os princípios da universalidade

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Os princípios da universalidade, integralidade e da eqüidade são às vezes chamados de princípios ideológicos ou doutrinários e os princípios da descentralização, da regionalização e da hierarquização de princípios organizacionais. Universalidade da Saúde Significa que o sistema de Saúde deve atender a todos, sem distinções ou restrições, oferecendo toda a atenção necessária, sem qualquer custo. Integralidade Garante ao usuário uma atenção que abrange as ações de promoção, prevenção , tratamento e reabilitação, com garantia de acesso a todos os níveis de complexi dade do Sistema de Saúde. A integralidade também pressupõe a atenção focada no indiv íduo, na f amília e na comunidade (inserção social) e não num recorte de ações ou enfermidades. Eqüi dade em saúde Igualdade da atenção à Saúde sem privilégios ou preconceitos. O SUS deve dispo nibiliz ar recursos e serviços de forma justa, de acordo com as nece ssidades de cada um. O que determina o tipo de atendimento é a complexidade do problema de cada usuário. Implica implementar mecanismos de indução de políticas ou programas para populações em condições de desigualdade em saúde por meio de diálogo entre governo e sociedade civil envolvendo integrantes dos diversos órgãos e setores do Ministério da Saúde (MS), pesquisadores e lideranças de movimentos sociais. Objetiva alcançar a oferta de ações diferenciadas para grupos com necessidades especiais. Descentralização É o processo de transferência de responsabilidades de gestão para os municípios atendendo às determinações constitucionais e legais que embasam o SUS e que definem atribuições comuns e competências específicas à União, estados, Distrito Federal e municípios. A municipalização é uma estratégia adotada no Brasil que reconhece o município como principal responsável pela saúde de sua população. Municipalizar é transferir para as cidades a responsabilidade e os recursos necessários para exercerem plenamente as funções de coordenação, negociação, planejamento, acompanhamento, controle, avaliação e auditoria da saúde local, controlando os recursos financeiros, as ações e os serviços de saúde prestados em seu território. O princípio da descentralização político-administrativa da saúde foi definido pela Constituição de 1988, preconizando a autonomia dos municípios e a localização dos serviços de saúde na esfera municipal próximos dos cidadãos e de seus problemas de saúde. O Brasil apresenta grandes diversidades econômico-sociais, climáticas e cultu rais que tornam a descentraliz ação administrativa fundamental: Ela possibil ita que os municípios assumam a gestão da saúde em seus territórios de acordo com as neces sidades e características de suas populações. Estimula, na esfera municipal, novas competências e capacidades político-institucionais. Os estados e a União devem contrib uir para a descent ralização do SUS f ornecen do cooperação técnica e financeira para o processo de municipalização.

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Os princípios da universalidade, integralidade e da eqüidade são às vezes chamados deprincípios ideológicos ou doutrinários e os princípios da descentralização, daregionalização e da hierarquização de princípios organizacionais.

Universalidade da SaúdeSignifica que o sistema de Saúde deve atender a todos, sem distinções ou restrições,

oferecendo toda a atenção necessária, sem qualquer custo.

IntegralidadeGarante ao usuário uma atenção que abrange as ações de promoção, prevenção,tratamento e reabilitação, com garantia de acesso a todos os níveis de complexidade

do Sistema de Saúde. A integralidade também pressupõe a atenção focada noindivíduo, na família e na comunidade (inserção social) e não num recorte de ações ouenfermidades.

Eqüidade em saúdeIgualdade da atenção à Saúde sem privilégios ou preconceitos. O SUS deve

disponibilizar recursos e serviços de forma justa, de acordo com as nece ssidades decada um. O que determina o tipo de atendimento é a complexidade do problema decada usuário. Implica implementar mecanismos de indução de políticas ou programaspara populações em condições de desigualdade em saúde por meio de diálogo entregoverno e sociedade civil envolvendo integrantes dos diversos órgãos e setores doMinistério da Saúde (MS), pesquisadores e lideranças de movimentos sociais. Objetivaalcançar a oferta de ações diferenciadas para grupos com necessidades especiais.

Descentralização

É o processo de transferência de responsabilidades de gestão para os municípiosatendendo às determinações constitucionais e legais que embasam o SUS e que

definem atribuições comuns e competências específicas à União, estados, DistritoFederal e municípios. A municipalização é uma estratégia adotada no Brasil quereconhece o município como principal responsável pela saúde de sua população.Municipalizar é transferir para as cidades a responsabilidade e os recursos necessários

para exercerem plenamente as funções de coordenação, negociação, planejamento,acompanhamento, controle, avaliação e auditoria da saúde local, controlando osrecursos financeiros, as ações e os serviços de saúde prestados em seu território. Oprincípio da descentralização político-administrativa da saúde foi definido pelaConstituição de 1988, preconizando a autonomia dos municípios e a localização dos

serviços de saúde na esfera municipal próximos dos cidadãos e de seus problemas desaúde. O Brasil apresenta grandes diversidades econômico-sociais, climáticas e

culturais que tornam a descentralização administrativa fundamental: Ela possibilitaque os municípios assumam a gestão da saúde em seus territórios de acordo com asnecessidades e características de suas populações. Estimula, na esfera municipal,novas competências e capacidades político-institucionais. Os estados e a União devemcontribuir para a descentralização do SUS fornecendo cooperação técnica e financeira

para o processo de municipalização.

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 RegionalizaçãoUm dos princípios que orientam a organização do SUS definidos pela ConstituiçãoFederal Brasileira e pela Lei Orgânica da Saúde (Lei nº 8.080 de 19 de setembro de1990).Constitui eixo estruturante do Pacto de Gestão do SUS definido pela Comissão

Intergestores Tripartite (CIT) de 26 de janeiro de 2006 e aprovado pelo ConselhoNacional de Saúde (CNS) em 9 de fevereiro de 2006 o que evidencia a importância da

articulação entre os gestores estaduais e municipais na implementação de políticas,ações e serviços de saúde qualificados e descentralizados que possibilitem acesso,integralidade e resolutividade na atenção à saúde da população.No processo de regionalização são identificadas e constituídas as regiões de saúde espaços territoriais nos quais serão desenvolvidas as ações de atenção à saúdeobjetivando alcançar maior resolutividade e qualidade nos resultados, assim como

maior capacidade de co-gestão regional. A política de regionalização prevê a formaçãodos colegiados de gestão regionais que têm a responsabilidade de organizar a rede deações e serviços de atenção à saúde das populações locais.

II - O QUE É O SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE - SUS?É uma nova formulação política e organizacional para o reordenamento dos serviçoseações de saúde estabelecida pela Constituição de 1988. O SUS não é o sucessor doINAMPS e nemtampouco do SUDS. O SUS é o novo sistema de saúde que está em construção.

POR QUE SISTEMA ÚNICO?

Porque ele segue a mesma doutrina e os mesmos princípios organizativos em todo oterritório

nacional, sob a responsabilidade das três esferas autônomas de governo federal,estadual emunicipal. Assim, o SUS não é um serviço ou uma instituição, mas um Sistema quesignifica um

conjunto de unidades, de serviços e ações que interagem para um fim comum. Es seselementosintegrantes do sistema, referem-se ao mesmo tempo, às atividades de promoção,proteção erecuperação da saúde.

QUAL É A DOUTRINA DO SUS?

Baseado nos preceitos constitucionais a construção do SUS se norteia pelos seguintesprincípios doutrinários:

UNIVERSALIDADE É a garantia de atenção à saúde por parte do sistema, a todo equalquer

cidadão. Com a universalidade, o indivíduo passa a ter direito de acesso a todos osserviços

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públicos de saúde, assim como àqueles contratados pelo poder públic o. Saúde édireito de cidadaniae dever do Governo: municipal, estadual e federal.ABC do SUS - Doutrinas e PrincípiosMinistério da Saúde - Secretaria Nacional de Assistência à Saúde 5

EQÜIDADE  É assegurar ações e serviços de todos os níveis de acordo com acomplexidade que

cada caso requeira, more o cidadão onde morar, sem privilégios e sem barreiras. Todocidadão éigual perante o SUS e será atendido conforme suas necessidades até o limite do que o

sistema puderoferecer para todos.

INTEGRALIDADE - É o reconhecimento na prática dos serviços de que: cada pessoa é um todo indivisível e integrante de uma comunidade; as ações de promoção, proteção e recuperação da saúde formam também um todo

indivisívele não podem ser compartimentalizadas; as unidades prestadoras de serviço, com seus diversos graus de complexidade,formamtambém um todo indivisível configurando um sistema capaz de prestar assistênciaintegral.Enfim:O homem é um ser integral, bio-psico-social, e deverá ser atendido com esta visãointegral

por um sistema de saúde também integral, voltado a promover, proteger e recuperarsua

saúde.

QUAIS SÃO OS PRINCÍPIOS QUE REGEM A ORGANIZAÇÃO DO SUS?

REGIONALIZAÇÃO e HIERARQUIZAÇÃO - Os serviços devem ser organizados em níveisdecomplexidade tecnológica crescente, dispostos numa área geográfica delimitada e coma definição dapopulação a ser atendida. Isto implica na capacidade dos serviços em oferecer a uma

determinadapopulação todas as modalidades de assistência, bem como o acesso a todo tip o de

tecnologiadisponível, possibilitando um ótimo grau de resolubilidade (solução de seusproblemas).O acesso da população à rede deve se dar através dos serviços de nível primário deatenção

que devem estar qualificados para atender e resolver os princ ipais problemas quedemandam os

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serviços de saúde. Os demais, deverão ser referenciados para os serviços de maiorcomplexidadetecnológica.A rede de serviços, organizada de forma hierarquizada e regionalizada, permite umconhecimento maior dos problemas de saúde da população da área delimitada,favorecendo ações

de vigilância epidemiológica, sanitária, controle de vetores, educação em saúde, alémdas ações de

atenção ambulatorial e hospitalar em todos os níveis de complexidade.

RESOLUBILIDADE - É a exigência de que, quando um indivíduo busca o atendimento ou

quando surge um problema de impacto coletivo sobre a saúde, o serviçocorrespondente estejacapacitado para enfrentá-lo e resolvê-lo até o nível da sua competência.

DESCENTRALIZAÇÃO - É entendida como uma redistribuição das responsabilidadesquanto às ações e serviços de saúde entre os vários níveis de governo, a partir da idéia

de quequanto mais perto do fato a decisão for tomada, mais chance haverá de acerto. Assim,o que éabrangência de um município deve ser de responsabilidade do governo municipal; oque abrange umestado ou uma região estadual deve estar sob responsabilidade do governo estadual,e, o que for deabrangência nacional será de responsabilidade federal. Deverá ha ver uma profundaredefinição das

atribuições dos vários níveis de governo com um nítido reforço do poder municipalsobre a saúde - é

o que se chama municipalização da saúde.Aos municípios cabe, portanto, a maior responsabilidade na promoção das ações desaúdediretamente voltadas aos seus cidadãos.

PARTICIPAÇÃO DOS CIDADÃOS - É a garantia constitucional de que a população,atravésde suas entidades representativas, participará do processo de formulação das políticasde saúde e do

controle da sua execução, em todos os níveis, desde o federal até o local.ABC do SUS - Doutrinas e Princípios

Ministério da Saúde - Secretaria Nacional de Assistência à Saúde 6Essa participação deve se dar nos Conselhos de Saúde, com representação paritária deusuários, governo, profissionais de saúde e prestadores de serviço. Outra forma departicipação sãoas conferências de saúde, periódicas, para definir prioridades e linhas de ação sobre a

saúde.Deve ser também considerado como elemento do processo participativo o dever das

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instituições oferecerem as informações e conhecimentos necessários para que apopulação seposicione sobre as questões que dizem respeito à sua saúde.

COMPLEMENTARIEDADE DO SETOR PRIVADO - A Constituição definiu que, quandopor

insuficiência do setor público, for necessário a contratação de serviços privados, issodeve se dar sob

três condições:1ª - a celebração de contrato, conforme as normas de direito público, ou seja,interesse públicoprevalecendo sobre o particular;2ª - a instituição privada deverá estar de acordo com os princípios básicos e normastécnicas do SUS.

Prevalecem, assim, os princípios da universalidade, eqüidade, etc., como se o serviçoprivado fossepúblico, uma vez que, quando contratado, atua em nome deste;

3ª - a integração dos serviços privados deverá se dar na mesma lógica organizativa doSUS, emtermos de posição definida na rede regionalizada e hierarquizada dos serviços. Dessaforma, emcada região, deverá estar claramente estabelecido, considerando-se os serviçospúblicos e privadoscontratados, quem vai fazer o que, em que nível e em que lugar.Dentre os serviços privados, devem ter preferência os serviços não lucrativos,conforme

determina a Constituição.Assim, cada gestor deverá planejar primeiro o setor público e, na seqüê ncia,

complementar arede assistencial com o setor privado, com os mesmos concertos de regionalização,hierarquização euniversalização.

Torna-se fundamental o estabelecimento de normas e procedimentos a seremcumpridospelos conveniados e contratados, os quais devem constar, em anexo, dos convênios econtratos.

III - PAPEL DOS GESTORES DO SUSO QUE SÃO OS GESTORES?

Gestores são as entidades encarregadas de fazer com que o SUS seja implantado efuncioneadequadamente dentro das diretrizes doutrinárias, da lógica organizacional e sejaoperacionalizadodentro dos princípios anteriormente esclarecidos.

Haverá gestores nas três esferas do Governo, isto é, no nível municipal, estadual efederal.

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QUEM SÃO OS GESTORES?Nos municípios, os gestores são as secretarias municipais de saúde ou as prefeituras,sendoresponsáveis pelas mesmas, os respectivos secretários municipais e prefeitos.Nos estados, os gestores são os secretários estaduais de saúde e no nível federal oMinistério da Saúde. A responsabilidade sobre as ações e serviços de saúde em cada

esfera degoverno, portanto, é do titular da secretaria respectiva, e do Ministério da Saúde no

nível federal.

QUAIS SÃO AS PRINCIPAIS RESPONSABILIDADES DOS GESTORES?No nível municipal, cabe aos gestores programar, executar e avaliar as ações depromoção,proteção e recuperação da saúde. Isto significa que o município deve ser o primeiro e

o maiorresponsável pelas ações de saúde para a sua população.ABC do SUS - Doutrinas e Princípios

Ministério da Saúde - Secretaria Nacional de Assistência à Saúde 7Como os serviços devem ser oferecidos em quantidade e qualidade adequadas àsnecessidades de saúde da população, ninguém melhor que os gestores municipais paraavaliar eprogramar as ações de saúde em função da problemática da população do seumunicípio.O secretário estadual de saúde, como gestor estadual, é o responsável pelacoordenação dasações de saúde do seu estado. Seu plano diretor será a consolidação das necessidades

propostas decada município, através de planos municipais, ajustados entre si. O estado deverá

corrigir distorçõesexistentes e induzir os municípios ao desenvolvimento das ações. Assim, cabe tambémaos estados,planejar e controlar o SUS em seu nível de responsabilidade e executar apenas as

ações de saúdeque os municípios não forem capazes e/ou que não lhes couber executar.A nível federal, o gestor é o Ministério da Saúde, e sua missão é liderar o conjunto deaçõesde promoção, proteção e recuperação da saúde, identificando riscos e necessi dades

nas diferentesregiões para a melhoria da qualidade de vida do povo brasileiro, contribuindo para o

seudesenvolvimento. Ou seja, ele é o responsável pela formulação, coordenação econtrole da políticanacional de saúde. Tem importantes funções no planejamento, financiamento,cooperação técnica o

controle do SUS.Em cada esfera de governo, o gestor deverá se articular com os demais setores dasociedade

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que têm interferência direta ou indireta na área da saúde, fomentando sua integraçãoe participaçãono processo.Ainda que a saúde seja um direito de todos e um dever do Estado, isto não dispensacadaindivíduo da responsabilidade por seu auto -cuidado, nem as empresas, escolas,

sindicatos, imprensae associações, de sua participação no processo.

Nas três esferas deverão participar, também, representantes da população, quegarantirão,através do entidades representativas, envolvimento responsável no processo deformulação daspolíticas de saúde e no controle da sua execução.