os145

16
Ano VIII Edição 145 De 20/02 a 12/03/2003 R$ 1,50 PACOTE CORTA VERBAS PARA PAGAR BANQUEIROS GOVERNO LULA

Upload: pstu-nacional

Post on 07-Mar-2016

220 views

Category:

Documents


1 download

DESCRIPTION

GOVERNO LULA Ano VIII Edição 145 De 20/02 a 12/03/2003 R$ 1,50

TRANSCRIPT

Page 1: OS145

Ano VIII Edição 145De 20/02 a 12/03/2003R$ 1,50

PACOTE CORTA

VERBAS PARA

PAGAR

BANQUEIROS

GOVERNO LULA

Page 2: OS145

2 OOOOOPINIÃOPINIÃOPINIÃOPINIÃOPINIÃO S S S S SOCIALISTAOCIALISTAOCIALISTAOCIALISTAOCIALISTA

Os internautas também estão contra a guerra. Confiraa versão de ‘Já sei namorar’, dos Tribalistas, que

circula na rede e pode virar sucesso no carnaval

OS BELICISTAS - JÁ SEI BOMBARDEAR(W. BUSH, COLLIN POWELL)Já sei bombardear,Já sei armar o missil agora só me falta atirarJá sei invadir, já sei peitar a ONUagora só me falta explodirNão tenho paciencia pra negociaçãoEu tenho é mania de perseguiçãoNão ouço ninguém, acuso todo mundoo Bin Laden e o HusseinNão livro ninguém, exploro todo mundoacho que o mundo é meu tambémJá sei derrubar, já sei jogar a bomba na tua basemilitarEu sou o juiz, e não tô nem aí pra tantas vidas de civisPeguei experiência com o AfeganistãoSe antes eu falhei, agora num erro não.não ouço ninguém, até o Collin PowellTá igual a mim tambémNão livro ninguém, primeiro o petróleoDepois Amazônia tambémEu tô querendo, Sadan HusseinEu tô querendo, tudo o que tiverTô te querendo, não tem pra ninguémTô te querendo, petróleo do Hussein...

CAMPANHA

ALAGOINHAS (BA)R. Alex Alencar, 16 -Terezópolis- [email protected]

ARACAJU (SE)Pça. Promotor MarquesGuimarães, 66 A, cjto. AugustoFranco - Fonolâ[email protected]

BAURU (SP)R. Cel. José Figueiredo, 125 -Centro - (14)[email protected]

BELÉM (PA)Av. Gentil Bittencourt, 2089 -São Bras - (91)259.1485 [email protected]

BELO HORIZONTE (MG)Rua Tabaiares, 31 - Floresta(Estação Central do metrô)(31)3222.3716 - [email protected]

BRASÍLIA (DF)EQS 414/415 - LT 1 - Bl. A -Loja 166 - (61)[email protected]

CAMPINAS (SP)R. Dr. Quirino, 651 -(19)[email protected]

CAMPOS DO JORDÃO (SP)Av. Frei Orestes Girard, 371sala 6 - Bairro Abernéssia(12)3664.28998

CAXIAS DO SUL (RS)(54)9974-4307

COMETÁ (PA)R. Cel, Raimundo Leal, 925

CONTAGEM (MG)Rua França, 532Sala 202 - Eldorado

CURITIBA (PR)R. Alfredo Buffren, 29, sala 4,Centro

DIADEMA (SP)R. dos Rubis, 359 - Centro(11)[email protected]

DUQUE DE CAXIAS (RJ)R. das Pedras, 66/01, Centro

FLORIANÓPOLIS (SC)Rua Nestor Passos, 104Centro (48)225.6831 [email protected]

FORTALEZA (CE)Av. da Universidade, 2333(85)221.3972 [email protected]

FRANCO DA ROCHA (SP)R. Washington Luiz, 43 -Centro

GOIÂNIA (GO)R. 242, Nº 638, Qda. 40, LT11, Setor Leste Universitário- (62)202-4905

GUARULHOS (SP)R.Miguel Romano, 17 - Centro(11)64410253

JACAREÍ (SP)R. Luiz Simon,386 - Centro -(12)3953-6122

JOÃO PESSOA (PB)R. Almeida Barreto, 391 -1º andar - Centro -(83)241-2368 [email protected]

JUIZ DE FORA (MG)Travessa Antônio AlvesSouza, 16 - B. Santa Catarina(32)9966-1136/ 9979-8664

MACAPÁ (AP)Av. Antonio Coelho deCarvalho, 2002 - Santa Rita -(96)9963.1157 [email protected]

MACEIÓ (AL)R. Inácio Calmon, 61 - Poço -(82)971.3749

MANAUS (AM)R. Emílio Moreira, 801- Altos -14 de Janeiro - (92)[email protected]

MUCURI (BA)R. Jovita Fontes, 430 -Centro (73)206.1482

NATAL (RN)R. Dr. Heitor Carrilho, 70Cidade Alta - (84)201.1558

NITERÓI (RJ)R. Dr. Borman, 14/301 -Centro - (21)2717.2984 [email protected]

NOVA IGUAÇU (RJ)R. Cel. Carlos de Matos, 45Centro

PASSO FUNDO (RS)XV Novembro, 1175 -Centro - (54)9982-0004

PELOTAS (RS)(53)9104-0804 [email protected]

PORTO ALEGRE (RS)R. General Portinho, 243(51)3286.3607 [email protected]

RECIFE (PE)R. Leão Coroado, 20 - 1º andar- Boa Vista - (81)3222.2549 [email protected]

RIBEIRÃO PRETO (SP)R. Saldanha Marinho,87 -Centro - (16)637.7242 [email protected]

RIO GRANDE (RS)(53)9977.0097

RIO DE JANEIRO (RJ)[email protected]

Praça da BandeiraTv. Dr. Araújo, 45 -(21)2293.9689

Zona OesteEstrada de Monteiro, 538 -Casa 02 - Campo Grande - RJ

SANTA MARIA (RS)(55)9989.0220 [email protected]

SALVADOR (BA)R.Coqueiro de Piedade, 80 -Barris - (71)[email protected]

SANTO ANDRÉ (SP)R. Adolfo Bastos, 571Vila Bastos - (11)4427-4374www.pstunoabc.hpg.com.br

SÃO BERNARDO DO CAMPOR. Mal. Deodoro, 2261 - Centro(11)4339-7186 e [email protected]

SÃO JOSÉ DOS CAMPOS (SP)R. Mário Galvão, 189(12)[email protected]

SÃO LEOPOLDO (RS)R. São Caetano, 53

SÃO LUÍS (MA)(98)276.5366 / 9965-5409 [email protected]

SÃO PAULO (SP)[email protected]

CentroR. Nicolau de Souza Queiroz,189 - (11)5904.2322

Zona SulSanto Amaro: R. Cel. LuisBarroso, 415 -(11)5524-5293

Campo Limpo: R. Dr. Abelar-do C. Lobo, 301 - piso superior

Zona LesteAv. São Miguel, 9697Pça do Forró - São Miguel -(11)6297.1955

Zona OesteAv. Corifeu de AzevedoMarques, 3483Butantã - (11)3735.8052

Zona NoroesteR. Filomeno Bochi Pilli, 140,sala 5 - Freguesía de O’(11)3978.2239

SUZANO (SP)Av. Mogi das Cruzes,91 -Centro (11) 4742-9553

TAUBATÉ (SP)Rua D. Chiquinha de Mattos,142/ sala 113 - Centro

TEREZINA (PI)R. Quintino Bocaiúva, 778/n.

UBERABA (MG)R. Tristão de Castro, 191 -(34)[email protected]

VITÓRIA (ES)Av. Governador Bley, 186 -Sala 611 - ed. Bemge -Centro

AQUI VOCÊ ENCONTRA O PSTU

Opinião Socialista é uma publicação quinzenal doPartido Socialista dos Trabalhadores Unificado

CGC 73282.907/000-64 Atividade principal 61.81

CORRESPONDÊNCIARua Loefgreen, 909 - Vila Clementino

São Paulo - SP- CEP 04040-030e-mail: [email protected]

Fax: (11) 5575-6093

JORNALISTA RESPONSÁVELMariúcha Fontana (MTb14555)

CONSELHO EDITORIALEduardo Almeida, Euclides de Agrela, Júnia Gouveia,

José Maria de Almeida e Valério Arcary

EDIÇÃOEuclides de Agrela

REDAÇÃOFernando Silva, Luiza Castelli, Mariúcha Fontana

PROJETO GRÁFICO E DIAGRAMAÇÃOGustavo Sixel

COLABORARAM NESTA EDIÇÃOAmérico Gomes, Cacau, Eduardo Almeida, Felipe Alegria (Barcelona), Luciana

Cândido, Lupus (Paraguai), Rogério Marzola, Romildo de Castro

IMPRESSÃOGazetaSP - Fone: (11) 6954-6218

EDITORIAL/FALA ZÉ MARIA 3

BRASIL 4-5

ESQUERDA DO PT 6

DECL ARAÇÃO DA LIT-QI

SOBRE A GUERRA 7 -10

ALCA 11

FUNCIONALISMO / PIAUÍ 13

CUT / METALÚRGICOS 14-15

ATOS CONTRA A GUERRA 16

E X P E D I E N T E

Envie cheque nominal ao PSTU no valor da suaassinatura total ou parcelada para a Rua Loefgreen, 909- Vila Clementino - São Paulo - SP - CEP 04040-030

NOME

ENDEREÇO

CIDADE ESTADO

CEP TELEFONE

E-MAIL

48 EXEMPLARES

� 1x R$ 72,00� 2x R$ 36,00� 3x R$ 24,00� Solidária R$ .........

24 EXEMPLARES

� 1x R$ 36,00� 2x R$ 18,00� 3x R$ 12,00� Solidária R$ .........

SUMÁRIO

MONTAGEM

SOBRE FOTO DEDIVULGAÇÃO

SEDE NACIONAL

R. Loefgreen, 909 - VilaClementino - São Paulo - SP- (11)5575.6093 [email protected]

Abla Sa'adat, esposa de Ahmad Sa'adat,dirigente da Frente Popular para aLibertação da Palestina, foi presa peloServiço Secreto Israelense quando tentavasair da Palestina e entrar na Jordânia, deonde seguiria para o III Fórum SocialMundial. Desde então está detida. Com elaencontra-se Iman Abu Farah. Abla e Imannão foram acusadas por nenhum crime,nem tiveram oportunidade de se defender.

Atualmente há cerca de seis mil palestinossendo mantidos dentro das prisões

ASSINATURA

HUMOR

israelenses, 60 são mulheres e mais de milestão sob Detenção Administrativa.

A Addameer (Associação pela Libertação dosPresos Políticos Palestinos e DireitosHumanos) convoca a comunidade internacio-nal a protestar contra o uso da detençãocomo forma de castigo coletivo e a exigir queIsrael liberte imediatamente todos os presos.

ENVIE CARTAS DE SOLIDARIEDADE PARA:

[email protected]@robynet.com.br

VISITE O SITE DA ADDAMEER

http://www.addameer.org

LIBERDADE PARA ABLA SA'ADAT E IMAN ABU FARAH

Page 3: OS145

3Edição 145 - Ano VIII - De 20 de fevereiro a 12 de março de 2003

EDITORIAL

a maior mobilizaçãomundial desde a Se-gunda Guerra, mi-lhões tomaram as ruasem todo o mundo.

No Brasil, as mobilizaçõessurpreenderam, mostrando quea consciência anti-imperialista éde massas e que a campanhacontra a guerra, a Alca, a dívida,o FMI e a militarização tem umespaço ainda maior do que quan-do do Plebiscito sobre a Alca.

Esse sentimento anti-impe-rialista quevarre o plane-ta e também oB r a s i l ,potencializa aorganizaçãodos comitêscontra a Alca ea guerra, permite mobilizaçõesainda maiores e o sucesso doabaixo-assinado exigindo Ple-biscito Oficial sobre a Alca em2003.

NÃO À GUERRA!As mobilizações colocaram os

governos imperialistas numa si-tuação delicada: estão em xequegovernos como o de Blair naInglaterra e o de Aznar naEspanha. Bush, ainda que man-tendo uma maioria interna pró-guerra, tem um apoio decres-cente. Entre-tanto, as mo-b i l i z a ç õ e sainda não fo-ram suficien-tes para im-pedir a guer-ra: o maisprovável é a invasão do Iraque.

A divisão inter-imperialistapode acabar num acordo deguerra se eles chegarem numtermo comum sobre com quan-to do petróleo fica cada um dosimperialismos. França, Alema-nha e Rússia defendem arecolonização do Iraque e suaocupação por tropas da ONU,sem guerra imediata, mas comefeitos semelhantes. Asmultinacionais européias que-rem uma parte maior do petró-leo do Oriente do que lhes re-serva hoje os EUA.

Daí o papel da ONU, quetem sido de desarmar o Iraque,preparando caminho para umainvasão norte-americana.

O movimento deve estar pre-parado para tomar as ruas nova-mente e cercar as embaixadasdos EUA, caso a invasão come-ce. Nas mãos do movimento demassas está a possibilidade defazer desta guerra um novo

N

Contra a guerra econtra a Alca

Vietnã para os EUA.

SE LULA NÃO APÓIA AGUERRA, TEM QUEROMPER COM A ALCA EO FMI

Dia 15, o ministro OlívioDutra declarou que o governo é“pela paz” e estava solidário comas mobilizações. Mas o governobrasileiro tomou medidas quetransferem dinheiro para os ban-queiros e ajudam a financiar aguerra.

L u l ao fe receuao FMIum supe-rávit pri-mário de4,5% doPIB (o mai-

or esforço para pagamento dejuros dos últimos dez anos) ecortou 14,5 bilhões das verbasdo orçamento. Também aumen-tou os juros, potencializando asangria da dívida pública e atransferência de dinheiro para osistema financeiro. Junto comisso, Lula segue com as negocia-ções da Alca, adotando as pro-postas formuladas por FHC eignorando o Plebiscito Populardo ano passado.

A Alca significa para a AméricaLatina o mesmo que a guerra

para oIraque: an o s s arecoloniza-ção. A ocu-pação doIraque se

fará com bombas, a da AméricaLatina vem sendo feita com adívida, as metas do FMI, as ne-gociações da Alca e a implantaçãode bases militares dos EUA portodo o continente.

As medidas tomadas pelo go-verno Lula até agora levam aoaumento do desemprego, do ar-rocho salarial e da fome em proldas exigências do FMI e dos ban-queiros internacionais. Os traba-lhadores devem exigir que Lulaseja de verdade contra a guerra:que se negue a financiá-la.

Que Lula rompa com a Alca eo FMI e suspenda o pagamentoda dívida externa!

Emprego, salário e terra parao povo brasileiro e apoio ao povoiraquiano com armas, comida eremédios.

É hora de multiplicar os co-mitês contra a guerra e a Alca,organizar palestras, divulgar eestender o trabalho com o abai-xo assinado e marcar um novodia de manifestação.

O MOVIMENTO DEVEESTAR PREPARADO

PARA TOMAR ASRUAS NOVAMENTE

proposta de reforma da Previdência do gover-no Lula defendida pelo ministro Berzoini – deforma nada transparente, diga-se de passagem– é em tudo igual à de FHC.

Por isso tem o apoio dos banqueiros, daFiesp, do FMI e da mídia, que já está em mais umacampanha de satanização do funcionalismo público.

A lógica da reforma é transferir a arrecadação bilionáriada Previdência para o sistema financeiro e fundos depensão. Uma privatização para deixar no chinelo asentregas da Telebrás e do setor elétrico.

É tudo tão escandaloso que a reforma, se passar, alémde arrancar direitos dos trabalhadores e ameaçar a apo-sentadoria de todos, causará um rombo sem precedentesnas contas públicas. O governo deixará de arrecadar oque arrecada hoje, transferindo a parte do leão para osistema financeiro e tendo que sustentar as aposentado-rias hoje existentes com uma arrecadação inferior.

O governo quer começar a reforma votando no Con-gresso o PL-9 (projeto de FHC), que acaba com aaposentadoria integral dos novos servidores e impõe aaposentadoria complementar privada.

A aposentadoria integral é um direito que deveria serestendido a todos os trabalhadores. Escândalo não é ofuncionalismo conseguir se aposentar com o salário daativa. Escândalo é os trabalhadores do setor privado nãoterem tal direito.

Os funcionários públicos querem manter seus direi-tos e os trabalhadores do setor privado querem o retornodos seus. Exigem a revogação das reformas de FHC: fimda emenda 20, fim do fator previdenciário, a volta dotempo de serviço... e também a extensão de direitoscomo a aposentadoria integral. E os do setor informalprecisam ter direitos.

O governo Lula está fazendo o oposto: está se propon-do a concluir as reformas de FHC.

O funcionalismo público federal, em plenária realiza-da dia 18, votou uma campanha contra essa reforma e iráà greve de imediato, caso o PL-9 tramite no Congresso.

TODOS DEVEM ENCAMPAR A LUTA CONTRAESSA REFORMA!

O PSTU estará na linha de frente dessa luta, à dispo-sição dos servidores e em campanha para ganhar oconjunto dos trabalhadores para derrotar nas ruas maisessa reforma do FMI e dos banqueiros.

Continuamos afirmando que, sem ruptura com a Alcae o FMI, o governo dará continuidade piorada ao projetode FHC. Por isso, chamamos a esquerda do PT a rompercom o governo e vir construir uma organização alterna-tiva, que faça oposição de esquerda ao governo Lula.

Não concordamos com aqueles que dizem que a derro-ta do governo seria a derrota de toda a esquerda. Afirma-mos que Lula optou por aderir ao programa de FHCquando se dispôs a se submeter aos ditames do FMI. Seisso “der certo”, se Lula for vitorioso em impor a autono-mia do BC, a reforma da Previdência etc., os trabalhadoresserão derrotados e os banqueiros, vitoriosos.

É preciso derrotar esse projeto com mobilização. E épreciso forjar um partido de massas que seja expressãode um projeto de esquerda, anti-imperialista, de luta, declasse e socialista no nosso país.

Reforma daPrevidênciabeneficia banqueiros

APOIAR O

FUNCIONALISMO

E DERROTAR

A REFORMA

NAS RUAS

A

FALA ZÉ MARIA

A LUTA CONTINUA

MOBILIZAÇÕESSURPREENDERAM,MOSTRANDO UMA

CONSCIÊNCIA ANTI-IMPERIALISTA DE MASSAS

Page 4: OS145

4 OOOOOPINIÃOPINIÃOPINIÃOPINIÃOPINIÃO S S S S SOCIALISTAOCIALISTAOCIALISTAOCIALISTAOCIALISTA

N

EUCLIDES DE AGRELA,

da redação

GOVERNO LULA

o dia 10 de fevereiro, ogoverno Lula anunciouum corte de R$ 14 bilhõesno Orçamento da Uniãoem 2003. A desculpa en-

contrada foi o “erro” da gestão FHCno cálculo dos encargos previden-ciários, maior em R$ 8,9 bilhões. Orestante dos cortes – R$ 5,2 bilhões –se deveria a elevação do superávitprimário para 4,25% do PIB.

Questionando os dados do gover-no Lula, o ex-ministro do Planeja-mento do governo FHC, Guilher-me Dias, argumentou: “o que nãoestava previsto era um aumento da metado superávit em cerca de R$ 8 bilhões” (OGlobo, 11/02/03).

Na verdade, o governo Lula resol-veu elevar por sua própria conta osuperávit primário de 3,75% do PIB(soma das riquezas produzidas pelopaís em um ano) para 4,25%. Estesuperávit vai exigir uma economiade R$ 68 bilhões, que serão destina-dos para o pagamento dos juros dasdívidas externa e interna.

Aparentemente esta não foi umaexigência imediata da missão doFMI, mas uma medida “preventiva”do governo. Então, porque o gover-no resolveu elevar o superávit? Porcausa da iminência da guerra impe-rialista contra o Iraque que poderátrazer conseqüências catastróficaspara as economias dos países semi-

coloniais. Temendo uma brutal fugade capitais, o governo Lula buscaampliar a confiança do mercado fi-nanceiro internacional, garantindoàs custas do aumento da fome, misé-ria e desemprego dos trabalhadores opagamento da dívida pública.

MEDIDAS COSMÉTICASNÃO MAQUEIAM CORTES

Junto aos cortes de R$ 14 bilhõeso governo anunciou um pacote de14 medidas cosméticas para tentarminimizar o impacto. A coincidên-cia dos números não é casual.

A ampliação do crédito para asmicro e pequenas empresas, a aber-tura de 3 mil vagas para estudantesnas universidades federais, a instala-ção de 4.200 computadores nas agên-cias dos Correios e a desapropriaçãode 230 mil hectares de terra impro-dutivas para fins de reforma agrária,entre outras medidas do pacote, nãoconseguem minimizar o impactodos cortes do Orçamento.

A área social perdeu R$ 5,1 bi, oque eqüivale a 36% do total de R$ 14bi. O Ministério das Cidades, res-ponsável pela urbanização das fave-las, foi o mais atingido: perdeu R$1,9 bi. O Fome Zero perdeu R$ 34milhões. A diminuição das verbasatingiu também os ministérios daSaúde (R$ 1,6 bi); Educação (341milhões); e do DesenvolvimentoAgrário (R$ 390 milhões). O cortena área de infra-estrutura – Trans-portes, Minas e Energia, Integração

MEDIDAS AMARGASCONTRA OS

TRABALHADORESPARA ADOÇAR A BOCA

DOS BANQUEIROSPACOTE CORTA R$ 14 BI DO ORÇAMENTO E TIRA VERBAS DA ÁREA SOCIAL

E DO AUMENTO DO SALÁRIO MÍNIMO PARA GARANTIR A ELEVAÇÃO DOSUPERÁVIT PRIMÁRIO E PAGAR AS DÍVIDAS EXTERNA E INTERNA

Nacional e Comunicações – che-gou a R$ 5,2 bilhões.

Os cortes no Orçamento com-prometem, inclusive, o reajuste dosalário mínimo. Antes previsto pelopróprio governo para míseros R$240, o salário mínimo poderá ficarno máximo em R$ 234 no dia 1º demaio.

INDEPENDÊNCIA DO BCE PRIVATIZAÇÃO DOSBANCOS ESTADUAIS

Na esteira da elevação do superá-vit primário, o governo Lula anteci-pa que sua primeira reforma consti-tucional será a votação da indepen-dência do Banco Central, mais umasinalização do cumprimento fiel doscontratos com o mercado internaci-onal. Para tanto deverá alterar o arti-go 192 da Constituição, que trata dosistema financeiro nacional. Alémda independência do BC, o governoliquidaria a regulamentação do ta-belamento dos juros em 12% ao ano,como determinava a Constituiçãode 1988.

Após a reforma, os dirigentes doBanco Central, depois de aprovadosno Senado, passariam a ter mandatosde quatro anos e só poderiam ser de-mitidos em situações previstas porlei, como improbidade administrati-va ou não cumprimento de metas.

Como se não bastasse, a privati-zação dos bancos estaduais, previstano acordo com o FMI como com-plementar ao ajuste fiscal, tambémentra na pauta como prioridade.Atualmente estão sob controle daUnião e em processo de privatizaçãoos bancos dos estados de SantaCatarina, Piauí, Maranhão e Ceará.Este último, o Bec, já tem data pre-vista para ir a leilão: 19 de março.

Antes de completar seis meses, ogoverno vai estar se omitindo dapolítica monetária do país, deixandoHenrique Meirelles de mãos aindamais livres, leves e soltas para aplicaras diretrizes do FMI, do Banco Mun-dial e do Federal Reserve dos EUA.Será um golpe mortal em nossa so-berania, um passo qualitativo narecolonização do Brasil peloimperialismo ianque. De troco, osbancos estrangeiros poderão levaralguns “banquinhos” estaduais.

Como lucidamente afirmou JoséMartins na última edição do Opi-nião Socialista : “quem tem a

moeda tem o governo”.

FOTO ROSE

BRASIL /

AGÊNCIA

BRASIL

OS CORTES NAÁREA SOCIAL

SEGURANÇA ALIMENTAR(FOME ZERO)De R$ 1,75 bihãoPara R$ 1,72 bilhão- R$ 34 milhões-1,94%

EDUCAÇÃODe R$ 7,2 bilhõesPara R$ 6,92 bilhões- 341 milhões-4,73%

SAÚDEDe R$ 24,64 bilhõesPara 23 bilhões- R$ 1,6 bilhão-6,49%

PREVIDÊNCIA SOCIALDe R$ 1,47 bilhãoPara R$ 1,22 bilhão- R$ 247 milhões-16,80%

ASSISTÊNCIA EPROMOÇÃO SOCIALDe R$ 1,23 bilhãoPara R$ 984 milhões- R$ 250 milhões-20,32%

TRABALHODe R$ 784,5 milhõesPara R$ 522,8 milhões- R$ 261,7 milhões-33,35%

DESENVOLVIMENTOAGRÁRIODe R$ 1,1 bilhãoPara 709,3 milhões- R$ 390,7 milhões-35,50%

SECRETARIA ESPECIALDE DIREITOS HUMANOSDe R$ 119,5 milhõesPara R$ 23 milhões- R$ 96 milhões-80,33%

SECRETARIA DE POLÍTI-CAS PARA MULHERESDe R$ 24 milhõesPara R$ 4 milhões- R$ 20 milhões-83,33%

CIDADESDe R$ 2,2 bilhõesPara R$ 326 milhões- R$ 1,87 bilhão- 85%

Page 5: OS145

5Edição 145 - Ano VIII - De 20 de fevereiro a 12 de março de 2003

Governo Lula aprofundapolítica recessiva de FHC

ALTA DOS JUROS, AUMENTO DO DÓLAR, RECESSÃO, ELEVAÇÃO DA INFLAÇÃO E CORTES NOORÇAMENTO RESERVAM MAIS FOME, MISÉRIA E DESEMPREGO PARA OS TRABALHORES

uando fechávamos estaedição, o Copom (Co-mitê de Política Monetá-ria) anunciava a eleva-ção da taxa de juros 25,5%

para 26,5% anuais e o dólar comer-cial fechava em alta de 0,5%, sendovendido por R$ 3,612 e comprado aR$ 3,608.

Ao contrário do dólar que “flu-tua” atualmente de acordo com oshumores do mercado, a taxa de jurosdepende da política monetária dogoverno. Essa é a maior taxa de jurosdesde maio de 1999, quando ocorreuo ataque especulativo que derruboua paridade do real com o dólar, e asegunda alta consecutiva dos jurosno governo Lula. A “explicação” parasua elevação é que a medida tem porobjetivo conter o avanço da inflação.

Porém, analistas do mercado fi-nanceiro apostam que o IPCA (Ín-dice de Preços ao Consumidor Am-plo, usado como referência das me-tas de inflação) atinja 11,99% nesteano, um valor bem superior à meta

Q

Deixemos que um renomado economista do PT explique a relação da política econô-mica do governo com o aumento da crise social.

Em declaração ao jornal O Globo, o economista Márcio Pochmann prevê “um desemprego recorde emfevereiro e um primeiro trimestre de 2003 trágico para o mercado de trabalho”.

Isto se deve, para Pochmann, à elevação da taxa básica de juros que aprofunda a recessão daeconomia “para cada ponto percentual de alta na taxa de juros cresce em média 0,7% o índice de desemprego emSão Paulo”, que deverá atingir 21% em fevereiro. Os cortes no Orçamento também contribuirãosobremaneira para o aumento do desemprego.

“Se essa política econômica continuar, não vamos fazer com que haja aumento de empregos. A única coisa que vamosgerar é desemprego”, concluiu.

“Se essa política econômica continuar, aúnica coisa que vamos gerar é desemprego”

ajustada de 8,5%. Ou seja, mesmocom essa taxa de juros astronômica ainflação continuará crescendo.

Então, qual o verdadeiro motivopara o aumento dos juros? Remune-rar os capitais especulativos. Por isso,a alta dos juros interfere no aumentoda dívida, na medida que um quarto

dos títulos do governo são corrigi-dos pela taxa básica de juros – conhe-cida também com taxa Selic - doBanco Central. Já a alta do dólartambém aumenta a dívida porque ogoverno vende ao mercado títulosque são corrigidos pela variaçãocambial.

Desta forma, o governo Lula se-quer aposta na retomada crescimen-to econômico, como prometido. Naverdade, aprofunda a política reces-siva de FHC. Isso significará para ostrabalhadores mais desemprego emiséria, devido a queda da produçãoe o aumento do custo de vida.

o último dia 13 foi lançado o Con-selho de Desenvolvimento Econô-mico e Social (CDES), que reuniumais de 400 pessoas – entre minis-tros, parlamentares e conselheiros

- no salão nobre do Palácio do Planalto.Lula, no lançamento do Conselho disse

que é preciso “co-responsabilização”. Ouseja, quer dividir responsabilidades sobre oencaminhamento das reformas neoliberais.A prioridade de suas reuniões será a discus-são das reformas previdenciária, tributária etrabalhista. Foi fixado um prazo de 90 diaspara a elaboração de uma proposta de refor-ma da Previdência.

Em um primeiro momento, estava previs-to que os temas polêmicos seriam votados ea posição majoritária adotada como “reco-mendação” ao governo. Mas finalmente deci-diu-se que o Conselho terá uma função maisconsultiva. “Quando não houver consensoentre os conselheiros, o secretário-executivoremeterá ao presidente e publicará no DiárioOficial as posições divergentes”, diz o regi-mento do órgão (FSP 14/02/03).

Dos 82 membros do CDES, 41 são em-presários. Um dos membros ilustres é nadamais nada menos que Luís Otávio Gomes daSilva, ex-sócio de PC Farias que ainda res-ponde a processo por sonegação fiscal e falsi-dade ideológica. Apenas 13 são sindicalistas.

Mesmo que as polêmicas não sejam maislevada a voto, fica claro o caráter burguêsdeste conselho neoliberal. É uma vergonhaque entidades como a CUT e a UNE parti-cipem deste órgão e dêem a ele aval diantedos trabalhadores e estudantes brasileiroscomo organismo de “diálogo” com a socie-dade. Estas entidades devem não só rompercom o CDES mas inclusive denunciar o seucaráter reacionário.

CONSELHO PRA BURGUÊS VER

N

Márcio Pochmann, secretário de Trabalho da prefeitura de São Paulo

FOTO ANTONIO

CRUZ /

AGÊNCIA BRASIL

Metade do

Conselho de

Desenvolvimento

Econômico e

Social (CDES)

é composta por

empresários

Page 6: OS145

6 OOOOOPINIÃOPINIÃOPINIÃOPINIÃOPINIÃO S S S S SOCIALISTAOCIALISTAOCIALISTAOCIALISTAOCIALISTA

O dilema da esquerda do PTHELOÍSA HELENA, BABÁ E LINDBERG FIZERAM CRÍTICAS ÀS MEDIDAS NEOLIBERAIS DO GOVERNO LULA.

ESSES COMPANHEIROS VIVEM UM DILEMA: OU ROMPEM COM O GOVERNO E VOTAM CONTRA A REFORMADA PREVIDÊNCIA, A AUTONOMIA DO BC E O PROJETO DO FMI QUE VEM SENDO APLICADO, OU ACEITAM A

DISCIPLINA DO PT E SE TORNAM CÚMPLICES DOS ATAQUES CONTRA OS TRABALHADORES

á algumas semanas hou-ve na imprensa uma gran-de repercussão das decla-rações da senadora Helo-ísa Helena (PT-AL) que

negou-se a votar em favor da nomea-ção de Henrique Meireles, para oBanco Central (BC), e de Sarney,para a presidência do Senado.

Em seguida Babá, deputado fede-ral (PT-PA), levantou uma polêmi-ca aberta com Antônio Palocci sobreos rumos da política econômica.Lindberg Farias (PT-RJ) também semanifestou no mesmo sentido.

A direção do PT ameaçou punir

EDUARDO ALMEIDA,

da Direção Nacional do PSTU (MG)

H

POLÊMICA

A senadora

Heloísa

Helena (PT-

AL) e o

deputado

Babá (PT-

PA)

participam

da plenária

dos

servidores

públicos

federais

estes parlamentares. Houve umanegociação e aparentemente umacordo. O assunto saiu de cena. Po-rém, as votações dos projetos e medi-das do governo poderão suscitar umembate ainda maior.

O governo do PT, que veio compromessas de mudanças, está dandocontinuidade à política econômicade FHC. As “mudanças” que estãoocorrendo são para pior: aumento dataxa de juros, elevação do superávitprimário, cortes dos gastos sociais,aumento dos preços e tarifas, conti-nuidade da reforma da previdênciade FHC e autonomia do BC.

Esta política tem conseqüências:está levando ao começo – repetimos:apenas começo - do desgaste do go-

Para se manter ao lado dos trabalhadores,parlamentares terão de votar contra o governo

eloísa Helena não compareceu ao Se-nado para votar a favor ou contraMeirelles e Sarney. Mas nas votaçõesda reforma da previdência e da autono-mia do BC, a ausência - que tem o

significado de abstenção - é inadmissível. Não sepode fugir ou lavar as mãos em questões decisivascomo estas. É necessário votar contra o governo.

Mais ainda: porque Heloísa Helena, Babá eLindberg não se integram à campanha peloplebiscito oficial sobre a Alca e exigem de Lula,

direto da tribuna do Parlamento, sua realizaçãoimediata?

Ao votarem contra o governo, esses parlamen-tares estarão juntos com todos os setores da classeque votaram em Lula e já começam a entrar emchoque com suas primeiras medidas. Mas, dirãoalguns, eles podem ser expulsos do PT, e este nãoseria o momento de romper.

Na vida política, existem os problemas táticos eos de princípios. Não existe nenhuma considera-ção tática que justifique uma votação contrária aos

H

verno Lula. Não se trata ainda de umfenômeno de massas, pois seguemexistindo esperançosas ilusões demelhora de vida. Mas já há umainsatisfação crescente entre osativistas mais politizados que nãoforam tragados para o aparato deEstado. O clima já não é mais de“oba-oba”, mas de perplexidade emamplas camadas.

Heloísa Helena ocupou, com suasdeclarações, um lugar nos coraçõese nas mentes de todo esse setor críti-co na base. “Aí está alguém do PTque critica estes absurdos”. A dire-ção do PT recuouda ameaça de pu-nição imediataquando percebeu,pelas pesquisas deopinião, que exis-tia uma amplaoposição a qual-quer represáliacontra a senadora.

VOTARCONTRA OUA FAVOR DOGOVERNO:EIS A QUESTÃO

Estes companheiros tiveram omérito de, pelo menos, denunciar asmedidas do governo, coisa que amaioria da esquerda petista não fez.

Mas este setor minoritário da es-querda petista vive um grande dile-ma: vai ter de votar contra ou a favordas medidas neoliberais do governoque representam um ataque clarocontra os trabalhadores e a sobera-nia. A direção do PT ameaça expul-sar quem votar contra. O que farãoHeloísa Helena, Babá e Lindberg?

Até agora, suas críticas não cita-ram diretamente Lula. Heloísa He-lena, depois de criticar a indicação deSarney para a presidência do Sena-do, disse: “Não acredito que o queestá acontecendo seja culpa de Lula,não é uma questão de malevolênciaindividual. O que está havendo éuma inaceitável demonstração defraqueza do partido, de não se apro-priar de um momento tão belo para

viabilizar as mudanças profundas deque o Brasil precisa e que o PT pro-meteu em seu programa.” (Veja).Heloísa Helena está equivocada edeveria saber que isso não é assim.Palocci e Meirelles não dariam umpasso sem o consentimento de Lula.

Esses companheiros não criticamLula, porque consideram este como“seu” governo. Lindberg chegou adeclarar que “a derrota do governoseria a derrota de toda a esquerda”(FSP). Babá não ficou atrás: “Nãosou nenhum maluco que querdesestabilizar o governo” (FSP).

Essa é uma boa dis-cussão: De quem é ogoverno? Para um ob-servador com um mí-nimo de objetividade,a dinâmica das deci-sões fundamentais dogoverno Lula é dadapelos interesses do ca-pital financeiro e dita-da pelo FMI e BancoMundial.

Ao seguir reivindi-cando o governo Lula como seu,estes companheiros estão assumin-do parte da responsabilidade comtodas as suas medidas. Não se tratade qualquer governo: Lula apóia-sena confiança dos trabalhadores paraentregar o Brasil à Alca e está prepa-rando ataques às massas que nemmesmo FHC conseguiu desferir.

Esses companheiros também fa-lam que “esse governo tem que darcerto!” O que isso significa? Darcerto seria aprovar a reforma daprevidência e a autonomia do BC?Todos os que defendem os interes-ses dos trabalhadores devem que-rer que o governo seja derrotadonestes temas.

Essa discussão terá uma conse-qüência direta na hora da votaçãodas medidas propostas por Lula - enão só por Palocci, Meirelles, Sarneye cia. Se esses parlamentares, porqualquer consideração tática, vota-rem a favor do governo ou se absti-verem, estarão sendo cúmplices deataques contra os trabalhadores.

AO SEGUIRREIVINDICANDO

O GOVERNO LULACOMO SEU, ESTÃO

ASSUMINDOPARTE DA

RESPONSABILIDADECOM AS SUAS

MEDIDAS

trabalhadores, ou uma abstenção. Se a esquerdapetista ceder nisso, cederá em tudo. Se vale tudopara ficar no PT, é porque no fundo a lógica é amesma da direção do PT: vale tudo para se eleger.

É a hora de romper com o governo Lula. É horade romper com o PT. Nós somos e seremossolidários à batalha destes companheiros da es-querda petista. Caso eles rompam com o governoe com o PT, sabem que estaremos dispostos adiscutir um projeto comum. Com a palavra,Heloisa Helena, Babá e Lindberg...

FOTO

MAURÍCIO

SABINO

Page 7: OS145

7Edição 145 - Ano VIII - De 20 de fevereiro a 12 de março de 2003

LUTA CONTRA A ALCANÃO QUEREMOS SANGUE POR PETRÓLEO!

NÃO À GUERRA CONTRA O IRAQUE!

stamos às vésperas de uma agres-

são genocida da maior potência

imperialista de nossos tempos, os

EUA, a um pobre país, o Iraque.

Esta nova guerra contra-revolucionária se

desenvolve de acordo com as tendências

deste início de século XXI, marcado pelo

recrudescimento da política de pilhagem

colonial imperialista após a guerra do

Afeganistão. A marcha para esta guerra ao

Iraque faz parte da política contra-revoluci-

onária de George W. Bush, cuja expressão

pública mais clara é a “doutrina da guerra

preventiva”. Essa doutrina visa adequar a

política norte-americana às necessidades im-

perialistas num momento de crise econô-

mica que se aprofunda: acelerar a retomada

das fontes de petróleo e do controle abso-

luto da região estratégica do Oriente Mé-

dio, no marco de uma política globalmente

recolonizadora, baseando-se na utilização

sem muitos disfarces do poder imperialista

para controlar as fontes de riquezas (como

o petróleo) e para dobrar os povos que a ele

se oponham.

Mas o cenário para esse enfrentamento já

reflete uma mudança importante desde a

guerra do Afeganistão: nesses últimos me-

ses, avançou a experiência dos povos de

todo o mundo com essa nova política que

prenuncia cada vez mais miséria, guerras e

massacres para toda a humanidade. Ao mes-

mo tempo em que o maior exército da terra

concentra cada vez mais ae-

ronaves, navios e soldados

para tomar de assalto e colo-

nizar o país, massacrando a

população iraquiana, a di-

mensão que já tomou a

mobilização mundial contra

a guerra, a consciência anti-

imperialista crescente em to-

dos os continentes, potencializa um giro

decisivo na situação mundial, na esteira da

luta contra a guerra, ao estimular a revolta

dos povos contra a ordem dominante.

O imperialismo quer fazer desta guerra

um novo e importante passo em sua escala-

da de terror contra os povos. Não por acaso,

no mesmo momento se acirra a pressão

sobre a Venezuela (com apoio aos golpistas),

aumenta a repressão ao povo palestino, se

aceleram a Alca e o Plano Colômbia. E

dentro dos próprios EUA redobram-se os

ataques aos direitos dos trabalhadores, das

mulheres e, frontalmente, aos imigrantes,

em particular os de origem árabe.

AS MENTIRAS DE BUSH PARA

JUSTIFICAR O ASSALTO AO IRAQUE

O pretexto apresentado para essa guerra

por Bush e sua equipe central, toda oriunda

do complexo ‘petróleo e armas’, é a suposta

posse de “armas de destruição massiva” por

parte do governo de Saddam Hussein. O

secretário de Estado norte-americano, Colin

Powell, foi encarregado de apresentar ao

Conselho de Se-

gurança da ONU

- com cobertura

internacional de

TV - as supostas

provas da posse

dessas armas

pelo Iraque. O

roteiro de sua

longa intervenção foi tão mal preparado

que, dias depois, já era desmentido de for-

ma contundente por repórteres como

Robert Fisk e pelo ex-coordenador da co-

missão de inspetores da ONU, Scott Ritter.

Foi também desmentido por membros

do serviço secreto britânico – que informa-

vam à TV inglesa que não havia nenhuma

prova de ligação entre o Iraque e a Al Qaeda.

Para cúmulo, o próprio dossiê de Tony

Blair contra Saddam, usado por Colin Powell

em seu informe à ONU, era uma imensa

fraude, copiado em grande parte do texto

de um estudante norte-americano e basea-

do em dados de... 12 anos atrás.

Mas a maior contradição é que Bush e

Blair falam das armas de destruição massiva

que o Iraque pode usar, enquanto eles

praticam há mais de dez anos uma verda-

deira destruição massiva do Iraque, através

E

NAS RUAS, NAS FÁBRICAS E ESCOLAS VAMOS COMBATER O IMPERIALISMO GENOCIDA!

DECLARAÇÃO SOBRE A GUERRA DOS ESTADOS UNIDOS AO IRAQUE12 DE FEVEREIRO DE 2003

AVANÇOU AEXPERIÊNCIA DOSPOVOS COM ESSA

NOVA POLÍTICA QUEPRENUNCIA MAIS

MISÉRIA E GUERRAS

do embargo comercial e da destruição das

instalações farmacêuticas e de produção de

alimentos. Calcula-se em 500 mil o núme-

ro de mortes de crianças até cinco anos e

em cerca de um milhão o de adultos nesses

doze anos, devido às

inúmeras privações

resultantes do blo-

queio e dos bombar-

deios incessantes que

essas potências impe-

rialistas mantiveram

nesse período. Falam

da desobediência do

Iraque, mas nem mencionam Israel, que

tem comprovadamente bombas atômicas e

ocupa os territórios palestinos, contrarian-

do várias resoluções da ONU há mais de 35

anos.

Porém, eles ainda prometem mais des-

truição e massacres: Donald Rumsfeld

ameaçou “fazer retornar o Iraque à Idade

da pedra” caso o governo Saddam não capi-

tule totalmente. E para isso estariam, in-

clusive, dispostos a usar suas armas nucle-

ares e químicas “em caráter preventivo”.

Ou seja, para prevenir uma possível utili-

zação de armas de destruição massiva que

nem sequer provaram que existem, amea-

çam o país e a população da região com a

utilização de todo o terrível arsenal de

armas do imperialismo já utilizado antes

em Hiroshima e Nagasaki, no Vietnam e

nos Bálcãs

O DOSSIÊ DE BLAIRCONTRA SADDAM,USADO POR COLIN

POWELL NA ONU, ERACOPIADO DO TEXTODE UM ESTUDANTE

Page 8: OS145

8 OOOOOPINIÃOPINIÃOPINIÃOPINIÃOPINIÃO S S S S SOCIALISTAOCIALISTAOCIALISTAOCIALISTAOCIALISTA

sta guerra, como a doGolfo, tem como pano defundo a decisão imperia-lista de garantir a qual-quer custo o acesso livre

à região, que responde por 60% dofornecimento de petróleo ao Oci-dente. Mas a nova guerra não é umamera reedição da guerra do Golfo.Ela é muito mais que isso, pois vive-mos outro momento. Viemos de doisanos e meio de Intifada e de umasituação cada vez mais difícil para oprincipal sustentáculo do imperia-lismo no Oriente Médio: Israel.Enquanto em 1991 Bush-pai pediaa Israel que não interviesse, agora aguerra contra o Iraque não é somen-te para colonizar esse país. Bush querimpor sua ordem em toda a região,

posição dos governoscomo Aznar ouBerlusconi não necessitamuitos comentários:imploram um lugarzinho

ao sol na expedição, são os vassalosesperando algumas migalhas damesa após o banquete do imperia-lismo dominante. Já a posição dosgovernos da França, Alemanha eRússia pode confundir aos menosavisados. Em primeiro lugar, refleteos interesses de suas burguesias,que temem os efeitos da guerra, poistêm investimentos poderosos noIraque e na região que podem serafetados pela invasão e destruiçãodas instalações petrolíferas e pelocontrole direto dos EUA sobre o paísvia protetorado (plano de Bush eCheney). Esse foi o motivo de umaprimeira objeção à guerra imediatae à adoção da resolução 1441.

Aí ficou claro o caráter pró-imperialista da ONU: na verdade aONU, como fez em outras guerrasanteriores, como a do Golfo e a doAfeganistão, avaliza e é a vanguardana implementação da política doimperialismo dominante, como foidurante 12 anos na aplicação dassanções ao Iraque. Sabendo muitobem que o motivo de toda a escaladanorte-americana é o petróleo, aONU aceitou as mentiras e opretexto de Bush e companhia sobre“as armas de destruição massiva”.Depois de muitas idas e vindas, otexto do Conselho de Segurançaficou praticamente de acordo como que queria o governo Bush, já queameaçava com sérias conseqüênciaso Iraque, caso não obedecesse totale prontamente às determinações dainspeção da ONU.

Os aliados europeuse o papel da ONU

Alguns setores de esquerdachegam a dizer que a ONU é umainstituição neutra e democrática ebusca manter a paz. No entanto,apesar de enviar centenas deinspetores para o Iraque paraverificar se ele possui e eliminar as“armas de destruição massiva”, aONU não fez nada para inspecionare destruir as milhares de armas dedestruição massiva comprovada-mente existentes do arsenal norte-americano. Foi desse arsenal quevieram as armas químicas usadaspelo Iraque contra o Irã e os curdosquando Saddam ainda era aliado dosEUA. Para comprovar como a ONUnão tem nada de neutra nessa

guerra, ela aceita realizar as missõesde inspeção no Iraque sem sequerexigir um cessar-fogo dosbombardeios de destruição daaviação anglo-americana nas zonasde “exclusão aérea” do norte e suldo Iraque. Na verdade, a ONU jáestá intervindo no Iraque parapreparar o terreno para a invasão dosEUA. Ao investigar, mapear edestruir a infra-estrutura iraquiana,ela garante aos EUA que, em casode ataque, não terão que enfrentararmas que possam ameaçar suastropas.

O papel dosinspetores é servir deespiões que vãoapontando a infra-estrutura e desativandoou destruindo tudo que podem, sempor isso dar qualquer garantia aoIraque de que não será invadido.Ainda por cima sempre exigindomais e mais recuos por parte dogoverno Saddam, de acordo com aspressões dos EUA. A última dacomissão da ONU foi nada mais,nada menos, que exigir que Saddampermita que aviões U-2 dos EUApossam sobrevoar o território doIraque sem serem alvejados. Issoquando já está montado odispositivo bélico nas fronteiras doIraque e os bombardeios à infra-estrutura do país continuam.

Por outro lado, a oposiçãomassiva da população dos paíseseuropeus fez com que algunsgovernos precisem apresentar umapostura “pró-paz” frente a seusgovernados. Essa imensa oposiçãopopular tem feito com que essesgovernos “aliados” tratem de sesafar pela proposta de uma novarodada de inspeção e de uma novaresolução da ONU autorizando ainvasão somente após as inspeções.Ou seja, eles se escudam em admitera guerra desde que....“nos marcosda ONU”.

Recentemente armou-se umacrise entre EUA e França, Alemanhae Rússia em torno da utilização dosrecursos da Otan para apoiar aTurquia e sobre uma nova resoluçãoda ONU. Apesar do acatamento emgeral por parte desses governos àhegemonia política e militar dosEUA, Bush é tão imperial na defesa

de seus interesses e despreza de talmaneira a vontade de seus aliadosque estes, frente a uma situaçãoinsustentável, resolveram buscaruma alternativa mediada à invasãopura e simples e ao protetorado dosEUA no Iraque. Essa alternativa dotrio se baseia na imposição graduala Saddam de um controle externo daONU sob gestão européia. É umaoutra proposta imperialista. Porém,isso deixou furiosos Rumsfeld eBush, já que sairia do roteiro originalem que os EUA controlariamdiretamente os poços de petróleo eo país após a invasão. Por trás dessafissura na frente imperialista estãoos diferentes interesses burgueses ea imensa oposição das populaçõeseuropéias à guerra.

O movimento de massas deveaproveitar dessa divisão na frenteinimiga e reforçar a sua mobilização,mas estando alerta quanto apossíveis manobras: essa posição éde governos imperialistas eburgueses que se guiam pelosinteresses dos seus capitais, nãoestão preocupados com a “paz”. Sedependesse desses governos e daONU, a sorte do povo iraquiano jáestaria traçada. Se há alguma forçaque pode se opor a esse massacreanunciado ou fazer o imperialismopagar caro a aventura, é a força domovimento de massas, em particu-lar dos países europeus e dos EUA.

UM DUPLO OBJETIVO NA GUERRA:

controle do petróleo e redesenhodo mapa do Oriente Médio

hoje bastante instável e ameaçandoa principal reserva de petróleo domundo. A aventura guerreira contrao Iraque também inclui um rear-ranjo do mapa do Oriente Médio,assim como uma nova agressão aosdireitos da Palestina, pois Sharontrama, com respaldo de Bush, apro-veitar a guerra para a expulsão decentenas de milhares de famílias pa-lestinas dos territórios ocupados deCisjordânia e Gaza para a Jordânia.

Sharon prepara esse ataque e trei-na seus soldados junto às tropas dosEUA, alegando que precisa também“eliminar o terror”. É uma guerraduplamente contra-revolucionária,pois se associam o principal imperia-lismo e o Estado colonial de Israel,dirigido por um criminoso de guerra,

para eliminar dois focos de oposição:a Intifada e o Iraque. Mas essa aliançapode ter uma desagradável surpresa,pois, apesar dos regimes burguesescorruptos e vendidos aos capitais nor-te-americanos, como os da ArábiaSaudita, Egito e Jordânia, as massasdo Oriente Médio cada vez mais mos-tram sua indignação e revolta. De-pendendo do desenvolvimento da re-sistência das massas iraquianas e pa-lestinas, a guerra pode desatar proces-sos revolucionários em toda a região.Esse é o medo dos regimes como oturco, onde 90% da população sãocontra a cessão das bases militarespara a operação contra o Iraque, e daspetromonarquias. Tambémpreocupa vários dirigentes bur-gueses na Europa e nos EUA.

E

A

A ONU JÁ ESTÁINTERVINDO NO

IRAQUE PARAPREPARAR O

TERRENO PARA AINVASÃO DOS

ESTADOS UNIDOS

Page 9: OS145

9Edição 145 - Ano VIII - De 20 de fevereiro a 12 de março de 2003

Jovem

mexicano

pinta retrato

de Bush como

um ditador

ush e seus aliados já

perderam um comba-

te antes da guerra co-

meçar: a batalha pela

consciência dos povos.

O repúdio da imensa maioria

da população mundial é um fato

que até a mídia comprometida

é obrigada a reconhecer e en-

fraquece os governos cúmpli-

ces. Pesquisas de opinião mos-

tram um repúdio inédito a essa

guerra, ainda antes que ela co-

mece: na França, variam de 70 a

80 % as opiniões contra a guer-

ra, mesmo que haja resolução

da ONU. Na Espanha, uma

pesquisa de cadeia de rádio deu

84% contra; no Japão, 79%. Na

América Latina, há uma imensa

maioria contra; no Oriente

Médio, mais ainda, inclusive

nos países aliados de Bush,

como a Turquia (90%). Mes-

mo no interior dos EUA caiu

muito o apoio, embora tenham

havido oscilações a favor após

as investidas publicitárias de

Bush e Powell. Cresce o nú-

mero de pessoas que se colo-

cam contra a guerra e fazem

algum tipo de ação – seja os que

se expuseram nus no Central

Park, os anúncios na TV, os

clipes de artistas famosos – e a

força das mobilizações é cada

vez mais impactante.

As grandiosas manifestações

européias já são hoje superio-

res às que se fizeram na época

da guerra do Vietnã. Na Ingla-

terra, em setembro, houve a

maior manifestação desde a II

Guerra Mundial. Nenhuma das

guerras do último século co-

meçou com tal grau de repúdio

das populações dos próprios

países imperialistas beligeran-

tes, como já demonstraram

as imensas marchas do

Fórum Social Euro-

peu de Florença,

em outubro de

2002, e de Wa-

shington e San

Francisco no dia

18 de janeiro de

2003.

Por isso, a or-

ganização das mo-

bilizações unitári-

as contra a guerra

tem ganhado força

no movimento ope-

rário e estudantil do

mundo inteiro. Por isso

o 15 de fevereiro, jor-

nada mundial de luta

contra a guerra, pode

ser a maior jornada

internacional de

que se tem notícia, pois estão

convocadas mobilizações em todo

o mundo, respaldadas pelas cen-

tenas de milhares de pessoas da

marcha de Florença, pela coalizão

antiguerra dos EUA e pelas 100

mil pessoas que participaram do

Fórum Social de Porto Alegre.

Essa ampla unidade é fundamen-

tal para deter as tropas ou fazer os

governos responsáveis pelos mas-

sacres pagarem um

alto preço.

Para enfrentar a

ofensiva imperi-

alista é necessá-

rio redobrar es-

sas mobiliza-

ções e trans-

formar a in-

d i g n a ç ã o

contra a

guerra em

ações. O

movimento

o p e r á r i o

pode entrar

O repúdio à guerra:Bush perde a batalhapela consciência

com suas formas típicas de luta e

atingir o centro nervoso do im-

perialismo. Em particular na Eu-

ropa, onde essa proposta surgiu

no Fórum Social Europeu de

Florença, devemos exigir das cen-

trais sindicais que convoquem

uma greve continental se come-

çarem os bombardeios. E cada

coletivo de trabalhadores pode

realizar ações. Os sindicatos e as

comissões internas podem pro-

mover ações de repúdio; os por-

tuários e ferroviários podem rea-

lizar ações de boicote ao esforço

guerreiro, como já houve na Grã-

bretanha; os centros estudantis e

os movimentos antiglobalização

podem estimular e organizar a

mobilização contra as bases mi-

litares como a ação em Torrejón,

na Espanha. Transformemos o

repúdio à guerra e ao imperialis-

mo em ação contundente de

massas!

B

AS GRANDIOSASMANIFESTAÇÕES

EUROPÉIAS JÁ SÃOSUPERIORES ÀS QUE

SE FIZERAM NAÉPOCA DA GUERRA

DO VIETNÃ

Page 10: OS145

10 OOOOOPINIÃOPINIÃOPINIÃOPINIÃOPINIÃO S S S S SOCIALISTAOCIALISTAOCIALISTAOCIALISTAOCIALISTA

guerra concentra de forma extrematodos os problemas, de tal maneira quenão se pode fugir às definições mais defundo. No III Fórum Social Mundial,convocado sob a bandeira “Pela Paz

Mundial”, havia essa contradição: as marchasrealizadas tinham como centro a paz. É precisodizer claramente a todos os trabalhadores domundo que, para ter paz, é necessário derrotar oresponsável pela guerra, o imperialismo. Nessasmanifestações, além de denunciar aqueles queapertam os gatilhos das armas, é necessário tam-bém combater aqueles que dizem “aceitar a inva-são desde que seja sob a bandeira da ONU”. AONU não é um parlamento mundial democrá-tico e neutro, mas uma instituição a serviço doimperialismo, que respaldou a política de sançõese bombardeios ao Iraque por 12 anos e cujasmissões servem para preparar o terreno ou dar um“visto bueno” à ação genocida de Bush, Blair eSharon. Digam o que digam os inspetores queagem como verdadeiros espiões, não há justifica-tiva para essa invasão.

COM ONUOU SEM ONU,NÃO À GUERRA!

Abaixo governos cúmplices do massacre!Exijamos de todos os governos que falam empaz que rompam com quem vai à guerra!

Cada governo deve ser colocado diante de umasituação de encruzilhada: sustentam os massa-cres ou se colocam contra. Para os governosvassalos que apóiam a guerra que suas populaçõesnão aceitam, só há uma palavra: Fora! Aznar,Berlusconi e Blair são cúmplices da matança edevem ir-se! Que não se permita a utilização dasbases da Otan na Europa nem se enviem tropaspara auxiliar na empresa colonial!

Alguns governos europeus, governos da re-gião do Oriente Médio e mesmo alguns da Amé-rica Latina que se dizem de esquerda falam daguerra como algo ‘inevitável’, ou que não lhes dizrespeito. No máximo, como se estivessem refe-rindo-se a uma catástrofe, lamentam as perdasque vão acontecer e o aumento dos preços decombustíveis que ela vai acarretar. O novo presi-dente do Banco Central do governo Lula,Henrique Meirelles, afinado com Wall Street eDavos, disse “estar torcendo por uma guerra bem-sucedida e rápida”. Ou seja, torce para que os EUAconsigam seus intentos de colonização logo,mesmo que se realize um massacre tão profundoque reduza o Iraque a pó!

É preciso dizer ao movimento operário, cam-ponês e estudantil que essa guerra não diz respeitoaos iraquianos ou aos povos árabes simplesmente.Esse ataque de Bush ao Iraque tem a mesma lógicados ataques aos povos de todo o mundo, aosdireitos dos trabalhadores da Europa, Ásia e daAmérica Latina, da implantação da Alca e dosaque através da dívida externa. É a sanha doimperialismo, sua necessidade de rapina perma-nente dos povos, que o move a gastar centenas debilhões de dólares ao deslocar tamanha quantida-de de tropas e armas terríveis para uma agressão

A paz só é possível se derrotarmosde vez o imperialismo

colonial. Qualquer governo que se omita de to-mar posição e siga pagando e cumprindo os con-tratos da dívida e do FMI como se não tivesse nadaa ver com a guerra, está sendo cúmplice e estápreparando a própria população para pagar o pre-ço da aventura imperialista.

PELA RUPTURAIMEDIATA DE

RELAÇÕES COM OSEUA EM CASO DE

GUERRA!Suspensão dos pagamentos dadívida externa que vai alimentaros exércitos de Bush! Ruptura

das negociações da Alca!

Para derrotar o imperialismo e sua estratégia deagressão, deve-se enfrentar o plano genocida dogoverno Sharon de liquidação das aspirações pa-lestinas. Por isso, nessa campanha contra a guerraé necessário também colocar a bandeira da lutapela libertação da Palestina e de apoio à Intifada,demonstrando que o alvo de Bush é o mesmo deSharon e dos sionistas. É necessário apoiar arevolução palestina e denunciar a situação a queIsrael submete os palestinos como parte da guerrade Bush contra os povos, incluindo a campanhapela liberdade dos presos políticos, tais como AblaSaadat, esposa do secretário-geral da FPLP e presaao tentar comparecer ao Fórum Social Mundialde Porto Alegre, e dos cerca de cinco mil presospalestinos mantidos por Israel. Assim como énecessário estimular o boicote organizado contraempresas como Caterpillar, Sara Lee, Coca Colaetc., que sustentam com fortes investimentos eabastecem Israel de bulldozers e armas.

VIVA A INTIFADA!PELA LIBERTAÇÃO DA

PALESTINA!Toda ação, toda organização unitária que se

configure contra a guerra, assume neste momen-to um papel muito progressivo porque enfrentade forma objetiva os planos imperialistas. Hoje, apalavra de ordem central é parar a guerra, e pode-mos sintetizá-la em “Não à guerra! Fora tropasimperialistas do Oriente Médio!”. Porém, já háuma discussão com aqueles que dizem “nemBush, nem Saddam” ou, como se viu no Fórumde Porto Alegre, “nenhum fundamentalismo!”.Esta política do “justo meio”, a partir do momentoem que as tropas invadam se transforma em umaval à invasão pela via da omissão.

Sabemos que o fato de Saddam ser um tiranoque oprime seu povo e as minorias leva a umadesconfiança justificada nas ações desse ditador,que é aproveitada pelo imperialismo. Esse recur-so hipócrita do imperialismo, que antes apoiouSaddam, ecoa em várias correntes que se dizem deesquerda no sentido de uma pretensa neutralida-de entre ambos os bandos. Aqui é preciso ser claro:se Bush triunfar, a ditadura que sofrerá o povoiraquiano será muito pior, será um protetorado aserviço das multinacionais petroleiras, comanda-do por um general norte-americano. Não hálugar para vacilações nesse campo: estamos in-condicionalmente ao lado da nação agredida con-tra o imperialismo. Em caso de agressão, estare-mos, sem que isso signifique prestar qualquerapoio político ao governo Saddam, do lado militardo Iraque contra o imperialismo.

Os movimentos sociais de todo o mundosó podem ter um lugar diante da escaladamilitarista de Bush: ao lado do povoiraquiano contra a besta imperialista!

A

LIGA INTERNACIONALDOS TRABALHADORES(LIT-QI)

DECLARAÇÃOSOBRE A GUERRADOS ESTADOSUNIDOS AO IRAQUE12 DE FEVEREIRO DE 2003

PASSEATA DE ABERTURA DO III FÓRUM SOCIAL MUNDIAL / FOTO MAURÍCIO SABINO

Page 11: OS145

11Edição 145 - Ano VIII - De 20 de fevereiro a 12 de março de 2003

CAMPANHA DÁ LARGADA NAMONTAGEM DE COMITÊS E NA

COLETA DE ASSINATURAS

as passeatas e atos do dia15, as duas palavras-de-ordem mais cantadas in-dicam a compreensão deque a luta contra a guerra

e contra a Alca é uma só: “Chega debomba. Chega de ataque. Fora oimperialismo do Iraque” alternavacom “Ô Lula, eu quero ver, o Plebis-cito sobre a Alca acontecer”.

O abaixo-assinado, presente emtodas as passeatas, foi assumido comentusiasmo e milhares de assinatu-ras foram coletadas em pouco tem-po. Depois das grandes manifesta-ções deste dia 15, é possível e neces-sário montar os comitês contra aguerra e contra a Alca em toda parte.

Palestras e debates sobre estes doistemas, explicando a vinculação en-tre eles, é outra atividade decisiva eque começa a ser realizada com su-cesso. O PSTU de São Paulo reali-zou palestras para mais de 750 pesso-as. Os comitês na base se formamcom facilidade. Na Faculdade deLetras da USP, em uma única ativi-dade com a calourada, 50 estudantesse dispuseram a integrar o comitê elevar adiante as campanhas.

Atividades de agitação sobre osdois temas e coleta de assinaturastambém aglutinam muitas pessoas edão resultados importantes. Na Bai-xada Fluminense, militantes doPSTU colocaram uma banca porduas horas numa praça, coletarammais de duas mil assinaturas,contataram muita gente e incorpo-raram mais pessoas na campanha

A largada na campanha está faci-litada pela edição, por parte da Co-ordenação Nacional, de um milhãode panfletos. As entidades e ativistasdevem se dirigir às coordenaçõesestaduais para pegar o panfleto edistribuí-lo nos Estados. As entida-des, na medida do possível, devemreproduzi-lo para que o mesmopossa atingir mais trabalhadores,jovens e populares.

A campanha contra a Alca, a dívi-da e a militarização – vinculada àcampanha contra a guerra – se tornacada dia mais necessária. Pois o go-verno Lula está dando continuidadeàs negociações da Alca, ignorando oPlebiscito Popular e, para piorar, nosmesmos moldes do governo FHC.O governo não apenas entregou aspropostas brasileiras no dia 15 defevereiro – e o fez sem qualquer dis-cussão com o povo e entidades domovimento –, como segue negoci-ando os termos da Alca nas comis-sões criadas para este fim.

Ao lado, publicamos o comuni-cado da campanha nacional que faladestas negociações, exige transpa-rência e a realização do PlebiscitoOficial em 2003.

MARIUCHA FONTANA,da redação

N

FOTO

ALEXANDRE LEME

FAIXA DIZ NÃO ÀALCA EM

PASSEATA CONTRAA GUERRA EM

SÃO PAULO, NODIA 15 DEFEVEREIRO

ALCA

Coordenação Nacional daCampanha Contra a Alcafoi informada que o atualgoverno pretende entre-gar até o dia 15 de fevereiro

as propostas e ofertas sobre indústria,agricultura e serviços, dando conti-nuidade às negociações da Alca nosmesmos moldes das propostas elabo-radas durante o governo de FernandoHenrique Cardoso. O governo devepedir adiamento do prazo apenas paraa entrega das propostas sobre investi-mentos e compras governamentais.

A coordenação vê com apreensão ereceio essa informação, provenientedo ministro Celso Amorim, pois oconteúdo das ofertas não é de conhe-cimento público.

Além disso, essa iniciativa do atualgoverno, infelizmente, dá continui-dade à política desenvolvida pelo go-verno anterior. É incompreensível queo governo Lula continue a esconder aspropostas para a Alca, não permitindoseu debate na sociedade. Essa atitudedá margem a sérias preocupações: seráque essas propostas comprometem asoberania de nosso país? Será que re-presentam uma ameaça aos direitosdos trabalhadores?

Em setembro de 2002, realizamosum Plebiscito Popular sobre a Alca,onde mais de dez milhões de pessoasse manifestaram contra o acordo, pela

saída do Brasil das negociações e con-tra a entrega da Base de Alcântara aogoverno dos Estados Unidos. O re-sultado dessa consulta foi entregueaos poderes Executivo, Legislativo eJudiciário.

Atualmente, a Campanha Nacionalestá coletando assinaturas para que ogoverno brasileiro convoque um Ple-biscito Oficial sobre as negociaçõesda Alca. Entendemos que, além de seruma exigência constitucional, umgoverno democrático tem o dever deconsultar a sociedade sobre um temade tamanha relevância para o futuro dopaís. Portanto, solicitamos que o go-verno inicie um debate aberto sobre asnegociações da Alca e que torne suaspropostas públicas, antes de entregá-las e de retornar à mesa de negocia-ções.

Solicitamos que o governo realizeum Plebiscito Oficial, ainda este ano,para que a sociedade possa se expres-sar sobre a Alca, antes de dar continui-dade a sua negociação.

Neste momento, a Campanha Na-cional Contra a Alca intensifica a orga-nização de núcleos e comitês, de de-bates e manifestações, e da coleta deassinaturas da Campanha pelo Plebis-cito Oficial. Iniciamos ainda uma cam-panha de cartas pedindo que o gover-no brasileiro revele o conteúdo dassuas propostas sobre a Alca.

“Solicitamos ao governo brasilei-ro que revele o conteúdo daspropostas para a negociação daÁrea de Livre Comércio das Amé-ricas (Alca). Em uma democracia,é imprescindível que essas pro-postas se tornem públicas e quehaja um amplo debate sobre essetema na sociedade. Sabemos queas negociações da Alca trarãosérias conseqüências, pois abran-gem um amplo leque de temasrelacionados não só ao comér-cio, mas ao futuro da indústria,da produção agrícola, do traba-lho, da saúde, da educação, e daprópria soberania do país. Aimplementação da Alca pode sig-nificar a incapacidade do Brasilpara definir seu próprio modelode desenvolvimento. Portanto,entendemos que a sociedade bra-sileira tem o direito de debateras propostas do governo para aAlca e de ser consultada antes dacontinuidade das negociações.”

FAVOR ENVIAR PARA:

Presidência da RepúblicaPresidente Luiz InácioLula da [email protected]@planalto.gov.br

José Dirceu,Ministro da Casa [email protected]

Celso Amorim, Ministrodas Relações [email protected]

Presidência do Senado FederalSenador José [email protected]

Presidência da Câmara dosDeputadosDep. João Paulo [email protected]

CARTA MODELOComunicado daCampanha NacionalContra a Alca

A

Page 12: OS145

12 OOOOOPINIÃOPINIÃOPINIÃOPINIÃOPINIÃO S S S S SOCIALISTAOCIALISTAOCIALISTAOCIALISTAOCIALISTA

O PLANO DE LUTASAS REIVINDICAÇÕES

s Servidores Públicos Federais, reu-nidos em Brasília em sua PlenáriaNacional, no último dia 18, aprova-ram os eixos da campanha salarial.

Além das reivindicações da categoria, tambémentraram na pauta a exigência ao governo Lula deque o Brasil não participe da Alca; a defesa de umaprevidência social pública, solidária e com regi-me de repartição; a incorporação das gratificaçõesao salário; a manutenção dos direitos trabalhistase a busca da recuperação dos 56 direitos que foramretirados dos servidores durante o governo FHC;o cumprimento dos acordos conquistados na gre-ve de 2001; e a defesa de uma reforma tributáriaque desonere os trabalhadores e faça os ricospagarem pela crise.

Um dos pontos mais significativos do debatefoi a inclusão da auditoria da dívida externa noseixos da campanha, com imediata suspensão dopagamento, pois não é possível seguir sob a lógicadefinida pelo FMI e banqueiros internacionais,de que os trabalhadores devem sofrer mais ata-ques para gerar superávits que garantam suasabsurdas taxas de lucro. Não há como asseguraros direitos trabalhistas, previdenciários, e umsalário digno, se a quase totalidade do Orçamentosegue para as contas do imperialismo.

A plenária confirmou a disposição de luta dosservidores para retomar a mobilização. Entre asresoluções aprovadas, inclui-se a aprovação deimediata paralisação da categoria se o governocolocar novamente em tramitação o PLP 9/99.

Foram também aprovados um posicionamentocontra a guerra imperialista no Iraque, a solidarie-dade ao povo iraquiano, e a incorporação dosservidores públicos em todas as atividades contraa guerra, bem como a inclusão deste tema em suasatividades.

JUNIA

GOUVEIA

discursa na

Plenária

Nacional dos

Servidores

Públicos

O

ROGÉRIO MARZOLA,de Brasília (DF)

O novo governador do Estado do Piauí,Wellington Dias (PT) iniciou seu manda-to demitindo 14.500 servidores públi-cos considerados “irregulares”, prin-cipalmente nos setores de saúde eeducação. O governo petista jogou narua todo esse pessoal, contratado semconcurso, em nome da lei e damoralização. Pura mentira!

A verdade é que o PT demitiu osservidores porque governa em conso-nância com a política do FMI - leia-seLei de Responsabilidade Fiscal e outrasmedidas de enxugamento da máquinaadministrativa. Somente no mês dejaneiro, esse governo já destinou R$ 25milhões para pagar juros da dívida pú-blica do Piauí. Faz o mesmo que osgovernos do PMDB e PFL, que em oitoanos gastaram mais de R$ 2 bilhões coma jogatina da dívida, favorecendo aagiotagem internacional.

FOME ZEROO Piauí está sendo muito badaladodesde a posse de Lula. Isso porque oEstado será o laboratório do ProgramaFome Zero. Na cidade de Guaribas,escolhida para o programa, 90% dapopulação não têm emprego e somen-te 20% têm saneamento básico. Acon-tece que no Piauí não tem miséria sóem Guaribas: hoje, 30% da populaçãoeconomicamente ativa (700 mil pesso-as) estão desempregadas no estado.

Só esse dado já mostra que não sejustificam as demissões realizadas pelogoverno petista. E ainda, o governotenta iludir os demitidos do serviçopúblico ao prometer garantia de aces-so ao mercado de trabalho. Para isso,diz que irá “ajudar” com R$ 100 duran-te quatro meses. Após isso, todos re-ceberiam qualificação profissional eorientações para montar cooperativasde serviços gerais. Assim, o estadopoderia contratar os serviços, o quegarantiria trabalho para todos.

Quando o governo petista assume umapostura vergonhosa como esta, estájogando por terra todas as expectati-vas dos trabalhadores. Os demitidos doestado, entretanto, estão organizadosatravés do sindicato da saúde, o Sin-despi. E prometem lutar até que asdemissões sejam suspensas.

Governo do

PT demite

no Piauí

MOVIMENTO PT

ROMILDO DE CASTRO,de Teresina (PI)

Wellington Dias começou o man-

dato mandando 14.500 servido-res públicos para o olho da rua

GUARIBAS (PI) 03/02/2003FOTO ANA NASCIMENTO / AGÊNCIA BRASIL

Servidores públicoslançam campanha salarial

COMBATE À PERDA DE DIREITOS NA REFORMA DA PREVIDÊNCIAE NÃO PAGAMENTO DA DÍVIDA GANHAM CENTRALIDADE NA

PLENÁRIA NACIONAL DO FUNCIONALISMO PÚBLICO

A visita da senadora Heloísa Helena e dos deputados Lindberg Farias, Babá e Luciana Genro foi umdos destaques da plenária. Eles se comprometeram a estar junto dos trabalhadores e enfrentar o governose necessário. A presença dos parlamentares foi muito aplaudida , em especial pelos seus posicionamentoscontra as medidas neoliberais do governo Lula, expressando assim o sentimento dos delegados(as).

Zé Maria afirmou que “Não há solução para o país sem romper com a Alca e o FMI, sem deixarde pagar as dívidas externa e interna, mas a opção que Lula fez foi de manter o modelo neoliberal e oscontratos com o FMI. Isto é que tem levado os sevidores a se mobilizarem contra o governo Lula”. Sobrea presença dos parlamentares da esquerda do PT, Zé Maria dissse ainda: “Saudamos o apoio doscompanheiros da esqueda do PT à luta dos servidores. Os companheiros não devem vacilar em mantera coerência da defesa dos direitos dos trabalhadores. Se for necessário romper com o governo e votarcontra suas medidas, mesmo que isso signifique ser expulsos do PT, devem fazê-lo”.

Zé Maria e parlamentares da esquerdado PT apoiam funcionalismo

Reajuste emergencial de 46,95%, equiva-lente às perdas salariais apenas de junho

de 1998 para cá, quando entrou em vigor aEmenda Constitucional 19 e o STF reconheceuo direito dos servidores a reposição anual;

Instituição de mesa de negociação epolítica salarial para o restante das per-

das acumuladas nos governos FHC;

Contra a reforma da Previdência propos-ta pelo governo, em especial através do

PLP 9/99, construído por FHC com o FMI, e queintroduz a regulamentação da Emenda Consti-tucional 20, implementando a Previdência com-plementar, o teto de benefícios e a quebra daparidade entre ativos e aposentados, entreoutras, sendo hoje defendido também pelogoverno Lula. Imediata retirada do projeto.

1 )

2 )

Rodadas de assembléias gerais até 19 demarço em todo o país para dar seqüência àsdeliberações da Plenária Nacional;

Lançamento da campanha salarial com atosnos Estados em 20 de março;

Plenárias setoriais no dia 22 e nova PlenáriaNacional dos federais no dia 23 de março;

Seminário Nacional sobre Previdência, emBrasília, no dia 25 de março;

Realização de audiências públicas nos esta-dos e seminários em conjunto com servido-res estaduais, municipais e trabalhadoresda iniciativa privada, para ampliar a campa-nha contra a reforma da Previdência emostrar que todos os trabalhadores estãounidos.

3 )

FOTO

MAURÍCIO

SABINO

Page 13: OS145

13Edição 145 - Ano VIII - De 20 de fevereiro a 12 de março de 2003

CONCUT

abertura dos debates parao 8º Congresso da Cen-tral Única dos Trabalha-dores (CONCUT) teveum lançamento inusita-

do, demonstrando com clareza o quea Articulação Sindical pretende. Co-meçou tomando as páginas dos jor-nais com o lançamento da candida-tura de Luís Marinho, presidente doSindicato dos Metalúrgicos do ABC,à presidência da Central.

Tradicionalmente os sindicalis-tas iniciavam os debates dos con-gressos cutistas pela conjuntura po-lítica nacional e internacional, pla-nos de luta e organização do movi-mento. Somente depois de um in-tenso debate é que se chegava à con-formação das chapas, após discutirinternamente em cada corrente osnomes que a comporiam, em especi-al o do candidato a presidente.

Este ano ocorre tudo ao contrário:a Articulação Sindical já lançou onome do presidente para depois dis-cutir a política e os planos da CUT.Isso ocorre porque o governo Lulaestá deixando claro, seja no Con-gresso Nacional ou nos meios decomunicação, que os ajustes exigi-dos pelo FMI serão feitos com toda arigidez necessária, mesmo que se-jam excessivamente duros e tragammais arrocho nas condições de vidados trabalhadores. Afinal de contas,“todos” têm que dar sua parcela desacrifício para tirar o país da crise.

Por isso, o governo aumentou aproposta de superávit primário para4,25%, cortou verbas da área social,prepara um novo aumento da taxa dejuros, vai realizar a reforma da previ-dência e a trabalhista, garante a au-tonomia do Banco Central e não sedispõe a oferecer ao funcionalismonada acima de 4% de reajuste.

Ora, para aplicar todo esse planoLula necessita de um movimentosindical dócil e obediente, que de-fenda esse projeto que segue as or-

A

AMÉRICO GOMES,de São Paulo (SP)

s trabalhadores do Hos-pital São Francisco(HSF), em Belo Hori-zonte, estão em grevedesde o dia 10 de feverei-

ro, devido aos atrasos constantes nopagamento dos salários e às péssimascondições de trabalho.

Segundo o diretor do sindicato dacategoria e funcionário do hospital,

André Luiz Pádua, militante doPSTU, a greve expõe todas as maze-las do sistema privado de saúde.

O HSF goza de inúmeras vanta-gens fiscais e tributárias, por serconsiderado entidade filantrópica,vinculada à Sociedade São Vicentede Paula. No entanto, além de des-respeitar direitos mínimos dos tra-balhadores (pagamento em dia, con-cessão do vale-transporte, depósitodo FGTS, etc.), funciona sem ascondições necessárias. Faltam lu-

vas, sabão e papel-toalha para osempregados e até antibióticos, es-paradrapo, roupas de cama e gazespara os pacientes. A má administra-ção do hospital penaliza os empre-gados e usuários.

O dirigente da CUT/Minas Ge-rais e militante do PSTU, Boaven-tura Mendes, enxerga um avanço naorganização de base dos trabalhado-res. “Após a organização da escalamínima, ainda na portaria do hospi-tal, os trabalhadores dirigem-se para

o Sindicato, onde discutem os próxi-mos passos do movimento. Tam-bém realizam debates sobre temaspolíticos, como a Alca e a guerra noOriente Médio e acompanham asreuniões de negociação com a dire-ção do hospital”.

Quando fechávamos esta edição,a greve seguia forte. Os empregadosparticiparam do ato que condenou aameaça de invasão ao Iraque pelosEUA no centro de Belo Horizonte,no sábado, 15 de fevereiro.

Greve paralisa hospital em Belo Horizonte

O

CACAU,de Belo Horizonte (MG)

MINAS GERAIS

NO OITAVO CONGRESSO, A CENTRAL TERÁ DE ESCOLHER: OU DEFENDERÁ OS INTERESSESIMEDIATOS E HISTÓRICOS DOS TRABALHADORES OU SE TORNARÁ CHAPA BRANCA DO GOVERNO,

UMA CENTRAL OFICIALISTA, QUE APOIARÁ AS REFORMAS NEOLIBERAIS E OS PLANOS DO FMI

dens do imperialismo, ainda mais namaior central sindical de nosso país.

João Felicio, por mais governistaque seja, não é o nome ideal. Nin-guém melhor do que Luís Marinho,conhecido pela aplicação do banco dehoras nas fábricas do ABC e peloacordo que rebaixou salários na Volks.

INDEPENDÊNCIAEssa é a política da maioria da

direção da central, e não podemospermitirque ela conduza a CUT dearmas e bagagens para esse projeto.

Nossa central, na sua fundação,teve uma trajetória de independên-cia de classe, apoio à ação direta econstrução de mobilizações pela basecontra todos os planos econômicosdo imperialismo que tentaramimplementar no Brasil. Portanto, ogrande desafio da vanguarda sindi-cal é encarar de frente este debatepolítico, um dos mais importantesdas história do movimento sindical.

Será uma luta implacável paraque a CUT esteja na linha de frentecontra a guerra imperialista de Bush,exigindo que o governo Lula rompacom o imperialismo norte-america-no, deixe de pagar a dívida externa epare de negociar a Alca, na medidaem que os EUA agridam militar-mente o Iraque. Além disso, terá queser a vanguarda da campanha peloplebiscito oficial da Alca, que é umaexigência do movimento.

A CUT não poderá fugir à res-ponsabilidade na condução da lutasem trégua contra os planos do im-perialismo e contra a exploração docapital que massacra os trabalhado-res e o povo pobre de nosso país. Paraisso, terá então que se enfrentar comas políticas econômicas defendidas eimplementadas pelo governo Lula.

Esta será a maior prova que a nos-sa central já enfrentou: ou mantémsuas bandeiras tradicionais, das rei-vindicações dos trabalhadores querepresenta, ou se transformará numacentral governista, chapa branca, in-capaz de organizar a luta em defesados interesses imediatos e históricosde nossa classe.

Bloco de Esquerda contraa política governista

Estará nas mãos das correntes daesquerda do PT, que durante anos seuniram contra a política de concili-ação da Articulação Sindical e emdefesa da democracia de nossa cen-tral, dar mais esse combate, agoracontra a política governista.

Fazemos um chamado aos mili-tantes da esquerda petista para queconstruamos um bloco neste con-gresso. Unir a esquerda da CUT paramanter a central como uma entidadeclassista, de luta, democrática e socia-lista, será o grande desafio das cor-rentes combativas do movimentosindical brasileiro.

A CUT NA ENCRUZILHADA

CHARGE DE HENFIL DA ÉPOCA DA FUNDAÇÃO DA

CUT MOSTRA ALGUNS DOS OBJETIVOS DA CENTRAL

Page 14: OS145

14 OOOOOPINIÃOPINIÃOPINIÃOPINIÃOPINIÃO S S S S SOCIALISTAOCIALISTAOCIALISTAOCIALISTAOCIALISTA

Trabalhadores e o Partido Pátria Li-vre, mas também a presença dos indí-genas no seu Movimento Político 19de Abril, das 23 organizações campo-nesas, do MIL - Movimento pelaIgualdade e pela Liberdade. A unida-de entre essas organizações políticas esindicais se deu pelo programa, ondese colocam a luta contra a Alca, a rup-tura com o FMI, o não pagamento dadívida externa e uma reforma agráriaradical. São os quatro pontos progra-máticos em que coincidem todos eque permitiram ocupar um espaçoimportante e gerar um debate emtodos os setores fundamentais docampo e da cidade.

OS – Estamos diante da tenta-tiva da guerra contra o Iraque.Como você avalia essa situação?

Tomas – Em primeiro lugar,acredito que esta tentativa de ataquedemonstra o enfraquecimento e per-da de influência que sofre o imperia-lismo, porque já não é como antesque, quando o presidente norte-ame-ricano dizia que iria atacar um país,todo mundo se colocava à disposi-ção. Há muita resistência. Creio queo triunfo do povo iraquiano repre-sentaria um pouco o triunfo de umpovo anti-imperialista. Diante destasituação, temos que chamar todo opovo latino-americano a unir forçase estabelecer mobilizações repu-diando a tentativa do imperialismode atacar o Iraque. Também acreditoque o povo palestino está demons-trando que se pode lutar contra osopressores, contra o imperialismo epela independência. Temos queaprender, nós latino-americanos, alutar na mesma medida para, verda-deiramente, defender a nossa inde-pendência e autodeterminação

PARAGUAI

Opinião Socialista – Na Amé-rica Latina vemos hoje o aprofun-damento da crise e um ascensodas mobilizações de massas.Como você caracteriza isso?

Tomas Zayas – O aprofunda-mento da crise da América Latina éconseqüência e resultado da crise domodelo capitalista neoliberal e, ulti-mamente, não apenas os países sub-desenvolvidos estão nesta situação,mas também os EUA. Sabemos per-feitamente que os próprios paísesimperialistas estão em crise com seumodelo econômico. Por outro lado,o ascenso do movimento é uma res-posta que estão dando os trabalhado-res da cidade e do campo à ofensivaneoliberal, à falta de trabalho, aoproblemas da saúde e da educação.

OS – Qual a relação dessa situa-ção com a chegada de governosde frente popular ao poder?

Tomas – Acredito que a conjun-tura permitiu que esse tipo de gover-no ganhasse a simpatia e a esperança

Por LUPUS (Paraguai) e

LUCIANA CÂNDIDO(Porto Alegre)

Tomas Zayas, um dos principais líderes camponeses do Paraguai, militante histórico da luta contra a ditadura deStroessner, é o candidato à Presidência pela coligação entre o Partido dos Trabalhadores do Paraguai, o PartidoPátria Livre e mais de 20 organizações camponesas e sindicais. Nesta entrevista ao Opinião Socialista, ele falasobre a situação do país e da América Latina, as perspectivas diante da Alca e a mobilização dos trabalhadores.

“Nós, latino-americanos, temos dedefender verdadeiramente nossa

independência e autodeterminação”

dos explorados da América Latina.Não que estes governos irão solucio-nar os problemas dos trabalhadores,mas é parte da resposta que estãodando os pobres, os explorados. E éum pouco a demonstração de queeles não têm mais nenhuma con-fiança nos latifundiários e nos gran-des capitalistas. Consideramos que éprogressivo, inde-pendentemente dofato de que Lula ouChávez ou outro go-verno frentepopu-lista não vai resolveras questões dos traba-lhadores. Espero queeles compreendamque ter esperanças emsuas próprias forças éa única garantia paraa solução de seus problemas.

OS – Na sua opinião, quais asperspectivas para a AméricaLatina e para o Paraguai com aameaça da Alca?

Tomas – Existe uma situaçãogravíssima, porque a Alca é um pro-jeto recolonizador por parte dosEUA, de dominação total, econômi-

ca, política e militar do continente.Sabemos que este grande mercadorepresenta 800 milhões de consu-midores e os EUA estão muito preo-cupados em assegurá-lo. Por outrolado, tem a questão agrícola, queafeta todos os países desta área, vistoque os EUA estão decididos a subsi-diar sua agricultura em 65% até oano 2020 e proibir outros governosde subsidiar a produção agrícola. Ob-viamente, consideramos que a Alcatrará mais desemprego, mais fome,mais miséria. E não estamos imagi-nando, mas levando em conta a ex-periência da Nafta. A situação atualdo México é a evidência de que esteprojeto não é solução para os povos.

OS – Dentro deste contexto,qual a situação do Paraguai?

Tomas –Os partidos tradicionaisestão muito desprestigiados, a cor-rupção afeta amplos setores, come-çando pelo presidente da República,os parlamentares, o Poder Judiciário.Entre os trabalhadores, há uma po-breza cada vez mais forte. No campo,existe uma miséria crescente e o aban-dono em massa da terra. Neste mar-co, se dá uma certa consolidação dasorganizações camponesas e dos mo-vimentos juvenis que vêm impul-sionando a luta. Isso permitiu que ostrabalhadores, nos últimos tempos,optassem por uma alternativa políti-ca ante os candidatos da direita.

OS – Quais forças políticasatuam hoje no Paraguai?

Tomas – De um lado, estão ossujeitos do imperialismo, oscolorados e os liberais, que são gran-des partidos onde estão metidas asoligarquias, os latifundiários, enfim,os capitalistas em geral. Apresen-tam-se algumas novas figuras, comoPedro Fadul (Movimento PátriaQuerida), ligado à igreja católica e

que consideroseja um a maisdentro da direita.E, pela primeiravez na história denosso país, se dá apossibilidade deunir partidos deesquerda com osmovimentos so-ciais. Assim, po-demos dizer que,

por um lado, está a direita, tratandode manter seu espaço, poder e privi-légios; e, por outro, os partidos deesquerda junto com as organizaçõescamponesas, sindicais e outras.

OS – Em que condições se con-formou a aliança PT-PPL?

Tomas – Acredito que vale a penadestacar não somente o Partido dos

CONTRA A ÁREA DE LIVRECOMÉRCIO DAS AMÉRICAS

RUPTURA COM O FMI

NÃO PAGAMENTO DADÍVIDA EXTERNA

REFORMA AGRÁRIA RADICAL

OS PRINCIPAIS

PONTOS DO

PROGRAMA DE

TOMAS ZAYAS

1 )

2 )

3 )

4 )

“Os EUA queremassegurar os

800 milhões deconsumidores daAmérica Latina”

FOTOARQUIVOLIT-QI

Page 15: OS145

15Edição 145 - Ano VIII - De 20 de fevereiro a 12 de março de 2003

os dias 12 e 13 de feverei-ro, a Bolívia foi palco deum banho de sangue, queterminou com 23 mortose cerca de 80 feridos. O

conflito começou na quarta-feira(12), após soldados do Exército te-rem disparado contra sete mil poli-ciais em greve e milhares de civisque protestavam na capital, La Paz,contra o projeto do governo que es-tabelecia impostos sobre os salários.

Após sua eleição, há apenas seismeses, o presidente GonzaloSánchez de Lozada conseguiu umatrégua momentânea das direçõescamponesas e dos “cocaleros” (osplantadores de coca), que suspende-ram a onda de mobilizações que atin-giu a Bolívia no ano passado. Sen-tindo-se fortalecido, o governo ten-tou sanar seu enorme déficit atacan-do os setores assalariados. Porém, areação saiu por onde menos se espe-rava: a polícia de La Paz começouum motim exigindo a anulação doaumento de impostos.

A revolta dos policiais foi seguidapela mobilização de milhares de tra-balhadores, que foram às ruas paraexigir a renúncia do governo. OExército foi chamado para protegero palácio do governo e atirou contraa população, matando 16 pessoas. Assedes da vice-presidência da Repú-blica, do Ministério do Trabalho edos partido governistas – MIR eMNR – foram incendiadas e mani-festantes levantaram barricadas emLa Paz e bloquearam estradas. EmSanta Cruz e Cochabamba tambémaconteceram conflitos violentos,

N

FOTOS CMI ARGENTINA

Conflitos violentoscolocam em xequegoverno de Lozada

BOLÍVIA

DURANTE DOIS DIAS, A POPULAÇÃO DA BOLÍVIA SAIU ÀSRUAS E ENFRENTOU VIOLENTOS CHOQUES COM O EXÉRCITO PARA EXIGIR A RENÚNCIA DOPRESIDENTE GONZALO SÁNCHEZ DE LOZADA E O FIM DO IMPOSTO SOBRE OS SALÁRIOS

com incêndio de prédios públicos esaques no comércio.

Ainda no final da tarde de quarta,Sánchez de Lozada, fez um pronun-ciamento e anunciou a revogação daproposta de imposto sobre os salári-os. Na madrugada do dia 13, o gover-no anunciou um acordo para pôrfim à greve da polícia, que incluíaentre seus 19 pontos o pagamento deuma indenização de 10 mil dólaresàs famílias dos policiais mortos.

Mas as mobilizações continua-ram. Durante o dia, o policiamentoem La Paz foi feito apenas pelo Exér-cito e uma grande passeata, organi-zada pela Central Operária Bolivia-na, cruzou o centro da cidade pedin-do a renúncia do presidente. Franco-atiradores dispararam contra a mul-tidão e mais sete pessoas morreram.O Exército usou bombas de gás ebalas de borracha para tentar disper-sar os manifestantes e impedir que seaproximassem do palácio do gover-no. Seguiram-se saques, em especialnas cidades de El Alto e Santa Cruz.

A COB iniciou uma greve gerale voltou a exigir a renúncia do presi-dente. Evo Moralez, dirigente dosplantadores de coca e ex-candidato apresidente, também pediu a saídaimediata de Sánchez de Lozada eacusou o governo de promover açõesrepressivas aos indígenas.

Somente da na sexta-feira, dia 14,a greve geral foi suspensa e os polici-ais rebelados voltaram ao trabalho.Entretanto, continua a campanhadas entidades sindicais, estudantis edos cocaleros e indígenas pela re-núncia de Sánchez de Lozada.

O Movimento Socialista dos Trabalhadores (MST), seção da LIT-QI,lançou, em 13 de fevereiro, um panfleto chamando as direções do movimen-to a unificar a luta, rumo a um governo comprometido com os trabalhadores.

O documento afirma que o governo foi favorecido pela trégua que deramas direções nas chamadas ‘mesas de diálogo’ e quis “cumprir as ordens doFMI, lançando uma redução geral de salários”. Porém, as massas transfor-maram em seu o motim da polícia e foram às ruas pela renúncia do governo.

O MST propôs que as principais organizações dos trabalhadores (o MASde Evo Morales, a COB, a CODES, o Estado Maior do Povo, e o MIP –Mallku), junto com os policiais de base amotinados, unificassem forças emum só comando, capaz de organizar a mobilização para derrotar o governo.

NENHUMA TRÉGUA!O MST também criticou a idéia de antecipação das eleições, que só

serviria para dar tempo ao regime pró-imperialista para acumular forças. Ocaminho a seguir, para o partido, é o da continuidade das mobilizações, atéa conquista de um governo dos trabalhadores, dos camponeses e do povo.“Exijamos de nossas direções que tomem o poder e imponham um programade ruptura com o imperialismo e as transnacionais, mediante o não pagamen-to da dívida externa, expulsando o FMI da Bolívia, recuperando o gás e todasas empresas privatizadas, impedindo a implementação da Alca”.

O documento conclui com as palavras de ordem “Fora o goveno deMNR-MIR” e “Por um governo da COB, da CSUTCB e do Estado Maiordo Povo, encabeçado por Evo Morales/MAS agora!”

ENTENDA O IMPOSTO

No início de fevereiro o governo boliviano apresentou ao poderlegislativo um pacote de medidas econômicas, entre as quais umimposto sobre salário, recomendado diretamente pelo FMI.

COMO É HOJEOs trabalhadores que recebemmenos de 4 salários mínimos (1.760pesos bolivianos ou 200 dólares)não pagam imposto sobre o salário.Os que recebem acima disso podemapresentar faturas de gastos parase livrarem do pagamento.

COMO FICARIACom o pacote do governo, ostrabalhadores que recebessemacima de 100 dólares deveriampassar a pagar 13% de impostosobre o salário. O objetivo dogoverno era reduzir o déficit fiscalde 8,5% para 5% do PIB.

MST lança panfleto chamandogoverno dos operários e camponeses

Page 16: OS145

Milhões saíram às ruas contra a guerra imperialista. As maiores manifestações ocorreram na Europa e EUA.

Foi um dia que passará para a história: O imperialismo ianque e seus “aliados” estão perdendo a batalha

pela consciência das massas antes de iniciar o massacre contra o povo iraquiano.

ESTADOS UNIDOS: “NÃO EM NOSSO NOME”

Apesar do boicote da mídia, das intimidações, do fechamento de estações do Metrô e até mesmo da proibição das

passeatas, Nova York e mais 150 cidades norte-americanas se somaram ao turbilhão contra a guerra. Aos gritos de “As

ruas são nossas”, 250 mil pessoas ocuparam a Primeira Avenida, num dia de 4 graus negativos.

Em Washington, Miame, Chicago, Los Angeles, outros milhares de manifestantes estiveram presentes. No entanto, nos

EUA já se vive uma censura de guerra. As principais redes de TV praticamente não noticiaram as manifestações. Em

pleno dia 15, a CNN fazia uma “cobertura especial” sobre as “ramificações mundiais da Al Qaeda”.

EUROPA SE LEVANTA

As maiores manifestações européias ocorreram na Inglaterra, Espanha e Itália, cujos governos se aliaram servilmente

ao imperialismo. A legitimidade destes governos ficou dramaticamente questionada aos olhos do povo.

Na Europa vale destacar a expressiva participação da juventude e dos imigrantes. Na Espanha, 82 atos reuníram seis

milhões de pessoas. As marchas de Madri e Barcelona, com um milhão e meio cada, ficaram entre as maiores do

continente. Na Catalunha, quase um terço da população saiu às ruas.

Em Roma, os organizadores estimaram quatro milhões de pessoas. Londres realizou a maior concentração de sua

história, estimada em 2 milhões de manifestantes. No mesmo dia 15, a imprensa ressaltava que 90% dos britânicos

são contrários à guerra, e 60% deles inclusive se ela for aprovada pela ONU.

A Alemanha reuniu um milhão de manifestantes, 500 mil em Berlim. Paris teve 250 mil, exigindo que Chirac exerça

o direito de veto no Conselho de Segurança da ONU.

BRASIL: 60 MIL SAEM ÀS RUAS

No Brasil, foram realizados atos e manifestações em praticamente todas as capitais e em várias cidades importantes.

A maior demonstração coube a São Paulo, com um ato em frente ao Masp e passeata que reuniram 30 mil participantes.

Embora o ministro Olívio Dutra tenha afirmado o apoio de Lula à mobilização, foram poucas as figuras importantes

do PT na mobilização. A coluna do PSTU foi numerosa e animada. Zé Maria falou durante o ato e afirmou que

a guerra de Bush é “contra todos os trabalhadores e países pobres do mundo” e “que esta guerra na América

Latina tem nome: Alca”. Exigiu ainda de Lula que rompa as negociações da Alca e as relações com os EUA.

A marcha do Rio de Janeiro, que foi do Leme até o Posto 6, em Copacabana, teve cerca de 15 mil participantes.

Em Fortaleza, o PSTU levantou, no ato que reuniu 3 mil pessoas, uma faixa onde se lia “Contra a guerra

e a Alca, Lula, rompa com o FMI”. Cerca de 1.500 pessoas participaram de passeata em Salvador.

Outras 1.5000 se manifestaram em Belo Horizonte. Recife, Curitiba e São Luís também

tiveram atos importantes.

Diante da iminência da invasão do Iraque é preciso preparar os próximos passos da luta

contra a guerra: organizemos novas manifestações!

(Colaborou Felipe Alegria, de Barcelona)

MADRID

1,5 MILHÃO

BARCELONA

1,5 MILHÃO

ROMA

4 MILHÕES

LONDRES

2 MILHÕES

BERLIM

500 MIL

PARIS

250 MIL