e o dever do estado degarantir saúde de qualidade.Enquanto pessoas morriamcomo moscas nas filas, a Asso-ciação dos Hospitais Particula-res aproveitava para exigir oaumento da diária paga peloSUS (R$ 170,00), para “ceder”um leito particular, cujo preçode mercado alcança a cifra deR$ 900,00. Uma das razões denão haver leitos disponíveis éque os planos de saúde priva-dos ocupam os destinados apacientes do SUS.

Exigir do governo Lula a estati-zação da rede de hospitais par-ticulares, para garantir saúdepública de qualidade para to-dos, deve ser uma bandeira detodos os trabalhadores.

Mortes noshospitais deFortaleza

SAÚDE

Quem está certo? Lula, que agoradefende decisões econômicaspara os problemas políticos, ouAlencar, que defende decisõespolíticas para os problemaseconômicos? Nenhum dos dois.

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5Edição 152 - Ano VIII - De 12 a 25 de junho de 2003

ALCA

ROMPER JÁ AS NEGOCIAÇÕESA PROPOSTA DO GOVERNO LULA DE REALIZAR UM ACORDO DE LIVRE COMÉRCIO ENTRE

O MERCOSUL E OS EUA, O 4 + 1, NÃO TEM NENHUMA CONTRADIÇÃO COM A ALCA

a semana que precedeu a visita dorepresentante comercial norte-ame-ricano, Robert Zoellick, houve umareunião ministerial para “afinar” odiscurso do governo Lula com rela-

ção à Alca.Na aparência, os ministros ligados à área

econômica estavam avançando o sinal ao sedeclararem a favor de acelerar as negociaçõesda Alca. E isto questionava a tática do Minis-tério das Relações Exteriores (MRE) de nãoentregar propostas nas áreas de serviços eliberação financeira, em represália à posiçãonorte-americana de discutir os “interesses doBrasil” somente no âmbito da OMC.

Depois da reunião, a proposta “oficial” dogoverno, centrada em construir um acordocomercial do Mercosul com os EUA, conhe-cida como 4+1, foi saudada como uma vitóriado Ministério das Relações Exteriores, ou dosintegrantes do governo Lula contrários à Alca.

Diante deste quadro, muitos advogam quea melhor tática da luta contra a Alca já não seriaa luta pela ruptura das negociações e simapoiar o governo para realizar uma “negocia-ção soberana”. Em outro nível, a ArticulaçãoSindical, no Congresso da CUT rejeitou atémesmo a proposta de exigir do governo arealização do Plebiscito Oficial.

“4+1” e Alca: quala contradição?

O Brasil negocia de forma simultânea aAlca e a nova rodada da Organização Mundialdo Comércio (OMC), que discute ampliar aliberação dos serviços e a abertura dos merca-dos dos países industrializados aos produtosagrícolas dos países periféricos. E, se nãobastasse, está discutindo também um acordode livre comércio com a União Européia.

Os EUA transferiram vários temas de “in-teresse do Brasil” na Alca para a negociação daOMC, como o acesso dos produtos agrícolasbrasileiros ao mercado americano e as barrei-ras não tarifárias1.

Esta política dos EUA está baseada no fatode que existem duas negociações simultâneas.

E, caso ele ceda às reivindicações dos latifun-diários exportadores brasileiros na Alca, fica-ria obrigado a ceder também dentro da OMC.Pois existe uma cláusula no acordo da OMC,que define que tudo o que seja negociado nosacordos regionais– além do que existe noâmbito dela - deve ser ampliado a todos ospaíses da OMC.

O problema é que as negociações da OMCestão encalacradas pela negativa da UniãoEuropéia de abrir seu mercado agrícola. Opano de fundo da paralisação na negociaçãoda OMC é a crise econômica mundial e arecessão que já toma conta da Alemanha.

Este impasse na OMC levou a uma crise nasnegociações da Alca, pois todo o tema agrícolaagora fica dependente do avanço ou não dasnegociações na OMC para deslanchar na Alca.2

A proposta de um acordo “bilateral” entreo Mercosul e os EUA, que é apresentada porintegrantes do PT como uma alternativa àAlca, na verdade é o oposto. Ele desbloqueariaa crise atual, abrindo o caminho para a implan-tação da Alca.

Se existisse qualquer contradição entre osacordos bilaterais e a Alca, os EUA não teriamassinado nestes dias um acordo de Livre Co-mércio com o Chile. Mas quem não deixadúvidas sobre o conteúdo da proposta dogoverno é o próprio Celso Amorim, Ministrodas Relações Exteriores: “Eu tenho dito que o‘4+1’ não substitui a Alca. Isto é um problema de foco.O que nós dissemos foi que exploraríamos o máximo aspossibilidades de aprofundar o ‘4+1’”3

Na mesma entrevista, o representante nor-te-americano também não descartava a possi-bilidade do 4 + 1. Apenas preferia apostarpelo desbloqueio das negociações da OMC,antes de iniciar uma discussão bilateral com oBrasil. Então, não estamos diante de umaproposta contra a Alca, e sim, ante uma formade acelerar um dos aspectos da negociação daAlca que é a parte relativa ao “livre comércio”.

Exportar é oque importa?

Todos sabemos que a Alca é muito mais doque um acordo de “livre comércio”. Os temasem negociação envolvem a perda total desoberania de todos os países da América Latina.

Mas, desde quando a redução da Alca a umacordo de livre comércio entre o Mercosul eos EUA traria benefícios aos trabalhadoresbrasileiros? A essência do problema perma-nece. A abertura total de nossas fronteiras àsempresas norte-americanas traria: desempre-go, fechamento de fábricas e recolonização.

Então, o debate dentro do governo não éde conteúdo, mas de ritmo. Todos estão afavor de manter e aprofundar nossa submissãoao imperialismo. Talvez a tabela abaixo expli-que porque o vice-presidente Alencar, pro-prietário da empresa Coteminas, e o ministroda Sadia, Furlan, tenham mais pressa: o lucrode suas empresas depende das exportações.Mas, enquanto eles exportam, nossos saláriosseguem caindo e o desemprego aumentando.

Se o governo estivesse defendendo o inte-resse dos trabalhadores não teria outra alterna-tiva, a não ser romper já as negociações.

Por isso, devemos seguir e ampliar o traba-lho com o abaixo-assinado que exige dogoverno um Plebiscito Oficial.

1 São formas de impedir o acesso ao mercado que nãoutiliza as tarifas, como “Lei anti-dumping”, barreirasfitosanitárias, imposição de cotas, etc.2 O próprio ministro explica a relação entre as negociações:“Na realidade as três negociações podem ser vistas comoum processo único em três tabuleiros, na medida em queestão sendo remetidos à Rodada de Doha vários temas (...)A indisposição norte-americana em debater os subsídiosagrícolas e as regras anti-dumping na ALCA constitui oexemplo mais notório. Esta circunstância faz com que seuscronogramas sejam interdependentes e requeiram umaharmonização.” Palestra proferida no xv Forum Nacional. (mre.gov.br)3 Transcrição da conferência de imprensa conjunta entre C.Amorin e R. Zoellick , 28/05 (www.ustr.gov)

JOÃO RICARDO SOARES,da redação

N

No Equador, a III Convenção Nacio-nal Contra a Alca marcou para o dia 12 deoutubro a realização de um plebiscitopopular. Na Colômbia,está sendo convo-cado um Fórum de resistência contra aAlca. E, nos dias 6 e 7 de junho, foirealizado na Bolívia o I Encontro Nacio-nal contra a Alca, que, entre as principaisdeliberações, decidiu pela realização deum plebiscito popular e uma grande cam-panha de esclarecimento à população, coma edição de jornais e cartilhas.

Cresce amobilização

contra a Alca naAmérica Latina

LEIA A CARTILHA

PEDIDOS:INSTITUTO JOSÉ LUISE ROSA [email protected]. (11) 4439.1049

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6 OOOOOPINIÃOPINIÃOPINIÃOPINIÃOPINIÃO S S S S SOCIALISTAOCIALISTAOCIALISTAOCIALISTAOCIALISTA

e 18 a 22 de junho esta-rá acontecendo o 48ºCongresso da UNE,em Goiânia (GO). Estecongresso tem muita

importância, pois vai definir a po-sição da entidade diante do go-verno Lula.

A direção majoritária da UNE– UJS, ligada ao PC do B – e seusaliados de direita (PSDB, PTB,PPS, PSB etc) vêm atrelando cadavez mais a UNE ao governo.

Essas correntes apóiam, de fato,a política que o governo aplica, desubmissão do país aos ditames doFMI e do Banco Mundial. Elas secalam diante dos cortes de verbaspara a educação pública e desviodestas para o ensino privado. De-fendem a participação da UNEno Conselho de Desenvolvimen-to Econômico e Social (CDES),órgão de maioria empresarial, cria-do para legitimar as reformas doFMI. E seus partidos já definiramvotar a favor da reforma da Previ-dência no Congresso Nacional.

Por outro lado, a Articulação Es-tudantil - corrente majoritária noPT e no governo - defende umaentidade ainda mais governista.Quer que a UNE apóie todas asmedidas do governo, ao invés depropor organizar a luta dos estu-dantes por suas reivindicações.

Contra estas correntes, estu-dantes ligados à juventude doPSTU, que se organizam na teseRUPTURA, vêm defendendo anecessidade de um forte BLO-CO DE ESQUERDA. Um blo-co para recolocar a UNE no rumoda luta social e da organizaçãopela base. Para construir uma ali-ança com os trabalhadores contraas medidas neoliberais que vêmsendo aplicadas. Para garantir umaUNE independente do governoe democrática.

ORGANIZAR A LUTA EMDEFESA DA EDUCAÇÃO ECONTRA A REFORMA DAPREVIDÊNCIA

A eleição de Lula gerou muitasexpectativas nos estudantes e no

HERMANO ROCHA DE MELO,primeiro-secretário da UNE

CONUNE

UNE: GOVERNISMOOU INDEPENDÊNCIA?

NO 48º CONGRESSO DA UNE, OS ESTUDANTES QUE SE ORGANIZAM NATESE RUPTURA ESTARÃO LUTANDO PELA FORMAÇÃO DE UM BLOCO DE ESQUERDA

PARA DEFENDER UMA UNE INDEPENDENTE, DEMOCRÁTICA E DE LUTA

movimento estudantil. Era gran-de a esperança de que esse gover-no e o novo ministro da Educa-ção, Cristóvam Buarque, fossemacabar com o projeto neoliberal ecolocar a Educação como priori-dade nacional. Mas está aconte-cendo o oposto disto.

O atual governo manteve asnegociações da Alca e assumiuainda mais compromissos com oFMI, aprofundando o modeloneoliberal de FHC. Ele está ata-cando a educação e todos os ser-viços públicos para continuar pa-gando a dívida externa. A propos-ta de reforma da Previdência, alémde retirar direitos históricos dostrabalhadores e privatizar a previ-dência, atinge também a educa-ção.

Segundo o ANDES, sindicatonacional dos professores das uni-versidades, 13% dos professorespodem se aposentar já, para nãoperder o direito à aposentadoria.Na maioria das universidades au-mentaram em mais de 100% ospedidos de aposentadoria. Issolevará ao fechamento de muitoscursos por falta de professores. Onúmero de substitutos contrata-dos temporariamente vai aumen-tar e vai piorar muito a qualidadede ensino.

Há hoje manifestações por todoo país para barrar essa reforma. Noúltimo dia 11, milhares tomaramBrasília. Essa luta vai continuar,pois o funcionalismo - especial-mente funcionários e professoresdas universidades - vai seguir mo-bilizado, e tem, inclusive,indicativo de greve para a segundaquinzena de junho, justamentedurante o congresso da UNE.

O congresso tem a tarefa deaprovar uma posição clara contra aReforma da Previdência e pelaretirada da PEC 40 do CongressoNacional. A UNE tem que estarao lado dos professores e funcio-nários nesta luta, chamando osestudantes a estarem com eles nasruas e apoiando a construção dasua greve. É preciso criar coman-dos de mobilização em todas asuniversidades e organizar o mo-vimento para derrotar mais esteataque à Educação.

Bancadado PSTUno 46ºConune

D

o congresso da CUThouve um fato muitopositivo: a esquerda seunificou numa chapacomum. O PC do B,

pelo contrário, junto com outrossetores equivocados, fechou cha-pa com a Articulação.

Na UNE, a necessidade de umbloco de esquerda é urgente. Pois,do contrário, as lutas do movi-mento estudantil que estão porvir no segundo semestre, ficarãosem uma alternativa clara de dire-ção frente ao imobilismo e aburocratização da entidade.

Infelizmente, a maioria dascorrentes da esquerda do PT(Articulação de Esquerda, Democra-cia Socialista, Força Socialista e OTrabalho) vêm se recusando aunificar a esquerda na UNE.Os companheiros têm feito vá-rias alianças com setores quesempre combatemos no movi-mento, como o PPS, o MR-8 eaté o PFL, que graças a essapolítica dos companheiros estáhoje na tesouraria da UniãoCatarinense dos Estudantes.

No congresso da UNE, que-rem uma chapa de “Unidade doPT”, ou seja, com a Articulação.Perguntamos a esses companhei-ros como é possível fazer unidadecom aqueles que dirigem o go-verno, negociam a Alca e aplicammedidas do FMI, como a reformada Previdência? Como é possível

Como na CUT,é preciso unir a

esquerda da UNEestar junto com quem quer ex-pulsar do PT os que votarem con-tra ataques aos trabalhadores queo governo quer aprovar? De quelado os companheiros vão estar,quando vier a greve do funciona-lismo: do lado dos grevistas ou dogoverno?

Acreditamos que esta políticaé um grave erro, pois longe derepresentar uma alternativa dedireção para a UNE, vai signifi-car a unidade com aqueles quenos atacam.

Sabemos que a maioria doscompanheiros das teses Radicalizara UNE e Contestação não concor-dam com essa aliança, mastampouco se definiram por umbloco de esquerda. Seria um gran-de erro que a esquerda que estáunida na luta do funcionalismo sedividisse no Conune. É precisoque atuemos juntos e unamos todaa esquerda numa única chapa nocongresso e na luta depois dele.

Chamamos a todos os DCEs,CAs, Executivas de Curso, com-panheiros independentes ou mi-litantes petistas que estão descon-tentes com os rumos do governoLula, para organizarmos uma al-ternativa e um BLOCO DE ES-QUERDA NA UNE. E chama-mos os companheiros da esquer-da do PT a refletirem e mudaremsua política para que possamos,unidos,lutar por uma nova dire-ção para a UNE.

N

LOCAL: Congresso da UNE, Praça UniversitáriaDIA: 20/06, 12h.ORGANIZAÇÃO: DCE UFGPRESENÇAS CONFIRMADAS:ANDES-SN, Entidades do funcionalismo, BABÁ (Dep. FederalPT-PA) e LUCIANA GENRO (Dep. Federal PT-RS), José Mariade Almeida (Diretor da CUT - Presidente do PSTU).

ATO CONTRA A REFORMA DA PREVIDÊNCIAE EM DEFESA DA EDUCAÇÃO

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7Edição 152 - Ano VIII - De 12 a 25 de junho de 2003

EDUCAÇÃO

timas notícias para osempresários do ensino.Conforme anuncia aFolha Online, em 07/03,cria-se pela primeira

vez no Brasil o programa bolsa-universidade, que, a exem-plo do Financiamento Estu-dantil/FIES, do governoFHC, visa manter alunoscarentes em faculdades pri-vadas.

A notícia em foco é respal-dada por outra, de 10/03, se-gundo a qual, em 2003, o gover-no agraciará as empresas de ensi-no superior com 396 mil alunos,através de um programa de finan-ciamento, que se juntarão aos 180mil beneficiários da bolsa-uni-versidade.

Tais medidas vêm deencontro às promessasde campanha do presiden-te Lula, que,como candidato,jamais fez segredo de seu intentode tratar regiamente o mercadodo ensino superior, triplicando ocrédito educativo, conforme de-clarou repetidas vezes nos pro-gramas do horário eleitoral.

Aliás, com o total de beneficiá-rios previsto, Lula vem cumprircom larga folga sua promessa, pois,até 2002, segundo a mesma maté-ria, o FIES alcançava 184 mil alu-nos de faculdades privadas do país.

Assim, enquanto o governo sedispõe, de pronto, a investir noensino superior privado, à uni-versidade pública, restará torcerpara que o orçamento de 2004 lheconceda alguma graça financeira,conformando-se, no aqui e ago-ra, com as pontuais mudanças bu-rocráticas apontadas pelo Minis-tro da Educação.

Apenas ingenuamente poderí-amos indagar porque tão vultuososrecursos extraviaram-se do ende-reço da universidade pública, umdestinatário, por assim dizer, na-tural, das verbas alocadas para oensino superior do país.

É oportuno lembrar aqui a retó-rica estreita e míope decalcada dacartilha do Banco Mundial, se-gundo a qual, deve o Brasil, aindaàs voltas com o problema do anal-fabetismo crônico, e carente derecursos que atendam as necessi-dades relativas a todos os níveis deensino, recanalizar “o pouco deque dispõe”, para o ensino funda-mental, ao invés de financiar oensino superior público.

Tal raciocínio faz pouco casodas distorções e limitações advin-das do atrelamento da instituiçãouniversitária aos mecanismos de

mercado, pois, subjugando-se opotencial científico-cultural dauniversidade aos interesses merca-dológicos, barganha-se a condi-ção primeira para a produção deconhecimentos que respondamaos mais legítimos – e, por nature-za, mais universais – carecimentosda vida social: a realização autô-noma e críticada atividade in-telectual e cien-tífica.

Ainda mais,o que ironica-mente se cons-tata é que, lon-ge de economi-zar aos cofrespúblicos preciosas divisas relati-vas à universidade, a fim de, con-forme se alega, garantir um aporteadequado de recursos para a edu-cação básica, o Estado continuaassumindo pesados compromis-sos com a educação superior dopaís, no caso, apadrinhando em-presas privadas (com o nobre pro-pósito, confor-me o cínico ar-gumento utili-zado, de abriras portas do en-sino superior àpopulação ca-rente impedidade tomar assen-to nos bancoselitizados da universidade públi-ca).

Ora, é plausível supor-se queos recursos endereçados à bolsa-universidade e a outros progra-mas do tipo, se injetados nos campi

ÓSUSANA VASCONCELOSJIMENEZ*,especial para o Opinião Socialista

SOCIEDADE SEMUNIVERSIDADES

O PROGRAMA BOLSA-UNIVERSIDADE, ANUNCIADO PELO GOVERNO LULA, DESTINA VERBASPÚBLICAS PARA INSTITUIÇÕES PRIVADAS E AGRAVA A SITUAÇÃO DO ENSINO SUPERIOR

das universidades públicas, po-deriam reverter-se em uma am-pliação considerável de vagas, per-mitindo que um contingente mai-or de jovens fizesse jus a umaformação de melhor qualidade,algo que a universidade pública,não obstante suas crônicas imper-feições históricas e trágicas difi-

culdades atuais,tem sido capazde garantir. Aofinal e ao cabo,estar-se-ia, ago-ra sim, promo-vendo o apro-fundamento daautêntica demo-cratização do es-

paço universitário.O governo Lula vem reafirmar,

então, que, muito mais do queeconomizar o suado dinheiro pú-blico, o que está em pauta é aabsoluta determinação de pri-vatizar, comercializar a universi-dade, de ponta a ponta.

Assim, enquanto cuida-se dereforçar o caixadas faculdadesprivadas, a cres-cente penúriaorçamentár iareduz drastica-mente a dispo-nibilidade debolsas (sim, debolsas!) de estu-

do e pesquisa para os alunos dasuniversidades públicas, as quais,outrossim, sob o peso da insufici-ência aguda de recursos, passam aprostituir-se no comércio de cur-sos e serviços de toda ordem,

Suzana Vasconcelos éprofessora do Centro deEducação e Diretora Adjuntado Instituto de Estudos ePesquisas do MovimentoOperário - IMO, daUniversidade Estadual doCeará. Sitio digital:www.imonet.hpg.com.br

além do que, ainda vêem-seconstrangidas a suportar uma cam-panha sem trégua de desprestígiomoral aos olhos da sociedade.

Ainda mais, correndo solto nocampo dos favorecimentos ofici-ais, o moderno ensino superior

privado, via de regra, dedi-ca-se ao ensino, melhordizendo, ao ensino me-nor, voltado à certificação

rapidamente con-cedida através decursos concebi-dos em nome do

mercado, a estudantes jogadosna arena da competição embrute-cedora pela melhoria de um fala-cioso potencial de empregabilidade.Sem pesquisa, sem organizaçãode classe, sem debate acadêmico-político, resta aos clientes, umpacote instrucional pronto-para-consumo, embutido em uma ela-borada peça de marketing que exaltaa imagem da empresa prestadorade tais serviços.

Assim, ao que tudo indica, ca-minhamos para uma sociedadebrasileira sem universidades dig-nas dessa denominação.

Urge, todavia, dizer ainda umapalavra sobre o programa, cujoanúncio motivou o presente arti-go, pois, como se não bastasse ofato de favorecer o mercado doensino superior, o programa bol-sa-universidade exibe uma defor-midade “extra”, capaz de levar aodelírio os neoliberais de todas ascepas.

Ora, ao contrário dos demaisprogramas, que prevêem posteri-or reembolso, aqui estipula-se oserviço comunitário em escolaspúblicas, como forma de paga-mento. Trocando em miúdos, talserviço, segundo se noticia, re-dunda em que, apoiados por seusprofessores, os alunos devem ser aprovei-tados na grade curricular, ensinando, jus-tamente, as matérias que trabalham nassuas faculdades.

Assim, os beneficiários da bol-sa-universidade estarão, involun-tariamente, contribuindo para oagravamento do desemprego emseu próprio campo de trabalho,substituindo nas escolas públicas,professores condignamente con-tratados, além de, em tese, plena-mente capacitados para o misterde ensinar!

LULA JAMAIS FEZSEGREDO DE SEU

INTENTO DE TRATARREGIAMENTE O MER-

CADO DE ENSINOSUPERIOR

OS BENEFICIÁRIOS DABOLSA-UNIVERSIDA-

DE ESTARÃO,INVOLUNTARIAMENTE,CONTRIBUINDO PARA

O DESEMPREGO

ILUSTRAÇÃO LATUFF

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8 OOOOOPINIÃOPINIÃOPINIÃOPINIÃOPINIÃO S S S S SOCIALISTAOCIALISTAOCIALISTAOCIALISTAOCIALISTA

“1, 2, 3, 4, 5, MIL, OU PÁRA A REFO

FUNCIONALISMO

A passeata desde seu início foi marcada por umtom de franca oposição à reforma, com os mani-festantes gritando “Ô Berzoini, preste atenção,essa reforma é privatização”. A manifestação ad-quiriu o caráter anti-reforma e pela retirada daPEC 40, apesar e contra a maioria das direção daCUT e da CNTE, que defendem participar doprocesso de reformas, apresentando emendas. Estasdireções apostam numa atuação que prioriza anegociação no Congresso Nacional e com o go-verno, ao invés de centrar na luta e num calendárioque dê seqüência a ela, como o próprio dia 11demonstrou ser possível.

Mas, a massa de manifestantes presente emBrasília demonstrou o caminho correto a seguir eforte disposição de construir a luta para impedir areforma.

As palavras de ordem, adesivos e faixas, atémesmo cartazes feitos em casa pelos própriosmanifestantes, apontavam na linha de combater oProjeto de Emenda Constitucional da reforma daprevidência, que é, em sua totalidade, estruturadopara atender os interesses dos banqueiros e asexigências do FMI.

“Ô Berzoini,preste atenção,essa reforma éprivatização”

erca de 25 mil trabalha-dores tomaram a Espla-nada dos Ministérios,em Brasília, ao longodo dia 11 de junho, pro-

testando contra a reforma da Pre-vidência proposta pelo governo.

Foram fundamentalmente ser-vidores públicos, federais, estadu-ais, municipais e aposentados, mastambém trabalhadores da iniciati-va privada, como metalúrgicos.

Num clima de radicalização erevolta contra a reforma encami-nhada por Lula, muitos manifes-tantes externavam sua indignaçãocom o que consideravam umatraição da direção do PT.

Após uma grande concentra-ção na Catedral, os manifestantestomaram as 6 faixas da via queatravessa a Esplanada, e mais boaparte do gramado, se dirigindo aoMinistério da Previdência, pas-sando pelo Palácio do Planalto efinalizando o ato diante do Con-gresso, onde ocorreram a maioriadas intervenções das entidades,parlamentares e partidos.

CROGÉRIO MARZOLA,diretor da Fasubra

FOTOSMAURÍCIOSABINO

Mais de 20 mil trabalhadores tomamBrasília contra a reforma da Previdência

MANIFESTAÇÃO FOI O PRIMEIRO GRANDE ATO DE PROTESTO CONTRA A POLÍTICADO GOVERNO LULA E COLOCOU NUM NOVO PATAMAR A LUTA CONTRA A REFORMA

UM ATO CONTRA A REFORMAE PELA RETIRADA DA PEC 40 Parlamentares e sindicalistas

contrários à reforma são ovacionados,Os sindicalistas e parlamentares que estão construindo a mobilização e são pela

retirada da PEC foram muito aplaudidos. Especialmente os radicais ameaçados deexpulsão pelo PT, como Luciana Genro, Babá e João Fontes. A senadora HeloísaHelena, então, foi ovacionada, ao dizer que “a reforma só serve aos gigolôs do FMI” .

O presidente do PSTU, Zé Maria, também foi muito aplaudido ao defender a retiradado projeto do Congresso e dizer que não é possível emendar essa reforma do FMI.

já os pró-reforma, vaiados sem piedadePorém, o setor que está atuando a favor do Governo e defendendo as reformas foi

hostilizado pela massa de manifestantes. Luis Marinho, recém eleito presidente daCUT, foi tão vaiado pelo conjunto, que não conseguiu se fazer ouvir e teve queencerrar seu discurso em menos de 2 minutos. Ele aindaensaiou “Não venho como amigo do Lula”, em seguida se con-frontou com os manifestantes “Não estou entendendo a posiçãodesses companheiros”. No final, sem conseguir colocar a posiçãooficial da CUT em defesa de emendas “para melhorar” areforma, apelou e saiu conclamando que “os companheiros doPSTU parem com esse comportamento porque isso não ajuda a classetrabalhadora” , na tentativa de fazer colar e ecoar na mídia deque as vaias eram essencialmente dos militantes do PSTU,quando, na verdade, mais de 80% do ato o estava vaiando semparar.

Nelson Pellegrino (PT-BA), líder do governo no Con-gresso, foi outro tremendamente vaiado e hostilizado.Manifestantes, muitos, inclusive, petistas de base, gritavam“traidor”, “pelego”. Inácio Arruda (PC do B-CE), quevotou a favor da reforma na Comissão de Constituição eJustiça, agilizando o trabalho para o governo no Congresso,também foi vaiado sem dó.

O PCdoB também tentou responsabilizar o PSTU pelas vaias. Copiando LuísMarinho, buscou taxar os que estavam vaiando como “uns poucos militantes do PSTU”,quando a revolta e as vaias eram da grande massa presente no ato, toda ela indignada como governo e seus representantes no Parlamento e dentro das entidades sindicais.

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9Edição 152 - Ano VIII - De 12 a 25 de junho de 2003

REFORMA OU PARAMOS O BRASIL”

Continua a mobilização dosprofessores da rede estadualde ensino de São Paulo contraa reforma apresentada pelo go-vernador Geraldo Alckmin(PSDB). Os servidores da Edu-cação não se intimidaram coma repressão violenta da PolíciaMilitar e, junto com os traba-lhadores da Saúde, impedirama primeira votação do projetoque quer reduzir os salários dofuncionalismo estadual.

Em 20 de maio, o governa-dor enviou à AssembléiaLegislativa um projeto de leique cria uma contribuição pre-videnciária de 5% para todosos servidores estaduais. Essepercentual soma-se aos 6% quejá são descontados para o IPESP(Instituto de Previdência) e aos2% para o IAMSPE (plano desaúde), totalizando 13% de des-contos. Isso, sem nenhum rea-juste salarial. Ou seja: na práti-ca, o governo de São Pauloquer reduzir o salário dos ser-vidores.

Diante disso, os professoresiniciaram uma vigília perma-nente em frente à Assembléia.

No dia 10 de junho, data pre-vista para que os deputados vo-tassem o projeto, os servidoresda saúde realizaram uma grevede 24 horas e somaram-se àmobilização. As centenas demanifestantes ocuparam o ple-nário e conseguiram impedir avotação. Mas foram duramentereprimidos pela polícia militare várias pessoas ficaram feridas.

Até o fechamento desta edi-ção (11 de junho), o governonão havia conseguido colocar oprojeto em votação. Os profes-sores continuavam a vigília emfrente à Assembléia Legislativae os servidores da Saúde perma-neciam mobilizados, com indi-cativo de greve por tempo inde-terminado para 22 de agosto.

Cabe lembrar que o projetode Alckmin está diretamente li-gado à proposta de reforma deLula, que ataca a aposentadoriaespecial dos professores e esta-belece a Previdência comple-mentar para enriquecer os ban-queiros. A Apeoesp enviou 20ônibus a Brasília para participarda marcha contra a reforma daPrevidência. Da mesma forma,em São Paulo, junto com osdemais servidores estaduais, osprofessores estão firmes na luta.

O governo Aécio Neves(PSDB), seguindo os passosdo governo federal, apresen-tou o seu projeto de reformada Previdência que, se apro-vado, vai significar um ataqueduríssimo aos servidores mi-neiros. Entre as propostas es-tão taxar os servidores inativos,quebrar a paridade de venci-mentos entre aposentados epessoal da ativa, reformar oIPSEMG (Instituto de Previ-dência dos Servidores), priva-tizar o serviço de saúde e im-por uma idade mínima paraaposentadoria – 55 e 60 anos –para mulheres e homens, res-pectivamente.

O governo tucano tambémpretende instituir uma avalia-ção de desempenho que podelevar à exoneração do servi-dor. Ainda por cima, acaba como regime jurídico único, im-pondo a contratação somentepela CLT (Consolidação dasLeis do Trabalho), acaba como Estatuto do Servidor e sus-pende o concurso público, quejá tem milhares de aprovados àespera da posse.

Aécio aprofundareforma do FMI

O funcionalismo público estáem luta contra essa reforma. Navanguarda estão os 230 mil pro-fissionais da Educação estadual.A categoria vem realizando for-tes paralisações por tempo de-terminado. A última foi nos dias10 e 12 de junho, coincidindocom a ida da caravana a Brasíliacontra a reforma da Previdên-cia.

A próxima assembléia seráno dia 17 e pode votar a grevepor tempo indeterminado. Exis-te disposição de luta entre ostrabalhadores – a última assem-bléia contou com sete mil –,mas a direção do Sindicato, vin-culada à Articulação, não apostana mobilização para derrotar oprojeto tucano e tem negado apalavra para os membros daoposição nas assembléias. Osdirigentes não querem vinculara luta contra a reforma de Aécioàs mobilizações contra a refor-ma de Lula. Aliás, ficaram emuma saia justa: Lula deu apoio aAécio, que, de imediato, orien-tará a bancada tucana a votar afavor da reforma da Previdên-cia no Congresso Nacional equer o apoio do bloco PT/PCdo B na Assembléia Legislativa,para sua reforma.

É guerra contra areforma de AlckminGEGÊ,da Executiva da Apeoesp

CACAU,de Belo Horizonte (MG)

Luta vai continuarcom novos atos e aconstrução da greve

Este ato demonstrou o cami-nho a ser seguido para barrar essareforma. Os manifestantes queestiveram presentes nele, voltampara seus estados com a firmezagerada pelo êxito do ato, e a dis-posição necessária para a constru-ção de novas iniciativas políticas:manifestações nos estados, novosatos nacionais, campanha junto àpopulação, paralisações e outrasmedidas que visem o fortaleci-mento de nossa luta e a deflagraçãode uma Greve Nacional contra areforma da Previdência.

Os parlamentares que conti-nuam aliados com este projeto irãodormir com uma preocupação amais. Eram inúmeros os cartazesque estampavam dizeres como“estes deputados traíram o povo evotaram na reforma da Previdên-cia”, com o espaço para a foto embranco, só aguardando a traiçãopara a reprodução e colagem emtodos os postes deste país, de quempreferiu trocar os trabalhadorespelos banqueiros internacionais.

Temos assistido na França for-tes greves no setor público, quetêm sacudido o país e marcado orepúdio contra a reforma da pre-vidência.

No Brasil, a partir deste ato, foiestabelecida uma nova dimensãopara esta luta, que tende a se alas-trar pelos estados, unificando cadavez mais os trabalhadores do setorpúblico e privado.

A unidade das três esferas doserviço público, a campanha jun-to à população e o apoio ativo dostrabalhadores do setor privado sãodecisivos nessa luta, que entrounum novo patamar, depois destegrande e vitorioso ato realizadoem Brasília.

No final de semana de 14 dejunho, a Plenária Nacional dosServidores Federais estará dandoseqüência ao debate da situaçãonacional e do calendário de lutas,onde se definirão os próximospassos que darão continuidade àessa grande mobilização, no rumoda construção da Greve Nacional.

O PSTU atuou com firmeza para construir as caravanas nos estados e teveforte presença em Brasília. Suas bandeiras tremulavam no ato e o boletim dopartido contra a reforma e em defesa de que a esquerda socialista rompa como governo, com o PT e una-se num novo partido, foi muito bem recebido.

O Partido teve também uma banca no ato e vendeu o jornal OpiniãoSocialista para centenas de manifestantes.

FORTE PRESENÇA DO PSTU

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10 OOOOOPINIÃOPINIÃOPINIÃOPINIÃOPINIÃO S S S S SOCIALISTAOCIALISTAOCIALISTAOCIALISTAOCIALISTA

á em sua abertura, mesmosem o apoio da direção daCUT, os servidores pú-blicos realizaram um atocontra a reforma da Pre-

vidência, reunindo centenas demanifestantes, abrindo um dosprincipais debates do congresso.Depois do ato, os servidores, apoi-ados por delegados e sindicalistasde outras categorias, realizaramuma passeata até o plenário, ondevergonhosamente foram vaiadospor delegados da Articulação.

A presença do ministro RicardoBerzoini representando o gover-no na mesa de abertura soou comouma provocação aos delegadosdos sindicatos de servidores pú-blicos e demais delegados, queestavam no congresso para lutarcontra a reforma da Previdência edefender uma CUT classista, deluta e independente do governo.

A prefeita de São Paulo, MartaSuplicy, o ministro da Previdên-cia Ricardo Berzoini, o ministroda Reforma Agrária, MiguelRosseto, e o presidente do PT,José Genoino, causaram indigna-ção no plenário e foram recebi-dos com muitas vaias, sequer con-

ANA CRISTINA SILVA,de São José dos Campos (SP)

J

8º CONCUT

seguindo falar.Várias palavras de ordem foram

entoadas, como “Eu, eu, eu, Stalinjá morreu, só ainda não sabemGenoino e Zé Dirceu” e “1, 2, 3,4, 5 mil...ou param esta reformaou paramos o Brasil”.

No dia seguinte, a festa prepa-rada para receber Lula teve umgosto amargo. O ex-presidenteda Central João Felício tentouacalmar os ânimos e garantir ape-nas aplausos a Lula, pedindo quefosse recebido com “carinho”.Mas, ao reafirmar que pretendefazer as reformas doa a quemdoer, o presidente Lula foi vaiadopor uma parte do Congresso, quegritava “Lula, tenha decência, nãoprivatize a Previdência”.

ARTICULAÇÃO ABANDONABANDEIRAS HISTÓRICAS

A partir daí, com o início dosdebates na tarde do dia 4, o que seviu foi o abandono de bandeirashistóricas do movimento sindical,com a manutenção do texto-baseda Articulação.

Sem argumentos para uma dis-cussão política séria, a Articulaçãoseguiu, ora tentando abafar a falados delegados de esquerda comapitaços, ora reafirmando na retó-rica a independência da CUT e o

UM CLIMA DE POLARIZAÇÃO E DISPUTA MARCOU O 8º CONGRESSO NACIONAL DA CUT,REALIZADO DE 3 A 7 DE JUNHO, NO CENTRO DE CONVENÇÕES DO ANHEMBI, EM SÃO PAULO,

QUE REUNIU 2.750 DELEGADOS SINDICAIS DE TODO O PAÍS

seu perfil de luta, aprovando, noentanto, políticas de alinhamentoao governo e abandono da luta.

A ruptura com o FMI e o nãopagamento da Dívida Externa, quea CUT sempre defendeu, foramretiradas das resoluções aprova-das. Para espanto de muitos, aemenda do MTS que propunha oapoio as ocupações do Movimentodos Sem Terra, foi rejeitada como incrível argumento de que exis-tem outros movimentos e sindi-catos que também realizam ocu-pações. Quando o companheiroDidi propõs retirar a menção aoMST e aprovar a defesa das ocu-pações, ficou claro que o objetivoera retirar das resoluções doConcut as ocupações como mé-todo de luta pela Reforma Agrá-ria.

Na discussão sobre a Alca, osdelegados da articulação rejeita-ram exigir do governo o plebisci-to oficial. Sobre a emenda quepropunha a ruptura das negocia-ções, esta foi considerada um merochavão pelo defensor do textobase e rejeitada.

A reforma da Previdência, umdos principais debates e divisoresde água deste congresso, tambémfoi aprovada, deixando claro orumo que a CUT está seguindode se transformar num braço sin-dical do governo Lula.

Para isso, contou com a cola-boração da CSD e CSC, que fi-zeram um papel nefasto ao divi-dir o bloco que propunha a reti-rada do projeto.

Felício, que também é profes-sor, teve a cara-de-pau de dizerque era a favor da reforma porque“o papel da central é a negociaçãoe a CUT precisa ser o elo entre ogoverno e os trabalhadores”.

Para justificar sua postura con-ciliadora, a CSC disse que discor-dava de pontos da reforma, masque a retirada do projeto poderia

RESOLUÇÕES COLOCAMINDEPENDÊNCIA DA CUT EM XEQUE

levar o “servidor público para ogueto” e que era necessário bus-car “alterar o projeto por dentro”.

A emenda proposta pelo Unira Esquerda e Fortalecer a CUT pro-punha a revogação da EmendaConstitucional nº 20 e o arquiva-mento da PEC 40, além de garan-tir a mobilização dos trabalhado-res para exigir do governo a am-pliação de direitos.

MTS E O BLOCO UNIR AESQUERDA DA CUTMARCARAM POSIÇÃO NOCONCUT

O MTS e o bloco Unir a Es-querda da CUT discutiram emplenário várias emendas.

Cyro Garcia defendeu “Essegoverno não é nosso” e contoucom o apoio na votação de setoresdo Fortalecer a CUT. “Fora os mi-nistros burgueses do governoLula”, foi defendida por JúniaGouveia ..

“Pela retirada da CUT doCDES”, defendida por VeraGuasso, também teve grande acei-tação. Mancha, presidente do sin-dicato dos Metalúrgicos de SãoJosé dos Campos, defendeu queo Mercosul não é alternativa àAlca e Agnaldo Fernandes, daFasubra, defendeu a ruptura como FMI e o não pagamento dadívida externa.

Defendendo a independênciae autonomia da CUT frente aogoverno, Dirceu Travesso conse-guiu um silêncio total do plenáriolembrando que Marinho não ha-via sido indicado pelo Congres-so, nem mesmo surgiu de qual-quer debate na base da Articula-ção. Foi uma indicação do presi-dente Lula.

UNIR A ESQUERDA EFORTALECER A CUTFORMAM BLOCO DEOPOSIÇÃO

Contra toda essa política conci-liadora da Articulação, foi formadoum bloco de oposição pelo “Unira Esquerda na CUT” e “Fortale-cer a CUT”, com Jorge LuisMartins, o Jorginho, como presi-dente. A Chapa 2 recebeu 661votos (25,3%) , ficando com 6 va-gas na Executiva e 2 na suplência.

Já a Chapa 1, formada pelaArticulação Sindical, a CorrenteSindical Classista, a CUT Socia-lista e Democrática, a TendênciaMarxista, a Unidade Sindical eSindicalismo Socialista Brasileiro(PSB), recebeu 1950 votos (74,6%dos votos válidos). Com Marinhocomo presidente, a Chapa conse-guiu 19 membros efetivos na Exe-cutiva e 5 suplentes. Votaram 2.631delegados. Foram contabilizados5 votos em branco e 15 nulos

FOTOMANOELPEREIRA

FOTO ALEXANDRE LEME

Ato dosservidores contraa reforma daPrevidência, naabertura doConcut

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11Edição 152 - Ano VIII - De 12 a 25 de junho de 2003

omo já era previsto, o 8º Concutesteve cruzado pelo fato de que oPT, partido majoritário na classetrabalhadora, governa o Brasil.A Articulação Sindical tinha uma única

tarefa neste congresso, que pode ser resumidano seguinte: a central sindical mais importantedo país, que foi construída na luta dos traba-lhadores, para defender e ampliar seus direi-tos, agora deve convencer os trabalhadores aabrir mão de suas conquistas.

A inevitável politização do congresso, re-fletia a postura de cada uma das organizaçõese correntes em relação ao governo Lula. Acontradição do bloco governista, e suas dife-rentes matizes, se expressava a partir do se-guinte: a reforma da Previdência, ponto maisimportante do congresso, retirava direitos. Oque fazer diante disto?

A CUT, que nasceu para defender os direi-tos dos trabalhadores, deveria fazer o óbvio,lutar contra a reforma. Mas, como disse umdos oradores da Articulação “o problema é maiscomplexo”. O problema é que, justo quando opartido majoritário da classe trabalhadora che-ga ao governo, decide governar com a bur-guesia e atender as exigências do FMI.

A estratégia com que a direção da Articula-ção entrou no congresso era clara: transformara CUT num braço sindical do governo.

Enquanto exigia sacrifício dos funcionáriospúblicos, agora justificado porque este é o “nossogoverno”, retirava da central a histórica bandeirado Não pagamento da Dívida Externa.

Mas, se a direção da Articulação tinha umaestratégia clara a outra parte do bloco gover-nista tinha que trabalhar com a contradição doseu próprio discurso. Por um lado,“O governodo Lula é o nosso governo...”, e por outro, “énecessário lutar contra a reforma da Previdência...”.

CRISES E CONTRADIÇÕES EMPRATICAMENTE TODAS ASCORRENTES

A defesa incondicional do governo não sefez sem crises e contradições.

Dentro da própria Articulação Sindical houveuma plenária muita tensa, na qual delegadosadvindos de setores do funcionalismo força-ram mudanças na proposta original da corren-te sobre a reforma da previdência. Eles acaba-ram afirmando diferenças pontuais com aproposta do governo, preservando a essênciadela: uma manobra enganosa com a sua pró-pria bancada.

O Concut refletiu a contradição do discursoda maioria das correntes, expresso na gritantediferença entre o que se diz e o que se faz.

Neste sentido coube papéis lamentáveis àCorrente Sindical Classista e à Democracia Socialista.

AMÉRICO GOMES,de São Paulo

C

No dia 31 de abril, o Movimento RupturaSocialista (MRS) realizou no auditório daFatec seu primeiro encontro em São Paulo.Cerca de 270 pessoas, vindas de diversosbairros da capital e interior paulista, reuni-ram-se para debater os principais proble-mas enfrentados pela juventude e propos-tas de mobilização.

O encontro começou com uma exposiçãosobre conjuntura internacional e juventu-de, feita por Dirceu Travesso, da CUT-SP, eIbraim, da União da Juventude Árabe para aAmérica Latina. Em seguida, Zé Maria, can-didato do PSTU à Presidência em 2002, falousobre o governo Lula e as lutas sociais.

Houve apresentações culturais, como a dogrupo de teatro Essenciarte, com a peça“Amor e ódio”, e a do grupo de Hip-Hop B-Boys Brakers.

Depois os participantes formaram grupos dediscussão, nos quais foram aprovadas, entreoutras resoluções: realizar um curso sobrea Alca e impulsionar a campanha pelo plebis-cito oficial; ajudar na fundação de grêmiose centros acadêmicos; realizar em 28 dejunho o Fórum de Grêmios de São Paulo;retomar a campanha do passe-livre e orga-nizar outros encontros.

O Encontro reuniu muitos estudantes quetomaram contato com o MRS nas escolas efaculdades, como Fábio Luís de Lucas: “Co-nheci o MRS num debate sobre a guerra.Me interessa a força de mobilização, deresistência contra a opressão. Me atrai amovimentação contra a Alca e a guerra.O caminho é esse, unindo a juventude,indo à luta, sem ficar só em debates”.

Além da discussão internacional, o MRStambém propõe a organização da juventudepara lutas específicas e para somar àsmobilizações dos trabalhadores. Como afir-ma Jorge de Oliveira Silva, o Jorjão, militan-te do PSTU na Zona Leste, “temos no MRSuma grande parcela da juventude que étrabalhadora, já parou de estudar e estáde fora da universidade. Procuramos agirnos bairros, comunidades e movimentopopular, lutando contra esse sistema queoprime a juventude e os trabalhadores”.

Movimento cresceem São Paulo

JUVENTUDE

A chapa “Independência e Luta”, compostapelo MRS, independentes e CST, ganhou aseleições do DCE da Universidade Federal deGoiás (UFG). A vitória é resultado da lutatravada pelos estudantes nos últimos doisanos contra a antiga direção da entidade,burocrática e imobilista.

Mesmo sem o apoio do antigo DCE, em 2001os estudantes organizaram-se através dosCentros Acadêmicos e ajudaram a construira greve das federais. Também mobilizaram-se contra o aumento abusivo do ticket doRU e, já em 2002, realizaram uma calouradaalternativa. Esses companheiros montarama chapa vitoriosa que, além de lutar emdefesa da universidade e da assistênciaestudantil, se posicionou claramente con-tra a Alca e os acordos feitos pelo governocom o FMI. Nas eleições, a “Independênciae Luta” teve 1.701 votos. A chapa da UJSobteve 1.323 votos e a do PT, 1.039.

VALÉRIO PAIVA,de Bauru (SP)

Em Goiás, vitóriano DCE daFederal

Uma das mais duras intervenções contraa reforma da previdência foi de um repre-sentante da CSC, que, em seguida, cerroufileiras com a chapa governista e dividiu avotação sobre a reforma, facilitando a apro-vação da posição da Articulação.

A existência do governo Lula, colocatodas as organizações da classe trabalhadoraà prova: diante da manutenção das reivindi-cações históricas dos trabalhadores ou dafidelidade ao governo, se estreitam todas asmargens de manobra, mesmo num congres-so. Esta margem fica ainda menor no terre-no da luta concreta.

A ESQUERDA DA CUT DIANTE DEUM NOVO DESAFIO

Se o governo saiu vitorioso com a eleiçãode Marinho, não conseguiu seu segundoobjetivo: excluir o MTS e o bloco “Unir aesquerda da CUT” da direção da Central.

Ao final, se expressou toda a tensão queatravessou o congresso e seguirá na luta declasses. De um lado, Marinho dizia: “votadasas resoluções, todos terão que aplicá-las” e, deoutro, Zé Maria afirmava: “a luta da classetrabalhadora não abandonará as bandeiras que estecongresso se recusou a votar”.

Marinho tentará impor à CUT a mesma“disciplina política” que Dirceu/Genoínoestão impondo ao PT.

A esquerda da central estará diante de umenorme desafio, que nenhuma das corren-tes poderá cumprir de forma isolada: adefesa dos interesses históricos e imediatosdos trabalhadores terá que ser construídadiretamente no movimento.

Neste sentido, recai sobre os compa-nheiros do “Fortalecer a CUT” uma enormeresponsabilidade política. Pois, não seriademais dizer, que a luta pela unidade daesquerda foi uma batalha incansável dosdelegados do” Unir a esquerda na CUT”.

A constituição da chapa 2 foi uma grandevitória. Mas, ela não se deu com a clarezapolítica que em nosso entendimento serianecessária para enfrentar os desafios quenos esperam.

Se a defesa conjunta da retirada da PEC-40 criou as bases políticas para a chapa, aconstrução de uma intervenção comum naluta de classes será decisiva.

A responsabilidade dos companheirosdo “Fortalecer a CUT” nisto é grande, pois, emseu interior também se refletiram as contra-dições deste congresso, por isso resistiramaté o último momento a formar a chapaconjunta.

Também o MTS, depois da unidadeconstruída com os companheiros que for-maram o “Unir a esquerda da CUT”, não segui-rá sendo o mesmo. Novas tarefas necessi-tam de novos instrumentos.

As consequências da vitóriado bloco governista

FOTO MANOEL PEREIRA

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12 OOOOOPINIÃOPINIÃOPINIÃOPINIÃOPINIÃO S S S S SOCIALISTAOCIALISTAOCIALISTAOCIALISTAOCIALISTA

METALÚRGICOS SJC

Pressão conquista PLR naGM de São José dos Campos

JOCILENE CHAGAS,de São José dos Campos (SP)

s trabalhadores do 2ºturno da General Mo-tors e da Powertrain deSão José dos Campos(SP) aprovaram a pro-

posta de acordo, negociada entreo Sindicato dos Metalúrgicos e aGM, para pagamento da PLR.

O acordo prevê o pagamentoda 1ª parcela da PLR (Participaçãonos Lucros e Resultados) no valorde R$ 1.260 dia 16/06.

No final do mês passado, a GMchegou a suspender a negociaçãode PLR. A empresa alegou que omercado está passando por umacrise e que não era possível garan-tir o pagamento da PLR no dia 16,como havia sido combinado como Sindicato para a suspensão dagreve de abril.

Os trabalhadores decidiramentão, há duas semanas, em as-

sembléia, decretar estado de gre-ve. Na semana passada, a GMvoltou a negociar com o Sindicatoe propôs uma antecipação de R$900. Essa proposta foi rejeitadapelo Sindicato. No dia 9 de ju-nho, houve uma nova negociaçãoe chegou-se ao valor de R$ 1.260.

Para o presidente do Sindicato,Luiz Carlos Prates, o Mancha, oacordo só foi possível devido àpressão dos trabalhadores.

METALÚRGICOS VOTAMCONTRA A REFORMA DAPREVIDÊNCIA

Os metalúrgicos da GM e daPowertrain também decidiramem assembléia lutar contra a re-forma da Previdência, propostapelo governo Lula. É a primeiracategoria da iniciativa privada adecidir sobre o tema. Esta decisãocontraria a resolução do Congres-so Nacional da CUT, encerradono dia 7, que aprovou a reforma.

O

FOTOMANOELPEREIRA

ASSEMBLÉIA ASSEMBLÉIA ASSEMBLÉIA ASSEMBLÉIA ASSEMBLÉIA dos trabalhadores da General Motors

METALÚRGICOS ABC

ob a direção da oposição sindical, ostrabalhadores da Volkswagen do ABCpararam a produção por duas horas.A reivindicação era o pagamento daParticipação dos Lucros e Resultados

(PLR). Revoltados com a demora nas negoci-ações entre Sindicato, coordenação da Comis-são de Fábrica e empresa, os funcionários dasalas 2, 3, 4, parte dos da 13 e 21 resolveram ir àluta para garantir o PLR.

Conta o representante da ala 21, Franciscode Souza (Tico): “Logo cedo, na entrada da ala 3,que dá acesso à usinagem e montagem da carroceria,colocamos a caixa de som e reunimos os trabalhadorespara fazer uma assembléia sobre a demora nas negoci-ações da PLR. Do outro lado, já estavam os companhei-ros da alas 21, sob o comando do representante da ala,Sinval (Sassá ). Nesta hora, mais de 1500 trabalhado-res já haviam parado”.

Foi colocado em votação se a manifestaçãoera um protesto ou uma paralisação de duashoras. A decisão foi pela paralisação. Os re-presentantes da Articulação Sindical, na assem-bléia, votaram contra a paralisação. “A direção dosindicato é chapa branca do governo e parceira da Volks.Não mobiliza os trabalhadores. Nós sabemos que, paraconquistar, tem que ter mobilização”, disse Sassá.

Um dia após a paralisação, a empresa convo-cou uma reunião com a Comissão de Fábrica eo Sindicato e ofereceu R$ 3.212,00 de PLR.Sendo que a primeira parcela, de 800 reais,serápaga no dia 13 de junho. Os trabalhadorestambém conquistaram a incorporação da infla-ção do ano de 2002, 14,74%.

Oposição sindicalpára a Volks econquista PLRde R$ 3.212

s trabalhadores dos transportesurbanos de Belém e Ananindeuarealizaram entre os dias 13 e 17de maio uma poderosa grevepor reposição das perdas salari-

ais e aumento do vale-refeição.Depois de anos sem grandes lutas, a

categoria protagonizou uma das maioresgreves dos últimos 10 anos e se enfrentouduramente com os patrões.

O movimento se radicalizou depois doassassinato de um dos diretores do sindica-to durante um piquete de greve. Em uma

BELÉM (PA)

o dia 20 de maiofoi realizada aC o n v e n ç ã oCutista para for-mação da chapa

da nova diretoria do Sindi-cato da Construção Civilde Belém e Ananindeua,no Pará.

Duas chapas concorre-ram à convenção. A chapa1, encabeçada por Goiano,do PCdoB, e a chapa 2,liderada pelo companheiroAtenágoras Lopes, do PSTU. Um amploprocesso de discussão na base resultouem uma Convenção com grande partici-pação da categoria: mais de 600 compa-

Operários da Construção Civilderrotam PCdoB em convençãoe elegem nova direção

Rodoviários fazem greve vitoriosa

Odas manifestações, o piquete se enfrentoucom a polícia e garantiu quase 100% deadesão da categoria à greve, mesmo tendoa mídia e os patrões contra o movimento.A greve só foi suspensa após o TRT darganho de causa para os rodoviários obri-gando os empresários a repor integral-mente as perdas acumuladas no período,o aumento do vale-alimentação e o paga-mento dos 4 dias paralisados. Os patrõesrecorreram ao TST e perderam.

A prefeitura de Belém, do PT, tambémquestionada durante a greve, fingiu-se demorta para não se enfrentar com os em-presários, deixando os trabalhadores ain-da mais indignados.

ABEL RIBEIRO,de Belém (PA)

nheiros compareceram. A chapa2 ganhou a Convenção com 58%dos votos, contra 42% obtido pelachapa 1.

Esse resultado expressa o des-contentamento dos trabalhado-res com a atual direção majoritá-ria PC do B, que não tem apre-sentado uma proposta de organi-zação e luta da categoria contraos anos de arrocho salarial im-postos pela patronal.

A construção de uma nova di-reção, de luta, combativa e inde-

pendente dos patrões expressa a disposi-ção de luta dos trabalhadores que nãoagüentam mais a sangria imposta pelosempresários.

N

EMMANUEL OLIVEIRA,de São Bernardo do Campo (SP)

FOTO ALEXANDRE LEME

S

ATENÁGORASATENÁGORASATENÁGORASATENÁGORASATENÁGORAS Lopes

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13Edição 152 - Ano VIII - De 12 a 25 de junho de 2003

MOVIMENTO

SERVIDORES MUNICIPAISLUTAM POR REAJUSTES E

MANUTENÇÃO DOS DIREITOSAS PREFEITURAS, PRINCIPALMENTE AS DIRIGIDAS PELO PT, ESTÃO IMPLEMENTANDO

COM TODA A FORÇA OS DITAMES DA LEI DE RESPONSABILIDADE FISCAL (LRF), RECUSANDOQUALQUER REAJUSTE SALARIAL E PROPONDO A RETIRADA DE DIREITOS. MAS OS SERVIDORES

ESTÃO MOBILIZADOS E ENFRENTAM A INTRANSIGÊNCIA COM GREVES E MOBILIZAÇÕES

Mobilização dosprofessores fazprefeitura recuar

A prefeita de Campinas, IzaleneTiene (PT), continua com a propostade 0%. Colocou na TV, rádios e jor-nais, ameaças de corte de salários etambém solicitou, pela terceira vez,que a PM contenha os piquetes noPaço Municipal. A paralisação, porém,continua forte e já completa um mês.

Na manhã de 10 de junho, o gover-no colocou um carro-de-som na frentedo Paço Municipal e o chefe de gabi-nete da prefeita, Lauro Marcondes,incitou os trabalhadores a entrarem namarra. Muitos comissionados (cargosde confiança), assessores e secretáriosforçaram a entrada, o que resultou emmais agressões. Guardas municipais àpaisana, armados, davam cobertura.

Em seguida, a CUT nacional reu-niu-se com a prefeita e seu secretariadopara tentar pôr fim à greve. Mas a únicaproposta foi um aumento de 20 reaisno vale-alimentação, o que foi rejeita-do por unanimidade na assembléia dostrabalhadores.

Os servidores públicos municipais de Blumenau apresen-taram à prefeitura sua pauta de reivindicações: reposiçãosalarial de 19,94 % e pagamento de auxílio-alimentação, entreoutras. O prefeito Décio Nery de Lima (PT) negou-se aatender. Em assembléia com mais de dois mil servidores, acategoria decidiu entrar em greve a partir de 26 de maio. Adecisão foi contra a diretoria do sindicato (SINTRASEB). Aparalisação mostra força na Educação e na Saúde, com mais de80% dos trabalhadores parados.

O prefeito propôs o pagamento de 100 reais em vale-refeição na forma de abono. A proposta indecente foi rechaçadaem assembléia por mais de três mil servidores que votaram –indignados com a prefeitura – pela continuidade da greve.

Em retaliação, o prefeito dissolveu a comissão de negocia-ção e encerrou as discussões, decretando situação de emergên-cia e convocando todos os servidores a retornarem aos postosde trabalho a partir de 9 de junho. Caso isso não ocorresse,afirmou que tomaria as seguintes medidas: corte do ponto,desconto dos dias parados, demissão imediata com substitui-ção de todos os grevistas por terceirizados etc.

A greve, mesmo com todas as ameaças, continua com forçae resiste à pressão da prefeitura. Os servidores estão recebendoapoio do Fórum de Movimentos Sociais, de outros sindicatosda cidade, da igreja católica e da população. (DARI DIEHL)

Os trabalhadores em educação da Prefeitura de Belo Ho-rizonte, cuja subsede é dirigida pelo PSTU e esquerda do PT,alcançaram uma importante vitória. Após várias paralisaçõesparciais, assembléias massivas (com cerca de três mil partici-pantes) e uma greve de cinco dias, a administração petista foiobrigada a recuar de seu projeto de avaliação de desempenho,cujo propósito era quebrar a estabilidade dos servidores.

A greve aconteceu exatamente nos dias previstos para aavaliação: de 19 a 23 de maio. Inviabilizou a sua realização eobrigou o governo a encaminhar um novo projeto, que retiraqualquer caráter punitivo ou que justifique a demissão deservidores.

Para Adriana Mansur, militante do PSTU e diretora doSindicato Único dos Trabalhadores em Educação em BeloHorizonte, “depois da greve de 2001, que durou 60 dias e terminou semum acordo econômico, voltamos à cena e demonstramos que com mobilizaçãoe direção firme é possível derrotar esses projetos. Mas nosso debate políticovai além”. Nas assembléias dos servidores foi discutida areforma da Previdência e aprovada uma moção de apoio àsenadora Heloísa Helena. O sindicato também publicou adeclaração de Zé Maria questionando o apoio da direção daCUT à reforma. (CACAU)

BELO HORIZONTE (MG)

BLUMENAU (SC)

Municipaisenfrentamintransigênciapetista

Municipaisenfrentamintransigênciapetista

Municipaisenfrentamintransigênciapetista

Municipaisenfrentamintransigênciapetista

PT não negocia e chama aPM contra trabalhadores

PC DO B DESAUTORIZAMILITANTES

O Diretório Municipal do PC do Bdesautorizou seus militantes a participarde ações que visem o desgaste da admi-nistração. O vereador Sérgio Benassi,único do partido, declarou: “Não concor-damos com a movimentação política que a grevetomou. Ou seja, o de ter o objetivo de desgastar aadministração, nosso objetivo é viabilizar o PT,tanto na esfera municipal como na Federal”.

Diante da intransigência e da repres-são da prefeitura aos servidores, cujosindicato é dirigido majoritariamentepelo PC do B, desautorizar a ida aatividades é querer que seus militantes eos trabalhadores concordem com arro-cho e privatização do serviço público.

O PC do B está preocupado emevitar desgastes nas eleições de 2004.Deveria romper com o governo petista,abandonar seus cargos e exigir queIzalene rompa com a LRF e atenda àsreivindicações. (SÉRGIO DARWICH)

CAMPINAS (SP)

GRANDE ABC (SP)

O município de Mauá está com osserviços públicos paralisados. Cansa-dos da enrolação do prefeito OsvaldoDias (PT), os servidores entraram emgreve, por um reajuste de 62%. Nodia 11, os trabalhadores da Empresade Saneamento Básico foram em pas-seata até o Paço Municipal para seencontrar com os servidores da Edu-cação e da Saúde. Chegando lá, ar-rombaram a porta que dá acesso àprefeitura e fizeram um arrastão pararetirar os fura-greves. Para o servidorJoão Gilberto de Oliveira, o Giba, “a

tendência é continuar o movimento até o pre-feito atender as reivindicações”.

Em Santo André, os trabalhadoresda Guarda Municipal pararam três diase conquistaram um aumento de quase20% nos salários. Entretanto, o prefei-to João Avamileno (PT) continuairredutível sobre os demais servidorese propõe 0% de reajuste salarial. Osservidores já realizaram diversas para-lisações setoriais e tiraram um calen-dário de luta rumo à greve geral dacategoria.

(EMMANUEL OLIVEIRA)

Servidores estão em greve

Servidoresno PaçoMunicipal deCampinas

FOTOSINDMUNCPS

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14 OOOOOPINIÃOPINIÃOPINIÃOPINIÃOPINIÃO S S S S SOCIALISTAOCIALISTAOCIALISTAOCIALISTAOCIALISTA

lém do dinheiro do pa-trocínio sair do bolsoda população trabalha-dora, porque gera isen-ção fiscal, o processo

de transferência do financiamen-to da arte das mãos do Estado paraa iniciativa privada está colocandoa cultura brasileira nas mãos dasmultinacionais que dominam aeconomia. Frente ao aceleradoprocesso de recolonização, asgrandes corporações têm financia-do uma parte importante dos pro-jetos culturais, usando a culturabrasileira para atentar contra osinteresses da própria população.

Por isso, quando se fala emtoda liberdade em arte, é precisoperguntar: mas qual liberdade? Aliberdade do capital financeirointernacional de pôr e dispor denossa arte? Ainda se pode falar emuma “cultura brasileira”? Hoje elaestá totalmente à mercê de umsistema imperialista de domina-ção, contra o qual os trabalhado-res, em especial, os artistas, têmpouco poder de fogo.

Em Marketing Cultural e Financi-amento da Cultura, Ana Carla Reiscita casos de multinacionais que jáocuparam a nossa cultura. A IBMlançou em 1983 o projeto EncontroMarcado com a Arte, que levava es-critores às universidades para falaraos alunos. Ao mesmo tempo,começou a patrocinar projetos emteatro, dança e música, como oBalé Bolshoi, Jazz de Montreal eAll Star Gala. Em 1997, montouum estúdio para transmitir Gil-berto Gil cantando ao vivo pelainternet. Em 1999 implementouo Novo Canto, no qual artistasrenomados cantavam com umnovo talento, associando amarca à inovação.

O BankBostonpromove turnês deorquestras interna-cionais pelas pra-ças de interesse dobanco. A Fiat des-de 1997 mantém oprograma Fiat paraos Jovens, reforçan-do a imagem dejovialidade da em-presa e de seus pro-dutos. Investe so-bretudo em sessõesde cinema nas escolas,com o sugestivo nomede Retratos do Brasil.

A Fundação Fordpatrocina as artes e

Dirigismo cultural:quem dirige o quê?

CULTURA

MAIO DE 1886, manifestantesoperários confrontam-secom a polícia nas ruas de Chi-cago. Em meio ao tumulto,uma explosão mata algumaspessoas e fere muitas outras.Ninguém sabe quem atirou abomba. No entanto as autori-dades se apressam em acusarcinco líderes anarquistas. Opolêmico julgamento e a con-denação à morte dos acusa-dos causam revoltas em todoo mundo. Trabalhadores vãoàs ruas em repúdio à injustiçanorte-americana, e o 1º demaio é declarado o Dia dosTrabalhadores.

Vinte e três anos depois,Frank Harris, lança ‘A Bomba’como uma confissão: seria eleo autor do atentado de 1886.São tantos os detalhes, tama-nho o realismo, que para mui-tos, o livro não seria apenasficção.

CECÍLIA TOLEDO,de São Paulo (SP)

HÁ ALGUNS DIAS, CINEASTAS DE RENOME COBRARAM DO GOVERNO ARETIRADA DE TODA EXIGÊNCIA PARA QUE AS ESTATAIS DESSEM DINHEI-

RO PARA PROJETOS CULTURAIS. E CONSEGUIRAM! O GOVERNO RECUOU.MAS ISSO NÃO VAI RESOLVER O PROBLEMA DO DIRIGISMO CULTURAL

projetos educacionais, visando“identificar-se com a comunidade”. AShell está no país há 78 anos e há50 atua na área cultural. “Esse casa-mento com a atividade artística produzresultados incontestáveis. Não que a Shelldependa desse tipo de iniciativa paravender seus produtos, mas, como qual-quer empresa, ela precisa ser bem vista, teruma imagem simpática”. (João Ma-deira, Gerente de Comunicaçãoda Shell, in op.cit.).

A Philips adota o marketingcultural para construir sua ima-gem e evitar que a concorrência ofaça. Já nos anos 70, diante dapressão das indústrias japonesasno mercado de eletrônicos, co-meçou a investir pesado no con-sumidor mais jovem. Em 1985,começou a patrocinar o grupoDire Straits, de grande popularida-de entre os adolescentes, e lançouo CD-player. No Brasil, patroci-na artistas como Antonio Nóbregae eventos como a Paixão de Cristo,de Nova Jerusalém (PE).

A privatização da telefoniatrouxe a Telefonica, que só em1999 investiu R$ 5 milhões emprojetos culturais e em pouco tem-po se tornou conhecida, patroci-nando exposições de grande po-tencial de mídia, como Picasso eBarceló. Foi o caso também doSantander, que comprou o BancoGeral do Comércio, o Banco do

Nordeste, o Meridional e 60%das ações do Banespa e em 2001fundou o Santander Cultural.

Aí a cultura ajudou a viabilizara apropriação de empresas estataisbrasileiras, que deixou milharesde trabalhadores na rua e outroscom salários miseráveis. Por iro-nia, essas mazelas advindas daprivatização são as que impedemainda mais o acesso da populaçãotrabalhadora à arte.

O idioma, os valores, as cren-ças, os comportamentos, tudo oque forma a essência distintiva deuma cultura, oferece margem demanobra à diferenciação dos pro-dutos. Em seu livro, Ana CarlaFonseca cita o caso do restaurantebrasileiro Favela Chic, em Paris,que causa furor com uma ambien-tação rica em contrastes brasilei-ros, mesclando representações re-ligiosas e sociais com música aovivo e pratos típicos.

O fator de diferenciação maiseficiente entre marcas é a emoçãoque cada produto gera no consu-midor. E a cultura é inesgotávelfonte geradora de emoção, em-patia, identificação. “Ao patrocinarapresentações folclóricas, editar exposi-ções e catálogo de fotos ou associar seusvalores aos da música, as empresas trans-põem fronteiras de resistências, porquenão lidam com a dimensão racional doconsumidor e sim com sua experimenta-ção e vivência de uma sintonia emocio-nal”, diz Carla Fonseca.

O diretor de Comunicação daOdebrecht confirma: “Temos abso-luta consciência de que há um fenômenode transferência de valores que o projetocultural carrega para o seu patrocinador.Para as pessoas que vão assistir a um beloespetáculo ou que recebem um bonitolivro aquilo significa prazer, cultura, umacerta alegria de fruir aquela beleza. Essapessoa tende a transferir esse sentimento

positivo para quem patrocinou eisso é imagem insti-

tucional que se cons-trói”.

Como quempõe o dinheiro,manda, não é di-

fícil ver gerentesde empresas opi-nando e decidin-do sobre arte, re-jeitando temascontroversos ouinterferindo em

cenas de peças,forrando o espaço

de uma exposiçãocom logotipos e vei-

culando longos comer-ciais antes de uma peça

teatral ou filme.

ADESMUNDO, quarto longa-metragem de Alain Fresnot,recria o romance homônimode Ana Miranda, a consagra-da autora de Boca do Inferno,e revela o Brasil em seus pri-meiros anos. Um país que nas-cia da ação do colonizadorportuguês, em conflito comíndios e invasores franceses.

Para evitar que os coloniza-dores lusitanos só dispuses-sem de parceiras nativas,não-cristãs e gerassem filhosbastardos, a Coroa portugue-sa enviou jovens órfãs aoNovo Mundo.

DESMUNDO acompanha a tra-jetória de uma menina quevira mulher, num país em pro-cesso de formação.

DesmundoALAIN FRESNOT

CIRCUITO NACIONAL

FILME

DICAS

A BombaFRANK HARRIS

CONRAD EDITORA

LIVRO

A partir desta edição, o Opi-nião Socialista publica umaseção de dicas culturais.Envie suas sugestões paraopiniã[email protected]

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15Edição 152 - Ano VIII - De 12 a 25 de junho de 2003

PROFESSORES E CAMPONESESDESAFIAM ESTADO DEEMERGÊNCIA NO PERU

PERU

pós impulsionar uma luta heróicaem defesa de seus direitos e porreajuste salarial, a greve dos profes-sores destampou a luta de cerca de 2milhões de trabalhadores dos seto-

res agrário, judiciário e saúde, contando aindacom o apoio de pais e estudantes de todo opaís.

Apesar da recusa da CGTP (Central Sindi-cal Peruana) os trabalhadores impuseram umaverdadeira paralisação nacional contra o go-verno Toledo e os planos do FMI para o país.

O governo reagiu apelando com medidasditatoriais idênticas às adotadas pela ditadurade Fujimori, decretando Estado de Emer-gência no dia 27 de maio. “A decisão de militarizaro país é uma resposta à absoluta incapacidade dogoverno de mudar o rumo de sua política econômica e suadecisão de se aferrar até o fim a um modelo econômico desubmissão e entrega ao imperialismo”, explica oPST peruano em sua nota.

Mesmo assim, o movimento não se rendeue saiu às ruas imediatamente após o decreto,contabilizando 59 feridos e um estudantemorto durante as mobilizações.

Rejeitado por 92% da população, o gover-no não caiu porque boa parte da direção domovimento impediu a generalização da luta.

Amarrados no Acordo de Governabilidade, umenredo de pacto social formado por empresá-rios, partidos do regime, governo e pelodirigente da CGTP Eduardo Castillo, o Acordofoi a tábua de salvação de Toledo.

Neste momento, completando um mês deuma duríssima greve que colocou em chequeo governo, os professores da Rede Pública deEnsino vivem nestes últimos dias um impasse.

Uma evidente traição ao movimento estásendo montada pelo Sindicato de Professores(SUTEP), ao assinar um compromisso com ogoverno de acabar com a greve sem consultara base da categoria. “O único que temos de concretoé o mísero aumento de 100 soles (menos de U$ 30)oferecido inicialmente pelo governo e que já havia sidorechaçado pelas bases que decidiram continuar a greve(...). Inclusive o aumento continua não incluindo osaposentados e o setor administrativo. Neste ponto, adireção retrocedeu em sua própria exigência. (...) alémdisso, não se estabelece nenhum cronograma de negoci-ações, no seu lugar só há uma declaração de vontadesujeita a ‘disposição de recursos’ (...)”, argumentauma das professoras em greve.

O impasse continua com o amplo repúdiodo movimento à atual direção de SUTEP,mas com parte dos ativistas confusos e desori-entados pela direção que defende suspendera greve.

Quando fechávamos esta edição os profes-sores realizavam uma assembléia decisiva.

YURI FUJITA,de São Paulo (SP)

A

Numa quarta-feira, em 11 junho de 2003, o Sr.Abdel Rahim Malouh, foi detido pelas forçasmilitares de ocupação por um ano. Malouh, nossoirmão e camarada, é um líder político nacionalistaque dedicou toda a sua vida à resistência contra aocupação, lutando para libertar seu país, a Palestina,eseus irmãos e irmãs, o povo Palestino.

Malouh,foi eleito em 2001,secretário geral en-carregado da Frente Popular para a Liberaçãoda Palestina (FPLP); foi membro do ComitêExecutivo da OLP nos últimos 8 anos e partici-pou de importantes decisões como membro do Con-

Israel prende mais um dirigente da FPLP

FOTOINDYMEDIA

PALESTINA

Em plena reunião de Bush com o atual primeiroministro Palestino, Abu Mazen, e com Sharon, as forçasde ocupação sionista detiveram mais um dirigente daFrente Popular para a Libertação da Palestina(FPLP). Demostrando uma vez mais a falácia de

mais um “acordo de paz”, cujo único objetivo é deter aIntifada, o exército de Israel segue com os assassinatosseletivos, atentando contra a vida de um dirigente doHamas. Reproduzimos abaixo a declaração da frente deorganizações palestinas em protesto pela prisão.

selho Nacional Palestino (CNP). Malouh, tam-bém era membro das Forças Nacionalistas eIslâmicas, (...)

O Sr. Malouh foi detido pelas forças militares deocupação, que invadiram e atacaram sua residência emRamallah e o acusaram de resistência à ocupação e de sermembro da OLP e da FPLP.

Desde sua prisão,- como outros líderes políticos de-tidos em cadeias israelenses, tais como MarwanBargouthi , Tayssir Khaled, Rakad Salem ,Sheikh Hasan Yousef, Jamal Tawil, AbuAbbas e muitos outros -. Malouh. foi tratado comdesrespeito, de forma brutal e desumana, contrariando aIV Convenção de Genebra.

Depois do lançamento do “plano de paz”, do “mapade estrada” (road map) e na véspera da cúpula políticaamericana-israelense-Palestina, chamamos novamentetodas Organizações de Direitos Humanos, as NaçõesUnidas, as Organizações Internacionais para que pres-sionem o governo israelense pela imediata libertação deMalouh e de todos os prisioneiros políticos.; para que

acabe imediatamente com a ocupação e com a políticade assassinatos, cerco, sítio, matanças, demolições etoque de recolher.

A pressão deve seguir para melhorar a situação decatástrofe humana que eles criaram para os Palestinose permitir melhoria nas condições de vida para a naçãoPalestina. Além do mais, chamamos os líderes polí-ticos e do mundo livre a exigir que qualquer acordopolítico deve incluir a liberação imediata dos prisio-neiros políticos e todos detidos palestinos nas cadeiasisraelenses. Começando com nossas irmãs, os doentes,os prisioneiros idosos e incluindo todos e cada um deles.

As Forças Nacionalistas e Islâmicas naPalestina agradecem seu apoio e todos seus esforços emprol da Justiça, Liberdade, Paz e estabilidade emnossa região, esperando os dias prósperos e pacíficosque virão.

Glória para os Mártires Palestinos; recebam estesdesejos os feridos; liberação imediata dos prisioneirose longa vida à Palestina.

Junho de 2003.

DECLARAÇÃO DAS FORÇASNACIONALISTAS E ISLÂMICASDA PALESTINA

Liberdade paraAbdel RahimMalouh

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EUROPA

CRESCEM MOBILIZAÇÕESNA EUROPA CONTRARETIRADA DE DIREITOS

epois das grandes mobili-zações contra a guerra, aEuropa é palco de umaonda de lutas operárias, queabarca vários países, em

defesa das aposentadorias, do em-prego e dos serviços públicos.

Uma ofensivacontra asconquistasoperárias dopós-guerra...

Distintos governos europeus es-tão realizando uma dura ofensivacontra os trabalhadores, centrada nocorte de direitos históricos que fo-ram conquistados nos últimos cin-qüenta anos. As chamadas contra-reformas da Previdência (França,Alemanha, Áustria e Itália) passandopelos severos cortes no auxílio-de-semprego (Alemanha, Espanha) alémde intensificarem as privatizações,avançam na retirada de direitos tra-balhistas facilitando as demissões(Itália, Alemanha, Espanha).

...e uma forterespostada classetrabalhadora

Mas a resposta não se fez esperar.Desde princípios do ano passado, asmobilizações se espalham como umrastilho de pólvora por toda a Euro-pa. Além das greves gerais na Itália eEspanha no ano passado, agora foi avez da Áustria deixar para trás anos de“paz social” e realizar a maior grevegeral dos últimos 50 anos e umamanifestação de 500 mil contra oaumento do tempo mínimo de con-tribuição para a aposentadoria (de 40para 45 anos).

DTEO NAVARRO,do Partido Revolucionáriodos Trabalhadores (Espanha)

NA FRANÇA, TRABALHADORES ESTÃO EM PÉ DE GUERRA EMDEFESA DA PREVIDÊNCIA E DOS SERVIÇOS PÚBLICOS. LUTAESTÁ SE ESPALHANDO PARA OUTROS PAÍSES DA EUROPA

França voltaao centro

O epicentro da atual onda de lutasé a França. Como em 95, o resultadodas mobilizações tende a influenciar aresposta operária em outros países e apostura dos governos.

Os ataques de Chirac e do primei-ro-ministro Zaffarin vão além da con-tra-reforma da Previdência, que au-menta o tempo de contribuição ehabilita os fundos de pensão.

A aplicação da Lei de Descentralizaçãopretende fragmentar os serviços pú-blicos de responsabilidade do gover-no central, como Educação e Saúde,e também das empresas públicas detransporte, gás e eletricidade.

Diferente do Brasil, onde as multi-nacionais européias fizeram a festanas privatizações, na França e na maio-ria da Europa, é o Estado que prestaos serviços públicos. As grandes mo-bilizações e a onda de greves noensino e nos transportes no início dejunho são a resposta a esta ofensivaprivatizante que cortará milhares deempregos.

Generalizaçãodas lutas

A esta ofensiva do governo, omovimento operário tem respondi-do com uma onda de manifestaçõese greves liderada pelos professores,funcionários de escola e ferroviários.

A luta também se estende às gran-des empresas privadas, que incorpo-ram suas próprias reivindicações (ofim da Lei Balladour que aumentoude 37 para 40 anos o tempo mínimode contribuições para a Seguridade),e à juventude, parte ativa na luta con-tra a descentralização da Educação.

A exigência de uma Greve Geralque unifique o movimento e colo-que o governo em xeque já se conver-teu em um clamor. Mas até agora, asgrandes centrais sindicais CGT e FO(Força Operária) e os partidos majo-ritários da esquerda (PS e PCF) que-rem limitar a luta à exigência de que ogoverno “abra negociações” e discutaponto a ponto a contra-reforma.

om diferentes ritmos, a classe traba-lhadora e a juventude na França, Áus-tria, Alemanha, Itália e Espanha vêmdemonstrando disposição de defen-der firmemente suas conquistas soci-

ais, atacadas em todo o continente.Neste contexto, seria coerente que a Confe-

deração Européia de Sindicatos (CES), organi-zação que congrega as principais centrais sindi-cais da Europa, convocasse uma mobilizaçãounificada em escala continental.

No entanto, uma vez mais a burocracia da CESmantém as mobilizações encerradas dentro das fron-teiras nacionais, dispersando a combatividade e ener-gia dos trabalhadores. O ataque dos governos érealizado de forma simultânea e unificada. E exigeuma ação unificada de toda a classe trabalhadora.

A União Européia, reivindicada como um “mo-delo de integração” por setores da esquerda mundiale brasileira, mostra sua verdadeira cara: união degovernos capitalistas retirando conquistas históricasdos trabalhadores.

UMA AGRESSÃOEM ESCALAEUROPÉIAQUE EXIGEUMA RESPOSTACONTINENTAL

C