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Versão On-line ISBN 978-85-8015-076-6 Cadernos PDE OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE NA PERSPECTIVA DO PROFESSOR PDE Artigos

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Versão On-line ISBN 978-85-8015-076-6Cadernos PDE

OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSENA PERSPECTIVA DO PROFESSOR PDE

Artigos

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SECRETARIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃO- SEED SUPERINTENDENCIA DA EDUCAÇÃO – SUED

DIRETORIA DE POLITICAS E PROGRAMAS EDUCACIONAIS - DPPE

PROGRAMA DE DESENVOLVIMENTO EDUCACIONAL- PDE

Reflexões sobre o papel do ensino de Geografia no século XXI: o caso do 9º ano A do Colégio Estadual Eleodoro Ébano

Pereira / Cascavel - PR

Raquel dos Santos da Cunha.1 Najla Mehanna Mormul.2

Resumo: Muitas interrogações têm circulado nas discussões e práticas escolares sobre o papel do

ensino de Geografia na Educação Básica no século XXI. Nossas experiências em sala de aula evidenciam tais inquietações e deixaram explícita a necessidade de buscar ações que possam concretizar e/ou efetivar o papel do ensino de Geografia no momento histórico atual. Nesse sentido indagamos: qual é o papel do ensino de Geografia na Educação Básica do século XXI, especialmente nas séries finais do Ensino Fundamental (9º ano A), do Colégio Estadual Eleodoro Ébano Pereira de Cascavel - Paraná? Entender o papel do conteúdo no ensino de Geografia na dinâmica das aulas e tornar mais próxima e mais concreta a relação espaço / tempo foi a base do trabalho. Para isso foram realizados questionamentos orais e escritos com os alunos em sala de aula (pesquisa da posição imediata dos alunos em relação ao tema, através de uma ficha de questionamentos); posteriormente organizamos atividades práticas diferenciadas como: trabalhos em grupos, produção de textos, análise de imagens, músicas, poesias, vídeos, mapas, entre outras, todas essas atividades deram maior dinamismo ao ensino de Geografia em sala de aula. Com essa experiência vivenciamos muitos desafios que motivaram a seguir em frente, com isso obtivemos importantes resultados que comprovaram a necessidade do uso de tecnologias e de maior participação do educando no processo formativo. A relação professor/aluno ficou mais próxima e melhor, os conteúdos foram trabalhados de forma relevante. A discussão com os colegas e professores no curso a distância (GTR)

3, a troca de

experiências, contribuiu também na busca de novas formas de trabalho da Geografia em sala de aula no século XXI.

Palavras–chave: Geografia. Educação Escolar. Ensino de Geografia. Alunos.

1 Professora PDE formada em Geografia, com especialização em Educação Ambiental, em Educação

Especial e em Geografia e História. 2 Professora Doutora do Curso de Geografia da Universidade Estadual do Oeste do Paraná –

Campus de Francisco Beltrão. 3 Grupo de Trabalho em Rede, Curso on-line onde o professor PDE apresenta seu projeto, material

didático e implementação na escola, aos professores da rede pública estadual. Sendo o canal de discussão do projeto e de troca de experiências

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1.Introdução

Este trabalho busca analisar o papel do ensino de Geografia na educação

básica do século XXI, e seus desdobramentos nas aulas das séries finais do Ensino

Fundamental (9º ano A), do Colégio Estadual Eleodoro Ébano Pereira / Cascavel –

PR.

Segundo a DCE (Diretrizes Curriculares de Educação Básica de Geografia do

Estado do Paraná) (PARANÁ, 2008), problematizar a abrangência dos conteúdos do

campo do conhecimento, bem como reconhecer os impasses e contradições

existentes são procedimentos fundamentais para compreender e ensinar o espaço

geográfico no atual período histórico.

A definição do papel do ensino de Geografia no século XXI, neste caso, nas

aulas do 9º ano A do Colégio Estadual Eleodoro Ébano Pereira teve o intuito de

estimular os alunos a perceber a Geografia como um conhecimento necessário para

o entendimento do contexto atual. Além disso, desenvolver uma visão geográfica

que englobe o tempo e o espaço atual. Para tanto, torna-se imprescindível entender

qual é o papel do ensino de Geografia na atualidade e como, enquanto professor,

podemos contribuir para potencializá-lo nas aulas.

Diante de tantas mudanças e interrogações na dinâmica do século XXI, as

análises e a pesquisa sobre o ensino de Geografia neste momento são de suma

importância. Pesquisar e aprofundar os estudos sobre este tema no Colégio

Estadual Eleodoro Ébano Pereira de Cascavel no Paraná, com ênfase nas séries

finais do Ensino Fundamental, especificamente o 9º ano A, torna-se necessário a

partir do que vivenciamos em sala de aula cotidianamente. Muitos alunos acreditam

que “Geografia é decorar informações de mapas e textos”; “Geografia é descartável

e não tem muita importância”; entre outras compreensões que são comuns às aulas.

Nesse sentido indagamos: qual é o papel do ensino de Geografia na

educação básica do século XXI, especialmente nas séries finais do Ensino

Fundamental (9º ano A) do Colégio Estadual Eleodoro Ébano Pereira de Cascavel -

Paraná?

O presente artigo se estrutura na análise dos resultados relacionados ao

projeto PDE (Projeto de Desenvolvimento Educacional). Iniciamos com um breve

histórico da Geografia no Brasil e no Estado do Paraná, onde buscamos estabelecer

uma análise linear da evolução da Geografia dos séculos anteriores ao momento

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atual. Na sequência, enfatizamos a importância dos documentos escolares no

entendimento do dinamismo do Colégio Eleodoro Ébano Pereira, a partir das leis

federais e estaduais, como: Lei de Diretrizes e Base LDBEN (Lei de Diretrizes e

Base da Educação Nacional), DCEs (Diretrizes Curriculares Estaduais), PPP

(Projeto Político Pedagógico), entre outros. A análise das estratégias de ação que

desenvolvemos na pesquisa teve como ênfase os resultados obtidos e as

dificuldades encontradas. Então, em conseguinte, as considerações finais onde

estruturamos todos os desafios, ações e resultados.

1.1 BREVE HISTÓRIA DA GEOGRAFIA

Para analisar o papel do ensino de Geografia no século XXI, fez-se

necessário uma sintética recuperação do assunto no Brasil e no Paraná.

A Geografia estava sistematizada e presente nas universidades da Europa,

especialmente na Alemanha e França, desde o século XIX. No Brasil, isso só

ocorreu tempos depois. A institucionalização da Geografia no Brasil acontece nas

primeiras décadas do século XX e, as pesquisas geográficas buscavam

compreender e descrever o território brasileiro de acordo com as necessidades das

políticas do Estado.

Essa forma de abordagem do conhecimento em Geografia perdurou até meados do século XX, caracterizando – se, na escola, por um ensino de compêndio e pela ênfase na memorização de fatos e informações que refletiam a valorização dos conteúdos em si, sem levar, necessariamente, a compreensão do espaço. (PARANÁ, 2008, p. 42)

A partir de 1950 as tendências tradicionais da Geografia que buscavam

compreender o espaço geográfico através das relações do homem e a natureza, são

questionadas em várias partes do mundo. Os geógrafos foram à busca de novas

teorizações e novos paradigmas. Pontuschka (2009)

Os confrontos teóricos e ideológicos que aconteciam (capitalismo e

socialismo; desenvolvimento e subdesenvolvimento), motivaram leituras de mundo

mais críticas e alterações no pensamento geográfico. Surge, então, no ensino uma

nova visão teórica-conceitual que confronta o método da Geografia Tradicional

estabelecendo uma análise crítica do espaço geográfico, a Geografia Crítica.

No Brasil, nessa época (final da década de 1950), as tensões políticas

existentes influenciaram para que as concepções da Geografia Crítica chegassem.

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Posteriormente, surgem adequações e leis como a Lei 5692/71 que atrelava a

educação brasileira à formação de mão de obra, tanto no campo como na cidade e,

institui-se a área de estudo denominada Estudos Sociais. O ensino, dessa forma,

não garantia a inter-relação entre os conteúdos de Geografia e de História, o que

tornava a disciplina meramente ilustrativa e superficial. O desmembramento de

Estudos Sociais para Geografia e História só ocorre na década de 1980 e, de forma

gradativa. Nesse período, crescem no Brasil as discussões teóricas que se

contrapunham à Geografia que se fazia até então, sobretudo aquela ensinada na

escola. (PARANÁ, 2008).

No Paraná, a discussão sobre a emergente Geografia Crítica surge no final da

década de 1980, nos cursos de formação continuada e em discussões sobre

reformulação curricular da Secretaria de Estado da Educação, que publica o

Currículo Básico para a escola pública do Paraná, em 1990.

Estudos realizados em esfera global enfatizaram a educação, principalmente,

a educação básica; a partir desse contexto na década de 1990 fundamentou-se a

produção e a aprovação da nova Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional

(LDBEN nº 9394/96) e a elaboração dos PCNs (Parâmetros Curriculares Nacionais)

também, as Diretrizes Curriculares Nacionais para o Ensino Médio em 1998.

Referente aos PCNs de Geografia, as críticas recaíram sobre as linhas de

pensamento Tradicional e Crítica (BRASIL, 2002). Os PCNs não apresentaram uma

concepção teórica consistente, pelo contrário, firmaram-se numa concepção

filosófica confusa.

Já no início do século XXI, os debates relacionados à Educação continuam e,

no Paraná, ocorre uma organização curricular, a elaboração das Diretrizes

Curriculares da Educação Básica, que se apresentam como documento norteador

para um repensar da prática pedagógica dos professores de Geografia, a partir de

questões epistemológicas, teóricas e metodológicas que estimulam a reflexão sobre

essa disciplina e seu ensino (PARANÁ, 2008).

A Diretriz Curricular Estadual de Geografia aborda conceitos geográficos de

paisagem, região, lugar, território, natureza e sociedade; por meio de conteúdos

estruturantes: dimensão econômica, política, socioambiental, cultural e demográfica

do espaço geográfico.

As Diretrizes buscam propor uma formação para o cidadão, a escola cidadã,

perspectiva inerente ao documento que provoca o enfrentamento da realidade

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social, econômica e política do país. Dessa forma, a escola é percebida como o

espaço de confronto e diálogo entre os conhecimentos sistematizados e os

conhecimentos do cotidiano. Apresenta a importância dos conteúdos disciplinares e

do professor como autor de seu plano de ensino, o que leva a entender a

necessidade do cuidado do professor em planejar e organizar suas ações.

A avaliação formativa deve estar presente no processo ensino-aprendizagem

em um diálogo constante com a Proposta Pedagógica Curricular, o Plano de

Trabalho Docente, e as Diretrizes Curriculares Estaduais.

1.1.1. A importância dos documentos escolares

O Projeto Político Pedagógico (PPP) de Geografia do Colégio Estadual

Eleodoro Ébano Pereira, fundamenta-se nas Diretrizes Curriculares da Educação

Básica do Paraná, onde estabelece que para a apropriação dos conhecimentos é

imprescindível que o processo de ensino aprendizagem ocorra a partir da mediação

entre a realidade do educando e os conhecimentos sistematizados.

O Colégio Estadual Eleodoro Ébano Pereira tem em sua proposta de trabalho

a não reprovação e a inclusão. Por isso, é tão importante que o número de alunos

seja adequado e que, os materiais didáticos possam auxiliar o trabalho pedagógico

de forma mais eficiente.

Os livros didáticos adotados, em sua maioria, não estão adequados aos

conteúdo das Diretrizes Curriculares, no caso do 9º ano A do colégio, sempre se faz

necessária a adequação e utilização de materiais complementares.

Durante as aulas, os alunos têm tratado o estudo da Geografia como algo

com menos importância, um conhecimento de segundo plano. O professor da

disciplina encontra um grande número de alunos que apresentam essa forma de

pensar o conteúdo. Destacar o ensino de Geografia e seus objetivos em sala de aula

tem sido um grande desafio.

Enfim, a escola – e não apenas o ensino da geografia – indicada para este novo século, para o mundo globalizado da revolução técnico-científica, não é aquela que dá receitas, conceitos e muito menos “macetes” ou modelos prontos. Tampouco é a escola que meramente substitui um conteúdo tradicional por outro já esquematizado e pré-definido, mesmo que ele seja tido como progressista. Nem uma coisa, nem outra. Já mencionamos que essa escola deve se preocupar com a cidadania ativa – e não passiva como aquela do militante acrítico que somente repete chavões –, com indivíduos

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que pensem por conta própria, que aprendam determinadas competências, habilidades e inteligências múltiplas apropriadas para uma sociedade democrática e pluralista. (VESENTINI, 2009, p.89)

Para Vesentini (2009), hoje, mais do que nunca, existe uma grande

necessidade de se conhecer de forma inteligente (não decorando informações e,

sim, compreendendo os processos, as dinâmicas, os potenciais de mudanças, as

possibilidades de intervenção), o mundo em que vivemos, desde a escala local até a

global, passando pela nacional e pelas demais escalas intermediárias. Isso é ou

deveria ser o ensino de Geografia.

A relação entre estudar e estudar Geografia, e as formas de aprendizado das

gerações do século XXI são desafios para a Educação. Repensamos em como

minimizar as diferenças e buscamos testar algumas estratégias e metodologias para

que a Geografia seja vivenciada pelos alunos.

2. REPENSANDO O ENSINO DE GEOGRAFIA E AS METODOLOGIAS DE

APRENDIZAGEM

Visando entender qual o papel do ensino de Geografia na educação básica do

século XXI, especialmente nas séries finais do Ensino Fundamental (9º ano A), do

Colégio Estadual Eleodoro Ébano Pereira de Cascavel – PR, buscou -se refletir e

analisar sobre as principais indagações que vivenciamos nos últimos anos de sala

de aula (como por exemplo que o conteúdo é maçante e cansativo) e, acima de

tudo, organizar e pesquisar dados e informações que viabilizassem as melhores

ações que possam mudar tais reclamações.

No primeiro momento ocorreu a aplicação de uma ficha com questionamentos

(vide em apêndice) sobre as aulas de Geografia. As questões aplicadas envolveram

a análise de itens do cotidiano escolar do aluno, a organização dessas informações

e a análise dos dados importantes. Para (AMARO/ PÓVOA e MACEDO,

2004/2005)4, um questionário é extremamente útil quando um investigador pretende

recolher informação sobre um determinado tema. Desse modo, através da aplicação

de um questionário a um público alvo constituído, por exemplo, de alunos, é possível

4 Amaro, A.; Póvoa, A.; Macedo, L. A arte de fazer questionários. 2004-2005. Disponível em:

http://www.jcpaiva.net/getfile.php?cwd=ensino/cadeiras/metodol/2004-2005/894dc/f94c1&f=a9308. Acesso em 30/10/2013.

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recolher informações que permitam conhecer melhor as suas lacunas, bem como

melhorar as metodologias de ensino podendo, deste modo, individualizar o ensino

quando necessário. A aplicação de um questionário permite recolher uma amostra

dos conhecimentos, atitudes, valores e comportamentos. Nesse momento as

reclamações dos alunos ficaram evidenciadas.

Os itens abordados no questionário foram: a identificação com a disciplina, os

limites de estudos dos alunos, o tempo de dedicação aos estudos, os principais

recursos e práticas do professor que o aluno percebe, e o perfil que a turma

apresenta. Considerando as limitações relacionadas aos questionários tem-se a

seguinte análise das respostas. Em relação à identificação ou afinidade com as

disciplinas, questão 01, mais de 50% da turma tem maior afinidade com Ciências,

seguida por Educação Física e Matemática, na sequência Geografia e Arte, História

e Língua Inglesa e, por fim, Língua Portuguesa conforme Tabela 1.

Constatamos nessa análise, as devidas oscilações de veracidade de

respostas, e percebemos que a Geografia não apresentava um bom percentual de

identificação e de afinidade por parte da turma.

Após o levantamento dessas informações, passamos ao trabalho com

atividades que possam fazer uso das tecnologias do século XXI.

Tabela 1 - Afinidade com as disciplinas

Disciplinas de afinidade Percentual de escolha da turma Ciências 18 / 58% Educação Física 11 /35% Matemática 10 / 32% Geografia / Arte 08 / 25% História/Língua Inglesa 05 / 16% Língua Portuguesa 04 / 12%

Fonte: Autor (2014).

Priorizamos no 1º semestre do conteúdo de Geografia do 9º ano A, o trabalho

com 05) cinco etapas de atividades. Essas etapas objetivavam integrar a

apresentação e estudo dos conteúdos e, mostrar a eficiência das novas tecnologias

e da mídia na busca de conhecimento.

Na 1ª etapa, apresentamos o tema Globalização e seus efeitos no espaço

geográfico, trabalhando imagens e as novas tecnologias assim, como destaca

Pontuschka (2009), a escola é responsável pelo acesso à informação e ao

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conhecimento, além de promover o reconhecimento da importância e do uso das

novas tecnologias. Desta forma, o assunto foi trabalhado com a utilização dos

aparelhos tecnológicos que o colégio proporciona como TV, Multimídia, Internet,

entre outros, e com as que os alunos apresentaram como: celulares, pen drive,

impressões. Analisar e produzir suas próprias imagens na leitura do espaço

geográfico se torna, com certeza, mais fascinante quando participamos e

produzimos os materiais didáticos juntos. Assim, segundo Assman (1998), o

ambiente pedagógico tem de ser lugar de inventividade. Não inibir, mas propiciar

uma dose de entusiasmo para que o processo de aprender aconteça como uma

mistura de todos os sentidos.

Apresentamos a 2ª etapa com a utilização da releitura do texto “Eu, etiqueta”

de Carlos Drummond de Andrade, com o trabalho da poesia em vídeo, leitura e

interpretação. Finalizamos este momento com atividades em grupos, fora da sala de

aula (espaços como biblioteca, mesas externas, anfiteatro) e, com a produção de

imagens em cartaz. Cada aluno criou seu próprio “Eu, etiqueta”. Todos os cartazes

foram expostos no mural do colégio. O uso de imagens é fundamental no ensino de

geografia, pois fotos, desenhos, imagens de satélites, permitem ao aluno ver e

imaginar a porção do espaço que desejamos representar.

De acordo com Lara (2003), a escola liga-se, pois, a disciplina, silêncio,

estudo. Estudo em Latim significa esforço por isso, o cuidado em destacarmos

sempre de forma criativa, diversas maneiras de se “estudar/esforçar”. Ao preferirmos

a escolha da poesia para o estudo da globalização e consumo tivemos como intuito

seguir esse prisma de diferenciação para com o silêncio e a disciplina, levando a

turma à percepção de que é importante o uso de todos os espaços do colégio e de

que os grupos e as trocas são relevantes.

A música “Pela internet”, de Gilberto Gil foi o ponto de partida para a 3ª

etapa de atividades com o tema: Globalização e tecnologias. O vídeo legendado da

música foi apresentado no anfiteatro onde a turma cantou e dançou no ritmo. Silva

(2004) sugere que são muitos os assuntos da Geografia, principalmente os que

tratam das “atualidades”, que podem ser abordados em músicas dos mais diversos

compositores. Então, utilizamos pesquisa de textos sobre o assunto na internet e

comparamos informações. Além do que, o universo de possibilidades de uso

pedagógico das buscas na internet aumenta de forma exponencial e a qualidade do

material que enquanto professores recorrermos se multiplicarão proporcionalmente

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ao quanto utilizar os recursos que tivermos à nossa disposição. A principal atividade

foi a criação de paródias sobre o tema estudado. Lembrando sempre que atitudes e

valores devem ser trabalhados em letras de músicas criativas, as paródias foram

apresentadas para a turma, no anfiteatro da escola.

Na 4ª etapa: Globalização e regionalização do espaço mundial. Momento em

que trabalhamos o mapa – múndi; utilizando sala de informática, internet: fizemos a

viagem virtual e a interpretação do espaço representado. Atividades com mapa-

múndi e localização dos lugares de interesses dos alunos no planeta. De acordo

com Micheleto (1997) citado por Straforini (2004), nesse período marcado pela

técnica, ciência e informação é muito mais necessário aprender Geografia para

compreender o mundo em que vivemos. Por isso, o aluno necessita de uma grande

dose de motivação para que essa aprendizagem realmente aconteça. Trabalhar

localização no espaço mundial de forma interativa vai ao encontro do que estamos

propondo para a Geografia atual.

Destacamos na 5ª etapa o tema “globalização, tecnologias e gerações”. Com

ênfase no uso de um maior número de recursos didáticos e tecnológicos, onde

prevaleceu pesquisa e comparação entre a geração dos alunos da turma e a

geração de seus pais, através de vídeos, imagens, pesquisa de textos. Aprendemos

quando equilibramos e integramos o sensorial, o racional, o emocional, o pessoal e

o social, Moran (2006). Deste modo, a atividade final baseou-se nesse tema, com a

criação de um quadro comparativo sobre os recursos tecnológicos utilizados em

cada geração destacada. Trabalho feito em papel sulfite e exposto no mural do

colégio. Notamos com o trabalho que, com o uso da tecnologia, o ensino deixa de

ser centrado no professor, permitindo que tanto ele, como o aluno possa estar em

constante inovação, pois a Geografia é dinâmica. Levar o diálogo do conteúdo para

o ambiente familiar foi muito interessante, quando se percebe que ações como

essas levam a comparações e aprendizagem.

Em todas as 05 (cinco) etapas do trabalho com o conteúdo da série (nesse

caso, 9º ano A), houve a percepção de que durante as atividades a turma

apresentava mudanças positivas e criava novas expectativas em relação ao

conteúdo. Foi muito mais que uma apresentação, desenvolvimento e avaliação do

conteúdo. Durante esse processo de inovar, ou, melhor utilizar as tecnologias

presentes no colégio, percebemos uma ampliação no relacionamento

professora/aluno, os quais dialogavam e trocavam experiências com maior

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desenvoltura. Moran (2006) afirma que aprendemos melhor quando vivenciamos,

experimentamos, sentimos. Quando descobrimos novas dimensões que antes se

nos escapavam, quando vamos ampliando o círculo de compreensão do que nos

rodeia, que nos faz perceber de outra forma.

O professor precisa fazer uso dos recursos na busca de um conhecimento

que colabore para que o aluno identifique e compreenda de forma participativa e

empreendedora do espaço mundial em que vive.

3. CONSIDERAÇÕES FINAIS

O desafio do projeto foi problematizar que o trabalho de sala de aula e a

relação professor/aluno pode ser eficiente, desde que aluno, professor, conteúdo e

metodologias de ensino-aprendizagem estejam harmonizados.

O ensino da Geografia não pode visar somente a memorização de conteúdo,

mas sim, a sua construção. Certamente precisa-se despertar nos alunos um olhar

diferenciado da Geografia. A Intervenção Pedagógica vem sendo uma das formas

concretas de motivar o aluno a ter um novo olhar pela disciplina de Geografia.

Discutir o papel da Geografia no Século XXI é uma tarefa que demanda uma

série de reflexões. A Geografia tem como função social indagar acerca dos

diferentes espaços sociais, políticos, econômicos e culturais, na tentativa de

estabelecer uma conexão entre as diversas escalas. Portanto, é de suma

importância que os professores de Geografia possam debater os temas propostos

como parte de conteúdo ou grade curricular em nível local, regional e nacional.

O presente texto é uma síntese sobre a importância da Geografia para a

educação no século XXI, colaborando para melhorar os projetos didáticos

pedagógicos e, principalmente, levando os alunos ao aperfeiçoamento a um nível

em que possa, no futuro, ter plena ideia do que querem fazer, além da possibilidade

de criticar e intervir em questões sociais e políticas que envolvam não só a sua

comunidade, mas também consigam relacionar todos os espaços.

Dentro do contexto proposto nas Diretrizes Curriculares da Educação Básica

do Paraná para a disciplina da Geografia, a qual traz os conceitos geográficos

vinculados aos conteúdos estruturantes em suas dimensões (econômica, política,

socioambiental, cultural e demográfica) do espaço geográfico, tem justamente esta

proposta para os estudantes, uma formação que os prepare para as

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transformações da realidade social, econômica e política de seu tempo, fazendo

com que percebam e valorizem a relevância do "estudar / aprender" Geografia.

Levar o aluno a compreender o papel da Geografia na vida cotidiana, em suas

diversas escalas de conhecimento, é compreender o mundo em que se vive. O

desafio está em entender os processos, as dinâmicas e transformações que ocorrem

no mundo e na organização social.

Um professor que não problematiza as situações do cotidiano, que não reflete

passo a passo sobre suas ações e as manifestações dos alunos, instala sua

docência em verdades prontas, adquiridas, pré-fabricadas Hoffmann (1993).

Acredita-se que a dinâmica de sala de aula precisa ser embasada em conhecimento

e em práticas que levem a apropriação de informações de maneira efetiva e

acessível. O relacionamento professor/aluno deve colaborar para que a

aprendizagem aconteça.

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS AMARO, A.; PÓVOA, A.; MACEDO, L. A arte de fazer questionários. 2004-2005. Disponível em: http://www.jcpaiva.net/getfile.php?cwd=ensino/cadeiras/metodol/ 2004-20 05/894dc/f94c1&f=a9308. Acesso em 30/10/2013.

ASSMAN, Hugo. Reencantar a educação. 2. ed. Petrópolis: Vozes, 1998. 241 p.

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PARANÁ, Secretaria de Estado da Educação do Paraná. Diretrizes Curriculares da educação Básica – Geografia. Curitiba, 2008. PONTUSCHKA, Nidia Nacib. Para ensinar e aprender Geografia / Nidia Nacib Pontuschka, Tomoko Lyda Paganelli, Nuria Hanglei Cacete. – 3ª Ed. São Paulo: Cortez, 2009. – (Coleção docência em formação. Série Ensino Fundamental) Secretaria da Educação do Estado do Paraná – Geografia-imagem. Disponível em: http://www.geografia.seed.pr.gov.br/modules/galeria/listaEventos.php. Acesso em: 17/11/2013; 18/11/2013. SILVA, Onildo Araújo da. Geografia: Metodologia e Técnicas de Ensino. Feira de Santana: Universidade Estadual de Feira de Santana, 2004. 94 p.

STRAFORINI, Rafael. Ensinar Geografia: o desafio da totalidade mundo nas séries iniciais. São Paulo: Annablume, 2004. 188.p

VALENTE, José Armando. O computador na sociedade do conhecimento. Campinas: UNICAMP/NIED, 1999. 156 p.

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VESENTINI, José William. Repensando a Geografia Escolar para o século XXI. São Paulo: Pléiade, 2009.

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APÊNDICE A - Pesquisa de informações – Questionário aplicado.

1) Marque as disciplinas que você julga ter uma maior identificação:

( ) Matemática ( ) Língua Portuguesa ( ) Educação Física ( ) Artes ( ) Geografia ( ) Ciências ( ) História ( ) Inglês

2) Quais são os seus principais hábitos de estudo extraclasse?

( ) Leitura de textos complementares para organizar suas atividades e tarefas e retirar dúvidas. ( ) Organizar as atividades e tarefas com base no que foi estudado em sala de aula e nas explicações do professor. ( ) Pesquisa de informações e curiosidades sobre o que foi estudado para ampliar seus conhecimentos e auxiliar nas atividades e tarefas. ( ) As atividades e tarefas são feitas automaticamente sem muita leitura e atenção pois, são apenas revisão de conteúdo.

3) Para você, os estudos relacionados à Geografia são:

( ) Muito importantes. ( ) Importantes. ( ) Pouco importantes. ( ) Não são importantes.

4) Para se estudar Geografia pode-se utilizar:

( ) Textos, mapas, imagens, dados, notícias, gráficos, músicas. ( ) Mapas e imagens. ( ) Mapas e textos. ( ) Mapas, gráficos e textos.

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5) Nas aulas de Geografia o que mais o incentiva a estudar é:

( ) A atividade com leitura de textos e de informações com explicações do professor para as discussões e tarefas. ( ) A atividade com leitura de mapas e imagens, explicações do professor para as discussões e tarefas. ( ) A atividade com textos curtos, mapas, imagens e explicações do professor para as discussões e tarefas. ( ) A atividade com leitura de textos informativos, textos curtos, pesquisa de informações, de mapas e de imagens, atividades com música ou poesias e, participação do professor nas discussões e tarefas.

6) Para que as aulas de Geografia possam ser mais proveitosas, que práticas

podem ser adotadas?

( ) Aulas expositivas com explicações detalhadas do professor, atividades e tarefas escritas e orais para a organização do conhecimento. ( ) Aulas com documentários, pesquisas, curiosidades, mapas e rápidas participações do professor na organização do conhecimento. ( ) Aulas com textos, documentários, pesquisas na internet, curiosidades, mapas , participações de alunos e do professor na organização do conhecimento. ( ) Aulas através de atividades escritas e orais, textos, mapas, imagens e pesquisas com apresentação e discussões sobre o tema entre os alunos e o professor.

7) As aulas podem ser mais interessantes com o uso de recursos como:

( ) Livro didático, revistas, mapas e músicas. ( ) Músicas, vídeos, imagens e livro didático. ( ) Internet (sala de informática), livro didático, revistas. ( ) Livro didático, internet, vídeos, músicas , documentários(TV pendrive).

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8) Os estudos de Geografia são importantes e têm como fatos principais:

( ) O espaço geográfico compreendido como integração entre a dinâmica natural- humano-social. ( ) O espaço geográfico e suas transformações, a interação entre o natural e social. ( ) A organização do espaço geográfico de acordo com as inter-relações entre o natural e social de acordo com o tempo e o espaço. ( ) Todas as afirmações acima citadas são parte dos estudos da Geografia.

9) Nas aulas de Geografia o professor deveria utilizar:

( ) Maior parte da aula para leitura e explicações das informações e menor parte para atividades e tarefas e a discussão do assunto. ( ) Maior parte da aula para as correções de tarefas e atividades, com leituras e escrita de informações e discussão do assunto. ( ) Maior parte das aulas com atividades através de mapas e imagens sobre o tema para a discussão do assunto. ( ) Maior parte do tempo com atividades que podem variar entre a leitura e pesquisa de informações à análise de mapas, de imagens, de vídeos, de trechos de filmes para a discussão do assunto.

10) Estas são suas características como estudante:

( ) Gosto de ler e de escrever, tenho horário de estudos em casa, me preparo para as aulas e reviso os conteúdos estudados, faço as tarefas e atividades propostas. ( ) Tenho horário de estudos em casa para fazer as atividades e tarefas, não sou de ler e de pesquisar com frequência. ( ) Gosto de ler e de pesquisar, faço as tarefas e atividades sem muita frequência e sem horários marcados. ( ) Não sou de ler e de pesquisar, as tarefas e atividades nem sempre são feitas, não tenho horário de estudos em casa e não me preparo para as aulas.