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OS UTOPISTAS Capítulo 10 Profº José Ferreira Júnior

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Concepção tradicional de Política; Thomas Morus; Tommaso Campanella e Francis Bacon.

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Page 1: Os Utopistas

OS UTOPISTASCapítulo 10

Profº José Ferreira Júnior

Page 2: Os Utopistas

A Concepção Tradicional da Política• As ideias sobre o pensamento político

não poderiam permanecer as mesmas.• Uma verdadeira ruptura em relação à

teoria política tradicional teve início no Renascimento.

• Os novos valores emergentes favoreceram o surgimento de reflexões inovadoras sobre o homem, a sociedade e as relações de poder, trazendo como resultado uma teoria política menos contemplativa, mais prática, atuante, instrumental.

Page 3: Os Utopistas

A Concepção Tradicional da Política• A secularização do poder se impunha,

no contexto de laicização da sociedade.• Desde o período clássico dos gregos,

filósofos como Platão e Aristóteles se dedicaram à tarefa de pensar sobre a vida política.

• Eles se perguntavam como deveria ser a organização de um governo que trouxesse o bem comum, chegando a respostas prescritivas e normativas.

Page 4: Os Utopistas

A Concepção Tradicional da Política• Apesar das críticas de Aristóteles ao

ideal político construído por Platão em sua obra A República, ele também abordou o problema político com base no ponto de vista normativo, procurando definir a essência do bom governo.

• Em Roma, Cícero seguiu o mesmo caminho ao defender a necessidade do conhecimento da lei natural e universal para saber como agir.

Page 5: Os Utopistas

A Concepção Tradicional da Política• Verifica-se a valorização da teoria

sobre a prática e uma estreita ligação entre política e moral.

• A Igreja Católica ocupou o vazio deixado por Roma como poder “universalizante”, capaz de conferir unidade à extrema descentralização e fragmentação política do período.

Page 6: Os Utopistas

A Concepção Tradicional da Política• Como consequência, além do vínculo

entre política e moral, passou a haver sobretudo uma estreita ligação entre política e religião, isto é, a idéia de que a ação política e religião, isto é, a ideia de que ação política devia estar subordinada às leis naturais ou morais outorgadas por Deus, o que, na realidade, significava uma prevalência do poder espiritual sobre o temporal.

Page 7: Os Utopistas

A Concepção Tradicional da Política• Embora o pensamento político

medieval fosse fertilizado pelo pensamento grego, o Estado medieval não teve a função positiva do Estado grego, que era fundamentalmente a de assegurar a boa vida de seus cidadãos: o poder medieval assumiu a função negativa de não permitir que a natureza do homem, propensa às paixões, conduzisse ao pecado.

Page 8: Os Utopistas

A Concepção Tradicional da Política• O pensamento político ainda se

encontrava no senso comum, isto é, compreendida a ação política como algo que vai lado a lado com a ação moral.

• A exigência era a de formar um governo justo e não tirano, embora com a função de obrigar, pela força ou pelo medo, a obediência aos princípios da moral cristã.

Page 9: Os Utopistas

A Concepção Tradicional da Política• Outro traço comum entre o pensamento

político dos dois períodos está no fundamento da vida política e do poder político, na explicação sobre o que leva os homens a se organizarem social e politicamente e aceitarem viver assim.

• Tanto os antigos como os medievais encontraram causas externas à própria política para explicá-la: a natureza (os homens já nascem políticos), Deus (que doa o poder a alguém) e a razão (a própria racionalidade do homem o leva a construir a vida política).

Page 10: Os Utopistas

A Concepção Tradicional da Política• O Renascimento foi a época em que o

humanismo tematiza o homem como centro das preocupações filosóficas e a religião deixa de ser o foco da atividade intelectual.

• Vinculados à redescoberta dos textos clássicos os estudos humanísticos enfatizam a responsabilidade do homem sobre a ordem geral das coisas e sobre a capacidade que cada um tem de intervir em seu destino.

Page 11: Os Utopistas

A Concepção Tradicional da Política• A Europa vivia sob o domínio da

fome, da peste, das guerras, da intolerância religiosa, da Inquisição.

• Produziram-se diversas obras sobre sociedades ideais, ou utopias.

• O termo utopia vem do grego ou topos, que significa “não-lugar”, “lugar nenhum” ou “lugar que não existe”.

Page 12: Os Utopistas

A Concepção Tradicional da Política• A expressão tornou-se popular

graças ao livro Utopia, escrito em 1516 pelo humanista inglês Thomas Morus, no qual o autor apresenta um Estado imaginário, formado por instituições ideais sob o domínio das quais vive um povo sábio e feliz.

• Trata-se de um dos textos mais conhecidos do pensamento humanista e que ilustra bem a primazia da razão nesse período.

Page 13: Os Utopistas

A Concepção Tradicional da Política• Por trás da construção imaginária de

uma sociedade ideal está a noção de que, seguindo a razão e as leis da natureza, todos os males desaparecerão do mundo.

Page 14: Os Utopistas

Thomas Morus

Que ninguém

fique ocioso e entregue à preguiça.

Page 15: Os Utopistas

Thomas Morus

• Nasceu em Londres.• Teve intensa participação na vida

política de seu país e acabou condenado à morte pelo próprio rei por ter se recusado a aceitá-lo como chefe da Igreja em seu país.

• Morus foi proclamado santo em 1935 pelo papa Pio XI.

Page 16: Os Utopistas

Thomas Morus

• A primeira parte de Utopia apresenta uma reflexão sobre a situação política e social da Inglaterra do início do século XVI, época em que o absolutismo se consolidava e se começava a pôr em prática o cercamento dos campos, tornando particulares terras antes exploradas coletivamente.

Page 17: Os Utopistas

Thomas Morus

• A segunda parte é um relato imaginário, narrado por Hitlodeu, que, em uma de suas viagens pelos mares com a expedição de Américo Vespúcio, teria conhecido a ilha de Utopia, na qual todos os cidadãos viviam de forma ideal.

• Tudo na obra indica que se trata de uma representação de algo que não existe: a capital de Utopia chama-se Amauroto (cidade que se esvanece).

Page 18: Os Utopistas

Thomas Morus

• O Príncipe de Utopia chama-se Ademo (chefe sem povo).

• No Estado perfeito imaginado por Morus:– Não há propriedade privada, isto é,

existe a comunhão de todos os bens, de modo que tudo pertence a todos;

– Todos são iguais, possuem a mesma renda e igual condição de vida;

Page 19: Os Utopistas

Thomas Morus

• No Estado perfeito imaginado por Morus:– Não há divisão do trabalho; os

habitantes se revezam na agricultura e no artesanato, de modo a não se criarem diferenças entre eles;

– O trabalho dura apenas seis horas diárias, permitindo à população dedicar mais tempo ao lazer;

Page 20: Os Utopistas

Thomas Morus

• No Estado perfeito imaginado por Morus:– Reserva-se lugar especial para os sacerdotes,

dedicados ao culto; e para os literatos, aqueles que decidem dedicar sua vida ao estudo;

– Não há apenas uma religião ou um Deus, e todos os cidadãos sabem respeitar as diferentes crenças;

– Não há avidez por dinheiro, posto que ele é de todos, e todos cultuam hábitos saudáveis.

Page 21: Os Utopistas

Tommaso Campanella e Francis Bacon• Influenciados pelo livro de Morus,

outros autores criaram textos sobre sociedades utópicas.

• Campanella, padre dominicano, filósofo italiano que teve uma vida bastante conturbada.

• Acusado de heresia, foi perseguido e torturado por diversas vezes.

Page 22: Os Utopistas

Tommaso Campanella e Francis Bacon• Livrou-se das acusações e organizou

uma revolta camponesa na Calábria, onde pretendia fundar uma república, a Cidade Mágica do Sol, o que o levou à prisão por 27 anos.

• No cárcere, Campanella escreveu, em defesa da união do cristianismo de todos os povos, a sua obra mais conhecida, Cidade do Sol (1623).

Page 23: Os Utopistas

Tommaso Campanella e Francis Bacon• Cidade do Sol idealizava uma

comunidade teocrática na qual não existe propriedade privada, nem divisão de trabalho, de classes ou de família, e a vida se organiza de acordo com a ordem da natureza.

• Outro traço marcante da cidade é a sua construção geométrica, procurando retratar a ordem do Universo.

Page 24: Os Utopistas

Tommaso Campanella e Francis Bacon• Situada numa colina, seria constituída

de sete círculos, denominados segundo os sete planetas conhecidos na época, e teria ao centro um templo redondo e exuberante, que traria em seu altar dois mapas-múndi, um celeste, outro terrestre.

• Na obra Nova Atlândida, escrita pelo inglês Francis Bacon.

Page 25: Os Utopistas

Tommaso Campanella e Francis Bacon• Nova Atlântida também trata de uma

comunidade feliz que vive na paz e na fartura.

• O sucesso da comunidade, porém, não se deve apenas à sua organização política e social, mas sobretudo ao trabalho exercido pela instituição científica, denominada Casa de Salomão, que reúne os sábios da cidade e realiza pesquisas e experimentos, todos voltados para o domínio da natureza, visando o bem-estar dos homens.

Page 26: Os Utopistas

Tommaso Campanella e Francis Bacon• O elemento novo é o papel central que

o autor assinala profeticamente para a ciência na sociedade dos seus sonhos.

• Inspirada na República de Platão, as obras de Morus, Campanella e Bacon apresentam uma realidade que não existe, mas que seus autores gostariam que existisse, o que pressupõe um conteúdo altamente crítico em relação à realidade à sua volta, característica do Renacimento.

Page 27: Os Utopistas

Tommaso Campanella e Francis Bacon• Pode-se dizer que as utopias são uma

continuidade do pensamento medieval no modo de ver o universo político, pois ainda está presente a estreita ligação entre política e moral: quando elas apresentam o que não é, estão informando o que deveria ser.

• Elas seguem o senso comum desde os gregos, constituindo uma visão política normativa, doutrinal, que privilegia a noção de justiça.

Page 28: Os Utopistas

Tommaso Campanella e Francis Bacon• O verdadeiro rompimento com o

pensamento político anterior terá início de fato a partir de Maquiavel, que centrou sua crítica contra esse “dever ser”, lançando as bases para o surgimento da ciência política moderna.

Page 29: Os Utopistas

BIBLIOGRAFIA

• CHALITA, Gabriel. Vivendo a Filosofia. São Paulo: Ática, 2012.