os processos comunicacionais dos movimentos 1sociais

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Intercom – Sociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares da Comunicação 41º Congresso Brasileiro de Ciências da Comunicação – Joinville - SC – 2 a 8/09/2018 1 Os processos comunicacionais dos movimentos sociais brasileiros no contexto da internet 1 Suelen de Aguiar SILVA 2 Universidade Metodista de São Paulo, São Bernardo do Campo, SP RESUMO Este artigo é fruto da tese de doutorado em Comunicação Social defendida na Universidade Metodista de São Paulo no presente ano. O estudo parte da compreensão dos usos coletivos que os movimentos sociais brasileiros têm feito das tecnologias de informação e comunicação (TICCS) e da possível alteração nas suas formas de organização política e dinâmicas de comunicar devido à participação no espaço híbrido da internet. O método de abordagem conceitual foi o materialismo histórico-dialético, já os procedimentos metodológicos foram viabilizados por meio da pesquisa bibliográfica, documental, observação participante netnográfica e técnicas da teoria fundamentada em dados. Ao realizarmos a análise da comunicação do MST e do MAB identificamos que para esses movimentos a internet ao representar um campo de micropoderes, também se apresenta como espaço privilegiado no que tange às lutas sociais em torno da democracia. PALAVRAS-CHAVE: Movimentos Sociais. Redes. Multidão. Comunicação Comunitária. Internet. INTRODUÇÃO Estamos imersos numa suposta tecnologização da vida, com todos os sentidos que a palavra tecnologia carrega, surge aí, nosso interesse em aprofundar os estudos sobre a relação dos processos comunicacionais desenvolvidos pelos movimentos sociais com a internet. No entanto, não é a técnica, technê, como condição material da história que nos interessa, mas sim as transformações que ocorrem na estrutura social em decorrência do uso ou não de determinadas tecnologias, especialmente a internet. 1 Trabalho apresentado no GP Comunicação para a Cidadania, XVIII Encontro dos Grupos de Pesquisas em Comunicação, evento componente do 41º Congresso Brasileiro de Ciências da Comunicação. 2 Assessora de Imprensa do gabinete do vice-prefeito do munícipio de Cachoeiras de Macacu, RJ, publicitária, doutora em Comunicação Social pela Universidade Metodista de São Paulo, e-mail: [email protected]

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Intercom – Sociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares da Comunicação 41º Congresso Brasileiro de Ciências da Comunicação – Joinville - SC – 2 a 8/09/2018

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Os processos comunicacionais dos movimentos

sociais brasileiros no contexto da internet1

Suelen de Aguiar SILVA2

Universidade Metodista de São Paulo, São Bernardo do Campo, SP

RESUMO

Este artigo é fruto da tese de doutorado em Comunicação Social defendida na

Universidade Metodista de São Paulo no presente ano. O estudo parte da compreensão

dos usos coletivos que os movimentos sociais brasileiros têm feito das tecnologias de

informação e comunicação (TICCS) e da possível alteração nas suas formas de

organização política e dinâmicas de comunicar devido à participação no espaço híbrido

da internet. O método de abordagem conceitual foi o materialismo histórico-dialético, já

os procedimentos metodológicos foram viabilizados por meio da pesquisa bibliográfica,

documental, observação participante netnográfica e técnicas da teoria fundamentada em

dados. Ao realizarmos a análise da comunicação do MST e do MAB identificamos que

para esses movimentos a internet ao representar um campo de micropoderes, também se

apresenta como espaço privilegiado no que tange às lutas sociais em torno da democracia.

PALAVRAS-CHAVE: Movimentos Sociais. Redes. Multidão. Comunicação

Comunitária. Internet.

INTRODUÇÃO

Estamos imersos numa suposta tecnologização da vida, com todos os sentidos que

a palavra tecnologia carrega, surge aí, nosso interesse em aprofundar os estudos sobre a

relação dos processos comunicacionais desenvolvidos pelos movimentos sociais com a

internet. No entanto, não é a técnica, technê, como condição material da história que nos

interessa, mas sim as transformações que ocorrem na estrutura social em decorrência do

uso ou não de determinadas tecnologias, especialmente a internet.

1 Trabalho apresentado no GP Comunicação para a Cidadania, XVIII Encontro dos Grupos de Pesquisas em

Comunicação, evento componente do 41º Congresso Brasileiro de Ciências da Comunicação. 2 Assessora de Imprensa do gabinete do vice-prefeito do munícipio de Cachoeiras de Macacu, RJ, publicitária, doutora

em Comunicação Social pela Universidade Metodista de São Paulo, e-mail: [email protected]

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Nesse tempo hodierno compreender os usos coletivos que os movimentos sociais

brasileiros estão fazendo das tecnologias de informação e comunicação - TICCS3 é tão

importante quanto descobrir se eles alteraram suas formas de organização política e

dinâmicas de comunicar devido à participação no espaço híbrido4 da internet. Afinal, o

fato de estar e de participar da rede não diz muito, quando esse muito precisa ainda ser

estudado e mapeado.

Inicialmente mapeamos os movimentos sociais brasileiros presentes na internet e

suas práticas comunicacionais a partir de 10 eixos temáticos, com base nos estudos de

Peruzzo (2004) e Gohn (2013), a saber: movimentos Sociais ao redor da questão urbana;

movimentos em torno da questão do meio ambiente: urbano e rural; movimentos

identitários e culturais: gênero, etnia, gerações; movimentos de demandas na área do

direito; movimentos ao redor da questão da fome; movimentos sociais na área do trabalho;

movimentos decorrentes de questões religiosas; movimentos rurais e movimentos sociais

globais.

Após identificarmos como a mídia hegemônica aborda os movimentos sociais e

após desenvolvermos um mapeamento sobre a comunicação deles, selecionamos dois

movimentos para terem seus processos comunicacionais analisados de forma mais

contextualizada, incluindo-se aí a realização de entrevistas com seus representantes. O

Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST) e o Movimento dos Atingidos por

Barragens (MAB) foram os selecionados, o primeiro devido à alta visibilidade na mídia

e o segundo pela invisibilidade nela. Além disso, as suas bandeiras de lutas e o modo

como atuam comunicacionalmente também nos levaram a definir estes dois movimentos.

Para alcançarmos o objetivo acima proposto foi preciso: descobrir se os

movimentos sociais mapeados utilizam a comunicação mediada por computador como

um dos seus princípios organizativos no que tange à comunicação; debater o conceito de

multidão (HARDT; NEGRI, 2014; VIRNO, 2013), como categoria teórico-metodológica

a partir dos movimentos sociais mapeados e descrever seus processos comunicacionais

na internet, apontando as principais plataformas digitais utilizadas. E, ainda: cartografar

as práticas comunicativas cotidianas dos movimentos sociais frente às tecnologias de

informação e comunicação; bem como relatar a atuação dos movimentos sociais na

3 A utilização de mais um c na sigla faz referência ao conhecimento que está associado ao processo. Para saber mais

sobre o assunto ver trabalhos de Cicilia Peruzzo e Jorge González (2011). 4 A territorialidade física e simbólica dos Movimentos Sociais na sociedade é formada pelo espaço híbrido, entre o

espaço urbano ocupado e as redes sociais digitais na internet (CASTELLS, 2013).

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criação de dispositivos de resistência e as redes de poder que se formam na luta pelo

espaço virtual.

A pergunta que norteou a pesquisa é a seguinte: Como os movimentos sociais

brasileiros mapeados neste estudo usam as TICCS como espaço de luta para suas práticas

cotidianas com vistas à construção da democracia?

Para respondermos o questionamento acima utilizamos as seguintes hipóteses de

trabalho: os processos comunicacionais desenvolvidos pelos movimentos sociais na

internet fomentam um espaço de comunicação autônoma na medida em que forjam

dispositivos de resistência para auxiliar na construção da cidadania. Os movimentos

sociais mediante os processos de comunicação também lutam pelos e nos espaços sociais

concretos da internet em busca de novas formas de democracia. A internet não é o meio

exclusivo, mas potencializa o processo comunicacional dos movimentos sociais presentes

nesse espaço.

BREVE PERCURSO DA PESQUISA

Neste recorte da tese apresentaremos parte dos resultados obtidos, no entanto,

antes demonstraremos de forma substancial como a pesquisa foi recortada e estruturada.

Assim, para a viabilização da tese propomos o que denominamos de cartografia

comunicacional apoiada na teoria fundamentada em dados. Ela foi estruturada em cinco

capítulos, sendo o primeiro teórico-metodológico, os três seguintes teóricos e o último

com a apresentação dos resultados da pesquisa.

O objetivo do primeiro capítulo foi explicitar os aportes teórico-metodológicos

utilizados na pesquisa. A explicação e fundamentação do método de abordagem

conceitual, ancorado no materialismo histórico-dialético, tornou-se fundamental, assim

como descrever as técnicas e estratégias, e como estas foram utilizadas para alcançar os

objetivos propostos. Com a apropriação dos elementos constituintes do materialismo

histórico, visamos captar como as relações sociais se constroem dentro de um sistema

hegemônico estabelecido e entender como essa realidade social concreta é construída a

partir das relações de poder.

Sendo assim, a cartografia comunicacional foi viabilizada com a utilização dos

seguintes procedimentos: pesquisa bibliográfica, revisão de literatura, pesquisa

documental, observação participante netnográfica (OPN) e realização de entrevistas

semiestruturadas. E para a análise e interpretação dos dados apresentados nos apoiamos

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nas técnicas da teoria fundamentada em dados. Ao seguir os desígnios da cartografia nos

foi possível flexibilizar e adaptar os procedimentos netnográficos (KOZINETS, 2014) ao

mapeamento proposto, sem que descaracterizássemos a abordagem netnográfica.

A observação participante netnográfica (OPN), além do embasamento teórico da

netnografia, teve apoio da teoria fundamentada em dados (GLASER; STRAUSS, 1967;

CHARMAZ, 2009; TAROZZI, 2011) e da pesquisa participante (PERUZZO, 2005).

O segundo capítulo apresentou uma abordagem compreensiva da comunicação na

qual, delimitou nosso entendimento sobre os processos comunicacionais em pauta, no

âmbito dos movimentos sociais. Ou seja, antes de iniciarmos a contextualização sobre

eles sistematizamos nosso conhecimento e entendimento sobre a comunicação,

especialmente, sobre os processos comunicacionais comunitários, fincando nossas bases

teóricas em abordagens centradas nas dimensões críticas e vinculativas da Comunicação

Social, principalmente com as contribuições de Muniz Sodré (2014). Este capítulo foi

imprescindível, pois forneceu a base para a construção dos demais, e especialmente para

o último, no qual propomos uma teoria fundamentada em dados.

O terceiro capítulo apresentou uma revisão de bibliografia pertinente e focada.

Traçamos um breve panorama sobre os movimentos sociais, dos clássicos aos

contemporâneos, passando pelas abordagens que têm sido aplicadas aos estudos desta

temática, para destacarmos as configurações atuais no contexto das tecnologias de

informação e comunicação. Logo, alguns aspectos da comunicação nos movimentos

sociais foram destacados, a partir das redes de autocomunicação e autonomia

apresentadas por Castells (2013) e a categoria teórica multidão (HARDT; NEGRI, 2014;

VIRNO, 2013), que contribuiu na reflexão sobre o objeto de estudo.

Já o quarto capítulo contextualizou a comunicação desenvolvida pelos

movimentos sociais na internet. A saber, como os processos comunicacionais foram se

alterando devido às transformações das tecnologias de informação e comunicação. Além

de destacar a internet como espaço híbrido de interlocução dos movimentos sociais,

discutimos também as possibilidades da luta democrática em torno das formas

tecnológicas de cidadania.

O quinto e último capítulo sistematizou a tese por meio da confrontação e

comparação dos capítulos teóricos às análises de dados obtidas. Este capítulo apresentou

o que denominamos observação participante netnográfica (OPN), sendo baseado em

trabalho de campo online.

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A seguir exporemos parte dos achados obtidos na pesquisa empírica, lembrando

que este recorte não representa a diversidade e amplitude dos resultados, nem tampouco

quer ser um resumo expandido da pesquisa. A apresentação dos resultados foi dividida

em duas seções. Na primeira seção apresentamos os eixos temáticos e os 10 movimentos

mapeados. Já na segunda seção apresentamos parte dos resultados mais específicos da

OPN do MST e do MAB.

EIXOS TEMÁTICOS DOS MOVIMENTOS SOCIAIS

Explicamos na introdução que as escolhas dos movimentos sociais que

compuseram o mapeamento partiram da reformulação dos eixos temáticos apresentados

por Peruzzo (2004) e Gohn (2012). No terceiro capítulo da tese apontamos que os

movimentos passam por transformações ao longo de sua existência (PERUZZO, 2004),

assim, eles não podem ser colocados em categorias rígidas; a classificação a partir dos

eixos temáticos serve, na verdade, para orientar o debate e a discussão. Agora vamos

retomar os eixos, lembrando que a categorização foi feita por uma questão didática, que

nos permitiu a contextualização dos movimentos sociais na atualidade. A saber:

1) Movimento Social - questão urbana: Movimento dos Trabalhadores Sem Teto

MTST. 2) Movimento Social - questão do meio ambiente - urbano e rural: O

Movimento dos Atingidos por Barragens – MAB. 3) Movimento Social – identitários,

cultural, gerações: Associação Brasileira de Lésbicas, Gays, Bissexuais,

Travestis, Transexuais e Intersexos – ABGLT. 4) Movimento Social – identitários,

cultural, gerações: Movimento Negro Unificado – MNU. 5) Movimento Social –

identitários, cultural, gerações: Levante Popular da Juventude. 6) Movimento Social -

questão da fome: Ação da Cidadania5. 7) Movimento Social – área do direito:

Trabalhadores Desempregados para Movimento de Trabalhadoras e Trabalhadores por

Direitos – MDT e MOTU (junção de dois movimentos). 8) Movimento Social

decorrente de questões religiosas: Grito dos Excluídos. 9) Movimento Social – rural:

Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra – MST. 10) Movimento Social global:

Via Campesina.

5 A Ação da Cidadania atualmente é uma organização não governamental com sede no centro do Rio de Janeiro. No

entanto, não podemos deixar de evidenciar essa iniciativa promovida pelo sociólogo Betinho que à época suscitou a

mobilização da sociedade civil pela temática. A fome é um problema estrutural e político da sociedade brasileira

marcado por profunda desigualdade, haja vista que quem tem fome realmente tem pressa.

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OBSERVAÇÃO PARTICIPANTE NETNOGRÁFICA - OPN

Nesta etapa selecionamos dois movimentos sociais para análise em profundidade

dos seus processos comunicacionais na internet.

a) OPN - MST

A partir da observação notamos que os meios pelos quais o MST mais se engaja

comunicacionalmente, é pelo site institucional e pela página no Facebook. Para

identificarmos como eles lidam com a ferramenta observamos o período de 01 a 30 de

maio de 2017. Ressalta-se que entre as motivações da escolha do período está o fato de

ele abarcar datas importantes para o movimento como, por exemplo, o dia do trabalhador

e os desdobramentos do processo de impeachment da presidenta Dilma.

Em um mês de análise foram identificadas 110 postagens, o que dá uma média de

3,6 publicações por dia. Sobre o envolvimento desses conteúdos com os usuários,

identificou-se que no período analisado houveram 80.092 reações6, uma média de 728

por postagem. Além de 6.266 comentários, que representa a média de 56 por post e, ainda,

houveram 33.922 compartilhamentos, que nos dá uma média de 308 por publicação.

Esses dados são interessantes, pois nos trazem indícios sobre a interação que os

usuários possuem com as publicações oficiais do MST. Nota-se que a interação por reação

foi a maioria e ressalta-se que ela é uma atividade mecânica do usuário que exige apenas

que acione ou não um botão. Em comparação, o número de compartilhamentos é menor,

uma vez que ele exige a identificação e apropriação do usuário com o conteúdo, fazendo

com que seja publicado na sua página pessoal. Já os comentários, se comparados com a

representatividade da página, ocorrem em baixa proporção. Por outro lado, identifica-se

que os comentários não são estimulados, uma vez que não sofrem interação por parte dos

organizadores da página e não são respondidos.

Sobre o modo como as publicações da página do Facebook são trabalhadas

identificamos que há uma otimização dos conteúdos que são publicados pelo site

institucional do Movimento, uma vez que 40% do material publicado é originário do site.

Além disso, fotos e vídeos também são utilizados pelo Movimento. A seguir, o gráfico

6 Segundo definição do Facebook, “a métrica de curtidas na publicação agora se chama reações à publicação. Ela

mede a quantidade de reações em seus anúncios ou publicações impulsionadas. O botão de reações em um anúncio

permite que as pessoas compartilhem reações diferentes ao conteúdo: Curtir, Amei, Haha, Uau, Triste ou Grr”.

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representa quais formatos são explorados nas postagens realizadas pela página do

Facebook do MST, vejamos:

Gráfico 1 - Formatos presentes nos posts do Facebook do MST

Por meio da OPN identificamos que os conteúdos compartilhados do site

institucional são, em sua maioria, notícias produzidas sobre o movimento. Assim sendo,

a maior parte do conteúdo presente no Facebook do MST se caracteriza como notícia que

tem como finalidade a informação. Já as fotos publicadas são acompanhadas por

pequenos textos que as descrevem. Importante acrescentar que as notícias compartilhadas

no Facebook são sempre acompanhadas de imagens. Com exceção das notas, sobre a

quais falaremos mais adiante, todos os conteúdos publicados possuem apelo imagético,

tal ação é coerente com a tendência de consumo da informação, uma vez os conteúdos

com imagens são muito mais visualizados dos que os sem.

Os vídeos representam 18% dos formatos publicados e geralmente atendem a dois

tipos de produção: 1 – depoimento de pessoas que na maioria dos casos é gravado em

primeiro plano e contempla o posicionamento sobre algum fato; 2 – vídeos com produção

mais sofisticada cuja estrutura narrativa e estética se aproxima do documentário.

Em eventos estão as publicações que utilizam o próprio recurso do site Facebook

que cria um acontecimento com dia, horário e local marcado e permite que as pessoas

confirmem ou não a presença. Marcha e manifestações foram as motivações dos eventos

criados. Em notas estão os posicionamentos oficiais do Movimento sobre algum

acontecimento em específico. Estas postagens não possuem imagens, são escritas de

40%

36,36%

18,18%

2,72%

2,72%

0% 5% 10% 15% 20% 25% 30% 35% 40% 45%

Conteúdo originário do site institucional

Foto

Vídeo

Notas

Eventos

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maneira mais formal que as outras publicações e também possuem uma extensão textual

maior.

Também buscamos saber quais as temáticas que foram trabalhadas nas

publicações do Facebook do MST. Organizamos as temáticas em categorias para fins

didáticos, embora saibamos que muitas delas são correlacionadas. Por exemplo, muitos

eventos são formas de manifestações. Os três assuntos mais abordados nas publicações

do MST foram: eventos, conflitos e manifestações. A seguir a representação gráfica da

presença da distribuição dos assuntos por post:

Gráfico 2 - Temas presentes nas publicações do Facebook do MST

Importante mencionar que em apoio conta as ações de apoio recebidas pelo

Movimento, bem como as realizadas por ele à outras instituições e pessoas. Nesse quesito,

houve um equilíbrio entre as ações dos dois tipos de apoio. Na definição evento constam

as publicações sobre marchas realizadas, ações sobre datas comemorativas, festivais,

jornadas e outros. Já na categoria conflitos foram computadas tanto as publicações que

abordavam diretamente os embates, das ocupações às desapropriações, quanto os que

traziam conflitos de ideologias, posicionamentos e discussões como, por exemplo, o

posicionamento do MST frente ao governo Temer.

Observamos nas postagens que as publicações geralmente atentem a duas lógicas:

1 – são sobre coberturas de ações instantâneas ocorridas (marchas, manifestações,

12,72%

31,81%

3,63%

16,36%

4,54%

21,81%

1,81%

1,81%

5,54%

0,00% 5,00% 10,00% 15,00% 20,00% 25,00% 30,00% 35,00%

Apoio

Evento

Histórico

Manifestação

Reunião

Conflito

Entrevista

Nota

Campanha

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conflitos, ocupações etc); 2 – são publicações com tendências político-partidária

apoiando governo e figuras políticas do partido dos trabalhadores.

Outra ação feita durante nossa análise foi a busca por alguns indícios sobre o tipo

de material com maior aceitação por parte do usuário. O post que mais teve

compartilhamentos e reações no mês analisado foi o “Dia Internacional contra a

Homofobia e a Transfobia”, publicado no dia 17 de maio de 2017, que teve 11.594

compartilhamentos e 9,2 mil reações, vejamos:

Figura 1 - Post do MST com mais compartilhamento e reações

Fonte: MST

O segundo conteúdo com mais compartilhamento e também o segundo com mais

comentários foi o “João Pedro analisa afastamento de Eduardo Cunha”.

Figura 2 - Segunda postagem do MST com mais compartilhamentos e

comentários

Fonte: MST

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A terceira publicação com mais compartilhamento foi “MST apoia a luta dos

estudantes de São Paulo e todo o Brasil”. Já o conteúdo com mais comentários, 391, foi

“Nesse momento, o cantor Tico Santa Cruz canta para milhares de pessoas no Vale do

Anhangabaú, em São Paulo. Foto: Mídia Ninja”, o qual foi também o segundo com mais

reações. O terceiro post com mais comentários foi o “Nesta manhã, as duas principais

BRs que dão acesso à Brasília foram trancadas por Sem Terras do MST e MTL. A

manifestação integra a Jornada de Lutas pela Democracia e Contra o Golpe. Confira o

vídeo!”.

Por fim, o terceiro conteúdo mais reações foi o “Hoje é mais um dia de lutas. A

Parada LGBT de SP leva o combate à Transfobia à Avenida Paulista na maior

manifestação LGBT no mundo”. Sobre estes conteúdos com mais visibilidades é preciso

dizer que quatro dos seis materiais foram feitos em vídeo e dois com fotos, dois deles

contam com celebridades (Tico Santa Cruz e João Pedro Stédile e dois são posts

relacionados a causa LGBT.

b) 1.2 OPN - MAB

A página do Facebook do Movimento dos Atingidos por Barragens – MAB tem

46.305 curtidas e em um mês de análise, de 01 a 30 de maio de 2017, contou com 98

postagens, o que dá uma média de 3,2 por dia. Quanto a interatividade dos usuários com

a página do MAB temos que ao todo foram 4 mil reações, cerca de 40,8 por postagem,

180 comentários, o que dá uma média de 1,8 por publicação e quanto aos

compartilhamentos em um mês foram feitos 3413, cerca de 34,8 por postagem.

A princípio esses dados podem nos levar a comparação com a página do MST e

nos levar a afirmação que o MAB possui muito menos repercussão e engajamento. Isso

de fato acontece, mas é preciso levar em consideração que o MST possui em sua página

seis vezes mais curtidas que o MAB, uma vez que o primeiro tem mais de 300 mil curtidas

e o segundo mais que 40. Por isso, não compararemos o alcance e a repercussão de ambas

as páginas, apenas o gerenciamento e a estratégia gerada por elas.

Quanto ao modo como as publicações são feitas, temos que foto e vídeo são os recursos

mais utilizados. Vejamos o gráfico a seguir:

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Gráfico 3 - Formatos presentes nos posts do Facebook do MST

Fotografia, com 53% de presença das postagens, foi o recurso mais utilizado nas

publicações do MAB. Nesta categoria, enquadram-se também outros recursos visuais

imagéticos criados como cartazes, ilustrações entre outros. Todavia, estes outros recursos

são bem menos explorados, representam apenas 15% da amostra de foto.

Já o vídeo foi o segundo formato mais utilizado com 31,6% de presença nos

materiais. A maior parte dos vídeos corresponde a filmagens sobre as ações,

manifestações e eventos que o Movimento criou ou participou. Ainda, entre os formatos

publicados temos 14% de publicações de notícias de site institucional e apenas 1% das

publicações são de eventos. Enquanto estratégia comunicacional, nota-se que enquanto o

MST aposta nas publicações de conteúdo informativos, o MAB se prende mais a

publicações de fotos.

Sobre os assuntos presentes nas publicações do MAB, manifestação foi o mais

abordado. O gráfico a seguir representa a divisão de temas por publicação feita na página

do Movimento.

Gráfico 4 - Temas presentes nas publicações do Facebook do MAB

53%

31,60%

14,28%

1%

0% 10% 20% 30% 40% 50% 60%

Foto

Vídeo

Site

Evento

10,20%

15,30%

42,80%

4%

25,50%

1%

1%

0,00% 10,00%20,00%30,00%40,00%50,00%

Apoio

Evento

Manifestação

Reunião

Conflito

Entrevista

Nota

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Manifestação foi o tema mais presente nas publicações da página do Movimento,

com 42,8%. O segundo assunto mais presente foi conflito, com 25,5%, lembrando que

nesta categoria foram inseridos não só os conflitos físicos de ocupação e confronto, mas

também os ideológicos que abordavam posicionamentos diferentes entre o Movimento e

outras instituições e/ou pessoas. A terceira temática mais comentada foi eventos, nesta

categoria inclui-se atos políticos, eventos culturais como lançamento de filmes, entre

outros.

Sobre as publicações feitas, a que teve mais compartilhamento, mais reações e

mais comentários foi a postagem de uma imagem feita em protesto ao desastre ambiental

provocado pela empresa Samarco que ocorreu no município de Mariana em Minas Gerais,

no ano de 2015. Vejamos a publicação:

Figura 3 - Post do MAB com mais curtida, compartilhamento e reações

Fonte: MAB

A imagem acima teve 1600 compartilhamentos e 532 curtidas, médias bem acima

da página, na qual geralmente cada publicação receberia 40 compartilhamentos, por

exemplo. O segundo conteúdo que teve mais reações e compartilhamento também era

relacionado ao desastre de Mariana:

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Figura 4 - Segunda postagem do MAB com mais reações e compartilhamentos

Fonte: MAB

A terceira publicação com mais reações foi o compartilhamento da notícia “MAB

denuncia golpe e violações de Direitos Humanos no Parlamento Europeu”. A terceira

publicação com mais compartilhamento e a segunda com mais comentário é um vídeo em

comemoração à chegada da ex-presidente Dilma. Por fim, o terceiro conteúdo com mais

comentários é o de uma notícia sobre “Fala do MAB na Câmara dos Deputados em

Brasília, durante a Comissão de Direitos Humanos e Minorias”. Interessante apontar que

ao contrário do MST, o MAB não é muito acompanhado por pessoas contrárias ao seu

movimento e, com isso, geralmente recebe comentários positivos:

Figura 5 - Comentários sobre a postagem do MAB

Fonte: MAB

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Esta seção delineou parte importante da observação participante netnográfica,

com a interpretação do conjunto de dados extraídos sobre a forma como o MST e o MAB

divulgam seus processos comunicacionais na internet em âmbito nacional.

CONCLUSÃO

Apontaremos nesta conclusão alguns encaminhamentos com base nas hipóteses de

trabalho utilizadas na pesquisa de doutorado. Assim:

Verificamos que os processos comunicacionais desenvolvidos pelos movimentos

sociais na internet fomentam um espaço de comunicação autônoma na medida em que

forjam dispositivos de resistência para auxiliar a luta pela democracia.

Além disso, identificamos que mediante os processos de comunicação, também

há luta pelos e nos espaços sociais da internet, sempre em busca de novas formas de

democracia.

Notou-se ainda, a partir da terceira hipótese de trabalho que embora a internet não

seja o meio exclusivo, ela potencializa o processo comunicacional desses movimentos

sociais.

A afirmativa de que os processos comunicacionais desenvolvidos pelos

movimentos sociais na internet fomentam um espaço de comunicação autônoma pôde ser

compreendida pelo fato de que os movimentos sociais passam a formar e a formatar novas

redes no espaço híbrido da internet. A comunicação desenvolvida pelos movimentos

torna-se autônoma na medida em que esses movimentos ao se empoderar do próprio

sentido do por em comum, o fazem também na internet. A posteriori, os dispositivos

forjados por eles são o seu próprio discurso, a razão de existir do movimento. Esta

constatação se deu principalmente, a partir da OPN do MST e do MAB, pois foram os

movimentos estudados em profundidade.

Além disso, identificamos que mediante os processos de comunicação, também

há luta pelos e nos espaços sociais da internet, sempre em busca de novas formas de

democracia. Esta assertiva complexa também norteou a pesquisa como hipótese de

trabalho, como aponta Bourdieu (2004, p.29) os agentes sociais também podem “lutar

com as forças do campo, resistir-lhes e, em vez de submeter suas disposições às

estruturas”, e assim, tem-se a possibilidade de modificar as estruturas em razão de suas

disposições. Existe uma grande discussão acerca do domínio da internet e de que seus

interesses apontam mais para a tecnocapitalismo do que para atuar em benefício de

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sujeitos comuns. Isto é fato, mas existe a própria contradição capital, pois quanto mais se

espraia, mas rastros e brechas constitui. O campo é formado por lutas e tensões, sabemos

disso, e os movimentos sociais representam a possibilidade de mudar estruturas

societárias vigentes que esgaçam o tecido social e degradam os sujeitos excluídos de seus

direitos.

Notou-se ainda, a partir da terceira hipótese de trabalho que embora a internet não

seja o meio exclusivo, ela potencializa o processo comunicacional desses movimentos

sociais. Dos 10 movimentos pesquisados todos estão presentes na internet, seja por meio

de páginas nas redes sociais digitais, seja por meio de blogs – muitos sem atualização de

conteúdo -, entre outras plataformas, mas estão presentes no espaço de fluxos. Logo, a

maioria dos movimentos sociais pesquisados seguem às tendências e acompanham o

fluxo das transformações tecnológicas. Eles constroem novas teias comunicacionais no

ambiente virtual, ou melhor, no espaço entre fluxos. Porém, existe também aqueles

movimentos que apenas aderem às certas tendências, mas acabam por não dar

continuidade ao processo comunicacional na internet. Esta afirmação é uma brecha para

se pensar o motivo pelo qual muitos sujeitos coletivos acabam por seguir

comportamentos, atitudes e moldar seus artefatos culturais.

Os movimentos sociais sempre compartilharam o comum, na verdade sua razão

de existir passa por esse por em comum, que liga indivíduos e acaba por formar coletivos.

O compartilhar, cooperar e por em comum faz parte da natureza da comunicação.

A visibilidade conseguida por meio das redes sociais digitais é consequência desse por

em comum e da reverberação de suas ações. Como mencionamos a luta comum de muitos

homens e mulheres, excluídos de seus direitos básicos continua a cada dia mais visível e

urge por soluções, que na maioria das vezes, são resolvidas, e quanto não, são

visibilizadas por meio das ações coletivas.

Nossa intenção foi a de buscar o entre, ou seja, uma forma rizomática de

compreender os processos comunicacionais que não se encerraram em sua tecnicidade,

ou mesmo em sua origem. Compreendemos o entre ao deixarmos que as experiências,

práticas durante a observação participante netnográfica nos conduzisse pelas falas de cada

movimento, num processo dialético, no qual nosso olhar visou as descontinuidades e não

a horizontalidade dos acontecimentos analisados, já que na internet o tempo é relativo e

o aqui e agora é um devir.

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A reboque do discurso de que a internet está aí, e que devemos nos adaptar a esse

novo modo de estar no mundo, em que a cada dia a realidade vivida passa a ser

tecnologizada e que, consequentemente, as relações humanas tendem a estar reverberadas

nas redes digitais, precisamos repensar um projeto possível de sociedade democrática.

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