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Versão On-line ISBN 978-85-8015-075-9Cadernos PDE
OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSENA PERSPECTIVA DO PROFESSOR PDE
Produções Didático-Pedagógicas
Secretaria de Estado da Educação do Paraná
Faculdade Estadual de Filosofia Ciências e Letras de União da Vitória
Programa de Desenvolvimento Educacional
UNIDADE DIDÁTICA
História e Gênero
Comportamentos Femininos entre o Passado e o Presente:
Vivência das Mulheres na Época Colonial: mudanças e permanências.
Autoria
Rosangela Bankersen
Orientação
Kelly Cristina B. Viana
União da Vitória 2013
FICHA PARA IDENTIFICAÇÃO
PRODUÇÃO DIDÁTICO – PEDAGÓGICA
TURMA -PDE/2013
Título: Comportamentos femininos entre o passado e o presente: vivência
das mulheres na época colonial, mudanças e permanências.
Autor Rosângela Bankersen Michels.
Disciplina/Área (ingresso no
PDE)
História
Escola de Implementação do
Projeto e sua localização
Colégio Estadual Barão do Cerro Azul
Ensino Fundamental, Médio, Normal e
Profissional.
Av. Interventor Manoel Ribas, 238
Cruz Machado – Pr
CEP: 84620-000
Município da escola
Cruz Machado
Núcleo Regional de Educação União da Vitória
Professor Orientador
Ms. Kelly Cristina B. Viana
Instituição de Ensino Superior
Faculdade Estadual de Filosofia, Ciências e
Letras de União da Vitória - Pr
Resumo
A presente Unidade Didática tem como
objetivo trabalhar a questão de gênero,
voltada para a história das mulheres,
iniciando com uma discussão sobre as
relações de gênero na atualidade e partindo
deste principio, analisar e debater os
comportamentos femininos, bem como as
formas como eram tratadas as mulheres no
período colonial brasileiro nos séculos XVII
e XVIII, para que, possamos compreender
os avanços obtidos pelas mulheres nos dias
atuais, bem como refletir sobre as
mudanças, permanências e o que ainda
temos a conquistar. Esta produção será
desenvolvida com alunos do 2º Ano de
Formação de Docentes e pretende-se
possibilitar a discussão a respeito das
relações de gênero na atualidade, para que
realmente possamos pensar uma questão
de igualdade entre homens e mulheres,
uma vez que, lamentavelmente a violência,
a discriminação e os preconceitos ainda
estão presentes e muito fortes em nossa
sociedade.
Palavras-chave (3 a 5 palavras)
Brasil Colônia. Mulheres. Gênero.
Contemporaneidade.
Formato do Material Didático
Unidade Didática
Público Alvo 2º ano do curso de Formação de Docentes
Apresentação
A presente Unidade Didática visa cumprir uma das atividades obrigatórias do
Programa de Desenvolvimento Educacional (PDE), que é uma formação continuada
e tem por objetivo dar suporte teórico e prático. Tal programa se preocupa em tornar
este um aprendizado importante e significativo, direcionado para estudantes do 2º
ano do curso de Formação de Docentes do Colégio Estadual Barão do Cerro Azul,
sendo elaborado a partir das Diretrizes Curriculares do Estado do Paraná, visando
proporcionar aos alunos condições para que estes possam debater e discutir
assuntos relacionados à questão de gênero, mais especificamente o papel das
mulheres em nossa sociedade atual, bem como conhecer os comportamentos
femininos e as formas como eram tratadas as mulheres no período colonial
brasileiro. Pretendemos focar nossa pesquisa em questões como sexualidade,
casamento, honra, divórcio e maternidade, sendo que, para tanto centraremos nossa
análise nos séculos XVII e XVIII, por entendermos que neste período as instituições
sociais já estavam consolidadas nas principais capitanias do Brasil.
A contribuição deste estudo que privilegia aspectos comportamentais da
mulher no passado é de grande importância, pois, é a partir das práticas acima
descritas que encontramos condições mais reveladoras sobre as vivências femininas
na colônia, para que desta forma, possamos compreender os avanços obtidos pelas
mulheres nos dias atuais, bem como, discutirmos as mudanças, permanências e o
que ainda temos a conquistar.
O objetivo principal desta implementação vai de encontro à necessidade de um
trabalho que aborde a questão de Gênero, para que possamos ter em nossas
escolas conteúdos que privilegiem em seus currículos o princípio da igualdade.
Entretanto, para que este trabalho ganhe consistência é preciso que estejamos
dispostos a buscar aperfeiçoamento e qualificação sobre a temática de Gênero,
pesquisando, lendo e buscando novas maneiras para que esta discussão esteja
presente no cotidiano dos alunos, a fim de minimizar o preconceito contra a mulher e
o machismo existente em nossa sociedade.
Por isso o trabalho da escola é de suma importância, pois apesar dos avanços,
a história narrada nas escolas ainda é masculina. Os fatos são apresentados por
todos na sociedade como se houvesse uma preponderância absoluta, uma
supremacia definitiva dos homens sobre as mulheres. Neste contexto, a educação
escolar é essencial na luta que se trava pela promoção da igualdade de
oportunidades e no enfrentamento dos preconceitos e das discriminações.
Esta Unidade Didática está organizada em dois momentos. O primeiro
momento apresenta uma discussão e atividades voltadas à questão de gênero na
atualidade, pretendemos primeiramente conceituar o que é gênero para em seguida
buscar a conscientização dos alunos acerca de sua atuação, levando essa questão
de igualdade humana para nossos educandos.
O segundo momento está voltado a propostas de atividades pedagógicas
relacionadas ao período colonial Brasileiro no que diz respeito a comportamentos
relacionados às mulheres neste período, para que possamos refletir o dia a dia da
mulher no Brasil colonial e o caráter de submissão a que eram submetidas.
UNIDADE DIDÁTICA
Trabalhando Gênero
Observando a importância que a pesquisa de gênero tem na historiografia brasileira e compreendendo que as mulheres têm um papel de destaque na sociedade contemporânea, o ensino e aprendizagem destas questões são fundamentais para o enriquecimento pessoal do aluno e principalmente para a leitura e compreensão do mundo, além de ser de suma importância para sua vivência, enquanto cidadão crítico, pensante e participativo, em uma sociedade que vive em constantes mudanças, pois, pensar e discutir a questão de gênero é indispensável para o nosso dia a dia.
Fonte: http://agendacultural-bmqs.blogspot.com.br
Sendo assim, este primeiro momento da Unidade Didática estará
voltado a atividades relacionadas à questão de gênero.
Caro professor!
Para a realização de um bom trabalho a respeito da questão de gênero
em sala de aula, é preciso antes conhecer muito bem e nos aprofundarmos
neste assunto. Para tanto, sugerimos alguns sites, sítios, livros e artigos que
abordam este tema:
ADELMAN, Miriam: SILVESTRIN, Celsi Bronstrup. Gênero Plural: Coletânea.
Curitiba: UFPR, 2002.
CADERNOS PAGU. O gênero na História: a categoria da diferença na escrita
da História. Debate Scott, Tilly e Varikas. Cadernos Pagu (3) 1994. 11-84
FILHO, Amílcar Torrão. Uma questão de gênero: onde o masculino e o
feminino se cruzam. Caderno Pagu (24) – janeiro-junho de 2005,
JAGGAR, Alison M.; BORDO, Susan R. Gênero, Corpo, Conhecimento. Rio
de Janeiro: Record: Rosa dos Ventos, 1997.
LOURO, Guacira Lopes. (org) O corpo educado. Pedagogias da sexualidade.
Belo Horizonte: Autêntica 2000. Capitulo 1, “Pedagogias da sexualidade”.
PEDRO, Joana Maria; WOLFF, Cristina Scheibe; VEIGA, Ana Maria.
Resistências, Gênero e Feminismos contra as ditaduras no Cone Sul.
Florianópolis: Mulheres, 2011.
PERROT, Michelle. Minha história das mulheres. São Paulo: Contexto,
2007.
PERROT, Michelle. “Escrever uma história das mulheres: relato de uma
experiência.” Cadernos Pagu, (4) 1995. 9-28
SCOTT, Joan. “El problema de la invisibilidad”. In ESCANDÓN, Carmen
Ramos (Org.) Género y Historia. Mexico: Universidad Antónoma
Metropolitana, 1992.
SCOTT, Joan. Gênero uma categoria útil de Análise Histórica. In:
Educação e Realidade 20(2)jul/dez, 1995.
SILVA, Carla Fernanda da; KRAEMER, Celso (Org.). Corpos Plurais:
experiências possíveis. Blumenau: Liquidificador. 2012.
STEARNS, Peter N. História das Relações de Gênero. São Paulo: Contexto,
2010.
Sítios:
Biblioteca Virtual da Mulher.
Instituto de Estudos de Gêneros
Revistas Estudos feministas
Núcleo de Estudos de Gênero Pagu
Acesse também:
http://www.pagu.unicamp.br/node/39
https://periodicos.ufsc.br/index.pho/ref
Blogs Feministas:
blogueirasfeministas.com
colectivofeminista.blogspot.com
escrevalolaescreva.blogspot.com
feministactual.wordpress.com
feministassemfronteiras.blogspot.com
gengibrelilas.blogspot.com
mariafro.com
machismomata.wordpress.com
ATIVIDADE
PRODUÇÃO DE RELATO PESSOAL
Inicialmente, será solicitada aos alunos e alunas uma produção de texto
a respeito do que eles compreendem por Gênero, a partir do conhecimento
prévio deles, para que desta forma os alunos e alunas possam expor suas
ideias sobre o tema a ser trabalhado.
CONHECENDO O PROJETO
Após a atividade sobre o conhecimento prévio dos alunos e alunas, será
realizada uma explanação dos objetivos que se pretende alcançar com este
trabalho. Neste sentido, realizaremos uma apresentação em slides do projeto e suas
imbricações, para que desta maneira, possamos avançar no debate, reflexão e
compreensão da temática a ser desenvolvida.
DISCUTINDO GÊNERO
Segundo Jean Scott (2005) gênero é “um elemento constitutivo de relações
sociais fundadas sobre as diferenças percebidas entre os sexos, e o gênero é um
primeiro modo de dar significado às relações de poder”. (p. 134)
Por essa definição autora argumenta em sua obra Uma questão de gênero:
onde o masculino e o feminino se cruzam (2005), que o conceito de gênero acaba
sendo importado a partir da gramática passando a ser utilizado como determinismo
biológico e definindo a questão do feminino e do masculino, referindo-se à
organização social e o caráter cultural das relações entre os sexos.
“o gênero se preocupa com a consolidação de um discurso que constrói uma identidade do feminino e do masculino que encarcera homens e mulheres em seus limites, aos quais a história deve libertar” (SCOTT, 1995, p.136)
Neste sentido, a autora passa a discutir o sentido e o uso dado ao gênero
como caráter de distinção e não somente uma mera palavra a ser mencionada,
fazendo uma critica ao uso desta terminologia sem os devidos conhecimentos
acadêmicos. Para Joan Scott é fundamental que os estudos sobre as relações
sociais entre homens e mulheres não fiquem somente na questão das instituições
sociais como família, religião, reprodução, etc. Para a autora pensar sobre gênero é
questionar o porquê das relações entre homens e mulheres estarem construídas
como estão, como funcionam e como podem se transformar.
É a partir destes contextos que o debate sobre gênero pode se configurar
enquanto campo de articulação do poder, pois os conceitos de gênero estruturam e
moldam a organização de toda a vida social, influenciando as concepções, as
construções, e a legitimação do próprio poder, no qual somente uma ruptura da
ordem social política e econômica podem realmente mudar os paradigmas
existentes quanto às transformações estruturais numa sociedade voltada para
possibilidades mais igualitárias nas relações entre homens, mulheres e suas
interrelações.
Neste pressuposto, ao pensarmos sobre o estudo de gênero se faz
necessário uma compreensão, desde sua origem, assim como os estudos desta
temática pela historiografia brasileira.
Ilze Zirbel em seu artigo “Gênero e estudos Feministas no Brasil” (2012) faz
uma análise sobre o início dos estudos de gênero. Neste sentido, ao falarmos em
conceito de gênero temos que ter em mente que um longo caminho foi percorrido,
envolvendo diversas gerações de mulheres que buscavam compreender as causas
de sua condição de inferioridade na sociedade. Este processo só foi possível em
meados do século XIX, na Europa, mediante dois acontecimentos ocorridos
concomitantemente: o surgimento de um movimento identificado como feminista e
em consequência deste a entrada de mulheres nas Universidades.
Como resultado destes acontecimentos acima mencionados, o feminismo
tornou-se um movimento político e social que buscava ações e reflexões da
sociedade em que se encontrava, comprometido em lutar contra injustiças sociais, a
inferioridade relacionada às mulheres e os enfrentamentos que ocorreram durante
estes processos.
No que se refere às universidades, a discussão sobre gênero se deram a
partir de 1960, quando foram criados grupos organizados para pensar e pesquisar
teorias e práticas feministas. Com isso, nos anos de 1970, os estudos feministas já
se encontravam bem organizados, com um grande número de participantes de
diversas áreas, expandindo os debates relacionados ao conceito de gênero.
No Brasil, segundo Zirbel (2012) estes debates iniciaram nos anos de 1980. O
movimento feminista no Brasil se formou em meio à modernização da sociedade que
buscava questionar decisões no campo da política que aumentava as diferenças
hierárquicas e as desigualdades sociais, discutindo as relações de poder, a
opressão de uns indivíduos sobre outros, buscando propor uma mudança no meio
social, político e ideológico da sociedade. Foi neste momento que o conceito de
gênero passou a ser usado, pois anteriormente, durante a ditadura militar, o
movimento feminista se imbricava com outros movimentos de resistência lutando por
causas sociais e pelos direitos das mulheres, ou seja, existia, mas, a luta contra a
ditadura necessitava pensar ações coletivas e não pontuais. As universidades,
institutos e fundações também fizeram parte do movimento feminista no Brasil,
almejando tornar mais visível o papel da mulher na sociedade, desta forma
denunciando as desigualdades, a opressão e incentivando a valorização das
funções desempenhadas por elas.
Entretanto, foi preciso convencer o meio acadêmico da importância e
legitimidade de se pesquisar sobre a história das mulheres. Apesar destas
dificuldades, os estudos feministas começaram a organizar suas bases.
Segundo ZIrbel (2012) nas Associações Nacionais de Pesquisa e Pós-graduação
aconteceram muitos encontros nas décadas de 1970 e 1980. Estudos sobre a
mulher também foram sendo incorporados gradativamente nas Fundações e
Institutos destinados ao estudo da situação brasileira, naquele momento histórico.
Muitas feministas também mantinham contato com outros centros de pesquisa nos
Estados Unidos, na Europa e na América Latina, para que desta maneira houvesse
uma troca de informações através de textos, e possíveis direcionamentos teóricos
existentes.
A partir destes movimentos e do fim da ditadura, criaram-se grupos de
mulheres para discutir temas essenciais sobre a relação de gênero, ao mesmo
tempo em que, aumentaram–se os debates nos meios acadêmicos e em outras
esferas da sociedade.
Estas questões vão de encontro ao pensamento de Michelle Perrot (2007):
O momento, agora, é de fazer com que um público mais amplo tenha acesso às descobertas dos historiadores. A história precisa sair das universidades e ganhar as ruas. A História das mulheres deve ser discutida nos salões de beleza, nos almoços de família, nas mesas de bar, nos ambientes de trabalho: deve estar presente nas escolas, nas TVs e rádios brasileiros, no judiciário e no legislativo, assim como na elaboração de políticas públicas. (PERROT,2007, p.11)
Pensando nesta questão, podemos perceber que, a respeito das
problematizações que envolvem as questões de gênero, ainda temos muito que
avançar e debater, uma vez que as diferenças de gênero estão presentes em nossa
sociedade e cabe a nós educadores e educadoras, formadores e formadoras de
opinião trabalharmos estas questões, pois apesar dos avanços, ainda existe muita
invisibilidade deste tema no ambiente escolar.
TEXTO 1
O Movimento Feminista O conceito de gênero possui uma enorme amplitude de usos e se faz
presente em várias áreas da produção teórica, quer seja nas ciências naturais,
quer seja nas ciências humanas e sociais. A sociedade comumente determina
as diferenças de gênero baseadas na construção cultural de que o homem,
por ser superior,"fala por", engloba, e representa a mulher. Este modelo social
é bidimensional, ou seja, a relação hierárquica é composta de dois níveis, o
superior representado pelo homem e o inferior representado pela mulher.
A representação das mulheres como sujeitos inferiores é fortemente
difundida em diversos tempos históricos. No período de 1950 e 1960 a mulher
esteve na esfera do lar e o homem na rua. Nesta época a mulher era vista
como se, biologicamente, fosse contemplada com habilidades de forno e
fogão. A rainha do lar se consolida não apenas como estereótipo de filmes
hollywoodianos, mas na educação. Existiam diferenças nos currículos das
escolas femininas e masculinas; as meninas aprendiam corte e costura, e
poderiam ser, no máximo, professoras. O magistério seria o limite para as
ambições profissionais das mulheres.
Esse dualismo (casa e rua) iria ser rompido com o movimento feminista
que foi idealizado nos anos 1960 concomitantemente ao movimento “hippie” e
a contracultura. A pílula anticoncepcional permitiu à mulher o controle sobre
Caro professor!
Sobre este tema também se encontra disponível no
portal Dia a Dia Educação os textos “O Movimento
Feminista” e “O Feminismo no Brasil” os quais também nos
darão suporte para a compreensão e o debate sobre o
estudo de gênero. A seguir, realizar uma leitura comentada
dos textos citados acima.
seu corpo, e num mundo pré-AIDS, o amor livre tornou-se uma prática
libertadora. Inicialmente nos EUA e Europa, as revolucionárias não apenas
queimaram roupas íntimas como também se inseriram nos circuitos culturais
das universidades. A partir desses debates, se iniciou uma revolução dentro
dos setores das ciências humanas. Áreas como filosofia, sociologia e história
criaram departamentos exclusivos para discussões sobre as questões de
gênero. Assim, o feminismo revolucionário passou das fogueiras de sutiãs e
das passeatas às cadeiras das universidades com os “estudo de gênero”. Hoje
o feminismo pode se definir como uma teoria política que se baseia na análise
das relações entre os sexos, bem como na prática da luta pela libertação das
mulheres. Para algumas feministas, a contradição entre os sexos é básica,
atravessando todas as demais contradições: como as de classes sociais, de
raças e de povos.
Fonte: http://www.sociologia.seed.pr.gov.br.
TEXTO 2
O Feminismo no Brasil
No Brasil, o feminismo se manifesta tardiamente, apesar das primeiras
duas décadas do século XX serem palco de uma breve emergência do
movimento caracterizado, principalmente, nas greves de 1917, na Semana de
Arte Moderna de 1922 e, nesse mesmo ano, na fundação do Partido
Comunista do Brasil.
Nesse período tem grande destaque Patrícia Rehder Galvão, de apelido
Pagú. Escritora, jornalista e militante do Partido Comunista defendia a
participação ativa da mulher na sociedade e na política - e foi à primeira
brasileira do século 20 a ser presa política.
Em 1932 as mulheres conquistam o direito de votar no Brasil, mas é
também neste período que os padrões normativos da ideologia da
domesticidade se constituem como ponto comum no meio social. Neste
contexto Nisia Floresta e Berta Lutz são consideradas as pioneiras do
feminismo no Brasil. Lutz fundou a Federação do Progresso Feminino que
lutava pelo direito ao voto e pelo direito da mulher trabalhar sem o
consentimento do marido. Cabe ressaltar que o Brasil se organizou desde
1500 numa estrutura patriarcal, onde as filhas mulheres saiam da dominação
do pai para passarem à dominação de seu marido.
Bertha Maria Julia Lutz se destaca pela luta por mudanças na legislação
trabalhista com relação ao trabalho feminino e infantil, e até mesmo a
igualdade salarial. Foi eleita deputada Federal e em 1937, com o golpe do
Estado Novo, perdeu o mandato.
Apesar desses acontecimentos é entre os anos 30 e 60 que assistimos
à emergência de um expressivo movimento feminista, questionador não só da
opressão machista, mas dos códigos da sexualidade feminina e dos modelos
de comportamento impostos pela sociedade de consumo. No contexto de um
processo de modernização acelerado, promovido pela ditadura militar e
conhecido como “milagre econômico”, em que se desestabilizavam os vínculos
tradicionais estabelecidos entre indivíduos e grupos e a estrutura da família
nuclear, as mulheres entraram maciçamente no mercado de trabalho e
voltaram a proclamar o direito à cidadania, denunciando as múltiplas formas
da dominação patriarcal.
Nesse período, em que a figura do homem estava presente tanto no
poder institucional quanto na resistência, emerge o “feminismo organizado”
como movimento de mulheres das camadas médias, na maioria
intelectualizadas, que buscavam novas formas de expressão da
individualidade. Um grande avanço, sob muitos aspectos, foi a Lei do Divórcio.
Antes da promulgação desta lei, não havia nada mais depreciativo para uma
mulher do que ser desquitada. Socialmente, a mulher separada era mal vista,
tida como péssima companhia, culpada por não ter conseguido manter o
casamento. O tema da separação era espinhoso até mesmo na ficção.
Novelas e seriados passavam pelo crivo da censura imposta pela ditadura e
temas como divórcio e anticoncepcionais eram censurados. Outros temas
também eram considerados subversivos, tais como: orgasmo, aborto, câncer
de mama e a importância do autoexame. Na contramão da ideologia vigente
vem a Revista Nova e o seriado Malu Mulher, com o papel de registrar as
mudanças ocorridas na sociedade e nas relações familiares.
Assim, iniciou-se um movimento de recusa radical dos padrões sexuais
e do modelo de feminilidade vigente. Mais do que nunca, as feministas
questionaram o conceito de mulher que as afirmavam enquanto sombra do
homem e que lhes dava o direito à existência apenas como apêndice de uma
relação, no público ou no privado.
A música também teve participação nesse processo. O Movimento
Tropicalista cantava o amor livre e Chico Buarque cantava a separação. Leila
Diniz teve importante papel na história do movimento feminista, pois, ainda
que não engajada, colaborou com suas atitudes e com suas palavras, e em
uma época de repressão sexual declarou: “Transo de manhã, de tarde e de
noite”, e mais: “Você pode muito bem amar uma pessoa e ir para a cama com
outra. Já aconteceu comigo”.
Sem dúvida, são muitas as conquistas feitas pelos feminismos em todos
os campos da vida social, ao longo dessas décadas, especialmente no que se
refere à aceitação das mulheres no mercado de trabalho e ao seu
reconhecimento profissional.
No entanto, não há como negar o fato de que todas as conquistas
arduamente ganhas ao longo dessas últimas décadas não estão consolidadas.
Ao contrário, são continuamente ameaçadas por pressões machistas, pelo
mercado de consumo e pelo conservadorismo desenfreado.
Fonte: http://www.sociologia.seed.pr.gov.br.
ATIVIDADE
Após a leitura e discussão dos textos os alunos deverão responder as
seguintes questões:
1- Qual a ideia central sobre a questão de gênero segundo Joan Scott?
2- Por que Joan Scott escreve sobre ser preciso uma ruptura na da ordem
social política e econômica para realmente acontecer uma mudança na
questão entre homens e mulheres?
3- Com base no artigo da Ilse Zirbel elabore uma linha do tempo da história
das mulheres a partir do surgimento dos movimentos feministas, destacando
os principais acontecimentos.
4- Com base no texto defina o termo gênero.
5- Reflita sobre a visão “mulheres com habilidades para forno e fogão”.
6-Quais mudanças começaram a ocorrer na vida das mulheres a partir dos
anos de 1960?
7- Na atualidade como podemos definir a questão de gênero?
8- Qual a importância de Pagu para a história das mulheres?
9- Analise e escreva como o Movimento Feminista se manifestou no Brasil
tanto culturalmente como socialmente.
10- Como você percebe em nosso município o papel da mulher?
ATIVIDADE
ANÁLISE DE TIRAS CÔMICAS
Percebemos em nossa sociedade que o preconceito contra as mulheres
e o machismo está presente no dia a dia, muitas vezes como algo natural, pois
são culturalmente construídos. Podemos perceber isso nas tirinhas abaixo:
Atividade 1: Primeiramente faremos uma análise e uma discussão
acerca dos enunciados presentes nas tiras cômicas.
Atividade 2: Os alunos e alunas produzirão tiras cômicas que abordem
situações relacionadas ao preconceito contra as mulheres e ao machismo,
diariamente percebidas na sociedade.
Vamos analisar:
TIRA 1
Preconceito contra mulher
TIRA 2
Tira 3
Disponível em: escrevalolaescreva.blogspot.com
Caro professor!
Para que ocorra um enriquecimento de nossas
aulas se faz necessário o uso de imagens, pois desta
maneira nossos alunos e alunas podem aprender o mesmo
contexto de formas variadas, uma vez que o trabalho com
imagens também deve possibilitar análises e discussões
sejam no contexto social, temporal e espacial em que foi
produzida. Para que desta forma, possamos perceber seus
significados e sua finalidade tanto para a época e para a
sociedade em que foi produzida, como em outros
contextos históricos.
Neste momento será passado aos alunos um vídeo a respeito do movimento
feminista, bem como várias visões sobre o papel da mulher na sociedade atual.
Vídeo:
Movimento feminista: Conheça algumas conquistas do movimento feminista ao
longo dos séculos XX e XXI.
Fonte: www,editorasaraiva.com.br
TRABALHANDO COM VÍDEO
Caro professor! O objetivo a ser alcançado com a análise deste vídeo é refletir e
debater sobre o estágio atual de organização e luta das mulheres, bem
como as transformações e os avanços conquistados ao longo da
História, juntamente com a visão e depoimentos das pessoas sobre esta
temática.
Neste sentido, ressaltamos a importância do uso da linguagem
fílmica, pois o cinema enquanto método de abordagem e apropriação do
conhecimento torna-se uma ferramenta de acesso ao conhecimento e
mais uma alternativa para melhorar o trabalho do professor em sala de
aula, podendo despertar no aluno outro tipo de relação no que diz
respeito ao processo ensino aprendizagem, uma vez que, além de
ampliar o conhecimento, estimulará o aluno a pensar e a questionar a
história a partir do filme, podendo desta maneira, apresentar aos nossos
alunos e alunas outra forma de aprendizagem.
Outra sugestão para discutir os papéis de gênero é o filme
“ACORDA RAIMUNDO, ACORDA”.
Duração: 15’46”
Origem: Brasil
Produção/ distribuição: Ibase Video- Iser Videoi
Ano: 1990
Cor: Colorido
Elenco: Paulo Betti, Eliane Giardini, Zezé Mota e José Maier.
Sinopse: Produzido pela ONG Ibase (WWW,ibase.org.br) o vídeo apresenta a
vida de uma família operaria dos anos de 1980 em que os papéis sociais de
homem e mulher são invertidos. Por meio dessa inversão, são explicadas
desigualdades, situações de violência e ausência de igualdades de direitos.
ATIVIDADES
ATIVIDADE 1:
PRODUÇÃO TEXTUAL
A partir do vídeo sobre os movimentos feministas, os alunos vão
construir um texto de até duas laudas abordando questões como:
FEMINISMO
PRECONCEITO
MOVIMENTOS FEMINISTAS
MACHISMO
ATIVIDADE 2:
PESQUISA
Nesta atividade os alunos e alunas vão fazer uma pesquisa em casa
sobre o dia 08 de maio para ser entregue e debatido na aula seguinte.
ATIVIDADE 3:
ELABORAÇÃO DE UM MURAL
Agora é hora dos alunos e alunas produzirem um mural com imagens e
textos que abordem a questão de gênero e expor nos ambientes de trânsito da
escola.
Para a produção deste mural dividiremos a sala em dois grupos, sendo
que o primeiro grupo irá pensar sobre as profissões hoje exercidas por
homens, mas que eram realizadas por mulheres e o segundo grupo pensará
sobre profissões hoje exercidas por mulheres, mas que no passado eram
feitas somente por homens. Como exemplo para os alunos e alunas se
inspirarem temos as duas imagens abaixo:
http://www.historia.seed.pr.gov.br/modules/galeria/uploads/1/763mulheroperaria.
Disponível em: http://www.casarbem.com/page/58/
ATIVIDADE FINAL
TRABALHANDO COM MÚSICA- MESA REDONDA
Como atividade final desta primeira parte e para que os alunos
compreendam que as questões de gênero estão presentes e dão suporte a
preconceitos e discriminações em todos os espaços da sociedade, vamos
selecionar e analisar músicas que retratem a mulher na sociedade
contemporânea, para que, após as devidas apreciações possamos nos reunir
em grupos para debatermos sobre o que cada canção busca retratar. Para
esta atividade estão selecionadas as seguintes músicas:
- Geni e o Zepelim;
Ao levarmos esta música para a reflexão de nossos alunos buscaremos despertar e perceber que ela é marcada pelo silêncio e submissão de Geni, na medida em que a sociedade exerce um papel de controle sobre o que deveria ser “normal”, no qual o sistema de regras e condutas que nos é imposto, impede que ela fale, pense aja e de sua opinião.
- Desconstruindo Amélia;
Através da letra desta música procurar mostrar qual papel a mulher representa em nossa sociedade dominada pelo machismo no qual cabe a mulher contestar a sua função de “serviçal do lar” e buscar novos caminhos e desafios mesmo que isto represente uma contestação da sociedade .
- Melo da Saveiro; - Que é isso novinha; Estas duas músicas podem ser analisadas a partir da sexualidade e do corpo feminino, no qual a mulher é retratada como um mero objeto sexual, desvalorizando e a inferiorizando perante o homem. Estas são músicas que frequentemente tocam nas baladas e na mídia, por isso da importância de percebermos estas letras, para que nossos alunos possam compreender que muito do que nós ouvimos acaba acentuando o machismo, o preconceito e o estereótipo da mulher que só precisa mostrar o seu corpo para viver socialmente.
Geni e o Zepelim Chico Buarque de Holanda
De tudo que é nego torto Do mangue e do cais do porto Ela já foi namorada O seu corpo é dos errantes Dos cegos, dos retirantes É de quem não tem mais nada Dá-se assim desde menina Na garagem, na cantina Atrás do tanque, no mato É a rainha dos detentos Das loucas, dos lazarentos Dos moleques do internato E também vai amiúde Com os velhinhos sem saúde E as viúvas sem porvir Ela é um poço de bondade E é por isso que a cidade Vive sempre a repetir Joga pedra na Geni (2x) Ela é feita pra apanhar Ela é boa de cuspir Ela dá pra qualquer um Maldita Geni Um dia surgiu, brilhante Entre as nuvens, flutuante Um enorme zepelim Pairou sobre os edifícios Abriu dois mil orifícios Com dois mil canhões assim A cidade apavorada Se quedou paralisada Pronta pra virar geleia Mas do zepelim gigante Desceu o seu comandante Dizendo - Mudei de ideia - Quando vi nesta cidade - Tanto horror e iniquidade - Resolvi tudo explodir - Mas posso evitar o drama - Se aquela formosa dama - Esta noite me servir Ela é feita pra apanhar Ela é boa de cuspir Ela dá pra qualquer um Maldita Geni Essa dama era Geni
Ela é feita pra apanhar Ela é boa de cuspir Ela dá pra qualquer um Maldita Geni Mas de fato, logo ela Tão coitada e tão singela Cativara o forasteiro O guerreiro tão vistoso Tão temido e poderoso Era dela, prisioneiro Acontece que a donzela - e isso era segredo dela Também tinha seus caprichos E a deitar com homem tão nobre Tão cheirando a brilho e a cobre Preferia amar com os bichos Ao ouvir tal heresia A cidade em romaria Foi beijar a sua mão O prefeito de joelhos O bispo de olhos vermelhos E o banqueiro com um milhão Vai com ele, vai Geni (2x) Você pode nos salvar Você vai nos redimir Você dá pra qualquer um Bendita Geni Foram tantos os pedidos Tão sinceros, tão sentidos Que ela dominou seu asco Nessa noite lancinante Entregou-se a tal amante Como quem dá-se ao carrasco Ele fez tanta sujeira Lambuzou-se a noite inteira Até ficar saciado E nem bem amanhecia Partiu numa nuvem fria Com seu zepelim prateado Num suspiro aliviado Ela se virou de lado E tentou até sorrir Mas logo raiou o dia E a cidade em cantoria Não deixou ela dormir
Mas não pode ser Geni
Joga pedra na Geni (2x)
Desconstruindo Amélia Pitty
Já é tarde, tudo está certo Cada coisa posta em seu lugar Filho dorme ela arruma o uniforme Tudo pronto pra quando despertar O ensejo a fez tão prendada Ela foi educada pra cuidar e servir De costume esquecia-se dela Sempre a última a sair...
Disfarça e segue em frente Todo dia até cansar Uooh! E eis que de repente ela resolve então mudar Vira a mesa Assume o jogo Faz questão de se cuidar Uooh! Nem serva, nem objeto Já não quer ser o outro Hoje ela é um também
A despeito de tanto mestrado Ganha menos que o namorado E não entende porque Tem talento de equilibrista Ela é muita se você quer saber Hoje aos 30 é melhor que aos 18 Nem Balzac poderia prever Depois do lar, do trabalho e dos filhos Ainda vai pra night ferver Disfarça e segue em frente Todo dia até cansar Uooh! E eis que de repente ela resolve então mudar Vira a mesa Assume o jogo Faz questão de se cuidar Uooh! Nem serva, nem objeto Já não quer ser o outro Hoje ela é um também Uuh (2x)
Melo da Saveiro Roberto Sales
Porque a sonzeira é bala (3x) A mulherada é mara Em cima da Saveiro Mulhera rebola, bebe, dança se descontrola bebe, beijo ficar com desejo quer mais cerveja vai até embaixo já mostra o pedaço da sua calcinha vem uma cerveja e elas tão louca e nós bem mais louco com água na boca Vamos pra Saveiro Já 'tamos' lá emcima Levanta o volume que a coisa tá boa Eu to me sentindo mais feliz do mundo dai chega a polícia e acaba com tudo! - Ai magrão, que barulheira é essa?!
O tumulto já passou, mas ninguém foi embora O seu guarda já vazou, mulherada 'vamos embora' Porque a sonzeira é bala A mulherada é mara Em cima da Saveiro Mulhera rebola, bebe, dança se Bebe, beijo ficar com desejo Quer mais cerveja vai até embaixo Já mostra o pedaço da sua calcinha Vem uma cerveja e elas tão louca E Nós bem mais louco com água na boca vamos pra Saveiro Já 'tamos' lá emcima Levanta o volume que a coisa tá boa
Baixa isso ai cara! - Tá bom seu guarda! já paramos.... - Fechou então, chega de barulho aqui na avenida hein meu, to indo.... O tumulto já passou, mas ninguém foi embora O seu guarda já vazou, mulherada 'vamos embora' Porque a sonzeira é bala A mulherada é mara Em cima da Saveiro Mulhera rebola, bebe, dança se descontrola Bebe, beijo ficar com desejo Quer mais cerveja vai até embaixo Já mostra o pedaço da sua calcinha Vem uma cerveja e elas tão louca E Nós bem mais louco com água na boca Vamos pra Saveiro Já 'tamos' lá emcima Levanta o volume que a coisa tá boa Eu to me sentindo mais feliz do mundo dai chega a polícia e acaba com tudo! - Poxa cara, denovo essa sonzeira ai? - Tá bom seu guarda, vamos parar tudo agora! - Olha, última vez, dá próxima vez eu chamo o guincho! descontrola
Eu to me sentindo mais feliz do mundo dai chega a polícia e acaba com tudo! - Eu avisei que ia chamar o guincho, pode levar a saveiro, pode rebocar a saveiro ai, pode levar, leva pra delegacia o que o seu guarda não sabe, nós demos pila pro guincheiro e a mulherada voltou, tudo pra cima da Saveiro Porque a sonzeira é bala A mulherada é mara Em cima da Saveiro Mulhera rebola, bebe, dança (em cima da saveiro) Bebe, beijo ficar com desejo Quer mais cerveja (em cima da saveiro) Já mostra o pedaço da sua calcinha Vem uma cerveja (em cima da saveiro) Até eu voltei pra beber com a mulherada Tô loco, Tô loco (em cima da saveiro) Levanta o volume que a coisa tá boa Eu to me sentindo mais feliz do mundo (em cima da saveiro) Em cima da saveiro - 'Tamu' junto, 'somo' tudo parceiro ai, brother Porque a sonzeira é bala Porque a sonzeira é bala....
Que é isso novinha Yago e Juliano
Quem sai na balada, Já viu reparou O que tem de novinha, Já fazendo amor Já domino Ela chega quietinha Cara de santinha Dj solta o som Ela já perde a linha Que isso novinha Parece brincadeira O que que ela faz Que isso novinha
Vai matar papai Meu coração não aguenta mais Chamou minha atenção Desceu até o chão Pra mim tudo aquilo, Tava mais que bão E ela me passa a mão Que isso novinha, que isso novinha Que isso novinha, que isso novinha Não dá essa reboladinha Que isso novinha, que isso novinha Que isso novinha, que isso novinha Essa menina ta na minha
Todas as letras estão disponíveis em http://letras.mus.br/
Podemos olhar pelo buraco da fechadura para ver como nossos antepassados se relacionavam? De fechaduras, não! Elas custavam muito caro e o Brasil na época da colonização, era pobre. Podemos, sim, enxergar através das frestas dos muros, das rachaduras das portas. Por ali se via que a noção de privacidade estava sendo “construída”, estava em gestação. É construída em meio a um ambiente de extrema precariedade e instabilidade. Em terras brasileiras, colonos tiveram que lutar, durante quase três séculos, contra o provisório: o material, o político e o econômico. “Viver em colônias” – como se dizia então – era o que faziam, Sobreviviam... (PRIORE, 2011, p 13.)
BRASIL COLÔNIA
Disponível emhttp://www.mundoeducacao.com.br/historiadobrasil/a-mulher-no-mundo-colonial.htm
Há diferentes maneiras de fazer história. O historiador pode listar exaustivamente nomes, datas, lugares: ou pode, sem esquecer o aspecto factual, buscar o lado humano dos acontecimentos.
Moacyr Scliar
Esta citação foi retirada da obra PRIORE, Mary Del. Histórias íntimas:
sexualidade e erotismo na história do Brasil. São Paulo: Editora Planeta do Brasil,
2011, com o objetivo de analisar e comparar o que era ter privacidade no Brasil
colônia e o que é ter privacidade nos dias atuais.
Neste sentido, a noção de intimidade nos séculos XVI e XVII era
completamente diferente da nossa dos dias de hoje. A vida no Brasil Colônia era
regida por leis e condutas reguladas por leis imperativas. Atividades relacionadas à
sexualidade eram práticas que correspondiam a rituais estabelecidos pelo grupo
social no qual se estava inserido. Desta forma, as leis eram interiorizadas e o
sentido de coletividade sobrepunha-se ao de individualidade. (PRIORE, 2011, p13)
Partindo deste princípio que iniciamos o segundo momento desta unidade
didática, momento este em que serão analisados alguns aspectos comportamentais
da mulher no Brasil Colonial como sexualidade e honra maternidade, casamento e
divórcio, para assim podermos comparar com a situação atual, ou seja, as
permanências, as conquistas e os direitos hoje exercidos, para que tal análise nos
permita uma reflexão mais aprofundada a respeito destes temas no universo
escolar.
Caro professor!
Para a realização de um bom trabalho a respeito da sexualidade,
honra, casamento, divórcio e maternidade em sala de aula, é preciso
antes conhecer muito bem e nos aprofundarmos neste assunto. Para
tanto, sugerimos algumas referências que abordam este tema:
ALGRANTI, Leila Mezan. Honradas e Devotas: Mulheres da Colônia:
Condição Feminina nos Conventos e Recolhimentos do Sudeste do Brasil,
1750-1822. Rio de Janeiro: José Olympio; Brasília: Edunb, 1993.
ALMEIDA, Suely Creusa Cordeiro de. O Sexo devoto: normalização e
resistência feminina no Império Português XVI – XVIII. Recife: Editora
Universitária da UFRPE. 2005.
ARAÚJO, Emanuel. O Teatro dos Vícios: Transgressão e Transigência na
sociedade urbana colonial. 3ª Ed.. Rio de Janeiro: José Olimpio, 2008.
BEAUVOIR, Simone de. O segundo Sexo. II A Experiência vivida. 2ª Edição.
São Paulo: Difusão Europeia do Livro, 1967.
CAULFIELD, Sueann. Em defesa da honra: Moralidade, Modernidade e
Nação no Rio de Janeiro (1918-1940). Campinas: Editora da UNICAMP, 2000.
CORREA, Mariza. Repensando a família patriarcal brasileira. In:
ARANTES, Antonio. Colchas de retalhos. Campinas: Ed. UNICAMP, 1993.
ESTEVES, Martha de Abreu. Meninas Perdidas: Os populares e o cotidiano
do amor no Rio de Janeiro da Belle Époque. Rio de Janeiro: Paz e Terra,
1989.
FIGUEIREDO, Luciano. Barrocas Famílias: Vida familiar em Minas Gerais no
séc. XVIII. São Paulo:Hucitec, 1997.
PEDRO, Joana Maria. Mulheres honestas e mulheres faladas: uma questão
de classe. Florianópolis: UFSC, 1994
PRIORE, Mary Del (org.). História das Mulheres no Brasil. 2ª Edição. São
Paulo: Contexto, 1997.
PRIORE, Mary Del. Ao Sul do Corpo: Condição Feminina, Maternidades e
Mentalidades no Brasil Colônia. 2ª Edição. Rio de Janeiro: José Olympio,
1995.
PRIORE, Mary Del. Mulheres no Brasil Colonial. 2ª Edição. São Paulo:
Contexto, 2003.
SAMARA, Eni de Mesquita. A família Brasileira. São Paulo: Brasiliense, 1983.
SCOTT, Joan. História das Mulheres. In: BURKE, Peter (org.). A Escrita da
História: Novas Perspectivas. São Paulo: Editora da Universidade Estadual
Paulista, 1992.
SMITH, Bonnie G. Gênero e História: homens, mulheres e a prática histórica.
Bauru: Edusc, 2003.
SOIHET, Rachel. História das Mulheres. In: CARDOSO, Ciro Flamarion;
VAINFAS, Ronaldo (orgs.). Domínios da História: Ensaios de Teoria e
Metodologia. Rio de Janeiro: Elsevier, 1997.
SOIHET, Rachel. Condição feminina e formas de violência: mulheres
pobres e ordem urbana, 1890-1920. Rio de Janeiro: Forense Universitária,
1989.
VAINFAS, Ronaldo. Casamento, Amor e Desejo no Ocidente Cristão. São
Paulo: Ática, 1992.
VAINFAS, Ronaldo. Trópico dos Pecados: Moral, sexualidade e Inquisição
no Brasil Colonial. Rio de Janeiro: Campus, 1989.
Sobre este tema temos a historiadora Marilda Santana da Silva que em seu
livro “Dignidade e Transgressão: Mulheres no Tribunal Eclesiástico em Minas Gerais
(1748-1830)” (2001), procura fazer uma análise da atuação do tribunal eclesiástico
em Minas Gerais dos séculos XVIII e inicio do XIX em relação às infrações julgadas
neste tribunal no que diz a respeito à moral e à sexualidade feminina no período
analisado, trabalhando assim com a história das mulheres e da família no Brasil
Colônia e Império, e ao mesmo tempo buscando pensar sobre as questões de
gênero que norteiam nossa sociedade.
Sua pesquisa está fundamentada na análise das documentações do Juízo
Eclesiástico do bispado de Mariana, que segundo a historiadora, possibilitou fazer
um mapeamento dos delitos morais e religiosos praticados por alguns segmentos da
população mineira no período abordado. Através destes documentos foi possível
traçar um perfil dos motivos alegados pelas mulheres ao buscarem a justiça, como
por exemplo: os de divórcios, os esponsais, bem como os casos de concubinato,
adultério, sodomia, estupro e rapto.
Silva também analisa a prostituição no período colonial, como era vista e
julgada pelas autoridades, pois, apesar de condenada, a prostituição tinha sua
devida relevância na sociedade, enquanto preservadora da honra das demais
mulheres. Neste sentido,
A prostituição era um dos comportamentos que mais contrariavam o modelo cristão oficialmente proposto, mas apesar disso era vista como um mal necessário, assumindo uma certa importância na sociedade ibérica enquanto instituição preservadora da honra das demais mulheres, uma vez que o sexo com a prostituta era considerado lícito.(SILVA,2001,p.163)
A autora comenta que havia um intenso controle exercido pela Igreja com o
objetivo de orientar a atuação das mulheres em diversos contextos da sociedade
colonial de acordo com seus códigos e valores.
SEXUALIDADE E HONRA
Quanto ao casamento, cabia a mulher o pudor e a vergonha, pois os maridos
por serem naturalmente “menos inibidos”, não tinham essa função. Para a sociedade
colonial, quanto a moral e os bons costumes, a mulher que se entregasse ao homem
sem ser casada, ou que fosse adultera, estaria desonrada não só perante a
sociedade, como seria considerada uma pecadora, sobre a qual Deus a castigaria
por seus pecados.
Elas eram vistas por alguns, como um perigo que rondava os homens: maliciosas, inconstantes, gastadeiras, tagarelas e tolas – eis alguns dos atributos que eruditos eclesiásticos lhe conferiam. (SILVA, 2001, p.164).
Desta maneira, a honra da mulher estava diretamente ligada a sua
sexualidade, na qual ser virgem era essencial, sendo que para isso, pais, maridos e
a sociedade mantinham a mulher sob uma intensa vigilância, para que não ficassem
difamadas, pois a mulheres difamadas e desonradas não conseguiam encontrar
maridos.
Outra obra importantíssima para compreendermos a respeito do tema
sexualidade e honra no Brasil colonial é ''Honradas e Devotas: Mulheres da
Colônia''(1993), da historiadora Leila Mezan Algranti. Nesta obra a autora busca
fazer uma incursão da historiografia no campo das mentalidades, analisando as
condições femininas do Sudeste do Brasil entre 1750 a 1822, observadas a partir de
fontes eclesiásticas, arquivos, documentos oficiais e não oficiais, crônicas,
memórias, romances, correspondências, livros e artigos, mostrando o cotidiano das
mulheres na colônia, a fim de recuperar quem eram, como viviam e os motivos do
seu enclausuramento. Para tal análise, linha seu estudo em algumas instituições de
caráter religioso: os conventos da Ajuda e Santa Teresa no RJ, e os recolhimentos,
de Santa Teresa, da Luz ambos em São Paulo e Macaúbas em Minas Gerais.
Segundo Algranti (1993),
“Honradas e devotas, é assim que a sociedade espera que se comportem as mulheres no interior dos estabelecimentos de reclusão. O estudo da vida nessas instituições remete, portanto, a análise dos papeis sociais femininos, as imagens criadas pelas sociedades sobre as mulheres, bem como ao estudo das relações entre os sexos”. (ALGRANTI, 1993, p. 51)
Trata-se, portanto, de uma pesquisa, sobre a vida social feminina, no qual,
mulheres brancas, pardas, negras escravas, casadas, solteiras ou amasiadas, são
vistas através dos olhares da sociedade colonial, resgatando o imaginário do
passado, definindo os modos de pensar, sentir e ''sobreviver'' no dia-a-dia da
colônia.
Segundo a autora, o estudo da condição de vida das mulheres no período
colonial percorre, sem dúvida, os limites entre o espaço público e o privado, e as
fronteiras estabelecidas por uma sociedade onde condição legal, econômica e
diferenciações raciais entre os atores sociais eram fatores extremamente
significativos, tornando sua obra uma referencia importante para um estudo da
condição feminina no período colonial. Neste sentido:
A contribuição destes estudos recentes para a história da mulher é indiscutivelmente, definitiva. E é a partir dos trabalhos sobre a família no período da escravidão, do sistema de casamento e das analises sobre as práticas cotidianas e sexuais, bem como do papel da maternidade, que se encontram as contribuições mais reveladoras sobre as mulheres da colônia.
(ALGRANTI, 1993, p.58)
Algranti, 1993 nos permite também fazer uma análise sobre a mulher
“honesta” e suas características que perduraram durante séculos onde a pureza, a
castidade e a fidelidade ao marido, eram indispensáveis, independente da classe
social que a mulher pertencesse. Neste sentido, a honra era um bem que as
mulheres possuíam e deveriam preservá-lo, pois “manter a honra significava, antes
de mais nada, manter as aparências.” (p.112)
Para a autora, a honra estava relacionada aos homens também, sendo que
um homem poderia ser desonrado se viessem a público atividades sexuais de sua
filha ou sua esposa, como por exemplo, a perda da virgindade antes do casamento e
para as mulheres casadas, o adultério, ou seja, a honra feminina era portanto, um
assunto que dizia respeito às mulheres, e aos homens.
Portanto, era um dever da mulher ser honrada, sendo que a mulher que
desonra o seu marido devia ser castigada, devido a todos os transtornos que ela
causou:
A fim de evitar surpresas desagradáveis, a mulher honrada, para D.
Francisco Manuel de Melo, no século XVII, é aquela que vive reclusa no
interior do lar, ocupada nos afazeres domésticos, distante do espaço
publico. Tutelada pelo marido, que lhe ministra – sempre em pequenas
doses – alguns prazeres e atenções, ela deve quando casada ser separada
do contato com a casa paterna, proibida de visitas frequentes, e viver
inteiramente para o esposo. Seus desejos e ambições devem ser
fingidamente satisfeitos para que tenha a sensação de que os realizou. Com
um número restrito de criados e pouco dinheiro a disposição, a esposa ideal
deve governar a casa evitando intimidades até mesmo com aqueles que
vivem sob seu teto. Os contatos com o confessor, as idas a igreja, ou a
participação em festas devem ser dosadas. Nada de folguedos, de adornos
e modismo. Nada de risos e danças fora de casa, olhares galanterias.
(ALGRANTI, 1993, p.116)
Nestes termos, podemos concluir que a moral determinada pela sociedade
colonial no que se refere à honra feminina era muito importante, na medida em que
ela causava impressões nos outros, sendo que a mulher honrada era aquela que
não causava impressão alguma, uma vez que era invisível na sociedade.
ATIVIDADE
ENTREVISTA
Nesta atividade os alunos e alunas vão entrevistar mulheres da sua
família (ou não) que viveram em épocas diferentes. As perguntas serão
elaboradas pelos próprios alunos e alunas conforme a sua curiosidade e todas
direcionadas ao tema Sexualidade.
Após as entrevistas será feita uma apresentação e discussão em que
os alunos e alunas terão a oportunidade de expor o resultado de sua
entrevista, bem como fatos curiosos e interessantes conhecidos por eles,
ocorrendo desta forma uma troca de experiências e de conhecimentos sobre o
tema.
Caro professor!
Para esta atividade se faz necessário passarmos pela história oral, pois
se identifica como uma fonte de pesquisa na qual traz o imaginário e o
cotidiano da sociedade em que vivemos além de lembranças do nosso
passado.
A História Oral é o registro da história de vida de sujeitos que, ao focar
suas memórias pessoais, estabelecem também uma visão mais sensível sobre
a trajetória do grupo social ao qual está inserida. Neste contexto, para MEIHY,
em seu Manual de História Oral, nos diz que a história oral “é um recurso
moderno usado para elaboração, arquivamento e estudos de documentos
referentes à vida social de pessoas. É sempre uma história do tempo
presente.” (MEIHY, 1996).
É interessante pedir a cada aluno que vai realizar a entrevista que peça
ao entrevistado que assine uma carta de cessão dos direitos da entrevista.
Abaixo segue os modelos:
Para a realização de um bom trabalho a respeito da história oral, é
preciso antes conhecer muito bem e nos aprofundarmos neste assunto. Para
tanto, sugerimos algumas referências que abordam este tema:
BITTENCOURT, Circe (org.). O saber histórico na sala de aula. 10ªed. São
Paulo: Contexto, 2005.
LE GOFF, Jacques. História e memória. 5ª Ed. Campinas, SP:Unicamp,
2003.
MEIHY, José Carlos Sebe Bom. Manual de História Oral. São Paulo: Loyola,
1996.
PRINS, Gwyn. História oral. In: BURKE, P.(org). São Paulo: Editora UNESP,
1992.
THOMPSON, Paul. A voz do passado: história oral. Tradução de Lólio
Lourenço. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1992.
Ficha Técnica de Depoente de História Oral
Nome Completo do depoente: ______________________________________ Local de Nascimento: ____________________________________________ Nacionalidade:________________________ Estado Civil:_________________ Endereço Residencial:______________________________________nº:_____ Bairro:_____________________Cidade:___________________Estado______ CEP:_______________ Fone:__________________ e-mail:_______________ Profissão :_______________________________________________________ Grau de Instrução: Primário ( ) Secundário ( ) Superior ( ) Data do depoimento gravado:___________ Data da textualização:__________ Observações: __________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________
_____________________________ Entrevistador:
CARTA DE CESSÃO Local:____________________,______ de______________ de ____________ Eu, ____________________________, RG nº_______________ , declaro para os devidos fins que cedo os direitos de meu depoimento gravado e da textualização final do mesmo, para serem usados integralmente ou em partes sem restrições de prazos ou citações, desde a presente data. Da mesma forma autorizo junto ao:___________________________________________ o acesso ao depoimento gravado e à textualização por parte da comunidade e pesquisadores habilitados para a pesquisa histórica bem como o uso de citações e reproduções dos mesmos. Abdicando de direitos meus e de meus descendentes, subscrevo a presente.
_______________________________________ Entrevistado:
Um estudo importante para a compreensão das mulheres no período colonial
é a obra “Ao Sul do Corpo - Condição Feminina, Maternidades e Mentalidades no
Brasil Colônia” (2009) da historiadora Mary Del Priore. Nesta pesquisa, ela busca
através de documentos manuscritos e fontes impressas entre os séculos XVI e XVII,
fazer uma análise que lhe permita traçar um panorama da condição feminina no
período colonial em diversas situações sociais relacionadas à maternidade, ao
matrimônio, ao corpo e a sexualidade. Questões estas, extremamente reguladas
tanto pela Igreja, quanto pela própria sociedade, pois qualquer função que
implicasse em poder, não podia ser de cunho feminino. Pois:
A construção de um juízo moral sobre a procriação, cuidadosamente realizada pela Igreja, contribuiu, portanto, para submeter e domesticar as populações femininas. Além de limitar seus papeis no interior da vida conjugal, o juízo moral sobre a procriação prestava-se ao projeto de colonização e povoamento das terras brasileiras. (PRIORE, 2009, p.175)
O processo de adestramento pelo qual as mulheres no período colonial
brasileiro passaram, estava ligado diretamente a dois instrumentos de atuação
vindos de Portugal. O primeiro instrumento faz referência aos padrões
comportamentais que a mulher deveria ter já o segundo instrumento refere-se a um
discurso provindo da medicina, sendo este muito utilizado para a domesticação da
mulher no que diz respeito ao funcionamento do corpo feminino. Este discurso
afirmava que a função natural do corpo feminino era apenas para a procriação, ou
seja, fora da maternidade a mulher estava fadada ao fracasso e a promiscuidade, ou
seja, de qualquer forma estava sempre excluída socialmente.
Desta forma, a maternidade era o refúgio onde às mulheres se protegiam da
opressão doméstica e sexual e do isolamento em que viviam na época colonial do
nosso país.
Segundo Priore:
A mãe era, nesse período, graças a diversas injunções históricas
que abordo no presente trabalho, a única responsável pelo nascimento,
sobrevivência, saúde e educação dos seus filhos, o que não ocorre em
nossa sociedade contemporânea, em que tais tarefas são divididas com os
MATERNIDADE
pais, a professora e o médico, e as mulheres permitem-se exercer vários
papeis sociais diferentes. (PRIORE,2009,p.17)
Segundo Priore (2009) no que diz respeito à maternidade, o que se observou,
ao longo do processo de colonização, foi à acirrada imposição da Igreja, pelo
matrimonio configurando-se em um adestramento de muitas mulheres na figura de
mãe, pois para o estado seu corpo servia apenas para a procriação, bastando ter
apenas um marido para realizarem tal tarefa social.
A autora também enfatiza o estereótipo da “santa mãezinha”, mãe protetora,
que se preocupa como os filhos, com o marido e com o lar, mãe, honrada, ou seja,
uma imagem perfeita da mulher-mãe que se difundiu no Brasil colonial, ideias estas
afirmadas e sustentadas pela Igreja Católica, que foi construída como forma de
adestramento feminino e está presente até os dias atuais.
Cabia à medicina dar caução a igreja, a fim de disciplinar as mulheres para
o ato da procriação. Apenas vazio de prazeres físicos o corpo feminino se
mostraria dentro da normalidade pretendida pela medicina, e assim oco, se
revelaria, útil e fecundo. Apenas como mãe, a mulher revelaria um corpo e
uma alma saudáveis, sendo sua missão atender o projeto fisiológico moral
dos médicos e a perspectiva sacramental da Igreja. (PRIORE,2009,p.27)
Priore (2009) analisa ainda o relevante papel desempenhado pela Igreja e
Estado na domesticação da mulher neste período, cuja preocupação com o
comportamento feminino estava sempre adequada aos propósitos da Igreja, que
pregava que o corpo feminino atendia apenas ao ato da procriação, sendo impróprio
para os prazeres físicos.
O desconhecimento anatômico, a ignorância fisiológica, as fantasias sobre o corpo feminino permitiam que a ciência médica construísse ao longo da modernidade um saber masculino e um discurso de desconfiança sobre este objeto. A misoginia do período empurrava as mulheres para um território onde o controle do médico, do pai e do marido seria inelutável; aquele da maternidade. A concepção e a gravidez apareciam ai como remédio para todos os achaques femininos, e o homem ganhava assim um lugar essencial na saúde da mulher, uma vez que dele dependia a procriação. (PRIORE, 2009,p. 164)
Podemos perceber desta forma que toda a vida da mulher estava baseada na
maternidade, acentuando o ideal materno como único exemplo de educação e da
propagação de bons costumes sociais, costumes estes impostos para que a mulher
fizesse seu papel atribuído pela sociedade da época.
A partir destes apontamentos, podemos perceber que a maternidade foi o
elemento que definiu os parâmetros sociais das mulheres na Colônia, sendo uma
forma de identificar seu papel frente a sociedade, independente da classe social em
que estava inserida.
ATIVIDADE
REFLEXÃO E PRODUÇÃO TEXTUAL
Após a leitura e discussão do texto da autora Mary Del Priore a respeito
da maternidade pedir para os alunos refletirem sobre as mudanças ocorridas no
que diz respeito à maternidade fazendo um paralelo entre o período colonial e
como a maternidade é vista hoje, produzindo um texto sobre o tema.
A respeito do casamento, a historiadora Maria Beatriz Nizza da Silva, no seu
estudo sobre o “Sistema de Casamento no Brasil Colonial” (1984), faz uma análise a
respeito do sistema de normas que conduziam à prática do matrimônio durante o
período colonial. Para essa pesquisa a autora se baseia em arquivos, relatos, fontes
manuscritas referentes à Capitania de São Paulo e fontes impressas da Metrópole e
da Colônia1.
A autora inicialmente analisa as práticas matrimoniais indígenas, mostrando
como foi à atuação dos jesuítas para a instauração do matrimônio católico entre os
povos indígenas. Em seguida, discute todas as práticas que estão presentes no
CASAMENTO E DIVÓRCIO
casamento, como por exemplo: o antes, quem escolhia o cônjuge, quais princípios
norteavam esta escolha, quais virtudes eram necessárias na mulher para essa
escolha, quais formas de casamentos existiam, o concubinato, a vida conjugal, a
gravidez, o parto, a honra da mulher casada, assim como o adultério e os processos
de divórcios. Segundo Maria Beatriz Nizza da Silva (1984)
Silva comenta que o matrimônio era para sempre, estabelecido a partir da
doutrina da Igreja católica sendo usada como principal argumento a favor de uma
escolha do futuro cônjuge. Esse princípio norteava-se na igualdade, podendo haver
disparidade etária, mas, não era uma prática comum, podendo ser mal vistos no
Brasil colonial.
Este princípio de igualdade, segundo a autora, era baseado na razão, sem
levar em conta a paixão e a atração física:
A escolha do cônjuge era norteada, no período colonial, pelo
principio de igualdade no que se refere à idade, condição e saúde, e
também por aquilo que poderíamos denominar principio da racionalidade,
que evidentemente marginalizava a paixão ou a atração física. O que
permeia, contudo, todo este discurso, quer erudito, quer popular, é uma
flagrante assimetria: falar muito da decisão do homem na escolha da futura
mulher, mas nada se diz daquilo que seria a contrapartida, ou seja, a
escolha por parte da mulher. Essa assimetria por si só revela que não cabia
a ela a decisão. Ela não escolhia, era escolhida. (SILVA, 1984, p.70)
No que se refere à forma como os casamentos eram realizados Silva (1984),
ressalta que a idade mínima para poder se casar era de 14 anos para os meninos e
12 para as meninas, com algumas exceções, mas sempre com uma autorização
especial, passada pelo bispo ou pela Igreja. Quanto ao casamento de uma filha
menor sem o consentimento do pai, a mesma perderia o direito a herança. Em se
tratando dos viúvos que pretendiam se casar pela segunda vez exigia-se o atestado
de óbito da primeira mulher ou do primeiro marido.
Para o casamento poder ser celebrado era preciso além de outros papeis,
uma certidão de batismo que provasse ou justificasse o fato, pois muitos párocos
não registravam como deveriam, e isto levava a um entrave burocrático. Estes
entraves eram frequentes e aumentavam conforme as distâncias das localidades.
Outro entrave que a autora destaca em sua obra era a respeito dos
obstáculos que impediam a celebração dos casamentos, vão de encontro à vadiação
dos homens e a exigências da burocracia eclesiástica.
Vemos assim, que contrair matrimônio representava, para amplas camadas da população, sobretudo negros e pardos forros, mas também brancos pobres, uma despesa e um trabalho tal como papeis que a maioria preferia viver em concubinato estável, constituindo família e vivendo como marido e mulher. (SILVA, 1984, p55)
A importância desta obra reside no fato de que seu objeto de estudo vai de
encontro ao modo como as pessoas agiam e como deviam agir, além de verificar
que apesar dos avanços, muitas das práticas associadas aquele momento histórico
ainda se fazem presentes na sociedade atual.
Dentro desta análise podemos citar o livro “Dignidade e Transgressão:
Mulheres no Tribunal Eclesiástico em Minas Gerais (1748-1830)” (2001) a autora
Marilda Santana da Silva nos mostra que a Igreja buscou direcionar-se como órgão
fiscalizador do sacramento do casamento, observando principalmente a elite
colonial, na qual as mulheres eram obrigadas a se casar, sendo que muitas vezes
não havia o afeto dos maridos, pois eram casamentos arranjados e impostos pelos
pais, tios, irmãos ou tutores.
Segundo SILVA, (2001) as mulheres suportavam os desafetos e agressões
dos maridos e que nem sempre recorreram ao divórcio como meio de por fim aos
seus sofrimentos, no qual, podemos perceber que as esposas pediam o divórcio
quando não havia mais “lugar para esperança” ou quando se viam em eminente
perigo.
ATIVIDADE
ANÁLISE DE DOCUMENTOS/PROCESSOS DE DIVÓRCIO.
Atividade 1: Nesta atividade a turma será dividida em grupos, cada grupo
analisará um documento relacionado ao período colonial brasileiro.
Atividade 2: Depois das análises feitas, cada grupo montará uma peça teatral
baseada no documento que analisou. No momento da apresentação da peça, o
grupo deverá expor a análise realizada, finalizando a atividade com a
apresentação da peça teatral.
Os documentos utilizados nesta atividade foram retirados do livro: Marilda
Santana da Silva livro “Dignidade e Transgressão: Mulheres no Tribunal Eclesiástico
em Minas Gerais (1748-1830)” (2001)
Nesta obra a historiadora Marilda Santana da Silva procura fazer uma análise
da atuação do tribunal eclesiástico em Minas Gerais dos séculos XVIII e inicio do
XIX em relação às infrações julgadas neste tribunal no que diz a respeito à moral e à
sexualidade feminina. Esta pesquisa analisa documentações do Juízo Eclesiástico
do bispado de Mariana, que segundo a historiadora, possibilitou fazer um
mapeamento dos delitos morais e religiosos praticados por alguns segmentos da
população mineira no período abordado, ao mesmo tempo foi possível traçar um
perfil dos motivos alegados pelas mulheres ao buscarem a justiça nestes tribunais.
Abaixo analisaremos alguns destes documentos:
Documentos 1 e 2 : tratam de pedidos de divórcio de mulheres com
alegações de sevícias.Toda ação de divórcio com esta alegação se iniciava com
uma petição deste tipo:
Documento 1
P. Por Via de um Libelo Cível de divórcio diz a autora contra o seu
marido F. que A. é casada a face da Igreja com o réu F., há (tantos) anos, e
que durante este período, sempre serviu, tratou e obedeceu como era de seu
dever de esposa.
P. Que ha (tantos) anos, o dito seu marido não a trata como sua
companheira e igual (os motivos).
P. que por vezes a tem seviciado e faltado ao necessário alimento para
a sua subsistência.
P. Que a diferença do réu para com A. é tal, que ela vive abandonada,
sem recursos, e sempre receosa de ser maltratada pelo réu. (SILVA, 2001, p
84)
Documento 3: trata de um manual eclesiástico do Padre Manuel Tavares da
Silva. Este documento nos trás informações a respeito de como deveria agir a
mulher requerente do divórcio.
Documento 3
[...] a mulher casada como o dito seu marido, e este esquecendo dos
deveres; que lhe impôs de casado, a maltrata e persegue não só com palavras
injuriosas e infamantes, como mediante ameaças de espancá-la, e tirar-lhe a
própria vida. A suplicante (mulher) pode requeres que mande proceder a um
sumário de sevícias, e mande deposita-la na casa de sua madrinha com suas
joias, roupas e criados que a sirvam. A suplicante fica assim, encarregada de
nomear as testemunhas para o andamento do processo. (SILVA, 2001, p 81)
Documento 2
Dizia Joaquina da Silva Gages que seu marido, o capitão José da Silva
Amorim,
[...] esquecendo-se dos ditames da religião como praticavam as mulheres
honradas, pelo contrario a maltratava com palavras injuriosas sem razão ao
tratar amizade ilícita com uma parda de nome Perpétua com quem ofendia a fé
conjugal tendo-a publicamente e desperdiçando com ela os bens do casal.
(SILVA, 2001, p 102)
Documento 4 : pertence a Úrsula Porciúncula, a qual procurou o Juizado
Eclesiástico mineiro em 29 de julho de 1751 denunciando os maus tratos do marido.
Para um aprofundamento sobre o tema casamento no Brasil colonial será
assistindo e trabalhado o filme:
Documento 4
Sendo casada legitimamente com o réu seu marido tratava-o
com fidelidade e amor, como costumam as mulheres honradas, ele
pelo contrario, que esquecido das leis do matrimonio, tem vivido
dissolutamente concubinado com varias mulheres, e ultimamente,
anda concubinado com Joana Gomes bastarda, com quem chegou a
tanto escândalo, que com ela foi culpado, neste juízo.Mostra-se
também, que por este motivo tratava mal a esposa, que há anos não
lhe dá cousa alguma para e, e vestido [...] e que há anos não faz vida
marital com ela, estando vivendo em uma roça com a dita Joana,
com quem foi denunciado[...] (SILVA, 2001, p 88 )
TRABALHANDO COM VÍDEO
DESMUNDO
Informações sobre o filme.
Título original: Desmundo
Lançamento: 2003, Brasil
Direção: Alain Fresnot
Atores: Simone Spoladore, Osmar Prado, Berta Zemei, Beatriz Segall.
Duração: 100 min
Gênero: Drama
Baseado no romance de Ana Miranda, o filme “Desmundo” de Alain
Fresnot (2003), retrata a sociedade colonial brasileira, por volta do ano de 1570
.Neste periodo da história do Brasil os negros eram “coisas” , os índios era
selvagens a serem “domesticados”; e as mulheres, eram apenas objetos com a
finalidade de servir ao seu marido, em todos os sentidos.
O filme conta a história de uma jovem portuguesa, órfã, juntamente com
outras,mandada para a América portuguesa colonial do século XVI, com o
objetivo de desposarem os colonos. O filme explora várias questões acerca do
contexto da época como linguagem, religiosidade, sexualidade, obediência e
fidelidade, os quais serão enfocados, principalmente, na narrativa da
personagem Oribela, uma das órfãs que são trazidas de Portugal. Tais mulheres
não escolhiam se desejavam se casar ; tão pouco com quem se casariam.
Oribela e as demais órfãs são levadas para um lugar onde são oferecidas
a seus pretendentes por uma intermediaria. A personagem principal, Simone
Spoladore, que se mostra muito religiosa, apresenta-se muito contrariada com a
situação em que se encontra .Através dessa personagem nos deparamos com o
universo da existência feminina, da religiosidade, do amor, da sexualidade.
Todos esses sentimentos estão arraigados na personalidade dela e nos permite
conhecer as estruturas mentais construídas culturalmente à época, uma vez que
a sua voz ecoa outras tantas vozes, que por sua vez reproduzem os discursos
normativos e impositivos da época, seja da igreja, seja da sociedade patriarcal.
Em Desmundo, a linguagem tem papel representativo nos discursos que
aparecem na história. Ela revela as posturas impositivas, audaciosas,
resignadas, reveladoras que acontece à época. Para isso recorre-se ao léxico,
com o uso de palavras dicionarizado, como no caso de Oribela, para revelar a
situação “sem norte” em que a personagem se encontra.
Atividade: Após o filme será feita uma análise historiográfica destacando os
pontos principais do filme juntamente com uma discussão acerca do enredo do
filme e em seguida os alunos e alunas produzirão um texto critico registrando
apontamentos que acharem relevantes.
Caro professor!
O objetivo a ser alcançado com a análise deste filme é refletir e debater
sobre o papel da mulher na sociedade colonial brasileira no que diz respeito ao
casamento nesta época. Neste sentido ressaltamos a importância do uso da
linguagem fílmica, pois o cinema enquanto método de abordagem e apropriação
do conhecimento torna-se uma ferramenta de acesso ao conhecimento e mais
uma alternativa para melhorar o trabalho do professor em sala de aula, podendo
despertar no aluno outro tipo de relação no que diz respeito ao processo ensino
aprendizagem, uma vez que, além de ampliar o conhecimento, estimulara o
aluno a pensar e questionar a história, a partir do filme, podendo desta maneira
levar aos nossos alunos outra forma de aprendizagem.
Em nossas aulas podemos utilizar qualquer gênero cinematográfico,
como documentário, filme histórico ou ficcional, desde que os mesmos tenham
objetivos pedagógicos bem definidos.
Para a realização de um bom trabalho sobre o gênero cinematográfico
em sala de aula, é preciso antes conhecer muito bem e nos aprofundarmos
neste assunto. Para tanto, sugerimos algumas referências que abordam este
tema:
ARAÚJO, Inácio. Cinema: o mundo em movimento. Scipione, 1995.
FERRO, Marc. Cinema e História. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1992.
MORAN, José Manuel. O vídeo na sala de aula. Revista Comunicação &
Educação. São Paulo, n.2. jan/abr 1995.
NAPOLITANO, Marcos. Como usar o cinema na sala de aula. São Paulo:
Contexto, 2005.
ROCHA, Antônio P. O Filme: um Recurso Didático no Ensino de História? In:
Lições com o Cinema. São Paulo: FDE, 1994.
ATIVIDADE
APROFUNDANDO O CONHECIMENTO
Após as leituras, discussões e atividades realizadas
nesta unidade será solicitado aos alunos e alunas uma reflexão juntamente
com uma produção textual que sistematize os conhecimentos adquiridos no
que se refere ao papel, a trajetória e avanços conquistados pelas mulheres ao
longo da história, bem como ações cotidianas que visem diminuir o machismo
em nossa sociedade.
ATIVIDADE FINAL
JORNAL
Como atividade final desta Unidade os alunos produzirão um jornal
correspondente ao período colonial do Brasil.
Para esta atividade a turma será dividida em duplas, cada dupla
pesquisará um aspecto relevante sobre as mulheres neste período.
Os jornais serão expostos em locais da própria escola.
Os aspectos que serão pesquisados e colocados no jornal estão
relacionados a:
Política;
Sociedade;
Moda;
Anúncios;
Culinária;
Maquiagem;
Cultura;
Referências Bibliográficas:
ALGRANTI, Leila Mezan. Honradas e devotas: Mulheres da Colônia: condição
feminina nos conventos e recolhimentos do Sudeste do Brasil, 1750-1822. Rio de
Janeiro: José Olympio, 1993.
MEIHY, José Carlos Sebe Bom. Manual de História Oral. São Paulo: Loyola, 1996.
PARANÁ. Diretrizes curriculares Estaduais para o Ensino de História. SEED-
Curitiba, PR. 2008.
PRIORE, Mary Del. Ao sul do corpo: Condição feminina, maternidades e
mentalidades no Brasil Colônia. 2ª edição São Paulo: UNESP, 2009.
PRIORE, Mary Del. Histórias íntimas: sexualidade e erotismo na história do Brasil.
São Paulo: Editora Planeta do Brasil, 2011.
PERROT, Michelle. Minha história das mulheres. São Paulo: Contexto, 2007.
SILVA, Marilda Santana Da. Dignidade e transgressão: mulheres no Tribunal
Eclesiástico em Minas Gerais (1748-1830). São Paulo: FAPESP, 2001.
SILVA, Maria Beatriz Nizza da. Sistema de Casamento no Brasil Colonial. São
Paulo: EDUSP, 1984.
SCOTT, Joan. Gênero: uma categoria útil de análise histórica. In: Educação e
Realidade 20(2) jul/dez pp71-99
ZIRBEL, Ilze. Gênero e estudos Feministas no Brasil. In: SILVA, Carla Fernanda da;
KRAEMER, Celso (Org.). Corpos Plurais: experiências possíveis. Blumenau:
Liquidificador. 2012. pp. 15 a 68.