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OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE NA PERSPECTIVA DO PROFESSOR PDE Produções Didático-Pedagógicas Versão Online ISBN 978-85-8015-079-7 Cadernos PDE II

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OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSENA PERSPECTIVA DO PROFESSOR PDE

Produções Didático-Pedagógicas

Versão Online ISBN 978-85-8015-079-7Cadernos PDE

II

Título: A narrativa literária como elemento instigador e fonte para o ensino da História: Homero e Rick Riordan, diálogos possíveis.

Autor Sandro Cavalieri Savoia

Disciplina/Área (ingresso no PDE)

História

Escola de Implementação do Projeto e sua Localização

Colégio Estadual Vereador Pedro Piékas

Município da Escola Almirante Tamandaré

Núcleo Regional da Educação

Área Metropolitana Norte

Professor Orientador Bruno B. A. Dallari

Instituição de Ensino Superior

UFPR

Relação Interdisciplinar Língua Portuguesa

Resumo O presente Caderno Pedagógico tem como destinatário os alunos do primeiro ano do Ensino Médio, do Colégio Estadual Vereador Pedro Piékas, do município de Almirante Tamandaré. Assim, procuramos por meio da literatura infantojuvenil contemporânea, mais especificamente, da série "Percy Jackson & os olimpianos" de Rick Riordan, bem como o que se comenta sobre ela no espaço público, instigar a leitura dos clássicos "Ilíada" e "Odisseia" de Homero, tendo como mote as especificidades do conhecimento histórico. Logo, a narrativa literária é vista aqui como elemento instigador e fonte para o ensino da História, em especial da Grécia Antiga, o qual corrobora o aporte teórico escolhido, isto é, as contribuições da História Cultural, presente nas DCEs do Paraná, bem como as contribuições de Bakhtin.

Palavras-chave Ensino de História; Grécia Antiga; Homero e Rick Riordan; Narrativa Literária; Espaço Público.

Formato do Material Didático

Caderno Pedagógico

Público Alvo Alunos do 1º Ano do Ensino Médio

2

APRESENTAÇÃO

O material didático-pedagógico intitulado “A narrativa literária como

elemento instigador e fonte para o ensino da História: Homero e Rick Riordan,

diálogos possíveis”, enquanto Caderno Pedagógico foi pensado para atender a

necessidade dos alunos do primeiro ano do Ensino Médio diurno, do Colégio

Estadual Vereador Pedro Piékas, do município de Almirante Tamandaré. A presente

produção faz parte das atividades obrigatórias do Programa de Desenvolvimento

Educacional – PDE 2014/15 e deve ser trabalhada ao longo de um bimestre, se

possível com o auxílio do professor(a) de Língua Portuguesa.

Ao usar a literatura infantojuvenil contemporânea “Percy Jackson & os

olimpianos” de Rick Riordan e o que se comenta sobre ela no espaço público,

pretendemos diminuir distâncias e instigar a leitura dos clássicos, Ilíada e Odisseia

de Homero, tendo como base as especificidades do conhecimento histórico. Da

mesma forma, visamos à inserção dos alunos no espaço público, não como meros

espectadores, mas, como interlocutores ativos, condição sine qua non para a

formação da cidadania e o fortalecimento de um modelo de democracia participativa

em nossa sociedade. Sociedade esta, por vezes, marcada pelo presentismo

histórico e pelo imediatismo das necessidades humanas, calcadas por práticas

individualistas e de consumo, onde tudo rapidamente parece transformar-se em

mercadoria, até mesmo a informação.

Dentro deste contexto procuramos observar a forma como se dá a inserção

dos jovens no espaço público e a sua relação com a mídia? Nos perguntamos, como

potencializar esta relação a fim de que os jovens não percam o seu papel de

interlocutores e qual a importância da prática da leitura e da produção de texto neste

processo? A leitura e produção de texto são especificidades tão somente da

disciplina de Língua Portuguesa? Seria possível aliar narrativa literária a narrativa

histórica, com o intuito de potencializar o ensino da História, bem como incentivar a

prática da leitura entre os alunos? Como fazê-lo?

Certamente há mais de uma resposta para esta questão, o que estamos

apresentando é uma possibilidade entre várias experiências já relatadas, inclusive

3

no PDE.

Sabemos que o ensino da História propicia aos alunos mecanismos para a

construção do conhecimento de forma crítica, participativa, com vistas à

emancipação humana e a transformação social. Daí a importância da compreensão

dos processos históricos constituídos a partir das ações e relações humanas no

passado. Passado não estanque, mas entendido aqui como intimamente ligado ao

presente e ao futuro enquanto devir histórico, conforme aponta as Diretrizes

Curriculares Estaduais do Paraná (DCEs).

Para este fim, a História se utiliza de fontes diversas, isto é, de vestígios do

passado que potencializam a compreensão dos fatos históricos. Mais do que isso,

que permitem um olhar sobre a forma como estes fatos foram construídos e

interpretados ao longo do tempo e em diferentes contextos. Entre estes vestígios ou

documentos, encontra-se a narrativa literária.

Assim, como representação do passado realizada pelo historiador, a

compreensão da História requer a investigação as fontes, bem como a apreensão

dos conceitos subjacentes à ciência histórica, que a estruturam e a diferem de

outras ciências.

Por tudo isso, guardadas as especificidades que são próprias da ciência

histórica, acreditamos ser imprescindível fazer no ensino da História o dialogo com

outras disciplinas e/ou áreas do conhecimento.

No campo da História esse diálogo já ocorre desde os tempos das

formulações teóricas da Escola dos Annales, na França, no final da década de 1920.

Da primeira geração dos annales, ou seja, de Lucien Febvre e Marc Bloch,

passando pela segunda geração com Fernand Braudel, aproximações com a

geografia, a economia, a antropologia, a psicanálise, propiciaram o avanços dos

estudos históricos e culminaram com o surgimento da chamada História Nova, na

década de 1970, com suas novas abordagens, objetos e perspectivas.

Na esteira desse processo surge ainda a Nova História Cultural. Esta corrente

historiográfica está presente nas DCEs de História, documento norteador do estado

do Paraná, que ainda traz em seu conteúdo as contribuições da Micro-História e da

chamada Nova Esquerda Inglesa.

A obra de Barros (2004), Burke (2005) e Pesavento (2005) nos dá subsídios

4

para compreender a Nova História Cultural. Esta última trabalha em sua obra com a

História Cultural, base da fundamentação deste Caderno Pedagógico. Mais ampla, a

História Cultural abarcaria tanto as contribuições dos herdeiros da Escola dos

Annales, como as contribuições da chamada Micro-História e da Nova Esquerda

Inglesa. Segundo Pesavento (2005), se a História Cultural é chamada por alguns de

Nova História Cultural, isso se deve a uma nova forma de a História trabalhar a

cultura, de pensar a cultura como um conjunto de significados partilhados e

construídos pelos homens para explicar o mundo.

Inovações nos planos da teoria, método, temática e fontes são a marca da

História Cultural. Segundo Pesavento (2005) esta proporcionou um novo impulso na

escrita da História, a ponto de hoje representarem cerca de 80% da produção

historiográfica nacional. Da mesma forma possibilitou a ampliação de um público

leitor de História, dentro e fora do país. O incentivo a leitura é um dos motes de

nossa discussão.

Em termos gerais a proposta da História Cultural, segundo a autora, seria

decifrar o passado por meio de suas representações, objetivando com isso alcançar

as formas pelas quais os homens expressaram a si próprios e o mundo.

Várias foram às fontes de inspiração da História Cultural, de Burckhardt e

Huizinga no final do século XIX e início do século XX, a teóricos de outras áreas do

conhecimento como: Norbert Elias, Michel Foucault, Pierre Bourdieu e Mikhail

Bakhtin, entre outros.

Mikhail Bakhtin e suas formulações sobre o dialogismo, bem como sobre a

polifonia de vozes presentes na produção textual, nos interessa aqui em particular.

Da mesma forma significativas são suas formulações sobre o conceito de espaço

público. Nele o espectador não é apenas um receptor, ele é um interlocutor, um

sujeito que dialoga com a mídia, ou seja, na concepção bakhtiniana diálogo supõe

um espaço constituído por referências partilhadas no qual se estabelece um

repertório comum de elementos linguísticos discursivos.

É por meio desse autor que buscamos uma aproximação do ensino da

História com a Língua Portuguesa, tendo em vista o desenvolvimento da produção

do material de apoio didático-pedagógico a ser aplicado na escola. A partir dessa

perspectiva visamos potencializar a prática da leitura na escola, pois acreditamos

5

que a mesma não pode ficar a cargo apenas da disciplina de Língua Portuguesa,

apesar da importância indiscutível desta nesse processo. Potencializar tem aqui um

sentido de desvelar, seduzir, traçar paralelos, incentivar.

Ao primarmos pelas relações interdisciplinares também o fazemos com o

intuito de dinamizar o ensino da História, aqui conectado ao conteúdo específico:

Grécia Antiga. Vale lembrar que o sentimento de pertença, aquilo que definia os

povos das diferentes cidades-estados como gregos não era a política ou a

economia, apesar de sua importância, mas sim a cultura. Ser grego era compartilhar

da mesma língua e da mesma religião, elementos presentes na Ilíada e na Odisseia.

Para compreendermos melhor este universo da antiguidade clássica

escolhemos a literatura infantojuvenil de Rick Riordan. A opção pela coleção “Percy

Jackson & os olimpianos” se fez em decorrência de sua popularidade no espaço

público. Acreditamos que servirá como ancoragem para a compreensão das obras

Ilíada e Odisseia de Homero, bem como aos conteúdos específicos da História, isto

é, aqueles referentes à Grécia Antiga.

Para alcançar tais propósitos dividimos o Caderno Pedagógico em quatro

unidades didáticas, acrescidas das considerações finais, ao final da última unidade.

A Unidade Didática 1 tem como tema “a presença da antiguidade clássica e

da mitologia grega na literatura infantojuvenil contemporânea de Rick Riordan –

análise filmográfica”.

Nela serão analisadas os filmes baseados nas obras de Rick Riordan, “Percy

Jackson e o ladrão de raios” e “Percy Jackson e o mar de monstros”. O tema e as

atividades propostas visam inserir os alunos no universo da obra e da mitologia

grega.

A Unidade Didática 2 versa sobre “a presença da antiguidade clássica e da

mitologia grega na literatura infantojuvenil contemporânea - o que se diz no espaço

público - análise comparativa entre o enredo dos filmes e a obra 'Percy Jackson &

os olimpianos' de Rick Riordan”.

A partir da análise de comentários de sites e blogs, procuramos ver qual a

percepção e o que se diz no espaço público a respeito das obras e dos filmes da

série “Percy Jackson & os olimpianos”.

A Unidade Didática 3 aborda “a presença da antiguidade clássica e da

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mitologia grega nas obras de Homero – contexto histórico”.

A mais árida e complexa das unidades deste Caderno Pedagógico, requer

uma atenção especial do professor(a) ao trabalhar com seus alunos. Traz pequenos

textos escritos por este autor, a partir da leitura da bibliografia presente nas

referências. A cada texto segue-se uma pergunta elaborada para que possamos

intermediar junto aos alunos, reflexões sobre o contexto histórico de produção das

obras de Homero, bem como para que possamos compreender um pouco mais a

história da formação da Grécia Antiga ou antiguidade clássica grega. Atividades

complementares possibilitam ainda trabalharmos com conceitos subjacentes a

ciência histórica, com ênfase a tipologia das fontes e uso da periodização.

A Unidade Didática 4, - diferentemente das duas primeiras que concentra-se

na literatura infantojuvenil contemporânea e da terceira, que concentra-se em

especial no contexto de criação dos poemas épicos gregos, - aproxima e promove

um diálogo entre as diferentes épocas e estilos e por isso tem como tema “a

presença da antiguidade clássica e da mitologia grega nas obras de Homero e Rick

Riordan - análise comparativa de passagens e/ou fragmentos de textos”.

A partir de fragmentos das obras - o qual denominamos documentos, pois

para os historiadores são vistos como fontes históricas, - observaremos a polifonia

de vozes presentes na contemporaneidade (em especial nas obras de Rick Riordan)

e como estas nos traz elementos para compreensão de outras épocas, ressaltando

a importância do pensamento grego para a formação da cultura ocidental

contemporânea.

O tópico Considerações Finais traz a sugestão da elaboração de um Role-

playing game (RPG). De posse de informações básicas sobre o assunto, somadas

ao conhecimento prévio dos alunos, adentramos numa segunda etapa do trabalho,

qual seja, a da pesquisa nos meios midiáticos para posterior construção de

personagens e enredos que serão colocados em prática por meio de uma atividade

de RPG. Tais atividades não estão esboçadas de forma minuciosa, passo a passo,

no presente Caderno Pedagógico, pois esta não é a finalidade do mesmo, ficando

por isso como sugestão aos professores(as) que terão a indicação de onde

encontrar material para subsidiar tal prática.

Por fim, após a realização das atividades deste Caderno Pedagógico – que

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dependendo da ocasião podem ser feitas individualmente e/ou em grupo - a última

etapa dessa intervenção consiste numa avaliação coletiva da proposta pedagógica.

Nela procuraremos auferir os prós e contras do trabalho realizado, com vista a

melhorias futuras. Tais resultados deverão ser expostos num artigo, atividade esta

que finalizará nossa participação no Programa de Desenvolvimento Educacional –

PDE 2014/15.

Boa leitura e bom trabalho.

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UNIDADE 01

TEMA DE ESTUDO: A presença da antiguidade clássica e da mitologia grega na

literatura infantojuvenil contemporânea de Rick Riordan – análise filmográfica.

1. INTRODUÇÃO

Com seus personagens e seres mitológicos, Percy Jackson apresenta uma

polifonia de vozes, traz “ecos” de outros textos como os da Ilíada e da Odisseia de

Homero, enfim, traz o seu enunciado. Estes “ecos” que transcendem os textos de

Rick Riordan, o fazem pela sua atualidade, possuem um significado junto aos

leitores na contemporaneidade. Segundo Cosson (2014),

é necessário a distinção entre contemporâneo e atual, mesmo que usemos os dois termos como sinônimos na adjetivação da produção literária. Obras contemporâneas são aquelas escritas e publicadas em meu tempo e obras atuais são aquelas que têm significado para mim em meu tempo, independentemente da época de sua escrita e publicação (…). O letramento literário trabalhará sempre com o atual, seja ele contemporâneo ou não. É essa atualidade que gera a facilidade e o interesse de leitura dos alunos. (COSSON, 2014, p.34)

Tendo em vista tais considerações, apresentamos a série “Percy Jackson e os

Olimpianos”, que é composta por cinco volumes: O ladrão de raios, O mar de

monstros, A maldição do Titã, A batalha do labirinto e O último olimpiano. Destes, os

dois primeiros já foram adaptados ao cinema - a exemplo de outras séries

infantojuvenis como “Harry Potter”, de J. K. Rowling - e serão foco de análise desta

unidade. Também são de autoria do autor, a obra Os arquivos do semideus, que

conta com histórias que complementam a saga “Percy Jackson & os Olimpianos” e o

Guia definitivo, também associado a série.

Rick Riordan teria buscado inspiração em seu filho mais velho ao escrever a

série, o mesmo tinha transtorno de deficit de atenção com hiperatividade (TDAH) e

dislexia. O autor contava histórias de aventura para o filho, onde o personagem

principal era sempre alguém disléxico e hiperativo. Esse personagem era Percy

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Jackson, filho de Poseidon com uma mortal, isto é, um semideus.

Nunca tive a intenção de escrever a série Percy Jackson e os olimpianos.Quando meu filho mais velho estava no segundo ano, começou a ter problemas na escola. Não conseguia se concentrar. Não queria ficar sentado lendo. Escrever era um desafio (…) Sendo escritor e professor de ensino fundamental, não foi nada fácil para mim aceitar o fato de que meu filho odiava a escola. Então veio a fatídica reunião de pais (…) a salvação de meu filho foi a mitologia grega. Essa era a única parte da matéria que ele gostava. Toda noite, à hora de dormir, ele me pedia que lhe contasse histórias sobre mitos, e quando eu não tinha mais nenhuma para contar, ele me pediu para que inventasse. Criei, então, Percy Jackson, um semideus grego, igual a Hércules, Teseu e Perseu, exceto pelo fato de Percy ser uma criança moderna. Ele tem TDAH e dislexia. (RIORDAN, 2014, p.9).

Diferente das histórias da Ilíada e da Odisseia que eram narradas em

banquetes e festejos públicos, a série contemporânea é direcionada ao público

infantojuvenil e tem se mostrado um fenômeno midiático, sucesso de público e

vendas. Percy Jackson permaneceu por 155 semanas na lista de Best Sellers do

The New York Times, e já vendeu milhões de exemplares pelo mundo. Logo, não dá

para desconsiderar o seu apelo mercadológico, marca da contemporaneidade.

No entanto, está presente no espaço público e pode ser usado como ponto de

partida para a compreensão da História da Grécia Antiga, além de estímulo para a

leitura de clássicos como a Ilíada e Odisseia.

Em relação a leitura destes clássicos nossa intervenção pedagógica coaduna

com a ideia de que “é necessário que (…) [se] efetive um movimento contínuo de

leitura, partindo do conhecido para o desconhecido, do simples para o complexo, do

semelhante para o diferente, com o objetivo de ampliar e consolidar o repertório

cultural do aluno” (COSSON, 2014, p. 47-48). Daí a opção por “Percy Jackson e os

olimpianos”, daí por inciarmos nosso trabalho com a análise filmográfica que segue.

2. OBJETIVOS

Promover a inserção da temática a ser estudada. A partir dos filmes

apresentados, buscamos estimular a curiosidade sobre literatura infantojuvenil

contemporânea “Percy Jackson & os olimpianos” e quiça, fomentar a leitura da

mesma, junto aos alunos.

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Expectativas gerais de aprendizagem:

Estimular e potencializar a prática da leitura.

Fomentar o diálogo e a participação dos alunos.

Dar subsídio a ambientação da história e a criação de personagens a ser

trabalhada via RPG (trabalho final).

Expectativas de aprendizagem específicas do conteúdo de História:

Perceber o filme como uma possibilidade de fonte histórica.

Estimular os alunos a estabelecerem relações presente - passado - presente.

Trabalhar aspectos referentes à história da Grécia Antiga, em especial da

mitologia grega.

3. ORIENTAÇÃO AO PROFESSOR(A)

Ao tomar como base as obras de Rick Riordan, a presente unidade didática

visa inserir os alunos no universo da literatura infantojuvenil contemporânea e na

mitologia grega. Tal inserção se fará por meio da linguagem fílmica e deve ser

precedida de um levantamento prévio quanto ao conhecimento dos alunos sobre a

temática.

Optamos pelo filme enquanto instrumento ou recurso didático-pedagógico,

pelo fato do mesmo ser uma expressão cultural típica da contemporaneidade, isto é,

da sociedade industrial e tecnológica; por oportunizar o levantamento de aspectos

políticos, culturais, históricos, literários, entre outros, dessa sociedade; por possuir

alcance e empatia junto aos nossos alunos pela sua profusão de imagens, cores,

sons, recursos, enfim, que estariam aquém de uma aula teórica tradicional, proferida

pelo professor(a) em sala de aula.

Parece desnecessário, porém é bom lembrar que fazer do cinema uma

ferramenta no processo de ensino-aprendizagem, por meio do uso de filmes em sala

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de aula - seja na integra ou a partir de recortes - requer uma preparação prévia a ser

realizada pelo professor(a).

Nesse contexto, lembramos que o filme não está sendo utilizado aqui como

mero passatempo e fonte de ilustração, por isso, optamos pelas atividades que hora

seguem no formato de fichas filmográficas. Como registro de informações

levantadas pelos alunos a respeito do universo das obras de Rick Riordan e da

mitologia grega, as fichas filmográficas podem ser retomadas quando da construção

do Role-playing game (RPG), se assim o professor(a) desejar. Da mesma forma fica

a opção de trabalhar com um ou com ambos os filmes sugeridos, sendo que, se a

opção do professor(a) for por trabalhar com apenas um, sugerimos o filme Percy

Jackson e o mar de monstros pela sua proximidade com a Odisseia de Homero,

autor que abordaremos com mais detalhes nas unidades 3 e 4. Se a escolha recair

sobre um dos filmes apenas, seria interessante fazer algumas adaptações na

unidade 2.

4. PROPOSTA DE ATIVIDADES

4.1 Análise filmográfica

FICHA FILMOGRÁFICA A

PERCY JACKSON E O LADRÃO DE RAIOS

4.1.1 Informações técnicas

Título(versão): ............................................................................................................

Título (original): ..........................................................................................................

Ano de produção: .................................... Diretor: ..................................................

Nacionalidade: ......................................... Estúdio: ….............................................

Categoria: ................................................ Duração: ...............................................

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4.1.2 Resumo da obra

a) Personagens principais:

….......................................................... …..........................................................

….......................................................... …..........................................................

….......................................................... …..........................................................

b) Personagens secundários:

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c) Sinopse da história:

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4.1.3 Questões específicas

a) Qual cena do filme mais chamou-lhe atenção? Por quê?

…..................................................................................................................................

......................................................................................................................................

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b) Dê o nome de três deuses e de três semideuses da Grécia Antiga, citados no

filme.

deuses semideuses

…..........................................................

…..........................................................

…..........................................................

…..........................................................

…..........................................................

…..........................................................

c) Os gregos antigos eram politeístas, seus deuses possuíam anseios e

comportamentos semelhantes aos dos homens. Dê dois exemplos desses anseios e

comportamentos presentes no filme.

anseios comportamentos

…..........................................................

…..........................................................

…..........................................................

…..........................................................

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d) A Grécia Antiga, berço da civilização ocidental, era politeísta. Qual a religião

predominante hoje, no mundo ocidental?

…..................................................................................................................................

e) Você conhece alguma religião politeísta ou similar a isso, na atualidade? Qual?

…..................................................................................................................................

f) Com base nas informações extraídas do filme, qual relação os gregos antigos

tinham com a morte? Em que essa relação se distingue da nossa?

…..................................................................................................................................

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g) Dê o nome de três seres mitológicos gregos que apareceram no filme, em

seguida, descreva cada um deles.

nome características

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…..........................................................

h) Aponte diferenças culturais perceptíveis entre o acampamento meio-sangue e a

escola de Percy Jackson.

acampamento meio-sangue escola

…..........................................................

…..........................................................

…..........................................................

…..........................................................

…..........................................................

…..........................................................

i) Cite três objetos representativos da cultura material da Grécia Antiga e três objetos

representativos da cultura material da atualidade, presentes no filme.

objetos do passado objetos do presente

…..........................................................

…..........................................................

…..........................................................

…..........................................................

…..........................................................

…..........................................................

j) Cite o exemplo de um lugar de memória presente no filme.

…..................................................................................................................................

4.1.4 Pesquisa

a) Faça uma pesquisa sobre:

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Rick Riordan (biografia)

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4.2 O que se diz no espaço público

Documento 1

Nº de críticas postada por espectadores do

filme (usuários do site)Avaliação %

15 5 estrelas 17

12 4 estrelas 14

8 3 estrelas 9

19 2 estrelas 22

17

17 1 estrela 19

17 0 estrela 19Fonte:http://www.adorocinema.com/filmes/filme-128105/ . Acesso em 26/08/2014.

4.2.1 Agora você fará o papel de um crítico de cinema, analise o filme e emita uma

opinião sobre ele.

…..................................................................................................................................

......................................................................................................................................

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4.2.2 Observe os comentários dos usuários escolhidos pelo site

www.adorocinema.com e em seguida responda:

Documento 2

Crítica positiva mais útil: “Percy jackson e o ladrao supera as expectativas com muitas cenas de aventura com doses certas de bom o o logan lerman (percy),o brandon e a uma thurmam como medusa, otimos em seus papeis no filme.” (por dan movie)

Crítica negativa mais útil: “Olá fãs frustrados de Percy Jackson, assim como vocês estou indignada com o estrago que fizeram na história de Rick Riordan. Eu confesso que assisti o filme antes de ler o livro, realmente como todos os que não leram de inicio acharam legal, interessante... mas logo quando decidi comprar o livro tive vontade de bater no roteirista. Cara como ele conseguiu destruir assim uma historia tão legal como O Ladrão de Raios? Meu ele não colocou nada das melhores partes no filme, a chegada de Percy no acampamento, o modo como ele é venerado pelos campistas logo depois da captura da bandeira quando ele é reclamado por seu pai... cara TODOS os meios-sangues se ajoelharam na frente dele! O cara nem colocou Clarisse na historia como? porque meu Deus?! Ele luta com a Medusa e manda por correspondência para o Olimpo, para que os deuses principalmente seu pai vissem o que ele fez. Nem se quer mencionaram o nome de Cronos, o oraculo e muito menos a grande profecia, caramba!!! E o pior é que fizeram Hades de vilão... o deus do mundo inferior apenas queria seu elmo roubado de volta. Ares lutando com Percy a parte mais emocionante cadê?! Eu imagino que

18

Rick Riordan deve ter ficado furioso com as mudança, pois eu ficaria com certeza! Bom meus amigos para aqueles que gostaram do filme e não leram o livro, por favor leiam.. vocês também vão perceber o quanto estavam errados quando disseram que gostaram do filme! Duvido muito que consigam consertar os erros no segundo filme, espero do fundo do meu coração que o roteirista tenha sido demitido.” (por Débora M.)

a) Ancorado na opinião dos usuários, responda. Que ideia o site passa sobre o

filme? Há convergência ou divergência em relação a sua avaliação?

…..................................................................................................................................

......................................................................................................................................

......................................................................................................................................

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FICHA FILMOGRÁFICA B

PERCY JACKSON E O MAR DE MONSTROS

4.1.1 Informações técnicas

Título(versão): ............................................................................................................

Título (original): ..........................................................................................................

Ano de produção: .................................... Diretor: ..................................................

Nacionalidade: ......................................... Estúdio: ….............................................

Categoria: ................................................ Duração: ...............................................

4.1.2 Resumo da obra

19

a) Personagens principais:

….......................................................... …..........................................................

….......................................................... …..........................................................

….......................................................... …..........................................................

b) Personagens secundários:

….......................................................... …..........................................................

….......................................................... …..........................................................

….......................................................... …..........................................................

c) Sinopse da história:

…................................................................................................................................

…................................................................................................................................

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…................................................................................................................................

…................................................................................................................................

20

…................................................................................................................................

…................................................................................................................................

…................................................................................................................................

4.1.3 Questões específicas

a) Qual cena do filme mais chamou-lhe atenção? Por quê?

….................................................................................................................................................

.....................................................................................................................................................

.....................................................................................................................................................

b) Dê o nome de três seres mitológicos gregos que não haviam aparecido no filme

anterior, mas, que estão presentes no filme atual. Após esta tarefa, descreva cada

um deles:

nome características

…..........................................................

…..........................................................

…..........................................................

…..........................................................

…..........................................................

…..........................................................

…..........................................................

…..........................................................

…..........................................................

…..........................................................

…..........................................................

…..........................................................

21

c) Uma das ameaças enfrentadas pelos protagonistas do filme denominava-se

Cronos. Quem foi ele na mitologia grega?

….................................................................................................................................................

.....................................................................................................................................................

.....................................................................................................................................................

d) O presente filme, adaptação do livro de Rick Riordan, traz vários elementos da

mitologia grega como deuses, seres extraordinários, heróis, etc, bem como faz

referência a outras obras da literatura. Que obra você identifica no filme?

….................................................................................................................................................

e) Que passagem do filme lhe permite esta identificação?

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4.1.4 Pesquisa

a) Faça uma pesquisa sobre:

Homero (biografia)

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22

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4.2 O que se diz no espaço público

Documento 1

Nº de críticas postada por espectadores do

filme (usuários do site)Avaliação %

56 5 estrelas 26

39 4 estrelas 18

53 3 estrelas 24

37 2 estrelas 17

15 1 estrela 7

18 0 estrela 8Fonte:http://www.adorocinema.com/filmes/filme-191035/. Acesso em 26/08/2014.

4.2.1 Agora você fará o papel de um crítico de cinema, analise o filme e emita uma

opinião sobre ele.

23

…..................................................................................................................................

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4.2.2 Observe os comentários dos usuários escolhidos pelo site

www.adorocinema.com e em seguida responda:

Documento 2

Crítica positiva mais útil: “o filme me deixou bem animado,por mais que o primeiro tenha pecado demais em relação a ser fiel ao livro,com o sucesso do filme o ladrão de raios e de vendas do livro,o estúdio decidiu deixa-lo bem fiel ao livro,e até colocaram partes esquecidas do livro o ladrão de raios,como a conversa de percy com o oraculo, e acreditem, o resultado ficou muito bom,com excelente atuação,fotografia e efeitos especiais,seguidos de uma adaptação bem feita,capaz de agradar fãs e de trazer mais leitores para a grandiosa obra de rick riordan. O final do filme foi exelente,pois foi mantido igual do livro,ou seja,com a ressurreição de thalia em forma humana,e isso foi o bastante para deixar os fãs da sessão sessão onde fui,no Cinemark,o publico todo foi a loucura na hora em que thalia aparece,e fiquei bem contente de ver que ele realmente conseguiu agradar aos leitores de Percy Jackson e os olimpianos. O filme peca em coisas bem razoáveis,como a antiga relação que percy tinha com Tyler e com o ataque dos gigantes no ginásio,entre alguns outros,que estão presentes no livro e no filme não,mas esses são pequenos fatores que não são capazes de arruinar o filme,enfim,agora,eu creio que finalmente a franquia de Percy Jackson tenha tomado um rumo. Eu já li a maldição do titã,e mal posso esperar pelo filme,ainda mais agora que o estúdio tomou consciência e estão mais fiel á obra original. vida longa e próspera aos meios-sangues!! :D" (por Paulo Renato R.)

Crítica negativa mais útil: “O filme consegue não fugir tanto do livro, mantendo os acontecimentos e fatos do mesmo mas tem um quê de filmes de sessão da tarde. Filme razoável com algumas boas atuações contudo, nada que vá além e que nos marque ou emocione, ou mesmo que nos faça rir e lembrar de certas frases por dias. A visão e o modo como foi tratado poderia ter sido mais bem trabalhada.” (por alecristinadso)

a) Ancorado na opinião dos usuários, responda. Que ideia o site passa sobre o

24

filme? Há convergência ou divergência em relação a sua avaliação?

…..................................................................................................................................

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5. SUGESTÃO DE FILMES

A ODISSÉIA. Direção: Andrei Konchalovsky. EUA / Reino Unido / Grécia / Itália /

Alemanha: 1997. 2h56min.

TRÓIA. Direção: Wolfgang Petersen. EUA / Reino Unido: Warner Bros., 2004.

2h53min.

25

UNIDADE 02

TEMA DE ESTUDO: A presença da antiguidade clássica e da mitologia grega na

literatura infantojuvenil contemporânea - o que se diz no espaço público - análise

comparativa entre o enredo dos filmes e a obra “Percy Jackson & os olimpianos” de

Rick Riordan.

1. INTRODUÇÃO

A presente unidade ao mergulhar no universo da literatura infantojuvenil,

tendo como referência os filmes e a obra “Percy Jackson & os olimpianos” de Rick

Riordan, o faz a partir da análise de sites e blogs, para aguçar a percepção quanto

ao que se está discutindo no espaço público. Antes, talvez seja necessário fazer

algumas observações e distinções entre espaço público e esfera pública.

Segundo Dallari (2010), a noção de esfera pública foi proposta por Habermas

no livro publicado em 1962 e intitulado “A transformação estrutural da esfera

pública”. Herdeiro dos pensadores da escola de Frankfurt que vinham tematizando a

questão da ideologia e relacionando-a com a formação de uma cultura de massa

desde a década de 1920, Habermas aprofundou a investigação sobre o advento e

as consequências da modernidade, enfim, da sociedade industrial, no pensamento e

nas atitudes do homem contemporâneo. O autor, segundo Dallari (2010) vê o mundo

da mídia como forjadora da consciência deste homem contemporâneo e recupera a

Ágora como referência metafórica à esfera pública, uma vez que a Ágora era a

praça principal de Atenas onde se conversava e se discutia assuntos políticos. Assim

para Habermas a mídia seria a Ágora contemporânea.

A afirmação habermasiana por si só é um bom começo para a discussão, no

entanto, essa visão frankfurtiana sobre a mídia nos parece demasiada pessimista.

Logo, entendemos que a crítica da mídia como constitutiva da cidadania deve ser

feita com algumas retificações. Dallari (2010) busca referências em Bakhtin e

Barhtes para trabalhar com a ideia de espaço público. Nele o espectador não é

26

apenas um receptor, ele é um interlocutor, um sujeito que dialoga com a mídia.

Na concepção bakhtiniana diálogo supõe um espaço constituído por

referências partilhadas no qual se estabelece um repertório comum de elementos

linguísticos discursivos. Não pressupõe necessariamente consenso, segundo Dallari

(2010),

em Bakhtin, diálogo é conflito, é antagonismo, é a vivência da contradição. É importante sublinhar esse aspecto para contrastar com perspectivas nas quais o diálogo aparece como vivência harmônica dos contrários, como conciliação ou consenso. Ao contrário, o dialogismo bakhtiniano implica uma visão da vida social como conflito permanente, em todas as escalas, desde as relações interpessoais até os grandes conflitos políticos. (...) o diálogo nunca cessa, nunca é concluído, nunca se institui em formas estáveis e definitivas. Ao contrário, ele instaura a instabilidade e a incerteza, a possibilidade permanente do contraditório, mesmo que como virtualidade (DALLARI, 2010, p.10).

E acrescenta,

O espaço público não é apenas definido como virtualidade ou como negatividade, como um espaço em branco, aberto, no qual hipoteticamente qualquer pessoa poderia falar qualquer coisa [como na esfera pública habermasiana], mas positivamente, como aquilo que é efetivamente partilhado no curso das conversações e das interações linguísticas de toda ordem, muito particularmente as midiáticas (DALLARI, 2010, p.11).

É a partir desta concepção de espaço público e de diálogo que optamos,

enquanto gênero discursivo, pelo uso da mídia em sala de aula. A percepção daquilo

que se diz, isto é, das falas compartilhadas sobre as obras de Rick Riordan no

espaço público, possibilitará a criação de um elemento instigador que agregará

compreensão sobre a Grécia Antiga e sobre obras de Homero.

2. OBJETIVOS

Usar a literatura infantojuvenil contemporânea “Percy Jackson & os

olimpianos” e o que se comenta sobre ela no espaço público, a fim de diminuir

distâncias e instigar a leitura dos clássicos, Ilíada e Odisseia.

Expectativas gerais de aprendizagem:

27

Incentivar a participação dos alunos como interlocutores ativos do espaço

público.

Colocar o papel da mídia em perspectiva e compreender o espaço público.

Fomentar o diálogo e a participação dos alunos.

Estimular e potencializar a prática da leitura.

Expectativas de aprendizagem específicas do conteúdo de História:

Perceber que as falas presentes no espaço público podem ser tomadas como

fontes históricas.

Exercitar o olhar para perceber semelhanças e diferenças entre diferentes

fontes.

Trabalhar aspectos referentes à história da Grécia Antiga, em especial da

mitologia grega.

3. ORIENTAÇÃO AO PROFESSOR(A)

A segunda unidade deste Caderno Pedagógico está intrinsecamente ligada a

primeira e por esta razão detém-se sobre o que se diz no espaço público a respeito

das obras de Rick Riordan, mais especificamente sobre a série “Percy Jackson & os

olimpianos”.

Aproveitamos para sugerir no final da unidade, outras obras do autor, como a

nova série “Os heróis do Olimpo”. Nela os heróis de “Percy Jackson & os

olimpianos” se encontrarão com outros semideuses, filhos da versão romana dos

deuses gregos e viverão novas aventuras. Também sugerimos a leitura das histórias

em quadrinhos, que podem ser apresentadas aos alunos como forma de introduzi-

los no universo das histórias de Rick Riordan, de Homero e consequentemente da

mitologia grega.

Ainda dentro desta temática indicamos a obra de Josephine Angelini

“Predestinados: o destino os uniu, os deuses os separaram”. Angelini, assim como

28

Riordan, busca inspirações na mitologia grega e em Homero, mais especificamente

na Ilíada. Se para alguns, Percy Jackson & os olimpianos lembra Harry Potter,

Predestinados poderia ser definido como uma obra de literatura infantojuvenil mais

próxima de Crepúsculo de Stephenie Meyer.

Enfim, temos a indicação de alguns sites, que comprovam a popularidade da

série junto aos adolescentes, fato este que definiu nossa escolha. Os textos

retirados dos sites para análise e discussão foram mantidos em sua forma original

(citações), daí fugirem da norma-padrão da língua portuguesa se aproximando muito

mais das situações de diálogos, fato que esperamos ser apresentado aos alunos,

pelo professor(a) que fizer uso desse material.

4. PROPOSTA DE ATIVIDADES

4.1 O que se diz no espaço público

Percy Jackson e o Ladrão de Raios – comentários dos usuários do site

omelete.uol.com.br

Acesse os comentários na íntegra em:

http://omelete.uol.com.br/cinema/critica-percy-jackson-e-o-ladrao-de-raios/

Documento 1

Comentário 1:Urbano em 28/04/2010

29

“O unico mérito desse filme foi (...)." (omelete, web, 2014)

Documento 2

Comentário 2:Tiago dos Santos em 26/06/2010

“Muito ruim. Esse sub-Hary Potter (…).” (omelete, web, 2014)

Resposta - Carla em 31/03/2013

“Oh claro, e você é o cara (…).” (omelete, web, 2014)

Documento 3

Comentário 3:Vinicius em 25/07/2010

“Para mim o filme é rasoavel (…) com mais ação e menas viadagem...” (omelete, web, 2014)

Documento 4

Comentário 4:Jorge M. em 11/07/2012

“Cara, filme muito bobo, essa historia de misturar mitologia grega (…).” (omelete, web, 2014)

30

Documento 5

Comentário 5:jujus e bia em 17/12/2012

“olha na boa (...) obrigada pela atençao boa tarde.” (omelete, web, 2014)

Documento 6

Comentário 6:Paola em 04/05/2013

“Nem toda a adaptação de livros é boa mesmo" Segue lista de erros do querido diretor (…).” (omelete, web, 2014)

Percy Jackson e o Mar de Monstros - comentários dos usuários do site

omelete.uol.com.br

Acesse os comentários na íntegra em:

http://omelete.uol.com.br/percy-jackson-e-o-mar-de-monstros/cinema/percy-jackson-e-o-mar-de-monstros-critica/

Documento 7

31

Comentário 7:Cezar em 15/08/2013

“alguem ja leu os livros (...)”. (omelete, web, 2014)

Resposta - Alisson em 16/08/2013

“Cara ja li todos os livros (...)” (omelete, web, 2014)

Resposta - Pedro em 16/08/2013

“Eu comecei a ler Percy Jackson qnd tinha 14 anos (…) kkk”. (omelete, web, 2014)

Documento 8

Comentário 8:Romualdo em 16/08/2013

“Primeiro, O Ladrão de Raios pode (...) tsc"! (omelete, web, 2014)

Resposta - bia e ju em 10/10/2013

“Cara, eu não li 2 palavras do seu comentario (...)”. (omelete, web, 2014)

Documento 9

Comentário 9:Ricardo em 16/08/2013

“Eu li e tenho todos (…).” (omelete, web, 2014)

32

Documento 10

Comentário 10:Julio em 17/08/2013

“É sempre bom vir aqui (…) é pra criança né, quero o quê?” (omelete, web, 2014)

Resposta - nada em 03/09/2013

“uma pessoa inteligente leria os livros até o final (...).” (omelete, web, 2014)

Documento 11

Comentário 11:Malenna em 17/08/2013

“cheguei do cinema agora.(…) difamar obras como a Fox fez com Percy Jackson”. (omelete, web, 2014)

Resposta - Hyla em 19/08/2013

“melena, VOCE TIROU AS PALAVRAS DA MINHA BOCA, (…).” (omelete, web, 2014)

Documento 12

Comentário 12:Matheus em 18/08/2013

“Pelo q eu tenho notado, não só por alguns comentários, (…) livro como os filmes.” (omelete, web, 2014)

33

Documento 13

Comentário 13:Rodrigo em 18/08/2013

“Acabei de assistir (...) tira sua própria conclusão.” (omelete, web, 2014)

4.1.1 Após observar alguns comentários postados sobre os filmes Percy Jackson e o

Ladrão de Raios e Percy Jackson e o Mar de Monstros, no site omelete.uol.com.br,

responda:

a) Com qual comentário você se identificou mais? Por quê?

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b) Qual comentário se aproxima mais da crítica que você fez, após assistir os filmes

na Unidade 1?

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c) Qual opinião é mais recorrente, isto é, que predomina entre os usuários do site?

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34

d) Há opiniões divergentes entre os comentários? Quais?

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e) Há comentários com ênfase a mitologia grega, presente no filme? Qual o teor

desses comentários?

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f) Você teria argumentos para participar desse debate? Sim? Não? Por quê?

…..................................................................................................................................

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g) Para reflexão e debate. Observe este trecho extraído do comentário 12 e em

seguida responda: “Eu mesmo sou fã da saga, não pelo história e sim por se tratar

de mitologia grega. O que na minha opinião Rick, deixou varias brechas e errou feio

em partes da mitologia grega, também insultando a mitologia.”

• Em se tratando de uma obra de ficção, de uma narrativa literária, há a

necessidade de o autor ser fiel a história da mitologia grega? (veracidade x

verossimilhança)

35

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4.2 Enquete

Documento 14

“Depois de várias semanas no topo dos filmes mais aguardados pelos leitores do AdoroCinema, Percy Jackson e o Mar de Monstros chega às salas nesta sexta-feira, dia 16 de agosto (…). Mas esta não é a única adaptação de um livro de fantasia que seduziu os fãs recentemente (…) alguns deram certo e se transformaram em franquias (como Jogos Vorazes), já outros não obtiveram o sucesso esperado e jamais ganharam um segundo filme (como Eragon e A Bússola de Ouro).

Agora é você que decide: Quais são as melhores adaptações de livros de fantasia no cinema?” (adorocinema, web, 2014)

Quais são as melhores adaptações de livros de fantasia?

Filmes Votos %

Harry Potter (2001 - 2011) 3522 15,64

Jogo Vorazes (2012 - 2015) 2678 11,89

O Senhor dos Anéis (2001 - 2003) 2440 10,84

Crepúsculo (2008 - 2012) 1939 8,61

Percy Jackson (2010 - ….) 1789 7,95

As Crônicas de Nárnia (2005 - 2010) 1730 7,68

O Hobbit (2012 - 2014) 1441 6,4

Alice no País das Maravilhas (2010) 1050 4,66

Os Instrumentos Mortais (2012 - ….) 901 4

36

Desventuras em Série (2004) 728 3,23

A Hospedeira (2013 - ….) 693 3,08

A Invenção de Hugo Cabret (2011) 577 2,56

O Mágico de Oz (1939) 558 2,48

Dezesseis Luas (2013 - ….) 549 2,44

A Bússola de Ouro (2007) 457 2,03

Eragon (2006) 428 1,9

John Carter (2012) 416 1,85

A História Sem Fim (1984 - 1994) 391 1,74

O Guia do Mochileiro das Galáxias (2005) 229 1,02

Total de Votos 22516Fonte: http://www.adorocinema.com/noticias/filmes/noticia-103770/ .Acesso em 26/08/14.

4.2.1 Após analisar a enquete acima, responda:

a) Qual ou quais filmes citados na enquete você assistiu?

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b) Qual ou quais livros adaptados ao cinema e citados na enquete você leu?

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c) O filme tem que ser fiel ao livro? Por quê?

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d) Cite duas vantagens e duas desvantagens de assistir a um filme fiel ao livro.

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5. SUGESTÃO DE SITES COM COMENTÁRIOS SOBRE O FILME

5.1 Filme Percy Jackson e o Ladrão de Raios - 646 Comentários

http://percyjacksonbr.com/filmes/o-ladrao-de-raios-filme/comment

page12/#comments. Acesso em 03/10/2014.

5.2 Filme Percy Jackson e o Mar de Monstros – 2007 Comentários

http://percyjacksonbr.com/filmes/o-mar-de-monstros-filme/comment-page-

2/#comments. Acesso em 03/10/2014.

6. SUGESTÃO DE LEITURA

6.1 Livros que complementam a série Percy Jackson & os olimpianos

RIORDAN, Rick. Percy Jackson & os olimpianos: guia definitivo. Tradução:

Leonardo Alves. Rio de Janeiro: Intrínseca, 2012.

_____. Percy Jackson & os olimpianos:: os arquivos do semideus. Tradução:

Luciana Bastos Figueiredo. Rio de Janeiro: Intrínseca, 2010.

38

6.2 Outros livros

ANGELINI, Josephine. Predestinados: o destino os uniu, os deuses os separaram.

Tradução: Ana Luiza Libânio Dantas. Rio de Janeiro: Intrínseca, 2012.

RIORDAN, Rick. Os heróis do olimpo: o herói perdido – livro I. Tradução: Rodrigo

Peixoto. Rio de Janeiro: Intrínseca, 2011.

_____. Os heróis do olimpo: o filho de Netuno – livro II. Tradução: Raquel Zampil.

Rio de Janeiro: Intrínseca, 2012.

_____. Os heróis do olimpo: a marca de Atena – livro III. Tradução: Raquel Zampil.

Rio de Janeiro: Intrínseca, 2013.

_____. Os heróis do olimpo: a casa de Hades – livro IV. Tradução: Alexandre

Raposo e Edmundo Barreiros. Rio de Janeiro: Intrínseca, 2013.

_____. Os heróis do olimpo: o sangue do Olimpo – livro V. Tradução: Edmundo

Barreiros. Rio de Janeiro: Intrínseca, 2014.

_____. Os heróis do olimpo: os diários do semideus. Tradução: Débora Isidoro. Rio

de Janeiro: Intrínseca, 2013.

_____ (org.). Semideuses e monstros. Tradução: Rafael Gustavo Spigel e Janaína

Senna. Rio de Janeiro: Intrínseca, 2014.

6.3 História em quadrinhos

HOMERO. Odisseia. Adaptação e roteiro: Christoph Lemoine; Desenhos e cores:

Miguel Lalor Imbiriba. [s.l.]: Del Prado, 2014.

VENDITTI, Robert. O ladrão de raios: graphic novel / Rick Riordan. Adaptação:

39

Robert Venditti; Ilustração: Attila Futaki (arte), José Villarrubia (cor), Orpheus Collar

(layouts), Chris Dickey (lettering). Rio de Janeiro: Intrínseca, 2011.

_____. O mar de monstros: graphic novel / Rick Riordan. Adaptação: Robert

Venditti; Ilustração: Attila Futaki (arte), Tamás Gáspár (cor), Chris Dickey (lettering).

Rio de Janeiro: Intrínseca, 2013.

_____. A maldição do Titã: graphic novel / Rick Riordan. Adaptação: Robert

Venditti; Ilustração: Attila Futaki (arte), Gregory Guilhaumond (cor), Chris Dickey

(lettering). Rio de Janeiro: Intrínseca, 2014.

7. SAIBA MAIS

7.1 Sites

Site oficial: http://www.rickriordan.com/home.aspx

Site do BR – Editora Intrínseca: http://www.percyjackson.com.br/#/home

7.2 Fã-clubes / Percy Jackson & os Olimpianos

MG – blog magnus chase: http://percyjacksonbr.com/

PR – Maringa:https://twitter.com/FCOHalfB_PJ

RS – blog os deuses tomam chimarrão: http://www.osdeusestomamchimarraofaclube.blogspot.com.br/

SC – blog di immortales: http://diimmortales.webnode.com/

SP – blog acampamento meio-sangue:http://acampamentoms.blogspot.com.br/

SP – percy jackson sp: https://twitter.com/percyjacksonSP

40

SP – Osasco – blog camp half-blood: http://halfbloodcamp.blogspot.com.br/

Outros:

http://percyjacksonbr.com/faclube/suacidade/

41

UNIDADE 03

TEMA DE ESTUDO: A presença da antiguidade clássica e da mitologia grega nas

obras de Homero – contexto histórico.

1. INTRODUÇÃO

A construção desta unidade didática passou pela leitura de algumas obras,

dentre as quais a de Finley [s.d.], que nos foi crucial para a apreensão de vários

aspectos referentes ao mundo de Odisseu ou Ulisses. O autor aborda assuntos

como família, comunidade, honra, mulheres, casamentos, alianças, batalhas,

saques, banquetes, assembleias, deuses, entre outros. Extraindo e analisando

trechos da Ilíada e da Odisseia, Finley [s.d.] levanta aspectos históricos dos

chamados argivos/dáneos/aqueus segundo Homero, ou helenos, ou ainda graeci,

nome que os romanos lhes deram e que mais tarde foi adotado de forma geral na

Europa.

Afinal, como diz o autor “se é verdade que a história da Europa começou com

os Gregos, é também verdade que a história grega começou com o mundo de

Ulisses” (FINLEY, [s.d.], p.23). Nunes (2001), outro autor consultado, corrobora com

esta observação ao afirmar que Homero criou a Grécia histórica e coloca as obras

do autor ao lado da Bíblia, Dante e Shakespeare em fases subsequentes, como

fonte de influência profunda e duradoura ao Ocidente.

Mas, voltamos a Finley [s.d.], o autor aponta ainda diferenças entre as duas

obras (Ilíada e Odisseia), faz referências a passagem de uma cultura oral para uma

cultura escrita e a preservação de seus manuscritos ao longo dos tempos, ou seja,

traz elementos para a discussão da chamada questão homérica, a exemplo Nunes

(1996) e Magne [s.d.]. Além de que, nos possibilita enquanto professores de

História, discutir a questão das fontes históricas e de sua importância no metiê do

historiador.

A questão homérica há um século e meio domina o campo da filologia

clássica, segundo Nunes (1996), muito embora a discussão entorno da figura de

42

Homero e da autoria de suas obras, remonte a antiguidade. Sobre esse aspecto o

autor aponta duas correntes, a dos unitários (partidários da unidade dos dois

poemas) e a dos analíticos. Partidário desta última o autor traz uma série de

apontamentos, dentro os quais a de que os dois poemas se distinguem quanto ao

seu gênero literário, constituindo a Ilíada exemplo de epopeia e a Odisseia de

romance. “Na Ilíada vamos encontrar tradições militares das tribos do mundo

helênico, (...) com certa base histórica, ainda que transfigurada pelo mito, ao passo

que o tema da Odisseia é um tema universal, que ocorre na literatura de muitos

povos e cuja ação se passa em toda a parte e em parte alguma” (NUNES, 1996).

Para Magne [s.d.], Homero seria o autor de Ilíada e talvez da Odisseia, que

não sendo de sua autoria seria certamente criação da escola fundada pelo poeta, ou

seja, de seus discípulos os homéridas. O autor, assim como Nunes (1996) e Pinheiro

(2001), reconhecem que estes poemas têm interpolações e acréscimos posteriores,

frutos da passagem de uma tradição oral para a escrita e de século de publicações.

Tal fato aumenta, ainda mais o mistério sobre as duas obras e alimenta o debate

concernente a questão homérica.

Discussão a parte, vale lembrar que ao realizarmos a transposição didática,

isto é, a análise do mundo de Odisseu ou Ulisses em sala de aula, ao explorarmos o

contexto histórico de constituição das obras Ilíada e Odisseia e a formação da

antiguidade clássica grega, não venhamos a incorrer em possíveis anacronismos.

Outro ponto a ser mencionado é a oportunidade de trabalhar aqui com alguns

conceitos subjacentes a ciência histórica, com ênfase a tipologia das fontes e a

periodização. Por isso segue nesta unidade, algumas atividades complementares

que podem ser exploradas por você professor(a).

2. OBJETIVOS

Compreender o contexto histórico em que as obras de Homero foram criadas,

sua importância para a civilização ocidental, bem como a percepção quanto ao

modo como se deu a formação do que viria a ser a Grécia Antiga.

43

Expectativas gerais de aprendizagem:

Estimular e potencializar a prática da leitura e interpretação de textos.

Fomentar o diálogo e a participação dos alunos.

Expectativas de aprendizagem específicas do conteúdo de História:

Abordar conceitos subjacentes à ciência histórica.

Facilitar a compreensão sobre as fontes e sobre o ofício do historiador.

Apontar especificidades entre a narrativa literária e a narrativa histórica.

Trabalhar aspectos referentes à história da Grécia Antiga.

3. ORIENTAÇÃO AO PROFESSOR(A)

A presente unidade didática como já dissemos, tem por finalidade buscar a

compreensão do contexto histórico em que foram escritas as obras Ilíada e Odisseia

de Homero, bem como a percepção quanto a maneira como se deu a formação da

Grécia Antiga. Para tanto optamos por trabalhar com a análise e interpretação de

textos, que foram elaborados por este autor que vos escreve, a partir da leitura de

algumas obras que abordam a temática em questão. A exceção aqui se dá ao último

texto, uma vez que o mesmo trata-se de fragmentos das obras de Rick Riordan e

foram escolhidos por versarem sobre a presença dos deuses gregos, naquele que é

considerado por muitos, o centro da civilização ocidental no presente: os Estados

Unidos.

A leitura e interpretação dos referidos textos requer a mediação constante do

professor(a), que pode ser precedida de uma aula teórica, por exemplo.

Num segundo momento, procuraremos explorar os textos a partir da

problemática das fontes históricas e da periodização, o qual denominamos

atividades complementares. Importante nesse momento é o professor(a) mostrar

aos alunos o ofício do historiador, até para diferenciarmos narrativas históricas de

narrativas literárias. O professor(a) pode apontar para o fato, de que para facilitar o

44

estudo do passado os historiadores ora dividiram os acontecimentos históricos em

dimensões temporais (longa, média e curta duração) a exemplo do historiador

francês Fernand Braudel, ora dividiram o tempo histórico em períodos, dando origem

a periodizações como a do historiador inglês Eric Hobsbawn, denominada blocos

históricos.

No entanto, a forma mais usada nos livros didáticos e consequentemente nas

escolas é a denominada periodização quadripartite. A periodização quadripartite

divide a História em 4 períodos: Idade Antiga ou Antiguidade, Idade Média ou

Medieval, Idade Moderna e Idade Contemporânea. Seria interessante o professor

apontar para as limitações dessa convenção. Uma das críticas sobre esta forma de

periodização é que a mesma toma como base para seu modelo, o modo de vida

predominante na Europa, desconsiderando o fato de que cada sociedade tem sua

própria história e constrói um caminho particular de transformações. Logo a história

da Europa não precisa ser um modelo a ser seguida. Nesse sentido não podemos

falar em sociedades adiantadas e atrasadas, mas em modos de vida diferentes.

Outra limitação diz respeito ao marco fundador da História, aquilo que distingue os

anos subsequentes da denominada Pré-História: a escrita. Se acreditássemos que a

história começa de fato com o aparecimento da escrita, diríamos então que as

sociedades ágrafas por não possuírem escrita não possuem história, o que é errado.

As próprias histórias sobre a Guerra de Troia fundamenta-se na tradição oral dos

aedos e rapsodos. Aqui cabe também um trabalho com a tipologia das fontes.

Para alcançarmos tais objetivos, propomos algumas atividades que podem

ser exploradas por você professor(a).

4. PROPOSTA DE ATIVIDADES

4.1 Leitura e análise de textos

Texto 1

Segundo alguns estudos arqueológicos, mesmo antes de 3.000 a. C. já haviam

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civilizações pré-gregas, relativamente avançadas, na região da antiga Grécia. Esta região foi gradativamente sendo ocupada por povos de língua indo-europeias, mais especificamente a grega, num longo processo de infiltração que levou a assimilação biológica e cultural dos povos nativos. Aproximadamente mil anos de ocupação gradativa possibilitaram a formação histórica do povo que conhecemos como gregos.

Na sua própria língua os mesmos eram conhecidos como helenos, também chamados argivos/dáneos/aqueus segundo Homero, ou ainda graeci, nome que os romanos lhes deram e que mais tarde foi adotado de forma geral na Europa.

Numa extensão territorial elíptica, com cerca de 2500 km de comprimento, encontrava-se centenas de comunidades com estrutura política própria. O sentimento de pertença, isto é, aquilo que definia os povos gregos como tal, não era a política ou a economia, apesar de sua importância, mas sim a cultura. Ser grego era compartilhar da mesma língua e da mesma religião, elementos presentes na Ilíada e na Odisseia.

Tal universo de ocupação territorial e assimilação cultural não poderia produzir uma mitologia nacional unificada e coerente. Os mitos sofriam alterações constantes a cada nova ocupação e alteração de forças no seio da elite aristocrática. Modificações na genealogia dos heróis, das famílias, no delicado equilíbrio entre os deuses e os homens eram constantes e propagadas pela oralidade.

O momento exato em que os gregos começaram a escrever pode remontar até 1.400 a. C., no entanto, o momento decisivo veio mais tarde quando os gregos herdaram o chamado alfabeto fenício o qual fizeram adaptações. Esse processo de empréstimo remonta de 1.000 a 750 a. C.

De posse dessa notável invenção os gregos poderiam registrar tudo o que quisessem por escrito, até um poema épico nas proporções da Ilíada e da Odisseia. Aqui entra a figura de Homero, representante do primeiro estágio na história do controle que a Grécia impôs aos mitos ao ordenar o mundo, conciliar homem e natureza, homens e deuses.

Referência:

FINLEY, Moses I.O mundo de Ulisses. Tradução: Armando cerqueira. Lisboa: Editorial presença, [s.d].

Questão:

Com base na leitura do texto acima, explique o que o Finley quis dizer com:

“Se é verdade que a história da Europa começou com os Gregos, é também verdade que a história grega começou com o mundo de Ulisses. E, como todos os

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começos humanos, tinha uma longa história atrás de si. Porque a história, como notava Jacob Burckhardt, é o único domínio de estudo no qual ninguém pode começar pelo princípio.” (FINLEY, [s.d.], p.23).

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Texto 2

A poesia épica ou heroica da qual a Ilíada e a Odisseia são exemplos era composta oralmente por aedos quase sempre iletrados e cantada diante de um auditório. Festas oficiais em honra aos deuses do Olimpo, ou festins privados e puramente profanos eram ocasiões especiais para tais recitações. No entanto, gradativamente a figura do aedo cede lugar ao do rapsodo, aquele que cose os cantos.

O patrimônio grego compreendia uma massa difusa de mitos, por vezes, contraditórios; narrativas a respeito de heróis mortais; cenas de combate, funerais e festins; atividades cotidianas dos homens; descrições de palácios, armas e tesouros; metáforas marítimas ou pastoris, enfim, um farto material para o poeta construir sua obra.

A superioridade de Homero reside justamente na escolha da herança e na maneira de ligar os temas uns aos outros, bem como no vigor do estilo, nas variantes e inovações que introduziu.

Sua obra abrange um vasto campo de atividades e relações humanas, entre elas, a vida familiar e a estrutura sociopolítico-religiosa representativos da época em que foram compostas. Também são próprias de um povo de navegadores, a criação de lendas de monstros e seres fantásticos.

Em síntese, o poeta transmitia os materiais de base que tinha recebido da tradição,

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fato que permite tratar tais materiais como matéria-prima para o estudo de um mundo de homens reais, um mundo de história e não de ficção. Logo, resta ao historiador examinar o seu valor de testemunho a respeito do passado.

Importante atentar-se também à forma com que estas obras chegaram até o presente, obras antigas como a de Homero, que vinham de uma tradição oral, eram escritas a mão sobre rolos feitos geralmente de papiro e mais tarde de pergaminho. O que sobreviveu foi o que se julgou digno de ser copiado e recopiado ao longo dos séculos, num verdadeiro processo de filtragem. Do mesmo modo há de se considerar possíveis acréscimos, interpolações posteriores a escrita da obra, bem como o processo de tradução para outras línguas.

Referência:

FINLEY, Moses I.O mundo de Ulisses. Tradução: Armando cerqueira. Lisboa: Editorial presença, [s.d].

Questão:

Com base no texto acima e na citação abaixo, responda: qual o valor da literatura - em especial aqui as obras de Homero - para a compreensão da realidade histórica e social de um povo? E qual o papel do historiador neste contexto?

“O verdadeiro problema que se põe ao historiador consiste em determinar se e em que medida a obra poética comporta uma conexão com a realidade social e histórica (…) é necessário perguntarmos onde foi buscar o poeta as suas ideias acerca desse mundo.” (FINLEY, [s.d], p.28). ….................................................................................................................................

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Texto 3

Quem foi Homero? Onde e quando viveu? O autor seria mesmo responsável pela composição da Ilíada e da Odisseia? Estas são questões que mexem com a imaginação das pessoas há séculos.

Imerso na lenda, Homero já foi visto como um velho cantor, pobre e cego, que peregrinando de terra em terra, recompensava com seus poemas aqueles que o acolhessem (mera figura idealizada de aedos e rapsodos itinerantes que existiram e até são mencionados, como no caso da Odisseia). No entanto Homero foi mais do que isso. Como diz NUNES (2001), Homero criou a Grécia histórica.

Sua obra é de enorme influência para a cultura ocidental. A edição mais antiga do trabalho de Homero data do século VI a.C., sendo que a maioria dos manuscritos posteriores teria se originado deste. Homero teria nascido por volta do século IX ou VIII a.C., apesar de a conquista de Ílio ou Troia ter se dado entre os séculos XII e XI a.C. Natural de Esmirna, exerceu a maior parte de suas atividades na ilha próxima de Quios, onde mantinha uma escola de rapsodos. Também profundo eram os desacordos a respeito de suas obras, o que suscitou a chamada questão homérica, que alimenta há um século e meio o campo da filologia clássica, muito embora, segundo Nunes (1996), a discussão entorno da figura de Homero e da autoria de suas obras remonta a antiguidade.

Sobre esse aspecto o autor aponta duas correntes, a dos unitários (partidários da unidade dos dois poemas, isto é, a de que a Ilíada e a Odisseia são composições de um único autor) e a dos analíticos (que atribuem autoria diferente a Ilíada e a Odisseia). Partidário desta última o autor traz uma série de apontamentos, dentro os quais a de que os dois poemas se distinguem quanto ao seu gênero literário, constituindo a Ilíada exemplo de epopeia e a Odisseia de romance.

Para Magne [s.d.], Homero seria o autor de Ilíada e talvez da Odisseia, que não sendo de sua autoria, seria certamente criação da escola fundada pelo poeta, ou seja, criação de seus discípulos os homéridas. Homéridas significa, descendentes de Homero, era um grupo de rapsodos profissionais, organizados numa espécie de corporação, constituído por habitantes da ilha de Quios.

O autor, assim como Nunes (1996) e Pinheiro (2001), reconhecem que estes poemas têm interpolações e acréscimos posteriores, frutos da passagem de uma tradição oral para a escrita e de século de publicações, o que aumenta, ainda mais, o mistério sobre as duas obras e alimenta o debate concernente a questão homérica.

Referências:

FINLEY, Moses I.O mundo de Ulisses. Tradução: Armando cerqueira. Lisboa: Editorial presença,

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[s.d].

MAGNE, Augusto. In: HOMERO. Ilíada: em verso. Tradução: Odorico Mendes. Rio de Janeiro: W. M. Jackson inc., [s.d.].

NUNES, Carlos Alberto. In: HOMERO. Ilíada: em verso. Tradução: Carlos Alberto Nunes. 6 ed. Rio de Janeiro: Ediouro, 1996.

_____. _____. Odisséia: em verso. Tradução: Carlos Alberto Nunes. 2 ed. Rio de Janeiro: Ediouro, 2001.

PINHEIRO, Marcus Reis. In: HOMERO. Odisséia: em verso. Tradução: Carlos Alberto Nunes. 2 ed. Rio de Janeiro: Ediouro, 2001.

Questão:

“No século IV [alguns] gramáticos alexandrinos (…) chegaram a negar a Homero a própria Odisséia, por este poema lhes parecer mais recente que a Ilíada (…). Reacesa em tempos modernos, a questão homérica tomou novo aspecto, muito mais sério (…) a dúvida relativa a própria existência pessoal de Homero (…). Homero foi reduzido a mero símbolo (…) quando muito, como o nome de um dos supostos autores primitivos (…). A teoria era destinada a encontrar favorável acolhida nesse primeiro despertar do romantismo [séculos XVIII e XIX]. (…) Hoje, vão-se desvanecendo aos poucos essas teorias (…) tornando-se a acreditar na existência de Homero”. (MAGNE, [s.d], p. 6-7).

Após leitura do texto, da citação acima e imbuído de informações até aqui estudadas, responda: Quem foi Homero? Qual sua importância? E o que seria a chamada, questão homérica?

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Texto 4

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Causas da Guerra de Troia - o que diz a mitologia:

Um certo dia o ex-argonauta Peleu, rei da pequena Tessália, desposou a deusa marinha Tetis, mãe de Aquiles e filha de Nereu, que vivia nas profundezas do Mar Egeu.

Na festa de casamento compareceram todos os deuses e deusas do Olimpo, menos Éris, a deusa da discórdia, o Centauro Quíron esquecera-se de enviar um convite a ela. Mesmo sem ser convidada, Éris apareceu de surpresa. Para vingar-se atirou sobre a mesa dos festejos uma maça de ouro na qual estava escrito: “Para a mais bela”.

Hera, a esposa de Zeus, poderosa e vingativa; Palas Atena, que brotou da própria cabeça de Zeus, sábia e guerreira; e Afrodite, filha de Zeus e deusa do amor e da beleza, disputaram entre si o precioso troféu. Sem que houvesse um consenso, as três solicitam a Zeus, o deus supremo do Olimpo, que decida a questão. Zeus não querendo se comprometer sugere que chamem um mortal para tomar tal decisão, Páris, filho de Príamo, poderoso rei de Troia.

As três deusas, cada uma a sua maneira, tentam subornar o jovem Páris. Hera promete fazer dele o mais poderoso dos reis; Atena, o mais sábio dos mortais; e Afrodite, a mulher mais linda da terra. Páris escolhe Afrodite.

O problema é que a mulher mais linda da terra, Helena, já era casada com Menelau, rei de Esparta. Assim, Afrodite ajuda Páris a raptá-la e levá-la para Troia. Menelau, por sua vez, apela a todos os reis da Grécia que, chefiados por Agamémnon, declaram guerra a Troia.

Anteriormente, vários reis haviam disputado a mão de Helena. O pai deixou a filha escolher a mão do marido, mas, para que não houvesse revolta entre pretendentes impôs um juramento: os demais candidatos respeitariam a escolha e ajudariam o casal em eventuais problemas.

Referências:

BOTELHO, José Francisco. Mitologia: livro II - heróis. São Paulo: Ed. Abril, 2011.

HOMERO. Ilíada. Tradução e adaptação de José Angeli. São Paulo: Scipione, 2010.

_____. Odisseia. Tradução e adaptação de Roberto Lacerda. São Paulo: Scipione, 2005.

_____. _____. Adaptação de Ruth Rocha. São Paulo: Editora Schwarcz, 2002.

* * *

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Causas da Guerra de Troia - o que diz a história:

É possível que tenha havido uma guerra de Troia, é possível que tenha havido muitas guerras na época micênica. Guerras de pilhagens, de ocupação territorial, a guerra era um fenômeno normal. Arquivos hititas, trás passagens de combates desenvolvidos pelos antepassados gregos na Ásia Menor, região onde situar-se-ia a Troia histórica.

Descobertas arqueológicas de Heinrich Schliemman apontam para vestígios, isto é, ruínas de uma cidade que teria sofrido de destruição violenta. Essa cidade seria Ílion ou Troia, segundo o estudioso.

Referência:

FINLEY, Moses I.O mundo de Ulisses. Tradução: Armando cerqueira. Lisboa: Editorial presença, [s.d].

Questão:

“Aquilo que entendemos como Grécia antiga não diz respeito diretamente a fronteiras territoriais definidas. Os gregos, contudo, sabiam que eram gregos, podiam se reconhecer em toda extensão da Hélade. Isto era possível porque eles possuíam algo em comum: compartilhavam a mesma língua (embora houvesse dialetos diferentes), os mesmos deuses, os mesmos santuários, rituais e costumes. Os gregos construíram também, alguns conceitos como liberdade, democracia e política, entre outros que, guardadas as diferenças, ainda estão no nosso horizonte atual”. (EYLER, 2014, p. 25-26).

Primeiro, centrada em oikós e mais tarde na pólis, ao longo de sua evolução histórica a sociedade grega se constituiu em unidades administrativas autônomas. No entanto, em caso de ameaça externa, o sentimento de pertença grego vinha a tona. Após leitura dos textos e da citação acima, explique as razões apontadas para a Guerra de Troia.

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Texto 5

Ambos os poemas épicos Ilíada e Odisseia estão divididos em 24 cantos, um para cada letra do alfabeto grego. Devido à complexidade de sua leitura, geralmente chegam ao público infantojuvenil na forma de romance, isto é, como adaptações.

A Ilíada narra a conquista de Ílio ou Troia pelos gregos. Apesar da Guerra de Troia durar dez anos, apenas os dias finais da campanha são relatados por Homero, e isso a partir da desavença ocorrida entre o rei Agamémnon e o líder dos Mirmidões, Aquiles. Por meio deste episódio que desencadeou-se na chamada cólera de Aquiles, o autor apresenta um painel gigantesco de toda guerra, com destaque para a morte de Patroclo do lado grego e de Heitor do lado troiano, bem como a interferência dos deuses no conflito.

O poeta a exemplo dos aedos, começa sua obra invocando as musas, seres divinos, filhas de Zeus e de Mnemósine, a Memória, que têm o dom de dar existência àquilo que canta:

“Canta-me, ó deusa, do Peleio AquilesA ira tenaz, que, lutuosa aos Gregos,Verdes no Orco lançou mil fortes almas”

Já a Odisseia narra o retorno de Ulisses ou Odisseu da Guerra de Troia à sua terra natal Ítaca, fato que também durou dez anos. A obra é composta de três momentos distintos, ou seja, a viagem de Telêmaco, seu filho, em busca de notícias; os relatos de Odisseu na casa de Alcínoo; e a vingança de Odisseu contra os pretendentes que desejavam desposar sua mulher e se apossar de seus bens. Novamente, a evocação das musas, se faz necessária:

“Musa, reconta-me os feitos do herói astucioso que muitoperegrinou, dês que esfez as muralhas sagradas de Tróia”.

Segundo Eliade (2013) quando o indivíduo faz a evocação, torna-se contemporâneo aos personagens dos mitos, compartilha da presença dos deuses e dos heróis. A narrativa faz reviver a realidade primeva. O mesmo recurso se utiliza Hesíodo em sua Teogonia, isto é, a noção mítica da verdade como revelações.

Referências:

ELIADE, Mircea. Mito e realidade. 6 ed. São Paulo: Perspectiva, 2013.

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FINLEY, Moses I.O mundo de Ulisses. Tradução: Armando cerqueira. Lisboa: Editorial presença, [s.d].

HESÍODO. Teogonia: a origem dos deuses. Tradução: Jaa Torrano. 4 ed. São Paulo: Iluminuras, 2001.

MAGNE, Augusto. In: HOMERO. Ilíada: em verso. Tradução: Odorico Mendes. Rio de Janeiro: W. M. Jackson inc., [s.d.].

NUNES, Carlos Alberto. In: HOMERO. In: HOMERO. Odisséia: em verso. Tradução: Carlos Alberto Nunes. 2 ed. Rio de Janeiro: Ediouro, 2001.

Questão:

“Homero não foi teólogo nem mitógrafo. Ele não pretendeu apresentar, de uma maneira sistemática e exaustiva, a totalidade da religião e da mitologia gregas. Se é verdade, como diz Platão, que Homero educou toda a Grécia, ele destinou seus poemas a uma audiência específica: os membros de uma aristocracia (…). Seu gênio literário exerceu um fascínio jamais igualado; suas obras contribuíram grandemente para unificar e articular a cultura grega”. (ELIADE, 2013, p. 131). Apesar disso ao longo da História da civilização ocidental constatamos o triunfo do logos sobre o mythos. “Se a religião e a mitologia gregas, radicalmente secularizadas e desmitificadas, sobreviveram na cultura europeia, foi justamente por terem sido expressas através de obras-primas literárias e artísticas”. (ELIADE, 2013, p. 139).

Com base na leitura do texto e nas considerações de Eliade, opine sobre a importância das obras de Homero, em especial para a civilização ocidental, no passado e no presente.

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Documento - Texto 6

Fragmentos - literatura infantojuvenil contemporânea

“– O Monte Olimpo – disse eu. – Você está me dizendo que realmente existe um palácio ali?– Bem, agora há o Monte Olimpo na Grécia. E há o lar dos deuses, o ponto de convergência dos seus poderes, que de fato costumava ser no Monte Olimpo. Ainda é chamado de Monte Olimpo, por respeito as tradições, mas o palácio muda de lugar, Percy, assim como os deuses.– Você quer dizer que os deuses gregos estão aqui? Tipo... nos Estados Unidos?– Bem, certamente. Os deuses mudam com o coração do Ocidente.– O quê?– Vamos, Percy. O que vocês chamam de ‘civilização ocidental’. Você acha que é apenas um conceito abstrato? Não, é uma força viva. Uma consciência coletiva que ardeu brilhantemente por milhares de anos. Os deuses são parte dela. Você pode até dizer que eles são sua fonte ou, pelo menos, que estão ligados tão intimamente a ela que possivelmente não vão deixar de existir, a não ser que toda a civilização ocidental seja destruída. A chama começou na Grécia. Então como você bem sabe... ou espero que saiba (...) o coração da chama se mudou para Roma, e assim fizeram os deuses. Ah, com nomes diferentes, talvez: Júpiter em vez de Zeus, Vênus em vez de Afrodite, e assim por diante; mas as mesmas forças, os mesmos deuses.– E então eles morreram? Morreram? Não. O Ocidente morreu? Os deuses simplesmente se mudaram, para a Alemanha, para a França, para a Espanha, por algum tempo. Aonde quer que a chama brilhasse mais, lá estavam os deuses. Eles passaram vários séculos na Inglaterra. Tudo o que você precisa olhar é a arquitetura. As pessoas não esquecem os deuses. Em todos os lugares onde reinaram, nos últimos três mil anos, você pode vê-los em pinturas, em estátuas, nos prédios mais importantes. E sim, Percy, é claro que agora eles estão nos Estados Unidos. Olhe para o símbolo do país, a águia de Zeus. (...) as fachadas dos edifícios governamentais em Washington. (...) Goste ou não – e acredite, uma porção de gente não gostava muito de Roma também -, os Estados Unidos são agora o coração da chama. São a grande potência do Ocidente. E portanto, o Olimpo é aqui”.

Fonte: RIORDAN, Rick. Percy Jackson & os olimpianos: o ladrão de raios. Tradução: Ricardo Gouveia. 2 ed. Rio de Janeiro: Intrínseca, 2009, v.1, p. 80-81.

* * *

Fragmentos - literatura infantojuvenil contemporânea

“– Onde fica isso?Ela me olhou como se pensasse que eu estava me fazendo de bobo.

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– O Mar de Monstros. O mesmo mar onde Ulisses navegou, e também Jasão, Eneias e todos os outros.– Você quer dizer o Mediterrâneo?– Não. Bem, sim... mas não.– Mais uma resposta direta. Obrigado.– Veja, Percy, o Mar de Monstros é o mar que todos os heróis atravessam em suas aventuras. Costumava ficar no Mediterrâneo, sim. Mas, como tudo mais, muda de lugar quando muda o centro de poder do Ocidente.– Como o Monte Olimpo no alto do edifício Empire State – disse eu.- E o Hades embaixo de Los Angeles.– Certo.– Mas um mar inteiro de monstros... como você poderia esconder algo assim? Os mortais não teriam notado coisas estranhas acontecendo... tipo, navios sendo devorados e coisas do gênero?– É claro que eles notam. Não entendem, mas sabem que algo é estranho naquela parte do oceano. O Mar de Monstros agora fica na Costa Leste dos Estados Unidos, logo a noroeste da Flórida. Os mortais até têm um nome para ele.– O triângulo das Bermudas?– Exatamente”.

Fonte: RIORDAN, Rick. Percy Jackson & os olimpianos: o mar de monstros. Tradução: Ricardo Gouveia. Rio de Janeiro: Intrínseca, 2009, v.2, p. 95.

Questão:

Extraímos da obra “Percy Jackson & os olimpianos: o ladrão de raios”, uma passagem onde o protagonista da história, Percy Jackson, conversa com seu professor, o centauro Quíron. Tal passagem é importante, pois, permite trazer a mitologia grega para o presente e dá sustentação a série. Também em “Percy Jackson & os olimpianos: e o mar de monstros”, há uma preocupação do autor em justificar o deslocamento das ações do outrora mundo antigo, para os dias de hoje.

Qual recurso o autor se utiliza para isso? O que ele quer dizer com o “coração do ocidente”? Qual a relação dessa afirmação com os Estados Unidos, hoje? Você concorda com o autor? Por quê?

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4.2 Exercícios complementares

4.2.1 Observe a tabela abaixo e identifique:

PRÉ-HISTÓRIA HISTÓRIA

PERÍODO DA PEDRA LASCADA OU PALEOLÍTICO

2,5 milhõe

s de anos – 10.000

aC

PERÍODO DA PEDRA

POLIDA OU

NEOLÍTICO

10.000 – 5.000 aC

IDADE DOS

METAIS

5.000 -+- 4.000

aC

HISTÓRIA ANTIGA OU ANTIGUIDAD

E

+- 4.000 aC – 476 dC

HISTÓRIA MÉDIA OU MEDIEVAL

476 – 1.453 dC

HISTÓRIA MODERNA

1.453 – 1.789 dC

HISTÓRIA CONTEMPORÂNEA

1.789 - Atualidade

Tabela representativa da periodização quadripartite da História.

a) Os períodos da História em que foram escritas as obras Ilíada e Odisseia de Homero e a série Percy Jackson & os olimpianos de Rick Riordan:

Ilíada e Odisseia Percy Jackson e os olimpianos

….......................................................... …..........................................................

4.2.2 Observe os textos desta unidade e em seguida preencha a linha do tempo com os fatos históricos correspondentes:

3000a.C. 1400a.C. 1200-1100a.C. 1000-750a.C. 900-800a.C. 600a.C.

↓ ↓ ↓ ↓ ↓ ↓

….......... ….......... ….......... ….......... ….......... …..........

….......... ….......... ….......... ….......... ….......... …..........

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4.2.3 Com base nas informações da tabela abaixo, responda as questões:

Periodização da história grega

Realeza micênica (Idade do Bronze)

séculos XVI - XI a.C.

Predomínio dos reinos aqueus. Vida social centralizada em torno do palácio que tinha, concomitantemente, o papel religioso, administrativo, político, econômico e militar. O rei concentrava em sua pessoa todos os elementos do poder. Os poetas cantavam sua soberania divina.

Período das trevas (Idade do Ferro)

séculos XI - IX a.C.

A invasão dos dórios, povo indo-europeu, desagrega a civilização micênica. A vida social gravita em torno do óikos aristocrático, cujo chefe guerreiro é o basileu.

Período arcaicoséculos VIII - VI a.C.

Período marcado pelo surgimento da pólis, da lei escrita, do desenvolvimento do comércio e do estabelecimento de colônias. Surge a noção de cidadão livre e o seu oposto, o escravo visto como mercadoria. Destaque para Esparta e Atenas. Desenvolve-se uma reflexão sobre a Natureza com filósofos como Thales, Anaximandro, Anaxágoras, entre outros.

Período clássicoséculos V – IV a.C.

As cidades-estados estabelecem governos democráticos ou oligárquicos. Os persas são rechaçados por uma aliança de cidades gregas. Eclode a Guerra do Peloponeso. Na filosofia destacam-se os sofistas.

Período helenísticoséculos IV – II a.C.

Período marcado pela conquista do mundo grego por Alexandre da Macedônia. A cultura grega torna-se o suporte de seu império. Época das escolas filosóficas.

Adaptado de EYLER, Flávia Maria Schlee. História Antiga: Grécia e Roma, a formação do ocidente. Petrópolis: Vozes; Rio de Janeiro: PUC-Rio, 2014.

a) Observe os fatos históricos destacados na linha do tempo, em seguida compare com a periodização da história grega e responda:

Em que período ocorreu a Guerra de Troia? Em síntese, quais eram as características deste período?

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Em que período viveu Homero? Em síntese, quais eram as características deste período?

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4.2.4 Observe o organograma e responda:

a) Com base na tipologia das fontes, responda quais fontes históricas foram mencionadas nos textos analisados nesta unidade? Cite alguns exemplos.

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…..................................................................................................................................

…....................................................................…..........................................................

b) Que tipo de fonte Homero teria usado para compor suas obras?

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c) Quais fontes os historiadores se utilizam hoje, para melhor compreender a antiguidade pré-homérica.

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….....................................................................…..........................................................

….....................................................................…..........................................................

Fontes Históricas

Fonte Primária Fonte Secundária

* Investigação de outros historiadores

* Contribuição de outras ciências.

Orais Escritas Não Escritas

* Testemunhos de pessoas

* Lendas, tradições, transmitidas pela oralidade.

* Jornais

* Cartas

* Diários

* Leis e atas

* Obras literárias

* Inscrições feitas em pedras, pergaminhos, cerâmicas, papirus, etc

* Outros.

* Fotos

* Filmes

* Charges

* Monumentos

* Vestígios arqueológicos

* Utensílios e instrumentos - cultura material

* Outros.

60

4.2.5 Narrativa histórica:

a) Produza uma narrativa histórica que sintetize as ideias presentes nos textos desta unidade, bem como as discussões realizadas em sala de aula.

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5. SUGESTÃO DE LEITURA

ELIADE, Mircea. Mito e realidade. 6 ed. São Paulo: Perspectiva, 2013.

EYLER, Flávia Maria Schlee. História Antiga: Grécia e Roma, a formação do

ocidente. Petrópolis: Vozes; Rio de Janeiro: PUC-Rio, 2014.

HESÍODO. Teogonia: a origem dos deuses. Tradução: Jaa Torrano. 4 ed. São

Paulo: Iluminuras, 2001.

61

HOMERO. Ilíada: em verso. Tradução: Odorico Mendes. Rio de Janeiro: W. M.

Jackson inc., [s.d.].

_____. Odisséia: em verso. Tradução: Carlos Alberto Nunes. 2 ed. Rio de Janeiro:

Ediouro, 2001.

FINLEY, Moses I.O mundo de Ulisses. Tradução: Armando cerqueira. Lisboa:

Editorial presença, [s.d].

MAGNE, Augusto. In: HOMERO. Ilíada: em verso. Tradução: Odorico Mendes. Rio

de Janeiro: W. M. Jackson inc., [s.d.].

NUNES, Carlos Alberto. In: HOMERO. Ilíada: em verso. Tradução: Carlos Alberto

Nunes. 6 ed. Rio de Janeiro: Ediouro, 1996.

_____. _____. Odisséia: em verso. Tradução: Carlos Alberto Nunes. 2 ed. Rio de

Janeiro: Ediouro, 2001.

PINHEIRO, Marcus Reis. In: HOMERO. Odisséia: em verso. Tradução: Carlos

Alberto Nunes. 2 ed. Rio de Janeiro: Ediouro, 2001.

6. SAIBA MAIS

CHARTIER, Roger. Textos, impressão, leituras. In: HUNT, Lynn. A nova história

cultural. Tradução: Jefferson Luiz Camargo. São Paulo: Martins Fontes 2001.

DARNTON, Robert. História da leitura. In: BURKE, Peter. A escrita da história:

novas perspectivas. Tradução: Magda Lopes. São Paulo: UNESP, 1992.

LÉVÊQUE, Pierre. A aventura grega. [s.l.]: Edições Cosmos, 1967.

62

VIRGILIO. Eneida: em verso. Tradução: Manuel Odorico Mendes. Rio de Janeiro:

W. M. Jackson inc., 1964.

63

UNIDADE 04

TEMA DE ESTUDO: A presença da antiguidade clássica e da mitologia grega nas

obras de Homero e Rick Riordan - análise comparativa de passagens e/ou

fragmentos de textos.

1. INTRODUÇÃO

Ainda sobre a perspectiva bakhtiniana cabe lembrar a afirmação de Terra

(2002), segundo a qual, os homens se comunicam através de suas obras. As obras,

por sua vez, vêm sempre carregadas de temporalidade e de diferentes enunciados

que se soma, numa relação dialógica com os leitores, a formação de novos

enunciados. Em outras palavras, o ato de compreensão do enunciado do autor pelo

leitor pressupõe a constituição de um novo enunciado, onde se dá o encontro de

duas obras, a que está concluída e a que está sendo elaborada pelo sujeito.

Dentro de uma perspectiva do ensino de História, as reflexões de Bakhtin orientam, nesse sentido, para outro tipo de possibilidade de estudo na utilização dos documentos como recurso didático. Elas evidenciam a importância da procura do enunciado construído pelo autor em sua obra e a necessidade de recuperação dos diálogos mantidos entre os sujeitos históricos que falam e dialogam, mesmo em tempos distantes, incluindo, com igualdade de situação, o sujeito contemporâneo – o aluno, a classe e o professor, com seus universos culturais e seus espaços resguardados para a construção de novos enunciados (TERRA, 2002, p.103).

A obra de Pesavento (2005) também nos é relevante para a compreensão

desta unidade, para não dizer deste Caderno Pedagógico, uma vez que, aborda a

relação entre História e Literatura ao discorrer sobre a História Cultural. Não

referenda atitudes iconoclastas como a de Barhtes e a de Hayden White, em sua

Meta-história, que rompe as fronteiras entre estas áreas do conhecimento, mas, cita

Paul Ricoeur como referência. É por meio deste último que vêm a ser discutidas as

aproximações e os distanciamentos entre as narrativas literárias e histórica, pondo

em causa as dimensões da verossimilhança e da veracidade dos discursos.

Quanto às aproximações entre narrativas literárias e narrativas históricas

64

Pesavento (2005) se utiliza das considerações de Paul Ricoeur. Afirma que ambas

utilizam na sua retórica procedimentos argumentativos e estratégias de

convencimento. Uma e outra se constituem como

formas de explicar o presente, inventar o passado, imaginar o futuro. Valem-se de estratégias retóricas, estetizando em narrativa os fatos dos quais se propõem falar. São ambas formas de representar inquietudes e questões que mobilizam os homens em cada época de sua história, e, nesta medida, possuem um público destinatário e leitor (PESAVENTO, 2005, p. 81).

Por outro lado, diferente da narrativa literária, a narrativa histórica é formulada

a partir da relação que estabelece com seu objeto, do uso de uma metodologia e de

fontes. A narrativa histórica tem como meta atingir um estatuto de verdade que se

aproxime o máximo possível do passado, visto a luz do presente e por isso

compreendido enquanto representação, como o discurso do acontecido.

A História formula as perguntas e coloca as questões, enquanto a Literatura

opera como fonte, se transforma em documento. O texto literário pode ser usado

pelo historiador como porta de entrada às sensibilidades de outra época, de outro

tempo. Para a autora, não se trata de estabelecer uma hierarquia entre ambas, mas

apenas precisar o lugar de onde se faz a pergunta: o historiador com “uma ideia na

cabeça, uma pergunta na boca, os recursos de um método nas mãos e um universo

de fontes diante de si a explorar (...) tem o mundo à sua disposição, pois tudo lhe

parece capaz de transformar-se em História”. (PESAVENTO, 2005, p. 68).

No entanto, a própria autora indaga se tudo é realmente fonte, registro,

vestígio e sinal emitido do passado à espera do historiador? Se tudo pode ser,

realmente, convertido em tema e objeto da História? E mais a frente responde:

Quando a História se defronta com seus novos parceiros, que vêm da Literatura, da Antropologia, da Arte, da Arquitetura e Urbanismo, da Psicologia e da Psicanálise, o diálogo a ser mantido não estabelece hierarquias ou territórios de propriedade de um campo específico (...) O historiador permanece historiador nesse diálogo, pois a História é o lugar de onde se faz a pergunta. Ele vai realizar, sem dúvida, uma incursão ou voo sobre outros territórios, armado talvez de novos conceitos, armazenando também novos conteúdos, de acordo com a serventia que terão para resolver as suas perguntas. Mas não terá de ser, sem dúvida, psicanalista, crítico de Arte ou da Literatura, pois seu trabalho é no campo da História (PESAVENTO, 2005, p. 109).

65

Tal observação nos conforta quanto à escolha do tema e creio que a você

também professor(a). Afinal, não pretendemos fazer o papel do professor de Língua

Portuguesa, na escola. Buscamos um diálogo, uma relação interdisciplinar, sem

perder de foco o olhar do historiador e consequentemente do professor de História.

2. OBJETIVOS

Perceber a polifonia de vozes presentes em um texto/obra, a partir da análise

comparativa de passagens e/ou fragmentos das obras de Homero e Rick Riordan,

tomadas aqui como fontes históricas a serem exploradas pelo professor(a) em sala

de aula.

Expectativas gerais de aprendizagem:

Estimular e potencializar a prática da leitura.

Fomentar o diálogo e a participação dos alunos.

Expectativas de aprendizagem específicas do conteúdo de História:

Apontar especificidades entre a narrativa literária e a narrativa histórica.

Perceber a polifonia de vozes presentes nas fontes literárias.

Trabalhar aspectos referentes à história da Grécia Antiga.

3. ORIENTAÇÃO AO PROFESSOR(A)

Na introdução da unidade 1, citamos Cosson (2014) para diferenciar uma

obra contemporânea de uma obra atual. Percy Jackson & os olimpianos é uma obra

contemporânea, a Ilíada e a Odisseia são obras atuais, pois ainda têm muito a dizer,

e tem sido assim, a muitos anos, o que também as define como um clássico da

literatura.

A série “Percy Jackson & os olimpianos” como já dissemos, apresenta uma

66

polifonia de vozes, traz “ecos” de outros textos, como os da Ilíada e da Odisseia de

Homero. E é sobre estas passagens da obra de Rick Riordan que vamos nos

debruçar. Mas é importante ressaltar, elas não são as únicas. Por exemplo, quando

Percy Jackson enfrenta o Leão de Nemeia em A maldição do Titã, é impossível não

lembrar de Hércules e seus 12 trabalhos, ou ainda quando lhe é imposta a tarefa da

limpeza dos estábulos em A batalha do labirinto. Poderíamos traçar um paralelo com

Jasão dos argonautas e sua busca pelo velocino de ouro em O mar de monstros, ou

quem sabe com Perseu ao derrotar a Medusa em O ladrão de raios. A batalha do

labirinto seria inviável sem uma remissiva ao labirinto do minotauro construído por

Dédalo e seu filho Ícaro. O que dizer da presença de Cronos e dos Titãs na história,

como se tivessem recem saídos da Teogonia de Hesíodo.

Enfim, muitas vozes. Porém com muita criatividade. Diferentes enunciados

que se soma, numa relação dialógica com os leitores, a formação de novos

enunciados.

Apesar de buscar referências no passado, a série de Rick Riordan é imersa

na sua própria temporalidade, e isso é um ponto a ser destacado pelo professor(a)

quando da análise dos fragmentos (fontes). Optamos aqui por ressaltar o

protagonismo feminino das personagens Annabeth e Clarisse, algo impensável no

universo de heróis gregos do passado quando o papel da mulher na sociedade era

diferente do atual. Outras relações poderiam ser feitas quando o texto literário é

usado pelo historiador como porta de entrada às sensibilidades de outras épocas, de

outro tempo.

4. PROPOSTA DE ATIVIDADES

4.1 Análise de fragmentos da narrativa literária

ANÁLISE DE FRAGMENTOS DA OBRA DE HOMERO E DE RICK RIORDAN –

PARTE 1

67

Vejamos um exemplo extraído da obra “Percy Jackson & os olimpianos: o mar

de monstros”. Importante: se na Odisseia o papel de herói estava reservado aos

homens, na trama contemporânea de Rick Riordan, as mulheres também são

protagonistas.

Documento 1

“C.C. Sorriu e me entregou o copo. Levei-o aos lábios.Tinha o sabor que – aparentava milk-shake de morango. Quase imediatamente uma sensação calorosa se espalhou pelas minhas entranhas (…) eu vi minhas mãos murchando, se encurvando, enquanto cresciam garras compridas e delicadas. Pelos brotaram em meu rosto, embaixo da camisa, em todos os lugares mais constrangedores que você possa imaginar. Os dentes pareciam muito pesados na minha boca. Minhas roupas estavam ficando grande demais, ou C.C. Estava ficando alta demais – não, eu estava encolhendo. (…) Tentei gritar por socorro, mas tudo o que saiu da minha boca foi:– Iiik,iiik,iiik!– Um porquinho-da-índia – disse C.C. – Adorável, não é? (…).A voz de Annabeth chamou:– Senhorita C.C.?C.C. praguejou em grego antigo. Ela me jogou dentro da gaiola e fechou a porta (…).– Onde está Percy?C.C. sorriu.– Ele está passando por um dos nossos tratamentos, minha querida. Não se preocupe. (…) Os olhos de Annabeth brilharam.(…).Ela jogou uma pastilha de limão na boca no momento em que a porta se abriu (…) e sacou sua faca de bronze.– Como será a transformação de Annabeth? – refletiu Circe.(…). Chamas azuis se contorceram saindo de seus dedos e se enroscaram como serpentes em Annabeth.Eu fiquei olhando, horrorizado, mas nada aconteceu.(…).– Como? – gemeu Circe.Annabeth ergueu meu frasco de vitaminas para a feiticeira ver.Circe uivou de frustração.– Maldito seja Hermes, com suas multivitaminas!” (RIORDAN, 2009b, p. 183-189).

68

Adaptado de:

RIORDAN, Rick. Percy Jackson & os olimpianos: o mar de monstros. Tradução: Ricardo Gouveia. Rio de Janeiro: Intrínseca, 2009b, v.2.

Documento 2

“A misteriosa deusa recebeu-os muito bem, mandou que se sentassem e serviu-lhes uma bebida preparada por ela. Os homens beberam, sem desconfiar que era uma bebida enfeitiçada.Então Circe tocou-os com sua varinha e os transformou em porcos, que prendeu em suas pocilgas.(…).Ulisses resolveu ir pessoalmente ver o que ainda podia fazer por seus homens. Estava quase chegando ao palácio quando encontrou um adolescente que, na verdade, era o deus Hermes. (...).– A feiticeira vai te servir uma bebida maléfica. Mas vou te dar esta erva, que deves comer antes de entrar no palácio; ela vai te proteger contra os efeitos da beberagem. Depois Circe vai te tocar com sua varinha. Saca tua espada e ameaça matá-la. Circe vai convidar-te a partilhar seu leito (…) podes obrigá-la a prometer que soltará teus companheiros e os libertará dos encantamentos que ela lançou sobre eles”. (HOMERO, 2002, p.39).

Adaptado de:

HOMERO. Odisseia. Adaptação de Ruth Rocha. 3 ed. São Paulo: Companhia das Letrinhas, 2002.

Ou ainda, outro exemplo, da mesma obra, agora Percy Jackson e sua amiga

Annabeth salvam seu amigo Grover, o sátiro que se encontra preso na caverna de

Polifemo, o ciclope das aventuras de Odisseia. Astuta, Annabeth tem em comum

com Ulisses de Homero, o fato de ser protegida de Atena, a deusa da sabedoria.

Documento 3

“– Um truque – concluiu Annabeth. – Não podemos vencê-lo pela força, portanto

69

teremos de usar um truque.– Certo. Que truque?(…).– Polifemo terá que mover a rocha para deixar os carneiros entrar.(…).O ciclope estava para rolar a rocha de volta a seu lugar quando, de algum canto do lado de fora, Annabeth gritou:– Olá, feioso!Polifemo ficou rígido.– Quem disse isso?– Ninguém! – gritou Annabeth.Aquilo provocou exatamente a reação que ela esperava. A cara do monstro ficou vermelha de raiva.– Ninguém! – Polifemo berrou de volta. – Eu me lembro de você!(…).Polifemo disparou colina abaixo na direção da voz dela.Essa coisa de 'Ninguém' poderia não ter feito sentido para outras pessoas, mas Annabeth me explicara que era esse o nome que Ulisses usara para enganar Polifemo séculos atrás, antes que ele acertasse o olho do ciclope com uma grande estaca quente. Annabeth calculou que Polifemo ainda guardaria rancor daquele nome, e estava certa. No frenesi para encontrar o velho inimigo, ele se esqueceu de fechar novamente a entrada da caverna” (RIORDAN, 2009b, p. 216-219).

Adaptado de:

RIORDAN, Rick. Percy Jackson & os olimpianos: o mar de monstros. Tradução: Ricardo Gouveia. Rio de Janeiro: Intrínseca, 2009b, v.2.

4.1.1 Para reflexão e debate:

a) Segundo a lenda, o fato desencadeador da guerra entre gregos e troianos teria

sido o rapto de Helena (esposa do grego Menelau), pelo troiano Páris. Do mesmo

modo, Penélope, esposa de Odisseu, parece fonte de outra discórdia, assim como,

teria sido uma mulher a responsável pelos males do mundo ao abrir a caixa de

Pandora. Na tradição hebraica, podemos citar o caso de Eva... Esses fatos poderiam

demonstrar um certo preconceito em relação a mulher da época ou dizer isso seria

cometer um anacronismo? Justifique sua resposta.

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4.1.2 Como você definiria o papel de Annabeth, personagem de Rick Riordan, nos

episódios envolvendo a feiticeira Circe e o ciclope Polifemo?

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4.1.3 No contexto em que foram produzidas as obras de Homero, seria possível

imaginar uma personagem com os atributos de Annabeth? Sim. Não. Por quê?

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4.1.4 Ainda sobre o episódio da feiticeira Circe, aponte diferenças e semelhanças

entre os documentos 1 e 2.

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4.1.5 Nos fragmentos analisados, quem teria feito o papel de Ulisses ou Odisseu, na

obra “Percy Jackson & os olimpianos: o mar de monstros”?

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4.1.6 Com o auxílio de seu professor(a), descubra:

a) Como era a vida cotidiana de uma mulher na Grécia Antiga.

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4.1.7 Partindo do pressuposto de que a Grécia Antiga foi o berço da civilização

ocidental, aponte mudanças e permanências possíveis, na vida cotidiana das

mulheres, em nossa sociedade, hoje.

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ANÁLISE DE FRAGMENTOS DA OBRA DE HOMERO E DE RICK RIORDAN –

PARTE 2

Na obra de Rick Riordan, “Percy Jackson & os olimpianos: o último

olimpiano”, novamente uma mulher protagoniza o papel de heroína da trama, desta

vez Clarisse, a qual podemos fazer um paralelo com Aquiles da Ilíada de Homero,

embora, por vezes, Percy Jackson também lembre Aquiles ao se banhar no rio

Estige e se tornar invulnerável. Vejamos:

Documento 4

“Os membros seniores do conselho estavam reunidos em torno da mesa de

72

pingue-pongue. Não me pergunte por quê, mas a sala de recreação havia se tornado o quartel-general informal para os conselhos de guerra no acampamento.(…).Clarisse ainda usava o traje de batalha completo. (…).Ela estava gritando com Michael Yew, o novo líder do chalé de Apolo, o que estava meio engraçado, já que Clarisse era uns trinta centímetros mais alta que ele. (…).– Trata-se de nosso despojo! – gritou ele, erguendo-se na ponta dos pés (…). Ao redor da mesa as pessoas faziam força para não rir.(…).– Do que vocês estão falando? – perguntei.Pólux pigarreou.– Clarisse se recusa a falar com qualquer um de nós até que sua, hã, questão esteja resolvida. (…).Clarisse voltou-se para Quíron.– Você é o responsável, certo? Meu chalé vai ter o que deseja ou não? Quíron mudou os cascos de posição.– Minha querida, como já expliquei, Michael está certo. O chalé de Apolo tem o melhor argumento. (…).Clarisse atirou sua faca na mesa de pingue-pong.– Todos vocês podem travar essa guerra sem Ares. Até que minha vontade seja satisfeita, ninguém em meu chalé vai levantar um só dedo para ajudar”. (RIORDAN, 2010, p. 54-57).

Adaptado de:

RIORDAN, Rick. Percy Jackson & os olimpianos: o último olimpiano. Tradução: Raquel Zampil. Rio de Janeiro: Intrínseca, 2010. v.5.

Documento 5

“– Por que eles estão brigando, afinal? – perguntei.Annabeth me ignorou enquanto escrevia em seu pergaminho de inspeção.(…).Por fim, ela disse:– Aquela carroagem voadora.– O quê?– Você perguntou por que eles estavam brigando.– Ah! Ah, certo.– Eles a capturaram em um combate na Filadélfia na semana passada. Alguns dos semideuses de Luke estavam lá com essa carruagem voadora. O chalé de Apolo

73

apoderou-se dela durante a batalha, mas foi o chalé de Ares que liderou o ataque. Por isso, eles estão brigando desde então”. (RIORDAN, 2010, p. 73).

Adaptado de:

RIORDAN, Rick. Percy Jackson & os olimpianos: o último olimpiano. Tradução: Raquel Zampil. Rio de Janeiro: Intrínseca, 2010. v.5.

Documento 6

“Estávamos sem opção. Não havia mais ajuda. (…).Nesse momento, ouvi um estrondo no sul. Não era um som que se ouvia muito em Nova York, mas eu o reconheci imediatamente: rodas de carruagem.– ARES! – gritou uma voz de garota.E uma dúzia de carruagens de guerra lançou-se na batalha.– Os filhos de Ares! – exclamou Annabeth, perplexa.(…) liderando o ataque, estava uma garota em uma armadura vermelha familiar, o rosto coberto por um capacete de cabeça de javali. Segurava no ar uma lança que estalava com eletricidade. Clarisse viera pessoalmente para o resgate.(…).– Ares, comigo! – gritou Clarisse.Sua voz parecia mais estridente do que de hábito.(…).Enquanto isso, as carruagens de Clarisse cercavam o drakon. Lanças se quebravam de encontro à pele do monstro.(…).Ninguém podia dizer que os campistas de Ares não eram bravos (…). O drakon agarrou um campista de Ares e o engoliu de uma só vez. Derrubou outro e borrifou veneno em um terceiro, que recuou, em pânico, a armadura derretendo.(…).– Você consegue! – gritei para Clarisse.(…).Através de seu capacete de guerra eu só conseguia ver seus olhos – mas dava para perceber que alguma coisa estava errada. Seus olhos azuis brilhavam de medo. Clarisse nunca se mostrava assim. E ela não tinha olhos azuis.(…).– Não – murmurei. – ESPERE!Mas o monstro olhou para ela – quase com desprezo – e cuspiu veneno diretamente em seu rosto.Ela gritou e caiu”. (RIORDAN, 2010, p. 292-294).

Adaptado de:

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RIORDAN, Rick. Percy Jackson & os olimpianos: o último olimpiano. Tradução: Raquel Zampil. Rio de Janeiro: Intrínseca, 2010. v.5.

Documento 7

“– POR QUÊ? – perguntou a verdadeira Clarisse, segurando a outra garota nos braços enquanto os campistas lutavam para retirar o capacete corroído pelo veneno.Chris Rodrigues veio correndo da carruagem voadora. Ele e Clarisse deviam ter vindo até aqui perseguindo os campistas de Ares, que equivocadamente haviam seguido a outra garota, acreditando que fosse sua líder.(…).A verdadeira Clarisse ergueu os olhos para o drakon, o rosto cheio do mais puro ódio.(…).Ela agarrou sua lança, que estava com a garota caída. Então, sem armadura nem escudo, investiu contra o drakon.(…).O restante de nós fitava Clarisse com assombro. Eu nunca vira alguém abater um monstro tão imenso sozinho.(…).– O que você estava pensando? – Clarisse aninhava a cabeça de Silena em seu colo.(…).– Você roubou minha armadura. – afirmou Clarisse incrédula. (…) Ela lançou um olhar feroz aos irmãos. – E NENHUM de vocês percebeu?(…).– Não os culpe – disse Silena. – Eles queriam... acreditar que eu era você”. (RIORDAN, 2010, p. 295-297).

Adaptado de:

RIORDAN, Rick. Percy Jackson & os olimpianos: o último olimpiano. Tradução: Raquel Zampil. Rio de Janeiro: Intrínseca, 2010. v.5.

Documento 8

“Eu gostaria de dizer que afugentei o inimigo para longe do Empire State Building. A verdade é que Clarisse fez todo o trabalho. Mesmo sem a armadura e a lança, ela foi um demônio. Guiou sua carruagem direto de encontro ao exército do titã e

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destruiu tudo em seu caminho.(…).Clarisse guiou a carruagem até a couraça do drakon e passou uma corda por suas cavidades oculares. Ela açoitou seus cavalos e decolou, arrastando o drakon atrás da carruagem (…) gritando insultos e desafiando-os a irem ao encontro dela.(…).– EU SOU CLARISSE, MATADORA DE DRAKONS! – gritou ela. – Vou matar todos vocês! Onde está Cronos? Tragam-no aqui! Ele é um covarde?(…).Não houve resposta do inimigo. Lentamente, eles começaram a se retirar para trás.(…).Nesse meio-tempo, cuidávamos de nosso feridos, trazendo-os para o saguão. Muito tempo depois de o inimigo ter desaparecido de vista, Clarisse continuava em sua carruagem, desfilando para cima e para baixo na avenida com seu horrível troféu, exigindo que Cronos a enfrentasse na batalha”. (RIORDAN, 2010, p. 299-300).

Adaptado de:

RIORDAN, Rick. Percy Jackson & os olimpianos: o último olimpiano. Tradução: Raquel Zampil. Rio de Janeiro: Intrínseca, 2010. v.5.

Em O último olimpiano, a cidade de Nova York está sendo atacada pelos

exércitos de Cronos que visam tomar o Monte Olimpo, situado no 600º andar do

Edifício Empire State. O exército de Cronos é formado por Titãs, monstros e alguns

semideuses como Luke o filho de Hermes. Por outro lado a defesa do Monte Olimpo

é realizada pelos deuses gregos; semideuses do acampamento meio-sangue como

Percy Jackson, Annabeth, Clarisse, só para citar alguns; e entidades como sátiros,

ninfas, centauros, entre outros. Tal observação se faz necessária pois aqui temos um

paralelo com a Guerra de Troia, descrita na Ilíada de Homero. Na obra de Homero,

são os gregos que atacam os troianos, com o intuito de romper as muralhas e

ocupar a cidade de Troia, ocupação esta que será descrita em Eneida, obra de

Virgilio. Aquiles, herói grego, na Ilíada esta do lado dos invasores, Clarisse e Percy

Jackson, seus equivalentes em O último olimpiano, estão do lado daqueles que

defendem a cidade de Nova York .

Documento 9

76

“Suas setas, além de matar, transmitiam a peste. Durante nove dias, os guerreiros gregos caíram, abatidos pelo irado deus, até que Aquiles resolveu convocar uma reunião de todos os comandantes militares.(…) Diante dos companheiros já reunidos, logo tomou a palavra e declarou:– Não tenho mais dúvidas de que essa praga que mata tantos guerreiros é fruto da ira de algum deus. (…).Quando Aquiles acabou de falar, Calcas, adivinho de grande fama, que sabia ler o passado, o presente e o futuro, levantou-se.(…).Ela nos foi mandada pelo imortal Apolo, pois o rei Agamenon se recusou a atender o pedido de Crises, que é sacerdote dessa divindade. Enquanto a bela Criseida não for devolvida a seu pai (…) o furioso deus continuará nos castigando.(…)– Pois bem, o velho Crises reaverá sua filha.(…).Um murmúrio de aprovação elevou-se entre os demais comandantes presentes.Lembrando que Aquiles era o responsável por essa reunião e, em consequência, por obrigá-lo a devolver sua bela prisioneira, o astuto Agamenon declarou:– Sou o chefe (…) em troca da devolução da bela Criseida, quero parte do resto dos tesouros pilhados. A sua parte, Aquiles, agora deve ser minha.Aquiles levantou-se com os olhos brilhando de raiva mal contida.(…).– A mim sempre foi reservada a maior porção da luta e, em troca, a pior parte do butim. Que proveito tirei da guerra de Tróia? (…) melhor seria partir e voltar a Ptia do que permanecer menosprezado aqui.– Fuja, (…) não pedirei que fique.(…) escute bem: no futuro, quando seus guerreiros forem dilacerados pelo inimigo (…) sentirá a falta de Aquiles. Vai pagar então o erro de não ter respeitado nem sabido honrar o melhor de todos os guerreiros gregos”. (HOMERO, 2010, p. 12-15).

Adaptado de:

HOMERO. Ilíada. Tradução e adaptação de José Angeli. São Paulo: Scipione, 2010.

Documento 10

“Estamos na iminência de cair sobre as armas troianas, e somente seu braço, suas armas e seu exército poderão nos salvar. Agamenon reconhece isso. É grande o valor dos presentes que nosso rei lhe destinou caso volte a lutar junto dos gregos. Lembro que seu velho pai o aconselhou: “Meu filho, os deuses lhe darão força e valentia, mas cabe a você retirar o orgulho de seu coração. (…).

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– Caro Ulisses, vou lhe falar com franqueza e espero que, depois do que vou dizer, ninguém mais me procure, propondo que eu volte a lutar ao lado de Agamenon. Durante muito tempo, me expus em grandes batalhas. Foram muitas as cidades que saqueamos, e dessas imensas riquezas nada me coube. Entreguei tudo a Agamenon, que sempre ficou na retaguarda, esperando pelos prêmios (…) Nunca fugi de nenhuma empreitada (…) não recebi sequer um gesto de agradecimento (…). E agora, sentindo-se perdido, ele manda implorar que eu volte? Depois de ter-me ofendido diante de todos os chefes e saqueado o único bem que quis ter para mim? Não, meus caros amigos, Agamenon que se arranje”. (HOMERO, 2010, p. 37-38).

Adaptado de: HOMERO. Ilíada. Tradução e adaptação de José Angeli. São Paulo: Scipione, 2010.

Documento 11

“É incontável o número de mortos que se espalha pelos campos! Ulisses, Diomedes e até mesmo o grande Agamenon estão feridos e fora de combate. Os infelizes gregos já não têm quem os conduza, e vocẽ se nega a combater! Não se importa com a morte de tantos amigos? Não o comove assistir a derrota da grande Grécia?Aquiles, que ouvia em silêncio, respondeu, indignado:– O que está dizendo? Por acaso esqueceu o quanto fui ofendido por Agamenon?(…).– Sua indignação é justa, mas é terrível que todo um povo seja humilhado pelo erro de um rei!(…).Aquiles pensou longamente. Seu coração fraquejava diante das súplicas de Pátroclo.(…).– Quer que meus bravos (…) morram em defesa de um rei que os despreza?– Não, meu irmão, quero que nossos homens combatam em sua própria honra. Que sejam superiores aos mesquinhos procedimentos do rei Agamenon.(…).– Está bem (…) tome minhas , envergue minha armadura, que foi confeccionada por Hefesto e é imune aos golpes das lanças inimigas, e conduza os bravos mirmidões ao combate”. (HOMERO, 2010, p. 58-59).

Adaptado de:

HOMERO. Ilíada. Tradução e adaptação de José Angeli. São Paulo: Scipione, 2010.

78

Documento 12

“Preocupado com a demora das notícias, Aquiles caminhava perto dos navios de sua esquadra.(…).– Nobre filho de Peleu, é trágica a notícia que eu trago dos campos de luta! Pátroclo caiu em combate, e Heitor, o chefe troiano, despojou-o de suas armas e de sua armadura! Agora mesmo, Menelau e Ajax, os dois bravos, trouxeram de volta seu corpo!Ao tão triste notícia, Aquiles jogou-se no chão e, batendo com a cabeça no solo, chorou e lastimou-se como jamais fizera antes. (…).– De que tudo isso me valeu, se perdi meu melhor amigo diante dos troianos? De agora em diante, quero viver só pela vingança! Heitor há de pagar com a vida pela morte de Pátroclo!” (HOMERO, 2010, p. 66-67).

Adaptado de:

HOMERO. Ilíada. Tradução e adaptação de José Angeli. São Paulo: Scipione, 2010.

Documento 13

“– A situação de Heitor me causa pena. Ele é um excelente homem, que sempre me honrou com suas preces e oferendas. Acho que devemos salvá-lo.Palas Atena não gostou do que ouviu:– (…). Pretende salvar um homem que tem sua sorte escrita há tanto tempo e que deve perecer sob as armas de Aquiles?– É certo o que você diz, minha filha (…) proceda como quiser.(…).A deusa tomando a forma de Deífobo, herói troiano, acercou-se de Heitor e disse-lhe:– Meu caro, esta corrida não o levará a nada (...). Vim ajudá-lo. Juntos venceremos esse terrível matador.Heitor sentiu renascer a coragem e agradeceu ao companheiro, sem saber que se tratava da traiçoeira deusa.(…).– Filho de Peleu, não fugirei mais ao combate. Vamos nos enfrentar aqui mesmo (…) Mas antes quero fazer um acordo: o vencedor terá direito aos despojos do vencido. A armadura, a lança e a espada (…). No entanto, o vitorioso deve devolver o corpo do adversário, para que seja sepultado por seu povo.(…).

79

Aquiles, porém riu descaradamente:– Não aceito nenhuma proposta sua.(…).Os escudos se entrechocaram (…) a pesada armadura de Heitor só tinha um ponto vulnerável, que ficava na altura do pescoço. Foi ali que Aquiles o feriu.(…).O grego despojou o cadáver da ensanguentada armadura e apossou-se das armas do vencido.(…).Não satisfeito com a vitória, Aquiles amarrou os tornozelos de Heitor (…) na traseira de seu carro de combate. Depois, fustigando os cavalos, saiu em disparada diante das muralhas, arrastando o corpo pela poeira do campo de batalha”. (HOMERO, 2010, p. 84-86).

Adaptado de:

HOMERO. Ilíada. Tradução e adaptação de José Angeli. São Paulo: Scipione, 2010.

4.1.1 Os documentos 4 a 8 e 9 a 13, tratam respectivamente da cólera de Clarisse

de Rick Riordan e da cólera de Aquiles de Homero. Com base nessas passagens,

responda:

a) Em que obra de Rick Riordan encontramos a cólera de Clarisse?

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b) Em que obra de Homero encontramos a cólera de Aquiles?

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c) O que motivou a cólera de Clarisse?

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d) O que motivou a cólera de Aquiles?

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e) Por que Clarisse havia se recusado a lutar?

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f) Por que Aquiles havia se recusado a lutar?

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g) Qual foi o desfecho da cólera de Clarisse?

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h) Qual foi o desfecho da cólera de Aquiles?

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i) Tomando como base a leitura dos fragmentos sugeridos, aponte cinco

semelhanças e cinco diferenças entre a cólera de Clarisse e a cólera de Aquiles.

semelhanças diferenças

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4.1.2 Narrativa literária:

a) Agora é sua vez, com base nas leituras e discussões até aqui realizadas, construa

um enredo cujo tema é a cólera do personagem X. Lembrando que X é o

personagem por você construído, que deve ter um nome, características físicas,

personalidade própria, etc. Em seguida, compartilhe seu trabalho com os colegas.

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5. SUGESTÃO DE LEITURA

HOMERO. Ilíada. Tradução e adaptação de José Angeli. São Paulo: Scipione, 2010.

83

_____. Odisseia. Adaptação de Ruth Rocha. 3 ed. São Paulo: Companhia das

Letrinhas, 2002.

_____. _____. Tradução e adaptação de Roberto Lacerda. São Paulo: Scipione,

2005.

RIORDAN, Rick. Percy Jackson & os olimpianos: o ladrão de raios. Tradução:

Ricardo Gouveia. 2 ed. Rio de Janeiro: Intrínseca, 2009a. v.1.

_____. Percy Jackson & os olimpianos: o mar de monstros. Tradução: Ricardo

Gouveia. Rio de Janeiro: Intrínseca, 2009b. v.2.

_____. Percy Jackson & os olimpianos: a maldição do titã. Tradução: Raquel

Zampil. Rio de Janeiro: Intrínseca, 2009c. v.3.

_____. Percy Jackson & os olimpianos: a batalha do labirinto. Raquel Zampil. Rio

de Janeiro: Intrínseca, 2009d. v.4.

_____. Percy Jackson & os olimpianos: o último olimpiano. Tradução: Raquel

Zampil. Rio de Janeiro: Intrínseca, 2010. v.5.

6. SAIBA MAIS

BAKHTIN, Mikhail. Marxismo e filosofia da linguagem. São Paulo: Hucitec, [s.d.].

BARROS, José D’ Assunção. O campo da história: especialidades e abordagens. 2

ed. Petrópolis: Editora Vozes, 2004.

BURKE, Peter. O que é história cultural? Tradução: Sérgio Goes de Paula. Rio de

Janeiro: Jorge Zahar Editor, 2005.

84

_____ (org.). A escrita da história: novas perspectivas. Tradução: Magda Lopes.

São Paulo: UNESP, 1992.

PESAVENTO, Sandra Jatahy. História & história cultural. 2 ed. Belo Horizonte:

Autêntica, 2005.

TERRA, Antonia. História e dialogismo. In: BITTENCOURT, Circe (org.). O saber

histórico na sala de aula. 7 ed. São Paulo: Contexto, 2002.

85

CONSIDERAÇÕES FINAIS

TEMA DE ESTUDO: A presença da antiguidade clássica e da mitologia grega nas

obras de Homero e Rick Riordan - pesquisa na web, produção de texto e construção

de personagens: RPG.

Como encerramento deste Caderno Pedagógico propomos a elaboração de

uma atividade de Role-playing game (RPG). Por ser um jogo cooperativo, mais do

que competitivo, o RPG como ferramenta pedagógica visa potencializar a

imaginação, a interação e participação dos alunos. A mesma envolverá:

Pesquisa e apresentação dos resultados ao grande grupo.

Produção de personagens híbridos, isto é, que envolvam características dos

personagens de Ilíada / Odisseia com características de personagens de “Percy

Jackson & os olimpianos”.

Produção de texto que vise à ambientação de uma história.

Confecção de materiais.

Como dissemos na apresentação deste Caderno Pedagógico, não é nosso

objetivo esboçar um passo a passo, quanto a como elaborar um RPG. Se o

professor(a) se sentir estimulado a realizá-lo segue abaixo uma sugestão de leitura

que subsidiará esta prática.

Modelo sugerido: Caderno Pedagógico RPG & Literatura - Márcia Juraci Ferreira –

PDE 2009. Disponível no Portal Educacional Dia a Dia Educação.

86

REFERÊNCIAS

BAKHTIN, Mikhail. Estética da criação verbal. São Paulo: Martins Fontes, 1992.

_____. Marxismo e filosofia da linguagem. São Paulo: Hucitec, [s.d.].

BARROS, José D’ Assunção. O campo da história: especialidades e abordagens. 2

ed. Petrópolis: Editora Vozes, 2004.

BOTELHO, José Francisco. Mitologia: livro II - heróis. São Paulo: Ed. Abril, 2011.

BURKE, Peter. O que é história cultural? Tradução: Sérgio Goes de Paula. Rio de

Janeiro: Jorge Zahar Editor, 2005.

_____ (org.). A escrita da história: novas perspectivas. Tradução: Magda Lopes.

São Paulo: UNESP, 1992.

COSSON, Rildo. Letramento literário: teoria e prática. 2 ed. São Paulo: Contexto,

2014.

DALLARI, Bruno B. A. Mídia, cidadania e as novas práticas de letramento. [s.l.]:

2010.

ELIADE, Mircea. Mito e realidade. 6 ed. São Paulo: Perspectiva, 2013.

EYLER, Flávia Maria Schlee. História Antiga: Grécia e Roma, a formação do

ocidente. Petrópolis: Vozes; Rio de Janeiro: PUC-Rio, 2014.

FINLEY, Moses I.O mundo de Ulisses. Tradução: Armando cerqueira. Lisboa:

Editorial presença, [s.d].

HESÍODO. Teogonia: a origem dos deuses. Tradução: Jaa Torrano. 4 ed. São

87

Paulo: Iluminuras, 2001.

HOMERO. Ilíada. Tradução e adaptação de José Angeli. São Paulo: Scipione, 2010.

_____. Ilíada: em verso. Tradução: Odorico Mendes. Rio de Janeiro: W. M. Jackson

inc., [s.d.].

_____. Odisseia. Adaptação de Ruth Rocha. 3 ed. São Paulo: Companhia das

Letrinhas, 2002.

_____. _____. Tradução e adaptação de Roberto Lacerda. São Paulo: Scipione,

2005.

_____. Odisséia: em verso. Tradução: Carlos Alberto Nunes. 2 ed. Rio de Janeiro:

Ediouro, 2001.

MAGNE, Augusto. In: HOMERO. Ilíada: em verso. Tradução: Odorico Mendes. Rio

de Janeiro: W. M. Jackson inc., [s.d.].

NUNES, Carlos Alberto. In: HOMERO. Ilíada: em verso. Tradução: Carlos Alberto

Nunes. 6 ed. Rio de Janeiro: Ediouro, 1996.

_____. _____. Odisséia: em verso. Tradução: Carlos Alberto Nunes. 2 ed. Rio de

Janeiro: Ediouro, 2001.

PARANÁ. Secretaria de Estado da Educação. Diretrizes Curriculares de Hitória.

Curitiba: 2006.

PESAVENTO, Sandra Jatahy. História & história cultural. 2 ed. Belo Horizonte:

Autêntica, 2005.

PINHEIRO, Marcus Reis. In: HOMERO. Odisséia: em verso. Tradução: Carlos

88

Alberto Nunes. 2 ed. Rio de Janeiro: Ediouro, 2001.

RIORDAN, Rick. Percy Jackson & os olimpianos: o ladrão de raios. Tradução:

Ricardo Gouveia. 2 ed. Rio de Janeiro: Intrínseca, 2009a. v.1.

_____. Percy Jackson & os olimpianos: o mar de monstros. Tradução: Ricardo

Gouveia. Rio de Janeiro: Intrínseca, 2009b. v.2.

_____. Percy Jackson & os olimpianos: a maldição do titã. Tradução: Raquel

Zampil. Rio de Janeiro: Intrínseca, 2009c. v.3.

_____. Percy Jackson & os olimpianos: a batalha do labirinto. Raquel Zampil. Rio

de Janeiro: Intrínseca, 2009d. v.4.

_____. Percy Jackson & os olimpianos: o último olimpiano. Tradução: Raquel

Zampil. Rio de Janeiro: Intrínseca, 2010. v.5.

_____ (org.). Semideuses e monstros. Tradução: Rafael Gustavo Spigel e Janaína

Senna. Rio de Janeiro: Intrínseca, 2014.

TERRA, Antonia. História e dialogismo. In: BITTENCOURT, Circe (org.). O saber

histórico na sala de aula. 7 ed. São Paulo: Contexto, 2002.

http://www.adorocinema.com/filmes/filme-128105/ . Acesso em 26/08/2014

http://www.adorocinema.com/filmes/filme-191035/ . Acesso em 26/08/2014.

http://www.adorocinema.com/noticias/filmes/noticia-103770/ . Acesso em 26/08/14.

http://omelete.uol.com.br/cinema/critica-percy-jackson-e-o-ladrao-de-raios/. Acesso

em 27/08/14.

89

http://omelete.uol.com.br/percy-jackson-e-o-mar-de-monstros/cinema/percy-jackson-

e-o-mar-de-monstros-critica/. Acesso em 27/08/2014.