os sons de jorge drexler: produção de presença no álbum “cara b”
TRANSCRIPT
Belisa Giorgis | Unisinos
Os sons de Jorge Drexler:
Produção de presença no álbum “Cara B”
A produção de presença está essencialmente relacionada a “todos os tipos de eventos e processos nos quais se inicia ou se intensifica o impacto dos objetos 'presentes' sobre corpos humanos” (GUMBRECHT)
• Materialidades
• Experiência estética
• Álbum duplo, composto pelo disco 1 – Cara B - e disco 2 – Cara C.
• Canções de Drexler gravadas em discos anteriores, em releituras
• Considerável número de covers, que parecem consistir em escolhas afetivas.
• Parte do álbum foi gravada em sete shows em cidades da Espanha, com captação de áudio ao vivo e outra parte em um quarto de hotel.
• Utilização de elementos sonorosdiferenciados junto a uma base de voz e violão
• Parece buscar a composição de uma determinada atmosfera a ser experimentada por quem o escuta.
• Uruguai
• Milonga
[...] simples e monótona [...]; lenta, repetitiva, emocional; afeita à melancolia, à densidade, à reflexão; apropriada tanto aos voos épicos como aos líricos, tanto à tensão como à suavidade, e cuja espinha dorsal são o violão e a voz. Uma forma que, quanto mais dela se extraísse, mais expressiva ficaria. Que outra, se não essa, escolheria [...] para se expressar diante daquela fria vastidão de campo e céu? Que outra forma seria tão apropriada à nitidez, aos silêncios, aos vazios? (RAMIL, 2003)
• Gênero musical
• Performance
Como a utilização de ruídos e demais elementos performativos
pode gerar umaprodução de presença e
acrescentar à experiência auditiva do álbum?
Para este trabalho, nos chama a atenção o uso de instrumentos
diferenciados, distintos dispositivos sonoros e sons
gravados do ambiente urbano.
• Faixa 1 do disco 1 - “Intro”Sobreposição de gravações de sons de avisos de início de espetáculo de diferentes teatros, em espanhol e em catalão.
+• Faixa 2 - “Un país con el nombre de un río”Inicia com sons de aplausos e gritos do público que, como se misturassem, indo e vindo, como ondas, passam, em seguida a lembrar sons de vento e de mar.
Outras faixas:
• Flores en el mar – natureza e saída do teatro
• Disneylandia – vento e sobreposições
• Cara B e Dance me to the end of love – serrote
• Equipaje – avião (efeito) e trem (ritmado)
• Deseo – buzinas de bicicleta ritmadas e de carros ilustrando
• Gracias – sachês de açúcar
• Lontano, lontano – Theremin e performance pad
• Dance, dance, dance! – Banda de Música de El Prat de Llobregat e sua gravação
• Paisagem sonora
• Ruído
• Música concreta
• Retromania
• Ruído
• Música concreta
• Ruído
• Música concreta
• Ruído
• Música concreta
• Afterpop
É possível dizer que esses elementos constituem uma produção de presença que complementa o viés hermenêutico de um olhar sobre a obra. Desse modo, a sensação física e, talvez, os elementos afetivos despertados por esses elementos performativos geram uma epifania, ou seja, uma compreensão que não passa pelo racional e que complementa e amplia a produção de sentido, compondo com a visão interpretativa das letras das canções.
Considerações finais
• O álbum “Cara B” pode ser considerado uma obra intensamente atrelada à cultura digital
• Salienta-se a fundamental relevância das avançadas tecnologias digitais para produção do álbum
• Agrega-se a isso o envolvimento, por meio da paisagem sonora criada de forma ampla, que é parte da experiência do álbum
As materialidades, representadas pela paisagem sonora criada, arte visual e performance, colaboraram para a produção de presença e, juntamente com a questão interpretativa, foram parte fundamental da produção de sentido do álbum.
