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Versão On-line ISBN 978-85-8015-075-9 Cadernos PDE OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE NA PERSPECTIVA DO PROFESSOR PDE Produções Didático-Pedagógicas

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Versão On-line ISBN 978-85-8015-075-9Cadernos PDE

OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSENA PERSPECTIVA DO PROFESSOR PDE

Produções Didático-Pedagógicas

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FICHA DE IDENTIFICAÇÃO

Título: Estratégias de Ação para o Ensino e a Aprendizagem de Equações do

Segundo Grau no 9º Ano através de Resolução de Problemas.

Autor Lourdes Tereza Rech de Marins

Disciplina/Área (ingresso

no PDE)

Matemática

Escola de Implementação

do Projeto e sua

localização

Colégio Estadual Olinda Truffa de Carvalho, Rua

Três Barras, 741

Município da escola Cascavel

Núcleo Regional de

Educação

Cascavel

Professor Orientador Profº. Dr. Rogério Luis Rizzi

Instituição de Ensino

Superior

Unioeste

Resumo A presente produção didática tem como questão

central o Ensino e a Aprendizagem da Matemática

através da Resolução de Problemas. Mais

especificamente as “Estratégias de Ação para o

Ensino e Aprendizagem de Equações do Segundo

Grau no 9º Ano através de Resolução de

Problemas”. Objetiva elaborar e organizar material

didático consistente com as fundamentações teórica

e metodológica discutida no Projeto, relacionando-

as com as estratégias de ação para sua efetivação.

Nesta Unidade Didática serão detalhados os

aspectos metodológicos para Resolução de

Problemas conforme propostos pelo Grupo de

Trabalho e Estudos sobre Resolução de Problemas

(GTEPR) da Unesp e as Estratégias de Ação

enfocando aspectos da intervenção pedagógica,

especialmente algumas questões históricas, alguns

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proeminentes métodos para resolução de equações

do segundo grau e problemas geradores, bem com

propostas de solução. Destaca-se que as

orientações do GTEPR são rediscutidas visando a

reelaboração de problemas geradores considerando

a realidade da escola de atuação.

Palavras-chave Metodologia de Resolução de Problemas;

Situações-problemas; Equações do segundo grau.

Formato do Material

Didático

Unidade Didática

Público Alvo Alunos do 9º Ano do Ensino Fundamental

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SECRETARIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃO – SUED

SUPERINTENDENCIA DA EDUCAÇÃO – SUED

DIRETORIA DE POLÍTICAS E PROGRAMAS EDUCACIONAIS – DPPE

PROGRAMA DE DESENVOLVIMENTO EDUCACIONAL – PDE

PROGRAMA DE DESENVOLVIMENTO EDUCACIONAL – PDE

UNIDADE DIDÁTICA

LOURDES TEREZA RECH DE MARINS

CASCAVEL

2013

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LOURDES TEREZA RECH DE MARINS

ESTRATÉGIAS DE AÇÃO PARA O ENSINO E APRENDIZAGEM DE EQUAÇÕES

DO SEGUNDO GRAU NO 9º ANO ATRAVÉS DE RESOLUÇÃO DE PROBLEMAS

Produção Didático-Pedagógica apresentada

como requisito parcial para a certificação do

Programa de Desenvolvimento Educacional –

PDE 2013/2014, Secretaria de Educação –

SEED em parceria com a Universidade

Estadual do Oeste do Paraná – UNIOESTE.

Orientador: Rogério Luis Rizzi

CASCAVEL

2013

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SECRETARIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃO – SEED

SUPERINTENDENCIA DA EDUCAÇÃO – SUED

DIRETORIA DE POLÍTICAS E PROGRAMAS EDUCACIONAIS – DPPE

PROGRAMA DE DESENVOLVIMENTO EDUCACIONAL – PDE

1. DADOS DE IDENTIFICAÇÃO

1.1 Professores PDE: Lourdes Tereza Rech de Marins

1.2 Áreas do PDE: Matemática

1.3 NRE: Cascavel

1.4 Professor Orientador IES: Rogério Luis Rizzi

1.5 IES Vinculada: UNIOESTE – Universidade Estadual do Oeste do Paraná

1.6 Escola de Implementação: Colégio Estadual Olinda Truffa de Carvalho – EFM

1.7 Público Objeto de Intervenção: Alunos do 9º Ano do Ensino Fundamental

2. INTRODUÇÃO

O Programa de Desenvolvimento Educacional (PDE) é um conjunto de ações

de formação continuada para professores do Ensino Básico da Rede Estadual

Paranaense, que oportuniza a eles um período de estudos sob orientação de

docentes do Ensino Público Superior Paranaense. Objetiva o aperfeiçoamento das

práticas pedagógicas do professor PDE levando-o a refletir sobre sua atuação como

docente no cotidiano escolar.

A Unidade Didática consiste na produção de material didático pelo professor

PDE visando registrar os estudos e as reflexões realizadas para materializar os

objetivos explicitados no Projeto PDE, norteando o trabalho do educador quando da

implementação do Projeto de intervenção pedagógica na escola.

Essa etapa do Programa é relevante aos objetivos do Projeto PDE, pois as

concepções teóricas e metodológicas discutidas na produção didático-pedagógica

toma um formato prático a ser implementada. Ou seja, a ação impregnada das

reflexões teóricas é materializada através do planejamento e organização de

estratégias de ações. O professor PDE precisa ter clareza do que pretende alcançar

e como vai realizar seus trabalhos, de modo a viabilizar a implementação do seu

Projeto no seu contexto e realidade escolar.

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A presente produção didática tem como questão central o Ensino e a

Aprendizagem da Matemática através da Resolução de Problemas. Mais

especificamente as “Estratégias de Ação para o Ensino e Aprendizagem de

Equações do Segundo Grau no 9º Ano através de Resolução de Problemas”.

Objetiva elaborar e organizar material didático consistente com as fundamentações

teórica e metodológica discutida no Projeto, relacionando-as com as estratégias de

ação para sua efetivação.

Nesta Unidade Didática serão detalhados os aspectos metodológicos para

Resolução de Problemas conforme propostos pelo Grupo de Trabalho e Estudos

sobre Resolução de Problemas (GTERP) da Unesp e as Estratégias de Ação

enfocando aspectos da intervenção pedagógica, especialmente algumas questões

históricas, alguns proeminentes métodos para resolução de equações do segundo

grau e problemas geradores, bem com propostas de solução. Destaca-se que as

orientações do GTERP são rediscutidas visando a reelaboração de problemas

geradores considerando a realidade da escola de atuação.

A essas questões acrescenta-se que o conhecimento matemático tem caráter

integrador e interdisciplinar aos diversos setores e áreas da Sociedade, fazendo-se

necessário que o ensino da Matemática promova uma educação pela compreensão

e consecução de competências matemáticas que promovam o desenvolvimento

intelectual dos alunos, a fim de inseri-los social e economicamente na Sociedade.

Essa missão educacional é um desafio, pois é empiricamente constatado na

prática pedagógica na educação básica que os alunos apresentam acentuadas

dificuldades em trabalharem conteúdos matemáticos e têm grande dependência das

atuações e práticas do professor. Ainda, nota-se a falta de interesse dos alunos pelo

ensino regular, que é visto como algo distante de suas necessidades e interesses.

Assim, o sucesso da aprendizagem do educando depende inicialmente da

disposição e motivação dele para aprender. E se esse for o caso o educando

aprenderá um conteúdo se a ele for possível atribuir-lhe significado que deve ser

construído quando da interação entre o saber escolar e os outros que ele traz para a

escola. È imperioso, portanto, para mitigação ou superação dos obstáculos ou

dificuldades identificadas que se promova um ensino pautado na relação entre os

conteúdos matemáticos, seus variados contextos e as diversas idéias matemáticas

neles implícitas (ONUCHIC, 1999).

É, pois, relevante para a metodologia de ensino deste trabalho, conhecer as

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questões centrais da teoria que embasa a aprendizagem. Este trabalho é regulado

nesse aspecto pela Teoria de Aprendizagem Significativa, proposta por proposta por

David Ausubel (1919–2008). Um conceito central dessa Teoria é que a

aprendizagem ocorre quando uma nova informação se ancora a conceitos já

existentes na estrutura cognitiva. Ou seja, a aprendizagem passa a ser Significativa

quando da interação entre um conteúdo matemático ensinado e um já aprendido.

É possível, portanto, estabelecer uma relação entre a Metodologia de

Resolução de Problemas e a Teoria de Aprendizagem Significativa, visto que se

pode aproveitar dos conhecimentos que sejam potencialmente significativos aos

educandos, para realizar pertinentes atividades pedagógicas.

3. ASPECTOS METODOLOGICOS: RESOLUÇÃO DE PROBLEMAS

Com o desenvolvimento cientifico e tecnológico verifica-se uma crescente

necessidade de ser matematicamente competente para entender e ser capaz de

aplicar os conhecimentos matemáticos as diversas áreas da atividade humana. Tais

conhecimentos constituem-se numa expressiva herança cultural da humanidade.

Ser matematicamente competente envolve, pois, usar de forma integrada um

conjunto de capacidades e de conhecimentos relativos à Matemática. Assim, um

importante objetivo do educador matemático é desenvolver as competências em

Matemática do educando, que inclui dominar linguagens, compreender fenômenos,

enfrentar situações-problema e construir argumentações.

No tocante ao ensino através da Metodologia de Resolução de Problemas,

espera-se que ela provoque mudanças nas atitudes e ações dos educandos, visto

que no ensino pautado nessa concepção a situação-problema é o ponto de partida

de cada temática, onde o educador formaliza os conceitos matemáticos construídos

pelos educandos durante o processo de resolução do problema gerador.

Dessa postura pedagógica e metodológica possibilita-se que a aprendizagem

seja Significativa ao educando, pois o ensino parte do concreto, que é problema da

materialidade concreta como exemplo do conceito ou da técnica operatória, para o

abstrato, que é a representação simbólica de uma classe de problemas e técnicas

para operar com os símbolos, Van de Walle (apud ONUCHIC e ALLEVATO, 2004).

Para desenvolver e implementar as atividades relacionadas com a Resolução

de Problemas utiliza-se o encaminhamento proposto pelo GTERP, que elaborou um

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roteiro de atividades, sendo este trabalho consistente com ele. O encaminhamento

consiste das seguintes etapas (ONUCHIC; ALLEVATO, 2011, p. 83-85):

1. Preparação do problema: Selecionar um problema gerador para construção de

um novo conceito, princípio ou procedimento, considerando que esse conteúdo

não tenha sido trabalhado previamente em sala de aula.

2. Leitura individual: De posse do Problema, solicita-se aos alunos que façam à

leitura.

3. Leitura em conjunto: Aos grupos de alunos solicita-se uma nova leitura.

Ocorrendo dificuldade na leitura, eles poderão ser auxiliados pelo professor

levando-os a uma adequada interpretação do Problema.

4. Resolução do problema: Em grupos os alunos buscam resolver o Problema

num trabalho cooperativo e colaborativo. Como os alunos são co-construtores do

novo conceito que se quer trabalhar, o problema gerador é aquele que vai

permear a resolução levando-os ao conteúdo planejado pelo professor.

5. Observar e incentivar: O professor não é mais o transmissor do conhecimento,

pois enquanto nos grupos os alunos buscam resolver o Problema, ele analisa as

ações dos alunos e estimula o trabalho cooperativo através de incentivo na troca

de ideias entre eles. O professor incentiva os alunos para façam uso de seus

conhecimentos prévios e técnicas operatórias já conhecidas para a Resolução do

Problema proposto, estimulando-os a escolher caminhos com base nos recursos

que dispõe. Entretanto, o professor deve entender o aluno em suas dificuldades,

sendo o interventor e questionador. É papel de ele acompanhar e ajudar, quando

necessário, para possibilitar a realização do trabalho.

6. Registro das resoluções na lousa: Os representantes dos grupos fazem o

registro no quadro das Resoluções. Estas podem estar certas, erradas ou feitas

por diferentes processos, mas elas objetivam que todos os alunos analisem e

discutam todas as situações.

7. Plenária: Momento rico à aprendizagem, no qual os alunos, em uma discussão,

verificam as diferentes resoluções registradas, e defendem os seus pontos de

vista e esclarecem as dúvidas. O professor é guia e mediador das discussões,

provendo a participação efetiva de todos os alunos.

8. Busca do consenso: Tendo sanadas as dúvidas e analisadas as soluções

obtidas para o Problema, o professor incentiva todos a chegar um consenso

sobre o resultado correto.

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9. Formalização do conteúdo: Momento denominado de “formalização”, onde o

professor registra na lousa uma apresentação organizada e estruturada em

linguagem matemática, padronizando os conceitos os princípios e procedimentos

construídos, destacando as técnicas operatórias sobre o assunto.

Desse modo, fazendo uso do roteiro de atividades elaborado por Onuchic e

colaboradores, e considerando o que os estudantes trazem consigo para a sala de

aula, e não o ponto em que o professor está é esperado que ocorra um ensino por

compreensão e significativo ao educando por meio de situações de investigação. E

nesta abordagem o ensino e aprendizagem devem ocorrer simultaneamente durante

a construção do conhecimento. A avaliação é parte integrante da metodologia sendo

que também deve ser construída durante a resolução do problema, como parte

indissociável do processo de ensino-aprendizagem-avaliação, reorientando a prática

pedagógica quando necessário (ONUCHIC, 2012).

4. ESTRATÉGIAS DE AÇÃO: ASPECTOS DA INTERVENÇÃO PEDAGÓGICA:

Ao desenvolver esta Unidade Didática buscam-se promover mudanças na

pratica pedagógica em sala de aula fazendo uso de referenciais teóricos e

metodológicos consagrados e já integrantes do patrimônio cultural e cognitivo

humano, considerando-se que os conhecimentos matemáticos são historicamente

construídos através da sua compreensão.

Faz-se para um melhor entendimento desse processo uma síntese de

métodos de técnicas de resolução de equações de segundo grau que foram

desenvolvidos ao longo de várias civilizações até atual forma de apresentação e de

resolução dessas equações.

4.1 Aspectos Históricos e Alguns Proeminentes Personagens

Registros encontrados em papiros indicam a existência de equações há cerca

de 4.000 anos. Entretanto, para chegar até a forma de solução de equações de

segundo grau como conhecida atualmente, houve um longo percurso histórico,

envolvendo várias civilizações, sendo que os primeiros registros sobre equações do

segundo grau foram encontrados em tabletes de barro Sumérios de 2200 a. C.

A escrita dos egípcios era restrita aos escribas. Os documentos mais

conhecidos sobre equações de segundo grau são o Papiro de Ahmes, de cerca de

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1650 a. C. e que contém 85 problemas de Aritmética e Geometria. Outro destaque é

o Papiro de Moscou, de cerca de 1850 a. C. e com 25 problemas de Aritmética e

Geometria, e que contém a descrição de como calcular problemas de equações

lineares e equações quadráticas usando o método de completar quadrados.

A Matemática Grega, apesar de ter uma base fundamentada no conhecimento

matemático egípcio e babilônico, também fez suas contribuições. Tales, proeminente

matemático grego visitou o Egito e a Babilônia trazendo para a Grécia o estudo da

Geometria. Também estabeleceu um conceito que revolucionou o pensamento

matemático – a de que as verdades matemáticas precisam ser demonstradas. A

partir daí começaram a se realizar as demonstrações dos teoremas.

Tales provou que os ângulos da base de um triângulo isósceles são iguais,

que o ângulo inscrito num semicírculo é sempre reto e que qualquer diâmetro divide

o círculo em duas partes iguais, entre outros resultados. Pitágoras, outro matemático

grego, demonstrou o teorema dos triângulos retângulos, em que o quadrado do

comprimento da hipotenusa é igual á soma dos quadrados dos comprimentos dos

catetos. Foi por volta de 300 a. C. que Euclides, autor dos Elementos, com seu vasto

conhecimento de geometria desenvolveu um método de aproximação geométrica

que permitia resolver equações quadráticas. Também fez uma ressalva no conceito

formulado por Tales que nem todas as verdades matemáticas podem ser provadas,

sendo as mais elementares devendo ser admitidas sem demonstração. É o

nascimento do método axiomático.

Muito mais tarde, na Arábia, na cidade de Meca, nasceu Maomé, que criou

um império que agitou o mundo desde a França até a Índia. Após sua morte os

califas que sucedem o profeta iniciam uma guerra santa, conseguindo conquistar

territórios, inclusive a Alexandria, no Egito. Com a queda de Alexandria frente aos

muçulmanos, o califado mandou queimar todos os manuscritos encontrados na

biblioteca, sob o argumento que os livros repetiam os ensinamentos do Corão.

Com a destruição da biblioteca de Alexandria acreditava-se que os árabes

não dariam devida atenção para as ciências, porém os califas al-Mansur, Harum al-

Rachid e al-Mamum reconheceram a importância do saber e das artes, inclusive

traduzindo do grego para o árabe algumas relevantes obras como O Almagesto de

Ptolomeu e Os elementos de Euclides. Além disso, al-Mamum fundou Casa da

Sabedoria que foi um centro cientifico parecido com a Biblioteca de Alexandria, onde

matemáticos trabalhavam. Entre eles estava Mohamed ibn-Musa al-Khowarizmi que

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escreveu o livro Ciência da restauração e da redução ou ciência das equações.

Neste livro al-Khowarizmi descreve a equação de 2º grau, sua solução de forma

retórica e, através de considerações geométricas, o método completar quadrados,

distinto ao utilizado pelos gregos. Al-Khowarizmi admitia a existência de duas raízes,

mas nos cálculos só considerava a raiz positiva.

A matemática hindu à época foi representada por Aryabhata, que foi o

primeiro matemático indiano a dar início na resolução de equações completas do

segundo grau, tendo como aluno Brahmagupta, que escreveu sobre equações

indeterminadas. Após Sridhara e Bhaskara contribuíram para resolução de equações

do segundo grau. É importante ressaltar que a formula geral de resolução dessas

equações recebe, no Brasil, o nome de fórmula de Bhaskara. Porém, o matemático

hindu Sridhara num século anterior a Bhaskara já havia determinado a fórmula.

Bhaskara apresenta seus problemas em linguagem verbal, e se utiliza de

linguagem sincopada – abreviatura de palavras – na resolução de equações. As

incógnitas eram diferenciadas sendo representadas por abreviação de palavras

relacionadas a cores, cujo método já tinha sido empregado por Brahmagupta

estudando os métodos babilônicos para resolver equações do segundo grau.

O processo para a elaboração de uma simbologia algébrica, desvinculada de

significados particulares e adequada ao trabalho com equações, foi extenso. Um dos

maiores destaque nesse sentido foi o matemático francês Françóis Viète (1540-

1603), que em seu livro In atrem analyticam isagoges (1591) deu grande

contribuição para sistematização do uso de letras na teoria das equações. É

importante ainda ressaltar o filósofo francês René Descartes (1596-1650), que

realizou grande contribuição à atual simbologia da Matemática. O quadro 01

sistematiza alguns aspectos históricos relacionados.

Quadro 01: Cronograma dos aspectos históricos e principais personagens de

Equações de 2º Grau.

Babilônicos

(4000 anos)

Papiros indicam que já existia a resolução de equações do

segundo grau.

Egípcios

(1650–1850 a.C.)

Foram descobertos Papiros de Ahmes, 1650 a. C. Com 85

problemas de Aritmética e Geometria. O Papiro de Moscou de

cerca de 1850 a.C. com 25 problemas de Aritmética e

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Geometria que contém a descrição verbal de como calcular

equações do segundo grau.

Gregos

(500–200 a. C.)

Tales instituiu o conceito de que as verdades matemáticas

precisam ser demonstradas. Começaram as demonstrações

com Teorema de Tales, Teorema de Pitágoras. Os “Elementos”

de Euclides é um ponto culminante na história da geometria.

Hindus

(476–1185)

Aryabhata, primeiro matemático indiano a iniciar a resolução de

equações completas do segundo grau, era professor de

Brahmagupta, que escreveu equações indeterminadas, para as

quais usava abreviações ao representar incógnitas e admitia

quantidades negativas. Sridhara determinou a fórmula

resolutiva das equações do segundo grau. Bhaskara contribuiu

para resolução de equações do segundo grau e publicou a

fórmula determinada por Sridhara.

Árabes

(790–850)

Al-khwarizmi escreveu em 825, de modo retórico, a forma

geométrica de “completamento de quadrados”. Admitia existir

duas raízes na solução de equações do segundo grau, porém

só considerava a positiva.

Franceses

(1540–1650)

Françóis Viète contribuiu para sistematização do uso de letras

na teoria das equações. Foi uma abordagem que contribuiu

para afirmar o método algébrico e ainda contribuiu com temas

algébricos tratados na época. René Descartes deu grande

contribuição à atual simbologia da Matemática.

4.2 Os Métodos de Resolução de Sridhara, Al-khowarizmi, Bhaskara e Viète

Dessa breve discussão enfocando alguns relevantes personagens ao

desenvolvimento da resolução das equações do segundo grau, realizadas, pode-se

perceber que diferentes civilizações contribuíram para formulação algébrica da

fórmula resolutiva das equações do segundo grau. Assim sendo, apresenta-se

alguns proeminentes métodos de resolução.

O “método hindu” de resolução de equações do segundo grau é o que está na

obra de Bhaskara, em um se seu livro, Vijaganita. Ele atribui à Sridhara o processo

de obtenção das raízes de uma equação do segundo grau, cujo problema em

análise é apresentado em CARVALHO et al, (2001-2002) como:

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“Multiplique ambos os lados da equação por um número igual a quatro vezes o [coeficiente do] quadrado, e some a ele um número igual ao quadrado [do coeficiente] da quantidade original desconhecida. [então extraia a raiz] (Smith, s/d, p. 446, apud. CARVALHO, 2001-2002, p. 129)”.

Essa formulação verbal é reinterpretada e reescrita em linguagem algébrica,

numa versão moderna, como:

Dada a equação do segundo grau 𝑎𝑥² + 𝑏𝑥 = 𝑐, multiplica-se ambos

os lados da equação por 4𝑎, obtendo 4𝑎²𝑥² + 4𝑎𝑏𝑥 = 4𝑎𝑐. Adicionando 𝑏² em ambos os lados da igualdade obtém-se 4𝑎²𝑥² +4𝑎𝑏𝑥 + 𝑏² = 4𝑎𝑐 + 𝑏². Fatorando o lado esquerdo da igualdade

obtém-se (2𝑎𝑥 + 𝑏)2 = 4𝑎𝑐 + 𝑏2. Extraindo a raiz quadrada na

igualdade obtém-se 2𝑎𝑥 + 𝑏 = √𝑏2 + 4𝑎𝑐., chegando-se ao lado do

quadrado que foi completado.

Como exposto em CARVALHO et al, (2001-2002) Al-khowarizmi resolvia

equações do segundo grau empregando a associação de valores numéricos com

uma representação geométrica, chamada de método de completar quadrados, que

relaciona os termos das equações com as áreas de quadrados ou de retângulos. O

exemplo 01 esclarece essa abordagem.

Exemplo 01: Encontre a solução para 𝑥² + 10𝑥 = 39, cuja interpretação geométrica

é como na figura 01:

Figura 01: Interpretação do problema verbal.

Solução: Primeiro desenhe um quadrado de lado “𝑥” para representar o termo 𝑥².

Depois represente o termo 10𝑥 por dois retângulos de lado e “𝑥”, como mostra a

figura 01. Desta forma 𝑥² + 10𝑥 é a soma da área do quadrado com as áreas dos

dois retângulos da figura. Como se deseja que 𝑥² + 10𝑥 = 39, então a área da figura

01 deve ser 39. Para obter um quadrado, acrescente à figura 01 um quadrado de

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lado , como ilustra a figura 02.

Figura 02: Interpretação do problema apresentado no exemplo 01.

Como a figura 01 tem área 39, a figura 02 tem área 64 que é igual 39 +

a área do quadrado de lado 5 ou seja 39 + 25. Assim, o lado do quadrado formado tem

medida . Logo, 𝑥 + 5 = 8, portanto, 𝑥 = 3.

Existem diferentes versões para o método de completar quadrados. Outra

versão análoga a desenvolvida por Al-khowarizmi é apresentada no exemplo 02.

Exemplo 02: Encontre a solução para 𝑥² + 8𝑥 = 33, cuja interpretação geométrica é

como na figura 03.

Figura 03: Interpretação do problema apresentado no exemplo 02.

Solução: Na figura 03 tem-se que os comprimentos dos lados da figura são tais que

AB = DC = x e que 𝐴𝐻 = 𝐶𝐹 = 4. Conseqüentemente a área do quadrado

ADCB, A q, é determinada por 𝐴𝑞 = 𝑥² e a área do retângulo 𝐻𝐾𝐵𝐴, 𝐴𝑟1, é

determinada por Ar1 = 4x . E a área do retângulo 𝐵𝐺𝐹𝐶, 𝐴𝑟2, também é 𝐴𝑟2 = 4𝑥. A

soma das áreas do quadrado e dos retângulos, 𝐴𝑡, é 𝐴𝑡 = 𝐴𝑞 +𝐴𝑟1 +𝐴𝑟2, isto é,

𝐴𝑡 = 𝑥² + 4𝑥 + 4𝑥 = 𝑥² + 8𝑥. Completa-se o quadrado 𝐻𝐸𝐹𝐷 com o quadrado 𝐾𝐸𝐺𝐵,

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cuja área é dada por 𝐴𝑐𝑞 = 16, de modo que a área do quadrado 𝐻𝐸𝐹𝐷 (𝑥 + 4)² é

determinada pela soma das áreas 𝐴𝑡 = 𝑛² + 𝑥𝑛 = 33 com 𝐴𝑐𝑞 = 16. Ou seja,

(x + 4)² = x² + 8x + 16, onde, 𝑥² + 8𝑥 = 33. Então x² + 8x + 16� = 33 + 16 = 49,

obtendo o resultado de 𝑥 = 3.

É possível notar nos exemplos 01 e 02 que os resultados apresentados para

as incógnitas, 𝑥, somente consideraram os valores positivos, visto que Al-

khowarizmi, admitia a existência das duas raízes na resolução de equações de

segundo grau, mas somente considerava nos cálculos a raiz com valor positivo.

O matemático Al-khowarizmi resolvia equações quadráticas no século IX, com

base na geometria. Entretanto, foi mais tarde que Bhaskara publicou no século XII o

método no qual demonstra algebricamente como completar quadrados e isolar a

incógnita. Através da simbologia algébrica moderna e considerando-se a raiz

negativa, faz-se uma demonstração da solução explícita da equação do segundo

grau. O quadro 02 apresenta o método de Bhaskara passo-a-passo.

Quadro 02: Roteiro da solução explícita da equação do segundo grau,

segundo o método de Bhaskara.

1. Considere a equação do segundo grau com uma incógnita na forma 𝑎𝑥² + 𝑏𝑥 +

𝑐 = 0, com (𝑎, 𝑏, 𝑐 𝑎 0)

2. Subtraindo 𝑐 nos dois lados da equação, e multiplicando a equação por 4𝑎,

tem-se de 𝑎𝑥² + 𝑏𝑥 = −𝑐, que 4𝑎²𝑥² + 4𝑎𝑏𝑥 = −4𝑎𝑐.

3. Adicionando b² em ambos os lados desta equação obtêm-se 4𝑎²𝑥² + 4𝑎𝑏𝑥 +

𝑏² = 𝑏² − 4𝑎𝑐 .

4. Observando que no lado esquerdo desta equação há um trinômio quadrado

perfeito, escreve-se 4𝑎²𝑥² + 4𝑎𝑏𝑥 + 𝑏² = (2𝑎𝑥 + 𝑏)(2𝑎𝑥 + 𝑏) = (2𝑎𝑥 + 𝑏)².

5. Portanto, é possível reescrever a equação como (2𝑎𝑥 + 𝑏)2 = 𝑏² − 4𝑎𝑐.

6. Lembrando que números positivos e negativos elevados ao quadrado são

sempre positivos obtém-se desta última expressão duas soluções, uma com

valor positivo e outra com valor negativo. Logo 2𝑎𝑥 + 𝑏 = √𝑏2 − 4𝑎𝑐

7. Subtraindo b em ambos os lados da igualdade na equação, e dividindo-as por

2a 2𝑎 obtém-se2𝑎𝑥 = − 𝑏 √𝑏2 − 4𝑎𝑐 e, então 𝑥 = −

2

√ 𝑐

2 .

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16

8. Essa fórmula resolutiva para as raízes da equação do segundo grau é

tradicionalmente apresentada como:

𝑥 =−𝑏 √𝑏2 − 4𝑎𝑐

2𝑎

Apesar do sucesso de Al-khowarizmi, Bhaskara e Sridhara eles não

escreviam seus trabalhos numa notação apropriada, e o processo de construção de

uma simbologia algébrica com equações do segundo grau foi longo. Uma

contribuição para afirmar o método algébrico foi dada pelo matemático francês

Françóis Viète que, além de contribuir à consolidação da simbologia algébrica,

realizou outras contribuições a temas discutidos na época.

Para resolver equações do segundo grau Viète propõe uma substituição de

variáveis implicando na transformação da equação 𝑎𝑥² + 𝑏𝑥 + 𝑐 = 0 em uma

equação incompleta. Esse método pode ser escrito empregando a atual linguagem

algébrica como apresentado no quadro 03.

Quadro 03: Roteiro do método de Viète, empregando linguagem algébrica numa

versão atual.

1. Dada a equação de segundo grau com uma incógnita 𝑎𝑥² + 𝑏𝑥 + 𝑐 = 0, com,

𝑎, 𝑏, 𝑐 𝑎 0, tome 𝑥 = 𝑢 + 𝑧 e faça a substituição na equação original

obtendo:

𝑎(𝑢 + 𝑧)² + 𝑏(𝑢 + 𝑧) + 𝑐 = 0.

2. Desenvolvendo o quadrado e o produto nessa equação obtém-se:

𝑎(𝑢2 + 2𝑢𝑧 + 𝑧2) + 𝑏(𝑢 + 𝑧) + 𝑐 = 0

ou seja, evidenciando-se 𝑢 obtém-se:

𝑎𝑢2 + 𝑢(2𝑎𝑧 + 𝑏) + (𝑎𝑧2 + 𝑏𝑧 + 𝑐) = 0.

3. Tomando 2𝑎𝑧 + 𝑏 = 0 ou seja, 𝑧 =−𝑏

2𝑎substitu-se essa expressão em

𝑎𝑢2 + (𝑏2

4𝑎−𝑏2

2𝑎+ 𝑐) = 0

obtendo,

𝑎𝑢2 = 𝑐

isto é, 𝑢 = √

𝑐

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4. Substituindo as expressões 𝑧 = −𝑏

2𝑎 e 𝑢 = √

𝑏²− 4𝑎𝑐

4𝑎² em 𝑥 = 𝑢 + 𝑧 tem-se:

𝑥 = −

2 +√ 𝑐

2 e 𝑥 = −

2 −√ 𝑐

2

5. Que são as duas soluções explícitas para equação do segundo grau na forma

𝑎𝑥² + 𝑏𝑥 + 𝑐 = 0, com 𝑎, 𝑏, 𝑐 𝑎 0.

4.3 Os problemas Geradores e Propostas para Suas Soluções

Alguns problemas geradores são apresentados, com propostas de soluções,

para efetivar a prática pedagógica que tem como referencial os encaminhamentos

metodológicos propostos pelo GTEPR sobre Resolução de Problemas e a Teoria de

Aprendizagem Significativa.

Assim, as etapas do GTERP serão reelaboradas e reapresentadas para que

estejam consistentes com a realidade escolar na qual ocorrerá a implementação,

Como as estratégias de Resolução são comuns a todas as situações-problemas

elaboradas, ela orientarão todas as atividades dessa natureza na Implementação

dessa Unidade Didática.

1. Preparação do problema: O objetivo neste passo é ler, selecionar, desenvolver

ou reinterpretar e readequar situações problemas que estejam de acordo com a

concepção de Aprendizagem Significativa, onde um processo de aprendizagem

se torna mais expressivo à medida que novos conteúdos são incorporados e

interagem com informações ou conhecimento já preexistentes na estrutura

cognitiva do educando. O Problema Gerador para construção do conceito de

equação de segundo grau leva em consideração que tal conteúdo não foi

previamente abordado em sala de aula.

2. Leitura individual: De posse do problema gerador que está adequado a

introdução às equações de segundo grau, será solicitada aos educandos que

façam preliminarmente uma leitura individual, objetivando ler e compreender o

problema posto.

3. Leitura em conjunto: Seguindo a Metodologia, formam-se grupos de trabalho, e

solicita-se uma nova leitura do Problema. O docente verifica se existe dificuldade

na interpretação do significado e do que se pede para realizar no enunciado do

Problema. Ocorrendo algum tipo de dificuldades, os educandos serão auxiliados

pela educadora.

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4. Resolução do problema: Compreendido o enunciado do Problema, os alunos

em seus grupos tratam da situação posta, a fim de estruturar-lhe uma solução,

orientados pela docente que nesse momento faz o papel de mediador do

conhecimento, observando, orientando e incentivando essa construção.

Considerando que os novos conceitos dos alunos, serão incorporados quando

interagem com informações já preexistentes na estrutura cognitiva do educando,

o problema gerador deve estar elaborado de forma que seja adequadamente e

ancorado aos conhecimentos existentes do educando. Nesse momento o

educando estará elaborando o conteúdo previamente planejado pela professora.

5. Registro das resoluções na lousa e plenária: Objetivando a discussão de

todas as soluções, certas, erradas ou feitas por diferentes métodos, cada grupo

designará um representante para fazer o registro no quadro das Resoluções.

Orientados pela professora, que encaminhará as discussões e a participação de

todos os alunos, serão analisadas as diferentes resoluções, ocorrendo à defesa e

argumentação a respeito do encaminhamento usado e esclarecendo as duvidas

que eventualmente ocorram.

6. Busca do consenso: Não havendo mais duvidas quanto às soluções

apresentadas, a docente encaminhará a discussão para chegar a um acordo de

quais resoluções estão corretas.

7. Formalização do conteúdo: No momento denominado “formalização”, a

professora registra na lousa uma apresentação organizada e estruturada em

linguagem matemática, padronizando os conceitos, os princípios e

procedimentos construídos, destacando as técnicas operatórias e as

demonstrações necessárias sobre o assunto.

A seguir é apresentado um possível encaminhamento à solução de cada um

dos problemas geradores enunciados. Os demais passos da metodologia serão

realizados em sala de aula com os alunos e discutidos oportunamente quando da

implementação das atividades na escola.

Situação-problema 01: Uma festinha dessas que acontecem no final de semana,

neste sábado foi no Clube Comercial onde os amigos se encontraram e todos se

abraçaram. Um dos participantes, João, percebeu que os abraços foram 325.

Quantos eram os amigos que estavam nesta festa?

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Solução: A situação-problema é resolvida com o uso da Álgebra. A quantidade de

amigos representada por 𝑥 deu um abraço nos demais, ou seja, 𝑥 − 1. Portanto, o

total de abraços deve ser 𝑥(𝑥 − 1). E ainda é preciso perceber que, quando Ana

abraça o Daniel, Daniel abraça Ana, os dois abraços devem ser considerados como

sendo um só. Assim sendo, o número de abraços a ser deve ser a metade de

𝑥(𝑥 − 1). Ai então a equação x(x-1)

2= 325, de um possível encaminhamento para

solução. No quadro 04 é apresentada a solução da equação.

Quadro 04: Solução da equação referente a situação-problema 01.

( 1)

2= 325 ou seja

2= 325

ou seja 𝑥2 − 𝑥 = 650 ou seja 𝑥2 − 𝑥 − 650 = 0

Assim, de 𝑥 = √ 𝑐

2 tem-se

𝑥 =

1 √1 2

2 isto é 𝑥 =

1 √2 1

2

Donde 𝑥 =1 1

2 e então

𝑥1 =

1 1

2= 2

2= 26 isto é

𝑥2 =

1 1

2=

2= −25

E, portanto, = e = −

Como a raiz negativa (−25 pessoas) não faz sentido ela deve ser desprezada

conservando-se apenas a outra. Então, a resposta é que eram 26 os amigos que

estavam na festa.

Situação-problema 02: Uma praça esta representada pelo triangulo ABC com área

de 108m². A Secretaria do meio ambiente quer construir um chafariz quadrado

MNOP, conforme a figura 04, que ilustra essa situação. Sabendo-se que, a medida

BO é igual ao lado quadrado, que CP mede 4 metros e a altura do triângulo MNA

referente a MN é igual a 5 metros, pergunta-se quanto mede o lado do quadrado que

idealiza o chafariz.

Figura 04: Triangulo ABC com área hipotética de 108m².

O quadro 05 apresenta uma solução detalhada para a situação-problema 02.

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20

Quadro 05: Solução da situação-problema 02.

Considerando a medida do lado do quadrado MNOP. Então, a base b e a altura h

do triangulo ABC, são tais que:

(𝑏) = (4 + 𝑥 + 𝑥) = (4 + 2𝑥)

( ) = (5 + 𝑥)

Calculando a área do triângulo ABC, tem-se:

𝐴 =𝑏 ×

2 então

(4 + 2𝑥)(5 + 𝑥)

2tem-se

20 + 4𝑥 + 10𝑥 + 2𝑥²

2isto é

2𝑥² + 14𝑥 + 20

2

Sendo a área do triângulo igual a 108m², então:

2𝑥2 + 14𝑥 + 20

2= 108

Simplificando a equação do 2º grau, obtemos:

2𝑥2 + 14𝑥 + 20 = 216 sendo 𝑥² + 𝑥 − 98 = 0

Utilizando a fórmula

𝑥 =−𝑏 √𝑏2 − 4𝑎𝑐

2𝑎 tem-se 𝑥 =

− √49 + 392

2 isto é 𝑥 =

− √441

2

Onde 𝑥 =− 21

2 então 𝑥1 =

− + 21

2=14

2= e 𝑥2 =

− − 21

2=−28

2= −14

E, portanto = = −

A medida (−28 𝑚 𝑡𝑟𝑜𝑠) não faz sentido devendo ser desprezada e conservando

apenas a positiva. Então, o lado do quadrado que idealiza o chafariz é de 7metros.

Situação-problema 03: Em torno de uma quadra de futebol de salão pretende-se

plantar grama, em uma faixa de largura estável. Sabendo que o terreno mede 260m²

e a quadra tem 15 m metros de comprimento e 8 metros de largura. De quanto será

a largura da faixa de grama a ser plantada? A figura 05 ilustra o problema.

Figura 05: Representação para uma hipotética quadra de futebol de salão.

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O quadro 06 apresenta uma solução detalhada para a situação-problema 03.

Quadro 06: Solução da situação-problema 03.

A quadra com a faixa dimensões de 15 + 2𝑥 e 8 + 2𝑥 metros

Então para determinar a área do retângulo devemos multiplicar o comprimento pela

largura (15 + 2𝑥)(8 + 2𝑥) = 260, resolvendo 2𝑥² + 23𝑥 − 0 = 0

Usando a formula da solução da equação do segundo grau.

𝑥 =−𝑏 √𝑏2 − 4𝑎𝑐

2𝑎 tem-se 𝑥 =

−23 √529 + 560

4 isto é 𝑥 =

−23 √1089

4

Onde 𝑥 =−23 33

4 então 𝑥1 =

−23 + 33

4=10

4 e 𝑥2 =

−23 − 33

4=−56

4= −14

E, portanto 𝑥1 =10

4 𝑥2 = −14

Descarta-se a medida negativa (−14 𝑚 𝑡𝑟𝑜𝑠), pelo fato de não fazer sentido. Assim,

a largura da faixa de grama a ser plantada será de 2,5 metros.

Situação-problema 04: Os alunos do 9º ano do Colégio Estadual Olinda Truffa de

Carvalho que tiveram bom desempenho durante as aulas no primeiro bimestre foram

premiados com um passeio a um bosque. Sabendo que o quadrado do sexto dos

alunos descansa sentada a beira de um riacho, enquanto isso oito alunos caminham

alegres pelas belas trilhas do bosque, aproveitando o ar puro da natureza. Quantos

alunos tiveram bom desempenho nesse bimestre?

Solução: Representando o total de alunos premiados por 𝑥, então escrevendo a

representação da situação-problema na forma algébrica temos (

)2

+ 8 = 𝑥. O

quadro 07 apresenta a solução para esta situação-problema.

Quadro 07: Solução da situação-problema 04.

(𝑥

6)2

+ 8 = 𝑥 ou seja 𝑥2

36+ 8 = 𝑥 ou seja

𝑥2 + 288 = 36𝑥

36ou seja 𝑥2 − 36𝑥 + 288 = 0

Usando a formula:

𝑥 =−𝑏 √𝑏2 − 4𝑎𝑐

2𝑎 tem-se 𝑥 =

36 √1296 − 1152

2 isto é 𝑥 =

36 √144

2

Onde 𝑥 =36 12

2 então 𝑥1 =

36 + 12

2=48

2= 24 e 𝑥2 =

36 − 12

2=24

2= 12

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22

E, portanto 𝑥1 = 24 𝑥2 = 12

Nesse caso serve as duas raízes como solução da equação. Portanto, podem ser

24 ou 12 os integrantes desse grupo.

4.4 Estratégias de Ações: Sistematização das Ações a Serem Realizadas

Com a presente unidade didática objetiva-se contribuir com o ensino de

equações do segundo grau. A implementação das ações a atividades propostas é

detalhada passo a passo, considerando que tradicionalmente se aborda esse

conteúdo programático em 15 h/a e se parte da suposição que se conseguirá

implementar esta Unidade Didática, com o enfoque teórico-metodológico proposto,

numa carga horária de 16 h/a.

Sendo assim, vamos analisar e discutir as etapas propostas por Onuchic e

Allevato (2011) e empregadas pelo GTERP para trabalhar com os problemas

geradores do tipo apresentado nesta Unidade Didática. As etapas trabalhadas aqui

irão até a determinação da equação do segundo grau, pois nessa proposta o aluno

trata primeiro dos problemas sem conhecer o conteúdo matemático formal planejado

pelo professor. Para esse passo da implementação serão disponibilizadas 2 h/a.

Tendo tomado conhecimento que estão de posse de equações do segundo

grau para resolver, que é o conteúdo planejado pelo professor, entende-se que será

pertinente fazer uma breve apresentação sobre o contexto histórico para a solução

da referida equação, mencionada no item “Aspectos Históricos e Alguns

Proeminentes Personagens”. Objetiva-se que o educando possa compreender que

os conhecimentos são construídos pelo ser humano, e que para chegar até a atual

apresentação das equações de segundo grau houve um longo tempo com a

participação de várias civilizações. Para essa etapa é necessário 2 h/a de

atividades.

Um destaque nessa fase é enfocar a discussão que diferentes personagens

contribuíram para a sistematização da fórmula resolutiva das equações do segundo

grau, como apresentado no item “Os Métodos de Resolução de Sridhara, Al-

khowarizmi, Bhaskara e Viète”.

Além disso, para deixar mais atrativo ao educando, e buscando consolidar a

metodologia de Al-khowarizmi, de completar quadrados, se fará o uso de material

manipulável. Para tal utiliza-se o Algeplan, um material didático composto por 40

peças na forma de quadrados e retângulos, com unidades de medida x, y e 1,

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diferentes entre si. As peças do Algeplan têm quantidades e dimensões como:

4 quadrados, cujos lados medem x.

4 quadrados, cujos lados medem y (y<x).

4 retangulos, cujos lados medem x e y.

8 retangulos, cujos lados medem u=1 e x.

8 retangulos, cujos lados medem u=1 e y.

A figura 06 ilustra as peças que compõem o jogo Algeplan.

Figura 06: Peças que compõem o jogo de Algepan.

Na figura 06 as letras latinas indicam as cores das respectivas peças. As

legendas são A, para amarela; V, para verde; R, para Rosa; L, para Lilás; Az, para

azul e Ve, para vermelho. O verso das peças é branco (B), as quais serão usadas

viradas para representar os números negativos.

A metodologia adotada para as atividades em sala de aula será de trabalhar o

jogo do Algeplan em pequenos grupos, onde os educandos possam dialogar com

seus pares e realizarem a construção dos quadrados, cujos lados representam os

fatores das equações. Considera-se a propriedade de que quando os fatores são

iguais a zero, é possível determinar as raízes da equação.

Para realizar esse trabalho não é conveniente usar as mesmas equações

formuladas nos problemas geradores “situações-problemas 01 a 04”, pois os

resultados contêm valores grandes demais para o bom uso do material manipulável.

Portanto são empregadas equações com valores adequados para o método.

Atividade 01: Encontre os fatores e as raízes da equação, 𝑥² + 6𝑥 + 8 = 0

completando o quadrado utilizando o Algeplan.

Solução: Separando o material que representa a equação, tem-se a figura 07 que

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representa as peças da equação dada.

Figura 07: Peças do Algeplan que representam a equação 𝑥² + 6𝑥 + 8 = 0.

Usando esse material deve-se formar uma figura retangular. A figura 08

representa o estado final no jogo.

Figura 08: Representação da figura final do jogo.

Encontrada a figura composta das peças que representaram a equação,

construímos um retângulo de lados (𝑥 + 4) ∙ (𝑥 + 2). Os quais representam os

fatores da equação (𝑥 + 4) ∙ (𝑥 + 2). = 𝑥² + 6𝑥 + 8.

Lembrando que uma propriedade dos números reais é que cada um dos fatores

seja igual a zero, então se tem:

𝑥 + 4 = 0 𝑥 + 2 = 0

𝑥 + 4 − 4 = 0 − 4 𝑥 + 2 − 2 = 0 − 2

𝑥 = −4 𝑥 = −2

Portanto, as raízes dessa equação são (−4 e − 2).

Para uma melhor compreensão do método, será realizada outra atividade

como descrita a seguir.

Atividade 02: Encontre os fatores e as raízes da equação, 𝑥² + 6𝑥 − = 0

completando o quadrado utilizando o Algeplan.

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25

Solução: Separando as peças para essa equação. A figura 09 representa as peças

da referida equação.

Figura 09: Peças do Algeplan que representam a equação 𝑥² + 6𝑥 − .

Vamos novamente construir um retângulo. A figura 10 representa a forma que foi

possível construir com as peças da equação.

Figura 10: Montagem da fatoração da equação 𝑥² + 6𝑥 − .

Ao tentar construir o retângulo, verifica-se que este necessita de duas peças para

que ele seja completo, portanto, vamos usar uma peça 𝑥 e uma – 𝑥 o que não

altera o resultado final. Então, se obtém a representação de um retângulo. A

figura 11 representa o estado final do jogo

Figura 11: Representação da figura final do jogo.

A figura composta das peças que representaram a equação construiu um

retângulo de lados (𝑥 + ). (𝑥 − 1). Os quais representam os fatores da equação

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26

(𝑥 + ). (𝑥 − 1) = 𝑥² + 6𝑥 −

Através da propriedade dos números reais, então se tem:

𝑥 + = 0 𝑥 − 1 = 0

𝑥 + − = 0 − 𝑥 − 1 + 1 = 0 + 1

𝑥 = − 𝑥 = 1

Portanto, as raízes dessa equação são (− 1).

Com a utilização de viabiliza-se ao educando realizar descobertas e

estabelecer relações matemáticas tornando a aprendizagem mais Significativa. Na

seqüência são propostas alguns exercícios 01 para que os alunos utilizarem o

Algeplan para resolvê-las.

Exercício 01: Com o uso do Algeplan encontre os fatores e as raízes das equações,

e complete o quadro 08.

Quadro 08: Algumas equações de segundo grau para o aluno resolver utilizando o

Algeplan.

Equações Fatores Raízes da equação ax²+bx+c=0

a) 𝑥² + 3𝑥 + 2 = 0

b) 𝑥² − 9 = 0

c) 𝑥² + 𝑥 + 12 = 0

d) 2𝑥² + 8𝑥 + 6 = 0

e)3𝑥² + 10𝑥 + 8 = 0

f) 𝑥² − 𝑥 − 2 = 0

g) 3𝑥² + 8𝑥 + 6

h) 𝑥² − 2𝑥 + 1

É pertinente lembrar aos educandos que a atividade do “Exercício 01”

possibilita-lhe a revisão da fatoração de polinômios quadráticos, e os conceitos de

área ao construir as figuras regulares com o Algeplan. Para realização do trabalho

com o método de Al-khowarizmi utilizando o Algeplan serão necessárias 4 h/a.

Outra atividade que pode ser realizada é apresenta a resolução de equações

do segundo grau “método hindu”, de Sridhara. Um exemplo reinterpretado e escrito

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27

em linguagem algébrica para a equação 𝑥² + 8𝑥 = 33 fornece a solução apresentada

no quadro 09.

Quadro 09: Passos para a solução de 𝑥² + 8𝑥 = 33 segundo o método de Sridhara.

a) Na equação os coeficientes são 𝑎 = 1; 𝑏 = 8; 𝑐 = 33.

b) Multiplicam-se ambos os lados da equação por 4𝑎 obtendo 4𝑥² + 32𝑥 = 132.

c) Adicionando á ambos os lados da igualdade 𝑏² obtem-se 4𝑥² + 32𝑥 + 64 = 132 +

64

d) Observe que no lado esquerdo da equação tem um trinômio quadrado perfeito,

fatorando o trinômio consegue-se (2𝑥 + 8)² = 196.

e) Extraindo a raiz quadrada de ambos os lados da igualdade obtém-se √(2𝑥 + 8) =

√196

f) Ou seja, chega-se ao lado do quadrado que foi completado, 2𝑥 + 8 = 14

g) Portanto a resposta é 𝑥 = 3

O método de Sridhara é semelhante ao que usamos hoje, considerando

também a raiz negativa, quando tem sentido. No exercício 02 são apresentadas

algumas equações para os alunos resolverem através do método de Sridhara.

Exercício 02: Use o método de Sridhara e encontre a raiz das equações:

a) 𝑥² + 12𝑥 = 85

b) 2𝑥² + 4𝑥 − 0 = 0

c) 𝑥² − 5𝑥 + 6 = 0

d) 𝑥² − 2𝑥 − 8 = 0

e) 𝑥² + 12𝑥 = 64

f) 2𝑥² + 13𝑥 + 15 = 0

g) 2𝑥² + 8𝑥 − 64 = 0

h) 𝑥² + 3𝑥 + 2 = 0

Pretende-se realizar as atividades relativas ao método de Sridhara e a

resolução dos exercícios 02 propostos em 3 h/a.

Os métodos até aqui apresentados irão permitir aos alunos realizaram

descobertas e estabelecer relações matemáticas, assim como perceber dificuldades

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em usar o material manipulável quando as equações são mais elaboradas ou tratam

de valores mais significativos.

Justifica-se nesse momento a necessidade de uma fórmula que auxilie na

resolução de qualquer tipo de equação do segundo grau, inclusive as dos problemas

geradores “situações-problemas 01 a 04”. O método apresentado por Bhaskara

permite resolver tais equações, através do uso da fórmula resolutiva de equações do

segundo grau. Para demonstrar a aplicação da fórmula faremos uso das equações

formuladas nos problemas geradores. Entende-se a necessidade de saber bem a

aplicação da fórmula resolutiva de equações do segundo grau, pelo fato de tal

equação estar inserida em vários tipos de problemas. Propõe-se o exercício 03 para

que os alunos possam resolver as equações fazendo uso da fórmula resolutiva.

Exercício 03: Utilizando a fórmula resolutiva da equação do segundo grau,

determine as raízes das equações.

a) 𝑥² − 3𝑥 − 4 = 0

b) 𝑥² + 9𝑥 + 8 = 0

c) 5𝑥² − 𝑥 = 0

e) – 𝑥2 + 9𝑥 − 20 = 0

f) 𝑥2 + 3𝑥 − 28 = 0

g) 4𝑥2 − 100 = 0

h) 𝑥2 + 𝑥 = 12

i) 2𝑥2 + 8𝑥 + 6 = 0

j) 𝑥2 + 5𝑥 = 0

k) 3𝑥2 − 9 = 0

m) −2𝑥2 + 2𝑥 = −12

Para efetivar a aplicação da fórmula resolutiva para equação do segundo grau

serão necessárias 5 h/a.

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS

A elaboração desse material didático para a Produção Didático-Pedagógica

possibilitou sistematizar e organizar encaminhamentos metodológicos para

implementar o Projeto de Intervenção Pedagógica na Escola. Ao construir a

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estrutura metodológica, compreendemos melhor de como a Resolução de

Problemas pode contribuir para o ensino e aprendizagem dos conteúdos

matemáticos.

No decorrer da implementação poderão surgir dúvidas ou questões que

poderão demandar readequação ou correção nas estratégias de ação aqui

apresentadas. Todavia, com a forma estrutural desse documento teremos êxito na

implementação, pois já dispomos de elementos suficientes para discutir,

implementar e avaliar trabalhos sobre o ensino e a aprendizagem de equações do

segundo grau no 9º ano através de Resolução de Problemas.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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