os elementos e os princípios da composição...

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1 OS ELEMENTOS E OS PRINCÍPIOS DA COMPOSIÇÃO ARQUITETÔNICA: PARALELOS ENTRE VITRÚVIO E LE CORBUSIER 1 ELEMENTS AND PRINCIPLES OF ARCHITECTURAL COMPOSITION: PARALLELS BETWEEN VITRUVIUS AND LE CORBUSIER Leandro Manenti Universidade Federal do Rio Grande do Sul, UFRGS [email protected] Resumo O trabalho se propõe a estabelecer um comparativo entre Vitrúvio e Le Corbusier fundamentado na análise textual. Através deste comparativo, propõe-se analisar o tema da composição arquitetônica, discutindo a noção de elementos arquitetônicos assim como os princípios que regem a composição formal, procurando identificar paralelos entre os dois autores. O método de pesquisa empregado para o desenvolvimento deste trabalho se baseia essencialmente na análise textual, tomando como fontes o tratado de Vitrúvio os livros fundamentais de Le Corbusier, com ênfase em Precisões e Por uma Arquitetura. O desenvolvimento da pesquisa se dá retomando ambos os autores buscando conceituar e compreender a operacionalidade dos termos de suas teorias. Finalizando, o trabalho se propõe a discutir as duas noções de beleza que se pode extrair de ambos os autores: uma relacionada ao conjunto, construída abstratamente a partir das relações entre as partes, e cuja fundamentação advém da natureza; e outra relacionada aos elementos, construída a partir do reconhecimento visual de formas, ligada à tradição arquitetônica. Palavras-chave: Elementos; Princípios; Composição. Abstract The paper aims to establish a comparison between Vitruvius and Le Corbusier based on textual analysis. Through this comparison, it is proposed to analyze the subject of architectural composition, discussing the notion of architectural elements and the principles that govern the formal composition, seeking to identify parallels between the two authors. The research method employed for the development of this work is essentially based on textual analysis, using as sources the Vitruvian treatise and fundamental books of Le Corbusier, with an emphasis on Precisions and Towards a New Architecture. The development of the research takes place retaking both authors seeking to conceptualize and understand the operation of the terms of their theories. Finally, the study aims to discuss the two notions of beauty that can be extracted from both the authors: one related to the whole of the work, abstractly constructed from the relations between the elements, and whose basis comes from nature; and another related to the elements, constructed from the visual recognition of forms, linked to the architectural tradition. Keywords: Elements; Principles; Composition. 1 INTRODUÇÃO O trabalho apresenta os resultados parciais do projeto de pesquisa intitulado Arquiteturas Escritas: Investigação acerca dos princípios e procedimentos de projeto a partir de textos de autores arquitetos. Esta pesquisa tem por objetivo examinar os desdobramentos e interpretações dos seis conceitos componentes da arquitetura segundo Vitrúvio (Ordinatio, Dispositivo, Eurythmia, Symmetria, Decor e Distributio) por dois autores arquitetos igualmente importantes em seus respectivos períodos históricos: Leon Battista Alberti e Le Corbusier, à luz das proposições levantadas pelas pesquisas de doutorado do autor. Neste trabalho especificamente, propõe-se estabelecer um comparativo de cunho teórico entre Vitrúvio e Le Corbusier fundamentado na análise textual. Por meio deste, propõe-se analisar o tema da composição arquitetônica, discutindo a noção de 1 MANENTI, L. Os elementos e os princípios da composição arquitetônica: paralelos entre Vitrúvio e Le Corbusier. In: 11° SEMINÁRIO NACIONAL DO DOCOMOMO BRASIL. Anais... Recife: DOCOMOMO_BR, 2016. p. 1-12.

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OSELEMENTOSEOSPRINCÍPIOSDACOMPOSIÇÃOARQUITETÔNICA:PARALELOSENTREVITRÚVIOELECORBUSIER1

ELEMENTSANDPRINCIPLESOFARCHITECTURALCOMPOSITION:PARALLELSBETWEENVITRUVIUSANDLECORBUSIER

LeandroManentiUniversidadeFederaldoRioGrandedoSul,UFRGS

[email protected]

ResumoOtrabalhosepropõeaestabelecerumcomparativoentreVitrúvioeLeCorbusierfundamentadonaanálisetextual.Atravésdeste comparativo, propõe-se analisar o tema da composição arquitetônica, discutindo a noção de elementosarquitetônicos assim comoos princípios que regema composição formal, procurando identificarparalelos entreos doisautores.Ométododepesquisa empregadoparaodesenvolvimentodeste trabalho sebaseia essencialmentena análisetextual,tomandocomofontesotratadodeVitrúviooslivrosfundamentaisdeLeCorbusier,comênfaseemPrecisõesePorumaArquitetura.Odesenvolvimentodapesquisasedáretomandoambososautoresbuscandoconceituarecompreenderaoperacionalidadedostermosdesuasteorias.Finalizando,otrabalhosepropõeadiscutirasduasnoçõesdebelezaquesepodeextrairdeambososautores:umarelacionadaaoconjunto,construídaabstratamenteapartirdasrelaçõesentreaspartes, e cuja fundamentação advém da natureza; e outra relacionada aos elementos, construída a partir doreconhecimentovisualdeformas,ligadaàtradiçãoarquitetônica.

Palavras-chave:Elementos;Princípios;Composição.

AbstractThe paper aims to establish a comparison between Vitruvius and Le Corbusier based on textual analysis. Through thiscomparison, it is proposed to analyze the subject of architectural composition, discussing the notion of architecturalelementsandtheprinciplesthatgoverntheformalcomposition,seekingtoidentifyparallelsbetweenthetwoauthors.Theresearchmethodemployedforthedevelopmentofthisworkisessentiallybasedontextualanalysis,usingassourcestheVitruviantreatiseandfundamentalbooksofLeCorbusier,withanemphasisonPrecisionsandTowardsaNewArchitecture.Thedevelopmentoftheresearchtakesplaceretakingbothauthorsseekingtoconceptualizeandunderstandtheoperationofthetermsoftheirtheories.Finally,thestudyaimstodiscussthetwonotionsofbeautythatcanbeextractedfromboththeauthors:onerelatedtothewholeof thework,abstractlyconstructedfromtherelationsbetweentheelements,andwhosebasis comes fromnature;andanother related to theelements, constructed fromthevisual recognitionof forms,linkedtothearchitecturaltradition.

Keywords:Elements;Principles;Composition.

1 INTRODUÇÃO

Otrabalhoapresentaosresultadosparciaisdoprojetodepesquisa intituladoArquiteturasEscritas:Investigação acerca dos princípios e procedimentos de projeto a partir de textos de autoresarquitetos. Estapesquisa temporobjetivo examinaros desdobramentos e interpretaçõesdos seisconceitos componentes da arquitetura segundo Vitrúvio (Ordinatio, Dispositivo, Eurythmia,Symmetria, Decor e Distributio) por dois autores arquitetos igualmente importantes em seusrespectivosperíodoshistóricos:LeonBattistaAlbertieLeCorbusier,àluzdasproposiçõeslevantadaspelaspesquisasdedoutoradodoautor.Nestetrabalhoespecificamente,propõe-seestabelecerumcomparativode cunho teórico entreVitrúvio e Le Corbusier fundamentadona análise textual. Pormeio deste, propõe-se analisar o tema da composição arquitetônica, discutindo a noção de

1MANENTI,L.Oselementoseosprincípiosdacomposiçãoarquitetônica:paralelosentreVitrúvioeLeCorbusier.In:11°SEMINÁRIONACIONALDODOCOMOMOBRASIL.Anais...Recife:DOCOMOMO_BR,2016.p.1-12.

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elementos arquitetônicos, seus fundamentos e origens, assim como os princípios que regem acomposiçãoformal,procurandoidentificaraproximaçõesedistanciamentosentreosdoisautores.

Ométododepesquisasebaseianaanálisedetextosdeambosautoresarquitetos,tomandocomofontes o tratado de Vitrúvio e algumas de suas traduções, uma vez que o estudo simultâneo emdiversastraduçõeséoquepermitesechegaremumtextomaisfielaooriginalsobopontodevistaconceitual,assimcomooslivrosfundamentaisdeLeCorbusier,comênfaseemPrecisõesePorumaArquitetura. O desenvolvimento da pesquisa se dá retomando ambos os autores buscandoconceituarecompreenderaoperacionalidadedostermosdesuasteorias.

2 ATEORIAVITRUVIANA

O sistema formal vitruviano descrito no Livro 1 de seu tratado está fundamentado na noção decomposição realizada a partir de elementos, podendo-se agrupar os termos da teoria em doisgrandes grupos: o de princípios, que determinam condições para excelência arquitetônica, e o deprocedimentos, queauxiliamoarquitetono controledoprojeto.Apartir doestudodesenvolvido,compreende-se que os três princípios fundamentais da excelência podem ser sintetizados emintegridade dos elementos, que se encontra relacionada ao conceito de eurythmia; harmonia doconjunto, que está relacionada ao conceito de symmetria; e pertinência dos elementos de acordocomasconvençõessociais,relacionadaànoçãodedecor.

Consideradasestaspremissasdequalidade,cabeoarquitetocomporoprojeto,epara talVitrúviorecomendaprocedimentosqueorientamaatuaçãodoprofissional. Identifica-se,apartirdoestudodotexto,quatroprocedimentosdeprojetoprincipais:ageometrizaçãodaproposta(ordinatio),quepodedar-sepelaadoçãoouadaptaçãodeesquemasgeométricosrecorrentesoumesmopelacriaçãode esquemas novos para circunstâncias especiais (figura 1); a adoção de um sistemamodular deregramentoparaoprojeto,oqualpartedemedidasconcretascomoatestadadoloteeestabeleceumintervalodereferência(modulus),quecomandaráodimensionamentodaspartes(quantitas);odesenhoprojetivo(dispositio),oqualcorrespondeaoatovisíveldeprojetarqueserealizaatravésdeplantas, elevações e perspectivas; e um grupo de outros procedimentos os quais podem seragrupados pela noçãode ajustes, e quepropõem, por exemplo, a subtração (detractio) ou adição(adiectio)departes,acurvaturadabase(scamilliimpares)ouaêntasedacoluna(entasis),auxiliandono controle da percepção de integridade dos elementos, naturalmente distorcidos pelascaracterísticasóticasdavisãohumana.

Figura1–Exemplosdeesquemasgeométricosdeordenamentoparatemposeteatros

Fonte:MANENTI,2014,p.164,196.

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2.1 Oselementosdateoriavitruviana

Ao abordar o primeiro dos seis conceitos fundamentais da arquitetura, ordinatio2, Vitrúvio deixaclara a noção de que a arquitetura para ele é algo realizado a partir de partes, ou elementos(membrus).Esteselementos,conformedescritonadefinição,sãoadaptadosacadaprojeto,sendoaoperaçãodequantitasaresponsávelporisto.Quantitasaparecedefinidacomoaadoçãodemóduloscom o objetivo de dimensionar os elementos, módulos esses extraídos a partir dos própriosmembros da obra. Segundo a definição, se um projeto é composto a partir de elementos que,isolados,possuemumaconfiguraçãopré-estabelecida,oprocedimentodaquantitas seria,então,aadaptação desta configuração inicial dos elementos quantificando-os, ou dimensionando-os,tomandocomoreferênciaumaunidademodularcomum,queéestabelecidaapartirdadimensãodeumdesseselementosquecompõemoprojeto.

Anoçãodeelementos,por suavez, apareceatravésdo termomembrus,oqualestápresentenasdefiniçõesdeordinatio,eurythmia3,symmetria4,eemoutraspartesdotexto,semquehaja,porém,umadefiniçãoprecisa,emboranoLivroIIIpode-seentenderqueosmembrusdocorpohumanosão,por exemplo, o palmo, a cabeça, o pé, o antebraço e o peito, assim como os elementos daarquiteturaconstituem-sedaspartesestruturaisedecorativasempedraquecompõemoprojetodeumtemplocomocapitéis,colunas,arquitraves,frisos,tímpanos,frontõeseacrotérios.Alémdesteselementos, agrupados em gêneros de colunas, que posteriormente serão chamados também deordens,Vitrúviotratadeformaanálogaosnúcleosfuncionais.Advindosdenecessidadesdeusoemedifícios como termasou residências,esteselementos sãodimensionadoseassociados talqualoselementos tradicionalmente entendidos, constituindo esta postura em uma antecipação àquelachamadademodernafuncionalista.

Outro conceito importante vinculado aos elementos, e que aparece também nas definições dosconceitos fundamentais, é o conceito de proportio. Seguidamente apresentado ao lado do termosymmetria no tratado,elenãocompõeo roldos seis conceitos fundamentaisparaVitrúvio,masaanálise do texto confirma seu papel crucial na teoria. Retomando a definição deordinatio, o qualseria a adaptação dimensional dos elementos tomados separadamente e o estabelecimento derelações dimensionais gerais (universeque proportionis) com o objetivo de alcançar a symmetria,temosavinculaçãodeproportiocomumdimensionamentorelacionaldaspartes(figura2).Aolongodo Livro III,proportio aparece comocondição inicial paraaobtençãoda symmetria5, umavezque 2Orderingistheproportiontoscaleofthework’sindividualcomponentstakenseparately,aswellastheircorrespondencetoanoverallproportionalschemeofsymmetry.Itisachievedthroughquantity,whichinGreekiscalledposotês.Quantity,inturn,istheestablishmentofmodulestakenfromtheelementsoftheworkitselfandtheagreeableexecutionoftheworkasawholeonthebasisoftheelements’individualparts(VITRUVIUS,p.24.TraduzidoporIngridRowland).3Shapeliness(eurythmia)isanattractiveappearanceandcoherentaspectinthecompositionoftheelements.Itisachievedwhentheelementsoftheprojectareproportionateinheighttowidth,lengthtobreadth,andeveryelementcorrespondsinitsdimensionstothetotalmeasureofthewhole(VITRUVIUS,p.25.TraduzidoporIngridRowland).4 Symmetry is the proportioned correspondence of the elements of thework itself, a response, in any given part, of theseparatepartstotheappearanceoftheentirefigureasawhole.Justasinthehumanbodythereisaharmoniousqualityofshapeliness expressed in terms of the cubit, foot, palm, digit, and other small units, so it is in completing works ofarchitecture.Forinstance,intemples,thissymmetryderivesfromthediameterofthecolumns,orfromthetriglyph,orfromthe lower radius of the column; in a ballista, it derives from the hole that the Greeks call peritrêton, in boats from the(spacing of the) oarlock, which the Greeks call the diapegna; likewise for all the other types of work, the reckoning ofsymmetriesistobefoundamongtheircomponentparts(VITRUVIUS,p.25.TraduzidoporIngridRowland).5Thecompositionofatemple isbasedonsymmetry,whoseprinciplesarchitectsshouldtakethegreatestcaretomaster.Symmetryderivesformproportion,whichiscalledanalogiainGreek.Proportionisthemutualcalibrationofeachelementoftheworkandofthewhole,fromwhichtheproportionalsystemisachieved.Notemplecanhaveanycompositionalsystemwithout symmetryandproportion, unless, as itwere, it hasas exact systemof correspondence to the likenessof awell-formedhumanbeing.(…)Andso,ifNaturehascomposedthehumanbodysothatinitsproportionstheseparateindividualelements answer to the total form, then ancients seem to have reason to decide that bringing their creations to fullcompletionlikewiserequiredacorrespondencebetweenthemeasureofindividualelementsandtheappearanceoftheworkasawhole(VITRUVIUS,p.47.TraduzidoporIngridRowland).

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tratariadoestabelecimentodeumarelaçãodeco-modulaçãoentreoselementos,apartirdaqualsealcançaasymmetria.Comoexemplo,Vitrúvioapresentaafamosadescriçãorelacionaldaspartesdohomem,econcluiafirmandoquedamesmamaneiraqueanaturezafezocorpohumanodeformaque aproportio de seusmembros corresponda a do todo, os antigos estabeleceram que devessehavercomensurabilidadeentreasparteseotododeumaobradearquitetura.

Figura2–Exemplosdeproportiodoselementos

Fonte:HoweIn:VITRUVIUS,1999,p.147.

Assim, a partir destas passagem, pode-se entender que proportio está vinculado à criação derelações,equeessasrelaçõesenvolvemcálculos,e,portanto,sãorelaçõesmatemáticas;queessasrelaçõesmatemáticasseconstituememrazõesquerelacionamasdimensõesdosdiversoselementosde umprojeto; que, embora a descriçãodas relações dimensionais no corpohumano induzamaoestabelecimentodeummódulo,comoopalmo,opé,eocúbito,Vitrúvionãoutilizaestetermonadescrição,poisparece-nosinduzirapensarque,quandoestasrelaçõesentreoselementosvãoalémderelaçõespontuaisentreduaspartes,umsistemamodularderegramentoécriado,atingindo-se,assim,oestágiodasymmetria.

Istoposto,pode-severificarqueháumadistinçãoentreproportioesymmetriatambémemtermosdo objeto ao qual se aplicam, uma vez queproportio estaria ligado aos elementos isoladamente,como uma razão entre suas dimensões, e symmetria estaria ligada ao todo, ou seja, quando asrazões dimensionais de cada elemento se articulam e formam um sistema geral (figura 3). Porexemplo, a proportio de uma coluna dórica é de 1/6, porém ela terá symmetria com os demaiselementosaoseigualaro1desuabasecomo1deumamétopa,queporsuaveztemaproportiode1/1.Destamaneira,adimensãodoselementospensadosemtermosdeproportionãoficalimitadaavaloresabsolutos,e simavalores relacionais, tornandoaproposiçãodeprojetovitruvianade fatoviável, já que, se entendermos que um projeto é uma composição de elementos, que devem serajustados(quantitas),nãoseriaviávelseterelementoscomdimensõesabsolutas.

Esteselementos,noentanto,possuemumaidentidadeprópriaque,mesmosendoestesadaptadospara compor o todo, deve ser mantida. Esta integridade de conteúdo corresponde à noção deeurythmia, um critério estético associado ao reconhecimento de formas, que para ser garantidopodepromoverajustesópticosemsituaçõesespecíficas,conformedescreveotratado.

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Figura3–Exemploderelaçõesdesymmetrianogênerojônico

Fonte:HoweIn:VITRUVIUS,1999,p.205.

2.2 Asrelaçõesentreoselementos

Se,porumlado,umaobradearquiteturaécompostaporelementos,quevêmdatradição,paraquese obtenhaum todo coeso é preciso o estabelecimentode critérios que regremas relações entreestes.Nestesentido,Vitrúvioconstróiasjustificativasparaassuasdecisõesdeprojeto,assimcomopara a adoção dos princípios por ele desenvolvidos, baseado na analogia com a natureza, queforneceregrasalegadamenteimutáveis,quesãodemonstradasnaanálisequeoautorpromovedocorpohumano.Apartirdestaanalogia,Vitrúviofundamentaoscritériosaseremadotados,comoanecessáriapresençaderelaçõesmatemáticasentreaspartes,remetendoàbuscapelasymmetria,oumesmoapresençadeesquemasgeométricossubjacentes,comoainserçãodafigurahumanaemumquadradoeemumcírculo,oqueremeteaoconceitodeordinatio.

Retomandoaanálisedotextoarespeitodotermosymmetriaespecificamente,temosqueoaspectodabeleza (venustas) serágarantidoquandoparacada tipodeobrahajaumaagradáveleelegantecomensurabilidade (commensus) dos elementos (membrus) fundamentada em um sistema derelações justificadamente calculado (symmetriarum ratiocinationes). A partir do texto podemosverificarqueumadasmaneirasdeserealizarasymmetriaestánoestabelecimentoderelaçõesdecomensurabilidade entre os elementos, noção esta que está presente na própria etimologia dapalavra(mesmamedida).Poroutrolado,otextomencionapordiversasvezesacriaçãoderelaçõesmodulares, empregando, embora apenas uma vez, o termo commodulatio se constitui em outraformade se realizar a symmetria, diversa da comensurabilidade. A primeira delas se estabelece apartirdarelaçãodecompartilhamentodemedidasdeumelementocomoseuadjacente,enquanto

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asegunda,apartirdarelaçãodecompartilhamentodemódulos,quevinculatodososelementosapartirdeumintervalocomum,auxiliandonaprópriacomensurabilidadeentreelementosadjacentestantoquantonocontrolegeraldotodo(pode-severificarestesdoistiposderelaçõesnoquadro1,quequantificaasrelaçõesentreaspartesdogêneroJônicodeacordocomasindicaçõesdotratado).

Quadro1–ProportioeSymmetrianogênerojônico

ELEMENTOS PROPORTIO(LxPxH) SYMMETRIA

BASEÁTICA 3x3x1 Lbase=Pbase=1½MHbase=½M

JÔNICA 2¾x2¾x1 Lbase=Pbase=1⅜MHbase=½M

FUSTE 1x1x9-½ 1 !

!" M

D=M

Hfuste=Hc-Hbase-Hcapitel

CAPITEL 1x1x½L=Pábaco=1 !

!"M

Hcapitel=½ 1 !!"

M

ARQUITRAVE

variável

TETRÁSTILO→Larquitrave=11½M

HEXÁSTILO→Larquitrave=18M

OCTÁSTILO→Larquitrave=24½M

Parquitrave=d

FRISO

Lfriso=Larquitrave

Hfriso=¾Harquitrave(semimagens)

Hfriso=1¼Harquitrave(comimagens)

DENTÍCULOSLdentículos=Larquitrave+Hdentículos

Hdentículos=! !

Harquitrave

CORNIJAINFERIOR

Lcornijainf=Ldentículos+Hfasciacornija

Hfasciacornijainf=! !

Harquitrave

Hcimacornijainf=1! !

Hfasciacornijainf

TÍMPANOLtímpano=Lcornijainf

Htímpano=! !

Lcornijainf

CORNIJASUPERIORHfasciacornijasup=Hfasciacornijainf

Hcimacornijasup=1! !

Hfasciacornijasup

ACROTÉRIOSHacrotérioslaterais=Htímpano

Hacrotériocentral=1! ! Htímpano

Fonte:MANENTI,2014,p.171-172.

ParaVitrúvioaaçãodeprojetarpassatantopeladeterminaçãodaescaladoselementosquantopelacriaçãoderelaçõesentreeles,estabelecendoassimumsistemadesymmetria.Entretanto,estaaçãotornar-se-iabastantecomplexanãofosseaadoçãodeumpadrãoregulador,que,extraídodeumdoselementos, se torna uma espécie de mínimo múltiplo comum de todas as razões dimensionaisenvolvidas,eaessepadrão,Vitrúviochamademodulus.

Assim,seaolidarcomoselementos,Vitrúvioabordaanoçãodeintegridade,aotratardasrelaçõesentreestes,oautorpropõeanoçãodeharmonia.Estaharmoniadebase relacional, representadapeloconceitodesymmetria,temporobjetivoproporcionaraoobservadorumapercepçãodeordem,

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queserealizadeduasmaneiras:aprimeira,atravésdaapreensãodeumabelezadeconjuntoqueemanadaobraporcontadasrelaçõesmatemáticasquevinculamoselementos;easegunda,apartirdoreconhecimentodaautoria,istoé,napercepçãodequehouveumaintençãoordenadoradeumautor,que,aodisporoselementos,ofezsegundocritériosreconhecíveis.

3 ATEORIACORBUSIANA

Aproximadamente dois milênios após o arquiteto romano, outra figura chave da teoria daarquitetura, Le Corbusier, lida com conceitos semelhantes, e neste sentido a pesquisa procuraanalisaraobrateóricadomestremodernoprocurandoidentificarcomoosconceitosfundamentaisvitruvianossãotratados.Caberessaltaraindaque,dadaàmaiorproximidadeteóricaentreambosseconcentrar no período inicial da carreira de Le Corbusier, e o estágio em desenvolvimento que apesquisaseencontra,ostextosanalisadosparaestapesquisaserestringemaointervalode1910e1930porora.

Emumaabordageminicial,pode-severificarqueoprocessodedesenvolvimentodeprojetoparaLeCorbusier segue a noção de composição realizada a partir de elementos, conforme amplamentedifundidoemseudiagramadasquatrocomposições(figura4).Naprimeira,“fácilepitoresca”cadafunçãoédispostaaoladodeoutraconformeumcritérioorganizacional,exemplificadapelaMaisonLa Roche – Jeanneret. A segunda, “muito difícil”, prevê a compressão das partes funcionais nointeriordeumenvoltóriopuroerígido,exemplificadopelaVillaStein.Aterceiracomposição,“fácileengenhosa”,usaumesqueletoestruturalaparentedentrodoqualaspartesfuncionaissearranjamcom maior flexibilidade, sendo exemplificada pela Villa Baizeau. Por fim, a quarta e últimapossibilidadedearranjo, “puraegenerosa”,éobtidapelaassociaçãodoexteriorpuroda segundacomointeriorlivredaprimeiraeterceiracomposições,sendoexemplodestaaVillaSavoye.

Figura4–Diagramadasquatrocomposições.

Fonte:LeCorbusierIn:BOESIGER;STONOROV,1964,p.189.

Apartirdestaanálisepropostapelopróprioautor,pode-seentenderqueestascomposiçõesparaLeCorbusier significam a associação de um determinado e finito repertório de elementos, quecompreendemtantopeçasestruturaiseaberturasquantoelementosfuncionais,quesãoassociadosconformedeterminadasregras.Assimcomonapropostavitruviana,ageometrizaçãoagecomoum

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plano inicial, a partir doqual o projeto se desenvolve. Le Corbusier chamaesta geometrizaçãodeordonnance(2002,p.27),econsistiránabaseprimáriadosritmosqueorganizaçãoaplanta.Segundoele, na história, “para construir bem e para repartir seus esforços, para a solidez e a utilidade daobra, ele (o construtor) tomou medidas, admitiu um módulo, regulou seu trabalho, introduziu aordem”(2002,p.42),eacrescentaque“ummódulomedeeunifica;umtraçadoreguladorconstróiesatisfaz”(2002, p. 44). Nesta primeira etapa de projeto, então, um esquema geométrico seestabelece,semelhanteaoordinationosentidoreguladordaarbitrariedade,masdiferindodestenabusca da recorrência, uma vez que a proposta corbusiana não prevê a repetição de esquemasgeométricosespecíficosparadeterminados tipos, osquais são, poroutro lado, construídos a cadanovoprojeto,seméclarodesconsideraratradição,comojádemonstrouColinRowe(1999)emsuaanálisecomparativadasvillascorbusianasepalladianas(figura5).

Figura5–PlantaediagramaanalíticodaVillaStein,salientandoseuesquemageométrico.

Fonte:ROWE,1999,p.11,27.

Apartirdoestabelecimentodesteesquemageométricoinicial,assimcomonateoriaclássica,oatodecomporsedápeladisposiçãodoselementosdemaneiracriteriosaafimdeestabelecerrelaçõesentreestes,beneficiando-sedabasegeométricaparaisto.

3.1 Oselementosdateoriacorbusiana

No que diz respeito aos elementos da arquitetura, Le Corbusier constrói sua teoria a partir daobservaçãodohomem,comoVitrúvio,edesuasmáquinas.Separaoarquitetoromanooestudodohomemera fontedegeometriase relaçõesproporcionais,parao suíçoaanálise sedáem termosfuncionais. Segundo ele, ambos, homem e automóvel, compõem-se de um esqueleto ou chassis,“para sustentar”, de enchimentos musculares ou carroceria, “para agir”, e de vísceras ou motor,“parafuncionar”(LECORBUSIER,2004,p.127)(figura6).

Figura6–Diagramasdasfunçõesbiológicasdocorpohumano.

Fonte:LECORBUSIER,2004,p.128.

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Estas analogias servem de origem e justificativa para a construção do repertório de elementosarquitetônicos.Parasustentar,Corbusierpropõeaadoçãodoesqueletoindependente,fundamentalparaodesenvolvimentodaplantaedafachadalivre,assimcomodeseusreflexosformais,comoospilotiseas janelas corridas. Esteesqueletopossibilitaadisposiçãodos “órgãos”da casa conformeuma lógica funcional, desobrigando-os da função estruturante, como no corpo humano. Esteesquemaéilustradopelaalusãoreiteradaaosdoistiposdearquitetura,oantigoesquemaparalisadoda“casadepedra”eonovoesquemadacasa“deferrooudeconcretoarmado”(figura7).

Figura7–Diagramacomparativoentrea“casadepedra”ea“casadeferrooudeconcretoarmado”.

Fonte:LECORBUSIER,2004,p.51,55.

EmboraLeCorbusiernãoutilizeapalavraórgãonestetexto,preferindoareferenciaàmusculatura,asegunda categoria de elementos é compostapelas partes queexecutam funções, que são alvodepreciso dimensionamento pelo autor, constituindo-se, no caso de uma residência, de vestíbulo,toalete, sala de almoço, etc.. (LE CORBUSIER, 2004, p. 131) (figura 8). A alusão às funções comoórgãosindependentesapareceemprojetoscomooPaláciodosSovietes,emMoscou.Nosdiagramasiniciaisdesteprojeto,LeCorbusierapresentadiferentespossibilidadesdeassociaçãoentreaspartes,afirmando que neles vemos “os órgãos, já fixados independentemente uns dos outros” (LECORBUSIER.In:BOESIGER,1967,p.127).

Figura8–DiversasetapasdoprojetoparaoPaláciodosSovietes.

Fonte:LeCorbusierIn:BOESIGER,1967,p.127).

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A terceira, e última, categoria de elementos arquitetônicos fazem alusão ao fazer funcionar daspartes, constituindo-se na circulação. Para Corbusier, este é o grande “termomoderno”, e recebeespecialatençãonasuadescriçãoeanálise(LECORBUSIER,2004,p.134)(figura9).

Figura9–Diagramadecirculaçõesemumaresidência.

Fonte:LECORBUSIER,2004,p.152.

3.2 Asrelaçõesentreoselementos

Para além dos esquemas compositivos ilustrados pelo diagrama das quatro composições, referidoacimaejáamplamentediscutidonaliteraturasobreCorbusier,paraestapesquisainteressadiscutirdoisaspectosquevinculamambososautoresestudados:oscritériosparaaconstruçãodasrelaçõesentre as partes e a preocupação mútua a respeito da correta visualização destas relações e doselementosdacomposição.EstaspreocupaçõesemLeCorbusierpodemserexemplificadasatravésdaseguintepassagem:

A composição arquitetônica é geométrica. É, antes de mais nada, umacontecimentodeordemvisual;éumacontecimentoque implica julgamentosdequantidades, relações, apreciação de proporções. Estas provocam sensações. (LECORBUSIER,2004,p.136).

Emboraapresentetrêslembretesaosarquitetos,doisdelesligadosàpercepçãovisualdaarquitetura(o volume,maneira pela qual o homem percebe a arquitetura, e a superfície, que envelopa estevolumeepodepotencializar,ouatémesmofragilizarsuapercepção),éoterceiro lembretequeseconstitui determinante para a qualidade da composição: a planta. Ela é a “geradora” doordenamento,quesegundoCorbusierconsisteemumritmoapreensível,inicial,simplesemodulado,apartirdoqualorestantedoprojetosedesenvolve.Paraeleoritmoadvémdesimetriassimples,complexasoudesábiascompensações,sendoassociadoporeleàumaequação(2002,p.27,32).Apartir disto, embora Corbusier não desenvolva de maneira mais aprofundada o seu conceito desimetria, fica evidente sua associação com regramentomatemático através do conceito de ritmo.Ritmoestequecolocaemrelaçãoasdiferentespartesouelementosdeumprojeto,assemelhando-se,então,ànoçãodesimetriavitruviana,aqualpodeserentendida,também,comoatributopositivoalcançado através do estabelecimento de relações entre as partes. Cabe ressaltar que os tipos derelações buscadas são diversos, assim como o objetivo final, uma vez que a proposta do autorromano visa à obtençãodeharmonia, enquanto a propostamoderna tempor objetivo alcançar oequilíbrio.

Apartirdestasrelaçõesincialmentesimples,estabelecidasporritmos,LeCorbusierpropõeaadoçãode regras geométricas mais fortes, retomando o tema dos traçados reguladores. Esta geometriasubjacente é a responsável por conferir uma percepção de ordem e permitir ao observadorreconstituir mentalmente relações “engenhosas e harmoniosas” propostas pelo arquiteto. À estapercepção de ordem proporcionada pela geometria, Le Corbusier chama de “euritmia" (LECORBUSIER, 2002, p. 47) (figura 11), e neste sentido propõe um entendimento semelhante ao

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conceitovitruviano,umavezqueaEutythmiaparaoautorromanorepresentaapreocupaçãocomapercepção das partes, que devem ser íntegras. Cabe ressaltar também as diferenças deentendimento,umavezqueapropostadeCorbusierseconcentranapercepçãodotodo,enquantoVitrúvio concentra sua preocupação nas partes, e o foco desta percepção, o qual para o autormodernoestánaapreensãodageometriasubjacenteconstruídaespecificamenteparacadaprojeto,enquantoparaoautorromanopropõeasatisfaçãopeloreconhecimentodeformasrecorrentes.

Figura11–DiagramaexplicativodotraçadoreguladorparaaMaisonLaRoche–Jeanneret.

Fonte:LECORBUSIER,2004,p.47.

4 CONVERGÊNCIAS

Os estudos desenvolvidos até omomento pelo projeto de pesquisa demonstram que há diversosparalelos em termos teóricos entre os dois autores. Estes paralelos podem ser observados emtermosdeprocedimentosdeprojetoassimcomoemtermosdeprincípiosdeexcelência,tendosidoanalisadosatéomomentoosconceitosdeeuritmiaesimetria,ambososquaisfazempartedosseisconceitos fundamentais da arquitetura segundo Vitrúvio, e cuja análise dos desdobramentoshistóricoséoobjetivodesteprojeto.

Noquedizrespeitoaosprocedimentosdeprojeto,queauxiliamoarquitetonocontrole,lançamentoe desenvolvimento de uma obra, com o objetivo de dotá-la de atributos positivos, a maiorconvergênciaidentificadaestánoprocedimentodegeometrizaçãoinicialdaspropostas,oordinatiovitruviuano, sobre o qual os elementos oriundos de um repertório finito são dispostos edimensionados, procurando-se criar relações entre eles. Ambos autores convergem ainda emapontaropapeldodesenhoprojetivocomoinstrumentoparatal,comênfasenodesenvolvimentodeplantasbaixas,apartirdasquaisoesquemageométricoevoluiparasetornarumtodo.

Outro ponto de comparação está no repertório de elementos. Para Vitrúvio os membrus seconstituemdeelementos líticos/estruturais,quesãoagrupadosemfamíliasdegêneros,eaindadenúcleosfuncionais,ambosadvindosdaobservaçãodatradiçãoconstrutivaedoscostumes,tendoafigura humana como paradigma da constituição de um corpo a partir de partes distintas que serelacionam. Para Corbusier, a observação do corpo humano também fornece a referência para oselementos, porém tomando suas funções como critério organizador dos grupos, ou gêneros deelementos, sendo estes agrupados em elementos vinculados à estrutura portante, aos usos e àcirculação.

Por fim, dois dos princípios de excelência propostos pelos autores convergem, inclusive nanomenclatura: a euritmia e a simetria. O primeiro, vinculado à percepção visual das obras, para

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Vitrúvioconsistenabelezaalcançadapeloreconhecimentodequeoselementosdeumaobraestãoíntegros e de acordo com a expectativa da tradição arquitetônica, enquanto para Le Corbusier serealizanapercepçãodeordemgeraldaproposta,alcançadapelostraçadosreguladores.Emambasassituações,éousodeproporçõesquegaranteoatributopositivodapercepção,tantonosentidovitruvianodemanutençãodeelementosrecorrenteshistoricamente,comonosentidocorbusianodegarantiadebelezapelousodedeterminadasrelaçõesnuméricas.

O segundo conceito, a simetria, por sua vez, caracteriza-seemambosos autores comoo atributopositivo alcançadopela criação de relações entre as partes compositivas do projeto. ParaVitrúvioestasrelaçõeseramconstruídaspormeiodecomensurabilidadeseco-modulações,querelacionamos elementos adjacentes ou destes com um módulo geral com vistas a alcançar um estado deharmonia relacional, tal qual o autor romano observa na figura humana. Já para Le Corbusier oobjetivodasimetriaseriaalcançarumestadodeequilíbrionacomposição,obtidoatravésdanoçãode ritmo, simples ou complexo, que coloca que relação os diferentes elementos, buscando criarequilíbrioentreeles.

A partir das análises comparativas desenvolvidas até o momento, já se verifica, conforme acimademonstrado,queháumasériedepontosdeconvergênciaentreosdoisautores,muitoemboraagrande distância temporal entre eles. Desta forma, reafirma-se a relevância do levantamento daevoluçãohistóricadestesconceitosfundamentais,hajavistasuapresençarecorrenteemdiferentesmomentos da teoria da arquitetura, procurando-se, assim, contribuir para a resolução de umquestionamentomaiorarespeitodotema:haveriacritériosatemporaisdequalidadearquitetônica?

REFERÊNCIAS

BOESIGER,Willy; STONOROV, Oscar (Ed.). LeCorbusier et pierre jeanneret: oeuvre complete 1910 – 1929.Zurich:LesEditionsD'Architecture,1964.BOESIGER,Willy (Ed.). LeCorbusier et pierre jeanneret: oeuvre complete 1929 – 1934. Zurich: Les EditionsD'Architecture,1967.LECORBUSIER.Porumaarquitetura.SãoPaulo:EditoraPerspectiva,2002.______.Precisões.SãoPaulo:Cosac&Naif,2004.MANENTI, Leandro. Repensando Vitrúvio: reflexão acerca de princípios e procedimentos de projeto. 2014.Tese (doutorado) - Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Faculdade de Arquitetura. Programa dePesquisaePós-GraduaçãoemArquitetura,PortoAlegre,2014.ROWE,Colin.Maneirismoyarquitecturamodernayotrosensayos.Barcelona:G.Gili,1999.VITRUVIUS.TenBooksonArchitecture(TraduzidoporIngridD.RowlandeIlustradoporThomasNobleHowe).Cambridge:CambridgeUniversityPress,1999.