os intÉrpretes da realidade nacional: … andrade senra.pdf · eixo temático: direitos humanos:...
TRANSCRIPT
107
OS INTÉRPRETES DA REALIDADE NACIONAL:
REPRESENTAÇÕES SOBRE A IDENTIDADE ÉTNICA E A
IDENTIDADE CÍVICO-NACIONAL
Iara Andrade Senra1
Universidade Severino Sombra
Eixo Temático: Direitos Humanos: questões inclusivas, de gênero e de etnia na educação brasileira
Resumo
O presente artigo busca uma análise comparativa entre os projetos de identidade nacional, formulados pelos três principais intérpretes de nossa realidade: Oliveira Vianna, Gilberto Freyre e Sérgio Buarque de Holanda. Os autores em questão mapearam e caracterizaram as etnias que contribuíram para a formação do sujeito nacional e por isso, influenciaram e ainda influenciam diversos estudos científicos no Brasil e no mundo. Suas propostas identitárias baseadas em critérios étnicos acarretaram ressonâncias sobre a formação de uma identidade cívico-nacional, visíveis na prática social e política da população brasileira. Conhecer e questionar os discursos dos intérpretes da realidade nacional nos tornariam mais aptos para lidar com as argumentações discriminatórias que surgem principalmente dentro de sala de aula. Observa-se, portanto, que é importantíssimo o aprofundamento de pesquisas sobre as questões étnicas. Além disso, análise desses elementos étnicos na nossa sociedade torna-se essencial para o debate, que se pretende atual, da questão da cidadania.
Palavras-Chaves: Identidade étnica, identidade cívico-nacional, Oliveira Vianna, Gilberto
Freyre e Sérgio Buarque de Holanda.
1 Historiadora e professora de história pela Secretaria de Educação do Estado do Rio de
Janeiro. Mestre em História Social pela Universidade Severino Sombra e especialista em
História do Brasil pelo centro Universitário Gerald Di Biase. Dedica-se a História Política,
pesquisando especificamente a identidade nacional brasileira e é autora do livro O Brasileiro:
A formação da Identidade Nacional e a Questão Racial.
108
Introdução
Nos anos de 19302 a questão da nacionalidade e dos nacionalismos estava em
plena ebulição. Intensificava-se a produção de um emaranhado de mitos, teorias e
discursos que tentavam explicar a identidade brasileira e modernizar a nação.
Tanto Vianna, quanto Freyre e Holanda tinham como objetivo desenvolver um
projeto identitário, cujo fim seria o brasileiro ideal, capaz de práticas sociais
grandiosas, atuante e maduro. Para tanto, cada um apontou estratégias para sanar
os nossos “males de origem”.
Que teorias interpretativas da nossa identidade seriam estas? Estas teorias não
teriam denegrido a imagem do brasileiro que se pretendia formar? Até que ponto estes
projetos identitários teriam alguma relação com uma identidade cívico-política?
Tais questões nos redirecionam para a necessidade de se compreender melhor
os projetos de identidade desenvolvidos por estes três intérpretes da realidade
nacional.
A identidade nacional baseada em critérios étnicos em Oliveira Vianna, Sérgio
Buarque de Holanda e Gilberto Freyre
Oliveira Vianna formulou sua teoria identitária na década de 1920 e 1930,
defendia veementemente a produção de estudos que discutiam as “raças” e seus
“atavismos”. Ao dissertar sobre a “diferenciação das raças” alegava que “uma nação
não pode ser indiferente nem a qualidade, nem à quantidade de elementos raciais que
entrem na sua composição” (VIANNA, 1959, p.39)
Raça e Assimilação (1932) e Populações Meridionais do Brasil (1920), de
Oliveira Vianna, são fontes exemplares no trato da questão identitária. Além disso, o
autor nos legou diversas obras que tratam sobre o assunto: Evolução do Povo
Brasileiro (1923), Instituições Políticas Brasileiras (1949), Pequenos Estudos de
Psicologia Social (1921), Formation ethnique du Brésil coloniel (1932).
2 Tanto Raça e Assimilação (Vianna), quanto Casa Grande Senzala (Freyre) e Raízes do Brasil
(Holanda), obras que discutem a identidade nacional, foram publicadas na década de 30.
109
Dentre as diversas obras de Vianna a que sofreu maiores críticas fora Raça e
Assimilação, sendo esta obra rejeitada por grande parte dos historiadores,
principalmente, pelo caráter preconceituoso com o qual se referia aos povos. Contudo,
Raça e Assimilação fora escolhida como fonte principal do autor a ser analisada e
discutida, por ter sido nela que Vianna sistematizou toda sua ideia presente em obras
predecessoras3 no que diz respeito à identidade nacional.
Nesta obra Vianna disserta sobre basicamente dois pontos caros ao seu projeto de
identidade nacional: A mestiçagem e a função do Estado. A mestiçagem pré-selecionada e
coordenada basicamente pelo Estado foi apontada por ele como solução mais plausível para os
"nossos males genéticos". Tal seleção seria importante porque, para Vianna, o futuro da nação
estava diretamente ligado às características de cada "raça".
a) A "raça" (tipo étnico) determina a maior frequência deste ou daquele tipo de constituição. b) Este tipo de constituição determina a maior frequência dos tipos de temperamentos e dos tipos de inteligência; c) Estes tipos de inteligência e de temperamento mais frequentes vão [...] condicionar as manifestações das atividades sociais e culturais do grupo. (Ibidem, p.42)
Conforme Vianna, o negro apresenta o tipo de temperamento ciclotímico,
temperamento este caracterizado pela inconstância, no qual seus portadores vão da serenidade
mais plena ao rancor e ao desespero absoluto.
O negro é realmente na generalidade dos casos, um ciclóide característico.
[...] Em todas as cousas é um sensitivo [...] Cheio de benevolência [...] mas,
como acontece em todas as pessoas sanguíneas, a sua cólera e seu rancor
acabam com a morte da vítima. [...] A vida do negro se passa em contrastes
[...] Da alegria [...] ele passa ao amargo dos desesperos, da esperança sem
limite ao extremo terror, da prodigalidade a avareza sórdida. (Ibidem, p.33-34)
Consequentemente, esse tipo de temperamento influiria nas manifestações sociais de
3 Determinados pontos expostos em Populações Meridionais do Brasil (1920) e em O Eugenismo Paulista (1927) são pormenorizados em Raça e Assimilação. O foco dado ao determinismo geográfico, no qual o autor salienta importância do meio sobre a formação do homem sertanejo, do matuto e do gaúcho, e a importância e a rapidez do “caldeamento entre as raças” impetrado pelos paulistas são exemplos desta síntese presente em Raça e Assimilação.
110
negros e de mulatos, e por fim, no destino do próprio país, pois em grupos que "os tipos
impulsivos e moralmente ‘descontrolados’ sejam mais abundantes [...] (apresentar-se-á)
forçosamente uma elevação maior do índice de criminalidade e na intensidade dos conflitos
sociais". (Ibidem, p.41)
Vianna dará mais atenção ao Homo Europeus4, fomentará mais críticas ao Homo
Afer, e negligenciará o Homo Americanus, pois, no dizer de José Carlos Reis: "Vianna
não tinha qualquer apreço por sua contribuição [indígena] à vida brasileira. [...] não se
preocupava muito com eles, pois eram incompatíveis com a vida civilizada, e
inevitavelmente seriam exterminados".(REIS, 2006, p.157)
Apesar da já professada inferioridade negra, defendida por Vianna, o negro era "o
aliado do branco que prosperou"5., buscavam, através da imitação galgar seu lugar
perante à sociedade, ele possuía ambições não encontradas entre os indígenas, "embora
deixando-se seduzir por certos aspectos de nossa civilização, o selvagem não tem o culto
do homem branco, como o negro,: não o imita, não o macaqueia, não lhe aceita a
ascendência" (VIANNA, 1959, p. 196). A desambição natural indígena pela civilização
o levaria ao extermínio.
Obviamente que a "raça" que geraria mais indivíduos eugênicos seria a branca,
apontada por Vianna como portadora das qualidades essenciais à formação do tipo
brasileiro. "[...] Numa população de 10.000 negros, haveria a probabilidade de existir
cerca de 80 negros de inteligência superior, ao passo que numa população de 10.000
brancos deveriam produzir-se 500". (Idem)
A "raça" branca, apesar da homogeneização que também lhe fora incutida,
apresentava diversos tipos constitutivos, negligenciados, segundo Vianna, pelos
estudiosos da época. O estudo desta diversidade étnica branca seria de extrema
importância para posterior política de seleção de imigrantes, tendo em vista a seleção
daqueles que se adaptariam mais facilmente ao meio cultural e físico brasileiro, sendo,
por conseguinte, mais facilmente assimilados.
4 Em Raça e Assimilação, Vianna analisa mais a fundo as características e contribuições das raças,
contudo nesta obra, o índio é pouco discutido, em detrimento da quase total atenção dada ao
imigrante europeu, a seus descendentes, à mestiçagem e à inferioridade negra.
111
Há pelo menos na Europa quatro grandes raças ou grupos somatológicos: os dolicocéfalos loiros, de alta estatura a que pertence os anglo-saxões, os noruegueses, os suecos e grande parte dos alemães [...], os braquicéfalos loiros, de pequena estatura espalhados por várias regiões da Europa Central: Prússia Oriental, Saxe, Silésia, Polônia e Rússia, os braquicéfalos morenos, ou celtas, também de pequeno talhe, que constituem o fundo dominante da população francesa [...] e os dolicocéfalos, que dominam as zonas meridionais da Itália, as ilhas do mediterrâneo e, principalmente a Espanha e Portugal.
(Ibidem 27-28).
Serão estas três matrizes étnicas e suas subdivisões umas contribuindo mais,
outras menos, que, segundo Vianna, formarão o povo brasileiro. Os estudos de suas
características, as análises dos aspectos biológicos, temperamentais e intelectuais
seriam de importância central para o projeto de nação que até então se procurava
construir, ou seja, um país civilizado aos moldes europeus, formado por gente da melhor
estipe ariana e por negros eugênicos.
O brasileiro passa a ser, por conseguinte, um projeto para o futuro que se
concretizaria com o "embranquecimento" da população. Esta seria a ideia de evolução de
"raça" proposta por Vianna e, com este fim, desenvolveu uma pesquisa extensiva sobre
a questão racial e seus desdobramentos para a formação do país, estudos estes que
culminaram no livro Raça e Assimilação.
Em relação à Freyre Casa Grande Senzala foi a obra expoente para se tratar a
questão nacional, porém em diversos outros estudos expôs a problemática étnica-
nacional, entre eles Sobrados e Mucambos e o Manifesto Regionalista.
Casa Grande Senzala, publicado em 1933, é ainda hoje o livro mais lido do
conjunto da obra de Freyre, nele o autor discute o povo brasileiro e as relações entre
as etnias. “Mais do que sobre brancos e negros, foi um livro sobre as relações no
ambiente da casa grande e nas vizinhanças da senzala, nas quais ocuparia lugar
especial a figura do mestiço.” (BENZAQUEN, 1994, p.284-285.)
Em Casa Grande e Senzala Freyre se detém mais em uma proposta identitária
para o brasileiro. Seu projeto de identidade defendia um tipo de mestiçagem que teria
se dado através da harmonia entre as “raças” e do abrandamento das relações sociais
escravistas. É somente no Manifesto Regionalista que Freyre propõe um projeto
político para nação. Nele o autor enaltece a importância da tradição nordestina para a
organização nacional e critica as “estrangeirices” que solapavam as singularidades
brasileiras:
112
Nosso movimento não pretende senão inspirar uma nova organização do Brasil. Uma nova organização em que as vestes em que anda metida a República - roupas feitas, roupagens exóticas, [...] - sejam substituídas não por outras roupas feitas por modista estrangeira, mas por vestido ou simplesmente túnica costurada pachorrentamente em casa: aos poucos e toda sob medida. [...] bom senso para a reorganização nacional parece ser o de dar-se, antes de tudo, atenção ao corpo do Brasil, vítima, desde que é nação, das estrangeirices que lhe têm sido impostas, sem nenhum respeito pelas peculiaridades e desigualdades da sua configuração física e social. (FREYRE, 1996, p.48)
Sobrados e Mucambos foi publicado originalmente em 1936 e trata
da decadência do patriarcalismo do Brasil rural, ocorrida no século XIX. Nele Freyre
lamenta a perda das tradições6, tão discutidas em Casa Grande e Senzala. A elite
branca se converte à vida urbana e os ex-escravos são afastados para os mucambos
e tratados com desdém.
Aquelas várias paixões, sobretudo as de natureza afetivo-sexual, que
têm um papel fundamental em Casa Grande & Senzala, são
substituídas por um outro tipo de excesso, que ele chama de
“requinte”. Trata-se de um excesso de ordem, que caracterizaria a elite
brasileira do século XIX. Uma ordem absoluta e excludente: todos se
comportando como se vivessem na Europa, com enorme dificuldade
em lidar minimamente com qualquer experiência mais popular. De
certo modo, a própria obra de Gilberto é um esforço de fazer com que
alguns dos elementos presentes no espírito da Colônia pudessem ser
recuperados, desde que, evidentemente, traduzidos e, portanto,
alterados. (BENZAQUEN, 2010)
Para Freyre a compreensão de nossa realidade social, cultural e política se
daria pela idéia de “plasticidade”, característica eminente do português. Por sua vez,
esta plasticidade envolveria diversos aspectos, entre os quais citamos: mobilidade,
miscibilidade7, e adaptabilidade aos trópicos.
A mobilidade lusa e a miscibilidade foram um dos motivos que levaram uma
quantidade ínfima de pessoas a enveredar-se para diversos locais do planeta – África,
6 Em A cultura lusófona, uma cultura ameaçada? (Anais do Seminário internacional O Novo
Mundo nos Trópicos) o professor Fernando Alves Cristóvão analisando a crítica de Freyre sobre a repulsa e a perda da tradição lusa - que para o autor pernambucano, poderia acometer a própria identidade nacional brasileira - afirma que o aparecimento de uma cultura desafiando outra, é uma constante na história das civilizações. Portanto somente as culturas autênticas e dotadas de coesão interna poderiam resistir às ameaças externas. 7 Expressão utilizada por Freyre em Casa Grande e Senzala, e diz respeito à capacidade, principalmente do português de se mesclar mais facilmente aos negros e indígenas.
113
Ásia e América - e firmar-se na terra. “A escassez de capital-homem, supriram-na os
portugueses com extremos de mobilidade e miscibilidade: dominando espaços
enormes e onde quer que pousassem, na África ou na América, emprenhando
mulheres e fazendo filhos [...”]. (FREYRE, 2004, p.70)
Explicava também o sucesso da colonização brasileira pela ação destes dois
fatores, visto que não tendo capital humano para um empreendimento tão grandioso,
os portugueses se multiplicaram em número, mesclando-se a índias e a negras,
apossando-se das vastas terras brasileiras.
Por sua vez a aclimatabilidade em terras tropicais facilitou a vida dos
portugueses no Brasil, facilidade esta que não estava presente entre os nórdicos.
Citando Oliveira Vianna, Freyre afirma:
O professor Oliveira Vianna [...] reuniu contra a pretendida capacidade
de adaptação dos nórdicos aos climas tropicais o testemunho de
alguns dos melhores especialistas modernos em assunto de
climatologia e entropogeografia: Taylor, Glen, Trewarka, Huntington,
Karl Sapper. [...] “Os europeus do norte não tem conseguido constituir,
nos planaltos tropicais, senão estabelecimentos temporários. Eles têm
tentado organizar, nestas regiões, uma sociedade permanente, de
base agrícola, [...] mas em todas essas tentativas têm fracassado”
(Ibidem, p.72)
Freyre compartilhando a mesma opinião no que diz respeito à adaptabilidade
dos nórdicos diz: “Ao contrário da aparente incapacidade dos nórdicos, é que os
portugueses têm revelado tão notável aptidão para se aclimatarem em regiões
tropicais”. (Ibidem, p.73)
Essa adaptabilidade do português ao ambiente tropical se devia em grande
parte à sua experiência precoce na Índia e na África, fato que também explicaria a
carência do orgulho de “raça” que os impeliam a se mesclarem com as demais raças.
“Quando em 1532 se organizou econômica e civilmente a sociedade brasileira, já foi
depois de um século inteiro de contato dos portugueses com os trópicos; demonstrada
na Índia e na África sua aptidão para vida tropical”. (Ibidem, p.65)
Subentende-se, portanto que a capacidade do português de se mesclar
rapidamente e sem preconceitos de cor às demais “raças” e a fácil adaptabilidade
portuguesa à ambientes tropicais teriam sido elementos essenciais, na visão de
Freyre, para a formação do povo brasileiro.
114
Gilberto Freyre atribuiu ao português a capacidade integradora que não
permitiu os separatismos, característicos da América espanhola. Apesar da
capacidade de mobilidade lusa poder se transformar em uma dispersão perigosa à
América portuguesa, essa mesma mobilidade contribuiu para evitar sua
desintegração, nas palavras de Freyre, contribuiu para o “unionismo”. Os portugueses
não trazem para o Brasil nem separatismos políticos, como os espanhóis para seu
domínio americano, nem divergências religiosas, como ingleses e franceses para as
suas colônias. (Ibidem, p.90)
Freyre também apresentou uma nova visão para a época, ao transferir a
explicação sobre a formação do povo brasileiro da esfera biológica para a cultural. A
inferioridade, o desanimo e as deficiências de certa parte da população, para o autor
pernambucano, deviam-se principalmente à dieta alimentar pobre praticada no Brasil.
"Na formação da nossa sociedade, o mau regime alimentar decorrente da monocultura,
por um lado, e por outro da inadaptação ao clima, agiu sobre o desenvolvimento físico e
deficiência econômica do brasileiro [...]". (Ibidem, p.96)
No entanto, os escravos das fazendas possuíam uma alimentação mais
diversificada, rica em verduras e legumes, por isso gerariam elementos mais fortes:
"Melhor alimentados eram na sociedade escravocrata [...] os negros da senzala [...]
Natural que dos escravos descendam elementos dos mais fortes e sadios da nossa
população. Os atletas, os capoeiras, os cabras e os marujos" (Idem).
Para Freyre, só depois da abolição, os negros foram privados de um regime
alimentar rico, visto que perderam toda a "assistência patriarcal".
A aristocracia colonial, por sua vez, carecia de uma dieta satisfatória.
Grande parte de sua alimentação davam-se eles ao luxo tolo de mandar vir
de Portugal e das ilhas, do que resultava consumirem víveres nem sempre
bem conservados: carnes, cereais e até frutos secos depreciados em seu
valor nutritivo, quando não deteriorados pelo mau acondicionamento [...].
Por mais esquisito que pareça, faltava à mesa da aristocracia colonial
legumes frescos, carne verde e leite. Daí certamente, muitas das doenças
do aparelho digestivo [...].(Ibidem, p.98)
O regime alimentar piorava ainda mais nas cidades, influindo negativamente
sobre o desenvolvimento de brancos, negros, mestiços, pobres e ricos. "Má nos
115
engenhos, péssima nas cidades, tal a alimentação da sociedade brasileira nos séculos XVI,
XVII e XVIII. Nas cidades péssimas e escassas" (Ibidem, p.102).
Ao mestiço - grupo que para Freyre realmente representaria o brasileiro e que
galgaria os cargos intermediários da sociedade - seria reservada uma dieta paupérrima.
Portanto não seriam seus atavismos biológicos e sim sua deficiente alimentação a
responsável pela degeneração do povo brasileiro.
Em se tratando de Holanda, Raízes do Brasil resume sua visão sobre a
formação da identidade nacional. Sua primeira versão foi o artigo Corpo e Alma do
Brasil: ensaio de psicologia social, publicado em 1935 na revista Espelho e analisa o
cordialismo brasileiro e suas implicações sobre a política e organização social.
Raízes do Brasil foi publicado em 1936, e discute o choque entre a tradição e
a modernidade na sociedade brasileira. Holanda buscou nas raízes da sociedade
brasileira uma explicação para o atraso social existente no país, produzindo, ao
mesmo tempo, hipóteses para uma possível superação deste retrocesso.
Em Cobra de Vidro, no artigo intitulado negros e brancos, Holanda discute a
maneira como o negro é estudado no Brasil. Destaca que o erro de parte considerável
dos estudos feitos nos últimos tempos consiste no fato de eles encararem com
demasiada insistência apenas o lado exótico do africanismo, sem levar em
consideração a sua contribuição intelectual para a humanidade.
Apesar de apresentar uma discussão sobre o negro, em relação à Holanda
quem está no foco de seus estudos sobre a formação de nossa identidade é
claramente o português e dele se desdobraria um ponto essencial discutido em Raízes
do Brasil: o cordialismo.
Para o autor, o brasileiro seria fruto de uma “herança maldita” dos pais
portugueses, estes seriam os culpados por cultuarmos uma religiosidade de
superfície, por apresentarmos dificuldades em nos associarmos e por pouco
estimarmos o trabalho como meio digno de se viver. Esta herança lusa seria a
responsável pela impossibilidade da formação de um tipo ideal de nação e de brasileiro. O
homem cordial não era o tipo de nacional que Holanda desejava, contudo, era justamente
o que tortamente a herança ibérica havia formado.
Mantendo o ponto de vista que valoriza mais a contemplação e o amor, mais
que a atividade produtiva, o homem ibérico, se distancia das formas de
organização racional da coletividade, porque elas advêm da solidariedade
116
criada a partir do trabalho, coisa que ele nunca desenvolveu. Ou antes,
apenas cultivou a solidariedade no âmbito doméstico [...]. Apenas ali, onde as
relações mais próximas se dessem, jamais em nível “gremial ou nacional”
(HOLANDA, 1995, p.13).
Pedro Monteiro em A queda do aventureiro: Aventura, Cordialidade e os novos
tempos em Raízes do Brasil realça a visão de Holanda sobre os elementos significativos da
conduta lusa, de modo a entender alguns problemas que os brasileiros se deparavam na
ordem do dia a dia. Para explicar tais condutas, Holanda desenvolve um estudo comparativo
entre o aventureiro e o trabalhador, identificando no português, valores que o enquadrariam na
primeira categoria. “Na tentativa de explicar o desenrolar de nossa história, o historiador [...]
(percebe que) a gente ibérica, em especial portuguesa, fora lenta e plasticamente amoldando-
se à nova realidade, deixando-se guiar por uma mentalidade que o historiador cunhou de
espírito de aventura” (MONTEIRO, 1999, p.87).
Segundo Holanda o trabalhador se distingue do aventureiro por “enxergar
primeiro a dificuldade a vencer, não o triunfo a alcançar” (Idem). Ou seja, ele se
preocupa com cada obstáculo a ser transpassado, é detalhista, persistente, imparcial,
e não arrisca sua segurança financeira e pessoal. O aventureiro por sua vez é a
antítese do trabalhador. “Seu ideal será colher o fruto sem plantar a árvore” (Ibidem,
p.88). Sua mentalidade gravita no resultado imediato, sem se preocupar, com os
meios, estratégias e muito menos com o trabalho que despenderá para alcançar seus
objetivos. É também personalista e não coletivista.
É justamente este aventureiro que encerra em si e em seus descendentes
valores e condutas cordiais, que acarretavam problemas na organização econômica,
social e na politica brasileira.
Em relação à economia, Holanda aponta uma inadaptação ao capitalismo. Os
brasileiros, em geral, não demonstram imparcialidade no que concerne aos negócios
financeiros, mesmo em momentos onde a concorrência deveria preponderar. Cita,
para tanto, o espanto de um negociante da Filadélfia ao observar que no Brasil, para
se conquistar um freguês, fazia-se necessário antes torná-lo um amigo. Outro ponto
a ser salientado é a inexistência de uma civilização agrícola.
A agricultura pressupõe trabalho árduo, demorado e calculado. Ações que para
o autor, não se desenvolveram no Brasil graças às condutas ibéricas que visavam
117
lucro rápido, com menor esforço e investimentos possíveis. Tais ações de cunho
econômico se projetam nas relações sociais.
Em uma relação capitalista8 surgem relações imparciais de troca para se atingir
o lucro. No plano social, as relações pessoais se convertem então, em relações
numéricas, e ocorre a racionalização das atividades econômicas. No Brasil a
colonização deixou-se moldar pela paisagem, visando o lucro fácil e rápido e pelas
relações pessoais, baseadas na proximidade e no patriarcalismo.
Contudo não devemos minimizar a colonização portuguesa, visto que no seu
desleixo e na sua plasticidade, eles fixaram raízes. Para tanto Holanda traça uma
comparação entre holandeses e portugueses, no qual afirma que os holandeses
apesar de toda a sua organização e racionalidade para trabalho não tiveram o mesmo
sucesso do português nesta empreitada. O português sem um grande ânimo para o
trabalho soube assimilar as técnicas agrícolas indígenas, sem falar na sua gente e na
sua cultura.
De acordo com Holanda não possuímos uma civilização agrícola, mas sim uma
civilização de raízes rurais. Por civilização agrícola compreender-se-ia o devotamento
à ética do trabalho, no qual há uma preocupação com os recursos, com o tempo, com
a mão de obra, com os maquinários para se atingir determinado objetivo, ou seja, com
os aspectos matérias envolvidos na labuta. Por civilização rural o foco passa a estar
não mais nos aspectos econômicos e sim nas bases culturais que construirão uma
sociabilidade como a que vemos no Brasil, ou seja, há uma guinada dos aspectos
materiais da colonização para os aspectos propriamente mentais. Entra em cena o
homem cordial.
O homem cordial é o genuíno brasileiro, este é fortemente dominado pelas
emoções, pela subjetividade, pelo coração e é avesso ao racional. Encerra em si
certas características herdadas, segundo Holanda, do elemento luso: "o
descompromisso, a informalidade, a liberdade inocente, o trabalho como atividade
lúdica, o descompromisso com a disciplina, a rejeição do trabalho como obrigação, a
sociabilidade solta, imprevisível". (HOLANDA, 1995, p.69)
Tais condutas, no entanto, tornava o homem cordial um grande problema para
a nação. Primeiramente porque o descompromisso, o desânimo, a falta de ética para
8 Ver WEBER, Max. A Ética protestante e o espírito capitalista. Trad. M. Irene. Q. F. Szmrecsányi e
Thamás J.M.K. Szmrecsányi, São Paulo: Pioneira, 1992.
118
o trabalho não é uma das melhores qualidades de identificação para um povo ou para
uma nação, segundo porque a cordialidade pressupõe preferências, e essa
característica nacional não poderia se desenvolver bem em um país que sustentasse
um sistema liberal-democrático, característico de um governo republicano.
Todo pensamento liberal democrático pode resumir-se na frase
célebre de Bentham: "a maior felicidade para o maior número". Não é
difícil perceber que essa idéia está em contraste direto com qualquer
forma de convívio humano baseado nos valores cordiais. Todo afeto
entre os homens fundam-se forçosamente em preferências. Amar
alguém é amá-lo mais do que os outros. Há aqui uma unilateralidade
que entra em franca oposição com o ponto de vista jurídico e neutro
em que se baseia o liberalismo. (Ibidem, p.61)
Essa inadaptação do homem cordial à política analisaremos um pouco mais a
frente, quando discutirmos o papel do Estado na formação da identidade cívica
brasileira, em Sérgio Buarque de Holanda.
A identidade étnica e a identidade cívico-nacional
O estudo e o questionamento destas interpretações sobre o Brasil, propostas
por autores que exerceram influência ideológica e prática sobre seu tempo são
importantes para se compreender as ressonâncias acarretadas pela formulação de
teorias identitárias com interesses múltiplos.
Em artigo publicado por José Murilo de Carvalho, intitulado, O motivo edênico
no imaginário social brasileiro, no qual o mesmo desenvolveu uma entrevista sobre o
que nos faz ter orgulho de sermos brasileiros e a imagem que temos de nós mesmos,
fica patente que o meio físico exerce ainda grande influência no imaginário dos
brasileiros e que a imagem que temos de nós mesmos ainda não é uma das melhores.
Carvalho chama a atenção para a grande quantidade de entrevistados que
disseram ter orgulho de ser brasileiros pelo fato de estar em um país lindo, tropical,
sem furacões, sem vulcões... Tal atitude demonstra a transferência da
responsabilidade cívica do brasileiro para algo pelo qual ele não tem controle. “quem
119
não se vê como um ser civil e cívico não se pode ver como agente, individual ou
coletivo de mudanças sociais e políticas de que se possa orgulhar e deve buscar
alhures razões para a construção de uma identidade nacional.” (CARVALHO, 1998).
Sobre a imagem que temos de nós mesmos, Carvalho constata que 46,3% dos
brasileiros consideram o próximo pouco confiável. Além disso, as características
nacionais mais citadas pelos entrevistados foram a de povo sofredor, trabalhador,
conformado, batalhador..., aspectos estes que somados dão a ideia de um povo
passivo.
Tais características lembram muito os aspectos elancados por Oliveira Vianna
para explicar a população brasileira. E é devido a este caráter popular detritário, que
para o autor; o povo deveria manter-se tutelado pelo Estado Forte: “A realização de
um grande ideal nunca é obra coletiva da massa, mas sim de uma elite, de um grupo,
de uma classe, que com ele se identifica, que por ele peleja” (Vianna Apud Daniel
Pécaut
1990, p. 29).
Segundo José Carlos Reis é preciso que o povo se conheça, para que se veja
como capaz de realizações grandiosas. Por isso, para Reis, a construção da
identidade nacional embasada na figura de um povo digno e vitorioso seria de extrema
importância para o futuro da nação.
Os grupos que conseguem se ver no espelho da cultura, que
conseguem construir a própria figura, em uma linguagem própria,
identificam-se isto é, criticam-se, reconhecem o próprio desejo e
tornam-se competentes até na ação econômico-social. [...] aquele que
manipula os sinais de uma identidade vencedora para obter
vantagens, manipulará a identidade daquele que o reconhece e se
deixa manipular. (REIS, 2006, p. 10).
O reconhecimento exposto por Reis diz respeito à construção de uma
identidade que consequentemente levaria ao surgimento de um sujeito nacional capaz
e atuante.
No Brasil a formulação de uma identidade cultural embasada em atavismos
étnicos e em carências, teria limitado a formação de uma identidade cívico-política.
Ao considerar o brasileiro um por vir, inconcluso ou incapaz criavam-se obstáculos
para sua inserção e participação política.
120
Discutindo esta ideia tão propagada no passado de que éramos uma nação
sem povo, de que o brasileiro seria sempre um por vir, a ser alcançado no futuro,
Weffort analisa o pensamento de Vianna, Holanda e Freyre.
Para o primeiro o brasileiro ideal se concretizaria no futuro, através do
embranquecimento. Já para Holanda e Freyre, os brasileiros e todas as suas
particularidades e diversidades já haviam sido formados antes mesmo do próprio
Estado9. Examinando a questão da formação nacional nas obras de Freyre e Holanda,
Weffort afirma:
[...] começaram a fechar o círculo de indagações sobre a nova
humanidade" foram as de Gilberto Freyre, Sérgio Buarque e Caio
Prado Jr., e, nesse sentido, "[...] os fundadores do Iseb foram legítimos
sucessores, aos quais incumbiu retomar o tema das origens coloniais
e da formação do povo". Entre os anos 1920 e 1950, esses
pensadores deram a perceber que "[...] o grande problema das elites
na formação da sociedade brasileira era menos o de criar um povo do
que o de reconhecer o povo realmente existente e que, aliás, nessas
mesmas décadas, começava a emergir para as luzes do cenário
político (WEFFORT, 2006, p.328).
No que diz respeito à Freyre e Vianna, Darcy Ribeiro em O povo Brasileiro
apresenta uma discussão muito semelhante ao que foi defendido por Weffort. Contudo
em relação à Holanda, Ribeiro apresenta uma ideia oposta.
Segundo Darcy Ribeiro nossa identidade foi construída baseada na falta de
características louváveis a um povo, ou seja, em carências. Se esta foi uma das
características presentes nos vários projetos políticos que buscavam construir nossa
identidade, Freyre destacou-se por chamar atenção para as qualidades das “raças”
em detrimento dos aspectos negativos que eram levantados pelos intérpretes, e
colocados como motivo mor de nosso fracasso como povo. Segundo Darcy Ribeiro a
única leitura ambiguamente positiva dessas qualidades e carências foi a realizada por
Freyre.
Holanda e Vianna, para Ribeiro, buscaram inspiração nas carências, ou seja,
para explicar nossa identidade, selecionaram aspectos que consideraram impeditivos
de sermos nós mesmos.
9 O Estado, segundo Weffort, fora construído a partir da chegada de D. João VI.
121
Sérgio Buarque, por exemplo, ao impetrar a incapacidade do brasileiro ao
português, e Oliveira Vianna, às “raças” consideradas disgênicas – negros e índios -
teriam contribuído para ampliar a ideia de carência em relação a nossa identidade.
Apesar da proposta de Freyre não se basear em carências e seu projeto
identitário na área cultural se apresentar como um avanço para época, em relação à
dimensão política suas teorias sobre o abrandamento das relações sociais
oportunizaram a criação de uma válvula de escape que contribuiu para o
arrefecimento dos conflitos sociais.
Michel Debrum em A identidade nacional brasileira afirma que “O advento de
uma identidade nacional forte, na área cívico-política, tem sido bloqueado desde as
origens” (DEBRUM, 1990, p. 39-49).
A identidade nacional, em sua dimensão cívico-política sofreu com a atuação
de diversos mecanismos que dificultaram a sua construção. Um destes mecanismos
impeditivos seria a própria proposta de identidade nacional - baseada em critérios
étnicos - que buscava englobar todos em um mesmo projeto de nação, que unisse
simbolicamente e diferenciassem político e socialmente. Para tanto, as teorias raciais
mostraram-se viáveis, além de ser um dos critérios de construção da identidade
nacional, construíram critérios diferenciados de cidadania.
[...] a tentativa por parte dos grupos dominantes de neutralizar as aspirações cívico-políticas das camadas subalternas, valorizando, depois de tê-la combatido (até os anos 20), uma comunidade cultural nacional de que eles próprios podem fazer parte. O que representa, de um lado, uma estratégia válvula de escape (dirigida aos grupos subalternos) e, de outro lado, uma integração real, e não apenas ideológica, de todos os brasileiros, ricos e pobres. Só que essa integração, apesar de enaltecida, é simultaneamente folclorizada e no limite turistificada pelos de cima, por ser apenas cultural e polarizada em torno de valores de origem afro-brasileira. (Ibidem, p.47)
Embora as teorias raciais e diversos outros mecanismos relacionados ao
mandonismo10 tenham se transformados em verdadeiros obstáculos à construção de
uma identidade cívico-política brasileira, Debrum apresenta uma visão positiva quanto
a sua consolidação no Brasil. Para o autor, a conscientização sobre tais bloqueios e
consequentemente o seu enfrentamento, nos tornariam sujeitos nacionais mais aptos
10 Dentre os quais citamos: o autoritarismo, as fraudes, as manipulações políticas, o nepotismo e a utilização da força, do medo e do status para manter uma dada ordem.
122
para agir politicamente. “O abalo, ou mesmo a ruptura, hoje, de certos bloqueios
permite, todavia encarar a possibilidade de uma nova identidade, ao mesmo tempo
menos oscilante e mais capaz de servir de pivô, de raiz para uma ação sociopolítica
coerente e de longa duração”. (Ibidem, p. 46).
É por isso que o aprofundamento de estudos sobre a questão identitária ainda
hoje são de extrema importância. Primeiramente porque, autores como Sérgio
Buarque de Holanda, Oliveira Vianna e Gilberto Freyre mapearam e caracterizaram
as etnias que contribuíram para a formação do sujeito nacional, portanto conhecer
suas ideias e preconceitos nos tornariam mais aptos para lidar com as ressonâncias
advindas de suas propostas discriminatórias. Segundo, porque a análise desses
elementos étnicos na nossa sociedade torna-se essencial para o debate, que se
pretende atual, da questão da cidadania. Conforme já explicitado acima, um projeto
cultural baseado em carências ou no abrandamento das relações sociais dificultou a
formação de uma identidade política eficaz. “Na falta daquela identidade (identidade
nacional forte, na área cívico-política) floresceram pseudo-identidades: umas artificiais
outorgadas pelos grupos dominantes, pela Igreja, pelo Exército, pelo Estado; outras
mais naturais, mas raquíticas, por resultarem, da acomodação dos atores às
estruturas de dominação[...]” (Idem).
Bibliografia
ANDERSON, Benedict. Comunidades Imaginadas: Reflexões sobre a origem e a expansão do nacionalismo. São Paulo: Companhia das letras, 2008. BASTOS, Elide Rugai, João Quatim de Moraes (org). O pensamento de Oliveira Vianna. Campinas: Unicamp, 1993. BENZAQUEN, Ricardo, Guerra e Paz – Casa-Grande & Senzala e a obra de Gilberto Freyre nos anos 30. Rio de Janeiro: Editora 34, 1994. ______. História por quem mais entende do assunto. História.com.br. 19 de nov. de 2010. Entrevista concedida a Rodrigo Elias e Claudia Bojunga. Disponível em: <http://www.revistadehistoria.com.br/secao/entrevista/ricardo-benzaquen> BOBBIO, Noberto. Os intelectuais e o poder: dúvidas e opções dos homens de cultura na sociedade contemporânea. SP, UNESP, 1997.
______. Dicionário de Política. Brasília: Universidade de Brasília, 13ª Ed., 2008.
123
BOTELHO, André. Poder Ideológico: Bobbio e os Intelectuais. Lua nova, Centro de Estudos Contemporâneos (Cedec), 2004. BRASIL, Constituição (1934), Constituição da República Federativa do Brasil promulgada em 16 de julho em 1934. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/Constituicao34.htm> ______. Decreto nº 528, de 28 de junho de 1890. Regulariza o serviço da introdução e localização de imigrantes na República dos Estados Unidos do Brasil. Coleção de Leis do Brasil - 1890, Página 1424 Vol. 1 fasc.VI (Publicação Original). Disponível em: <http://www2.camara.leg.br/legin/fed/decret/1824-1899/decreto-528-28-junho-1890-506935-publicacaooriginal-1-pe.html> BRESCIANI, Maria Stella Martins. O charme da ciência e a sedução da objetividade: Oliveira Vianna entre intérpretes do Brasil. 2ª ed. São Paulo: UNESP. 2007. CARVALHO, José Murilo de. O motivo edênico no imaginário social brasileiro. Revista Brasileira de Ciências Sociais. São Paulo, 13 n. 38, Out. 1998. Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0102-69091998000300004>. ______. A Utopia de Oliveira Vianna. Estudos Históricos, Rio de Janeiro, vol. 4, n. 7, 1991. Disponível em: <http://bibliotecadigital.fgv.br/ojs/index.php/reh/article/view/2310/1449>. ______. Coronelismo, Clientelismo: Uma Discussão Conceitual. Revista Dados. vol. 40 nº2, Rio de Janeiro, 1997. Disponível em: < http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0011-52581997000200003&script=sci_arttext CHARTIER, Roger A História Cultural entre Práticas e Representações. 2ed. Rio de Janeiro: Difel, 2002. ______. O mundo como representação. Estudos Avançados, vol.5, nº11, São Paulo Jan./Abr. 1991. Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0103- 40141991000100010&script=sci_arttext> ______. Defesa e ilustração do conceito de representação. Fronteiras, Dourados, MS, v. 13, n. 24, jul./dez. 2011. Disponível em: <http://www.periodicos.ufgd.edu.br/index.php/FRONTEIRAS/article/viewFile/1598/955>. COSTA. M (org.) Para uma história: textos de Sérgio Buarque de Holanda. São Paulo: Editora Fundação Perseu Abramo, 2004. COSTA. M (org.) Sérgio Buarque de Holanda-Escritos coligidos. São Paulo. Unesp, 2011. DEBRUM, Michel. A identidade nacional brasileira. Estudos Avançados. São Paulo: vol.4 nº8, Jan./Abr. 1990, p. 39-49. Disponível em: <http://www.passeidireto.com/arquivo/1744858/michel-debrun---a-identidade-nacional-brasileira.>. DIAS, Maria Odila Leite da Silva (org.) Sérgio Buarque de Holanda. Coleção Grandes Cientistas Sociais. São Paulo, Ática, 1985.
124
FERNANDES, Florestan. O negro na emergência da sociedade de classes. In A integração do negro na sociedade de classes. 1. v. São Paulo: Ática,1978. FERREIRA, Gabriela Nunes. A formação Nacional em Buarque, Freyre e Vianna. Lua Nova. São Paulo, n. 37, 1996. FREYRE, Gilberto. Casa Grande e Senzala. Formação da família brasileira sob o regime da economia patriarcal. 49 ed. São Paulo: Global, 2004. ______. Manifesto regionalista. 7.ed. Recife: FUNDAJ, Ed. Massangana, 1996. ______. Sobrados e Mucambos. Decadência do patriarcado rural e desenvolvimento urbano. São Paulo: Global, 2003. ______. Documentos brasileiros. Diário de Pernambuco. Recife, jul. 1936. ______. Os interesses do Brasil. Correio da Manhã. Rio de Janeiro, 10 nov. 1938. ______. Estudos afro-americanos. Correio da Manhã. Rio de Janeiro, 21 mar. 1942. ______. Soluções brasileiras para males brasileiros. O Cruzeiro. Rio de Janeiro, 02 jun. 1951. Pessoas, Coisas & Animais. ______. Racismo, civilizações e paz racial. O Cruzeiro. Rio de Janeiro, 6 nov. 1965. Pessoas, Coisas & Animais. ______. Do bom e do mau regionalismo. Revista do Norte. Recife, n. 2, p. 5, 1924. GRAHAM, Richard. Construindo uma nação no Brasil do século XIX: Visões novas e antigas sobre classe, cultura e estado: Diálogos. Disponível em: <http://www.dhi.uem.br/publicacoesdhi/dialogos/volume01/vol5_mesa1.html> Acesso em: 28 de fev, 2010. GRIMBERG, Keila, Riçado Sales (orgs) O Brasil Imperial, volume III: 1870-1889. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2009. HANNA, Fábio Tadeu Vighy, Caio Prado Jr. E Oliveira Vianna: Interpretações do Brasil e projetos políticos para a modernização brasileira. AKRÓPOLIS - Revista de Ciências Humanas da UNIPAR. Disponível em: <http://revistas.unipar.br/akropolis/article/view/327/295>. HOBSBAWN, Eric J. Nações e nacionalismos desde 1780: programa, mito e realidade. 5ª ed. São Paulo: PAZ e Terra, 2008.
HOLANDA, Sérgio Buarque de. Raízes do Brasil. 26 ed. São Paulo: Companhia das letras, 1995. ______. Visões do Paraíso: os motivos edênicos no descobrimento e colonização do Brasil. São Paulo: Brasiliense; Publifolha, 2000. ______. Cobra de Vidro. São Paulo: Martins Editora, 1944.
______. O Mito do século XX. Folha da Manhã, São Paulo, 29 de dezembro de 1934.
125
______. Corpo e alma do Brasil: ensaio de psicologia social. Espelho, Rio de Janeiro, mar. De 1935.
______. Tradicionalistas e Iconoclastas. Diário de notícias, São Paulo, 21 mar, 1946.
______. Inatualidade de Cairu. O Estado de São Paulo, São Paulo, 14 mar, 1946.
______. Mentalidade Capitalista e Personalismo. Digesto Econômico, mar de 1947.
______. Os problemas da democracia mundial. Diário de notícias, Rio de Janeiro, 27 jun. 1949.
______. A democracia e a tradição humanista. Diário de notícias, Rio de Janeiro, 26 jun. 1949. ______. Raça, cultura e clima. Diário Carioca, Rio de Janeiro, 27 de agosto de 1950. ______. Clima e Raça. Folha da Manhã, São Paulo, 29 de agosto de 1950. IANNI, Octavio. Tendências do pensamento Brasileiro. Tempo Social. São Paulo, n. 12, 2000. MICELI, Sergio. Intelectuais e classe dirigente no Brasil (1920-1945). São Paulo: Difel/difusão editorial S.A, 1979. MONTEIRO, Pedro Meira. A queda do aventureiro. Aventura, Cordialidade e os novos tempos em Raízes do Brasil. Campinas. Unicamp, 1999.
MORAES, João Quartim de. Joaquim Costa (org). O Pensamento de Oliveira Vianna. Campinas, Unicamp, 1993. PÉCAUT, Daniel. Os intelectuais e a política no Brasil: entre o povo e a nação. São Paulo: Ática, 1990. PRADO, Maria Emília, Integração Nacional e Identidade nacional em Manoel Bomfim e Oliveira Vianna. Arquivo Nacional. Acervo, Rio de Janeiro, v. 19, nº 1-2, jan/dez 2006 - Disponível em: < http://www.arquivonacional.gov.br/cgi/cgilua.exe/sys/start.htm?infoid=116&sid=66&tpl=printerview> PRADO, Marcos Aurélio Máximo. Da mobilidade social à constituição da identidade política: reflexões em torno dos aspectos psicossociais das ações coletivas. Psicologia em Revista, Belo Horizonte, v. 8, n. 11, jun. 2002. Disponível em: <http://www.pucminas.br/imagedb/documento/DOC_DSC_NOME_ARQUI20041214154124.pdf > QUINTAS, Fátima. ANAIS do Seminário Internacional Novo Mundo nos Trópicos. Recife, Fundação Gilberto Freyre, 21 a 24 de março de 2000. Disponível em < http://www.fgf.org.br/centrodedocumentacao/publicacoes/anais_SINMT.pdf>. RAMOS, Jair de Souza. Ciência e racismo: uma leitura crítica de Raça e assimilação em Oliveira Vianna. Revista Brasileira de Ciências Sociais. Rio de Janeiro, vol.10, nº.2.
126
Mai/Ago. 2003. Disponível em: < http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0104-59702003000200005&script=sci_arttext>. REIS, José Carlos. As identidades do Brasil 2: de Calmon a Bonfim: a favor do Brasil: direita ou esquerda. Rio de Janeiro: FGV, 2006.
RIBEIRO, Darcy. O povo Brasileiro. Companhia das Letras: São Paulo, 1995. ROCHA, João Cezar de Castro Rocha. Literatura e Cordialidade. O público e o privado na Cultura Brasileira. Rio de Janeiro: Eduerj, 1998. ROMERO, Sílvio, História da literatura Brasileira, Rio de Janeiro: José Olympio, 1943 SIRINELLI, Jean-François. Os Intelectuais. In RÉMOND, René. Por uma história política. Rio de Janeiro: Editora UFRJ, 1996. VIANNA, Oliveira. Populações Meridionais do Brasil. Edição Eletrônica do Senado Federal – vol 27, Brasília: 2005.
______. Instituições Políticas Brasileiras. Edição Eletrônica do Senado Federal, Brasília:
1999.
______. Raça e Assimilação. 4. ed. Rio de Janeiro: José Olimpio, 1959.
______. Evolução do Povo Brasileiro. 4ª Edição, Rio de Janeiro: José Olympio, 1956 ______. Problemas de organização e problemas de direção: o povo e o governo. 1ª edição, Rio de Janeiro: José Olympio, 1956. ______. Formation éthnique du Brésil colonial. Paris, 1932. ______. Ensaios Inéditos: reunião de trabalhos esparsos, opúsculos e publicações em jornais e revistas especializadas. (Apresentação de Marcos Almir Madeira). Campinas: Editora da Universidade Estadual de Campinas – UNICAMP, 1991. ______. Pequenos Estudos de Psicologia Social, SP, Ed Nacional, 1042, 3ª. Ed, 1921. ______. O Eugenismo Paulista. Correio Paulistano, São Paulo, 5 de mar de 1927.
______. Os Estudos Sociológicos no Brasil. Hierarquia, agosto de 1931.
______. O cidadão do estado novo. Diário de Notícias, Rio de Janeiro, 7 de fev. de 1939.
______. Imigração e colonização ontem e hoje. A manhã, Rio de Janeiro, 5 de nov. de 1943, p.4.