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Versão On-line ISBN 978-85-8015-076-6 Cadernos PDE OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE NA PERSPECTIVA DO PROFESSOR PDE Artigos

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Versão On-line ISBN 978-85-8015-076-6Cadernos PDE

OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSENA PERSPECTIVA DO PROFESSOR PDE

Artigos

Estratégias de Leitura em Língua Inglesa com 9º ano do Ensino

Fundamental - uma proposta interdisciplinar com diferentes

gêneros discursivos

Mirian Aparecida de Oliveira – professora PDE

Resumo: Este artigo tem como objetivo apresentar em linhas gerais uma proposta de trabalho

com a leitura em língua inglesa facilitada pelo uso de estratégias de leitura (NUTTALL, 1996).

Entende-se que o trabalho com leitura em língua inglesa pode e deve ser iniciado no ensino

fundamental, uma vez que a leitura é entendida como processo discursivo nas aulas de Língua

Estrangeira Moderna (DCEs, 2008) e pode capacitar o aluno a ser agente em um mundo

globalizado. A proposta foi implementada em uma turma de 9º ano, no Colégio Estadual

Juventude de Santo Antonio, e fez uso de gêneros textuais variados. Para a realização do

trabalho foi elaborado um Caderno Pedagógico de acordo com as Diretrizes Curriculares da

Educação Básica, que contempla a perspectiva de leitura. Durante a implementação do projeto,

foram desenvolvidas atividades, de modo que houvesse envolvimento e participação dos

alunos, e de forma que estas contribuíssem para a melhoria na qualidade do ensino e da

aprendizagem e proporcionassem aos alunos momentos de reflexão sobre a língua na prática

social.

Palavras-chave: Leitura. Estratégias. Língua Inglesa. Gêneros textuais.

1. Introdução

Saber ler e escrever em uma segunda língua está se tornando cada vez mais

importante, devido à necessidade de comunicação mundial. O idioma que assumiu

este papel, como língua internacional1, foi o inglês, pois este é usado nas diversas

áreas de conhecimento, para divulgação de informações científicas ou relacionadas à

tecnologia, a negócios, ou mesmo para interação entre os indivíduos. Segundo Farzad

Sharifian,

[p]ara o bem ou para o mal, por escolha ou forçado, o inglês tem “viajado” para muitas partes do mundo e tem sido usado para vários propósitos. Este fenômeno tem criado interações positivas tanto quanto tensões entre forças global e local e tem tido sérias implicações linguística, ideológica, sociocultural,

politica e pedagógica. (2009, p.1, minha tradução).2

1 The growing number of people in the world who have same familiarity with English allows

English to act as language of wider communication for great variety of purposes, contributing to its status as a global lingua franca. (MCKAY, 2003, p.2) 2 No original: “For better or worse, for choice or force, English has ‘traveled’ to many parts of the

world and has been used to serve various purposes. This phenomenon has created positive

Segundo a pesquisadora Susan Holden, (2009) “o inglês tem se tornado

cada vez mais importante como meio de comunicação” tanto dentro quanto fora

da sala de aula. Segundo Holden (2009 p.17), os alunos estão muito mais

conscientes da importância de aprender inglês; eles sabem que este idioma

coexiste com o português em muitos aspectos da vida cotidiana deles, devido

também à globalização. Além disso, os alunos sabem que precisarão usá-lo no

futuro em diversas áreas de conhecimento e para diversos tipos de interação.

Outro aspecto que anima os alunos a aprenderem o idioma é a

facilidade de poderem viajar para países de língua inglesa, para intercâmbios,

por exemplo, algo que no passado era muito difícil. Essa descoberta de que a

língua é dinâmica e proporciona dinamismo, e que está em evolução constante

traz novas expectativas aos alunos com relação ao aprendizado. Por isso é

necessário criar um ambiente favorável ao aprendizado da língua inglesa,

utilizando materiais que possam motivar os alunos e instigar seu interesse, pois

aprender outro idioma não é tarefa fácil e requer muito trabalho.

Este artigo se propõe a descrever um projeto de implementação que

enfoca a habilidade da leitura, que merece ser ensinada como uma habilidade

fundamental na aprendizagem da língua inglesa. A proposta contou com o

planejamento de atividades dinâmicas e contextualizadas, para torná-las mais

significativas, como fonte de conhecimento, sempre tendo em mente que o

conhecimento é adquirido através da leitura aliada às outras habilidades

exercitadas em sala de aula. Neste contexto, foram apresentadas estratégias e

procedimentos com vistas a trabalhar com a habilidade da leitura em aulas de

nono ano do Ensino Fundamental. Este trabalho considerou que as Diretrizes

Curriculares Estaduais (2008) apontam o discurso como prática social como

conteúdo estruturante para o Ensino de Língua Estrangeira Moderna (LEM).

Portanto, na tentativa de buscar abordagens viáveis e significativas que

facilitassem o aprendizado de língua inglesa, foram desenvolvidas atividades

de leitura com foco em diferentes estratégias que pudessem suprir a falta de

conhecimento linguístico específico, quando necessário, e facilitar a

compreensão textual. Tal proposta visava capacitar os alunos a desenvolverem

interactions as well as tensions between global and local forces and has had serious linguistics, ideological, sociocultural, political and pedagogical implications.” (SHARIFIAN, 2009, p.1)

a habilidade da leitura, através de textos interessantes e de gêneros diferentes,

com o apoio de atividades diversificadas nas aulas de língua estrangeira de

acordo com a realidade deles e em favor da construção do conhecimento.

A leitura é uma prática indispensável, complexa e que ainda gera

resistência por parte dos alunos, mas é através dela que eles podem ampliar

seus conhecimentos de mundo ao interagir com outros indivíduos e superar

suas dificuldades linguísticas.

Diante do exposto, o objetivo foi capacitar os alunos com estratégias de

leitura que pudessem proporcionar-lhes o entendimento de que a leitura é uma

habilidade de construção de conhecimento e ferramenta de prática social. De

acordo com as Diretrizes Curriculares Estaduais (2008), o texto, seja ele verbal

ou não verbal, deve ser ponto de partida para a aula de Língua Estrangeira

Moderna, e a língua deve ser tratada de forma dinâmica por meio de leitura, de

oralidade e de escrita que são práticas que efetivam o discurso.

Assim, propõe-se a abordagem de vários gêneros textuais e atividades

diversificadas nas aulas de língua estrangeira para oportunizar aos alunos a

possibilidade de usar diferentes estratégias de leitura, que irão ajudá-los a dar

sentido ao que leem. Desta forma, o aluno deve agregar seu conhecimento de

mundo ao seu conhecimento linguístico, na busca da compreensão do texto e

na construção do conhecimento, e não apenas uma atividade escolar

fragmentada ou de mera decodificação de palavras.

Além do uso de estratégias de leitura com os alunos, através de um

material elaborado especificamente para as aulas de língua inglesa, com textos

de gêneros variados e atividades diversificadas, foi também realizado um grupo

de trabalho em rede (GTR), parte obrigatória do Programa de Desenvolvimento

Educacional (PDE), do governo do estado do Paraná, que contou com a

participação de 17 professores de língua inglesa da rede estadual de ensino

que puderam dar suas contribuições, compartilhar suas angústias e desafios e

trocar informações com relação ao sucesso e às dificuldades de ensinar leitura,

em língua inglesa, em sala de aula, no ensino fundamental.

Como campo de pesquisa e intervenção pedagógica, este projeto foi

implementado no Colégio Estadual Juventude de Santo Antonio – Ensino

Fundamental e Médio, localizado no município de Balsa Nova, região urbana.

Ele funciona nos períodos da manhã, tarde e noite e conta com

aproximadamente 400 alunos matriculados. A escola é frequentada por alunos

de classe média e uma boa parcela é de origem humilde – cuja única

oportunidade social na vida, muitas vezes, é o acesso à escola.

A professora identificou que havia a necessidade de trabalhar com a

leitura em língua inglesa de forma contextualizada e significativa já no ensino

fundamental na referida escola de forma que os alunos tivessem a

possibilidade de construir reflexões e ampliar seu conhecimento de mundo.

Neste trabalho, a primeira sessão será dedicada a fazer um breve relato

do GTR. Em seguida, haverá a apresentação da fundamentação teórica que

embasou a proposta. Além disso, após a apresentação das atividades que

foram pensadas para a turma de nono ano, haverá uma avaliação por parte da

professora proponente e dos alunos sobre o que foi feito.

2. GTR – Questionamentos e contribuições – o espaço do GTR

Os Grupos de Trabalho em Rede – GTR se constituem em uma

atividade do Programa de Desenvolvimento Educacional – PDE caracterizada

pela interação virtual entre os Professores PDE e os demais professores da

Rede Pública Estadual, com o objetivo de possibilitar novas alternativas de

formação continuada para os professores da Rede Pública Estadual, viabilizar

mais um espaço de estudo e discussão sobre as especificidades da realidade

escolar; incentivar o aprofundamento teórico-metodológico nas áreas de

conhecimento, através da troca de ideias e experiências sobre as áreas

curriculares; socializar o Projeto de Intervenção Pedagógica na Escola

elaborado pelo Professor PDE com os demais professores da Rede.

O GTR foi divido em três temáticas e foi coordenado pela autora deste

artigo e contou com a participação de 17 professores inscritos de várias partes

do estado, que interagiram e socializaram nos Fóruns e Diários, com reflexões

a respeito das produções de forma condizente ao material disponibilizado nas

Temáticas 1, 2 e 3.

Um dos tópicos da temática 1 referia-se às queixas dos professores de

que os alunos da escola pública não sabem ler em inglês. Além disso, a

temática procurava refletir sobre a contribuição do Projeto de Intervenção

Pedagógica para a Escola. Percebeu-se que as queixas apresentadas pelos

professores costumam ser muito parecidas. Alguns destes depoimentos são

apresentados na sequência:

Acredito que o Ensino de uma língua estrangeira, mais especificamente falando, o Inglês, venha sofrendo um certo tipo de descrédito ao longo dos anos. Vários fatores poderiam justificar esta posição, podendo nós elencá-los: O número de alunos em sala de aula, materiais didáticos apropriados e satisfatórios para que possamos realizar esta tarefa, ferramentas tecnológicas eficazes para que pudéssemos explorar por completo o universo do cotidiano escolar. Porém, apesar de tantas realidades diferentes, uns com diversificados tipos de material a serem descobertos, e outros com nem tanto, posso observar colegas com sonhos e muitos, de transformar e fazer realmente acontecer, o aprendizado desta língua única e universal (...) (Participante A, 2014).

Nós professores de Língua Inglesa encontramos dificuldades no nosso dia a dia na comunidade escolar. Seja pelo número excessivo de alunos em sala, o que acaba dificultando um apoio do professor mais frequente. Também a falta de material, para que os educadores possam possibilitar aos seus alunos um "leque" de opções no intuito de aprender, compreender e executar de maneira coerente e atraente o Inglês. Mas na minha escola percebo que há muitos alunos interessados em aprender cada vez mais e assim acabo buscando subsídios para que as aulas se tornem meios de aprendizagem dinâmicos e eficientes. (Participante B, 2014).

O objetivo da temática 2 era que os professores socializassem no Fórum de

Discussão observações referentes à Produção Didático-pedagógica sugerida. Eles

foram questionados também sobre a possibilidade de usarem esta produção em suas

aulas, além de serem questionados se o público a que se destinava teria facilidade

de compreensão e aprendizagem com tal produção; e por fim, se na percepção

deles, alguma proposta de atividade se destacaria entre as outras e por quê.

A temática 3 sugeria que os professores escolhessem uma das atividades de

leitura disponibilizadas no caderno pedagógico, ou relatassem uma de suas

experiências com leitura, em língua inglesa, em sala de aula.

Em linhas gerais houve pouco de tempo para amadurecer muitas das ideias

trocadas entre os participantes, gerando superficialidade em alguns dos comentários

feitos. Houve ainda pouco envolvimento por parte dos integrantes, no sentido de

tentar aplicar alguma das atividades da proposta que lhes foi apresentada. Mesmo

assim, avalia-se o trabalho feito no GTR como bastante positivo.

3. Aplicação da Proposta

3.1 Fundamentação Teórica

Muitos autores têm enfatizado que as pessoas leem por diferentes razões, seja

em busca de informações ou apenas por prazer (LEFFA, 1999 e KLEIMAN, 1999). E,

se pensarmos no que precisamos ler todos os dias, descobriremos que temos uma

variedade de razões para ler, e que cada uma dessas leituras tem formas e motivos

diferentes. Segundo Christine Nuttall (1996, p.3) nós não lemos um poema da mesma

forma que lemos um mapa. Ainda sobre o mesmo tema, Vilson Leffa reafirma que há

diferentes tipos de leitura.

Há a leitura rápida de um jornal diário ou da revista semanal, apenas para se ter uma ideia geral do que está acontecendo. Há a leitura lenta e penosa do texto de um autor famoso que precisa ser conhecido. Há a leitura atenta e cautelosa do manual de uma máquina sofisticada que precisa se montada corretamente. Cada um desses tipos de leitura exige uma estratégia diferente. (LEFFA, 1999, p. 25)

Mas quanto do que lemos está em inglês? E por que ler em inglês?

As aulas de leitura em inglês geralmente são dadas para consolidar a

gramática ou o vocabulário, pois a maioria dos livros didáticos é escrita para esse fim,

o que significa que este tipo de leitura fragmentada não permite ao aluno usar seus

conhecimentos anteriores e construir relações significativas com o texto.

Diante disso, a pesquisadora Ângela Kleiman diz que,

[o] desenvolvimento de leitores não se dá espontaneamente. É preciso instrumentar o estudante para que aprenda a ler, processo que vai muito além da decifração de palavras e frases, comum na sala de aula: em vez de ler o texto a aluno fragmenta em partes, construindo um sentido para cada uma das palavras e frases. Essa leitura fragmentada não permite muitas vezes chegar a entender o

significado desse objeto cultural, o texto. (1999, p.121)

No caso das aulas de leitura, usar textos que expressem significado, isto é,

que tenham um uso real e que despertem o interesse dos alunos, já é o primeiro passo

para ajudá-los a gostar de ler, e assim aumentar a autoconfiança e a motivação para a

leitura de textos em inglês, atitudes que podem influenciar o sucesso na aprendizagem

desta como segunda língua. Há razões claras sobre a importância de aprender inglês,

idioma que está sendo amplamente usado e disponibilizado na Internet, para todo tipo

de consulta e interesse, o que faz com que haja uma conexão entre o que é realizado

em sala de aula e o uso do idioma fora dela.

3.1.1 Estratégias de Leitura

Para muitos professores, ler em inglês, é apenas uma forma de consolidar a

gramática, pois muitos dos livros didáticos, uma vez que geralmente estes são as

ferramentas centrais de ensino e aprendizagem de língua inglesa, são escritos

especificamente com esse propósito.

Para entender um pouco mais como funciona o processo de leitura, temos que

estabelecer a distinção entre os processos chamados de “bottom-up” e “top-down”.

Segundo Christine Nuttall (1999, p.16) esses dois processos complementam um ao

outro, isto é, os dois são usados sempre que lemos, às vezes um predomina mais do

que o outro, mas ambos são necessários.

No processo “top-down” os alunos ativam seus conhecimentos e experiências

adquiridos ao longo da vida, isto é, seu conhecimento de mundo para entender o texto

de uma forma global. Este processo ajuda os alunos a fazer suposições acerca do

assunto que será lido, o que facilita a compreensão mais detalhada do texto mais

tarde. Segundo Nuttall, “nós podemos comparar este processo com a visão que uma

águia tem da paisagem. De uma grande altura ela pode ver uma grande área abaixo:

ela entende a natureza de todo o terreno, seus aspectos gerais e as relações entre as

partes, muito melhor do que um observador no solo.” (1999, p.16, minha tradução). 3

Já no processo “bottom-up” os alunos estabelecem uma leitura linear do texto,

iniciando com o reconhecendo das letras, palavras e sentenças. Neste processo os

alunos interpretam a unidade linguística para poder atribuir significado ao texto. Este

processo vai do específico para o geral. De acordo com Nuttall (1999), neste processo

a imagem deve ser a de um cientista com uma lupa analisando apenas uma pequena

parte da paisagem (que pode ser uma palavra ou uma sentença no texto), a qual a

águia não consegue ver do alto.

Com o objetivo de facilitar a compreensão do que foi feito, faremos a

apresentação sucinta de estratégias de leitura que podem ser exploradas tanto antes,

quanto durante e depois de feita a leitura de um texto. Elas estão apresentadas, de

forma resumida, no quadro a seguir:

3 No original: “We might compare this approach to an eagle’s eye view of the landscape. From a

great height, the eagle can see a wide area spread out below; it understands the nature of the whole terrain, its general pattern and the relationships between various parts of it, far better than an observer on the ground.” (NUTTALL,1999, p.16)

Skimming Passar os olhos rapidamente para identificar as ideias principais ou o sentido geral do texto.

Scanning Ler em busca de detalhes, para obter informações específicas. Prediction Antecipar ou prever o conteúdo de um texto; isto pode ser feito através da

observação do título ou subtítulo, por exemplo. Identifying key words Identificar palavras que sinalizam ideias ou elementos que ajudam a

encontrar informações específicas ou entender o sentido geral do texto.

Segundo Holden (2009), as atividades que podem ser feitas antes, durante e

depois da leitura de um texto, devem oferecer uma estrutura útil e efetiva com o

objetivo de fazer com que os alunos leiam e entendam o texto. As atividades antes

da leitura devem ser curtas e objetivas.

3.2. As atividades – personalizando o ensino

O objetivo das atividades propostas e desenvolvidas, em sala de aula, foi de

trabalhar a compreensão dos alunos, utilizando as estratégias de leitura em língua

Inglesa tais como: predição, scanning e skimming. Foram utilizados textos impressos,

a Internet, e o quadro para o desenvolvimento destas atividades. Os textos usados

eram de diferentes gêneros discursivos.

a. Climate and geography of the United Kingdom

O primeiro tema trabalhado, sobre o clima e a geografia do Reino Unido, foi

preparado com o objetivo de situar os alunos sobre os países que iriam estudar, e

possibilitar o contato direto dos alunos com textos reais.

b. Language of the United Kingdom

O segundo tema, sobre a língua falada no Reino Unido, teve o objetivo de verificar o

conhecimento dos alunos sobre qual língua predomina no Reino Unido e ler o texto

para localizar informações específicas (scanning).

c. Food

O terceiro tema buscou instigar o interesse dos alunos em ler textos em inglês e

também relacionar o texto com a experiência real dos alunos.

d. Transportation

O quarto tema teve como objetivo relacionar os textos e as atividades com a

experiência real dos alunos, comparando os tipos de transporte público no Reino

Unido com o do seu próprio país e cidade.

e. Famous people

O quinto tema teve como objetivo informar sobre escritores mundialmente famosos do

Brasil e do Reino Unido, dentre eles Paulo Coelho e J. K. Rowlin. Buscava-se refletir

sobre diferentes culturas e ampliar o vocabulário em língua inglesa, através de estratégias

de leitura, tais como localizar informações específicas no texto.

f. Valentine’s day

O sexto e último tema trabalhado, teve como objetivo desenvolver estratégias de

leitura de textos informativos sobre “The History of St Valentine’s” e “Valentine’s Day

Traditions”, além de instruções sobre um concurso de “Valentine’s card”.

3.3. A aplicação – teoria e prática

A motivação no processo de ensino de língua inglesa exerce papel inegável, e

os professores sabem que se os alunos forem motivados podem aprender melhor.

Por isso, um dos desafios do professor é manter e estimular o entusiasmo e a

criatividade dos alunos nas aulas. Nesse sentido, há que se ressaltar a importância

da motivação por parte de alunos e professores envolvidos, que segundo H. Douglas

Brown (2007 p.84) “é um dos problemas mais complicados para se por em prática”.

Para isso, trataremos de esclarecer o que vem a ser motivação intrínseca e

extrínseca para a aprendizagem.

A motivação intrínseca é a motivação pessoal, que parte da vontade ou

interesse que o aluno tem em realizar ou participar de uma tarefa. Esta motivação

depende unicamente do aluno e não de fatores externos. Já a motivação extrínseca

depende de fatores externos para que seja estimulada, pois neste caso, a tarefa será

desenvolvida de acordo com a recompensa ou castigo que esta possa trazer, e é o

que vai mobilizar o aluno.

Segundo Zoltán Dörnyei (2001, p.31) há três condições motivacionais em

particular que são indispensáveis no processo de ensino/aprendizagem e que estão

inter-relacionadas: (1) comportamento adequado do professor: é uma das condições

para ter um clima favorável de aprendizagem em sala de aula e também uma

ferramenta motivacional importante, pois quase tudo que o professor faz em sala de

aula, tem influência nos alunos; (2) criar um ambiente, isto é, uma sala de aula

agradável e com suporte pedagógico apropriado, para que o aluno se sinta confiante

para realizar suas tarefas; (3) ter um grupo de alunos coeso e com normas

apropriadas, isto é, onde alunos e professores estabeleçam normas básicas

necessárias em sala de aula que possam promover a aprendizagem e onde possam

se sentir felizes de pertencer.

Neste sentido, as autoras Patsy Lightbown & Nina Spada (2000) propõe

práticas pedagógicas que auxiliam no aumento dos níveis de motivação por parte

dos alunos. Essas práticas não são apontamentos definitivos, porque poucas têm

sido as investigações sobre como a pedagogia interage com a motivação. Estas

práticas, porém, têm relação direta com a psicologia educacional. São elas:

a. Motivar o aluno para a lição;

b. Variar as atividades, tarefas e materiais usados;

c. Usar objetivos cooperativos em vez de competitivos. (Lightbown &

Spada, 2000, p. 57-58).

Não há dúvidas de que os alunos devem ser motivados para a leitura, e que

os professores são responsáveis pelo aprendizado destes alunos, e que há muito

que se fazer para torná-los leitores competentes em língua estrangeira. Diante dessa

realidade, o mais importante é que professores e alunos entendam o processo de

leitura, que cada um tem seu papel nesse processo, isto é, que haja uma troca entre

professor/aluno.

Segundo a autora Ângela Kleiman (1999) “não faz sentido atribuir a

responsabilidade pelo ensino da leitura ao professor de apenas uma matéria”.

Ensinar uma língua estrangeira, neste caso o inglês, é ainda mais desafiador por não

ser esta a língua materna de nossos alunos aqui no Brasil. Sua importância, porém, é

inegável, pois, segundo a pesquisadora Susan Holden (2009) “o inglês tem se

tornado cada vez mais importante como meio de comunicação” tanto dentro quanto

fora da sala de aula.

Pensando nesta perspectiva, este trabalho também propôs a vivência da

interdisciplinaridade, abordando temas e fazendo uso de textos que pudessem ser

entendidos com o uso da língua inglesa, mas que tratavam de temas da geografia e

da história, por exemplo. Essa proposta mantém de forma bem clara que a

aprendizagem não se dá por fragmentos, mas pela conexão entre saberes.

3.4. Avaliação da proposta

Por parte da docente:

O ensino da leitura em língua inglesa no ensino fundamental na escola

pública é relevante, pois essa habilidade possibilita o aumento de

conhecimentos culturais, a aquisição de conhecimentos gerais e também é

ponto de partida para desenvolver as outras habilidades da língua inglesa.

Percebeu-se com esta aplicação que existe, por parte do aluno,

consciência da importância da leitura em língua inglesa e de seus benefícios,

embora os alunos ainda criem bloqueios em relação ao trabalho com essa

habilidade, e apontem problemas em relação a ela, conforme dados que serão

apresentados logo em seguida, extraídos de um questionário avaliativo

aplicado aos alunos. Os resultados apontam que houve uma aprendizagem

positiva e significativa por parte dos alunos. A proposta interdisciplinar com foco

no trabalho com as estratégias de leitura contribuíram para tornar as aulas de

língua inglesa mais atrativas e acessíveis para os alunos.

Além do questionário aplicado aos alunos, também houve avaliações

formais sobre os temas trabalhados, de acordo com o calendário de provas da

escola onde a proposta foi aplicada.

Por parte dos discentes:

Foi aplicado um questionário aos alunos (ver apêndice I) das séries 9º A

e B com o objetivo de se obter um panorama de como foi o trabalho com a

habilidade de íngua inglesa no ensino fundamental.

As perguntas foram elaboradas com o intuito de verificar as dificuldades

encontradas pelos alunos nas aulas de leitura em língua Inglesa, com relação

ao vocabulário, temas escolhidos e tipo de atividades propostas de pré-leitura,

leitura e pós-leitura para compreensão dos textos.

Dentre as respostas apresentadas pelos alunos, a falta de vocabulário é

o que mais dificulta a compreensão dos textos. Já o modo como a professora

introduziu os textos e distribuiu as atividades propostas facilitaram a leitura, de

acordo com a maioria deles. Ou seja, a dificuldade pontual foi sanada com um

trabalho mais cuidadoso na questão metodológica.

Em relação à pergunta que procurou saber se as atividades solicitando

informações específicas dos textos permitiram ao aluno compreender os

mesmos, sem depender o tempo todo da ajuda da professora, as respostas

foram positivas, pois justificaram que as atividades foram bem explicadas.

Com a aplicação do questionário, observou-se, no entanto, que boa

parte dos alunos demonstra interesse pela leitura em língua inglesa se as

atividades que acompanham os textos lhes proporcionem conhecimentos

variados, como a ampliação de vocabulário, informações culturais e obtenção

de conhecimentos sobre o mundo. Ou seja, os alunos estão conscientes do

papel que a língua inglesa exerce como meio de comunicação internacional.

4. Considerações finais

Saber ler em língua inglesa tem sido considerado uma ferramenta

indispensável para aqueles que procuram ampliar sua visão de mundo e seus

conhecimentos. Acontece que quanto mais cedo um indivíduo for estimulado a

ler em língua inglesa, idioma considerado língua internacional, mais chances

há deste indivíduo poder fazer leituras mais extensas e críticas do que chega a

suas mãos. Neste sentido, o trabalho realizado pelo professor na escola pode

ter as estratégias de leitura como elementos facilitadores.

Percebeu-se que a proposta que foi aqui apresentada obteve avaliação

positiva tanto por parte da professora aplicadora quanto por parte dos alunos,

uma vez que a aprendizagem do idioma em questão se deu de forma

significativa e interdisciplinar, mostrando que o conhecimento não é

fragmentado, mas interligado. Nesse contexto, a língua estrangeira funciona

como ferramenta de acesso ao conhecimento.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

DOFF, Adrian. Teaching English: Trainer’s handbook. Cambridge:

Cambridge University Press, 1989.

DÖRNYEI, Zoltán Dörnyei. Motivational Strategies in the Language

Classroom. Cambridge: Cambridge University Press, 2001.

DOUGLAS, H. Douglas. Teaching by Principles: An Interactive Approach to

Language Pedagogy. 3rd edition. New York: Longman, 2007.

HOLDEN, Susan. O Ensino da Língua Inglesa nos Dias Atuais. 1ª edição

São Paulo: Special Books Services, 2009.

KLEIMAN, Ângela. Leitura e Interdisciplinaridade: Tecendo Redes nos

Projetos da Escola. Campinas: Mercado das Letras, 1999.

LEFFA, Vilson. O Ensino da leitura e produção textual. Pelotas: Educat,

1999.

LIGHTBOWN, Patsy & SPADA, Nina. How languages are learned. Revised

edition. Oxford: Oxford University Press, 2000.

MCKAY,Susan Lee. International journal of applied linguistics. Vol.13, No.1,

2003.

NUTTALL, Christine. Teaching reading skills in a foreign language. New

edition. Oxford: Heinemann, 1999.

PARANÁ, SEED. Diretrizes Curriculares da Rede de Educação Básica do

estado do Paraná (DCE). Língua Estrangeira Moderna. Curitiba: Secretaria de

Estado da Educação, Superintendência da Educação, 2008.

SHARIFIAN, Farzad. English as an International Language: Perspectives

and Pedagogical Issues. Bristol: MPG Books Ltd., 2009.

Questionário - Implementação do Caderno Pedagógico

1 - Você encontrou dificuldades na leitura dos textos?

( ) Sim ( ) Não

2 - Se encontrou, enumere os pontos abaixo de acordo com o grau de dificuldade,

sendo 1 para o maior e 6 para o que menos afeta sua compreensão.

( ) falta de vocabulário ( ) dificuldades de compreensão gramatical

( ) texto muito longo ( ) conteúdos distantes do seu cotidiano

3 – O vocabulário apresentado nas atividades de pré-leitura facilitou sua compreensão?

( ) Sim ( ) Não

4 – O modo como foi feita a introdução antes do início dos textos facilitou a

compreensão do mesmo?

( ) Sim ( ) Não

5 – O modo como o professor distribuiu as perguntas dos exercícios facilitou a sua

compreensão?

( ) Sim ( ) Não

Por quê? ______________________________________________________________

6 – Os exercícios solicitando informações específicas dos textos permitiram a você

compreender o texto, sem que você dependesse todo o tempo da ajuda do professor?

( ) Sim ( ) Não

7 – Você acha que faltou revisar mais algum vocabulário para que você pudesse

produzir o trabalho de escrita que foi solicitado?

( ) Sim ( ) Não

Qual?_________________________________________________________________

______________________________________________________________________