os neufreudianos e o to humano
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Psicologia Criminal
U.C.: Teorias da Personalidade
Os Neofreudianos e o desenvolvimento humano
14 de Novembro de 2011
Nádia Alexandra Guilherme Nº 108353
Susana Evangelista Nº 108706
Ricardo Sanfins Nº 108333
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OS NEOFREUDIANOS E O DESENVOLVIMENTO HUMANO
Freud ao longo da sua vida teve muitos seguidores das suas ideias que se mantinham
fieis á sua teoria, mais ortodoxa. Quando os seus seguidores discordavam ou o
contestavam, Freud rompia as suas relações com eles de uma forma drástica,
independentemente do grau de intimidade. Um bom exemplo disto foi o rompimento da
amizade com Carl Jung, que fora seu amigo pessoal e considerado seu herdeiro do
movimento psicanalítico e futuro defensor de suas ideias.
Estes discípulos de Freud que acabariam por se desviar da psicanálise ortodoxa passam
assim a ser chamados de neofreudianos, dado que tinham vários pontos de discórdia da
psicanálise segundo a visão de Freud, um desses pontos era a concepção do Ego,
segundo Freud este está eternamente condicionado às exigências do Id. Enquanto que na
perspectiva neofreudiana o ego aparece com uma maior liberdade, podendo realizar as
suas funções sem a dependência extrema do Id.
Outra perspectiva dos dissidentes de Freud foi a relevância que deram às influências
sociais e culturais dos indivíduos, não dando tanta importância ás suas bases biológicas
se fazia na psicanálise ortodoxa.
Ao contrário de Freud que dava grande valor à questão da sexualidade infantil, os
neofreudianos acreditavam que o desenvolvimento da personalidade era muito mais
influenciado pelas relações sociais (psicossociais) do que propriamente pelas
psicossexuais minimizando a importância do complexo de Édipo. Desta forma os
neofreudianos determinam que as interacções sociais têm um papel muito mais
importante na infância do que propriamente a interacções sexuais, sendo elas reais ou
imaginárias.
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Segundo Schultz e Schultz (1996) esta mudança deve-se á evolução que a antropologia
também teve, pois à medida que os antropólogos publicavam os estudos sobre as
diferenças culturais dos diferentes povos, ia-se percebendo que alguns sintomas
neuróticos e tabus presentes nas hipóteses freudianas não eram, ao contrário do que ele
pensara, universais. Como sabemos, nem todas as sociedades/culturas censuram a
poligamia ou o incesto.
Entre os muito estudiosos integrantes da corrente neofreudiana, os que se destacaram
mais foram: Carl Jung, Anna Freud, Alfred Adler, Karen Horney e Erik Erikson.
Carl Jung (1875 ± 1961)
Carl Jung como já referido foi um dos amigos próximos de Freud, que chegou a
considerá-lo seu futuro herdeiro.
A sua ideia de psicanálise torna-se distinta da de Freud.
Um dos pontos de divergência entre Jung e Freud consiste n a questão da natureza
libido, enquanto Freud a define em termos predominantemente sexuais, Jung considera-
a uma energia vital generalizada, da qual o sexo é apenas uma parte que o indivíduo
utiliza num momento particular.
Segundo Schultz & Schultz (1996) para Jung a fase pré-sexual seria, a energia libidinal
que serve as funções de nutrição e de crescimento, isto durante os 3 anos e os 5 anos de
vida, não estando presentes nenhumas das mudanças sexuais da concepção freudiana
desses primeiros anos.
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Outro ponto que Jung rejeita é a ideia do complexo de Édipo proposta por Freud, pois
ele acreditava que o apego das crianças à mãe se deve à sua dependência desta figura
por estar associada á função materna de provisionar de alimento.
Jung refere também que o ser humano é moldado ao longo da vida, seja devido aos seus
medos, aspirações em relação ao futuro ou como pelos eventos passados e
concretizações pessoais, ou seja, episódios bons ou maus, passados ou futuros fazem a
modelagem de cada ser humano ocorrer de formas diferentes. Porém Freud nesta
temática refere que as pessoas são vítimas dos eventos sofridos na infância.
Nos estádios de desenvolvimento, Jung acreditava que a fase mais importante não era a
infância, mas a meia-idade, ou seja a entrada na idade adulta a adolescência. (época em
que ele próprio teve uma crise de meia idade), ao contrário de Freud que referia a
infância como a fase mais importante para o desenvolvimento do comportamento.
Por fim Jung dava mais valor ao inconsciente, às experiencias que foram herdadas dos
seres humanos como espécie e dos seus ancestrais. A esta nova dimensão deu o nome
de inconsciente colectivo, onde mantemos todas as memórias passadas dos nossos
ancestrais, a zona mais profunda da psique onde segundo Jung existem os traços
funcionais herdados de toda a humanidade.
Anna Freud (1895 ± 1982)
Anna era a filha mais nova de Freud, médica formada em psicoterapia tal como o seu
pai colabora ela também para a revisão da teoria ortodoxa do seu pai, ampliando o
funcionamento do Ego no funcionamento independente do Id.
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Em 1936 Anna desenvolve e esclarece as concepções freudianas sobre o uso dos
mecanismos de defesa para proteger o Ego da ansiedade, na obra ³O Ego e os
mecanismos de defesa´. Segundo Anna tais mecanismos ocorrem com um determinado
nível de ansiedade, podendo ser considerados normais, até certo ponto, dependendo
sobretudo da sua frequência e intensidade.
Anna estuda e interpreta, como os efeitos desfavoráveis de um ambiente podem alterar o
fluxo de ³normalidade´ do desenvolvimento de uma criança. Estuda também as
influências das relações entre as crianças e os seus progenitores, e as influências
externas, que considera como relevantes e até mesmo decisivas para um
desenvolvimento normal e correcto da criança.
Não ficando por aqui, e tentando mais uma vez modificar a visão da psicanálise do seu
pai, estuda a intensa relação emocional entre o bebe e a mãe, mas mais em termos
cognitivos e afectivos do que em termos exclusivamente sexuais, para tal desenvolve a
sua teoria a partir da observação directa de bebes, e não por relatos de adultos sobre o
que se lembram da sua infância como fazia Freud.
ALFRED ADLER (1870 ± 1937)
A principal diferença da teoria de Adler para a psicanálise freudiana encontra-se na
importância dada a á influência sexual no desenvolvimento humano. Ele desenvolve o
seu sistema de psicologia individual com base em linhas socias.
Adler na sua teoria defende que a personalidade só pode ser compreendida se
conhecermos os relacionamentos sociais e as atitudes que a pessoa tem para com os
outros. Ou seja, o interesse social pode ser definido como um potencial inato do ser
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humano, de forma a cooperar com outros e alcançar alvos pessoais e sociais.
Desenvolvendo-se primariamente na infância por meio experiencias de aprendizagem
Schultz & Schultz (1996).
Enquanto Freud atribuía como desejo inconscientes muitos comportamentos, para Adler
os seres humanos têm consciência das suas motivações, ou seja, o comportamento
humano não deriva de desejos inconscientes mas sim de motivações conscientes.
Outra divergência apresentada por Adler é a expectativa em relação ao futuro, ou seja,
podem ser muito mais relevantes ou motivadoras do comportamento humano (ex. O
indivíduo esforça-se mais para atingir metas ou antecipar futuros eventos que são
capazes de afectar o nosso comportamento presente), por seu lado Freud que dava mais
importância aos acontecimentos passados como influência do comportamento (Schultz
& Schultz, 1996, p. 369).
Adler discorda de Freud relativamente ao sexo ser o impulso dominante do
comportamento, afirmando que o comportamento é determinado por um sentimento
generalizado de inferioridade que faz com que o ser humano lute pela superioridade e
perfeição. Refere assim que se houver uma capacidade por parte do individuo, de
compensar adequadamente os sentimentos de inferioridade, pode ocorrer um
desenvolvimento do complexo de inferioridade, tornando o indivíduo incapaz de lidar
com os problemas que lhe vão parecendo ao longo da sua vida (Schultz & Schultz,
1996, p. 370).
O conceito criativo foi considerado a base para toda a teria adleriana, onde este poder
criativo representava um princípio activo da existência humana, seria então comparado
à noção de alma. O que queria dizer com isto era, que certo tipo de capacidades ou
experiências dos indivíduos, vêm por hereditariedade e pelo ambiente, mas seria o modo
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como os indivíduos as usam e interpretam que fornece a base dos nossos
comportamentos/atitudes ao longo da vida. Desta forma estamos conscientes e
envolvidos no processo de dar forma a nossa personalidade e consequentemente ao
nosso futuro.
K AREN HORNEY (1885 ± 1952)
Foi formada na psicanálise freudiana em Berlim e descreve a sua obra como uma
modificação e extensão do sistema de Freud e não como um reforço à teoria.
Discorda que a personalidade dependa de forças biológicas imutáveis; nega a posição
tão destacada dos factores sexuais; contesta a validade da teoria edipiana e descarta os
conceitos de libido e da estrutura freudiana da personalidade.
Opõe-se á ideia de Freud que a mulher é motivada pela inveja do pénis e afirma que os
homens é que são motivados pela inveja do útero, afirmando também que eles invejam a
capacidade feminina de gerar filhos. Karen afirma que esta inveja do útero e o
consequente ressentimento manifesta-se inconscientemente no homem através de
comportamentos que o levam a inferiorizar as mulheres.
No que diz respeito aos instintos freudianos como as principais forças de motivação do
comportamento, ela refere que a motivação humana mais forte do comportamento é a
necessidade de segurança, de protecção e o medo que o bebe tem sobre o mundo
exterior (ansiedade básica).
Karen Horney põe em dúvida as ideias de fases ou estádios propostas por Freud por
acreditar que nada no desenvolvimento do ser humano deve ser visto como universal,
pelo contrário, tudo depende de factores culturais, sociais e ambientais. O percurso de
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vida desta feminista não foi fácil e as suas teorias estão muito associadas ao facto de
Karen Horney procurar incessantemente uma resposta uma resposta para os seus
problemas daí resultantes.
ERIK ERIK SON (1902 ± 1994)
Erik foi treinado por Anna Freud. Aumentou a questão dos estágios do
desenvolvimento, referindo que a personalidade continua a desenvolver-se ao longo da
vida do individuo e reconhece a elevada importância do impacto das forças sociais,
históricas e culturais na construção da personalidade.
Erik preocupou-se principalmente com o modelo social do desenvolvimento do Ego ao
lugo da vida humana. Onde para ele a identidade/personalidade é um processo em
constante mudança e desenvolvimento, que é determinado pelo passado do individuo
(antecedentes pessoais e familiares) e fortemente ligado às mudanças sociais.
Com isto Erikson concebe o desenvolvimento psicológico e social do indivíduo em oito
etapas, do nascimento à velhice, cada uma delas relacionada a um evento importante da
vida.
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(Comparação das fases psicossexuais de Freud com as psicossociais de Erikson)
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(tabela explicativa somente do desenvolvimento psicossocial segundo ERIKSON)
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Segundo Erikson, mesmo que cada estágio de crescimento, seja caracterizado por
grandes momentos de tensão, considerado assim uma crise, pode ter um desfecho
positivo se for resolvido de uma maneira adaptativa. Caso a pessoa fraqueje em algum
dos estágios e adquira uma forma desajustada de reagir, pode corrigir isso por meio da
adaptação bem-sucedida. Há uma esperança para o futuro em todos os estágios do
crescimento da personalidade.
Conclusão:
Em suma, podemos dizer que os neofreudianos privilegiavam influência do ambiente
interpessoal que envolve o indivíduo e que, durante toda a vida, molda a estrutura do
seu carácter, em detrimento da inicial teoria de Freud sobre as pulsões, e a noção de que
o indivíduo em desenvolvimento é maioritariamente pautado pelo desenrolar e
expressão das suas pulsões inatas. Pode considerar-se que o neofreudismo foi um
revisionismo do método psicanalítico de Freud onde muitos dos dissidentes se
preocuparam mais com as componentes social, cultural e comportamental do Homem
sem partir do princípio que são pulsões de índole meramente biológica que controlam o
seu comportamento.
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Referências bibliográficas
SCHULTZ , Duane P., SCHULTZ, Sydney Ellen. História da psicologia moderna. 8. ed. Ver.
Ampl. São Paulo: Cultrix, 1996.
http://www.lmc.edu/Faculty/carson/Personality/PE12NeoFreudians.html
http://psychology.about.com/od/psychoanalytictheories/f/neo-freudian.htm
http://www.livrariacultura.com.br/imagem/capitulo/5054875.pdf
http://passapalavra.info/?p=37317
http://abrapso.org.br/siteprincipal/images/Anais_XVENABRAPSO/450.%20a%20cr%CD
tica%20ao%20revisionismo%20neofreudiano%20por%20herbert%20marcuse.pdf