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TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO – RELATÓRIO TÉCNICO
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Os problemas na liquidação e pagamento da despesa em uma Unidade
Gestora do Exército Brasileiro.
Eduardo de Melo Araujo – [email protected] – UFF/ICHS
Resumo
Este trabalho tem o intuito de apontar como são realizados os processos da despesa nas
Unidades Gestoras do Exército Brasileiro, no qual são elencados os principais obstáculos que
afetam a ordem dos procedimentos formais dentro da unidade, bem como as consequências
geradas por problemas encontrados nas liquidações e pagamento, causando o desperdício de
recursos públicos principalmente em períodos de crises econômicas no país. Os problemas
mais comuns são as demoras na entrega dos materiais e serviços, entregas com incorreções
nas notas fiscais e/ou produtos, ocasionando a demora na conclusão do processo da despesa e
gerando restos a pagar, sendo que tais problemas partem do fornecedor. Têm-se ainda, os
problemas provocados pela Administração Pública, como a demora na liberação de numerário
para efetuar os pagamentos e a falta de créditos para o processo da despesa.
Palavras-chave: Liquidação, pagamento e despesa.
1 - Introdução
O presente relatório tem o intuito de elencar o processo da liquidação e pagamento da
despesa em uma Unidade Administrativa Autônoma do Exército Brasileiro, mais
precisamente no 17º Batalhão Logístico Leve, situado em Juiz de Fora - MG, apontando todos
os procedimentos necessários para sua realização prevista em legislação, bem como apontar
as dificuldades quanto à sua execução com relação ao recebimento de materiais para a
concretização desses processos e o recurso para efetivação da quitação junto ao fornecedor.
O que ocorre nas unidades das Forças Armadas é a existência de uma descentralização
quanto a autonomia administrativa dessas unidades, diferentemente de diversos órgãos do
governo que centralizam suas despesas e os problemas financeiros. Os procedimentos para a
busca de soluções nas Forças Armadas são tomadas isoladamente junto ao órgão que
descentraliza os recursos, então os problemas encontrados em uma unidade são repetidos em
diversas outras, ou seja, períodos de crise financeira trazem igualmente para todos os quartéis
as dificuldades impostas pela falta de recursos financeiros, ocasionando problemas
relacionados a multas e juros, perdas de crédito por falta de entrega de materiais por parte de
fornecedores e atraso no repasse financeiro para pagar os fornecedores.
Inicialmente será apresentado o caso a ser analisado, onde o foco é apresentar os
problemas mais comuns que envolvem a liquidação e o pagamento do fornecedor. Logo a
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seguir será apresentado o embasamento teórico com relação aos procedimentos a serem
executados, e por fim as ações que são realizadas para a correção dos problemas encontrados.
2 – Apresentação do Caso
A situação aqui apresentada é delimitada pelos processos de liquidação e pagamento
no Exército Brasileiro, sendo utilizado para isso o 17º Batalhão Logístico Leve (Unidade
Gestora: 160116), onde seu foco é a logística e a manutenção de viaturas e armamento das
unidades militares da região de Minas Gerais.
A caracterização desta Unidade estudada tem como consequência um movimento de
recursos maiores que as outras unidades do Exército, devido ao fato de ser responsável por
realizar o apoio técnico indispensável para o funcionamento das demais unidades. Isso leva a
organização a ter maiores necessidades de materiais, a licitar mais, gerando uma quantidade
vultosa de compromissos com fornecedores.
Essa quantidade de compromissos gerados possuem lados positivos e negativos para
os processos executados na Organização Militar em questão, pois junto com as necessidades e
os maiores recursos para realização de licitações, acompanham também os problemas de
diversos tipos, como falta do material especificado, demora na entrega, a entrega de produto
com especificações diferentes, erros na conferência da comparação entre nota de empenho e
nota fiscal e a demora na quitação da despesa com o fornecedor, com a imputação de juros e
multas.
O foco é mostrar as consequências ocasionadas pelos problemas gerados na liquidação
e pagamento da despesa, bem como todas as possibilidades de soluções, onde destaca-se as
ações realizadas pelo setor financeiro da unidade para evitar os pagamentos de multas e juros
a fornecedores, o contato direto junto aos fornecedores para entrega em tempo hábil dos
materiais e/ou serviços contratados, evitando-se os restos a pagar e a possível perda de
créditos orçamentários caso o fornecedor não cumpra seus deveres acordados quanto as
entregas contratadas.
2.1 – Processos que antecedem a liquidação e o pagamento
A despesa inicia-se com a necessidade estipulada pelos setores da organização e a
autorização para gastar (créditos orçamentários), dando origem à requisição do material por
parte do interessado, tendo como consequência os processos licitatórios para apontar as
propostas mais vantajosas dos serviços e/ou materiais necessários para a Administração
Pública.
Posteriormente, com a definição do licitado, entra-se na primeira fase da despesa e a
assunção do compromisso da Administração Pública com o fornecedor, por intermédio da
emissão do empenho. A partir do empenho, ambas as partes possuem direitos e obrigações em
relação ao compromisso firmado. O fornecedor tem o dever de entregar o serviço e/ou
material acordado dentro do especificado e o direito de receber o valor estipulado, já a
Administração Pública possui o direito de receber o material e/ou serviço especificado e o
dever de quitar seus compromissos com o fornecedor.
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2.2 – Liquidação e pagamento da despesa
Os processos em questão são realizados pelo Setor Financeiro da Unidade
Administrativa, cujo processo inicia-se com o recebimento da Nota de Empenho (NE) e a
Nota Fiscal (NF) do fornecedor, recebidas anteriormente pelo Almoxarifado da Unidade, que
possui a incumbência de atestar o recebimento do material especificado.
O Setor Financeiro de posse das NE e NF faz a conferência comparativa das mesmas,
bem como se todas as certidões do fornecedor como o Fundo de Garantia do Tempo de
Serviço (FGTS), Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) e Receita Federal, estão
regularizadas. Terminado o passo anterior, a despesa poderá ser liquidada junto ao Sistema
Integrado de Administração Financeira (SIAFI), ou seja, é a confirmação para a Unidade
Orçamentária que os estágios anteriores foram cumpridos. O passo seguinte é a liberação do
recurso financeiro (numerário) pela Secretaria de Economia e Finanças do Exército (SEF) por
intermédio da sua Diretoria de Contabilidade à unidade, no qual realiza o pagamento ao
fornecedor e quita o compromisso firmado. O processo é detalhado através do fluxograma de
liquidação e pagamento da despesa abaixo.
FLUXOGRAMA
Fonte: Elaborado pelo autor
Pode-se ainda ressaltar neste processo, que todos os documentos gerados são
previamente autorizados pelo Ordenador de Despesas, sendo este o responsável pelo
gerenciamento da Unidade Administrativa, além disso, dentro deste processo está inserido o
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responsável pela conformidade de todos os registros documentais, atestando todo o
procedimento realizado depois de concluído.
2.3 – Problemas quanto à quitação da despesa
O item 2.2 passa uma visão geral de um processo sem nenhum tipo de erros e/ou
falhas, porém acontece em algumas situações, problemas neste percurso, e justamente é o
ponto a ser considerado neste relatório.
Há grande dificuldade de se contratar na Administração Pública por diversos fatores,
mas uma das grandes questões é a escassez de recursos que ocasiona a demora em pagar o
fornecedor, é notório, principalmente em períodos de crises financeiras que o país passa,
muitos ajustes fiscais são realizados, afetando diretamente os órgãos da administração.
Esses ajustes influenciam diretamente no fornecimento de materiais e/ou serviços, pois
o fornecedor realiza a entrega do material, cumprindo sua parte no acordo, e o seu direito de
receber o que é devido atrasa, pela dificuldade de liberação financeira dos órgãos superiores,
o que ocasiona juros e multas.
Outro problema pontual é a geração de restos a pagar, causado principalmente pelo
fornecedor, cujo fornecimento do especificado ou sua falta, causa demora na entrega, o que
impossibilita a liquidação e o pagamento, transpondo o exercício financeiro corrente, podendo
causar até o cancelamento do acordo em alguns casos, trazendo prejuízo a Unidade
Administrativa no que diz respeito à perda do crédito para cumprir determinadas
necessidades. Vale lembrar neste ponto que a perda do crédito não gera desperdício para a
Administração Pública, mas a perda de oportunidades para a unidade em questão.
A tabela 1 apresenta características a serem observadas com relação aos problemas
apontados, com enfoque nos potenciais, pontos de defesa, debilidades e vulnerabilidades do
processo.
Tabela 1 - Matriz FOFA (SWOT)
Matriz FOFA Análise Externa
OPORTUNIDADES (O)
Análise Externa AMEAÇAS
(A)
Análise Interna
FORTES (F)
- Análise e contratação de
fornecedores confiáveis e históricos
favoráveis;
- Entrega do serviço e/ou materiais
especificados em tempo hábil e
sem erros; e
- Tempestividade para liquidar e
pagar a despesa realizada.
- Demora no fornecimento do
serviço e/ou material, gerando
restos a pagar;
- Fornecedores pouco confiáveis; e
- Cobrança aos fornecedores para
tempestividade na entrega do
material.
Análise Interna
FRACOS (F)
- Erros na confecção do empenho
ou da parte requisitória do
interessado; e
- Demora na liberação de recursos
para quitação do compromisso
junto ao fornecedor.
- Falta de interesse do fornecedor
em fornecer para a Administração
Pública devido à demora no
recebimento do recurso
Fonte: Elaborado pelo autor
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Deve-se considerar que a busca pela eficiência nas instituições públicas tem que estar
direcionada para seus pontos fortes e as oportunidades encontradas, mas sempre mapeando o
que se espera melhorar.
3 – Referencial Teórico
3.1 – Unidade Administrativa Autônoma
É uma Unidade investida do poder de gerir créditos orçamentários e/ou recursos
financeira através do SIAFI.
Art. 11. Unidade Administrativa é a Organização Militar estruturada para o exercício
de administração própria, possuindo competência para gerir bens da União e de
terceiros e à qual foi concedida autonomia ou semi-autonomia administrativa.
§ 1º UA autônoma é a que dispõe de organização e meios para exercer plena
administração própria e tem competência para praticar todos os atos e fatos
administrativos decorrentes da gestão de bens da União e de terceiros, bem como
estudar. encaminhar, dar parecer e julgar direitos (RAE – R3, p.5).
3.2 – Crédito e Numerário
3.2.1 – Crédito
É a autorização legislativa para a realização de despesa, destinada à emissão de
empenho. Sua descentralização acontece de uma Unidade Orçamentária para a Unidade
Administrativa, conforme explica Giacomoni (2002, p.28):
Entende-se como descentralização de créditos à transferência, de uma Unidade
Orçamentária para outra Unidade Gestora ou Orçamentária, do poder de utilizar
créditos orçamentários ou adicionais que estejam sobre sua supervisão ou lhe
tenham sido dotados ou transferidos.
O crédito nada mais é que o direito que a organização tem de gastar, ou seja, o direito
de assumir o compromisso de uma despesa junto ao fornecedor.
3.2.2 – Numerário
“É o recurso financeiro necessário à satisfação dos compromissos assumidos através
do empenho.” (art. 50, Decreto-Lei Nº 200). É o dinheiro propriamente dito. No Exército seu
sub-repasse as Unidades Administrativas é realizado pela Secretaria de Economia e Finanças
(SEF). Segundo Piscitelli (2002, p.173):
O sub-repasse é a liberação de recursos do órgão setorial de programação financeira,
no caso do Exército é a SEF, para as unidades gestoras de sua jurisdição e entre as
unidades gestoras de um mesmo Ministério, órgão ou entidade.
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3.3 – Estágios da Despesa
Segundo Giacomoni (2002), os estágios da despesa possuem três procedimentos, a
saber: empenho, liquidação e pagamento.
3.3.1 – Empenho
Toda despesa para ser realizada, depende de empenho prévio, não podendo exceder os
limites do crédito que foi descentralizado.
Segundo a Lei Nº 4320/64, o empenho da despesa é o ato emanado da autoridade
competente que cria para o Estado a obrigação de pagamento pendente ou não de implemento
de condição.
O Conselho Federal de Contabilidade traz na sua conceituação o seguinte:
É o ato da autoridade competente ou, por delegação de competência, dos vice-
presidentes, do diretor executivo e/ou de outro designado para tal, que cria para o
Conselho a obrigação do pagamento dentro do limite dos créditos concedidos no
orçamento para cada despesa.
É prévio, ou seja, precede a realização da despesa e está restrito ao limite do crédito
orçamentário; consequentemente, é vedada a realização de despesa sem prévio
empenho. A emissão do empenho deduz o seu valor da dotação orçamentária,
tornando a quantia empenhada indisponível para nova aplicação.
3.3.2 - Liquidação
Esse é o segundo estágio da despesa, onde são procedidas às verificações e avaliações
sobre o cumprimento do credor, das condições determinadas na licitação, contrato, empenho,
etc.
Segundo Giacomoni (2002, p.268),
A liquidação consiste na verificação do direito adquirido pelo credor, tomando-se
por base os títulos e documentos que comprovam o respectivo crédito.
A liquidação deverá considerar ainda:
1. O contrato, ajuste ou acordo respectivo;
2. A Nota de Empenho; e
3. Os comprovantes de entrega de material ou prestação efetiva do serviço.
A Lei Nº 4320/64, no se capítulo III esclarece o seguinte com relação ao assunto:
Art. 62. – O pagamento da despesa só será efetuado quando ordenado após sua
regular liquidação.
Art. 63. – A liquidação da despesa consiste na verificação do direito adquirido pelo
credor, tendo por base os títulos e documentos comprobatórios do respectivo crédito.
§1º Essa verificação tem, por fim, apurar:
I – a origem e o objeto do que se deve pagar;
II – a importância exata a pagar;
III – a quem se deve pagar a importância, para extinguir a obrigação.
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§2º A liquidação da despesa por fornecimentos feitos ou serviços prestados terá por
base:
I – o contrato, ajuste ou acordo respectivo;
II – a nota de empenho;
III – os comprovantes da entrega de material ou da prestação efetiva do serviço.
3.3.3 - Pagamento
O último estágio da despesa, que segundo Giacomoni (2002), possui dois momentos, a
ordem de pagamento, que constitui no despacho pela autoridade competente da unidade
dirigida, ou seja, neste caso o Ordenador de Despesas e o outro momento o pagamento
propriamente dito.
O art. 64, Lei Nº 4320/64, esclarece que a ordem de pagamento é o despacho exarado
por autoridade competente, determinando que a despesa seja paga.
O Conselho Federal de Contabilidade aponta em sua INSTRUÇÃO DE TRABALHO
– INT/VPCI Nº 001/2007, o seguinte:
O pagamento é o último estágio da despesa. Por ele se extinguem as obrigações
assumidas com terceiros.
O pagamento é ordenado pela autoridade competente, quando a despesa for
considerada liquidada ou processada.
A Ordem de Pagamento só poderá ser exarada em documentos processados pelo
Setor Financeiro, tais como: emissão de cheques, DOC, TED, depósitos ou outros
procedimentos adotados pelos Conselhos, e encaminhados, posteriormente, ao Setor
de Contabilidade, para as providências sob sua responsabilidade.
3.4 – Restos a Pagar
Consideram-se Restos a Pagar as despesas empenhadas mas não pagas até o dia 31 de
dezembro distinguindo-se as processadas das não processadas.
Deste modo, a despesa orçamentária empenhada que não for paga até o dia 31 de dezembro,
final do exercício financeiro, será considerada como Restos a Pagar, para fins de
encerramento do correspondente exercício financeiro. Uma vez empenhada, a despesa
pertence ao exercício financeiro em que o empenho ocorreu, onerando a dotação orçamentária
daquele exercício. No art. 36, da Lei nº 4.320/64 é apontado o seguinte:
Entende-se por Restos a Pagar de Despesas Processadas aqueles cujo empenho foi
entregue ao credor, que por sua vez já forneceu o material, prestou o serviço ou
executou a obra, e a despesa foi considerada liquidada, estando apta ao pagamento.
Nesta fase a despesa processou-se até a liquidação e em termos orçamentários foi
considerada realizada, faltando apenas à entrega dos recursos através do pagamento.
Já os Restos a Pagar de Despesa Não Processada são aqueles cujo empenho foi
legalmente emitido, mas depende ainda da fase de liquidação, isto é, o empenho fora
emitido, porém o objeto adquirido ainda não foi entregue e depende de algum fator
para sua regular liquidação; do ponto de vista do Sistema Orçamentário de
escrituração contábil, a despesa não está devidamente processada.
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É justamente os Restos a Pagar de despesa não processada que causa o transtorno com
relação à perda de créditos por parte da unidade, pois se o fornecedor não cumprir sua parte
do contrato, não entregando o acordado, cabe a Administração Pública cancelar o
compromisso, deixando de adquirir um material e/ou serviço, devolvendo o crédito aos órgãos
superiores.
Quanto ao cancelamento, Kohama (1999, p. 77 e 79) fez os seguintes comentários:
Poderá haver necessidade de cancelamento de restos a pagar e, quando isto ocorrer,
nesta parte o valor será considerado como pago, do ponto de vista financeiro, e, ao
mesmo tempo, a contrapartida desse registro contábil, como consequência será
considerada como recolhimento de receita orçamentária, embora seja uma operação
contábil, aliás, alguns chamam de “receita figurativa”. Em razão dos restos a pagar,
quando inscritos como contrapartida contábil constituírem receita extra
orçamentária, atendendo ao disposto no parágrafo único, do art. 103, da Lei nº
4320/64, para compensar sua inclusão na despesa orçamentária, essa operação será
refletida no passivo financeiro como dívida flutuante.
O cancelamento dos restos a pagar se constituirá em despesa extra orçamentária,
demostrada como baixa de pagamento, apesar de não ter havido desembolso financeiro.
3.5 – Multas e Juros
A mensagem SIAFI NR 2010/ 0471465, DE 3 DE MARÇO DE 2011, da 11ª
Inspetoria de Contabilidade e Finanças do Exército, amparada pelo ACÓRDÃO Nº 20/2008 -
TCU - 2ª CÂMARA, esclarece o seguinte em relação ao assunto:
... 3. As despesas com juros e multas por atraso no pagamento de fatura oneram
irregularmente o erário com a criação de encargos adicionais que não se coadunam
com o caráter público da despesa ou com os gastos próprios da administração
pública, ferindo o princípio da economicidade e da eficiência. A exemplo, o TCU
manifestou recomendações no Acórdão nr 20/2008 – 2ª câmara, da seguinte forma:
...“1.2.quando houver pagamento de contas (tais como telefone, energia elétrica,
água, etc.) de responsabilidade do órgão em atraso, que venha a acarretar prejuízo
para o erário em encargos tais como juros de mora e multa, adote providências para
a identificação do responsável pela falha, a fim de se proceder à cobrança amigável
ou ao desconto em folha de pagamento do prejuízo causado pelo servidor, nos
termos do art. 46 da lei 8.112/90”... (p.12)
4. Em face do acima exposto, oriento-vos a:
A.estabelecer no instrumento contratual as regras para devolução de faturas que não
estejam dentro do prazo previsto para o pagamento tempestivo;...
Outra orientação a ser considerada é a constante na alínea “a”, do item 8, do Capítulo
IV, do Manual da DGO – Orientações aos Agentes da Administração 2015, que aponta o
seguinte:
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Com o objetivo de reduzir o atraso nas liquidações de despesas com concessionárias
de serviços públicos, e, consequentemente, os gastos com multas e juros, oriundos
da demora no recebimento de faturas, esta Diretoria informa que as apropriações
destas despesas poderão ser realizadas com base nas faturas emitidas por meio do
sítio das empresas, que fornecem esse serviço na internet.
4. Plano de Ação Neste ponto cabe destacar quais são as ações tomadas para a redução ou a eliminação
dos problemas gerados pelos processos de liquidação e pagamento no Exército, aqui foca-se
principalmente na geração de juros e multa por atraso de pagamento aos fornecedores e a
geração de restos a pagar por falta do material a ser entregue e/ou fora de especificação,
acarretando a perda do crédito disponibilizado a Unidade Gestora. Para isso será apresentado
na tabela 2, um quadro com as respectivas ações realizadas pelo 17º Batalhão Logístico Leve.
Tabela 2 - Plano de Ação de Liquidação e Pagamento da despesa
Ação Quem
Executa? Quando? Onde? Por que? Como?
Recebimento/
Conferência NE
e NF.
Setor
Financeiro
Imediatamente
após o
recebimento da
NE e NF
Setor
Financeiro
Evitar erros na liquidação
da despesa, evitando
retrabalho e atrasos no
pagamento.
Confrontando NE
e NF.
Lançamento no
SIAFI
Setor
Financeiro
Após confronto
das NE e NF
Setor
Financeiro
A tempestividade do
lançamento no SIAFI
proporciona mais tempo
ao órgão que descentraliza
o numerário, sendo este
recebido antes do
vencimento da fatura.
Realizando a
liquidação da
despesa no
SIAFI, ou seja, a
solicitação do
numerário para
pagamento.
Recebimento do
numerário
Setor
Financeiro
Após a liquidação
no SIAFI
Setor
Financeiro
Para quitar as obrigações
com os fornecedores
Efetuando o
pagamento em
domicílio
bancário pré-
determinado,
através de Ordem
Bancária, através
SIAFI.
Envio da
Ordem
Bancária ao
Banco
Setor
Financeiro
Após liberação
no SIAFI, o
Ordenador de
Despesas assina o
documento físico
para envio ao
Banco
Setor
Financeiro
Para autorizar o banco a
liberar o recurso ao
fornecedor
Com o
recebimento do
documento
assinado.
Fonte: Elaborado pelo autor
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O plano de ação apresentado é objeto de processos que não tiveram nenhum obstáculo
para sua execução, colocado aqui propositalmente para melhor entendimento das ações
necessárias quando os problemas surgirem no processo, sendo este utilizado para melhor
visualização nas ações a serem tomadas para se evitar a geração de atraso de pagamento /
geração de juros e multas e cancelamentos de créditos devido a restos a pagar.
O atraso de pagamento é gerado principalmente pela escassez de recursos financeiros
na esfera do Governo Federal, no qual o sub-repasse para os órgãos públicos sofrem atrasos,
refletindo na ponta da linha, ou seja, na Unidade Gestora, trazendo em muitos casos a geração
de juros e multas, desperdiçando recursos importantes. Geralmente isso ocorre com os
pagamentos relacionados a despesas de energia elétrica, água, telefone e correios. Algumas
ações são tomadas rotineiramente pelo 17º Batalhão Logístico Leve, como são descritas nos
próximos parágrafos em relação ao quadro do Plano de ação de liquidação e pagamento da
despesa.
Na ação recebimento da NF, no caso das concessionárias de serviço público (Água,
Energia Elétrica, Telefonia e Correios), as faturas atrasam constantemente, fazendo com que
essas cheguem próximas do vencimento ao setor financeiro do 17º Batalhão Logístico Leve,
onde torna-se o tempo entre a liquidação e a liberação do recurso pequeno, fazendo com que o
pagamento seja posterior ao vencimento da fatura, gerando juros e multas para a fatura
posterior. Neste caso adota-se o cadastro pela internet para a retirada prévia das faturas pelo
setor financeiro, aumentando o tempo entre a liquidação e o pagamento. Outras ações
precisam ser tomadas, pois apenas aumentar o tempo entre o acesso à fatura e o pagamento
não resolve o problema totalmente, o setor financeiro precisa estar atento à proximidade da
data de vencimento da fatura e para isso efetua a cobrança através mensagens pelo SIAFI ao
órgão descentralizador dos numerários, alertando sobre o vencimento das obrigações, esse
ponto inclusive é uma das principais ações a tomar, pois vem ocorrendo até a inscrição no
SERASA dos Ordenadores de Despesas por débito com fornecedores, como relatado em
reportagem do Jornal “ O Estado “ no dia 24 de agosto de 2015. Outro relacionamento importante se refere à obrigação entre o fornecedor e o 17º
Batalhão Logístico Leve, ou seja, ela existe logo da confecção da Nota de Empenho, já
existindo o crédito para efetuar a despesa. Então ocorre que o fornecedor não entrega o
material especificado e/ou não o possui, essa demora pode ocasionar a virada do exercício
financeiro sem que o compromisso seja realizado, a despesa é inscrita em restos a pagar,
existindo prazo estipulado em decreto anual para que todo o processo seja concluído, caso
isso não ocorra o compromisso é cancelado e o 17º Batalhão Logístico Leve perde o crédito a
ele destinado. As ações tomadas nesse sentido são mais complicadas, o esforço é grande por
parte da organização, principalmente em relação a conhecer bem a qualificação e o histórico
dos fornecedores e o acompanhamento direto junto ao fornecedor para solucionar as
pendências necessárias dentro do prazo estipulado.
Têm ocorrido também neste período conturbado da economia no Brasil, problemas
com relação à cessação do serviço por parte das concessionárias de serviços públicos junto as
Unidades do Exército que não conseguem realizar o pagamento do serviço prestado, sendo
efetuados cortes de energia, água, esgoto, etc. Com isso, outro patamar de problema surgiu
devido ao não pagamento, dependendo de soluções advindas da Advocacia-Geral da União,
com interferência através de procedimentos judiciais para a continuidade da prestação do
serviço.
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O 17º Batalhão Logístico Leve, entre 2013 e 2015, conseguiu evitar o cancelamento de
créditos em torno de 98% com as ações tomadas junto aos fornecedores, propiciando suprir
suas necessidades e evitando a perda de oportunidades de melhoria.
5 – Conclusão
O caso apontado para a consecução do estudo em questão visou abranger a
necessidade de buscar soluções viáveis para superar os problemas encontrados em processos
rotineiros de liquidação e pagamento na Administração Pública, mostrar que algumas medidas
simples servem para aliviar desperdícios de dinheiro público, mesmo em períodos
conturbados da economia no Brasil.
Essas alternativas não eliminam os problemas de maneira definitiva, pelo contrário,
estes continuarão a acontecer, principalmente devido a Unidade Administrativa depender dos
recursos financeiros do Governo Federal, ou seja, por mais atento aos problemas e por mais
iniciativa que se tenha na ponta da linha, o recurso financeiro é liberado por órgãos
superiores, e estes não chegando no prazo, causarão transtornos como cortes do serviço, perda
de oportunidades pelo cancelamento de créditos, juros e multas para todos os órgãos
subordinados da esfera pública.
Cabe aos gestores e executores da Administração Pública que se encontram em
posição desfavorável com relação aos recursos existentes, continuar buscando soluções para
evitar que as perdas de recursos financeiros continuem a acontecer, intensificando as
cobranças aos órgãos de descentralização de créditos e numerários, preparando melhor o
fornecedor para a realidade em que encontra-se o país em relação a parte financeira,
amenizando a expectativa em relação ao recebimento do numerário, ou seja, é importante
deixar claro no momento do início do processo da despesa que atrasos de pagamento estão
ocorrendo, mas que providências estão sendo buscadas para ambas as partes.
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6 – Referências
BRASIL. Decreto-Lei Nº 4320, de 17 de março de 1964. Estatui Normas Gerais de Direito
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