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1 OS PRODUTORES TRADICIONAIS DE LEITE DE UBERABA E SUA RELAÇÃO COM CANA-DE-AÇÚCAR Ricardo da Silva Costa 1 Universidade Federal de Uberlândia (UFU) [email protected] Rosselvelt José Santos 2 Universidade Federal de Uberlândia [email protected] Resumo A pesquisa foi desenvolvida em Uberaba/MG. No trabalho identificamos e analisamos, a partir da expansão das lavouras de cana-de-açúcar, as territorialidades dos pequenos produtores rurais de gado leiteiro e as redefinições das suas práticas socioculturais. No município de Uberaba, atuam duas usinas de álcool e açúcar, com as seguintes denominações: A Usina Uberaba S/A. e a Companhia Energética de Açúcar e Álcool Vale do Tijuco Ltda. No município, existe ainda uma pecuária de alto valor genético e econômico que dificilmente vai abrir mão das suas áreas de pastagem. Diante desse“jogo” de interesses, fomos nos aproximando cada vez mais dos produtores tradicionais de leite e procuramos identificar e analisar a influência das usinas e como os produtores locais vivem nos lugares pressionados pelo setor sucroenergético. Palavras-chave: Territorialidades. Cana-de-açúcar. Produtores locais. Modo de vida. Introdução A pesquisa desenvolveu-se a partir de trabalhos de campo realizados no Município de Uberaba, municípiolocalizado namesorregião do Triângulo Mineiro – MG. Nos lugares habitados por produtores de gado leiteiro observamos várias tensões geradas a partir da reprodução do agronegócio, sobretudodo setor sucroalcooleiro. Em áreas rurais ocupadas por produtores de gado leiteiro, tradicionais habitantes do cerrado, a reprodução do capital sucroenergético tem iniciado um processo de homogeneização das paisagens com importantes conseqüências, principalmente para as lavouras de grãos, (milho e soja) e áreas de pastagens. As lavouras de cana-de-açúcar predominam a paisagem rural, colocando em questão a permanênciados históricos produtores de gado leiteiro. Com a (re) ocupação das áreas tradicionalmente destinadas à pecuária e a produção de grãos na mesorregião do Triângulo Mineiro, a “nova 3 dinâmica de implantação das lavouras de cana-de-açúcar, promove a alteração das velhas estruturas das comunidades rurais. Na prática, as relações de vizinhança, são depreciadas ou deixam de existir, redefinindo os vínculos territoriais dos antigos produtores de gado leiteiro.

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OS PRODUTORES TRADICIONAIS DE LEITE DE UBERABA E SUA RELAÇÃO COM CANA-DE-AÇÚCAR

Ricardo da Silva Costa1 Universidade Federal de Uberlândia (UFU)

[email protected]

Rosselvelt José Santos2 Universidade Federal de Uberlândia

[email protected]

Resumo A pesquisa foi desenvolvida em Uberaba/MG. No trabalho identificamos e analisamos, a partir da expansão das lavouras de cana-de-açúcar, as territorialidades dos pequenos produtores rurais de gado leiteiro e as redefinições das suas práticas socioculturais. No município de Uberaba, atuam duas usinas de álcool e açúcar, com as seguintes denominações: A Usina Uberaba S/A. e a Companhia Energética de Açúcar e Álcool Vale do Tijuco Ltda. No município, existe ainda uma pecuária de alto valor genético e econômico que dificilmente vai abrir mão das suas áreas de pastagem. Diante desse“jogo” de interesses, fomos nos aproximando cada vez mais dos produtores tradicionais de leite e procuramos identificar e analisar a influência das usinas e como os produtores locais vivem nos lugares pressionados pelo setor sucroenergético. Palavras-chave: Territorialidades. Cana-de-açúcar. Produtores locais. Modo de vida. Introdução A pesquisa desenvolveu-se a partir de trabalhos de campo realizados no Município de

Uberaba, municípiolocalizado namesorregião do Triângulo Mineiro – MG. Nos lugares

habitados por produtores de gado leiteiro observamos várias tensões geradas a partir da

reprodução do agronegócio, sobretudodo setor sucroalcooleiro.

Em áreas rurais ocupadas por produtores de gado leiteiro, tradicionais habitantes do

cerrado, a reprodução do capital sucroenergético tem iniciado um processo de

homogeneização das paisagens com importantes conseqüências, principalmente para as

lavouras de grãos, (milho e soja) e áreas de pastagens. As lavouras de cana-de-açúcar

predominam a paisagem rural, colocando em questão a permanênciados históricos

produtores de gado leiteiro. Com a (re) ocupação das áreas tradicionalmente destinadas

à pecuária e a produção de grãos na mesorregião do Triângulo Mineiro, a “nova3”

dinâmica de implantação das lavouras de cana-de-açúcar, promove a alteração das

velhas estruturas das comunidades rurais. Na prática, as relações de vizinhança, são

depreciadas ou deixam de existir, redefinindo os vínculos territoriais dos antigos

produtores de gado leiteiro.

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A sociabilidade entre vizinhos fica comprometida na medida em que os moradores

alugam parte ou totalidade das suas propriedades e em alguns casos vão morar na

cidade. Nos contratos de arrendamentos os valores ofertados, relacionados ao mercado,

seduzem os antigos moradores. Interessados em ampliar a área dos seus canaviais, os

usineiros agem oferecendo rendimentos que se configuram em vantagens econômicas

que as outras atividades, principalmente a pecuária e a agricultura de grãos, não

conseguem estabelecer concorrências.

Desse modo, quando o produtor arrenda suas terras para o cultivo da cana-de-açúcar,

altera a dinâmica da comunidade. Com a inserção das lavouras de cana, os produtores

rurais locais tendem a redefinir as suas atividades e em certos casos deixam o lugar,

pois, como rentistas não é mais necessário ficar morando na propriedade.

Com o esvaziamento da área rural de Uberaba, o cotidiano das comunidades rurais vai

se alterando, a rede de vizinhança perde seus membros. Nessa condição, o vizinho vai

ficando mais distante. Na área rural do município, as lavouras de cana dificultaram os

deslocamentos, pois a paisagem foi alterada e as estradas não são mais seguras devido à

circulação dasgrandes maquinas e caminhões.

O Brasil em 2011possuia 4324 usinas sucroalcooreiras5, as quais somavam um total de

8.032.950,006 hectares de lavouras. Minas Gerais é o segundo produtor de cana do país,

tendo 649.940,00 hectares plantados de cana e 43 usinas sucroalcooleiras instaladas. Na

região do Triângulo Mineiro existem 23 usinas instaladas, as quais ocupam

principalmente as áreas de grãos e recentemente as de pastagens.

A reprodução do capital sucroenergético no cerrado mineiro ocorre devido às políticas

publicas federais que em tese se “justificam” por elevar o país a auto-suficiência na

produção de combustíveis. Como não é nosso objetivo debater sobre tais políticas,

analisaremos o processo de implantação/avanço da cultura da cana-de-açúcar no

município de Uberaba.

As usinas de álcool e açúcar em Uberaba-MG Em meados da década de 2000, instalam-se no município às usinas sucroenergética para

produção de álcool (etanol), açúcar e energia elétrica. A primeira indústria a se instalar

no município foi à usina Uberaba S/A, investindo R$ 153,9 milhões para a montagem

da fábrica e das lavouras. Esse empreendimento produz álcool e está em fase de

ampliação para produzir açúcar. No final da década de 2000, é instalada no município a

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segunda indústria, a usina Companhia Energética de Açúcar e Álcool Vale do Tijuco

Ltda. Trata-se de investimentos da ordem de R$ 300 milhões e já conta com uma área

de 25 mil hectares de lavoura de cana-de-açúcar. Na primeira etapa a usina produzirá

apenas álcool e energia elétrica. A usina Vale do Tijuco, nos próximos anosda segunda

década do século XXl, vai investir R$ 220 milhões na expansão da planta industrial para

a produção de açúcar.

Esses investimentos no município acarretaramprofundas modificaçõesno espaço rural,

afetando produtores rurais locais, suas comunidades e o cotidiano das pessoas.

Para pensarmos o cotidiano como categoria de análise, remetemo-nos as ponderações de

Lefebvre (1991):

O cotidiano não é um espaço-tempo abandonado, não é mais o campo deixado à liberdade e à razão ou à bisbilhotice individuais. Não é mais o lugar em que se confrontam a miséria e a grandeza da condição humana. Não é mais um setor colonizado, racionalmente explorado, da vida social, porque não é mais um “setor” e porque a exploração racional inventou formas sutis que as de outrora. O cotidiano torna-se objeto de todos os cuidados: dominós da organização, espaço-tempo da auto-regulação voluntária e planificada. (LEFEBVRE, 1991, p 81-82)

No cotidiano das famílias e das “comunidades” relaciona-se e intervêm as estruturas

recentes do Estado e das duas usinas sucroenergéticas. As intervenções podem ser

percebidas a partir da legislação ambiental, sistemas de créditos, contratos de arrendamento,

higienização dos processos produtivos. Obviamente são alguns dos exemplos dessas

estruturas, mas que ao impor comportamentos,padrões e normas sociais, também

inviabilizam e tem inviabilizado para a maioria dos produtores rurais a produção dos meios

de vida.

O processo de expansão das lavouras de cana-de-açúcar envolve um movimento de

reocupação, redefinição e revalorização dos espaços já ocupados por produtores

tradicionais do cerrado, bem como desarticulações de modos de vida fortemente

vinculados aos seus respectivos territórios, tornando-se necessários amplos estudos.

Pensar a problemática da condição dos produtores “tradicionais” do cerrado sob o avanço

das lavouras de cana-de-açúcar é necessariamente pensar a precariedade da sua existência

imbricada ao modo de produção capitalista.

No interior deste debate teórico apresentam-se alguns referenciais teóricos para se

pensar a condição de formas sociais de produção que não são especificamente

capitalistas, como é o caso dos pequenos produtores de gado leiteiro do município de

Uberaba.

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Os produtores rurais locais de Uberaba, indicam particularidades socioculturais que nos

remeteram a pensar a sua existência nos lugares reocupados pelo setor sucroenergético. Na

relação com o cerrado, desenvolveram uma pecuária leiteira com formas e conteúdos

diferentes daqueles que estamos acostumados a ver sob a lógica do capital. Desse modo, é

na analise das realidades locais e de suas particularidades socioculturais que procuramos

decifrar a permanência/existências desses produtores “cercados” pela cana.

Materiais e métodos Na realização da pesquisa utilizamos os recursos técnicos do Laboratório de Geografia

Cultural, bem como o acervo da biblioteca da Universidade Federal de Uberlândia.

Nesses espaços procuramos suprir as necessidades teóricas e metodológicas. No campo

fomos aos lugares vividos dos produtores de leite. No cotidiano procuramos observar as

transformações socioespaciais e comparativamente com a teoria, fomos estabelecendo

discussões a respeito do território, da paisagem, dos modos de vida. Com o objetivo de

observar e descrever aquilo que estava ocorrendo nas duas comunidades, pensamos as

territorialidades desses moradores e as mutações implicadas entre os modos de vida e a

reprodução dos capitais investidos na produção da matéria-prima, cana-de-açúcar, no

município de Uberaba/MG.

Quanto as leituras e interpretações da paisagem consideramos o quanto as suas formas

poderiam revelar as identidades dos produtores “tradicionais”, principalmente da pecuária

leiteira do município de Uberaba, segundo Claval (1999) A paisagem encontra-se, algumas vezes valorizadas por si mesmas: deixa de ser somente uma expressão da vida social, toma uma dimensão estética ou funda a identidade do grupo. (CLAVAL, 1999, p-295)

Além de conhecer o processo de formação das grandes lavouras, a observação,

descrição e comparação das paisagens existentes no município, nos permitiu

acompanhar o ciclo de algumas atividades produtivas de base familiar, como é o caso da

pecuária leiteira.

No campo valorizamos as relações sociais comunitárias, o envolvimento dos sujeitos

sociais com as coisas e as pessoas dos lugares e ainda as estratégias e arranjos

produtivos decorrentes de valores humanos, costumes, hábitos e tradições. Desse modo,

a leitura sobre a vida cotidiana contemplou o lugar vivido das pessoas. Segundo Santos

(2009),

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A vida cotidiana abrange várias temporalidades simultaneamente presentes, o que permite considerar, paralela e solidariamente, a existência de cada um e de todos, como, ao mesmo tempo, sua origem e finalidade. (SANTOS, 2009, p.127).

As leituras teóricas e observações locais abordando os modos de vida possibilitaram pensar

as diferenças e nos ajudaram na identificação das características do sujeito social que

passou, recentemente a conviver com os canaviais. Esse trabalho permitiu identificar as

suas formas de produzir, revelando algumas especificidades e também elementos da cultura,

do simbólico que constituem as suas lógicas sociais e formas de organização

sócioterritorial.

Considerando as etapas do caminho metodológico, na relação com as comunidades

rurais incorporamos a categoria modo de vida, pois de acordo com Penzin (2001) Os modos de vida supõem o reconhecimento da existência de uma multiplicidade de possibilidades de experiências coletivas e individuais [...] Os modos de vida seriam efeitos reveladores de uma multiplicidade de vetores históricos, econômicos, culturais e psíquicos [...] Por isto mesmo, estão em constante mobilidade e permanente transformação. (PENZIN, 2001, p. 15-18)

O trabalho de campo, no município de Uberaba assume importância para o pesquisador

na medida em que se pode colher informações, algumas que residem na memória dos

sujeitos sociais, que podem indicar novidades, pois de acordo com Santos, R.J (1999), [...] o trabalho de campo, vai além da coleta de dados para desenvolvermos uma pesquisa comprometida com a realidade das populações, vista que será também um esforço acurado do pesquisador em lapidar esse diamante, que é a memória das populações em relação ao vivido. Esse procedimento exigirá dos pesquisadores um respeito radical pelos modos de sentir, pensar, agir e reagir do outro. (SANTOS, 1999, p.117)

No campo partimos do modo de vida existente nos lugares. Buscamos nesse

procedimento compreender as dinâmicas sociais dos produtores rurais locais.

Caracterização da área de estudo. Uberaba é um município brasileiro do estado de Minas Gerais, localizado na região do

Triângulo Mineiro(mapa 1), possui uma área de 4.524 Km2. Sua população, segundo o

IBGE no ano de 2010, era de 296.000 habitantes.

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De acordo com o INCRA (2009), o município de Uberaba classifica suas propriedades a partir da sua área territorial.

Segundo os dados do INCRA, cerca de 65,14% do município de Uberaba é formado por

mini e pequena propriedade, as quais são na grande maioria responsáveis pelo

fornecimento de hortifrutigranjeiros e abastecimento do CEASA do município. Além de

produzirem os meios de vida, os pequenos produtores, têm como renda principal a

pecuária leiteira.

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A presença de duas unidades sucroenergética, como se pode observar no mapa 1, pode

ser relacionada, principalmente a dois fatores espaciais. O primeiro é a logística7 e o

segundo são os recursos naturais8.

As condições infra-estruturais e naturais do espaço indicam, por um lado, vantagens

econômicas para o setor sucroenergético, enquanto para o produtor rural local, essa

reocupação tem acarretado algumas interpretações. “[...] a tem tanta usina aqui perto que agente fica cum medo de não sobra mais lugar pra pode cria galinha, cria vaca cria nossos animais....aqui no município tem duas usina a Uberaba e a Vale do Tijuco, oiá a quantidade de cana que já tem plantada [...]”9

Na fala do produtor observamos ponderações e essencialmente inquietações no que se

refere as possibilidades de continuar existindo na condição de produtor familiar, pois

cercados pelas grandes lavouras de cana, prevêem situações de perda de

espaço.Percebemos, a partir do produtor de gado leiteiro que as tensões decorrentes da

reprodução do capital sucroenergético existem e se materializam no uso do espaço do

município de Uberaba.

No quadro 2 podemos observar a distribuição do uso do solo.

A partir da ação do setor sucroenergético, constata-se que as terras do município estão

na sua grande maioria ocupadas pela agricultura, o que reforça a preocupação dos

pequenos produtores de leite de Uberaba.

O leite como principal produto da pequena produção familiar indica também que os

vínculos territoriais foram se constituído na relação das pessoas e de suas práticas

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socioculturais arroladas a essa atividade. Assim,nas comunidades rurais as

territorialidades desses produtores locais devem ser relacionadas ao vivido dos sujeitos

sociais de uma determinada coletividade, pois segundo Raffestin (1993) A territorialidade adquire um valor bem particular, pois reflete a multidimensionalidade do “vivido” territorial pelos membros de uma coletividade, pelas sociedades em geral. Os homens “vivem”, ao mesmo tempo, o processo territorial e o produto territorial por intermédio de um sistema de relações existenciais e/ou produtivistas. (RAFFESTIN, 1993, p-158)

Desse modo, procuramos pensar os vínculos territoriais do produtor de gado leiteiro

observado e analisando as práticas socioculturais relacionadas a pecuária leiteira.

Pecuária leiteira: adaptações e perspectivas A pecuária leiteira nacional vem recebendo cada vez mais investimentos, tanto financeiros

quanto tecnológicos. No decorrer da última década a quantidade de leite produzida no

Brasil, mesmo passando por algumas dificuldades, não parou de crescer10. Como podemos

observar no gráfico 1.

Uma das crises enfrentadas pelos produtores de leite no Brasil foi a

A partir de investimentos, obtidos através de empréstimos com instituições financeiras,

alguns produtores familiares conseguiram elevar a produtividade dos seus rebanhos.

Trata-se de investimentos realizados no setor e que proporcionaram redução nos preços

de alguns equipamentos, por exemplo, a ordenha mecânica e tanque de expansão.

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Produção Leiteira Nacional

Gráfico 1: Quantidade de Leite produzido no Brasil na última década. Fonte: Banco de dados, IBGE. Adaptado por COSTA, 2011.

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No estado de Minas Gerais, a pecuária leiteira é uma atividade econômica que criou

suas bases na pequena produção. Historicamente, o pequeno produtor, organizou a sua

propriedade para ter no leite a sua principal renda. Neste processo de globalização da

economia, o pequeno produtor vive novas imposições e terá que investir em tecnologia

para atender as determinações do mercado.

No gráfico 2, constata-se que o estado de Minas Geraisé responsável por 21 % da

produção nacional,

Gráfico 2: Produção Leiteira do ano de 2009: comparativo da produção mineira com a nacional. Fonte: Banco de dados, IBGE. Adaptado por COSTA, 2011.

Minas Gerais destaca-se no cenário leiteiro, por vários motivos, questão histórica,

tradição, mas a partir de 2011 passou a ser a principal fornecedora de genética leiteira

do país, sendo que as suas basesexperimentais estão localizadas no Triângulo Mineiro.

Segundo a Secretaria de Estado de Agricultura, Pecuária e Abastecimento de Minas

Geraiso estado se mantém líder em produtividade leiteira, distanciando-se cada vez mais

da média nacional. Historicamente, Minas Gerais se destaca como o maior produtor de leite do país. Segundo dados do IBGE trabalhados pela Embrapa Gado de Leite, em 2009 o Estado produziu 7,9 bilhões de litros, representando 27,2% do total de 29,1 bilhões de litros produzidos no Brasil. Possui o maior rebanho de vacas ordenhadas, com 5,3 milhões cabeças e uma produtividade expressa em litros de leite/vaca/ano de 1.502, ou seja, 15,8% superior à produtividade brasileira, registrada no ano de 2009 em 1.297 litros/vaca. (SECRETARIA...,sem data)

Em Minas Gerais a mesorregião que mais se destaca na produção leiteira é o Triângulo

Mineiro que representa 21% da produção estadual de leite como podemos observar no

gráfico 3.

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Gráfico 3: Produção Leiteira do ano de 2009: comparativo da produção leiteira mineira com do Triângulo Mineiro. Fonte: Banco de dados, IBGE. Adaptado por COSTA, 2011.

Comparando a produção de leite do Triângulo Mineiro com o município de Uberaba

temos os dados apresentados no gráfico 4.

Gráfico 4: Produção Leiteira do ano de 2009: comparativo da produção do Triângulo Mineiro. Fonte: Banco de dados, IBGE. Adaptado por COSTA, 2011.

O município é responsável por 4 % da produção leiteira do Triângulo Mineiro o que

equivale a 76.778 litros de leite. No entanto, cada vez mais o cultivo da cana-de-açúcar

se expande sobre as pastagens. O que eleva os desafios dos pequenos produtores em

manterem-se no setor.

O leite é uma mercadoria produzida a partir de saberes e fazeres da produção familiar e

que no município assume dimensões históricas. Atualmente o município conta com

estabelecimentos que coletam, armazenam e produzem alimentos a partir do leite. A

importância da pecuária leiteira no município pode ser constatada a partir dos eventos

realizados nos anos de 2009 e 2010.Segundo a prefeitura de Uberaba: “A Megaleiteno

ano de 2009 obteve o faturamento apenas nos leilões de animais de R$ 9.380.500,00. A

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feira teve a 14 leilões presenciais e 13 virtuais. Em 2010, a feira teve faturamento de

cerca de R$ 8,2 milhões nos 14 leilões. Além de leilões, julgamentos e torneiro leiteiro,

a exposição teve espaço para a capacitação” 11. Nesse tipo de evento, além da

comercialização de mercadorias, observa-se a troca de experiências e de divulgação das

conquistas tecnológicas, principalmente relacionadas aos avanços conquistados na

genética dos rebanhos.

Além dos laticínios instalados no município observamos a presença de outros grupos

ligados ao setor que recolhem o leite nas fazendas e os levam para outras cidades da

região.

Na nossa pesquisa, constatamos que ainda não houve uma diminuição na produção de

leite. Isso significa que a maioria dos produtores ligados a pecuária leiteira investiram

no setor, principalmente em sistemas de confinamento12, em genética e em várias

tecnologias de manejo (Imagem1 e 2).

Imagem 01 – Investimento em tecnologias. Ordenha mecanizada, apesar das instalações simples, o produtor família investe na mecanização.

Fonte: ZANZARINE, 2010.

Imagem 02 – Investimento em tecnologia e alimentação do rebanho leiteiro. Os produtores investiram nos concentrados (alimentos para rebanho) para aumentar a produtividade leiteira, sem aumentar a área.

Fonte: ZANZARINE, 2010.

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O dinamismo do produtor de leite no município, mesmo em plena expansão das

lavouras de cana-de-açúcar, indica que as práticas sociais relacionadas a pecuária

tendem a fortalecer o território. No que se refere aos sujeitos sociais que usam o

território podemos pensar a existência do pequeno produtor de gado leiteiro

considerando o pensamento de Milton Santos O território em si, para mim, não é um conceito. Ele só se torna um conceito utilizável para a análise social quando o consideramos a partir do seu uso, a partir do momento em que o pensamos juntamente com aqueles que dele se utilizam. (SANTOS, 2009, p. 22).

Já Haesbaert (2005) afirma que, [...] todo território é, ao mesmo tempo e obrigatoriamente, em diferentes combinações, funcional e simbólico, pois exercemos domínio sobre o espaço tanto para realizar “funções” quanto para produzir “significados”.(HAESBAERT, 2005, p 6776).

No caso do produtor familiar, a produção de leite ajudou-os a criarem vínculos

territoriais que de algum modo acabam dificultando a entrada da cana-de-açúcar em

suas propriedades.

No gráfico 5,os dados indicam que a evolução na produção leiteira no município de

Uberaba continua mesmo com a incorporação de áreas de pastagens pelo setor

sucroenergético.

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Evolução na produção Leiteira no Município de Uberaba

Gráfico 5: Evolução na produção leiteira no Município de Uberaba. Fonte: Banco de dados, IBGE. Adaptado por COSTA, 2011.

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Em uma década, no município de Uberaba, a produção leiteira passou de 45.000 litros

de leite para 75.000 litros. No entanto, os pequenos produtores reclamam do preço pago

peloslaticínios. Segundo um dos entrevistados

Eles paga (os laticínios) pra noismuito barato na época da seca nois empata nem ganha nem perde nosso serviço fica pra pagá ração e silo pro gado .... agora vai na cidade pra compra um litro de leite de caxinha pra vê o absurdo que paga e lá só tem água num ébão igual o que nos vende13.

As dificuldades dos produtores em obter melhores preços pelo leite não é uma

particularidade recente. Lopes (1985) observa que: [...] A situação do pequeno produtor apresenta uma deterioração constante, dado que o preço do leite é controlado, ao passo que o preço dos insumos, da terra e das pastagens não o é. (LOPES, 1895, p-96)

O alto preço dos insumos (ração, milho, remédios, etc...), acarreta para o produtor várias

dificuldades e que em alguns casos implica em buscar ou desenvolver novos práticas

produtivas para reduzir custos e baratear a produção. Nois pranta sorgo e milho pra faze silo pra trata do gado na época da seca si não nois tem que soltar as vacas e ficar sem tirar leite porque a ração e muito cara, se compro aração e a mesma coisa de compra leite pra entrega14.

Observamos na reclamação do produtor, que se faltar área para plantar alimentos para o

gado (principalmente milho e sorgo), vai ocorrer uma diminuição da produção de leite

no período de estiagem. Manter a renda na atividade, mesmo no período seco, impõe ao

produtor familiar, também produzir o alimento do seu rebanho.

Trata-se de um rebanho que apresenta melhoramento genético e que demanda algumas

melhoras na alimentação, principalmente, atenção ao fornecimento e produção de novas

fontes de proteínas. Esse gado leiteiro, no município de Uberaba, começou a apresentar

melhoras genéticas em meados da década de 1980. Os primeiro trabalhos realizados

ocorreram com a inserção de touros reprodutores das raças GIR, Guzerá, Zebu e

Holandês.

No ano de 2011, no município, a pecuária leiteira, destacou-se a partir da produtividade

apresentada pelas raças Gir, Girolando, holandês e o Zebu. Segundo a ABCZ

(Associação Brasileira dos Criadores do Zebu) “Uberaba é reconhecido como a capital

do gado zebu”15. Estes investimentos ocorrem na maioria das vezes para os grandes

produtores, os pequenos produtores muita das vezes investem parcialmente, seja pela

falta de meios ou por insegurança. Segundo um dos entrevistados

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À... o gado com a genética mió e baum mais depende muito da farmácia ele num é resistente igual as nossa vacas aqui naum.... fico cum medo de investi nesti tipo di gado(holandês) i ficá na mão do veterinário, além dissu e caro...o guverno dá dinhero pra comprá (PRONAF) mais eu prifirú investi na raça que eu cunheço16.

Percebe-se na fala do produtor desinformação e ao mesmo tempo desconfiança e

descrédito nas tecnologias. Nesta parte do cerrado o pequeno produtor sempre produziu

a partir de um gado rústico, sendo que a mudança se constitui em desafios. Desse modo,

não aderir a investimentos indica falta de clareza. Na visão desse produtor, trabalhar

com vacas muito produtivas é sempre um risco, pois a preocupação consiste em manter

essenovo rebanho. Segundo o entrevistado, os custos se elevam e para não correr risco é

mais viável trabalhar com um gado menos produtivo, cerca de 9 litros de leite em média

e não se endividar. Assim, quando o produtor familiar se recusa aderir ao melhoramento

genético,indica-se também dificuldades em se obter recursos para gastar com remédios,

com um gado que tem potencial para atingir uma produção de 40 litros de leite/dia,

como é o caso das vacas holandesas.

A partir dessa racionalidade compreendemos que a grande maioria, dos produtores

visitados opta em investir os seus recursos, sobretudo, na alimentação17 do que

propriamente na genética do seu rebanho leiteiro. Nas paisagens das propriedades, os

silos são um dos novos componente, assim como na cidade de Uberaba, os

estabelecimentos comerciais que vendem ração, tornam-se lucrativos. Contudo essa

situação tende a mudar, pois observamos que alguns produtores compram touros de raça

(Gir, holandês), para cruzarem com suas vacas, dando crias de qualidade intermediaria,

ou seja, que não têm a produtividade nem de uma vaca de raça apurada e nem das vacas

mais rústicas.

Conclusão A expansão das lavouras de cana-de-açúcarmodificou o espaço rural de Uberaba.

Porém, ainda não conseguiu (des)configurá-lo totalmente ou mesmo desarticular a

produção leiteira de base familiar. Os canavieiros compraram e arrendaram terras no

município, só que mesmo assim não conseguiram retirar da pequena propriedade os

produtores de leite. [...] a eles queria alugá nossa terra só que eu não quero lagar a roça não...mesmo com o leite pagano mau eu não vo larga pra pode fica na cidade sem faze nada só recebeno pelo arrendamento pra cana....e depois se eu quizetrabaiá de novo na terra será que vo te disposição e dinheiro?18

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Na fala do entrevistado,a terra é parte da sua existência e também da vida que ocorre no

lugar. Para Santos O lugar é um conjunto de objetos que têm autonomia de existência pelas coisas que o formam - ruas, edifícios, canalizações, indústrias, empresas, restaurantes, eletrificação, calçamentos, mas que não têm autonomia de significação, pois todos os dias novas funções substituem as antigas, novas funções se impõem e se exercem. (SANTOS, 1988, p-19).

Com a produção das lavouras de cana-de-açúcar para alimentar as usinas de álcool e

açúcar e produção de energia elétrica, a preocupação dos pequenos produtores ocorre

devido ao desrespeito com a vida que ocorre no lugar. Nesse processo os pequenos

produtores compreendem que não há respeitoaos limites da propriedade. No campo

percebemos que logo na instalação das lavouras, algumas cercas são retiradas, as

fazendas perdem seus nomes, os produtores rurais do campo têm suas referências sócio

territoriais alteradas e em certos casos anuladas. Por tudo isso, ocorre uma profunda

transformação dos elementos identitários da vida que ocorria no campo. São mutações

que fazem com que os sujeitos não mais reconheçam seus lugares, ocorrendo certos

estranhamentos na relação com o lugar. Em alguns casos há a perda da identidade.

Quando a terra é preparada para o cultivo da cana-de-açúcar, a paisagem é alterada e no

conjunto modificam seus conteúdos, suas cores, seus cheiros, símbolos e significados.

Em alguns casos, esse sujeito acaba saindo do campo, inclusive ocorrendo a redefinição

das suas práticas socioculturais.

Compreende-se que o processo de reprodução do capital sucroenergético vem gerando

tensões de difícil solução para os produtores “tradicionais” de leite. Para aqueles que

permanecem há mudança tanto territorial quanto sociocultural.

Notas 1 Bolsista do CNPq,graduando em bacharelado e aluno da pós-graduação modalidade mestrado em geografia pelo Instituto de Geografia, Universidade Federal de Uberlândia.Bairro: Santa Mônica, Av. João Naves de Ávila Nº 2121, Bloco H sala 1H 19, Uberlândia – MG, CEP: 38400.299. [email protected] 2 Professor Doutor pelo Instituto de Geografia, Universidade Federal de Uberlândia, Bairro: Santa Mônica, Av. João Naves de Ávila Nº 2121, Bloco H sala 1H 19, Uberlândia – MG, CEP: 38400.299. [email protected] 3 Ao falar “nova”, fizemos o recorte temporal a partir da década de 2000, período em que o setor sucroalcooleiro, realiza altos investimentos na região do Triângulo Mineiro, deixando fora o Proálcool de 1985. 4 Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento Sistema de Acompanhamento da Produção Canavieira Departamento da Cana-de-açúcar E Agroenergia, 2011. 5 No caso em estudo as usinas instaladas no município de Uberaba não produzem apenas álcool ou açúcar, mas também energia elétrica. Desse modo, compreendemos que a denominação mais adequada seria a de usinas sucroenergéticas.

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6 Ibidem 7 Localizado próximo ao estado de São Paulo o maior produtor no setor sucroalcooleiro do país. 8 Solos profundos, fertilidade natural e disponibilidade hídrica, os principais rios do município são Rio Uberaba, Rio Grande, Rio Tijuco, Ribeirão Bom Jardim. O município integra a Bacia Rio Grande/Bacia Rio Paranaíba como o Grande, 9Trabalho de campo realizado no município de Uberaba em Maio de 2011. 10 Uma das principais dificuldades, principalmente na entressafra, é a concorrência com o mercado externo. Porém, apesar da inserção de leite de origem internacional, os produtores nacionais não desistiram e conseguiram reestruturarem sua produção. O estado brasileiro tem recorrido à importação de leite do MERCOSUL e Europa, o que tem acarretado a desvalorização do produto nacional. Na primeira década do século XXl, segundo Santos & Barros (2006) “aumentou a importação brasileira de lácteos oriundos da Argentina, Uruguai, União Européia e Nova Zelândia, países que possuem preços abaixo da média dos praticados no mercado internacional”, o que fez com que os laticínios baixassem o preço do litro de leite pago aos produtores nacionais. 11Fonte prefeitura municipal de Uberaba, disponível http://www.uberaba.mg.gov.br/portal/principal 12 Esse tipo de sistema usa uma menor área para uma maior quantidade de animais. Não e apenas fechar os animais, os produtores têm que plantar grãos para fazer ração, tem que alimentar os animais no cocho. 13 Trabalho de campo realizado no município de Uberaba em Maio de 2011. 14 Entrevista obtida no município de Uberaba em Junho de 2011. 15 Fala do presidente da ABCZ 16 Entrevista realizada com pequeno produtor rural do município de Uberaba no dia 04/06/2011 17 Mesmo que seu ganho diminua, como vimos no texto. 18 Entrevista realizada no município de Uberaba em maio de 2011, com pequeno produtor.

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