os movimentos sociais em parauapebas

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Os Movimentos Sociais em Parauapebas Org. pesq. Adilson Motta, 2012 Os movimentos sociais em Parauapebas têm um papel político importante na história do município. Percebe-se entre esses movimentos as articulações de um modo integrado e não isolado quando está em jogo interesses sociais relevantes. Um dos maiores organizadores dessa ação integrada dos movimentos sociais em Parauapebas dá-se em torno da UJCC (União de Jovens do Campo e Cidade). Como agentes de mobilização política que representam, esses movimentos sociais correspondem a um 5º poder junto aos demais (Executivo, Legislativo, Judiciário e Mídia), que ajudam na luta por igualdade e justiça social aos menos favorecidos e a inclusão da juventude nas ações e decisões políticas. São váriosos movimentos em Parauapebas, no entanto, será enfocado os de maiores destaque e relevância no plano político e social UNIÃO DA JUVENTUDE DO CAMPO E DA CIDADE Ao analisarmos os acontecimentos históricos, aprendemos que a juventude sempre cumpriu e cumpre um papel importante na História dos povos. No Brasil, não é diferente. Aproveitamos o espaço para relatarmos, mesmo que de forma resumida, que os estudantes organizados sempre se posicionaram, defendendo os direitos de nossa sociedade, transformando a realidade em que viviam e contribuindo ativamente na construção de um país melhor. Os desafios colocados para os jovens são de primordial importância para a unificação das articulações da juventude, seja ela do campo e/ou da cidade. Essa união vem dos desafios que a própria juventude precisa enfrentar. Sendo a UJCC um mecanismo de organizaçãoe defesa da juventude, destaca-se o significado desta tão importante sigla para a juventude, que une negros, brancos, lésbicas, homossexuais, pessoas de todas as culturas e etnias, que envolvem jovens da zona urbana e rural da periferia e do centro da cidade. A União da Juventude do Campo e Cidade é um movimento que nasce em Parauapebas, tornando- se uma extensão dos movimentos sociais, e hoje está presente em algumas cidades do Pará. Entre algumas delas: Parauapebas, Canaã dos Carajás Eldorado e Marabá. Já nasce com traços nacionais, afinal, como diz um de seus membros: ‘Somos de várias partes do Brasil (do sul, do norte, do nordeste ), e, em alguns anos deverá encontrar-se organizada diretamente em vários estados brasileiros”. Sua estrutura organizacional se baseia em uma verticalidade inici ada nos núcleos de base e qualquer forma de organização social que lute por justiça e igualdade social, e que considere a juventude como protagonista. O número de membros de um núcleo é variável). Quanto aos núcleos, existe a Coordenação de Base a qual constitui a Direção de Setores; e, paralelo a esta estrutura existe outra, a dos setores e coletivos que, numa integração, buscam trabalhar cada uma das frentes necessárias para a luta por justiça social e soberania popular (Políticas públicas para a juventude, reforma agrária verdadeira, reforma urbana imposição ao capital internacional, etc). São setores da UJCC: Gestão e Relações Institucionais; Direitos e Relações Humanas; Produção e Desenvolvimento Sustentável; Esportes, Lazer e Cultura Popular ; Formação, mística e Educação Popular; Informação e Comunicação Popular; Mobilização e Organização de Massa; Meio Ambiente Saúde e Medicina Popular. São coletivos o conjunto de indivíduos de diversos setores na UJCC, sendo: Coletivo de Articulação Política; Coletivo de Cooperação e finanças ; Coletivo de raça, Gênero e frente de Massa. Os setores e coletivos desenvolvem alternativas às políticas governamentais, buscando sempre a perspectiva de juventude.

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Page 1: Os movimentos  Sociais em Parauapebas

Os Movimentos Sociais em Parauapebas

Org. pesq. Adilson Motta, 2012

Os movimentos sociais em Parauapebas têm um papel político importante na história do

município. Percebe-se entre esses movimentos as articulações de um modo integrado e não isolado

quando está em jogo interesses sociais relevantes.

Um dos maiores organizadores dessa ação integrada dos movimentos sociais em

Parauapebas dá-se em torno da UJCC (União de Jovens do Campo e Cidade). Como agentes de

mobilização política que representam, esses movimentos sociais correspondem a um 5º poder junto

aos demais (Executivo, Legislativo, Judiciário e Mídia), que ajudam na luta por igualdade e justiça

social aos menos favorecidos e a inclusão da juventude nas ações e decisões políticas. São váriosos

movimentos em Parauapebas, no entanto, será enfocado os de maiores destaque e relevância no

plano político e social

UNIÃO DA JUVENTUDE DO CAMPO E DA CIDADE

Ao analisarmos os acontecimentos históricos, aprendemos que a juventude sempre cumpriu

– e cumpre – um papel importante na História dos povos. No Brasil, não é diferente. Aproveitamos

o espaço para relatarmos, mesmo que de forma resumida, que os estudantes organizados sempre

se posicionaram, defendendo os direitos de nossa sociedade, transformando a realidade em que

viviam e contribuindo ativamente na construção de um país melhor.

Os desafios colocados para os jovens são de primordial importância para a unificação das

articulações da juventude, seja ela do campo e/ou da cidade. Essa união vem dos desafios que a

própria juventude precisa enfrentar.

Sendo a UJCC um mecanismo de organizaçãoe defesa da juventude, destaca-se o significado desta

tão importante sigla para a juventude, que une negros, brancos, lésbicas, homossexuais, pessoas de

todas as culturas e etnias, que envolvem jovens da zona urbana e rural da periferia e do centro da

cidade.

A União da Juventude do Campo e Cidade é um movimento que nasce em Parauapebas, tornando-

se uma extensão dos movimentos sociais, e hoje está presente em algumas cidades do Pará. Entre

algumas delas: Parauapebas, Canaã dos Carajás Eldorado e Marabá. Já nasce com traços nacionais,

afinal, como diz um de seus membros: ‘Somos de várias partes do Brasil (do sul, do norte, do

nordeste ), e, em alguns anos deverá encontrar-se organizada diretamente em vários estados

brasileiros”. Sua estrutura organizacional se baseia em uma verticalidade iniciada nos núcleos de

base e qualquer forma de organização social que lute por justiça e igualdade social, e que considere

a juventude como protagonista. O número de membros de um núcleo é variável). Quanto aos

núcleos, existe a Coordenação de Base a qual constitui a Direção de Setores; e, paralelo a esta

estrutura existe outra, a dos setores e coletivos que, numa integração, buscam trabalhar cada uma

das frentes necessárias para a luta por justiça social e soberania popular (Políticas públicas para a

juventude, reforma agrária verdadeira, reforma urbana imposição ao capital internacional, etc). São

setores da UJCC: Gestão e Relações Institucionais; Direitos e Relações Humanas; Produção e

Desenvolvimento Sustentável; Esportes, Lazer e Cultura Popular ; Formação, mística e Educação

Popular; Informação e Comunicação Popular; Mobilização e Organização de Massa; Meio

Ambiente Saúde e Medicina Popular. São coletivos o conjunto de indivíduos de diversos setores

na UJCC, sendo: Coletivo de Articulação Política; Coletivo de Cooperação e finanças ; Coletivo de

raça, Gênero e frente de Massa. Os setores e coletivos desenvolvem alternativas às políticas

governamentais, buscando sempre a perspectiva de juventude.

Page 2: Os movimentos  Sociais em Parauapebas

UJCC – União da Juventude do Campo e da Cidade é uma articulação da juventude que surgiu da

necessidade da juventude se organizar busca de superação dos problemas em que vivem e na luta

pela transformação das estruturas sociais, políticas e econômicas que hoje se encontra o país.

Busca-se na combinação das diversas forças juvenis e sociais, construir uma unidade de ações que

contribua para a construção de um Projeto Popular para o Brasil. Acreditamos no equilíbrio social

entre campo e cidade, e na igual distribuição de renda através das políticas Públicas voltadas,

especialmente, para os que estão à margem social, propondo-se ainda ser um movimento político-

social que busca a justiça social e luta pelos direitos fundamentais do Ser Humano, em especial da

juventude, ou seja, nos movimentamos em prol das causas sociais.

Agrega-se a UJCC organizações institucionais não governamentais e religiosas, do

país e do exterior, interessadas em estimular a luta por justiça social [a reforma agrária e

a distribuição de renda, o protagonismo juvenil, a soberania popular, etc]. Sua principal

fonte de financiamento é a própria base, que contribuem para a continuidade do

movimento.

A organização não tem registro legal por ser um movimento social e, portanto, não é

obrigada a prestar contas a nenhum órgão de governo, como qualquer um outro movimento social,

meramente institucional. A maior instância da UJCC é o Congresso da Juventude do Campo e

Cidade, que acontece a cada 02 anos. No entanto, este congresso é apenas para ratificação das

diretivas, não um momento de decisões. Os coordenadores e os dirigentes, por exemplo, são

escolhidos em Encontros da Juventude do Campo e Cidade, que acontece conforme a articulação

do próprio movimento. A Coordenação de Base é a instância operacional máxima da organização

(delibera em segunda instância ), que conta com um número variável de membros, respeitando no

entanto , a igualdade entre campo e cidade. Embora a UJCC tenha principais dirigentes, a

organização não rotulará ninguém com o título de “Principal Dirigente”, já que isso seria uma

personalização; A UJCC adota o princípio da direção colegiada, onde todos os dirigentes possuem

nível de responsabilidade com funções diferenciadas.

UMA ORGANIZAÇÃO DE MASSA

Acredita-se que só é possível realizar alguma mudança nas estruturas da sociedade, de forma

que venha a beneficiar a maioria da população e da juventude se a organização da mesma

impulsionar suaparticipação ampla nos debates e ações políticas, sociais e culturais de nossa

sociedade. Portanto, a participação do conjunto da juventude do campo e da cidade e sua influência

nos outros setores, organizados e não organizados da sociedade, é um dos fatores mais importante

em que primamos, contribuindo para a elevação de consciência da juventude na busca de mudança

da nossa condição de vida e da condição de vida da população.

A UJCC, na qualidade de movimento social de jovens do campo e da cidade trabalha a

promoção e formação humana através da consciência crítica e defende acima de tudo a

conscientização da juventude como protagonistas de sua própria história, tendo como uma das

bandeiras de luta a “educação pública de qualidade”. Esse movimento acredita que a juventude

organizada é um novo exemplo de luta na região e, se continuar com o espírito revolucionário que

possui, sem dúvida a história da luta política em Parauapebas, assim como outros municípios que

se instalar, no Estado e país se alterará profundamente. Para o movimento, a estagnação do processo

educacional na atualidade é que impossibilita avanços em vários setores - cultura, educação,

saúde, distribuição de renda, - que beneficiariam o povo.

A UJCC se articula com os Grêmios Estudantis formando Núcleos de Base em defesa aos

interesses difusos da juventude, levando a esses núcleos a politização de temas sociais e formação

de consciência. Os Grêmios Estudantis são amparados pela Lei Federal nº 7.398, de 1985.

A juventude é um momento de grande expectativa e apreensão em relação ao futuro, regada

normalmente por uma postura inquieta e irreverente. É o espaço da vida em que se manifestam com

Page 3: Os movimentos  Sociais em Parauapebas

maior intensidade os problemas existenciais do ser humano, visto que é nesse período que as pessoas

realizam as grandes escolhas de suas vidas.

A maioria dos estudiosos do fenômeno jovem não o classifica como uma classe social, nem como

uma categoria sociológica específica, muito menos como um grupo homogêneo. A maioria dos

estudos relata duas características que unificariam um modo de ser e de viver do jovem e que

constituiriam a condição juvenil, a transitoriedade e o conflito. Mas é preciso resgatar uma idéia-

chave: a juventude é um setor em disputa. Justamente por ser o momento de definições, a questão

das classes sociais perpassa a juventude dando-lhe especificidades.

Bases Ideológicas da UJCC

Organização Social e Consciência Crítica

“(...) meu papel no mundo não é só o de quem constata o que ocorre, mas também o de quem

intervém como sujeito de ocorrências. Não sou apenas objeto da História, mas sou sujeito

igualmente. No mundo da História, da cultura, da política, constato não para me adaptar, mas para

mudar. (...)" Paulo Freire.

Ainda sobre organizações sociais, é preciso entender que as mesmas passam a existir a partir

das ‘causas’, onde pessoas entendem que o seu “papel no mundo não é só o de quem constata o que

ocorre, mas também o de quem intervém como sujeito de ocorrências”. Essas pessoas iniciam uma

militância [atuam, articulam, se movimentam] em prol da vida, da justiça social e passam a

disseminar a verdadeira cidadania. A teoria de uma organização, de um movimento social, vai sendo

elaborada no processo de sua construção, com o passar dos tempos. Quanto mais avançamos, mais

descobrimos a importância da elaboração teórica para reafirmar e iluminar os passos da prática, por

isso há momentos em que a teoria acentua mais os aspectos políticos da organização, daí nasce à

extrema importância de colocar a preocupação sobre o método, “o jeito de fazer”, no entanto antes

é necessário acreditar que é possível alterar a própria realidade. Nada é estático, por isso é

fundamental prestarmos atenção nas mudanças que devem ser feitas em todas as áreas e dimensões

que compõem a sociedade e é por isso que os desafios exigem de nós intervenções concretas que

levem às mudanças.

A UJCC, assim como o MST, defende a ideia da criação de Assembleia Popular como

instrumento de inclusão social e não-alienação da sociedade sobre o quadro de decisões políticas e

destino que estão dando ao país, como as privatizações e outros atos, que foram executados, como

se a sociedade brasileira não existisse. Defendem também uma educação sem alienação.

Estrutura Organizativa da UJCC

Construção Coletiva

A UJCC – União da Juventude do Campo e da Cidade é uma articulação da juventude

que acredita no equilíbrio social entre campo e cidade, e na igual distribuição de renda através das

políticas públicas voltadas, especialmente, para os que estão à margem social, propondo-se ainda

ser um movimento político-social que busca a justiça social e luta pelos direitos fundamentais do

Homem, em especial da juventude, ou seja, se movimenta em prol das causas sociais. A UJCC tem

idéias de massa [parte da sociedade menos favorecida] e procura articular entidades e outros

movimentos que trabalham a conscientização da juventude como protagonistas do meio em que

vivem e como ‘sujeitos’ de sua própria história. A União da Juventude do Campo e Cidade tem

como principal objetivo discutir e propugnar por políticas públicas para a juventude, ou seja, o

conjunto de metas e ações capazes de orientar e potencializar as iniciativas públicas voltadas para

nossos jovens. Esse movimento em sua estrutura organizacional se baseia em uma verticalidade

iniciada em Grupos de Base [com numero de membros variavel] formando um Nucleo de aticulação

da juventude.

Page 4: Os movimentos  Sociais em Parauapebas

Embora a UJCC tenha principais dirigentes, a organização não rotulará alguém com o título

de “Principal Dirigente”, já que isso seria uma personalização; A UJCC adota o princípio da direção

colegiada, onde todos os dirigentes possuem o mesmo nível de responsabilidade, simplesmente têm

funções diferenciadas. Agregar-se-a a UJCC, nas lutas sociais e articulações do movimento, as

organizações institucionais não governamentais e religiosas, do país e do exterior, interessadas em

estimular a luta por justiça social [a reforma agrária e a distribuição de renda, o protagonismo

juvenil, a soberania popular, etc]. Sua principal fonte de financiamento é a própria base, que

contribuem para a continuidade do movimento.

Como sujeitos [seres de transformação], nosso dever para com a história é servir a um projeto

político para a sociedade. Melhor serviremos se errarmos menos e se escutarmos mais os anseios da

própria sociedade. É por causa desses princípios que os valores humanistas e socialistas não são

frios. Por mais que nos motivemos pelos outros, não lutamos pelos outros – ou só pelos outros.

Lutamos por nós mesmos, pelo que amamos. “Que no futuro nossos descendentes se orgulhem de

nós por termos edificado corretamente, com amor fraternal “o pedaço” de história que nos coube

nesta curta existência”. (Textos produzidos e compilados por Girlan Pereira da Silva; Guedson Crioulo e Professor Jair).

Nos últimos anos, a UJCC reduziu seu campo de ação enquanto entidade. No entanto, o

corpo juvenil que a compunha não se dispersou. Após a conquista de uma Coordenadoria de

Juventude (2011), com força de lei executiva e legislativa e dotação orçamentária para promover a

política de juventude no município.

Glossário

Congresso da Juventude do Campo e Cidade: É a instância soberana e de poder máximo de deliberação do movimento, sendo realizado a cada dois anos, e compõe-se de jovens do campo e da cidade que sejam inseridos em núcleos de base da UJCC [Toda organização institucional ou não - movimentos e/ou entidades - ligadas à UJCC].

Coordenação de Base da UJCC: é a instância representativa, deliberativa, fiscalizadora e consultiva. Sendo ainda instância operacional máxima da organização e é intermediária e de representação exclusiva dos núcleos de base. A Coordenação reunir-se-á ordinariamente trimestralmente, e extraordinariamente, sempre que necessário quando convocado por quaisquer de seus membros.

Direção de Setores da UJCC: é a instância que planeja estratégias, articula e executa

mobilizações, atividades, programas e ações sociais. E compõe-se de Três representantes de cada setor existentes na UJCC.

A Direção reunir-se-á ordinariamente mensalmente, e extraordinariamente, sempre que necessário quando convocado por quaisquer de seus membros.

Setores:São subdivisões operacionais [composto por jovens da Coordenação] da UJCC,

que passam a existir a partir das necessidades da juventude [e deste movimento], sendo sua instalação indicada e oficializada pela Coordenação. Podem ser instalados Setores de: Cultura, direitos humanos, formação...

UMESPA – União dos Estudantes de Parauapebas A UMESPA é a entidade representativa dos estudantes de Parauapebas, com foco nas áreas urbana e rural. Possui cerca de 60.000 associados, presentes em todas as escolas da municipalidade, públicas e privadas. Comemora em 11 de agosto seu dia máximo. Fundada para defender a classe estudantil em 04 de abril de 1995. Expandiu sua atuação se filiando a recém criada UGESP – União Geral dos Estudantes do Sul e Sudeste do Pará, que se consolidou em 23 de novembro de 2005, com a participação de lideranças estudantis de Parauapebas e Marabá, a qual representa em um território maior, a juventude estudantil do sul e sudeste do estado do Pará.

Page 5: Os movimentos  Sociais em Parauapebas

As duas entidades possuem objetivos semelhantes, pois lutam por educação pública e de qualidade, pela solidariedade, promoção humana e a participação da juventude na sociedade como “sujeitos de sua própria história”.

O atual quadro carregado de problemas provocados pela desigualdade social e pelo aumento

da concentração de renda, faz da juventude a principal vitima. Segundo o Instituto Brasileiro de

Geografia e Estatística (IBGE), existem no Brasil, 48 milhões de jovens, entre 15 e 29 anos – 28%

do total da população brasileira. O analfabetismo atinge 3,8% da população juvenil o que significa

1,1 milhão de pessoas. A maior parte desses jovens (70%) está no nordeste, quase metade vive em

áreas rurais (43%). Outra pesquisa mostra que a educação é para poucos: de cada cem jovens que

terminaram o ensino fundamental, apenas 36,4% concluíram o ensino médio, e 3,6% terminaram a

graduação. Inspirada nesses lamentáveis dados, a jovem Ana Célia Viana Ramos, aluna da Escola

Paulo Fonteles, afirmou o seguinte:

“Acreditamos que o mais importante no momento é retomar o controle

da situação no sentido de discutir com os nossos gestores municipais e

estaduais a situação da precariedade do atual modelo de educação

existente na nossa região, reconhecer as falhas construídas no caminho

e ir a frete questionando, propondo, pensando e agindo em prol de um

modelo de educação que contemple as varias necessidades em

Parauapebas”.

Avaliando a função social da entidade Estudantil, Girlan Pereira enfatiza que a tarefa principal

não é mais apenas fabricar carteira estudantil, é também ajudar a organizar a juventude em vários

setores de convivência, dentro e fora da escola. É discutir políticas públicas para a juventude, ou

seja, o conjunto de diretrizes, metas e ações capazes de orientar e potencializar as iniciativas públicas

voltadas para nossa juventude. É fortalecer as ações e a relação com o trabalho entre a entidade e a

coordenação escolar, professores e alunos, isso tanto no campo quanto na cidade, ou seja, Uma

bandeira de luta unificada!.

Sociedade Jovem: “Nós da UMESPA não temos mais dúvida que e necessário criamos uma

alternativa para mudarmos a concepção das pessoas que pensam que elas precisam ser “massa de

manobra” [fazer ou falar simplesmente porque alguém lhe ordenou], exemplo e o modelo de

educação imposto no nosso país, só educa para o mercado, e muito mal, porque é dependente, ou

melhor não forma o ser humano para a vida, portando é de suma importância que as entidades

voltadas verdadeiramente para representar os oprimidos, idosos, crianças, adolescentes, jovens,

deficiente, raças e classes sócias se sintam convidados para o grande desafio de montar elabora um

programa de formação, atividades e ações que represente os nossos asseios de classe”.

MST - Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra

O Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra, mais conhecido como Movimento dos Sem

Terra, sigla MST, é um movimento de massa que luta, basicamente, por terra, pela reforma agrária

e por mudanças na sociedade.

A sua origem encontra-se nas lutas isoladas pela terra no sul do Brasil, destacando-se as ocupações

das Fazendas Macalli e Brilhante, em 1979, no Rio Grande do Sul; da Fazenda Burro-Branco, em

Santa Catarina e da Fazenda Primavera, em Andradina, São Paulo, ambas em 1980. Também no

Rio Grande do Sul, em 1981, onde 700 famílias acamparam em Encruzilhada Natalina, município

de Ronda Alta.

De 21 a 24 de janeiro de 1984, realizou-se o primeiro Encontro Nacional do Movimento dos

Trabalhadores Rurais Sem Terra, que contou com a participação de representantes de doze estados.

Constitui-se definitivamente como um movimento nacional a partir do 1º Congresso Nacional,

Page 6: Os movimentos  Sociais em Parauapebas

realizado em Curitiba, Paraná (29 a 31 de janeiro de 1985), quando 23 estados brasileiros estiveram

representados através de 1.500 delegados.

As ocupações, definidas como a forma mais eficiente de se alcançar a reforma agrária, foi uma

decisão política adotada nesse Congresso. E, como palavras de ordem, surgiram: Reforma Agrária

na Lei ou na Marra e Sem Reforma Agrária não há Democracia.

Os estados nordestinos começaram a se integrar ao movimento em 1986. A primeira ocupação na

região ocorreu em 1987, na Fazenda Projeto 4045, em Alcobaça, na Bahia. A bandeira e o hino do

MST foram aprovados, respectivamente, no Terceiro Encontro Nacional, em 1987, e no II

Congresso, realizado em Brasília, em 1990.

Como seus objetivos gerais, o MST ressalta:

A construção de uma sociedade sem exploração e sem explorados, com supremacia do

trabalho sobre o capital;

A luta para que a terra esteja a serviço de toda a sociedade;

A garantia de trabalho para todos e a justa distribuição da terra, renda e riquezas;

A busca permanente da justiça social e da igualdade de direitos econômicos, políticos,

sociais e culturais;

A difusão de valores humanistas e socialistas nas relações sociais;

O combate a todas as formas de discriminação social e a busca da participação igualitária

da mulher.

Os anos de 1993 e 1994 assinalaram as primeiras ocupações da sede do Instituto Nacional de

Colonização e Reforma Agrária - Incra e os questionamentos do MST em relação à cultura da cana

e a proposição de substituição desta produção pela reforma agrária e diversificação da produção

agrícola. A partir de 1995, ocorre a expansão do movimento, com ocupações em Gravatá, Barra de

Guabiraba, Vitória de Santo Antão, Caruaru, Rio Formoso, entre outros.

A organização das regionais e o fortalecimento de setores do MST começam em 1997, com

ampliação da capacidade de massificação das lutas pela terra, com ocupações, marchas e pressão

nos órgãos públicos.

O Movimento dos Sem Terra pode ser apontado como responsável pelo ressurgimento da questão

da reforma agrária na consciência nacional, e tem demonstrado ser também um movimento político

e ideológico. Para obter maior visibilidade perante a opinião pública e aumentar o seu poder de

pressão junto aos poder público, passou a invadir bancos e empresas privadas, além das invasões de

terras, participando de saques a supermercados e de sequestros de caminhões que transportam

gêneros alimentícios. Os seus líderes proclamam: o objetivo do MST é mudar o modelo da

sociedade.

Segundo Stedile, o MST foi resultado do crescimento cada vez maior de lutas por terra no País, que começaram de maneira isolada para resolver problemas

de pequenos agricultores que muitas vezes eram apartados de suas terras. No combate a esta situação, três vertentes formaram o então nascente

movimento: os integrantes da Comissão Pastoral da Terra, pessoas ligadas ao sindicalismo combativo de trabalhadores rurais e militantes partidários de

esquerda. "O nome MST quem deu foi a sociedade, se fosse por nós a gente se chamaria ‘movimento de pessoas que lutam pela reforma agrária’, mas

começaram a nos chamar a assim aí não tinha quem mudasse", lembrou o dirigente.

Justiça social e soberania popular

A justiça social vem para ampliar a noção do tema tradicional do movimento e mostrar que este

deve ser uma preocupação de toda a sociedade no bojo da luta pela distribuição equitativa das

Page 7: Os movimentos  Sociais em Parauapebas

riquezas produzidas e do acesso à terra. A soberania popular foi incluída pela avaliação do MST de

que a luta opõe o modelo camponês de produção ao agronegócio.

Em Parauapebas, o MST também apresenta grande influência e atuação junto às ações minerárias da Vale do Rio Doce ao lado de outros movimentos sociais na região.

Trecho de ferrovia da Vale do Rio Doce é ocupado por Manifestantes Na manhã da quarta-feira, dia 17/11/2007, cerca de 2,6 mil trabalhadores

e trabalhadoras do MST, das organizações de garimpeiros, pequenos

produtores rurais e juventude urbana do Pará, ocuparam parte do eixo

ferroviário que corta o Projeto de Assentamento Palmares II no

município de Parauapebas. Este trecho é concedido pelo Estado para uso

da Companhia Vale do Rio Doce (CVRD). Esta ação fez parte da Jornada

de Lutas pela Reforma Agrária e em defesa dos recursos naturais do povo

brasileiro, que teve início dia 15.

07/11/2007 Foto: MST-PA

Cerca de 6.000 trabalhadores Sem Terra e garimpeiros ocuparam na manhã do dia 7 de novembro a Estrada de Ferro Carajás, no município de Parauapebas (PA). A principal reivindicação do Movimento é que Companhia Vale do Rio Doce, que teve até dezembro de 2007, um lucro de R$ 15,6 bilhões reais, dê contrapartida em termos de projetos sociais pela exploração dos recursos minerais no estado do Pará.

"Queremos colocar a Reforma Agrária e o gerenciamento dos nossos recursos naturais no centro do debate político sobre o desenvolvimento social e econômico para o estado do Pará", afirma Ulisses Manaças, da coordenação estadual da Via Campesina e do MST no Pará, que realiza jornada de lutas por reforma agrária e em defesa dos recursos naturais. O Movimento reivindica que a empresa aumente o repasse da contribuição financeira pela exploração mineral, de 2% para 6%, como forma de compensar, os municípios mineradores, que recebem os impactos da migração e do desemprego.

O aumento seria investido em infraestrutura e ações sociais, como construção de moradias, de unidades de saúde, de hospitais regionais, escola e que ainda, que haja um amplo programa de reflorestamento da região com arvores nativas, em substituição ao monocultivo de eucalipto para carvão vegetal.

Por que ocupar

MST sempre atuante ao longo da

história deParauapebas.

Page 8: Os movimentos  Sociais em Parauapebas

A Vale é a maior companhia de mineração diversificada das Américas, líder mundial do mercado de ferro e pelotas, segunda maior produtora global de manganês e ferroligas, além de maior prestadora de serviços de logística do Brasil. A Companhia obteve lucro líquido de R$ 4,7 bilhões no terceiro trimestre de 2007, o que significa um crescimento de 17,3% em relação a igual período do ano passado, quando lucrou R$ 4 bilhões. Nos nove primeiros meses do ano, a mineradora acumula lucro de R$ 15,6 bilhões, alta de 55% na comparação com os R$ 10,1 bilhões entre janeiro e setembro de 2006.

Plebiscito - Em setembro movimentos sociais e entidades realizaram um Plebiscito Popular pela nulidade do leilão da Vale, que teve participação de mais de 3,7 milhões de brasileiros participaram do plebiscito, sendo que 94,5% deles rejeitaram o controle privado da Vale do Rio Doce. No dia 4 de outubro o deputado federal Ivan Valente (PSOL-SP) apresentou no Congresso um Projeto de Decreto Legislativo, que propõe a realização, em todo o território nacional, de um Plebiscito Oficial para recolher a opinião da população acerca da retomada do controle acionário da Companhia Vale do Rio Doce pelo governo federal.

BANDEIRAS DE LUTAS DO MST

Luta contra as transnacionais Em entrevista à Revista Sem Terra (nº 41) o uruguaio Ricardo Carrere, técnico florestal e coordenador internacional do Movimento Mundial pelas Florestas Tropicais, denunciou o excessivo poder político e econômico que as grandes empresas transnacionais exercem sobre os governos. Essas empresas “transformam-se em governo que não foram eleitos por ninguém, e os governos eleitos estão a seu serviço”, afirma ele.

Reforma Agrária A nação, por meio do Estado, do governo, das leis e da organização de seu povo deve zelar pela soberania pelo patrimônio coletivo e pela sanidade ambiental. É preciso realizar uma ampla Reforma Agrária, com caráter popular, para garantir acesso à terra para todos os que nela trabalham. Democratização da Comunicação O povo tem o direito de organizar seus próprios meios de comunicação social. Lutamos pela valorização dos meios de comunicação populares e também pela quebra do monopólio privado dos meios de comunicação. A comunicação é um bem público e deve estar a serviço do povo. Cultura Popular O acesso à cultura, ao conhecimento, a valorização dos saberes populares, é condição fundamental para a realização dos brasileiros como seres humanos plenos, com dignidade e altivez. Queremos a democratização e a popularização da cultura no país, celebrando a vida e a diversidade cultural.