os ditames da consciência: "elevado ao nada"

134

Upload: maribel

Post on 26-Jul-2016

245 views

Category:

Documents


12 download

DESCRIPTION

É provadamente verdadeira a teoria de que precisamos da Luz, inclusive, para ver melhor; e que a consciência favorece quanto à nossa iluminação, possibilitando visão clara e caminhar esclarecido, na direção de níveis cada vez mais elevados de percepção. Já cônscios disto, partimos da compreensão de que temos o dever moral de buscar e achar nossa Luz Interior; e que não devemos permitir que nada, nem, Ser Humano algum, nos desvie dessa busca, desse protocolo, cujo expediente carecerá do nosso grau de inteligência.

TRANSCRIPT

Page 1: Os Ditames da Consciência: "Elevado ao Nada"
Page 2: Os Ditames da Consciência: "Elevado ao Nada"

Maribel Oliveira Barreto

Os Ditames da Consciência

‘ELEVADO AO NADA’

Volume 6

Salvador, Bahia Sathyarte

2015

Page 3: Os Ditames da Consciência: "Elevado ao Nada"

Maribel Barreto Os Ditames da Consciência - Vol. 6

Projeto gráfico e editoração: Sathyarte - Arte e Mídia Ltda. e-mail: [email protected]

Capa: Ana Paula Amorim

B26

BARRETO, Maribel. Os ditames da consciência: elevado ao nada. /

Maribel Barreto. Salvador: Sathyarte, 2015. 92p.

ISBN: 85-99227-03-2

1. Consciência - ditames. 2. Consciência – desenvolvimento. 3. Consciência - espiritualidade. 4. Consciência - educação. I. Título.

CDD: 989

1ª Edição - Salvador/Bahia, 2015.

Direitos desta edição reservados à autora, que permite e estimula a reprodução de parte do livro,

desde que seja citada a fonte.

Page 4: Os Ditames da Consciência: "Elevado ao Nada"

Maribel Barreto Os Ditames da Consciência - Vol. 6

Aos meus familiares, núcleos de minhas maiores experiências espirituais,

principalmente meu esposo Alexandre; meu filho Luciano – meu irmão SAT,

que vive me ensinando segundo seu grau de sabedoria, força e beleza de suas ações.

Page 5: Os Ditames da Consciência: "Elevado ao Nada"
Page 6: Os Ditames da Consciência: "Elevado ao Nada"

Maribel Barreto Os Ditames da Consciência - Vol. 5

AGRADECIMENTO

Agradeço ao Princípio Criador de todas as coisas pelo merecimento de fazer parte, conscientemente, da sua Grande Obra Divina; ser guiada por sua consciência suprema; ter uma vida dedicada ao nobre propósito de despertar, construir e desenvolver a minha consciência, desde a tenra idade; ter escolhido uma família com afinidade moral, para seguirmos juntos na nossa missão, em prol do Todo; na medida em que encontramos amigos que compartilham a nobreza do amor.

Page 7: Os Ditames da Consciência: "Elevado ao Nada"
Page 8: Os Ditames da Consciência: "Elevado ao Nada"

Maribel Barreto Os Ditames da Consciência - Vol. 5

PREFÁCIO

Os Ditames da Consciência: “Elevado ao Nada”, de Maribel Barreto, dá prosseguimento às publicações anteriores de elaboração, construção e vivências que pretendem auxiliar seres humanos nesse processo de despertamento, construção e desenvolvimento de suas consciências, a partir da compreensão do Ser em sua Totalidade.

Nessa obra, a autora dá pistas para elevação ao nada com muita sensibilidade e competência, por meio de exercícios de conexão como fazem seres iluminados. Compartilha com os leitores que esses exercícios espirituais colocados em prática diariamente, possibilitam a seres humanos entrarem em contato com energias elevadas do Universo, atraindo vibrações positivas, que favorecem o despertamento, construção e desenvolvimento de suas consciências.

Page 9: Os Ditames da Consciência: "Elevado ao Nada"

Maribel Barreto Os Ditames da Consciência - Vol. 5

O Capítulo 1 – o Ser, traz a visão clara da estrutura humana, composta de três dimensões interligadas e indivisíveis, a física, a psíquica e a moral. Por essa razão, os exercícios de conexão propostos pela autora podem facilitar a conexão do ser humano com sua natureza divina, ao revelar sua essência e transcender a relação espaço-tempo.

Nesse processo, destaca o papel fundamental da consciência na integração do ser humano com o Todo do qual somos partes integrantes. E os pensamentos, fruto do sentir, como afirma a autora, são a energia da mente, que podem ativar ou debilitar o corpo físico. O sentir, pensar e agir estão em cada um, como uma unidade, porque o ser humano atrai o que sente, cria o que pensa e faz o que acredita.

A busca da interiorização sugerida é vista como caminho para cada pessoa tornar-se a cada dia melhor, não melhor que os outros, mas frente a si mesmo.

No Capítulo 2 – Elevação, a autora sugere a elevação do Ser humano ao Nada, a partir de exercícios de conectividade, no sentido da busca do autoconhecimento, da expansão da consciência para compreensão do Universo como um Todo. Maribel afirma que tudo aquilo que buscamos, encontra-se em nosso interior, mas é preciso saber fazer silêncio em

Page 10: Os Ditames da Consciência: "Elevado ao Nada"

Maribel Barreto Os Ditames da Consciência - Vol. 5

torno e dentro de si mesmo para ficar conectado com o Todo. Nesse movimento interior, o ser humano vai se deparar com outros sentimentos que levam à verdadeira felicidade, como o amor, a compaixão e a paz. E ao transcender por meio de exercícios de conectividade, a fragilidade humana cede lugar à fortaleza, os hábitos cedem lugar às mudanças e as certezas abrem-se para novas possibilidades de se chegar a Deus.

A autora compartilha três exercícios fundamentais para maior grau de consciência, elevação e divinização, com base no Mestre Jair Tércio: exercícios de concentração, contemplação e de exaltação, que possibilitam ao Ser humano enxergar com os olhos da alma e identificar-se e aproximar-se do Criador.

No Capítulo 3 – O Nada, a autora compartilha, de forma pertinente e convincente, a ciência e ensinamentos de 12 seres iluminados, que pela prática de elevação ao Todo, foram encontrados pelo Uno, o Todo, enfim, Deus, em sua grandeza. Maribel revela que nesses movimentos, o ser humano pode acessar sua essência, rever metas e renascer a cada dia.

A autora revisita os vários estágios de iluminação, fazendo o leitor mergulhar na própria consciência, para encontrar nessa viagem evolutiva, a

Page 11: Os Ditames da Consciência: "Elevado ao Nada"

Maribel Barreto Os Ditames da Consciência - Vol. 5

transcendência que leva a um lugar de paz, de silêncio, de luz e alegria. E é perceptível que para transformar o mundo é preciso primeiro que o ser mergulhe em seu interior e o transforme.

Os Capítulos trazem, enfim, a sensibilidade e amadurecimento da autora no estudo da consciência, ao longo de muitos anos. Espero que ao lançar esses ensinamentos Maribel possa concretizar seu objetivo de auxiliar seres humanos a elevar-se ao nada, por meio de exercícios de conexão, que inclusive ensina, nos eventos que realiza, contribuindo com despertamento, construção e desenvolvimento de suas consciências.

E como diz Fernando Pessoa “tudo vale a pena se a alma não é pequena”.

Profa. Dra. Nívea Rocha Doutora em Educação pela Universidade Federal da Bahia

Avaliadora do Ministério de Educação/MEC Pesquisadora do ISEO – Instituto Superior de Educação Ocidemnte

Page 12: Os Ditames da Consciência: "Elevado ao Nada"

Maribel Barreto Os Ditames da Consciência - Vol. 5

SUMÁRIO

APRESENTAÇÃO ................................................. 13

1 O SER ............................................................... 17

2 ELEVAÇÃO ....................................................... 59

3 O NADA ........................................................... 59

3.1 KRISHNA ........................................................

3.2 ABRAÃO ........................................................ 3.3 MOISÉS.......................................................... 3.4 LAO-TSÉ......................................................... 3.5 CONFÚCIO ..................................................... 3.6 BRAHMA........................................................ 3.7 MAHAVIRA .................................................... 3.8 ZOROASTRO ..................................................

3.9 BUDA............................................................. 3.10 JESUS...........................................................

3.11 MAOMÉ....................................................... 3.12 JAIR TÉRCIO .................................................

REFERÊNCIAS ..................................................... 87

Page 13: Os Ditames da Consciência: "Elevado ao Nada"
Page 14: Os Ditames da Consciência: "Elevado ao Nada"

Maribel Barreto Os Ditames da Consciência - Vol. 6

13

APRESENTAÇÃO

“A Luz é o objetivo e a Consciência é o meio específico, para tal realização”.

(JAIR TÉRCIO)

“A Consciência é onde tudo ocorre”.

(WILLIAM ARNTZ)

"Quem quiser ouvir a voz sincera da Consciência

precisa saber fazer silêncio em torno de si e dentro de si".

(ARTURO GRAF)

É provadamente verdadeira a teoria de que precisamos da Luz, inclusive, para ver melhor; e que a consciência favorece quanto à nossa iluminação, possibilitando visão clara e caminhar esclarecido, na direção de níveis cada vez mais elevados de percepção.

Já cônscios disto, partimos da compreensão de que temos o dever moral de buscar e achar nossa Luz Interior; e que não devemos permitir que nada, nem, Ser Humano algum, nos desvie dessa busca, desse

Page 15: Os Ditames da Consciência: "Elevado ao Nada"

Maribel Barreto Os Ditames da Consciência - Vol. 6

14

protocolo, cujo expediente carecerá do nosso grau de inteligência.

Para nós, então, o desafio é o de acendermos nossa Luz, visto que, só é possível transmitir-se Luz caso tenha- se Luz, e a partir de si mesmos, em prol de todos nós e não só de si. Partindo deste entendimento, compartilho a gratidão da Luz do nosso Pai Espiritual, Jair Tércio Cunha Costa, que vem há 27 anos, nesta existência, iluminando meu caminho na direção da Consciência, esta que vem me oportunizando, momento a momento, o autoconhecimento; pois, verdade alguma pode ser dispensada, principalmente a de nós mesmos. A presente obra, também, é fruto desta construção e encontra-se inspirada e fundamentada nas suas orientações, exemplos e produções, além de outros autores, sensíveis quanto ao Todo do propósito desta elaboração.

Estamos, então, diante do convite para leitura ou reflexão desta obra, intitulada: Os Ditames da Consciência, no seu 6º volume, com temática que versa sobre: “Elevado ao Nada”.

Para nós já é claro, definitivo e seguro que almejamos ser encontrados pelo Todo, ou Deus, enfim, o Uno, em sua grandiosidade, mas tal feito – parece-nos claro - requer esforço até o desmedido, sobretudo na nossa elevação ao Nada, pois, somente

Page 16: Os Ditames da Consciência: "Elevado ao Nada"

Maribel Barreto Os Ditames da Consciência - Vol. 6

15

quando o Ser humano se eleva ao Nada, o Todo aparece (3º = 1).

Assim, o livro está estruturado com o propósito de relembrarmos o inevitável, inadiável e indubitável encontro com o Divino, que nos constitui; na medida em que empreendemos, em nossas relações nos elevarmos ao Nada, donde tudo se revela e que nos parece estar repleto daquilo que, em nós, é imensurável.

O primeiro capítulo versa sobre O Ser, visto que é através do gênero humano que o Nada, ou o Todo, se materializa como Ser. Já nos foi evidenciado o fato de que o corpo físico faz parte do nosso ser, mas não é tudo que somos. No que há demanda, assim, de nos envolvermos com a Totalidade, que inclui nosso corpo, nossa alma e o que fazemos com eles, tendo como base o espírito, que é a nossa essência, a centelha divina que a tudo cria, vivifica e conduz.

Por tanto, não basta saber, que o Nada está em Tudo; mas sentir, que Ele está somente em nós; e daí, como consequência, o Ser, que é só é encontrado em Deus, conforme veremos.

O segundo capítulo trata da Elevação, considerando a máxima de que, quem quer ver o longe e, esclarecidamente, que se eleve. Assim, apresentamos

Page 17: Os Ditames da Consciência: "Elevado ao Nada"

Maribel Barreto Os Ditames da Consciência - Vol. 6

16

exercícios de conectividade, pois que eles promovem a manutenção da conexão com o Todo que somos; e, para isso, o esvaziar – o elevar-se ao Nada.

Dos diversos exercícios de conexão existentes, especificamos três deles, que, segundo nossa experiência, contribuem diretamente na senda da Iluminação, em função do método específico que favorece o aprofundar, o enlarguecer e o elevar em relação a nossa Origem Causal, que, conforme vivenciamos, são: concentração, contemplação e exaltação.

O terceiro capítulo evidencia o Nada, com foco central nas benesses de quem experimentou e/ou experimenta cotidianamente os exercícios de conectividade citados, chegando na Ciência de Iluminação de 12 instituidores, restauradores e mantenedores espirituais, que, a partir do processo individual de elevação ao Nada, foram e são a prova Cabal de que temos um encontro com Deus e não devemos nos permitir atrasar.

Experimentemos!

Page 18: Os Ditames da Consciência: "Elevado ao Nada"

Maribel Barreto Os Ditames da Consciência - Vol. 6

17

1

O SER

“É através do gênero humano que o Nada, ou o Todo, se materializa como Ser”.

(JAIR TÉRCIO)

“Somos todos seres imortais, espirituais

e existimos independentemente de nosso corpo. [...] Somos todos um único ser

que faz parte de um grande universo/Deus”. (BRUCE LIPTON)

“Quem sou eu? Eu sou plural como o Universo.

E há mais almas em mim do que eu mesmo. Sinto-me múltiplo. Sou muitos, incompletamente”.

(FERNANDO PESSOA)

Partimos dos fundamentos do dicionário de filosofia, que nos apresenta o ponto de vista aristotélico, do significado primário e fundamental do Ser, que envolve “a necessidade, com os atributos,

Page 19: Os Ditames da Consciência: "Elevado ao Nada"

Maribel Barreto Os Ditames da Consciência - Vol. 6

18

que traz consigo, de imutabilidade, eternidade, unidade, etc. [...] refere-se a um ente privilegiado, à substância superior. Deus” (ABBAGNANO, 2007, p. 883). O Ser, portanto, significa já estar-se ciente de que se tem natureza divina.

Refere-se, ainda, à recompensa do saber praticado e do sentir intensificado, conforme bem exemplifica a parábola:

A humanidade sensibilizada, agora despertava, ouvindo a sabedoria, força e beleza de um Iluminado, quanto ao todo das fases evolutivas do gênero humano: saber, sentir e ser; e, quando pôde, volveu-se para ele, o Bem Aventurado, e o questionou:

- Agora que tenho estado contigo, em qual fase me encontro?

Ele respondeu:

- Considerando a sua indagação, na fase do Saber, enfim, do conhecimento. Ela continuou:

- E para a fase do Sentir?

O Iluminado completou:

- A prática do saber, enfim, o autoconhecimento.

Ela insistiu:

Page 20: Os Ditames da Consciência: "Elevado ao Nada"

Maribel Barreto Os Ditames da Consciência - Vol. 6

19

- E ser?

Daí o Iluminado consumou:

Ser, ou Autorrealização, é uma recompensa do saber e sentir.

(COSTA, 2009, p. 1280)

Assim sendo, todo Ser Humano que prima por Ser, no sentido genuíno da palavra, necessita, inclusive, saber o que sente e sentir o que sabe, concomitantemente. Daí, muito importa conhecer o todo da estrutura humana para com a Vida, composta de três dimensões: a física, a psíquica e a espiritual, que são e estão, essencialmente, unidas, como bem nos ensina Jair Tércio Cunha Costa (1988).

Segundo este, o Ser Humano é um ser Trino indivisível; composto de espírito, alma e corpo físico. E que para moralizá-lo, muito importa dar-lhe exercícios aos órgãos físicos; pasto ao seu intelecto, bem como espiritualiza-lo. É notório que, pelos órgãos físicos, recebemos a Vida. E, neste caso, conscientemente, o nosso fim reside em darmos exercícios aos órgãos físicos. Pelos sentidos, percebemos a Vida - razão pela qual o nosso fim é o de darmos pasto ao intelecto; e pelos centros de forças, chácras e plexos concebemos a Vida - e o nosso fim é o de nos moralizarmos/espiritualizarmos.

Page 21: Os Ditames da Consciência: "Elevado ao Nada"

Maribel Barreto Os Ditames da Consciência - Vol. 6

20

Na dimensão física, nós somos uma grande comunidade cooperativa de aproximadamente 50 trilhões de células, segundo evidencia o biólogo celular Bruce Lipton (2007). E acrescenta que “assim como uma nação reflete as características de seus cidadãos, nossa condição humana reflete a natureza de nossa comunidade celular” (LIPTON, 2007, p. 32). No Universo, nada existe isolado; nele, absolutamente tudo está interconectado, inclusive, as subdivisões aparentemente ´separadas` da mente, tanto a consciente, quanto a inconsciente são interdependentes.

O cérebro, por sua vez, e todas as outras partes do universo constituem assim um todo coerente; não podemos separá-los e estudá-los de modo independente, sem criar uma dualidade artificial e distorcedora, que oculta a sua unidade e interligação de base, como bem enaltece Sayegh (2010). Neste sentido, o Ser Humano não pode ser compreendido, enquanto não for considerado como um todo, como um Ser Espiritual.

O neurocientista Antônio Damásio nos seus estudos sobre a consciência enriquece ainda mais essas argumentações em relação à conexão de todas as partes que nos estruturam; mas cada qual com seu

Page 22: Os Ditames da Consciência: "Elevado ao Nada"

Maribel Barreto Os Ditames da Consciência - Vol. 6

21

cérebro único e indivisível. Ele identifica que “a neurologia da consciência está organizada em redor das estruturas cerebrais envolvidas na criação da tríade diretora composta pelo estado de vigilância, pela mente e pelo eu” e acrescenta que “[...] os estados mentais e os estados cerebrais são, no seu essencial, equivalentes. [...]” (DAMÁSIO, 2010, p. 302/383).

Sobre esta visão mais sistêmica do cérebro, destacamos a abordagem de Roger Walsh (1980) ao evidenciar que a própria evolução do estudo da ecologia cerebral sugere algumas características do “holismo, da interligação e interdependência, do dinamismo, do probabilismo, da complexidade e do autodeterminismo causal, que remetem a paralelos entre a física moderna e as disciplinas da consciência” (WALSH, 1980, p. 252).

Tal perspectiva corresponde com a máxima de que “O Ser Humano é muito mais do que o produto de uma grande explosão inexplicável; muito mais do que um capricho de elétrons; bem como muito mais do que um aglomerado de átomos, células e moléculas” (COSTA, 2009, p. 1120).

Devemos, assim, compreender que o corpo físico faz parte do todo que Somos, mas não nos representa. Assim bem explicita a teósofa Annie Besant:

Page 23: Os Ditames da Consciência: "Elevado ao Nada"

Maribel Barreto Os Ditames da Consciência - Vol. 6

22

Nós não fomos feitos para o corpo, mas sim o corpo para nós; devemos utilizar- nos dele, mas não devemos, de modo nenhum, prestar-nos a servi-lo. O corpo é um instrumento que tem de ser purificado, aperfeiçoado, moldado numa forma própria e constituído pelos elementos mais aptos a torná-lo o instrumento dos mais sublimes desígnios do homem no plano físico. Tudo quanto se fizer com esse objetivo em vista, deve ser alvo de maior interesse e incitamento; do mesmo modo se deve evitar tudo quanto lhe for contrário. (BESANT, 1995, p. 11).

Portanto, muito importa compreendermos o papel de cada uma das dimensões que nos compõem sob pena de, senão ignorarmos, esquecermos e/ou inobservarmos os seus fins. Daí o valor da consciência, esta que se refere à nossa capacidade de estarmos conscientes de nosso corpo; de nossa alma e do que fazemos com eles, tendo como referência o espírito, transcendendo assim, a visão fragmentada. Bom que seja redito!

Na dimensão psíquica, aproveitamos as reflexões de Lipton ao anunciar que a “mente consciente está

Page 24: Os Ditames da Consciência: "Elevado ao Nada"

Maribel Barreto Os Ditames da Consciência - Vol. 6

23

muito além da mera programação genética” (LIPTON, 2007, p. 112).

Evidencia que os pensamentos são a energia da mente e influenciam diretamente a maneira como o cérebro físico controla a fisiologia do corpo. A energia dos pensamentos pode ativar ou inibir as proteínas de funcionamento das células destacando que “pensamentos negativos drenam a energia e debilitam o corpo”. (LIPTON, 2007).

Enfatiza que são nossas crenças que comandam nossa existência e lança o desafio de deixarmos de ser meras vítimas de nossos genes para nos tornarmos senhores de nosso destino; capazes de criar uma vida cheia de paz, felicidade e amor, considerando, inclusive, as fortes influências do ambiente.

Todos nós temos, quando não uma certeza, evidenciada por sentimento, uma certa ideia de já termos existido; quer dizer, de nossa época em vidas passadas; todos nós acumulamos uma longa série de recordações. Esses dois fatores são os principais componentes do Ego (JUNG, 2000), que nos possibilitam considerá-lo como um complexo de fatos psíquicos. A força de atração desse complexo é poderosa como a de um ímã: é ele que atrai os conteúdos do inconsciente, daquela região obscura sobre a qual nada se conhece.

Page 25: Os Ditames da Consciência: "Elevado ao Nada"

Maribel Barreto Os Ditames da Consciência - Vol. 6

24

Ele também chama a si as impressões do exterior que se tornam conscientes do seu contato. Caso não haja esse contato, tais impressões permanecerão inconscientes. “O Ego é o centro de nossas atenções e de nossos desejos, sendo o cerne indispensável da consciência”. (JUNG, 2000, p. 29). “E o nosso Self deve ser compreendido como a totalidade da esfera psíquica. Não é apenas o ponto central, mas também a circunferência que engloba tanto a consciência como o inconsciente. Ele é o centro dessa totalidade, do mesmo modo que o eu é o centro da consciência”. (JUNG,1991, p. 44).

E tudo isto constitui nosso Ser e além. Assim sendo, não temos capacidade apenas de pensar o mundo exterior, mas também de reconhecer nós mesmos, os outros, o Todo. Temos consciência do nosso eu e sabemos que ele é somente uma parte da consciência, conforme defendem Henriques e Barros (2013). Neste sentido, temos o dever moral de ser mais do que o que entendemos que somos.

Corroborando com esta concepção integral do Ser Humano, Besant assim afirma:

O homem é mais do que os seus corpos; possui muita coisa que é incapaz de manifestar tanto no plano físico, como no plano astral; mas o pouco que ele

Page 26: Os Ditames da Consciência: "Elevado ao Nada"

Maribel Barreto Os Ditames da Consciência - Vol. 6

25

consegue exprimir pode considerar-se como o homem nessa região especial do universo. A manifestação do seu Eu neste mundo astral acha-se limitada pelo seu corpo astral. E quando passarmos ao estudo dos mundos superiores, veremos que quanto mais o homem se for desenvolvendo na sua evolução, mais poder terá o seu Eu de se exprimir, e mais perfeitos e elevados se irão tornando os veículos da consciência. (BESANT, 1995, p. 24)

Para Lipton (2007), a ciência avança a cada dia, mas ainda conhece muito pouco sobre o Ser Humano, especialmente, no que se refere ao Todo da consciência, que também chamamos de alma, que inclui e transcende o inconsciente. “A alma inclui e transcende também a mente; e o espírito inclui e transcende a alma. (WILBER, 2008, p. 54). Um dos nossos desafios, portanto, é o de fazermos ciência com consciência, pois a ciência sem consciência, pode até fortalecer o corpo físico do Ser Humano, mas, geralmente enfraquece a sua alma, tempo em que obstaculiza a ação do espírito; este que os vivifica.

A ciência se concentrou, tanto no conceito de determinismo genético que hoje não temos, por exemplo, consciência da influência das crenças em nossas vidas. E o mais importante: de como nosso

Page 27: Os Ditames da Consciência: "Elevado ao Nada"

Maribel Barreto Os Ditames da Consciência - Vol. 6

26

comportamento e atitudes programam a vida de nossos descendentes, lembrando que somos responsáveis por tudo em nossa vida. (LIPTON, 2007).

Na dimensão moral/espiritual, por exemplo, podemos enaltecer as afirmações de que, decididamente, “a vida eterna está muito além do corpo” (LIPTON, 2007, p. 112) e de que “fazemos parte de um único ser: Deus. Nós, seres humanos somos, portanto, Deus”. (LIPTON, 2007, p. 33). Remete-nos, ainda, ao que está escrito no Gênese, que somos feitos à imagem e semelhança de Deus, mas acrescenta que esta identidade se revela não na matéria, e sim na essência. Nesta direção, Costa (2009) nos revela que Deus está próximo e tão profundamente íntimo de nós, quanto está o oxigênio e o que nele está contido, de nossas células.

A partir desta compreensão, confirma o que os grandes sábios espirituais vêm nos ensinando há séculos: “cada um de nós é um espírito encarnado na matéria”. (LIPTON, 2007, p. 233).

Lipton evidencia que se somos realmente a imagem de Deus precisamos colocar novamente o espírito na equação quando se trata de melhorar nossa saúde física e mental. Acrescenta que “não somos meras máquinas bioquímicas que podem recuperar o equilíbrio físico e mental simplesmente

Page 28: Os Ditames da Consciência: "Elevado ao Nada"

Maribel Barreto Os Ditames da Consciência - Vol. 6

27

tomando medicamentos. [...] E também não são os hormônios e neurotransmissores, controlados pelos genes, que dirigem nossa mente, nosso corpo e nossa vida, mas sim nossas crenças” (LIPTON, 2007, p.34). Assim, precisamos compreender esta dimensão espiritual, pois sem isso a nossa existência não estará completa.

Como bem pode-se verificar, “apesar de todas as descobertas, a mecânica dos sinais químicos, incluindo os hormônios, as citocinas (hormônios que controlam o sistema imune), os fatores de crescimento e de supressão tumoral, ainda não se explicam os fenômenos paranormais”. (LIPTON, 2007, p. 118)

Curas espontâneas, fenômenos psíquicos, demonstrações de força e resistência além do normal, habilidade de caminhar sobre carvão em brasa sem se queimar, agulhas de acupuntura que diminuem a dor manipulando a energia chi do corpo e muitos outros fenômenos desafiam a biologia newtoniana. (LIPTON, 2007, p. 118)

A medicina oriental, por exemplo, conforme relembra Lipton (2007, p. 128), se baseia em um profundo conhecimento dos princípios que regem o universo. Ela, a medicina oriental, considera o corpo como uma complexa estrutura de fluxos de energia

Page 29: Os Ditames da Consciência: "Elevado ao Nada"

Maribel Barreto Os Ditames da Consciência - Vol. 6

28

chamados meridianos; energia esta que é o fator principal para a saúde e o bem estar.

E ainda evidencia que é preciso criar, a partir da física quântica, um sistema novo e mais saudável de cura que esteja de acordo com as Leis da Natureza. Tal perspectiva nos remete à lembrança de que a consciência tem um papel fundamental neste processo de nossa integração com o Todo do qual somos partes integrantes relevantes, através das Leis Naturais, pois ela, a consciência, está sempre lembrando ao Ser acerca do acordo entre ela e a Ordem Universal.

Assim, pode-se compreender que todos os organismos, incluindo os humanos, comunicam-se e leem o ambiente por meio de campos de energia. Mas, conforme afirma Lipton (2007, p. 142) por sermos tão dependentes das linguagens falada e escrita, acabamos abandonando o sistema de comunicação por intermédio da sensibilidade energética.

Por outro lado, “[...] os aborígenes ainda utilizam essa capacidade extra-sensorial em sua rotina diária”. (LIPTON, 2007, p.143). Eles captam e descobrem fontes de água sob a areia; tribos indígenas da Amazônia e seus pajés se comunicam com as energias das plantas medicinais.

Page 30: Os Ditames da Consciência: "Elevado ao Nada"

Maribel Barreto Os Ditames da Consciência - Vol. 6

29

Esses são outros conteúdos que precisam ser levados em conta para a compreensão do Ser, com vistas a auxiliar na tomada de decisões construtivas na vida, em se tratando do objetivo do Ser Humano sobre o orbe onde se encontra vivendo.

É de conhecimento que nós, Seres Humanos, temos desenvolvida uma região do cérebro associada ao pensamento, planejamento e tomada de decisões chamada córtex pré-frontal. Segundo Chopra e Mlodinow (2012), esta parte do córtex é responsável pela criação da empatia, insight, consciência moral e intuição e para Lipton (2007) parece ser o centro de processamento da ´autoconsciência`.

O despertar da consciência parece reger-se pelo desenvolvimento dos centros nervosos que se aperfeiçoam gradativamente, porém a consciência não brota do cérebro, este é que é expressão do nível de manifestação do espírito. Cérebro e consciência correspondem-se, porque ambos permitem a possibilidade de escolha, um pela complexidade de estrutura e outra pela intensidade de seu despertar, no entanto, para o pensamento bergsoniano, o primeiro é apenas efeito, instrumento de manifestação e de atuação no mundo (SAYEGH, 2010).

É assim que surge uma presença espiritual no seio da própria matéria, a

Page 31: Os Ditames da Consciência: "Elevado ao Nada"

Maribel Barreto Os Ditames da Consciência - Vol. 6

30

qual, por sua vez, percebe a própria matéria. Se o papel do sistema nervoso é dar condições de o princípio imanente interagir com o mundo, escolher para poder agir implica agora em perceber conscientemente. (SAYEGH, 2010, p. 112)

Tal abordagem nos ínsita quanto a compreensão da verdade que reside no fato de que nós, Seres Humanos, estamos no momento de irmos além de nós mesmos, portanto, transcendermos a relação espaço- tempo.

Assim, neste contexto, destacamos o papel da mente; ela que na sua dimensão autoconsciente é autorrefletora, um novo "órgão sensor" que observa nosso comportamento e emoções. Essa mente autoconsciente também tem acesso à maior parte das informações armazenadas em nosso banco de memória. (LIPTON, 2007, p. 158).

Trata-se de um recurso extremamente importante, que possivelmente nos permite lembrar de todo o nosso histórico de vida e assim poder planejar nossas ações presentes e futuras. Além de ser autorrefletora, a mente autoconsciente é extremamente poderosa. Observa todos os comportamentos programados que adotamos; avalia cada um deles e decide conscientemente se deve, ou

Page 32: Os Ditames da Consciência: "Elevado ao Nada"

Maribel Barreto Os Ditames da Consciência - Vol. 6

31

não, modificá-los. Podemos escolher como reagir à maioria dos sinais do ambiente e até mesmo se vamos ou não reagir a eles.

Mestres como Buda e Jesus, dentre outros, já diziam isso séculos atrás. Agora a ciência está caminhando na mesma direção. Não são nossos genes, mas sim nossas crenças que controlam nossa vida. (LIPTON, 2007). Assim sendo, o conhecimento acerca de nós mesmos é o caminho para a transcendência.

“Os mecanismos fisiológicos do corpo (batimentos cardíacos, pressão sanguínea, etc) são, por natureza, instintos programados. No entanto, iogues [...] aprendem a regular conscientemente essas funções inatas. ” (LIPTON, 2007, p. 192), por aceitarem os conceitos de espírito (energia) ou aquilo a que os psicólogos mais atualizados chamam de mente superconsciente.

Aqui, lembramos de que “a mente não se concentra apenas na cabeça, mas sim que está distribuída em moléculas sinalizadoras presentes no corpo todo”. (PERT, 1997, apud LIPTON, 2007, p. 156).

No tempo em que estamos distraídos com os nossos pensamentos, a mente subconsciente pode colocar em ação comportamentos diferentes

Page 33: Os Ditames da Consciência: "Elevado ao Nada"

Maribel Barreto Os Ditames da Consciência - Vol. 6

32

daqueles que nós mesmos criamos, pois a maioria do que temos armazenado em nossa memória foi “copiada” quando observávamos as outras pessoas durante, principalmente, na infância.

E como não fizemos isso conscientemente, muitas vezes nos surpreendemos se alguém nos diz que agimos “exatamente como nossa mãe ou nosso pai”, que ajudaram a programar nossa mente subconsciente, lembrando que tal programação subconsciente assume o controle toda vez que a mente consciente se distrai. (LIPTON, 2007, p.202- 203). Tal compreensão embasa a noção real de que o Ser é o atemporal; Ele é o presente absoluto, perene e imutável do pensar.

A mente tem, de maneira clara, um papel muito importante no controle dos sistemas biológicos que nos mantém vivos (LIPTON, 2007), e há pouca dúvida de que alguns níveis de consciência se encontram desenvolvidos muito antes do nascimento (WHITE, 1997).

Neste sentido, Goswami (2008) afirma que precisamos nos conhecer; precisamos saber se podemos mudar nossas perspectivas, considerando a demanda concreta de a isso realizar, até porque todos os dias, bilhões de células em nosso corpo se desgastam e precisam ser substituídas. Por exemplo: todo o

Page 34: Os Ditames da Consciência: "Elevado ao Nada"

Maribel Barreto Os Ditames da Consciência - Vol. 6

33

revestimento celular interno de nossos intestinos é renovado a cada 72 horas (LIPTON, p. 173).

Assim sendo, se a nossa estrutura material se renova diariamente, espera-se atenção similar às nossas dimensões psíquicas e moral/espiritual. Como bem nos lembra Chopra e Mlodinow (2012, p. 161): “as células não são estruturas fixas: elas são fluidas, mutáveis e dinâmicas; respondem a pensamentos e sentimentos; adaptam-se ao ambiente com toda a imprevisibilidade de uma pessoa”.

E como bem nos evidencia Happé (1997, p.69): “[...] a alma e o espírito estão em polaridade e precisamos entendê-los a partir de uma relação complementar”. Acrescentamos neste pensamento o corpo físico.

É, de fato, uma grande dádiva poder viver, amar e funcionar como um Ser, com esforço cooperativo de milhares de trilhões de células organizadas de forma intricada e elaborada (CHOPRA e MLODINOW, 2012). Mas, mesmo em meio ao Todo que nos constitui, é possível encontrar uma unidade. E, como bem afirmam Chopra e Mlodinow (2012, p.158) “só 0,1% de nossos genes diferencia um ser humano do outro”; portanto, tudo está integrado e a base fundamental não é material.

Page 35: Os Ditames da Consciência: "Elevado ao Nada"

Maribel Barreto Os Ditames da Consciência - Vol. 6

34

Chopra é categórico em afirmar que “os genes não controlam a si mesmos, são controlados por todo o sistema corpo-mente: em outras palavras, não somos peões, mas senhores de nossos genes, que respondem a tudo que pensamos e fazemos” (CHOPRA e MLODINOW, 2012, p.165).

Os genes não se comportam como coisas comuns, pois servem à consciência. A sincronia requer uma mente, e deixar a mente fora da equação é fatal para qualquer teoria genética. Para um materialista, imaginar uma mente fora do corpo é um absurdo, mas o fato é que existe muita coisa que simples reações químicas aleatórias e sem consciência não podem explicar (CHOPRA e MLODINOW, 2012, p.163).

Tal compreensão enaltece a necessidade de termos a percepção do Todo que nos constitui e demonstra como trindade, que somos, em que cada parte da trindade relaciona-se com a outra, lembrando, inclusive, que em tudo há sinais divinos para aqueles que, no mínimo, raciocinam. É a razão que nos eleva sobre os animais!

E esta relação é tão direta que Chopra e Mlodinow (2012, p. 165) nos traz a evidência da

Page 36: Os Ditames da Consciência: "Elevado ao Nada"

Maribel Barreto Os Ditames da Consciência - Vol. 6

35

própria epigenia, que nos mostra que até coisas invisíveis, como o estresse, se transformam em processos corporais, isto é, o que você sentir, todas as células do seu corpo também sentirão. [...] tudo está imbricado e interligado; um processo se diversifica em milhares de processos específicos sem perder sua totalidade.

Essa visão é fundamentada, inicialmente, por Besant, ao tratar da correlação entre os átomos físicos, a matéria astral e a realidade Una.

[...] Todos os átomos físicos têm invólucros astrais; a matéria astral forma assim o que nós chamaríamos a matriz da matéria física que nela se acha engastada. [...] A matéria astral serve de veículo a Jiva, à Vida Una que tudo anima; graças à matéria astral as correntes da Jiva envolvem, sustentam e alimentam todas as partículas de matéria física, e produzem, não só o que vulgarmente se chama forças vitais, mas também todas as energias elétricas, magnéticas e químicas, a atração, a coesão, a repulsão e outras forças análogas. [...] O mundo astral é tão real como o mundo físico; é mesmo mais real porque se acha menos afastado da Realidade Una. (BESANT, 1995, p. 25).

Page 37: Os Ditames da Consciência: "Elevado ao Nada"

Maribel Barreto Os Ditames da Consciência - Vol. 6

36

Interessante observar, desta feita, que apesar das dimensões se apresentarem em níveis diferenciados de vibração, devemos dar atenção, por igual, à todas elas, ou seja, dedicação distribuída, equitativamente, de 33,3%, aproximadamente, a cada uma das três dimensões, física – agir, psíquica - pensar e moral/espiritual - sentir, no dia a dia do nosso viver.

Tal percepção encontra eco na abordagem de Charles Tart (1980) ao afirmar que a chamada vida espiritual ou dos valores, ou vida ”superior”, está no mesmo contínuo (tem a mesma espécie ou qualidade) da vida da carne, ou do corpo, isto é, da vida animal, da vida material, da vida “inferior”. Assim, a vida espiritual é parte da nossa vida biológica. É a sua parte “superior”, mas nem por isso menos parte sua. Isto reforça o sentido de que todas as partes do nosso Ser estão do nosso lado e bem perto de nós: em nós mesmos.

Ainda versando sobre a necessidade de atenção ao todo que somos, com fins da humanização completa da pessoa, Frances Vaughan indica que, além das necessidades básicas de sobrevivência – de alimentação, abrigo e relacionamento -, devem ser atendidas necessidades de ordem superior, ligadas à autorrealização, para um pleno funcionamento em níveis ótimos de saúde (VAUGHAN, 1997).

Page 38: Os Ditames da Consciência: "Elevado ao Nada"

Maribel Barreto Os Ditames da Consciência - Vol. 6

37

Neste sentido Sayegh (2010) nos relembra que a natureza do homem é revelar a presença divina em espírito e em verdade. Portanto, os princípios espirituais e material, embora de naturezas heterogêneas, estão intrinsecamente unidos e estruturam o Ser, tendo como base a origem fundamental.

Assim, o saber, o sentir e o ser; a ciência, a filosofia e a experiência do Absoluto não mais se revelam como distantes, mas em unidade, em nós mesmos. Para tanto, a experiência! Até porque, saber e experimentar são formas de conhecer. E o Ser Humano não vive sem o conhecimento.

Então, pratiquemos a interiorização; afinal, é a partir desta que nasce aquele estado de ser, no qual nada mais falta; e de tal estado que possivelmente surge o único caminho digno do nome e com ele aquela honesta espontaneidade e contentamento de se ser o que, em essência, se é; o que se pensa ser; ou o que se deve ser.

O Saber está em tudo; o Sentir só em nós; e o Ser só em Deus.

(Jair Tércio)

Page 39: Os Ditames da Consciência: "Elevado ao Nada"
Page 40: Os Ditames da Consciência: "Elevado ao Nada"

39

2

ELEVAÇÃO

“Quem se envolve com a verdade, vê-la afetando-lhe”.

(JAIR TÉRCIO)

“O valor mais importante da vida

depende da Consciência e do poder da contemplação, ao invés de somente mera sobrevivência”.

(ARISTÓTELES)

“Com a mente silenciosa,

vem a expansão da Consciência”. (GHOSE)

Estamos em busca daquilo que em essência somos; e, para tanto, elevação; esta que requer interiorização, que, por sua vez, favorece a manutenção da conexão.

Page 41: Os Ditames da Consciência: "Elevado ao Nada"

40

Para nós já é claro que Ser Humano algum pode entender o que é ser, senão se tornar assim; e a interiorização é a atividade específica para tal, pois faculta o saber buscar deslocar-se do mundo exterior para o mundo interior; portanto, autoconhecer; e por isso ele deve aproveitar das circunstâncias externas para fazer transformação interna - como bem nos evidencia Costa, no seu livro Arca Sagrada (2009).

À medida que o mundo interior é acessado maiores são possibilidades de elevação. E quanto mais elevado, mais sabedoria para lidar com as contingências, circunstâncias, enfim, situações da vida. Segundo Besant (1995), o mistério do porquê disto tudo vai-se revelando gradualmente à medida que o ser humano se desenvolve e que sua consciência vai se expandindo, tornando-se mais viva, mais extensa, sem nunca perder a noção de si mesma.

Quando o ponto se tornou a esfera, vimos que a esfera é afinal o ponto; cada ponto contém todas as coisas e sabe que é uno com todos os outros pontos. O exterior constitui afinal o reflexo do interior; a única realidade é a Vida Una, e a diferença é somente uma ilusão que para sempre se dissipou. (BESANT, 1995, p. 63)

Page 42: Os Ditames da Consciência: "Elevado ao Nada"

41

Assim, destacamos o papel da consciência, pois ela, e somente ela, nos possibilita compreender a complexidade do nosso exterior e, mais ainda, do nosso interior, donde tudo partiu, nos constitui, vivifica e conduz. Portanto, o itinerário básico é do exterior para o interior, do inferior para o superior, do relativo para o absoluto, enfim, do mutável para o Imutável, inclusive e, principalmente, de nós mesmos. Pois bem, como afirma Costa (2009), quanto mais elevado se é, mais profundo se desceu, e de lá partiu.

Todos os grandes filósofos e sábios conclamaram os seres humanos a olharem dentro de si mesmos para a descoberta de um vasto tesouro oculto. “Nesse nível interno, a síntese consumada: tudo aquilo que estivemos buscando está no interior. O Universo exterior é visto, então, como aquilo que realmente é - uma projeção da consciência”. (KAFATOS; KAFATOUR, 1994, p.17).

Assim, o que mais importa, para nós, está em nós, no nosso interior; e (isto que) suplanta, suplantou e suplantará o que está no nosso exterior. E quem quiser ouvir a voz sincera da consciência precisa, segundo Graf (2009), saber fazer silêncio em torno de si e dentro de si. O assunto, portanto, é dentro, é interior. E pois, como chama atenção Burnier (2013, p.

Page 43: Os Ditames da Consciência: "Elevado ao Nada"

42

32) “a mente que vive em superficialidades pode ver somente coisas sem importância”.

Vejamos a parábola sobre o valor da interioridade:

- Por que você gosta tanto da verdade?

Perguntaram os Seres Humanos pouco inteligentes à humanidade, que aprendia com o Iluminado a alcançar o estado de ser espontâneo, de tranquilidade; e usar da percepção direta para experimentar, de maneira idêntica, a única verdade digna deste nome.

Eis que ela considerou:

- Pelo visto vocês nunca a experimentaram.

Eles retrucaram:

- Não estamos interessados.

Ela consumou:

- Não sabem o que estão perdendo; sugiro que façam as lições de casa, pois já aprendi que tudo começa em nós e no nosso mais íntimo e interior.

(COSTA, 2009, p. 1407)

Page 44: Os Ditames da Consciência: "Elevado ao Nada"

43

A nossa direção, portanto, deve ser para o interior, a ponto de silenciarmos interiormente. Neste estado nos educamos, nos disciplinamos e despertamos a consciência como recurso para o cumprimento de nossos deveres sagrados, na conquista da evolução abreviada consciente. Tal assertiva é referendada por Ornstein (1991, p. 337) quando anuncia que “despertar a consciência significa nos apercebermos dos diversos eus interiores e suas parcialidades, ao mesmo tempo em que nos mantemos cônscios dos domínios mais amplos da percepção”.

Compreendemos que percepção é realidade; sentimos isso inclusive com nossas experiências e aprendemos com Jair Tércio Costa que somente quando mentalmente desocupados é que podemos perceber as benesses do que é ser e estar conectado com o Todo; e é aí, e somente aí, que se pode perceber algo além dos símbolos, além do conhecido, além das aparências, enfim, além das formas.

Consciência é, portanto, total, é experiência. Baseado neste pensamento, Kafatos e Kafatour (1994, p.106) questionam: “O que é fundamentalmente total? Aquilo que é vivenciado em sua plenitude?”. Para eles, a consciência é fundamentalmente total e não pode ser provada da maneira científica usual,

Page 45: Os Ditames da Consciência: "Elevado ao Nada"

44

porque ela não pode ser examinada como um objeto de percepção. Representa a fonte de todos os processos sensoriais e das percepções mentais e pode apenas ser vivenciada.

Quando buscamos dentro de nós, descobrimos aquilo que está presente, não importando quem somos ou quem pensamos ser: trata-se de um constante sentido de consciência do eu. É esse ‘pano de fundo’ que dá origem a todas as relações complementares - dele todas surgem, e para ele todas retornam (KAFATOS; KAFATOUR, 1994, p.106).

Com o consentimento de sábios orientais podemos afirmar que é da consciência permear o Todo da conexão Universal; demonstrar a interdependência dos fenômenos; fomentar, de todo movimento, seu desenvolvimento e transformação; bem como favorecer a todas as coisas no que se refere a inevitável passagem de um estado qualitativo para outro, cada vez menos imperfeito.

Assim, lembramos que capacidade, habilidade e eficiência só se ganham com a prática. E a educadora Alice Bailey (2009) evidencia, enaltecendo esta abordagem, que precisamos definir nosso próprio método de aproximação àquilo que existe no íntimo,

Page 46: Os Ditames da Consciência: "Elevado ao Nada"

45

e estudar por nós mesmos esta questão da meditação. Assim, podemos dizer que, encontrar-se com Deus, em si mesmo, só se torna possível através da prática, com este fim.

Nesta dimensão em que o Ser Humano penetra nos recônditos do seu ser é possível, elevando-se ao Nada, o Todo encontrar. E sobre isso destacamos a experiência de White (1997, p. 32):

Para alcançar as regiões mais silenciosas da consciência, temos de escapar das regiões barulhentas da nossa mente, nas quais desperdiçamos a maior parte de nosso tempo. Isso requer um controle de nossos pensamentos. Poderemos então ser capazes de alcançar aquela região silenciosa que é a moradia do Espírito, pois não conheço melhor definição da palavra Espírito senão a de que ele é a Consciência pura.

Para tanto, exercícios de conectividade, tais como de reflexão, concentração, meditação, vibração, percepção, contemplação e exaltação, dentre outros, pois que eles todos promovem a manutenção da conexão; e, para isso, o esvaziar.

Quanto a tal movimento, enaltece a educadora budista Jetsunma Tenzin Palmo (2015) que temos que

Page 47: Os Ditames da Consciência: "Elevado ao Nada"

46

começar do aqui e do agora, na situação em que estamos, com o que somos. E ainda mais, caminhar em direção aos níveis internos de consciência, conforme Wallace (2009). Para ele, quanto mais você se aprofundar neles, mais o nível externo e material se torna relativo. E acrescenta que “ao experimentar outros níveis de consciência, você se torna muito menos dependente do externo para ser feliz. Fama, sucesso, beleza e riqueza material diminuem de importância de forma absolutamente natural” (WALLACE, 2009, p. 45). Acrescenta que ao experimentar tal movimento, outras qualidades emergem: amor, compaixão, satisfação e pacificação internas, as verdadeiras causas da felicidade mais perene. Afirmação essa corroborada por Costa (2009) quando este afirma que quanto mais focamos nossa consciência em nós mesmos, em nosso centro, mais os possíveis conflitos são evitados e os existentes são extintos.

Tratando de outras qualidades, em seu livro sobre a história da origem da consciência, Neumann (2008) afirma que só a progressiva sistematização dos conteúdos da consciência leva ao aumento da continuidade da consciência, ao fortalecimento da vontade e à capacidade da livre ação. “[...] Quanto mais forte é a sua consciência, tanto mais ele pode

Page 48: Os Ditames da Consciência: "Elevado ao Nada"

47

fazer com ela, e quanto mais fraca ela é, tantas coisas apenas acontecem” (NEUMANN, 2008, p. 201).

A consciência, desta forma, é reconhecida como um elemento comum essencial, complementar e fundamental, sob a aparência inicial de infinita diversidade, que permeia toda a natureza, que transcende as fronteiras disciplinares tradicionais, conforme expressa Walsh (1980, p. 255). Na nossa compreensão, ela, a consciência, é uma das faculdades inatas que possibilita ao criado integrar-se consigo mesmo, com seu próximo, com o meio em que vive, por conseguinte, com o Criador – se assim podemos dizer. Com isto, nos faz buscar, achar e manter o que em essência somos.

Assim sendo, temos o dever moral de fazer ser, cada vez mais, ampliado o grau de nossa consciência, a ponto de tornar-se tão abrangente que possa perceber que nada mais falta; que tudo está presente. Esta é, então, uma questão de experiência; e toda experiência é uma iniciação; assim como toda iniciação nos eleva a um nível maior de consciência. Neste processo de elevação da nossa consciência, consideramos que o maior salto que podemos dar é passarmos da inconsciência para a consciência. Para tanto, aqueles exercícios de conectividade, quais nos revelam o caminho que vai para o nosso interior e

Page 49: Os Ditames da Consciência: "Elevado ao Nada"

48

além, de forma consciente, pois, a consciência não evolui inconscientemente.

Neste sentido, é a consciência que nos incita, por exemplo, à reflexão, à concentração, à meditação, à vibração, à percepção, à contemplação e à exaltação, isto é, a exercitar as nossas forças em domínio, porquanto toda forma deve transformar-se até transcender-se, e com o Nada identificar-se, como nos revela Costa (2009). Tais exercícios, seguramente, nos levam à nossa interioridade, nos ajudando a despertar, construir e/ou desenvolver o melhor de nós mesmos e nos envolver com isso; até porque, estes são demonstrações factuais daqueles que primam pelo caminho da verdade que liberta.

De acordo com Walsh e Vaughan (1980) a prática de várias disciplinas da consciência, por exemplo, meditação e ioga, ou na psicoterapia avançada, representa um aspecto essencial da natureza humana a ser considerado por toda teoria psicológica que tente delinear um modelo de pessoa inteira. “[...] a meditação, por exemplo, pode promover o desenvolvimento psicológico, modificar processos fisiológicos (inclusive cerebrais) e induzir vários estados alterados.” (WALSH; VAUGHAN, 1980, p. 24)

Reforçando o valor da meditação, White (1997, p. 32) assim se posiciona: “A aquisição de níveis mais

Page 50: Os Ditames da Consciência: "Elevado ao Nada"

49

elevados de consciência está intimamente vinculada a certas práticas religiosas e, mais especificamente, às práticas de meditação e contemplação.” Só nos Estados Unidos o número de pessoas envolvidas nessas práticas continua a crescer e, chegou à casa dos milhões, já na década de 80. (WALSH; VAUGHAN, 1980).

Considerando a necessidade de voltar a atenção para coisas e valores intrínsecos, Tart (1980) identifica algumas estratégias, tais como a solidão física, o ouvir uma grande música, o convívio com boas pessoas, a apreciação da beleza natural, etc. Para ele, “somente com a prática, essas estratégias se tornam fáceis e automáticas para que se possa viver a “vida unitiva”, a “meta vida”, a “vida do ser”, etc (TART, 1980, p. 144).

Nesta perspectiva do valor da prática, Govinda (1973, p. 136) fala disso quando escreve: “atinge-se uma experiência de dimensionalidade superior pela integração de experiências de diferentes centros e níveis de consciência. Disso decorre o caráter indescritível de certas experiências de meditação no plano da consciência tridimensional”. Assim, podemos dizer que a consciência é como árvores; quanto mais se enraízam nas profundezas do Ser, mas eleva seus galhos ao céu.

Page 51: Os Ditames da Consciência: "Elevado ao Nada"

50

Wilber (1980) sugere que os reinos transpessoais são na verdade parte do inconsciente emergente e que a meditação é uma maneira de acelerar a emergência. Segundo Chopra (2012, p. 284): “além do nosso desperto estado cotidiano, há um nível mais profundo de silêncio interior. [...] O mais profundo é a meditação, que, como já se sabe, altera a estrutura do cérebro e leva a transformações duradouras”. Tal abordagem é referendada por White (1997, p.243) ao afirmar que: “durante a transcendência da mente, na meditação, mudanças fisiológicas naturais ocorrem no corpo e correspondem às mudanças na atividade mental e no nível da experiência”.

O neurologista Di Biase (2006), enaltece também o valor Zen budismo japonês. Ao sentar para meditar, realizando a prática do zazen, as pessoas deixam suas Pequenas Mentes se conectarem à Grande Mente. Na verdade, esse caminho favorece a harmonia com esse todo, com esse universo de interconectividade global. “Hoje, sabemos que eventos como a sincronicidade, e práticas como a oração e meditação, permitem que nos conectemos ao cosmos, com a informação universal cósmica, que podemos chamar de Mente Holográfica Informacional Universal”. (DI BIASE e ROCHA, 2006, p.17).

[...] nós contemos toda a informação auto-organizadora universal e essa

Page 52: Os Ditames da Consciência: "Elevado ao Nada"

51

característica é o que possibilita a conexão cérebro-campo quântico universal, e a ocorrência das sincronicidades. Para que esta conexão cérebro-universo seja possível, é necessário aquietarmos nosso cérebro. Este é o Grande Caminho para sincronizar o funcionamento dos hemisférios cerebrais, permitindo que o modo de tratamento holográfico da informação neuronal se otimize. Isso se consegue facilmente por meio de práticas de meditação, relaxamento e oração, psicotecnologias auto- organizadoras que comprovadamente sincronizam as ondas elétricas dos hemisférios cerebrais. Isso gera um estado superior de consciência, conforme evidenciamos nos registros dos mapeamentos cerebrais computadorizados, realizados em inúmeros centros internacionais de pesquisa [...] (DI BIASE e ROCHA, 2006, p.17).

Ainda evidenciando o valor das práticas de interiorização, Boff (2001, p. 23) afirma que “através de toda a mecânica de oração e da meditação, buscamos criar pontes para chegar ao Céu, a transcendência e a Deus”, e a grande consciência vem lentamente, pedaço por pedaço. Como assevera Peck (2006), ao expressar

Page 53: Os Ditames da Consciência: "Elevado ao Nada"

52

que o caminho do crescimento espiritual é um caminho de aprendizagem ao longo da vida.

Bailey (2007, p.51) expande ainda mais a abordagem ao afirmar:

Quando nós próprios tivermos feito algum trabalho ao longo da linha de meditação, quando estivermos cultivando o interesse grupal e não o autointeresse, quando tivermos corpos físicos fortes e limpos e corpos emocionais controlados e não tomados pelo desejo, quando tivermos corpos mentais que sejam nossos instrumentos e não nossos donos, aí então saberemos o verdadeiro significado da meditação.

Bailey (2007) concluiu enaltecendo o valor de tempo de dedicação à totalidade do nosso ser. Para ela, o objetivo da evolução é que deveríamos funcionar conscientemente, com plena continuidade de percepção nos planos físico, emocional e mental. “Esta é a grande realização que um dia será nossa. Saberemos então o que fazemos cada hora do dia e não somente durante cerca de quatorze horas em cada vinte e quatro.” (BAILEY, 2007, p.55)

Voltando um pouco na história, destacamos Voltaire (2000) que já afirmara categoricamente ser a

Page 54: Os Ditames da Consciência: "Elevado ao Nada"

53

meditação o meio para a dissolução de pensamentos na consciência eterna ou na consciência pura, sem objetificação, sabendo sem pensar, fundindo a finitude na infinidade.

Da mesma maneira, William James (1842-1910) afirmara que aquilo que prestamos atenção a cada momento é nossa realidade. Então, o que compõe o nosso mundo real é aquilo que prestamos atenção. É possível escolher o que vamos pôr em nosso mundo interino, que tipo de visão queremos ter do mundo. Porém, é preciso entender que aquilo que esperamos não está lá, mas aqui; bem como afirma Costa (2009, p.

576) quando diz que “não é em nada fácil ver a natureza divina que habita em todas as coisas”, mas isso não significa que ela não exista, até porque, “não é porque não se pegou, não se viu ou não se ouviu algo que se pode negar a sua existência, porquanto, a realidade não é, tampouco está na aparência, mas na essência” (COSTA, 2009, p. 679), e a essência refere-se ao Uno, ao Todo, que está em tudo e é real . Assim, Costa (2009) corrobora com James quando defende que, apesar disso, não é porque uma história não é real que não proporcione experiências reais.

Para Pilli (2013) a meditação é como estivéssemos dando um tempo entre um estímulo e nossa reação. Enquanto não tivermos um pouquinho desse treino,

Page 55: Os Ditames da Consciência: "Elevado ao Nada"

54

seguiremos responsivamente todos os estímulos que chegarem para nós, como se não tivéssemos chances de ver, respondendo apenas a urgências, nossas e dos outros. “Nós podemos dar uma ‘paradinha’ antes de sermos reativos, antes de agir responsivamente, antes de responder. Essa ‘paradinha’ é fundamental para ver o que é importante” (PILLI, 2013, p. 22).

A neurocientista Sara Lazar, analisando os efeitos da meditação no cérebro, anuncia que fez uma pesquisa bibliográfica da ciência e detectou evidências de que “a meditação estava sendo associada com diminuição do estresse, diminuição da depressão, ansiedade, dor e insônia, e um aumento da qualidade de vida” (LAZAR, 2015, p. 1). Pode verificar que os meditadores experientes têm uma maior quantidade de matéria cinzenta na ínsula e regiões sensoriais do córtex auditivo, e sensorial. “Quando você está consciente, você está prestando atenção à sua respiração, aos sons, à experiência do momento presente, e reduzindo a cognição, seus sentidos ficam mais aguçados” (LAZAR, 2015, p. 1). Assim, faz-se importante ressaltar que nada supera o valor do hoje, aqui e agora.

Para Ram Daas (1980) a meditação evoca a pergunta: quem de fato somos? “Se somos o nosso ego, morreremos afogados caso abramos os filtros do

Page 56: Os Ditames da Consciência: "Elevado ao Nada"

55

ego e o inundemos. Se, por outro lado, não somos apenas aquilo que o ego define que somos, a remoção dos seus filtros pode não ser uma ameaça tão grande”. Pode em sua concepção significar a libertação do ente humano. (DAAS, 1980, p. 155).

Assim, um crescente interesse pelos estados alterados e pelas suas implicações para o bem-estar psicológico, levou a consciência ao primeiro plano da psicologia transpessoal. O reconhecimento do caráter central da consciência, não implica forçosamente a rejeição de outras teorias e modelos psicológicos; representa antes uma tentativa de considerá-los a partir de um contexto ampliado que inclui as perspectivas oriental e ocidental (CAPRA, 1980).

“Por exemplo, a meditação, marco fundamental do crescimento psicológico mais avançado, pode incluir o treinamento de indução de uma variedade de estados alterados. A consciência constitui tanto o meio como o alvo desses esforços” (CAPRA, 1980, p. 80). O potencial para desenvolver a consciência, portanto, é de todos. Basta, por tanto, a prática.

A meditação é, na verdade, um caminho instrumental sustentado de transcedência, e como transcendência e desenvolvimento são sinônimos, segue-se que a meditaçao é apenas desenvolvimento sustentado ou crescimento, como bem defende

Page 57: Os Ditames da Consciência: "Elevado ao Nada"

56

Wilber (1980). “Ela não é primariamente uma maneira de reverter as coisas, mas de levá-las ao ponto da atualização de todo potencial, até que todo o inconsciente primordial se desvele como Consciência” (WILBER, 1980, p. 124).

Aqui dialogamos com Chopra que nos traz a perspectiva da Consciência pura, qual ele identifica como o potencial invisível do qual tudo se origina. “As qualidades da consciência pura parecem sutis a princípio, mas tornam-se mais poderosas enquanto seguimos em frente no caminho. ” (CHOPRA, 2012, p.284). Sobre os principais atributos definidos pelas grandes tradições de sabedoria, Chopra (2012, p.284) compartilha que existem dez qualidades da consciência pura: “silenciosa e pacífica, autossuficiente, desperta, de potencial infinito, que organiza a si mesma, que é espontânea, dinâmica, considerada também como um estado de graça e por fim sábia e integral”.

Relacionando com a abordagem de Vaughan (1980) para auxiliar o indivíduo no processo de alargamento do sentido mais amplo de identidade, incluindo as dimensões transpessoais da existência, o terapeuta pode usar técnicas terapêuticas tradicionais, bem como a meditação e outros

Page 58: Os Ditames da Consciência: "Elevado ao Nada"

57

exercícios de percepção derivados das disciplinas da consciência orientais. (VAUGHAN, 1980, p. 204).

Tais reflexões encontram ressonância na percepção de São Boaventura, filósofo favorito dos místicos, que ensinava acerca das três modalidades de aquisição de conhecimento, que ele denomina de três olhos: o olho da carne (mundo exterior do espaço, do tempo e dos objetos), o olho da razão (a filosofia, a lógica e a própria mente) e o olho da contemplação (realidades transcendentes). Assim, a psicologia transpessoal, bem defendida por Wilber (1980), encontra-se extraordinariamente favorável à ideia de uma abordagem equilibrada, e, ao mesmo tempo, completa da realidade – que pode usar o olho da carne, o olho da razão e o olho da contemplação. “E penso que a história do pensamento vai terminar por provar que fazer mais do que isso é impossível, e fazer menos, desastroso”. (WILBER, 1980, p. 248). Afirmação essa que entra em sintonia com o fato de acreditarmos que a realidade exige ser compreendida e, principalmente para isso, a nossa consciência é nosso melhor guia.

Nesta perspectiva mais profunda, começa-se a ver como todo o processo da motivação e do desejo opera na mente, em total desvinculação do conteúdo de todo desejo particular. Para Kornfield (1980),

Page 59: Os Ditames da Consciência: "Elevado ao Nada"

58

discernimentos mais amplos do processo mental levam a ver de maneira mais profunda que tudo o que somos está em constante mudança.

Pode surgir uma clara visão da dissolução do eu momento a momento, o que costuma produzir medo e terror, uma espécie de morte interior. Mais tarde, vem dessa percepção um processo espontâneo de abandono das motivações pessoais, o que faz aumentar a percepção de consciência amoroso ou consciência do “Bodhisattva”. Com a queda da solidez do eu, surge uma visão do real vínculo que nos une a todos. Vem daí uma espécie espontânea de calor e compaixão. (KORNFIELD, 1980, p. 170).

Parte então daí a percepção de que o mundo que constituiu a sólida base do nosso ser também é uma construção da nossa consciência. (BUGENTAL, 1980, p. 215). Dentro desta concepção, somos convidados para o processo consciente e voluntário de desenvolvimento mais profundo da consciência. Para tal, o primeiro requisito é a obrigação de se trabalhar consigo mesmo. E para Walsh e Vaughan (1980, p. 290): “A atenção, a sensibilidade perceptual, as emoções, os apegos, o pensamento e até o estilo de vida devem ser treinados e disciplinados por todo

Page 60: Os Ditames da Consciência: "Elevado ao Nada"

59

aquele que desejar empreender uma exploração profunda nesses domínios”.

Somente pelo compromisso com a disciplina contínua e em aprofundamento podemos alimentar a esperança de explorar os aspectos mais fundamentais da psicologia transpessoal, da consciência e de nós mesmos, e de usá-los para contribuir com os outros, e não para propósitos egocêntricos. Nós somos o fator limitador da nossa exploração desse vasto e intemporal domínio que, em última análise, somos nós, e apenas começamos. (WALSH; VAUGHAN, 1980, p. 290-291)

Assim, e corroborando com as múltiplas e complementares formas de elevação do Ser, compartilhamos três exercícios específicos que muito nos ajudam quanto a tal, senão vejamos: exercícios de concentração, contemplação e de exaltação, na perspectiva da iluminação, a partir da prática experimentada, sob orientação do Mestre Jair Tércio. Para tanto, ele, o gênero humano, deve saber cada vez mais aprofundar-se, enlarguecer-se e elevar-se em relação a sua Origem Causal.

Neste sentido, quanto maior é o grau de concentração, maior é o grau de vontade; portanto,

Page 61: Os Ditames da Consciência: "Elevado ao Nada"

60

maior é a capacidade de aprofundar-se. Quanto maior é o grau de contemplação, maior é o grau de consciência; portanto, maior é a capacidade de enlarguecer-se. E quanto maior é o grau de exaltação, maior é o grau de ciência; portanto, maior é a capacidade de elevar-se. (COSTA, 2009).

Tal movimento, envolve determinação, simplicidade e disciplina, bem como envolve, principalmente a prática, concomitante, da concentração, da contemplação e da exaltação que deve ser intensificada, através de admirações à simetria do Imutável, principalmente de nós mesmos.

No que se refere à concentração, ela envolve o convergir de todas as nossas energias, com o fim de realizar um objetivo desejado. Representa uma ação de vital importância; visto que não podemos viver sem realizar.

Com o fim de auxiliar, cada vez mais, quanto ao alcance dos reais objetivos, indicamos a realização de 4 exercícios, a partir do exemplo de alguns animais, que estruturam dois eventos, que venho realizando há 6 anos: (a) Worshop: Os Ditames da Consciência; e (b) Vivência: O despertar da consciência.

Recomendamos os seguintes exercícios, conforme descrição completa em Barreto (2013, p. 81-

Page 62: Os Ditames da Consciência: "Elevado ao Nada"

61

88)1: (1) A concentração do leão; (2) A reflexão da leoa; (3) O testemunhar da garça e (4) O olhar do mangusto. Todos eles referem-se ao processo de centração, que corresponde à concentração. Este é o primeiro nível, portanto, ainda mais grosseiro. Tem, entretanto, um valor inestimável pois que sem concentração, não é possível elevação, iluminação, divinização.

Besant (1995) também enaltece o valor da concentração, como a arte de fixar a mente num ponto e conservá-la firmemente, não lhe permitindo dispersão. Assim afirma: “devemos educar a nossa mente a pensar duma maneira firme e consecutiva, devemos evitar que as nossas energias mentais se esbanjem em mil pensamentos insignificantes, e que pousem frivolamente agora nisto, logo naquilo” (BESANT, 1995, p. 43).

Vejamos a parábola que aborda a disposição de quem tem vontade à disposição, fruto de muita concentração (COSTA, 2009, p. 1321):

O Iluminado, era pura concentração, como faz um mangusto, quando buscando antecipar os passos de seus

1 A obra completa, com a descrição de todos os exercícios, encontra-se disponível

no site: www.maribelbarreto.com.br. Livros: Os Ditames da Consciência – A consciência em busca de si mesma, 2013.

Page 63: Os Ditames da Consciência: "Elevado ao Nada"

62

predadores; e quando se sentiu preparado para cumprir a sua missão, volveu-se para Deus e disse:

- Pai, estou de pé e à Ordem, pronto e mais do que esperando, para honrá-Lo.

E ouviu dEle:

- Me recompense.

Assim sendo, não basta concentrar, mas buscar atingir grau de concentração significativo e, desta forma, poder atingir grau de percepção que não pode deixar de ser notada nem mesmo praticada, pois a consciência se pratica. E ela, a concentração, ascende tornando-se contemplação.

Quanto à contemplação, ela envolve a ação de olhar com os olhos do corpo e enxergar com a alma. E quem contempla encontra a proporção perfeita, segundo Costa (2009). Assim, quanto mais contemplativo mais próximo; e quanto mais próximo melhor, até porque, Deus é infinito na duração e extensão, mas é finito na distância.

De acordo com Schumacher (1977, p. 39), “a faculdade contemplativa envolve a sensibilidade aprimorada para a experiência sutil”. Tal perspectiva reforça ainda mais sua importância, visto que contemplar ajuda-nos a ser o que devemos ser e

Page 64: Os Ditames da Consciência: "Elevado ao Nada"

63

conceber a simetria divina, a partir de nós mesmos, como nos orienta Costa (2009).

Nesta dimensão da contemplação, indicamos os seguintes exercícios, a partir do exemplo de animais, conforme já anunciado, anteriormente: (5) a introspeção da crisálida e (6) a auto-observação da borboleta (BARRETO, 2013, p. 89-92). Eles referem-se ao movimento de admiração, relativo à contemplação, que ocupa um nível mais sutil de movimento. Tais exercícios nos fazem lembrar que, de fato, o maior dos mistérios não está fora, mas, dentro de nós mesmos.

Conta a parábola sobre o valor da contemplação e evidencia a máxima de que quem contempla atrai a Totalidade:

Um Iluminado, era pura contemplação, como a garça, quando à espreita de suas presas no leito do rio. Eis que, quando quis, volveu-se para Deus e disse:

- Pai, peço sua permissão para estar com a humanidade, para seus desígnios; pois estou de pé e à Ordem, pronto e mais do que esperando para honrá-Lo, como tal. Prometo que não criarei problemas.

Page 65: Os Ditames da Consciência: "Elevado ao Nada"

64

Daí ouviu dEle:

- mas não evitará atraí-los. Permissão concedida.

Com a contemplação vem o silêncio; com ele vem a compreensão; e com ela vem tudo aquilo que até então esteve oculto, mas acessível a quem o busca, ou seja, a verdade inteira. Isto porque a contemplação nos aproxima de nossa origem e faz tudo que é visível desaparecer e tudo que é invisível aparecer (COSTA, 2009).

Ela, a contemplação, traz-nos aquilo que está além da experiência e ascende tornando-se exaltação. Nesta dimensão da exaltação, indicamos o último exercício: (7) Giro do elefante (BARRETO, 2013, p. 93-94), que se refere ao movimento de celebração, relativo à exaltação, que ocupa um nível suprasutil de desenvolvimento. Representa a total aceitação, em nós mesmos, de Deus como a origem de todas as coisas.

A exaltação, por sua vez, refere-se ao restabelecimento da relação íntima, entre o criado e o Criador, e nos identifica com o Criador. É uma confirmação da fé.

Conta a parábola:

- O que você nos traz?

Page 66: Os Ditames da Consciência: "Elevado ao Nada"

65

Perguntava a humanidade ao Iluminado que estava em estado de exaltação para consigo mesmo, assim como faz o elefante quando girando no sentido horário, receptivo a todos os recônditos do Universo e à Ordem.

Eis que, ela ouviu ele responder, salmodiando:

- Trago aquilo do qual, nada, tampouco ser algum escapa; trago aquela primeira e última joia que reúne todas as outras; trago o guia de prioridade máxima para os que já desejam voltar para o nosso verdadeiro lar; trago a luz que esclarece o nosso ser e ilumina o nosso caminho, a fim de que o nosso caminhar seja reto, breve e seguro; enfim, trago a primeira e última coisa que liberta.

Daí a humanidade, cheia de graça que transbordava, considerou:

- Meu pai; minha mãe; meu irmão e meu amigo, eu não sei o que dizer.

Ele, então, concluiu para ela em tom de afirmação:

- Diga que aceita. Mas devo salientar que isso não é o suficiente, embora já seja um grande começo, pois em ciência vos digo - não há triunfo sem esforço; este que, para os devidos fins, deve ser

Page 67: Os Ditames da Consciência: "Elevado ao Nada"

66

perseguido, no mínimo, até o desmedido, porquanto o que todos buscamos é o que Sou; e o que Sou é sem medidas. (COSTA, 2009, p. 1351).

Exaltação, portanto, envolve a compreensão, em si mesmo, do todo da relação parte-todo, tendo o silêncio como método específico, afinal, quanto mais nos silenciamos, mais profundo é o nosso estado de exaltação; e quanto mais profundo é o nosso estado de exaltação, fruto da contemplação, que é fruto da concentração, mais espontaneidade, inspiração, afeição, intuição, admiração, esforço desmedido, ação imensurada, paciência, fé, o ser humano tem à disposição.

A parábola que segue nos ajuda a melhor compreender o todo do valor dos referidos exercícios de conectividade, de forma a nos envolver com eles, sem ressalvas, receios e/ou restrições.

Se você é realmente o filho de Deus, então façamos um milagre. Pressionaram os Seres Humanos pouco inteligentes o Iluminado, que ensina à humanidade o valor da concentração, contemplação e exaltação; e ouviram dele: fé testada é fé negada, ou melhor, não é fé. Mas em ciência vos digo – quem tem fé não sucumbi, nem deixa seus semelhantes sucubirem, pois

Page 68: Os Ditames da Consciência: "Elevado ao Nada"

67

todos buscamos o maior; e o maior dos milagres está em nós e no nosso mais íntimo mais íntimo. (COSTA, 2009, p. 1361)

Desta forma, fica claro que tudo passa pela consciência, ela que é a chave para o Todo que nos constitui. O caminho, portanto, envolve a prática íntima, intensa e ininterrupta dos exercícios que mantém a nossa conexão com aquilo que somos, mobilizando as dimensões, a saber: da profundidade, com a busca acerca de nós mesmos, bem como da Razão de nossa Existência; da largura, que envolve a busca ao nosso bem estar, do nosso próximo e do meio em que vivemos; e da altura, com nossa elevação para Deus.

Nos elevemos, assim, ao sagrado do conhecimento acerca de nós mesmos; até a plena identificação com esta dimensão, que nos vivifica, de forma a iniciarmos o desenvolvimento da nossa consciência para um nível maior, tão inevitável, quanto autossustentável.

O que está além não é inacessível. (Jair Tércio)

Page 69: Os Ditames da Consciência: "Elevado ao Nada"
Page 70: Os Ditames da Consciência: "Elevado ao Nada"

69

3

O NADA

“Ser humano é buscar saber e sentir, cada vez mais e em si mesmo,

acerca da verdade que encerra o fato de que o Ser humano, esse ser trino,

quando se eleva ao Todo, ou Deus, enfim, ao UM, nada encontra, senão ele mesmo em sua pequenez;

todavia, quando ele se eleva ao nada, o Todo, ou Deus, enfim, o UM,

o Encontra em sua grandeza”. (JAIR TÉRCIO)

“A emoção mais bela e profunda que podemos sentir

é a do sobrenatural. Este é o poder da verdadeira ciência”.

(ALBERT EINSTEIN)

“Em cada um de nós há um outro que não sabemos, mas que devemos conhecer.

Mesmo que, desesperadamente, tente se esconder”. (JUNG)

Page 71: Os Ditames da Consciência: "Elevado ao Nada"

70

Compartilhamos, neste momento, os ensinamentos dos iluminados acerca da ciência de Iluminação que cada um deixou como legado, pelo contato direto com o Uno, fruto da elevação ao Nada. Compreendemos que um iluminado é um símbolo que representa uma realidade inevitável: Deus, o princípio incriado e criador de todas as coisas.

Nesta dimensão, relembramos que a consciência, uma das mais significativas faculdades inatas do gênero humano, refere-se a muito mais do que uma operação conhecida e nos remete, todo tempo, ao contato com o desconhecido que se revela quando nos elevamos ao Nada.

Mas, o que vem a ser o Nada?

A etimologia da palavra “Nada” vem do latim res nata, "coisa nascida" (HOUAISS, 2009). O Nada refere- se, assim, ao movimento de acessar aquilo que nos constitui, e que nos possibilita sensibilizar, despertar e renascer no dia a dia do viver.

“Platão definiu o Nada como alteridade que resulta na compreensão de que há um Ser do não-ser, de modo que diremos corretamente que todas as coisas não são e ao mesmo tempo são e participam do Ser” (ABBAGNANO, 2007, p. 695). Assim, para Platão o Nada é a alteridade do Ser, ou seja, a negação de um

Page 72: Os Ditames da Consciência: "Elevado ao Nada"

71

Ser determinado e a referência indefinida a outro gênero do ser.

O conceito de nada, na matemática, é equivalente ao de "conjunto vazio", conjunto este que não possui elementos próprios, mas é um elemento do conjunto dos subconjuntos de um conjunto ainda maior. Todo número elevado a 0 (zero), portanto, ao nada, representado por uma esfera circular, símbolo do Imanifestado, segundo a Cosmogênese, resulta 1, ou seja, a Unidade, o Uno, o Princípio dos Princípios. Do “nada” surge o “impulso” rumo à manifestação e à evolução, que se dá pela Unidade. Assim, quando o Ser humano, trindade composta de espírito, alma e corpo físico se eleva ao Nada, encontra o UM.

Segundo Heidegger (1969, p. 100), também, “o “nada” não é um conceito oposto ao ente, mas pertence originariamente à essência mesma (do Ser). No ser do ente acontece o nadificar do nada”. O que está além não é inacessível. O mais precioso tesouro é ser nada para ser o tudo então.

Exemplifica bem a parábola:

Deus, desejando enviar à humanidade o melhor dEle e o possível para ela conceber, volveu-se para o oportuno Iluminado e disse-lhe:

Page 73: Os Ditames da Consciência: "Elevado ao Nada"

72

- Filho, Eu lhe darei algo que você nunca sonhou, contudo, terás que perder o resto de tudo que tens, mas não de tudo que és.

Aí o Iluminado disse-Lhe:

- Mas Pai, eu já não tenho mais nada, senão o que sinto e sou.

E Deus lhe respondeu:

- Por isso mesmo, meu querido. Comecemos por aí.

(COSTA, 2009, p. 1298).

Aprendemos, assim, que quando nos elevamos ao “nada” contatamos com aquilo que sentimos e somos, em essência: coisas da Consciência! Quanto à tal, Kafatos e Kafatou (1994) anunciam que a causa original e final do Universo nada mais é senão consciência e, na verdade, ele próprio nada mais é senão essa mesma consciência.

Ela, [a consciência] é de fato, uma parte integral do Universo, presente desde a criação, ao invés de uma mera reflexão tardia da evolução. Em certo sentido, o grande campo do qual o Cosmo se origina é Consciência universal que, ao vibrar, tudo cria. (KAFATOS; KAFATOU, 1994, p.16).

Page 74: Os Ditames da Consciência: "Elevado ao Nada"

73

Em perspectiva similiar Ghose (2011) afirma que a consciência está em toda parte no Universo, em todos os níveis, os quais correspondem aos nossos próprios centros. “Quanto maior for o desenvolvimento da consciência, maior será seu raio de ação, ampliando-se o número de níveis que ela é capaz de alcançar” (GHOSE, 2011, p. 73). Ela se desenvolve e se atiça como o fogo. E sobre isso relata o que ele percebe:

Em certos momentos privilegiados de nossa existência, todos sentimos como que um calor em nosso ser, uma espécie de impulso interior ou uma espécie de força viva, inexprimível em palavras, que não tem mesmo razão de estar ali, porque surge do nada, sem causa, nua qual uma necessidade ou qual uma chama. (GHOSE, 2011, p.71)

Assim, iniciar-se na Senda do Sagrado é dar início à expansão da sua consciência para um nível maior, tão inevitável, quanto autossustentável.

Há momentos de existência quando o tempo e o espaço são mais profundas, e a consciência da existência é imensamente aumentada (BAUDELAIRE, 2003).

Page 75: Os Ditames da Consciência: "Elevado ao Nada"

74

Segundo Wilber (2001, p. 232): “[...] é necessário haver uma certa quantidade de evolução, antes que se possa sair da evolução, sair do tempo e entrar na própria eternidade”. E segundo o que sentimos, um dos maiores desafios para a consciência do gênero humano é discernir acerca de como o Todo pode provir do Nada.

Mas, à medida que a sensibilidade perceptiva humana ultrapassa um certo limiar, penetramos num domínio que está além da nossa experiência ordinária do mundo e da sua concomitante “realidade” e alcançamos uma visão fundamentalmente distinta da natureza (WALSH, 1980). Segundo ele, essa visão pode ser alcançada por meio de todas as modalidades epistemológicas de aquisição de conhecimento: a percepção sensória, a análise conceitual intelectiva ou a contemplação.

A sensibilidade aumentada pode ser conseguida quer por meio do treinamento direto da percepção como ocorre na meditação e em outras disciplinas da consciência, com o emprego de instrumento e de experimentação, como na ciência avançada. (WALSH, 1980, p. 249)

Page 76: Os Ditames da Consciência: "Elevado ao Nada"

75

E, saber que todo Ser humano tem o dever moral de subir as montanhas, atravessar os desertos e descer os abismos, de si mesmo.

O referido processo de sensibilidade, do aumento da quantidade de evolução, enfim, da consciência ampliada é mesmo fruto de muita elevação, como vimos. Os iluminados são a prova cabal disto. Alcançaram estados elevados e com o UM se identificaram. O que reforça a máxima de que a Iluminação não é algo para ser obtido repetidamente por nós, senão quando estamos ausentes.

Segundo Bailey (2009, p. 53), cada vez que nosso horizonte se alarga e pensamos e vemos mais amplamente, “é uma iniciação e aqui está, para nós, o valor da própria vida e a grandeza de nossa oportunidade”. Estamos diante dos primeiros passos para o reino espiritual, com revelações espirituais, considerando que “à medida que trabalharmos de volta para o espírito, tenderemos à unidade, de modo que podemos esperar o aparecimento da unidade no mundo religioso” (BAILEY, 2009, p.59), tal como provam os iluminados, através de seus atos e obras. De forma assertiva revela, ainda:

A verdade está dentro de nós. Quando pudermos entrar em contato com nosso Deus interno toda a verdade nos

Page 77: Os Ditames da Consciência: "Elevado ao Nada"

76

será revelada. Seremos Conhecedores [...] e não é com frequência que o homem comum entra em contato com seu eu superior. Só em nossos momentos de maior empenho, só nas grandes crises de nossas vidas e só como resultado de longa disciplina e meditação árdua, isto pode ocorrer (BAILEY, 2009, p. 61).

Revela com isso que a chave para a Iluminação não é agarrar-se ao fim, mas ao meio.

É verificável o fato de que todos os iluminados são o resultado de maior empenho, disciplina e da manutenção da conexão, através dos exercícios já citados no capítulo anterior. Eles, portanto, demonstraram e ainda demonstram, que alcançaram a totalidade, fruto de total dedicação. Assim, “realizaram a conquista da Matéria, do Espaço e do Tempo. Para o homem unificado, já não existem barreiras nem obstáculos”, como evidencia Besant (1995, p.62).

Podemos dizer que alcançaram estados superiores de consciência, estes que são acompanhados de “experiências de transcendência dos limites comuns da percepção, do ego e da identidade” (CAPRA, 1980, p. 80). Tais experiências reforçam a nossa crença de que a consciência é a base

Page 78: Os Ditames da Consciência: "Elevado ao Nada"

77

da maior recompensa para todos que chegam até ela - a Iluminação é prova cabal disto; estado este no qual tomamos consciência da própria consciência.

Capra lembra ainda que o potencial de atingimento de tais estados superiores ou transpessoais profundos é latente em todos nós; “até que todas as almas, e cada uma delas, se recorde de Buda, como Buda, em Buda – ponto em que não existe Buda nem alma” (WILBER, 1980, p.124).

Daí lembramos que eles fazem parte do inconsciente emergente e que para ser acessado, exercícios de conectividade são necessários, inevitáveis e inadiáveis. Assim sendo, a verdadeira tarefa é encontrar a verdade interior, o centro consciente, enfim, o centro divino, em nós mesmos.

Os iluminados são, por sua vez, o resultado de prioridade absoluta conferida ao projeto de Iluminação, a partir de transformações tão inevitáveis, quanto radicais, como inexoráveis. Nessa transformação última, o espelho e o que ele reflete são uma coisa só. Essa é a transformação final. A evidência do estado de Iluminação ou de um ser humano plenamente realizado, que consegue olhar e ver através da sua própria natureza essencial, que implica olhar e ver através do Todo.

Page 79: Os Ditames da Consciência: "Elevado ao Nada"

78

Tal estado revela, como afirma Tart (1980, p. 132), que o Ser humano plenamente realizado é aquele cujas portas da percepção foram limpas. “Trata-se da capacidade de ver as coisas tais como são, livres da influência distorcedora do desejo, da aversão, da ignorância e do medo”. Enaltece, ainda, que na pessoa iluminada, só existem fatores saudáveis no seu desenvolvimento psicológico, pois que só com a Iluminação acabam-se as nossas insatisfações.

Trata, por fim, de uma fase em que, tendo passado pela total transformação do Ser, livre do medo, da dúvida, da confusão e da consciência de si mesmo, há mais um passo para a complementação da jornada: retornar o vale embaixo, ao mundo cotidiano. Sendo que, desta vez, o ser que volta é própria quietude; é a compaixão e sabedoria; a verdade dos séculos; o amor à disposição. Isto porque, quem encontra e mantém a unidade se torna muito dentro e pouco fora.

O referido estado de amor deve, portanto, ser compreendido como uma dimensão subjetiva que “derrama sem se esgotar, porque se reinventa, se recria, se regenera. E renasce no ato de dar” (HENRIQUES; BARROS, 2013, p. 353). Pois, Deus É inexaurível e não É, tampouco Está confinado em ambiente algum, portanto “transborda”.

Page 80: Os Ditames da Consciência: "Elevado ao Nada"

79

Pouco importa a posição que esse Ser ocupa na comunidade; “se torna uma luz para os outros que estão no caminho, uma afirmação da libertação que vem do fato de ter alcançado o topo da montanha” (DAAS, 1980, p. 155). Quem busca a Iluminação deve estar confiante, convicto e certo, segundo Costa (2009), de que ilumina os seus semelhantes, a humanidade e o mundo.

Há revelação, com o aumento da percepção, de uma motivação mais profunda na plena participação nos processos evolutivos. “A evolução não é vista como uma questão aleatória, mas dirigida por uma consciência superior e caracterizada por um propósito”, caminhando, paulatinamente, para um conhecimento cada vez maior de si mesma, do Eu e do Todo. (HARMAN, 1980, p. 275). Neste sentido, quem quiser compreender o centro de onde partem todas as ações, a partir de si mesmo deve transformar-se nele.

Harman compartilha também sua compreensão de que:

O grande segredo do conhecimento esotérico é: “eu sou causa”. Fenômenos supranaturais como a telepatia, a percepção clarividente, a vivencia de eventos que aconteceram com outras pessoas, o teletransporte e outros eventos psicocinésicos são, de modo

Page 81: Os Ditames da Consciência: "Elevado ao Nada"

80

geral, perfeitamente possíveis. Em algum nível profundo, o indivíduo os compreende e, em algum nível profundo, escolhe as “leis físicas” ordinárias que os evitam na maioria das vezes. (HARMAN, 1980, p. 276).

Com a percepção ampliada, para ele, vem uma nova atitude diante da vida, uma forma mais criativa de viver. Um dos seus aspectos é o desejo de trabalhar e de servir, de participar conscientemente, no processo evolutivo, do drama cósmico, da realização da humanidade.

Este estado, fruto da elevação ao nada, possibilita estados transpessoais sobre a “consciência unitiva, que se refere à unidade mística, intuição profunda da natureza do Ser, expansão da identidade para além do ego e da personalidade, a experiência mística, o Ser, a essência, a bem-aventurança, a reverência, a transcendência do eu” (WALSH; VAUGHAN, 1980, p. 17-18).

Kafatos e Kafatou (1994) enaltecem a percepção de que a transcendência da mente leva a experiências místicas que reforçam qualquer compreensão intelectual que se tenha acerca da identidade entre a consciência individual e universal. “[...] assim como é aqui, também é alhures [...]” (KAFATOS; KAFATOU,

Page 82: Os Ditames da Consciência: "Elevado ao Nada"

81

1994, p.213). Afirmam ainda que, complementando a abordagem:

[...] A experiência mística nada mais é senão a união do individual com o universal, a fusão de ambos, a redescoberta da nossa própria verdadeira natureza. Essa experiência não se limita a qualquer país, cultura, religião ou escola de o pensamento em particular. A tendência de assumir que uma única cultura, religião ou sistema filosófico possui o monopólio da Verdade vai de encontro à mensagem universal promulgada por todos os grandes sábios, filósofos e pensadores religiosos de todas as tradições.

Nesta perspectiva, destacamos o olhar sensível dos educadores Henriques e Barros (2013) quando afirmam que somos cidadãos do mundo, sem olhar para religiões particulares ou para culturas distintas. “Queremos o absoluto, cuja composição nenhum conceito ou receita conseguiu ainda estabelecer. Somos membros de uma grande comunidade humana e, cada vez mais, em diálogo intercultural e ecumênico. Procuramos uma unidade que não esqueça as diferenças individuais” (HENRIQUES; BARROS, 2013, p. 365-366). Complementam suas

Page 83: Os Ditames da Consciência: "Elevado ao Nada"

82

percepções evidenciando que seja Capela Sistina ou templo budista, a humanidade procura a si mesma.

Vá à solidão, mas leve Deus, pois lá encontrarás você e tudo que lhe é afeito – a Iluminação é prova cabal disto, corroborando assim com o que afirma Chaves (2011, p.114) quando diz que “A essência é a origem e o destino do Ser, a luz centelha divina, matriz espiritual individual e indivisível, cujo destino é a sua origem: Deus!”

E nessa busca de si mesma, bem afirma Lao Tsé (2004), que a chave para o crescimento é a introdução de dimensões superiores de consciência na nossa consciência, onde experimentamos valores como verdade, bondade, beleza, amor e compaixão, e também intuição, criatividade, percepção e atenção (CHOPRA, 2012), podendo mesmo manifestar, como reforça Grof (1994, p. 23): “as propriedades de um campo de consciência que transcende espaço, tempo e causalidade linear”.

A consciência, portanto, é compreendida também como sendo onde tudo ocorre. E defendem os organizadores do livro: “Quem somos nós” (2005) que temos que perseguir o conhecimento sem a interferência dos nossos vícios. Se conseguirmos, manifestaremos o conhecimento na realidade e o nosso corpo sentirá novas possibilidades, novas

Page 84: Os Ditames da Consciência: "Elevado ao Nada"

83

químicas, novas imagens, uma imensidão de novos pensamentos, além dos nossos sonhos mais incríveis. A evolução é prova cabal de que todos nós um dia alcançaremos o nível dos avatares que lemos a respeito na história: Buda, Jesus, entre outros. Bem- vindo ao reino dos céus. Sem julgamento, sem ódio, sem provas, sem nada. (ARNTZ; CHASSE; VICENT, 2005). Tal compreensão nos remete à consciência como a chave deste processo.

Assim, na direção deste nível de Iluminação, podemos deslocar nossa consciência para regiões mais profundas ou mais elevadas, inacessíveis à mente e aos órgãos dos sentidos; que nos permite entrar em contato com os diversos níveis da existência, visíveis ou invisíveis (GHOSE, 2011). Ainda sobre a concepção de consciência assim esclarece:

Consciência é independente de tudo aquilo que pensamos, que sentimos e de tudo aquilo que queremos com nossa pequena personalidade frontal; ela é independente da mente, do corpo vital e mesmo do corpo físico, porque, em certos estados particulares [...], ela sai do corpo físico para mover-se em outras realidades e realizar experiências. Nosso corpo, nosso pensamento, nossos desejos são

Page 85: Os Ditames da Consciência: "Elevado ao Nada"

84

somente uma fina película de nossa existência total. (GHOSE, 2011, p.73)

Continuando na compreensão da consciência, anuncia que, quando descobrimos a consciência, encontramos a mesma coisa por toda a parte, em todos os seres, em todas as coisas; podemos entrar em comunicação direta, como se tudo fosse verdadeiramente igual e sem muros. Por outro lado, a maioria de nós quer o mundo, porque ainda não sabe que temos tudo.

Para tal compreensão, há demanda de atenção e manutenção da conexão com a vida espiritual, que propicia um caminho para uma consciência mais elevada, que é universal, e segundo Chopra, corresponde a 5 (cinco) estágios até a Iluminação.

Estágio 1: Abertura. Temos uma poderosa experiência pessoal que nos eleva para fora de nossa consciência do dia a dia; Poder ter uma súbita visão interior, capaz de mudar a vida para sempre, ou uma sensação de consciência da unidade; ou, ainda, uma simples sensação de saber que você está seguro, que tudo em sua vida tem uma razão e um propósito.

Estágio 2: Revisar o significado da vida. Seja aos poucos, seja de repente,

Page 86: Os Ditames da Consciência: "Elevado ao Nada"

85

percebemos que a vida material não é o que parece na superfície. Há um propósito mais alto, que implica uma mente e uma consciência, maior que a mente do indivíduo.

Estágio 3: Tornar-se parte do plano. Se a realidade mais elevada passa a fazer mais sentido que a vida cotidiana, começamos a encontrar maneiras de nos transformar. Aumenta nosso desejo de viver um plano diferente.

Estágio 4: Seguir o caminho. Com uma visão em mira, agora nós levamos a sério o processo de atingir uma realidade superior. A meta é Deus ou uma consciência mais elevada, e deve- se encontrar uma maneira de chegar lá.

Estágio 5: Iluminação. A consciência superior se torna uma realidade viva. A mudança está completa. Não temos mais outra forma de ver o mundo a não ser como um aspecto divino. Na verdade, o sagrado e o não sagrado não têm mais significados distintos. Existe apenas uma luz da consciência para onde olhar. (CHOPRA, 2012, p.268)

Assim como a Simetria Divina é concebida quando estamos contemplativos; a Singularidade é concebida quando estamos exaltados.

Page 87: Os Ditames da Consciência: "Elevado ao Nada"

86

O caminho espiritual, por sua vez, significa remover os véus que cobrem nossa própria percepção, e isso exige dedicação. O que faz com que o esforço valha a pena é saber que o despertar pode surgir a qualquer momento, fruto de profundidade, pela concentração; de largura, pela contemplação e de conexão com a altura, pela exaltação. O produto disto é bem-aventurança, liberdade, felicidade, alegria, Iluminação.

“Não somente a consciência é força, não somente a consciência é Ser, mas a consciência é também alegria; e também parece estar em toda a parte, em todas as coisas e nos seres [...]” (GHOSE, 2011, p.77). Não há, portanto, separação entre sujeito e objeto já que “tudo é um”, conforme apontam as lógicas quânticas, zen-budista, védica, taoísta, dentre outras. (ELLAM, 2010, p.29).

Ellam ainda, aprofunda sua abordagem afirmando que estamos todos interligados e conectados a tudo ao nosso redor. Ao compreendermos que somos “um só” com tudo e com todos, perceberemos também que não somos testemunhas passivas de uma realidade universal. Quem já deseja fazer de si mesmo um Ser Humano mais do que Humano deve usar de sua vontade para aprofundar, principalmente em si mesmo; sua

Page 88: Os Ditames da Consciência: "Elevado ao Nada"

87

consciência para alargar-se até o Todo; e a sua ciência para elevar-se até Deus.

Quanto a esta visão de conexão das partes com o todo, Ellam (2010, p. 68) evidencia:

Somos atores e atrizes em plena atuação da peça da vida cósmica nos moldes como ela se expressa no condicionamento terrestre. Esta percepção pode mudar tudo em cada um de nós e em todos, pois a grande verdade em torno de cada ser humano é que este possui uma consciência não- local e holográfica – e penso ser esta a maior revolução de paradigma dos tempos em que vivemos.

Esta concepção da consciência não-local e holográfica nos permite perceber que cada um de nós é um Deus-arquiteto à parte, ao mesmo tempo em que somos todos juntos um só organismo existencial: uma só família, seja no contexto planetário, no contexto cósmico-universal ou ainda num contexto bem mais amplo (ELLAM, 2010). Eis que é com a Iluminação do Ser Humano que Deus recupera suas partes, uma a uma.

Segundo Chopra (2012), os grandes sábios da antiga Índia, analisando suas próprias consciências,

Page 89: Os Ditames da Consciência: "Elevado ao Nada"

88

descobriram o ‘Aham Brahmasmi’, que significa “tudo que existe está dentro de mim, ou, em termos mais simples: Eu sou o Universo”. (CHOPRA, 2012, p.55)

Se você mergulhar fundo na própria consciência, vai encontrar um lugar de paz e silêncio. Mas, com o tempo, esse lugar vai revelar muito mais do que isso. A fonte da criação reside ali, e, quanto mais você vivenciá-la, mais rica e bonita torna-se a criação. Para além do sofrimento está a alegria; a transcendência leva ao mundo da luz. Vá até lá e veja por si mesmo, não em busca de Deus, mas em busca da realidade (CHOPRA, 2012, p.271)

Consciência, portanto, pode ser concebida por nós, a partir de Ghose (2011) como a síntese do enigma do Universo. Não há outro. Um sorriso imperceptível, um nada que é tudo. E tudo é alegria, porque tudo é Espírito, que é Felicidade, Sat-Chit- Ananda, Existência-Consciência-Felicidade, tríade eterna que é o Universo e somos nós, segredo que devemos descobrir e viver através de nossa longa viagem evolutiva: “Todos os seres nasceram dessa felicidade; pela felicidade eles existem e crescem; à felicidade eles retornarão” (GHOSE, 2011, p.77).

Page 90: Os Ditames da Consciência: "Elevado ao Nada"

89

Tal felicidade se alcança pela experiência da Iluminação. Vamos agora conhecer o legado de 12 (doze) seres Iluminados que viveram e/ou vivem na humanidade, a partir das Ciências de Iluminação que criaram, desenvolveram, praticaram e nos ensinaram/ensinam:

3.1 KRISHNA

Cultura: Hinduísmo. Época: Há 5.000 anos. Naturalidade: Mathura. Nacionalidade: Índia. Ciência da Iluminação: Meditação Transcendental.

Tempo de dedicação: 22 anos, 12 horas por dia.

Krishna começou a manifestar poderes divinos na adolescência.

Certa manhã, Krishna subiu em um pico arborizado do Monte Meru, cuja vista se estendia por toda a cadeia do Himavat, onde, de repente, à luz matinal, percebeu junto de si um ancião com roupa branca de anacoreta, de pé sob os cedros gigantes, que o orientou quanto à luta que deveria travar contra os touros e as serpentes, para defender os bons e abater os maus.

Page 91: Os Ditames da Consciência: "Elevado ao Nada"

90

Após alguns anos de participações em guerras, Krishna questionou-se quanto ao verdadeiro caminho que traçava matando aos vivos, empreendendo assim numa nova busca pelo Verbo criador, pela alma dividida de todos os seres, pela verdade sublime. E após sete anos específicos de meditação no significativo Monte, Krishna compreendeu sua missão e encontrou, em seu interior, o caminho da salvação dos homens (BARRETO, 2013, p. 105)

O Senhor Krishna começa explicando que o processo de yoga requer o aquietamento da mente. A pessoa tem que ir além da mente, a fim de alcançar a percepção espiritual. Se o sujeito é capaz de controlar a mente, ele pode chegar ao nível de perceber o eu superior. Porém, se a mente é descontrolada, ela se torna inimiga de quem tem a esperança de fazer semelhante progresso.

Do verbo sânscrito yuj, significa unir; representa a busca de disciplina física, mental e espiritual. São três as modalidades:

(1) Karma Yoga - Yoga da Ação, que envolve mente purificada e ação perfeita; usa-se também mantras. (2) Bhakti Yoga - Yoga da Devoção, que envolve a Meditação fixando a mente em Deus, que implica em rendição completa do ego.

Page 92: Os Ditames da Consciência: "Elevado ao Nada"

91

(3) Jhana Yoga - Yoga do Conhecimento, que envolve o Conhecimento do Absoluto e tem como campos de atividade: o corpo; o conhecedor do corpo, que é a alma; e a diferença entre os dois.

Tais práticas que conduzem ao estado plena de meditação, conforme expresso no Bhagavad-Gita (2012), remetem o Ser ao processo de contato com aquilo que o constitui, conforme segue:

O Senhor Krishna diz:

- Aqueles que adoram completamente o imanifesto, aquilo além da percepção dos sentidos, o onipresente, o inconcebível, o fixo e imóvel – a concepção impessoal da Verdade Absoluta – controlando os vários sentidos e sendo equânime para com todos; tais indivíduos, ocupados no bem-estar de todos, por fim Me alcançam. (BHAGAVAD-GITA, 2012,12. p. 3-7)

Assim, o contato com o Uno demanda prática.

Ressaltamos que todos os ensinamentos de

Krishna encontram-se no livro sagrado: Bhagavad- Gita.

Page 93: Os Ditames da Consciência: "Elevado ao Nada"

92

3.2 ABRAÃO

Cultura: Monoteísmo Época: Há 4.000 anos.

Naturalidade: Ur – Cidade da Caldéia. Nacionalidade: Mesopotâmia (atual Iraque). Ciência da Iluminação: Oração e Rituais. Tempo de dedicação: 25 anos, 12 horas por dia.

Abraão significa “Pai de uma multidão”. De acordo com as escrituras sagradas, por volta de 1800 a.C, Abraão recebeu uma sinal de Deus para abandonar o politeísmo e para viver em Canaã (atual Palestina), evidenciando seu processo de Iluminação:

O Eterno lhe apareceu e lhe disse:

- Eu sou o Deus forte, todo-poderoso. Marcha diante de minha face e em integridade [...] Estabelecerei minha aliança entre mim e ti e entre a posteridade para ser uma aliança eterna, a fim de que eu seja teu Deus e o Deus da tua posteridade depois de ti (Gen. XVI, 17, XVII,7). (SCHURÉ, 2006, p. 132).

De acordo com Schuré (2006), esta passagem, traduzida em linguagem de nossos dias, significa que um chefe semita de nome Abraão, muito velho, que provavelmente recebera a iniciação caldaica, sentiu-

Page 94: Os Ditames da Consciência: "Elevado ao Nada"

93

se impelido pela voz interior a conduzir sua tribo na direção do Oeste e lhe impôs o culto de Eloim.

Historicamente e, de acordo com a tradição judaica, Abraão foi quem primeiro implementou a ideia do Monoteísmo, por volta de 1700 a.C. Mais tarde, em 1300 a.C., o seu neto Jacó (denominado Israel), fundou junto com os seus 12 filhos as 12 tribos de Israel, dando continuidade a obra iniciada por Abraão. Moisés, descendente direto de Abraão, libertou os judeus do Egito e conduziu-os pelo deserto até Canaã (atual Palestina).

3.3 MOISÉS

Cultura: Judaísmo. Época: Há 3.400 anos. Naturalidade: Terra de Gósen. Nacionalidade: Egito.

Ciência da Iluminação: Jejum e Oração. Tempo de dedicação: 40 anos, 12 horas por dia.

Moises marchava em sua estrada desconhecida como um corpo celeste em sua órbita invisível. Era curioso e queria ter acesso aos conhecimentos dos livros mais secretos do templo. Ele só se sentia bem nos princípios imutáveis (BARRETO, 2013).

Page 95: Os Ditames da Consciência: "Elevado ao Nada"

94

Por isso, o vasto desconhecido e a solidão do deserto o atraiam; Moisés era impelido pelo seu desejo, pelo pressentimento de que algo grandioso teria que realizar, a sua missão e, acima de tudo, aquela voz interior, misteriosa, mas irresistível, que lhe disse em certas horas: “Vai! É teu destino!”. (SCHURÉ, 2011, p.129).

Moisés foi então, impelido a subir o Sagrado Monte Sinai. Subira com vontade e se

Durante a peregrinação pelo deserto Moisés recebeu as duas Tábuas da Lei, contendo os códigos que servem como base para guiar as ações humanas: os Dez Mandamentos. Códigos estes que podem ser considerados com um resumo da obra desse Profeta que mobilizou uma nação inteira, impeliando-a a acompanhá-lo no árido deserto rumo a tão sonhada liberdade, rumo à Canaã, a Terra Prometida. (BARRETO, 2013)

No Monte Sinai Moisés teve a visão e a confirmação da sua obra e realização, travando um diálogo direto com o próprio Deus, que se materializou através de uma sarça (arbusto) em chamas.

Page 96: Os Ditames da Consciência: "Elevado ao Nada"

95

A Moisés foi revelado o Nome Sagrado do Deus que É e sempre Será. Fruto de muita oração e silêncio ele “Procura em si mesmo o Verbo e seu livro, a figura de sua obra, a Palavra que será a Ação. ” (SCHURÉ, 2006, p. 152).

Alcançou o estado de bem-aventurança, autorrealização, Iluminação, que segue descrito:

O que nasceu primeiro dele foi Aur, a Luz. Esta luz, porém, não é a luz física, é a luz inteligível, nascida do estremecimento da Ísis celeste no seio do Infinito; alma universal, luz astral, substância que constitui as almas e na qual elas despontam como num fluído etéreo; elemento sutil pelo qual o pensamento se transmite a infinitas distâncias; luz divina anterior e posterior à luz de todos os sóis. Primeiro ela se expande no Infinito, é o poderoso respir de Deus; depois ela volta sobre si mesma num movimento de amor, profundo aspir do Eterno. Nas ondas do divino éter, palpitam como sob um véu translúcido as formas astrais dos mundos e dos seres (SCHURÉ, 2006, p. 152 e 153).

Page 97: Os Ditames da Consciência: "Elevado ao Nada"

96

Após a revelação do Nome de Deus, bem como da sua missão, Moisés desce da Montanha de Deus, de Horeb. Estava ele preparado para realizar o que lhe foi designado.

Moisés não foi, apenas, um profeta, mas um doutrinador de povos que vislumbrou o destino de toda a humanidade. Seu pensamento ia para os tempos futuros, dando as bases para o judaísmo.

O Judaísmo tem como crença principal a existência de apenas um Deus, o criador de tudo, difundindo os ideais do monoteísmo que contempla a compreensão do Universo submetido a um conjunto de Leis fixas; e contempla, ainda, a identificação de todos os homens como filhos do mesmo Deus, o que em muito favoreceu quanto ao sentimento de fraternidade humana” (BARRETO, 2013).

O livro sagrado principal dos judeus é a Torá, que significa a Lei de Deus.

Page 98: Os Ditames da Consciência: "Elevado ao Nada"

97

3.4 LAO TSÉ

Cultura: Taoísmo Época: Há 2.619 anos. Naturalidade: Guo Yang Nacionalidade: China. Ciência da Iluminação: Meditação ocultista. Tempo de dedicação: 10 anos, 10 horas por dia.

Lao Tsé foi maior filósofo chinês, sendo a ele também atribuídas as funções de alquimista e sábio.

Segundo a tradição chinesa, ele trabalhou muitos anos como bibliotecário real, exercendo o cargo de superintendente judicial dos arquivos imperiais em Loyang. Desgostoso com as intrigas e disputas da vida na corte, decidiu abandonar esse viver, seguindo para as Terras do Oeste, em direção à Índia. Aos 40 anos, iniciou sua grande viagem para o ocidente, com intuito de chegar aos reinos da atual Índia, Afeganistão e Itália (CÂNDIDO, 2008).

“Ao deixar a China, o guarda da fronteira pede a Lao-Tsé que deixe um registro de sua sabedorial. Assim, antes de partir, Lao-Tsé escreveu os 81 pequenos poemas que receberam o título de `Tao Te Ching´ (O Livro do Caminho Perfeito)” (CÂNDIDO, 2008, p. 84).

Page 99: Os Ditames da Consciência: "Elevado ao Nada"

98

Foi fundador das bases do Taoísmo: o Tao Te Ching – O Livro do Caminho Perfeito, com vertentes filosóficas e religiosas, integrando, por sua vez, os fundamentos da tradição espiritual da China. (CÂNDIDO, 2008). Ele evidencia que a Senda só se alcança pela totalidade das práticas das virtudes e enaltece o valor de tais práticas nos seus escritos.

Smith (1991, p. 203) nos revela a sua virtuosidade profunda, a partir do seu escrito do Tao: “Ser algo, saber algo e ser capaz de algo significa erguer-se acima do superficial”. Para ele uma vida tem substância na medida em que incorpora com igual grau de importância: “a profundidade do misticismo (ioga taoísta), a sabedoria direta da gnose (taoísmo filosófico) e o poder produtivo da magia (taoísmo religioso)”. Quando esses três aspectos vêm juntos há uma “escola”.

Ainda tratando sobre o taoísmo, ele está ligado com o tradicional símbolo chinês do yin/yang, qual evidencia a polaridade que resume todas as oposições básicas da vida: bem/mal, ativo/passivo, positivo/negativo, claro/escuro, verão/inverno, masculino/feminino. “Mas as metades, embora estejam em tensão, não são francamente opostas; elas se complementam e equilibram uma a outra”. (SMITH, 1991, p. 210).

Page 100: Os Ditames da Consciência: "Elevado ao Nada"

99

E aproveitando as benesses do ensinamento de tais polaridades, os taoístas sugerem que quem meditar sobre esse símbolo profundo, descobrirá que ele oferece um acesso melhor aos segredos do mundo do que quaisquer palavras e debates. (SMITH, 1991).

Para alguns estudiosos ele teria sido um recluso solitário, absorto em meditações ocultistas; para outros seria um homem com os pés bem fincados ao chão – um cidadão afável, com extraordinário senso de humor. (SMITH, 1991, p. 193)

Interessante observarmos como Lao-Tsé foi definido por Confúcio, após o primeiro contato físico que tiveram, considerando que foram contemporâneos:

Assim expressa:

Eu sei que um pássaro pode voar; sei que os animais podem correr. Criaturas que correm podem ser apanhadas em redes; as que nadam, em armadilhas de vime; as que voam, atingidas por flechas. Mas o dragão está além do meu conhecimento; ele sobe ao céu nas nuvens e no vento. Hoje vi Lao Tsé, e ele é como o dragão! (SMITH, 1991, p. 193)

Page 101: Os Ditames da Consciência: "Elevado ao Nada"

100

E tal percepção fica bem ilustrada com um dos versos do Tao Té Ching, conforme historia Cândida (2008, p. 86)

As cinco cores cegam os olhos humanos.

As cinco notas ensurdecem os ouvidos.

Os cinco gostos injuriam o paladar.

As corridas e as caçadas desencadeiam no coração paixão furiosa e selvagem.

Os bens de difícil obtenção causam ferimentos diante de perigosos obstáculos.

Por esse motivo, o sábio ocupa-se do interior e não da exterioridade dos sentidos.

Ele rejeita o superficial e prefere mergulhar no profundo.

Page 102: Os Ditames da Consciência: "Elevado ao Nada"

101

3.5 CONFÚCIO

Cultura: Confucionismo. Época: Há 2.566 anos.

Naturalidade: Principado de Lu (atual província de Shantung). Nacionalidade: China. Ciência da Iluminação: Meditação. Tempo de dedicação: 10 anos, sendo 8 horas por dia.

Quando criança, gostava de participar regularmente de rituais religiosos em diversos templos. “Anos depois, já adolescente, começou a ganhar fama de pessoa justa e honesta e que buscava sempre aprender cada vez mais” (CÂNDIDO, 2008, p. 89).

Foi, alternadamente, prefeito, engenheiro, ministro, conselheiro do príncipe Lu. Foi, sobretudo, autor de manuais destinados a difundir ideias morais, tiradas de tradições antigas. Fundou uma escola cujos membros lhe foram muito afeiçoados. (CHALLAYE, 1981, p.98).

Sua célere frase: “Minha vida é minha prece” merece ser destacada, como compreensão sintética de sua obra e como base fundamental de um educador que propõe transformar almas.

Page 103: Os Ditames da Consciência: "Elevado ao Nada"

102

Confúcio tinha 35 anos quando a sua região entrou em guerra com a vizinha cidade de Qi e logo saiu da cidade em peregrinação.

O duque Zhao reunia-se frequentemente com Confúcio, pedindo-lhe os mais diversos conselhos, no entanto, alguns ministros de Zhao, guiados talvez por um forte sentimento de inveja e ganância, eram contrários às ideias do sábio, convencendo também o seu líder a não mais se aconselhar com Confúcio. [...] Encontrando-se sozinho e desapoiado em situação que nem por ele foram criadas, Confúcio retirou-se de Lu. (CÂNDIDO, 2008, p. 89)

Durante os cinco próximos anos, o Mestre viajou extensivamente pela China, acompanhado pelos seus discípulos e espalhando sua sabedoria a todos que escutavam. Havia percebido sua “missão divina”. (SMITH, 1991, p. 156). No entanto, a realeza chinesa dificultava ao máximo a obra de Confúcio e, muitas vezes era expulso de onde se encontrava, chegando a sofrer ameaças de morte, conforme bem expressa Cândido (2008).

Foi detido, ficando preso durante cinco dias. Aos 62 anos, foi raptado com seus discípulos por soldados de um nobre, sendo salvo por um rei amigo que

Page 104: Os Ditames da Consciência: "Elevado ao Nada"

103

mandou seu exército pessoal resgatá- lo. (CÂNDIDO, 2008, p. 90)

Anos mais tarde, voltou a sua região natal, concentrando-se apenas em estudar profundamente. Pois, era seu secreto desejo passar o resto dos anos de sua vida a ensinar e a escrever obras. (CÂNDIDO, 2008).

Com sua morte, aos 72 anos, começou sua glorificação. Entre seus discípulos, o gesto foi imediato. Disse Tzu Kung: “Ele é o sol, a luz, aos quais não há meios de se subir. A impossibilidade de igualarmos nosso Mestre é como a impossibilidade de alcançarmos o céu subindo por uma escada”. Em poucas gerações, Confúcio era visto em toda China como “o mentor e modelo de dez mil gerações”. (SMITH, 1991, p. 158)

Segundo Smith (1991), praticamente, todo estudante chinês estudou cuidadosamente os provérbios de Confúcio, os quais passaram a fazer parte da mente chinesa.

Após a sua morte, seus discípulos escreveram “Os analectos” e o “Mencius” e deram incumbência de continuarem com o legado do mestre. Assim surgiram os templos e escolas confucionistas.

Page 105: Os Ditames da Consciência: "Elevado ao Nada"

104

Sua doutrina foi chamada de Confucionismo. E segundo os confucionistas,

para nos tornarmos merecedores do Céu, devemos estar sempre em contato com aquela silenciosa Iluminação que faz brilhar, radiante, o senso de justiça e princípio na nossa mente-coração. Se não formos além das limitações da nossa espécie, o máximo que podemos esperar é um humanismo secular, excludente, que defende a ideia de ser o homem a medida de todas as coisas. O humanismo de Confúcio, pelo contrário, é inclusivo; baseia-se numa visão “antropocósmica”. A humanidade, em toda a sua plenitude abrangente, “forma um corpo único com o Céu, a Terra e a multiplicidade das coisas”, permitindo-nos incorporar o cosmos em nossa sensibilidade. (SMITH, 1991, p. 184)

A partir dos escritos do confuncionismo, percebemos que o projeto que envolve a plenitude humana, a partir do legado de Confúcio, pressupõe os passos de transcender, sequencialmente, o egoísmo, o nepotismo, o paroquialismo, e etnocentrismo e o nacionalismo; e também, o humanismo-autossuficiente e isolador.

Page 106: Os Ditames da Consciência: "Elevado ao Nada"

105

3.6 BRAHMA

Cultura: Brahmanismo. Época: Há 2.700 anos. Naturalidade: Bangalore. Nacionalidade: Índia. Ciência da Iluminação: Meditação. Tempo de dedicação: 12 anos, 12 horas por dia.

Brâman (ou Brame), Deus supremo, individual, encarnou-se sucessivamente em Brahma (Brama), Deus criador, Vishnu, Deus da conservação e Shiva, Deus da destruição, formando a trindade indiana chamada trimurti. Brahma teve quatro filhos que encarnavam as quatro castas hereditárias (CÂNDIDO, 2008). E Brahmane representa a casta dos indivíduos que detém o conhecimento espiritual.

Brahma é simbolizado ora levando em suas mãos os Vedas, uma flor de lótus, um prato para recolher esmolas e uma vasilha para a água dos banhos de sacrifício, ora aparece sentado numa posição de meditação e sobre uma flor de lótus que sai do umbigo de Vishnu.

“Brahma representa a maturidade e Consciência espiritual, a liberdade e a soberania”. (CÂNDIDO, 2008, p. 127).

Page 107: Os Ditames da Consciência: "Elevado ao Nada"

106

Segundo o que dispõem os Vedas, o conhecimento transcendental foi primeiramente comunicado por Deus a Brahma, o criador deste universo particular (PIZZINGA, 2006), sendo que Brahma é o primeiro Deus da Trimúrti, a trindade do hinduísmo (Vishnu e Shiva completam a tríade). Brahma é considerado, pelos hindus, a representação da força criadora ativa no universo.

3.7 MAHAVIRA

Cultura: Jainismo.

Época: Há 2.650 anos. Naturalidade: Kundagrâma. Nacionalidade: Índia. Ciência da Iluminação: Contemplação.

Tempo de dedicação: 14 anos, 12 horas por dia.

Desde cedo, apresentou um comportamento heróico e pela sua coragem nas circunstâncias mais difíceis, foi-lhe dado o nome de Mahavira, que significa ‘Grande Herói (JAIN, 1982).

Mahavira pertencia à uma casta guerreira (kshatriya) e vivia em um ambiente de luxo e regalia que mais tarde abandonou. Aos trinta anos, Mahavira

Page 108: Os Ditames da Consciência: "Elevado ao Nada"

107

renunciou a todas as suas riquezas, propriedades, mulher, família, parentes e prazeres.

No jardim da Cidade de Kundapura, aos pés de uma árvore, sem mais ninguém estar presente e depois de permanecer dois dias sem beber água, tirou todas as roupas, cortou o seu cabelo e colocou uma simples peça de roupa sobre o seu ombro. (PIZZINGA, 2006).

Passou definitivamente a andar nu, deixou que insetos o atacassem, sofreu ataques físicos e injúrias verbais, dormiu em locais inóspitos e praticou jejuns extremos por um período de aproximadamente doze anos.

Foi no décimo terceiro ano de uma vida completamente ascética, enquanto meditava e após um severo jejum, onde Mahavira obteve a mais alta Consciência (kevala ou sabedoria absoluta). (PIZZINGA, 2006).

Durante os 30 anos seguintes pregou sua senda para a liberação, vagando pelos reinos da Índia nor- oriental, construindo uma comunidade de seguidores e difundindo o jainismo.

O jainismo afirma o poder e o valor da moral individual: a força dos pensamentos, palavras e atos,

Page 109: Os Ditames da Consciência: "Elevado ao Nada"

108

que, quando virtuosos, imaculados e altruístas, conduzem à Iluminação, ao passo que, quando egocêntricos, pretensiosos e malévolos, conduzem às condições mais obscuras e primitivas. (CHALLAYE, 1981).

A mensagem transmitida pela filosofia jainista é de bem-aventurança, de benevolência universal e de amor incondicional a todos os seres, sustentando que jamais o ódio será vencido com ódio, mas somente com o amor. Que a não-violência é a força que pode vencer a força bruta que gera e fomenta as guerras, a ira e os vícios capitais existentes em todo Ser humano. (BARRETO, 2013, p.

A não-violência ou ahimsa é considerado o cerne da ética jaina, o primeiro e, quiçá o mais importante voto religioso estabelecido por Mahavira.

3.8 ZOROASTRO

Cultura: Zoroastrismo. Época: Há 2.600 anos. Naturalidade:. Região de Ragha Nacionalidade: Pérsia (atual Irã). Ciência da Iluminação: Contemplação. Tempo de dedicação: 14 anos, 14 horas por dia.

Page 110: Os Ditames da Consciência: "Elevado ao Nada"

109

Seu nome Zoroastro significa “contemplador dos astros”.

Desde tenra idade, mostrava Zoroastro uma sabedoria extraordinária, manifestada em Sua conversação e em Sua maneira de ser. [...] Aos quinze anos de idade, Zoroastro realizava valiosas obras religiosas e chegou a ser conhecido por Sua grande bondade para com os pobres e animais. Aos 20 anos, deixou o lar e passou sete anos em solidão, em uma caverna numa montanha. (BARRETO, 2013, p. 138)

A adolescência de Zoroastro já registrava momentos de manifesto interesse pelas questões religiosas e de meditação nas mais profundas dúvidas do homem quanto aos mistérios da vida.

Aos 20 anos, deixou o lar e passou sete anos em solidão, em uma caverna numa montanha.

Zoroastro tinha 30 anos quando, enquanto participava de um ritual pagão de purificação num rio, Zaratustra viu um Ser de luz que se apresentou como sendo Vohu Manah ("Bom Pensamento") e que o conduziu até à presença de Ahura Mazda (Deus) e de outros cinco seres luminosos, os Amesha Spentas. Este foi o primeiro de uma série de encontros que manteve com Ahura Mazda, que lhe revelou a sua mensagem.

Page 111: Os Ditames da Consciência: "Elevado ao Nada"

110

Após 10 anos, ele começou a sua pregação (SHURÉ, 2006).

Depois regressou a Seu povo quando recebeu a Revelação Divina, que se iniciou por uma série de sete visões. [...] Efetuava curas e milagres e ensinava sem parar Suas novas leis espirituais e científicas para a guia e instrução do povo. [...] As escrituras Sagradas do Zoroastrismo chamam-se ‘Zend-Avesta’, que significa ‘Comentário sobre o conhecimento’. [...] A Regra de Ouro do Zoroastrianismo é: "Age como gostarias que agissem contigo. [...] (SHURÉ, 2006).

A doutrina do zoroastrismo afirma que três dias após a morte a alma chega à Ponte Cinvat. As almas boas poderão atravessar a ponte, enquanto que as más serão lançadas para o inferno, mas o destino final é o Anagra Raosha, o reino das luzes infinitas.

Os templos religiosos do zoroastrismo, onde se desenrolam as cerimónias e se celebram os festivais próprios da religião, são conhecidos como templos de fogo. E a maioria dos zoroastrianos reza várias vezes por dia, perante uma chama de fogo. (BARRETO, 2013, p. 141)

Page 112: Os Ditames da Consciência: "Elevado ao Nada"

111

3.9 BUDA

Cultura: Budismo. Época: Há 2.500 anos.

Naturalidade: Kapilavastu (atual Nepal). Nacionalidade: Índia. Ciência da Iluminação: Meditação. Tempo de dedicação: 17 anos, 10 horas por dia.

Além da mendicância, a vida de filósofo- andarilho (ou sramana) incluía práticas de meditação. Na sua busca, ele se aproximou de dois famosos mestres e rapidamente chegou aos últimos estágios de absorção contemplativa propostos por eles. Dedicou-se então à automortificação. As práticas ascéticas são comuns às formas primitivas da maior parte das religiões, inclusive no Judaísmo, Cristianismo e Islamismo. (ARMSTRONG 2001).

“O que está por trás da autoflagelação é a ideia de que um rígido controle dos sentidos desenvolve a autodisciplina e transfere o máximo de energia corporal para a atividade mental” (HANH, 1998).

Durante seis anos, Sidarta experimentou privações e dores. Mudou radicalmente a alimentação, ampliando o período entre as refeições. De uma por dia, passou a uma a cada dois dias, três, quatro, até alimentar-se somente a cada 15 dias.

Page 113: Os Ditames da Consciência: "Elevado ao Nada"

112

Depois, diminuiu a quantidade até chegar à ração diária de um único grão de arroz.

Simultaneamente, fazia experiências psicológicas, analisando em si mesmo certas emoções que, acreditava, só poderia eliminar completamente se as observasse em profundidade. (WATTS, 1995).

Ele intuiu, então, que o caminho para a libertação não estava nos excessos de ascetismo, nem nos da sensualidade, mas em um ponto de equilíbrio entre eles.

Sidarta voltou a comer. Dias depois, recuperado, preparou um assento de capim sob uma figueira – que ficaria conhecida como a árvore bodhi, ou árvore da Iluminação – na região de Bodhgaya, no norte da Índia.

Decidiu então que ou atingiria a Iluminação ali ou morreria. Mesmo para um alto praticante como ele, surgiram obstáculos. Sidarta transpôs esses obstáculos e, serenamente, dominou todos os estágios de meditação, permanecendo imóvel diante deles. Mas há uma pista nas técnicas para lidar com esses conteúdos mentais.

Uma delas é a meditação de ponto único. Nela, a observação concentra-se em um objeto específico (a

Page 114: Os Ditames da Consciência: "Elevado ao Nada"

113

respiração, por exemplo), controlando ou suspendendo, temporariamente, o fluxo dispersivo de pensamentos.

Assim, Sidarta tornou-se um Buda numa noite de lua cheia no mês de maio, quando tinha 35 anos, após sete dias e, assim, foram-lhe reveladas as 4 Verdades, sendo que ao sétimo dia atingiu a Iluminação.

Sidarta passou a ser chamado de Buda, e regressa à casa paterna, onde converte seus familiares e então inicia a sua peregrinação pela Índia.

3.10 JESUS

Cultura: Cristianismo. Época: Há 2.015 anos. Naturalidade: Nazaré. Nacionalidade: Israel. Ciência da Iluminação: Meditação com estudo.

Tempo de dedicação: 18 anos, 11 horas por dia.

Jesus foi o nome dado à criança que conforme se desenvolvia, foi recebendo blocos de energia e informações divinas. Sua personalidade crística foi se moldando e agregando qualidades até possuir um grau de amadurecimento energético para se tornar ‘o Cristo’. A palavra Cristo, de sua raiz grega, ‘Kristós’,

Page 115: Os Ditames da Consciência: "Elevado ao Nada"

114

literalmente significa ‘aquele que é o ungido do senhor, o Filho de Deus’. (CÂNDIDO, 2008, p.41)

Jesus passou vários anos com os essênios (dos 12 aos 30 anos). Submeteu-se à sua disciplina, estudou com eles os segredos da natureza e exercitou-se na terapêutica oculta.

Nesse período é dito por alguns pesquisadores que ele deva ter viajado por muitos países para aprender conceitos do hinduísmo, budismo, zoroastrismo e hermetismo. [...] (CÂNDIDO, 2008, p.37).

“Dominou inteiramente os sentidos para desenvolver o espírito. Nenhum dia passava sem que meditasse sobre os destinos da humanidade e não se interrogasse a si mesmo” (SHURÉ, 2006, p. 380).

Os sábios essênios haviam-lhe ensinado o segredo das religiões, a ciência dos mistérios; mostraram-lhe a decadência espiritual da humanidade e sua espera de um salvador. Seria ele o Messias? Perguntara João Batista.

“Jesus só podia responder àquela pergunta recolhendo-se no mais profundo de seu ser. Daí o retiro, o jejum de quarenta dias que Mateus resume

Page 116: Os Ditames da Consciência: "Elevado ao Nada"

115

sob a forma de uma lenda simbólica” (SHURÉ, 2006, p.384)

Numa versão da história complementar, após o seu batismo, Jesus é conduzido ao deserto para passar pela prova das tentações. Foi um longo período de purificação de quarenta dias, uma prova iniciática.

Primeiro reviu em seu espírito todo o passado da humanidade. Pesou a gravidade da hora presente. Jesus pôs-se a orar com fervor. E a partir disto, segundo Schuré (2006), ele entrou naquele estado de êxtase lúcido que lhe era próprio, em que a parte profunda da consciência desperta, entra em comunicação com o Espírito vivo das coisas e projeta sobre a tela diáfana do sonho as imagens do passado e do futuro. O mundo exterior desaparece, os olhos se fecham.

O cristianismo é a religião dos que crêem que Jesus Cristo é Filho de Deus, morto e ressuscitado. Pedro e Paulo difundem o cristianismo na Europa. Depois de muitas hostilidades, no século IV (313), conhece um período de paz, com o Édito de Milão de Constantino.

Mais tarde, com Teodósio, o cristianismo é proclamado religião do Estado. Com a queda do Império romano e superadas as invasões bárbaras, os

Page 117: Os Ditames da Consciência: "Elevado ao Nada"

116

povos europeus foram abraçando, uns após outros, a religião cristã.

O Livro Sagrado: A Bíblia é o livro sagrado dos Cristãos, mas é diferente da Bíblia dos judeus, na medida em que contém o Antigo e o Novo Testamentos.

3.11 MAOMÉ

Cultura: Islamismo. Época: Há 1.400 anos. Naturalidade: Meca. Nacionalidade: Arábia (atual Arábia Saudita). Ciência da Iluminação: Meditação. Tempo de dedicação: 15 anos, 10 horas por dia.

A sociedade da época vivia dentro de propósitos e ideais divergentes ao modo de vida de Maomé, o que fazia com que o mestre frequentemente se retirasse ao Monte Hira para meditação.

Numa dessas ocasiões, quando Maomé já estava com cerca de quarenta anos, “o Arcanjo Gabriel apareceu entregando-lhe um pergaminho”. (CÂNDIDO, 2008, p.69). Disse-lhe o Anjo: “Recita, em nome do teu Senhor criador, que criou o homem a

Page 118: Os Ditames da Consciência: "Elevado ao Nada"

117

partir de coágulos de sangue. Recita! O teu Senhor é O Mais Generoso, aquele que da escrita ensinou ao homem o que este não sabia.” (COSTA, 2009, p. 1356).

Depois da sua revelação, Maomé começou a pregar em Meca a palavra de Alá.

“Todo ano, Maomé se retirava para uma caverna numa montanha dos arredores de Meca, onde meditava”. (GAARDER, et al, 2001, p. 130).

Proclamou-se a si próprio profeta ou mensageiro de Deus e escreveu o Alcorão ou Corão, que é o livro sagrado dos muçulmanos e contém as revelações divinas recebidas do Anjo Gabriel pelo profeta Maomé, de 610 a 632.

A sua doutrina, o islamismo, parte da compreensão do que vem a ser islã, palavra islã que significa submeter-se e exprime a obediência à lei e à vontade de Alá (Allah, Deus em árabe). Seus seguidores são os muçulmanos (Muslim, em árabe), que significa aqueles que se subordinam a Deus.

Enquanto religião, o Islamismo não se envolve unicamente na esfera espiritual, mas em todos os aspectos da vida humana e social.

Page 119: Os Ditames da Consciência: "Elevado ao Nada"

118

3.12 JAIR TÉRCIO

Cultura: Imutabilismo. Época: 28 de março de 1954 até dias atuais

Naturalidade: Salvador. Nacionalidade: Brasil. Ciência da Iluminação: Onilateração. Tempo de dedicação: 15 anos, 10 horas por dia.

Aos 3 anos passou a manifestar sinais de paranormalidade. Dos 26 aos 28 anos, decidiu não depender de sistema algum, senão Divino; mendigou durante 10 anos, tempo em que decidiu disponibilizar a sua mediunidade para poder trabalhar para Deus, de forma voluntária, consciente e ciente; e aos 30 anos foi autoconvocado para realizar a verdadeira tarefa, bem como foi convidado para ingressar no único, último e atual movimento dos Essênios no Planeta Terra: Ordem o Grande Círculo Branco.

Já tinha clareza dos desígnios divinos e vivia, desde então, como se fosse a ele confiada a maior missão do Universo. E pela clareza de tal propósito, pode caminhar com confiança, convicção e certeza na direção de identificação da Origem Causal de todas as coisas, em si mesmo.

Sua concepção de Deus está afeita à Vida das Leis Universais; Grande Arquiteto do Universo; Causa

Page 120: Os Ditames da Consciência: "Elevado ao Nada"

119

Prima do Universo; o Centro Absoluto de onde partem todas as ações. Concebe a Natureza como as Leis Divinas; as Leis Universais; enfim, as Leis Naturais que regem o Universo. Ela é o conjunto de todas as vibrações contidas no Universo. Ela é ação. E concebe o Ser Humano como um ser trino indivisível. É o repouso e representação das Leis Divinas; das Leis Universais; enfim, das Leis Naturais que regem o universo. Ele é o objeto que reflete a ação.

Através das suas realizações, demonstra o seu propósito maior de auxiliar o Ser Humano quanto a fazer de si mesmo um Ser Humano mais do que humano, enfim, um Ser Humano integral, segundo as Leis Universais, em função do Princípio Criador; da finalidade da Vida; bem como da razão de nossa existência.

A sua história revela que deixou de percorrer o caminho racional e tortuoso da pesquisa religiosa, filosófica e científica; portanto, deixou de preocupar- se em ser ápice da erudição para se tornar ápice da simplicidade, vinculando-se, cada vez mais, ao seu Eu, na medida em que se desvinculava do seu ego; fazendo do próprio ato de descobrir, sua iniciação; do descobrir, sua elevação; e da descoberta, sua exaltação, enfim, sua Iluminação.

Page 121: Os Ditames da Consciência: "Elevado ao Nada"

120

É mais um Homem-Lei, Restaurador da Grande Obra Divina do Supremo Arquiteto do Universo, que vem demonstrando à humanidade, pela força do seu exemplo, a verdade que encerra o fato de que o Ser Humano não pode evitar crescer, a ponto de se ocupar da tarefa de indagar, conceber e revelar, à humanidade, a partir de si mesmo, o conhecimento da Vida como um todo, bem como sobre o Universo rumo à Totalidade.

Tudo isso fruto da verdade experimentada afeita ao encontro face a face com Deus, que implicou em exaltação, em imutabilização, em bem-aventurança, enfim, em Iluminação; tendo ocorrido no dia 25 de outubro de 1984, fruto de 54 dias praticando jejum, meditação e autoconhecimento, no Pico do Itobira, na Chapada Diamantina Baiana, donde concebeu a prática da Onilateração, quando concebera o que hoje intitulou-se as 12 Escolas de Jair.

A parábola que segue bem evidencia o valor de tal prática, a partir do diálogo da humanidade com o Iluminado (COSTA, 2009, p.1410):

Parte da humanidade que já sabia estar de pé e a ordem, honestamente volvida para obter a Iluminação, buscou aproximar-se do Iluminado e observando sua doutrina sobre a onilateração, questionou:

Page 122: Os Ditames da Consciência: "Elevado ao Nada"

121

- Como podemos nos iluminar?

Ele respondeu: compreendendo as trevas que existe, em si mesmo.

Ela insistiu:

- Como assim?

E ouviu do Iluminado:

- O diamante vem do carvão; para tanto, alta pressão, alta temperatura e altas labutas, até a lapidação, pois em ciência vos digo - o filho está no Pai, que o contém.

A Onilateração, ou ciência da Autorrealização, envolve exercícios práticos que favorecem ao Ser Humano quanto ao caminho da Iluminação. Tais exercícios primam por desenvolver as forças em domínio do Ser Humano, a saber: reflexão, concentração, meditação, vibração, percepção, contemplação e exaltação, dos quais destacamos, no capítulo anterior, o papel fundamental dos exercícios de concentração, contemplação e exaltação.

A Onilateração faz parte do Imutabilismo, que se refere a um Movimento Sociocultural de Incentivo à Cultura Espiritual, embasada em valores insofismáveis de Leis Divinas, de Leis Universais, enfim, de Leis Naturais que regem o Universo, bem como o autoconhecimento; criado, instituído, implantado e mantido, no mundo, pela

Page 123: Os Ditames da Consciência: "Elevado ao Nada"

122

Fundação Ocidemnte (Organização Científica de Estudos Materiais, Naturais e Espirituais), a partir da cidade do Salvador - Bahia - Brasil.

Como produto de seu processo de Iluminação, destacamos, também, seu livro sagrado, intitulado: “Arca Sagrada”, uma obra com 1500 páginas, lançada no ano de 2009, que busca cumprir seu objetivo de auxiliar o Ser humano a compreender, em si mesmo, o fato de que Arca alguma nos transforma, senão a Arca Sagrada, a Arca Interior, pois a transformação, principalmente do Ser Humano não vem, senão de dentro dele. Afinal, assim como os problemas reais, as soluções reais do Ser Humano advêm de dentro dele (COSTA, 2009).

Sintetizando, foi possível observar a Ciência de Iluminação de cada um dos iluminados e, então, constatar que todos eles se elevaram a ponto de provarem a identificação com o Uno, ou melhor, o UM, com a Totalidade, enfim, com Deus.

Como bem evidencia Besant (1995), através de suas pesquisas e ensinamentos, todos eles pensaram e vivenciaram o absoluto, o infinito, o ilimitado e o eternamente belo. Funcionaram e funcionam nas suas consciências o plano de unidade, e ainda no plano superior a todos, o plano do Nirvana. “Para eIes, a evolução chegou ao seu termo; já terminaram o percurso do nosso ciclo atual, e o que eIes são, também

Page 124: Os Ditames da Consciência: "Elevado ao Nada"

123

nós seremos um dia, quando atingirmos o ponto culminante da nossa ascensão” (BESANT, 1995, p. 62).

Acrescenta ainda Besant (1995) que neste estágio de evolução ocorre a unificação da consciência; “os veículos conservar-se-ão à nossa disposição para nos servirmos deles, mas já não conseguirão tolher-nos os movimentos, e o homem poderá empregar qualquer dos seus corpos, segundo a natureza do trabalho que tencione efetuar”. (BESANT, 1995, p. 62)

Sugestivo refletirmos acerca da parábola, abaixo, que ilumina a máxima da identificação do Iluminado com Deus:

O Iluminado, após findar sua missão, para com a humanidade, no que respeita à libertação, rumou ao edifício da Divindade e bateu-lhe à porta. O Criador ouviu e indagou:

- Quem é?

Ele respondeu:

- Eu, Pai.

Deus prosseguiu:

- Eu quem; Um Ser Humano?

Iluminado continuou:

- Claro que não Pai!, Ser Humano algum sabe o que é.

Page 125: Os Ditames da Consciência: "Elevado ao Nada"

124

Daí Deus prosseguiu:

- Suba.

O iluminado assim o fez; quando diante de Deus, este perguntou-lhe:

- O que deseja?

Ele respondeu:

- Tudo, Pai; menos que isso é trair minha inteligência coisa que não tenho o direito.

Deus concedeu:

- Aproxime-se e sente-se ao meu lado direito, e torne-se UM comigo.

Daí o Iluminado consumou:

- Não, Pai!. Idêntico ou nada.

(COSTA, 2009, p. 1440).

Como vimos, estamos diante de verdades experimentadas de seres humanos que, pelo esforço desmedido, tornaram-se indivisos e, por consequência, divinos, em diferentes momentos da história da humanidade. Isto evidencia que o gênero humano, em seu processo evolutivo, se inicia como humano, se desenvolve como indivíduo e se finda como divino. Como humano, ele sente, pensa e age ainda, de forma fragmentada. Como indivíduo, ele sente, pensa e age, de forma integrada, portanto extingue toda fragmentação. E como Divino, ele se

Page 126: Os Ditames da Consciência: "Elevado ao Nada"

125

mostra pleno, enfim, Iluminado. A evolução, no mínimo, sugere; e estes grandes líderes da humanidade são a prova cabal disto e testemunhamos pelas pesquisas realizadas e pelo sentimento que atesta tal processo.

Quiçá possamos empreender neste intento da nossa Iluminação, pelo esforço desmedido, portanto, divino, nos elevando ao Nada, pois somente assim, o Todo, ou Deus, enfim, o UM nos encontrará em sua grandeza; e a prática da Onilateração, na nossa experiência, fruto de 14 anos de envolvimento direto com tal ciência, é o meio específico nesta direção.

Sinto, entretanto, que não basta praticar; muito importa intensificar, aprofundar, portanto, elevar para que um dia tenhamos o merecimento de encontrar, em nós mesmos, um Iluminado, como os Iluminados que também fizeram por merecer encontrar o Iluminado de si mesmos, como os Iluminados que, também, agiram, de forma idêntica, para tal.

Mãos à Obra!

“Ao deparar-se com o vazio, o todo o preenche”. (JAIR TÉRCIO)

Page 127: Os Ditames da Consciência: "Elevado ao Nada"

126

REFERÊNCIAS

ABBAGNANO, Nicola. Dicionário de filosofia. 5.ed. São Paulo: Martins Fontes, 2007.

ABELS, E. G.; WHITE, M. D.; HAHN, K. Identifying user-based criteria for web pages. In: Internet Research: Electronic Applications and Policy, v. 7, n. 4, p. 252-262, 1997.

ARISTÓTELES. Sobre a Alma. Lisboa: Biblioteca de Autores Clássicos, 2010

ARMSTRONG, Karen. Buda. Rio de Janeiro: Objetiva, 2001.

ARMSTRONG, J. Scott; ADYA, Monica; COLLOPY, Fred - Rule- based forecasting: using judgement in time-series extrapolation. In: ARMSTRONG, John Scott, ed. Principles of forecasting: a handbook for researchers and practitioners. Nova Iorque: Springer, 2001.

ARNTZ, William; VICENTE; CHASSE, Betsy Mark. Quem somos nós: a descoberta das infinitas possibilidades de alterar a realidade diária. São Paulo: Prestígio, 2007.

BAILEY, Alice. A Consciência do Átomo. Limeira, SP: Editora Conhecimento, 2009

BARRETO, Maribel Oliveira. Os ditames da consciência: a consciência em busca de si mesma. Salvador: Sathyarte, 2013.

BAUDELAIRE, Charles. Um lírico no auge do Capitalismo. São Paulo: Brasiliense, 1994.

BESANT, Annie. O homem e os seus corpos. São Paulo: Pensamento, 1995.

Page 128: Os Ditames da Consciência: "Elevado ao Nada"

127

BION, R.W (1991). Conversações de Confúcio. Lisboa: Editorial Estampa.

BOFF, L. Espiritualidade: um caminho de transformação. Rio de Janeiro: Sextante, 2001.

BOTSARIS, A.S. Segredos Orientais da Saúde e do Rejuvenescimento. Rio de Janeiro: Record/ Nova Era, 1999.

BUGENTAL, James. The Art of the Psychotherapist: How to develop the skills that take psychotherapy beyond science1990. New York: Norton, 1995.

BURNIER, Radha Burnie. O Papel da Consciência na Meditação. Disponível em: <http://www.sociedadeteosofica.org.br/artigos.asp?item=789 &idioma> Acesso em: 12.04.2015.

CÂNDIDO, Patrícia. Grandes mestres da humanidade: lições de amor para a Nova Era. Nova Petrópolis: Luz da Serra, 2008.

CAPRA, Fritjof. Física Moderna e Misticismo Oriental. In: WALSH, Roger; VAUGHAN, Frances (orgs.) Além do ego: dimensões transpessoais em psicologia. São Paulo: Cultrix, 1980, 70-78.

CHALLAYE, Félicien. As Grandes Religiões. 6 ed. São Paulo: IBRASA, 1981.

CHAVES, Yury Meira. A caminho de mim: uma busca pela iluminação interior, conscientização de Ser e reforma íntima. Fortaleza: Banco do Nordeste do Brasil, 2011.

CHOPRA, Deepak; MLODINOW, Leonard. Ciência x Espiritualidade: dois pensadores, duas visões de mundo. Tradução de Cláudio Carina. Rio de Janeiro: Sextante, 2012.

CONFÚCIO. Os analectos. Porto Alegre, L&PM, 2011.

Page 129: Os Ditames da Consciência: "Elevado ao Nada"

128

COSTA, Jair Tércio Cunha. Arca Sagrada. Salvador: Sathyarte, 2009.

DAMÁSIO, Antônio. O mistério da consciência. São Paulo: Cia das Letras, 2000.

DASS, Ram. Relatividades Relativas. In: WALSH, Roger; VAUGHAN, Frances (orgs.) Além do ego: dimensões transpessoais em psicologia. São Paulo: Cultrix, 1980, 150-156.

DI BIASE, Francisco; ROCHA, Mário Sérgio. Ciência, Espiritualidade e Cura. Rio de Janeiro: Qualitymark, 2006

EINSTEIN, Albert. Como vejo o Mundo. Rio de Janeiro: Nova Fronteira 1981

GHOSH, Peter. Hugh Trevor: Roper and the history of ideas. In: History of European Ideas, Vol. 37, 2011.

GHOSE, Aurobindo. Uma psicologia maior: introdução à doutrina de Sri Aurobindo. São Paulo: Cultrix, 2002.

GOSWAMI, Amit. O Universo autoconsciente: como a consciência cria o mundo material. São Paulo: Aleph, 2008.

GRAF, Arturo. Art of the devil. New York: Kindle Edition, 2009.

GROF, Stanislav. Domínios do inconsciente humano: observações a partir da pesquisa com o LSD. In: WALSH, Roger; VAUGHAN, Frances (orgs.) Além do ego: dimensões transpessoais em psicologia. São Paulo: Cultrix, 1980, 97-109.

HAPPÉ, Robert. Consciência é a resposta. 8 ed. São Paulo: Editora Talento, 1997.

HARMAN, Willis. As implicações societárias e o impacto social dos fenômenos psi. In: WALSH, Roger; VAUGHAN, Frances (orgs.) Além do ego: dimensões transpessoais em psicologia. São Paulo: Cultrix, 1980, 270-278.

Page 130: Os Ditames da Consciência: "Elevado ao Nada"

129

HENRIQUES, Mendo; BARROS, Nazaré. Olá, consciência! - Uma Viagem pela Filosofia. São Paulo: É Realizações, 2013

HOUAISS, Antônio. Dicionário Houaiss da Língua Portuguesa. Rio de Janeiro: Objetiva, 2001.

JAMES, William. The varieties of the religious experience, Nova York, Collier, 1961 [As variedades da experiência religiosa, Editora Cultrix, São Paulo, 1990]. filosofia. São Paulo: É realizações, 2013.

JUNG, C. G. (1981). Tipos psicológicos. Petrópolis: Vozes, 1991

. Obras completas. Vol.XI. Petrópolis: Vozes, 2000.

KAFATOS, Menas; KAFATOUR, Thalita. Consciência e Cosmos. Brasília: Ed.Teosófica, 1994.

KORNFIELD, Jack. Mediação: Aspectos da teoria e da prática. In: WALSH, Roger; VAUGHAN, Frances (orgs.) Além do ego: dimensões transpessoais em psicologia. São Paulo: Cultrix, 1980, 167-171.

LAO-TSÉ. Tao te ching. São Paulo: Martin Claret, 2007.

LAZAR, Sara. Meditação não apenas reduz o estresse, ela altera fisicamente seu cérebro. Disponível em: http//: http://www.budavirtual.com.br/ Acesso em 25 de maio de 2015..

LIPTON, Bruce. A biologia da crença. São Paulo: Butterfly, 2007.

NEUMANN, Erich. História da Origem da Consciência. São

Paulo: Cultrix, 2008.

NHAT, Trich. A essência dos ensinamentos de Buda. Rio de Janeiro: Rocco, 1998.

Page 131: Os Ditames da Consciência: "Elevado ao Nada"

130

ORNSTEIN, Robert. A evolução da consciência: de Darwin a Freud, a origem e os fundamentos da mente. 2 ed. São Paulo: Nova Cultural, 1991.

PALMO, Jetsunma Tenzin. No coração da vida: sabedoria e compaixão para o cotidiano. Teresópolis: Lúcida Letra, 2015.

PANCHANG, Jain. jainuniversity. Disponível em: http://www.jainuniversity.org/jain-calender. Acesso em 10 de março de 2015.

PECK, M. Scott. A trilha menos percorrida. Paraná: Nova Era, 2006.

PESSOA, Fernando. Quando fui outro. Alfaguara Brasil, 2006.

PILLI, Jeanne. Meditação com Jeanne Pilli. Disponível em http://www.budavirtual.com.br/meditacao-com-jeanne-pilli/. Acesso em 15 de março de 2015.

PIZZINGA, A., FERNANDES, C. State Space Models for Dynamic Style Analysis of Portfolios. Brazilian Review of Econometrics, vol. 26, 1, 31-66. (2006).

PRABHUPADA ACBS. O Bhagavad Gita como Ele é. BBT. Los Angeles, 1972.

SAYEGH, A. Bergson: a consciência criadora. São Paulo: Humanitas, 2010.

SCHURÉ, Édouard. Os grandes iniciados: esboço da História Secreta das Religiões. São Paulo: Madras, 2011.

SCHUMACHER. A Guide for the Perplexed. New York: Harper and Row, 1977

SMITH, Huston. As religiões do mundo: nossas grandes tradições de sabedoria. São Paulo: Cultrix, 1991.

Page 132: Os Ditames da Consciência: "Elevado ao Nada"

131

TART, Charles. Collection Folio Classique. Paris, France, 1980.

TART, Charles. A abordagem sistêmica dos estados da consciência. In: WALSH, Roger; VAUGHAN, Frances (orgs.) Além do ego: dimensões transpessoais em psicologia. São Paulo: Cultrix, 1980, 226-239.

VAUGHAN, F. Novas dimensões da cura espiritual. São Paulo: Cultrix, 1997.

WALLACE, Allan. As Dimensões Escondidas. Fundação Peirópolis, 2009.

_. O Espírito do Zen. São Paulo: Cultrix, 1995.

WALSH, Roger; VAUGHAN, Frances. Além do Ego. São Paulo: Pensamento, 1980.

WALSH, W. H.: Introdução à Filosofia da História. Rio de Janeiro: Zahar Editores, 1978.

WATTS, Alan W. O Espírito do Zen. São Paulo: Cultrix, 1995.

WHITE, John (Org.). O mais elevado estado da consciência. São

Paulo: Cultrix/Pensamento, 1997.

WILBER, Ken. A consciência sem fronteiras: pontos de vista do oriente e do ocidente sobre o crescimento pessoal. São Paulo: Cultrix, 2008.

WILBER, Ken. Duas modalidades de conhecimento. In: WALSH, Roger; VAUGHAN, Frances (orgs.) Além do ego: dimensões transpessoais em psicologia. São Paulo: Cultrix, 1980, 263-269.

VOLTARIE. Tratado sobre a tolerância. São Paulo: Martins Fontes, 2002.

Page 134: Os Ditames da Consciência: "Elevado ao Nada"