os jogos cooperativos e a socializaÇÃo do aluno … · despreparo e negligência dos professores...

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1 UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU” FACULDADE INTEGRADA AVM OS JOGOS COOPERATIVOS E A SOCIALIZAÇÃO DO ALUNO AUTISTA Por: Magno Silveira Scramignon Orientador Profa. Ms. Fátima Alves Rio de Janeiro 2011

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

FACULDADE INTEGRADA AVM

OS JOGOS COOPERATIVOS E A SOCIALIZAÇÃO DO ALUNO

AUTISTA

Por: Magno Silveira Scramignon

Orientador

Profa. Ms. Fátima Alves

Rio de Janeiro

2011

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

FACULDADE INTEGRADA AVM

OS JOGOS COOPERATIVOS E A SOCIALIZAÇÃO DO ALUNO

AUTISTA

Apresentação de monografia à Universidade Candido

Mendes como requisito parcial para obtenção do grau

de especialista em Psicomotricidade

Por: Magno Silveira Scramignon

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AGRADECIMENTOS

A minha querida Professora Fátima Alves pelos

muitos, pequenos e valiosos conselhos!

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DEDICATÓRIA

Aos meus queridos pais e à Cristina de

Almeida, meu amor!

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RESUMO

Este estudo, de natureza qualitativa, teve por objetivo refletir sobre o papel

dos jogos cooperativos no processo de aprimoramento da socialização do aluno

portador de autismo no contexto escolar. Pensar o papel do professor de educação

física nesse processo de socialização do aluno portador de autismo sob uma

perspectiva crítico-superadora. Apresentar um resgate histórico e conceituar o que é

o autismo. Caminhar pelo contexto histórico e a introdução dos jogos cooperativos no

Brasil. Para tanto foi elaborada uma revisão de literatura sobre os elementos teóricos

envolvidos.

Há muito vêm sem verificando diversos tipos de desvios comportamentais

em crianças portadoras de autismo, várias pesquisas têm inferido esses desvios a

um transtorno em processos neurobiológicos específicos que afetariam de forma

negativa o desenvolvimento social e emocional no autismo.

O relacionamento interpessoal de qualidade é de fundamental importância

para o crescimento global da criança autista em processo de aprendizagem e

desenvolvimento social. Mas não há por parte dos envolvidos na educação escolar a

preocupação em incluir o aluno portador de autismo no grupo, e isso acarreta

diversos transtornos na vida social futura desse aluno.

Ao entrar na escola seja ela da rede pública de ensino seja ela privada, esse

aluno se depara com um verdadeiro vácuo entre o que ele necessita, ser estimulado

e as atividades de interação social. Uma saída para esse problema pode ser

encontrada com a utilização por parte do grupo de atividades lúdicas onde esses

alunos possam conhecer suas capacidades e limitações, onde haja a cooperação

entre seus membros.

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METODOLOGIA

Este estudo teve por base uma revisão de literatura especializada na área de

autismo e da psicomotricidade, onde foram abordados temas de relevante interesse

para pesquisadores e profissionais da área tanto educacional como de tratamentos

diretos aos alunos com autismo.

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO 08

CAPÍTULO I - Algumas dificuldades encontradas na escola 10 CAPÍTULO II - Principais tendências que marcaram e ainda 12

marcam a Educação Física

CAPÍTULO III – Autismo e dificuldades de socialização 15

CAPÍTULO IV - A socialização através dos 17 jogos cooperativos CAPÍTULO V – O papel do professor e seu dia-a-dia 20 CONCLUSÃO 28 BIBLIOGRAFIA CITADA 30 ÍNDICE 36 FOLHA DE AVALIAÇÃO 37

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INTRODUÇÃO

O presente trabalho vem ao encontro desses profissionais que cuidam com

carinho e amor de seus alunos, para esses profissionais que ainda não se deram

conta da importância e do valor de sua profissão, apesar de toda a discriminação

imposta pela sociedade, proponho aqui lembrarmos a nós, professores de Educação

Física, nossa responsabilidade como cuidadores.

Há muito vêm sem verificando diversos tipos de desvios comportamentais em

crianças portadoras de autismo, várias pesquisas têm inferido esses desvios a um

transtorno em processos neurobiológicos específicos que afetariam de forma

negativa o desenvolvimento social e emocional no autismo. (Rutter, M. 1978)

O relacionamento interpessoal de qualidade é de fundamental importância

para o crescimento global da criança autista em processo de aprendizagem e

desenvolvimento social. No entanto o que vemos com freqüência é a falta de atitudes

deliberadas que possam e tenham a intenção de incluir o autista na sociedade, o

despreparo e negligência dos professores pode ser visto sem muito esforço em boa

parte das escolas brasileiras.

Não há por parte dos envolvidos na educação escolar a preocupação em

incluir o aluno portador de autismo no grupo, e isso acarreta diversos transtornos na

vida social futura desse aluno. Há uma marcante falta de reciprocidade emocional e

social. A criança autista necessita ser estimulada no que diz respeito à expressão

dos aspectos afetivo-emocionais. Ao entrar na escola seja ela da rede pública de

ensino seja ela privada, esse aluno se depara com um verdadeiro vácuo entre o que

ele necessita, ser estimulado e as atividades de interação social.

Uma saída para esse problema pode ser encontrada com a utilização por

parte do grupo de atividades lúdicas onde esses alunos possam conhecer suas

capacidades e limitações, onde haja a cooperação entre seus membros..

O jogar tem um fim em si mesmo, mas que acaba por contribui para o

desenvolvimento desse aluno, ao escolher seus jogos ele levará em consideração

todo o contexto no qual está inserido. Brincado aluno portado de autismo poderá

exprimir seus anseios e desejos sem que isso lhe seja penoso.

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Nessa perspectiva os jogos cooperativos são considerados neste estudo

como elementos capazes de acionar motivos para o aperfeiçoamento de uma

ética cooperativa. Esse estudo, portanto se propõe a compreender como os jogos

e atividades cooperativas em contextos que tenham significado para esse aluno

podem contribuir para a socialização dos mesmos

Assim visando ampliar os estudos sobre o tema, organizamos esta pesquisa

bibliográfica tendo como objetivo investigar a importância dos jogos cooperativos

na educação e socialização de alunos portadores de autismo e as contribuições

do professor de educação física nas ações a serem realizadas em instituições de

ensino.

Diante disto, no primeiro capítulo abordaremos as dificuldades encontradas

pelos professores nas escolas. No segundo capítulo, será relatada as principais

tendências e abordagens que marcaram e ainda marcam a Educação Física. Já

no terceiro capítulo, apresentaremos as dificuldades de socialização causadas

pelo autismo.

Nosso quarto capitulo mostraremos como os jogos cooperativos podem

auxiliar a socialização desse aluno autista. No quinto capítulo discorreremos sobre

o papel do professor e seu dia-a-dia.

Por fim, serão apresentadas as conclusões finais desse estudo.

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CAPÍTULO I

ALGUMAS DIFICULDADES ENCONTRADAS NA ESCOLA

Acreditamos que o centro da questão, ou de toda a problemática existente no

ambiente escolar e de pesquisa na área da Educação Física esteja na tentativa

irracional de racionalizar o corpo. Quando falamos ser uma tentativa irracional,

refirimo-nos a busca desenfreada com que a ciência tem procurado durante toda a

história moderna por fragmentar os seres e as coisas em partes cada vez menores.

O positivismo, dessa forma, nega qualquer explicação de fenômenos naturais

e sociais, por concebê-los como inacessíveis, e toma como base o mundo físico ou

mundo material para suas observações. Afetos individuais e coletivos são ignorados,

somente os fatos observáveis são válidos.

“Tomando por começo o pensamento racional, quando se fez a distinção entre o corpo (soma) e mente (psique), pode-se afirmar que o corpo foi reduzido a um simples coadjuvante na história do desenvolvimento e aperfeiçoamento da humanidade. A invenção de um sujeito cognoscente, que se situa acima das manifestações e percepções sensíveis, assegurou um novo projeto de ideal humano. Neste momento, o ser humano, isto é, a especificidade humana passa a ser o pensamento, a psique, o logos, a alma ou a razão; sendo o corpo um quase resíduo da animalidade” (SANTIN 2002, p. 2).

Por esse entendimento a sociedade tem relegado, até esse momento, a

planos inferiores questões que não se explicam pelo método científico, aquele de

Auguste Conte. O emocional, o afetivo e o natural são visto como inferiores na

sociedade de classes. Nessa dinâmica capitalista há a desvalorização do corpo, há a

sua redução em pedaços, com algumas partes mais importantes que outras.

Santos entende que:

“(...) o conhecimento cientifico moderno é um conhecimento desencantado e triste que transforma a natureza num autômato, ou como diz Prigogine, num interlocutor terrivelmente estúpido” (2004. p. 53).

Com a educação não tem sido diferente, na tentativa de responder às

exigências da sociedade os sistemas educacionais tem concebido a criança como

um amontoado de partes desconexas, aos professores de Educação Física cabem

cuidar daquilo que chamam parte irracional, impensável da criança.

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Dessa forma nas escolas brasileiras, em especial na Rede Municipal de

Educação do Rio de Janeiro, há profissionais que educam e profissionais que

cuidam, esses últimos, nós, professores de Educação Física, sendo colocados como

menos importantes e menos valorizados por cuidarem do corpo e não educarem as

mentes.

O cuidar do corpo há muito é visto como algo a ser feito por pessoas que

foram menos qualificadas e menos preparadas intelectualmente.

“O cuidar é o pólo do desprestígio porque está relacionado à emoção, e não à razão, e, ademais, às mulheres, que -de acordo com a tradição Greco-Romana e, depois, a tradição judaico-cristã – seriam inferiores aos homens” (KRAMER, 2005, p. 71).

Para superar essa depreciação dos Docentes de Educação Física, cresceram

assustadoramente as inúmeras publicações científicas e de livros na busca por

tornar a Educação Física em um campo científico independente das demais áreas de

conhecimento, ou seja, na tentativa de superar a visão da Educação Física como

uma área que cuida do corpo, diversos autores e profissionais têm feito discursos

genéricos e sem nenhuma aplicabilidade pedagógica em torno de temas polêmicos.

Nesse processo de se intelectualizar braços e pernas, jogos e danças, foram

criados debates em torno de termos como “Cultura Física”, “Cultura motora”, “Cultura

Corporal de Movimento” e “Cultura de Movimento”, criando, entretanto, uma

verdadeira mistura de conceitos, com a intenção de enterrar os rastros do

cientificismo biologicistas, na realidade acabam não inovando muito em termos de

propostas efetivas para a prática diária docente.

Ao considerarmos que a Educação Física evolui desde o ser motor, passando

pelo ser psicológico, o ser social, até chegar ao ser cultural, segundo Geertz, nos

esquecemos do ser humano, o ser humano que tem necessidades inerentes à vida,

nos preocupamos em explicar o papel da Educação Física e acabamos por nos

esquecer do nosso papel como cuidadores primeiramente.

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CAPÍTULO II

PRINCIPAIS ABORDAGENS E TENDÊNCIAS QUE MARCARAM E AINDA MARCAM A EDUCAÇÃO FÍSICA

ESCOLAR

Como não sendo o objetivo deste estudo falar de forma aprofundada das

tendências pedagógicas e abordagens da Educação Física, farei aqui apenas uma

citação das mesmas para situar os leitores no contexto teórico de nossa prática

cotidiana. Sugerimos aos leitores o posterior estudo detalhado de tais abordagens e

tendências históricas.

Nossas palavras não são apenas o suporte, mas também um conteúdo

material, pois contém a realidade.

No campo acadêmico e de pesquisa há diversos autores, que usam dos mais

variados embasamentos científicos para pensar a Educação Física enquanto pratica

docente escolar, mas talvez você se pergunte e nos pergunte o porquê de tantas

abordagens diferentes? Porque tantas visões?

A resposta é simples, se refletirmos um pouco, se pararmos para analisar as

múltiplas formas que o corpo pode assumir em cada contexto do nosso País, e em

cada cultura em particular onde ele está inserido. Os corpos dos índios, dos negros e

dos brancos, dos excluídos e dos incluídos, dos heterossexuais e dos homossexuais,

dos diferentes e dos “normais”. Os diferentes papéis que ele assume: corpo produtor

de significados, corpo produto de uma mídia, corpo consumidor de uma marca, corpo

produzidor de idéias, corpo produto de ideologias, corpo que sente e que vive, corpo

vivido e corpo sentido.

Como principais abordagens usadas por nós Professores de Educação Física

escolar temos:

Abordagem Desenvolvimentista de GoTani, Construtivista-interacionista de

João Batista Freire, Crítico-superadora de um Coletivo de Autores, Crítico-

emancipatória de Eleonor Kunz, Psicomotricidade de Jean Le Bouch, cultural de

JocimarDaolio, Jogos Cooperativos de Fábio Brotto, Saúde Renovada de Guedes

Nahas e a abordagem dos PCN's que tem como principais autores Marcelo Jabu e

Caio Costa.

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“A Educação Física escolar tem atualmente baseado suas perspectivas e propostas nas abordagens que surgiram visando uma mudança de concepção da área. Conforme Darido (2003) na busca de romper com os moldes tradicionais, surgem várias abordagens, algumas com enfoque mais Psicológico (Psicomotricista, Desenvolvimentista, Construtivista e Jogos Cooperativos), outras com enfoque mais sociológico e político (Crítico-superadora, Crítico-emancipatória, Cultural, Sistêmica, e baseada nos PCNs), e também biológico, como a da Saúde Renovada”(FERNANDES, 2009, p. 1).

As tendências que marcaram e ainda marcam a história da Educação Física

no Brasil são: Educação Física higienista (até 1930), Militarista (1930-1945),

Pedagogicista (1945-1964), Competitivista (pós-1964) e popular (1985-).

Educação Física higienista

Visava promover a saúde da população, através da prática de esportes,

exercícios físicos e ginásticos. Pretendia-se livrar o povo dos maus hábitos, da

fragilidade física e da doença. O liberalismo que acompanhou todo o início do século

XX declarava que a educação seria a salvadora da humanidade.

“Sobre os ombros da educação e da escola foram depositados as esperanças das elites intelectuais de construção de uma sociedade democrática e livre dos problemas sociais” (GHIRALDELLI, 2007, p.22).

Educação Física militarista

Teve por base os princípios do facismo, pretendia formar o homem obediente

às regras, a atividade militar se confundia na maioria das vezes com a prática

desportiva. A Educação Física Militarista tinha por base a biologia nazifacista.

“O vigor mental e físico não se adquire, senão mediante firmes esforços, duras provas e constante luta” (MUSSOLINI, 1933).

Educação Física pedagogicista

Aborda o papel da Educação Física como sendo uma prática que através do

movimento é essencialmente educativa.

“Preparação vocacional: certos tipos de atividades físicas, especialmente as competições desportivas, desenvolvem controle emocional, qualidade de comando e liderança (...)” (SILVA, 1950).

Educação Física competitivista

Um arcabouço da ideologia dominante buscava o atleta-herói, aquele que

superaria todos os obstáculos da vida e conseguiria por seu mérito chegar ao lugar

mais alto.

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“Se fatigarmos o corpo e orientarmos o espírito sem rumo do desocupado, do ocioso, ele buscará a recuperação no leito, no descanso, e não no bar, nas esquinas (...)” (SOUZA, 1974).

Educação Física popular

Teve sua origem nos movimentos populares por volta de 1920 com o Partido

Comunista Brasileiro. Buscava a organização dos trabalhadores para erguer um país

democrático.

“A Educação Física Popular é, sim, uma concepção de Educação Física que emerge da prática social dos trabalhadores (...)” (GHIRALDELLI, 2007, p.22).

Notamos assim que, as crianças são vistas ao longo da história da Educação

Física como blocos de problemas sociais e políticos. Em alguns momentos Educação

Física se pretende cuidar do corpo e da saúde, em outros elevar a nação a potencia

mundial através da prática massifica do esporte, para alguns ela cuida do corpo, para

outros cuida da mente.

A Educação Física tem assumido funções que não as suas, funções

claramente ideológicas e políticas.

Para Kramer (2005, p. 17): “O atendimento se fragmentou, e cada área é apontada como

causa quando na verdade é consequência das condições em que vivem a criança”

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CAPÍTULO III

AUTISMO E AS DIFICULDADES DE SOCIALIZAÇÃO

Em 1943 pela primeira vez o termo autismo foi utiizado por Leo Kanner

psiquiatra infantil de origem austríaca, para descrever o comportamento de crianças

severamente comprometidas em sua interação social. Ainda na década de 40, outro

psiquiatra austríaco o Dr. Hans Asperger (1906-1980) apresentou estudos que

descreviam crianças com características clínicas muito parecidas às apresentadas

por Kanner (Mazetto, 2005).

Trabalhando nos Estados Unidos, e isolado da comunidade científica européia

pela Segunda Guerra Mundial, Kanner desconhecia os trabalhos de Asperger.

Curiosamente, ambos os autores, trabalhando em continentes diferentes, utilizaram-

se do mesmo termo para descrever o que observavam nestas crianças. O termo

autismo veio, assim, caracterizar um quadro clínico equacionado por um elemento

comum: a tendência ao isolamento (Mazetto, 2005).

“(Os prejuízos apresentados pelos ‘alunos’ autistas na área social são amplos. Incluem deficiências no uso múltiplo de comportamentos não verbais que possibilitam a interação social, tais como contato visual direto, posturas corporais e expressão facial. É aparente uma falta de tentativas de compartilhar prazer, interesses e realizações (Möller, 2004, p.13, 14)

Há principalmente três fatores comumente aceitos para a definição do autismo

em termos diagnósticos: um comprometimento qualitativo da interação social, um

déficit qualitativo da comunicação, e um repertório restrito e repetitivo de interesses e

atividades (DSM - IV, 1994) (Mazetto, 2005).

As crianças autistas apresentam desvios em suas relações sociais. Falta de

reciprocidade socioemocional (Rutter & Schoples, 1988). Transtornos na capacidade

expressiva e receptiva iniciais e dificuldades para discriminar e compreender

expressões faciais (Dawson& Galpert, 1986). Falta de gestos para regular a

interação social (Rutter & Schoples, 1988). Lampreia diz que:

“(Vários autores mencionam, mais especificamente, uma apreciação inadequada de deixas socioemocionais, falta de reciprocidade socioemocional, ausência de expressão facial, dificuldade para discriminar e compreender expressões faciais”. (Lampreia, 2004)

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A grande questão no autismo está na qualidade das trocas intelectuais com as

outras pessoas.

“(...) inabilidade de se relacionar de maneira ordinária com outros seres humanos” (Eisenberg & Kanner, 1956, PP. 558-559) a final, a qualidade dessas trocas indica o grau de socialização em que se encontra uma pessoa, normalmente autistas estão isolados dos outros, tomam seu ponto de vista como absoluto, o que os impede de relacionar-se de forma equilibrada com seus semelhantes “falha em reconhecer os outros como entidades separadas de si mesmo” (Eisenberg & Kanner, 1956, PP. 558-559).

Piaget diz que “a inteligência humana somente se desenvolve no indivíduo em função de

interações sociais (...) (Piaget, 1967). Mas como conseguir instigar essa vontade de se

socializar em crianças portadoras de autismo? As relações de cooperação

representam justamente aquelas que vão pedir e possibilitar esse desenvolvimento.

A cooperação pressupõe a coordenação das operações de dois ou mais

sujeitos. Não há assimetria, imposição ou repetição. Há discussão, troca de pontos

de vista, controle mútuo dos argumentos.

Para Freinet (1991, p.42)

“Infeliz educação a que pretende, pela explicação teórica, fazer crer aos indivíduos que podem ter acesso ao conhecimento pelo conhecimento e não pela experiência. Produziria apenas doentes do corpo e do espírito, falsos intelectuais inadaptados, homens incompletos e impotentes”

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CAPÍTULO IV

A SOCIALIZAÇÃO ATRAVÉS DOS JOGOS

COOPERATIVOS

Os jogos cooperativos “começou há milhares de anos, quando menbros das

comunidades tribais se uniam para celebrar a vida” (Oelick apud Broto, 2002, p. 47).

Os jogos cooperativos foram organizados de maneira a atenderem à

necessidade de promoção de habilidades interpessoais e de auto-estima, possuindo

uma estrutura que favorece o jogo com o outro e não contra o outro, conforme

evidencia Brotto (2001). Este autor acrescenta que os jogos cooperativos

representam uma abordagem filosófico-pedagógica criada para a promoção de uma

nova ética de cooperação, visando à melhoria da qualidade existencial.

Uma das características dos jogos cooperativos é a melhora no

relacionamento e, com este, a possibilidade de afetar toda a sociedade,

transformando atitudes, uma vez que a vida em sociedade representa um grande

exercício de solidariedade e de cooperação (Orlick, 1989; Brotto, 2001).

“O objetivo primortidal dos jogos cooperativos é criar oportunidade para o

aprendizado cooperativo e a interação cooperativa prazerosa” (Orlick, 1989, p. 123).

No Brasil Brotto (2002) realça o quanto o esporte exclui através da competição e cita

os jogos cooperativos: “caracterizando-os como um exercício de convivência

fundamental para o desenvolvimento pessoal e para a transformação”.

Soler (2002) diz que os jogos cooperativos podem ser usados no trabalho com

alunos portadores de necessidades especiais. Nas aulas de educação física escolar

há a possibilidade do aluno portador de autismo se utilizar dos jogos cooperativos

para trabalhar a solidariedade, a socialização e o respeito mútuo.

Permitindo-o exercer sua criatividade. Sabendo de sua importância para o

grupo, o autista se sente motivado, todos jogam juntos, não espaço para o

isolamento e a individualidade. Brincando a criança cresce física e biologicamente,

brincando ela descobre e entende o seu papel na sociedade, seus limites e

possibilidades, ela tem uma compreensão de si, é o seu trabalho, brincando essa

criança aprende a coordenar seus movimentos:

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“É através de jogos e brinquedos que a criança encontra suas soluções e de

uma forma pessoal seu lugar no grupo” (Piaget, 1932).

“É brincando que a criança aprende a distinguir seus desejos e fantasias da

realidade”. (Piaget, 1932). Todos encontram um caminho para crescer e se

desenvolver, a perseverança é fortalecida. Cresce o senso de unidade no grupo, a

solidariedade com os sentimentos dos outros, ocorre o compartilhar e a confiança.

“A depender do contexto, o sujeito pode até mesmo retomar e expressar

elementos contra os quais se insurgiu em períodos anteriores visto ser o processo de

consciência e construção de identidades mutável e não linear” (Iasi, Mauro. 2002).

O seu papel, dos jogos cooperativos é fazer com que a solidariedade que no

começo é mecânica possa e venha a se tornar orgânica. Groos (Neto, 1987)

compreende o jogo como um pré-exercício, o jogo além de exercitar os músculos,

exercita também a inteligência, dando flexibilidade e vigor, dá à criança o domínio de

si.

“O ser humano necessita do contato com outras pessoas, pois é através da interação social que se desenvolve a linguagem, reconhecem-se as habilidades e ampliam-se os conhecimentos. Para a criança, o contato físico, social e a comunicação são fundamentais no seu desenvolvimento e uma das maneiras mais eficazes dela estabelecer estes contatos é pelo brincar” (Fantin, 2000, p.25).

Através do brincar as crianças crescem e exercitam suas capacidades físicas,

aprendem a respeito de seu mundo e fazem frente a emoções conflitantes (Diane, E.

Papalia,1981). Piaget entende o brincar das crianças como sendo o momento em

que é possível coordenar pensamentos e ações, ampliar conceitos e habilidades

(Piaget 1951).

Para Freud brincar ajuda a crianças a fortalecer seu ego. (Freud 1924).

Friedmann e Maluf afirmam que ao brincar a criança pode colocar para fora sua

agressividade. (Friedmann, 1996; Maluf, 2003). Thorndike vê a brincadeira como um

ato de aprendizagem. Cada cultura designa valores diferentes para cada brincadeira

(em Kimble,1961).

O jogar tem um fim em si mesmo, mas que acaba por contribui para o

desenvolvimento desse aluno, ao escolher seus jogos ele levará em consideração

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todo o contexto no qual está inserido. Brincado aluno portado de autismo poderá

exprimir seus anseios e desejos sem que isso lhe seja penoso.

Nessa perspectiva os jogos cooperativos são considerados neste estudo

como elementos capazes de acionar motivos para o aperfeiçoamento de uma

ética cooperativa.

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CAPÍTULO V

PAPEL DO PROFESSOR E SEU DIA-A-DIA

Ao professor de educação física cabe adaptar as situações cotidianas da

melhor forma possível, utilizando-se te todos os seus conhecimentos e descobrindo

as inúmeras alternativas para que esse aluno autista possa e venha ter as condições

necessárias de se expressar corporalmente no seu grupo.

O professor deve traçar o caminho necessário para que esse aluno alcance

seu fim, um caminho com propósito, o professor deve saber abordar a realidade, seja

no sentido da produção do conhecimento, ou seja, no sentido das relações humanas,

o importante é nunca reduzir o ponto de vista do aluno, mas sim deixá-lo pensar de

formar dialética, comunicativa, interativa, decidindo em conjunto, assumindo

responsabilidades

Nessa abordagem dialética consideram-se as atividades a partir de seus

determinantes históricos e culturais. Luckesi comenta a respeito do assunto:

“O conhecimento da realidade exige uma forma metodológica de abordá-la, uma perspectiva segunda a qual a realidade é vista. Aqui o método ganha o seu caráter teórico, ou seja, o modo segundo o qual ele permite que a realidade seja apreendida do ponto de vista do conhecimento”. (Luckesi, 1990,p.151).

Esse professor deve sempre ter em suas aulas uma perspectiva crítico-

superadora, ou seja, que possa permitir a seus alunos resolverem os problemas

imediatos, sem perder de vista a necessidade de democratização da sociedade. O

professor deve sempre garantir o princípio da diversidade, segundo o qual se deve

proporcionar ao aluno atividades diferenciadas e não privilegiar apenas um tipo.

O professor deve ter consciência do contexto em que se insere sua prática

educativa, ou seja, qual o sistema econômico predominante? Qual tipo de governo?

A onde fica a escola em que dá aula? Quem são seus alunos? O que querem? O

que precisam a prender com a prática da educação física escolar?

A formação deve possibilitar uma reflexão dos professores sobre sua própria

prática docente, de modo que estes possam examiná-las realizando sempre um

processo de auto-avaliação que oriente seu trabalho.

“A concepção de formação do professor como profissional reflexivo se torna cada vez mais necessária, pois possibilita uma mudança das práticas. Desta

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forma, entende que a mudança se dá a partir de uma reflexão sobre a prática e na prática.” (NÓVOA, 1995, p.37)

Mas há também a necessidade de implantar políticas de educação que

incentivem o docente de Educação Física a buscar novas maneiras e meios de se

passar o conhecimento, que os incentivem a criar novas metodologias:

“Propor uma educação em que as crianças aprendam, construam, adquiram conhecimentos e se tornem autônomos e cooperativos implica pensar, ainda, a formação permanente dos profissionais que com eles atuam. Como os professores favorecerão a construção de conhecimentos se não forem desafiados a construírem o seu? Como podem os professores se tornar construtores de conhecimentos quando são reduzidos a executores de propostas e projetos de cuja elaboração não participaram e são chamados apenas a implantar?” (Kramer, 1997, pág.22).

Em seus aspectos mais formais a Educação Física tem sua prática legalmente

prevista e respaldada em lei, a Lei de Diretrizes e bases da Educação.

A LDB cita a Educação Física da seguinte forma:

“A educação física, integrada à proposta pedagógica da escola, é componente curricular obrigatório da educação básica, sendo sua prática facultativa ao aluno: que cumpra jornada de trabalho igual ou superior a seis horas, maior de trinta anos de idade, que estiver prestando serviço militar inicial ou que, em situação similar, estiver obrigado à prática da educação física, que tenha prole” (LDB, 1996).

O ensino da Educação Física é a construção de situações em que se tornam

possíveis experiências específicas para a superação de situações de vida presentes

e futuras. Portanto, o aluno deve compreender a cultura corporal produzida pelo

homem no decorrer da história em sua relação com a natureza e com os outros

homens.

“O objetivo da Educação Físca é o estudo da expressão corporal como linguagem, é através da expressão corporal enquanto linguagem que será mediado o processo de sociabilizarão das crianças e jovens na busca da apreensão e atuação autônoma e crítica na realidade (...)” (Coletivo de Autores, 1992).

Os Parâmetros Curriculares Nacionais de Educação Física trazem uma

proposta que procura democratizar, humanizar e diversificar a prática pedagógica da

área, os PCN’s inovam ao buscar sair de uma visão que reduz o corpo a apenas a

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seus aspectos biológicos, buscando um trabalho que incorpore as dimensões

afetivas, cognitivas e socioculturais dos alunos.

Introduz organizadamente diversas questões que nós professores devemos

considerar no desenvolvimento do nosso trabalho diário, dando esclarecimentos, a

respeito dos planejamentos e das atividades da prática de Educação Física. Vejamos

agora alguns objetivos gerais de Educação Física no Ensino Fundamental propostos

pelos Parâmetros Curriculares Nacionais para o ensino fundamental:

“participar de atividades corporais, estabelecendo relações equilibradas e construtivas com os outros, reconhecendo e respeitando características físicas e de desempenho de si próprio e dos outros, sem discriminar por características pessoais, físicas, sexuais ou sociais. Adotar atitudes de respeito mútuo, dignidade e solidariedade em situações lúdicas e esportivas, repudiando qualquer tipo de violência, conhecer, organizar e interfirir no espaço de forma autônoma” (PCN´s ensino fundamental, 1997). ” ((Coletivo de Autores, 1992).

Os Parâmetros Curriculares Nacionais concebem a Educação Física ainda

como a:

“disciplina que introduz e integra o aluno na cultura corporal de movimento, formando o cidadão que vai produzi-la, reproduzi-la, e transformá-la, instrumentalizando-o para usufruir dos jogos, dos esportes, das danças, das lutas e das ginásticas em benefício do exercício crítico da cidadania e da melhoria da qualidade de vida” (PCN´s, 1998).

O professor assim deve privilegiar os princípios da ludicidade e criatividade,

considerar os interesses e necessidades desse aluno portador de autismo, bem

como prepará-lo da melhor forma para a inserção na sociedade. Rever sempre os

conteúdos selecionados para as aulas, buscando a compatibilidade entre os

interesses individuais e coletivos, fazendo uma analise criterioso de cada aluno.

O ato de ensinar não é isolado. Por isso, devemos saber o que e como vamos

ensinar qual tipo de pedagogia utilizar para formularmos meios de entrar na realidade

do aluno autista em uma perspectiva crítico-superadora.

Na escola, é preciso resgatar os valores que privilegiam o coletivo sobre o

individual, defender o compromisso da solidariedade e respeito humano, a

compreensão de que o jogo se faz “a dois”, e de que é diferente jogar “com” o

companheiro e jogar “contra” o adversário. (Coletivo de autores, 1992)

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Nós professores de Educação Física não construímos conhecimento segundo

a modernidade nos passou, nosso conhecimento não é estanque e imutável, aí

acreditamos resida o preconceito: o fato de não tratarmos de teorias, cujas

explicações são lineares e hierarquizadas, o fato de nosso campo de atuação não

ser de uma disciplina teórica e muito menos a Educação Física ser uma ciência com

objeto próprio de estudo, já que tem seu suporte em ciências estabelecidas como a

medicina e a psicologia.

O estigma está na visão da Educação Física não como uma disciplina teórica,

mas sim como sendo uma disciplina prática e que fica sempre na submissão de

outros campos, esses sim científicos. Fechada em conceitos, fica ela estabelecida,

paralisada.Nomeada e categorizada por outros, ela acaba por se distanciar de si

mesma.

A afirmativa: a Educação Física é essencialmente prática, não nega seu cunho

teórico, Tardif revela a separação teoria/prática:

“A principal ilusão que parece dominar esse sistema, e que, ao mesmo tempo serve para fundamentá-lo dentro das universidades, é justamente o fato de levar a acreditar que nelas podem ser produzidas teorias sem práticas. Conhecimentos sem ações, saberes sem enraizamentos em atores e em sua subjetividade. Ao mesmo tempo, em compensação, essa ilusão nega aos profissionais do ensino e às suas práticas o poder de produzir saberes autônomos e específicos do seu trabalho. Noutras palavras, a ilusão tradicional de uma teoria sem prática e de uma saber sem subjetividade gera a ilusão inversa que vem justificá-la: a de uma prática sem teoria e de um sujeito sem saberes” (2002. p. 236).

O importante para nós não é o que é escola, mas sim os significados que os

professores transmitem-nos em suas narrativas ao falarem da escola, assim como

para ver você precisa crer, para ver as expressões e gestos embutidos nas

narrativas dos professores, precisamos acreditar no que estamos procurando, no que

estamos pesquisando e vivendo a cada dia.

Assim como Josso compreendemos que:

“falar das próprias experiências formadoras, é, pois, de certa maneira, contar a si mesmo a própria história, as suas qualidades pessoais e socioculturais, o valor que se atribui ao que é vivido na continuidade do nosso ser psicossomático. Contudo é um modo de dizermos que, nesse continnum temporal, algumas vivências têm uma intensidade particular que se impõe à nossa consciência e delas extrairemos as informações úteis às nossas

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transações conosco próprios e/ou com nosso ambiente humano e natural” (JOSSO, 2004, p.48).

Ao narra a minha historia eu vou descobrindo coisas que estavam nas

sombras.As historias e narrativas devem nos instigar a formulações teóricas,

pensamentos são histórias, mas não viram apenas historias. A partir da historia que

conta ou que nos contam é que tenho a possibilidade de interrogação e

questionamento.

A Educação Física há muito vem sendo desvinculada da escola, suas

intenções e finalidades não são colocadas de forma clara, não há uma correlação da

Educação Física com Projeto Político Pedagógico da Escola. Não há participação

efetiva dos professores de Educação Física nos centros de estudo, e nem nos

conselhos de classe, quando muito sua ausência é notada pela direção escolar.

Para os autores:

“(...)a Educação Física, e em especial a do ensino médio, é um componente que em grande parte das vezes é marginalizado, discriminado, desconsiderado, chegando até por vezes a ser excluído dos projetos políticos pedagógicos de algumas escolas” (BARNI e SCHNEIDER, 2003, p. 2).

Ao longo da história nós professores de Educação Física temos sofrido

preconceitos de todas as formas, somos os que não pensam, os que não estudam,

os que improvisam, os que ocupam tempos vagos, os que fazem festas e

brincadeiras engraçadas, os que tomam conta dos alunos enquanto as professoras

estão descansando, somos os esportistas, ex-atletas. Temos nosso tempo e espaço

reduzidos.

Ao mesmo tempo em que o meio escolar e acadêmico faz críticas

contundentes ao professor de Educação Física, eles se esquecem da sua

importância, esquecem-se que é através desse profissional que é oportunizado a

esses alunos o atendimento em seus aspectos mais importantes, como saúde,

cultura e educação.

Recebemos todos os dias diversos tipos de ofensas, brincadeiras mal ditas,

apelidos, por professores de outras disciplinas, pela direção e coordenação escolar

que tem nos desprestigiado e nos marcado, não só como professores mas também

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como pessoas, e às vezes fica o questionamento: será que fiz a escolha certa? Será

que vale a pena ser professor de Educação Física?

Com certeza não resta dúvidas que a nossa resposta é sim, somos

apaixonados pelo que fazemos, e nossa paixão é pela busca ao conhecimento, aí

está o nosso maior envolvimento com Educação Física, a busca por melhores

condições de trabalho e por reconhecimento. Não buscamos a verdade, ela não

existe. A Educação Física busca o movimento, o movimento é o que faz acontecer!

Particularmente entendemos a Educação Física como sendo uma das partes

mais importante da educação, onde em nossas aulas podemos oferecer aos nossos

alunos uma formação completa e ampla, onde há desenvolvimento motor, intelectual,

psicológico e afetivo.

Nas escolas da Rede Municipal de Ensino do Rio de Janeiro, sentimos

e vivemos as dificuldades diárias de como professores de Educação Física

encontrarmos a nossa própria identidade, e não se trata de não saber o que ou como

aplicar determinado conteúdo, falo sim da falta de identidade que os outros atores da

escola desconhecem, ou fingem desconhecer em nós professores de Educação

Física como ocorre nas outras disciplinas.

De acordo com Lawn (2000), a identidade é formada de parâmetros vindos do

Estado, objetivando o controle do trabalho docente.

Por exemplo, o professor de Matemática ensina contas e operações

matemáticas, e tem como um de seus objetivos fazer com que o aluno disponha de

conhecimentos mínimos necessários para resolver situações-problema no seu dia a

dia.

Para Canen (2001) o multiculturalismo crítico possibilita a superação de uma

atitude condenatória. Ele credita que o multiculturalismo é um pensamento político e

teórico que tem por objetivo o reconhecimento identitário, combatendo o racismo e

as discriminações para com os sujeitos tidos como “diferentes” em políticas e

práticas

E a Educação Física, o que os docentes de outras disciplinas entendem ser a

função do Professor de Educação Física nas escolas da Rede Municipal de ensino?

O que é o Professor de Educação Física para eles?

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A Educação Física é para muitos professores de outras disciplinas,

principalmente para a direção e coordenação de nossas escolas municipais, como

um prêmio, algo que nossas crianças ganham quando se comportam direito.

Todos os dias vários alunos são classificados erroneamente como

“hiperativos” e privados do que lhes é garantido pelo estado. Os alunos que se

comportam, que não fazem bagunça, ganham aquilo que já é um direito previsto em

lei. A Lei de Diretrizes e Bases da Educação em seu artigo 26, parágrafo 3º concebe

a Educação Física como “componente curricular obrigatório”.

“A Educação Física está na escola. Ela é uma matéria de ensino e sua presença traz uma adorável, uma benéfica e restauradora desordem naquela instituição. Esta sua desordem é portadora de uma ordem interna que lhe é peculiar e que pode criar, ou vir a criar uma outra ordem na escola” (SOARES, 1996, p.7).

Outro impasse encontrado por nós Professores de Educação Física se

encontra na própria Lei de Diretrizes e Bases da Educação, lei 9.394/94, que em seu

artigo 26 ao conceber a Educação Física como componente curricular obrigatório,

também a torna ao mesmo tempo facultativa ao aluno que:

“que cumpra jornada de trabalho igual ou superior a seis horas”. (LDB, 1996).

Ora, sendo a Prática da Educação Física componente curricular obrigatório

como se pode tornar sua prática facultativa? Como se pode privar esse direito ao

aluno que após uma jornada de trabalho merece ter suas forças e alegrias

recuperadas pelo prazer em participar das aulas de Educação Física?

Notamos que essa fala tem origem no pensamento capitalista, que procura

poupar o corpo e torná-lo útil ao trabalho, afinal, esse é o corpo que movimenta a

economia, gerador de força de trabalho, que ao mesmo tempo em que produz

mercadorias dela também se satisfaz. Esse pensamento concebe o corpo apenas

em seu aspecto físico-biológico esquecendo-se dos seus aspectos socioculturais.

Tubino (2000, p. 39) escreve a respeito do assunto:

“O homem não é reduzido somente ao corpo ou à atividade física. As pessoas chegam a uma dignidade corporal quando têm uma educação integral, que deve ser física, intelectual e ética. Essa educação integral é reivindicada pela ética”.

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Outra questão que se levanta vem da visão da Educação Física por muitos

profissionais da educação como um momento de lazer e descontração, e se

limitam a enxerga o Professor de Educação Física como um mero recreador,

esquecem-se, portanto, que esses métodos de ensino têm seus benefícios sim

para a prática pedagógica, porém, o fim da Educação Física não se encerra neles.

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CONCLUSÃO

Portanto entendemos que a prática pedagógica do professor na escola deve

fazer um vinculo entre socialização e jogos cooperativos, entre a socialização e o

respeito as individualidades de cada um.

Os jogos cooperativos devem ser vistos pelos docentes de educação física,

nessa perspectiva como um órgão socializador na prática pedagógica escolar, como

uma ponte entre o “eu” e o mundo exterior, como formador da identidade desse

aluno portador de autismo através da cultura corporal do movimento. Entendemos

que a ação dos jogos cooperativos deve elucidar o coletivo, para que os alunos

vejam que coletivamente podemos realizar e concretizar. O professor deve ver nos

jogos cooperativos a possibilidade de emancipação humana, ou seja, a elevação da

consciência desse aluno no sentido da superação.

Não pretendemos de forma alguma encontrar respostas ou soluções para as

questões levantadas durante este trabalho. Gostaria de defini-lo como um convite

para que outros também reflitam, discutam, observem, experimentem a construção e

transformação.

“Se, ao longo da vida, não fizer com cuidado tudo que empreender, acabará por prejudicar a si mesmo e por destruir o que está a sua volta. Por isso o cuidado deve ser entendido na linha da essência humana” (BOFF, 1999, p. 34).

A escola é formada pela diversidade, a escola não pode fechar os olhos para

o problema do preconceito, a escola deve lutar por uma educação multicultural, deve

aceitar a riqueza de outras culturas. A escola deve possibilitar a todos: docentes,

alunos e demais participantes do cotidiano escolar a busca e manutenção de sua

identidade

“Falar do multiculturalismo é falar do jogo das diferenças, cujas regras são

definidas nas lutas sociais por atores que, por uma razão ou outra,

experimentam o gosto amargo da discriminação e do preconceito no interior

das sociedades em que vivem” (Gonçalves & Silva, 2004. p.11).

Nossa narrativa não é para que se faça uma reconstituição do que passou, do

que estamos falando, do que estamos narrando. Nossa narrativa é sim para que se

construa um novo acontecimento.

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Portanto entendemos que a prática pedagógica de todos os professores na

escola deve fazer um vinculo entre socialização e o respeito às individualidades de

cada um.

O professor de Educação Física deve ser visto assim pelos docentes de

outras disciplinas, nessa perspectiva, como um agente socializador na prática

pedagógica escolar, como uma ponte entre o aluno e o mundo exterior, como

formador da identidade desse aluno através da cultura corporal do movimento.

Queremos que toda nossa experiência crie idéias, que nossas idéias nos

permitam ir à prática. Não nos importa o que foi lido aqui, importa sim o que você

interpretou dos acontecimentos narrados nessa leitura, essa narrativa não é para ser

uma verdade absoluta, cada verdade tem a sua narrativa.

Entendemos que a ação da direção e coordenação escolar deve elucidar o

coletivo, para que todos vejam que coletivamente podemos realizar e concretizar. Os

professores devem ver na prática pedagógica do professor de Educação Física a

possibilidade de emancipação humana, ou seja, a elevação da consciência do aluno

no sentido da superação.

Não pretendemos de forma alguma encontrar respostas ou soluções para as

questões levantadas durante este trabalho. Gostaria de defini-lo como um convite

para que outros também reflitam, discutam, observem, experimentem a construção.

“existem mais coisas a se encontrar do que as que foram encontradas”. (BARBARO, 1556, in

ROSSI, 1989, p.66).

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ÍNDICE

FOLHA DE ROSTO 2

AGRADECIMENTO 3

DEDICATÓRIA 4

RESUMO 5

METODOLOGIA 6

SUMÁRIO 7

INTRODUÇÃO 8

CAPÍTULO I 09

Autismo e as dificuldades de socialização

CAPÍTULO I 10

Algumas dificuldades encontradas na escola

CAPÍTULO II 12

Principais tendências que marcaram e ainda

marcam a Educação Física

CAPÍTULO III 15

Autismo e dificuldades de socialização

CAPÍTULO IV 17

A socialização através dos jogos cooperativos

CAPÍTULO V 20

O papel do professor e seu dia-a-dia

CONCLUSÃO 28

BIBLIOGRAFIA CITADA 30

ÍNDICE 36

FOLHA DE AVALIAÇÃO 37

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FOLHA DE AVALIAÇÃO

Nome da Instituição:

Título da Monografia:

Autor:

Data da entrega:

Avaliado por: Conceito: