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OS EUA E O SÉC. XXI A AMÉRICA LATINA E O BRASIL Crisna Pecequilo

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OS EUA E O SÉC. XXIA AMÉRICA LATINA E O BRASIL

Cristina Pecequilo

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Resumo da aula

• São abordadas as prioridades de agenda, as mudanças ocorridas na relação hemisférica dos EUA; e, os ganhos de poder do Brasil no séc. XXI.

• Temporalmente:

1. As relações interamericanas (1990-1998): ALCA

2. Crise e distanciamento (1999-2004): Os EUA diminuem sua presença na AL; surgem as primeiras dificuldades no seu relacionamento com o México; e, as transformações de agenda do Brasil e da Venezuela na região

3. Mudança de foco (2005-2012): Diálogo estratégico entre EUA e Brasil

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As relações interamericanas (1990-1998)

• O pós-Guerra Fria foi caracterizado por uma ofensiva regional dos EUA na AL

• O objetivo era preservar a sua zona de influência estratégica frente aos blocos europeu ocidental e asiático

• AL (anos de 1980): “década perdida” encolhimento do crescimento, dívida externa, redemocratização, otimismo neoliberal = inclinação pró-estadunidense

• Única maneira de retomar o desenvolvimento e reinserir-se no cenário internacional pós-bipolaridade aliança preferencial com os EUA; alinhamento ao projeto norte-americano

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• George Bush trade not aid: no discurso, cooperação e expansão democrática. Na prática, impedir a penetração de poderes extraregionais

• Encerramento da Doutrina Monroe (1823) (???) quando foi criada o objetivo era preservar as Américas como zona de influência dos EUA; “a América para os Americanos”

• A AL como “reserva de mercado”

• Estado Normal neoliberalismo do Consenso de Washington; novos temas e integração regional

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1. Neoliberalismo privatização, desregulamentação, cortes de políticas sociais Estado Mínimo

2. Novos temas boa governaça e segurança compartilhada abandono das políticas de defesa e forças armadas nacionais e pedromínio de temas ligados à globalização (direitos humanos, meio ambiente, drogas, imigração)

3. Integração regional Iniciativa para as Américas (IA), Acordo de Livre-Comércio da América do Norte (NAFTA) e a Área de Livre-Comércio das Américas (ALCA)

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• O MERCOSUL como representação do alinhamento automático com os EUA

• Alinhamento automático Collor de Mello (1990-1992); Autonomia Itamar Franco (1992-1994); Alinhamento pragmático FHC1 (1995-1998)

• FHC1 (pragmatismo ambíguo) aproximação em questões de política interna (Estado Normal), mas distanciamento nas negociações da OMC e na AL

• ALCA EUA: early harvest (colheita prévia)

Brasil: single undertaking (único empreendimento), de acordo com as regras da OMC, sem exclusão de setores específicos (regras de exceção) das negociações

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• Mesmo assim, “Para os EUA, o Brasil continuava sendo uma potência regional, inserido no contexto das políticas norte-americanas para a AL, o que não demandava uma atenção ou política diferenciada, limitando-se aos choques periódicos na ALCA e na OMC.” (CRANDALL, 2011 apud PECEQUILO, 2013)

• A crise econômica de 1997-1999 atinge BRA, RUS, KOR e JAP Na AL, aumenta a instabilidade e os choques políticos (destituição de governos), agravamento de condições sociais, crise cambial, desaceleração da economia; mudança de foco da política externa do Brasil; crise da presidência Clinton

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• Nesse contexto, os EUA abandonam a retórica de cooperação e prosperidade hemisférica

• Pressionada por sua realidade de crise, a AL e o Brasil iniciam o processo de mudança de suas políticas internas e externas em direção à retomada da autonomia

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Crise e distanciamento (1999-2004)• Movimento pendular ofensivas táticas e desengajamento

• Reavaliação das políticas na AL (políticas neoliberais, crise social, sem auxílio norte-americano) visão de esquerda e autonomista (Venezuela e Brasil)

• Desalinhamento com as políticas dos EUA e o incremento da cooperação intrarregional e global (moldes Sul-Sul)

• Hugo Chávez retórica reformista, anti-hegemônica e antineoliberalismo

• FHC2 (1999-2002) e Lula (2003-2010) “globalização assimétrica”, retoma-se o contato com potências regionais do mundo em desenvolvimento

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• Resposta da administração Clinton (2000) Plano Colômbia

• Os incentivos comerciais e a retórica da democracia eram substituídos pela prática tradicional da intervenção

• Narcoterroristas (Bush Filho, pós-11/09)

• Enquadramento da Venezuela e Cuba como membros do Eixo do Mal

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• Tríplice Fronteira Brasil-Argentina-Paraguai zona de risco terrorista

• Elaboração de tratados de livre-comércio bilaterais (Chile, Colômbia, Peru, Bacia do Caribe) perspectiva unilateral da política e pelos temas de “poder duro”

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A mudança de foco: os EUA e o Brasil (2005-2012)

• A crise política-econômica dos EUA que emerge em 2005 e se consolida em 2008 representou a continuidade do esvaziamento das políticas hemisféricas

• Redirecionamento da política dos EUA da AL para a AS, com ênfase no Brasil e México

• México imigração e segurança (pós-2001) objetivo: barrar a imigração ilegal e o tráfico de drogas; aprovação de resolução para construção de um muro entre os dois países; modernização dos sistemas de monitoramento e patrulhamento fronteiriço; Ato Patriota

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• Ato Patriota dá às forças policiais o direito de encarcerar suspeitos de serem imigrantes ilegais e de deportarem, sem julgamento, caso comprovada a sua situação irregular nos EUA

• Iniciativa Mérida mecanismo de cooperação bilateral combate ao crime organizado, defesa do Estado de direito, criação de uma nova estrutura fronteiriça e criação de comunidades fortalecidas

• NAFTA apesar de ter triplicado os fluxos comerciais (EUA México), o acordo não foi capaz de alavancar o desenvolvimento mexicano gerando mais empregos ou transferência de tecnologia

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• Brasil estabilizador regional diante da ascenção de Chávez (Evo Morales e Rafael Correa), consolidação da UNASUL, desempenho nas arenas multilaterais globais, descoberta das reservas do pré-sal, produção do etanol de cana-de-açúcar

• O caso Honduras e a MINUSTAH

• Negociação do Acordo Nuclear Tripartite (Brasil-Turquia-Irã)

• Visita de três líderes do Oriente Médio (2010) Ahmedinejad (Irã), Abbas (Palestina) e Peres (Israel)

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• Primavera Árabe postura brasileira contrária à presença militar dos EUA na região

• Antes percebidas pelo prisma “latino”, essas relações ganharam uma dimensão própria a partir do reconhecimento norte-americano do prestígio brasileiro

• Presença chinesa, movimentos sentido Rússia e Índia no espaço geopolítico brasileiro

• A China substitui os EUA na pauta comercial brasileira como principal parceiro individual (2011)

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2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016

-15,000

-10,000

-5,000

0

5,000

10,000

15,000

Balança comercial do Brasil por país em bilhões de US$

EUA CHINA

Fonte: AliceWeb

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• A ausência de políticas positivas para a região após a ofensiva dos anos de 1990, a dificuldade em acomodar parceiros bilaterais emergentes, a crise econômica e a paralisia de um sistema político e social cada vez mais polarizado em Washington indicam um esvaziamento da presença dos EUA no hemisfério

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A América do Sul nos governos de FHC, Lula e

Dilma Rousseff

Leandro f. coutoAndré p. F. Leão

Regiane n. bressan

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FHC Lula

• Desde a primeira metade da década de 1990, a américa do sul passa a se delinear como a principal referência regional da identidade internacional do brasil

• De latino-americano. O brasil redefine seu horizonte regional e a sul-americanidade passa a compor sua identidade internacional

• O primeiro sinal disso, data de 1993, com a proposta de itamar franco (celso amorim na chancelaria) de criação de uma área de livre comércio da américa do sul (ALCSA)

• Reação ao nafta (então nascente) e à atração que o bloco exercia em alguns vizinhos brasileiros

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• Crise financeira do final dos anos 90 e desgaste do mercosul – que focava em questões comerciais

• A partir do ano 2000, fhc2, a américa do sul se afirma como plataforma regional preferencial do brasil

• Esse movimento é reforçado e intensificado no governo lula

• Institucionalização do multilateralismo na região – comunidade sul-americana de nações (casa) união sul-americana de nações (UNASUL, 2008)

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• Unasul projeto brasileiro, distinto da atuação de chávez na américa do sul, baseado no bilateralismo financiado pelos petrodólares

• CELAC (2010) – COMUNIDADE DE ESTADOS LATINO-AMERICANOS E CARIBENHOS VERSUS OEA

• DISTANCIAMENTO MOMENTÂNEO DOS EUA NA REGIÃO

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FHC Lula: continuidade x ruptura

• Dentro da continuidade há mudanças qualitativas

• Paradigma do estado logístico o estado tem um papel de apoio, mas também de orientação, à dinâmica da economia e da sociedade

• Intrumentalização da ideia de américa do sul, a partir de 2000, e o aprofundamento do estado logístico com lula

• Lula atuar num modo mais assertivo e pró-ativo na busca de interesses nacionalmente definidos e de projetos compartilhados com os vizinhos regionais e com outros parceiros internacionais

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• Lula global-multilateral ≠ bilateral-hemisférica, e combina os eixos norte-sul e sul-sul

• Fhc percebendo os limites da década bilateral, dá atenção especial ao eixo horizontal, e ao entorno sul-americano

• Corrente autonomista concede um destaque especial à cooperação com o sul

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• Corrente liberal destaca a participação no regimes internacionais, e busca uma liderança regional mais discreta

• Fhc teria buscado um comportamento que unisse as duas correntes, principalmente, no 2º mandato; enquanto lula, destaca a perspectiva autonomista

• De fhc para lula, há uma passagem para uma defesa mais vigorosa e ativa da construção de uma liderança regional (mudança dentro da continuidade)

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FHC Lula: institucionalização do multilateralismo regional

• A américa do sul, além da sua nítida significação geográfica, é uma região a ser construída (adensamento dos fluxos internos, redes de conexão, integração social e identidade própria)

• Iirsa, 2000 iniciativa para a integração da infraestrutura regional sul-americana

• A IIRSA é financiada, desde sua criação, pelo Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), pela Corporação Andina de Fomento (CAF), o Fundo Financeiro para Desenvolvimento da Bacia do Prata (FONPLATA) e o bndes

• Preocupação com as assimetrias, com o desenvolvimento e inclusão social para além dos limites econômico-comerciais

• Maior estabilidade e previsibilidade, ficando menos afeita ao humor de novos governos

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Lula Dilma

• Uma das grandes prioridades da política externa do governo lula foi o aprofundamento das relações do brasil com os países vizinhos

• Sendo inserida em um novo modelo de regionalismo, mais voltado para a concertação política e para a interlocução em temas sociais e de infraestrutura, indo além dos tradicionais temas econômico-comercial

• Forte presença da diplomacia presidencial, fazer da américa do sul uma zona preferencial para a construção de uma base regional sólida para projeção internacional

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• No governo dilma, a américa do sul continua em evidência, mas deixa de ser prioridade – iniciativas mais voltadas ao plano global e foco nas questões de cunho doméstico em detrimento da política externa

• No que tange à diplomacia presidencial, há um enfraquecimento desse tipo de atuação

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Correntes domésticas

• Nacional-desenvolvimentista / autonomista pt foca a dimensão da política de integração / fortalecimento da indústria nacional, por vezes, com um viés protecionista / posicionamento terceiro-mundista

• Liberal-institucionalista / institucionalistas pragmáticos psdb e dem maior projeção econômica do brasil no âmbito global, maior abertura econômica sem abrir mão de uma política industrializante

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• Aplicação na américa do sul:

• Autonomistas integração regional de caráter político e social, com base em uma identidade sul-americana, e o brasil assumiria uma parte relativa dos custos da integração (posição criticada internamente e pelos vizinhos)

• Institucionalistas pragmáticos construção de uma liderança brasileira, com moderação, e com base nas ideias de estabilidade democrática e desenvolvimento de infraestrutura

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Dilma Rousseff

• Ela não atuou como elemento de equilíbrio, propositivo e nem mostrou vontade política específica com o entorno regional

• Lula e celso amorim política mais altiva e ativa

• Atitudes mais táticas, em sua maioria, reativas e defensivas casos da suspensão do paraguai do mercosul, FUGA DO SENADOR BOLIVIANO ROGER MOLINA demissão de antônio patriota

• Preferência por relações mais próximas com os países do norte, como eua e o acordo mercosul-ue, e também com os emergentes (BRICS)

• O tema da liderança regional perdeu espaço para uma liderança mais ampla, de vocação mais global, que envolve os países do sul em geral

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• Priorização da política interna em detrimento da externa (SITUAÇÃO POLÍTICA E ECONÔMICA) – queda do pib desde 2011, aumento da taxa de desemprego, desvalorização do real frente ao dólar, aumento gradual da inflação, processo de desindustrialização, reprimarização das exportações brasileiras, manifestações de 2013, escândalos de corrupção na petrobras, processo de impeachment

• Esvaziamento do Itamaraty falta de articulação entre os diversos setores do governo

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• Posicionamento dúbio do brasil diante a deposição do presidente fernando lugo no paraguai

• Pressão da argentina e da venezuela – cláusula democrática – suspensão do paraguai do bloco

• Fuga do senador boliviano roger pinto da embaixada brasileira em la paz com ajuda do diplomata eduardo saboia

• Demissão de antonio patriota (Min. Das rel. Ext.) e afastamento de eduardo saboia

• Críticas aos investimentos do bndes no porto de mariel e o programa “mais médicos”

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• Recuo da diplomacia presidencial por desinteresse ou inaptidão

• Diplomacia presidencial caracterizada sempre que o presidente agir de modo independente da ação protocolar da política externa

• Pouco se engajou em temas internacionais (Dip. Pres.), à exceção de cúpulas e visitas a alguns países amigos

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• DECADÊNCIA DOS GOVERNOS PROGRESSISTAS NA AMÉRICA DO SUL, COMO NA ARGENTINA MAURICIO MACRI, LIBERAL E DE CENTRO-DIREITA

• Aliança do pacífico CHl, COL, PER, MEX comprova a necessidade de alguns países em retomarem uma agenda de liberalização econômica como foi nos anos 90

• Faz frente à atuação brasileira tanto em termos bilaterais, como ao Mercosul e Unasul

• A retomada progressiva das relações dos eua com a região cuba e relações bilaterais com outros países

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Narcotráfico e militarização nas

Américas

Thiago Rodrigues

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A emergência de uma guerra

• Há cem anos não havia ainda a definição da “questão das drogas” como um problema

• Em 1912, a Conferência de Haia, ainda não proibia a produção, venda e consume de qualquer substância

• A recriminação do “uso recreativo” e a defesa estrita do “uso medico” eram o foco das discussões entre medicos e autoridades sanitárias

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• A ojeriza surgiu ao se vincular o uso a alguns grupos de imigrantes e/ou minorias étnicas

• Segundo Rodrigues (2012, p. 13),

“Somente com a proibição total de um conjunto de drogas psicoativas é que a questão sanitária e de saúde pública se converteu, também, em problema de segurança pública, amplamente lastreado nos juízos morais e racistas que demonizavam essas substâncias, quem as usava e as negociava.”

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• O caso da Lei Seca nos EUA (1919) revogada em 1933 fortalecimento de grupos ilegais e o modelo proibicionista

• Foucault (Biopolítica) formulação de políticas para a contenção, manutenção e controle populacional

• A proibição não alcançou seu objetivo declarado supressão de hábitos e o circuito econômico impulso à margem da lei preços inflados

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• No pós-1945, com a facilitação da circulação de produtos e pessoas há um boom na demanda por psicoativos

• De acordo com Rodrigues (2012, p. 14),

“Na sombra produzida pela ilegalidade e criminalização, foi gerado o narcotráfico, negócio potente que expandiu e prosperou ao mesmo tempo em que se sofisticaram as leis domésticas e internacionais visando sua repressão.”

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Narcotráfico, diplomacia e guerra

• A diplomacia das drogas Richard Nixon (1972) as drogas passam a ser vistas como uma ameaça à sociedade estadunidense e para combatê-las era necessário declarar uma “guerra às drogas”

• O discurso da “guerra às drogas” permitiu aos EUA considerarem-se “vítimas” acionamento de uma retórica de segurança nacional processo de securitização

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• No plano interno endurecimento das penas para traficantes e usuários e aumento do encarceramento

• No plano internacional intervenções policial-militares em países estrangeiros

• Durante o governo de Ronald Reagan (anos 80) ênfase na militarização da “guerra às drogas”

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• Identificação do narcoterrorismo nas guerrilhas de esquerda – FARC e o Sendero Luminoso ameaça à segurança continental/regional

• Justificativa para que os EUA insistissem na necessidade de combater militarmente o narcotráfico

• A adesão dos países latino-americanos foi impulsionada por pressões diplomáticas-econômicas

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• Publicação anual de uma lista de países que, na avaliação dos EUA, colaboraram ou não com a “guerra às drogas”

• No governo Bush, identifica-se a Colômbia, Peru e Bolívia como as principais fontes da cocaína consumida nos EUA

• Estratégia Andina sem restrições ao uso dos recursos, os mesmos poderiam ser empregados no combate às guerrilhas de modo a garantir a eficácia das ações antidrogas

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A recorrência da guerra

• COLÔMBIA:

• Pode-se perceber no caso colombiano a ação dos interesses estadunidenses e os objetivos políticos locais

• Anos de 1940 guerrilhas de esquerda, o Estado e grupos paramilitares de direita

• O Plano Colômbia, em 2000, liberava recursos para ações antidrogas, mas não especificamente para o combate às guerrilhas

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• Após o 11/09, as FARC, o Exército de Libertação Nacional (ELN) e os paramilitares foram todos classificados como grupos terroristas

• Seu combate passa a ser justificado pela acoplagem entre a guerra ao terror e a guerra às drogas

• O plano não enfraqueceu o narcotráfico e estimulou a pulverização, desde o desmantelamento dos cartéis de Medellín e de Cali

Page 46: OS EUA E O SÉC. XXI A AMÉRICA LATINA E O BRASIL · • Primavera Árabe postura brasileira contrária à presença militar dos EUA na região • Antes percebidas pelo prisma “latino”,

• Há autores que associam o crescimento dos grupos narcotraficantes mexicanos, em 2000, ao enfraquecimento do tráfico de drogas colombianas

• MÉXICO:

• Bush Filho Iniciativa Mérida: plano de apoio financeiro, de treinamento militar, de compra de equipamentos bélicos e para a reforma do aparato judiciário voltado para combater o narcotráfico

Page 47: OS EUA E O SÉC. XXI A AMÉRICA LATINA E O BRASIL · • Primavera Árabe postura brasileira contrária à presença militar dos EUA na região • Antes percebidas pelo prisma “latino”,

• Resultados: cerca de 50 mil mortos gerados pelos embates entre grupos narcotraficantes e forças de segurança do Estado

• Governo Obama, início da Iniciativa Mérida II, continuidade no processo de militarização do combate ao narcotráfico no país

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• BRASIL:

• Hoje caracterizado como um país consumidor, produtor e praça para lavagem de dinheiro

• Associação às populações pobres, habitantes de favelas e periferias e vinculado aos chamados comandos ou partidos do crime

• O vínculo entre entre narcotráfico e pobreza tem justificado programas de segurança pública que insistem na repressão e no proibicionismo

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• Sem uma especificação clara que tipifiquem “posse para uso pessoal” e “tráfico de drogas”

• Captura de indivíduos segundo a sua procedência social, cor de pele e outros estereótipos

• UPPs projeto caracterizado por discurso militar conquista territorial, ocupação estratégica, pacificação

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• O narcotráfico intersecciona a segurança doméstica e internacional terra fértil para o discurso da securitização

• Uso das Forças Armadas contra os próprios concidadãos é uma releitura do processo histórico latino-americano

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AS ORGANIZAÇÕES REGIONAIS E A PROMOÇÃO E PROTEÇÃO DA

DEMOCRACIA

Andrea Ribeiro Hoffmann

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Normas e instrumentos globais para promoção e proteção da democracia

Lugar lógico do conceito de democracia é o regime de direitos humanos

Declaração Universal dos Direitos Humanos: vontade popular base para a autoridade dos governos eleições periódicas

Direitos civis e políticos versus direitos sociais e econômicos

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Democracias representativas, participativas e deliberativas + democracias liberais e democracias sociais

Responsabilidade para proteger: estabelece condições sobre as quais a soberania dos estados-nacionais deveria ser condicionada a outros princípios

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Organização dos Estados Americanos (OEA)

Carta de Bogotá (1948): a democracia é um dos princípios constitutivos

Protocolo de Washington (1992): sistema de normas e mecanismos para proteger e promover a democracia

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Mercado Comum do Sul (Mercosul)

Protocolo de Ushuaia (1998/2002)

Protocolo de Montevidéu – Ushuaia II (2011/?): deve ser implementado não apenas em caso de ruptura democrática, mas também, em caso de ameaça

Protocolo de Direitos Humanos (2005/2010): respeito aos direitos humanos e às liberdades fundamentais

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Observatório da democracia (2007): acompanha os processos eleitorais

Declaração presidencial sobre direitos humanos (2005): direito à verdade e luta contra a impunidade

Protocolo constitutivo do Parlamento do Mercosul

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União das Nações Sul-Americanas (Unasul)

Unasul (2008): mudança de paradigma no modelo de integração regional na América do Sul

Princípio da soberania e da não-intervenção, não incluindo a possibilidade de sanções militares – responsabilidade de proteger

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A prática da proteção da democracia na América do Sul

Sanções políticas

Não foram implementadas sanções econômicas, e não existe previsão para sanções militares

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Instrumentos:

1. OEA Resolução 1080 e Carta Democrática;

2. Mercosul Declarações presidenciais e Protocolo de Ushuaia

3. Unasul Declarações presidenciais e o Protocolo democrático

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Mandatos sobrepostos

Apesar da referência às normas regionais, a decisão de classificar um evento como uma crise é um processo predominantemente político

Caso do Paraguai em 2012