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OS DIFERENTES TIPOS DE TEXTO DO LIVRO FELPO FILVA E O USO DA INTERNET NO ENSINO-APRENDIZAGEM DE LÍNGUA PORTUGUESA NO GRUPO DE ADOLESCENTES SURDOS DO CEPRE Projeto Novos Talentos Oficina 2 Ivani Rodrigues Silva

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OS DIFERENTES TIPOS DE TEXTO DO LIVRO FELPO FILVA E O USO DA INTERNET NO ENSINO-APRENDIZAGEM DE LÍNGUA PORTUGUESA NO GRUPO DE ADOLESCENTES SURDOS DO CEPRE

Projeto Novos Talentos Oficina 2

Ivani Rodrigues Silva

O objetivo é mostrar alternativas para o trabalho com textos com adolescentes surdos.

Primeira etapa: saber se reconheciam os diversos gêneros da escrita, sabiam quando e como utilizá-los.

Segunda Etapa: verificar as postagens desse grupo de surdos em redes sociais como o Facebook, paralelamente ao trabalho com os gêneros da escrita. O objetivo do projeto será o de contribuir com as questões em relação ao tema do letramento dos adolescentes surdos.

Programa Surdez: Desenvolvimento e Inclusão

• A presente pesquisa trata-se de uma pesquisa qualitativa, realizada junto a um grupo de 16 adolescentes surdos, que frequentam a escola regular do 5º ano do Ensino Fundamental ao 3º ano do Colegial.

• A metodologia utilizada para observar o uso que o grupo de surdos fazia da linguagem escrita foram filmagens dos atendimentos, anotações no diário e também análises da forma e o conteúdo das produções de texto dos adolescentes surdos.

Surdez , Libras e Língua Portuguesa• Para Carlos Skliar (1999) "a Língua de Sinais tem importante função

no processo de aquisição da escrita pelos Surdos, pois a internalização de significados, conceitos, valores e conhecimentos serão realizados através desta modalidade de língua". Portanto no ensino de língua portuguesa para surdos têm-se como pressuposto que a língua 1 dos surdos é Libras e esta o ajudará a escrever a sua língua 2, a Língua Portuguesa.

• Os surdos encontram dificuldades em relação à leitura e escrita, pois não há o reconhecimento suficiente dos surdos como parte de minorias linguísticas e da necessidade das LIBRAS como língua em comum entre professor ouvinte e aluno surdo. (Cavalcanti e Silva , 2007)

Segundo Brandão (2002):

•Gênero é, toda e qualquer manifestação concreta do discurso produzida pelo sujeito em uma dada esfera social do uso da linguagem, sendo assim um fenômeno situado em certo contexto.

•A noção de gênero textual vem sendo explorada desde Platão. A autora aponta que atualmente vários pesquisadores tem se dedicado a estudar as tipologias de texto. De acordo com a autora, existem diversas tipologias de texto hoje no campo da linguística, entre elas a tipologia discursiva baseada numa concepção sócia interacionista de linguagem inspirada em Mikhail Bakhtin (1992), linguista russo.

• Martins (1997), pensa que o trabalho escolar com gêneros do discurso deve ser praticado de forma flexível, intensa e permitir uma reflexão espontânea desse uso, além de ocorrer à sistematização do trabalho que for realizado.

“Caracterizam-se como eventos textuais altamente maleáveis, dinâmicos e plásticos”. Surgem emparelhados a necessidades e atividades

socioculturais, bem como na relação com inovações tecnológicas, o que é facilmente perceptível ao se considerar à quantidade de gêneros

textuais hoje existentes em relação a sociedades anteriores à comunicação escrita. (“Marcuschi, 2002)”.

Aquisição dos gêneros textuais no meio digital

• Arcoverde (2006) ao pesquisar sobre a linguagem escrita/ língua portuguesa por surdos em interação com ouvintes em contexto digital , concluiu que as novas tecnologias valorizam as interações verbais e permitem a comunicação de surdos e ouvintes em um novo espaço de interação social. A troca de e-mails, por exemplo, entre os indivíduos surdos e outros indivíduos surdos e entre surdos e ouvintes, escritos em português sugere a transposição da barreira linguística de forma natural, possibilitando relacionamentos sociais. As tecnologias digitais, portanto trabalham, segundo a autora, como suporte da apropriação da linguagem escrita pelos surdos.

Apresentação do livro Felpo Filva, da autora Eva Furnari

Capa do livro Dedicatória

Autobiografia escrita por A., 17 anos, 3º ano do Ensino Médio.

Manual de instruções escrito por L., 15 anos, 8º ano do Ensino Fundamental

Poema escrito por K., 17 anos, 3º ano do Ensino Médio.

Carta escrita por I., 17 anos, 3º ano do Ensino Médio

Lista do dia escrita por S., 16 anos, 2º ano do Ensino Médio.

Postagem feita no Face em sua linha do tempo por R., 15 anos.

Postagem feita no Face em sua linha do tempo por J., 16 anos.

Trecho de conversa do bate-papo do Face entre surda L., 15 anos e ouvinte.

A partir da exploração de doze gêneros textuais apresentados ao grupo: Autobiografia, manual de instruções, carta, poema, telegrama, bula, história, conto de fadas, lista, receita, cartão postal e internet; Diferente do esperado, que era os adolescentes não conhecerem grande parte dos gêneros, os adolescentes já haviam tido contato e conheciam a maior parte dos gêneros, desconheciam somente os gêneros “poema”, “telegrama” e restringiam “conto de fadas” somente a histórias que tinham personagens-fadas.Os adolescentes puderam aprender a estrutura de cada gênero que foi apresentado e em que situações utilizá-lo. Os adolescentes já haviam tido contato anteriormente com gêneros textuais como por exemplo narrativas.

As postagens no Facebook demonstram que os adolescentes surdos, assim como os ouvintes aderiram a essa rede social como forma preferida de comunicação incentivando-os a escreverem e se comunicarem tanto em libras como em língua portuguesa.

• MARTINS, M. (1997) Os gêneros do discurso e o ensino da língua portuguesa.

• SKLIAR,C. (1998) A surdez: Um olhar sobre as diferenças. Porto Alegre: Mediação.

• BRANDÃO, H. (2002) Gêneros do discurso: Unidade e diversidade. Publicado em Polifonia, número 8 – Revista do Programa de Pós graduação em Estudos da Linguagem. Cuiabá, MT: UFTM.

• ARCOVERDE, R. (2006) Tecnologias Digitais: Novo espaço interativo na produção escrita dos surdos.

• CAVALCANTI, M. C. E SILVA, I. (2007) “Já que ele não fala, podia ao menos escrever...” : O grafocentrismo naturalizado que insiste em normalizar o surdo”. In: Linguística aplicada: Suas faces e interfaces. São Paulo: Mercado das Letras.