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7 História, tendências e possibilidades 161 INTRODUÇÃO Os não evangelizados Jesus nos ordenou a “pregar o evangelho a toda criatura” (Mc 16.15). Mais de um quarto da população do mundo pode ainda estar fora do alcance da pregação atual do evangelho. É impor- tante sabermos quem são os não evangelizados e onde eles vivem, para que possamos tentar assegurar que todos tenham a oportu- nidade de ter um relacionamento pessoal com Deus por meio de Cristo. Esse é o tema principal deste capítulo. Começamos por analisar primeiro os países, depois os grupos étnicos por língua. Evangelizado: O estado de ter tido o evangelho apresentado e explicado de modo que o ouvinte se torna ciente das reivindicações de Cristo e da necessidade de obedecer a ele e de segui-lo. Não evangelizados (WCD) Não cristãos evangelizados (WCD) Cristãos não evangélicos (OW) Evangélicos (OW) Af Pa AN AL Eu As Mundo 1900 2000 Fig. 7.1 Continentes e evangelização em 1900 e 2000, baseado em dados da WCD e da OW 2000 Evangélicos nominais “Cristãos” nominais/não evangelizados Cristãos marginalmente evangelizados Observação: as áreas hacheadas são indicativas da impressão nas estatísticas e definições. Fig. 7.2 O desafio de contar os não evangelizados Medindo a evangelização Precisamos definir o que significa ser evan- gelizado. Em primeiro lugar, é importante reconhecer que uma pessoa pode ser evan- gelizada, mas não ser cristã. Evidentemente, o processo da evangelização deve continuar até que essa pessoa se torne um discípulo. O evangelista precisa apresentar as reivindica- ções de Cristo de tal modo que seus ouvin- tes compreendam o suficiente do evangelho para reagir de maneira significativa – seja aceitando-as ou rejeitando-as. No entanto, não é possível fazer um censo de populações inteiras para determinar quantas pessoas podem ter sido evangelizadas, mesmo se conseguíssemos chegar a um acordo com relação aos critérios. David Barrett desenvolveu uma metodolo- gia para obter números aproximados para a World Christian Encyclopedia em 1981, 1 mas eu usei seus resultados apenas raramente neste livro. Eles são úteis para comparar a exposição relativa de diferentes segmentos da população ao evangelho, mas menos úteis para derivar números concretos dos evangelizados. Os gráficos-pizza na figura 7.1 representam a situação de evangelização de cada conti- nente em 1900 e 2000, usando tanto dados da WCD quanto da Operation World. 2 Esta última fornece os números de evangé- licos. Eles dão uma ideia do que tem sido alcançado pela evangelização no século 20, revelando claramente o declínio da fé na Europa e na América do Norte e também o aumento dos evangelizados nos outros quatro continentes. Mostram também que o número dos totalmente não evangelizados na África e na Ásia caiu dramaticamente ao longo do século – e que o crescimento re- sultante da Igreja na AfAsAL tem sido um fenômeno em grande parte evangélico. Os gráficos-pizza à extrema direita reve- lam o progresso na evangelização global, a despeito do declínio na porcentagem de cristãos. A verdade preocupante é que ainda pode haver quase 2 bilhões de pessoas (de um total de 6 bilhões em 2000) que nunca tiveram a oportunidade de ouvir o evange- lho. O mandamento de Jesus em Marcos 16 ainda precisa ser cumprido. O último gráfico para 2000 na figura 7.1 é detalhado na figura 7.2 para demonstrar o desafio de medir os não evangelizados. Segundo a metodologia de Barrett, todo cristão de qualquer tipo é, por definição, evangelizado. 3 Suas estatísticas sobre a evangelização são fundamentais para as classificações muito usadas dos Mundos A, B e C, que examinaremos na página seguinte. De um ponto de vista evangélico, critérios de fé mais estritos reduziriam (mas não descartariam) a representação de outras tradições teológicas. Muitos cristãos e até mesmo evangélicos nominais podem não ter sido evangelizados no sentido que defi- ni acima, como mostram as áreas hachea- das. Nas próximas páginas, desenvolvo um “A tarefa suprema da igreja é a evangelização do mundo. Ninguém tem o direito de ouvir o evangelho duas vezes antes que todo mundo tenha tido a oportunidade de ouvi-lo pelo menos uma vez.” Oswald Smith, do Canadá método mais transparente para fazer uma estimativa dos números dos evangelizados e não evangelizados. Batismo cristão no Norte da Índia (foto de T. Kwant)

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Page 1: Os não evangelizados … · Fig. 7.2 O desafio de contar os não evangelizados Medindo a evangelização Precisamos de nir o que signi ca ser evan-gelizado. Em primeiro lugar, é

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História, tendências e possibilidades 161

INTRODUÇÃO

Os não evangelizadosJesus nos ordenou a “pregar o evangelho a toda criatura” (Mc 16.15). Mais de um quarto da população do mundo pode ainda estar fora do alcance da pregação atual do evangelho. É impor-tante sabermos quem são os não evangelizados e onde eles vivem, para que possamos tentar assegurar que todos tenham a oportu-nidade de ter um relacionamento pessoal com Deus por meio de Cristo. Esse é o tema principal deste capítulo. Começamos por analisar primeiro os países, depois os grupos étnicos por língua.

Evangelizado: O estado de ter tido o evangelho apresentado e explicado de modo que o ouvinte se torna ciente das reivindicações de Cristo e da necessidade de obedecer a ele e de segui-lo.

Não evangelizados (WCD) Não cristãos evangelizados (WCD) Cristãos não evangélicos (OW) Evangélicos (OW)

Af PaANALEuAs Mundo

1900

2000

Fig. 7.1 Continentes e evangelização em 1900 e 2000, baseado em dados da WCD e da OW

2000

Evangélicos nominais“Cristãos” nominais/não evangelizadosCristãos marginalmente evangelizados

Observação: as áreas hacheadas são indicativas da impressão nas estatísticas e definições.

Fig. 7.2 O desafio de contar os não evangelizados

Medindo a evangelização

Precisamos de# nir o que signi# ca ser evan-gelizado. Em primeiro lugar, é importante reconhecer que uma pessoa pode ser evan-gelizada, mas não ser cristã. Evidentemente, o processo da evangelização deve continuar até que essa pessoa se torne um discípulo. O evangelista precisa apresentar as reivindica-ções de Cristo de tal modo que seus ouvin-tes compreendam o su# ciente do evangelho para reagir de maneira signi# cativa – seja aceitando-as ou rejeitando-as. No entanto, não é possível fazer um censo de populações inteiras para determinar quantas pessoas podem ter sido evangelizadas, mesmo se conseguíssemos chegar a um acordo com relação aos critérios.

David Barrett desenvolveu uma metodolo-gia para obter números aproximados para a World Christian Encyclopedia em 1981,1 mas eu usei seus resultados apenas raramente neste livro. Eles são úteis para comparar a exposição relativa de diferentes segmentos da população ao evangelho, mas menos úteis para derivar números concretos dos evangelizados.

Os grá# cos-pizza na # gura 7.1 representam a situação de evangelização de cada conti-nente em 1900 e 2000, usando tanto dados da WCD quanto da Operation World.2

Esta última fornece os números de evangé-licos. Eles dão uma ideia do que tem sido alcançado pela evangelização no século 20, revelando claramente o declínio da fé na

Europa e na América do Norte e também o aumento dos evangelizados nos outros quatro continentes. Mostram também que o número dos totalmente não evangelizados na África e na Ásia caiu dramaticamente ao longo do século – e que o crescimento re-sultante da Igreja na AfAsAL tem sido um fenômeno em grande parte evangélico.

Os grá# cos-pizza à extrema direita reve-lam o progresso na evangelização global, a despeito do declínio na porcentagem de cristãos. A verdade preocupante é que ainda pode haver quase 2 bilhões de pessoas (de um total de 6 bilhões em 2000) que nunca tiveram a oportunidade de ouvir o evange-lho. O mandamento de Jesus em Marcos 16 ainda precisa ser cumprido.

O último grá# co para 2000 na # gura 7.1 é detalhado na # gura 7.2 para demonstrar o desa# o de medir os não evangelizados. Segundo a metodologia de Barrett, todo cristão de qualquer tipo é, por de# nição, evangelizado.3 Suas estatísticas sobre a evangelização são fundamentais para as classi# cações muito usadas dos Mundos A, B e C, que examinaremos na página seguinte.

De um ponto de vista evangélico, critérios de fé mais estritos reduziriam (mas não descartariam) a representação de outras tradições teológicas. Muitos cristãos e até mesmo evangélicos nominais podem não ter sido evangelizados no sentido que de# -ni acima, como mostram as áreas hachea-das. Nas próximas páginas, desenvolvo um

“A tarefa suprema da igreja é a evangelização do mundo. Ninguém tem o direito de ouvir o evangelho duas vezes antes que todo mundo tenha tido a oportunidade de ouvi-lo pelo menos uma vez.”

Oswald Smith, do Canadá

método mais transparente para fazer uma estimativa dos números dos evangelizados e não evangelizados.

Batismo cristão no Norte da Índia (foto de T. Kwant)

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162 O futuro da igreja global

MENSURANDO A EVANGELIZAÇÃO

Mundos A, B e C

Os mapas nestas duas páginas opostas mostram modos alternativos de considerar o mundo não evangelizado. Os resultados #nais apresen-tados nos mapas são parecidos, mas derivados de conjuntos de dados diferentes. Nesta página, apresento os números de Barrett para a evan-gelização por país e, em certa medida, pela população de cada país.

Os mundos A, B e C são de#nidos na legenda do mapa. O mapa mostra países inteiros, mas teríamos uma imagem mais clara se usás-semos dados para cada província ou Estado ou até mesmo distrito. No entanto, generalizações nacionais ainda produzem resultados úteis, mesmo que surpreendentes, em que há diferenças grandes dentro de um mesmo país. Estas podem ser de naturezaJ geográfica – como na Etiópia e na Nigéria, onde há grandes contrastes

entre leste e oeste em um caso e entre sul e norte no outro.4

J étnica – como no Suriname e na Guiana, que possuem grandes populações de imigrantes da Ásia, e na Indonésia com sua mistura de povos, cristãos, muçulmanos e hindus.

O mapa mostra duas representações de “blocos” não evangelizados.

A Janela 10/40 (retângulo vermelho) abarca uma área do hemisfério oriental do mundo, que se estende através da África e da Ásia en-tre as latitudes 10oN e 40oN. O termo foi cunhado por Luis Bush quando era líder do movimento AD2000 and Beyond5 e destaca países caracterizados por pobreza, poucos cristãos e acesso limitado a recursos cristãos e que são, portanto, os menos evangelizados. Foi amplamente usado pela publicidade depois de 1990 para reti#car a negligência relativa pelas igrejas e missões com a intenção de concentrar a oração e o ministério nessas regiões do mundo. Sua simplicidade serviu bem aos propósitos publicitários, mas não foi tão boa para a estratégia de planejamento. Muitas áreas dentro da “Janela” já eram fortemente evangelizadas, como o sul do Chade,

o nordeste da Índia, a China oriental, a Coreia do Sul e as Filipi-nas, enquanto outras que #cam fora dela (como a Mongólia, a Ásia central, a Somália, a costa da África Oriental, as Ilhas Comores e a Indonésia) encontravam-se, e ainda se encontram, entre as partes menos evangelizadas do mundo.

Por essas razões, o termo tem sido menos usado desde 2000, mas ainda é uma maneira útil de fornecer ao cristão comum uma visão simples das partes do mundo que mais precisam ser evangelizadas.

As populações dos mundos A e B (linha laranja) reúnem, num bloco mais ou menos contíguo, as populações que podem ser consideradas pertencentes aos mundos A e B. Isso fornece uma aproximação mais precisa, mas também mais complexa, das partes menos evangeliza-das do mundo, evitando algumas de#ciências da Janela 10/40. Vários aspectos merecem a nossa atenção:J A linha atravessa os países na África que estão situados entre as

áreas de floresta que são em grande parte cristianizados e as áreas do Sahel e do Saara que são predominantemente muçulmanas.

J Ela se estende para o sul ao longo da costa oriental da África, onde muitos povos são muçulmanos.

J Inclui a Ásia central.

J Há concentrações extraordinárias de pessoas evangelizadas no Himalaia oriental da Índia, em Mianmar e no sudeste da China.

J Há uma mistura complexa de povos evangelizados e não evangelizados nas ilhas da Indonésia.

J Na Ásia Oriental há um grande contraste entre populações fortemente evangelizadas na Coreia do sul (onde há muitos cristãos) e o leste da China (onde hoje as pessoas reagem com entusiasmo ao evangelho) e o Japão, onde tem sido feito um grande esforço cristão, mas com pouca reação.

A Janela10/40

Populações dosmundos A e B

Designação de países e definições da World Christian Database:Mundo A Mundo A = menos de 50% das pessoas são evangelizadas.Mundo B Mundo B = pelo menos 50% de todas as pessoas são evangelizadas, mas os cristãos representam menos de 60% da população.Mundo C Mundo C = pelo menos 60% da população alega ser cristãs.

Fig. 7.3 A situação global da evangelização por país/população em 2000 com base nos dados da WCE

Pergunta urgente para hojePodemos ter dúvidas em relação à contagem dos não evangelizados, mas essa é uma questão secundária. A imagem ampla que emerge é a de uma grande necessidade contínua de um investimento enorme em missões transculturais no século 21. Todos nós que cremos em Cristo temos a obrigação (Rm 1.14) de levar o evangelho aos não evangelizados.

J Como podemos permanecer insensíveis diante da tragédia, tanto atual quanto na eternidade, daqueles que não tiveram a oportunidade de ouvir a boa-nova sobre o Salvador?

Os 2 bilhões de pessoas não evangelizadas aguardam nossa resposta.

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Os não evangelizados 163

MENSURANDO A EVANGELIZAÇÃO

1,23,4

5

6

7

8

910

11

12

13

Tunísia

Somália

Iêmen

Marrocos

Mauritânia

Maldivas

AfeganistãoIrã

Turquia Tadjiquistão

Iraque

Mayotte

Senegal

Bósnia

Comores

Argélia

Níger

Líbia

Uzbequistão

Omã

Gâmbia

Albânia

Japão

ButãoPaqu

istã

o

Emirados Árabes Unidos

Quirguistão

Arábia Saudita

Mali

CazaquistãoRepública Tcheca

Guiné

Mongólia

Guiné-BissauSri Lanka

VietnãEritreia

Nepal

Índia

China

Egito

% de evangélicos em 2000

0–0,20,2–2,02–2020+

1 Israel2 Palestina3 Líbano4 Síria5 Jordânia6 Azerbaijão7 Kuwait8 Turcomenistão9 Djibuti

10 Tailândia11 Bangladesh12 Camboja13 Laos

% de cristãos em 2000

0–0,50,5–55–5050+

São mencionados os países cujas populações têm menos de 2% de evangélicos e cuja religião majoritária não é o cristianismo.

Cristãos, evangélicos e a evangelização do mundo

Outro modo de avaliar os números dos evangelizados e não evangelizados consiste em usar os números de cristãos e evangé-licos conhecidos, que são de fácil acesso e podem ser veri#cados. Os tamanhos das po-pulações cristãs tradicionais e cristãs evan-gélicas indicam reações passadas ou atuais ao evangelho e foram usados para indicar a extensão da evangelização de um país no mapa acima.

Nas décadas de 1980 e 1990, houve mui-ta discussão sobre o que constituía os “não alcançados”. Foi então decidido adotar um meio-termo: qualquer segmento populacio-nal que tivesse menos de 5% de cristãos e menos de 2% de evangélicos seria conside-rado não alcançado ou “não evangelizado” (termo que eu pre#ro). Isso passou então a ser usado como critério para falar dos “povos não alcançados” – o que deixou atô-nitos muitos envolvidos com povos menos evangelizados que não se quali#cavam. Por isso, diferenciei um pouco mais dividindo as duas categorias de “cristãos” e “evangélicos” dividindo e multiplicando as duas por dez como valor limite. O mapa de duas camadas na #gura 7.4 mostra quatro “densidades” de cristãos em cores sólidas e outras quatro de evangélicos em áreas hacheadas em amarelo.

Essas categorias agrupam os países de modo mais útil e mostram claramente quais são os menos evangelizados. Diferenciam também entre as populações cristãs mais tradicionais (nas quais, muitas vezes, menos pessoas se empenham no testemunho ativo) e popu-lações evangélicas (em que há mais pessoas testemunhando ativamente).

J Cristãos <0,5%, evangélicos <0,2%: com uma presença cristã quase insignificante, a população é vista como não evangelizada.

J Cristãos 0,5-5%, evangélicos 0,2-2%: há um testemunho cristão significativo, mas a maioria da população é não evangelizada.

J Cristãos 5-50%, evangélicos 2-20%:6 é provável que grande parte da população esteja ciente do evangelho.

J Cristãos > 50%, evangélicos > 20%: os não cristãos são confrontados regularmente com o evangelho.

Abaixo, há alguns comentários sobre esses diferentes grupos.

Os países menos evangelizados (com cristãos <0,5% e evangélicos <0,2%) estão em azul- -escuro.

Os países pouco evangelizados estão repre-sentados em cor mais clara. Apesar de ha-ver cristãos na população, eles constituem uma porcentagem pequena e muitas vezes são marginalizados. Recursos locais para evangelizar toda a população costumam ser

inadequados. Observe que no Oriente Médio uma grande parte dos cristãos é de trabalhadores migrantes expatriados; na Ásia central, por sua vez, os cristãos são encontrados em comunidades de minoria eslava. Os países nessas duas categorias são identi#cados no mapa.

Muitos países com uma grande minoria cristã (azul-claro) têm também uma proporção maior de evangélicos, muitas vezes porque a igreja é mais jovem e costuma crescer por meio de conversões. Países como a Índia, a China, o Sudão, o Chade e a Indonésia en-tram nessa categoria.

Países com uma população cristã grande e tradicional, mas poucos evangélicos estão em laranja e levemente hacheados. A Rússia, partes da Europa católica e protestante e a Groenlândia entram todas nessa categoria. Suas populações precisam ser reevange-lizadas. No entanto, esses países não são identi#cados nesse mapa porque seu pro-pósito é destacar os não evangelizados e os subevangelizados.

Fig. 7.4 Evangelização do mundo com estatísticas para cristãos e evangélicos conhecidos

Pergunta urgente para hojeGrande parte da discussão sobre identificar os não evangelizados tem girado em torno de questões externas: afiliação denominacional, frequência regular, crescimento, número de obreiros, o esforço e o custo do evangelismo. É relativamente fácil medir esses fatores, mas eles são superficiais. O Senhor Jesus ordenou que fizéssemos discípulos – e discípulos não são feitos pela frequência nas reuniões na igreja ou nas grandes celebrações, mas por meio de intercessão e do acompanhamento de novos convertidos para que Cristo possa ser formado dentro deles e eles terem suas vidas transformadas. Esse processo não se completa em semanas, mas exige anos de acompanhamento dedicado.

J Sua igreja discipula novos cristãos?

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164 O futuro da igreja global

MENSURANDO A EVANGELIZAÇÃO

205020402030202020102000199019801970196019000

50

100

150

200

250

>20%

2–20%

0,2–2%

<0,2%

Número de países % de evangélicos

Fig. 7.5 A evangelização no século 20 por países e evangélicos

>20% 2–20% 0,2–2% <0,2%0

20

40

60

80

100

120

Número de países

% da população

Não evangélicos

19002000

Evangélicos

Fig. 7.6 Comparação da evangelização em 1900 e 2000 por evangélicos e não evangélicos

Questão para reflexãoA despeito da profunda herança espiritual e um ministério eficiente de conquistar pessoas para a fé pessoal em Cristo, é possível que, depois de uma geração ou duas, se os pais não viverem para Cristo e não discipularem seus filhos e se não houver uma nova obra reavivadora do Espírito Santo, o nominalismo, o tradicionalismo e o falso ensino criem raízes. O nominalismo não é reservado às igrejas mais tradicionais – é cada vez mais um problema dos evangélicos da terceira e da quarta geração. Em muitos países com igrejas evangélicas crescentes, pouco é feito para discipular as crianças. Se elas não chegarem a ter uma fé viva, a igreja não tem futuro.

J Na sua igreja as crianças são uma distração para os adultos ou elas são vistas como a próxima geração de cristãos?

Avanços no século 20

O avanço na situação de evangelização do mundo durante o sé-culo 20 foi notável. Um grande número de países até então jamais expostos ao evangelho recebeu missionários evangélicos. Os dois grá#cos nesta página demonstram isso claramente. Eles usam as estatísticas para a porcentagem de evangélicos em cada país para fornecer uma estimativa da extensão do processo de fazer discípu-los entre as nações.

A #gura 7.5 apresenta o número de países em cada uma das minhas quatro categorias relacionadas aos evangélicos. Observe o seguinte:J Em 1900, dois terços dos países de hoje eram menos do que 2%

evangélicos e, do ponto de vista evangélico, não evangelizados. Por volta de 2000, essa fração havia sido reduzida a um terço.

J Em 1900, quase metade de todos os países (107) entrava na categoria de “menos evangelizados”, com menos de 0,2% de evangélicos. Se as tendências atuais continuarem, esse número pode ser reduzido a 17 (7% de todos os países) por volta de 2050.

J É improvável que as mudanças espetaculares do século 20 se repitam no século 21, mas é provável que a tendência na direção de uma cobertura mais completa das nações do mundo continue.

J Durante a primeira metade do século 20, o número de países com mais de 20% de evangélicos caiu, mas desde então esse número tem aumentado.

As mudanças no século 20 tornam-se mais claras quando somamos as populações desses países em 1900 e 2000 e as extrapolamos para 2050. Em 1900, menos de 15% da população do mundo vivia em países em que provavelmente teriam contato com algum cristão evangélico (i.e., em que os evangélicos constituíam mais de 2% da população). Em outras palavras, mais de 85% não tinham, muito provavelmente, um contato desse tipo (muitos destes, é claro, viviam no sul católico da Europa ou na América Latina). Por volta de 2000, esse segundo número tinha caído para cerca de 25%, enquanto pou-co menos que 7% (menos de 50% em 1900) viviam em países em que os evangélicos constituíam menos de 0,2% da população. No entanto, a não ser que haja uma intervenção sobrenatural do Espírito Santo, esses números não devem mudar muito por volta de 2050.

A #gura 7.6 apresenta essas informações num formato diferente e compara os anos de 1900 (a coluna roxa estreita) e 2000 (a coluna azul mais larga) para mostrar os avanços dramáticos feitos pelos evangélicos (áreas amarelas hacheadas).

Apenas poucos países adicionais eram mais do que 20% evangélicos em 2000 em relação a 1900, mas a localização deles havia mudado. Em 1900, eles se encontravam na América do Norte, no norte da Europa, no Caribe e no Pací#co, mas por volta de 2000 os Estados Unidos e as Ilhas Faroé eram os únicos países ocidentais na lista, que agora era dominada pela África e a América Central.

Por volta de 2050, a maioria dos países maiores com uma grande população evangélica se encontrarão na África ou na América Lati-na, como Uganda, Burundi, Etiópia, Zimbábue, Guatemala e Brasil. Uma grande mudança em apenas um século e meio.

O movimento mais notável pode ser visto no número de países que tinham uma presença evangélica mínima e praticamente nenhum evangelizado e no número de países que se quali#cavam como evan-gelizados com 2-20% de evangélicos – uma inversão quase que total entre 1900 e 2000. O sucesso do empreendimento missionário no século 20 é evidente.

É interessante comparar os números populacionais e as porcenta-gens citadas acima com aqueles usados na página 161. Os menos evangelizados representavam 54% da população global em 1900 segundo os dados da WCD, comparados com 89% aqui, e 29% (WCD) ou 25% (Operation World/FGC) em 2000. O número alto aqui para os não evangelizados em 1900 deve-se em grande parte

ao impacto limitado dos evangélicos longe de suas pátrias no nor-te da Europa e na América do Norte em países tradicionalmente católicos ou ortodoxos – o que já não é mais o caso. Hoje, muitos países tradicionalmente católicos têm mais congregações, pastores e frequentadores evangélicos do que católicos. Assim, mesmo que as metodologias sejam diferentes, os resultados são razoavelmente comparáveis. A vantagem do banco de dados da OW é que os nú-meros são derivados de estatísticas que podem ser veri#cadas com relativa facilidade e não são baseadas em suposições sobre a presença de possíveis mecanismos e ministérios de evangelização.

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Os não evangelizados 165

OS MENOS EVANGELIZADOS

É útil considerar os países menos evange-lizados das duas perspectivas. As tabelas abaixo mostram respectivamente:J Os 37 países aos quais se aplicam ambos

os critérios (os cristãos constituem menos de 5% da população e os evangélicos menos de 2%).

J Os 38 países (com a omissão de vários miniEstados como Mônaco) em que menos de 2% são evangélicos, mas mais de 5% são cristãos.

Dos países listados à esquerda, 30 são de maioria muçulmana; seis, de maioria budista,

e um é de maioria judaica. São os países de maioria muçulmana que representam, de longe, o maior desa#o – no entanto, 18 de-les foram predominantemente cristãos no passado. Os cristãos incluídos nas porcenta-gens para alguns países do mundo árabe são primariamente trabalhadores migrantes não

permanentes. Na Ásia central (i.e., partes da antiga União Soviética) em 2000, a maio-ria dos cristãos era de russos, coreanos, etc. não nativos, mas isso está mudando à medida que mais pessoas nativas estão se tornando cristãs e à medida que os eslavos predominan-temente ortodoxos nominais emigram. Em 2010, o número de cristãos no Irã e na Mongó-lia havia aumentado por meio de conversões, mas no Iraque e na Palestina houve uma queda no número em razão da fuga de cristãos nativos da perseguição.

A lista à direita é muito dife-rente. A maioria desses países tem grande populações cristãs. Há 18 que são, pelo menos nominalmente, católicos; seis são ortodoxos e um é protes-tante, mas suas populações são menos do que 2% evangélicas e precisam de movimentos que estabeleçam igrejas.

Dos sete países de maioria mu-çulmana nessa lista, três têm grandes números de cristãos expatriados, embora a presen-ça deles exerça pouco impacto sobre a população mais ampla. A Bósnia, o Líbano e a Guiné têm minorias cristãs nativas signi#cativas.

Muitos evangélicos veem esses países como não evangelizados e preocupam-se profundamente com eles. As regiões que repre-sentam os maiores desa#os são o sul e o centro da Europa, o centro da Ásia e a Rússia.

Há apenas três países africa-nos nessa lista.

Fig. 7.7 Os países menos evangelizados do mundo em 2010

<2% evangélicos mas >5% cristãos

País Evan-

gélicos

%

Cristãos

%

Religião

principal

Tunísia 0,00 0,21 Muçulmana

Somália 0,01 0,05 Muçulmana

Iêmen 0,01 0,08 Muçulmana

Marrocos 0,02 0,11 Muçulmana

Turcomenistão 0,02 2,41 Muçulmana

Mauritânia 0,03 0,14 Muçulmana

Maldivas 0,03 0,12 Muçulmana

Afeganistão 0,03 0,04 Muçulmana

Irã 0,03 0,36 Muçulmana

Turquia 0,04 0,36 Muçulmana

Síria 0,06 4,62 Muçulmana

Tadjiquistão 0,07 1,23 Muçulmana

Iraque 0,08 1,47 Muçulmana

Mayotte 0,11 3,00 Muçulmana

Senegal 0,11 4,68 Muçulmana

Comores 0,15 0,86 Muçulmana

Argélia 0,16 0,36 Muçulmana

Israel 0,19 2,23 Judaica

Djibuti 0,19 4,19 Muçulmana

Palestina 0,20 1,68 Muçulmana

Azerbaijão 0,21 4,37 Muçulmana

Níger 0,21 0,48 Muçulmana

Líbia 0,30 2,56 Muçulmana

Uzbequistão 0,33 1,23 Muçulmana

Omã 0,35 2,52 Muçulmana

Jordânia 0,39 2,55 Muçulmana

Gâmbia 0,40 4,35 Muçulmana

Japão 0,46 1,63 Budismo

Butão 0,48 0,67 Budismo

Paquistão 0,51 2,43 Muçulmana

Bangladesh 0,53 0,72 Muçulmana

Camboja 0,79 1,73 Budismo

Arábia Saudita 0,82 4,83 Muçulmana

Mali 0,91 2,02 Muçulmana

Tailândia 0,92 1,69 Budismo

Mongólia 1,14 1,33 Budismo

Laos 1,55 2,41 Budismo

<2% evangélicos mas >5% cristãos

País Evan-

gélicos %

Cristãos

%

Religião

principal

San Marino 0,01 90,30 Católica

Bósnia 0,12 32,62 Muçulmana

Eslovênia 0,16 81,60 Católica

Polônia 0,20 89,19 Católica

Andorra 0,22 91,19 Católica

Macedônia 0,23 65,45 Ortodoxa

Luxemburgo 0,34 91,38 Católica

St. Pierre e Miquelon

0,36 96,00 Católica

Chipre 0,38 73,49 Ortodoxa

Áustria 0,39 85,52 Católica

Albânia 0,41 40,50 Mista

Espanha 0,45 59,40 Católica

Kuwait 0,45 9,22 Muçulmana

Líbano 0,47 26,57 Muçulmana

Liechtenstein 0,49 84,85 Católica

Grécia 0,50 92,46 Ortodoxa

Croácia 0,65 93,95 Católica

Emirados Árabes Unidos

0,72 9,52 Muçulmana

Quirguistão 0,81 7,93 Muçulmana

Rússia 0,82 53,00 Ortodoxa

França 0,90 62,39 Católica

Ilhas Wallis e Futuna

0,94 97,30 Católica

Cazaquistão 0,95 24,80 Muçulmana

Itália 0,97 73,34 Católica

Rep. Tcheca 1,05 29,11 Não religiosos

Guiné 1,14 5,50 Muçulmana

Mônaco 1,15 85,19 Católica

Bélgica 1,16 63,41 Católica

Guiné-Bissau 1,20 14,67 Ethnic

Gibraltar 1,35 87,40 Católica

Geórgia 1,57 66,31 Ortodoxa

Eslováquia 1,60 80,83 Católica

Groenlândia 1,64 95,85 Protestante

Sérvia 1,65 66,98 Ortodoxa

Sri Lanka 1,70 8,12 Budismo

Malta 1,72 93,91 Católica

Vietnã 1,75 8,83 Budismo

Eritreia 1,95 47,30 Mista

Pergunta urgente para hoje

“Oração pelas nações” é o foco da Operation World. A queda

dramática no número de países ainda não evangelizados é

uma resposta às orações, no entanto a tarefa ainda não está

completa. Essas listas deveriam nos inspirar a interceder por

esses países até eles estiverem evangelizados e tiverem

comunidades nativas significativas de cristãos dedicados a pregar o evangelho aos seus compatriotas. Poucos desses países têm os recursos para alcançar essa meta sem ajuda externa – mas um número grande demais de congregações no mundo evangelizado regionalizou sua visão e se esqueceu de países como esses.

J Você tem uma visão para os não evangelizados?