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UNIVERSIDADE BANDEIRANTE DE SÃO PAULO ROSINEIDE MONTEIRO RODRIGUES OS DESAFIOS DA FORMAÇÃO CONTINUADA DE PROFESSORES QUE ENSINAM MATEMÁTICA NO ENSINO MÉDIO EM UM CENÁRIO DE REORGANIZAÇÃO CURRICULAR SÃO PAULO 2010

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UNIVERSIDADE BANDEIRANTE DE SÃO PAULO ROSINEIDE MONTEIRO RODRIGUES

OS DESAFIOS DA FORMAÇÃO CONTINUADA DE PROFESSORES QUE ENSINAM MATEMÁTICA NO ENSINO MÉDIO EM UM CENÁRIO

DE REORGANIZAÇÃO CURRICULAR

SÃO PAULO 2010

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ROSINEIDE MONTEIRO RODRIGUES

OS DESAFIOS DA FORMAÇÃO CONTINUADA DE PROFESSORES QUE ENSINAM MATEMÁTICA NO ENSINO MÉDIO EM UM CENÁRIO

DE REORGANIZAÇÃO CURRICULAR Dissertação apresentada como exigência parcial à Banca Examinadora da Universidade Bandeirante de São Paulo – UNIBAN, para obtenção do título de Mestre em Educação Matemática, sob orientação da professora Dra. Angélica da Fontoura Garcia Silva.

SÃO PAULO 2010

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Rodrigues, Rosineide Monteiro Os desafios da formação continuada de professores que ensinam matemática no ensino médio em um cenário de reorganização curricular / Rosineide Monteiro Rodrigues. São Paulo: [s.n.], 2010. Dissertação de Mestrado para a obtenção do título de Mestre em Educação Matemática. Programa de Pós-Graduação em Educação Matemática da Universidade Bandeirante de São Paulo. Orientadora: Profa. Dra. Angélica da Fontoura Garcia Silva. 1. Educação Matemática 2. Formação Continuada de Professores 3. Currículo de Matemática no Ensino Médio.

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Autorizo, exclusivamente para fins acadêmicos e científicos, a reprodução total ou

parcial desta dissertação por processos de fotocopiadoras ou eletrônicos.

Assinatura: _____________________________________

Local e Data: ___________________________________

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Dedico este trabalho aos meus amados

pais JOSÉ SOUSA RODRIGUES e ROCILDA

MONTEIRO RODRIGUES, aos meus queridos

irmãos TONINHO e LENA, às minhas

princesas AMANDA, GIOVANNA (sobrinhas)

e JAQUELINE (prima), presentes nesta

minha conquista e em tantas outras

realizações. E, com saudades, à amiga

SUSANA (Dun Dun).

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AGRADECIMENTOS

Agradeço,

em primeiro lugar e acima de tudo, a Deus, seu filho Jesus, Maria Nossa Senhora e

aos mensageiros de luz, pois sempre me mantiveram na esperança de vida,

principalmente quando tudo pareceu estar escuro e por um fio eu pensei em desistir;

aos meus pais, pois sem eles esta arte de viver não seria possível; aos meus

amados e queridos irmãos e sobrinhas, que foram incrivelmente maravilhosos;

à amiga de todas as horas, situações e emoções: Nilza Alves, Ni;

a todos os demais amigos e parentes que me acompanharam de perto ou a

distância, pela compreensão, apoio, confiança, ânimo, torcida, etc.;

ao namorido Edson Improta, por seu amor, companheirismo, tolerância e paciência;

àqueles que durante esse percurso colocaram obstáculos, os quais me

proporcionaram o desafio de concluir esta jornada;

de maneira muitíssimo especial à minha orientadora, amiga, professora Dra.

Angélica da Fontoura Garcia Silva, sem a qual esta viagem não seria realizada.

Obrigada por tudo e para sempre;

ao Professor Dr. Ruy Pietropaolo, um ídolo – foi por sua iniciativa mesmo que

discreta e inconsciente, que pude iniciar e finalizar esta etapa;

à professora Dra. Regina Pavanello, que ofereceu tantas contribuições a este

trabalho, por sua disponibilidade e colaboração;

a todos os professores do Programa de Pós-Graduação em Educação Matemática,

de maneira caríssima aos que tive contato direto durante o curso de mestrado:

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Verônica Yumi, Rosana N. de Lima, Bette Prado, Nielce Meneguelo, Vera Giusti,

Alessandro J. Ribeiro, Janete B. Frant, Lulu Healy, Maria Cristina Oliveira, Maria

Helena Palma;

aos queridos professores de minha graduação (FAFIL/Fundação Santo André), os

quais me indicaram o caminho, estimularam os primeiros passos e me inspiraram no

meu desenvolvimento profissional, especialmente aos professores Roberto Barbosa

(in memoriam), Oduvaldo Cacalano, Suzana Cândido, Antonio Cattaruzzi, Alécio

Damico, Odair Garcia, Anastássios Kambourakis, Sandra Caldeira, Eliana B.

Cataruzzi e Cantor;

a todos os colegas de mestrado, sem os quais essa jornada seria muito mais difícil,

entre eles: Josias Badaró, Catia de Almeida, Claudia Vechier, Fátima Dias, Fátima

Sardeiro, Ilydio Sá, Marcelo Kruppa, Marcelo Rodrigues, Michel da Costa, Olga

Corbo, Paulo Freire, Rosana Magni, Rosangela Marazzio, Victor Santander, Eder,

Erliete, Franklin, Laíde, Nadir, Patrícia, Raquel, Sandra, Vanessa, Wanderlei, Wildes.

Agradeço também aos funcionários do Programa de Pós-graduação e à sua mentora

e coordenadora professora Dra. Tânia Maria Mendonça Campos, por coragem,

ousadia e determinação.

A todos: obrigada!

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[...] uma palavra desprovida de pensamento é uma coisa morta, e um pensamento não expresso por palavras permanece na sombra.

L. S. VIGOTSKY. Todo o nosso conhecimento se inicia com sentimentos.

LEONARDO DA VINCI. Enquanto eu tiver perguntas e não houver respostas... continuarei a escrever.

CLARICE LISPECTOR.

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RESUMO

Este trabalho, de natureza qualitativa, tem como objetivo central analisar as

percepções que professores de matemática no ensino médio têm acerca dos

processos de ensino e aprendizagem, em um cenário de implementação curricular, e

investigar as implicações que esta traz ao processo de formação continuada

docente. Teoricamente, está fundamentado em estudos sobre formação de

professores em processos de mudança. Para a coleta de dados foram utilizadas

várias fontes: pesquisa documental, questionários e realização de entrevistas com

professores que participaram da primeira edição do curso “A Rede Aprende com a

Rede”, na turma Matemática/Ensino Médio/Santo André, em 2008, promovido pela

Secretaria de Estado da Educação de São Paulo. A análise dos dados foi feita por

intermédio da leitura dos depoimentos dos participantes, obtidos nas entrevistas e

no ambiente coletivo do curso, que permitiu identificar o que foi chamado de

unidades de significado para discussão das questões de pesquisa. Este estudo

identificou pontos convergentes e divergentes entre os professores investigados. Por

um lado, suas percepções convergem quando analisam tais inovações como

positivas, por apresentar um currículo comum, a toda a rede estadual de ensino de

São Paulo, e favorecer momentos de estudo e reflexão. Por outro lado, esses

professores percebem esse movimento de renovação de forma diversa, ou porque o

consideram favorável ao desenvolvimento profissional docente, ou ao contrário, por

perceberem-se distantes das principais decisões sobre o currículo, sentindo-se

apenas como executores. Concluiu-se que, na percepção dos professores, há a

necessidade de uma constante reflexão sobre a própria prática e de uma formação

ampla que favoreça a compreensão do docente como um profissional, o qual está

em permanente desenvolvimento. Uma formação que ofereça verdadeiramente

oportunidades de romper suas concepções tanto sobre o ensino e a aprendizagem

da matemática como sobre o currículo e até mesmo acerca do próprio conhecimento

matemático.

Palavras-chave: Educação Matemática. Formação Continuada de Professores.

Currículo de Matemática no Ensino Médio.

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ABSTRACT

This study was qualitative, has aimed to analyze the perceptions that teachers of

mathematics in high school have about the processes of teaching and learning in a

setting of curriculum implementation, and investigate the implications that this brings

to the process of continuing education teacher. Theoretically, is based on studies of

teacher education in changing processes. To collect the data were used several

sources: documentary research, questionnaires and interviews with teachers who

participated in the first edition of the course “The Learning Network with the

Network”, Mathematics in the class / school / Santo Andre in 2008 promoted by

Secretary of State for Education of São Paulo. Data analysis was done through the

reading of statements from the participants, obtained in interviews and in the

collective setting of the course, which allowed us to identify what was called units of

significance for the discussion of research issues. This study identified similarities

and the differences between the teachers investigated. On the one hand their

perceptions converge when considering such innovations as positive by presenting a

curriculum common to all state schools in São Paulo, and encouraging moments of

study and reflection. Moreover these teachers perceive this movement of renewal in

a different way, or because they consider conducive to teacher professional

development, or rather, because they perceive themselves distant from the main

decisions about the curriculum, feeling just as performers. It was concluded that in

the perception of teachers, there is a need for constant reflection on their practice,

and a broad education which promotes the understanding of teaching as a

professional, which is in constant development. An education that offers real

opportunities to break both their conceptions about teaching and learning of

Mathematics, how about curriculum and even about their own mathematical

knowledge.

Keywords: Mathematics Education. Continuing Education of Teachers. Mathematics

Curriculum in High School.

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LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Figura 1. Plano base de construção da pesquisa .......................................... 23

Figura 2. Estrutura do Ensino Secundário nas Reformas Francisco Campos e Capanema ................................................................................... 41

Figura 3. Programa mínimo para o ensino de Matemática no curso colegial do ensino secundário (Portaria de 1951) ....................................... 44

Figura 4. Estrutura da Educação de Grau Médio (LDBEN n.º 4.024/1961) ... 48

Figura 5. Programa Moderno de Matemática – Curso Colegial (GEEM, 1965) .............................................................................................. 49

Figura 6. Subsídios para a Implementação da Proposta Curricular de Matemática para o 2.º grau: tópicos e autores do volume 1 (SÃO PAULO, 1980) ................................................................................ 57

Figura 7. Subsídios para a Implementação da Proposta Curricular de Matemática para o 2.º grau: Análise Combinatória – Problema n.º 1 (SÃO PAULO, 1980) ................................................................... 58

Figura 8. Proposta Curricular para o Ensino de Matemática – 2.º grau: distribuição dos conteúdos ............................................................. 63

Figura 9. Proposta Curricular para o Ensino de Matemática – 2.º grau: conteúdos, objetivos e comentários para a 2ª série Análise Combinatória .................................................................................. 65

Figura 10. Proposta Curricular para o Ensino de Matemática – 2.º grau: Análise Combinatória, Problema n.º 3 ............................................ 67

Figura 11. PCN+ / área CNMT / Competências gerais: articulação com as outras áreas (BRASIL, 2002) ......................................................... 78

Figura 12. PCN+ / Matemática / Temas estruturadores: distribuição no ensino médio (BRASIL, 2002) ........................................................ 79

Figura 13. PCN+ / Matemática / tema Análise de Dados: unidades temáticas (BRASIL, 2002) .............................................................................. 80

Figura 14. Situação de Aprendizagem 1: O reconhecimento da periodicidade / Caderno do Aluno / 2.ª série – volume 1 (SÃO PAULO, 2009b) .. 100

Figura 15. Situação de Aprendizagem 1: Matrizes: diferentes significados / Multiplicação entre duas matrizes / Caderno do Professor / 2.ª série – segundo bimestre (SÃO PAULO, 2008c) ........................... 101

Figura 16. Situação de Aprendizagem 1: Probabilidade e proporcionalidade: no início era o jogo / Caderno do Professor / 2.ª série – terceiro bimestre (SÃO PAULO, 2008d) ..................................................... 101

Figura 17. Situação de Aprendizagem 1: Prisma: uma forma de ocupar o espaço / Caderno do Professor / 2.ª série – quarto bimestre (SÃO PAULO, 2008e) ............................................................................... 104

Figura 18. Estrutura do curso RAR2008 ......................................................... 109

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Figura 19. Logo das Videoaulas de Matemática ............................................. 110

Figura 20. Logo do Fórum de Matemática ...................................................... 110

Figura 21. Base do conhecimento profissional docente (SHULMAN, 1986) ... 116

Figura 22. Saberes dos professores (TARDIF, 2002) .................................... 117

Figura 23. RAR2008: número de acessos e mensagens postadas no Fórum pelos professores inscritos na turma Matemática/Ensino Médio/Santo André ......................................................................... 136

Figura 24. RAR2008: quadro resumo das informações sobre o grupo de possíveis professores sujeitos de pesquisa, turma Matemática/Ensino Médio/Santo André ......................................... 138

Figura 25. Questionário: Carga horária semanal de trabalho .......................... 139

Figura 26. Questionário: Compilação das informações coletadas com as questões sobre a utilização, adequação e/ou reformulação das situações de aprendizagem do subsídio Cadernos do Professor de 2008 .......................................................................................... 141

Figura 27. Questionário: Avaliação dos professores sobre sua satisfação profissional com a utilização dos subsídios do novo currículo ....... 141

Figura 28. Questionário: Avaliação dos professores sobre os resultados para os alunos com a utilização dos subsídios do novo currículo .......... 142

Figura 29. Questionário: Resposta à questão 12 ............................................. 144

Figura 30. Questionário: Respostas dos professores Prof.9 e Prof.26 ............ 146

Figura 31. RAR2008: número de acessos e postagens nos fóruns da turma Matemática/Ensino Médio/Santo André, realizados pelos professores Prof.9 e Prof.26 .......................................................... 149

Figura 32. Questão do SARESP 2008: Relatório Pedagógico (SÃO PAULO, 2009a) ............................................................................................ 167

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LISTA DE ABREVIATURAS

ABE Associação Brasileira de Educação

ATP Assistente Técnico Pedagógico

BID Banco Internacional de Desenvolvimento

CEB Câmara de Educação Básica

CENP Coordenadoria de Estudos e Normas Pedagógicas

CHT Ciências Humanas e suas Tecnologias

CNE Conselho Nacional de Educação

CNMT Ciências da Natureza, Matemática e suas Tecnologias

DE Delegacia de Ensino

DE Diretoria de Ensino

DOE Diário Oficial do Estado

DOU Diário Oficial da União

EMR Ensino Médio em Rede

ENEM Exame Nacional do Ensino Médio

FAFIL Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras da Fundação Santo André

GEEM Grupo de Estudos do Ensino da Matemática

GEEMPA Grupo de Estudos de Ensino da Matemática de Porto Alegre

GE.MAT.EM-Sto. André Grupo de Estudos com Professores de Matemática do

Ensino Médio de Santo André

GEPEM Grupo de Estudos e Pesquisas em Educação Matemática do Rio de

Janeiro

GT7 Grupo de Trabalho 7 da SBEM

HTPC Horário (Hora) de Trabalho Pedagógico Coletivo

IDEB Índice de Desenvolvimento da Educação Básica

IDESP Índice de Desenvolvimento da Educação do Estado de São Paulo

IME Instituto de Matemática e Estatística da USP

INEP Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira

LCT Linguagens, Códigos e suas Tecnologias

LDBEN Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional

MEC Ministério da Educação e Cultura

MEC Ministério da Educação

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MMM Movimento da Matemática Moderna

NEDEM Núcleo de Estudos e Difusão do Ensino da Matemática de Curitiba

OECE Organização Européia de Cooperação Econômica

(l‟Organisation Européenne de Coopération Economique)

OECD Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico

(l‟Organisation de Coopération et de Developpement Economiques)

OT Orientação Técnica

PC Professor Coordenador

PCN Parâmetros Curriculares Nacionais

PCNEM Parâmetros Curriculares Nacionais para o Ensino Médio

PCOP Professor Coordenador de Oficina Pedagógica

PEB-II Professor de Educação Básica II

PISA Programa Internacional de Avaliação Comparada

(PISA – Programme for International Student Assessment)

PROMED Programa de Melhoria e Expansão no Ensino Médio

PUC-SP Pontifícia Universidade Católica de São Paulo

RAR2008 Curso A Rede Aprende com a Rede, edição 2008

SARESP Sistema de Avaliação do Rendimento Escolar do Estado de São Paulo

SBEM Sociedade Brasileira de Educação Matemática

SEB Secretaria de Educação Básica do Ministério de Educação

SEE-SP Secretaria de Estado da Educação de São Paulo

UFBA Universidade Federal da Bahia

UNESCO Organização das Nações Unidas para a Educação

(United Nations Educacional, Scientific and Cultural Organization)

UNESP Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho”

UNIBAN Universidade Bandeirante de São Paulo

UNICAMP Universidade de Campinas

USP Universidade de São Paulo

VA Videoaula

VC Videoconferência

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ............................................................................................... 17

1.1 ANTECEDENTES E MOTIVAÇÕES ..................................................... 18

1.2 TEMÁTICA: PROÊMIO.......................................................................... 23

1.3 PERCURSO DA INVESTIGAÇÃO ........................................................ 26

2 REFORMAS CURRICULARES NO ENSINO MÉDIO PARA O ENSINO DE MATEMÁTICA ............................................................................................... 32

2.1 TRAJETÓRIA DAS REFORMAS EDUCACIONAIS BRASILEIRAS: DESDE 1930 ATÉ O MOVIMENTO DA MATEMÁTICA MODERNA ............. 32

2.1.1 Orientações curriculares para o Ensino Médio e a disciplina Matemática: Reforma Francisco Campos.............................................. 33

2.1.2 Orientações curriculares para o Ensino Médio e a ...... disciplina Matemática: Reforma Capanema e Portaria 1951 ................................ 39

2.1.3 As reformas educacionais brasileiras sob a influência do Movimento da Matemática Moderna ..................................................... 45

2.2 AS RECENTES REFORMAS CURRICULARES NO ENSINO DE MATEMÁTICA PARA O ENSINO MÉDIO ............................................. 54

2.2.1 São Paulo: as Propostas Curriculares de 1978 e 1986 ............. 56

2.2.2 Brasil: a LDBEN n.º 9.394/96, os parâmetros e as orientações curriculares ........................................................................ 69

2.3 O CURRÍCULO DE MATEMÁTICA DO ESTADO DE SÃO PAULO (2008) ................................................................................................... 87

2.3.1 Pressupostos do currículo de Matemática ................................. 91

2.3.2 Os Cadernos de Matemática para a 2.ª série do Ensino Médio . 97

2.3.3 O curso A Rede Aprende com a Rede (RAR2008) .................... 105

3 FUNDAMENTO TEÓRICOS .......................................................................... 113

3.1 FORMAÇÃO E SABERES DO PROFESSOR ...................................... 114

3.2 FORMAÇÃO DE PROFESSORES, OS CURRÍCULOS E OS PROCESSOS DE MUDANÇA .............................................................. 119

3.3 FORMAÇÃO E DESENVOLVIMENTO PROFISSIONAL DO PROFESSOR: O QUE DIZEM AS PESQUISAS .................................. 123

4 CONFIGURAÇÃO DA PESQUISA ................................................................ 129

4.1 INSTRUMENTOS DE COLETA DE DADOS ........................................ 130

4.1.1 Fórum do curso RAR2008 ......................................................... 130

4.1.2 Questionário ............................................................................... 131

4.1.3 Protocolo de entrevista .............................................................. 132

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5 APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS DADOS ............................................. 135

5.1 APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS DADOS COLETADOS COM OS RELATÓRIOS SOBRE O CURSO RAR2008 E COM O QUESTINÁRIO DO PROFESSOR: A ESCOLHA DOS SUJEITOS DE PESQUISA ........................................................................................... 135

5.2 APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DAS INTERAÇÕES DOS PROFESSORES PROF.9 E PROF.26 NO FÓRUM DO RAR2008 ...... 148

5.2.1 Interações no fórum sobre a VA1 .............................................. 149

5.2.2 Interações no fórum sobre a VA2 .............................................. 153

5.3 ANÁLISE DAS ENTREVISTAS ............................................................ 160

5.3.1 Entrevistas: coleta de dados ...................................................... 160

5.3.2 Entrevistas: análise dos dados .................................................. 164

6 CONSIDERAÇÕES FINAIS E PERSPECTIVAS FUTURAS ......................... 170

REFERÊNCIAS .................................................................................................... 176

ANEXOS

ANEXO A – Rede da DE Santo André para as escolas estaduais sob sua jurisdição, para divulgação do GE.MAT.EM-Sto.André. ......... i

ANEXO B – Questionário utilizado como consulta aos professores inscritos no curso RAR2008 – turma Matemática/Ensino Médio/Santo André ...................................................................................... ii

ANEXO C – Questionário: dados coletados ............................................... iv

ANEXO D – Questionário: respostas coletadas dos possíveis professores sujeitos de pesquisa ............................................ xii

ANEXO E – Questionário: respostas dos professores Prof.9 e Prof.26 .................................................................................... xiv

ANEXO F – RAR2008: síntese dos relatórios da turma Matemática/Ensino Médio/Santo André .................................. xviii

ANEXO G – Roteiro para Entrevista semi-estruturada ............................... xxii

ANEXO H – Transcrição das entrevistas .................................................... xxiv

ANEXO I – RAR2008: mensagens postadas pelo Prof.9 nos fóruns ........ xxxii

ANEXO J – RAR2008: mensagens postadas pelo Prof.26 nos fóruns ...... xxxiii

ANEXO K – Currículo do Estado de São Paulo / Matemática e suas tecnologias: grade curricular do ensino médio ...............................................

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17

1 INTRODUÇÃO

O estudo que aqui apresentamos, elaborado sob o título Os desafios da

formação continuada de professores que ensinam Matemática no Ensino

Médio em um cenário de reorganização curricular, está vinculado à linha de

pesquisa Formação de Professores que Ensinam Matemática do Programa de Pós-

Graduação em Educação Matemática da Universidade Bandeirante de São Paulo

(Uniban), no âmbito do Projeto Observatório da Educação, o qual tem a finalidade de

promover e analisar o desenvolvimento profissional docente de professores de

Matemática quando estes estão inseridos em processos de implementação de

inovações curriculares.

Procuramos no decorrer desta dissertação, inspirados em Vigotsky, não

deixar nenhuma palavra “desprovida de pensamento”, tampouco como “uma coisa

morta”, pois almejamos que nosso pensamento – expresso aqui por palavras

escritas – não permaneça na sombra.

Em nosso trabalho, de natureza qualitativa, temos por objetivo principal

analisar as percepções que professores que ensinam Matemática no Ensino Médio,

têm acerca dos processos de ensino e aprendizagem, em um cenário1 de

implementação curricular, e investigar as implicações que tal inovação2 traz ao

processo de formação continuada docente.

Inicialmente, nesta seção, apontamos alguns antecedentes motivadores para

a realização desta investigação, como a breve trajetória profissional da autora deste

estudo; apresentamos o tema central que norteia este estudo: a formação de

professores; discorremos sobre a questão que orientou esta pesquisa, os sujeitos de

pesquisa, os procedimentos metodológicos adotados e o aporte teórico base. Por

fim, descrevemos as demais seções que compõem esta dissertação.

1 Ressaltamos que fazemos uso do termo cenário para indicar o contexto, ou seja, o lugar-espaço, o

momento e o conjunto de fatos inter-relacionados ou circunstâncias que envolveram(em) a implementação do novo currículo de Matemática na rede de ensino estadual de São Paulo, em vigor desde 2008.

2 Empregamos o termo inovação no sentido de reforma, organização, reorganização e/ou mudança

curricular.

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18

1.1 ANTECEDENTES E MOTIVAÇÕES

Várias são as motivações para realizar este trabalho de investigação; um

marco importante seria minha trajetória profissional, que, quando ainda aluna do

curso de graduação em Licenciatura em Matemática,3 no ano de 1996, passei a

exercer a profissão docente, deixando de ser bancária.

Esse foi um período em que experimentei os primeiros desafios da sala de

aula, os conflitos e/ou contradições entre o ensinado na universidade e a vivência

como professora de Matemática em turmas do Ensino Fundamental (séries finais)

em uma escola da rede estadual no município de Santo André, região do ABC

Paulista.

Vale registrar que nesse mesmo ano a educação brasileira foi marcada pela

publicação da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDBEN),4 em que o

princípio norteador, a democratização da educação, possibilitou a ampliação de

discussões e reflexões sobre a formação de professores e o desenvolvimento

profissional docente. O anúncio de mudanças e novas diretrizes permitia-me outras

expectativas, e aumentou minha crença de que tinha feito a escolha certa ao mudar

de profissão.

Todavia, havia em mim muitas ansiedades que não puderam ser

compartilhadas e discutidas, tanto no âmbito escolar como no universitário. Eram

vários questionamentos, entre os quais destaco: De que outros conhecimentos,

saberes, atitudes... eu deveria me apropriar para que a aprendizagem dos meus

alunos fosse consistente, eficaz, produtiva... e provocasse neles o desejo de

continuidade em seus estudos? Que saberes os professores experientes possuíam,

diferentes dos meus, que poderiam ser um diferencial em minha atuação? O que

faltava aprender? Indagações que se misturavam motivadas por uma máxima de

Leonardo da Vinci: “Todo o nosso conhecimento se inicia com sentimentos”.

3 Na Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras (FAFIL) da Fundação Santo André – atual Centro

Universitário Fundação Santo André. 4 Lei n.º 9.394, de 20.12.1996, publicada no Diário Oficial da União (DOU) de 23.12.1996.

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19

Após alguns anos de magistério, as inquietações permaneciam e outras se

agregavam. Eu queria ensinar como um “ato de amor”, “um fazer de professor”

diferente, talvez inspirada pelo pensamento de alguns educadores como Ubiratan

D‟Ambrósio e Paulo Freire, os quais assinalavam que “Tudo o que fazemos, o nosso

comportamento, as nossas opiniões e atitudes são registrados e gravados pelos

alunos e entrarão naquele caldeirão que fará a sopa de sua consciência”

(D‟AMBRÓSIO, 1996, p. 85), e “ensinar não é transferir conhecimento, mas criar as

possibilidades para a sua própria produção ou a sua construção” (FREIRE, 1996, p.

21). Eu ansiava por aulas que fossem capazes de fazer a diferença na vida dos

alunos, ao menos de alguns; desejava que eles aprendessem Matemática; almejava

um “ser/estar professor” que propiciasse a valoração5 entre nós, sujeitos do ensino,

e aprendizagem.

Somando-se a isso, a vivência em uma sociedade em mudança, globalizada

que se dá no final do século XX e início do século XXI com a “era do

conhecimento”, ao mesmo tempo em que a crise na educação, apontada nos

resultados de desempenho das avaliações externas, apresenta novos desafios,

novas exigências, mais cobranças para o professor e o exercício da docência.

Portanto, era necessário aprender, conhecer mais! A minha formação profissional

precisava de continuidade. Então, como prosseguir minha formação para aprender a

aprender e ensinar?

Buscando respostas para essas questões, participei de alguns cursos de

aperfeiçoamento, capacitações e orientações técnicas (OTs) promovidos pela

Coordenadoria de Estudos e Normas Pedagógicas (CENP),6 órgão central ligado à

5 Assumimos aqui valoração como “sinônimo de experiência, atividade ou relação axiológica que,

enquanto tal, indica a vivência humana dos valores” (SILVA, 2000, p. 21), e valores como “qualidades ou significações que denotam que os seres que fazem parte do complexo processo de nossa experiência individual e social não nos são indiferentes” (Ibid., p. 21).

6 A CENP foi criada para atender a reorganização proposta pela Secretaria de Estado da Educação

de São Paulo, conforme Decreto n.º 7.510, de 29.01.1976. Segundo o art. 20 deste decreto, a Divisão de Currículo subordinada à CENP é constituída por: I – Diretoria; II – Serviço de Ensino de 1.º Grau; Serviço de Ensino de 2.º Grau; III – Serviço de Ensino Supletivo; e IV – Serviço de Educação Pré-Escolar. O Serviço de Ensino de 2.º Grau compreende a Diretoria; as Equipes Técnicas de Comunicação e Expressão, Estudos Sociais, Ciências, Formação Especial; e Setor de Expediente. Entre as atribuições das Equipes Técnicas do Serviço de Ensino de 2.º Grau, de acordo com o art. 85, estão: “a) elaborar o modelo de organização curricular para o Ensino de 2.º Grau; b) elaborar e reformular propostas curriculares para o Ensino de 2.º Grau, com o objetivo de garantir a unidade do sistema escolar e o atendimento das peculiaridades sócio-econômico-

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20

Secretaria de Estado da Educação de São Paulo (SEE/SP), por intermédio da

Oficina Pedagógica das Diretorias Regionais de Ensino (DE) de Santo André e

Diadema, os quais visavam à formação continuada em serviço dos professores da

rede estadual de ensino, focando a melhoria da aprendizagem dos alunos, a

apresentação de inovações didáticas e o uso de tecnologia.

Outra vivência marcante aconteceu no ano de 1999, quando eu era

professora lotada em uma escola sob jurisdição da DE de Diadema, com alunos do

Ensino Fundamental II (5.ª a 8.ª séries – atuais 6.º ao 9.º anos).7 Nessa ocasião,

participei de forma voluntária, inclusive como monitora, de um grupo de estudo

composto por professores de Matemática, cujo objetivo era discutir e experienciar a

resolução de problemas como metodologia de ensino, tendo como referência os

Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN) para o Ensino Fundamental. No grupo

enfrentamos desafios, alguns relacionados ao trabalho coletivo, pois objetivávamos

a reflexão na ação e reflexão sobre a ação.8

Outro momento dessa trajetória profissional foi meu ingresso como professora

efetiva (PEB-II),9 no ano de 2000, na rede estadual de ensino de São Paulo, no

município de Santo André, com turmas de Ensino Médio no período noturno,

constituindo outra mudança e novos desafios: nova escola, novos colegas de

profissão, novos gestores, novo grupo de alunos, novo rol de conhecimentos –

inclusive específicos da disciplina.

culturais da comunidade e de suas escolas; [...] j) oferecer subsídios para programas de aperfeiçoamento e atualização do pessoal docente, técnico-pedagógico e administrativo da área pedagógica”.

7 Utilizaremos a notação “5.ª a 8.ª séries”, uma vez que na rede pública estadual de ensino ainda

não foi oficialmente adotada a nomenclatura “6.º ao 9.º anos”, para referirmos ao segundo segmento do Ensino Fundamental.

8 Segundo Pimenta (2005, p. 28), na década de 1990 o conceito de professor reflexivo foi

disseminado no Brasil. A autora indica como um marco inicial do movimento a divulgação da publicação coordenada por Antonio Nóvoa (1990) Os professores e sua formação, com referências à expansão da perspectiva conceitual da “abordagem reflexiva”, a isso se acresce o fato de que em 1993 muitos pesquisadores brasileiros participaram do I Congresso sobre Formação de Professores nos Países de Língua e Expressão Portuguesas realizado em Aveiro (Portugal), sob a coordenação da Professora Isabel Alarcão, no qual centrou suas atenções a essa mesma temática.

9 PEB-II: Professor de Educação Básica II (pode lecionar para turmas de 5.ª a 8.ª séries do Ensino

Fundamental e 1.ª a 3.ª séries do Ensino Médio).

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21

Na tentativa de atender às minhas ansiedades de aperfeiçoamento,

especialização, superação de desafios e melhoria na qualidade das minhas aulas e

no aprendizado dos meus alunos, além dos momentos de atualização promovidos

pelos órgãos centrais da instituição, também participei de palestras e outros cursos

por iniciativa e recursos próprios durante esse período de magistério, porque

compreendia/compreendo o professor como um profissional que para exercer sua

função é um “eterno aprendiz” – sendo da espécie humana, um “ser inacabado”.

Contudo, mesmo que em sala de aula obtivesse êxito com os alunos,

justificando os estudos, os esforços e recursos empreendidos, o mesmo não ocorria

nos encontros com outros colegas de profissão e área. As formações oferecidas

mais pareciam sessões de treinamento para moldar o desempenho, provocando em

mim insatisfações, como a mesmice dos discursos e práticas e a distância entre os

currículos prescritos propostos e a sala de aula. Assim, queria ainda encontrar

respostas para velhas e novas questões: Quais conhecimentos se fazem

necessários para ensinar com eficácia, consistência e sedução? Onde e como

aprender a aprender, aprender a ensinar e aprender a ensinar aprender? Quais

outros caminhos percorrer em meu desenvolvimento profissional? Como atrair outros

colegas de ofício para esse desafio?

No ano de 2005, outra mudança profissional ocorreu e que me pareceu ser a

oportunidade de atender meus anseios e responder às inquietações até então

existentes: fui designada Assistente Técnico Pedagógico (ATP)10 de Matemática na

DE de Santo André, momento em que vislumbrei a possibilidade de respostas mais

imediatas e abrangentes às minhas inquietações, como também a oportunidade de

retomar a experienciação do grupo de estudo vivenciado anteriormente em

Diadema. Os desafios do momento relacionavam-se à mudança de função, e as

indagações tinham um novo viés: Como formadora de professores, o que e como

saber sobre os conhecimentos dos quais esses professores precisavam se

apropriar, para que seus alunos aprendam melhor e mais? Como ser favorecedora

de desenvolvimento profissional de professores que ensinam Matemática por

10

Desde 2008, denominação substituída por Professor Coordenador de Oficina Pedagógica (PCOP).

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22

intermédio de ações de formação continuada? Como atrair outros colegas de função

para esse desafio?

Todavia, uma trajetória é feita de linhas, ora retas, ora curvilíneas, ora

analisada pelas premissas da geometria euclidiana, ora pelas não euclidianas. E

sendo trajeto, e não tracejado, novo investimento no meu aprendizado se fez

presente: ingressei, em 2008, no Mestrado Acadêmico em Educação Matemática da

UNIBAN Brasil, assinalando outro marco importante e um novo desafio o de

professor de educação básica inserido no ambiente de pesquisa científica.

No ano de 2009 retornei à sala de aula, tendo por desafio, que se acrescenta

aos demais, vencer os obstáculos que poderiam interferir na investigação, e por

inquietação, as divergências entre o que se estuda... se pesquisa..., as expectativas

de ensino e de aprendizagem..., a realidade na escola... na sala de aula... Quais as

interferências da pesquisa na sala de aula? Quais são as influências da sala de aula,

da sala dos professores e da escola na investigação? Como pesquisadora, essas

inquietações podem trazer contribuições? Quais? Como? Para quem? São

relevantes?

Assim sendo, em meio às incertezas, conflitos, anseios e buscas, esta

pesquisa começa a se delinear em três temas – formação de professores, reformas

curriculares e desenvolvimento profissional docente –, os quais formam o plano

sobre o qual este estudo foi construído, tendo no papel do professor diante dos

processos de mudanças sua tonalidade. Plano este que representamos na Figura 1:

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23

Figura 1. Plano base de construção da pesquisa

1.2 TEMÁTICA: PROÊMIO

Nesta subseção, expomos nossas primeiras palavras (proêmio) sobre a

temática e os pensamentos que orientam e justificam nossa investigação.

Na organização do trabalho pedagógico, entendemos ser importante chamar

a atenção, assim como Garcia Silva et al. (2008), para o fato de que é fundamental o

papel do professor nos processos de ensino e aprendizagem, inovações

curriculares, formação e desenvolvimento profissional docente. São inúmeras as

expectativas sobre o perfil desse profissional em face da tarefa de realizar um

ensino de qualidade, e sabe-se que a capacidade de análise e escolha não surge

espontaneamente, exigindo também ações estratégicas de formação continuada de

professores. Entendemos, então, que discutir a formação profissional docente de

professores que ensinam Matemática pressupõe, certamente, também analisar os

currículos de Matemática prescritos para a escola básica, com destaque neste

trabalho aos que se relacionam ao Ensino Médio. 11

Segundo Pires (2002, 2007), as temáticas “formação de professores” e a

“Matemática na estrutura curricular”, presentes em uma diversidade de estudos e

11

Na seção 2 realizaremos uma discussão sobre as recentes reformas/orientações/ diretrizes/propostas curriculares para o ensino de Matemática no Ensino Médio, tanto no âmbito nacional como no estadual.

FORMAÇÃO DE PROFESSORES

REFORMAS CURRICULARES

DESENVOLVIMENTO PROFISSIONAL

DOCENTE

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24

discussões atuais no campo da Educação Matemática, nem sempre são realizados

de maneira articulada, o que, de certa forma, nos dá pistas das causas da

dificuldade na implementação de propostas curriculares, quando não se leva em

conta o tipo de formação, e de experiência dos professores. Embora se saiba que,

em última instância, os professores são os protagonistas que dão vida ao currículo,

autores como Zeichner (2003) também chamam a atenção para o fato de que, mais

do que um “implementador”, o professor deve ser autor (ou coautor) do processo

educacional. De acordo com os estudos desse autor, muitas das reformas,

consideradas como “centradas no aluno”, têm concebido o professor apenas como

“técnico eficiente” – motivo pelo qual ele aponta como uma das causas da

“resistência e subversão às mudanças” por parte dos docentes – e conclui que tais

mudanças só ocorrerão de fato na sala de aula quando os professores as

compreenderem e as aceitarem como suas.

Desse modo, a formação profissional docente e o currículo parecem-nos que

são interdependentes, e, se o professor não compreender as inovações curriculares

ou não estiver convencido delas, a potencialidade da mudança fica

consideravelmente limitada. Entendemos, portanto, que, além da análise do tipo de

formação que o professor recebe, se torna necessário verificar as formas como

esses currículos são elaborados, divulgados e implementados – atividades essas

que compreendemos como dimensões abrangentes que poderão favorecer o

desenvolvimento profissional docente.

Em nosso trabalho focaremos a atenção no que vem acontecendo desde o

ano de 2008 no Estado de São Paulo. No entanto, ressaltamos que desde 2006 12

12

Em 2006, foram divulgados os resultados do SARESP* de 2005, que fomentou as discussões sobre o ensino e aprendizagem de Matemática na Educação Básica paulista, e de maneira significativa relacionadas ao Ensino Médio. Em outubro desse mesmo ano, aconteceu em Serra Negra/SP o Seminário Estadual “Avaliação Externa, Projeto Político-Pedagógico e o Processo de Ensino e Aprendizagem no Ensino Médio”, com a participação de educadores da SEE/SP (dez professores de Matemática do Ensino Médio, um ATP de Matemática, um ATP de Língua Portuguesa, dois professores coordenadores, um diretor de Escola e um supervisor de ensino por DE), sob orientação da CENP, cujo objetivo era: aprofundar conhecimentos sobre a avaliação educacional e escolar; refletir sobre as características e objetivos de diferentes sistemas de avaliação externa (SARESP e ENEM**); refletir sobre as relações entre avaliação externa e avaliação interna; discutir, identificar e propor ações que articulem metodologias de ensino e projetos educacionais, tendo em vista o enfrentamento dos dados de desempenho das últimas avaliações. Em uma das palestras as professoras Dra. Iole de Freitas Druck (IME-USP) e Dra.

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25

um novo currículo começou a ser discutido, sob a influência dos debates ocorridos

no âmbito federal e atendendo a uma antiga reivindicação, precedente à criação da

Coordenadoria de Estudos e Normas Pedagógicas (CENP), sobre qual formato de

subsídios auxiliaria o professor na sala de aula.

No contexto de implantação do Currículo do Estado de São Paulo para o

Ensino Fundamental e Médio, 13 a partir do ano de 2008, é que se constituiu o nosso

cenário de investigação: o processo de implementação desta inovação curricular e

as ações de formação que dela decorrem. Contudo, sabemos que tal estudo pode

se ampliar, visto que, concordando com Ponte (1995), entendemos que há uma

aproximação entre a noção de formação e a noção de desenvolvimento profissional,

porém elas não são noções equivalentes, mas também não são antagônicas.

Em nosso trabalho adotamos essa distinção conceptual, assim como Garcia

Silva (2007) em sua tese de doutorado. Referindo-se a Ponte (1998), a autora

explicita os diversos contrastes entre as lógicas do desenvolvimento profissional e

da formação docente:

A formação está intimamente ligada à questão da participação em cursos, produzindo um movimento de fora para dentro, uma vez que o professor é carente de informações. Entretanto, ela se dá de forma compartimentada por assuntos e por disciplinas. Em contrapartida, o desenvolvimento profissional ocorre de múltiplas formas. É um movimento de dentro para fora, desenvolvendo as potencialidades do professor e considerando-o na sua totalidade, ou seja: cognitivo, afetivo e relacional. E, por fim, garantindo a interligação da teoria e prática (GARCIA SILVA, 2007, p. 26-27).

Quanto ao desenvolvimento profissional do professor, observamos que, se

por um lado temos uma legislação que procura valorizar a questão da reflexão sobre

a prática docente, da participação desse professor nas decisões educacionais, e

registra a importância de situações favoráveis para que isso ocorra, devemos

considerar que a lei não é suficiente para fornecer condições ideais ao trabalho do

professor, mediante tantas e diversas cobranças que lhe são feitas e o acréscimo de

Martha Salermo Monteiro (IME-USP) apresentaram a Proposta de Organização Curricular para o Ensino Médio que vinha sendo formulada desde 1995 (Cf. GARCIA SILVA et al., 2006).

* SARESP – Sistema de Avaliação do Rendimento Escolar do Estado de São Paulo é uma avaliação em larga escala da educação básica realizada desde 1996, pela SEE/SP..

** ENEM – Exame Nacional do Ensino Médio. 13

Inicialmente denominado Proposta Curricular do Estado de São Paulo.

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competências e habilidades ao seu perfil profissional. Reputamos que esse

desenvolvimento é tecido em múltiplos espaços e contextos: no aprendizado com os

colegas, no uso de material didático, em processos de formação – inicial ou

continuada –, nos diferentes contatos com orientações curriculares prescritas por

órgãos oficiais, no Horário (ou Hora) de Trabalho Pedagógico Coletivo (HTPC),14 na

prática docente em sala de aula.

Entendemos que no cenário no qual ocorreu nossa investigação houve a

possibilidade de um espaço favorável ao desenvolvimento profissional do professor.

Entretanto, por se tratar de um processo, acreditamos que foi possível somente,

eventualmente, encontrarmos indícios de um provável favorecimento.

Portanto, ressaltamos que definimos como cenário de nosso estudo o

processo de implementação do Currículo do Estado de São Paulo para o Ensino

Fundamental e Médio na rede pública estadual de ensino, a partir de 2008, ano em

que a Secretaria de Estado da Educação promoveu a 1.ª edição do curso A Rede

Aprende com a Rede (RAR2008) – a única ação de formação de professores

daquele ano, cuja finalidade foi possibilitar aos docentes-alunos um aprofundamento

dos conceitos e teorias norteadoras do novo currículo, bem como das metodologias

indicadas nos materiais de apoio, o que retomaremos na seção 2.

1.3 PERCURSO DA INVESTIGAÇÃO

Quando pensamos em fazer um trabalho de pesquisa científica é porque algo

nos inquieta, causa perturbação. A escolha do tema constituiu um momento especial

da trajetória desta pesquisa. Contudo, acreditamos, assim como Bicudo (1992), que

neste estudo a indagação tem caráter fundamental, ou seja, consideramos que

[...] não se faz pesquisa sem que haja uma indagação, sem que esteja claro aquilo sobre o qual se pergunta, aquilo que se interroga. Essa é a essência da pesquisa: buscar o interrogado, seguindo os seus vestígios (BICUDO, 1992, p. 8).

14

HTPC é um tempo-espaço remunerado que compõe a jornada de trabalho dos professores da rede estadual de ensino de São Paulo.

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27

Todavia, por ser pesquisa, nossa questão seguiu um caminho de construção,

desconstrução e reconstrução, na procura de respostas ou indícios destas para os

questionamentos formulados, ou buscando reformulá-los em decorrência da

demanda emergente da ação realizada no processo de investigação/elaboração.

Desse modo, consideramos importante apresentarmos o percurso do nosso estudo,

tomando como bússola a questão de pesquisa.

Para nós, a inquietação motivadora dos nossos primeiros passos foi: De quais

conhecimentos os professores de matemática precisam se apropriar para que seus

alunos aprendam melhor e mais?

No trajeto, ao escolhermos nosso cenário de investigação, mencionado

anteriormente, decidimos focarmo-nos em outra problemática: Como o professor se

organiza na escola para discutir, refletir e implementar as questões específicas de

Matemática contidas na Proposta Curricular do Estado de São Paulo implantada em

2008?

Essa questão foi desenhada mediante a possibilidade de observarmos um

grupo de professores de Matemática do Ensino Médio na Escola Estadual Z,15 grupo

este que pretendia se constituir com o objetivo de estudar e discutir a Proposta

Curricular de Matemática e os Cadernos dos Professores documentos que

compõem o novo Currículo. Os encontros do grupo aconteceriam em horário distinto

dos do HTPC e sem remuneração, ou seja, os professores participariam de forma

voluntária.

Estimulados pelo convite16 para que participássemos dos encontros, criamos

então a expectativa de constituição de um grupo com características de trabalho

colaborativo e de comunidade de aprendizagem. Consideramos importante salientar

que desde meados do ano anterior, 2007, haviam sido suspensas17 as Orientações

Técnicas promovidas pelas Oficinas Pedagógicas e, na sua maioria, sob orientação

15

Com o intuito de manter em sigilo o nome dos envolvidos na pesquisa, atribuímos para as escolas letras maiúsculas do alfabeto brasileiro.

16 O convite foi feito por intermédio da professora coordenadora dessa escola à autora desta dissertação, que na época exercia a função de professora coordenadora de Oficina Pedagógica (PCOP) de Matemática, na Diretoria de Ensino Regional Santo André.

17 Não cabem neste estudo relatos e considerações a respeito das razões da referida suspensão.

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prévia da Coordenadoria de Estudos e Normas Pedagógicas (CENP) – órgão central

da Secretaria de Estado da Educação.

Em razão de alguns contratempos, a constituição do grupo de discussão da

escola Z não se consolidou. Diante de tal situação, em julho de 2008, traçamos uma

nova estratégia, que contemplava um projeto anterior: estabelecer, com professores

que ensinam Matemática na rede estadual em Santo André, um grupo de estudos

semelhante ao experenciado em Diadema.18 A finalidade desse grupo de estudos,

que se pretendeu constituir na Oficina Pedagógica da Diretoria de Ensino de Santo

André, era estudar questões relacionadas ao ensino e aprendizagem de Matemática

no Ensino Médio no contexto da Proposta Curricular da Secretaria de Estado da

Educação de São Paulo, vigente desde o início daquele ano.

Seguindo os trâmites internos, após autorização dos superiores imediatos, em

outubro, foi feita a divulgação do Grupo de Estudos com Professores de Matemática

do Ensino Médio de Santo André (GE.MAT.EM-Sto.André) por intermédio de

comunicação interna, denominada Rede (Anexo A), entre a Diretoria de Ensino e as

escolas sob sua jurisdição. Além das informações divulgando o cronograma dos

encontros do grupo e seus objetivos, havia uma ficha de inscrição com um

questionário, que funcionou como uma pré-consulta. Essa nova ação gerou a

questão de pesquisa: Como o professor de matemática do Ensino Médio se apropria

de conhecimentos num grupo de estudo constituído para a análise das orientações

da Proposta Curricular do Estado de São Paulo (2008)?

Após um período predeterminado para as inscrições, tivemos retorno de dez

professores inscritos, dentre os quais duas professoras coordenadoras (PC) com

formação em Matemática. O GE.MAT.EM-Sto.André reuniu-se três vezes, duas no

mês de novembro e uma em dezembro de 2008. Muitos fatores propiciaram o não

sucesso do grupo. O período do ano, com as diversas atividades que lhe são

18

Conforme descrito anteriormente nesta seção, a autora deste projeto, em 1999, quando lecionava em uma escola estadual no município de Diadema, participou de forma voluntária como monitora de um grupo de estudos, promovido pela Oficina Pedagógica da Diretoria de Ensino Regional de Diadema. Objetivava-se discutir e experenciar a resolução de problemas como metodologia de ensino, e tinha-se por referência os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN) para o ensino fundamental (BRASIL, 1998). Outro objetivo para o grupo era vivenciar a discussão sobre a prática da reflexão na ação e a reflexão sobre a ação, “teoria” em alta nos discursos da época.

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peculiares (aplicação do SARESP, término do ano letivo e outras que o

caracterizam), foi apontado como o mais significativo, justificando a pouca

participação ou presença dos professores inscritos. Deduzimos que o professor tem

interesse em situações que favoreçam seu desenvolvimento profissional, todavia as

circunstâncias que envolvem seu ofício não contribuem para que participem,

mesmo que de forma voluntária, de momentos como o GE.MAT.EM-Sto.André.

Assim, o Grupo de Estudos com Professores de Matemática do Ensino Médio de

Santo André não se constituiu, exigindo que tomássemos novos rumos e

(re)formulássemos nossa questão de pesquisa e as ações para escolha dos seus

sujeitos.

Concomitantemente ao grupo de estudos, e sendo a única ação de formação

continuada proposta pelos órgãos centrais da Secretaria de Estado da Educação,

aconteceu o curso A Rede Aprende com a Rede, cuja finalidade mencionamos na

subseção anterior. Essa ação de formação continuada institucional permitiu que

mantivéssemos nosso foco principal, o desenvolvimento profissional docente, e

nosso cenário, demandando outra questão de pesquisa: Que mudanças e

permanências relacionadas ao desenvolvimento profissional docente foram

observadas nos professores de Matemática mediante a participação em um curso

institucional, oferecido como formação continuada para estudo e discussões das

orientações referentes à Proposta Curricular (2008) em implementação?

A escolha dos sujeitos dessa pesquisa foi determinada por intermédio de

vários instrumentos, descritos posteriormente, que nos direcionou a uma nova

formulação da questão: Que mudanças e permanências relacionadas ao

desenvolvimento profissional docente são observadas em professores de

Matemática num cenário de implementação de uma inovação curricular?

Estando em um trajeto inacabado, pensando nos sujeitos de pesquisa e nas

temáticas delineadas anteriormente, reformulamos nossa pergunta, objetivando uma

melhor compreensão e manutenção do foco de pesquisa. Portanto, temos por

questão de pesquisa: Quais percepções relacionadas aos processos de ensino

e aprendizagem são observadas em professores que ensinam matemática no

ensino médio e que participaram do curso “A Rede Aprende com a Rede” em

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2008, no cenário de implementação curricular do Estado de São Paulo, e quais

as implicações trazidas ao processo de formação continuada de professores?

No propósito de atender aos objetivos deste estudo e responder, ou dar

indicação de respostas, à questão apresentada, a metodologia seguida foi a de uma

pesquisa de natureza qualitativa.

Para a escolha dos sujeitos de pesquisa analisamos tanto a quantidade das

interações registradas no banco de dados do Fórum de Discussão da turma

Matemática/Ensino Médio/Santo André do curso RAR200819 e seus relatórios como

a devolutiva do questionário encaminhado aos professores inscritos nessa turma. As

informações obtidas serviram de base para a elaboração de uma entrevista

semiestruturada, com a qual procuramos observar a percepção dos professores,

sujeitos de nossa pesquisa, sobre a influência das inovações propostas e todas as

ações delas desencadeadas na prática docente destes profissionais.

Essas entrevistas foram audiogravadas, integralmente transcritas, e a leitura

dos depoimentos dos professores permitiu-nos identificar o que chamamos de

unidades de significado, ou seja, aqueles depoimentos mais significativos, do nosso

ponto de vista. Portanto, selecionamos depoimentos que pudessem nos oferecer

elementos significativos para a discussão do nosso problema de pesquisa. Após a

construção das unidades de significado, procuramos, por meio destas, as categorias

para análise, a fim de estabelecer correlações com os estudos apresentados.

É importante salientar que os resultados apresentados neste estudo não

envolveram uma apreciação in loco das práticas dos profissionais envolvidos.

Procuramos responder nossa questão de pesquisa mediante a análise do conteúdo

dos depoimentos dos professores sujeitos de pesquisa selecionados.

19

Vale mencionar que a autora deste trabalho atuava como PCOP de Matemática na DE de Santo André, e, como tal, era mediadora da turma Matemática/Ensino Médio/Santo André, participando diretamente daquele momento, e agora apresenta-se como pesquisadora.

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31

Para o desenvolvimento desta investigação tomamos como aporte-base um

quadro teórico relacionado à formação de professores, levando em consideração as

pesquisas que tratam do desenvolvimento profissional, da reflexão sobre a prática e

saberes docente, bem como as que se referem às inovações curriculares e aos

processos de mudança. Nossa fundamentação teve por referência principal os

estudos de Hargreaves, Imbernón, Nóvoa, Pimenta, Ponte, Schön, Shulman, Tardif

e Zeichner.

O texto que aqui apresentamos é composto por sete seções. Na primeira

apresentamos a pesquisa. Na segunda seção abordaremos as reformas curriculares

no Ensino Médio, fazendo um panorama do contexto no qual estas foram inseridas,

falando das recentes reformas curriculares para o Ensino Médio e do Currículo do

Estado de São Paulo. Na terceira discorreremos sobre a fundamentação teórica que

embasa nossa investigação, subdividida em: Formação e saberes do professor,

Formação de professores: os currículos e os processos de mudança, e Formação e

desenvolvimento profissional do professor: o que dizem as pesquisas. Na quarta

seção falaremos sobre a investigação e os procedimentos metodológicos adotados

no desenvolvimento desta pesquisa. Na quinta, apresentaremos os dados coletados.

Na seção 6 (seis) exporemos nossa análise. Por fim, na sétima seção, apontaremos

nossas considerações finais.

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32

2 REFORMAS CURRICULARES NO ENSINO MÉDIO E NO

ENSINO DE MATEMÁTICA

No trajeto de construção deste projeto emergiram algumas inquietações

referentes ao papel do professor que ensina matemática no Ensino Médio sobre os

temas formação de professores, currículo e processos de mudança20.

Nosso propósito nessa seção é estudar as motivações e implicações das

principais reformas educacionais em nosso país, especificamente no estado de São

Paulo; analisar o cenário em que os movimentos estudados se apresentam; indicar

aspectos gerais – como organização do ensino, finalidades, modalidades, oscilação

entre formação propedêutica e formação profissional. Nosso foco residirá nos

currículos de Matemática para o ensino médio.

Tomaremos como marcos em âmbito nacional a Reforma Francisco Campos

(1931), a Reforma Gustavo Capanema (1942), a Portaria Ministerial n.º 966/1951, a

LDBEN n.º 4.024/1961, a LDBEN n.º 5.692/1971, a LDBEN 9.394/1996, as

diretrizes, parâmetros e orientações curriculares para o ensino médio. Abordaremos

também as influências do estado de São Paulo nos movimentos de renovação

curricular. Quanto às reformas referentes ao ensino de Matemática, enfatizaremos

aspectos específicos como a unificação dos campos matemáticos, os currículos

especiais no ensino médio e o Movimento da Matemática Moderna (MMM), dentre

outros – análise das finalidades, conteúdos frequentes e discussões metodológicas.

2.1 TRAJETÓRIA DAS REFORMAS EDUCACIONAIS BRASILEIRAS PARA O

ENSINO MÉDIO: DE 1930 ATÉ O MOVIMENTO DA MATEMÁTICA MODERNA

A história da humanidade é algo que nos fascina. Consideramos a história da

educação, e mais ainda, a história do ensino de toda e qualquer área do

conhecimento, importante – por que não dizer necessária – para o conhecimento

profissional e formação docente. Nessa subseção fazemos uma breve descrição da

20

Usamos o termo currículo também no sentido de reformas, ou inovações, ou (re)organizações curriculares.

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33

trajetória das reformas educacionais brasileiras a partir da Reforma Francisco

Campos (1931), referentes ao segmento ensino médio e à disciplina Matemática.

Escolhemos este recorte temporal, pois, essa reforma ocorreu logo após a

Revolução de 1930 21 e foi uma das mais importantes tentativas de se organizar o

sistema educacional do país, especificamente o ensino de nível médio (ou

secundário), o qual, desde o descobrimento do Brasil em pleno Renascimento, até

1931 percorreu um longo caminho “para começar a ser organizado em um sistema

nacional”, sendo que “um primeiro passo na direção de mudanças no ensino

secundário brasileiro” se deu com a criação do Colégio Pedro II (Rio de Janeiro) em

1837 (MIORIM, 1998, p. 81-86).

Historicamente o ensino médio brasileiro caracteriza-se pela dualidade

estrutural do escopo da formação: a propedêutica e a profissional. Estudos como os

de Nascimento (2007), por exemplo, chamam a atenção para o fato de que esse

dualismo tem suas raízes no modo como a sociedade se organiza em torno das

relações e contradições entre capital e trabalho. Para este autor, tal organização é

“fundamentada na divisão social do trabalho, que distribui os homens pelas funções

intelectuais e manuais, segundo sua origem de classe, em escolas de currículos e

conteúdos diferentes” (NASCIMENTO, 2007, p. 78).

Para melhor compreender esse processo apresentaremos os movimentos de

reorganização curricular que influenciaram, de alguma forma, o Ensino Médio e, em

especial, a Matemática.

2.1.1 Orientações curriculares para o ensino médio e a disciplina Matemática:

Reforma Francisco Campos

21

A Revolução de 1930, conforme o site <http://www.culturabrasil.pro.br/revolucaode30.htm>, foi o movimento mais importante da história do Brasil do século XX. Ela pôs fim à Primeira República e acabou com a hegemonia da burguesia do café. A sociedade brasileira viveu importantes mudanças a partir de então; como exemplo, nós apontamos a aceleração do processo de urbanização e a crescente participação da burguesia na vida política do país. De acordo com os autores desta página da Web, todo esse processo de desenvolvimento brasileiro foi “acompanhado por uma verdadeira revolução cultural e educacional”.

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A partir da década de 1930, em decorrência do processo de consolidação do

modelo econômico capitalista, as instituições político-sociais adotaram novas

configurações e consequentemente geraram transformações sociais. A

modernização da sociedade, o desenvolvimento industrial e o crescimento urbano

provocaram as necessidades de oferecer modelos mínimos de comportamento

social à população e de procurar mão de obra qualificada. Tais necessidades

suscitaram o crescimento da demanda por formação escolar para todas as classes

sociais, o que mobilizou as elites intelectuais e dirigentes políticos a reivindicar por

reforma e expansão do sistema educacional brasileiro (NASCIMENTO, 2007).

Com a criação do Ministério dos Negócios da Educação e Saúde Pública

(Decreto n.º 19.402 de 14.11.1930), um conjunto de decretos foi instituído com o

objetivo de reformar o sistema educacional brasileiro (Reforma Francisco Campos).

Dentre os quais, o Decreto n.º 19.890, de 18.04.1931, que organizou o ensino

secundário em dois ciclos: o primeiro (curso fundamental), de cinco anos de

duração, tinha por objetivo dar a formação básica geral; e o segundo (cursos

complementares), de dois anos de duração, visava à adaptação às futuras

especializações profissionais eram cursos propedêuticos articulados ao curso

superior (pré-jurídico, pré-medico, pré-politécnico, etc.) (PAVANELLO, 1989;

NASCIMENTO, 2007).

Consideramos importante ressaltar que a Reforma Francisco Campos foi a

primeira reforma a ser “imposta em nível nacional” e que atingiu profundamente a

estrutura educacional brasileira (PAVANELLO, 1989, p. 134). Assim como,

organizou o ensino secundário brasileiro estabelecendo “definitivamente um

currículo seriado, o ensino em dois ciclos, a frequência obrigatória, a exigência de

diploma de nível secundário para ingresso no ensino superior” (FAUSTO apud

MARQUES, 2005, p. 23).

Ao analisar estudos como os de Nascimento (2007) e Romanelli (1986), por

exemplo, percebemos que uma diversidade de relações envolveu tal movimento de

renovação educacional/curricular e que se de um lado a Reforma Francisco Campos

deu organicidade ao ensino secundário, por outro, ela não procurou articular “entre

os vários ramos do ensino médio” (ROMANELLI, 1986, p. 141).

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Em seus estudos, Romanelli aponta o fato de que tal reforma, por um lado,

indicou como tendência para a escola secundária, uma “situação completamente

nova”, uma “verdadeira reforma”, já que “até o final da década de 1920, [...]

imperava o sistema de „preparatórios‟ e de exames parcelados para o ingresso no

ensino superior, sendo o currículo seriado, quando existente, pouco procurado”,

enquanto, por outro lado apresentou pontos críticos como, por exemplo, o fato de

deixar “completamente marginalizados os ensinos primário e normal” (ROMANELLI,

1986, p. 135).

Segundo Marques (2005, p. 27-28), o que enfatizou o caráter elitista da

Reforma Francisco Campos foi o “sistema de avaliação extremamente rígido,

exagerado quanto ao número de provas e exames, fazendo da seletividade o ponto

central do sistema” educacional. Provavelmente tal fato estava associado ao que se

exigia nos exames de admissão ao ensino de nível médio, os quais cobravam dos

candidatos conhecimentos que não tinham sido propiciados pela escola primária ao

aprendizado desses estudantes.

Outros estudos confirmam o elitismo da Reforma Campos, como os de

Nascimento (2007), por exemplo, que consideram fator positivo a organização

estabelecida para o ensino secundário nacional, todavia, registram que tal reforma

“esteve aquém das expectativas para o período pós-1930”, posto que a sociedade

brasileira

[...] experimentou um crescimento vertiginoso da população nas cidades e das indústrias. O caráter enciclopédico de seus programas e os níveis de exigências para a aprovação tornava o ensino secundário uma educação para a elite. (NASCIMENTO, 2007, p. 81).

Não só a questão da seletividade, diretamente relacionada à característica

elitista dessa reforma, foi criticada e considerada um problema. De acordo com

Marques (2005), apoiado nos estudos de Romanelli,

[...] a reforma não resolveu [o problema] da não flexibilidade entre o ensino secundário e os demais ramos do ensino médio, cujos cursos visavam a formação profissional. Segundo Romanelli, a Reforma Francisco Campos criou um verdadeiro estrangulamento no ensino médio, para todo o sistema

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educacional. Os cursos profissionais não tinham nenhuma articulação com o ensino secundário e não davam acesso ao ensino superior. Somente o ensino secundário [propedêutico] possibilitava esse acesso, ou seja, após os 4 anos do Curso Primário, o aluno tinha a opção de cursar o Secundário, com acesso ao Superior, ou, realizar um curso profissional, que não o habilitava para prestar os exames vestibulares (MARQUES, 2005, p. 28).

O que, para nós, caracteriza a manutenção da dualidade estrutural

(propedêutico e/ou profissional) no ensino médio. Pois, segundo Romanelli (1986),

essa reforma não procurou estabelecer articulação entre os vários ramos do ensino

secundário, posto que, “pelo contrário, ao considerar os ensinos secundário e

comercial, tratou antes, de criar dois sistemas rígidos e fechados, sem qualquer

abertura ou possibilidade de transferência de uma para outro” (ROMANELLI, 1986,

p. 141-142).

De acordo com Miorim (1998), a Portaria Ministerial de 30.06.1931 que

regulamentou a reforma do ensino secundário (Decreto n.º 19.890, de 18.04.1931)

estabeleceu os programas relativos às diferentes disciplinas e às respectivas

instruções pedagógicas.

Quanto à Matemática, as principais preocupações de renovação da Reforma

Campos estavam relacionadas à modernização dos conteúdos e à metodologia de

ensino. Essas inovações eram compatíveis com a proposta defendida pelo professor

Euclides Roxo e implementadas no Colégio Pedro II, as quais se baseavam no

Movimento Internacional para a Modernização do Ensino da Matemática. Segundo

Marques (2005), as ideias de Roxo, presentes nas Instruções Pedagógicas eram:

a predominância essencial do ponto de vista psicológico;

a dependência da escolha da matéria a ensinar em relação ao conjunto das demais disciplinas;

a subordinação da finalidade do ensino às diretrizes culturais da época;

o ensino dos três ramos (aritmética, álgebra e geometria) realizado de maneira integrada;

o conceito de função como fator de integração entre as partes da matemática;

o ensino de função tendo também como objetivo o embasamento do aluno, a fim de permitir a introdução do cálculo diferencial na última série do curso fundamental;

a utilização da história da matemática como auxilio ao ensino da matemática;

a aplicação do método de ensino como método heurístico (MARQUES, 2005, p. 29).

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Consideramos importante ressaltar que as instruções pedagógicas da

Reforma Francisco Campos enfatizavam que o ensino da Matemática não se

restringiria ao desenvolvimento do raciocínio lógico, mas, deveria ter também por

finalidade o desenvolvimento de outras aptidões ligadas às aplicações das

matemáticas de maneira integrada. Segundo Bicudo (1942), a Matemática “será

sempre considerada como um conjunto harmônico cujas partes estão em viva e

íntima correlação” (BICUDO, 1942, p. 157).

A Reforma Campos ratificou legalmente, em âmbito nacional, as ideias de

Euclides Roxo já implementadas no Colégio Pedro II, como mencionamos

anteriormente e, pela primeira vez, no Brasil, a denominação Matemática foi

utilizada para a disciplina que unificou os campos matemáticos da Aritmética,

Álgebra e Geometria, que até então eram ensinados separadamente e, em

decorrência dessa inovação, as aulas das matemáticas seriam lecionadas por um

único professor. Outra coisa a salientar é o fato de que a disciplina Matemática

passou a estar presente na grade curricular de todas as cinco séries do ensino

secundário 1.º ciclo (curso fundamental) e em algumas das duas séries do 2.º ciclo

(cursos complementares).

Destacamos que essas inovações estão presentes nos currículos da

educação básica brasileira até os dias de hoje.

Outro aspecto a considerar nas instruções pedagógicas da Reforma Campos

para o ensino da Matemática é o seu programa. Ele indicava uma listagem dos

conceitos a ser trabalhados em cada série, no qual, segundo Miorim (1998, p. 97)

“percebe-se claramente a tentativa de articulação entre os vários campos

[matemáticos], que deveria acontecer de maneira gradativa”.

Porém, analisando o contexto da Reforma Campos, acreditamos que os

professores, e os de matemática em específico, sentiram a necessidade de

adaptação às mudanças propostas pelas novas diretrizes da reforma. De acordo

com a mesma autora, observou-se então “uma descaracterização da proposta”. Ou

seja, para atender a unificação dos distintos ramos da matemática em uma única

disciplina “os professores recolheram fragmentos de vários livros [...] o que

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constituiria apenas uma união de „retalhos‟ de um estilo de ensino que se tentava

extinguir” (MIORIM, 1998, p. 99).

Sobre as ideias modernizadoras da Reforma Francisco Campos,

concordamos com a autora, quando afirma ser difícil avaliar

[...] até que ponto [...] [essas idéias] conseguiram alterar a fisionomia do ensino de Matemática das escolas secundárias brasileiras. Apenas podemos afirmar que a partir desse momento alguns elementos novos começaram a penetrar nesse ensino (MIORIM, 1998, p. 103).

No desenvolvimento histórico da educação brasileira ainda nos anos 1930,

merece destaque a criação da Associação Brasileira de Educação (ABE). Sua

importância decorre do fato de nessa ter havido um espaço para o debate acerca

das ações governamentais. Vale destacar que a ABE trouxe para si a

responsabilidade de elaborar um documento intitulado o “Manifesto dos Pioneiros da

Escola Nova de 1932”, que influenciou significativamente a Constituição Federal de

1934. Tal documento é definido por Saviani (2006) como uma proposta que

pretendia permitir

[...] realizar a reconstrução social pela reconstrução educacional. Partindo do pressuposto de que a educação é uma função essencialmente pública, e baseado nos princípios da laicidade, gratuidade, obrigatoriedade, co-educação e unicidade da escola; o manifesto esboça as diretrizes de um sistema nacional de educação, abrangendo, de forma articulada, os diferentes níveis de ensino, desde a educação infantil até a universidade (SAVIANI, 2006, p. 33).

Contudo, a tendência democratizante da Constituição de 1934 foi

enfraquecida com a Carta Constituinte de 1937,22 pois, esta suprimiu os avanços

conquistados pelos educadores progressistas, como o direito de todos à educação e

o dever do Estado em proporcioná-la “por meio de uma escola única, obrigatória até

um certo nível e limite de idade, gratuita, leiga e oferecida em de igualdade a ambos

os sexos” e “a necessidade de formação dos professores de todos os graus de

ensino em cursos superiores” (PAVANELLO, 1989, p. 135).

22

A Constituição dos Estados Unidos do Brasil, de 10.11.1937 – outorgada por Getúlio Vargas – instaurou a ditadura do Estado Novo (1937-1945), cuja principal característica foi a enorme concentração de poderes nas mãos do chefe do Executivo.

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Todavia, um avanço conquistado anteriormente, a obrigatoriedade do ensino

primário estabelecida no país, foi reafirmado na Carta Constitucional de 1937 e,

posteriormente, na de 1946. Neste documento foi confirmado o dualismo entre o

ensino propedêutico e profissional no ensino secundário, nele “fica claro que a

finalidade do ensino profissional era atender aos menos favorecidos, os desvalidos

da sorte” (NASCIMENTO, 2007, p. 81).

2.1.2 Orientações Curriculares para o Ensino Médio e a disciplina Matemática:

Reforma Capanema e Portaria Ministerial de 1951

Ainda no período denominado Estado Novo – sob a ditadura do governo

Vargas (1930-1945) – Gustavo Capanema, o então Ministro da Educação, deu início

à renovação de alguns segmentos do ensino.23 A Lei Orgânica do Ensino

Secundário (Decreto n.º 4.244 de 9.04.1942) extinguiu os cursos complementares e

o ensino de nível médio (propedêutico) manteve-se dividido em dois ciclos, mas com

novas denominações, a saber: cursos médios de 1.º ciclo ou curso ginasial (duração

de 4 anos) e cursos médios de 2.º ciclo ou cursos colegiais (duração de 3 anos),

subdividido nos tipos clássico e científico (BRASIL, 1942, Art. 2.º e 3.º).

A Reforma Capanema (1942) consolidou a estrutura elitista e conservadora

do ensino brasileiro e o dualismo educacional do ensino secundário (propedêutico e

profissional). Nossa consideração baseia-se nos estudos de Simon Schwartzman et

al. (2000), que apontam:

A prioridade dada à reforma do ensino secundário no inicio de 1940 seria uma ocasião propicia para a reafirmação dos princípios mais gerais da concepção educacional do ministério Capanema. Os documentos e anotações datados dessa época revelam cuidadoso trabalho de recuperação das propostas que tinham sido desenvolvidas durante a década anterior. O sistema educacional deveria corresponder à divisão econômico-social do trabalho. A educação deveria servir ao desenvolvimento de habilidades e mentalidades de acordo com os diversos papéis atribuídos às diversas classes ou categorias sociais. Teríamos, assim, a educação superior, a educação secundária, a educação primária, a educação profissional e a educação feminina; uma educação destinada à

23

Durante a gestão do Ministro da Educação Gustavo Capanema Filho (1934-1945) vários decretos foram baixados com a denominação de Leis Orgânicas do Ensino, as quais estabeleceram uma reforma educacional que estruturou alguns segmentos do sistema de ensino brasileiro.

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elite da elite, outra educação para a elite urbana, uma outra para os jovens que comporiam o grande "exército de trabalhadores necessários à utilização da riqueza potencial da nação" e outra ainda para as mulheres. A educação deveria estar, antes de tudo, a serviço da nação, "realidade moral, política e econômica" a ser constituída (SCHWARTZMAN et al., 2000),

Entendemos então, que essa reforma oficializou o fato do ensino público

secundário (cursos ginasial e colegial) destinar-se às elites condutoras do país e ter

por finalidade preparar os estudantes para o ensino superior, enquanto, o ensino

profissional (agrícola, comercial, industrial e normal), não daria esse acesso. Esses

cursos eram destinados às classes populares e tinham por meta formar mão de obra

qualificada para atender ao setor produtivo (NASCIMENTO, 2007, p. 81-82). Além

disso, segundo Schwartzman et al. (2000), os cursos profissionalizantes deveriam

existir no segundo ciclo do ensino secundário como

[...] opção para os estudantes que [não fossem aprovados nos exames de admissão, ou] não tivessem como objetivo ingressar nas universidades [...]; [E] desta forma, os cursos ginasiais, obedecendo a um programa mínimo comum em todo o país, e controlados pelo ministério, também funcionariam como habilitação básica para os cursos profissionais de nível médio. (SCHWARTZMAN et al., 2000).

Em síntese, apresentamos na Figura 2 (p. 43) a estrutura geral do ensino

secundário nas reformas Campos e Capanema.

A Lei Orgânica do Ensino Secundário, em seu Art. 18 Parágrafo único, previa

a criação de uma comissão para a elaboração dos programas que orientariam o

ensino das disciplinas que compunham a grade curricular dos dois ciclos, Ginásio e

Colégio, porém, segundo Marques (2005, p. 43) “desprovido de instruções

pedagógicas, como as expedidas na Reforma Campos”.

Quanto aos programas de Matemática, é importante ressaltar que os mesmos

traziam diferenças em relação aos de 1931. Entre elas, destacamos que na Reforma

Capanema, mesmo mantendo a unicidade da Matemática escolar, houve a

supressão do ensino concomitante da aritmética, álgebra e geometria em torno da

noção de função, o que apresentou um retrocesso em algumas ideias de Euclides

Roxo implementadas na Reforma Campos.

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41

ENSINO SECUNDÁRIO – NÍVEL MÉDIO formação propedêutica

Figura 2. Estrutura do Ensino Secundário nas Reformas Francisco Campos e Capanema

Outro ponto divergente a destacar diz respeito à ausência

[...] das instruções metodológicas na Reforma Capanema, que na reforma anterior orientou os professores em relação ao ensino simultânea das matemáticas, os professores apoiavam-se agora, apenas nos itens de conteúdos dos programas, sem uma referência pedagógica sobre como ensinar os distintos ramos da matemática (MARQUES, 2005, p. 46).

Duração: 4 anos seriado

Formação básica geral

Duração: 2 anos seriado

Preparatório

Curso Primário

Curso Superior

CURSO COMPLEMENTAR (2.º ciclo)

CURSO FUNDAMENTAL (1.º ciclo)

REFORMA

FRANCISCO

CAMPOS (1931)

Duração: 4 anos seriado

Formação básica geral

Duração: 3 anos seriado

Clássico ou Científico

Curso Primário

Curso Superior

CURSO COMPLEMENTAR (2.º ciclo)

CURSO FUNDAMENTAL (1.º ciclo)

REFORMA

GUSTAVO

CAPANEMA (1942)

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Consideramos ainda importante salientar que no colégio, as disciplinas

comuns aos cursos Clássico e Científico

[...] serão ensinadas de acordo com um mesmo programa, salvo a matemática, a física, a química e a biologia, cujos programas terão maior amplitude no curso científico do que no curso clássico, e a filosofia, que terá neste mais amplo programa do que naquele (BRASIL, 1942, Art. 17).

Conforme o Art. 18 desse Decreto, “os programas das disciplinas serão

simples, claros e flexíveis, devendo indicar, para cada uma delas, o sumário da

matéria e as diretrizes essenciais” (BRASIL, 1942), porém, esses programas eram

muito mais extensos na Reforma Capanema do que na Francisco Campos, segundo

Pietropaolo (2005). Outro aspecto discutido por este autor refere-se ao fato de que

“alguns dos princípios para o processo de ensino da Matemática eram indicados em

conjunto com as demais ciências” (PIETROPAOLO, 2005, p. 103).

Tais observâncias renderam a Capanema muitas críticas; entre elas: o ensino

secundário ter um caráter extremamente acadêmico e propedêutico, com um

programa de Matemática muitíssimo amplo e extenso e a ser ministrado em três

aulas semanais.

Segundo Miorim (1998) as duas reformas analisadas até aqui: Francisco

Campos e Capanema não se mostraram suficientes para resolver os problemas do

ensino secundário, em geral, e da matemática em específico. Além disso, o currículo

não retratou a unicidade da matemática, pois apresentava a aritmética, a álgebra, a

geometria e a trigonometria como ramos isolados da matemática, com o estudo de

um iniciado somente após se esgotar o estudo do outro.

Na década de 50, o então Ministro da Educação, Simões Filho inicia uma

nova revisão e simplificação dos programas e conteúdos do Ensino Secundário.

Dentre as justificativas apresentadas para tal providência, apontamos: “eliminar dos

programas atualmente em vigor os excessos aludidos [...] que tomava penosa a

tarefa didática”, pois

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43

[...] verificava-se o flagrante desajustamento desses programas com o nível de assimilação da população escolar, cujas faculdades intelectuais, ainda mal desabrochadas, não a habilitavam a abranger a enorme soma de deveres e atividades de aprendizagem oferecidas ao seu conhecimento (INEP, 1952 apud MARQUES, 2005, p. 52).

A flexibilidade dada ao currículo com a simplificação dos programas teve

também o propósito de atender a demanda apresentada no início dos anos 1950:

crescente diversidade da população escolar em relação às décadas anteriores.

A responsabilidade de elaboração de novos programas foi determinada para o

Colégio Pedro II. Segundo Marques (2005) a Portaria de 1951 (Portaria Ministerial

n.º 966, de 2.10.1951) estabelecia os programas, inclusive os de matemática, para o

ensino secundário utilizando o termo “Programa Mínimo”. A nova legislação,

“permitiria que cada estado elaborasse seus próprios planos desenvolvidos dos

programas mínimos, de modo que pudessem adequá-los às suas características

particulares” (MARQUES, 2005, p. 48).

Quanto à matemática, a unificação de seus ramos passa a ser vista como

fundamental, posto que, pode favorecer ao aluno a percepção da identidade dos

métodos e dos procedimentos aplicados. Mostramos na Figura 3 (p. 44) o programa

mínimo de matemática para o Curso Colegial (clássico e científico) proposto pela

Portaria de 1951.

Marques considera que o programa mínimo “é revelador de suas intenções:

estabelecer um limite inferior ao qual todas instituições escolares estariam sujeitas e

em condições de executá-lo” (MARQUES, 2005, p. 53), todavia observamos que

este “limite inferior” pode ser considerado como uma meta difícil de ser alcançada,

se considerarmos as orientações contidas no documento.

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Série Programa Mínimo

1.ª

Noções sobre cálculo aritmético aproximado; erros.

Progressões.

Logaritmos.

Retas e planos; superfícies e poliedros em geral; corpos redondos usuais; definições e propriedades; áreas e volumes.

Seções cônicas; definições e propriedades fundamentais.

2.ª

Análise combinatória simples.

Binômio de Newton.

Determinantes; sistemas lineares.

Noções de vetores, projeções; arcos e ângulos; linhas e relações trigonométricas.

Transformações trigonométricas em geral, equações trigonométricas simples.

Resolução trigonométrica de triângulos.

3.ª

Conceito de função; representação cartesiana; reta e círculo; noção intuitiva de limite e de continuidade.

Noções sobre derivadas e primitivas; interpretações; aplicações.

Introdução à teoria das equações; polinômios; propriedades,

divisibilidades por x a; problemas de composição, transformação e pesquisa de raízes; equações de tipos especiais.

Figura 3. Programa mínimo para o ensino de Matemática no curso colegial do ensino secundário (Portaria de 1951).

Segundo Marques, as orientações perpassam pela indicação da necessidade

da evidencia na unidade da matemática, que se apresente ilustrações e aplicações

para cada assunto da matemática, que nos primeiros anos a matemática apresente-

se mais intuitivamente e, finalmente, que o rigor deverá acontecer de forma

moderada (MARQUES, 2005, p. 61).

Cabe salientar que em tal documento, assim como nos atuais movimentos de

reforma, insiste-se na participação ativa do aluno no processo ensino e

aprendizagem e “na necessidade de despertar sua atenção e interesse”.

Observamos assim, nos documentos oficiais, uma preocupação central no aluno, ou

seja, o centro das atenções volta-se para as ações em sala de aula, e considera-se

que estas deveriam levar em conta que a “Matemática não é lógica pura”.

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45

Entendemos que tais características orientações de ordem metodológica da

Portaria de 1951 torna-se um fato novo e de fundamental importância se

considerarmos o crescimento da escola secundária, na época. Todavia reiteramos

que esta Portaria não conseguiu atingir o objetivo ao qual ela se destinava, ou seja,

diminuir a extensão dos conteúdos matemáticos no secundário.

Outro movimento político-educativo importante a ser destacado é a

promulgação da quarta Constituição da República Federativa do Brasil, em 1946, a

qual “atribuía à União fixar as diretrizes e bases da educação nacional. A proposta

de LDBEN encaminhada pelo Governo ao Congresso foi longamente debatida e

alterada, até ser aprovada em 1961” (NASCIMENTO, 2007, p. 82).

2.1.3 As reformas educacionais brasileiras sob influência do Movimento da

Matemática Moderna

Inicialmente, apresentamos uma breve descrição do cenário educacional

brasileiro no qual as ideias do Movimento da Matemática Moderna (MMM)

influenciaram os currículos implementados no Brasil.

A primeira Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDBEN n.º 4.024,

de 20.12.1961), que teve seu primeiro projeto de lei, encaminhado ao poder

legislativo pelo executivo no ano de 1948, levou treze anos de debates até seu texto

final, representou um avanço no que se refere ao ideário democrático da educação e

pela primeira vez o ensino profissional foi integrado ao sistema regular de ensino.

Outro ponto a destacar dessa Lei foi a descentralização do sistema educacional,

com a criação dos Sistemas Estaduais de Ensino. “A estrutura tradicional do ensino

foi mantida. E o sistema continuou a ser organizado segundo a legislação anterior”

(ROMANELLI, 1986, p. 181), a saber: Ensino pré-primário, Ensino primário, Ensino

médio e Ensino superior.

A Educação de Grau Médio, conforme a LDBEN n.º 4.024/1961 (Art. 33 e 34),

destinava-se à formação do adolescente, dava continuidade à educação ministrada

na escola primária e manteve-se organizada (ver Figura 4, p. 46) em dois ciclos:

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46

ginasial (4 anos) e colegial (3 anos). Ambos os ciclos abrangeram os cursos de

ensino secundário (propedêutico) e os técnicos profissionalizantes (industrial,

agrícola, comercial e de formação de professores para o ensino primário e pré-

primário), o que validou a plena equivalência de estudos entre os diferentes cursos e

assegurou aos seus concluintes o direito a prestarem exames vestibulares a

qualquer curso superior (NASCIMENTO, 2007; PAVANELLO, 1989). Todavia não

superou a dualidade estrutural, “uma vez que continuaram a existir dois ramos

distintos de ensino para distintas clientelas” (NASCIMENTO, 2007, p. 82). De acordo

com o seu Art. 35, os currículos e programas para o ensino médio não mais seriam

fixados por organismo federal (exceto no estabelecimento de um Núcleo Comum de

matérias).

Figura 4. Estrutura da Educação de Grau Médio (LDBEN n.º 4.024/1961)

Quanto ao cenário nacional, ressaltamos que o Brasil do final dos anos 50 e

começo dos 60 passava por profundas modificações na realidade econômica e

social: o crescimento industrial e o processo acelerado de urbanização.

Evidentemente, tal momento se refletiu na Educação, todavia, como consequência

prática o que houve foi “a manutenção de uma situação de defasagem profunda

EDUCAÇÃO DE GRAU MÉDIO CICLO

GINASIAL (4 anos)

CICLO COLEGIAL

(3 anos)

Cursos de Ensino Secundário (propedêutico)

Cursos Técnicos

(profissionalizante)

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47

entre o sistema educacional e o sistema econômico e social” (ROMANELLI, 1986, p.

185).

No que se refere aos processos de ensino e de aprendizagem das

matemáticas, os anos 1960 foram marcados pelo Movimento da Matemática

Moderna (MMM) no cenário nacional. Estudos como os de Bürigo (1989), Miorim

(1998), Guimarães (2007) e Valente (2008), por exemplo, tratam do surgimento e

influências de tal movimento. De acordo com Valente (2008, p. 584) “„Movimento da

Matemática Moderna‟ é a expressão utilizada no âmbito dos estudos sobre o ensino

da Matemática, que caracteriza um período em que se elaboram novas referências

para o ensino da disciplina”.

O pesquisador Henrique Guimarães, ao abordar o início do MMM, considera

que:

No período do pós-guerra e ao longo dos anos 50, em muitos países da Europa e também em países desenvolvidos do outro lado do Atlântico, muito em particular nos Estados Unidos da América, começou a tomar corpo a idéia de que se tornava necessário e urgente uma reforma no ensino da Matemática. Na verdade, durante toda a década de 50, foram tendo lugar numerosas iniciativas e realizações, de natureza variada e com propósitos diversificados, que tinham em comum a intenção de modificar os currículos do ensino da Matemática visando a atualização dos temas matemáticos ensinados, bem como a introdução de novas reorganizações curriculares e de novos métodos de ensino. (GUIMARÃES, 2007, p. 21).

Segundo Miorim (1998, p. 107-108), um dos argumentos mais fortes para a

introdução dessa “moderna Matemática”, que “já havia „impregnado‟ os estudos

universitários, [e] estava „há séculos de distância‟ daquela ensinada no nível médio”,

relacionava-se então ao “descompasso existente entre os últimos avanços

científicos e tecnológicos e a Matemática ensinada nas escolas de nível médio”.

Portanto, era “necessário, como forma de garantir uma certa „continuidade‟ entre

esses dois níveis de ensino”, que alguns aspectos da Matemática Moderna fossem

introduzidos nas escolas de nível médio.

Para essa autora, foi na Conferência Internacional em Royaumont

(França/1959), organizada e promovida pela Organização Europeia de Cooperação

Econômica (OECE), que foram estabelecidas as bases do MMM (Miorim, 1998, p.

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48

109). As propostas do Movimento apoiam-se no tripé: teoria dos conjuntos,

estruturas matemáticas, lógica matemática. O Movimento tinha como objetivo

principal apresentar a Matemática de maneira axiomática e unificada; para tanto,

tomou de forma enfática “o uso de uma linguagem matemática precisa e de

justificações matemáticas rigorosas” (MIORIM, 1998, p. 114).

No Brasil, essas questões começaram a ser discutidas com maior intensidade

pelos professores durante a década de 50, devido especialmente à realização dos

primeiros Congressos Nacionais de Ensino da Matemática (Salvador/1955, Porto

Alegre/1957, Rio de Janeiro/1959), à criação da Revista de Matemática para o

Ensino Médio e da Associação Brasileira de Professores e Pesquisadores de

Matemática e da proposta de realização de Congressos Estaduais de Professores

de Matemática. Contudo, foram as atividades desenvolvidas pelo Grupo de Estudos

do Ensino de Matemática (GEEM) fundado em 31.10.1961 em São Paulo, com

sede na Universidade Mackenzie e tendo por fundador e presidente o professor

Osvaldo Sangiorgi que a divulgação da proposta da matemática moderna se

difundiu, visando a formação de professores.

O GEEM era composto por matemáticos, professores de Matemática de

diferentes níveis de ensino, muitos desses autores de livros didáticos, tais como

Benedito Castrucci, Carlos A. Calioli, Jacy Monteiro e Osvaldo Sangiogi dentre

outros. Consideramos importante ressaltar que o GEEM teve um papel importante

de formação docente no estado de São Paulo, pois o grupo trabalhou em conjunto

com a Secretaria de Estado da Educação nos treinamentos para os professores. E,

nesse movimento, podemos observar a relação entre formação de professores e a

Matemática na estrutura Curricular. Bürigo (1989, p. 104) afirma que o GEEM

permitiu a divulgação ampla do MMM para além do grupo restrito de educadores.24

Segundo Oliveira (2010, p. 65-66), as “diretrizes nacionais para a Matemática

Moderna se deram por meio de cursos, palestras e de sugestões que foram

propostas pelo GEEM e posteriormente publicadas”. No âmbito nacional, foi no IV

24

Conforme Valente (2008, p. 598-599), na base de dados de recortes de jornais, organizada por Mario Nobuyuki Nakashima (2007), são encontradas informações sobre encontros e/ou reuniões promovidos pelo GEEM.

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Congresso Nacional de Ensino da Matemática, ocorrido em Belém (PA) em 1962,

que o GEEM “levou alguns exemplos de trabalhos bem-sucedidos [...] e apresentou

uma proposta de programa para a escola secundária, orientado pelas idéias

modernizadoras” (Miorim, 1998, p. 114). No ano de 1962 o GEEM, sob a

coordenação de Osvaldo Sangiorgi, publicou a 1.ª edição do livro Matemática

Moderna para o Ensino Secundário, que “trouxe a descrição de vinte e quatro itens

de Assuntos Mínimos para um Moderno Programa de Matemática para o Ginásio [...]

e dezoito para o Colégio [...], no qual inclui pequenas sugestões didático-

metodológicas” (OLIVEIRA, 2010, p. 66). A 2.ª edição desse livro foi publicada em

1965, decorrente, conforme seu prefácio, de dois principais motivos: o sucesso

alcançado pela 1.ª edição e o êxito do Movimento da Matemática Moderna em

alguns Estados brasileiros. Com a finalidade de uma comparação posterior em

nossa análise, apresentamos o Programa Moderno de Matemática para o curso

Colegial25 (ver Figura 5):

Programa Moderno de Matemática – Curso Colegial

1.º Ano 1- Funções:

a) noções gerais; b) função linear, representação gráfica, estudo de reta; c) função do trinômio do 2.º grau, variação, representação gráfica, inequação do 2.º

grau; d) função exponencial e logarítmica, uso das tábuas.

2- Seqüências: a) exemplos de seqüências, princípios da indução; b) Progressões aritméticas e geométricas.

3- Funções trigonométricas: a) estudo das funções trigonométricas, periodicidade, simetria, representação

gráfica; b) relações fundamentais, funções trigonométricas de a (mais ou menos) b, 2ª, a/2,

onde a e b representam medidas de arcos; c) transformação de sen a (mais ou menos) sen b, cos a (mais ou menos) cos b em

produto; d) equações trigonométricas elementares; e) uso das tábuas trigonométricas e resolução de triângulos.

4- Introdução á Geometria do Espaço: a) axiomas e teoremas fundamentais, b) perpendicularismo e paralelismo; projeção e distância; c) diedros.

25

Recordamos que o Curso Colegial corresponde ao 2º ciclo do Ensino de Grau Médio (ou Secundário), conforme legislação vigente na época, e atualmente ao Ensino Médio da Educação Básica.

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50

2.º Ano 1- Análise Combinatória e Binômio de Newton:

a) análise combinatória simples; b) noção de probabilidades; c) binômio de Newton.

2- Sistemas e Equações Lineares: a) matrizes e determinantes; b) resolução de sistemas lineares.

3- Ângulos, Poliédricos e Poliedros: a) triedros e ângulos poliédricos; b) poliedros regulares; c) prismas e pirâmides.

4- Superfície e Sólidos Redondos: a) superfícies elementares: cilindros, cônicas e de rotação; b) cilindro, cone e esfera.

3.º Ano 1- Conjunto dos Números Complexos:

a) conceito, representação, operações, propriedades; b) raízes da unidade, equações binômias.

2- Polinômios e Equações Algébricas: a) polinômios, operações, propriedades; b) resolução de equações algébricas.

3- Geometria Analítica: a) estudo da reta; b) estudo da circunferência; c) noções sobre cônicas.

4- Introdução ao Cálculo Infinitesimal: a) derivada de funções racionais e trigonométricas; b) propriedades das derivadas e aplicações no estudo da variação das funções.

5- Transformações Geométricas: a) translação, rotação e simetria, propriedades; b) semelhança, homotetia, propriedades.

Figura 5. Programa Moderno de Matemática (GEEM, 1965)

Quanto a abrangência, como podemos observar nos programas de

matemática para o curso colegial estabelecidos pelo GEEM (1965), esta foi ampliada

em relação ao Programa Mínimo da Portaria de 1951, apresentado anteriormente

(ver Figura 3, p. 46). Para citar algumas divergências observamos que o ensino de

função era proposto em 1951 para a 3.ª Série (Clássico e Científico), enquanto na

proposta do GEEM o tema26 é tratado de maneira mais ampla já no 1.º ano. Outra

diferença entre os programas é o ensino de probabilidade, que é indicado somente 26

É importante ressaltar que nos programas apresentados pelo GEEM (1965) o conteúdo função aparece também no quarto ano ginasial, propondo o ensino de função linear, trinômio do 2.º grau e as respectivas construções de gráficos.

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na proposta do GEEM para o 2.º ano do Colégio. Há uma convergência que salta

aos olhos, a presença no 2.º ano dos conteúdos análise combinatória, binômio de

Newton e sistemas lineares, tanto no programa do GEEM, como na Portaria de

1951, como nos currículos atuais do estado de São Paulo.

Consideramos importante salientar, de acordo com Miorim (1998, p. 114), que

não só o GEEM desenvolveram trabalhos e discussões referentes à Matemática

moderna, outros grupos de estudos também se formaram e vários projetos foram

elaborados e aplicados. Dentre esses, destacamos o Grupo de Estudos de Ensino

da Matemática de Porto Alegre (GEEMPA), o Núcleo de Estudos e Difusão do

Ensino da Matemática de Curitiba (NEDEM), o Grupo de Estudos e Pesquisas em

Educação Matemática do Rio de Janeiro (GEPEM) e o grupo coordenado pelo

professor Omar Catunda na Universidade Federal da Bahia (UFBA).

Em continuidade à nossa descrição do cenário brasileiro, lembramos que o

MMM resistiu no Brasil durante quase todo o regime político da ditadura militar –

instaurado no país pelo golpe militar de 1964. Este período se caracterizou pelo

autoritarismo com o qual o Estado Brasileiro foi comandado.

Segundo Ferreira Jr e Bittar (2008), os governo militares

[...] adotaram um movimento político de duplo sentido: ao mesmo tempo em que suprimiam as liberdades democráticas e instituíam instrumentos jurídicos de caráter autoritário e repressivo, levavam à prática os mecanismos de modernização do Estado nacional, no sentido de acelerar o processo de modernização do capitalismo brasileiro. Em síntese: propugnavam a criação de uma sociedade urbano-industrial na periferia do sistema capitalista mundial, pautada pela racionalidade técnica (FERREIRA JR; BITTAR, 2008, p. 335).

Na esteira do modelo econômico,

[...] o regime militar implementou as reformas educacionais de 1968, a Lei n.º 5.540, que reformou a universidade, e a de 1971, a Lei n.º 5.692, que estabeleceu o sistema nacional de 1.° e 2.° graus, pois ambas tinham com escopo estabelecer uma ligação orgânica entre o aumento da eficiência produtiva do trabalho e a modernização autoritária das relações capitalistas de produção. Ou seja, a educação no âmbito do regime militar foi concebida como um instrumento a serviço da racionalidade tecnocrática, com o objetivo de se viabilizar o slogan “Brasil Grande Potência” (FERREIRA JR; BITTAR, 2008, p.335-336).

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52

A política educacional adotada pelo regime militar, segundo Nascimento

(2007, p. 83), tinha por tripé ideológico de sustentação a “doutrina da segurança

nacional”, a “teoria do capital humano” e a orientação de “correntes do pensamento

cristão conservador”. De acordo este autor, “a educação brasileira foi organizada

com o objetivo de atender às demandas das transformações na estrutura econômica

do país, adequando o sistema educacional às necessidades da expansão

capitalista” (NASCIMENTO, 2007, p. 83); e assim, com a pretensão de “estabelecer

uma relação direta entre sistema educacional e sistema operacional, subordinando a

educação à produção” (NASCIMENTO, 2007, p. 83), manteve para o Ensino Médio

“uma visão utilitarista” e este segmento de ensino passou “a ter a função principal de

habilitar ou qualificar para o mercado de trabalho” (NASCIMENTO, 2007, p. 83).

Das reformas educacionais instituídas durante o governo da Ditadura Militar,

para nós a mais significativa foi a LDBEN n.º 5.692/1971,27 que introduziu mudanças

profundas nos níveis de ensino primário e médio. De acordo com o primeiro

parágrafo do seu Art.1.º, “entende-se por ensino primário a educação

correspondente ao ensino de primeiro grau e por ensino médio, o de segundo grau”

(BRASIL, 1971; grifos nossos).

Por meio desta lei (LDBEN n.º 5.692/1971) ocorre a fusão entre os antigos

cursos primário e ginasial, criando a escola de 1.º grau, com duração estendida para

8 anos letivos e sendo obrigatória a todos com idade entre 7 e 14 anos. Com isso o

exame de admissão é extinto, “eliminando, pelo menos legalmente, a tradicional

barreira entre esses graus de ensino” (PAVANELLO, 1989, p. 146).

Com a LDBEN 5.692/1971 o ensino de 2.º grau (duração de 3 ou 4 anos)

passa a ser obrigatoriamente profissionalizante, com o objetivo de qualificar o

educando para o trabalho e a pretensão de que um grande contingente egressos

deste nível de ensino “saísse do sistema escolar e entrasse diretamente no mercado

de trabalho, diminuindo a pressão por vagas no ensino superior” (NASCIMENTO,

2007, p. 83). Assim, com esta lei, havia a intenção que o ensino de 2.º grau tivesse

27

Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, Lei n.º 5.692, de 11.08.1971, fixa diretrizes e bases para o ensino de 1.º e 2.º graus, e dá outras providências (BRASIL, 1971).

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53

por característica básica a terminalidade, ou seja, o término da educação básica

brasileira.

Contudo, segundo Pavanello (1989), a

[...] implantação da “Lei de Diretrizes e Bases do Ensino de 1.º grau e 2.º grau acaba mantendo o tradicional dualismo da escola brasileira (escola para a elite x escola para o povo) colocando-o, agora em termos de escola particular x escola pública, conservando a diferenciação entre o ensino oferecido aos estratos superiores da sociedade (na primeira) e aquele proporcionado à população em geral (na segunda) (PAVANELLO, 1989, p. 147).

Várias dificuldades foram encontradas na implementação do ensino

profissionalizante no ensino de 2.º grau, que nas escolas públicas era geralmente

oferecido no período noturno e que não cumpriam nem com a “sua antiga função de

preparar [o educando] para os cursos superiores, nem sua função profissionalizante”

(PAVANELLO, 1989, p. 147), em decorrência da falta de recursos humanos e

materiais que dessem conta desta tarefa. Por outro lado, “interpretando a legislação

conforme sua conveniência”, as escolas particulares continuaram a oferecer um

ensino basicamente propedêutico. De acordo com Nascimento (2007),

[...] em paralelo à falta de recursos, neste período houve um aumento significativo do número de alunos matriculados no Ensino Médio. [E] Outros problemas surgiram, como a necessidade de novos currículos, de estabelecer associação entre as escolas e as empresas, de identificar as necessidades do mercado de trabalho, da construção e/ou adaptação de escolas, além da formação de professores e outros profissionais para os novos cursos (NASCIMENTO, 2007, p. 83-84; grifos nossos).

Portanto, apesar da generalização e da proposta de implementação

compulsória da profissionalização no Ensino de 2.º grau introduzidas pela LDBEN

n.º 5.692/1971,28 que pretendia substituir a dualidade estrutural desse nível de

ensino, os resultados esperados pelo Governo não obtiveram sucesso, e assim, foi

alterada pela Lei n.º 7.044/1982,29 que extinguiu “a escola única de

28

“Art. 1º - O ensino de 1.º e 2.º graus tem por objetivo geral proporcionar ao educando a formação necessária ao desenvolvimento de suas potencialidades como elemento de auto-realização, qualificação para o trabalho e preparo para o exercício consciente da cidadania” (BRASIL, 1971, grifos nossos).

29 Lei Federal n.º. 7.044/82, de 18.10.1982, que altera dispositivos da Lei n.º. 5.692, de 11.08.1971,

referentes a profissionalização do ensino de 2º. grau. (revogada pela Lei n.º. 9.394/96).

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profissionalização obrigatória,[30] a qual nunca chegou a existir concretamente”

(NASCIMENTO, 2007, p. 84), reeditando a concepção dualista estrutural, e que,

segundo Godoy (2002), manteve a “oscilação entre formação profissional e

formação propedêutica [que] foi a principal responsável, historicamente, pela falta de

identidade do ensino médio” (GODOY, 2002, p. 15).

Retomamos o Movimento da Matemática Moderna, que foi considerado um

marco histórico da Educação Matemática e, segundo Oliveira (2010, p. 67),

“apresentou resultados positivos, como a articulação e organização dos professores

em prol das reformas, organizando-se em grupos, como o GEEM, que teve um papel

decisivo no que diz respeito à difusão desse movimento e à edição dos livros

didáticos”, não sobreviveu além de vinte anos após seus primeiros passos, tanto no

Brasil como em outros países. Nos primeiros anos da década de 70, fortes críticas

ao movimento começaram a surgir. No Brasil, as críticas mais explícitas se iniciaram

por volta de 1973, de acordo com Bürigo (1989, p. 215). O professor Sangiorgi,

segundo Bürigo (1989, p. 223), em seu discurso nesse período, “atribuía os „erros‟

ou aspectos negativos apontados pelos críticos – como a ênfase excessiva nas

operações com conjuntos, estruturas e propriedades, em detrimento do cálculo e da

geometria – não à matemática moderna como proposta, mas aos „abusos‟ feitos em

nome dela”.

2.2 AS RECENTES REFORMAS CURRICULARES NO ENSINO DE MATEMÁTICA

PARA O ENSINO MÉDIO

Na década de 1960 e nos anos iniciais da década seguinte, no contexto de

divulgação e implementação do MMM, de debates e de reformas mediante às

críticas a esse movimento e das inovações curriculares decorrentes das bases

legais no Brasil, destacamos o Estado de São Paulo que teve uma participação

fundamental em todo esse processo.

30

“Art. 1.º - O ensino de 1.º e 2.º graus tem por objetivo geral proporcionar ao educando a formação necessária ao desenvolvimento de suas potencialidades como elemento de auto-realização, preparação para o trabalho e para o exercício consciente da cidadania” (BRASIL, 1982, grifos nossos).

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55

Mesmo não sendo o foco principal de nosso estudo, que aborda o ensino

médio, mas por considerarmos importante no processo de mudanças curriculares

ocorridas no país, destacamos a elaboração dos Guias Curriculares propostos para

as matérias do núcleo comum do ensino de 1.º grau e, especificamente, os Guias

Curriculares de Matemática, elaborados pela Secretaria de Estado da Educação a

partir de 1973.

Tal documento apresenta um programa mais detalhado que os das reformas

anteriores, além das listas de conteúdos e sugestões de caráter metodológico

apresentam objetivos por níveis e por séries. Nesses Guias observa-se a identidade

com a LDBEN n.º 5.692/1971, uma vez considerada a Matemática como a base de

uma sociedade que pretende se organizar pela tecnologia (PAVANELLO, 1989). No

que se refere à seleção dos conteúdos relacionados à Matemática, o documento

aponta que um importante critério é o da significação para o aluno, ou seja:

[...] significação essa condicionada, de um lado, pelas exigências da realidade social e pelas profundas renovações culturais características da nossa época, e, de outro lado, pelo nível de maturação do aluno (SÃO PAULO, 1975, p. 9)

Os Guias Curriculares, porém procuram esclarecer que seu papel é mais

amplo do que elencar uma lista de conteúdos, ou seja, informam que se

fundamentam tanto em questões ligadas ao ensino como na aprendizagem (tanto

nas ciências pedagógicas como na filosofia). Salientam que pretendem traduzir “[...]

os conteúdos dos instrumentos legais definidores da reforma como refletem a

filosofia que os informa” (SÃO PAULO, 1975, p. 5).

Mas, como o segmento da educação foco de nosso estudo é o do ensino de

nível médio, e o cenário de investigação o Currículo do Estado de São Paulo em

implementação, desde 2008, tomamos como limite inferior de abrangência a

Proposta Curricular de Matemática para o 2.º grau, elaborada pela Secretaria de

Estado da Educação de São Paulo em 1978. Todavia, ressaltamos que não

desconsideramos as contribuições e publicações anteriores.

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56

2.2.1 São Paulo: as Propostas Curriculares de 1978 e 1986

Um movimento de discussão com a finalidade de promover mudanças

curriculares ocorreu na década de 1970 e nos anos da década seguinte, em

decorrência de reflexões sobre o papel da Matemática no Currículo. Inicialmente foi

realizada uma análise crítica de documentos oficiais precedentes. E, na esfera do

ensino de nível médio, deste trabalho resultou a discussão e organização da

Proposta de Matemática para o 2.º grau do Estado de São Paulo de 1978.

Contudo, foi “necessário complementá-la com materiais instrucionais que

pudessem esclarecer certos pontos, de modo a tornar mais eficaz a ação do

professor na sala de aula” (SÃO PAULO, 1980). Assim, após passar por várias

etapas de elaboração, foi publicado o primeiro volume dos Subsídios para a

Implementação da Proposta Curricular de Matemática para o 2.º grau, em 1980.

De acordo com seu prefácio, o “desafio inicial, para a coordenação e para a

equipe responsável pela redação, foi o de decidir sobre a natureza de um

documento desse tipo” (SÃO PAULO, 1980, p. 9). Assim, após vários encontros, um

consenso emergiu:

[...] os subsídios não deveriam constituir-se em um livro didático e muito menos em um guia do professor, pois estes já existiam em número significativo à disposição do docente. [...] Estes subsídios deveriam apresentar alguns tópicos mais significativos da 1.ª e 2.ª séries do segundo grau, relacionados na citada proposta curricular, de modo que o professor pudesse, fundamentalmente: determinar o conteúdo essencial a ser desenvolvido; escolher o que, além do essencial, poderá ser trabalhado em certas

classes; optar por um dos diversos enfoques didáticos apresentados no

documento (SÃO PAULO, 1980, p. 9).

O projeto deste documento, sob coordenação do professor Almerindo

Marques Bastos e assessoria dos professores Alésio João De Caroli e Lydia Conde

Lamparelli, foi desenvolvido pela CENP e pelo Centro de Treinamento para

Professores de Ciências Exatas e Naturais de São Paulo (CECISP). Para cada

autor, da equipe responsável pela redação, coube um tópico (ver Figura 6, p. 57), no

qual a ideia pessoal do autor sobre o assunto foi retratada.

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57

Tópico Autor

Função José Carlos Fernandes Rodrigues

Das Porcentagens aos Logaritmos José Jakubovic

Geometria no 2.º Grau Luiz Roberto Dante

Trigonometria Renate Gompertz Watanabe

Análise Combinatória Roberto Barbosa

Números Complexos Renate Gompertz Watanabe

Matrizes, Sistemas Lineares e Determinantes

Eduardo Sebastiani Ferreira José Jakubovic

Reflexões

[orientações didáticas]

Ludmila Chnee

Figura 6. Subsídios para a Implementação da Proposta Curricular de Matemática para o 2.º grau: tópicos e autores do volume 1 (SÃO PAULO, 1980).

Observamos, nos Subsídios, a preocupação dos autores com orientações

didáticas ao professor apresentadas no tópico Reflexões , entre as quais,

discussões sobre avaliação e técnicas pedagógicas para o ensino e a aprendizagem

de matemática (estudo dirigido, painel integrado, seminário, copa). Outra

observação refere-se ao tópico Análise Combinatória, o qual integra nossa análise.

O autor deste tópico optou por apresentar um único enfoque para o assunto, o que

diverge da indicação exposta no prefácio, em que o professor pudesse escolher “um

dos diversos enfoques didáticos” que seriam apresentados.

De acordo com Roberto Barbosa (SÃO PAULO, 1980, p. 81), a Análise

Combinatória apesar de ser uma “excelente ferramenta para o desenvolvimento do

raciocínio combinatório”, na “maioria dos cursos gera somente um amontoado de

fórmulas, com as quais os alunos não conseguem sequer solucionar problemas

simples de contagem”. Fato que o autor justifica como sendo decorrência da

apresentação das fórmulas “antes mesmo dos alunos dominarem conceitos

combinatórios” e destas serem trabalhadas de maneira puramente mecânica,

excluindo muitas vezes “a compreensão daquilo que estão estudando”. Em suas

orientações, Barbosa indica a substituição do “adivinhar a fórmula adequada” por um

“trabalho de análise e síntese”.

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58

As aulas sobre Análise Combinatória, segundo este autor, devem ser

iniciadas com situações-problemas que envolvam a

[...] descrição de todos os casos possíveis, para, em seguida, contá-los. [...] Provavelmente os alunos sentirão necessidade de descrever todos os casos possíveis, para posteriormente contá-los. Isto servirá para que os alunos tomem os primeiros contatos, mesmo que intuitivos, com raciocínios combinatórios e para tornar claro que a contagem direta é impraticável na maioria dos casos. É preciso, então, desenvolver técnicas de contagem e trabalhar com conceitos combinatórios que racionalizem, de modo sintético, as soluções (SÃO PAULO, 1980, p. 81).

Como exemplo, na Figura 7 (abaixo), nós transcrevemos um dos problemas

sugeridos:

Problema n.º 1. Quantas peças têm um jogo de dominó?

Comentários: Os alunos que conhecem este jogo provavelmente responderão de imediato à pergunta. Devemos pedir-lhes que justifiquem essa resposta, descrevendo as peças. Os outros alunos procurarão dar algum tipo de descrição que atinja as 28 peças do jogo. Se o método de resolução exposto a seguir não for apresentado por nenhum aluno, pois é um pouco mais sofisticado, o professor poderá utilizá-lo para descrever e contar as peças.

0 1 2 3 4 5 6

0 0 0

0 1

0 2

0 3

0 4

0 5

0 6

1 1 1

1 2

1 3

1 4

1 5

1 6

2 2 2

2 3

2 4

2 5

2 6

3 3 3

3 4

3 5

3 6

4 4 4

4 5

4 6

5 5 5

5 6

6 6 6

Contando diretamente, encontramos 28 peças. Uma contagem sistematizada poderia ser descrita por 7 x 7 – (6 + 5 + 4 + 3 + 2 + 1). Assim o aluno estará apto para resolver outro problema em que as peças do dominó são numeradas de 0 a 12, [ou seja], 13 x 13 – (12 + 11 + 10 + ... + 1).

Figura 7. Subsídios para Implementação da Proposta Curricular de Matemática para

o 2.º grau: Análise Combinatória Problema n.º. 1 (SÃO PAULO, 1980).

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59

Nos Subsídios são sugeridos vinte problemas desse tipo, que, segundo

Barbosa,

[...] após a discussão livre sobre as soluções destes problemas, onde não se aplicaram as fórmulas tradicionais de Análise Combinatória, estarão os alunos, provavelmente, motivados a desenvolverem técnicas sistematizadas para criação e descrição dos casos possíveis, bem como, para contá-los (SÃO PAULO, 1980, p. 84).

Na sequência das orientações é sugerido que “se introduzam sistemáticas

para formação de agrupamentos, bem como, sistemáticas para contá-los, sem ter

que descrevê-los um a um” (SÃO PAULO, 1980, p. 84). Para tanto, no tópico

Sistematização da contagem é proposto que sejam trabalhadas: a descrição das

possibilidades (árvore de possibilidades, produto cartesiano, recorrência, etc.); a

denominação ou tipo de agrupamento (arranjo, combinação, permutação, etc.); a

contagem por intermédio de alguma sistematização; o Princípio Multiplicativo

(entendimento intuitivo e não memorizado). Os outros tópicos no estudo de Análise

Combinatória são: Arranjos com repetição; Arranjos simples; Fatorial; Permutações

simples; Combinações simples; Triângulo aritmético de Pascal (Tartaglia); Principio

aditivo; Permutação circular; Anagramas; Jogos de azar; e, Árvore de possibilidades.

Para dar continuidade aos Subsídios (volume 1), em 1982, foi publicado os

Subsídios para a Implementação da Proposta Curricular de Matemática para o 2.º

grau – volume 2, pela SEE/SP por intermédio da CENP, que teve por autores: Aline

Tereza Carminati Gonçales, Maria Eliza Fini e Suzana Laino Cândido

(coordenadora); e por colaboradores: Carlos Henrique dos Santos, José Carlos

Fernandes Rodrigues, Ludmila Chnee, Manoel dos Santos Monteiro Jr., Mario

Manoel Dantas de Aquino, Marisa Helena Gonzáles, Regina Maria Pavanello,

Renate Gompertz Watanabe e Roberto Barbosa. Este documento foi elaborado com

o objetivo de complementar o anterior, com materiais instrucionais sobre os

conteúdos Probabilidade, Estatística e Matemática Financeira.

Esses conteúdos, de acordo com os Subsídios volume 2, “não têm tradição

no currículo de Matemática do 2.º grau”, portanto “a linha adotada neste trabalho

difere daquela sugerida no primeiro volume dos Subsídios. Seus autores declaram:

“Optamos, portanto, por apresentar os assuntos de forma operacionalizada,

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60

orientando e facilitando o trabalho docente. [...] este trabalho contém meras

sugestões cujo objetivo é subsidiar a ação docente” (SÃO PAULO, 1982, p. 7).

Retomando o movimento de reforma curricular... é importante ressaltar que

criticas se faziam a alguns aspectos marcantes do Movimento da Matemática

Moderna (MMM), tais como o trabalho com Conjuntos no início de todas as séries –

apresentado muitas vezes de forma desarticulada do restante dos temas – e a

predominância dos temas algébricos sobre os geométricos. Outra característica

predominante do movimento de reforma supracitado é a prioridade dada à atividade

de resolução de problemas. Para exemplificar, na Proposta Curricular de Matemática

para o 2.º grau de São Paulo, problema é considerado

[...] uma situação que desafie o aluno a refletir, a levantar hipóteses, a procurar caminhos para solucioná-la, a buscar novas aplicações de conceitos e a aprofundar a compreensão dos mesmos, a exercitar a criatividade, a generalizar propriedades, a descobrir outras soluções e discuti-las, verificando as condições para que elas sejam válidas (SÃO PAULO, 1992a, p. 10).

Para reorganizar a escola pública do 2.º. grau do Estado de São Paulo, e

orientar a construção da proposta educacional de suas unidades escolares, de

acordo com as diretrizes pressupostas na Lei 7.044/1982,31 que retirava a

obrigatoriedade da profissionalização neste nível de ensino e possibilitava que as

escolas reformulassem suas grades curriculares, a SEE/SP, por intermédio da

CENP, elaborou uma nova Proposta Curricular para as disciplinas que compunham

o 2.º. grau e, em particular, a de Matemática, que em sua introdução afirma:

Tal reformulação deveria ser feita a partir de uma proposta educacional da escola, formulada em consonância com as diretrizes para a implantação da Lei 7044/82, a qual retirava deste grau de ensino a obrigatoriedade da profissionalização (SÃO PAULO, 1992a, p. 8).

Assim, segundo este mesmo documento,

As escolas tiveram autonomia para modificarem seus currículos de acordo com a necessidade e interesse de seus alunos e disponibilidade de seus

31

A Lei Federal n.º 7.044/82, de 18.04.1982, que alterou os dispositivos da LDBEN n.º 5.692/71 referentes à profissionalização do ensino de 2º grau, deu “às escolas a oportunidade de construir seus modelos curriculares, por conseguinte, estabelecer sua própria proposta educacional” (INFORMATIVO CENP, Outubro de 1983).

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61

professores, para adequarem o enfoque dado a este ensino, tendo em vista a sua realidade. Esta autonomia traduziu-se na liberdade de opção pelas disciplinas da parte diversificada e na distribuição de carga horária das diversas disciplinas entre si e ao longo do 2.º grau,

[32) (SÃO PAULO, 1992a,

p. 8).

A Proposta Curricular do ensino de 2.º grau objetivava reorientar o conceito

de “preparação para o trabalho” em substituição ao conceito de “qualificação

profissional compulsória”.

É importante salientar que o movimento de reforma curricular (em questão) foi

guiado, em termos, por experiências vivenciadas pela Equipe de Matemática da

CENP, ou seja: os Subsídios para a implementação do Guia Curricular de

Matemática (desde 1977); o acompanhamento do Projeto Geometria Experimental

(desde 1979); a elaboração, aplicação e implementação do Atividades Matemáticas

(desde 1981) e os quatro programas de televisão do Projeto Ipê,33 e seus

respectivos fascículos, além dos 19 programas do Projeto 1.º grau.

O processo de elaboração34 da Nova Proposta do 2.º grau como era

conhecida então iniciou-se pelo estabelecimento de diretrizes para o ensino de

Matemática e tinha por “característica fundamental a participação do professor de

Matemática neste processo” (SÃO PAULO, 1992a, p. 9). Conforme este documento,

as “diretrizes” foram divulgadas em uma versão preliminar, em abril de 1985 e daí

32

Para a montagem do Plano Curricular, de acordo com o Informativo CENP de outubro de 1983 (edição especial), as matérias deveriam ser agrupadas em duas partes: Parte Comum e Parte Diversificada. A primeira parte compreendia as disciplinas: Língua Portuguesa e Literatura Brasileira (que deveria constar em todas as séries); Língua Estrangeira Moderna; História; Geografia; Organização Social e Política do Brasil; Matemática; Ciência Física e Biológicas: Física, Química e Biologia; Educação Moral e Cívica; Programas de Saúde; Educação Artística; Educação Física; Ensino Religioso (obrigatório para os estabelecimentos oficiais). A Parte Diversificada abrangia “as matérias escolhidas pelo estabelecimento nos termos do artigo 7.º da Deliberação CEE n.º 29/82; deveria “ser organizada em função da proposta educacional da escola, da(s) modalidade(s) de curso escolhidas para a operacionalização daquela proposta, dos recursos disponíveis, das peculiaridades locais, dos interesses do aluno e do estabelecimento.

33 O Projeto Ipê foi lançado em 1984 pela SEE-SP, que sentiu a necessidade de aprimorar os

docentes e com o objetivo de atingir grande número de profissionais em serviço. Contou com a parceria da Fundação Padre Anchieta e CENP. Tal projeto de Aperfeiçoamento de Professores de 1.º e 2.º graus e Especialistas em Educação utilizou multimeios, tais como programas de televisão e vídeos, textos impressos, atividades em telepostos para discussões mediadas por monitores e relatórios de avaliação.

34 A Proposta Curricular contou, em sua elaboração, com a colaboração de professores da rede

estadual de ensino, monitores de Matemática e professores da Universidade de São Paulo (USP), Universidade de Campinas (UNICAMP), Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho” (UNESP), Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP), Universidade Presbiteriana Mackenzie (esta última atuou somente na proposta curricular do segundo grau).

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62

discussões foram realizadas durante aquele ano “por uma amostra de professores

em encontros efetuados em nível de DE”35 (SÃO PAULO, 1992a, p. 9).

Após esta etapa, foram realizados encontros na CENP com a finalidade de

analisar as discussões anteriores. Em seguida, como resultado deste trabalho foi

elaborado o documento “Questões para orientar a reflexão sobre o planejamento de

ensino de matemática para o 2.º grau 1986”, o qual deu origem à versão preliminar

da Proposta Curricular de Matemática para o ensino do 2.º grau e que foi discutido

por parte dos professores em julho de 1987 (SÃO PAULO, 1992a, p.10).

Depois da divulgação, uma análise da versão preliminar da proposta por

membros da DE e especialistas das universidades indicadas anteriormente,

possibilitou que alguns assuntos fossem ampliados e outros modificados e/ou

incluídos, como por exemplo: Matemática Financeira e Potência e Expoentes.

Nesta Proposta Curricular são evidenciadas algumas preocupações

metodológicas, que destacamos por considerá-las importantes na construção de um

currículo, quais sejam:

- A participação do aluno deve ser garantida na elaboração de seu conhecimento. - Os programas devem ser entendidos como veículos, instrumentos de trabalho e não fins em si mesmos. - O programa deve ser significativo para o aluno. - O tratamento significativo dos conteúdos pressupõe que devam levar em conta a realidade do aluno, suas aspirações, seu estágio de desenvolvimento biológico, psicológico e intelectual. - Tratar significativamente um conteúdo matemático significa dar ênfase ao processo de construção de um conceito. - Os problemas propostos devem servir inicialmente para gerar a construção e conceitos, bem como, para posteriormente, sintetizar as idéias já trabalhadas. - O ensino de Matemática deve buscar as concretizações (sem artificialismos), como também conduzir à passagem do imediatamente sensível para o abstrato. - Um conteúdo não precisa ser necessariamente exaurido num único período de tempo a ele destinado na programação. Sua retomada deve garantir o aprofundamento, ampliação e aperfeiçoamento das idéias nele contidas. - A aprendizagem em Matemática deve levar a um processo de construção de uma linguagem, e nunca a apresentá-la, já de início, na sua forma final, acabada, sintética e formalizada.

35

Delegacia de Ensino (DE) era a denominação dada na época para as atuais Diretorias de Ensino.

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63

- O ensino de Matemática não deve processar-se isoladamente dentro do currículo, uma vez que a maior parte dos problemas que os alunos são levados a resolver é de natureza interdisciplinar (SÂO PAULO, 1992a, p. 13).

Quanto à escolha dos conteúdos, a Proposta indica que, devido à

necessidade de considerar a diversidade do número de aulas, procurou-se definir

um programa significativo,36. Esta proposta recomenda os conteúdos (ver Figura 8,

abaixo) que poderiam ser desenvolvidos com grupos de alunos que tivessem duas

ou três aulas semanais (QUADRO I) e os conteúdos sugeridos para os que tivessem

quatro ou cinco aulas (QUADRO II).

QUADRO I

Opção de distribuição de conteúdos para escolas com 2 ou 3 aulas semanais ao longo das três séries do 2.º. grau

1.ª série 2.ª série 3.ª série

- Função

- Trigonometria no triângulo

- Potências e expoentes

- Análise Combinatória

- Probabilidade

- Geometria

- Geometria

- Geometria Analítica

- Matemática Financeira

QUADRO II

Opção de distribuição de conteúdos para escolas com 4 ou 5 aulas semanais ao longo das três séries do 2.º. Grau

1.ª série 2.ª série 3.ª série

- Função (com Progressão Aritmética)

- Trigonometria no triângulo

- Potências e expoentes com Exponencial e Logaritmo

- Trigonometria (1ª volta)

- Análise Combinatória

- Probabilidade

- Geometria. Prismas

- Sistemas Lineares com Matriz e Determinante

- Geometria Analítica

- Matemática Financeira ou Estatística

- Geometria

- Polinômios e Equações Polinomiais

- Números Complexos

Figura 8. Distribuição dos conteúdos de Matemática nas três séries do ensino de 2.º grau (SÃO PAULO, 1992a).

36

Conforme consta na Proposta, “Estamos considerando como conteúdos significativos ao aluno, também aqueles que realimentam a própria Matemática e os que favorecem a interdisciplinaridade” (SÃO PAULO, 1992, p. 14).

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64

O documento justifica a escolha do tema “Potências e Expoentes” em

detrimento dos “Números Complexos”, por considerar que os primeiros seriam uma

ferramenta para o professor tanto no trabalho com “crescimento populacional” como

no “cálculo de juros”, por exemplo. Assim, considera que o professor de Matemática

poderia “desenvolver idéias fundamentais como proporcionalidade, não-

proporcionalidade, equivalência e semelhança, problemas de contagem, como

também poderá iniciar o processo de generalização“ (SÃO PAULO, 1992a, p. 15-6),

sem, contudo, “perder de vista o que de essencial é necessário para formação geral

do jovem neste nível” (SÃO PAULO, 1992a, p. 16). Ou seja, os elaboradores deste

documento consideravam que tais conteúdos seriam “ferramentas” para a

construção de ideias centrais que efetivamente garantiriam “a autonomia intelectual”

dos alunos.

Quanto à extensão do conteúdo e a metodologia, considera que não seria

“uma lista de conteúdos que garante tais dimensões para esta formação [referindo-

se a criticidade, participação, criatividade e iniciativa], mas sim, a forma como esses

conteúdos, ou outros, serão trabalhados” (SÃO PAULO, 1992a, p. 16). No que se

refere ao aprofundamento dos conteúdos propostos, bem como a introdução de

novos conteúdos, tal documento orienta que dependerá sempre da disponibilidade e

necessidade da clientela (SÃO PAULO, 1992a, p. 16).

O documento chama a atenção para o tratamento de alguns tópicos, quais

sejam: Funções, Trigonometria no triângulo retângulo, Análise Combinatória,

Probabilidade, Geometria, Potências e Expoentes e Matemática Financeira. Pois o

enfoque metodológico sugerido procurou operacionalizar as Diretrizes para o ensino

de Matemática no 2.º grau. (SÃO PAULO, 1992a, p. 17).

Outra recomendação, desta Proposta, foi que ela não tinha “a intenção de ser

um livro”, seu papel deve ser o de “subsidiar o professor, que ainda terá o trabalho

de complementá-la, preenchendo as lacunas, a partir de sua própria experiência

didático-pedagógica” (SÃO PAULO, 1992a, p. 42). Portanto, caberia ao professor

saber como utilizar essa proposta, pois como já citado, ela consta de uma parte que

trata de alguns conteúdos, indicando sistematicamente o caminho que poderia ser

desenvolvido em sala de aula. Por isso, não poderia ser utilizada pelo professor

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como um livro didático, mas sim como subsídio para suas aulas, sua formação

continuada e por que não, para seu desenvolvimento profissional.

Em nosso estudo analisamos diversos currículos para o ensino de

Matemática no Ensino Médio, focando-nos principalmente nas reformulações

curriculares ocorridas na rede estadual de ensino de São Paulo a partir da década

de 80. Com a finalidade de atender nossos objetivos, um dos focos de análise são

os conteúdos matemáticos Análise Combinatória. Consideramos então importante

destacar algumas das orientações contidas na Proposta Curricular para o Ensino de

Matemática no 2.º grau (SÃO PAULO, 1992a). Para tanto, apresentamos a seguir,

na Figura 9, um quadro com os conteúdos, objetivos e comentários referentes aos

assuntos supracitados.

ANÁLISE COMBINATÓRIA

Objetivo geral:

Desenvolver o raciocínio combinatório, tendo em vista: a familiarização do aluno com problemas que envolvem contagem; a sistematização da contagem; a sistematização dos conceitos de Arranjo, Permutação e Combinação Simples.

COMENTÁRIOS

Conteúdo 1: Problemas variados de contagem.

Os primeiros contatos com o raciocínio combinatório deverão ser intuitivos, com discussões livres, proporcionando ao aluno oportunidade de apontar caminhos para solucionar os problemas, que o motive a desenvolver técnicas sistematizadas para a descrição dos casos possíveis, bem como para sua contagem.

Objetivo: Descrever os casos possíveis envolvidos nos problemas e contá-los posteriormente.

Conteúdo 2: Problemas variados; instrumentos úteis para a sistematização da contagem (árvore de possibilidades, tabelas).

A Proposta sugere que sejam introduzidas sistemáticas para a formação de agrupamentos, bem como para sua contagem, sem necessidade da descrição de cada caso. Para tanto, a árvore de possibilidades ou tabelas de dupla entrada são instrumentos, cujo apelo visual favorece a compreensão do processo da construção dos argumentos; esse processo deve preceder o problema da contagem, uma vez que não se recomenda quantificar uma variedade de situações sem o domínio claro de seu processo de criação.

Decorrente desse processo, o aluno terá indicações para o desenvolvimento de técnicas como o Princípio Multiplicativo (P.M.), que no início deverá ser apreendido

Objetivo: Perceber que a contagem direta é impraticável na maioria dos casos. Analisar os processos de formação dos agrupamentos. Desenvolver técnicas de contagem.

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66

intuitivamente e não de forma memorizada.

Conteúdo 3: Princípio Multiplicativo.

O P.M. ocupa posição de extrema importância em qualquer técnica de contagem sintética, estando quase sempre associado a situações do tipo “cada elemento de um conjunto A pode ser combinado com todos elementos de um conjunto B”. Esta questão, ao ser trabalhada com o aluno, favorece a ampliação do conceito de multiplicação. Nesta fase, os alunos se apropriam das idéias que compõem os conceitos de Arranjos, Permutações e Combinações Simples, sem formalizar qualquer um deles.

Objetivo: Compreender, aplicar e generalizar o Princípio Multiplicativo.

Conteúdo 4: Arranjos, Permutações e Combinatórias Simples.

A sistematização desses conceitos tem como base as idéias de sequencia e subconjunto, subjacentes aos conceitos de Arranjos e Combinações, respectivamente. Os problemas resolvidos nas fases anteriores devem garantir paulatinamente esta visão no aluno.

Objetivo: Sistematizar os conceitos de Arranjos com Repetição, Arranjos Simples, Permutações e Combinações Simples.

Figura 9. Proposta Curricular para o Ensino de Matemática – 2.º grau: conteúdos, objetivos e comentários para a 2.ª série do 2.º grau: Análise Combinatória.

A Proposta apresenta também outro quadro, denominado QUADRO III, o qual

contém “a indicação pormenorizada dos conteúdos, com comentários teóricos e

sugestões metodológicas sobre o enfoque que se está propondo para o

desenvolvimento de tais temas” (SÃO PAULO, 1992a, p. 6). Nos próximos

parágrafos trataremos desse quadro no que se refere ao tema Análise Combinatória,

segundo assunto abordado no programa de Matemática para a 2.ª série do 2.º grau.

Nesta Proposta, recomenda-se introduzir tal conteúdo com a apresentação de

situações que envolvam contagem, que possibilitem ao aluno o contato com o

raciocínio combinatório de modo intuitivo, por intermédio de discussões livres, as

quais favoreçam aos alunos o apontamento de vários caminhos para solucionar os

problemas e os motivem o desenvolvimento de técnicas sistematizadas para

descrever os possíveis modos e sua contagem. Para exemplificar, expomos na

Figura 10 uma situação-problema sugerida:

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67

Problema n.º 3. Lançam-se 5 moedas simultaneamente. Quais são os resultados possíveis? Quantos são?

Resposta: Indicando cara com F e coroa com C, temos: (F, F, F, F, F); (F, F, F, F, C); (F, F, F, C, C); (F, F, C, C, C); (F, C, C, C, C) e (C, C, C, C, C). Logo, são 6 possibilidades. Observações: ▪ Aqui a contagem foi feita diretamente. ▪ Na solução apresentada, as moedas foram consideradas idênticas e o fato do

lançamento ter sido simultâneo significa que não há diferença, por exemplo, entre FFCCC e CCFFC.

▪ Outras interpretações e soluções que surgirem entre os alunos deverão ser amplamente discutidas (por exemplo: se as 5 moedas forem consideradas distintas, o número de resultados possíveis será 32).

Chamando de m1, m2, ..., m5 moedas de diferentes valores, teremos:

m1 m2 m3 m4 m5

F

F

F

F F F F F F F

C F F F F C

C F F F F C F

C F F F C C

C

F F F F C F F

C F F C F C

C F F F C C F

C F F C C C

C

F

F F

...

C

C F

C

C

F F

C

C F

C

C

F

F

F F

...

C

C F

C

C

F F

C

C F

C

C

F

F F

...

C

C F

C

C

F F

C

C F

C

Neste caso os resultados:

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68

F F F C C e

m1 m2 m3 m4 m5

F C F C F

são diferentes, pois as moedas m2 e m5 são diferentes.

Figura 10. Proposta Curricular para o Ensino de Matemática 2.º grau: Análise Combinatória, Problema n.º 3 (SÃO PAULO, 1992a)

Consideramos importante salientar que esta proposta deu origem a materiais

cuja finalidade foi a de subsidiar o trabalho do professor. Destacamos o Matemática

– 2.º grau, da série A Prática Pedagógica, produzido na CENP, sob elaboração dos

professores Roberto Barbosa e Suzana Laino Cândido e publicado no ano de 1992a.

Este “material pedagógico de apoio à ação docente” foi produzido para “auxiliar o

professor no seu dia-a-dia em sala de aula” (SÃO PAULO, 1992b, p. 5).

Segundo os autores desta publicação, o tema Análise Combinatória

“constituiu uma das unidades temáticas de maior dificuldade de operacionalização

em sala de aula”. Assim, o Matemática – 2.º grau, é constituído de um artigo sobre o

assunto, intitulado “Problemas de Contagem”, com “sugestões de exercícios e

considerações sobre o trabalho em sala de aula com problemas variados de

contagem” (SÃO PAULO, 1992b, p. 5). Nesse material, também, são apresentadas

algumas sugestões de situações-problema “do cotidiano do aluno”, com o objetivo

de possibilitar a compreensão dos conceitos de Arranjos, Permutação e Combinação

e nas quais

[...] somente as idéias fundamentais envolvidas nesses conceitos, como a do Princípio Multiplicativo, da contagem sistematizada de seqüências que se pode formar com um dado número de elementos, e da contagem de subconjuntos de um dado conjunto (SÃO PAULO, 1992b, p. 5).

Outro ponto que destacamos neste documento (SÂO PAULO, 1992b), é que,

de acordo com seus autores, quando o professor trabalha o conceito de

multiplicação, ao reforçar como única ideia, a “faceta” de esta ser “a adição iterada

de parcelas iguais”, isto poderá causar dificuldades na identificação desta operação

mais tarde. Como por exemplo,

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69

[...] as dificuldades de muitos alunos do 2.º grau ao enfrentarem problemas simples, como “para ir de São Paulo a Vitória dispondo de avião, automóvel ou caminhão e para ir de Vitória a Salvador, posso usar um barco ou avião; de quantas maneiras diferentes posso ir de São Paulo a Salvador, passando por Vitória?” (SÃO PAULO, 1992b, p. 7).

Também para nós, como para Barbosa e Cândido (responsáveis pela

elaboração do fascículo Matemática – 2.º grau da série A Prática Pedagógica (SÃO

PAULO, 1992b), como já citado, os grandes obstáculos encontrados pelos alunos do

ensino médio, nestes tipos de situações-problema, diz respeito ao não

desenvolvimento, nas etapas anteriores da educação básica com esses alunos, do

chamado raciocínio combinatório. E mais,

Ao combinar objetos, em diferentes quantidades, agrupando-os, caracterizando os agrupamentos feitos – trabalhando a operação de classificação – e aperfeiçoando a maneira de contar tais agrupamentos, estaremos desenvolvendo o raciocínio combinatório e, conseqüentemente, dando condição para que nosso aluno enfrente com mais segurança e criatividade problemas de caráter aleatório, que dependem de uma contagem sistematizada, bem como, disponha de uma ferramenta útil e motivadora para deflagrar o aprendizado de outros conteúdos, percebendo e interiorizando o fato de que o conhecimento matemático não pode ser tratado de forma fechada em sim mesmo (SÃO PAULO, 1992b, p. 7).

Pelo exposto é possível inferir, no que concerne às concepções gerais das

Propostas Curriculares de Matemática para as escolas paulistas, que o princípio

norteador dos processos de ensino e aprendizagem de matemática e da Análise

Combinatória, em específico envolvia a adoção da resolução de problemas como

recurso metodológico. Tais considerações também são observadas em documentos

oficiais da federação elaborados nos anos que se seguiram.

Nesse sentido para compreender melhor a questão da Análise Combinatória

nos currículos da Educação Básica, no caso particular do Brasil, analisamos na

sequência, o cenário de inovação curricular e algumas indicações específicas para a

Matemática.

2.2.2 Brasil: a LDBEN n.º 9.394/96, os parâmetros e as orientações curriculares

Page 71: OS DESAFIOS DA FORMAÇÃO CONTINUADA DE … · GEEMPA Grupo de Estudos de Ensino da Matemática de Porto Alegre GE.MAT.EM-Sto. André Grupo de Estudos com Professores de Matemática

70

Em prosseguimento à nossa descrição da trajetória das reformas curriculares

em âmbito nacional para o Ensino Médio, abordaremos nessa subseção as

ocorridas após a publicação da mais recente Lei de Diretrizes e Bases para a

Educação Nacional (LDBEN n.º. 9.394/96), inclusive, (Parâmetros Curriculares para

o Ensino Médio (PCNEM), PCN+ e as Orientações Curriculares para o Ensino

Médio), no que diz respeito ao ensino de Matemática. Apresentamos inicialmente

algumas considerações a respeito do contexto político-econômico brasileiro, já que,

historicamente a política educacional de nosso país está diretamente relacionada a

este, de maneira acentuada no segmento de escolaridade foco de nosso estudo: o

Ensino Médio.

Alguns autores da área da educação, como Nascimento (2007) abordam tal

fato. Para este autor, com a finalidade de inserção do país na economia mundial, no

início da década de 1990, foram introduzidas no Brasil mudanças estruturais

decorrentes das exigências de reestruturação da produção, o que gerou um

processo de ajuste da economia brasileira e “provocou a abertura e a subordinação

do mercado brasileiro à economia internacional” (NASCIMENTO, 2007, p. 84), e

como consequência esse

[...] novo paradigma produtivo impunha requisitos de educação geral e qualificação profissional dos trabalhadores, em oposição à formação especializada e fragmentada fornecida no padrão Taylorista (NASCIMENTO, 2007, p. 84).

Quanto ao cenário geral para o ensino médio, salientamos que nos anos 90

houve uma democratização do acesso a este segmento de ensino e que desde o

final do século XX observou-se também uma maior exigência de escolaridade pelo

mercado de trabalho. Ou seja, a formação de nível médio passa a ser exigida,

muitas vezes, como escolaridade mínima para candidatos a um emprego,

independentemente da função a ser exercida o que estimulou a procura por vagas

nas escolas de ensino médio. Portanto, consideramos que tal situação fez com que

se ampliassem as expectativas quanto às finalidades dessa etapa de escolaridade.

A LDBEN n.º 9.394/96 e o Ensino Médio

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A LDBEN n.º 9.394/96 foi o marco educacional mais significativo da década

de 90 em nosso país. Baseada no princípio da democratização da educação, essa

lei, no § 2.º do Art. 1.º, aponta que “A educação escolar deverá vincular-se ao

mundo do trabalho e à prática social” (BRASIL, 1996).

Os artigos 21 e 22 dessa Lei definem a composição e as finalidades da

educação básica. De acordo com esse documento, a educação básica (composta

pela educação infantil, ensino fundamental e ensino médio) tem por finalidades:

“desenvolver o educando, assegurar-lhe a formação comum indispensável para o

exercício da cidadania e fornecer-lhe meios para progredir no trabalho e em estudos

posteriores” (BRASIL, 1996).

A LDBEN 9.394/96 alterou o caráter propedêutico ou profissionalizante do

ensino médio e conferiu-lhe uma nova identidade: terminalidade e continuidade.

Isso, pois, esse segmento de ensino passa a ser a última etapa da educação básica

com duração mínima de três anos, estabelece que seus cursos têm equivalência

legal e habilitam seus egressos à continuidade dos estudos, assegura seu acesso a

todo cidadão brasileiro37 e determinou suas finalidades (Art. 35), a saber:

I – a consolidação e o aprofundamento dos conhecimentos adquiridos no ensino fundamental, possibilitando o prosseguimento de estudos; II – a preparação básica para o trabalho e a cidadania do educando, para continuar aprendendo, de modo a ser capaz de se adaptar com flexibilidade a novas condições de ocupação ou aperfeiçoamento posteriores; III – o aprimoramento do educando como pessoa humana, incluindo a formação ética e o desenvolvimento da autonomia intelectual e do pensamento crítico; IV – a compreensão dos fundamentos científico-tecnológicos dos processos produtivos, relacionando a teoria com a prática, no ensino de cada disciplina. (BRASIL, 1996).

De acordo com seu Art. 26, os “currículos do ensino fundamental e médio

devem ter uma base nacional comum, a ser complementada [...] por uma parte

37

A Constituição de 1988, em seu Art. 208, inciso II, “[...] garantia como dever do Estado „progressiva extensão da obrigatoriedade e gratuidade ao ensino médio‟. Posteriormente, a Emenda Constitucional n.º 14/96 modificou a redação desse inciso sem alterar o espírito da redação original, inscrevendo no texto constitucional „a progressiva universalização do ensino médio gratuito‟. A Constituição, portanto, confere a esse nível de ensino o estatuto de direito de todo cidadão” (BRASIL, 1999, p. 21, grifos dos autores).

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diversificada” e “devem abranger, obrigatoriamente, o estudo da língua portuguesa e

da matemática, o conhecimento do mundo físico e natural e da realidade social e

política, especialmente do Brasil” (BRASIL, 1996). Para construção do novo currículo

para o ensino médio deverão ser observadas algumas diretrizes (Art. 36), das quais

apontamos:

I – destacará a educação tecnológica básica, a compreensão do significado da ciência, das letras e das artes; o processo histórico de transformação da sociedade e da cultura; língua portuguesa como instrumento de comunicação, acesso ao conhecimento e exercício da cidadania; II – adotará metodologias de ensino e de avaliação que estimulem a iniciativa dos estudantes; [...] § 1.º. Os conteúdos, as metodologias e as formas de avaliação serão organizados de tal forma que ao final do ensino médio o educando demonstre: I – domínio dos princípios científicos e tecnológicos que presidem a produção moderna; [...] § 3.º. Os cursos do ensino médio terão equivalência legal e habilitarão ao prosseguimento de estudos. (BRASIL, 1996).

Entendemos, portanto, que era preciso pensar e elaborar um novo currículo

para o Ensino Médio, que atendesse as finalidades e diretrizes pressupostas, e

fosse organizado com norte em quatro pilares:38 aprender a conhecer, aprender a

fazer, aprender a viver e aprender a ser; e que considerasse a presença de fatores

como as mudanças estruturais emergentes da chamada “revolução do

conhecimento” e seus desdobramentos – alterando o modo de organização do

trabalho e as relações sociais , além da expansão crescente da rede pública para

esse nível de ensino, que deveria atender a padrões de qualidade que se unem às

exigências desta sociedade.

Os Parâmetros Curriculares Nacionais para o Ensino Médio (PCNEM e PCN+)

No intuito de consolidar as orientações constantes na LDBEN n.º. 9.394/1996,

em relação ao conjunto de diretrizes capazes de nortear os currículos e conteúdos

mínimos, o MEC convidou um grupo de especialistas para a elaboração dos

Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN), e justificou sua produção, segundo

38

Princípios apontados pela UNESCO, em 1996, como eixos estruturais da educação na sociedade contemporânea (BRASIL, 1999, p. 29).

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Pietropaolo (1999, p. 57), como “um meio de promover nos estados e municípios a

reflexão sobre as propostas por eles elaboradas, a partir de meados de 80”

(PIETROPAOLO, 1999, p. 57). De acordo com o autor, uma das prioridades do MEC

no período de 1995 a 1998,

[...] foi a elaboração de referências curriculares para a educação básica, sistematizando idéias que vinham sendo já utilizadas nas reformulações curriculares de estados e municípios. [...]. Equipes de educadores (professores universitários, pesquisadores e professores com larga e boa experiência em sala de aula) elaboraram os documentos preliminares. Realizaram um estudo dos currículos de outros países (como Inglaterra, França, Espanha, Estados Unidos), analisaram as propostas dos estados e de alguns dos municípios brasileiros, considerando dados da educação no Brasil (como taxas de evasão e repetência, desempenho dos alunos nas avaliações sistêmicas) e estudaram os marcos teóricos contemporâneos sobre o currículo, ensino, aprendizagem e avaliação (PIETROPAOLO, 2002, p. 36).

Primeiramente foram elaborados e divulgados os PCN para o Ensino

Fundamental, os quais, no que diz respeito à formação docente, segundo o mesmo

autor, poderiam

[...] nortear a formação inicial e continuada de professores, pois à medida que os fundamentos do currículo se tornem claros fica implícito o tipo de formação que se pretende para o professor, como também orientar a produção de livros e de outros materiais didáticos, contribuindo dessa forma para configuração de uma política voltada a melhoria do ensino fundamental (PIETROPAOLO, 2002, p. 37).

Os Parâmetros Curriculares Nacionais do Ensino Médio (PCNEM) tiveram seu

processo de construção concluído em 1997, conforme o próprio documento

(BRASIL, 1999, p. 19). O desenvolvimento desses parâmetros teve por referenciais

a LDBEN n.º. 9.392/1996, o Parecer n.º 15/1998 da Câmara de Educação Básica

(CEB), do Conselho Nacional de Educação (CNE) e a Resolução n.º 3/1998 da

CEB/CNE – à qual o Parecer se integra – que estabelece as Diretrizes Curriculares

Nacionais para o Ensino Médio. Tais referenciais

[...] direcionam e organizam o aprendizado, no Ensino Médio, das Ciências da Natureza, Matemática e suas Tecnologias [CNMT], no sentido de se produzir um conhecimento efetivo, de significado próprio, não somente propedêutico. [...]. Referenda-se uma visão do Ensino Médio de caráter amplo, de forma que os aspectos e conteúdos tecnológicos associados ao aprendizado científico e matemático sejam parte essencial da formação cidadã de sentido universal e não somente de sentido profissionalizante (BRASIL, 1999, p. 203).

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Os PCNEM recomendam como premissas pedagógicas a interdisciplinaridade e a

contextualização e propõem para o Ensino Médio, que esse

[...] sem ser profissionalizante, efetivamente propicie um aprendizado útil à vida e ao trabalho, no qual as informações, o conhecimento, as competências, as habilidades e os valores desenvolvidos sejam instrumentos reais de percepção, satisfação, interpretação, julgamento, atuação, desenvolvimento pessoal ou de aprendizado permanente, evitando tópicos cujos sentidos só possam ser compreendidos em outra etapa da escolaridade (BRASIL, 2000, p. 203).

Os objetivos, indicados nos PCNEM, para o ensino médio devem abranger,

em cada área do conhecimento39, o desenvolvimento de conhecimentos práticos,

contextualizados e o desenvolvimento de conhecimentos “mais amplos e abstratos”,

que estabeleçam uma relação com a “cultura geral” e com “uma visão de mundo”.

Para os autores desses parâmetros, isto é considerado “particularmente verdadeiro”

para a área das Ciências da Natureza, Matemática e suas Tecnologias (CNMT), isso

porque a crescente “valorização do conhecimento” e da “capacidade de inovar”

exige cidadãos que sejam aptos a “aprender continuamente”, o que implica em uma

formação geral e “não apenas um treinamento específico” (BRASIL, 1999, p. 207-

208).

A área CNMT tem por objetivo, associado às outras áreas, desenvolver no

aluno habilidades e competências que o farão um cidadão com condições de

compreender e contribuir para o conhecimento técnico, desenvolver meios para

interpretar fatos naturais, assimilar a dinâmica da vida material e o convívio

harmônico com o mundo da informação (BRASIL, 1999, p. 208). Esta área foi

coordenada por Luís Carlos de Menezes e teve por consultores: Kátia Cristina

Stocco Smole, Luiz Roberto Moraes Pitombo, Maria Eunice Marcondes, Maria Ignez

de Souza Vieira Diniz, Maria Izabel Iório Sonsine, Maria Regina Dubeux Kawamura,

Miguel Castilho Junior e Yassoko Hosoume.

39

São três as áreas do conhecimento estabelecidas nos PCNEM: Linguagens, Códigos e suas Tecnologias (LCT), Ciências da Natureza, Matemática e suas Tecnologias (CNMT) e Ciências Humanas e suas tecnologias (CHT).

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Para o ensino de Matemática os PCNEM recomendam que, nessa etapa da

escolaridade, os alunos compreendam as aplicações da matemática em variadas

situações, pois ela está presente em quase todas as atividades da vida na

sociedade contemporânea:

[...] da música à informática, do comércio à meteorologia, da medicina à cartografia, das engenharias às comunicações, [não há nenhuma atividade] em que a Matemática não compareça de maneira insubstituível para codificar, ordenar, quantificar e interpretar compassos, taxas, dosagens, coordenadas, tensões, freqüências e quantas outras variáveis houver (BRASIL, 1999, p. 211).

A Matemática, nesse documento, é tida como linguagem, porque se considera

que seus instrumentos são essenciais nas ciências, quando se faz necessária uma

“construção abstrata mais elaborada”. Para os autores dos PCNEM a Matemática

ciência que tem por características: processos de construção e validação de

conceitos, argumentações e procedimentos de generalizar, relacionar e concluir

possibilita que sejam estabelecidas relações e interpretações de fenômenos e

informações, posto que as maneiras de pensar dessa ciência permitem que se vá

além da descrição da realidade e da elaboração de modelos (BRASIL, 2000, p. 211).

Os PCNEM destacam a centralidade do papel do aluno no processo de

ensino e aprendizagem, considerando como de fundamental importância que este

perceba que as definições, demonstrações e encadeamentos conceituais e lógicos

têm a função de construir novos conceitos e estruturas, que servem para validar

intuições e dar sentido às técnicas aplicadas. Também chama a atenção para o fato

de que o aluno deve “aprender a aprender”.

Sobre a escolha do conteúdo a ser ensinado e/ou aprendido, os PCNEM

enfatizam como critério essencial a possibilidade de permitir conexões entre

diferentes temas matemáticos com outras áreas do conhecimento e com os temas

transversais. Para o ensino de Matemática são propostos três eixos ou temas

estruturadores para serem desenvolvidos de forma concomitante nas três séries do

ensino médio, quais sejam: Álgebra: Números e Funções, Geometria e Medidas e

Análise de Dados.

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Contudo, ressaltamos que o critério central para escolha dos conteúdos é o

da contextualização e o da interdisciplinaridade. Ou seja, é o potencial de um tema

que possibilita estabelecer a ligação entre diversos conceitos matemáticos e entre

diferentes formas de pensamento matemático, ou, ainda, a relevância cultural do

tema, tanto no que diz respeito às suas aplicações dentro ou fora da Matemática,

como a sua importância histórica no desenvolvimento da própria ciência. Segundo

os PCNEM, a interdisciplinaridade constitui-se em

[...] um eixo integrador, que pode ser o objeto de conhecimento, um projeto de investigação, um plano de intervenção. Nesse sentido, ela deve partir da necessidade sentida pelas escolas, professores e alunos de explicar, compreender, intervir, mudar, prever, algo que desafia uma disciplina isolada e atrai a atenção de mais de um olhar, talvez vários (BRASIL, 1999, p. 88-89, grifos dos autores).

A finalidade do ensino das disciplinas da área CNMT, associada às outras

áreas, é desenvolver habilidades e competências que possibilitarão ao aluno

tornar-se um cidadão com condições de compreender e contribuir para o

conhecimento técnico, desenvolver meios para interpretar fatos naturais, assimilar a

dinâmica da vida material e o convívio harmônico com o mundo da informação.

De acordo com os Parâmetros, as habilidades associam-se a atributos

relacionados não apenas do saber-conhecer, mas do saber-fazer, saber-conviver e

do saber-ser. Enquanto as competências se constituem em um conjunto de

conhecimentos, atitudes, capacidades e aptidões que habilitam alguém para vários

desempenhos da vida. As habilidades e competências pressupõem operações

mentais, capacidades para usar as habilidades, emprego de atitudes adequadas à

realização de tarefas e conhecimentos. Apresentamos no Anexo L (p. lix) um

quadro-resumo com as competências e habilidades propostas nos PCNEM para a

área CNMT e para a Matemática.

Para o ensino da Matemática, os PCNEM propõem como objetivo, constituir

habilidades que permitam ao aluno:

• compreender os conceitos, procedimentos e estratégias matemáticas que permitam a ele desenvolver estudos posteriores e adquirir uma formação científica geral;

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• aplicar seus conhecimentos matemáticos a situações diversas, utilizando-os na interpretação da ciência, na atividade tecnológica e nas atividades cotidianas; • analisar e valorizar informações provenientes de diferentes fontes, utilizando ferramentas matemáticas para formar uma opinião própria que lhe permita expressar-se criticamente sobre problemas da Matemática, das outras áreas do conhecimento e da atualidade; • desenvolver as capacidades de raciocínio e resolução de problemas, de comunicação, bem como o espírito crítico e criativo; • utilizar com confiança procedimentos de resolução de problemas para desenvolver a compreensão dos conceitos matemáticos; • expressar-se oral, escrita e graficamente em situações matemáticas e valorizar a precisão da linguagem e as demonstrações em Matemática; • estabelecer conexões entre diferentes temas matemáticos e entre esses temas e o conhecimento de outras áreas do currículo; • reconhecer representações equivalentes de um mesmo conceito, relacionando procedimentos associados às diferentes representações; • promover a realização pessoal mediante o sentimento de segurança em relação às suas capacidades matemáticas, o desenvolvimento de atitudes de autonomia e cooperação (BRASIL, 2000, p. 42).

Assim posto, indagamos: Qual a formação (inicial ou continuada) o professor,

que deveria implementar essas orientações em sala de aula, recebeu ou está

recebendo? De acordo com Diniz e Smole (2002) a questão da formação docente

faz sentido independentemente dos PCNEM ou dos outros parâmetros, pois a

questão é

[...] que professores devem ser formados para ensinar o aluno real, que está em nossas escolas reais, especialmente nas escolas públicas, e que a formação atual é inadequada para que este ensino se efetive em aprendizagem significativa e transformadora da realidade de nossa sociedade. [...] Como formar professores críticos, independentes, capazes de estabelecer seus próprios projetos pedagógicos se a formação segue o modelo do ensino pela transmissão e avalia a aprendizagem pela repetição? (DINIZ; SMOLE, 2002, p. 42).

Como orientações educacionais complementares aos PCNEM, porém sem

pretensão normativa, outro documento foi elaborado e publicado: os PCN+ para o

Ensino Médio (BRASIL, 2002). De maneira abreviada destacamos alguns pontos

abordados no PCN+ da área CNMT. As orientações se iniciam com uma discussão

sobre a natureza do ensino médio e as razões de sua reforma, que

[...] nos termos da lei, de sua regulamentação e de seu encaminhamento, deixa de ser, portanto, simplesmente preparatório para o ensino superior ou estritamente profissionalizante, para assumir necessariamente a responsabilidade de completar a educação básica (BRASIL, 2002, p. 8).

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Ciências da Natureza e Matemática

Biologia

Física

Química

Matemática

Linguagens e Códigos Ciências Humanas

investigação e compreensão

representação e comunicação contextualização sócio-cultural

Ciências da Natureza e Matemática

Biologia

Física

Química

Matemática

Linguagens e Códigos Ciências HumanasLinguagens e Códigos Ciências Humanas

investigação e compreensão

representação e comunicação contextualização sócio-cultural

Depois, esse documento, faz recomendações sobre a (re)elaboração do projeto

pedagógico da escola e sobre esta ser um “cenário real da reforma educacional”.

Retoma uma discussão a respeito das novas orientações para o ensino,

propostos nos PCNEM, contudo de modo mais explícito, fornecendo ao professor

elementos úteis para a definição de conteúdos e adoção de opções metodológicas,

além de deixar mais evidente algumas formas de “articulação das disciplinas para

organizar, conduzir e a avaliar o aprendizado (BRASIL, 2002, p. 13). Por fim, os

PCN+ indicam direções e meios para a formação continuada dos professores do

ensino médio, com a finalidade de lhes garantir uma permanente “instrumentação” e

“aperfeiçoamento” para a realização do trabalho que deles se tanto se espera.

Como já apontamos anteriormente, o objetivo central de todo o processo de

ensino e aprendizagem proposto nos PCNEM e reiterada nos PCN+ é o

desenvolvimento de competências e habilidades, conduzido pela

interdisciplinaridade e contextualização. Na Figura 11 (abaixo) mostramos um

diagrama apresentado nos PCN+, que sintetiza como as três competências gerais

se articulam entre a área CNMT e as demais áreas.

Figura 11. PCN+ / área CNMT / Competências gerais: articulação com as outras áreas (BRASIL, 2002).

Segundo os PCN+ para o ensino médio, para possibilitar o desenvolvimento

das competências esperadas com “relevância científica e cultural” e com uma

“articulação lógica” das ideias e conteúdos matemáticos deve-se sistematizar esses

conteúdos em três eixos ou temas estruturadores, a serem desenvolvidos de forma

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encadeada nas três séries do ensino médio, a saber: 1. Álgebra: números e funções;

2. Geometria e medidas; e 3. Análise de dados. De acordo com essas orientações,

Cada tema estruturador é um campo de interesse com organização própria em termos de linguagens, conceitos, procedimentos e, especialmente, objetos de estudo. Apesar da unidade característica de cada tema estruturador, para organizar o planejamento do ensino cada um deles foi dividido em unidades temáticas que, por sua vez, são parcelas autônomas de conhecimentos específicos que podem ser organizadas dentro do projeto pedagógico de cada professor ou escola, em função das características de seus alunos e dos tempos e espaços para sua realização. É importante ressaltar que esta é uma escolha possível e compatível com a proposta dos PCNEM, que contempla os critérios apontados e que não reproduz o modelo curricular de “listas de assuntos”, mas não é necessariamente a única (BRASIL, 2002, p. 120).

A proposta de organização dos temas e suas unidades, para uma situação de

4 (quatro) aulas semanais, conforme os PCN+, é exposto na Figura 12:

1.ª série 2.ª série 3.ª série

1. Noção de função; funções analíticas e não-analíticas; análise gráfica; sequências numéricas; função exponencial ou logarítmica.

1. Trigonometria do triângulo retângulo.

1. Funções seno, cosseno e tangente.

1. Trigonometria do triângulo qualquer e da primeira volta.

1. Taxas de variação de grandezas.

2. Geometria plana: semelhança e congruência; representações de figuras.

2. Geometria espacial: poliedros; sólidos redondos; propriedades relativas à posição; inscrição e circunscrição de sólidos.

2. Métrica: áreas e volumes; estimativas.

2. Geometria analítica: representações no plano cartesiano e equações; intersecção e posições relativas de figuras.

3. Estatística: descrição de dados; representações gráficas.

3. Estatística: análise de dados.

3. Contagem.

3. Probabilidade.

Figura 12. PCN+ / Matemática / Temas estruturadores: distribuição no

ensino médio (BRASIL, 2002).

Um dos objetos de comparação e análise em nosso estudo são as

orientações metodológicas para o conteúdo Análise Combinatória: assim

consideramos importante apresentar as recomendações dos PCN+ para esse

conteúdo matemático. Dessa forma, de acordo com os PCN+, o terceiro tema

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estruturador para o ensino de Matemática é a Análise de Dados. Tema que pode ser

organizado em três unidades temáticas: Estatística, Contagem e Probabilidade.

Propostas na seguinte distribuição e expectativas de aprendizagem (Figura 13):

Estatística: descrição de dados; representações gráficas; análise de dados: médias, moda e mediana, variância e desvio padrão.

▪ Identificar formas adequadas para descrever e representar dados numéricos e informações de natureza social, econômica, política, científico-tecnológica ou abstrata.

▪ Ler e interpretar dados e informações de caráter estatístico apresentados em diferentes linguagens e representações, na mídia ou em outros textos e meios de comunicação.

▪ Obter médias e avaliar desvios de conjuntos de dados ou informações de diferentes naturezas.

▪ Compreender e emitir juízos sobre informações estatísticas de natureza social, econômica, política ou científica apresentadas em textos, notícias, propagandas, censos, pesquisas e outros meios.

Contagem: princípio multiplicativo; problemas de contagem.

▪ Decidir sobre a forma mais adequada de organizar números e informações com o objetivo de simplificar cálculos em situações reais envolvendo grande quantidade de dados ou de eventos.

▪ Identificar regularidades para estabelecer regras e propriedades em processos nos quais se fazem necessários os processos de contagem.

▪ Identificar dados e relações envolvidas numa situação-problema que envolva o raciocínio combinatório, utilizando os processos de contagem.

Probabilidade: possibilidades; cálculo de probabilidades.

▪ Reconhecer o caráter aleatório de fenômenos e eventos naturais, científico-tecnológicos ou sociais, compreendendo o significado e a importância da probabilidade como meio de prever resultados.

▪ Quantificar e fazer previsões em situações aplicadas a diferentes áreas do conhecimento e da vida cotidiana que envolvam o pensamento probabilístico.

▪ Identificar em diferentes áreas científicas e outras atividades práticas modelos e problemas que fazem uso de estatísticas e probabilidades.

Figura 13. PCN+ / Matemática / tema Análise de Dados: unidades temáticas (BRASIL, 2002).

No caso do número de aulas semanais serem inferior a quatro, deve-se seguir

a recomendação: “o professor deve elaborar seu planejamento tendo como foco as

idéias centrais de cada tema” (BRASIL, 2002, p. 129). Para o terceiro tema

estruturador (Análise de Dados) considera-se como ideia central a estatística

descritiva e as medidas de tendência central. Tal recomendação justifica-se,

segundo os PCN+, porque essa ideia basta “para analisar a maioria dos gráficos e

tabelas veiculados pela mídia” (BRASIL, 2002, p. 129). Fora disso, de acordo com o

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documento, o aluno deve entender o “conceito de probabilidade e suas aplicações

mais simples”.

Outro aspecto a enfatizar dos PCN+ refere-se às “estratégias para a ação”,

que devem ser escolhidas de modo a favorecer a articulação entre conteúdos e

competências, para que os objetivos e/ou expectativas de aprendizagem sejam

alcançadas. De acordo com esses parâmetros, a “perspectiva metodológica”

adotada é a resolução de problemas, que “deve ser entendida como a postura de

investigação frente a qualquer situação ou fato que possa ser questionado”. São

sugeridos como recursos para o desenvolvimento das competências o trabalho em

grupo e o desenvolvimento de projetos.

De modo geral, os PCN+ parecem ter pontos em comum com orientações

contidas nos documentos anteriores e influenciarão, conforme indicaremos outras

publicações oficiais e mais especificamente o Currículo do estado de São Paulo,

como veremos em outras subseções.

As Orientações Curriculares para o Ensino Médio

Em 2006 o Ministério da Educação por meio do Departamento de Políticas

de Ensino Médio, da Secretaria de Educação Básica publica e divulga um

documento intitulado Orientações Curriculares para o Ensino Médio. O segundo

volume,40 dedicado à área Ciências da Natureza, Matemática e suas Tecnologias

(BRASIL, 2006), veio completar os Parâmetros Curriculares elaborados

anteriormente.

Esse texto visa contribuir no debate a respeito das orientações curriculares e

aborda três aspectos: a escolha de conteúdos; a forma de trabalhá-los; o projeto

pedagógico e a organização curricular. Nele, os conteúdos estão mais explícitos,

pois são introduzidas ideias de como se devem trabalhar os temas relacionando-os

com outras áreas e com a própria Matemática. Todavia chama a atenção para o fato

40

Reimpressão em 2008.

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de que não se trata de um manual, ou um livro, ou uma cartilha, que tenha que ser

seguido do início ao fim, e, sim, um material de apoio para subsidiar a reflexão de

cada professor.

Este documento divide a Matemática em quatro blocos de conteúdos:

Números e operações; Funções; Geometria e Análise de dados e probabilidade.

Entretanto, chama a atenção para o fato de que tal divisão não significa trabalhar os

conteúdos de uma forma estanque, necessita, sim, a busca constante pela

articulação entre eles.

Segundo esse documento, essas orientações “foram elaboradas a partir de

ampla discussão com as equipes técnicas dos Sistemas Estaduais de Educação,

professores e alunos da rede pública e representantes da comunidade acadêmica”

(BRASIL, 2006, p. 5).

Ele indica como sua principal finalidade a de contribuir para o diálogo entre o

professor e a escola sobre a prática docente, salienta que pretende mostrar um

conjunto de reflexões permanente que subsidie essa prática e a construção dos

projetos pedagógicos, esses definidos pelos professores de acordo com o contexto

escolar. Apesar de uma proposta central, observamos que tal documento procura

registrar uma preocupação com o caráter individual de cada sistema de ensino: “O

currículo é a expressão dinâmica do conceito que a escola e o sistema de ensino

têm sobre o desenvolvimento dos seus alunos e que propõe a realizar com e para

eles” (BRASIL, 2006, p. 9).

Procura também apontar o professor e a escola como protagonistas do

currículo de Matemática, retoma o fato que o ensino dessa disciplina “pode contribuir

para que os alunos desenvolvam habilidades relacionadas à representação,

compreensão, comunicação, investigação e, também, à contextualização

sociocultural” (BRASIL, 2006, p. 69).

As recomendações desse documento chamam a atenção para o fato de que

as competências a serem desenvolvidas no ensino médio servirão para desenvolver

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a autonomia intelectual, o pensamento crítico, o preparo para o mundo do trabalho e

a continuidade do aprendizado do aluno.

O documento aborda, em especial, três aspectos importantes: “a escolha de

conteúdos; a forma de trabalhar os conteúdos; o projeto pedagógico e a organização

curricular” (BRASIL, 2006, p. 69) com o propósito de contribuir com as

discussões/reflexões sobre as orientações curriculares.

Quanto à escolha dos conteúdos a serem trabalhados no ensino médio,

orienta que é importante considerar

[...] os diferentes propósitos da formação matemática na educação básica. Ao final do ensino médio, espera-se que os alunos saibam usar a Matemática para resolver problemas práticos do cotidiano; para modelar fenômenos em outras áreas do conhecimento; compreendam que a Matemática é uma ciência com características próprias, que se organiza via teoremas e demonstrações; percebam a Matemática como um conhecimento social e historicamente construído; saibam apreciar a importância da Matemática no desenvolvimento científico e tecnológico (BRASIL, 2006, p. 69).

É possível notar uma preocupação em mostrar a matemática como ciência e

as orientações têm como recurso metodológico central a resolução de problemas.

Chama também a atenção para a centralidade nas habilidades e não nos

conteúdos. Ou seja, salienta o fato de que as situações de ensino aprendizagem

devem estar ligadas ao desenvolvimento de habilidades, dando ênfase à qualidade

das aulas e não à quantidade de conteúdos. Orienta que os conteúdos escolhidos

devem favorecer ao aluno um processo de investigação, auxiliando-o na construção

do conhecimento. E que, alguns assuntos já trabalhados no ensino fundamental são

abordados novamente com o intuito de fortalecer conceitos, os quais não foram

compreendidos antes por falta de maturidade do aluno.

No que se refere à forma de trabalhar os conteúdos, são descritas sugestões

de como desenvolvê-los, mostrando seu valor formativo e desmerecendo o processo

de memorização, a apresentação de regras sem explicação consistente, a aplicação

de fórmulas sem contexto e o excesso de exercícios para fixação.

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84

Quanto aos aspectos metodológicos, esse documento considera que o

processo ensino e aprendizagem de Matemática pressupõe a compreensão das

relações na tríade professor-aluno-saber41 e que existem duas concepções nesse

processo: (I) O ensino como transmissão de conhecimento e a aprendizagem como

mera recepção de conteúdos; (II) O aluno como construtor de seu próprio

conhecimento.

Ainda a respeito do processo de ensino e aprendizagem, neste documento,

são apresentados os conceitos de situação didática, contrato didático, contrato

pedagógico, transposição didática e contextualização. Esse fato pode ser constatado

na leitura em que constam dessas orientações oficiais as quais exibimos de forma

resumida:

Situação didática forma explicita de estabelecer relações entre um

professor, alunos e certo objeto de conhecimento, com a intenção de fazer

com que os alunos, por intermédio desse professor, apropriem-se do objeto

de conhecimento.

Contrato didático baseia-se no saber (terceiro elemento da tríade) é o

conjunto de expectativas presentes no dia a dia da sala de aula, definidas

de modo implícito, as quais se traduzem em cláusulas desse contrato, que

estabelecido entre professor e aluno vai administrar as relações no

processo de ensino e aprendizagem de dado objeto de conhecimento.

Contrato pedagógico está fundamentado na relação professor-aluno (os

dois primeiros elementos da tríade) e não tem conexões com o saber. Por

meio de suas cláusulas são estabelecidos, por exemplo, a disposição física

da classe, a distribuição do tempo em sala de aula, os momentos de

trabalho em grupo, o modo de acompanhamento das atividades, etc.

41

“Relações entre alguém que ensina, alguém que aprende e algo que é o objeto de estudo” (BRASIL, 2006, p. 80).

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85

Transposição didática42 um instrumento, por meio do qual analisamos o

movimento do saber sábio (aquele que os cientistas descobrem) para o

saber a ensinar (aquele que está nos livros didáticos ou orientações

curriculares), o qual é recurso para o saber ensinado (aquele que

realmente acontece em sala de aula). A transposição didática tem aporte

nas concepções de aprendizagem e está diretamente associada ao

conceito de contrato didático.

Contextualização é, em geral, o ato de ligar o conhecimento à sua origem

e à sua aplicação. A ideia de contextualização foi introduzida na reforma do

ensino médio a partir da LDBN de 1996, que orienta para a compreensão

dos conhecimentos para o uso cotidiano; tem origem nas diretrizes que

estão definidas nos Parâmetros Curriculares Nacionais. Esses documentos

orientam para uma organização curricular que, entre outras coisas, trate os

conteúdos de modo contextualizado, ou seja, aproveitando sempre as

relações entre conteúdos e contexto para dar significado ao aprendido,

estimular o protagonismo do aluno e estimulá-lo a ter autonomia intelectual.

As Orientações Curriculares apontam algumas estratégias de ensino para as

aulas de Matemática no ensino médio: Resolução de Problemas; Modelagem

matemática; Trabalho com projetos; Utilização da História da Matemática; Livro

didático e Uso de Tecnologia: calculadoras, planilhas eletrônicas, softwares

matemáticos.

Quanto à modelagem matemática, segundo esse documento, ela “pode ser

entendida como a habilidade de transformar problemas da realidade em problemas

matemáticos e resolvê-los interpretando suas soluções na linguagem do mundo real”

(BRASIL, 2006, p. 84). Esta é uma estratégia de ensino tão antiga quanto a própria

Matemática, que vem sendo aplicada desde os tempos primitivos, pelos povos em

situações do seu cotidiano. A modelagem constitui um ramo da Matemática que

42

Este termo foi introduzido, em 1975, pelo sociólogo Michel Verret, e rediscutido por Yves Chevallard em 1985 em seu livro La Transposition Didatique, onde mostra as transposições que um saber sofre quando passa do campo científico para a escola e alerta para a importância da compreensão deste processo por aqueles que lidam com o ensino das disciplinas científicas. Chevallard conceitua “transposição didática” como o trabalho de fabricar um objeto de ensino, ou seja, fazer um objeto de saber produzido pelo “sábio” (o cientista) ser objeto do saber escolar.

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86

auxilia diversas áreas do conhecimento como: Biologia, Economia, Engenharia,

Geografia, entre outras. Ou seja, ela tem ligação direta com a Matemática Aplicada e

por seu intermédio é possível motivar os alunos para que desenvolvam atitudes

críticas perante a realidade e utilizem estratégias informais na resolução de

problemas.

Outra recomendação metodológica é o trabalho com projetos, pois este “pode

favorecer a criação de estratégias de organização dos conhecimentos escolares, ao

integrar os diferentes saberes disciplinares”, como também “possibilitar aos

professores colocar em ação aulas investigativas, as quais permitam aos alunos o

rompimento do estudo baseado em um currículo linear” (BRASIL, 2006, p. 85). São

apresentadas orientações de como o professor pode desenvolver o trabalho com

projetos:

O professor deve estabelecer os objetivos educativos e de aprendizagem, selecionar os conteúdos conceituais e procedimentais a serem trabalhados, preestabelecer atividades, provocar reflexões, facilitar recursos, materiais e informações, e analisar o desenvolvimento individual de cada aluno. (BRASIL, 2006, p. 85)

A organização do trabalho pedagógico da escola tem que estar de acordo

com os seus alunos, considerando o projeto político-pedagógico “como um processo

constante de reflexão e discussão sobre os problemas escolares, tendo como

intenção a busca de soluções, por meio de ações colaborativas entre os membros

que constituem a escola” (BRASIL, 2006, p. 90). Segundo Vasconcellos (1995), o

projeto pedagógico:

[...] é um instrumento teórico-metodológico que visa ajudar a enfrentar os desafios do cotidiano da escola, só que de uma forma refletida, consciente, sistematizada, orgânica e, o que é essencial, participativa. É uma metodologia de trabalho que possibilita resignificar a ação de todos os agentes da instituição (VASCONCELLOS, 1995, p. 143).

É um instrumento de trabalho que indica o rumo a ser seguido, construído com a

participação de todos os membros da escola, atendendo as necessidades locais e

específicas dos alunos garantido a qualidade do seu ensino.

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87

Com o objetivo de “aprofundar a discussão sobre as especificidades

curriculares do Ensino Médio”, a SEE/SP concebeu e coordenou, por meio da

CENP, entre os anos de 2004 e 2006, um programa Ensino Médio em Rede

(EMR)43 voltado para formação continuada de PEB-II (que atuavam no ensino

médio), PCs, ATPs e Supervisores de Ensino. O programa foi realizado em duas

fases: a primeira, entre 2004 a 2005, no qual seu conteúdo estava focado para a

“contextualização da proposta de formação e para a discussão das múltiplas

representações dos atores envolvidos na prática educativa” e a segunda, em 2006,

que enfatizou o “desenvolvimento curricular no Ensino Médio” das áreas de LCT,

CNMT e CHT.

O EMR foi desenvolvido através de financiamento do PROMED convênio

firmado entre a SEE/SP, o MEC e o Banco Interamericano de Desenvolvimento

(BID) e teve a Fundação Vanzolini como gestora. Para sua realização foram

usados os ambientes de aprendizagem e os recursos virtuais da Rede do Saber44 -

teleconferências, videoconferências e ferramentas da Web, além de materiais de

apoio especialmente desenvolvidos para o programa. Outro objetivo do programa foi

possibilitar aos educadores o aprofundamento do conhecimento e da utilização de novas tecnologias de comunicação e informação, por meio do uso de diversas mídias interativas, discutindo seus usos na continuidade da sua própria formação e na sua prática educativa.

As atividades destinadas aos professores deveriam ser realizadas, em sua

maioria, durante os seus horários de HTPC e na própria sala de aula, sob a

orientação dos Professores Coordenadores (PCs). Estes, os ATPs e os

Supervisores de Ensino deveriam desenvolver suas atividades em seus horários de

trabalho (nas Diretorias de Ensino, nas unidades escolares e nos ambientes da

Rede do Saber), sob a orientação de especialistas e da coordenação do programa.

Ressaltamos que neste nosso estudo não aprofundamos ou analisamos o

referido programa. O EMR foi mencionado em nosso texto, por ter sido uma das

43

Informações obtidas na página da Web <http://www.rededosaber.sp.gov.br/portais/emrede/Home/ tabid/590/language/pt-BR/Default.aspx>.

44

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88

ações de formação docente ocorrida no estado de São Paulo após os PCNEM

(1999).

Reputamos importante apontar, como dissemos acima, que tanto as

Orientações Curriculares para o Ensino Médio, como os demais documentos que

compõe o currículo oficial brasileiro, deixavam a cargo das escolas as escolhas para

o desenvolvimento das noções matemáticas a serem desenvolvidas na Educação

Básica. Em decorrência, se observou especialmente no estado de São Paulo a

difusão de uma diversidade de encaminhamentos para o ensino e aprendizagem da

matemática. Tal fato, segundo a SEE/SP, dificultou a avaliação do desenvolvimento

do currículo que se conduzia no Estado, o que fez com que este órgão indicasse um

novo currículo, o qual descreveremos a seguir.

2.3 O CURRÍCULO DE MATEMÁTICA DO ESTADO DE SÃO PAULO (2008)

A partir do ano letivo de 2008 foi implantado, na rede estadual de ensino de

São Paulo, um novo currículo, que desde o ano anterior já vinha sendo anunciado

como a Nova Proposta Curricular para o Ensino Fundamental – Ciclo II e Médio do

Estado de São Paulo.

O novo currículo, intitulado inicialmente Proposta Curricular do Estado de São

Paulo, e, desde o ano de 2009, como Currículo do Estado de São Paulo, divide o

ensino em quatro áreas do conhecimento: Ciências Humanas e suas Tecnologias;

Ciências da Natureza e suas Tecnologias; Linguagens, Códigos e suas Tecnologias;

e Matemática e suas Tecnologias. Para cada área/disciplina foi elaborado e

distribuído a todo professor o documento base Proposta Curricular,45 o qual

apresenta os princípios e finalidades do novo currículo, como também as

orientações gerais para sua implementação e aplicação.

45

Neste ano de 2010, a SEE/SP publicou uma versão atualizada da Proposta de Matemática de 2008 com o título Currículo do Estado de São Paulo: Matemática e suas tecnologias, sob coordenação geral de Maria Inês Fini e coordenação de área de Nilson José Machado.

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A implantação do novo Currículo do Estado de São Paulo (2008) pela

Secretaria de Estado da Educação (SEE) em sua rede de ensino é uma das ações

do projeto São Paulo Faz Escola, que integra a agenda do plano de gestão 2006-

2010 do governo estadual para a Educação Básica paulista. O projeto propõe um

currículo para os níveis de ensino Fundamental (Ciclo II)46 e Médio. Nessa

reorganização curricular, a Matemática está apresentada como uma área específica,

diferentemente do que acontece nos documentos curriculares47 publicados

anteriormente no âmbito federal.

De acordo com o documento base Proposta Curricular do Estado de São

Paulo: Matemática (SÃO PAULO, 2008a, p. 8), tal currículo tem por objetivo:

organizar o ensino em todo o Estado, contribuindo para a melhoria da qualidade das

aprendizagens de seus alunos; para garantir uma base comum de conhecimentos e

competências; para oferecer subsídios aos profissionais que compõem a rede

estadual de ensino; atender ao nível de concretização estadual dos Parâmetros

Curriculares Nacionais (PCN).

Para atender tais finalidades foram previstas e indicadas, já na apresentação

desta Proposta (SÃO PAULO, 2008a, p. 5), ações diversas e articuladas entre si,

como a divulgação de material de apoio e cursos para professores. A SEE tem a

pretensão de, com esses cursos, contribuir para os estudos sobre o conhecimento

profissional dos seus professores.

A implantação do Currículo do Estado de São Paulo pela SEE em sua rede de

ensino foi uma das ações do projeto São Paulo faz Escola – Currículo, Avaliação e

expectativas de Aprendizagem, que integra a agenda do plano de gestão de

Governo (2006-2010) para a Educação Básica paulista. De acordo com Maria Inês

Fini, coordenadora geral do programa, esse documento atende a

46

Relembramos que nas escolas estaduais paulistas, denomina-se Ciclo II as séries finais do ensino fundamental (5.ª. a 8.ª série – atuais 6.º ao 9.º ano). Importante ressaltar que o ensino fundamental de nove anos ainda não está em vigor na rede pública estadual de ensino em São Paulo. Neste trabalho faremos uso da nomenclatura vigente na rede, ou seja, 5.ª. a 8.ª. séries do ensino fundamental.

47 Brasil (1997, 1998, 1999, 2002, 2006) e São Paulo (1986, 1987, 1992).

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[...] uma antiga reivindicação [...]. Em São Paulo, a discussão sobre uma forma de subsídios para auxiliar o professor na sala de aula começou com a criação da Coordenadoria de Estudos e Normas Pedagógicas a partir do decreto que organizou a Secretaria da Educação, em 1976. No final dos anos 1980, com a abertura política, uma nova concepção de currículo educacional também se fez necessária, acompanhando as mudanças que ocorreram no país. Teve início então a elaboração das Propostas Curriculares [...], de 1986 (SÃO PAULO, 2008i).

Segundo o documento base, Proposta Curricular do Estado de São Paulo

(SÃO PAULO, 2008a), a inovação curricular tem por objetivo organizar o ensino em

todo o Estado, contribuindo para a melhoria da qualidade das aprendizagens de

seus alunos; garantir uma base comum de conhecimentos e competências; oferecer

subsídios aos profissionais que compõem a rede estadual de ensino; atender ao

nível de concretização estadual dos Parâmetros Curriculares Nacionais. Seus

princípios centrais são: uma escola que também aprende; o currículo como espaço

de cultura; as competências como referência; a prioridade para a competência da

leitura e da escrita; a articulação das competências para aprender e a

contextualização no mundo do trabalho.

A área de matemática é coordenada pelo professor Nilson José Machado e

conta com a colaboração dos professores: Carlos Eduardo de Souza Campos

Granja, José Luiz Pastore Mello, Rogério Ferreira da Fonseca, Ruy César

Pietropaolo e Walter Spinelli na elaboração dos Cadernos do Professor, e a partir de

2009 do Caderno do Aluno.

Tal documento curricular está organizado em quatro eixos específicos,

todavia complementares, que são subsídios para a sua implementação: (1) Proposta

Curricular – documento base, que apresenta as ideias norteadoras de todo o

trabalho e os conceitos que estruturam todas as áreas e suas disciplinas, e propõe

os princípios orientadores para a prática educativa; (2) Caderno do Gestor –

conjunto de documentos com orientações para a gestão do currículo na escola que

tem por interlocutores os diretores e vice-diretores de escola, os professores

coordenadores (gestores pedagógicos) de escola e de oficina pedagógica e os

supervisores de ensino; (3) Cadernos do Professor – materiais de apoio às

atividades do professor, organizados por bimestre e disciplina, que indicam as

competências e habilidades a serem desenvolvidas pelos alunos em cada tema ou

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tópico dos conteúdos, e apresentam situações de aprendizagem com orientações

metodológicas e sugestões de aulas, de materiais complementares, de avaliação e

de recuperação; e (4) Caderno do Aluno, a partir de 2009 – complemento do

Caderno do Professor, específico por disciplinas e por bimestre (ou volume), é um

material que tem a referência pessoal do aluno, cuja intenção é a de facilitar o

processo de ensino e aprendizagem.

2.3.1 Pressupostos do currículo de Matemática

Apresentamos, nessa subseção, as diretrizes curriculares para a disciplina de

Matemática. Tal currículo foi pautado em documentos curriculares produzidos em

outras décadas, mas ainda vigentes, como a Proposta Curricular anterior (elaborada

na década de 80) e os Parâmetros Curriculares Nacionais, de 1998 em diante.

Ressaltamos que consideramos, assim como Garcia Silva e Pietropaolo

(2010), que no atual currículo há uma incorporação de tais documentos no que se

refere a identificar o papel da disciplina Matemática como preparação do aluno para

a leitura prática do cotidiano e ao seu desenvolvimento cognitivo, além das ideias

contidas no PCN, como a:

[...] incorporação de ideias como a exploração dos significados, preocupação com uma formação mais completa do aluno, salientado o papel do desenvolvimento de “atitudes” que devem estar presentes nos currículos e reforçando a centralidade no aluno e, portanto nos processos de ensino e aprendizagem.(GARCIA SILVA e PIETROPAOLO, 2010, p. 3113)

Conforme já afirmamos, o documento considera a Matemática como uma

Área do Conhecimento, ou seja, ela não está inserida somente na Área das

Linguagens ou na Área das Ciências.

Justifica sua presença na área das linguagens discutindo que a Matemática e

a Língua Materna constituem dois componentes básicos dos currículos escolares

(defesa já observada também na proposta da década de 80). Apresenta como

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argumento principal o fato de que nos dias atuais se exige do cidadão múltiplas

linguagens.48

Afinal, juntamente com a Língua Materna, a Matemática compõe o par de sistemas simbólicos fundamentais para a representação da realidade, para a expressão de si e compreensão do outro, para a leitura, em sentido amplo, de textos e do mundo dos fenômenos (SÃO PAULO, 2008a, p. 37).

A inserção na Área de Ciências pode também ser justificada pela leitura dos

fenômenos.

A incorporação da Matemática à área de Ciências pode distorcer o fato de que a Matemática, mesmo oferecendo uma linguagem especialmente importante e adequada para a expressão científica, constitui um conhecimento específico para a educação básica (SÃO PAULO, 2008a, p. 38).

Outro argumento se refere à possibilidade de facilitar a incorporação dos

“recursos tecnológicos” e possibilitar “tratar as informações”

O tratamento da Matemática como área específica pode facilitar a incorporação crítica dos inúmeros recursos tecnológicos de que dispomos para a representação de dados e o tratamento de informações, na busca da transformação de informação em conhecimento (SÃO PAULO, 2008a, p. 39).

Deste modo observa-se uma posição contrária ao observado nos documentos

federais (PCNEM, PCN+, Orientações Curriculares, elaborados a partir de 1997) no

qual a matemática não era considerada uma área específica, ou seja, compunha,

com a Física, Química, Biologia, a Área de Ciências da Natureza Matemática e suas

Tecnologias.

Quanto a Proposta apresentada em 2008, o professor Nilson José de

Machado, que coordenou sua elaboração, afirma, em videoconferência de

apresentação (2008)49, que a diferença entre este currículo de matemática e o

anterior apresentado pela SEE/SP, “é a ideia de currículo como um percurso

formativo do aluno voltado para os seus fazeres” e argumenta que “as disciplinas

são organizadas de saberes e o professor é o mediador e orientador desses

48

Lembra que no passado bastava a escola desenvolver a função de ensinar o estudante a ler, escrever e contar.

49 Esta videoconferência pode ser acessada no Site: <www.saopaulofazescola.sp.gov.br>.

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saberes, o aluno é o protagonista desse processo e o ensino é o promotor da

aprendizagem”. Todavia lembramos que tais argumentos já eram utilizados, na

década de 80, como também nos documentos federais - PCNEM.

Consideramos, enfim, que há mais pontos convergentes do que divergentes

entre este e os documentos anteriores. Por exemplo, o Currículo proposto para São

Paulo a partir de 2008, assim como nos PCN, considera os conteúdos disciplinares

como meios para a formação do aluno como cidadão. Apresenta também o foco nas

competências, estas calcadas nas cinco competências que compõem a matriz do

ENEM, ou seja, capacidade de: expressão em diversas linguagens; compreensão de

fenômenos; resolução de problemas; argumentação e intervenção na realidade.

Considera também os três eixos básicos para que tais competências sejam

desenvolvidas:

O eixo expressão/compreensão: a capacidade de expressão do eu, por meio das diversas linguagens, e a capacidade de compreensão do outro, do não-eu, do que me complementa, o que inclui desde a leitura de um texto até a compreensão de fenômenos históricos, sociais, econômicos, naturais etc. O eixo argumentação/decisão: a capacidade de argumentação, de análise e de articulação das informações e relações disponíveis, tendo em vista a construção de consensos e a viabilização da comunicação, da ação comum, além da capacidade de decisão, de elaboração de sínteses dos resultados, tendo em vista a proposição e a realização da ação efetiva. O eixo contextualização/abstração: a capacidade de contextualização, de enraizamento dos conteúdos estudados na realidade imediata, nos universos de significações – sobretudo no mundo do trabalho – e a capacidade e abstração, de imaginação, de consideração de novas perspectivas, de potencialidades no que ainda não existe (SÃO PAULO, 2008a, p. 42).

É importante salientar que documentos federais, os quais este currículo se

apóia, indicam a função social da matemática no currículo, ou seja, considera que “a

matemática nos currículos está longe de representar um conteúdo destinado apenas

a especialistas ou a pessoas com dons especiais” (SÃO PAULO, 2008a, p. 44).

Assim como o das demais disciplinas, o currículo de matemática considera

como meta principal que permeia as ações educativas “a transformação de

informação em conhecimento” (SÃO PAULO, 2008a, p. 45) identificando o

tratamento da informação como um caminho para atingir tal meta.

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Diante desses pressupostos, o Currículo de Matemática foi estruturado, na

Educação Básica, contemplando três grandes blocos temáticos: Números,

Geometria e Relações. Os autores propõem que nestes blocos sejam abordados:

NÚMEROS: equivalência/ordem e simbolização/operações; GEOMETRIA: percepção/concepção e construção/representação; RELAÇÕES: medidas/ aproximações e proporcionalidade/interdependência (SÃO PAULO, 2010, p. 39).

Reputamos importante salientar que na primeira versão do novo currículo

(2008) eram considerados quatro blocos temáticos, a saber, Números, Geometria,

Grandezas e Medidas e Tratamento da informação. Nesta primeira versão consta

um quadro com os conteúdos a serem estudados (lista organizada por série e

bimestre). A grade curricular de Matemática, para o ensino médio proposta na

versão 2010 do currículo, indica os conteúdos, organizados por série/ano e bimestre,

associados as respectivas habilidades, que apresentamos no Anexo K (p. liv).

Em um primeiro momento observamos que a grade apresentada não se

diferencia de forma substancial do elenco de conteúdos culturalmente ensinado no

Ensino Médio. Entretanto, ao analisar o documento que apresenta o Currículo de

Matemática e os Cadernos do Professor e do Aluno, observamos um destaque ao

tratamento de informação e às ideias fundamentais a serem exploradas nos

diferentes conteúdos.

O Tratamento de informação é apresentado como mais do que a discussão

de temas como: porcentagens, tabelas, gráficos, média, moda, desvio padrão etc..,

ou seja, há a preocupação em tratar a informação com vistas na transformação

dessa informação em conhecimento. Nesse contexto, o currículo tem como função

mapear temáticas e conteúdos relevantes.

Outro foco apresentado no documento Proposta Curricular (SÃO PAULO,

2010, p. 36-38), é a identificação, em cada conteúdo, das ideias fundamentais a

serem exploradas, quais sejam: proporcionalidade, equivalência, ordem e

aproximação. A proporcionalidade, apresenta-se tanto no “raciocínio analógico”,

quanto em outros temas como: frações, razões e proporções, estudo da semelhança

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de figuras, grandezas diretamente proporcionais que guia todo o trabalho com

funções do primeiro grau dentre outras. Já, se nos referenciarmos no conteúdo

observamos que a noção de número, por exemplo, é construída a partir de duas

ideias fundamentais: a de equivalência e a de ordem. Outro exemplo é o destaque

dado à importância das aproximações quando tratamos dos números irracionais, por

exemplo, eles existem somente, principalmente nos computadores, por meio de

suas aproximações lineares.

Enfim, observamos que mesmo havendo um elenco de conteúdos próximo ao

que normalmente é desenvolvido em sala de aula, percebemos uma busca de

aproximação entre o conteúdo escolar e o universo da cultura. Só para exemplificar,

quando trata do tema matrizes procura estimular várias conexões dentre eles o

conceito de Pixel, associando a ideia de matriz à da imagem fotografada em uma

máquina digital.

Destacamos neste currículo a preocupação com o reconhecimento e a

caracterização das ideias fundamentais, o que é considerado como uma “tarefa

urgente e ingente, constituindo o verdadeiro antídoto para o excesso de

fragmentação na apresentação dos conteúdos disciplinares” (SÃO PAULO, 2010, p.

38).

Outra ideia importante, abordada no documento base de Matemática de 2008

e 2010, e explicitada em videoconferências e palestras proferidas pelo professor

Nilson José Machado (coordenador de área) é que se deve possibilitar uma

“articulação natural”, ou seja, considerar a “interdisciplinaridade interna”, pois “a

Matemática precisa conversar com ela mesma”. De acordo com os autores desse

documento, sem está interdisciplinaridade fica difícil pensar na articulação da

Matemática com as demais áreas de conhecimento.

Quanto à profundidade do tratamento dos conteúdos, o documento propõe:

[...] não se pretende que cada um deles seja tratado com o mesmo nível de profundidade nem com o mesmo grau de interesse. Na perspectiva da presente proposta, diversos conteúdos auxiliam-se mutuamente, de modo que não parece adequada a mera eliminação de alguns deles (SÃO PAULO, 2008a, p. 48).

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Analisando a grade do ensino médio e comparando-a com a Proposta para o

Ensino Médio da década de 80, percebemos que houve uma preocupação em

resgatar conteúdos como matrizes, polinômios e números complexos. Todavia,

observamos um destaque ao papel fundamental que é dado ao professor, ou seja

Cabe ao professor, em sua escola, respeitando suas circunstâncias e seus projetos, privilegiar mais ou menos cada tema, determinando seus centros de interesse e detendo-se mais em alguns deles, sem eliminar os demais (SÃO PAULO, 2008a, p. 48).

Justifica-se tal afirmação considerando que “tal opção sempre esteve presente como

possibilidade na ação do professor, uma vez que propostas curriculares nunca

poderiam ser impostas aos docentes” (SÃO PAULO, 2008a, p. 48, grifo nosso).

Como dissemos anteriormente, o Caderno do Professor foi elaborado com a

finalidade de subsidiar o professor em sala de aula. Os cadernos são distribuídos

por série/ano e bimestre, conforme a organização da grade curricular exposta no

Anexo L (p. liv). O tema principal de cada bimestre foi dividido em oito unidades, o

que, segundo os autores, correspondem a aproximadamente oito semanas do

bimestre. E que, são sugestões que dão uma orientação inicial, sendo possível ao

professor “redimensionar” os subtemas de acordo com o “mapa de interesses”. Para

a abordagem das oito unidades, em cada bimestre foram selecionadas quatro

Situações de Aprendizagem, que, segundo os autores “constituem quatro centros

de interesses a serem desenvolvidos com os alunos”, e, algumas dessas Situações,

são constituídas por “formas não usuais de tratamento de temas usuais”, porque

neste currículo há a intenção de propiciar “visões inovadoras” para conteúdos

programáticos já conhecidos.

Entretanto, chamamos a atenção para que mesmo considerando que

caberá ao professor a decisão de quais “centros de interesse” mapeados

conduziram o processo de ensino e aprendizagem a presença de tais Situações de

Aprendizagem no material de apoio denominado Caderno do Aluno, poderá ser um

motivo de tensão em sala de aula. Nesse sentido, chamamos a atenção para a

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97

necessidade da destinação de espaços que permitam a (efetiva, consistente e

coerente) reflexão docente nas unidades escolares.

2.3.2 Os Cadernos de Matemática para a 2.ª série do Ensino Médio

De acordo com as orientações gerais, contidas nos cadernos da segunda

série do ensino médio,

Os temas escolhidos para compor o conteúdo disciplinar de cada bimestre não se afastam, de maneira geral, do que é usualmente ensinado nas escolas, ou do que é apresentado pelos livros didáticos. As inovações pretendidas referem-se à forma de abordá-los, sugerida ao longo do Caderno de cada um dos bimestres. Em tal abordagem, busca-se evidenciar os princípios norteadores do presente currículo, destacando-se a contextualização dos conteúdos, as competências pessoais envolvidas, especialmente as relacionadas com a leitura e a escrita matemáticas, bem como os elementos culturais internos e externos a esta disciplina (SÃO PAULO, 2008c, p. 8).

Quanto ao ponto que o conteúdo apresentado nesta série do ensino médio

não está distante do que culturalmente é “ensinado” na escola e proposto em

materiais didáticos de apoio, podemos constatar observando a listagem dos

conteúdos (por bimestre e unidades) a serem desenvolvidos na série em questão:

Primeiro Bimestre: Trigonometria

▪ Unidade 1: Reconhecimento e registro da periodicidade.

▪ Unidade 2: O modelo da circunferência trigonométrica com as medidas de

senos e de cossenos de arcos de 0° a 360°. Arcos côngruos. Arcos

notáveis e simetrias na circunferência.

▪ Unidade 3: Funções trigonométricas: os gráficos das funções y = sen x e

y = cos x. Graus e Radianos. Senos e cossenos de arcos medidos em

radianos.

▪ Unidade 4: Equações e inequações do tipo sen x = m ou cos x = k.

▪ Unidade 5: Funções trigonométricas: gráficos de funções do tipo

y = A + B senC x ou y = A + B cosC x.

▪ Unidade 6: Equações e inequações do tipo A + B cosC x = k.

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98

▪ Unidade 7: Funções trigonométricas: tangente e cotangente na

circunferência. Gráficos de y = tg x e de y = cotg x. Equações do tipo

tg x = m ou cotg x = k.

▪ Unidade 8: Adição de arcos e algumas relações entre as funções

trigonométricas.

Segundo Bimestre: Matrizes, determinantes e sistemas lineares

▪ Unidade 1: Matrizes – apresentação, tipos, igualdade e operações (adição,

subtração e multiplicação por um constante).

▪ Unidade 2: Matrizes – diferentes significados; multiplicação entre duas

matrizes.

▪ Unidade 3: Matrizes – operações e equações matriciais.

▪ Unidade 4: Determinantes – um número associado a uma matriz

quadrada; método de Sarrus.

▪ Unidade 5: Determinantes – método de Laplace.

▪ Unidade 6: Sistemas lineares – resolução por escalonamento.

▪ Unidade 7: Sistemas lineares – discussão de parâmetros.

▪ Unidade 8: Problemas resolvíveis por intermédio de sistemas lineares.

Terceiro Bimestre: Análise combinatória e probabilidade

▪ Unidade 1: Probabilidades em situações que não exigem raciocínio

combinatório – reunião e intersecção de eventos; probabilidade

condicional.

▪ Unidade 2: Combinatória: raciocínios aditivo e multiplicativo.

▪ Unidade 3: Combinatória: agrupamentos ordenados – Arranjos simples.

▪ Unidade 4: Combinatória: agrupamentos não ordenados – Combinações.

▪ Unidade 5 e 6: Probabilidades em situações que exigem aplicação do

raciocínio combinatório.

▪ Unidade 7 e 8: Distribuição binomial de probabilidades: o Binômio de

Newton e Triângulo de Pascal.

Quarto Bimestre: Geometria métrica espacial

▪ Unidade 1: Noções e fatos fundamentais dos prismas – relações métricas,

diagonais e planificação.

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▪ Unidade 2: Superfície e volume de prismas – Princípio de Cavalieri.

▪ Unidade 3: Cilindro: identificação e conceituação. Sólidos de Revolução.

Volume do cilindro.

▪ Unidade 4: Pirâmides: o movimento de elevação – conceituação e

relações métricas.

▪ Unidade 5: Cone: setores circulares preenchendo o espaço – superfície e

volume.

▪ Unidade 6: Estudo da esfera.

▪ Unidade 7: A Terra como objeto de estudo. Fusos horários, coordenadas

geográficas: latitude e longitude.

▪ Unidade 8: Volume e superfície de uma esfera.

De fato, se considerarmos apenas esta relação de unidades temáticas,

observamos que os conteúdos selecionados são os mesmos que encontramos em

muitos livros didáticos, especialmente os destinados às escolas particulares.

Um exemplo de abordagem diferenciada dos conteúdos, nesse currículo,

refere-se ao estudo da Trigonometria. O material-subsídio aponta que o

desenvolvimento de tal temática precisa avançar além de propostas de resolução de

situações-problema que envolvam triângulos retângulos. O avanço considerado,

refere-se à proposta de análise de fenômenos periódicos a fim de expressá-los por

meio da modelagem, como podemos observar na situação a seguir:

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100

O movimento aparente do Sol e o comprimento das sombras [excerto nosso] O mais elementar fenômeno periódico que podemos observar é o movimento aparente do Sol, do nascente ao poente, durante a passagem dos dias do ano. [...]. Vamos imaginar uma experiência em que fôssemos medir o comprimento da sombra de uma estaca durante a passagem de determinado período de tempo, como, por exemplo, dois anos. A figura ilustra aproximadamente essa situação.

[...] O comprimento da sombra da estaca em determinado horário do dia, ao meio-dia, por exemplo, varia durante o ano desde um valor mínimo até um máximo, correspondendo às datas que marcam, respectivamente, o início do inverno (21 de junho) e o do verão (22 de dezembro), denominados solstícios. 1. Imagine o acompanhar do comprimento da sombra da estaca durante dois anos e que tais comprimentos foram registrados em uma tabela. A tarefa agora será imaginar como seria o formato de um gráfico que representasse o comprimento da estaca em função da passagem dos dias do ano, e desenhar aquilo que imaginou para essa situação. Utilize o espaço seguinte para desenhar seu gráfico, assumindo que o comprimento máximo da sombra é 1,0 m, e que o comprimento mínimo é de 0,10 m. [...].

Figura 16. Situação de Aprendizagem 1: O reconhecimento da periodicidade / 2.ª série – volume 1 (SÃO PAULO, 2009b)

A situação apresentada trata de um fenômeno periódico presente no

cotidiano, ou seja, o movimento aparente do sol. A finalidade desta situação, de

acordo com o Caderno, é trabalhar a noção de funções periódicas e as orientações

propõe que a utilização da modelagem matemática. Observamos já nessa primeira

situação uma aproximação com documentos anteriores, tanto no que se refere a

situação contextualizada, indicada já nos PCN, como a própria modelagem

matemática que se aproxima bastante das indicações contidas nas Orientações

Curriculares para o Ensino Médio (BRASIL, 2006, p. 84), Tal proposta sofre

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101

influência de estudos como os de Spinelli (2005) no qual sugere uma série de

“contextos” que possibilitem a aprendizagem de conteúdos matemáticos.

Outra observação é que os Cadernos, do novo currículo do Estado de São

Paulo, não indicam em momento algum momento justificativas para o fato de ter

optado por trabalhar com Matrizes (proposto para o terceiro bimestre), enquanto

documentos como PCNEM e Proposta Curricular (anterior) não priorizaram tal

temática.

Todavia, é importante salientar que, a abordagem para matrizes apresenta

inovações por extrapolar a simples identificação de conceitos e procedimentos,

apresentando situações-problema exemplares contextualizadas, como podemos

observar na atividade transcrita na Figura 15:

Atividade 1

Um proprietário de duas cantinas em escolas diferentes deseja contabilizar o consumo dos seguintes produtos: suco de laranja, água mineral, queijo e presunto. Na cantina da escola A são consumidos, por semana, 40 dúzias de laranja, 140 garrafas de água mineral, 15 quilos de queijo e 9 quilos de presunto. Na cantina B são consumidos semanalmente 50 dúzias de laranja, 120 garrafas de água mineral, 18 quilos de queijo e 10 quilos de presunto. O proprietário das cantinas compra os produtos que revende de dois fornecedores, cujos preços, em R$, são expressos na tabela seguinte:

Produtos Fornecedor 1 Fornecedor 2

1 dúzia de laranja 1,20 1,10

1 garrafa de água mineral 0,80 0,90

1 quilo de queijo 5,00 6,00

1 quilo de presunto 9,00 7,50

Partindo dessas informações, determine:

a) Uma matriz 2x4 em que esteja registrado o consumo dos produtos listados na cantina A e também na cantina B.

b) Uma matriz 4x2 em que estejam registrados os preços praticados pelos fornecedores 1 e 2 para os produtos listados.

c) Uma matriz 2x2 contendo os preços totais cobrados por fornecedor para cada cantina.

d) Quanto o proprietário economizará comprando sempre no fornecedor mais barato, para as duas cantinas.

Figura 15. Situação de Aprendizagem 1: Matrizes: diferentes significados / Multiplicação entre duas matrizes / Caderno do Professor / 2.ª série – segundo bimestre

(SÃO PAULO, 2008c)

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102

Reputamos importante destacar o papel fundamental do professor, visto que a

grande mudança está no fato de ele precisará oferecer tempo suficiente aos alunos,

para que esses possam fazer os cálculos e, só depois, discutir e socializar as

conclusões e soluções. Segundo o Caderno do Professor para o terceiro bimestre da

2.ª série, somente após esta etapa é que se deve apresentar ou introduzir mais

formalmente os procedimentos das operações com matrizes, ou a sistematização

das conclusões, que servirão como sugestão de estratégia para resolver outros

problemas desse tipo.

Ainda nos referindo às inovações pretendidas com a forma de abordagem dos

conteúdos, destacamos, que no trabalho com a resolução de sistemas lineares, o

diferencial está nas vantagens indicadas para o uso do método do escalonamento e

as restrições ao método de Cramer. De acordo com o Caderno do Professor

[...] no método de Cramer o aluno segue uma rotina determinada – montagem e cálculo dos determinantes, seguidos de divisão entre eles –, no método do escalonamento o aluno se vê envolvido em avaliar possibilidades e escolher estratégias, adotando, dessa forma, uma postura que o remete à mobilização de habilidades mais elaboradas e valorizadas na aprendizagem matemática. (SÃO PAULO, 2008c, p. 25)

Vale ressaltar que esta é mais uma indicação que não fazia parte da cultura

escolar.

Outro tema que apresenta uma abordagem diferente das usualmente

propostas é a Análise combinatória. Tradicionalmente as situações-problema,

indicadas para esse tema, são classificadas em grupos permutação, arranjos e

combinações de maneira que, para resolvê-las basta seguir alguns critérios que

poderiam “facilitar a resolução a partir da aplicação de algumas fórmulas de cálculo”

(SÃO PAULO, 2008d, p. 9). Deste modo, os problemas propostos, que aparecem

nos Cadernos do Professor, são desenvolvidos a partir de situações que envolvem

probabilidade. Tal encaminhamento não é de fato uma novidade, posto que, em se

tratando de inovações curriculares, a proposta anterior (1986), já apresentava uma

abordagem semelhante. Para exemplificar, expomos na Figura 16 um problema

sugerido no novo currículo.

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103

Problema 1

Observe a tabela com as quantidades de peças de formatos e cores diferentes que foram colocadas em uma caixa.

Triangulares Circulares Retangulares Total

Brancas 12 10 6 28

Pretas 15 11 7 33

Amarelas 8 9 2 19

Total 35 30 15 80

Sorteando uma das peças dessa caixa, qual é a probabilidade de que ocorra uma peça:

a) triangular?

b) amarela retangular?

c) não circular?

d) não preta?

e) circular não preta?

f) não circular e não preta?

Figura 16. Situação de Aprendizagem 1: Probabilidade e Proporcionalidade: no início era o jogo / Caderno do Professor / 2.ª série – terceiro bimestre (SÃO PAULO, 2008d)

O quarto bimestre da 2.ª série do ensino médio é destinado à aprendizagem

da geometria espacial métrica, por meio do estudo das formas mais comuns

encontradas na natureza e na produção humana. No Caderno para esse bimestre é

sugerido que sejam “resgatadas as propriedades fundamentais das figuras planas,

afinal são elas que compõem as bases, as faces e as seções das figuras espaciais”

(SÃO PAULO, 2008e, p. 9). Isso pois, de acordo com o Caderno, uma das

dificuldades apresentadas pelos alunos nesse tema “é a representação e a

interpretação de figuras tridimensionais desenhadas no plano” (SÃO PAULO, 2008e,

p. 9). Portanto, é proposto que no início de cada Situação de Aprendizagem sejam

realizadas atividades em que ocorra manipulação e exploração de sólidos

geométricos, de modo que, seja favorecido o aprendizado da organização do

conhecimento geométrico: conceitos primitivos, definições, postulados, teoremas.

Para exemplificar, apresentamos (Figura 17, abaixo) a primeira atividade sugerida

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104

para a aplicação da Situação de Aprendizagem 1: Prisma: uma forma de ocupar o

espaço.

Atividade 1

Para o empacotamento de presentes, uma loja dispõe de dois tipos de embalagem de papelão: uma no formato de um paralelepípedo oblíquo (figura A), outra, no de um paralelepípedo reto retângulo (figura B). Considerando os valores dados nas figuras a seguir, calcule em qual formato se gasta menos papelão para sua confecção.

[sugestão de solução sem se efetuar todos os cálculos]

Ao observar os dados do exercício, uma primeira impressão pode sugerir que a área total seja a mesma, pois o paralelepípedo oblíquo poderia ser obtida pela inclinação do paralelepípedo reto. Contudo, na prática, isso não se verifica, pois a face frontal e a de fundo (quadrados), uma vez fechadas, não permitem tal movimento por fixarem o ângulo reto.

Após essa discussão, pode-se destacar que os dois prismas possuem bases iguais e duas faces laterais iguais, sendo suas diferenças dadas pelas faces frontal e de fundo (losango e quadrado). Dessa forma, a decisão sobre o menor consumo de papelão pode recair somente sobre o cálculo da área do quadrado e a do losango. Caso os alunos saibam que entre os paralelogramos de mesmo perímetro, o quadrado é o que determina a maior área, a solução fica possível sem a realização de cálculos.

Figura 17. Situação de Aprendizagem 1: Prisma: uma forma de ocupar o espaço / Caderno do Professor / 2.ª série – quarto bimestre (SÃO PAULO, 2008e)

Observamos, inicialmente, uma abordagem distinta da tradicionalmente

apresentada nos livros didáticos e usada em sala de aula e, segundo o Caderno do

Professor, o objetivo das situações-problema propostas é “explorar o cálculo de

áreas e relações métricas nos prismas em contextos que exijam análises e tomada

de decisões” (SÃO PAULO, 2008e, p. 12).

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105

Outro ponto a salientar para o quarto bimestre, refere-se ao tratamento dado

no estudo dos cilindros, que, segundo as orientações do Cadernos do Professor

(SÃO PAULO, 2008e, p. 21), “podem ser imaginados como uma generalização dos

prismas” e após explorar “as analogias entre cilindros e prismas”, recomenda-se que

o professor aborde “o cilindro como um sólido de revolução, apresentando, assim,

uma nova estrutura de formação de sólidos”.

Em continuidade a nossa explanação sobre o que consideramos cenário de

investigação, na próxima subseção faremos a descrição do curso A Rede Aprende

com a Rede.

2.3.3 O curso A Rede Aprende com a Rede (RAR2008).

O novo currículo para o ensino de matemática da rede de ensino estadual, em

vigor desde 2008, com o título inicial de Proposta Curricular do Estado de São

Paulo: Matemática – Ensino Fundamental - Ciclo II e Ensino Médio, e seu processo

de implementação é o cenário escolhido para essa pesquisa.

A primeira ação de implementação do novo currículo foi lançar um projeto

interdisciplinar, conhecido na rede de ensino estadual como Recuperação

Intensiva,50 desenvolvido nos primeiros quarentas e dois dias letivos do ano de

2008, e cujo objetivo era concretizar e retomar as aprendizagens necessárias para a

implantação da nova Proposta Curricular. Outra finalidade desse projeto foi

apresentar orientações didáticas para sala de aula, que produzissem um “movimento

de ação – reflexão – ação” e que indicasse a consolidação das habilidades de leitura

e produção de textos e as habilidades matemáticas – identificadas como deficientes

de acordo com os resultados do SARESP de 2005. Como materiais de apoio foram

publicados e distribuídos a Revista do Professor e o Jornal do Aluno, que serviram

como referência para essas “novas práticas” e para o planejamento do ano letivo

(SÃO PAULO, 2008h, pp. 4-14).

50

Nesse nosso estudo não analisamos tal projeto.

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106

Para apresentação desse projeto foram realizadas as “Videoconferências de

capacitação” (SÃO PAULO, 2008i), entre os dias 11 e 17 de dezembro de 2007.

Cada Diretor de Escola indicou quatro professores: dois que ensinavam Matemática

(um no Ensino Fundamental II e o outro no Ensino Médio) e dois que lecionavam

Língua Portuguesa (idem). Esses professores receberam orientações que deveriam

ser reproduzidas aos seus pares em suas respectivas escolas. O período de

recuperação intensiva (18 de fevereiro e 30 de março de 2008) foi finalizado com

uma avaliação elaborada de forma centralizada e aplicada em cada turma/série/nível

de ensino de toda rede estadual em um único dia, predeterminado. Logo após esse

período deu-se início à utilização dos materiais e orientações constantes no novo

currículo (documento base e Cadernos dos Professores).

É conveniente ressaltar, porém sem detalhamento, que as formações para

professores só aconteceriam nas próprias unidades escolares, com mediação dos

Professores Coordenadores51 e apoio dos demais gestores,52 os quais receberiam

orientações e formação por intermédio dos Professores Coordenadores de Oficina

Pedagógicas (PCOP)53 da respectiva Diretoria de Ensino (DE). Assim, esse foi um

período em que nenhuma Orientação Técnica (OT)54 (em horário de aula) seria

realizada diretamente com professores, ou seja, os docentes em exercício não mais

seriam convocados para participar de cursos e/ou orientações técnicas

descentralizadas ou centralizadas – as OT poderiam acontecer em HTPC, mediante

solicitação dos gestores. Tal determinação provocou desconforto e críticas, por parte

de um grande número de professores, pois um novo currículo estava sendo

implantado e exigia ações de implementação nas salas de aula e escolas, com

51

“O Professor Coordenador tem, neste momento, seu grande desafio: anunciar a Proposta, esclarecer seus fundamentos e princípios, conduzir a reflexão da comunidade escolar e organizar o planejamento da escola com base na Proposta. [...] O Professor Coordenador deve assumir sua função como protagonista dessa implantação em parceria com os diretores da sua escola” (SÃO PAULO, 2008f, p. 6).

52 Conforme Caderno do Gestor - volume 1, na carta de apresentação da então Secretária da Educação do Estado de São Paulo, Maria Helena Guimarães de Castro: “Caberá a vocês [gestores] a divulgação e a implantação em suas escolas da Proposta Curricular” (Ibid., p. 3).

53 Em 1987 são implantadas as Oficinas Pedagógicas, ligadas às Diretorias de Ensino, integradas

por docentes habilitados nos diferentes componentes curriculares responsáveis pela formação continuada, ou orientações, destinadas aos professores em exercício.

54 Reunião ou ação articulada, cujo objetivo é subsidiar a atuação profissional na implementação de

diretrizes, procedimentos técnico-administrativo e técnico-pedagógicos e curriculares da educação básica.

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107

prescrições de novas atitudes didáticas, que não haviam sido discutidas nem

estudadas pelos professores, para nós, seus protagonistas.

É importante salientar que tal fato contraria um dado que consta na carta de

apresentação, inserida nas primeiras páginas do documento base: “Lembramos,

ainda, que apesar de o currículo ter sido apresentado e discutido em toda a rede, ele

está em constante evolução e aperfeiçoamento” (SÃO PAULO, 2008a, p. 5).

Naquele momento observamos no cotidiano das escolas que muitos professores

mesmo reconhecendo a importância e qualidade da Proposta, viram-na como mais

um quadro de conteúdos ou uma lista de obrigações a ser seguida. Especialmente

porque, tal situação não foi acompanhada com orientação, formação,

direcionamento, adequados, exceto os divulgados nas mídias para a população em

geral e com cobranças: “O sucesso desse projeto deve estar refletido na

aprendizagem dos alunos, uma vez que é ela que representa a qualidade do ensino

oferecido pela escola” (SÃO PAULO, 2008f, p. 35).

Consideramos que tais expectativas ainda estão distantes da realidade da

sala de aula e da escola, o que pode ser evidenciado nos resultados observados nas

avaliações em larga escala ocorridas no período (caso do SARESP de 2008 e

2009). Um dos fatores apontado pelos professores como responsável por essa

ocorrência, é o pouco repertório que os alunos apresentam frente às necessidades

de aprendizagem para se utilizar à nova (re)organização curricular (anunciada nas

escolas como um currículo mínimo a ser desenvolvido e que alguns denominam de

apostila, cartilha, a ser seguida), o que, para nós, indica não ter sido suficiente o

período inicial de recuperação intensiva.

Como ação (e única em 2008) de formação continuada dos docentes PEB-II

da rede estadual de ensino de São Paulo, a SEE-SP, por intermédio da CENP,

promoveu o curso A Rede Aprende com a Rede (RAR2008) cujo objetivo era

possibilitar aos professores aprofundamento dos conceitos e teorias que norteiam as

Propostas Curriculares de cada disciplina, bem como as metodologias indicadas nos

materiais de apoio aos professores.

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108

Embora essa ação tenha previsto a certificação dos docentes e o atendimento

de todas as escolas, a participação foi restrita a um único docente de cada

segmento de ensino por escola, com exceção daquelas que apresentaram o Índice

de Desenvolvimento da Educação do Estado de São Paulo (IDESP)55 de 2007

abaixo da média estadual. As turmas foram compostas por um número diferente de

professores, conforme a quantidade de escolas sob a jurisdição de cada uma das 91

Diretorias de Ensino do estado. As inscrições para o curso aconteceram no período

de 5 a 18 de setembro de 2008 e a partir da segunda quinzena desse mês até o mês

de dezembro desse mesmo ano, foram realizadas as atividades do curso, que foi

estruturado em dois grupos: professores e mediadores.

O grupo dos professores foi organizado em turmas por Diretoria de Ensino,

por disciplina e por segmento de ensino (Fundamental II e Médio), sendo os PCOP

das respectivas DE os mediadores dessas turmas. De acordo com dados do curso,

há registro de 1729 turmas formadas com mais de 47 mil professores inscritos (SÃO

PAULO, RAR2008: Inscritos).

55

Em 2007, a SEE-SP criou um indicador de desempenho, semelhante ao IDEB do Governo Federal, implementado a partir de 2008, com o objetivo de diagnosticar a situação atual das escolas estaduais paulistas “no que tange à qualidade da educação” e “estabelecer metas para a melhoria desta qualidade”. Para o cálculo do IDESP (Índice de Desenvolvimento da Educação do Estado de São Paulo), são utilizados dois quesitos: o desempenho dos alunos no Saresp* (distribuídos nos quatro níveis de proficiência: abaixo do básico, básico, adequado e avançado) e o fluxo escolar (taxas de aprovação) (SÃO PAULO, 2008f, p. 31). “O Idesp tem o papel de dialogar com a escola, fornecendo um diagnóstico de sua qualidade, apontando os pontos em que precisa melhorar e sinalizando sua evolução ano a ano” (Id., 2008i).

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109

Figura 18. RAR2008: Estrutura do curso.

O curso RAR2008 (ver Figura 16), foi organizado em quatro módulos, cada

um subdividido em três atividades – Videoaula, Fórum e Videoconferência – e um

Trabalho Final. É importante destacar que as atividades e o cronograma de cada

módulo eram diferentes para cada disciplina/segmento de ensino. Para certificação

dos professores foram adotados dois critérios: participação/freqüência de no mínimo

80% nas atividades (Videoaula e Fórum) e conceito satisfatório no Trabalho Final

(SÃO PAULO, RAR2008: Critérios de Certificação). Faremos a seguir uma breve

descrição de cada uma dessas atividades e seus objetivos.

As videoaulas (ilustração do ícone ver Figura 19) eram consideradas, pelos

responsáveis pelo curso, “parte fundamental do curso”, porque “Será através dos

PCOP

mediadores regionais PROFESSORES

Videoaula (VA)

Fórum

Videoconferência (VC)

Trabalho Final

2 Grupos

4 módulos

(por Disciplina/Segmento de Ensino)

Especia

lista

da C

EN

P

me

dia

dore

s c

entr

ais

Auto

res

A REDE APRENDE COM A REDE

SEE/SP – CENP

set.-dez./2008

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110

temas e questões apresentadas nas videoaulas que se darão as discussões nos

fóruns de cada disciplina” (SÃO PAULO, RAR2008: Videoaulas).

Figura 19. Logo das Videoaulas de Matemática

Com o propósito de abrir o debate acerca das videoaulas havia o Fórum de

Discussão (ilustração do ícone ver Figura 20), a segunda atividade de cada módulo,

exclusivo para cada disciplina, segmento e videoaula, o qual era considerado como:

uma importante ferramenta de interação entre os participantes do curso [...] Após assistir à videoaula, o professor participará da discussão postando suas mensagens a partir dos temas propostos em cada fórum com seus colegas de turma e com coordenação do mediador. Já o mediador terá também a possibilidade de postar, em um fórum específico para esta finalidade, questões e temas que gostaria de discutir com os especialistas em videoconferências (SÃO PAULO, RAR2008: Fórum).

Figura 20. Logo do Fórum de Matemática

A terceira atividade de cada módulo, a Videoconferência, era um espaço

destinado à interação entre os mediadores do curso (PCOP e especialistas da

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111

CENP) e os autores,56 elaboradas mediante as informações, dúvidas e reflexões

discutidas entre os professores no fórum de cada turma (SÃO PAULO, RAR2008:

Videoconferências).

Quanto às Videoaulas (VA), para as turmas de Matemática/Ensino Médio –

foco do nosso estudo –, os temas e os especialistas (autores) responsáveis foram

assim distribuídos:

VA1: Prof. Nilson José Machado – 3.ª série (Plano de Descartes; Equações

Algébricas; Grandezas, Funções, Interdependências; Estatística).

VA2: Prof. Walter Spinelli – 2.ª série (Trigonometria; Matrizes; Combinatória

e Probabilidade; Geometria).

VA3: Prof. José Luiz Pastore – 1.ª série (Seqüências Numéricas; Função

Polinomial; Função Exponencial e Logarítmica; Gráficos e Aplicações;

Introdução à Trigonometria).

VA4: Prof. José Nilson Machado – geral (Tudo é tratamento da informação;

Interdisciplinaridade interna; Foco nas idéias fundamentais;

Contextualização imaginação; Mapas e escalas).

A última atividade, após os quatro módulos, foi o Trabalho Final, submetido

por intermédio de um formulário on-line. Cada mediador (PCOP) avaliou os

trabalhos dos professores-cursistas de sua turma (o trabalho final destes

mediadores foram avaliados pelo especialista da CENP). Consideramos importante

ressaltar que em nosso estudo não objetivamos analisar o curso em referência,

apenas destacar alguns pontos que entendemos serem relevantes para nosso

cenário de investigação.

Para a turma de Matemática/Ensino Médio/Santo André, de acordo com seu

banco de dados, há registro de 52 professores inscritos, 27 destes com participação

efetiva nas atividades referentes às videoaulas e nos seus fóruns de discussão.

56

Os professores não participavam das VC.

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112

Outro elemento essencial de nosso cenário, já mencionado anteriormente, é a

demarcação geográfica escolhida: o Ensino Médio, que conduz o enredo de

construção de nossa pesquisa,. Tal foco decorre de muitos motivos, entre eles

porque o novo currículo propõe orientações inovadoras para este nível de ensino,

sugerindo mudanças metodológicas e conceituais no processo de ensino, que

exigem do professor uma nova atitude, uma nova aprendizagem, até mesmo uma

mudança de paradigmas. Outra razão provém dos baixos índices de rendimento

escolar dos alunos dessa etapa de escolarização, apontados nas avaliações em

larga escala: Sistema de Avaliação de Rendimento Escolar do Estado de São Paulo

(SARESP)57 e Programa Internacional de Avaliação Comparada (PISA), como

também nas avaliações internas das unidades escolares.

57

Os resultados do SARESP de 2005 foram um dos motivadores na discussão e elaboração do novo currículo. (Cf. Caderno de Memórias do Seminário Estadual ocorrido em 2006(GARCIA SILVA et al., 2006).

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113

3 FUNDAMENTOS TEÓRICOS

A educação tem sido foco de maior atenção por todo o mundo, como

consequência das mudanças sociais, econômicas e culturais ocorridas nas últimas

décadas. Isso tem motivado o interesse mundial pelo aprimoramento da qualidade e

da igualdade educacionais. Esse interesse tem se concretizado em reformas

educativas, desencadeadas em vários países, o que para Zeichner (2003, p. 36)

“alberga um apelo para que se altere o tipo de ensino habitual nas salas de aulas”.

Esse contexto tem favorecido extensos debates a respeito da atuação

docente, e, em decorrência, o papel e a responsabilidade do professor se ampliam,

porque entendemos o professor como um dos sujeitos dos processos de ensino e de

aprendizagem, pois o sucesso da implementação de uma reforma educacional está

diretamente relacionada à prática docente. Diante dessa realidade, segundo

Sacristán (1999), a formação docente tem se constituído em uma “pedra angular”

indispensável a todo projeto de reforma58 educacional. Entendemos, assim, a

importância que a temática formação de professores vem adquirindo nas últimas

décadas e como no “processo de formação o professor se prepara para dar conta do

conjunto de atividades pressupostas ao seu campo profissional” (ALMEIDA, 2005, p.

3).

De acordo com o Relatório Final da Comissão Especial para desenvolvimento

de estudos sobre a formação dos profissionais da Educação no Estado de São

Paulo,

Pensar a formação docente significa tomá-la como um continuum e entender que ela é também autoformação, uma vez que os professores reelaboram os saberes iniciais em confronto com suas experiências práticas, cotidianamente vivenciadas nos contextos escolares. É nesse confronto e em um processo coletivo de troca de experiências e práticas que os professores vão constituindo seus saberes, refletindo na e sobre a prática, conforme elaboram, efetivam e avaliam a proposta pedagógica de suas escolas em clima de gestão democrática (RELATÓRIO Final da Comissão Especial para desenvolvimento de estudos sobre a Formação dos profissionais da Educação no Estado de São Paulo,1999, p. 64).

58

Reforma ou Renovação ou Inovação.

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114

Tendo em vista tais argumentações, escolhemos a formação profissional

docente como foco principal de nossa investigação, e nos propusemos a analisar as

percepções que professores de Matemática no Ensino Médio têm acerca dos

processos de ensino e aprendizagem em um cenário de implementação curricular,

bem como investigar as implicações que estas trazem ao processo de formação

continuada docente.

Para fundamentar nossa análise, nesta seção, faremos uma discussão sobre

formação e desenvolvimento profissional docente, por intermédio de aproximações

conceptuais mediante alguns estudos já realizados ou em desenvolvimento.

Também discorreremos sobre o currículo e os processos de mudança. Nossa

fundamentação teórica baseia-se principalmente nos estudos de Hargreaves (1998,

2004), Imbernón (2006), Nóvoa (1992), Pimenta (2005), Ponte (1994, 1995, 1997,

1998), Schön (1983), Shulman (1986, 1987), Tardif (2000, 2002), Zeichner (1993,

2003).

3.1 FORMAÇÃO E SABERES DO PROFESSOR

Nas formulações de propostas tanto para a formação inicial como continuada

de professores de Matemática, o grande debate se dá sobre a primazia dos saberes

que precisariam ser desenvolvidos pelos professores: os relacionados aos

conteúdos ou aos pedagógicos.

Historicamente, os cursos de formação inicial propunham uma organização

curricular conhecida como “3+1”, ou seja, três anos dedicados aos saberes

matemáticos e um ano destinado aos saberes pedagógicos. Vale salientar que tais

saberes matemáticos oferecidos aos futuros professores se distanciavam daqueles

que os docentes utilizariam para lecionar na Educação Básica. Entretanto, quando

os saberes pedagógicos eram colocados, surgiam com um caráter mais geral,

apresentando nada, ou muito pouco, do que se discute acerca dos processos de

ensino e aprendizagem na Educação Matemática.

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115

Nas últimas décadas, diferentes estudos fornecem contribuições importantes

para a reflexão sobre as questões relacionadas aos saberes do professor. Sztajn

(2002) apresenta uma revisão da literatura americana dos anos 90 sobre o saber

disciplinar do professor de Matemática e indica o trabalho de Shulman (1986) como

um dos mais relevantes. Esse trabalho, segundo a autora, “impulsionou tanto os

estudos sobre a eficácia do professor como aqueles acerca dos processos de

pensamento do docente ao considerar a questão disciplinar e os aspectos

particulares do ensino de uma disciplina específica” (SZTAJN, 2002, p. 20).

Estudos como os de Shulman59 (1983, 1986, 1987), de acordo com Garcia

Silva (2007, p. 59-60), buscam os saberes que servem de base para formação e

atuação docente. Shulman desde 1983, chama a atenção para o que ele identificou

como o “paradigma perdido”60 – o conhecimento do conteúdo –, enfatizando que o

domínio deste é imprescindível para o ensino de toda e qualquer disciplina.

Shulman (1986a, p. 375, tradução nossa), partindo da constatação de que as

pesquisas ignoravam o conteúdo específico lecionado e não investigavam “como o

conteúdo específico de uma área de conhecimento era transformado a partir do

conhecimento que o professor tinha em conhecimento de ensino”, questionou: “o

que os bons professores fazem que os distingue dos professores comuns?”. Para

ele, o professor deve possuir três categorias de saberes relacionadas ao domínio do

conteúdo, essenciais para sua profissão: o conhecimento do conteúdo, o

conhecimento pedagógico do conteúdo e o conhecimento curricular.

59

Lee Shulman, educador americano, atualmente professor de Educação na Universidade de Stanford, dedica-se a investigar questões relacionadas às práticas dos professores. Foi eleito

“Fellow of The American Academy of Arts and Sciences” Sócio-companheiro da Academia Americana de Artes e Ciências, em 2002. E foi o vencedor do Prêmio Grawemeyer, em 2006.

60 Na metade dos anos 70, muitas pesquisas julgavam que a atuação dos professores era

exclusivamente em termos comportamentais, ou seja, o ensino ainda era considerado, nas investigações, como uma atividade genérica mais do que relacionada ao que estava sendo ensinado, por quem, para quem e para qual nível de escolarização. Assim, em 1983 o autor reputa que já era tempo de introduzir um novo paradigma de pesquisa. Em 1983, após a mudança para a Stanford University, Shulman observou que ainda permanecia um paradigma perdido no estudo do ensino: o conteúdo, o que era ensinado nos diferentes componentes curriculares, os conteúdos escolares relacionados a grandes áreas do conhecimento humano.

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116

Para explicitar melhor, na Figura 21 (abaixo), apresentamos a classificação da

base do conhecimento para o ensino, ou, ainda, os três tipos de conhecimentos que

os docentes devem possuir, adotados pelo autor.

Conhecimento do conteúdo

(subject knowledge matter)

▪ ou conteúdos específicos da matéria que o professor leciona. Incluem tanto as compreensões de fatos, conceitos, processos, procedimentos etc. de uma área específica de conhecimento quanto aquelas relativas à construção dessa área.

Conhecimento

pedagógico do conteúdo

(pedagogical knowledge matter)

▪ é construído constantemente pelo professor ao ensinar a matéria e que é enriquecido e melhorado quando se amalgamam

61 os outros tipos de

conhecimentos explicitados na base.

Conhecimento curricular

(curricular knowledge)

▪ é o conhecimento sobre as alternativas curriculares possíveis para o ensino, ou seja, é o conhecimento dos materiais curriculares alternativos para um determinado conteúdo (ou tópico), que inclui conhecimentos de teorias e princípios relacionados ao processo de ensino e aprendizagem.

Figura 21. Base do conhecimento profissional docente (SHULMAN, 1986).

De acordo com Garcia Silva (2007), com base em Shulman, é o conjunto dos

conhecimentos do conteúdo e curricular, conectados ao conhecimento pedagógico

do conteúdo, que distingue os que “sabem a disciplina dos que são capazes de

ensiná-la”. E, dentre estas categorias, é o conhecimento pedagógico do conteúdo

que as pesquisas, que discutem a prática docente, tem dado maior destaque, isso

pois, segundo Shulman, este conhecimento

[...] incorpora os aspectos do conteúdo mais relevantes para serem ensinados. Dentro da categoria de conhecimento pedagógico do conteúdo eu incluo, para a maioria dos tópicos regularmente ensinados em uma área específica de conhecimento, as maneiras mais úteis de representações de tais idéias: as analogias mais poderosas, ilustrações, exemplos, explicações e demonstrações, [...].as concepções e pré concepções que estudantes de diferentes idades e repertórios trazem para as situações de aprendizagem (SHULMAN, 1986b, p. 9, tradução nossa).

61

De acordo com dicionário Miniaurélio século XXI escolar (2001, p. 36), o verbo amalgamar significa “2. Mesclar (1); Mesclar-se” e, complementando, o substantivo amálgama, “2. Fig. Mistura de elementos diversos que contribuem para formar um todo”. Verbo mesclar: (1) Misturar, ligar, amalgamar.

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Consideramos, assim com Garcia Silva (2007, p. 61), que esta categoria de

conhecimento é de “fundamental importância nos processos de aprendizagem, posto

ser ele o único conhecimento em que o professor é o verdadeiro protagonista”.

Tal temática também foi discutida no trabalho de Maurice Tardif,62 que com

Lessard e Lahaye adotou a ideia de saber docente a partir do artigo “Os professores

face ao saber: esboço de uma problemática do saber docente” (TARDIF et al.,

1991). Esse autor afirma que os futuros professores, antes mesmo de ministrarem

suas aulas, experimentaram “lições” no seu futuro local de trabalho, mas, mesmo

antes de lecionar, o professor vivencia, por pelo menos 12 anos, o cotidiano escolar,

tornando-se essa uma primeira dimensão formadora.

Tardif (2002) procurou identificar e classificar os saberes dos professores,

mostrando suas fontes de aquisição e como isso se incorpora ao trabalho docente,

além da natureza social do saber profissional (ver Figura 22).

Saberes dos professores Fontes de aquisição

Modos de integração no trabalho docente

Saberes pessoais A família, o ambiente de vida, a educação no sentido lato etc.

Pela história de vida e pela socialização primária.

Saberes provenientes da formação escolar anterior

A escola primária e secundária, os estudos pós-secundários não especializados etc.

Pela formação e pela socialização pré-profissionais.

Saberes provenientes da formação profissional para o magistério

Os estabelecimentos de formação de professores, os estágios, os cursos de reciclagem, etc.

Pela formação e pela socialização profissionais nas instituições de formação de professores.

Saberes provenientes dos programas e livros didáticos usados no trabalho

A utilização das “ferramentas” dos professores: programas, livros didáticos, cadernos de exercícios, fichas etc.

Pela utilização das “ferramentas” de trabalho e sua adaptação às tarefas.

Saberes provenientes de sua própria experiência na profissão, na sala de aula e na escola.

A prática do ofício na escola e na sala de aula, a experiência dos pares etc.

Pela prática do trabalho e pela socialização profissional.

Figura 22. Saberes dos professores (TARDIF, 2002).

62

Maurice Tardif é pesquisador e diretor do Centre de Recherche Interuniversitaire sur la Formation et al Profession Enseignante (CRIFPE), da Université Laval, Quebec, Canadá.

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É importante salientar que, como Tardif (2002), acreditamos que o

conhecimento profissional docente não se restringe ao conhecimento sobre o tema a

ser trabalhado (saberes da disciplina e/ou saberes curriculares), uma vez que o

saber docente envolve outros saberes, dos quais destacamos a importância dos

saberes da experiência que

[...] passarão a ser reconhecidos a partir do momento em que o(a)s professore(a)s manifestarem suas próprias ideias sobre os saberes curriculares, das disciplinas e, sobretudo, sobre sua própria formação profissional (TARDIF, 2002, p. 232).

Entendemos que esses saberes têm relação direta com a profissão docente e

com a formação de professores. Concordamos com Imbernón quando afirma:

A profissão docente comporta um conhecimento pedagógico específico, um compromisso ético e moral e a necessidade de dividir a responsabilidade com outros agentes sociais, já que exerce influência sobre outros seres humanos e, portanto, não pode nem deve ser uma profissão meramente técnica de “especialistas infalíveis” que transmitem unicamente conhecimentos acadêmicos (IMBERNÓN, 2006, p. 29).

Por consequência, segundo esse autor, a formação docente

[...] deveria dotar o professor de instrumentos intelectuais que possam auxiliar o conhecimento e interpretação das situações complexas com que se depara. Por outro lado, deveria envolver os professores em tarefas de formação comunitária para dar à educação escolarizada a dimensão de vínculo entre o saber intelectual e a realidade social, com a qual deve manter estreitas relações (IMBERNÓN, 2006, p. 42).

Portanto, assim como Imbernón, entendemos que a formação de professores

deve aproximar-se da prática educativa, e consequentemente essa aproximação

possibilitará fazer

[...] com que o conhecimento profissional se enriqueça com outros âmbitos: moral e ético, além de permitir que se fomente a análise e a reflexão sobre a prática educativa, tentando uma recomposição deliberativa dos esquemas, concepções e crenças que o conhecimento pedagógico tem sobre o ensino e a aprendizagem (IMBERNÓN, 2006, p. 114).

A partir dos anos 1990, segundo Pimenta (2005) a expressão professor

reflexivo propagou-se na esfera educacional, sob influência da teoria de Donald

Schön (1983), que, segundo Pimenta (2005, p. 19), se baseou na epistemologia da

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prática, ou seja, na valorização da prática profissional como momento de construção

de conhecimento (DEWEY, 1952) e no reconhecimento do conhecimento tácito63

(LURIA, 1988, e POLANYI, 1966), presente na solução que os profissionais

encontram na ação. Schön propõe uma formação profissional diferente, que

possibilite uma prática reflexiva, mediante a qual esses profissionais poderão

extrapolar os conhecimentos elaborados pela ciência – por sua complexidade – e

fornecer respostas às situações de incerteza e indefinição, que emergem no dia a

dia, em que as respostas técnicas podem não ser suficientes.

Em resumo, a teoria de Schön – fundamentada na reflexão do profissional

sobre a sua prática – pressupõe essencialmente o conhecimento na ação e o

conhecimento na experiência, considerando três dimensões da reflexão: reflexão na

ação, reflexão sobre a ação e reflexão sobre a reflexão na ação. Assim, a prática

profissional reflexiva propiciaria um momento de construção de conhecimento.

Segundo Pimenta (2005), as ideias de Schön foram rapidamente apropriadas

e ampliadas em vários países,

[...] num contexto de reformas curriculares nas quais se questionava a formação de professores numa perspectiva técnica e a necessidade de se formar profissionais capazes de ensinar em situações singulares, instáveis, incertas, carregadas de conflitos e de dilemas, que caracteriza o ensino como prática social em contextos historicamente situados (PIMENTA, 2005, p. 20-21).

Portanto, os professores, seus saberes e sua formação, precisariam ter papel de

sujeitos participantes nas reformas curriculares, o que, de acordo com Pimenta

(2005, p. 21), deveria ser “requisito imprescindível no sucesso da implantação de

mudanças”.

3.2 FORMAÇÃO DE PROFESSORES, OS CURRÍCULOS E OS PROCESSOS DE

MUDANÇA

63

“Conhecimento tácito é aquele que o indivíduo adquiriu ao longo da vida, que está na cabeça das pessoas. É difícil de ser formalizado ou explicitado a outra pessoa, pois é subjetivo e inerente às habilidades de uma pessoa, como „know-how‟. A palavra tácito vem do latim tacitus, que significa „não expresso por palavras‟. É o conhecimento na ação” (apontamentos de aula).

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No decorrer do processo de elaboração de nosso projeto de pesquisa

algumas inquietações emergiram no tocante ao papel do professor que ensina

Matemática em face dos temas desenvolvimento profissional docente, currículos e

processos de mudança. Traremos, posteriormente, à discussão essas

preocupações, apresentando algumas pesquisas que abordam esses assuntos os

quais compreendemos como interdependentes, mas que nem sempre se encontram

associados. Todavia, consideramos que são coadjuvantes fundamentais para a

temática principal de nossa investigação: a formação de professores,

especificamente a formação continuada do professor que ensina Matemática no

Ensino Médio.

Na discussão sobre a formação profissional docente, concordamos com

Pietropaolo (2002), quando afirma que essa

[...] pressupõe, certamente, discutir os currículos de Matemática prescritos para a escola básica. Embora esses dois temas mantenham estreitas relações entre si, nem sempre eles têm sido discutidos de forma articulada, o que, em certo sentido, ajuda a explicar a dificuldade de implementação de propostas curriculares quando não se leva em conta que tipo de formação, que tipo de experiência têm os professores que vão colocá-las em prática. Por outro lado, a falta de clareza do tipo de profissional que se deseja formar para atender às novas demandas pode explicar as dificuldades encontradas para desenvolver projetos mais consistentes de formação de professores (PIETROPAOLO, 2002, p. 34).

Além do tipo de formação, acrescenta-se a questão: será que é possível

implementar um novo currículo sem antes mudar as crenças e concepções do

professor, ou será que as inovações curriculares podem favorecer a reflexão e,

portanto, tal mudança? Qual a relação entre professor, implementação curricular,

processos de ensino e de aprendizagem, formação e desenvolvimento profissional

docente?

Estudos como os de García (1999) mostram a inter-relação entre inovações

curriculares e a necessidade de resultados positivos em sua implementação, para

que realmente aconteçam mudanças relacionadas às questões associadas aos

processos de ensino e de aprendizagem. Segundo esse autor,

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121

Guskey (1986) oferece-nos sua proposta de modelo de mudança do professor, que parte do princípio de que as crenças e atitudes dos professores só se modificam na medida em que os docentes percebam resultados positivos na aprendizagem dos alunos (GARCÍA, 1999, p. 20).

Para Zeichner (2003, p. 38), “só ocorrerão mudanças qualitativas na prática

de sala de aula quando os professores compreenderem e aceitarem” as reformas

educacionais como suas. Segundo este autor, “Anunciar ou mesmo exigir mudanças

na educação não alterará o que se passa nas salas de aula e nas escolas enquanto

os educadores oferecerem resistência e subverterem essas mudanças” (ZEICHNER,

2003, p. 38).

Isso porque “o desenvolvimento profissional pode ser transformado em um

controlo burocrático”, decorrente das “muitas estratégias administrativas de

mudança”, que “só se limitam a fragilizar os próprios desejos dos professores

relativamente ao ensino” e “ameaçam o próprio desejo de ensinar”, ou mais, “elas

retiram a paixão ao ensino” (HARGREAVES, 1998, p. 3).

Concordamos com esse autor, para quem

[...] o envolvimento dos docentes no processo de mudança educativa é vital para o seu sucesso, especialmente se a mudança é complexa e se espera que afecte muitos locais, durante longos períodos de tempo. Se desejamos que este envolvimento seja significativo e produtivo, então ele deve representar mais do que a simples aquisição de novos conhecimentos sobre conteúdos curriculares ou de novas técnicas de ensino. Os professores não são apenas aprendizes técnicos: são também aprendizes sociais

64

(HARGREAVES, 1998, p. 12).

De modo geral, em todo o mundo existem enormes discrepâncias e

incoerências entre a “retórica da educação democrática e centrada no aluno”, a qual

norteia os sistemas educacionais contemporâneos, e a maneira pela qual a

formação de professores é conduzida (ZEICHNER, 2003, p. 40).

Para Imbernón (2006), diante desse contexto, o magistério se tornou

complexo e diversificado, e a profissão docente

64

“Uma das ironias das reformas educativas contemporâneas é que os defensores de uma abordagem experiencial socialmente fundamentada à aprendizagem das crianças responsabilizam frequentemente os professores pelo respeito para com o carácter social de tal aprendizagem, mas não veem que os próprios professores são aprendizes sociais” (nota do autor).

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[...] já não é a transmissão de um conhecimento acadêmico ou a transformação do conhecimento comum do aluno em um conhecimento acadêmico. A profissão exerce outras funções: motivação, luta contra a exclusão social, participação, animação de grupos, relações com estruturas sociais, com a comunidade... E é claro que tudo isso requer uma nova formação: inicial e permanente (IMBERNÓN, 2006, p.14).

Esse mesmo autor salienta a importância do desenvolvimento de uma

formação com foco tanto nas atitudes como nos conteúdos; considera ainda que as

inovações precisam procurar tratar de “resolver situações problemáticas gerais ou

específicas relacionadas ao ensino em seu contexto” (IMBERNÓN, 2006, p. 17), e

que o papel do docente não pode se restringir a

[...] ser um técnico que desenvolve ou implementa inovações prescritas, mas deveria converter-se em um profissional que deve participar ativa e criticamente no verdadeiro processo de inovação e mudança, a partir de e em seu próprio contexto, em um processo dinâmico e flexível (IMBERNÓN, 2006, p. 23).

Outras pesquisas defendem ideias semelhantes, das quais compartilhamos.

Zeichner (2003) defende uma prática docente crítico-reflexiva, ou seja, considera

que o professor não pode ser considerado somente um “técnico eficiente” que

implementará ou obedecerá orientações concebidas por outros. Para esse autor, o

papel do professor deve ser ampliado e, ao reduzir a participação docente nos

processos de reforma a ditas como centradas nos alunos , causa a resistência às

mudanças e a insubordinação por parte daqueles que deveriam “dar vida ao

currículo”.

Estudos como o de Pires (2007) apontam que o mesmo ocorre em nosso

país. A autora afirma que:

[...] historicamente, uma das marcas das políticas públicas brasileiras no que se refere a questões curriculares é, sem dúvida, a falta de ações de implementação curricular, como se novas ideias se transformassem em prática num passe de mágica. Além da ausência de ações de implementação, outra marca é a falta de acompanhamento/avaliação das inovações propostas, o que não permite fazer um “julgamento” adequado, contabilizando acertos e erros (PIRES, 2007, p. 9).

Nesse sentido, uma consideração importante a salientar é a de Hargreaves

(2004, p. 194-195), que sustenta existirem modos mais reflexivos e questionadores

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de formação, além das “seitas de treinamento para o desempenho” (HARGREAVES,

2004, p. 194-195). Ideia compartilhada por Pimenta, que reputa a formação docente,

especificamente a formação contínua, como aquela que “não se reduz a treinamento

ou capacitação”, e que “ultrapassa a compreensão que se tinha de educação

permanente” (PIMENTA, 2005, p. 21-22).

Outro aspecto a considerar na relação entre formação de professores,

currículos e os processos de mudança é apontado nos estudos de Grando et al.

(2009):

Geralmente, tanto as inovações curriculares quanto os processos de formação docente não tomam como ponto de partida e de chegada a cultura escolar vigente, as condições da docência nas escolas e a complexidade do trabalho pedagógico. Essa é, em nossa opinião, a principal razão pela qual as reformas curriculares não têm conseguido promover as transformações esperadas (GRANDO et al., 2009, p. 280).

Assim, consideramos ser necessária a valorização da pesquisa e da prática

na formação de professores (inicial e/ou continuada) para favorecer o sucesso das

mudanças propostas no âmbito do currículo.

3.3 FORMAÇÃO E DESENVOLVIMENTO PROFISSIONAL DO PROFESSOR: O

QUE DIZEM AS PESQUISAS

Os termos aperfeiçoamento, formação em serviço, formação contínua ou

continuada, reciclagem, capacitação, desenvolvimento profissional ou

desenvolvimento de professores foram, durante algum tempo, utilizados como

conceitos análogos. Pesquisadores como Borges (1998) e García (1999) procuraram

fornecer uma reflexão sobre algumas dessas terminologias. Em nosso trabalho

assumimos o uso das expressões formação e desenvolvimento profissional de

professores, considerando, contudo a existência de uma aproximação entre as suas

noções sem, porém, serem noções equivalentes (PONTE, 1995, p. 2-3).

Descartamos, portanto, o uso dos termos reciclagem e capacitação.

Entretanto, antes de qualquer coisa, quem é o professor, qual a sua função?

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124

Entendemos o professor como agente de seu próprio conhecimento, de modo

que a necessidade de estar em permanente formação deve partir dele, porque a

concepção de desenvolvimento profissional se baseia nesse pressuposto, conforme

Ponte (1994, p. 2), que sustenta: “o desenvolvimento profissional é assim uma

perspectiva em que se atribui ao próprio professor o papel de sujeito fundamental”.

De acordo com Ponte (1994, p. 1-2), há os que veem o professor como um

técnico, que tem por função transmitir informação e avaliar a aprendizagem de seus

alunos; outros o definem como um ator, que desempenha suas tarefas de acordo

com as suas crenças e concepções; e outros explicam o professor como um

profissional, que busca resolver problemas com os quais se depara, que “se move

em circunstâncias muito complexas e contraditórias”, o qual é preciso valorizar,

respeitar e conhecer melhor. Em nosso estudo consideramos esta última afirmação.

Todavia, não podemos deixar de observar que “nestas circunstâncias” há

necessidade de levar em conta as crenças e concepções que muitas vezes

direcionam o trabalho pedagógico do professor.

Assim, mesmo considerando tal complexidade, autores como Nóvoa (2010, p.

8-9)65 descrevem habilidades e competências próprias da atividade docente.

Segundo o autor, o trabalho docente nas sociedades contemporâneas “consiste na

construção de práticas docentes que conduzam os alunos à aprendizagem” e para

tal o professor deve

▪ ter o conhecimento daquilo que ensina;

▪ adotar uma cultura profissional, na qual “ser professor é compreender os

sentidos da instituição escolar” e “integrar-se numa profissão”;

▪ desenvolver um tato pedagógico, que é a “capacidade de relação e de

comunicação sem a qual não se cumpre o ato de educar”;

▪ realizar o trabalho em equipe, pois “os novos modos de profissionalidade

docente implicam um reforço das dimensões coletivas e colaborativas, [...]

da intervenção conjunta nos projetos educativos da escola”;

65

Entrevista cedida a Paulo de Camargo e publicada na Revista Educação, fev. 2010.

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▪ assumir um compromisso social, porque “a realidade da escola obriga-

nos a ir além da escola [e] comunicar com o público, intervir na sociedade,

faz parte do ethos profissional docente”.

Quanto à conceituação de desenvolvimento profissional docente, fazemos

referência às pesquisas de João Pedro da Ponte (Portugal; 1994, 1997 e 1998),

Carlos Marcelo García (Espanha; 1999) e Francisco Imbernón (Espanha; 2006).

Segundo Ponte, o desenvolvimento profissional dos professores:

[...] diz respeito aos diversos domínios onde se exerce a sua acção. Assim, há a considerar a prática lectiva e as restantes actividades profissionais, dentro e fora da escola, incluindo a colaboração com os colegas, projectos de escola, actividades e projectos de âmbito disciplinar e interdisciplinar e participação em movimentos profissionais. Mas há igualmente que ter presente o caráter fundamental do autoconhecimento do professor e do desenvolvimento do professor como pessoa (PONTE, 1994, p. 7).

Em outro momento, diz o autor que o desenvolvimento profissional

[...] corresponde a um processo de crescimento na sua competência em termos de práticas lectivas e não lectivas, no autocontrolo da sua actividade como educador e como elemento activo da organização escolar. O desenvolvimento profissional diz assim respeito aos aspectos ligados à didáctica, mas também à acção educativa mais geral, aos aspectos pessoais e relacionais e de interacção com os outros professores e com a comunidade extraescolar (PONTE, 1997, p. 44).

Considera que a finalidade do desenvolvimento profissional é

[...] tornar os professores mais aptos a conduzir um ensino da Matemática adaptado às necessidades e interesse de cada aluno e a contribuir para a melhoria das instituições educativas, realizando-se pessoal e profissionalmente (PONTE, 1998, p. 3).

Para Imbernón (2006, p. 44-45) o desenvolvimento profissional do professor

“pode ser concebido como qualquer intenção sistemática de melhorar a prática

profissional, crenças e conhecimentos profissionais, com o objetivo de aumentar a

qualidade docente, de pesquisa e de gestão”.

De acordo com García (1999), o desenvolvimento profissional é

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126

[...] entendido como um conjunto de processos e estratégias que facilitam a reflexão dos professores sobre a sua própria prática, que contribui para que os professores gerem conhecimento prático, estratégico e sejam capazes de aprender com a sua experiência (GARCÍA, 1999, p.144).

Com o intuito de fazer uma aproximação do conceito de desenvolvimento

profissional, esse autor cita outros. Para Heidman (1990) o desenvolvimento

profissional de professores:

[...] está para além de uma etapa informativa; implica a adaptação às mudanças com o propósito de modificar as actividades instrucionais, a mudança de atitudes dos professores e melhorar o rendimento dos alunos. O desenvolvimento de professores preocupa-se com as necessidades pessoais, profissionais e organizacionais (HEIDMAN, 1990, p. 4 apud GARCÍA, 1999, p. 138).

De acordo com Fullan (1990), desenvolvimento profissional “foi definido com maior

amplitude ao incluir qualquer actividade ou processo que procure melhorar

competências, atitudes, compreensão ou acção em papéis actuais ou futuros”

(FULLAN, 1990, p. 3 apud GARCÍA, 1999, p. 138). Segundo Sparks e Loucks-

Horsley (1990), desenvolvimento profissional “define-se como o processo que

melhora o conhecimento, competências ou atitudes dos professores” (SPARKS e

LOUCKS-HORSLEY, 1990, p. 234-235 apud GARCÍA, 1999, p. 138).

Tais definições resumem a ampla esfera de dimensões do desenvolvimento

profissional (HOWEY, 1985 apud GARCÍA, 1999, p.138): desenvolvimento

pedagógico, considerado como “aperfeiçoamento do ensino do professor através

de actividades centradas em determinadas áreas do currículo, ou em competências

instrucionais ou de gestão da classe”); conhecimento e compreensão de si

mesmo, “que pretende conseguir que o professor tenha uma imagem equilibrada e

de autorrealização de si próprio”; desenvolvimento teórico, “baseado na reflexão

do professor sobre a sua prática docente”; desenvolvimento profissional “através

da investigação” e desenvolvimento da carreira “mediante a adopção de novos

papéis docentes”.

Entendemos então, assim como García, que o desenvolvimento profissional

dos professores pode ser visto como “uma encruzilhada de caminhos, como a cola

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127

que permite unir práticas educativas, pedagógicas, escolares e de ensino” (GARCÍA,

1999, p. 139; grifos do autor).

Para conceituar formação de professores, retomamos então à aproximação

entre sua noção e a de desenvolvimento profissional, considerando que tais noções

são não equivalentes, concordando com Garcia Silva (2007) quando em sua tese de

doutorado referiu-se a Ponte (1998). A autora explicita os diversos contrastes entre a

lógica do desenvolvimento profissional e da formação:

A formação está intimamente ligada à questão da participação em cursos, produzindo um movimento de fora para dentro, uma vez que o professor é carente de informações. Entretanto, ela se dá de forma compartimentada por assuntos e por disciplinas. Em contrapartida, o desenvolvimento profissional ocorre de múltiplas formas. É um movimento de dentro para fora, desenvolvendo as potencialidades do professor e considerando-o na sua totalidade, ou seja: cognitivo, afetivo e relacional. E, por fim, garantindo a interligação da teoria e prática (SILVA, 2007, p .27-28).

Outro autor que fundamenta nossa investigação, o português Antonio Nóvoa

(1992), assevera que a formação de professores

[...] não se constrói por acumulação (de cursos, de conhecimentos ou de técnicas), mas sim através de um trabalho de reflexividade crítica sobre as práticas e de(re)construção permanente de uma identidade pessoal. Por isso é tão importante investir a pessoa e dar um estatuto ao saber da experiência (NÓVOA, 1992, p. 25, grifos do autor).

Segundo Imbernón (2006), a formação de professores “assume um papel que

vai além do ensino que pretende uma mera atualização científica, pedagógica e

didática e se transforma na possibilidade de criar espaços de participação, reflexão e

formação” (IMBERNÓN, 2006, p. 18).

Consideramos que de fato não existe qualquer incompatibilidade entre os

conceitos de formação e de desenvolvimento profissional. Conforme Ponte (1998, p.

2), “a formação pode ser perspectivada de modo a favorecer o desenvolvimento

profissional do professor”. Com isso o professor pode aproveitar as oportunidades

que lhe são oferecidas como formação e que correspondam às suas necessidades e

objetivos. Concordamos com esse autor quando sustenta: a “formação do professor

há que atender não só ao que ele tem de saber, mas também ao que é capaz de

fazer e aos valores que assume na sua prática profissional” (PONTE, 1998, p. 3). E

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128

também concordamos com Imbernón quando assevera que “a formação é um

elemento importante de desenvolvimento profissional, mas não é o único e talvez

não seja o decisivo” (IMBERNÓN, 2006, p. 44).

Para Imbernón (2006), a formação de professores “consiste em descobrir,

organizar, fundamentar, revisar e construir a teoria. Se necessário, deve-se ajudar a

remover o sentido pedagógico comum, recompor o equilíbrio entre os esquemas

práticos predominantes e os esquemas teóricos que os sustentam” (IMBERNÓN,

2006, p. 55); e uma

[...] formação deve propor um processo que confira ao docente conhecimentos, habilidades e atitudes para criar profissionais reflexivos ou investigadores. O eixo fundamental do currículo de formação do professor é o desenvolvimento de instrumentos intelectuais para facilitar as capacidades reflexivas sobre a própria prática docente cuja meta principal é aprender a interpretar, compreender e refletir sobre a educação e a realidade social de forma comunitária (IMBERNÓN, 2006, p. 55-56).

Outros estudos, como os de Adler e Jaworski (2004), indicam que para

ocorrer o progresso da formação continuada do professor de Matemática é decisivo

que se façam pesquisas a respeito da prática pedagógica, tanto dos formadores de

professores quanto da prática do professor e a respeito das crenças e concepções

sobre as quais tais práticas são construídas. Assim, faz-se necessário investigar a

relação existente entre a formação e a aprendizagem tanto de professores como dos

alunos. No Brasil, o Relatório do GT 7 do III SIPEM66 (NACARATO, 2006) aponta a

importância de pesquisas sobre os processos de formação continuada de

professores que ensinam Matemática.

Desse modo, entendemos que no cenário67 onde ocorreu nossa investigação

poderia haver um espaço favorável ao desenvolvimento profissional dos

professores, considerando suas múltiplas dimensões, inclusive a de formação.

66

GT 7 – Grupo de Trabalho 7: Formação de Professores que Ensinam Matemática. III SIPEM – Seminário Internacional de Pesquisas em Educação Matemática, out. 2006.

67 Este cenário foi descrito na seção precedente.

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129

4 CONFIGURAÇÃO DA PESQUISA

O estudo que apresentamos tem por temática norteadora a formação de

professores, especificamente a formação continuada. São nossos objetivos analisar

as percepções que professores de Matemática do Ensino Médio têm acerca dos

processos de ensino e aprendizagem, em um cenário de implementação curricular, e

investigar as implicações que tal inovação traz ao processo de formação continuada

docente. Como bússola, temos a questão: Quais percepções relacionadas aos

processos de ensino e aprendizagem são observadas por professores que ensinam

Matemática no Ensino Médio, os quais participaram do curso “A Rede Aprende com

a Rede” em 2008, no cenário de implementação curricular no Estado de São Paulo,

e quais as implicações trazidas ao processo de formação continuada de

professores?

A fim de atender aos objetivos deste trabalho e responder nossa questão de

pesquisa ou dar indicações de respostas, adotamos uma abordagem de natureza

qualitativa, pois compreendemos que neste estudo há a presença das

características da investigação qualitativa apontadas por Bogdan e Biklen (1994, p.

47-50), a saber:

1. “Na investigação qualitativa a fonte directa de dados é o ambiente natural, constituindo o investigador o instrumento principal”; 2. “A investigação qualitativa é descritiva. [...] A palavra escrita assume particular importância na abordagem qualitativa, tanto para o registro dos dados como para a disseminação dos resultados”; 3. “Os investigadores qualitativos interessam-se mais pelo processo do que simplesmente pelos resultados ou produtos. [...] Este tipo de estudo foca-se no modo como as definições (as definições que os professores têm dos alunos, as definições que os alunos têm de si próprios e dos outros) se formam”; 4. “Os investigadores qualitativos tendem a analisar os seus dados de forma indutiva”; 5. “O significado é de importância vital na abordagem qualitativa. [...] Os investigadores qualitativos estabelecem estratégias e procedimentos que lhes permitam tomar em consideração as experiências do ponto de vista do informador”.

Nessa direção, consideramos, assim como o estudo citado, que nossa

pesquisa é de natureza qualitativa, tendo por “fonte direta” de nossos dados o

“ambiente natural”, que denominamos cenário, ou seja, o processo de

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130

implementação do atual currículo de Matemática para rede estadual de ensino de

São Paulo, que envolve uma ação de formação continuada: o curso “A Rede

Aprende com a Rede” com professores em exercício. Todos os dados coletados

estão registrados na forma escrita, assim como os resultados apresentados, os

quais demandam uma análise indutiva, na qual nos preocupamos principalmente

com o processo e com as experiências de nossos sujeitos expressas em seus

depoimentos.

Portanto, como supramencionamos (seção 1, p. 29), para compreender como

os professores perceberam as orientações relacionadas aos processos de ensino e

aprendizagem indicadas nos documentos oficiais do novo currículo e quais as

implicações que tal inovação trouxe ao processo de formação continuada docente

procuramos escolher os professores (sujeitos de pesquisa) entre os participantes da

turma de Matemática do Ensino Médio do município de Santo André do primeiro

curso de formação continuada oferecido pela SEE/SP após a implantação do novo

currículo no ano de 2008.

Inicialmente, fizemos uma análise preliminar das mensagens postadas pelos

professores nos fóruns de discussão do RAR2008. Depois, elaboramos um

questionário que nos permitiu escolher nossos sujeitos de pesquisa. Por fim,

realizamos as entrevistas com a finalidade principal de esclarecer aspectos

levantados durante a análise inicial das informações obtidas com as postagens dos

participantes no Fórum e as respostas apresentadas nos questionários.

Para melhor compreender todo o processo de escolha dos sujeitos e dos

objetos de investigação, descreveremos, a seguir, os instrumentos de coleta de

dados deste estudo: as postagens do fórum, o questionário e o protocolo das

entrevistas.

4.1 INTRUMENTOS DE COLETA DE DADOS

4.1.1 Fórum do curso RAR2008

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131

Uma das atividades do RAR2008 foram os fóruns de discussão sobre os

temas apresentados nas videoaulas de cada módulo desse curso. Ressaltamos que

as finalidades, os critérios de participação e certificação, a estrutura e as atividades

desse curso foram descritos na seção 2 (p. 105-112).

Como primeiros passos para escolher e conhecer nossos sujeitos de

pesquisa, procedemos a uma leitura preliminar das mensagens postadas pelos

professores participantes da turma Matemática/Ensino Médio/Santo André,

registradas no banco de dados do curso. Depois verificamos os relatórios

elaborados pelo mediador local, nos quais estão registrados os acessos e postagem

de cada professor nos fóruns, como também a participação nas demais atividades

do curso.

Todavia, as informações coletadas não nos pareceram suficientes para

definirmos nossos sujeitos, assim decidimos elaborar e encaminhar um questionário

para todos os professores inscritos na turma em questão, que descrevemos a

seguir.

4.1.2 Questionário

No intuito de conhecer e definir nossos sujeitos de pesquisa elaboramos um

questionário (Anexo B), que foi encaminhado via e-mail aos 52 professores inscritos

na turma Matemática/Ensino Médio/Santo André esse meio de comunicação foi

determinado, pois toda a participação no curso RAR2008 ocorreu a distância com

recursos da web. Depois de um prazo preestabelecido de dez dias e prorrogado por

mais dez, no mês de dezembro de 2009, obtivemos a devolução de 14 questionários

respondidos, o equivalente a aproximadamente 27% do total de docentes inscritos

nessa turma.

O questionário contou com 12 questões, cuja finalidade foi: obter um perfil

pessoal dos professores; conhecer seu nível de escolaridade e sua opinião sobre

sua formação inicial; obter informações sobre sua participação no curso RAR2008 e

sobre a utilização das orientações contidas no material de apoio ao professor

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132

(Proposta Curricular de Matemática, Caderno do Professor, vídeos), no ano de 2008,

sobre o novo currículo em implementação.

As informações coletadas com o questionário foram tabuladas, e para cada

questão construímos um gráfico (ver Anexo C). Após avaliarmos essas informações,

os gráficos e os dados obtidos nos relatórios e no banco de dados referentes à

turma Matemática/Ensino Médio/Santo André do curso RAR2008 (ver Anexos D e

E), criamos um quadro de categorias que nos permitiu definir nossos sujeitos de

pesquisa: os professores Prof.9 e Prof.26. Salientamos que o quadro e os dados

supracitados serão apresentados na seção seguinte.

Portanto, com o objetivo de aprofundar nosso estudo e responder a questão

de pesquisa em pauta nesta investigação, entendemos necessária uma entrevista

com cada qual dos nossos sujeitos para ampliar os dados coletados e as

possibilidades de caracterização dos professores (sujeitos de pesquisa) e das

escolas, as quais descreveremos na próxima seção quando exporemos os dados.

4.1.3 Protocolo de entrevista

Definidos os sujeitos de pesquisa com base nas informações coletadas com o

questionário e com os relatórios referentes ao banco de dados do curso RAR2008,

como dissemos acima, elaboramos o roteiro para uma entrevista semiestruturada

(ver Anexo F), com o objetivo de conhecer melhor nossos sujeitos, obter, destes,

depoimentos que nos possibilitassem responder à(s) problemática(s) de nossa

investigação e/ou fornecessem outras demandas para esta ou pesquisas futuras.

O roteiro de entrevista contou com quatro questões centrais e outras

subquestões que poderiam ser indagadas caso necessário. Para elaboração dessas

questões fizemos uso da análise realizada nos relatórios de participação nas

atividades videoaulas e fórum de cada módulo do curso RAR2008 – a mesma que

nos possibilitou a escolha dos sujeitos de pesquisa –, e uma primeira leitura das

interações ou mensagens postadas pelos professores escolhidos como sujeitos nos

fóruns de discussão referentes aos módulos 1 e 2 (únicos módulos em que há

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133

registro de participação do Prof.9 no fórum, dado que o Prof.26 participou

interagindo em todos os fóruns).

Com a primeira questão pretendíamos tomar conhecimento das

considerações de cada professor a respeito dos pontos fortes e fracos do currículo

de Matemática proposto para o Ensino Médio em implementação desde 2008 na

rede de ensino estadual de São Paulo, as facilidades e/ou dificuldades encontradas

para implementá-lo na sala de aula e as inovações observadas nesta reorganização

curricular, como também as mudanças na prática docente.

Na segunda questão, nossa finalidade era conhecer a opinião dos

professores sobre o curso RAR2008, do qual tinham participado. Especificamente as

considerações sobre as videoaulas, os assuntos nelas abordados e, sobretudo, a

respeito da segunda videoaula, cuja temática era a 2.ª série do Ensino Médio e os

Cadernos do Professor para essa série (escolha decorrente do fato de o Prof.9, não

obstante ter participado das atividades dos demais módulos do curso, ter interagido

postando mensagens apenas no módulo 2). Tínhamos, por meio desta questão, o

objetivo de saber a percepção de cada professor quanto a reflexos (ou impactos) em

sua prática docente, os assuntos considerados mais significativos, como esses

assuntos eram abordados e como fora o seu aprendizado na formação inicial.

A terceira questão foi elaborada com o objetivo de saber como o professor

utilizou os Cadernos da 2.ª série do Ensino Médio a partir de 2008 (as situações de

aprendizagem propostas e suas orientações; as possíveis adaptações realizadas; o

conhecimento sobre a abordagem apresentada; a maneira como os conteúdos eram

trabalhados antes do novo currículo; a observação de ocorrência de mudança

didática ou metodológica na prática pedagógica; o impacto no rendimento dos

alunos).

Com a questão 4, nossa finalidade era conhecer as percepções dos

professores quanto às ações de formação continuada, sobre os processos de ensino

e aprendizagem, promovidas institucionalmente nos últimos anos (especificamente o

RAR2008), fora e dentro da unidade escolar; e também quanto a reflexos, mudanças

na prática pedagógica, nos saberes docentes, no desenvolvimento profissional.

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134

Os depoimentos coletados nas entrevistas foram audiogravados e

integralmente transcritos (ver Anexo G) e depois, com base nas transcrições das

entrevistas, foram elaborados dois resumos, nos quais procuramos sintetizar os

depoimentos a fim de possibilitar ao leitor uma visão mais próxima possível do teor

dessas entrevistas.

Com os depoimentos de ambos os professores, tanto nas entrevistas como

nos fóruns (ver Anexos H e I), elaboramos os quadros de unidades de significados,

com base teórica na Análise de Conteúdo (FRANCO, 2008), o que nos permitiu

construir uma categorização e definir nossos objetos de investigação, a saber:

As percepções dos professores referentes

ao currículo em implementação e às ações de formação continuada

promovidas institucionalmente;

aos reflexos e/ou impactos na prática docente e no desenvolvimento

profissional;

ao processo de ensino e aprendizagem do tema Análise Combinatória.

Nas próximas seções apresentaremos os dados coletados e nossa análise,

respectivamente.

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135

5 APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS DADOS

Nossa primeira ação de coleta de dados foi no intuito de escolher nossos

sujeitos de pesquisa, os quais estavam inseridos no grupo que se formou com a

turma Matemática/Ensino Médio/Santo André do curso A Rede Aprende com a Rede

(RAR2008), em sua primeira edição no ano de 2008 (como dissemos em seção

anterior, esta foi a única atividade institucional promovida como formação

continuada). Tal ação teve por finalidade possibilitar aos professores da rede de

ensino estadual de São Paulo um aprofundamento dos conceitos e teorias

norteadoras da nova Proposta Curricular e das metodologias indicadas nos

documentos subsídios.

Após a escolha dos sujeitos, partimos para as ações que nos permitiram

delinear nossos objetos de investigação: a entrevista com os sujeitos de pesquisa e

a leitura das mensagens postadas por esses sujeitos nos fóruns do curso RAR2008.

Ações que descreveremos nas subseções seguintes.

Salientamos que para identificar os 52 professores inscritos na turma

utilizamos a indicação Prof.1, Prof.2, Prof.3, ..., Prof.49 e Prof.52.

5.1 APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS DADOS COLETADOS COM OS

RELATÓRIOS SOBRE O CURSO RAR2008 E COM QUESTIONÁRIO DO

PROFESSOR: A ESCOLHA DOS SUJEITOS DE PESQUISA

Para escolher nossos sujeitos de pesquisa, inicialmente fizemos a leitura dos

relatórios sobre a turma Matemática/Ensino Médio/Santo André do curso RAR2008 –

elaborados pelo Mediador Local68 – e uma análise preliminar das mensagens

postadas pelos professores dessa turma no Fórum. Com base nessas informações,

preparamos uma síntese com as informações coletadas (ver Anexo E, p. xviii).

68

Ressaltamos que, como já mencionado em outras seções, o autor desse estudo era na época PCOP de Matemática na Oficina Pedagógica da DE Santo André, e, assim, o mediador local da turma de Matemática do Ensino Médio.

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136

Um dos gráficos dessa síntese nos forneceu o número de acessos e de

mensagens postadas nos fóruns (ver Figura 23, abaixo) e possibilitou que

tivéssemos uma visão geral da participação dos professores nesta atividade do

curso.

Figura 23. RAR2008: Número de acessos e mensagens postadas no Fórum pelos professores inscritos na turma Matemática/Ensino Médio/Santo André

0 25 50 75 100 125 150 175 200

Prof.1

Prof.2

Prof.3

Prof.4

Prof.5

Prof.6

Prof.7

Prof.8

Prof.9

Prof.10

Prof.11

Prof.12

Prof.13

Prof.14

Prof.15

Prof.16

Prof.17

Prof.18

Prof.19

Prof.20

Prof.21

Prof.22

Prof.23

Prof.24

Prof.25

Prof.26

Prof.27

Prof.28

Prof.29

Prof.30

Prof.31

Prof.32

Prof.33

Prof.34

Prof.35

Prof.36

Prof.37

Prof.38

Prof.39

Prof.40

Prof.41

Prof.42

Prof.43

Prof.44

Prof.45

Prof.46

Prof.47

Prof.48

Prof.49

Prof.50

Prof.51

Prof.52

Acessos Mensagens Postadas

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137

Verificamos o registro total de 730 acessos e 597 postagens, excluindo as

interações do Mediador Local. Em média (aritmética) foram 14,1 acessos e 11,5

postagens por professor, sendo a mediana dos acessos 9 e das postagens 5.

Observamos que não há registro algum de interação (acesso e/ou postagem) dos

Prof.4, Prof.34, Prof.39 e Prof.52, e destacamos a participação do Prof.26,

responsável por 112 acessos e 152 mensagens postadas.

A partir dos dados observados decidimos que o próximo passo, para que

pudéssemos definir quais dos professores participantes desta turma do curso seriam

nossos sujeitos de pesquisa, era elaborar e encaminhar um questionário (ver Anexo

B, p. ii) a todos os 52 professores inscritos nesta turma. Com o questionário (11

questões objetivas e 1 dissertativa) nosso objetivo era obter um perfil pessoal dos

professores (sexo, idade, nível máximo de escolaridade), saber a opinião desses

professores sobre as orientações recebidas na formação inicial a respeito da prática

docente e conseguir informações sobre a participação no curso RAR2008 e sobre os

subsídios do novo currículo.

Do montante de questionários encaminhados, via e-mail, 14 retornaram

respondidos, ou seja, aproximadamente 27% dos docentes inscritos na turma deram

a devolutiva de nossa consulta.

Com os questionários recebidos fizemos a tabulação das informações e

construímos a apresentação dos dados coletados na forma de gráficos (ver Anexo

C, p. iv). Verificamos, assim, que dos 14 professores que responderam ao

questionário (Prof.3, Prof.9, Prof.15, Prof.18, Prof.20, Prof.24, Prof.26, Prof.29,

Prof.36, Prof.37, Prof.40, Prof.42, Prof.43 e Prof.50), os Prof.18, Prof.20, Prof.29 e

Prof.36 não tinham certificação nem participação superior ou igual a 80% nas

atividades Videoaula e Fórum, um dos critérios de certificação do curso. Daí os

excluímos do rol dos possíveis sujeitos de pesquisa, pois entendíamos que para

atender nossos objetivos e responder as questões de pesquisa em pauta era

necessário que ao menos o critério participação fosse cumprido. Assim, passamos a

verificar as informações fornecidas pelos demais professores, que descrevemos nos

próximos parágrafos.

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138

Observamos que do atual grupo de dez professores todos tiveram

participação nas atividades Videoaula e Fórum superior ou igual a 80% e destes três

não foram certificados. Outra observação é o número de interações desses dez

professores nos fóruns: 261 acessos e 270 postagens – o que corresponde a,

aproximadamente, 36% de acessos e 45% de postagens da turma. Para explicitar

nossas observações, apresentamos na Figura 24 (abaixo) um quadro com a relação

desses professores e as respectivas informações quanto à escola, à certificação, à

participação nas videoaulas e fóruns e às interações (número de acessos e a

postagem) no Fórum:

Escola Certificação

Participação nas Videoaulas e

Fórum superior ou igual a 80%

N.º de acessos ao Fórum

N.º de mensagens postadas no

Fórum

Prof.3 A Sim Sim 45 25

Prof.9 B Não Sim 6 5

Prof.15 C Não Sim 12 5

Prof.24 D Não Sim 8 4

Prof.26 E Sim Sim 112 152

Prof.37 F Sim Sim 8 3

Prof.40 G Sim Sim 9 26

Prof.42 H Sim Sim 3 1

Prof.43 I Sim Sim 12 7

Prof.50 J Sim Sim 46 42

Figura 24. RAR2008: quadro-resumo das informações sobre a turma Matemática/Ensino Médio/Santo André,do grupo de possíveis professores sujeitos de pesquisa

Com os dados coletados por meio do Questionário desses dez professores

(ver Anexo D, p. xii), verificamos quanto ao perfil que:

quatro são do sexo masculino: Prof.9, Prof.42, Prof.43 e Prof.50, e seis do

sexo feminino: Prof.3, Prof.15, Prof.24, Prof.26, Prof.37 e Prof.40;

oito têm idade entre 40 e 49 anos inclusive: Prof.9, Prof.15, Prof.24,

Prof.26, Prof.37, Prof.40, Prof.42 e Prof.50 e um tem de 50 a 54 anos:

Prof.43;

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139

como nível máximo de escolaridade, seis têm apenas o ensino superior

completo (Prof.3, Prof.15, Prof.24, Prof.37, Prof.40 e Prof.43) e quatro têm

Pós-graduação (lato sensu): Prof.9, Prof.26, Prof.42 e Prof.50.

No que se refere à carga horária trabalhada semanalmente, além da jornada

de aulas lecionadas em escolas estaduais, dos dez professores, um também

trabalhava em uma instituição de ensino superior (Prof.9), um na rede municipal de

Santo André (Prof.15) e um na rede municipal de São Paulo (Prof.50). A seguir, na

Figura 25, apresentamos a distribuição dessa carga horária por professor, na qual

observamos uma média (aproximada) de 26 horas semanais em escolas da rede de

ensino estadual. Nessa questão (3), um dado que não coletamos foi o tempo de

magistério desses professores.

Figura – 25. Questionário: Carga horária semanal de trabalho

Quanto às orientações recebidas na formação inicial, os Prof.3, Prof.15,

Prof.24, Prof.26, Prof.40, Prof.42, Prof.43 e Prof.50 consideraram que estas foram

parcialmente suficientes para exercer o ofício de professor, já os professores Prof.9

e Prof.37 as julgaram totalmente suficientes. Observamos que, de certo modo, a

0

5

10

15

20

25

30

35

(ho

ras)

Prof.3 Prof.9 Prof.15 Prof.23 Prof.26 Prof.37 Prof.40 Prof.42 Prof.43 Prof.50

Escolas estaduais Escolas particulares Outra instituição pública

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140

percepção do professor acerca de sua formação inicial diverge daquela reputada

pelos gestores do Currículo. No Caderno do Gestor – volume 1, indica-se que os

docentes têm formação insuficiente nas áreas pedagógicas, didáticas, psicológicas,

sociológicas, filosóficas, políticas e legais (SÃO PAULO, 2008f, p. 31).

Todos os dez professores disseram ter participado do curso RAR2008.

Opinião divergente aos dados informados nos relatórios da turma e sinteticamente

apresentados anteriormente, que, como exemplo, citamos o Prof.15 que não foi

certificado, por não atender a todos os critérios (ver seção 2, p. 109) exigidos para

certificação no RAR2008. Tal constatação nos remete às questões “O que foi

considerado como participação por esses professores?”, “Qual a percepção do

professor quanto à participação nesse curso?”.

A respeito dos Cadernos do Professor de 2008,69 os Prof.3, Prof.15, Prof.24,

Prof.42, Prof.43 e Prof.50 afirmaram ter utilizado parcialmente as sugestões

apresentadas e os Prof.9, Prof.26, Prof.37 e Prof.40 disseram tê-las utilizado. Os

Prof.9, Prof.24 e Prof.42 mencionaram ter feito parcialmente adaptações e/ou

reformulações das atividades propostas nos Cadernos de 2008, já os Prof.15,

Prof.26, Prof.37, Prof.40, Prof.43 e Prof.50 asseveraram tê-las feito. Sobre a

reprodução para os alunos das sequências de aprendizagem propostas nos

Cadernos do Professor de 2008, o Prof.40 afirmou não ter reproduzido; os Prof.3,

Prof.9, Prof.15, Prof.24, Prof.42, Prof.43 e Prof.50 declararam tê-las reproduzido

parcialmente e os Prof.26 e Prof.37 afirmaram tê-las reproduzidos. Para melhor

visualizar esses dados, apresentamos na Figura 26 (abaixo) uma compilação das

respostas dos dez professores para as três questões (7, 8 e 9).

69

No primeiro ano de implantação do novo Currículo do Estado de São Paulo, 2008, não havia os Cadernos dos Alunos, material distribuído apenas a partir de 2009.

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141

Figura 26. Questionário: compilação das informações coletadas com as questões do questionário sobre a utilização, adequação e/ou reformulação e reprodução das

situações de aprendizagem do subsídio Cadernos do Professor de 2008.

Quanto à avaliação dos professores sobre sua satisfação profissional e sobre

os resultados para os alunos com a utilização dos subsídios do novo currículo,

apresentamos em forma de diagrama as informações obtidas (ver Figuras 27,

abaixo, e 28, p. 144).

Figura27. Questionário: avaliação dos professores sobre sua satisfação profissional com a utilização dos subsídios do novo currículo.

NÃO

SIM

PARCIALMENTE

Prof.40

Prof.24

Prof.42

Prof.9

Prof.3

Prof.15

Prof.43

Prof.26

Prof.37

Prof.50

RUIM

BOM/BOA

EXCELENTE

REGULAR

Prof.40

Prof.24

Prof.42 Prof.9

Prof.3 Prof.15

Prof.43

Prof.26 Prof.37

Prof.50

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142

Figura 28. Questionário: avaliação dos professores sobre os resultados para os alunos com a utilização dos subsídios do novo currículo.

A respeito dos esclarecimentos sobre a natureza do projeto, o Prof.3 avaliou o

curso RAR2008 como ruim, os Prof.15, Prof.24 e Prof.42 avaliaram o curso regular,

os Prof.37 e Prof.40 avaliaram o curso bom e os Prof.9, Prof.26, Prof.43 e Prof.50

julgaram o curso excelente.

Quanto à motivação para o início do projeto, os Prof.3 e Prof.9 avaliaram o

curso ruim, os Prof.15, Prof.24, Prof.42 e Prof.50 consideraram o curso regular, os

Prof.26, Prof.37 e Prof.40 julgaram o curso bom e o Prof.43 avaliou como excelente.

Sobre os conteúdos apresentados, o Prof.9 avaliou o curso como ruim, os

Prof.3 e Prof.15 julgaram como regular, os Prof.24, Prof.37, Prof.40, Prof.42, Prof.43

e Prof.50 consideraram como bom e o Prof.26 como excelente.

A respeito das videoaulas, o professor Prof.9 avaliou o curso como ruim, os

Prof.3, Prof.42 e Prof.50 julgaram como regular, os Prof.15, Prof.24, Prof.37, Prof.40

e Prof.43 consideraram como bom e o Prof.26, como excelente.

BOM/BOA

EXCELENTE

REGULAR

Prof.40

Prof.24

Prof.42

Prof.9

Prof.3 Prof.15

Prof.43

Prof.26

Prof.37

Prof.50

RUIM

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143

Quanto aos fóruns, o Prof.50 julgou o curso como ruim, os Prof.3, Prof.9,

Prof.37 e Prof.43, como regular, os Prof.15, Prof.24, Prof.26, Prof.40 e Prof.42

consideraram como bom e nenhum professor avaliou como excelente.

Sobre a adequação às demandas iniciais pessoais, o Prof.9 avaliou o curso

como ruim, os Prof.3, Prof.20, Prof.24, Prof.36 e Prof.50 julgaram como regular, os

Prof.15, Prof.18, Prof.26, Prof.29, Prof.37, Prof.40, Prof.42 e Prof.43 consideraram

como bom e nenhum professor achou o curso excelente.

A respeito da satisfação profissional, os Prof.3, Prof.9 e Prof.20 avaliaram o

curso como ruim, os Prof.15, Prof.24, Prof.36 e Prof.43, como regular, os Prof.18,

Prof.26, Prof.29, Prof.37, Prof.40 e Prof.50 julgaram como bom e o Prof.42, como

excelente.

Quanto aos resultados para os alunos, o Prof.9 julgou o curso como ruim, os

Prof.3, Prof.15, Prof.20, Prof.24, Prof.36, Prof.43 e Prof.50 avaliaram o curso como

regular, os Prof.18, Prof.26, Prof.29, Prof.37, Prof.40 e Prof.42 consideraram como

bom e nenhum professor avaliou o curso como excelente.

Na Questão 12, a única dissertativa, questionamos: “Qual principal razão que

o levou a participar do curso A Rede Aprende com a Rede?”. As respostas obtidas

estão apresentadas, na íntegra, na Figura 29:

Prof.3: Evolução [funcional].

Prof.9: A principal razão foi a vontade: - de aprimorar meus conhecimentos didáticos/pedagógicos (e não matemáticos); - de aprender outras estratégias para motivar meus alunos; - conhecer experiências vitoriosas de outros professores de escolas públicas, de ensino médio e fundamental, que vivem a mesma realidade que eu.

Prof.15: Pura curiosidade. Até então nunca tinha feito um curso da Rede Aprende com a Rede.

Prof.24: Aprender novas técnicas com as experiências dos colegas.

Prof.26: Atualização profissional. Troca de experiências com os demais colegas de área. Esclarecer dúvidas e ansiedades quanto à nova Proposta do Estado. Com esse curso pude, durante este ano, fazer todas as adequações necessárias para o melhor aprendizado dos meus alunos e propor outras situações de aprendizagem – com jogos, painéis temáticos e utilização de ferramentas da informática – para motivar o aprendizado dos meus alunos.

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144

Prof.37: Atualização profissional. Adquirir novos métodos. Troca de experiências.

Prof.40: Atualização profissional. Troca de experiências com outros profissionais. Aprender novas metodologias e com isso ter um melhor rendimento dos alunos.

Prof.42: Como professor na rede e devido a carga horária e os preços dos cursos, o aperfeiçoamento é importante para que a aula seja bem clara e simples para o aluno e um curso que acrescente é bem visto, tendo em vista a facilidade e comodidade que o curso ofereceu!!! Espero que tenha outros cursos que possa me interessar!!!

Prof.43: Esclarecimentos sobre as novas sugestões e proposta pedagógica.

Prof.50: Conhecer novas técnicas com as experiências dos colegas.

Figura 29. Questionário: resposta à questão 12

Observamos que nas respostas de oito dos dez professores, os quais

responderam o questionário desta pesquisa, em relação à razão que os levou a

participar do curso, predominou as expectativas de atualização profissional e

aprimoramento do conhecimento profissional. Somente dois professores indicaram

outros motivos: “evolução funcional” e “curiosidade”. Lembramos que, para Tardif

(2002), os saberes dos professores também advêm dos programas e materiais

didáticos, além dos conhecimentos provenientes de experiência profissional

docente. Entretanto, analisando os depoimentos dos professores notamos que

somente os materiais e recomendações não foram suficientes para garantir as

mudanças propostas no currículo.

Com base na análise das respostas quanto às expectativas desse grupo de

professores, acreditamos que há possibilidade de haver mudanças a partir do

movimento de reformas curricular. Lembramos que para Zeichner (2003) o êxito ou

não das inovações como esta depende, em muito, do envolvimento do professor.

Para esse autor, “[...] Anunciar ou mesmo exigir mudanças na educação não alterará

o que se passa nas salas de aula e nas escolas enquanto os educadores

oferecerem resistência e subverterem essas mudanças” (ZEICHNER, 2003, p. 38).

Portanto, diante do exposto, acreditamos que no discurso dos professores que

responderam o questionário havia um ambiente favorável à mudança.

Assim, após a verificação e análise dos dados coletados com o questionário e

sua compilação, reduzimos nossa lista de possíveis sujeitos para quatro professores

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145

de acordo com as características das escolas:70 Prof.9 da escola B; Prof.26 da

escola E; Prof.40 da escola G e Prof.42 da escola H.

Para dar prosseguimento ao nosso estudo, entendemos que seria

imprescindível realizar uma entrevista com esses professores. Para tal, enviamos

uma mensagem por e-mail (nosso meio de comunicação com esses professores),

esclarecendo nossas finalidades e solicitando que se manifestassem quanto ao

interesse e disponibilidade de nos conceder a entrevista supracitada.

Obtivemos a devolutiva de apenas dois professores, que escolhemos como

nossos sujeitos de pesquisa; são estes: os Prof.9 e Prof.26 – o que também

atendeu ao nosso critério de escolha: docentes que atuavam em escolas com

características semelhantes – clientela oriunda principalmente de outros bairros,

ambiente e cultura escolar, que, para o ensino médio, focalizam a preparação dos

alunos para o ingresso no ensino superior, por intermédio sobretudo do Exame

Nacional do Ensino Médio (ENEM) e dos exames vestibulares.

Para melhor explicitar nossa análise apresentamos na Figura 30 (abaixo) as

questões (1 a 11) e as respectivas respostas desses professores ao questionário.

Questão Respostas

Prof.9 Prof.26

1. Sexo masculino feminino

2. Idade de 40 a 49 anos de 40 a 49 anos

3. Nível máximo de escolaridade Pós-graduação

(lato sensu) Pós-graduação

(lato sensu)

4. Carga horária de trabalho semanal

Escola Estadual

Escola Particular

Outra Instituição

Pública

Escola Estadual

Escola Particular

Outra Instituição

Pública

20 h 12 h 0 h 30 h 0 h 0 h

70

Segundo diversos integrantes da comunidade escolar, por meio de “depoimentos informais”, pudemos observar que para esse grupo as escolas B e E, por serem centrais, recebem em grande maioria alunos provenientes de outros bairros além do entorno, e procuram em seu projeto pedagógico dar ênfase à continuidade dos estudos dos estudantes, priorizando os vestibulares e o Enem. Já as escolas G e H, analisando também opinião de seus integrantes, recebem alunos do entorno da escola, visto que as mesmas são localizadas em bairros da periferia do município de Santo André. Quanto ao Projeto Pedagógico, afirmam que também visam à continuidade dos estudos, contudo, mediante os problemas como o da inclusão social, o foco principal de seu projeto pedagógico é o preparo para o mundo do trabalho, ou seja, a continuidade dos estudos enfatiza mais a complementaridade do Ensino Técnico do que a “preparação” para os vestibulares ou Enem.

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146

5. Orientação na formação inicial para a atuação docente

Totalmente suficiente Parcialmente suficiente

6. Participação no curso RAR2008 sim Sim

7. Utilização das sugestões dos Cadernos do Professor em 2008

sim Sim

8. Realização de adaptação e/ou reformulação das atividades propostas nos cadernos em 2008

parcialmente Sim

9. Reprodução das sequências de aprendizagem para os alunos

parcialmente Sim

10 (A). Avaliação quanto à satisfação profissional com a utilização dos subsídios do novo currículo

ruim Bom

10 (B). Avaliação quanto aos resultados para os alunos com a utilização dos subsídios do novo currículo

ruim Bom

11 (A). Avaliação do curso RAR2008 quanto aos esclarecimentos sobre a natureza do projeto

excelente excelente

11 (B). Avaliação do curso RAR2008 quanto à motivação para o início do projeto

ruim Bom

11 (C). Avaliação do curso RAR2008 quanto aos conteúdos apresentados

ruim excelente

11 (D). Avaliação do curso RAR2008 quanto às videoaulas

ruim excelente

11 (E). Avaliação do curso RAR2008 quanto aos fóruns

regular Bom

11 (F). Avaliação do curso RAR2008 quanto à adequação às demandas iniciais pessoais

ruim Bom

11 (G). Avaliação do curso RAR2008 quanto à satisfação profissional

ruim Bom

11 (H). Avaliação do curso RAR2008 quanto aos resultados para os alunos

ruim Bom

Figura 30. Questionário: respostas dos professores Prof.9 e Prof.26

Ambos os professores apresentaram perfil semelhante: os dois têm de 40 a

49 anos e possuem Pós-graduação (lato sensu). Outra semelhança concerne à

formação inicial. Quando questionados acerca das orientações recebidas, o Prof.26

considerou que estas foram parcialmente suficientes para exercer o ofício de

professor, e o Prof.9 as julgou totalmente suficientes. Isso nos faz concluir que os

dois professores, de certa forma, estavam satisfeitos (totalmente ou parcialmente)

com a sua formação inicial, o que de certo modo diverge daquilo que os gestores do

novo currículo consideram. No Caderno do Gestor – volume 1 indica-se que os

docentes têm formação insuficiente nas áreas pedagógicas, didáticas, psicológicas,

sociológicas, filosóficas e legais, os quais embasam os princípios estabelecidos na

Proposta Curricular (SÃO PAULO, 2008a, p. 31).

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147

A respeito dos Cadernos do Professor de 2008, os dois afirmaram tê-los

utilizado e feito alguma forma de adaptação e/ou reformulação nas atividades

propostas, e, sobre a reprodução para os alunos das sequências de aprendizagem

sugeridas nesses Cadernos, o Prof.9 disse tê-la feito parcialmente e o Prof.26,

totalmente. Semelhança que, para nós, indica uma atitude positiva para as

inovações apresentadas. Como no ano de 2008 não se disponibilizou material

escrito para os alunos, observa-se que os dois professores demonstraram interesse

em implementar as propostas contidas no Caderno do Professor, uma vez que

ambos reproduziram o material, total ou parcialmente.

O Prof.9 avaliou a utilização dos subsídios do novo currículo como ruim

quanto à sua satisfação profissional e quanto aos resultados para os alunos.

Todavia, o Prof.26 avaliou, tanto no que se refere à sua satisfação profissional como

aos resultados para os alunos, como boa.

A respeito dos esclarecimentos sobre a natureza do projeto, os dois

professores avaliaram o curso excelente e consideraram que foram esclarecidos.

Quanto à motivação para o início do projeto, o Prof.9 julgou o curso ruim, já o

Prof.26, como bom. Sobre os conteúdos apresentados, o Prof.9 avaliou o curso

como ruim e o Prof.26, como excelente. No que se refere às videoaulas, o Prof.9

considerou o curso como ruim e o Prof.26, como excelente. Quanto aos fóruns, o

Prof.9 avaliou o curso como regular, mas o Prof.26, como bom. Sobre a adequação

às demandas iniciais pessoais, o Prof.9 considerou o curso como ruim e o Prof.26,

como bom. A respeito da satisfação profissional, o professor Prof.9 avaliou o curso

como ruim, enquanto o professor Prof.26 julgou como bom. No tocante aos

resultados para os alunos, o Prof.9 avaliou o curso como ruim, já o Prof.26, como

bom.

Observamos então que, com exceção dos esclarecimentos sobre a natureza

do projeto, todas as avaliações desses professores sobre o curso RAR2008 são

antagônicas. Mas há semelhanças nas razões que os levaram a participar do curso.

Retomando a Questão 12, “Qual a principal razão que o levou a participar do curso

A Rede Aprende com a Rede?”, declaram os professores:

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148

Prof.9: A principal razão foi a vontade: - de aprimorar meus conhecimentos didáticos/pedagógicos (e não matemáticos); - de aprender outras estratégias para motivar meus alunos; - conhecer experiências vitoriosas de outros professores de escolas públicas, de ensino médio e fundamental, que vivem a mesma realidade que eu. Prof.26: Atualização profissional. Troca de experiências com os demais colegas de área. Esclarecer dúvidas e ansiedades quanto à nova Proposta do Estado. Com esse curso pude, durante este ano, fazer todas as adequações necessárias para o melhor aprendizado dos meus alunos e propor outras situações de aprendizagem – com jogos, painéis temáticos e utilização de ferramentas da informática – para motivar o aprendizado dos meus alunos.

5.2 APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DAS INTERAÇÕES DOS PROF.9 E PROF.26

NO FÓRUM DO RAR2008

Para a apresentação das sínteses das interações nos fóruns e dos

depoimentos nas entrevistas, os nossos sujeitos de pesquisa serão identificados por

Prof.9 e Prof.26, de acordo com aquela utilizada para indicar os 52 professores

inscritos no RAR2008 na turma Matemática/Ensino Médio/Santo André, como

mencionamos anteriormente.

Inicialmente mostramos, na Figura 31 (p. 149), um gráfico que sintetiza a

participação dos Prof.9 e Prof.26 na atividade Fórum (acessos e mensagens

postadas). Em seguida, após breves comentários sobre essa participação,

apresentamos os dados e uma análise a respeito das interações desses

professores, com base nos depoimentos que tomamos como unidades de

significado.

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VA1-Acesso

VA1-Acesso

VA1-Postagem

VA1-Postagem

VA2-Acesso

VA2-Acesso

VA2-Postagem

VA2-Postagem

VA3-Acesso

VA3-Acesso

VA3-Postagem

VA3-Postagem

VA4-Acesso

VA4-Acesso

VA4-Postagem

VA4-Postagem

0 10 20 30 40 50 60

Pro

f.9

Pro

f.26

Quantidade (vlr absoluto)

Figura– 31. RAR2008: número de acessos e postagens nos fóruns da turma Matemática/

Ensino Médio/Santo André do curso RAR2008, realizados pelos Prof.9 e Prof.26

Nos relatórios sobre a turma Matemática/Ensino Médio/Santo André há

registro de que: no fórum sobre a videoaula 1 (VA1) o Prof.9 fez um acesso e

nenhuma postagem; já o Prof.26 fez 29 acessos e 57 postagens; no fórum sobre a

videoaula 2 (VA2) o Prof.9 fez cinco acessos e o mesmo número de postagem,

enquanto o Prof.26 fez 32 acessos e 34 postagens; no fórum sobre a videoaula 3

(VA3) o Prof.9 não fez interação alguma, e o Prof.26 fez 27 acessos e 35 postagens;

no fórum da videoaula 4 o Prof.9 também não fez interação alguma, enquanto o

Prof.26 fez 24 acessos e 26 postagens.

Como tínhamos registro de interação de ambos os professores somente nos

fóruns sobre as VA1 e VA2, decidimos que para nossa análise usaríamos as

mensagens postadas por esses professores (Prof.9 e Prof.26) nesses fóruns.

5.2.1 Interações no fórum sobre a VA1

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150

O primeiro fórum de discussão teve por tema a VA1, nele o Prof.9 interagiu

com um acesso e o Prof.26 interagiu com 29 acessos e 57 postagens, como

dissemos acima. Nesta videoaula, realizada pelo Prof. Nilson José Machado

(coordenador da equipe de Matemática do novo currículo e um dos autores dos

Cadernos do Ensino Médio), foram abordados os Cadernos e orientações para a 3.ª

série do Ensino Médio. Os assuntos centrais para debate foram: Plano de

Descartes, Equações Algébricas, Grandezas, Funções, Interdependências, e

Estatística. Contudo, nesse primeiro fórum, os professores da turma, em suas

interações, trataram de outros temas abrindo assuntos relacionados às suas

expectativas e primeiras percepções sobre o novo currículo e curso.

A seguir, expomos as unidades de significado extraídas dos depoimentos do

Prof.2671 sobre o processo de mudança que estava vivendo com a implementação

da nova proposta curricular, desde o início do ano de 2008, na rede pública estadual

de São Paulo.

US1-

Prof.26.F.VA1

Ensinar através da Nova Proposta Pedagógica tem sido um desafio

constante. Este novo trabalho tem proporcionado a oportunidade de

estudar e aprender junto com meus alunos. [...] Gostaria de compartilhar

experiências com vocês colegas de Fórum!

US2-

Prof.26.F.VA1

Acredito que criaram este espaço justamente para tomarem conhecimento

de nossas dúvidas, dificuldades e sugestões. Espero que para o próximo

ano tenhamos não só o Caderno do Aluno, como também outros materiais

de apoio para que a Nova Proposta Curricular seja concretizada da melhor

maneira possível.

US3-

Prof.26.F.VA1

Também vejo o Caderno do Professor como um apoio, um material a mais

para o preparo das minhas aulas até porque nossos alunos, em algumas

situações de aprendizagens propostas, não têm maturidade suficiente

para resolver tais exercícios. O livro didático, alguns paradidáticos e sites

da internet têm sido de grande ajuda no preparo das aulas. O resultado

deste trabalho deverá ser visto em longo prazo.

71

A íntegra das mensagens postadas pelo Prof.9 e Prof.26 está transcrita, respectivamente, no Anexo I (p. xxxii) e Anexo J (p. xxxiii).

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151

US4-

Prof.26. F.VA1

O tratamento contextualizado do conhecimento é um dos recursos que a

escola tem para retirar o aluno da condição de espectador passivo. Em

Matemática, a contextualização é um instrumento bastante útil, desde que

interpretada num sentido mais amplo e não empregada de modo artificial

e forçado ou que não se restrinja apenas a um universo mais imediato

(“cotidiano”). Alguns temas, como, por exemplo, o tratamento de dados

ou contagem, podem ser mais facilmente referidos a situações que fazem

parte do cotidiano da mídia e da linguagem coloquial. Outros podem ser

estudados a partir de modificações de situações mais simples para mais

complexas e que possuem motivação matemática. Isso ocorre, por

exemplo, com alguns temas de geometria. Esse tipo de contextualização

estimula a criatividade, o espírito inventivo e a curiosidade do aluno.

US5-

Prof.26.

F.VA1US.5

Esta Nova Proposta lida com diversas variáveis: o conteúdo, o

conhecimento como um todo, o professor, o aluno, a escola e a

sociedade. A unificação do currículo se faz necessária para que haja um

parâmetro de avaliação entre as escolas e, para que tudo se encaixe, nós,

professores, precisamos encontrar meios de motivar nossos alunos para

as vantagens desta unificação. É um processo longo e não será vencido

este ano, estaremos colhendo os frutos deste trabalho em 2010 – no caso

do Ensino Médio (ano que estaremos formando a primeira turma que

estudou por esta Nova Proposta). O mais importante disto tudo é que

professores e alunos passaram a estudar juntos e, o mais importante:

estamos aprendendo muito com eles!

US6-

Prof.26.F.VA1

Vamos esbarrar ainda por um bom tempo com o Ensino Tradicional. O

novo assusta e mudar uma postura “antiga” de sala de aula para outra

“inovadora” não se consegue da noite para o dia. Um dos objetivos da

Nova Proposta é a troca de experiências: tudo o que der certo precisa ser

divulgado, só assim será possível galgarmos degraus importantíssimos no

aprimoramento da Educação.

US7-

Prof.26.F.VA1

Esta Proposta veio para mostrar para nós professores que a mudança na

Educação se fazia necessária. Desde sua implantação, antes de irmos

para a sala, precisamos preparar nossas aulas, ou seja, voltamos a ser

“estudantes” junto com nossos alunos. Todo dia temos que desvendar um

novo desafio, tornando a nossa prática pedagógica mais dinâmica e atual!

US8-

Prof.26.F.VA1

Estou gostando muito de participar deste Fórum e gostaria que este

contato não terminasse junto com o curso. Seria possível [...] criarmos um

grupo de discussão para dar continuidade a este curso?

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152

US9-

Prof.26.F.VA1

[...] Acho que deveríamos sugerir que o conteúdo de Estatística,

independente de ser ano eleitoral ou não, deveria fazer parte do Terceiro

Bimestre, pois pude observar que todas as provas do Saresp têm

questões envolvendo: média, moda, mediana, desvio-padrão...

US10-

Prof.26.F.VA1

[...] acredito que o conteúdo de Matemática para a Terceira Série do

Ensino Médio ficaria melhor distribuído se estivesse assim: 1.º Bimestre -

Equações Algébricas e Números Complexos; 2.º Bimestre – Geometria

Analítica; 3.º Bimestre – Estatística; 4.º Bimestre – Estudo das Funções.

Convém reiterarmos que selecionamos alguns dos depoimentos como

unidades de significados de acordo com nossa compreensão e visão, e que a

interação do Prof.9 foi apenas de acesso nesse fórum.

Os depoimentos aqui apresentados atestam que o Prof.26 considera que o

movimento de inovação curricular favorece mudanças, uma vez que afirma que este

“tem sido um desafio constante”, e indica ainda que “este novo trabalho tem

proporcionado a oportunidade de estudar e aprender junto com meus alunos”

(Prof.26-F.VA1US.1). Reitera sua expectativa quanto à possibilidade de formação

quando assevera que o grupo poderia “compartilhar experiências”, ou quando

considera que tal movimento pode favorecer a socialização das práticas: “é a troca

de experiências: tudo que der certo precisa ser divulgado, só assim será possível

galgarmos degraus importantíssimos no aprimoramento da Educação” (US6-Prof.26.

F.VA1).

Demonstrou ainda sua expectativa positiva em relação ao curso, quando diz:

“Acredito que criaram este espaço justamente para tomarem conhecimento de

nossas dúvidas, dificuldades e sugestões”. Como sugestão, propõe alteração na

ordem em que os conteúdos estão propostos para a 3.ª série do Ensino Médio.

[...] acredito que o conteúdo de Matemática para a Terceira Série do Ensino Médio, ficaria melhor distribuído se estivesse assim: 1.º Bimestre – Equações Algébricas e Números Complexos; 2.º Bimestre – Geometria Analítica; 3.º Bimestre – Estatística; 4.º Bimestre – Estudo das Funções (US9-Prof.26.F.VA1).

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153

Sua expectativa positiva se retrata inclusive quando propõe a criação de um

grupo de discussão:

Estou gostando muito de participar deste Fórum e, gostaria que este contato não terminasse junto com o curso. Seria possível [...] criarmos um grupo de discussão para dar continuidade a este curso? (US8-Prof.26.F.VA1).

Analisando tal proposta, podemos inferir que a inovação curricular poderá

favorecer o processo de formação. Nesse sentido, estudos como os de Hardgreaves

(1994) apontam a necessidade de incorporar questões como colaboração e

processos colaborativos à cultura profissional nas escolas “pós-modernas”. Todavia,

esse mesmo autor chama a atenção para a dificuldade que a escola encontra para

superar “os princípios da modernidade” expressa na prática da educação

secundária:

As escolas secundárias constituem os símbolos e os sintomas primordiais da modernidade. A sua grande dimensão, os seus padrões de especialização, a sua complexidade burocrática, o seu fracasso persistente em cativar as emoções e as motivações de muitos de seus alunos e de um número considerável de professores (HARGRAVES, 1994, p. 10).

Todavia, é necessário verificar se as observações desse professor encontram

eco entre seus pares. Lembramos que estudos como os de Zeichner (2003)

defendem uma prática crítico-reflexiva. Para esse autor é necessário que o professor

não seja visto somente um “técnico eficiente” encarregado de levar a cabo

orientações concebidas por outros. Zeichner chama atenção para as reformas

“centradas no aluno”, mas que não se preocupam com a participação ativa do

professor. Para o autor esta deve ser uma das principais causas da resistência e da

subversão às mudanças por parte dos professores.

5.2.2 Interações no fórum sobre a VA2

A VA2 tratou dos Cadernos e orientações para a 2.ª série do Ensino Médio.

Os assuntos centrais foram os conteúdos: Trigonometria; Matrizes; Combinatória e

Probabilidade; Geometria. Essa videoaula foi realizada pelo Professor Walter

Spinelli, um dos autores dos Cadernos do Ensino Médio.

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No fórum referente à segunda videoaula, como mencionamos anteriormente,

houve cinco acessos e cinco postagens feitas pelo Prof.9, e 32 acessos e 34

postagens pelo Prof.26. Destas intervenções selecionamos alguns dos depoimentos

que consideramos como unidades de significado, a saber:

US1-

Prof.9. F.VA2

Motivação; Motivação; Motivação. Acredito que o problema não está em

nosso conhecimento matemático ou em nosso conhecimento de didática.

Tenho lido alguns artigos sobre motivação e percebo que motivação é um

processo intrínseco. Mas noto que podemos tentar estimular seu

surgimento. Tenho obtido bons resultados com uma autoavaliação

reflexiva e com modelagem matemática de problemas apresentados por

eles. Quais você utiliza? Conhece algum artigo com técnicas

motivadoras? Se conhecer, por favor, indique.

US2-

Prof.9-F.VA2

Alunos motivados aprendem mesmo sem professores, mas minha bolsa...

já assistiu várias vezes a mesma aula, a mesma aula de diversas formas

diferentes, e só aprendeu uma coisa... guardar meus pertences...

rsrsrsrsrsrs (eu acho que era só isso que ela queria aprender).

US3-

Prof.9.F.VA2

Eu não vejo resistência à proposta, e nem muita coisa de novo nesta

proposta para resistir.

US4-

Prof.26-F.VA2

Compartilho de todas as opiniões já postadas. Ainda estamos inseguros,

por mais apoio que tenhamos de nossas equipes gestoras... É tudo muito

novo! A “resistência” em aprender “de um jeito diferente” é a maior

barreira que nossos alunos nos apresentam! Eles continuam presos aos

modelos prontos de resolução de problemas, não têm o hábito de

interpretar uma situação do seu cotidiano e resolvê-la de maneira

simplificada. Acredito que quando vencermos este obstáculo, os

conteúdos dos nossos Cadernos serão trabalhados com muito mais

facilidade e segurança.

US5-

Prof.26-F.VA2

Ao iniciar o trabalho com os Anagramas, apresentei para meus alunos um

painel e cartões identificados com letras (de A a Z) e números (0 a 9).

Para cada situação, selecionava os cartões necessários e resolvia o

exercício com eles. A solução mostrada concretamente facilitou o

entendimento do assunto inclusive motivando-os a ter seus próprios

cartões para resolver as atividades propostas. As aulas ficaram mais

dinâmicas e percebi meus alunos mais motivados.

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US6-

Prof.26-F.VA2

Segui parte das sugestões do Professor Spinelli, até porque nem todas

são aplicáveis em sala de aula. Adaptei algumas situações e obtive bons

resultados.

US7-

Prof.26-F.VA2

Sei que esta Proposta não é realmente nova, mas é a primeira vez que

vejo um objetivo claro na sua implementação: a unificação do ensino em

todas as escolas e a contextualização dos conteúdos a serem trabalhados

em sala de aula. Muita coisa precisa ser adequada, e acredito que foi por

este motivo que criaram esta Capacitação. Vamos trocar idéias,

experiências, mandar sugestões... Só assim poderemos aprimorar este

trabalho. [...].

US8-

Prof.26-F.VA2

A resolução de problemas, que é o princípio norteador da aprendizagem

da matemática, pode possibilitar o desenvolvimento do trabalho com

probabilidade em sala de aula, através da resolução de problemas de

ordem prática e contextualizada. Assim, é preciso entender que problema

não é um exercício de aplicação de conceitos recém-trabalhados, mas o

desenvolvimento de uma situação que envolve interpretação e

estabelecimento de uma estratégia para a resolução. O desenvolvimento

do pensamento probabilístico, sem dúvida, pode efetivar as

potencialidades formativas da disciplina de Matemática que tem como

tradição a exatidão, o determinismo e o cálculo, opondo-se à exploração

de situações que envolvam aproximação, aleatoriedade e estimação, as

quais podem limitar a visão matemática que o aluno poderá desenvolver,

dificultando suas possibilidades de estabelecimento de estratégias para a

resolução de problemas diversificados que lhe surgirão ao longo de sua

vida.

US9-

Prof.26-F.VA2

Não concordo! Assistindo a videoconferência de encerramento do Projeto

de Apoio à Continuidade de Estudos, a Professora Guiomar Namo de

Mello disse: “Aquele que tem a profissão de ensinar é quem mais tem que

aprender”. Vejo estas videoaulas como mais um material de apoio para a

melhoria do meu trabalho.

Podemos concluir ao fazer a (re)leitura dessas unidades de significado que

nesse momento houve um interesse maior do Prof.9 em participar da discussão.

Talvez isso se deva ao fato de este professor ser “provocado” ou mesmo “para

provocar” o grupo, já que se discutia a questão da motivação:

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Alunos motivados aprendem mesmo sem professores, mas minha bolsa... já assistiu várias vezes a mesma aula, a mesma aula de diversas formas diferentes, e só aprendeu uma coisa... guardar meus pertences... rsrsrsrsrsrs (eu acho que era só isso que ela queria aprender) (US2- Prof.9-F.VA2).

Todavia o Prof.26 entra na discussão compartilhando das opiniões e

afirmando que:

[...] Ainda estamos inseguros, por mais apoio que tenhamos de nossas equipes gestoras... É tudo muito novo! A “resistência” em aprender “de um jeito diferente” é a maior barreira que nossos alunos nos apresentam! Eles continuam presos aos modelos prontos de resolução de problemas, não têm o hábito de interpretar uma situação do seu cotidiano e resolvê-la de maneira simplificada. Acredito que quando vencermos este obstáculo, os conteúdos dos nossos Cadernos serão trabalhados com muito mais facilidade e segurança (US4-Prof.26-F.VA2).

Analisando a postagem, observamos que o Prof.26 comentava as opiniões

sobre as postagens anteriores em que os participantes discutiam, segundo ela

mesma, “a resistência em aprender de um jeito diferente”. No entanto, segundo o

próprio Prof.9 afirma: “Eu não vejo resistência à proposta, e nem muita coisa de

novo nesta proposta para resistir”. Entretanto, consideramos que essa afirmação do

Prof.9 refere-se também à possível “resistência” dos professores quanto à

“inovação” curricular em implementação.

Nesse momento, os dois professores dialogaram. O Prof.26 afirma em

seguida:

Sei que esta Proposta não é realmente nova, mas é a primeira vez que vejo um objetivo claro na sua implementação: a unificação do ensino em todas as escolas e a contextualização dos conteúdos a serem trabalhados em sala de aula. Muita coisa precisa ser adequada e, acredito que foi por este motivo que criaram esta Capacitação. Vamos trocar idéias, experiências, mandar sugestões... Só assim poderemos aprimorar este trabalho (US7- Prof.26-F.VA2).

Assim, ele retoma a questão, que lhe parecia central, da unificação do

currículo e da troca de experiências, ou seja, espaço de formação. Ideia a qual o

Prof.9 também parecia concordar. Para esse docente o problema não estaria no

conhecimento profissional docente, e sim na motivação do aluno:

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Motivação; Motivação; Motivação. Acredito que o problema não está em nosso conhecimento matemático ou em nosso conhecimento de didática. Tenho lido alguns artigos sobre motivação e percebo que motivação é um processo intrínseco. Mas noto que podemos tentar estimular seu surgimento. Tenho obtido bons resultados com uma autoavaliação reflexiva e com modelagem matemática de problemas apresentados por eles. Quais você utiliza? Conhece algum artigo com técnicas motivadoras? Se conhecer, por favor, indique (US1-Prof.9. F.VA2).

Acreditamos que provavelmente esse professor esperasse do grupo uma

troca de experiências um pouco maior acerca de estratégias motivadoras. Ele

comenta sobre a modelagem matemática e pede que haja indicações de sugestões.

O Prof.26,acredita trocar tais informações:

Ao iniciar o trabalho com os Anagramas, apresentei para meus alunos um painel e cartões identificados com letras (de A a Z) e números (0 a 9). Para cada situação, selecionava os cartões necessários e resolvia o exercício com eles. A solução mostrada concretamente facilitou o entendimento do assunto inclusive motivando-os a ter seus próprios cartões para resolver as atividades propostas. As aulas ficaram mais dinâmicas e percebi meus alunos mais motivados (US5-Prof.26-F.VA2).

Ele chama a atenção do grupo para o fato de como trabalhou com os seus

alunos com a temática Anagramas. No entanto, há indícios de que não era esta a

troca de experiência que o Prof.9 esperava obter, pois depois desta ele não postou

nenhuma outra mensagem.

Analisando as unidades de significado, observamos, conforme a fala dos

professores, que uma discussão interessante ocorreu no grupo durante o segundo

fórum. Considerando isso e o fato de que foi o único fórum em que o Prof.9 postou

mensagens, faremos nossa análise até este fórum, como dissemos anteriormente.

Lembramos que o segundo fórum tratou de temáticas da segunda série do

Ensino Médio. E mesmo considerando que o Prof.9 afirma não haver muitas

mudanças, os Cadernos para essa série apresentam propostas que comumente não

encontramos em livros didáticos e/ou mesmo nas publicações oficiais anteriores. As

temáticas que apresentam uma diversidade contextual e uma abordagem,

considerando o que culturalmente a escola desenvolve, foram o tratamento

destinado a trigonometria, análise combinatória e matrizes.

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Ou seja, neste penúltimo ano da Educação Básica, havia uma proposta de

trabalho da trigonometria por meio da análise de fenômenos periódicos e de sua

expressão por intermédio de equações matemáticas e representações gráficas

(modelagem) o que não é tão usual.

No segundo bimestre a proposta é o desenvolvimento da noção de matrizes

por intermédio de tabela de dupla entrada em que os elementos guardam posições

dadas pelas coordenadas de suas linhas e colunas. Além disso, outros exemplos

contextualizados são apresentados como uma maneira de atribuir significados a

essa noção. Outro ponto em que proposta se diferencia é quando trata das

operações com matrizes, pois não é comum também encontrar contextos para

multiplicação de matrizes, por exemplo, fato que é destacado no material. Nesse

mesmo volume, chama-se a atenção para o desenvolvimento de situações que

envolvem sistemas lineares, utilizando-se, além de contextos interessantes, também

escalonamento método que não costuma ser usualmente tratado nos livros

didáticos, por exemplo: Matemática – Ensino Médio – volume 2, Smole e Diniz (São

Paulo: Saraiva, 2005, 5. ed.); Fundamentos da matemática elementar – volume 5:

combinatória, probabilidade (São Paulo: Atual, 2004, 7. ed.); Matemática: volume

único – Ensino Médio, Iezzi, Dolce, Degenszajn e Périgo (São Paulo: Atual, 2002, 2.

ed.); Matemática para o Ensino Médio: volume único, Bezerra (São Paulo: Scipione,

2001 – Série Parâmetro); Matemática: volume único – Ensino Médio, Youssef,

Fernandez e Soares (São Paulo: Scipione, 2000 – Coleção Novos tempos);

Matemática aula por aula: volume único – Ensino Médio, Barreto Filho e Barreto

(São Paulo: FTD, 2000); Matemática fundamental, 2.º grau: volume único, Giovanni,

Bonjorno e Giovanni Jr. (São Paulo: FTD, 1994).

Convém ainda destacar o enfoque dado à Análise Combinatória. A proposta é

iniciar pela probabilidade. Segundo o Caderno do Professor, o

[...] tratamento tradicional do tema parte da classificação dos problemas em grupos – permutações, arranjos, combinações – de acordo com determinado critério, na tentativa de facilitar a resolução a partir da

aplicação de algumas fórmulas de cálculo (SÃO PAULO, 2008d, p. 9).

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Ou seja, a elaboração desse caderno considera que tal classificação

aproxima-se mais do trabalho com procedimentos do que o trabalho com resoluções

de problema. Chama a atenção para o fato de que, se, de um lado, tal classificação

permitiria agilizar a resolução de situações padronizadas, por outro, dificultaria, por

parte do aluno, o enfrentamento de situações-problema reais, com contextos

inéditos. Este fato foi comentado pelo Prof.26:

A resolução de problemas, que é o princípio norteador da aprendizagem da matemática, pode possibilitar o desenvolvimento do trabalho com probabilidade em sala de aula, através da resolução de problemas de ordem prática e contextualizada. Assim, é preciso entender que problema não é um exercício de aplicação de conceitos recém-trabalhados, mas o desenvolvimento de uma situação que envolve interpretação e estabelecimento de uma estratégia para a resolução. O desenvolvimento do pensamento probabilístico, sem dúvida, pode efetivar as potencialidades formativas da disciplina de Matemática que tem como tradição a exatidão, o determinismo e o cálculo, opondo-se à exploração de situações que envolvam aproximação, aleatoriedade e estimação, as quais podem limitar a visão matemática que o aluno poderá desenvolver, dificultando suas possibilidades de estabelecimento de estratégias para a resolução de problemas diversificados que lhe surgirão ao longo de sua vida (US8-Prof.26-F.VA2, grifos nossos).

Conforme a análise das unidades de conteúdo da postagem dos dois

professores nos fóruns sobre a VA1 e VA2, consideramos que estes poderiam ser

uma boa escolha para colocar atenção em nossa entrevista. Então, escolhemos

como enfoque entrevistar os dois professores e discutirmos um pouco as propostas

contidas nos Cadernos da 2.ª série do Ensino Médio, de maneira mais específica o

tema Análise Combinatória, como também as considerações e expectativas sobre as

ações de formação continuada de professores, sobre o conhecimento profissional

docente e sobre as influências do novo currículo na prática pedagógica.

Convém ainda destacar que as mensagens postadas no fórum dos dois

professores, de um lado, foram divergentes na medida em que os docentes

enfatizaram o processo de mudança curricular de forma diversa, e, por outro lado,

parece haver uma convergência quanto à preocupação de como conduzir

satisfatoriamente os processos de ensino e de aprendizagem em um cenário de

inovação curricular.

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160

5.3 ANÁLISE DAS ENTREVISTAS

Com a finalidade de aprofundar nosso estudo e responder a questão de

pesquisa proposta nessa investigação, ou dar indícios de respostas, elaboramos

uma entrevista semiestruturada realizada com nossos sujeitos de pesquisa, e

apresentamos as informações coletadas e nossa análise nessa subseção.

5.3.1 Entrevistas: coleta de dados

As entrevistas foram realizadas em momentos distintos, conforme a

disponibilidade de nossos sujeitos de pesquisa. Em ambas seguimos o roteiro

preestabelecido (Anexo G, p. xxii), porém, no decorrer dos depoimentos, outras

indagações surgiram como complemento. Expomos a seguir uma síntese dessas

entrevistas, cuja transcrição está no Anexo H (p. xxiv), e, logo após, as unidades de

significados utilizadas para categorizarmos os depoimentos e aprofundar nossas

considerações e análise.

A primeira entrevista foi cedida pelo Prof.26 em junho de 2010, nas

dependências da unidade escolar (escola E) onde leciona, durante o intervalo de

aulas entre o período da manhã e o da tarde. A segunda aconteceu em julho de

2010, na residência do Prof.9.

Após novos esclarecimentos sobre o teor e o objetivo da entrevista72 aos

professores, formulamos nossa primeira pergunta, a saber: Eu gostaria que você

comentasse sobre os pontos fortes e fracos, quanto ao currículo de matemática

proposto para o ensino médio em implementação desde 2008 na rede de ensino

estadual de São Paulo. De acordo com o Prof.9:

Pontos fortes... eu só reconheço a facilidade de transferência [de alunos] entre escolas do Estado em função da unificação do currículo. [Enquanto] pontos fracos... percebi alguns... [...] [como] a esperança de que todos os

72

Relembramos o objetivo das entrevistas, coletar dados para a dissertação Os desafios da formação continuada de professores que ensinam Matemática no Ensino Médio em um cenário de reorganização curricular, que utilizamos para nossa análise e com os quais, com os já mencionados, buscamos responder à questão de pesquisa proposta neste trabalho.

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alunos sejam iguais e tenham o mesmo nível de interesse, assimilação e conhecimento prévio... acarretando prejuízo aos diferentes. [...] Quanto às questões que esperam uma sequência de respostas... O Caderno pede para que o aluno determine a possibilidade de ocorrência de duas caras ao lançamento de dois dados na parte “a”, e na parte “b” pede a árvore de resultados... [...] sobre a quantidade pequena de exercícios... Não existem exercícios de fixação. Sem repetição de exercícios [não é possível] avaliar se houve retenção do realizado. [...] Inúmeras são as mudanças impostas pelo novo currículo. Sou incapaz de enumerá-las. Mas, no geral, fui obrigado a utilizar certas abordagens, práticas, técnicas e metodologias que eu já havia usado e descartado por não serem as mais eficientes para determinados grupos de alunos. [...] Quanto aos professores, estes “heróis da resistência”... mais um fato desmotivador, mas que não gera efeito...

Já o Prof.26 em seu depoimento declarou:

Para mim... os pontos fortes são que as aulas são mais dinâmicas, possibilitando ao aluno o momento de reflexão e de pesquisa... e permite sair do lugar comum do livro didático [...]. Como pontos fracos... o aluno não está preparado a assistir uma aula nos novos moldes, ou seja, não está acostumado a pesquisar e resolver problemas fora dos padrões do livro didático. [...] Sinto falta de material de apoio para aplicar as atividades propostas. [...] Sobre as inovações dessa Proposta... podemos receber alunos de outras escolas que o conteúdo ensinado é o mesmo [...]. Antes da Proposta Curricular, cada escola ensinava o que queria e na ordem que bem entendesse. E [...] o professor não precisava preparar suas aulas, pois o seu “velho caderno” tinha tudo o que ele precisava [...]. Com a Nova Proposta, ele precisa preparar muito bem a sua aula, pois no Caderno do Aluno há exercícios que não são contemplados em livros didáticos e ele precisa saber resolvê-lo para ensinar para seu aluno, daí a necessidade de voltar a estudar porque as velhas receitas não dão muito certo [...].

Na segunda pergunta solicitamos aos professores que comentassem sobre o

curso A Rede Aprende com a Rede, do qual participaram em 2008, e que falassem

mais especificamente sobre as videoaulas, sobretudo a respeito da VA2 – em que a

temática foi a 2.ª série do Ensino Médio – e sobre os Cadernos para essa série.

Como resposta o Prof.9 declara:

Em minha opinião, o curso foi mais uma agressão ao professor da rede pública estadual de ensino. Aulas de forma expositiva sobre o conteúdo matemático. Conteúdo que eu e meus colegas já dominávamos. Eu esperava um curso com novas técnicas motivacionais [...]. [Sobre reflexos percebidos na prática docente] Fui obrigado a considerar meus alunos (turmas) todos (todas) iguais e utilizar a abordagem imposta. Fui [...] obrigado a descartar minha percepção, minha experiência, meu conhecimento do grupo. [...] Quanto ao conteúdo... NÃO! [há inovações] Tudo o que eu vi já havia visto durante a graduação.

No entanto, segundo o Prof.26,

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Foi uma pena que este Curso ocorreu muito depois que o ano letivo havia iniciado. Gostei muito e aproveitei todas as informações assistidas nas videoaulas e a troca de experiências com os demais colegas de disciplina no Fórum foram úteis. [...] Sinto falta do oferecimento de outras capacitações como esta, pois o professor precisa entender que estar atualizado é fundamental para o sucesso do aprendizado de seus alunos. [...] A videoaula para a segunda série ilustrou modos diferenciados de ensinar matrizes para meus alunos, fugindo da mesmice dos livros didáticos. [...] Sobre a troca de experiência com os demais colegas no Fórum do curso... foi importante saber que as mesmas dificuldades que estava passando com a Nova Proposta, meus colegas estavam passando também. Que bom que não estou sozinha!

Solicitamos na terceira pergunta que o professor comentasse sobre a

utilização dos cadernos da 2.ª série do Ensino Médio a partir de 2008 e sobre as

discussões ocorridas na escola com os demais professores de área. O Prof.9

declara-nos:

Utilizei os cadernos como apoio didático [...]. Em função dos atrasos de distribuição e da necessidade de padronização do currículo, ministrei os assuntos programados na data prevista [...] e quando [os Cadernos chegaram] eu os utilizei como material para revisão dos conteúdos já ensinados. [...] Usei os cadernos, o que eu não gostei foi ter que trabalhar do mesmo modo em todas as turmas. Não vi nenhuma novidade. Os cadernos não são homogêneos... usam mais de uma forma de abordagem e desenvolvimento, mas, no geral, a resolução de problemas parece ser a mais utilizada. [...] [Sobre discussões, análise, estudo do atual currículo com outros professores] Houve discussões na escola e fora dela. Um dos meus grupos de amigos é composto por professores, não só de Matemática, e temos... tínhamos um grupo de estudos sobre educação [...].

O Prof.26 em seu depoimento sustenta que

Utilizo constantemente os Cadernos, mas sempre mesclando com outros materiais. Ainda não há condições de se ensinar Matemática apenas com os Cadernos [...]. Mas achei que as atividades propostas nos Cadernos foram muito bem elaboradas e em uma linguagem mais próxima dos alunos. [...] Sobre os demais professores de minha escola... A equipe [...] é muito aberta para discussões e sugestões de como utilizar o caderno. Estamos sempre “trocando figurinhas”.

Na última pergunta questionamos: Do ponto de vista dos processos de ensino

e aprendizagem, tudo o que aconteceu nesses últimos anos (cursos, encontro de

professores, escola, sala de aula, Cadernos, outros materiais, o curso A Rede

Aprende com a Rede etc.), você considera que houve algum reflexo em sua prática

pedagógica? Nos saberes docentes? No desenvolvimento profissional? Como

resposta o Prof.9 declara:

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[...] Quando conhecemos novas práticas e técnicas, mesmo que não a apliquemos na íntegra, elas passam a fazer parte de nosso arsenal e isto se reflete em nossas aulas.

Por seu turno, o Prof.26 afirma que “com certeza” houve reflexo, mudanças em sua

prática docente, todavia não detalhou a sua resposta, como também a desviou

resposta do questionamento feito, mesmo sendo solicitado a explanar mais. Esse

professor nos diz em seu depoimento

Cada dia sinto-me mais desafiada a preparar aulas mais elaboradas e aos poucos meus alunos começam a apresentar soluções para os problemas sem que “fórmulas” sejam utilizadas e [...] que eles “andem com suas próprias pernas” e deixem a “decoreba” de lado. [...] Toda aula há uma novidade a ser ensinada e a ser discutida entre meus alunos e eu. [...] Quanto ao planejamento das aulas... planejo minhas aulas semanalmente. Verifico qual o conteúdo que vou trabalhar com minhas turmas e preparo a parte teórica e seleciono os primeiros exercícios que aos alunos deverão resolver.

Ambas as entrevistas encerraram-se porque o tempo disponível dos

professores fora restrito.

Desse modo, com os dados coletados nas entrevistas cedidas pelos Prof.9 e

Prof.26, pudemos elaborar nossa análise a partir das seguintes categorias:

I - Expectativas e Considerações sobre o curso RAR2008;

II - Análise Combinatória: Reflexões sobre o Conhecimento do Professor;

III - Formar-se Professor de Matemática: Influência do Currículo.

5.3.2 Entrevistas: análise dos dados

Com o objetivo de favorecer nossa análise das informações coletadas com as

entrevistas, elaboramos um quadro com as unidades de significados (ver Anexo K,

p. liv) com alguns dos depoimentos dos Prof.9 e Prof.26, que para nós são mais

significativos e atendem a categorização criada para possibilitar responder ou dar

indicações de respostas à questão que norteia nossa pesquisa: Quais percepções

relacionadas aos processos de ensino e aprendizagem são observadas por

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professores que ensinam Matemática no Ensino Médio e que participaram do curso

“A Rede Aprende com a Rede”.

No tocante à primeira categoria de nossa análise sobre os depoimentos nas

entrevistas cedidas, Expectativas e Considerações sobre o curso RAR2008,

observamos uma percepção antagônica entre os professores sujeitos de pesquisa.

Para o Prof.9:

Em minha opinião, o curso foi mais uma agressão ao professor da rede pública estadual de ensino. Aulas de forma expositiva sobre o conteúdo matemático. Conteúdo que eu e meus colegas já dominávamos. Eu esperava um curso com novas técnicas motivacionais, ou na pior das hipóteses, uma nova prática com técnicas baseadas nos PCNs e não uma aula tradicional sobre conteúdos que conheço (US1.EII: Prof.9).

Enquanto o Prof.26 declara:

Gostei muito e aproveitei todas as informações assistidas nas videoaulas e a troca de experiências com os demais colegas de disciplina no Fórum também foram úteis (US5.E-II: Prof.26).

Entretanto, esse professor argumenta: “uma pena que este curso ocorreu

muito depois que o ano letivo havia iniciado” (US4.E-II:Prof.26). Lembrando que o

ano de 2008 foi o ponto de partida para a implementação do novo Currículo no

Estado de São Paulo.

Sobre os reflexos percebidos na prática docente, mediante as atividades do

curso, há outra divergência de opinião entre ambos os professores. O Prof.9 diz ter

sido obrigado a considerar seus alunos e turmas todos iguais e “utilizar a abordagem

imposta” e “obrigado a descartar minha percepção, minha experiência, meu

conhecimento do grupo” (US2.E-II:Prof.9). Contudo, verificamos uma contradição

quando este mesmo professor sustenta que: “Quando conhecemos novas práticas e

técnicas, mesmo que não a apliquemos na íntegra, elas passam a fazer parte de

nosso arsenal e isto se reflete em nossas aulas” (US1.E-III:Prof.9). A percepção do

Prof.26 é positiva, quando este assevera: “Cada dia sinto-me mais desafiado a

preparar aulas mais elaboradas” (US4.E-III:Prof.26).

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Quanto à segunda categoria, Análise Combinatória: Reflexões sobre o

Conhecimento do Professor, verificamos nos depoimentos dos professores outra

divergência. Enquanto o Prof.26 considera que “A videoaula para a segunda série

ilustrou modos diferenciados de ensinar” (US8.E-II:Prof.26) e afirma terem sido

“muito interessantes” as orientações metodológicas e a abordagem, além de

considerar que muitas sugestões “eu não pude aplicar por causa da época em que o

curso iniciou” (US6.E-II:Prof.26), o Prof.9 declara não ter percebido novidades

quanto ao conteúdo. Ele disse: “NÃO! Tudo o que eu vi já havia visto durante a

graduação” (US3.E-II:Prof.9).

Retornamos, nesse ponto, à teoria de Shulman (1986, 1987), sobre a base do

conhecimento docente, quando este afirma ser o conjunto do conhecimento do

conteúdo e o conhecimento curricular, conectados ao conhecimento pedagógico do

conteúdo, que distingue os que “sabem a disciplina dos que são capazes de ensiná-

la” (ver Seção 3, p. 116). Segundo esse autor, o conhecimento dos conteúdos

específicos da disciplina que o professor leciona inclui tanto as compreensões de

fatos, conceitos, processos, procedimentos, etc., de uma área específica do

conhecimento, quanto àquelas relativas à construção dessa área; o conhecimento

curricular é o conhecimento sobre as alternativas curriculares possíveis para o

ensino, ou seja, é o conhecimento dos materiais curriculares alternativos para um

determinado conteúdo (ou tópico), que inclui conhecimentos de teorias e princípios

relacionados ao processo de ensino e de aprendizagem; e o conhecimento

pedagógico do conteúdo – considerado o “paradigma perdido” por Shulman – é

construído constantemente pelo professor ao ensinar a matéria e que é enriquecido

e melhorado quando se combinam com os outros tipos de conhecimentos

explicitados na base (ver Seção 3, p. 115).

Para o Prof.9 as abordagens, práticas, técnicas e metodologias propostas no

novo currículo foram “mudanças impostas” e que “no geral” ele foi “obrigado a

utilizar”, e, para esse professor, “não há novidade” no novo currículo. Já para o

Prof.26, com a nova Proposta Curricular, “O professor precisa preparar sua aula com

maior atenção e estudar determinados conteúdos, que não estava habituado a

ensinar” (US12.E-I:Prof.26), o que entendemos como aspectos da base do

conhecimento profissional docente de Shulman. Outro ponto destacado pelo Prof.26

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refere-se a um dos aspectos do conhecimento curricular, ou seja, a “falta de material

de apoio para aplicar as atividades propostas” (US16.E-I:Prof.26), como exemplo:

vídeos, materiais manipuláveis, softwares... específicos para o Ensino Médio.

Quanto à temática combinatória no novo currículo – como já mencionamos na

seção 2 dessa dissertação –, é proposta para o terceiro bimestre da 2.ª série do

Ensino Médio no bloco Números, com o tema probabilidade. Para o autor dos

Cadernos para essa série, Professor Walter Spinelli, um curso de Matemática que

prioriza

[...] a resolução de problemas como principal metodologia de aprendizado não pode se basear unicamente na classificação das situações em grupos determinados, sob pena de limitar por demais as estratégias de raciocínio que o estudante pode e deve mobilizar ao se confrontar com uma realidade real (SÃO PAULO, 2008d, p. 9).

Sobre isso o Prof.26 expressou o seguinte depoimento: “[...] alunos começam

a apresentar soluções para os problemas sem que „fórmulas‟ sejam utilizadas, ou

seja, estou conseguindo que eles „andem com suas próprias pernas‟ e deixem a

„decoreba‟ de lado” (US5.E-III.Prof.26).

Nesse sentido, mesmo considerando a análise combinatória um assunto da

Matemática que estuda os problemas relativos às contagens, e que apesar de ser

uma temática que necessita de uma pequena quantidade de recursos matemáticos

para resolvê-los, apresenta-se como um item do currículo no qual tanto alunos como

professores encontram muita dificuldade.

Quanto aos processos de ensino e aprendizagem, parece que tal proposta

não apresentou resultados positivos. A prova que avaliou alunos das escolas ao final

do Ensino Médio, no ano de 2008 (SARESP), verificou que somente 29% dos alunos

acertaram uma questão (ver Figura 32, abaixo) envolvendo uma situação que

poderia ser resolvida por meio do raciocínio combinatório:

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Um videogame, com o fim de identificar e personalizar os jogadores, permite que eles criem faces de pessoas a partir da composição de algumas características fornecidas, tais como: rosto, cabelo, olhos, boca e acessórios, conforme a tabela a seguir.

Rosto Cabelo Olhos Boca Acessórios

Redonda Curto Amendoados Pequena Óculos

Quadrangular

Comprido Redondos Grande Boné

Comprida Sem cabelo Aparelho dentário

Com esses dados pode-se concluir que o número de faces diferentes que podem ser formadas usando esse videogame é:

a. 168. b. 108. c. 57. d. 13.

Figura 32. Questão do Saresp 2008: Relatório Pedagógico (SÃO PAULO, 2009)

Analisando o item, observamos que este pretendia verificar a capacidade do

aluno em aplicar o princípio multiplicativo em uma situação problema. Vale ressaltar

que os documentos oficiais das escolas envolvidas orientam para que os alunos

desde os primeiros anos do Ensino Fundamental vivenciem situações envolvendo

problemas de contagem, utilizando o princípio multiplicativo. Todavia, o índice de

acertos, ao final da Educação Básica, ainda é muito baixo, mas tal fato não foi

observado exclusivamente em 2008, outras versões dessa avaliação73 também

registram tal dificuldade.

Lembramos que o Currículo de 2008, assim como os documentos que o

antecederam nos últimos 20 anos (Proposta de São Paulo de 1986, 1.ª edição, e

PCNEM; PCN+ e Orientações Curriculares), chamam a atenção para o fato de que,

se o professor deixa de priorizar a resolução de problemas combinatórios por meio

de aplicação de fórmula, ou seja, deixem de focar o processo de resolução na

classificação dos problemas – ou permutações, arranjos e combinações – e que

foquem o trabalho no desenvolvimento de estratégias para resolver os problemas de

contagem, apoiados em tabelas, diagramas, entre outros, para que em seguida

propiciem vivências aos alunos para que estes percebam que o princípio

73

Conforme relatórios das avaliações apresentadas em anos anteriores.

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multiplicativo como um recurso que auxilia resolver mais facilmente muitos

problemas.

Entretanto, analisando tais resultados e apoiados nas entrevistas,

observamos uma distância grande entre as discussões encontradas nas orientações

oficiais e os currículos praticados.

Provavelmente, o Prof.9 nos mostra muito bem o que Zeichner (2003) chama

de “meros implementadores do Currículo”. O autor critica o modo como os docentes

são tratados em tais movimentos e considera que:

Na minha opinião, ao estabelecer diretivas para a reforma educacional, os governos precisam adotar mecanismos para que os educadores tenham um papel central na criação, na interpretação e na implementação dessas reformas, o que se aplica também aos professores dos chamados “países em desenvolvimento” (ZEICHNER, 2003, p. 39).

Assim, por meio da análise dos depoimentos dos professores envolvidos,

podemos inferir que, mesmo reconhecendo a necessidade e potencialidade das

orientações contidas nos documentos oficiais, há uma distância muito grande entre o

que se pretende e o que ocorre efetivamente na sala de aula, seja porque o

professor não se “sente participante”, seja porque as ações de formação não

priorizem a análise e a reflexão de tais indicações.

A terceira e última categoria trata do Formar-se Professor de Matemática:

Influência do Currículo. Assim como Imbernón (2006), entendemos que a

formação docente

[...] deveria dotar o professor de instrumentos intelectuais que possam auxiliar o conhecimento e interpretação das situações complexas com que se depara. Por outro lado, deveria envolver os professores e tarefas de formação comunitária para dar à educação escolarizada a dimensão de vínculo entre o saber intelectual e a realidade social, com a qual deve manter estreitas relações (IMBERNÓN, 2006, p. 42).

No debate sobre formação profissional docente e currículo, concordamos com

Pietropaolo (2002), quando este afirma que a formação (inicial ou continuada)

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[...] pressupõe, certamente, discutir os currículos de Matemática prescritos para a escola básica. Embora esses dois temas mantenham estreitas relações entre si, nem sempre eles têm sido discutidos de forma articulada, o que, em certo sentido, ajuda a explicar a dificuldade de implementação de propostas curriculares quando não se leva em conta que tipo de formação, que tipo de experiência têm os professores que vão colocá-las em prática. Por outro lado, a falta de clareza do tipo de profissional que se deseja formar para atender às novas demandas pode explicar as dificuldades encontradas para desenvolver projetos mais consistentes de formação de professores (PIETROPAOLO, 2002, p. 34).

Sobre isso o Prof.26 declara que sente “falta do oferecimento de outras

capacitações [...], pois o professor precisa entender que estar atualizado é

fundamental para o sucesso do aprendizado de seus alunos” (US7.E-II:Prof.26).

Esse professor afirma também que o grupo de professores de Matemática em sua

escola “é muito aberto para discussões e sugestões [...]. Estamos sempre trocando

figurinhas” (US9.E-III:Prof.26). De acordo com o Prof.9, “houve discussão” sobre o

novo currículo, tanto na escola como fora dela. Ele declara que “[...] um dos grupos

de amigos é composto por professores, não só de matemática, e tínhamos um grupo

de estudos sobre educação que se reunia todas as sextas à tarde em minha casa”

(US4.E-III:Prof.9). O que para nós comprova que muitos professores estão abertos e

interessados em debater, estudar, se formar, se desenvolver profissionalmente.

Consideramos importante destacar que ambos os professores percebem

como ponto forte do novo currículo a sua unificação. Por exemplo, o Prof.26 diz que

com o novo currículo “podemos receber alunos de outras escolas [estaduais] que o

conteúdo ensinado é o mesmo” (US20.E-I:Prof.26),

Finalmente, em relação à influência do currículo na formação profissional

docente, pudemos inferir por meio da análise dos depoimentos aqui apresentados

que os professores consideram que o estudo em grupo de propostas de inovações

curriculares poderia favorecer o processo reflexivo dos docentes sobre as suas

práticas, desde que lhes fossem oferecidos espaços para que pudessem discutir tais

orientações com seus pares de forma mais sistemática, permitindo inclusive que

pudessem opinar sobre as mudanças propostas.

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170

6 CONSIDERAÇÕES FINAIS E PERSPECTIVAS FUTURAS

Esse trabalho foi realizado vencendo-se muitos obstáculos, os quais escolho

não exprimir comentários. Entretanto, em seu desenvolvimento não faltou

dedicação, empenho e determinação. Procurei estar sempre com os óculos e

chapéu de pesquisador, todavia tive como grande desafio o ser e estar professora

em exercício, que busquei vencer. Inicialmente na Oficina Pedagógica da DE Santo

André na função de PCOP de Matemática, o que me permitiu participar diretamente

da primeira ação de formação continuada promovida pela SEE/SP para

implementação do novo currículo – o curso A Rede Aprende com a Rede (edição

2008) –, e depois, de volta à escola, em sala de aula com alunos do ensino

fundamental – ciclo II e do ensino médio.

Considero um desafio, este ser/estar docente na rede de ensino estadual

paulista, porque, como professor-pesquisador é preciso olhar, ler e interpretar os

fatos e/ou dados da realidade ao qual se faz parte e os sentimentos podem interferir

nas inferências e nas palavras (expressão do pensamento). Portanto, era preciso

sair da sombra, pois, como afirmou Vigotsky, “[...] uma palavra desprovida de

pensamento é uma coisa morta, e um pensamento não expresso por palavras

permanece na sombra”. Todavia, havia os sentimentos, que segundo Leonardo da

Vinci, é por onde se inicia “todo o nosso conhecimento”.

Deste modo, relembro as inquietações motivadoras de todos os passos e

etapas desta investigação, quais sejam:

De quais conhecimentos os professores de matemática precisam se

apropriar para que seus alunos aprendam melhor e mais?

De que outros conhecimentos, saberes, atitudes... eu deveria me apropriar

para que a aprendizagem dos meus alunos fosse consistente, eficaz,

produtiva... e provocasse neles o desejo de continuidade em seus estudos?

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Que saberes os professores experientes possuíam, diferentes dos meus,

que poderiam ser um diferencial em minha atuação? O que faltava

aprender?

Quais conhecimentos se fazem necessários para ensinar com eficácia,

consistência e sedução? Onde e como aprender a aprender, aprender a

ensinar e aprender a ensinar aprender? Quais outros caminhos percorrer

em meu desenvolvimento profissional? Como atrair outros colegas de ofício

para esse desafio?

Como formadora de professores, o que e como saber sobre os

conhecimentos dos quais esses professores precisavam se apropriar, para

que seus alunos aprendam melhor e mais? Como ser favorecedora de

desenvolvimento profissional de professores que ensinam Matemática por

intermédio de ações de formação continuada? Como atrair outros colegas

de função para esse desafio?

Quais as interferências da pesquisa na sala de aula? Quais são as

influências da sala de aula, da sala dos professores e da escola na

investigação? Como pesquisadora, essas inquietações podem trazer

contribuições? Quais? Como? Para quem? São relevantes?

Como o professor se organiza na escola para discutir, refletir e implementar

as questões específicas de Matemática contidas na Proposta Curricular do

Estado de São Paulo implantada em 2008?

Como o professor de matemática do Ensino Médio se apropria de

conhecimentos num grupo de estudo constituído para a análise das

orientações da Proposta Curricular do Estado de São Paulo (2008)?

Essas questões inquietantes e motivadoras possibilitaram a escolha do

cenário, ou contexto, em que a investigação foi realizada, como também, a definição

do problema de pesquisa:

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Quais percepções relacionadas aos processos de ensino e

aprendizagem são observadas em professores que ensinam matemática

no ensino médio e que participaram do curso “A Rede Aprende com a

Rede” em 2008, no cenário de implementação curricular do Estado de

São Paulo, e quais as implicações trazidas ao processo de formação

continuada de professores?

No tocante ao que chamei de cenário para indicar o contexto (lugar-espaço,

momento e circunstância) em que o processo de implementação do novo currículo

de Matemática na rede pública estadual de ensino em São Paulo aconteceu foram

instrumentos de investigação os relatórios e os registros de postagem da turma

Matemática/Ensino Médio do curso supracitado, o questionário encaminhado a todos

os professores inscritos neste curso e os depoimentos das entrevistas cedidas pelos

Prof.9 e Prof.26 (sujeitos de pesquisa).

Para análise dos dados, além daqueles coletados com estes instrumentos,

também foram objetos de investigação os materiais-subsídios do novo currículo –

Proposta Curricular (2008) e Currículo (2010) de Matemática, Cadernos do Professor

(2008) e Cadernos do Aluno (2009, 2010) de Matemática –, tendo por foco principal

o ensino médio e a formação do professor que ensina matemática nesse segmento

da educação básica brasileira, mediante uma inovação curricular.

O conteúdo específico do conhecimento matemático analisado, por demanda

observada nos dados coletados, foi a Análise Combinatória, que na organização da

grade curricular é proposto para o terceiro bimestre da 2.ª série do ensino médio –

por isso, a análise de dados desta investigação restringiu-se a essa série.

Com a finalidade de prosseguir na escrita do pensamento, ou seja, dessas

considerações e perspectivas, percebo que é importante retomar o objetivo deste

estudo, qual seja:

Analisar as percepções que professores de matemática no ensino médio

têm acerca dos processos de ensino e aprendizagem, em um cenário de

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implementação curricular, e investigar as implicações que esta traz ao

processo de formação continuada docente.

Nesse sentido, entendo relevante ressaltar que estudamos um grupo de

professores que participaram da primeira ação de formação docente no cenário de

implementação do Currículo do Estado de São Paulo. Este curso, organizado pela

SEE/SP, aconteceu no modo EAD e discutiu por meio de videoaulas e fórum

assuntos que perpassaram temáticas relacionadas às Situações de Aprendizagem

contidas nos Cadernos dos Professores do ensino médio. Também assevero

importante destacar, que os sujeitos desta pesquisa foram dois professores de

Matemática, que participaram deste curso e lecionavam para o ensino médio em

escolas distintas, porém com características semelhantes, e que estes professores

foram cognominados, respectivamente, Prof.9 e Prof.26.

Com o objetivo de responder, ou dar indicações de respostas às indagações

sobreditas e principalmente ao problema de pesquisa, expresso algumas

conclusões.

Compreendo o professor como um profissional que está em permanente

desenvolvimento, afinal sua formação não se encerra na graduação (formação

inicial), isso porque o movimento que se instala no contexto educacional vai além de

um processo acabado e imutável, ainda mais quando se busca uma aprendizagem

adequada, eficiente e consistente.

Chamo a atenção, como o fez Garcia Silva (2007, p. 22), para o fato de que a

Formação Continuada não deveria promover cursos ou outros eventos centrados na

“atualização”, mas sim garantir experiências que proporcionassem aos professores

oportunidade de pensar e repensar continuamente sua prática e proporcionassem,

por intermédio da análise de situação concreta ocorrida na escola, condições de

diálogo e construção de conhecimento com seus pares.

Pude constatar que no presente movimento de inovação curricular os

modelos de formação de professores, descritos neste estudo, não foram suficientes,

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segundo nossos sujeitos, para atender às demandas curriculares, assim como os

demais movimentos de reformulação curricular analisados.

Em relação ao problema desta pesquisa, posso ponderar que as ideias de

nossos sujeitos convergem, quando estes consideram ser uma característica

importante da nova proposta o fato do Estado oportunizar a unificação do Currículo.

Parece-me que os dois professores procuravam no curso, espaço para a formação

docente, ou mais amplamente, para o desenvolvimento profissional docente e todo

esse processo de mudança curricular poderia proporcionar-lhes tais oportunidades.

Outro aspecto que considero, é o fato dos dois professores divergirem quanto ao

que seria o objeto de formação, assim como, qual seria a interpretação para o

conceito de desenvolvimento profissional docente. Acredito que os dados coletados

levam a inferir que o processo de inovação curricular favoreceu o processo reflexivo

dos docentes sobre as suas práticas, mas não encontrei indícios, nos discursos

analisados, de mudanças profundas nas práticas, as quais julgo serem possíveis

somente por meio da viabilização de um espaço efetivo de reflexão.

Os entrevistados não se consideraram protagonistas da mudança. Um deles

indicou seu sentimento de obrigatoriedade de incorporar essas inovações em sala

de aula, portanto nos seus depoimentos, nem sempre observamos uma reflexão

imediata sobre os processos de ensino e aprendizagem, seu foco esteve

observado principalmente durante a entrevista – transferido para questões diversas,

não menos importantes, tais como, a grande distância entre o currículo proposto e

as reais condições das escolas e as dificuldades dos alunos. O outro professor, mais

receptivo à proposta curricular, também não se colocou no papel central de tal

implementação, ou seja, mesmo na busca da viabilização do currículo, observada no

fórum, este professor não demonstrou na entrevista uma “intimidade maior com o

novo currículo”. Esquivou-se, por diversos momentos, das discussões mais

profundas acerca das mudanças relacionadas à prática docente.

A discussão das questões relacionadas ao ensino e aprendizagem do objeto

matemático Análise Combinatória, que se observou sob a forma de reapresentação

do discurso oficial, ou sob a forma de esquiva, ou mesmo critica, na verdade parece-

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me denunciar a necessidade de se ampliar estudos sobre o Conhecimento

Profissional Docente, especialmente em processos de formação.

Considero, portanto, uma necessidade imediata que se realizem estudos, os

quais acompanhem in loco os professores em sala de aula e que possibilitem

analisar ações práticas no interior da escola, de modo a identificar a implementação

de mudanças e os processos de formação docente.

Visto que, como disse Clarice Lispector, enquanto “tiver perguntas e não

houver respostas... continuarei a escrever”, muitas das minhas iniciais inquietações

não foram respondidas e outras emergiram no decorrer dessa dissertação. Dentre

elas:

Por que os professores entrevistados se esquivaram quando foram

indagados sobre a prática em sala de aula, no que se refere ao ensino e à

aprendizagem de inovações propostas no novo currículo, principalmente

quando questionados sobre o Conhecimento Profissional Docente de

conteúdos específicos?

Tanto se falou, no início desse século, sobre as mudanças que deveriam

ocorrer principalmente no ensino médio, decorrentes da “era do

conhecimento”, que permitissem aos seus egressos qualificação para o

“mundo do trabalho”, todavia os dados analisados apontam para

orientações similares aos de propostas anteriores de mudanças

educacionais. Será que bastaria que os currículos prescritos anteriormente

fossem efetivamente desenvolvidos na sala de aula para preparar o aluno

para o “mundo do conhecimento”?

Nesse novo currículo foram vários os investimentos em material de apoio

escrito para gestores, professores e alunos, que tanto foram/são

solicitados. Entretanto, ao analisar os depoimentos dos professores,

considero que somente os materiais e recomendações não foram

suficientes para garantir as mudanças propostas no currículo. Quais outras

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ações de formação permitiriam que houvesse de forma efetiva mudanças

qualitativas em relação aos processos de ensino e aprendizagem?

Nesses últimos anos, em minha experiência do ofício docente, percebo, por

um lado, uma maior disseminação das pesquisas relacionadas à Educação

e à Educação Matemática, em específico, por outro lado, uma

desmotivação e desinteresse por parte dos professores, inclusive aqueles

que foram/são modelos para mim. Por que essa falta de motivação, esse

não interesse, essa descrença? Como possibilitar que resultados de

estudos cheguem à sala de aula?

Reputo, concordando com Ubiratan D‟Ambrósio, que

Uma das coisas mais notáveis com relação à atualização e ao aprimoramento de métodos é que não há uma receita. Tudo o que se passa na sala de aula vai depender dos alunos e do professor, de seus conhecimentos [...] e, principalmente, do interesse do grupo (D‟AMBRÓSIO, 1996, p. 98).

Por fim, são numerosos os desafios da Educação Matemática,

especificamente, da Formação Continuada de Professores mediante um cenário de

reorganização e/ou mudança curricular.

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Coordenação Maria Inês Fini; autor do caderno Walter Spinelli. São Paulo: SEE,

2008b.

––––––. Caderno do professor: matemática, ensino médio – 2.ª série, 2º bimestre.

Coordenação geral, Maria Inês Fini; equipe Nilson José Machado, Carlos Eduardo

de Souza Granja, José Luiz Pastore Mello, Walter Spinelli, Rogério Ferreira da

Fonseca, Ruy César Pitropaolo. São Paulo: SEE, 2008c.

––––––. Caderno do professor: matemática, ensino médio – 2.ª série, 3º bimestre.

Coordenação geral, Maria Inês Fini; equipe Nilson José Machado, Carlos Eduardo

de Souza Granja, José Luiz Pastore Mello, Roberto Perides Moisés, Walter Spinelli.

São Paulo: SEE, 2008d.

––––––. Caderno do professor: matemática, ensino médio – 2.ª série, 4º bimestre.

Coordenação geral, Maria Inês Fini; equipe Nilson José Machado, Carlos Eduardo

de Souza Granja, José Luiz Pastore Mello, Roberto Perides Moisés, Walter Spinelli.

São Paulo: SEE, 2008e.

––––––. Caderno do gestor: gestão do currículo na escola. Coordenação de Maria

Inês Fini; elaboração de Zuleika de Felice Murrie. São Paulo: SEE, 2008f. v. 1.

––––––. Relatório pedagógico:SARESP2007. Coordenação de Maria Inês Fini;

equipe Maria Conceição Conholato, Maria Helena Guimarães de Castro, Maria Eliza

Fini, Zuleika de Felice Murrie. São Paulo: SEE, 2008gi.

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––––––. São Paulo faz escola: edição especial da Proposta Curricular –

Linguagens da Matemática. Qual é o problema? A Matemática trazendo soluções.

Ensino Médio. Coordenação Geral Maria Inês Fini. São Paulo: SEE, 2008h.

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BR/Default.aspx>. Acesso em: 20 abr. 2010.

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<http://www.rededosaber.sp.gov.br/portais/Videoaulas/tabid/835/language/pt-

BR/Default.aspx>. Acesso em: 20 abr. 2010.

––––––. A Rede Aprende com a Rede (RAR2008): fórum. Disponível em:

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______. SARESP 2008: Relatório Pedagógico: Matemática. Coordenação geral,

Maria Inês Fini. São Paulo: SEE, 2009a

______. Caderno do Aluno: Matemática – 2.ª série – volume 1. Coordenação geral,

Maria Inês Fini; equipe, Nilson José Machado (coordenador de área), Carlos

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187

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Rogério Ferreira da Fonseca, Ruy César Pietropaolo e Walter Spinelli. São Paulo:

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Coordenação de Maria Inês Fini; coordenação de área, Nilson José Machado. São

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ZEICHNER, Kenneth M. Formação reflexiva de professores: idéias e práticas.

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i

ANEXO A

Rede da DE Santo André para as escolas estaduais sob sua jurisdição,

para divulgação do GE.MAT.EM-Sto.André.

REDE N.º. XXX/2008 ASSUNTO X: Grupo de Estudo com Professores de Matemática do Ensino Médio

Estamos formando um Grupo de Estudo de Matemática no Ensino Médio – GE.MAT.EM-Sto.André. Para isso, solicitamos informar aos Professores que ensinam Matemática no Ensino Médio interessados, que a ficha de inscrição deverá ser encaminhada à Equipe de Matemática até dia 10/10/2008 (sexta-feira) pelo e-mail: [email protected] ou pelo fax (11)

4469-9129, aos cuidados de Rosineide. Este ano está previsto cinco encontros de três horas cada, a saber: 29/10, 05/11, 12/11, 19/11 e 10/12 de 2008, das 14h às 17h, nas dependências da Oficina Pedagógica (Rua das Figueiras, 1245 – B. Jardim). Informamos que é um convite, ou seja, não há dispensa de ponto, nem ajuda de custo e não haverá certificação. Reiteramos que temos como objetivo estudar questões que se relacionadas ao ensino e aprendizagem de matemática no ensino médio no cenário da implementação da nova Proposta Curricular do Estado de São Paulo em vigência. A ficha de inscrição a ser preenchida e encaminhada segue o modelo:

Grupo de Estudo de Matemática no Ensino Médio - Sto. André (GE.MAT.EM-Sto.André) FICHA DE INSCRIÇÃO

Nome completo: ...................................................................................................................................

E-mail:...................................................................................................................................................

Telefone(s) para contato: .....................................................................................................................

Série(s) que leciona no Ensino Médio: [ ] 1ª [ ] 2ª [ ] 3ª

Professor: [ ] Efetivo [ ] OFA

Tempo de Magistério (em anos): .........................................................................................................

Licenciatura (nome do curso, instituição e ano de conclusão):

..............................................................................................................................................................

Outros cursos de graduação (nome do curso, instituição e ano de conclusão):

..............................................................................................................................................................

Cursos de pós-graduação (nome do curso, instituição e ano de conclusão):

..............................................................................................................................................................

Outros cursos: ......................................................................................................................................

..............................................................................................................................................................

Qual a motivação/estímulo que o levou a participar do grupo de estudo? ..........................................

..............................................................................................................................................................

Quais as expectativas para o grupo de estudo? ..................................................................................

..............................................................................................................................................................

..............................................................................................................................................................

..............................................................................................................................................................

Quais os assuntos/temas que espera estudar, debater no grupo de estudo? .....................................

..............................................................................................................................................................

É cursista do “A Rede Aprende com a Rede”? [ ] Não [ ] Sim no [ ] EF [ ] EM

Rosineide Monteiro

PCOP de Matemática

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ii

ANEXO B

Questionário utilizado como consulta aos professores inscritos no curso

RAR2008 turma Matemática/Ensino Médio/Santo André

1. SEXO:

(1)[ ] Feminino (2)[ ] Masculino

2. IDADE:

(1)[ ] Até 24 anos

(2)[ ] De 25 a 29 anos

(3)[ ] De 30 a 39 anos

(4)[ ] De 40 a 49 anos

(5)[ ] De 50 a 54 anos

(6)[ ] 55 anos ou mais

3. NÍVEL MÁXIMO DE ESCOLARIDADE:

(1)[ ] Ensino Superior Incompleto. Qual? ________________________________

(2)[ ] Ensino Superior Completo. Qual? _________________________________

(3)[ ] Especialização (mínimo de 360h).

(4)[ ] Mestrado.

(5)[ ] Doutorado.

4. QUAL A SUA CARGA HORÁRIA DE TRABALHO SEMANAL?

(1)[ ] Em escolas estaduais: _____ h.

(2)[ ] Em escolas particulares: _____ h.

(3)[ ] Em outras instituições públicas: _____ h. Quais? _____________________

_______________________________________________________________

5. PARA ORIENTAR A SUA ATUAÇÃO COMO PROFESSOR, COMO VOCÊ

CONSIDERA SUA FORMAÇÃO INICIAL?

(1)[ ] Insuficiente (2)[ ] Parcialmente suficiente (3)[ ] Totalmente suficiente

6. VOCÊ PARTICIPOU DO CURSO “A REDE APRENDE COM A REDE” EM 2008?

(1)[ ] Não (2)[ ] Parcialmente (3)[ ] Sim

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iii

7. VOCÊ UTILIZOU AS SUGESTÕES DOS CADERNOS DO PROFESSOR EM

2008?

(1)[ ] Não (2)[ ] Parcialmente (3)[ ] Sim

8. VOCÊ FEZ ADAPTAÇÃO E/OU REFORMULAÇÃO DAS ATIVIDADES

PROPOSTAS NOS CADERNOS EM 2008?

(1)[ ] Não (2)[ ] Parcialmente (3)[ ] Sim

9. VOCÊ REPRODUZIU PARA OS ALUNOS AS SEQUÊNCIAS DE

APRENDIZAGEM PROPOSTAS NOS CADERNOS EM 2008?

(1)[ ] Não (2)[ ] Parcialmente (3)[ ] Sim

Nas questões 10 e 11 marque apenas uma opção em cada linha, utilizando a régua:

RUIM REGULAR BOM/BOA EXCELENTE 1 2 3 4

10. SOBRE A UTILIZAÇÃO DOS SUBSÍDIOS DO NOVO CURRÍCULO, COMO

VOCÊ AVALIA SUA EXPERIÊNCIA QUANTO A:

(A) Satisfação profissional (1)[ ] (2)[ ] (3)[ ] (4)[ ]

(B) Resultados para os alunos (1)[ ] (2)[ ] (3)[ ] (4)[ ]

11. COMO VOCÊ AVALIA O CURSO “A REDE APRENDE COM A REDE” QUANTO

À(S)/AO(S):

(A) Esclarecimentos sobre a natureza do projeto (1)[ ] (2)[ ] (3)[ ] (4)[ ]

(B) Motivação para o início do projeto (1)[ ] (2)[ ] (3)[ ] (4)[ ]

(C) Conteúdos apresentados (1)[ ] (2)[ ] (3)[ ] (4)[ ]

(D) Videoaulas (1)[ ] (2)[ ] (3)[ ] (4)[ ]

(E) Fóruns (1)[ ] (2)[ ] (3)[ ] (4)[ ]

(F) Adequação às demandas iniciais pessoais (1)[ ] (2)[ ] (3)[ ] (4)[ ]

(G) Satisfação profissional (1)[ ] (2)[ ] (3)[ ] (4)[ ]

(H) Resultados para os alunos (1)[ ] (2)[ ] (3)[ ] (4)[ ]

12. QUAL A PRINCIPAL RAZÃO QUE O LEVOU A PARTICIPAR DO CURSO “A

REDE APRENDE COM A REDE”? __

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iv

10

4

Feminino Masculino

00 2

11

1 0

Até 24 anos De 25 a 29 anosDe 30 a 39 anos De 40 a 49 anosDe 50 a 54 anos 55 anos ou mais

ANEXO C

Questionário: dados coletados

Informações Gerais

52 questionários distribuídos para todos os professores inscritos na turma Matemática/Ensino Médio/Santo André do curso A Rede Aprende com a Rede, 1ª edição (2008). 14 questionários respondidos. As informações, coletadas em cada questão, são apresentadas na forma de gráfico e indicam a quantidade de professores (valor absoluto), exceto a questão 12, que coletou respostas dissertativas e as quais transcrevemos na integra.

Gráficos com os dados dos 14 questionários respondidos

Questão 1: SEXO

Questão 2: IDADE

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v

0

12

2 00

Ensino Superior

Incompleto

Ensino Superior

Completo

Especialização

(mínimo de 360h)

Mestrado

Doutorado

0 5 10 15 20 25 30 35 40 45

Prof.3

Prof.9

Prof.15

Prof.18

Prof.20

Prof.23

Prof.26

Prof.29

Prof.36

Prof.37

Prof.40

Prof.42

Prof.43

Prof.50

Escolas Estaduais Escolas Particulares Outras Escolas Públicas

Questão 3: NÍVEL MÁXIMO DE ESCOLARIDADE

Questão 4: CARGA HORÁRIA DE TRABALHO SEMANAL

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vi

0

12

2

Insuficiente Parcialmente suficiente Totalmente suficiente

0 2

12

Não Parcialmente Sim

0

9

5

Não Parcialmente Sim

Questão 5: PARA ORIENTAR A SUA ATUAÇÃO COMO PROFESSOR, COMO VOCÊ CONSIDERA SUA FORMAÇÃO INICIAL?

Questão 6: VOCÊ PARTICIPOU DO CURSO “A REDE APRENDE COM A REDE” EM 2008?

Questão 7: VOCÊ UTILIZOU AS SUGESTÕES DOS CADERNOS DO PROFESSOR EM 2008?

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vii

1

66

1

Ruim Regular Boa Excelente

1

58

Não Parcialmente Sim

2

8

4

Não Parcialmente Sim

Questão 8: VOCÊ FEZ ADAPTAÇÃO E/OU REFORMULAÇÃO DAS ATIVIDADES PROPOSTAS NOS CADERNOS EM 2008?

Questão 9: VOCÊ REPRODUZIU PARA OS ALUNOS AS SEQUÊNCIAS DE APRENDIZAGEM PROPOSTAS NOS CADERNOS EM 2008?

Questão 10(a): SOBRE A UTILIZAÇÃO DOS SUBSÍDIOS DO NOVO CURRÍCULO, COMO VOCÊ AVALIA SUA EXPERIÊNCIA QUANTO A SATISFAÇÃO PROFISSIONAL

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viii

2

7

5

0

Ruim Regular Boa Excelente

3

3

4

4

Ruim Regular Boa Excelente

3

5

5

1

Ruim Regular Boa Excelente

Questão 10(b): SOBRE A UTILIZAÇÃO DOS SUBSÍDIOS DO NOVO CURRÍCULO, COMO VOCÊ AVALIA SUA EXPERIÊNCIA QUANTO AOS RESULTADOS PARA OS ALUNOS?

Questão 11(a): COMO VOCÊ AVALIA O CURSO “A REDE APRENDE COM A REDE” QUANTO AOS ESCLARECIMENTOS SOBRE A NATUREZA DO PROJETO?

Questão 11(b): COMO VOCÊ AVALIA O CURSO “A REDE APRENDE COM A REDE” QUANTO À MOTIVAÇÃO PARA O INÍCIO DO PROJETO?

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ix

1

3

9

1

Ruim Regular Boa Excelente

1

5

7

1

Ruim Regular Boa Excelente

1

66

1

Ruim Regular Boa Excelente

Questão 11(c): COMO VOCÊ AVALIA O CURSO “A REDE APRENDE COM A REDE” QUANTO AOS CONTEÚDOS APRESENTADOS?

Questão 11(d): COMO VOCÊ AVALIA O CURSO “A REDE APRENDE COM A REDE” QUANTO ÀS VIDEOAULAS?

Questão 11(e): COMO VOCÊ AVALIA O CURSO “A REDE APRENDE COM A REDE” QUANTO AOS FÓRUNS?

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x

1

58

0

Ruim Regular Boa Excelente

3

4

6

1

Ruim Regular Boa Excelente

1

7

6

0

Ruim Regular Boa Excelente

Questão 11(f): COMO VOCÊ AVALIA O CURSO “A REDE APRENDE COM A REDE” QUANTO À ADEQUAÇÃO ÀS DEMANDAS INICIAIS PESSOAIS?

Questão 11(g): COMO VOCÊ AVALIA O CURSO “A REDE APRENDE COM A REDE” QUANTO À SATISFAÇÃO PROFISSIONAL?

Questão 11(h): COMO VOCÊ AVALIA O CURSO “A REDE APRENDE COM A REDE” QUANTO AOS RESULTADOS PARA OS ALUNOS?

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xi

Questão 12: QUAL A PRINCIPAL RAZÃO QUE O LEVOU A PARTICIPAR DO CURSO “A REDE APRENDE COM A REDE?

Prof.3: Evolução [funcional].

Prof.9: A principal razão foi a vontade: - de aprimorar meus conhecimentos didáticos/pedagógicos (e não matemáticos); - de aprender outras estratégias para motivar meus alunos; - conhecer experiências vitoriosas de outros professores de escolas públicas, de ensino médio e fundamental, que vivem a mesma realidade que eu.

Prof.15: Pura curiosidade. Até então nunca tinha feito um curso da Rede Aprende com a Rede.

Prof.18: Uma necessidade minha de estar constantemente em busca de novos conhecimentos. [Necessidade] de me sentir fazendo parte do que acontece ao meu redor, a qual atribuo a uma incapacidade de adaptação a qualquer tipo de rotina.

Prof.20: Conhecer a Proposta Curricular do Estado de São Paulo. Saber como implementá-la e adaptá-la à realidade da minha comunidade de trabalho (As atividades propostas não acompanhavam o conteúdo previsto no planejamento escolar que já havia ocorrido quando a proposta foi apresentada aos professores.

Prof.24: Aprender novas técnicas com as experiências dos colegas.

Prof.26: Atualização profissional. Troca de experiências com os demais colegas de área. Esclarecer dúvidas e ansiedades quanto à nova Proposta do Estado. (Com esse curso pude, durante este ano, fazer todas as adequações necessárias para o melhor aprendizado dos meus alunos e propor outras situações de aprendizagem - com jogos, painéis temáticos e utilização de ferramentas da informática - para motivar o aprendizado dos meus alunos.

Prof.29: A escola inscreveu os professores e aí disse que seria bom para melhor esclarecimento do currículo.

Prof.36: Como a escola estava abaixo do índice satisfatório para o IDESP, a escola era obrigada a indicar dois professores de matemática (um do EF II e um do EM) e fui indicada.

Prof.37: Atualização profissional. Adquirir novos métodos. Troca de experiências.

Prof.40: Atualização profissional. Troca de experiências com outros profissionais. Aprender novas metodologias e com isso ter um melhor rendimento dos alunos.

Prof.42: Como professore na rede e devido a carga horária e os preços dos cursos, o aperfeiçoamento é importante para que a aula seja bem clara e simples para o aluno e um curso que acrescente é bem visto, tendo em vista a facilidade e comodidade que o curso ofereceu!!! Espero que tenha outro cursos que possa me interessar!!!

Prof.43: Esclarecimentos sobre as novas sugestões e proposta pedagógica.

Prof.50: Conhecer novas técnicas com as experiências dos colegas.

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xii

ANEXO D

Questionário: respostas coletadas dos possíveis professores sujeitos de pesquisa

QUESTÃO OPÇÃO P.3 P.9 P.15 P.24 P.26 P.37 P.40 P.42 P.43 P.50

1 [1] X X X X X X 6

[2] X X X X 4

2

[1] 0

[2] 0

[3] X 1

[4] X X X X X X X X 8

[5] X 1

[6] 0

3

[1] 6

[2] X X X X X X 4

[3] X X X X 0

[4] 0

[5] 0

4

[1] X X X X X X X X X X 10

[2] X 1

[3] X X 2

5

[1] 0

[2] X X X X X X X X 8

[3] X X 2

6

[1] 0

[2] 0

[3] X X X X X X X X X X 10

7

[1] 0

[2] X X X X X X 6

[3] X X X X 4

8

[1] 0

[2] X X X 3

[3] X X X X X X X 7

9

[1] X 1

[2] X X X X X X X 7

[3] X X 2

10 (A)

[1] X 1

[2] X X X X 4

[3] X X X X 4

[4] X 1

10 (B)

[1] X X 2

[2] X X X X 4

[3] X X X X 4

[4] 0

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xiii

QUESTÃO OPÇÃO P.3 P.9 P.15 P.24 P.26 P.37 P.40 P.42 P.43 P.50

11 (A)

[1] X 1

[2] X X X 3

[3] X X 2

[4] X X X X 4

11 (B)

[1] X X 2

[2] X X X X 4

[3] X X X 3

[4] X 1

11 (C)

[1] X 1

[2] X X 2

[3] X X X X X X 6

[4] X 1

11 (D)

[1] X 1

[2] X X X 3

[3] X X X X X 5

[4] X 1

11 (E)

[1] X 1

[2] X X X X 4

[3] X X X X X 5

[4] 0

11 (F)

[1] X 1

[2] X X X 3

[3] X X X X X X 6

[4] 0

11 (G)

[1] X X 2

[2] X X X 3

[3] X X X X 4

[4] X 1

11 (H)

[1] X 1

[2] X X X X X 5

[3] X X X X 4

[4] 0

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xiv

ANEXO E

Resposta dos professores Prof.9 e Prof.26 ao questionário

I - DEVOLUTIVA DO PROF.9

Nome: [...]

Escola: [...]

1. SEXO:

(1)[ ] Feminino (2)[ X ] Masculino

2. IDADE:

(1)[ ] Até 24 anos

(2)[ ] De 25 a 29 anos

(3)[ ] De 30 a 39 anos

(4)[ X ] De 40 a 49 anos

(5)[ ] De 50 a 54 anos

(6)[ ] 55 anos ou mais

3. NÍVEL MÁXIMO DE ESCOLARIDADE:

(1)[ ] Ensino Superior Incompleto. Qual? _______________________________________

(2)[ ] Ensino Superior Completo. Qual? ________________________________________

(3)[ X ] Especialização (mínimo de 360h).

(4)[ ] Mestrado.

(5)[ ] Doutorado.

4. QUAL A SUA CARGA HORÁRIA DE TRABALHO SEMANAL?

(1)[ X ] Em escolas estaduais: 20 h.

(2)[ X ] Em escolas particulares: 12 h. *Obs. Instituição de Ensino Superior.

(3)[ ] Em outras instituições públicas: _____ h. Quais? ____________________________

_______________________________________________________________________

5. PARA ORIENTAR A SUA ATUAÇÃO COMO PROFESSOR, COMO VOCÊ CONSIDERA SUA

FORMAÇÃO INICIAL?

(1)[ ] Insuficiente (2)[ ] Parcialmente suficiente (3)[ X ] Totalmente suficiente

6. VOCÊ PARTICIPOU DO CURSO “A REDE APRENDE COM A REDE” EM 2008?

(1)[ ] Não (2)[ ] Parcialmente (3)[ X ] Sim

7. VOCÊ UTILIZOU AS SUGESTÕES DOS CADERNOS DO PROFESSOR EM 2008?

(1)[ ] Não (2)[ ] Parcialmente (3)[ X ] Sim

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xv

8. VOCÊ FEZ ADAPTAÇÃO E/OU REFORMULAÇÃO DAS ATIVIDADES PROPOSTAS NOS

CADERNOS EM 2008?

(1)[ ] Não (2)[ X ] Parcialmente (3)[ ] Sim

9. VOCÊ REPRODUZIU PARA OS ALUNOS AS SEQUÊNCIAS DE APRENDIZAGEM PROPOSTAS

NOS CADERNOS EM 2008?

(1)[ ] Não (2)[ X ] Parcialmente (3)[ ] Sim

Nas questões 10 e 11 marque apenas uma opção em cada linha, utilizando a régua:

RUIM REGULAR BOM/BOA EXCELENTE

1 2 3 4

10. SOBRE A UTILIZAÇÃO DOS SUBSÍDIOS DO NOVO CURRÍCULO, COMO VOCÊ AVALIA SUA

EXPERIÊNCIA QUANTO A:

(A) Satisfação profissional (1)[ X ] (2)[ ] (3)[ ] (4)[ ]

(B) Resultados para os alunos (1)[ X ] (2)[ ] (3)[ ] (4)[ ]

11. COMO VOCÊ AVALIA O CURSO “A REDE APRENDE COM A REDE” QUANTO À(S)/AO(S):

(A) Esclarecimentos sobre a natureza do projeto (1)[ ] (2)[ ] (3)[ ] (4)[ X ]

(B) Motivação para o início do projeto (1)[ X ] (2)[ ] (3)[ ] (4)[ ]

(C) Conteúdos apresentados (1)[ X ] (2)[ ] (3)[ ] (4)[ ]

(D) Videoaulas (1)[ X ] (2)[ ] (3)[ ] (4)[ ]

(E) Fóruns (1)[ ] (2)[ X ] (3)[ ] (4)[ ]

(F) Adequação às demandas iniciais pessoais (1)[ X ] (2)[ ] (3)[ ] (4)[ ]

(G) Satisfação profissional (1)[ X ] (2)[ ] (3)[ ] (4)[ ]

(H) Resultados para os alunos (1)[ X ] (2)[ ] (3)[ ] (4)[ ]

12. QUAL A PRINCIPAL RAZÃO QUE O LEVOU A PARTICIPAR DO CURSO “A REDE APRENDE

COM A REDE”?

A principal razão foi a VONTADE:

- de aprimorar meus conhecimentos didáticos/pedagógicos (E NÃO MATEMÁTICOS);

- de aprender outras estratégias para motivar meus alunos;

- de conhecer experiências vitoriosas de outros professores de escolas públicas, de ensino

médio e fundamental, que vivem a mesma realidade que eu.

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xvi

I - DEVOLUTIVA DO PROF.26

Nome: [...]

Escola: [...]

1. SEXO:

(1)[ X ] Feminino (2)[ ] Masculino

2. IDADE:

(1)[ ] Até 24 anos

(2)[ ] De 25 a 29 anos

(3)[ ] De 30 a 39 anos

(4)[ X ] De 40 a 49 anos

(5)[ ] De 50 a 54 anos

(6)[ ] 55 anos ou mais

3. NÍVEL MÁXIMO DE ESCOLARIDADE:

(1)[ ] Ensino Superior Incompleto. Qual? _______________________________________

(2)[ ] Ensino Superior Completo. Qual? ________________________________________

(3)[ X ] Especialização (mínimo de 360h).

(4)[ ] Mestrado.

(5)[ ] Doutorado.

4. QUAL A SUA CARGA HORÁRIA DE TRABALHO SEMANAL?

(1)[ X ] Em escolas estaduais: 30 h.

(2)[ ] Em escolas particulares: _____ h.

(3)[ ] Em outras instituições públicas: _____ h. Quais? ____________________________

_______________________________________________________________________

5. PARA ORIENTAR A SUA ATUAÇÃO COMO PROFESSOR, COMO VOCÊ CONSIDERA SUA

FORMAÇÃO INICIAL?

(1)[ ] Insuficiente (2)[ X ] Parcialmente suficiente (3)[ ] Totalmente suficiente

6. VOCÊ PARTICIPOU DO CURSO “A REDE APRENDE COM A REDE” EM 2008?

(1)[ ] Não (2)[ ] Parcialmente (3)[ X ] Sim

7. VOCÊ UTILIZOU AS SUGESTÕES DOS CADERNOS DO PROFESSOR EM 2008?

(1)[ ] Não (2)[ ] Parcialmente (3)[ X ] Sim

8. VOCÊ FEZ ADAPTAÇÃO E/OU REFORMULAÇÃO DAS ATIVIDADES PROPOSTAS NOS

CADERNOS EM 2008?

(1)[ ] Não (2)[ ] Parcialmente (3)[ X ] Sim

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xvii

9. VOCÊ REPRODUZIU PARA OS ALUNOS AS SEQUÊNCIAS DE APRENDIZAGEM PROPOSTAS

NOS CADERNOS EM 2008?

(1)[ ] Não (2)[ ] Parcialmente (3)[ X ] Sim

Nas questões 10 e 11 marque apenas uma opção em cada linha, utilizando a régua:

RUIM REGULAR BOM/BOA EXCELENTE 1 2 3 4

10. SOBRE A UTILIZAÇÃO DOS SUBSÍDIOS DO NOVO CURRÍCULO, COMO VOCÊ AVALIA SUA

EXPERIÊNCIA QUANTO A:

(A) Satisfação profissional (1)[ ] (2)[ ] (3)[ X ] (4)[ ]

(B) Resultados para os alunos (1)[ ] (2)[ ] (3)[ X ] (4)[ ]

11. COMO VOCÊ AVALIA O CURSO “A REDE APRENDE COM A REDE” QUANTO À(S)/AO(S):

(A) Esclarecimentos sobre a natureza do projeto (1)[ ] (2)[ ] (3)[ ] (4)[ X ].

(B) Motivação para o início do projeto (1)[ ] (2)[ ] (3)[ X ] (4)[ ]

(C) Conteúdos apresentados (1)[ ] (2)[ ] (3)[ ] (4)[ X ]

(D) Videoaulas (1)[ ] (2)[ ] (3)[ ] (4)[ X ].

(E) Fóruns (1)[ ] (2)[ ] (3)[ X ] (4)[ ]

(F) Adequação às demandas iniciais pessoais (1)[ ] (2)[ ] (3)[ X ] (4)[ ].

(G) Satisfação profissional (1)[ ] (2)[ ] (3)[ X ] (4)[ ].

(H) Resultados para os alunos (1)[ ] (2)[ ] (3)[ X ] (4)[ ]

12. QUAL A PRINCIPAL RAZÃO QUE O LEVOU A PARTICIPAR DO CURSO “A REDE APRENDE

COM A REDE”?

Atualização profissional e troca de experiência com os demais colegas da área. Outro fator

importante foi esclarecer minhas dúvidas e ansiedades com relação a nova Proposta

Pedagógica do Estado. Com este curso pude, durante este ano, fazer todas as adequações

necessárias para o melhor aprendizado dos meus alunos e propor outras situações de

aprendizagem (com jogos, painéis temáticos e utilização de ferramentas da informática) para

motivar o aprendizado dos meus alunos.

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xviii

38,50%

50,00%

Professores inscritos

Professores que responderam ao questionário

38,50%

50,00%

Professores inscritos

Professores que responderam ao questionário

ANEXO F

RAR2008: síntese dos relatórios referente à turma

Matemática/Ensino Médio/Santo André

Gráfico 1. Certificação no curso RAR2008

Gráfico 2. Participação nas atividades Videoaulas e Fóruns do curso RAR2008

Page 208: OS DESAFIOS DA FORMAÇÃO CONTINUADA DE … · GEEMPA Grupo de Estudos de Ensino da Matemática de Porto Alegre GE.MAT.EM-Sto. André Grupo de Estudos com Professores de Matemática

xix

0 25 50 75 100 125 150 175 200

Prof.1

Prof.2

Prof.3

Prof.4

Prof.5

Prof.6

Prof.7

Prof.8

Prof.9

Prof.10

Prof.11

Prof.12

Prof.13

Prof.14

Prof.15

Prof.16

Prof.17

Prof.18

Prof.19

Prof.20

Prof.21

Prof.22

Prof.23

Prof.24

Prof.25

Prof.26

Prof.27

Prof.28

Prof.29

Prof.30

Prof.31

Prof.32

Prof.33

Prof.34

Prof.35

Prof.36

Prof.37

Prof.38

Prof.39

Prof.40

Prof.41

Prof.42

Prof.43

Prof.44

Prof.45

Prof.46

Prof.47

Prof.48

Prof.49

Prof.50

Prof.51

Prof.52

Acessos Mensagens Postadas

Gráfico 3. Número de Acessos e Mensagens Postadas nos Fóruns dos Professores inscritos na turma Matemática/

Ensino Médio/Santo André do curso RAR2008

Page 209: OS DESAFIOS DA FORMAÇÃO CONTINUADA DE … · GEEMPA Grupo de Estudos de Ensino da Matemática de Porto Alegre GE.MAT.EM-Sto. André Grupo de Estudos com Professores de Matemática

xx

0 25 50 75 100 125 150 175 200

Prof.3

Prof.9

Prof.15

Prof.18

Prof.20

Prof.24

Prof.26

Prof.29

Prof.36

Prof.37

Prof.40

Prof.42

Prof.43

Prof.50

Acessos Mensagens Postadas

Gráfico 4. Número de Acessos e Mensagens Postadas nos Fóruns dos Professores inscritos na turma Matemática/Ensino Médio/Santo André

do curso RAR2008 e que responderam ao Questionário

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xxi

Quadro 1. Resumo dos resultados do curso RAR2008, turma Matemática/Ensino Médio/Santo André

(professores que responderam ao questionário)

Certificação

Participação nas Videoaulas

e Fórum superior ou igual a 80%

N.º de acessos ao Fórum

N.º de mensagens postadas no

Fórum

Prof.3 Sim Sim 45 25

Prof.9 Não Sim 6 5

Prof.15 Não Sim 12 5

Prof.18 Não Não 6 3

Prof.20 Não Não 2 0

Prof.24 Não Sim 8 4

Prof.26 Sim Sim 112 152

Prof.29 Não Não 10 11

Prof.36 Não Não 15 5

Prof.37 Sim Sim 8 3

Prof.40 Sim Sim 9 26

Prof.42 Sim Sim 3 1

Prof.43 Sim Sim 12 7

Prof.50 Sim Sim 46 42

Observações:

1. Os 14 professores que responderam ao questionário correspondem a aproximadamente 27% do total de docentes inscritos nessa turma.

2. Desse grupo temos o registro que 7 (sete) têm certificação do curso, o que representa 35% do total de docentes concluintes.

3. É 10 o número de professores desse grupo que tem participação, nas atividades Videoaula e Fórum, superior ou igual a 80%.

4. O número de acessos ao Fórum desse grupo totaliza 294 de um total de 730 da turma, representando aproximadamente 40% de acessos.

5. É 289 a quantidade de mensagens postadas pelos professores desse grupo, correspondendo a 48% aproximadamente do total da turma.

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xxii

ANEXO G

Roteiro para Entrevista semi estruturada.

Entrevistadora: Rosineide Monteiro Rodrigues.

Objetivo: Coleta de dados para a dissertação “Desenvolvimento Profissional de

Professores que Ensinam Matemática: os desafios da formação continuada num

cenário de reorganização curricular” (título provisório).

Observar: Quais mudanças e permanências, relacionadas ao desenvolvimento

profissional docente, são observadas por professores que ensinam matemática no

ensino médio num cenário de implementação de uma reorganização curricular?

Questão 1: EU GOSTARIA QUE VOCÊ COMENTASSE SOBRE OS PONTOS

FORTES E FRACOS, QUANTO AO CURRÍCULO DE MATEMÁTICA PROPOSTO

PARA O ENSINO MÉDIO EM IMPLEMENTAÇÃO DESDE 2008 NA REDE DE

ENSINO ESTADUAL DE SÃO PAULO.

Sub-questões e comentários para serem explorados durante a resposta.

(A) Quais as facilidades e dificuldades que você tem encontrado para implementá-lo

em sua prática docente? Comente.

(B) Quais as inovações que você observou nesse novo currículo? Há alguma

mudança em relação ao que você adotava anteriormente? Quais? Comente.

Questão 2: COMENTE SOBRE O CURSO A REDE APRENDE COM A REDE

QUE VOCÊ PARTICIPOU EM 2008, ESPECIFICAMENTE SOBRE AS

VIDEOAULAS, E, SOBRETUDO A RESPEITO DA SEGUNDA VIDEOAULA, CUJA

TEMÁTICA ERA A 2ª. SÉRIE DO ENSINO MÉDIO, OS CADERNOS DO

PROFESSOR PARA ESSA SÉRIE.

Sub-questões e comentários para serem explorados durante a resposta.

(A) Você percebeu algum reflexo em sua prática docente? Comente.

(B) Dos assuntos abordados, qual foi para você o mais significativo? Por quê?

(C) Como você desenvolveu esse conteúdo matemático com seus alunos?

(D) Como você fazia antes?

(E) Como foi seu aprendizado desse conteúdo matemático?

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xxiii

Questão 3: COMENTE SOBRE A UTILIZAÇÃO DOS CADERNOS DA 2ª SÉRIE

DO ENSINO MÉDIO A PARTIR DE 2008.

Sub-questões e comentários para serem explorados durante a resposta.

(A) Você utilizou as situações de aprendizagem propostas nos cadernos? Comente

como isso aconteceu?

(B) Houve alguma situação de aprendizagem desenvolvida que deu certo? Mesmo

com adaptações? Quais? Como aconteceu?

(C) Você conhecia essa maneira de abordar, desenvolver, o conteúdo dessa

situação? Comente.

(C) Como você trabalhava com esse conteúdo antes do novo currículo? Mudou

alguma coisa? Há alguma inovação? Comente.

(D) Como você vê o rendimento dos seus alunos?

Questão 4: DO PONTO DE VISTA DOS PROCESSOS DE ENSINO E

APRENDIZAGEM, TUDO O QUE ACONTECEU NESSES ÚLTIMOS ANOS

(CURSOS, ENCONTRO DE PROFESSORES, ESCOLA, SALA DE AULA,

CADERNOS, OUTROS MATERIAIS, O CURSO A REDE APRENDE COM A REDE,

ETC.), VOCÊ CONSIDERA QUE HOUVE ALGUM REFLEXO EM SUA PRÁTICA

PEDAGÓGICA? NOS SABERES DOCENTES? NO DESENVOLVIMENTO

PROFISSIONAL?

Sub-questões e comentários para serem explorados durante a resposta.

(A) Comente sobre como se dá o planejamento das aulas?

(B) Como era feito antes?

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xxiv

ANEXO H

Transcrição das entrevistas

I - Entrevista cedida pelo professor Prof.09 em sua residência em 18 de julho de

2010.

Questão 1 – EU GOSTARIA QUE VOCÊ COMENTASSE SOBRE OS PONTOS

FORTES E FRACOS, QUANTO AO CURRÍCULO DE MATEMÁTICA PROPOSTO

PARA O ENSINO MÉDIO EM IMPLEMENTAÇÃO DESDE 2008 NA REDE DE

ENSINO ESTADUAL DE SÃO PAULO.

Prof.09: Pontos fortes (...)74 eu só reconheço a facilidade de transferências [de

alunos] entre escolas do estado em função da unificação do currículo. [Sobre os]

Pontos fracos (...) percebi alguns (...) as questões que esperam uma seqüência de

respostas. Pois (...) notei que alguns alunos respondiam a seqüência toda esperada

na primeira parte da questão e ficavam confusos quanto ao que responder nas

seguintes. [Também] A quantidade pequena de exercícios, obrigando a utilização de

livro como apoio. [E] A esperança de que todos os alunos sejam iguais e tenham o

mesmo nível de interesse, assimilação e conhecimento prévio (...) acarretando

prejuízo aos diferentes. (...) Falando mais quanto às questões que esperam uma

seqüência de respostas (...). O Caderno pede para que o aluno determine a

possibilidade de ocorrência de duas caras ao lançamento de dois dados na parte “a”

e na parte “b” pede a árvore de resultados. (...) E falando mais sobre a quantidade

pequena de exercícios. Não existem exercícios de fixação. Sem repetição de

exercícios para que possamos avaliar se houve retenção do realizado. Agora,

quanto a esperança de que todos os alunos sejam iguais e tenham o mesmo nível

de interesse, assimilação e conhecimento prévio acarretando prejuízo aos diferentes

(...) Os alunos melhor preparados se entediam com a seqüência de exercícios (...) [e

achamos que] os fracos e os menos preparados fazem os exercícios (...) mas [o

fazem] sem revê-los (...) não acompanham e perdem o interesse. [Nesse novo

currículo] As inovações existem tanto quanto a abordagem como quanto a

metodologia, como exemplo temos nos cadernos da terceira série a abordagem dos

números irracionais através da aproximação de frações, obrigando, a meu ver, o uso

74

Usei (...) para indicar as pausas feitas pelo entrevistado em suas respostas.

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da metodologia da resolução de problemas. (...) [Sobre a prática docente] A minha

prática docente esta quase sempre mudando. Mudando, em alguns casos, de uma

turma para outra no mesmo dia, mudando em uma mesma turma da forma

planejada para uma “instantânea” de acordo com os resultados imediatos (...) muda

com novos conhecimentos (técnica e práticas) de um ano para outro (...) muda com

a reflexão sobre os resultados dos trabalhos anteriores. A mudança é uma

constante. Inúmeras, portanto, foram as mudanças impostas pelo novo currículo.

Sou incapaz de enumerá-las. Mas no geral, fui obrigado a utilizar certas abordagens,

práticas, técnicas e metodologias que eu já havia usado e descartado por não serem

as mais eficientes para determinados grupos de alunos. Durante o planejamento das

aulas eu levo em consideração meus alunos, e aplico aulas diferentes entre as

turmas, adequadas as características de cada turma/grupo. Com os cadernos esta

minha atitude ficou prejudicada. Quanto aos alunos não tenho dados, informações

suficientes para avaliar adequadamente este impacto. Quanto aos professores,

estes “heróis da resistência” (...) mais um fato desmotivador, mas que não gera

efeito. (...).

Questão 2 – COMENTE SOBRE O CURSO A REDE APRENDE COM A REDE

QUE VOCÊ PARTICIPOU EM 2008, ESPECIFICAMENTE SOBRE AS

VIDEOAULAS, E, SOBRETUDO A RESPEITO DA SEGUNDA VIDEOAULA, CUJA

TEMÁTICA ERA A 2ª. SÉRIE DO ENSINO MÉDIO, OS CADERNOS DO

PROFESSOR PARA ESSA SÉRIE.

Prof.09: Em minha opinião, o curso foi mais uma agressão ao professor da rede

pública estadual de ensino. Aulas de forma expositiva sobre o conteúdo matemático.

Conteúdo que eu e meus colegas já dominávamos. Eu esperava um curso com

novas técnicas motivacionais, ou na pior das hipóteses, uma nova prática com

técnicas baseadas nos PCNs e não uma aula tradicional sobre conteúdos que

conheço. (...) [Sobre reflexos percebidos na prática docente?] Fui obrigado a

considerar meus alunos (turmas) todos (todas) iguais e utilizar a abordagem

imposta. Fui obrigado a desprezar meu planejamento e avaliações individuais,

obrigado a descartar minha percepção, minha experiência, meu conhecimento do

grupo. [Ao falar sobre inovações relacionadas ao conteúdo] Quanto ao conteúdo...

NÃO! Tudo o que eu vi já havia visto durante a graduação.

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Questão 3 – COMENTE SOBRE A UTILIZAÇÃO DOS CADERNOS DA 2ª SÉRIE

DO ENSINO MÉDIO A PARTIR DE 2008.

Prof.09: Utilizei os cadernos como apoio didático, pois em minha escola sua

chegada e conseqüente distribuição foram tardias. Em função dos atrasos de

distribuição e da necessidade de padronização do currículo, ministrei os assuntos

programados na data prevista e quando da obtenção dos mesmos pelos alunos, eu

os utilizei como material para revisão dos conteúdos já ensinados. [Inclusive]

Atrasos até em 2010, com agravante, em 2010 faltou cadernos. (...) [Sobre a

utilização dos Cadernos] Como a entrega dos cadernos foi atrasada, minhas aulas

foram como as planejadas por mim, utilizando os cadernos como revisão dos

conteúdos já vistos. [Sobre o planejamento das aulas] O Planejamento é

individualizado por turma/grupo. [Sobre inovações propostas nos Cadernos e a

utilização destes] (...) O problema é considerar todos os alunos iguais. Usei os

cadernos, o que eu não gostei foi ter que trabalhar do mesmo modo em todas as

turmas. Não vi nenhuma novidade. Os cadernos não são homogêneos (...) usam

mais de uma forma de abordagem e desenvolvimento, mas no geral, a resolução de

problemas parece ser a mais utilizada. [Sobre como trabalha anteriormente] Antes,

trabalhava de acordo com o desenvolvimento, interesse, da turma/grupo. [Sobre

discussões, análise, estudo do atual Currículo com outros professores] Houve

discussões na escola e fora dela. Um dos meus grupos de amigos é composto por

professores, não só de matemática, e temos (...) tínhamos um grupo de estudos

sobre educação que se reunia todas as sextas à tarde em minha casa. [Sobre o

rendimentos dos alunos] Não sou capaz de generalizar, tenho que individualizar

desempenho.

Questão 4 – DO PONTO DE VISTA DOS PROCESSOS DE ENSINO E

APRENDIZAGEM, TUDO O QUE ACONTECEU NESSES ÚLTIMOS ANOS

(CURSOS, ENCONTRO DE PROFESSORES, ESCOLA, SALA DE AULA,

CADERNOS, OUTROS MATERIAIS, O CURSO A REDE APRENDE COM A REDE,

ETC.), VOCÊ CONSIDERA QUE HOUVE ALGUM REFLEXO EM SUA PRÁTICA

PEDAGÓGICA? NOS SABERES DOCENTES? NO DESENVOLVIMENTO

PROFISSIONAL?

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Prof.09: Eu gostei e aprendi muito com as oficinas pedagógicas da teia do saber, e

apliquei várias tendo bons resultados. Quando conhecemos novas práticas e

técnicas, mesmo que não a apliquemos na íntegra, elas passam a fazer parte de

nosso arsenal e isto se reflete em nossas aulas. [Sobre alguma ação – cursos,

encontro de professores, escola, sala de aula, Cadernos, outros matérias, o curso A

Rede Aprende com a Rede, etc. – ocorrida após a implantação da Proposta

Curricular (2008) referente a prática docente, saberes do professor, desenvolvimento

profissional, etc.] Não houve. Sobre o planejamento das aulas (...) vejo o caderno do

professor e do aluno e vejo como devo ministrar o conteúdo. Depois, durante as

aulas e de acordo com o aprendizado observado, tento adequar à turma. Antes,

fazia, um planejamento com objetivos gerais realizado no início do ano letivo, e um

planejamento individualizado, realizado nos dias anteriores às aulas, de acordo com

o perfil da turma/grupo e os resultados obtidos por ela.

[entrevista encerrada por aqui, pois o tempo disponibilizado estava esgotado]

II - Entrevista cedida pelo professor Prof.26 nas dependências da escola na qual

leciona, em 04 de junho de 2010.

Questão 1 – EU GOSTARIA QUE VOCÊ COMENTASSE SOBRE OS PONTOS

FORTES E FRACOS, QUANTO AO CURRÍCULO DE MATEMÁTICA PROPOSTO

PARA O ENSINO MÉDIO EM IMPLEMENTAÇÃO DESDE 2008 NA REDE DE

ENSINO ESTADUAL DE SÃO PAULO.

Prof.26: Para mim (...)75 os pontos fortes são que as aulas são mais dinâmicas,

possibilitando ao aluno o momento de reflexão e de pesquisa (...) e permite sair do

lugar comum do livro didático, porque tanto o Caderno do Professor quanto o

Caderno do Aluno são bem variados. Caberá sempre ao professor selecionar os

exercícios de maior ou menor dificuldade para seu aluno resolver. O professor

precisa preparar sua aula com maior atenção. O professor precisa estudar

determinados conteúdos, que não estava habituado a ensinar para seus alunos e

que agora aparecem na Proposta Curricular. Como pontos fracos... o aluno não está

preparado a assistir uma aula nos novos moldes, ou seja, não está acostumado a

75

Usei (...) para indicar as pausas feitas pelo entrevistado em suas respostas.

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pesquisar e a resolver problemas fora dos padrões do livro didático. O número de

alunos por sala de aula inviabiliza o trabalho do professor nos padrões exigidos pela

Proposta Curricular. A seqüência didática, principalmente das terceiras séries do

Ensino Médio, dificulta o entendimento dos alunos (...). Cabe ao professor, sempre

orientado pelo Professor Coordenador, fazer as mudanças necessárias para melhor

aproveitamento da turma. (...) Sinto falta de material de apoio para aplicar as

atividades propostas. Um caminho que uso em minhas aulas é (...) proponho para

meus alunos atividades de pesquisa em dicionários para que possam associar o

vocabulário da Matemática com o cotidiano deles. Este tipo de atividade é sempre

proposta no início de cada novo conteúdo programático. Com os alunos das

segundas séries, antes de explicar a Trigonometria no Triângulo Retângulo (...) eles

assistiram o desenho “Donald no País da Matemágica”, onde tiveram que responder

um questionário e entregar um relatório contendo sua observação sobre a

importância do estudo da Matemática e a aplicação da Trigonometria no nosso

cotidiano. Esta atividade facilitou o entendimento da classe e, na resolução dos

exercícios, eles apresentaram menos dificuldades. (...) Agora sobre as seqüências

de aprendizagem da 3ª série (...) em minha opinião o conteúdo de Estatística deveria

ser ensinado no terceiro bimestre, para que o professor possa aproveitar o momento

atual para trabalhar exercícios mais contextualizados (...) e isto facilitaria o

entendimento dos alunos. No meu caso, vou aproveitar as aulas de Matemática-

DAC para propor as seguintes atividades: (1) A Estatística da Copa do Mundo.

Nesta atividade pretendo trabalhar média, moda e mediana. (2) As Pesquisas

Eleitorais, aproveitando o momento político. Mostrarei para meus alunos que nem

sempre podemos confiar em pesquisas eleitorais e (...) para que eles percebam esta

problemática, pedirei que eles criem uma pesquisa de opinião e, após aprenderem a

organizar suas informações, ensinarei a construção do histograma, a tabela de

freqüência e que eles apresentem a conclusão de seu trabalho. Sobre os materiais

de apoio, sinto falta de vídeos, peças de figuras geométricas e de softwares

específicos para o Ensino Médio. (...) Utilizo muito o GraphMatica para ensinar

funções para meus alunos, eles aprendem com maior facilidade e a aula fica mais

dinâmica. (...) Sobre as inovações dessa Proposta (...) podemos receber alunos de

outras escolas que o conteúdo ensinado é o mesmo e, isto facilita muito o nosso

trabalho. Antes da Proposta Curricular, cada escola ensinava o que queria e na

ordem que bem entendesse. E, antes da Nova Proposta, o professor não precisava

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preparar suas aulas, pois, o seu “velho caderno” tinha tudo o que ele precisava. Ele

escolhia os conteúdos que mais gostava de ensinar e, aqueles conteúdos mais

trabalhosos ficavam para o final do último bimestre visto que ele sabia que “não

dava tempo” de ensinar. Com a Nova Proposta, ele precisa preparar muito bem a

sua aula, pois no Caderno do Aluno há exercícios que não são contemplados em

livros didáticos e ele precisa saber resolvê-lo para ensinar para seu aluno, daí a

necessidade de voltar a estudar porque as velhas receitas não dão muito certo com

esta Nova Proposta. Agora, (...) não houve mudança na minha prática didática. O

que eu tenho feito com maior freqüência é motivar meus alunos a pesquisar a teoria

que irei explicar para eles e me preocupo em associar o conteúdo matemática ao

cotidiano deles para tornar a aula mais dinâmica e interessante para eles que estão

aprendendo e para mim que estou ensinando.

Questão 2 – COMENTE SOBRE O CURSO A REDE APRENDE COM A REDE

QUE VOCÊ PARTICIPOU EM 2008, ESPECIFICAMENTE SOBRE AS

VIDEOAULAS, E, SOBRETUDO A RESPEITO DA SEGUNDA VIDEOAULA, CUJA

TEMÁTICA ERA A 2ª. SÉRIE DO ENSINO MÉDIO, OS CADERNOS DO

PROFESSOR PARA ESSA SÉRIE.

Prof.26: Foi uma pena que este Curso ocorreu muito depois que o ano letivo havia

iniciado. Gostei muito e aproveitei todas as informações assistidas nas videoaulas e

a troca de experiências com os demais colegas de disciplina no Fórum também

foram úteis. (...) A segunda videoaula foi muito interessante e, como já afirmei,

muitas sugestões de trabalho eu não pude aplicar por causa da época em que o

curso iniciou. (...) Sinto falta do oferecimento de outras capacitações como esta, pois

o professor precisa entender que estar atualizado é fundamental para o sucesso do

aprendizado de seus alunos. (...) Quanto as informações assistidas nas videoaulas

(...) foram úteis (...) A abordagem diferenciada para diferentes questionamentos dos

alunos. O processar caminhos alternativos para solucionar problemas matemáticos.

Os Diferentes caminhos na utilização da linguagem algébrica na solução de

problemas geométricos. O Trabalhar a abstração com meus alunos. (...) A videoaula

para a segunda série ilustrou modos diferenciados de ensinar matrizes para meus

alunos, fugindo da mesmice dos livros didáticos. Utilizar a linguagem da máquina

digital para ensinar este conteúdo para meus alunos tornou a aula muito

interessante e despertou o interesse dos meus alunos. Mas, a videoaula para a

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terceira série foi a que mais pude utilizar. As dicas de como ensinar Números

Complexos foram muito úteis. (...) Sobre a troca de experiência com os demais

colegas no Fórum do curso (...). Foi importante saber que as mesmas dificuldades

que estava passando com a Nova Proposta, meus colegas estavam passando

também. Que bom que não estou sozinha!

Questão 3 – COMENTE SOBRE A UTILIZAÇÃO DOS CADERNOS DA 2ª SÉRIE

DO ENSINO MÉDIO A PARTIR DE 2008.

Prof.26: Utilizo constantemente os Cadernos, mas, sempre mesclando com outros

materiais. Ainda não há condições de se ensinar Matemática apenas com os

Cadernos, pois os alunos necessitam que a parte teórica seja explicada mais

claramente para eles. (...) Mas achei que as atividades propostas nos Cadernos

foram muito bem elaboradas e em uma linguagem mais próxima dos alunos. (...)

Quanto à utilização das seqüências de aprendizagem (...) sempre as utilizo. No

começo os alunos estranharam um pouco, mas aos poucos a adaptação foi

tranqüila. Não tenho preferências, gostei de todas. (...) Antes eu trabalhava

utilizando os livros didáticos e listas de exercícios que eu mesma elaborava.

Atualmente, tenho como grande aliada a Internet onde pesquiso textos e revistas

que possam me auxiliar em maneiras inovadoras de ensinar para meus alunos. (...)

Sobre os demais professores de minha escola (...). A equipe de professores de

Matemática da minha escola é muito aberta para discussões e sugestões de como

utilizar o caderno. Estamos sempre “trocando figurinhas”. (...) Quanto ao rendimento

dos meus alunos, melhorou muito.

Questão 4 – DO PONTO DE VISTA DOS PROCESSOS DE ENSINO E

APRENDIZAGEM, TUDO O QUE ACONTECEU NESSES ÚLTIMOS ANOS

(CURSOS, ENCONTRO DE PROFESSORES, ESCOLA, SALA DE AULA,

CADERNOS, OUTROS MATERIAIS, O CURSO A REDE APRENDE COM A REDE,

ETC.), VOCÊ CONSIDERA QUE HOUVE ALGUM REFLEXO EM SUA PRÁTICA

PEDAGÓGICA? NOS SABERES DOCENTES? NO DESENVOLVIMENTO

PROFISSIONAL?

Prof.26: Com certeza! Cada dia sinto-me mais desafiada a preparar aulas mais

elaboradas e aos poucos meus alunos começam a apresentar soluções para os

problemas sem que “fórmulas” sejam utilizadas, ou seja, estou conseguindo que eles

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“andem com suas próprias pernas” e deixem a “decoreba” de lado. Eu (...) procuro

trazer atividades inovadoras e que desafiem o raciocínio dos meus alunos. Desta

forma, minhas aulas são sempre “uma caixinha de surpresas”! Toda aula há uma

novidade a ser ensinada e a ser discutida entre meus alunos e eu. (...) Sempre trago

exercícios de vestibular, ENEM, SARESP e discuto com eles reportagens de jornal e

revista que estejam relacionadas ao assunto que estou ensinando para eles. Neste

bimestre, até uma peça de teatro e um blog sobre a Matemática nas Profissões eles

criaram. Assim, a aula não fica cansativa e o rendimento tem melhorado bimestre a

bimestre. (...) Quanto ao planejamento das aulas (...) planejo minhas aulas

semanalmente. Verifico qual o conteúdo que vou trabalhar com minhas turmas e

preparo a parte teórica e seleciono os primeiros exercícios que os alunos deverão

resolver.

[entrevista encerrada por aqui, pois o tempo disponível se esgotou]

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xxxii

ANEXO I

RAR2008: mensagens postadas pelo Prof.9 nos fóruns76

Observações: 1. Na coluna A identificamos o professor e o número da mensagem (porém, salientamos que esta

ordem não representa uma conexão entre as mensagens, pois o banco de dados fornecidos está em ordem cronológica e não por assuntos).

2. Na coluna B está indicado a turma e a videoaula em que houve interação do professor com mensagem postada.

3. A coluna C contém o título dado pelo professor para o assunto e/ou mensagem postado. 4. A coluna D contém o texto da mensagem (para preservar os nomes dos professores, que são

mencionados, usamos a indicação adotada para identificação dos professores inscritos no curso, ou seja, Prof.1, Prof.2, ..., Prof.52).

5. Na coluna E está indicado a data e o horário em que o professor fez a postagem.

76

No Banco de Dados do curso RAR2008 há registro de participação do Prof.9 na videoaula 1 (apenas acesso) e postagem de mensagens somente no fórum sobre a videoaula 2.

A B C D E

P09M1 Videoaula 2-Matemática.EM

Agradecimento Obrigado por suas palavras. Estava acreditando que só eu pensava assim.

2008-10-21 05:15:12.153

P09M2 Videoaula 2-Matemática.EM

Solução Motivação; Motivação; Motivação. Acredito que o problema não está em nosso conhecimento matemático ou em nosso conhecimento de didática. Tenho lido alguns artigos sobre motivação e percebo que motivação é um processo intrínseco. Mas noto que podemos tentar estimular seu surgimento. Tenho obtido bons resultados com uma auto-avaliação reflexiva e com modelagem matemática de problemas apresentados por eles. Quais você utiliza? Conhece algum artigo com técnicas motivadoras? Se conhecer, por favor, indique.

2008-10-21 05:25:05.530

P09M3 Videoaula 1-Matemática.EM

Minha valise. Alunos motivados aprendem mesmo sem professores, mas minha bolsa... já assistiu várias vezes a mesma aula, a mesma aula de diversas formas diferentes, e só aprendeu uma coisa... guardar meus pertences... rsrsrsrsrsr (eu acho que era só isso que ela queria aprender)

2008-10-21 05:30:11.000

P09M4 Videoaula 2-Matemática.EM Bom método Muito bom. Ano que vem farei o mesmo.

2008-10-22 17:20:51.293

P09M5 Videoaula 2-Matemática.EM resistência

Eu não vejo resistência a proposta, e nem muita coisa de novo nesta proposta para resistir. rsrsrsr

2008-10-25 01:40:27.217

Fonte: Banco de Dados do curso A Rede Aprende com a Rede, edição 2008 – turma Matemática/Ensino Médio/Santo André.

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xxxiii

ANEXO J

RAR2008: mensagens postadas pelo Prof.26 nos fóruns77

Observações: 6. Na coluna A identificamos o professor e o número da mensagem (porém, salientamos que esta

ordem não representa uma conexão entre as mensagens, pois o banco de dados fornecidos está em ordem cronológica e não por assuntos).

7. Na coluna B está indicado a turma e a videoaula em que houve interação do professor com mensagem postada.

8. A coluna C contém o título dado pelo professor para o assunto e/ou mensagem postado. 9. A coluna D contém o texto da mensagem (para preservar os nomes dos professores, que são

mencionados, usamos a indicação adotada para identificação dos professores inscritos no curso, ou seja, Prof.1, Prof.2, ..., Prof.52).

10. Na coluna D está indicado a data e o horário em que o professor fez a postagem.

77

No Banco de Dados do curso RAR2008 há registro de participação do Prof.26, com postagem de mensagens, em todos os fóruns, todavia apresentamos apenas as interações nos fóruns referentes às videoaulas 1 e 2, pois, são nelas que há registro de participação também do Prof.9.

A B C D E

P26M1 Videoaula 1-Matemática.EM

Novos Desafios: Meu Depoimento...

Ensinar através da Nova Proposta Pedagógica tem sido um desafio constante. Este novo trabalho tem proporcionado a oportunidade de estudar e aprender junto com meus alunos. Diante de tantas novidades, estou adaptando cada assunto de acordo com a realidade das minhas turmas, sem deixar de utilizar o Livro Didático pois, com ele posso acrescentar algumas informações que julgar importante e, desta forma aumentar o conhecimento de meus alunos e poder prepará-los para testes como: ENEM, SARESP e Vestibular. Gostaria de compartilhar experiências com vocês colegas de Fórum! Abraços, Prof.26!

2008-09-29 15:13:16.607

P26M2 Videoaula 1-Matemática.EM

Material para os Alunos

A falta de material para os alunos foi, no primeiro bimestre, substituída pela reprodução de algumas partes do Caderno do Professor, pela Equipe Gestora, que esteve e está nos ajudando muito com a Nova Proposta. Estamos, também, disponibilizando os materiais através do site da Escola. Acredito que, para o próximo ano, com o recebimento do Caderno do Aluno, nosso trabalho será muito facilitado.

2008-09-30 15:19:11.513

P26M3 Videoaula 1-Matemática.EM

E as demais séries?

Assim como as demais colegas, senti falta de explicações para as primeiras e segundas séries... Talvez as próximas videoaulas abordem estes assuntos. Vamos aguardar!

2008-09-30 15:21:41.560

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xxxiv

P26M4 Videoaula 1-Matemática.EM

A nova realidade... Foi muito complicada a aceitação dos meus alunos, principalmente os das terceiras séries, pois, acharam que "seriam prejudicados bem no último ano com tantas mudanças!"... Aos poucos, fui trabalhando a Nova Proposta, num primeiro momento, adaptando as Situações de Aprendizagem e aprofundando alguns conteúdos que julgava importantes. Assim, eles foram percebendo que tudo o que precisariam aprender estava sendo ensinado e acabaram aceitando o "novo estilo de aula".

2008-09-30 15:22:41.263

P26M5 Videoaula 1-Matemática.EM

E o Planejamento? Como estão as suas aulas? Todos os colegas estão conseguindo cumprir os conteúdos dos Cadernos no bimestre de referência?

2008-09-30 15:25:01.780

P26M6 Videoaula 1-Matemática.EM

Receber as Revistas com Atraso é um Problema!

O atraso no recebimento das Revistas parece-me ser denominador comum! Isto dificulta muito nosso trabalho e, pior ainda, o cumprimento integral da Proposta Pedagógica, sem contar que, se nossos alunos tivessem o mesmo material auxiliaria a dinâmica das aulas.

2008-10-01 13:56:08.420

P26M7 Videoaula 1-Matemática.EM

Nova Proposta Pedagógica e o SARESP 2008

Colegas, O que vocês pretendem fazer para auxiliar os alunos para a Prova de Matemática do SARESP 2008? Vocês acham que será pedido para nossos alunos resolverem exercícios semelhantes aos das Situações de Aprendizagem dos Cadernos do Professor? Se alguém tiver alguma "dica" ou sugestão, vamos aproveitar este espaço para nos auxiliar mutuamente, ok?

2008-10-01 13:59:31.497

P26M8 Videoaula 1-Matemática.EM

Caderno em Atraso...

Prof.3, vejo que não ocorre atrasos apenas em uma Unidade Escolar... Estou preocupada com o cumprimento da Proposta Pedagógica (principalmente da Terceira Série do Ensino Médio) devido à falta de conhecimento de alguns conceitos que meus alunos apresentam. Como você está fazendo?

2008-10-01 14:01:48.500

P26M9 Videoaula 1-Matemática.EM

Prof.3 Concordo plenamente com você! Não podemos pensar em "quantidade" e sim em "qualidade" do estaremos ensinando! Só espero que não haja uma cobrança dos Órgãos Centrais sobre nós a este respeito!

2008-10-01 19:58:06.390

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xxxv

P26M10 Videoaula 1-Matemática.EM

Para que Serve... Resposta

Vejo a videoaula como um grande apoio para todos nós professores. Porém, em determinados momentos em que tentamos "inovar" nossas aulas nos deparamos com uma barreira muito grande por parte dos nossos alunos que ainda estão apegados nas "aulas tradicionais". Filmes, dinâmicas, entre tantas outras atividades, dificilmente são aceitas por eles. Será que a partir do próximo ano, quando eles terão o material em mãos, os alunos perceberão o quão importante estão sendo estas mudanças?

2008-10-01 20:04:09.170

P26M11 Videoaula 1-Matemática.EM

Olá Prof.22! É uma pena que sua escola não esteja participando dos projetos de PD, pois, as videoconferências estão muito interessantes e nos dando subsídios para trabalhar a interdisciplinaridade entre Matemática - Geografia - Língua Portuguesa. Comecei, como você a trabalhar a resolução das Provas 2005 e 2007 em uma das minhas aulas de PD (já que a outra trabalho os Projetos). Espero que possamos trocar experiências neste assunto durante e depois deste Fórum.

2008-10-02 16:54:24.217

P26M12 Videoaula 1-Matemática.EM

As Dificuldades de Nossos Alunos

Prof.6, não sei se você vai concordar mas, nossos alunos ainda não conseguem resolver quaisquer problemas sem que haja a aplicação de uma "fórmula". A metodologia sugerida nesta Nova Proposta é muito interessante, porém, acredito que levaremos alguns anos para atingir estas metas.

2008-10-02 16:57:35.653

P26M13 Videoaula 1-Matemática.EM

Atraso e muitíssimo mais...

Prof.6, fico feliz em saber que não sou a única a não conseguir cumprir o Caderno no tempo previsto! Quanto aos conteúdos que precisamos revisar penso que os responsáveis pela elaboração do material deveriam iniciar cada Situação de Aprendizagem prevendo algumas aulas para Revisão de Conceitos Básicos para o entendimento das aulas, quem sabe assim nossos alunos sentiriam-se mais motivados.

2008-10-02 17:04:38.467

P26M14 Videoaula 1-Matemática.EM

O Momento de Avaliar

A Nova Proposta Pedagógica tem apresentado uma série de inovações, porém, gostaria de saber dos colegas de Fórum: "Como está o rendimento de seus alunos?"

2008-10-02 17:08:36.827

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P26M15 Videoaula 1-Matemática.EM

Enviar Sugestão Acredito que poderíamos encaminhar sugestões de adequação de assuntos para que as mesmas sejam adequadas para o próximo, só precisamos verificar através de qual "canal de comunicação" podemos fazê-lo.

2008-10-03 07:16:57.230

P26M16 Videoaula 1-Matemática.EM

Resposta - Videoaula

Acredito que criaram este espaço justamente para tomarem conhecimento de nossas dúvidas, dificuldades e sugestões. Espero que para o próximo ano, tenhamos não só o Caderno do Aluno como também outros materiais de apoio para que a Nova Proposta Curricular seja concretizada da melhor maneira possível. Vamos aguardar!

2008-10-03 07:19:39.077

P26M17 Videoaula 1-Matemática.EM

É, e o Jornal? Prof.6, você lembrou de algo muito importante! O Jornal foi um subsídio muito bom para esclarecermos as principais dúvidas dos nossos alunos, porém, no decorrer do bimestre aparecem perguntas diferentes das que trabalhamos no início do ano e, para darmos continuidade ao processo de aprendizagem, "paramos" com o Caderno para explicar o que nos é perguntado. Assim como você, espero que os responsáveis pelo SARESP levem em conta nosso empenho com a Nova Proposta e, por isso, nem todos os conteúdos serão trabalhados no tempo proposto. Vamos aguardar, não é mesmo?

2008-10-03 07:26:05.467

P26M18 Videoaula 1-Matemática.EM

Contando com a Contribuição dos Alunos

Os alunos que estão fazendo cursinhos preparatórios estão mais resistentes a esta mudança, porém, o jeito que encontrei de motivá-los foi pedindo a colaboração deles com exercícios das apostilas dos cursinhos e dos simulados que costumam fazer para que, em sala de aula, esclarecesse suas dúvidas e, assim mostrar-lhes a importância desta Nova Proposta. Tem dado certo e o ritmo das aulas tem ficado bastante interessante!

2008-10-03 07:31:48.497

P26M19 Videoaula 1-Matemática.EM

Estatística - Resposta

Prof.50, acho que deveríamos sugerir que o conteúdo de Estatística, independente de ser ano eleitoral ou não, deveria fazer parte do Terceiro Bimestre pois, pude observar que todas as provas do SARESP têm questões envolvendo: média, moda, mediana, desvio-padrão...

2008-10-03 16:19:47.123

P26M20 Videoaula 1-Matemática.EM

Agora - Resposta Prof.3, concordo com você! Principalmente se pensarmos no SARESP que está chegando e que sempre contém questões de Estatística.

2008-10-03 16:21:43.390

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P26M21 Videoaula 1-Matemática.EM

Subsídio para as Aulas

Também vejo o Caderno do Professor como um apoio, um material a mais para o preparo das minhas aulas até porque nossos alunos, em algumas situações de aprendizagens propostas, não têm maturidade suficiente para resolver tais exercícios. O livro didático, alguns paradidáticos e sites da internet têm sido de grande ajuda no preparo das aulas. O resultado deste trabalho deverá ser visto em longo prazo.

2008-10-04 13:23:41.437

P26M22 Videoaula 1-Matemática.EM

Máquina de Xerox Prof.50, sabemos que a aquisição de uma máquina de Xerox para as escolas estaduais resolveria parte dos problemas que estamos enfrentando com a implantação desta Nova Proposta Curricular, pois, a maioria das escolas não teriam recursos financeiros para manter um equipamento deste porte.

2008-10-04 13:43:34.450

P26M23 Videoaula 1-Matemática.EM

A Nova Proposta e o Vestibular

Com a implantação da Nova Proposta Curricular, nós professores estamos trabalhando de maneira diversificada: com análise de tabelas, gráficos, interpretação de informações e resolução de exercícios utilizando mais o raciocínio do que a aplicação de fórmulas. Espero, sinceramente que as Universidades passem a preparar seus exames de Vestibular da mesma forma pois, o que tenho visto, está muito aquém do que trabalhamos na Escola Pública com os nossos alunos!

2008-10-04 14:01:16.577

P26M24 Videoaula 1-Matemática.EM

Vestibulares - Resposta

É exatamente esta a minha preocupação. Se isto continuar a acontecer, nossos alunos, advindos das Escolas Públicas, estarão sempre em desvantagem em relação aos que freqüentam escolas particulares e/ou cursinhos preparatórios.

2008-10-05 09:05:18.373

P26M25 Videoaula 1-Matemática.EM

Em que sentido? Prof.50, em que sentido você está perguntando?

2008-10-06 13:53:21.233

P26M26 Videoaula 1-Matemática.EM

A Interdisciplinaridade

Acho muito interessante o modo como está sendo trabalhada a interdisciplinaridade nesta Nova Proposta Curricular. Na escola em que trabalho, este tipo de atividade está sendo proposta principalmente nas disciplinas de Apoio à Continuidade de Estudos e os alunos têm participado mais efetivamente das aulas. Quem sabe este não é o caminho para uma educação de melhor qualidade e mais instigante e desafiadora?

2008-10-06 14:45:20.390

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P26M27 Videoaula 1-Matemática.EM

Olhar Diferenciado - Resposta

Propor para os alunos uma aula interativa utilizando o computador é bastante interessante. Acho, apenas, que algumas escolas terão problemas relacionados com suas Salas Ambientes de Informática cujos computadores poderão estar configurados com sistema operacional Linux e, alguns professores e/ou alunos podem encontrar dificuldade em elaborar/participar destas aulas.

2008-10-07 14:14:37.873

P26M28 Videoaula 1-Matemática.EM

Resposta - Caderno do Quarto Bimestre

Prof.50, acabo de ler as Redes da Diretoria de Ensino e, em um dos assuntos estão informando na Rede 389/2007 - Assunto 03: CADERNOS DO PROFESSOR 4.º BIMESTRE – CICLO II E MÉDIO - Informamos que o material do 4.º bimestre já se encontra na Diretoria. Estamos em processo de separação e de contratação de transporte. Em breve, as escolas começarão a receber seus kits. Oficina Pedagógica. Acho que até o final desta semana já estaremos com os cadernos em nossas mãos.

2008-10-07 14:18:43.217

P26M29 Videoaula 1-Matemática.EM

O que é Contextualização?

Prof.50, a aprendizagem se dá quando o aluno ao interagir com um conteúdo contextualizado busca, por meio de pesquisas, novas informações sobre o mesmo, aprofunda-o , interage, constrói seu próprio conhecimento e utiliza-o para melhorar sua qualidade de vida e a de sua comunidade. Acredito que quando propomos situações de aprendizagem que envolva o dia-a-dia dos nossos alunos, estamos trabalhando com conteúdos contextualizados.

2008-10-07 14:29:33.653

P26M30 Videoaula 1-Matemática.EM

Explicando Melhor...

Mediador, já que você tem condições de encaminhar nossas sugestões para o Professor Nilson, acredito que o conteúdo de Matemática para a Terceira Série do Ensino Médio, ficaria melhor distribuído se estivesse assim: Primeiro Bimestre: Equações Algébricas e Números Complexos. Segundo Bimestre: Geometria Analítica. Terceiro Bimestre: Estatística. Quarto Bimestre: Estudo das Funções. Abraços, Prof.26.

2008-10-08 15:28:10.653

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P26M31 Videoaula 1-Matemática.EM

A contextualização da Matemática

Segundo os PCNs a contextualização dos conteúdos refere-se a alguns itens, como: a relação entre sujeito e objeto; a condição do aluno como participante e não como espectador passivo; a mobilização de competências cognitivas já adquiridas; o ato de compreender, inventar, reconstruir; a evocação de áreas, âmbitos ou dimensões presentes na vida pessoal, social e cultura do aluno; etc. E, em sala se aula, é fácil verificar algumas relações entre as respostas dos alunos, tentando relacionar os conteúdos ensinados em sala de aula com o cotidiano de cada um deles. Observo que, na maioria das vezes, elas expressam uma tentativa de busca mais autêntica da contextualização sociocultural preconizada pelos PCNs. Isto será possível se: a) o professor de Matemática estiver preparado para reconhecer as oportunidades de trabalho em conjunto com outras disciplinas; b) houver a sintonia entre as propostas curriculares das disciplinas; c) aplicação de exercícios de outras disciplinas em Matemática.

2008-10-08 16:07:30.593

P26M32 Videoaula 1-Matemática.EM

A Contextualização e a Interdisciplinaridade

O tratamento contextualizado do conhecimento é um dos recursos que a escola tem para retirar o aluno da condição de espectador passivo. Em Matemática, a contextualização é um instrumento bastante útil, desde que interpretada num sentido mais amplo e não empregada de modo artificial e forçado ou que não se restrinja apenas a um universo mais imediato (“cotidiano”). Alguns temas, como por exemplo, o tratamento de dados ou contagem, podem ser mais facilmente referidos a situações que fazem parte do cotidiano da mídia e da linguagem coloquial. Outros podem ser estudados a partir de modificações de situações mais simples para mais complexas e que possuem motivação matemática. Isso ocorre, por exemplo, com alguns temas de geometria. Esse tipo de contextualização estimula a criatividade, o espírito inventivo e a curiosidade do aluno.

2008-10-08 16:12:41.890

P26M33 Videoaula 1-Matemática.EM

Como trabalhar a Contextualização na Nova Proposta

Para mim, uma das maneiras de desenvolver atividades contextualizadas em Matemática é através da tematização de situações descritas em reportagens de jornais, por exemplo. Por vez, proponho que os alunos selecionem matérias que descrevem alguma situação atual, formulo um problema e peço que eles encontrem a solução.

2008-10-08 21:04:06.357

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P26M34 Videoaula 1-Matemática.EM

Matemática e Realidade

Em minha opinião, não cabe ao professor reivindicar a contextualização do ensino da Matemática. Ele já está contextualizado. A questão é outra. Qual é o contexto? Quais contextos desejamos para aproximar Matemática e realidade? Prefiro pensar que a Matemática é realidade, pois suas idéias interferem diretamente em nossas vidas, ou seja, ela possui um "papel formatador" na sociedade da qual fazemos parte.

2008-10-08 21:09:31.357

P26M35 Videoaula 1-Matemática.EM

Currículo Unificado Esta Nova Proposta lida com diversas variáveis: o conteúdo, o conhecimento como um todo, o professor, o aluno, a escola e a sociedade. A unificação do currículo se faz necessária para que haja um parâmetro de avaliação entre as escolas e, para que tudo se encaixe, nós professores, precisamos encontrar meios de motivar nossos alunos para as vantagens desta unificação. É um processo longo e não será vencido este ano, estaremos colhendo os frutos deste trabalho em 2010 - no caso do Ensino Médio (ano que estaremos formando a primeira turma que estudou por esta Nova Proposta). O mais importante disto tudo é que professores e alunos passaram a estudar juntos e, o mais importante: estamos aprendendo muito com eles!

2008-10-08 21:17:45.590

P26M36 Videoaula 1-Matemática.EM

Em sala de aula... Em todas as minhas aulas convido meus alunos a indagar e/ou investigar por meio da Matemática, situações oriundas de outras áreas, ou seja, são atividades em que eles discutem Matemática no contexto de situações do dia-a-dia. Em outros momentos, solicito a eles que formulem problemas a partir de temas genéricos escolhidos por eles. Desta forma, eles não possuem esquemas e/ou fórmulas, eles deverão PENSAR-RACIOCINAR para encontrarem a resposta. O resultado obtido é muito positivo e as aulas muito mais produtivas.

2008-10-08 21:45:58.700

P26M37 Videoaula 1-Matemática.EM

Cadernos... Espero que através deste fórum, onde estamos discutindo nossas experiências sirva para o aprimoramento deste material para que possamos cumprir as metas propostas pela Nova Proposta Curricular da melhor maneira possível.

2008-10-09 19:55:56.483

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P26M38 Videoaula 1-Matemática.EM

Matemática e Arte...

Prof.48, um dos objetivos da Nova Proposta Pedagógica é justamente a interdisciplinaridade. Assim como você trabalhou junto com o Professor de Artes, também tive a oportunidade de unir a Matemática com a Geografia auxiliando os alunos na interpretação de tabelas e gráficos - foi um trabalho muito interessante e proveitoso tanto para os alunos como para mim (recordei vários conceitos de Geografia que estavam esquecidos!).

2008-10-09 20:02:11.733

P26M39 Videoaula 1-Matemática.EM

O Tradicionalismo e a Nova Proposta

Vamos esbarrar ainda por um bom tempo com o Ensino Tradicional. O novo assusta e mudar uma postura "antiga" de sala de aula para outra "inovadora" não se consegue da noite para o dia. Um dos objetivos da Nova Proposta é a troca de experiências: tudo que der certo precisa ser divulgado, só assim será possível galgarmos degraus importantíssimos no aprimoramento da Educação.

2008-10-09 20:08:06.967

P26M40 Videoaula 1-Matemática.EM

A criatividade é a melhor ferramenta que temos!

Praticar um ensino contextualizado em Matemática é acima de tudo ser criativo na elaboração das atividades para os alunos. Os Cadernos trazem diversos exemplos e sugestões de atividades muito interessantes e neste caso, os alunos podem ser nossos maiores aliados: pedi para meus alunos das terceiras séries do ensino médio que recortassem jornais e revistas com as pesquisas de opinião sobre o Primeiro Turno Eleitoral para que pudesse introduzir a Estatística. Foi uma aula bastante dinâmica e a participação aumentou e o resultado final muito proveitoso. A conclusão desta atividade se dará ao término do segundo turno quando faremos a montagem de um painel com todos os cálculos estatísticos que serão expostos na escola.

2008-10-09 20:18:07.013

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P26M41 Videoaula 1-Matemática.EM

Como vejo os "erros" de meus alunos em Matemática

Digo para meus alunos que muito se aprende por tentativas e erros, por aproximações sucessivas e aperfeiçoamentos. Por isso, vejo os erros cometidos por eles muito naturalmente, pois fazem parte do processo ensino-aprendizagem; e, sempre os utilizo para promover uma aprendizagem mais significativa. Analiso o tipo de erro cometido por cada aluno, às dificuldades apresentadas e, assim, reorientar/rever minha ação pedagógica com maior eficácia para saná-las. Mostro, para cada um deles, como e por que cometeram determinado erro ajudando-os a superar lacunas de aprendizagem e equívocos de entendimento. No momento da revisão, tenho em mãos a relação dos erros mais freqüentes, para trabalhar com eles aquele assunto, chamando a atenção para os pontos mais críticos e, com isso, diminuir a possibilidade de novos erros. É uma experiência muito interessante e gratificante que estou compartilhando com todos vocês!

2008-10-10 20:45:36.623

P26M42 Videoaula 1-Matemática.EM

A Avaliação em Matemática

A mudança no ensino da Matemática deve vir acompanhada por uma transformação na maneira de avaliar nossos alunos. A Nova Proposta aponta para uma avaliação com maior ênfase no que os alunos sabem, como sabem e como pensam matematicamente e, menor ênfase no que eles não sabem e na memorização de definições, regras e esquemas. Acredito que este é o caminho: é preciso avaliar o poder matemático do aluno, ou seja, a sua capacidade de usar a informação para raciocinar, pensar criativamente e para formular problemas, resolvê-los e refletir criticamente sobre eles. Aos poucos estou elaborando este tipo de avaliação, pois, sair do tradicional para o novo não é fácil! No início, os alunos estranharam, agora, resolvem provas e atividades com muito mais segurança e o melhor, sem as famosas "decorebas"! Continuamos aprendendo juntos e isto é muito legal.

2008-10-10 20:54:02.920

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P26M43 Videoaula 1-Matemática.EM

Releitura da Proposta de Matemática - Parte 1

A Nova Proposta justifica o lugar da Matemática no currículo, considerando que “ela desenvolve o raciocínio lógico, a capacidade de abstrair, generalizar, projetar, transcender o que é imediatamente sensível” e também, pela sua utilização em atividades práticas que envolvem aspectos quantitativos da realidade. No que se refere à abordagem dos conteúdos, recomenda-se que o professor recorra à resolução de problemas, desafiando o estudante a refletir, elaborar hipóteses e procedimentos, observando a participação ativa dos alunos na descoberta e assimilação das idéias matemáticas. Elucida que aprender Matemática é mais que aprender técnicas; é interpretar, construir ferramentas conceituais e criar significados. Quanto à metodologia sugere que as situações propostas aos estudantes devem basear-se em dados reais referentes a aspectos da realidade brasileira, possibilitando a interpretação de dados, envolvendo temas como, demografia, economia, saúde, educação, agricultura.

2008-10-11 13:14:00.123

P26M44 Videoaula 1-Matemática.EM

Releitura da Proposta de Matemática - Parte 2

Aponta para a necessidade de o trabalho docente investir mais na participação ativa dos estudantes na descoberta e assimilação de idéias matemáticas. Deve-se recorrer à resolução de situações-problema em que o estudante seja desafiado a refletir, discutir com o grupo, elaborar hipóteses e procedimentos extrapolando aplicações e enfrentando situações novas.

2008-10-11 13:14:44.873

P26M45 Videoaula 1-Matemática.EM

Os desafios continuarão...

Prof.29, este ano servirá para nós professores como um grande desafio e mudanças de postura em sala de aula. Estou muito otimista para o próximo ano, principalmente porque os alunos receberão o material e isto será um grande facilitador para o nosso trabalho. Além disto, este Fórum está sendo de grande valia pois, temos um espaço para trocar experiências e sugeir novas práticas pedagógicas que nos auxiliem mutuamente.

2008-10-11 20:50:50.497

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P26M46 Videoaula 1-Matemática.EM

Que bom Prof.40! Fico feliz por você pensar da mesma forma que eu! Trabalhamos com uma disciplina vista como a grande vilã do ensino para os alunos e, se não mostrarmos para eles que a Avaliação é apenas uma parte do processo ensino-aprendizagem e, principalmente, que nos avaliamos junto com eles, pode vir a melhor Proposta Pedagógica do mundo, que eles sempre vão se sentir inseguros e com muito medo de errar! Abraços, Prof.26.

2008-10-12 17:01:22.200

P26M47 Videoaula 1-Matemática.EM

Potencial dos nossos alunos

Sabe Prof.40, em sala de aula, sempre que o tema permite, "jogo" a responsabilidade da descoberta de solução dos exercícios para os alunos. E, dia após dia, eles me surpreendem! Precisamos ouvir mais o que eles têm para nos dizer! O potencial dos nossos alunos é incrível e, esta Nova Proposta, pede que façamos isto. O Caderno do Professor está repleto de sugestões e, se aproveitarmos cada uma delas, o Ensino da Matemática tende a melhorar e muito! Abraços, Prof.26.

2008-10-12 17:05:31.980

P26M48 Videoaula 1-Matemática.EM

Unificação do Currículo

Prof.23, tenho a mesma preocupação que você! A "cobrança" certamente virá, mas, eu acredito que a partir do momento que esta Capacitação foi criada, o objetivo deles é nos ouvir, saber como estamos trabalhando com os Cadernos para, que no próximo ano, possam fazer as adequações necessárias. Vamos aguardar, não é mesmo?

2008-10-12 17:10:46.280

P26M49 Videoaula 1-Matemática.EM

Novos Recursos - Resposta

Prof.26, esta prática deve ser comum entre todos nós professores. A Nova Proposta prevê que o processo ensino-aprendizagem tenha mão dupla. É um desafio muito estimulante e, para cada novo assunto, novas pesquisas, deveremos fazer para a melhoria do aprendizado dos nossos alunos. Abraços, Prof.26.

2008-10-14 11:12:44.950

P26M50 Videoaula 1-Matemática.EM

Seguir Modelos Prof.2, concordo com você. O modelo estabelecido pela Nova Proposta Pedagógica tem, na minha opinião, um único objetivo: unificar o ensino em todas as escolas públicas de São Paulo. E os modelos apresentados até o presente momento, só têm acrescentado e melhorado muito a dinâmica em sala de aula. Abraços, Prof.26.

2008-10-17 13:52:21.030

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P26M51 Videoaula 1-Matemática.EM

História da Matemática

Tenho utilizado alguns capítulos do Boyer para acrescentar informações para meus alunos, esta prática tem tornado as aulas mais interessantes e, dessa forma, estou trabalhando, junto com a professora de Língua Portuguesa, a interpretação de textos em Matemática. Está muito legal.

2008-10-17 13:55:20.153

P26M52 Videoaula 1-Matemática.EM

Era necessário mudar

Esta Proposta veio para mostrar para nós professores, que a mudança na Educação se fazia necessária. Desde sua implantação, antes de irmos para a sala, precisamos preparar nossas aulas, ou seja, voltamos a ser "estudantes" junto com nossos alunos. Todo dia temos que desvendar um novo desafio, tornando a nossa prática pedagógica mais dinâmica e atual!

2008-10-17 13:58:38.920

P26M53 Videoaula 1-Matemática.EM

Mais uma dica... Prof.49, o site: http://www.sbmac.org. br/eventos/cnmac/cd_xxviii_cnmac/ resumos%20estendidos/silvia_batista_ SE5.pdf, traz um texto muito interessante, com sugestões de atividades/softwares muito interessantes para o estudo de funções, espero que goste. Abraços, Prof.26

2008-10-17 14:01:50.200

P26M54 Videoaula 2-Matemática.EM

A Vez da Segunda Série do Ensino Médio

Muito esclarecedora as explicações e dicas dadas pelo Professor Walter Spinelli, deixando-nos muito tranqüilos na utilização de outros materiais pedagógicos, além do Caderno do Professor. A disposição dos conteúdos para a 2.ª Série do Ensino Médio está, em minha opinião, muito bem distribuída e adequada para nossos alunos.

2008-10-20 16:12:50.340

P26M55 Videoaula 2-Matemática.EM

Resposta Prof.11, realmente contextualizar números complexos foi complicado! Para facilitar (um pouco) utilizei partes do livro do Boyer (História da Matemática)que facilitou o entendimento dos meus alunos. Abraços, Prof.26.

2008-10-21 14:39:31.340

P26M56 Videoaula 2-Matemática.EM

Será que eles vão entender?

Prof.49, tenho certeza que nossos alunos ainda não têm a maturidade necessária para entender Trigonometria da forma como assistimos na videoaula. Minha pergunta é: como fazer para que eles atinjam este grau de conhecimento?

2008-10-21 14:42:02.700

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P26M57 Videoaula 2-Matemática.EM

Mesmo Ponto de Vista

Compartilho de todas as opiniões já postadas. Ainda estamos inseguros, por mais apoio que tenhamos de nossas equipes gestoras... É tudo muito novo! A "resistência" em aprender "de um jeito diferente" é a maior barreira que nossos alunos nos apresentam! Eles continuam presos aos modelos prontos de resolução de problemas, não têm o hábito de interpretar uma situação do seu cotidiano e resolvê-la de maneira simplificada. Acredito que quando vencermos este obstáculo, os conteúdos dos nossos Cadernos serão trabalhados com muito mais facilidade e segurança.

2008-10-21 14:49:51.090

P26M58 Videoaula 2-Matemática.EM

Um Experiência Que Deu Certo!

Ao iniciar o trabalho com os Anagramas, apresentei para meus alunos um painel e cartões identificados com letras (de A a Z) e números (0 a 9). Para cada situação, selecionava os cartões necessários e resolvia o exercício com eles. A solução mostrada concretamente facilitou o entendimento do assunto inclusive motivando-os a ter seus próprios cartões para resolver as atividades propostas. As aulas ficaram mais dinâmicas e percebi meus alunos mais motivados.

2008-10-21 14:54:43.717

P26M59 Videoaula 2-Matemática.EM

Sendo Otimista, SEMPRE!

Prof.1, que bom que você gostou do meu relato! Tenho certeza que, se cada um de nós, que estamos participando desta Capacitação, compartilhássemos experiências bem sucedidas, dúvidas e sugestões, a Nova Proposta terá tudo para dar certo! A essência do professor é o OTIMISMO, é não desistir de seus ideais. Só assim estaremos contribuindo para um ensino de melhor qualidade. Abraços, Prof.26.

2008-10-22 10:35:29.467

P26M60 Videoaula 2-Matemática.EM

Resposta Segui parte das sugestões do Professor Spinelli, até porque nem todas são aplicáveis em sala de aula. Adaptei algumas situações e obtive bons resultados.

2008-10-23 13:04:42.793

P26M61 Videoaula 2-Matemática.EM

Fiz a mesma coisa...

Prof.44, não sabia deste programa da TV Cultura, mas, realizei a mesma atividade com meus alunos e, realmente, como você relata facilitou o entendimento deles quando falei dos anagramas. A propósito, você lembra o nome do programa?

2008-10-23 13:06:41.030

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P26M62 Videoaula 2-Matemática.EM

Adaptando aula por aula

Prof.44, após trabalhar com o Jornal, pude observar que os alunos teriam alguma dificuldade em realizar as Situações de Aprendizagem do Caderno do Professor então, faço pequenas adaptações nos exercícios para facilitar o entendimento de alguns temas e não deixo de utilizar, também, o Livro Didático para complementar informações que julgar importantes para o momento.

2008-10-23 13:13:48.467

P26M63 Videoaula 2-Matemática.EM

A dificuldade dos nossos alunos

Prof.28, realmente a falta de leitura é um grande problema para nossos alunos. O que tenho feito para que eles adquiram tal hábito é pedir que eles pesquisem determinado conteúdo ANTES de eu explicar assim, peço que façam a leitura para a classe, fazemos os devidos comentários e, no final, passo na lousa um resumo para todos anotarem. Tem dado um resultado muito satisfatório e, inclusive, o uso de dicionário nas aulas de Matemática passou a ser uma prática natural.

2008-10-23 20:21:48.997

P26M64 Videoaula 2-Matemática.EM

Resposta ao Prof.11

Olá, Prof.11, tudo bem? Sei que esta Proposta não é realmente nova, mas, é a primeira vez que vejo um objetivo claro na sua implementação: a unificação do ensino em todas as escolas e a contextualização dos conteúdos a serem trabalhados em sala de aula. Muita coisa precisa ser adequada e, acredito que foi por este motivo que criaram esta Capacitação. Vamos trocar idéias, experiências, mandar sugestões... Só assim poderemos aprimorar este trabalho. Abraços, Prof.26.

2008-10-23 20:27:46.827

P26M65 Videoaula 2-Matemática.EM

Raciocinar sempre...

O Prof.50 tem toda razão! Se nossos alunos fossem estimulados a raciocinar desde as primeiras séries do Ensino Fundamental, quando estivessem estudando no Ensino Médio, não precisariam decorar algoritmos e fórmulas.

2008-10-24 14:13:58.107

P26M66 Videoaula 2-Matemática.EM

É possível ensinar sem Fórmulas?

Colegas professores, será que num futuro próximo poderemos vislumbrar um ensino da Matemática mais contextualizado sem a obrigação da aplicação de Fórmulas e Algoritmos? Gostaria de saber a opinião de vocês. Abraços, Prof.26.

2008-10-24 14:16:31.467

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P26M67 Videoaula 2-Matemática.EM

Respodendo ao Prof.11 - II

Realmente, Prof.11. O acompanhamento do projeto nas escolas é um caminho que não se pode descartar e, é claro, o trabalho da equipe de todos os professores da escola ajudaria no andamento da Nova Proposta. Vivencio muito esta experiência nas aulas do Projeto Apoio à Continuidade de Estudos (PD) e, muitas das atividades aplicadas nas terceiras séries, faço pequenas adaptações e proponho para meus alunos das segundas. O resultado é muito satisfatório.

2008-10-25 13:20:25.840

P26M68 Videoaula 2-Matemática.EM

Resposta ao Prof.50

Prof.50, acho que uma mistura das duas coisas! Mas, eu acho que cabe a nós professores estimularmos esta prática: trazendo textos (jornais, revistas, artigos da Internet, etc.) que complementem nossas aulas, pedir que consultem no dicionário termos matemáticos que desconheçam... É um trabalho cujo resultado veremos aos poucos mas, pelo menos estaremos fazendo a diferença na formação deles!

2008-10-25 13:25:36.467

P26M69 Videoaula 2-Matemática.EM

Probabilidade Condicional

Prof.28, encontrei um material sobre o assunto no seguinte site: http://www.mec.ita.br/~denise/ teaching/MOQ12/aula02%20-%20Probabilidade%20Condicional.pdf Dê uma olhadinha, os slides são muito bem elaborados e nos dá muito subsídio para as nossas aulas. Espero que ajude. Abraços, Prof.26.

2008-10-25 13:38:52.170

P26M70 Videoaula 2-Matemática.EM

Você está certíssima!

Concordo plenamente com você! Muitas vezes vamos para a sala de aula com um roteiro de aula e, no momento que a interatividade entre professor-aluno inicia tudo cai por terra! Mas, isto é muito positivo. A abertura do diálogo além de nos aproximar dos nossos alunos traz novas informações, novos assuntos que nem pensamos de discuti-los. Esta prática possibilita o aluno a nos conhecer melhor e, deixar claro para ele que sempre poderá contar conosco.

2008-10-26 10:19:18.233

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P26M71 Videoaula 2-Matemática.EM

PD - Resposta Estou gostando muito! A interdisciplinaridade entre Matemática - Geografia - L.Portuguesa é muito interessante. Confesso que, quando escolhi estas aulas, pensei que iríamos trabalhar com revisões de Matemática para o Vestibular, depois que o Projeto de Apoio à Continuidade de Estudos foi apresentado, vi que não era nada disso! Mas, valeu! As videoconferências são muito interessantes e, nos apontam vários caminhos para interagir com os alunos os temas do Projeto. Alguns destes temas, trabalhei com meus alunos das segundas séries e o resultado foi muito bom. Sim. Pretendo continuar com estas aulas afinal, a proposta é muito válida.

2008-10-28 14:32:34.217

P26M72 Videoaula 2-Matemática.EM

Resposta para a Professora Prof.15

Prof.15, acredito que o trabalho que será solicitado para nós, deverá ter como tema central as experiências que estamos vivenciando em sala de aula em conjunto com as informações das videoaulas e deste Fórum. Vamos aguardar as orientações.

2008-10-28 14:38:08.390

P26M73 Videoaula 2-Matemática.EM

A Nova Proposta e o Cotidiano dos Nossos Alunos

Um dos principais desafios desta Proposta é desenvolver nos nossos alunos a criticidade, a criatividade e ética, tornando-os autores conscientes de sua história pessoal e da coletividade. Sabemos que essa realidade não será construída do dia para a noite. Podemos construir "para" e "com" nossos alunos uma educação matemática emancipadora que priorize e oportunize ao mesmo compreender e transformar sua realidade contextualizando teoria e prática por meio de situações reais de sua vida e com o auxílio dos projetos de trabalho. Porém, para atingirmos esta meta, muitas mudanças ainda precisam ocorrer: tanto por parte de nós professores como do lado dos nossos alunos.

2008-10-28 14:44:40.920

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P26M74 Videoaula 2-Matemática.EM

Eleições x Amostra Prof.50, iniciei hoje (29/10), com os meus alunos, exatamente esta discussão. Pedi que trouxessem recortes de jornais com informações sobre as pesquisas eleitorais. Reunidos em grupos, pedi que fosse feita a análise dos gráficos e das pesquisas eleitorais. Em seguida, cada grupo expôs seus pontos de vista e estas idéias foram anotadas na lousa. Finalmente, a tarefa para a próxima aula é: Apontar os possíveis erros de pesquisa e/ou amostra para a garantia da vitória de Siraque e não do Dr. Aidan. Estou ansiosa para ver o relatório deles - isto acontecerá na próxima 6.ª feira (31/10). Postarei o resultado, ok?

2008-10-29 14:21:42.030

P26M75 Videoaula 2-Matemática.EM

A probabilidade através da resolução de Problemas

A resolução de problemas, que é o princípio norteador da aprendizagem da matemática, pode possibilitar o desenvolvimento do trabalho com probabilidade em sala de aula, através da resolução de problemas de ordem prática e contextualizada. Assim, é preciso entender que problema não é um exercício de aplicação de conceitos recém-trabalhados, mas o desenvolvimento de uma situação que envolve interpretação e estabelecimento de uma estratégia para a resolução. O desenvolvimento do pensamento probabilístico, sem dúvida, pode efetivar as potencialidades formativas da disciplina de Matemática que tem como tradição a exatidão, o determinismo e o cálculo, opondo-se à exploração de situações que envolvam aproximação, aleatoriedade e estimação, as quais podem limitar a visão matemática que o aluno poderá desenvolver, dificultando suas possibilidades de estabelecimento de estratégias para a resolução de problemas diversificados que lhe surgirão ao longo de sua vida.

2008-10-29 14:39:25.890

P26M76 Videoaula 2-Matemática.EM

Aprendendo com os Cadernos

Os cadernos estão abordando determinados temas de modo diferenciado ao que estamos acostumados a encontrar nos livros didáticos. Por isso, vamos precisar adaptar alguns exercícios propostos para facilitar o entendimento dos nossos alunos. Quanto às matrizes, realmente, os alunos "estranharam" um pouco mas, quando resolveram as atividades observaram a aplicação no dia-a-dia e gostaram bastante.

2008-10-29 21:01:50.653

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P26M77 Videoaula 2-Matemática.EM

Aprendendo Sempre: Junto com os Alunos

Os cadernos abordam problemas mais contextualizados e, por isso, os alunos estão encontrando dificuldades para resolvê-los. Quando surgem termos desconhecidos, busco o dicionário e coloco na lousa o significado das palavras. Isto tem facilitado o andamento das aulas e já virou rotina, inclusive para os alunos, trazerem dicionário nas aulas de Matemática.

2008-10-29 21:05:08.623

P26M78 Videoaula 2-Matemática.EM

Videoaula para os alunos

Gosto muito da sua idéia. Só acho que para os alunos haveria necessidade de uma linguagem menos técnica, inclusive servindo de introdução para cada tema a ser desenvolvido no bimestre.

2008-10-30 16:29:44.373

P26M79 Videoaula 2-Matemática.EM

Pesquisa Eleitoral: A Conclusão dos Meus Alunos

A conclusão dos meus alunos, após a análise das pesquisas eleitorais foi a seguinte: O tamanho da amostra não determina se ela é de boa ou de má qualidade. Mais importante do que o seu tamanho é a sua representatividade, ou seja, o seu grau de similaridade com a população em estudo. A margem de erro amostral existe em toda pesquisa porque não se está entrevistando todo o universo. Como se trabalha com amostras, existe um erro amostral conhecido e calculado. Esse erro é calculado em função do tamanho da amostra e dos resultados obtidos na pesquisa. Para um mesmo tamanho de amostra, quanto maior a homogeneidade da população pesquisada, menor será o erro amostral e vice-versa. Como a opinião pública é dinâmica e responde aos estímulos que recebe, é sujeita a influências variadas, não se pode considerar os resultados de uma pesquisa feita há uma semana da eleição como se fosse o prognóstico eleitoral. Fiquei muito feliz com estas conclusões e, acredito ter atingido o objetivo do tema.

2008-10-31 14:02:08.530

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P26M80 Videoaula 2-Matemática.EM

Posso Responder? Aprendizagem Significativa

Mediador, eu entendo que Aprendizagem Significativa é assumir que aprender possui um caráter dinâmico que exige ações de ensino direcionadas para que os alunos aprofundem e ampliem os significados elaborados mediante suas participações nas atividades de ensino e aprendizagem. Nessa concepção o ensino é um conjunto de atividades sistemáticas, cuidadosamente planejadas, em torno das quais conteúdos e forma articulam-se inevitavelmente e nas quais o professor e o aluno compartilham parcelas cada vez maiores de significados com relação aos conteúdos do currículo escolar, ou seja, o professor guia suas ações para que o aluno participe de tarefas e atividades que o façam se aproximar cada vez mais dos conteúdos que a escola tem para lhe ensinar. Uma aprendizagem significativa está relacionada à possibilidade dos alunos aprenderem por múltiplos caminhos e formas de inteligência, permitindo aos estudantes usar diversos meios e modos de expressão. Abraços, Prof.26.

2008-10-31 14:10:12.187

P26M81 Videoaula 2-Matemática.EM

Boa Sugestão Gostei muito da sua idéia e, provavelmente, farei o mesmo com os meus alunos.

2008-11-02 11:47:14.437

P26M82 Videoaula 2-Matemática.EM

Gostei da Estratégia

Prof.40, sua idéia é muito legal! Por isso estou gostando tanto deste Fórum. A troca de idéias e experiências tem sido muito interessante.

2008-11-04 13:57:57.857

P26M83 Videoaula 2-Matemática.EM

HagáQuê Prof.40, você conhece editor de história em quadrinhos muito interessante e que poderia acrescentar muito na dinâmica da aula. Seu download é gratuito e poderá ser encontrado no seguinte site: http://www.nied.unicamp.br/~hagaque/ Espero que goste da sugestão. Abraços, Prof.26

2008-11-04 14:07:27.747

P26M84 Videoaula 2-Matemática.EM

Integrando com Artes

Sugestão: Que tal pedirmos apoio para o professor de Artes? Ele é a pessoa mais indicada para nos auxiliar neste tipo de atividade.

2008-11-06 13:08:39.997

P26M85 Videoaula 2-Matemática.EM

As realidades são muito diferentes!

Prof.33, acho que você não deve se preocupar. Cada escola e cada aluno têm uma realidade! O importante é a valorização do conhecimento e a contextualização do tema e, realmente, este trabalho é muito demorado porém, o resultado é positivo. Abraços, Prof.26.

2008-11-06 17:13:28.233

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P26M86 Videoaula 2-Matemática.EM

Aprendendo Sempre

Não concordo! Assistindo a videoconferência de encerramento do Projeto de Apoio à Continuidade de Estudos, a Professora Guiomar Namo de Mello disse: "Aquele que tem a profissão de ensinar é quem mais tem que aprender". Vejo estas vídeoaulas como mais um material de apoio para a melhoria do meu trabalho.

2008-11-06 17:28:31.857

P26M87 Videoaula 2-Matemática.EM

Fórum disponível Pelo que pude observar o que está disponível são os temas que debatemos no primeiro fórum sem a possibilidade de postar novas mensagens. Para os colegas que não puderam participar é uma oportunidade para verificar o que discutimos anteriormente.

2008-11-07 20:22:38.140

P26M88 Videoaula 2-Matemática.EM

Reposta - Jogos Concordo com você! Um jogo que sempre que posso levo para a sala de aula é o Rummikub: além dos meus alunos gostarem muito desta atividade, aproveito para estimular o raciocínio deles.

2008-11-07 20:26:44.687

Fonte: Banco de Dados do curso A Rede Aprende com a Rede, edição 2008 – turma Matemática/Ensino Médio/Santo André.

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ANEXO K

Currículo do Estado de São Paulo / Matemática e suas tecnologias:

grade curricular para o ensino médio

1.ª série do Ensino Médio

Conteúdos Habilidades

1.º

bim

estr

e

Números Números e sequências ▪ Conjuntos numéricos ▪ Regularidades numéricas:

sequências ▪ Progressões aritméticas e

progressões geométricas

▪ Saber reconhecer padrões e regularidades em sequências numéricas ou de imagens, expressando-as matematicamente, quando possível

▪ Conhecer as características principais das progressões aritméticas – expressão do termo geral, soma dos n primeiros termos, entre outras –, sabendo aplicá-las em diferentes contextos

▪ Conhecer as características principais das progressões geométricas – expressão do termo geral, somas dos n primeiros termos, entre outras –, sabendo aplicá-las em diferentes contextos

▪ Compreender o significado da soma dos termos de uma PG infinita (razão de valor absoluto menor do que 1) e saber calcular tal soma em alguns contextos, físicos ou geométricos

2.º

bim

estr

e

Relações Funções ▪ Relação entre duas

grandezas ▪ Proporcionalidades: direta,

inversa, direta com o quadrado

▪ Função de 1.º grau ▪ Função de 2.º grau

▪ Saber reconhecer relações de proporcionalidade direta, inversa, direta com o quadrado, entre outras, representando-as por meio de funções

▪ Compreender a construção do gráfico de funções de 1.º grau, sabendo caracterizar o crescimento, o decrescimento e a taxa de variação

▪ Compreender a construção do gráfico de funções de 2.º grau como expressões de proporcionalidade entre uma grandeza e o quadrado de outra, sabendo caracterizar os intervalos de crescimento e decrescimento, os sinais da função e os valores extremos (pontos de máximo ou de mínimo)

▪ Saber utilizar em diferentes contextos as funções de 1.º e de 2.º graus, explorando especialmente problemas de máximos e mínimos

3.º

bim

estr

e

Relações Funções exponencial e logarítmica ▪ Crescimento exponencial ▪ Função exponencial:

equações e inequações ▪ Logaritmos: definição e

propriedades ▪ Função logarítmica:

equações e inequações

▪ Conhecer a função exponencial e suas propriedades relativas ao crescimento ou decrescimento

▪ Compreender o significado dos logaritmos como expoentes convenientes para a representação de números muito grandes ou muito pequenos, em diferentes contextos

▪ Conhecer as principais propriedades dos logaritmos, bem como a representação da função logarítmica, como inversa da função exponencial

▪ Saber resolver equações e inequações simples, usando propriedades de potências e logaritmos

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4.º

bim

estr

e

Geometria/Relações Geometria-Trigonometria ▪ Razões trigonométricas nos

triângulos retângulos ▪ Polígonos regulares:

inscrição, circunscrição e pavimentação de superfícies

▪ Resolução de triângulos não retângulos: Lei dos Senos e Lei dos Cossenos

▪ Saber usar de modo sistemático relações métricas fundamentais entre os elementos de triângulos retângulos, em diferentes contextos

▪ Conhecer algumas relações métricas fundamentais em triângulos não retângulos, especialmente a Lei dos Senos e a Lei dos Cossenos

▪ Saber construir polígonos regulares e reconhecer suas propriedades fundamentais

▪ Saber aplicar as propriedades dos polígonos regulares no problema da pavimentação de superfícies

▪ Saber inscrever e circunscrever polígonos regulares em circunferências dadas

2.ª série do Ensino Médio

Conteúdos Habilidades

1.º

bim

estr

e

Relações Trigonometria ▪ Fenômenos periódicos ▪ Funções trigonométricas ▪ Equações e inequações ▪ Adição de arcos

▪ Reconhecer a periodicidade presente em alguns fenômenos naturais, associando-a às funções trigonométricas básicas

▪ Conhecer as principais características das funções trigonométricas básicas (especialmente o seno, o cosseno e a tangente), sabendo construir seus gráficos e aplicá-las em diversos constextos

▪ Saber construir o gráfico de funções trigonométricas como f(x) = asen(bx) + c a partir do gráfico y = sen x, compreendendo o significado das transformações associadas aos coeficientes a, b e c

▪ Saber resolver equações e inequações trigonométricas simples, compreendendo o significado das soluções obtidas, em diferentes contextos

2.º

bim

estr

e

Números/Relações Matrizes, determinantes e sistemas lineares ▪ Matrizes: significado como

tabelas, características e operações

▪ A noção de determinante de uma matriz quadrada

▪ Resolução e discussão de sistemas lineares: escalonamento

▪ Compreender o significado das matrizes e das operações entre elas na representação de tabelas e de transformações geométricas no plano

▪ Saber expressar, por meio de matrizes, situações relativas a fenômenos físicos ou geométricos (imagens digitais, pixels etc.)

▪ Saber resolver e discutir sistemas de equações lineares pelo método de escalonamento de matrizes

▪ Reconhecer situações-problema que envolvam sistemas de equações lineares (até a 4.ª ordem), sabendo equacioná-los e resolvê-los

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3.º

bim

estr

e

Números Análise combinatória e probabilidade ▪ Princípios multiplicativo e

aditivo ▪ Probabilidade simples ▪ Arranjos, combinações e

permutações ▪ Probabilidades da reunião

e/ou da intersecção de eventos

▪ Probabilidade condicional ▪ Distribuição binomial de

probabilidades: o triângulo de Pascal e o binômio de Newton

▪ Conhecer a função exponencial e suas propriedades relativas ao crescimento ou decrescimento

▪ Compreender o significado dos logaritmos como expoentes convenientes para a representação de números muito grandes ou muito pequenos, em diferentes contextos

▪ Conhecer as principais propriedades dos logaritmos, bem como a representação da função logarítmica, como inversa da função exponencial

▪ Saber resolver equações e inequações simples, usando propriedades de potências e logaritmos

4.º

bim

estr

e

Geometria Geometria métrica espacial ▪ Elementos de geometria de

posição ▪ Poliedros, prismas e

pirâmides ▪ Cilindros, cones e esferas

▪ Compreender os fatos fundamentais relativos ao modo geométrico de organização do conhecimento (conceitos primitivos, definições, postulados e teoremas)

▪ Saber identificar propriedades características, calcular relações métricas fundamentais (comprimentos, áreas e volumes) de sólidos como o prisma e o cilindro, utilizando-as em diferentes contextos

▪ Saber identificar propriedades características, calcular relações métricas fundamentais (comprimentos, áreas e volumes) de sólidos como a pirâmide e o cone, utilizando-as em diferentes contextos

▪ Saber identificar propriedades características, calcular relações métricas fundamentais (comprimentos, áreas e volumes) da esfera e de suas partes, utilizando-as em diferentes contextos

▪ Compreender as propriedades da esfera e de suas partes, relacionando-as com os significados dos fusos, das latitudes e das longitudes terrestres

3.ª série do Ensino Médio

Conteúdos Habilidades

1.º

bim

estr

e

Geometria/Relações Geometria analítica ▪ Pontos: distância, ponto

médio e alinhamento de três pontos

▪ Reta: equação e estudo dos coeficientes; problemas lineares

▪ Ponto e reta: distância ▪ Circunferência: equação ▪ Reta e circunferência:

posições relativas ▪ Cônicas: noções, equações,

aplicações

▪ Saber usar de modo sistemático sistemas de coordenadas cartesianas para representar pontos, figuras, relações, equações

▪ Saber reconhecer a equação da reta, o significado de seus coeficientes, as condições que garantem o paralelismo e a perpendicularidade entre retas

▪ Compreender a representação de regiões do plan por meio de inequações lineares

▪ Saber resolver problemas práticos associados a equações e inequações lineares

▪ Saber identificar as equações da circunferência e das cônicas na forma reduzida e conhecer as propriedades características das cônicas

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2.º

bim

estr

e

Números Equações algébricas e números complexos ▪ Equações polinomiais ▪ Números complexos:

operações e representação geométrica

▪ Teorema sobre as raízes de uma equação polinomial

▪ Relações de Girard

▪ Compreender a história das equações, com o deslocamento das atenções das fórmulas para as análises qualitativas

▪ Conhecer as relações entre os coeficientes e as raízes de uma equação algébrica

▪ Saber reduzir a ordem de uma equação a partir do conhecimento de uma raiz

▪ Saber expressar o significado dos números complexos por meio do plano de Argand-Gauss

▪ Compreender o significado geométrico das operações com números complexos, associando-as a transformações no plano

3.º

bim

estr

e

Relações Estudo das funções ▪ Qualidades das funções ▪ Gráficos: funções

trigonométricas, exponencial, logarítmica e polinomiais

▪ Gráficos: análise de sinal, crescimento e taxa de variação

▪ Composição: translações e reflexões

▪ Inversão

▪ Saber usar de modo sistemático as funções para caracterizar relações de interdependência, reconhecendo as funções de 1.º e de 2.º graus, seno, cosseno, tangente, exponencial e logarítmica, com suas propriedades características

▪ Saber construir gráficos de funções por meio de transformações em funções mais simples (translações horizontais, verticais, simetrias, inversões)

▪ Compreender o significado da taxa de variação unitária (variação de f(x) por unidade a mais de x), utilizando-a para caracterizar o crescimento, o decrescimento e a concavidade de gráficos

▪ Conhecer o significado, em diferentes contextos, do crescimento e do decrescimento exponencial, incluindo-

se os que se expressam por meio de funções de base е

4.º

bim

estr

e

Números/Relações Estatística ▪ Gráficos estatísticos: cálculo

e interpretação de índices estatísticos

▪ Medidas e tendência central: média, mediana e moda

▪ Medidas de dispersão: desvio médio e desvio padrão

▪ Elementos de amostragem

▪ Saber construir e interpretar tabelas e gráficos de frequências a partir de dados obtidos em pesquisas por amostras estatísticas

▪ Saber calcular e interpretar medidas de tendência central de uma distribuição de dados: média, mediana e moda

▪ Saber calcular e interpretar medidas de dispersão de uma distribuição de dados: desvio padrão

▪ Saber analisar e interpretar índices estatísticos de diferentes tipos

▪ Reconhecer as características de conjuntos de dados distribuídos normalmente; utilizar a curva normal em estimativas pontuais e intervalares