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UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA
UNIVERSIDADE ABERTA DO BRASIL
CENTRO DE CIÊNCIAS EXATAS E DA NATUREZA
DEPARTAMENTO DE MATEMÁTICA
CURSO DE LICENCIATURA PLENA EM MATEMÁTICA À DISTÂNCIA
Ronoaldo de Araujo Lima
UTILIZANDO A HISTÓRIA DA MATEMÁTICA NO ENSINO DE
EQUAÇÃO DO 2º GRAU
Itaporanga, PB
2011
Ronoaldo de Araujo Lima
UTILIZANDO A HISTÓRIA DA MATEMÁTICA NO ENSINO DE
EQUAÇÃO DO 2º GRAU
Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à
Banca Examinadora do Curso de Licenciatura
em Matemática a Distância da Universidade
Federal da Paraíba como requisito parcial para
obtenção do título de licenciatura em
Matemática.
Orientador: Prof. Ms. Jamilson Ramos Campos
Itaporanga, PB
2011
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Catalogação na publicação
Universidade Federal da Paraíba
Biblioteca Setorial do CCEN
L732u Lima, Ronoaldo de Araujo.
Utilizando a história da matemática no ensino de equação do
2º grau / Ronoaldo de Araujo Lima. -Itaporanga, 2011.
37f. : il. -
Monografia (Graduação) – UFPB/CCEN.
Orientador: Jamilson Ramos Campos.
Inclui referências.
1. Matemática - Ensino. 2. Métodos matemáticos. 3.
Equações matemáticas. I. Título.
BS/CCEN
CDU: 51:37(043.2)
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UTILIZANDO A HISTÓRIA DA MATEMÁTICA NO ENSINO DE
EQUAÇÃO DO 2º GRAU
Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à
Coordenação do Curso de Licenciatura em
Matemática a Distância de Universidade Federal
da Paraíba como requisito parcial para obtenção
do título de licenciado em Matemática.
Orientador: Prof. Ms. Jamilson Ramos Campos
Aprovada em:____/_____/_______
COMISSÃO EXAMINADORA
Prof. Ms. Jamilson Ramos Campos (Orientador)
Profa. Ms. Severina Andréa Dantas de Farias
________________________________________________________
Profa. Dr. Valdenilza Ferreira da Silva
5
Dedico este trabalho aos meus pais Ronaldo de
Araújo Lima e Paulina de Araújo Lima (in
memoriam), aos meus irmãos e irmãs, à minha
esposa Gracinete e à minha filha Sarah que são
pessoas muito especiais na minha vida e que
me deram força, coragem e incentivo.
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AGRADECIMENTOS
Agradeço primeiramente a Deus, por ter me dado toda a sabedoria e saúde. Aos meus
pais Ronaldo e Paulina por ter me dado todo o apoio para que eu conseguisse alcançar todos
os meus objetivos, e por terem contribuído com tanto amor para o meu crescimento pessoal e
emocional. À minha esposa Gracinete e filha Sarah.
Agradeço também, a todos os professores em especial ao meu orientador Jamilson
Ramos Campos por ter me ajudado de forma tão dedicada neste e em outros trabalhos.
Aos colegas e amigos de curso, José Pereira, Jailton, Vanessa, Jailma, Lindenberg,
José de Caldas, Edson, Rita Selma, Raimunda, Valdirene, Francisco, Welliton, pelas trocas de
experiências, pelo convívio, pelas alegrias e incertezas, por todos esses momentos vividos
juntos e partilhados e por terem me proporcionado os melhores momentos dentro e fora da
universidade.
Agradeço também a Coordenadora do Pólo Lourdes Pereira, por ter me ajudado
sempre que a requisitei no que diz respeito a documentos e serviços do estabelecimento
universitário.
E a todos, em geral, que me ajudaram direta ou indiretamente nessa longa e difícil
caminhada na conclusão do curso.
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“Os grandes acontecimentos ocorrem sem
terem sido planejados. A sorte comete bons
erros e desfaz os planos mais cuidadosos”.
“Um professor não educa indivíduos. Ele
educa uma espécie”.
“Os mais ardorosos defensores da ciência,
aqueles que não toleram a menor zombaria a
respeito dela, são os que menos fizeram
progressos científicos e, secretamente, estão
cientes disso”.
Georg Lichtenberg.
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RESUMO
Este trabalho tem como finalidade estabelecer uma breve abordagem histórica sobre equações
do 2º grau para que os alunos possam entender o verdadeiro sentido da existência desse
conteúdo nos dias atuais. Para embasar essa discussão, buscamos argumentos em autores
como Boyer (2003), Fragoso (2000), e entre outros estudiosos que traçam opiniões a respeito
do tema, além de documentos oficiais como os PCN (BRASIL, 1997; 1998). Ao descrever a
pesquisa, de cunho bibliográfico, buscamos destacar a importância da história no ensino da
Matemática, onde lembramos algumas civilizações e matemáticos contribuintes nas
descobertas de fórmulas e métodos práticos resolutivos. Descrevemos e desenvolvemos o
conteúdo com aplicação de fórmulas nas resoluções de questões dentro da álgebra e
analisamos a linha cronológica dos fatos, identificando diversos homens ligados ao
desenvolvimento da Matemática, que contribuíram na elaboração de uma forma prática para o
desenvolvimento de tais equações. Babilônios, egípcios e gregos utilizavam técnicas capazes
de resolver esse tipo de equação anos antes de Cristo. Ao final propomos uma sequência
didática baseado nos estudos das Equações de 2 º Grau que poderá ser utilizada no ambiente
escolar pelos docentes nas turmas de 9º ano do Ensino Fundamental, fornecendo aos
profissionais subsídios para utilizarem a História da Matemática como metodologia de ensino
nas escolas de nossa região.
Palavras chave: Equações do 2° Grau, História da Matemática, Ensino de Matemática.
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ABSTRACT
This work is intended to provide a brief historical approach on the second degree equations so
that students can understand the real meaning of existence that content today. To support this
discussion we seek arguments of authors such as Boyer (2003), Fragoso (2000), and among
other scholars who issue opinions on the subject, as well as official documents such as the
PCN (BRAZIL, 1997, 1998). In describing the research, bibliographical, we seek to highlight
the importance of history in mathematics education, where we recall some civilizations and
mathematicians who contributed to discoveries of practical problem-solving methods. We
describe and develop the content with the application of formulas in the resolutions of issues
in algebra and analyzed the timeline of events, we identified several men linked to the
development of mathematics, who have contributed in developing a practical way to
consolidate these equations. Babylonians, Egyptians and Greeks used techniques to solve this
type of equation years before Christ. At the end, we propose a didactic sequence based on the
study of second degree equations which can be used in the school environment by teachers in
classes of 9th grade in elementary school, providing professional subsidies for use of the
history of mathematics as a method of teaching in schools in our region.
Keywords: Equations of the 2nd Degree, History of Mathematics, Teaching of Mathematics.
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SUMÁRIO
1. MEMORIAL ACADÊMICO ....................................................... 11
2. INTRODUÇÃO .............................................................................. 13
2.1 Objetivos .......................................................................................... 14
3. REFERENCIAL TEÓRICO ......................................................... 16
3.1 A História no Ensino da Matemática ............................................... 18
3.2 Uma Abordagem Histórica da Equação do 2º Grau ........................ 20
3.2.1 Egito ............................................................................................. 21
3.2.2 Mesopotâmia ................................................................................ 22
3.2.3 Árabes ........................................................................................... 22
3.2.4 Grécia ........................................................................................... 23
3.2.5 Índia .............................................................................................. 24
3.2.6 China ............................................................................................. 26
4. METODOLOGIA ............................................................................ 27
5. PROPOSTA DIDÁTICA ............................................................... 28
6. CONSIDERAÇÕES FINAIS ......................................................... 35
7. REFERÊNCIAS ............................................................................. 36
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1. MEMORIAL ACADÊMICO
Escrever pela primeira vez um memorial não é uma tarefa fácil, visto que tenho vários
fatos e acontecimentos a relatar e que certamente não vou lembrá-los de todo. Dando início ao
meu texto, sou o primeiro filho de uma geração de cinco na minha família e comecei a minha
vida estudantil de forma natural, uma vez que as minhas tias são professoras e eu sempre
estive em convívio com as mesmas.
Talvez seja essa a explicação para eu não ter cursado as séries de alfabetização, pois
lembro apenas da minha primeira série, estudada na Escola Municipal Euclides da Cunha
(1985-1986) em Itaporanga. Dessa escola fugi várias vezes para casa, pois fui uma criança
muito tímida e não tinha muita afinidade com os meus coleguinhas. Só concluí a primeira
série quando estudei com uma das minhas tias, e mesmo assim ela fez com que eu repetisse a
série, pois explicou à minha mãe que eu não sabia ler e precisava aprender para dar sequência
nas séries seguintes, e assim minha mãe fez. Já na segunda série fui transferido para outra
escola municipal, desta vez para o Grupo Jacinta Chaves Paulo (1987-1988), onde repeti a
série por conta que deixava de ir a escola porque ia muito para o sítio do meu tio. Quando
pude vencer esta série fui novamente para outra escola, desta vez uma escola estadual, o
Grupo Simeão Leal (1989), onde conclui a terceira série com grande esplendor obtendo o
primeiro lugar da classe. Por esse motivo, a minha mãe juntamente com minha irmã fizeram
um grande esforço para eu estudar no Colégio Diocesano Dom João da Mata (1990-1994) que
é uma escola particular da minha cidade muito conceituada até hoje.
No ano de 1995 a 1997 fui estudar o ensino médio num colégio estadual também em
Itaporanga cujo nome é Escola Estadual de Ensino Fundamental e Médio Adalgisa Teódulo
da Fonseca. Terminado o ensino médio fiquei sem opção de estudar, porque quando eu quis ir
para outros horizontes estudantis, por exemplo, Campina Grande ou a capital João Pessoa, o
meu pai me falou a seguinte frase: “ olha filho eu sei que você gosta muito de estudar, mas eu
não posso te dar o estudo lá fora porque o que eu ganho dá apenas para sustentar a casa como
você mesmo sabe.” Entristecido, passei a pensar na minha vida a partir dali. Vendo e
acompanhado a vida profissional de minhas tias, pensei em fazer o magistério e me qualificar
para ensinar nas séries iniciais do ensino fundamental, e assim o fiz. Entrei no magistério pela
Escola Estadual de 1º e 2º Grau Francelino de Alencar Neves (1998-2000).
Na minha passagem pelo pedagógico e nas aulas de estágios deixei uma boa impressão
para as diretoras dos grupos escolares pelos quais passei e também no colégio no qual conclui
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a formação do magistério. A partir daí, passei a ajudar a minha tia Cleonice a lecionar no Sitio
Pau Brasil, município de Itaporanga, no ano de 2000, ano em que também ganhei uma
prestação de serviço para trabalhar lá com ela e a professora Maria Justino. Mas, no ano de
2003, fui transferido para lecionar na escola a qual estudei, a Escola Jacinta Chaves Paulo.
Também no ano de 2003, dei início a minha caminhada de licenciatura plena em História nas
Faculdades de Patos – FIP, e estando lá, as portas dos colégios começaram a se abrir para
mim, pois quando já estava no quarto período comecei a lecionar a disciplina História no
Colégio particular Monteiro Lobato (2005) e no Colégio Batista de Itaporanga (2006), ano de
conclusão da minha licenciatura em História.
No ano de 2007 passei a lecionar a disciplina de Matemática também no colégio
Monteiro Lobato, onde estou até hoje. No início do ano de 2008 entrei em um novo curso de
licenciatura plena desta vez pela UFPB virtual, agora sim no curso que eu realmente sempre
almejei que é Matemática, o qual estou terminando e que me levou a fazer este memorial que
me emociona ao lembrar uma vida de muito esforço e dificuldades. Nunca esqueci de que
todos esses anos de luta estudantil. Eu trabalhei na roça até o ano de 2000. Nesse meio tempo,
não deixei de lutar por meus ideais de um dia sair daquela vida de muito pesar. Em 2009 fui
convidado pela diretora do Colégio Diocesano Dom João da Mata para lecionar as disciplinas
de História e Geografia nos 8º e 9º anos do ensino fundamental II e não pensei duas vezes
deixei o Colégio Batista de Itaporanga e lá estou até hoje. Por estar em meio a educação, no
final do ano passado (2010) fiz um processo seletivo para o projeto Pro jovem campo do
governo estadual, fui selecionado e aguardo ser chamado para trabalhar por dois anos de
contrato. Também fiz um concurso público para professor de ensino fundamental I na cidade
de Pedra Branca que fica a uma distância de 14 Km de Itaporanga e também fui aprovado. Já
fui chamado e vou assinar a portaria ainda este mês (setembro). Hoje já trabalho na área da
Educação lecionando não só a disciplina de História como já fora mencionado anteriormente.
Portanto, hoje eu vejo que estudar ainda é a melhor solução para se ter um futuro melhor, pois
é como eu sempre falo aos meus alunos: o conhecimento é a única riqueza que ninguém pode
roubar de vocês, e que é através dele que podemos mudar nossa realidade e buscar novos
rumos na nossa vida profissional.
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2.INTRODUÇÃO
A matemática é uma ciência fundamental para a sobrevivência da humanidade. Esta
ciência é rodeada por uma atmosfera que a deixa como uma disciplina de difícil compreensão
e a coloca num patamar de ser um assunto considerado pela maioria das pessoas complicado e
difícil de aprender. O que é de fato necessário é compreender que, assim como outras
disciplinas, ela deve sempre ser vista por toda a sociedade como um processo de habilidades e
aprendizagem que pode contribuir para justificar especificidades inseridas em uma rede ampla
de relações e, ao mesmo tempo, influenciar e influir nas relações que os sujeitos estabelecem
com seu meio cultural.
A verdade é que estamos convencidos de que as práticas educativas diferem de escola
para escola, mesmo quando se trata de um conteúdo tido como universal, como é a
Matemática. Essas diferenças estão relacionadas ao modo como a sociedade está organizada
e, também, à peculiaridades nas histórias de vida de professores e alunos. Quando define
educação, Gallo (2008) afirma tratar-se de um processo de formação social do aluno de modo
que este possa assumir, diante da sociedade, posturas de liberdade, respeito e responsabilidade
tendo como base a reflexão sobre a própria produção do conhecimento. Aponta para a
necessidade de que a escola, quando envolvida com a formação social do aluno, garanta a
identificação do caráter político e social desse processo de construir conhecimento, ensinar e
aprender.
No âmbito da escola, muitas vezes a matemática é apresentada aos alunos sem qualquer
referência à sua história, enfatizando-se procedimentos e técnicas, em detrimento da reflexão
acerca das ideias matemáticas e da percepção de significados para os algoritmos, tornando-se
uma atividade mecânica. A História é o registro da cultura, da tradição de aprendizagem que
são encontrados nas práticas educativas (D`AMBRÓSIO, 1999). Partindo desse pensamento é
impossível discutir a educação sem considerar e buscar os registros históricos e é por isso que
não devemos deixar de lado a História da Álgebra, por exemplo, como parte da Matemática,
mas sim devemos pensá-la como parte integrante do processo educativo.
É sempre bom que o aluno no decorrer de sua vida estudantil perceba o uso da
Matemática nas diferentes situações, simples ou complexas a partir das quais possa construir e
ampliar seus conhecimentos em um processo de permanente aprendizado. Para isso faz-se
necessário que o discente busque subsídios no contexto histórico da matemática.
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O estudo da equação do 2º grau constitui uma importante da Álgebra escolar,
considerando que esta área da matemática é um campo no qual se podem observar situações
contraditórias: os alunos são capazes de operar com símbolos matemáticos e, contudo,
incapazes, às vezes, de fazer generalizações. Também percebemos dificuldades relativas à não
compreensão das técnicas algébricas, aliadas ao não entendimento dos conceitos algébricos, e
costumeiramente sempre perguntam o porquê de se estudar tal conteúdo. Essas questões
podem ser originárias de metodologias que escondem a natureza da matemática e os processos
de criação e generalização do conhecimento matemático. Portanto, foi pensando nesse
pressuposto que procuramos encontrar respostas para tais indagações.
Diante dessa situação se faz necessário uma abordagem histórica a respeito dos métodos
de resolução das equações do 2º grau para que tenhamos conhecimentos históricos do assunto
abordado e com isso o professor incorpore novos componentes para fornecer novas
metodologias a serem utilizadas em sala de aula. Em suma, este trabalho tem também a
finalidade de estruturar algumas tendências, em destaque a utilização da História como um
suporte no ensino da Matemática.
Assim gostaríamos de propor neste estudo uma proposta didática que poderá servir de
referência para docentes e instituições de ensino no uso da História da Matemática como
recurso metodológico para introdução ou continuidade do conteúdo de Equação do 2º Grau no
9º ano do Ensino Fundamental. Também pretendemos despertar a curiosidade no aluno,
motivando-os e ao mesmo tempo, apresentando a origem de alguns elementos que mostram o
contexto da matemática, descreve métodos antigos de resolução, valorizando a construção do
conceito de Equações de 2º Grau.
Portanto, como resposta para estas indagações, discorremos sobre como uma abordagem
histórica pode contribuir e trazer esclarecimentos para estas questões.
2.1 OBJETIVOS
Objetivo Geral
Analisar alguns processos históricos para resolução de Equação do 2º Grau que
podem ser utilizados como proposta didática no ambiente escolar.
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Objetivos Específicos
Apresentar uma abordagem histórica do conteúdo de equação do 2º grau;
Apresentar algumas resoluções históricas das equações do 2º grau utilizando o método
de completar quadrados e o método Árabe.
Propor uma sequência didática para sala de aula, baseado no estudo teórico do
conteúdo de equação do 2º Grau.
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2. REFERENCIAL TEÓRICO
Na atualidade, com relação à Educação Matemática, temos observado várias
investigações quanto às práticas pedagógicas que indicam a necessidade de superação da
visão fragmentada que é discutida na Matemática nas instituições escolares. A grande
dificuldade atual é como apresentar a matemática aos discentes de modo a despertar a sua
significação para vida, no intuito de formarmos cidadãos atuantes em nossa sociedade.
Os Parâmetros Curriculares Nacionais PCN (BRASIL, 1997) indicam que:
A Matemática, surgida na Antiguidade por necessidades da vida cotidiana,
converteu-se em um imenso sistema de variadas e extensas disciplinas.
Como as demais ciências, reflete as leis sociais e serve de poderoso
instrumento para o conhecimento do mundo e domínio da natureza.
(BRASIL, 1997, p. 23)
A partir de aprimoramentos das metodologias de ensino, podemos propiciar uma
formação mais ampla do aluno, observando-se os aspectos lógicos, históricos e culturais das
produções matemáticas. Neste cenário surge a História da Matemática como pressuposto
teórico e metodológico que pode ser utilizado na discussão de alguns conteúdos matemáticos,
como é o caso do conteúdo de Equação do 2º Grau.
Deste modo, apresentaremos algumas discussões históricas desenvolvidas em algumas
culturas, povos e tempos diferentes que demonstravam este conteúdo através de vários
métodos resolutivos. É interessante que os docentes conheçam, discutam e reflitam sobre
outras maneiras de se resolver conteúdos matemáticos proporcionando uma aprendizagem
significativa que permita reflexões, análises, investigações e generalizações, de forma a
desenvolver um indivíduo responsável, criativo e crítico, socialmente.
Partindo dessa ótica, é possível utilizarmos a Matemática produzida por outros povos e
em outras épocas para produzir novas matemáticas, compará-las com o produto anterior e
ampliar o arcabouço matemático já existente. Essa modalidade se traduz em armazenar,
selecionar e dispor das informações matemáticas conforme as necessidades configuradas em
vários contextos e épocas, o que decorre a produção sociocultural de cada sociedade.
Sabemos que o contexto histórico é algo a que devemos sempre recorrer numa
tentativa de responder às perguntas acerca do processo de construção dos conhecimentos que
conhecemos no presente. De acordo com Mendes (2009) a História é escrita constantemente
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não apenas porque descobrimos fatos novos, mas também porque a nossa perspectiva sobre o
que é um fato histórico muda, ou seja, sobre o que é importante do ponto de vista do processo
histórico.
Como podemos perceber a História, então, passa a ter uma função primordial na
construção da realidade matemática que nos cerca, tendo em vista que baseando nas
informações fornecidas por ela poderemos traçar os nossos objetivos e uma rede de fatos
cognitivos elaborados e praticados em diversos contextos socioculturais. As novas
proposições para o ensino de Matemática, na última etapa da Educação Básica, indicam que o
processo de aprender matemática deve ser feito de forma contextualizada e interdisciplinar
integrada e relacionada a outros conhecimentos, trazendo em si o desenvolvimento de
competências e habilidades que são essencialmente formadoras. Segundo os PCN+ (BRASIL,
2006),
As formas de organização das atividades de ensino devem contemplar
adversidade, considerando as interações sociais como essenciais na
construção coletiva. Dar atenção à diversidade significa vincular os conteúdos
selecionados para estudo aos conhecimentos prévios dos alunos, respeitando,
também, os seus centros de interesse e suas individualidades.[...] ( BRASIL,
2006, p.91)
Nesse contexto, poderemos absorver elementos que caracterizam o conhecimento
matemático, visto que as ações da humanidade sempre apresentam um agrupamento de ações
e é através deste que podemos organizar a realidade matemática. Percebemos que os alunos
sentem muitas dificuldades no ensino de matemática por que a maioria dos assuntos que eles
estudam na escola é “totalmente” diferente do que vivenciam no cotidiano, não conseguindo
criar uma relação de significados entre a escola e cotidiano. Se um assunto qualquer de
matemática está presente no cotidiano, o aluno sente interesse e esboça toda sua capacidade
mental voltada para aquele determinado assunto, porque sabe que aquilo terá uma finalidade e
poderá ser usada mais tarde. De acordo com Castrucci, Giovanni e JR (1998, p. 3)
Pode parecer, a princípio, que alguns temas da matemática não têm
aplicação imediata no mundo em que vivemos; isso pode gerar certo
desapontamento. Na verdade, a aplicação da matemática no cotidiano
ocorre como resultado do desenvolvimento e do aprofundamento de certos
conceitos nela presentes. (CASTRUCCI, GIOVANI, JUNIOR, 1998, p.3)
O que podemos notar é que na maioria das vezes, os conteúdos aplicados na sala de aula
não fazem relação como o cotidiano e que por normalidade os alunos questionam a
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importância do mesmo nas suas vidas. Partindo desse pressuposto devemos sempre lembrar
que o homem sempre buscou aprimorar seus instrumentos e melhorar sua vida com o esforço
e tempo envolvendo-se com evolução da matemática, que lhe custou erros e tentativas até que
um resultado fosse construído e hoje tenhamos determinadas fórmulas prontas para solucionar
situações problemas. E essa capacidade de aprimorar os meios de sobrevivência o homem
adquirida com experiências de seu meio social, e do que aprende em outras áreas, ou na
própria Matemática, tem servido como âncora para que ela construa o conhecimento
matemático. Mafra e Mendes (2002) enfatizam que a história é primordial nos processos
cognitivos das crianças nos anos iniciais do ensino fundamental, pois é de suma importância
para desenvolver o raciocínio a partir da resolução de problemas e da prática investigativa.
Portanto, quando usamos problemas históricos para desenvolver conteúdos matemáticos
estamos mexendo e motivando as reflexões e análise acerca dos pensamentos utilizados pelos
estudiosos, ao longo da história e ao mesmo tempo motivando os alunos a uma ação cognitiva
da busca de solução do problema proposto em sala.
O uso de contextos variados faz com que possamos aproximar o significado de um
procedimento matemático normalmente já realizado pelo aluno. Desta forma, a
contextualização serve de paralelo para que o aluno compreenda a Matemática. A articulação
entre os campos da Matemática tem sido muito utilizada com este fim.
3.1 A História no Ensino da Matemática
O conhecimento da construção da Matemática como ciência tem sido elaborado ao longo
dos tempos. Aspectos sociais, políticos, religiosos e da própria sobrevivência humana devem
ser levados em consideração quando nos remetemos a História da Matemática. Usar fatos
históricos como um recurso didático deve ser incorporado às práticas de ensino desta ciência
no ambiente escolar.
Alguns estudos de Mendes (2009) indicaram que muitas das dificuldades em conteúdos
matemáticos foram também dificuldades historicamente construídas no âmbito científico,
constituindo-se obstáculos de cunho epistemológicos, didáticos e internos à própria ciência. A
evolução do conhecimento tem revelado muitas semelhanças com as que são vividas pelos
alunos na aprendizagem de diversos conteúdos matemáticos. Um exemplo disso ocorreu com
o conteúdo da Regra de Sinais dos Números Inteiros, que mesmo já sendo percebido por
povos antes de Cristo, só teve seu reconhecimento científico em 1867, fim do século XVIII
com a teoria dos Conjuntos demonstrada por Hermann Hankel (CYRINO; TRINDADE,
2009).
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A História da Matemática também pode auxiliar os alunos a entenderem essa ciência e a
responderem inúmeros por quês dos estudantes, ao contribuir, igualmente, para desmistificar
a ideia de que a Matemática é uma ciência estanque, acabada e, acima de tudo, inatingível
para a um aluno do Ensino Fundamental. Apresentar a Matemática construída por diferentes
povos, em diferentes épocas, motiva os discentes a entenderem os conceitos, procedimentos e
sistemas matemáticos.
Na realidade, não é comum encontrarmos a História dos conteúdos e da Matemática
nos livros didáticos nos quais os professores e estudantes do Ensino Fundamental ou Médio
do sistema educacional brasileiro, embora sejam notadas algumas vezes certas informações
históricas que em sua maioria não servem para a aquisição e construção do conhecimento
matemático pelo aprendiz. Podemos ver a História da Matemática como um bom argumento
para responder vários questionamentos do cotidiano escolar com relação a conteúdos
relacionados à álgebra, podendo assim os alunos relacionar o elemento histórico aos símbolos
matemáticos pertinentes nas situações problema nas aulas de Matemática. Por meio do
conhecimento histórico, Mendes (2009) enfatiza que:
[...] o aluno é capaz de pensar e compreender as leis matemáticas a partir de
certas propriedades e artifícios usados hoje e que foram difíceis de descobrir
em períodos anteriores ao que vivemos. Ele deve participar da construção
do próprio conhecimento de formar mais ativa e crítica possível,
relacionando cada saber construído com as necessidades históricas e sociais
nele existentes. (MENDES, 2009, p.57)
É salutar discutir os métodos a as maneiras de como a História poderá ser usada como
um referencial construtivo de noções matemáticas pelos alunos, durante as suas atividades
escolares. É notável que as sociedades ao longo de gerações venham adquirindo mais e mais
conhecimentos através de algumas dimensões características desse processo evolutivo. Essa
habilidade de aquisição e transformação do saber-fazer vem quando:
O conhecimento implica fazer, da mesma forma que fazer significa
conhecimento. [ ] Há uma circularidade cognitiva, sem lugar para um
sujeito distante do objeto, mas o conhecimento se realiza enquanto história
daquele que conhece. E essa história é tanto biológica quanto social
(ABREU JÚNIOR, 1996, P. 90).
Tendo em vista esse pensamento é bem provável que a compreensão e a explicação do
mundo venham da capacidade que o ser humano tem de assimilar as transformações nas quais
está inserido. Talvez seja importante e necessário que as escolas iniciem desde já, mesmo
20
com certo atraso, o desenvolvimento de uma prática docente voltada para o uso de atividades
matemáticas que tenham a essência de aspectos históricos de cada conteúdo que venha a ser
mencionado em sala de aula. Para tanto, se faz necessário uma busca aproximada do aspecto
sociocultural da Matemática, primordialmente com relação ao transdisciplinar entranhado por
sua historicidade. Segundo Mendes (2009) é sempre importante, entretanto, que o professor
dê importância e busque sempre interagir os conceitos históricos às suas necessidades,
visando com este argumento nas aulas com a finalidade de salientar que a utilização desse
processo didático pressupõe a valorização do saber e do fazer históricos na ação cognitiva dos
estudantes. E que o estabelecimento de um diálogo entre os aspectos cotidiano, escolar e
científico da Matemática por meio da investigação histórica deve ser priorizado nas atividades
de ensino-aprendizagem, tendo em vista que o mesmo constitui a base para o uso da história
em sala de aula.
O ensino-aprendizagem da Matemática encontra muitos obstáculos no cotidiano visto que,
o desinteresse por parte dos alunos com relação ao modo como a Matemática é passada em
sala de aula não satisfaz a vontade da maioria que está envolvida no processo. Outro ponto
que sempre é pertinente é a não resposta dos porquês matemáticos que estão ligados aos
tópicos abordados em sala, pois a maioria das justificativas apresentadas não conseguem
perceber nenhuma relação com o cotidiano e não são convencidos para que tais conteúdos vão
servir de útil na vida profissional ou pessoal. Portanto, junto a esse obstáculo de conceitos não
formulados ou mal interpretados, se faz necessário o uso da História para a solução dos
porquês dos alunos no cotidiano escolar.
3.2 Uma Abordagem Histórica da Equação do 2º Grau
A Matemática foi construída ao longo da história como instrumento para resolver
problemas e, simultaneamente, foi sendo organizada em um corpo de saberes estruturado com
apoio no método lógico-dedutivo. Por isso, é preciso assegurar que os conceitos e
procedimentos matemáticos estudados na escola estejam em sintonia com o conhecimento
aceito como válido pela Matemática. Pois a Matemática pode ser entendida como uma fonte
de modelos para interpretar os fenômenos naturais e sociais. Esses modelos são elaborações
abstratas que se constituem em instrumentos para a compreensão desses fenômenos e para a
resolução de questões surgidas quando os estudamos. Um dos grandes méritos dos modelos
matemáticos é o de poderem ser aplicados a muitas situações aparentemente diferentes, mas
21
que são estudadas com base em um mesmo modelo. Hoje o que podemos verificar no ensino
aprendizagem é uma metodologia tradicional e nesse caso, a ênfase está na aprendizagem por
aplicação do conhecimento transmitido, em que se busca dirigir o aluno bem rapidamente a
uma conclusão. A Matemática aí é vista como uma ciência estanque, acabada, sendo que no
processo aprendizagem do aluno é, muitas vezes, levado a acreditar que não é capaz de
construir um raciocínio matemático sem repetir procedimentos convencionais. Também pode
pensar que só é válido o tipo de Matemática que se encontra no livro, ou que é exposto pelo
professor e isso termina por tolher a sua coragem de pensar livremente.
Diante desse contexto é importante que se instruam os alunos a realizar atividades
complementares de maneira que possam explorar as ideias matemáticas antes de ter os
procedimentos convencionais e os conceitos matemáticos formalizados. Vale ressaltar que
essas atividades precisam ser valorizadas, permitindo que os alunos, ao resolvê-las, cheguem
às ideias matemáticas, desenvolvam estratégias próprias e participem da construção do seu
próprio conhecimento, pois é diante de atividades como estas citadas que os alunos muitas das
vezes questionam o porquê de se estudar determinado conteúdo e sua curiosidade nunca é
satisfeita. Daí a necessidade, neste trabalho de conclusão de curso, em perseguir o desenrolar
da resolução da equação do 2º grau, em um contexto histórico.
3.2.1 Egito
Os problemas egípcios eram descritos de modo aritmético. Normalmente não eram
relacionados a objetos concretos, específicos, como pães e cerveja, nem exigam operações
entre números conhecidos. Para tal situação pedem o que equivale à solução de equações
lineares, da forma x + ax = b ou ax + bx = c, onde as letras a, b e c são conhecida se x é
desconhecido e é chamado de “aha”. O que se sabe é que as situações problemas criadas
pelos egípcios eram de evidência para jovens estudantes, embora em sua maioria estas
situações problemas fossem de natureza prática, uma vez que as atividades agrícolas exigiam
boas técnicas e cálculos matemáticos.
No contexto histórico pouco se sabe sobre a afinidade dos egípcios para com as
equações do 2º, embora se tenha um breve conhecimento de que eles resolviam a equação
escrita x2 + y
2 = k, k um número positivo, pelo método da falsa posição, e esta não era
desenvolvida com os métodos que conhecemos hoje, pois resolviam no nível de equação do 1º
grau (pelo método da falsa posição).
22
3.2.2 Mesopotâmia
A resolução babilônica de uma equação quadrática da forma ax2 + bx = c à forma
normal y2 + by = ac pela substituição y = ax mostra o grau extraordinário de flexibilidade da
álgebra mesopotâmia. Também já manipulavam bem equações, pois usavam as palavras como
incógnitas, num sentido abstrato.
Os povos da Mesopotâmia conheciam bem o processo de fatoração. A solução de
equações quadráticas e também cúbicas na Mesopotâmia é um fato notável, admirável, não
tanto pelo alto nível de habilidade técnica quanto pela maturidade e flexibilidade dos
conceitos algébricos envolvidos. Portanto, os estudos da álgebra babilônica atingiram um tal
nível de abstração em que as equações ax4 + bx
2 = c e ax
8 + bx
4 = c já eram reconhecidas
como sendo apenas equações quadráticas disfarçadas, isto é, quadráticas em x2
e x4. Seus
cálculos eram realizados como uma receita matemática, isto é, as raízes das suas equações
eram sempre valores positivos. Uma coisa é certa: os conhecimentos babilônicos foram
influenciados bem de perto pelos egípcios. Segundo Fragoso (2000, p. 20-21) os
mesopotâmicos enunciavam a equação e sua resolução em palavras, mais ou menos do
seguinte modo:
Qual é o lado de um quadrado em que a área menos o lado dá 870?(o que hoje
se escreve: x2 – x = 870). E a “receita” era: Tome a medida de 1 (coeficiente
de x) e multiplique por ela mesma, (0,5 x 0,5 = 0,25). Some o resultado a 870
(termo independente). (obtém-se um quadrado (870,25 = 29,52) cujo lado
somado à metade de 1 vai dar (30) o lado do quadrado procurado.
3.2.3 Árabes
Os árabes não se interessavam de forma intelectual para criação novos métodos, mas
se tornaram verdadeiros reprodutores do conhecimento grego. A Casa da Sabedoria como
era conhecido o local onde os sábios árabes se reuniam para discutirem todo o conhecimento
existente na época contribuiu muito para o desenvolvimento da matemática. Nomes como os
de Harum al-Rachid, al Mansur e al-Mamum foram grandes matemáticos árabes de sua época.
Segundo Fragoso (2000, p.22-23) a cidade de Alexandria foi cenário dos grandes matemáticos
como Al-Khowarizmi, conhecido como o pai da álgebra e cujo nome tornou-se familiar na
Europa Ocidental.
Al-Khowarizmi apresentou no século IX a resolução de equação do 2º grau, usando
elementos da geometria conhecido como método de completar quadrados. Neste método
23
também eram consideradas apenas as raízes positivas. Vejamos um exemplo do método
apresentado nos estudos de Mendes (2009, p. 22):
Traçam-se primeiramente um quadrado de lado x e quatro retângulos de lados
2,5 e x unidades. Em seguida, acrescentam-se quatro quadrados de lado 2,5
unidade, obtendo-se dessa forma um quadrado de lado ( 2,5 + 2,5 + x). Se
esse quadrado tem área de 64 unidades quadradas ache o valor de x e uma
possível equação para essa representação:
Assim chegávamos a equação x² + 10x = 39 cuja solução de sua incógnita x seria 3.
3.2.4 Grécia
O pensamento eurocêntrico desprezava os conhecimentos fora da Europa, isto é,
desconheciam a origem das equações no Egito e na Mesopotâmia, e davam credibilidade aos
feitos e assimilação aos gregos, que se interessaram pelas técnicas e reconheceram a utilidade
da Geometria.
Costumamos usar a frase “matemática grega” como se indicasse um corpo de doutrina
homogênea sofisticada do tipo Arquimedes – Apolônio. Na verdade, esta frase era muito
usada na ciência grega, mas não tinha uma uniformidade, pois uma vez por outra se
encontrava no pensamento pré-helênico. De acordo com Fragoso (2000, p. 23), o matemático
grego Diofante de Alexandria foi considerado o pai da álgebra, embora tal designação não
deve ser tomada literalmente. Dele veio à obra Arithmetica, que se tratava de treze livros e
destes só os seis primeiros foram preservados. A diferença principal entre a sincopação de
Diofante e a notação algébrica moderna está na falta de símbolos que especifique as
operações e relações, assim como a de notação exponencial.
Nos problemas Diofantinos verificou-se o uso de generalizações de métodos, embora
nem sempre se buscava todas as soluções possíveis. Nas situações problema este matemático
24
usava vários números desconhecidos e, quando possível, em termos de um apenas. Vejamos
uma demonstração do método de Diofante apresentada por Fragoso (2000, p.24):
Vamos chamar dois números tais que sua soma seja 20 e a soma dos
quadrados 208. De início os números são designados por x e y, mas como 10
+ x e 10 – x (em termos de nossa notação). Assim temos: (10 + x)2 + (10 –
x)2= 208, logo x = 2; portanto, os números procurados são 8 e 12. Diofante
buscou novos conhecimentos como, por exemplo: ele buscou retratar o
problema análogo em que a soma dos dois números e a soma dos cubos são
dadas como sendo 10 e 370.
3.2.5 Índia
A Índia assim como as demais civilizações da antiguidade sempre buscou amenizar os
seus problemas do cotidiano através das soluções encontradas na Matemática. Para isso,
produziu muita ciência em boa parte da Idade Média. Um dos seus ilustres matemáticos foi o
Bhaskara, que desenvolveu um método de resolução de equação de 2º grau apresentando
solução para problemas financeiros e comerciais. Assim foi desenvolvido o método que é
usado até os dias de hoje.
Outro hindu que também contribuiu com a Álgebra foi Brahmagupta. Este matemático
desenvolveu o método para equações quadráticas, considerando duas raízes pertencentes aos
Números Inteiros. Certamente este matemático foi um dos primeiros a usar os números
negativos e o zero dentro de uma aritmética sistematizada.
Os gregos dominavam os teoremas geométricos como, por exemplo, (a – b)(c – b) = ac
+ bd – bc, mas os hindus foram os responsáveis pelas convenção das regras numéricas sobre
os números negativos e positivos.
Em uma obra, Brahmagupta apresenta uma discussão sobre o zero, afirmando que 0 ÷
0 = 0, e no tocante a questão de a ÷ 0 para a ≠ 0 ele não se comprometeu. Os povos hindus,
diferentemente dos gregos, consideraram as raízes irracionais dos resultados como números. E
isso foi de suma importância para o desenvolvimento da Álgebra. A contribuição hindu nesse
caso foi de pura inocência lógica mais do que de uma visão matemática, como também se
verifica essa ocorrência em outras descobertas matemáticas.
Podemos identificar também nos resultados exatos e inexatos das soluções dos hindus
a ausência de distinção cuidadosa o que era natural que os mesmos não levassem a sério a
diferença entre grandezas comensuráveis e incomensuráveis. Estes não sentiam dificuldades
de aceitar números irracionais, e as demais gerações que se seguiram também aceitaram sem
25
análise crítica, sendo que quando foi no século dezenove estabeleceram o sistema dos
números reais sobre base sólida. Segundo Boyer (2003):
A matemática indiana era, como dissemos, uma mistura de bom e ruim. Mas
parte do bom era magnificamente bom, e aqui Brahmagupta merece grande
louvor. A álgebra hindu é especialmente notável em seu desenvolvimento da
análise indeterminada, à qual Brahmagupta fez várias contribuições. Por
exemplo em sua obra achamos uma regra para a formação de tríadas
pitagóricas expressas na forma m, 1/2 (m2/n – n), 1/2 (m
2/n + n); mas isso é
apenas uma forma modificada da antiga regra babilônica, que ele pode ter
conhecido. A fórmula de Brahmagupta para a área do quadrilátero,
mencionada acima, foi usada por ele em conjunção com as fórmulas
e para as diagonais, para achar
quadrados cujos lados, diagonais, e áreas sejam todos racionais, entre esses
estava o quadrilátero de lados a = 52, b = 25, c = 39, d = 60, e diagonais 63 e
56. Brahmagupta deu a área “bruta” como sendo 1933 ¾, apesar de sua
fórmula fornecer a área exata, 1764, nesse caso. (BOYER, 2003, p.125).
Um exemplo de problema financeiro apresentado e resolvido por Bhaskara no século
XII segue:
Um capital de 100 foi emprestado a uma certa taxa de juro ao ano. Após 1
ano, o capital foi retirado e o juro obtido fio aplicado durante mais 1 ano. Se
o juro total foi de 75, qual foi a taxa ao ano:
Sendo essa taxa x%, tem-se que o juro no 1º ano será de x e no 2º ano será
de x .x/100 = 75 ou x2 + 100x – 7500 = 0
E a solução era enunciada também em palavras, o que seria, na linguagem
atual, algo como:
Eleve a metade do capital (coeficiente de x) ao quadrado, acrescente o
resultado ao produto dos juros totais (termo independente) pelo capital,
extraía a raiz quadrada e diminua a metade do capital, o que leva à solução
procurada.
(x = ). (FRAGOSO, 2000, p.21-22)
Foi o matemático hindu Bhaskara que chamou à Álgebra a arte dos raciocínios
perfeitos. Ele caracterizou-se por ser um dos últimos grandes pensadores hindus até aos
tempos modernos, pois até os nossos dias usamos a formula ax2 + bx = c que este assim
resumiu. Esta era multiplicada ambos os seus lados por (4a), chegando-se a: 4a2 x
2 + 4abx =
4ac. Uma vez alcançado este resultado, eram somados em ambos os lados a quantia de (b²) ,
obtendo-se 4a2x
2 + 4abx + b
2 = b
2 + 4ac. Reduzia-se ao quadrado(2ax + b)
2 = b
2 + 4ac e
extraia-se a raiz quadrada, chegando a 2ax + b = acb 42 Assim chegávamos
X = a
acbb
2
42
505010075502 x
26
3.2.6 China
A civilização chinesa, historicamente, é uma das mais antigas. Alguns estudos desta
civilização comprovam a relação da geometria com exercícios de aritmética ou álgebra. Na
obra Precioso espelho do chinês, Chu Shih-chieh, (1303) verificamos um método para
resolução da equação do 2º grau. Este método baseava-se em aproximações sucessivas, que de
forma retórica, alcançava uma única raiz positiva.
Vejamos um exemplo, segundo Fragoso (2000, p. 23).
Seja a equação x2 252 – 5292 = 0. Inicialmente partia de uma solução
aproximada entre 19 e 20 (por excesso ou por falta), no nosso caso
escolhemos por falta x = 19. Em seguida, transformava y = x – 19, para obter
a equação y2 + 290y = 143. Identificando y
2 com y, obtinha-se uma solução
aproximada para essa equação: y = 19 + 143/291 = 19,49.
A ideia era repetir o processo a partir desse novo resultado até chegar a um
número que não mais se modificasse. No caso, fazendo z = x – 19,49 obtinha-
se a equação em: z2 + 290,98z = 0,66 e daí chegávamos ao valor encontrado
no passo anterior a raiz são 19,49226.
Este método muitas vezes deixa os estudantes confusos na hora de resolver equações
de 2º Grau. Pois a técnica de aproximação sucessiva só é utilizada em nível de 3º Grau, nas
ciências exatas sendo discutidas apenas no ambiente universitário.
27
4. METODOLOGIA
A pesquisa científica é a realização de um estudo planejado e metódico de abordagem a
partir de um problema de investigação. Sua finalidade é descobrir respostas para questões
mediante a aplicação do método científico.
Com este objetivo nos propomos a realizar uma pesquisa de cunho qualitativo que
segundo Gil (1994) caracteriza-se por explicar em profundidade o significado e as
características do resultado do estudo em questão.
Quanto ao tipo de pesquisa segundo seus objetivos caracterizamos como sendo um
estudo bibliográfico com intuito de analisar documentos de domínio científico como livros,
enciclopédia, periódicos, ensaios críticos, dicionários e artigos. (GIL, 1994). A nossa consulta
incluiu artigos, periódicos, revistas, livros e, principalmente, o material disponibilizado na
internet devido ao fácil acesso a publicações de órgãos envolvidos com o sistema educacional
brasileiro.
Deste modo elegemos o município de Itaporanga, Paraíba para realizarmos esta
investigação considerando os seus aspectos educacionais e profissionais dos alunos e
professores, respectivamente. Tendo em vista que existem poucos estudos em nosso
município com relação à Álgebra e menos ainda quanto ao uso da História da Matemática
como metodologia de ensino.
Sabemos que existem vários estudos nesta área a nível nacional aplicados para facilitar
o entendimento da álgebra, principalmente para alunos do Ensino Fundamental e Ensino
Médio. Achamos conveniente que o professor mostre e justifique para os alunos do Ensino
Fundamental, o surgimento da fórmula e outros enfoques sobre a resolução de equações de 2º
grau.
Muitas vezes os alunos ficam esperando por estes esclarecimentos, mas as aulas se
sucedem e suas curiosidades nem sempre são satisfeitas. Segundo Silva (2001), não devemos
ignorar as contribuições dadas por homens e mulheres à Matemática, ao longo da história nem
tão pouco suas dificuldades. Dessa forma, levando em conta esse fato, o ensino da matemática
poderá acontecer de maneira mais eficiente e prazerosa para o aluno. Ao recorrermos à
história, somos capazes de entender melhor as dificuldades vividas pelo aluno diante de cada
novo conceito, com a vantagem de que, em se tratando de Matemática, o novo sempre vem
esclarecer, completar ou transformar conhecimentos antigos, o que estabelece um elo entre o
presente e o passado; elo este que não pode ser composto apenas por um mundo de números,
figuras e símbolos, mas também por homens que constroem essa ciência exata e fascinante.
28
Por isso fomos levados a construir esse estudo, com a finalidade de despertar novos rumos
para o conteúdo Equações do 2º grau e para tentar justificar o porquê desse estudo em nosso
cotidiano.
5. PROPOSTA DIDÁTICA
Hoje observamos muitos livros didáticos falando sobre a História da Matemática quase
sempre no início de alguns capítulos ou textos introdutórios. Nos currículos de cursos de
formação de professores, quer seja inicial ou continuado, também temos percebido um
movimento mais intenso neste sentido. Infelizmente, a utilização da História da Matemática
como recurso didático ainda é pouco significativo em nossas instituições escolares o que
indica que necessitamos de mais pesquisa, mais discussão para incentivar o uso desta
metodologia como possibilidade de construção de uma aprendizagem significativa, mais
próxima da realidade de nossos discentes.
Em nossa região constatamos diariamente que o ensino da Matemática ainda permanece
centrado na mecanização e na memorização de fórmulas, bem como na utilização de modelos
tipo “receita de bolo” para resolver problemas muitas vezes descontextualizados da realidade
do aluno.
Segundo Mendes (2009) existe muita resistência por parte dos docentes em aplicar a
História da Matemática como recurso metodológico. Por exemplo temos docentes que não
fazem o uso da história contextualiza nos livros pois preferem irem direto a fórmula já pronta
deixando assim a aula mecanizada, outro não usam o contexto histórico por achar que vão
perder tempo com a leitura e discussão. Dentre eles estão: o despreparo dos professores essa
discussão em sua formação; a falta de tempo para elaborar, testar e avaliar atividades que
utilizem a história da matemática para construção de conceitos; a ineficácia dos dados
históricos inserido em livros didáticos que muitas vezes só apresentam datas e nomes, sem
qualquer indicação ao professor como a história poderia ser utilizada no ambiente escolar; a
grande quantidade de dados históricos incorretos presentes nos livros didáticos, internet; o uso
da história como apenas ilustração de conteúdos; a inexistência de propostas didáticas usando
a história da matemática como recurso pedagógico para ensino de conteúdos desta ciência. O
autor alerta para que a História, dessa forma, não se torne um obstáculo para a compreensão
da Matemática.
A História da Matemática na sala de aula pode possibilitar a correta visão de como se
deu a construção da matemática, muitas vezes mostrada ao aluno de forma linear quando
29
apresentamos inicialmente o conjunto dos Números Naturais, depois os Números Inteiros, em
seguida os Números Racionais e assim por diante. O fato de que muitas vezes construímos
uma visão distorcida da antiguidade pode impossibilitar uma contextualização eficaz da
Matemática.
Por outro lado, percebemos que existem argumentos favoráveis ao uso da História da
Matemática em sala de aula como elemento motivador dos alunos; possibilidade de
percebermos a matemática como uma construção humana; Os professores podem identificar
algumas dificuldades de cunho didático ou epistemológico que surgem em sala de aula hoje e
que apareceram no passado; comparar suas estratégias com aquelas originais, levando,
inclusive os alunos a perceber as vantagens nos símbolos e processos Matemáticos dos dias de
hoje.
Outro argumento de se utilizar a história em sala de aula, é o de que esta é vista como
instrumento de compreensão, significação e resolução de problemas, uma vez que pode
promover a busca de elementos esclarecedores das teorias e conceitos matemáticos a serem
estudados.
A ideia de Rêgo (2009) sobre o uso da história da matemática em sala de aula, é a de
que o aspecto histórico aliado à atividade de ensino e a aprendizagem reforçam um caráter
construtivo e favorável à compreensão dos conteúdos matemáticos, fazendo com que os
alunos entendam o caráter investigativo, a construção, a organização e os procedimentos ao
longo do seu percurso histórico. Partindo deste entendimento nos propomos a elaborar,
baseado nos estudos que fizemos uma proposta didática que poderá ser utilizada em sala de
aula.
Título: A FÓRMULA DE BHASKARA E OS MÉTODOS DE RESOLUÇÃO DE UMA
EQUAÇÃO DO 2º GRAU.
Objetivos:
Motivar historicamente o ensino de equações do 2º grau.
Refletir sobre as propriedades algébricas e compreender o método de Bhaskara
(fatoração) de resolver equação do 2º grau.
Realizar construções algébricas para a formalização do conceito de reflexão de
equações do 2º grau.
Conteúdo: O método hindu (Bhaskara) e a dedução da fórmula de Bhaskara
Ano: a partir do 9º ano do Ensino Fundamental
Tempo estimado: 04 aulas
30
Material necessário: lápis, caneta, borracha, lousa, pincel, apagador e folha.
Flexibilidade: Para trabalhar com alunos com dificuldades de entendimento da resolução das
equações do 2º grau. Esta atividade pode ser trabalhada em grupos.
Desenvolvimento:
Fazer uma passagem histórica seguida de uma sequência de resolução das equações do 2º
grau, conforme abordamos no referencial teórico quando dissertamos sobre as civilizações,
seus modos de construções algébricas, tempos e necessidades.
1ª Etapa:
A Matemática na História
Na Índia antiga, havia um passatempo extremamente curioso entre os matemáticos, que era a
resolução de quebra-cabeças. As soluções apareciam em meio a competições públicas, em que
os competidores hindus “bolavam” problemas matemáticos para que outros os resolvessem.
Muitos desses problemas atravessavam gerações sem que soluções fossem encontradas.
Existia, além disso, uma preocupação em apresenta-los numa linguagem às vezes poética.
Versos e problemas matemáticos jorravam nesses concursos populares. Eis um exemplo:
Alegravam-se os macacos
Divididos em dois bandos:
Sua oitava parte ao quadrado
No bosque brincava.
Com alegres gritos, doze
Gritando no campo estão.
Sabes quantos macacos há
Na manada no total?
A resolução desse problema hindu recai sobre uma equação do 2º grau numa incógnita. Muito
tempo se passou para que os matemáticos descobrissem uma fórmula para a resolução de
equações do 2º grau. Bhaskara Akaria, matemático hindu nascido em 1114, ficou famoso pela
descoberta de uma fórmula que resolvia uma equação do 2º grau.
Discutir coletivamente o significado dos conceitos que envolvem a Equação 2º Grau.
Para isso usar a parte histórica da evolução das equações, principalmente o método mais
conhecido por eles. Ressaltado a facilidade do mesmo na resolução dessas equações chegando
a demonstração da fórmula de Bhaskara bem como de fatoração e o mental-soma e produto
das raízes. Iniciar a aula com um contexto histórico das contribuições hindus para a
Matemática, usamos o hindu Bhaskara que é considerado o mais importante matemático de
31
sua época. Ele explorou numerosos problemas sobre os tópicos favoritos dos hindus-medidas,
radicais triângulos, retângulos e equações do 1º e 2º graus. A ideia de Bhaskara é bastante
simples: isolar o quadrado perfeito. Vejamos na próxima etapa.
2ª Etapa:
Como sabemos as ideias de equações comeram a surgir diante das situações problemas do
cotidiano e assim como a álgebra a geometria também faz parte da História da Matemática, e
para isso os matemáticos da antiguidade usam apenas números positivo e não negativos e nem
nulos, sendo assim, qual seria a medida de um quadrado que tem o perímetro numericamente
igual à área?
x
x
Área: x2
Perímetro: 4x
Posicionando a sentença temos:
( ) √( )
Como (medida de lado), a solução é x = 4.
Aplicar o exemplo abaixo de forma que os alunos tenham já um conhecimento prévio.
Logo temos:
32
RESOLUÇÃO:
Para fazer aparecer um trinômio quadrado perfeito no primeiro membro da equação,
vamos somar 9 aos dois membros. . Note que
precisamos um quadrado perfeito em ambos lados, então como já temos o número dezesseis
no segundo membro da equação, logo devemos somar o número nove para este se torne outro
quadrado perfeito, chegando assim a ser vinte cinco. Em seguida resolvemos o quadrado
perfeito do primeiro membro e aplicaremos à operação inversa a potenciação que é a
radiciação para solucionar a equação em destaque.
Agora ficou fácil:
Resposta.:
Para finalizar devemos explicar aos alunos que a solução das equações do 2º grau apresentada
está no conjunto dos números reais. Mas na antiguidade os matemáticos só usavam os
números positivos que serviam para representar medidas geométricas.
3ª Etapa: Dedução da fórmula de Bhaskara:
Consideremos a equação sendo esta considerada completa com coeficientes
a, b e c., pois podemos obter também equações do 2º grau incompletas do tipo:
. Assim podemos notar que nas equações do 2º grau pode faltar o
coeficiente b e o c, mas jamais faltará o coeficiente a. Pois na equação do 2º grau
Explicar todo o procedimento utilizado por Bhaskara:
Vamos multiplicar todos os termos da equação por ( 4 a).
Vamos transportar o termo independente, 4ac, para o 2º membro.
Vamos adicionar b2 a ambos os membros
( ) ( )
Resulta:
33
Chamamos b2 – 4ac = ∆ ( discriminante) – que é o radicando da fórmula de Bhaskara, que é
representado pela letra grega delta. E vale ressaltar que quando ∆ ( teremos duas raízes
reais e distintas); quando ( teremos as duas raízes reais e iguais) e quando ∆ ( não
teremos nenhuma raiz real).
√ √ √
Diante desta demonstração realizada com os devidos esclarecimentos do docente, com
certeza fica mais fácil a compreensão por parte do aluno, pois eles irão entender de onde
origina a fórmula que muitas vezes é apresentada pronta e acabada. Conhecendo-se a história
das Equações de 2º Grau e Bhaskara, e vendo o processo descrito por ele, os alunos poderão
ser motivados a estudar matemática com maior prazer, despertando a curiosidade por este
conteúdo em particular.
4ª Etapa: Resolvendo Equações de Forma Mental
Nesta etapa podemos mostrar ao aluno que é possível estabelecer relações entre as raízes de
uma equação do 2º grau e seus coeficientes numéricos. Como consequência, podem-se obter a
soma e o produto das raízes sem determina-las. No diagrama abaixo, a seta 1 indica que, a
partir da equação do 2º grau, utilizando-se a fórmula de Bhaskara, obtêm-se as raízes da
equação:
(1)
(2)
A seta 2 indica que, conhecendo-se as raízes de uma equação do 2º grau, pode ser obtida uma
equação que as admite. Isso vai ser possível pelo teorema da decomposição, assunto que
podemos abordar em outra proposta didática.
Para implementar uma discussão sobre as relações entre os coeficientes e as raízes de
uma equação do 2º grau os estudantes poderão desenvolver o seguinte cálculo mental:
Forma SP da equação do 2º grau
Sendo x1 e x2 raízes da equação
e
Note que:
A soma S dessas raízes é:
O produto P dessas raízes é:
* +
34
Observando que a partir desses resultados, podemos resolver a equação do 2º grau,
mostrando a propriedade citada.
Por exemplo: Ache, mentalmente, as raízes da equação dividindo por a
temos:
Outro exemplo, agora utilizando números: Ache, mentalmente, as raízes da equação
Temos que a soma das raízes é 6 e o produto é 8. Para isto se faz necessário buscarmos
realizar várias tentativas, e para isso devemos escolher números que multiplicados sejam igual
a oito e que estes mesmos números somados sejam igual a seis. Assim sendo temos:
1ª tentativa (1) .(8) = 8 mas (1 + 8) = 9
2ª tentativa (-1) . (-8) = 8porém -1 – 8 = -9
3ª tentativa (2) . (4) = 8 como 2 + 4 = 6, acabamos de descobrir as raízes da equação acima.
Vale lembrar aos alunos de que se as raízes não forem oriundas de números inteiros, é
praticamente impossível descobri-las por tentativa.
Avaliação da Proposta Didática:
A avaliação da proposta didática poderá ser feita pedindo que os alunos elaborem
pequenos textos descrevendo a história das Equações do 2º Grau. O professor também pode
propor que os alunos verbalizem os fatos que mais gostaram, que menos gostaram, que se
posicionassem no lugar dos matemáticos antigos propondo outras situações interessantes,
dentre outras atividades que poderão ser exploradas a partir dos estudos históricos. A reflexão
sobre o estudado e o discutido é a primeira proposta avaliativa. Podemos avaliar também os
alunos em formação de grupos, seus procedimentos e suas atitudes diante do conteúdo
exposto.
35
6. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Percebemos que hoje nas escolas, o ensino da Matemática está voltado para regras, isto é,
os assuntos abordados pela disciplina em sala de aula são desenvolvidos em sua maioria de
forma mecânica. Muitos dos conteúdos matemáticos que os alunos “aprendem” se apresentam
em ordem, mas o aprendizado não ocorre organizadamente, o educando nem sempre entende
tudo sincronizado. Às vezes ele vai em frente depois retorna para retirar dúvidas que ficaram
no passado.
Através deste trabalho, enriquecemos em muito nossos conhecimentos sobre o conteúdo
equação do 2º grau e tivemos oportunidade de conhecer sua história, contada de diferentes
maneiras, o seu desenvolvimento e métodos de resolução por diferentes matemáticos.
Observamos que é possível buscar na História da Matemática, um suporte para estudar
matemática e, em particular, a equação quadrática, focalizando o aspecto geométrico e
algébrico, analisando a evolução histórica e a contribuição de cada povo em diferentes épocas.
Ao sair do método tradicional, abrimos novos caminhos buscando alcançar os objetivos
para a melhorar as condições de ensino. Daí conclui-se que: ensinar não é só expor conteúdos,
e sim procurar a melhor maneira de fazer o aluno absorver o conteúdo de maneira satisfatória,
gostando daquilo que faz, não como obrigação, mas com o prazer de adquirir os
conhecimentos que amanhã lhe ajudem a ser um profissional competente.
Portanto, almejamos desmistificar os conteúdos algébricos relativos às Equações do 2º
Grau, desenvolvendo assim a perspicácia e o conhecimento do aluno sobre várias vertentes de
nosso tema e desejando que, em futuros trabalhos, possamos ampliar esse saber matemático
para que nós mesmos e outros pesquisadores também possam se beneficiar desse
conhecimento.
36
7. REFERÊNCIAS
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complexidade. Piracicaba: UNIMEP, 1996.
BOYER, C. B. História da Matemática. Tradução de Elza F. Gomide. 2 ed. São Paulo: Edgard
Blucher, 2003.
BRASIL, Ministério da Educação e do Desporto, Secretaria do Ensino Fundamental
Parâmetros Curriculares Nacionais: Matemática, 1° e 2° ciclos (1º a 4° séries)- Brasília:
MEC/SEF, 1997.
___________, Ministério da Educação e do Desporto, Secretaria do Ensino Fundamental
Parâmetros Curriculares Nacionais: Matemática, 3° e 4° ciclos (5º a 8° séries)- Brasília:
MEC/SEF, 1998.
___________. Ministério da Educação e Cultura (MEC). Secretaria de Educação Média e
Tecnológica. Parâmetros Curriculares Nacionais: ciências da natureza, Matemática e suas
Tecnologias. Brasília: MEC/SEF, 2006.
CYRINO, M.C.C.; PASQUENI, R.C.G. Multiplicação e divisão de números inteiros: uma
proposta para a formação de professores de matemática. In. MENDES, I.A.; CHAQUIAM,M.
Coleção história da matemática para professores, nº.14. Belém: SBHMt, 2009.
D’AMBROSIO, U. A História da Matemática– Questões historiográficas e políticas e
reflexos na Educação Matemática. In: BICUDO, M. A. V. (org.) Pesquisa em Educação
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FRAGOSO, W. C.. Uma Abordagem Histórica da Equação do 2º Grau. RPM. n. 43. p. 20 a
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GIL, A. C. Métodos e técnicas de pesquisa social. 4. ed. São Paulo: Atlas, 1994.
GIOVANNI, J.R., CASTRUCCI, B., Jr, J. R. G..A conquista da matemática. 8ª.série. São
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