relatos de um tamandareense. histÓria do municÍpio de almirante tamandarÉ

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História da cidade de Almirante Tamandaré

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Page 1: RELATOS DE UM TAMANDAREENSE. HISTÓRIA DO MUNICÍPIO DE ALMIRANTE TAMANDARÉ
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Adolfo Rosevics Filho

Relatos de um

TamandareenseHISTÓRIA DO MUNICÍPIO DE ALMIRANTE TAMANDARÉ

Relatos de um

Tamandareense

Page 3: RELATOS DE UM TAMANDAREENSE. HISTÓRIA DO MUNICÍPIO DE ALMIRANTE TAMANDARÉ

Antonio Ilson Kotoviski Filho

Almirante Tamandaré - Paraná

Outono de 2011

Diagramação, Arte e Impressão

Editora Exceuni Ltda

[email protected]

Tel.: (41) 3657-2864

Dados internacionais de catalogação na publicaçãoBibliotecária responsável: Mara Rejane Vicente Teixeira

Kotoviski Filho, Antonio Ilson.Relatos de um tamandareense : história do

município de Almirante Tamandaré / Antonio IlsonKotoviski Filho. - Almirante Tamandaré, PR :

Jeenn Carlo Kotoviski, 2011.494 p. ; 21 cm.

Inclui bibliografia. 1. Almirante Tamandaré (PR) - História.

I. Título.

CDD ( 22ª ed.)981.622

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HISTÓRIA DO MUNICÍPIO DE ALMIRANTE TAMANDARÉ

A concretização deprefeilva, funcionário da SANEPAR.- Câmara Municipal de Almirante Tamandaré- Cezar Augusto Bini, filho do ex-prefeito e deputado esta-

dual Ambrósio Bini.- Colégio Estadual Alberto Krauser.- Colégio Estadual Jardim Paraíso.- Colégio Estadual Papa João Paulo I.- Coordenação de Agronomia da Universidade Federal do

Paraná.- Inês Matucheski Roehr, Diretora da Escola Estadual La-

menha Pequena.- Gerson Colodel - Secretário Municipal de Administração- João Antonio Bini, ex-vereador e contabilista.- José Ido da Cruz.- Josélia Aparecida da Cruz Kotovski, Coordenadora do Pro-

jeto Contos e Lendas de um povo.- Leônidas Rodrigues Dias, Diretor proprietário da Folha de

Tamandaré.- Lucimara Bini Bregenski, Diretora da Secretaria de Cultu-

ra do Município de Almirante Tamandaré e filha do verea-dor e prefeito Atílio Bini.

- Noêmia Cordeiro Kotoviski.- Odete Basso da Cruz.- Policia Militar do Paraná (Posto Rodoviário, Módulo e Co-

mando Geral).- Paróquia Nossa Sra. da Conceição de Almirante Tamandaré.- Tribunal Regional Eleitoral/PR, assessoria de comunicação.- Vilson Rogério Goinski, contemporâneo prefeito da cidade

de Almirante Tamandaré.

Dedicatória

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Agradecimentos

Adolfo Rosevics Filho

Expressar com limitadas palavras o sentido de agrade-cimento, muitas vezes se torna uma ação complexa. Já queno contexto desta obra histórica muitos colaboraram comuma parcela na concretização desta ação de guardar o queo tempo sempre tenta fazer-nos esquecer. Alguns direta-mente, outros indiretamente e muitos com suas ações queficaram eternizadas notoriamente na própria história dasociedade tamandareense.

Neste espaço especial, onde a ação e as contribuiçõesde muitos foram lembradas, agradeço a fé, credibilidade econfiança que recebi no processo de colheita das informa-ções mais sensíveis a fundamentação desta obra.

Mas o agradecimento aqui expressado possui um sen-tido amplo. Pois, ele não se prende a esta exclusivapágina, mas se faz presente em cada relato ou pará-grafo. Já que, cada morador desta cidade faz natural-mente história, independente de vontade. Pois, viverjá é um processo histórico.

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HISTÓRIA DO MUNICÍPIO DE ALMIRANTE TAMANDARÉ

Considerações iniciais

Um dia escutei, que quando moramos muito tempo emum lugar, acabamos sendo o próprio lugar. Talvez eu nãomore tanto tempo em Almirante Tamandaré, a ponto deassim ser. Mas o simples fato de conviver com quem já é olugar, já me faz também ser uma pequena parte da cidade.

A cidade tem uma história. Um conjunto de histórias,que não se encontram em livros, bibliotecas, arquivo publi-co ou na internet simplesmente. Mas que oralmente ou porações se propaga pelo vento, carregando em seu contexto,cenários de um passado não tão distante, mas que pode seperder, simplesmente porque se acha que algo para ser his-tórico, deve ser grande e de notoriedade publica.

Foram ações comuns, acontecimentos cotidianos e o pi-oneirismo, que escreveram a história de Almirante Taman-daré. Pois, foram estes fatos simples, que permitiram que apopulação local, lograsse êxito, aonde qualquer outro fo-rasteiro que aqui chegasse com ares de aventura e comodi-dades, já fosse embora por não se adaptar ao trabalho exi-gido para dar inicio a uma cidade.

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Relatos de um Tamandareense

Hoje, as coisas estão pronta, fácil, cômodas e mal utili-zadas. Talvez, porque contemporaneamente esquece ou nãose dá valor aos desafios que desencadearam as ações dediversas pessoas representantes dos vários setores da soci-edade, que aqui deixaram seu legado. Ou seja, deixaramuma terra com os caminhos iniciados. Porém, com o eternociclo de aperfeiçoamento daquilo que se recebeu e que serepassa. Já que tudo na vida dos homens tende a sofrer aação de seu trabalho e do progresso que advêm dele.

Por isto, o que escrevo hoje, são relatos. Não apologia! Eonde muitos viram “devaneios poéticos” ou “contos” e “len-das”, eu consegui perceber a história, ocultada em supos-tas fantasias.

Estes relatos captados são feitos por um tamandareen-se. Filho, neto e bisneto de pessoas nascidas nesta terra.São relatos conhecido de muitos filhos antigos da terra (pois,viram ou até participaram de muitos fatos pioneiros aquidescritos), mas desconhecidos daqueles que a terra aco-lheu há pouco tempo.

O que será relatado posteriormente são resumos de gran-des acontecimentos, que devido a sua particularidade, que-braram a rotina do cotidiano e permitiram que se iniciassealgo novo. Porém, eles passaram despercebidos, já que opioneiro povo de Tamandaré, não fazia as coisas para co-lher os méritos advindos do reconhecimento social, cultu-ral, político ou cientifico. Mas sim, para prover uma melhore mais cômoda sobrevivência no contexto do árduo dia-a-dia.

Os Relatos de um Tamandareense é uma obra cientificahistórica com linguagem adaptada a atender aos anseiosde uma plateia heterogênea, cujo, a finalidade é não deixarestes feitos serem apagados com o tempo e fornecer subsí-

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HISTÓRIA DO MUNICÍPIO DE ALMIRANTE TAMANDARÉ

dios situacionais para futuras pesquisas. Nesse sentido,busca funcionar também como um documento de contra-posição a qualquer alteração estabelecida sobre fatos no-tórios e de conhecimento público. Feitas por possíveis in-terpretações doutrinárias ou ideológicas, que ao invés depreservar a história de um povo, a apagam, mantendo ape-nas o que lhe interessa e possa ser utilizado para um pro-pósito que lhe traga algum retorno.

Diante deste exposto inicial, este livro é a preservaçãode pequena parte da história municipal expressando-secomo uma homenagem a todos aqueles que no contextodesta obra serão citados, e também aos que não serão, masque mesmo assim deixaram sua marca nessa terra. Sei quemuitos não mais estão entre nós em vida. Mas estão naforma de seus empreendimentos em diversas áreas que aju-daram a construir o município que aprendi admirar desdecedo. Está obra também relata ações de pessoas, que ain-da estão firme e forte, colaborando do seu jeito, para darrumo ao progresso da cidade.

Pois, o grande mérito de se colaborar com a história domunicípio, não esta no reconhecimento, mas na satisfaçãode se ter melhorado o lugar em que se vive. Pois, quem fazpara a comunidade está fazendo para si próprio, já que to-dos nós fazemos parte de um grupo, entrelaçada em umcontexto de ação e reação.

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HISTÓRIA DO MUNICÍPIO DE ALMIRANTE TAMANDARÉ

Geografia

Aproveitandoeste maravilhosodia agradável. Pro-porcionado por umfresco verão sub-tropical úmidomesotérmico, fuiandar de mountain bike pelas trilhas entre matas e monta-nhas que se ostentam maravilhosas na visão de quem apre-cia uma paisagem harmoniosa de status de obra prima cri-ada pela Mãe Natureza na contemporânea cidade parana-ense de Almirante Tamandaré.

Neste passeio, primeiro resolvi subir no morro centraljunto a Vila de Santa Terezinha, que a propósito representaum belo cartão postal, apesar das marcas deixadas pelaexploração de uns de seus principais minerais que é o sai-bro. Mas que em um contexto geral, representa bem a açãohumana de sobrevivência naquela região, se tornando ummarco referencial da potencialidade do município, tantoturístico como de extração mineral industrial.

Morro do Sr. Pedro Jorge

Foto - Antonio Kotoviski, janeiro de 2011

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Relatos de um Tamandareense

Exausto pela pesada pedala em terreno tão íngreme,descansei em sua parte mais elevada, saboreando a refres-cante água bicarbonatada calco-magnesiana1 que brota doabençoado Aquífero Karst, que corta o subsolo do municí-pio. Neste tempo fiquei observando a Vila, mas por ummomento, minha atenção espontaneamente se prendeu aosul, na visão da exuberante selva de pedra que parecia bro-tar da própria linha do horizonte formada por um conjuntode imponentes edifícios de concreto que demarca o statuseconômico e político da capital paranaense.

Apesar da bela vista que se tem de Curitiba, as criaçõesdo homem, não proporcionavam a mesma beleza e paz quesenti. Pois ao vislumbrar a norte, na direção de Rio Brancodo Sul e Itaperuçu; a oeste em direção a Campo Magro e aleste onde esta a cidade de Colombo, a presença de ummar-de-montanhas e uma imensa mata de vegetação típi-ca de florestas subtropicais. Onde se encontram presenteselementos característicos de florestas tropicais e florestastemperadas, que ocupam áreas de latitude superior aos tró-picos, mas com algumas características do clima tropical,ainda com predomínio de alguns restos da Mata de Arau-cárias misturados a uma gama de espécies vegetais carac-terísticos da formação descrita como: Araucária, Bracatin-ga, Erva–Mate, Gabiroba, Pitangueira, Cerejeira, Angico,Guajuvira, Ipê Roxo, Ipê Amarelo, Espinheira Santa, Arati-cum, Pau-de-Andrade, Eugenias, Timoneira,...

A imensa mata e o imponente mar-de-morros que admi-rava, ainda são timidamente pontilhados por algumas mo-radias e cortada pela Rodovia dos Minérios e uma solitáriaestrada de ferro. Porém, ao contemplar toda aquela beleza,

1 ÁGUAS DO PARANÁ. Karst . Disponível em: <http://www.suderhsa.pr.gov.br/modules/conteudo/conteudo.php?conteudo=52> Acesso em 25 nov. 2010.

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HISTÓRIA DO MUNICÍPIO DE ALMIRANTE TAMANDARÉ

imaginei de forma pessimista o futuro que espera aquelatamanha obra prima natural, baseado no progresso que di-namicamente, mas inconsequente se propaga na contem-poraneidade. Então pensei: tudo que hoje observo, um dia,vai ficar apenas na imaginação de quem lê estas imperfei-tas linhas descritivas. Espero que eu me engane quanto aesta perspectiva.

Neste momento de reflexão sobre o futuro de tudo queobservava naturalmente disperso e harmônico, regredi emmeus pensamentos. A um passado muito longínquo, emtempos onde a vida se ensaiava a aparecer na face doplaneta Terra e o continente africano estava há umpouco mais de 130 quilômetros de onde me encontra-va. Isto porque, foi provavelmente no final da Era Ge-ológica denominada de Pré-Cambriano no éon da Pro-terozoíca2, que supostamente a base fundamental da-quele relevo que sustentava toda aquela riqueza ve-getal, se formou. Então pensei: como um Mar-de-Mor-ro tão imponente deste, que se desenvolveu em umcontexto de bilhares de anos, orientado por uma com-plexa sucessão de espigões alongados e vales em “V”profundos, que consequentemente formaram estes hojedesgastados morros, pode ser modificados em apenas dé-cadas e séculos?

Conhecedor das diversas respostas que iriam aparecer,deixei de divagar sobre o futuro daquilo que via com mimmesmo, e voltei ao presente. Principalmente porque já es-tava recuperado do cansaço da íngreme subida, e involun-tariamente estava decidindo para onde eu iria ir. Opção nãofaltava, já que o município possui aproximadamente 194,75

2 SCORTEGAGNA, ADALBERTO. A geologia, o relevo, e os recursos minerais. In: Paraná espaço e memória:diversos olhares históricos-geograficos. Curitiba: Bagozi, 2005, p.29.

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Km².3 Mas o problema é que eu estava sobre o PrimeiroPlanalto Paranaense. O qual possui como umas de suascaracterísticas principais, a variação de altitude do relevoque é de 850 á 950 metros acima do nível do mar, a qual aprincipio é bem notória na altitude do relevo tamandareen-se, que se encontra a 950 metros. Pois querendo ou não, aconsequência disso aliada ao relevo acidentado resulta emtrajetos com muitas variações de subidas e decidas.

Diante disto, resolvi passar pelas trilhas que levam atéos morros da região do Sumidouro que margeiam a Rodoviado Calcário. Que ficavam de frente a antigas dolinas quecom o tempo desapareceram. A de se destacar que a loca-lidade recebeu esta denominação já em tempos que trans-cendem a década de 1920, justamente por causa dessasdolinas e do vale por onde passa o Rio Barigui o qual criauma imagem de que o rio desaparece nele. Como tambémo nome se liga a própria característica da dolina, que é jus-tamente o de captação de água (funciona como um ralo noperíodo em que o rio transborda, diminuindo o impacto desteacontecimento natural para as regiões que se encontramnas proximidades por onde passa o rio)4. Da mesma forma,a região que margeia a Rodovia do Calcário é um grandebrejo (várzea), ou seja, é uma espécie de “esponja” que captatambém a água das inundações e abastece o aquífero, alémde colaborar para que os impactos do excesso de água se-jam amenizados. Por sorte existem legislações que prote-gem estas regiões. O problema é que supostamente se des-conhecem elas e suas previsões legais.

Quando cheguei ao topo, avistei a velha capelinha láexistente. Mas não gostei do que presenciei. Pois, a mesma

3 IBGE CIDADES@. Almirante Tamandaré- PR. Disponível em: <http://www.ibge.gov.br/cidadesat/painel/painel.php?codmun=410040#> Acesso em: 28 dez de 2010.

4 CHRISTOFOLETTI, A. Geomorfologia. 2ª ed. São Paulo: Edgard Blücher, 1980, p. 155.

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estava em ruínas, devido à ação de vândalos que por lápassam e destrói uma parte da história de fé, tecida emações pelo povo pioneiro de Tamandaré. Eis, que aquelacapelinha foi erguida a mais de 70 anos. Tomei um fôlego edesci o morro e segui em direção a Tranqueira, utilizando-se de um caminho tranquilo que passa pela Rua AntonioFerro, e se liga com a Rua Antonio G. Tozin, que leva até oSindicato, onde entrei em um pedaço desativado da antigaestrada do Assungui, que margeia a ferrovia.

Bem disposto ao chegar à localidade de Tranqueira, re-solvi enfrentar outro trajeto pesado que levasse até a nas-cente do Rio Barigui localizada na Serra da Betara no en-contro com o Arroio Antonio Rosa. Apesar de complicadochegar lá, e com o risco de levar um corridão de algum bi-cho silvestre, como uma saçurana, já que a nascente seencontra em meio à mata. Fui deslumbrar a rara parte lim-pa desse rio que serpenteia o município, e que nos períodos

Ruínas da Capelinha do Morro do Sumidouro

Foto: Antonio Kotoviski Filho, fevereiro de 2011

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Relatos de um Tamandareense

das chuvas de verão e outono, costuma trazer prejuízos comsuas enchentes ao pessoal que mora em suas proximida-des. Mas ele só faz isto, em resposta aos constantes aterrosde dolinas, várzeas e ocupações ilegais que acontecem emsua região de várzea.

Satisfeito em poder presenciar tal maravilha infelizmen-te com o risco de entrar em processo de desaparecer, resol-vi explorar algumas estradas rurais que não conhecia. Pois,são mais de 138 km² de zona rural, cortados por elas. Nãosurpreso encontrei muitas plantações pelo caminho, e comosempre as plantas bem sadias, desenvolvidas e radiantes.Isto se deve a terra fértil composto em sua maior totalidadepor solo de cambissolos, e uma pequena porção é de po-dzólica vermelho-amarelada5, e pela boa média pluviomé-trica de 1400 mm a 1500 mm anual, que permite uma agra-dável umidade relativa do ar de 80% a 85%.

Já na Rodovia dos Minérios, nas proximidades do Km 22perto da Água Mineral Timbu. Observei um belo lago, qua-se atrás do Recanto Ismayr Brandalize. Logo me transcen-deu a memória, que aquela paisagem foi fotografada deforma artística, a ponto de em 11 de abril de 1987, esta fotoser utilizada para ilustrar a Capa do Talão de Cheque doBanco Banestado. O qual na época foi um motivo de enor-me satisfação para o povo do município, com advento deformalidades de lançamento do talão na própria agênciado Banestado do município, envolvendo sua autoridadeexecutiva máxima (Ariel Adalberto Buzato), que recebeu oprimeiro talonário6.

Mas o locus focus daquele dia, já anunciava claramenteque a noite chegaria logo, então resolvi seguir em direção a

5 KOKUSZKA. Pedro Martim. Nos Rastros dos Imigrantes Poloneses. Curitiba: Ed. Graf. Arins, 2000, p.155.6 FOLHA DE TAMANDARÉ. Alm. Tamandaré é capa de talão de cheque Banestado. Ano II, nº 48, maio de

1987, p. 03.

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minha casa que fica no Botiatuba. Pelo caminho, aindamatutando sobre a ação humana sobre o relevo, vegetaçãoe a hidrografia de minha querida terra natal, e consequen-temente de outros lugares, visualizei o turístico, mas reser-vado Seminário Franciscano Capuchinho Santo Antônio.Logo, me raio na mente, mais um fato geológico. Desta fei-ta, ligado ao gigante Aquífero Kasrt, que se formou aindano período Quaternário. Pois, lembrei-me de uma históriapitoresca que meu pai (Antonio Ilson Kotoviski) costumacontar. Eis, que segundo ele, quando ainda era criança (hámuito tempo isto!), lá pela década de 50, a cidade não pos-suía uma grande população e progresso tecnológico na co-municação que desfruta atualmente. Tanto é que a energiaelétrica era uma coisa rara. A tal ponto de ser produzidaparticularmente, como fazia meu avô Pedro, já que dispu-nha de um açude que proporcionava uma capacidade hi-droelétrica pequena, mas que conseguia abastecer a suacasa. O mesmo fazia meu tio avô José Kotoviski.

Diante deste fato, o divertimento, geralmente eram aspessoas se reunirem nas mercearias, nas casas de conheci-dos, em novenas, missas e festas de igrejas. Geralmente,os casados aproveitavam este tempo para conversar sobreos fatos do cotidiano que pertenciam. No Botiatuba, nãoera diferente, já que a mercearia mais visitada (a única naregião) para estes encontros diários era justamente a demeu avô Pedro Jorge Kotoviski. O qual ainda para alegrarmais a freguesia e as visitas de fim de tarde, dispunha deum aparelho de rádio, que mal pegava alguns programas.Mas já era um atrativo para prender a atenção de muitos,naquela época. Pois, parece engraçado, mas as pessoas sereuniam para escutar rádio, e o mesmo ocorria com a tele-visão, quando ela apareceu.

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Num belo fim de tarde, como era de costume, um tradi-cional cliente, apareceu na mercearia (seu Vicente Kriziza-noski), para comprar alguns mantimentos e bater um tradi-cional papo, enquanto degustava uma boa pinga. Conver-sa vem, vai,..., muitos assuntos ligados a vários fatos,...,até que o distinto senhor comentou que a Villa de Taman-daré iria afundar.

Espantados e ao mesmo tempo curiosos, o pessoal quissaber por quê? Então, o senhor explicou que na época emque se estava construindo o Seminário dos Padres (Semi-nário Capuchinho Franciscano Santo Antônio), um padreitaliano engenheiro e geólogo, foi destacado para supervi-sionar a obra. Em consequência disso, o padre ao perceberque o solo da região da obra não era muito firme para sus-tentar o projeto original elaborado inicialmente o modifi-cou. Principalmente devido a alguns testes de superfície ecaracterísticas da região, constatados por suas simplesandanças. Eis, que facilmente observou muito lagos natu-ral (dolinas, que se encontra atualmente na propriedade doSr. Moacir Didoné, margeando a Rua Pedro Jorge Kotovskino Botiatuba), nascentes e rochas calcárias. Constatou então,a partir de seus conhecimentos que possuía de geologia, quea região estava disposta sobre um aquífero cárstico.

Diante disto, responsavelmente, alterou o projeto origi-nal, o que gerou certo descontentamento entre os superio-res de hierarquia da Igreja, que estavam responsáveis pelolocal naquele momento. Já que teriam que novamente fa-zer a fundação da obra. Consequentemente, o padre foiquestionado do motivo. E de forma direta ele respondeuque tal providência se dava, porque poderia ocorrer que oprédio do seminário afundasse ou ficasse comprometidodemais, a ponto de cair.

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Os seus superiores, por falta de conhecimento técnico,não acreditaram muito na história, e continuaram questio-nando o padre, enquanto alguns pedreiros presenciavam eescutavam as constantes e diárias discussões que ocorri-am entre os padres, toda vez que havia necessidade de semudar ou fazer algo diferente na obra.

Fundamentado em seus conhecimentos de engenhariae principalmente de geologia, explicou: “que o grande res-ponsável por esta limitação de edificações mais imponen-tes na região, era o subsolo, que apesar de ser abençoadopor possuir uma abundante reserva de água, era tambémum perigo para o futuro não só da região, mas de algumaspartes mais sensíveis a ele na cidade”.

O pessoal, meio assustado, começou a indagar o padrealém de expressar que ele estava louco, já que o sacerdotenão mais se referia ao destino da construção, mais de ou-tras construções espalhadas pelo município. O padre, per-cebendo tal agressividade ocasionada pelo temor, acalmoua todos, expressando que tal risco, não se desencadeariatão breve, demoraria décadas e estava extremamente rela-cionado ao desenvolvimento de Curitiba e da própria VillaTamandaré.

Aparentemente mais tranquilizados, porém, não satis-feitos, assim estavam o pessoal que observava e escutavaatentamente aquelas palavras. Já os padres continuavamdiscutindo e questionando o engenheiro e solicitaram umaexplicação mais elucidante do que ele havia comentado.Então o sacerdote, dentro de uma analogia em um contex-to de uma previsão, explicitou que: analisem comigo, Curi-tiba é a capital do Estado do Paraná, onde a Sede governa-mental estadual se encontra a pouco mais de 17 km deonde estamos. Ou seja, a cidade de Tamandaré é grudada

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a capital. Diante deste fato, dentro de uma previsão plausí-vel, Curitiba tende a crescer economicamente e populacio-nalmente. Em consequência desse fato, por efeito, Taman-daré, também crescerá, mesmo não sendo no ritmo da ca-pital, mas crescerá. Então, mais gente, mais casa, comidae água. Espaço para moradia não falta em Curitiba e re-gião. Comida, dificilmente irá faltar.

No entanto água potável, provavelmente terá que sairde outras fontes, que não sejam rios. Principalmente, por-que as pessoas mais ignorantes não percebem que quandopoluem os rios, diminuem a qualidade da água. A qual teráque ser tratada (na época, década de 30, isto era algo ab-surdo). E para tratar é muito caro e limitado. Diante destefato, de onde sairá à água de boa qualidade? Do subsolo. Eonde tem um subsolo rico em água? Na Villa de Tamanda-ré...

O problema então recai nesta extração, que provavel-mente irá diminuir o volume de água, que é o alicerce liqui-do das gigantescas cavernas calcárias ocultas aos nossosolhos, que estão sob onde pisamos. Para agravar a situa-ção, a Villa de Tamandaré, também, irá crescer populacio-nalmente. E isto indica mais construções sobre o solo, quequerendo ou não aumentarão o peso sobre estas ocultascavernas. Neste contexto, enquanto a reposição de águafor igual ou superior ao volume de água que sai tudo istoque foi citado não terá efeito. O problema é quando o volu-me de água que sai, for muito maior que o que entra nascavernas do subsolo, o qual é possível perceber, quando ospoços de água das casas ou as dolinas (lagos naturais) di-minuem seu volume ou secam. E quando isto acontecer, aprobabilidade da cidade ou algum ponto dela afundar émuito grande, já que possivelmente o aquífero, comprome-

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te o território tamandareense pelo que observei, (atualmentese sabe que o aquífero se estende por quase 80% do subso-lo da cidade).

Espantados mas ao mesmo tempo aliviados, o pessoalque observou e escutou tudo aquilo, entre eles o ilustre nar-rador Vicente Krizizanoski (que foi um dos pedreiros da obrado Seminário) do fato escutado pelo meu pai Antonio IlsonKotoviski. Com o tempo foi contando esta história para ou-tros. E como já é de conhecimento das pessoas, o repasseda história nunca era feita da mesma forma e às vezes, eradistorcida involuntariamente e mal interpretada (devido aocontexto da cena presenciada), até que ela ganhou o for-mato como ficou conhecida entre a população mais tradici-onal do município. Ou seja, que o padre capuchinho, pordivergência no que tange ao afrontamento o qual sofreu nodesempenhar de seus serviços, saiu da Villa Tamandaré,amaldiçoando-a com o destino que a cidade iria afundar.

Este fato da maldição se refere ao episódio em que ospadres discutiram a ponto de o sacerdote italiano se desli-gar da obra de vez. O qual de cabeça quente expressou:que não adiantava fazer uma obra em uma terra onde maistarde iria afundar e se tornar um grande lago como tam-bém, nunca poderia ser uma cidade de fato (com prédios).E como, esta discussão foi escutada e presenciada pelospedreiros, estes acharam que o padre engenheiro estavaamaldiçoando a localidade.

Independente ou não de maldição. Eis, que por um fle-che toda esta lembrança de segundos, me fez recordar quea previsão do sacerdote começava acontecer. Pois, na dé-cada de 1970 foi perfurado o primeiro poço artesiano paraabastecimento da pequena população local, pela Saneparonde hoje fica o escritório de atendimento ao público da

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estatal no município. Já na década de 1980, na gestão doentão Prefeito Municipal Ariel Adalberto Buzzato (1984-1988), a Sanepar, para sanear o crescente abastecimentode água no município, perfurou mais três poços artesianoscom vazão de 680 metros cúbicos por hora7, no centro dacidade. Porém os problemas que assolam a cidade tiveraminicio em 1992. Ano em que Sanepar, buscou tentar sanar oabastecimento de água da Região Metropolitana de Curiti-ba, explorando a água do subsolo8.

No entanto lá pelo começo da década de noventa até oinicio do novo século, o centro de Almirante Tamandarécomeçou a sofrer um pequeno afundamento, mas com gra-ves consequências, justamente causado por uma maiordemanda de extração de água do subsolo iniciada timida-mente na década de 1970 pela Sanepar. O qual foi marca-do, pela interdição9 em 2003 do prédio recém-construído doColégio Estadual Ambrósio Bini. Que a propósito, havia sidoalertado para a sua engenheira responsável pelo laudo deliberação do terreno onde seria executada a obra, aindaantes do seu período de construção. Que a região destina-da a aquele fim, que ficava praticamente vizinho de ondese localizava a extração de água do subsolo feita pela Sa-nepar. Poderia corromper a estrutura da edificação. E poreste motivo não se deveria construir lá.

Mas a engenheira, com ar de arrogância proporcionadopelo status de carregar um diploma. Mandou o diretor deobras municipal da época Antonio Ilson Kotovski (que nãopossuía competência legal para interditar a obra, já que se

7 REVISTA PARANAENSE DOS MUNICÍPIOS. Especial Almirante Tamandaré. Curitiba: Ed. Revista Parana-ense dos Municípios Ltda, Fevereiro de 1986, ano XVIII, p. 11.

8 ARAÚJO. Maria Luiza Malucelli. A influência do Aquífero Carste em Almirante Tamandaré. COMEC,2006, p. 17.

9 Revista Brasileira de Geofísica. Aplicação dos métodos gravimétrico e eletroresistivimétrico-IP em áreade risco geotécnico do sistema aqüífero cárstico em Almirante Tamandaré-PR. Disponível em:<http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S010261X2006000300009&script=sci_arttext> Acesso em: 25 nov. 2010

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tratava de uma construção estadual, como também nãoera o Secretário de Obras), estudar engenharia. Para depoispalpitar em assuntos técnicos. Resumindo, atualmente otradicional Colégio Estadual Ambrósio Bini, se estabeleceem dois prédios provisórios, para atender seus alunos.Aguardando a morosidade burocrática e uma decisão reso-lutiva política estadual e municipal, para resolver o proble-ma gerado pela falta de humildade de uma engenheira emadmitir um possível erro de escolha de local da obra, queresultou na condenação estrutural de um prédio público, aponto de inviabilizá-lo10.

Porém, este fato não foi o único, já que anteriormente aofato, em 1992, várias residências de mais de dez anos nocentro de Almirante Tamandaré, sofreram efeitos em suaestrutura, a qual gerou até um documentário no tradicio-nal programa televisivo Globo Reporte (18 de fevereiro de2005)11, que abordou este problemático assunto. Por efeito,

Ruínas do Colégio Estadual Ambrósio Bini interditado em 2003, contemporânea construção símbolo dos efeitos de

construções feitas sobre áreas sensíveis do aquífero

Foto: Antonio Ilson Kotovski Filho, abril de 2011

10 PARANÁ ONLINE. Colégio construído em área cavernosa está afundando. Disponível em:<http://www.parana-online.com.br/editoria/cidades/news/474984/?noticia=COLEGIO+CONSTRUIDO+EM+AREA+CAVERNOSA+ESTA+AFUNDANDO>Acesso em: 25 nov. 2010

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esta reportagem de nível nacional gerou muitas indeniza-ções para serem pagas pela Sanepar aos moradores preju-dicados pela extração da água. Além de forçar os prefeitosdas gestões que posteriormente a estes fatos vieram e vi-rão, a reverem o contrato que permitia e permitirão a Sane-par a extrair água do subsolo do município. Ocasionandotambém, a criação de legislações específicas, que limitama construções de residências tipificadas dentro de um por-te específico, em determinadas regiões do centro e proxi-midades da região de extração, a qual gera muitas discus-sões, já que muitos moradores interpretam esta proibiçãolegal e previdente, como perseguição política ou desneces-sária.

Na madrugada do dia 23 de dezembro de 2010 um afun-damento de solo progressivo com mais de 3 metros de pro-fundidade se formou na região da Rua Domingos Scucatointerditando a mesma e atingindo o terreno da Escola JaciReal Prado. Além de comprometer por efeito o terreno dasinstalações provisórias do Colégio Ambrósio Bini localiza-do no fundo da primeira escola. A prefeitura tentou em vãofechar este mesmo afundamento para liberar a rua. No en-tanto, o mesmo se formou dias mais tarde a frente do lugartapado. Na data de 30 de março de 2011, ocorre a interdi-ção total das duas escolas. Mais de 2000 alunos ficaramsem aulas. Em 02 de maio de 2011 a Escola Jaci Real Pra-do, foi remanejada provisoriamente no prédio estadual queanteriormente serviu de Posto de Saúde, Hospital, Fórum edeposito de medicamento localizado junto a Rua CoronelJoão Candido de Oliveira. Já o Ambrósio mantém uma par-te de seus alunos em um barracão denominado de CampusII em quanto aguarda outras soluções.

Esta providente e responsável interdição, já que se fun-

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damenta na preservação da vida de quem utiliza estas ins-tituições, foi interpretada por um grupo de pessoas, inclu-sive pessoas que carregam um diploma e repassam conhe-cimento, como um “ato de perseguição política contra osprofissionais da escola”!

11 GLOBO REPÓRTER. Documentário Aquífero Guarani, parte 3, Disponível em: <http://www.youtube.com/watch?v=FQG9gpKMF4E>Acesso em: 25 nov. 2010, parte 4, Disponível em:<http://www.youtube.com/watch?v=Da3LgsDHuVw&feature=related>Acesso em 25 nov. 2010.

Afundamento progressivo ocorrido em dezembro na Rua DomingosScucato em frente à Escola Jaci Real Prado de Oliveira. Marco inicial

da trajetória das interdições ocorridas em 30 de março de 2011

Foto: Paraná Online, dezembro 2010

Uma lembrança rápida que geram outras. Eis, que invo-luntariamente lembrei-me destes fatos descritos anterior-mente, para espontaneamente me lembrar de um mais an-tigo, só que ocorrido de forma natural ou místico (quemsabe?), que minha avó Odete um dia me contou.

Lembro-me que estávamos indo para Campo Magro, dis-trito na época de Almirante Tamandaré, quando no cami-nho, se comentou algo dentro do carro sobre uma curiosaLagoa Feia. Curioso como qualquer criança da minha ida-de nesta época. Comecei a fazer perguntas sobre o que eraaquela tal Lagoa Feia. Minha avó Odete Basso da Cruz,com seu jeito de italiano antigo de explicar as coisas, já foidireto a resposta, dizendo que era o lugar onde uma igrejacatólica tinha afundado, porque as pessoas haviam dança-

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do dentro dela. Não satisfeito, com a resposta, perguntei seela tinha visto isto acontecer. Ela respondeu que não. Por-que, a Lagoa Feia já existia na época em que ela ainda eracriancinha, mas que tinha medo de passar por perto, porcausa da história que foi contada por seus pais.

Independente se foi castigo ou não, ou se o fato descritose desenvolveu da forma contada, a Lagoa Feia existe, erealmente uma construção ali afundou. Tudo indica que foidevido ao terreno que não suportou aquele peso extra so-bre ele, devido justamente a falta de sustentação que umpequeno lençol cárstico possuía ali. Mas este fato trans-cende as décadas de 90 do século XIX. Atualmente estalocalidade, onde ocorreu este raro fenômeno geológico, per-tence ao Município de Campo Magro.

Mal terminei de recordar tudo aquilo, me vi já em frenteao portão de casa. Mas continuava a carregar comigo aque-les fatos ocasionados por fenômenos geológicos, que medespertaram a curiosidade de saber mais sobre o tal Aquí-fero Kasrt, o qual após tomar um bom banho e fazer umaleve refeição, fui direto ao computador navegar pela redemundial de computadores para pesquisar sobre ele.

Para minha surpresa descobri que o aquífero, se estendeatualmente por mais de 5.740 km² aproximadamente. Pra-ticamente abrangendo quase todos os municípios da Re-gião Metropolitana Norte de Curitiba (Adrianópolis, Almi-rante Tamandaré, Bocaiúva do Sul, Campo Largo, CampoMagro, Cerro Azul, Colombo, Doutor Ulisses, Itaperuçu, RioBranco do Sul e Tunas do Paraná), o norte desta mesmaregião, além de dos municípios de Castro e Ponta Grossa.

Porém, o que me entristeceu, é ter lido uma informação,que o aquífero possivelmente já esteja sofrendo a contami-nação por agrotóxicos utilizados há décadas nas culturas

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de hortaliças. Como também por resíduos líquidos industri-ais e orgânicos produzidos pelo homem e pela falta de cons-cientização da população e das autoridades referente aoseu comportamento descomprometido em preservar os re-cursos hídricos e consequentemente o meio ambiente.12 Noentanto, este comportamento humano já é considerado cri-me desde o advento da Lei Orgânica Municipal nº 37 doano de 18 de setembro de 1979 que criava o Conselho Mu-nicipal de Defesa do Meio Ambiente. O qual em seu Artigo3º citava: “é expressamente proibido o lançamento, de re-síduo em qualquer estado da matéria ou forma de energia,proveniente de atividades humanas, em corpos de água naatmosfera ou no solo em que venham implicar em qualquerforma de poluição ou contaminação do meio ambiente, deacordo com o artigo 2º”.

Outro fato desolador é notoriamente perceber na cida-de, que os principais meios de abastecimento do aquíferoestão sendo impermeabilizados ou fechados por aterros einvasões. Isto sem contar que a nova Lei de Edificação domunicípio claramente tipifica que qualquer ato de constru-ções com distancia inferior a trinta metros das margens deum rio estão proibidas. Como também é crime ambientalde jurisdição nacional aterrar várzeas e dolinas. E o que émais interessante, que estes textos legais não são contem-porâneos como se apresentam em suas datas de pro-mulgação. Mas sim, já são aperfeiçoamentos de legis-lações orgânicas, estaduais e federais da década de1940. Ou seja, quando a cidade era Timoneira, já exis-tia lei orgânica limitando a construções de prédios e

12 RIO+10. Poluição já atinge Aqüífero Karst, Gazeta do Povo (PR), 10 de julho de 2002. Disponível em: <http://www.ana.gov.br/AcoesAdministrativas/RelatorioGestao/Rio10/riomaisdez/index.php.1194.html> Acesso em:25 nov. 2010.

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protegendo várzeas e dolinas13. O problema, é que são pou-cos os que respeitam as leis. E por suas ações comprome-teram a cidade.

Como estava muito cansado e já passava das dez horasda noite, resolvi parar de navegar na rede, e fui dormir. Po-rém, parcialmente satisfeito, já que fiquei curioso sobreoutros assuntos relacionados à terra que me acolhe desdemeus primeiros passos.

13 Relato espontâneo de Luciano Gulin (Secretario do Meio Ambiente do município na década de 1990), quandocitou que no processo de criação da lei de zoneamento e construções do município, se depararam com umalegislação da década de 1940 que já denunciava a fragilidade do solo e a necessidade de proteção dos meios deabastecimento do aquifero. Natal de 2010.

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Despertava o radio relógio ao som de uma noticia poli-cial que ocorrera na região metropolitana, isto já às seis emeia da manhã. Era prenúncio de que segunda-feira haviaraiado. Sem muito tempo a perder com o noticiário, rapida-mente me vesti e alimentei-me. Pois, as sete e quinze era olimite para sair de casa e chegar no horário no Colégio Es-tadual Jardim Paraíso, onde lecionava.

Sem muita correria, já que a escola fica próxima de mi-nha de casa, cheguei tranquilo, pronto para “enfrentar” jánas primeiras duas aulas, a 5ª Série A. Como sempre, en-contro a criançada agitada, feliz e extremamente alegre.Porém, como era hora de aula, tive que acalmar os alunospara que eu pudesse iniciar meu importante trabalho. Soli-citei que pegassem o livro de História e o abrissem na pági-na 60, para iniciarmos o assunto sobre os indígenas brasi-leiros. Sem muitas dificuldades, comecei então a apresen-tação oral do assunto, e com o auxilio dos alunos na leiturados parágrafos do capitulo a serem interpretados e elucida-dos.

Os Nativos da Terra

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Eu explicava que quando as expedições portuguesas nãooficiais (secretas), ordenadas por D. Manuel I, em 1498.Comandadas por Duarte Pacheco, no que tange o objetivode explorar o que existia além da linha imaginaria do Trata-do de Tordesilhas. Encontraram terras meridionais (regiãodos atuais Estados do Maranhão e Pará, além de alcança-rem a foz do rio Amazonas e a Ilha do Marajó) em relação àdescoberta do genovês Cristóvão Colombo a serviço da Es-panha em 1492. Mesmo observando focos de vida humananativa, Duarte Pacheco ficou contente com o resultado daexpedição.

Posteriormente ao chegar a Lisboa repassou as informa-ções ao rei. O qual sem se perder em temores ordenou quese preparasse a mais poderosa frota naval (que mais pare-cia uma armada) até então organizada pelo reino luso, (com-postas de três caravelas e dez naus, equipadas com ca-nhões e cerca de 1200 soldados e aproximadamente 300civis). Entregues sobre a responsabilidade do diplomata emilitar Pedro Álvares Cabral, que foi auxiliado pelos experi-entes navegadores Bartolomeu Dias e Nicolau Coelho14.

No dia 22 de abril de 1500, chega a Pindorama (denomi-nação indígena na época para a região do atual Porto Se-guro na Bahia que significa terra das “árvores altas ou pal-meiras altas”), a poderosa expedição. Sendo recepcionadapor homens, totalmente descontextualizado com a culturae costumes europeus e do mundo condicionado como civi-lizado que se tinha da época. Pois, isto ficava claro, pelafalta de vestimenta dos nativos, porém, ornamentados compinturas e penas, como descreveu Pero Vaz de Caminha.

Pela sua natureza diplomática e experiência no árduoserviço de realizar os primeiros contatos com nativos dos

14 MELANI, Maria Raquel Apolinário. Projeto Araribá: História 6ª. São Paulo: Moderna, 2006, p. 128.

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diferentes lugares que encontraram no mundo, (que porconsequência permitiram ao Reino de Portugal ser o maiorimpério ultramarino de sua época). O grupo de Cabral, nãoencontrou muitas dificuldades em se comunicar e estabe-lecer relações amistosas com os valorados primitivos nati-vos ali encontrados inicialmente,...

Após esta breve introdução feita de forma proposital, paraatiçar a curiosidade dos alunos, ressoa na sala de aula, apergunta mais aguarda e por mim esperada: “o professor,de onde vieram os índios, que os portugueses encontraramna Bahia?”.

Respondendo o questionamento, expliquei que a popu-lação nativa encontrada tanto por portugueses, quanto porespanhóis na América, provavelmente tenham vindo docontinente asiático e da Oceania.

Surpresos com a resposta, os alunos quiseram sabercomo? Pois, deduziram que se os europeus que já domina-vam o transporte marítimo, e mesmo assim demorarammuito tempo para atravessar o oceano Atlântico, então comoos nativos, fizeram tal façanha se desconheciam técnicasmais apuradas de construção de barcos com a durabilida-de para aguentar uma viagem longa pelo mar?

Diante desta curiosidade, comecei a nova explicação:segundo alguns pesquisadores, o ser humano chegou aAmérica através do Estreito de Bering, ainda no períodoque o planeta Terra sofria com o fenômeno da Glaciação.Pois, nesta época, o mar que banha a região, estava conge-lado. Ou seja, na busca por alimentos e pela própria sobre-vivência, grupos humanos asiáticos nômades, provavelmen-te no processo de seus deslocamentos, atravessaram semperceber, a “ponte de gelo” que ligava a Ásia e a América,que atualmente é o traiçoeiro e perigoso Mar de Bering.

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Porém, ao chegar à América, resolveram caminhar parao sul. Alguns grupos, conforme iam se adaptando as regi-ões por onde passavam, nela permaneciam, e começavampor vários motivos ainda não elucidados de forma plausí-vel, a se tornarem sedentários. Já outros, por não se adap-tarem, continuavam nômades, e cada vez mais adentrandoe se espalhando pelo território americano.

Alguns destes grupos, em sua trajetória de sobrevivên-cia se adaptaram tão bem, que conseguiram desenvolvercultura e conhecimentos avançados demasiadamente parao período que viviam (Maias, Astecas, Incas,...). No entan-to, outros continuaram estagnados, praticamente poucosevoluíram em ralação ao período da migração continental.No entanto, este processo se desenvolveu em um contextode aproximadamente 15.000 anos. No entanto, existem di-vergências, quanto à data do estabelecimento do homemna América, principalmente por que existem cientistas comoa pesquisadora Niéde Guidon, que defendem que o homemjá faz parte do cotidiano da América, a mais de 50.000 anos.

Independente se 15.000 ou 50.000 anos, a ciência aindanão tem certeza se o homem realmente só chegou pelo ca-minho do Estreito de Bering na América. Isto porque, sur-giu a Teoria dos Diversos Caminhos. A qual expõe, que ohomem, além de ter atravessado o Estreito de Bering, tam-bém, se deslocou da região sul da Ásia, e da região da Polinésia,por via marítima. Navegando com canoas de ilha em ilha, atéque chegaram na porção sul do continente americano, onde tam-bém começaram se espalhar, só que no sentido leste, norte e sul.

No entanto, ainda não foi descartada a possibilidade deque o homem americano teve origem na própria América.Porém, falta uma prova concreta e objetiva para fundamen-tar esta teoria.

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No entanto, muitas dúvidas pairam entre os cientistas epesquisadores do homem americano, principalmente, por-que na cidade de Natividade Paulista, região da Serra doMar, foi encontrado a base estrutural que fundamenta oinício da construção de uma pirâmide15. Isto porque, osnativos encontrados na região do atual território brasileiro,principalmente no que tange a região costeira, eram aindabem pouco evoluídos no contexto de dominarem técnicasde construções daquele porte encontrado, como também,se quer eram sedentários.

Resumindo, o nativo encontrado no Brasil, os quais, de-nominamos erroneamente de índio, provavelmente tenhaaparecido em nosso território, vindo em consequência des-sas migrações de grupos nômades, que se processaram pormilhares de anos.

Após esta explicação toda, que foi desenvolvida em poucomais de dez minutos, utilizei-me de recursos áudios-visu-ais, proporcionado pela TV Multimídia. Onde proporcioneiaos meus alunos, a assistirem um breve documentário so-bre os povos indígenas do Xingu, com um posterior questi-onário para ser respondido conforme as respostas iam apa-recendo no vídeo-aula.

No entanto, ficava uma questão ainda sem elucidação,levantada sobre os grupos indígenas, por alguns aluninhos:“existiam nativos em Almirante Tamandaré?”.

Surpreso com a pergunta, pois, isto se apreende nas es-colas municipais, respondi que sim. E já prevendo as pos-teriores perguntas, resolvi falar um pouco sobre o povo Tin-guí. O qual habitava a região dos Campos de Coritiba, quehoje corresponde a praticamente a toda Região Metropoli-

15 SECRETARIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃO DO PARANÁ. Reportagem da Gazeta do Povo: Sítios Arqueológi-co em São Paulo, intriga pesquisadores. Disponível em: http://www.diaadiaeducacao.pr.gov.br/portals/ro-teiropedagogico/recursometod/415_Piramides.pdf> Acesso em: 26 nov. 2010.

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tana Norte, a qual se insere o município de Almirante Ta-mandaré, ainda em tempos que transcendiam a chegadado português a região.

Por ser um povo da floresta, se diferenciava um pouco dopovo nativo encontrado no litoral, mas que possuíam amesma origem Tupi-Guarani. Apesar, de eles possuírem asmesmas gêneses, o povo da floresta (Tinguis), ainda se com-portava dentro de um contexto característico seminômade.Ou seja, caçavam, pescavam, coletavam alimentos da mata,e conheciam a agricultura, mas a utilizavam apenas comoatividade secundaria de sobrevivência e não como a princi-pal. Por este motivo que eram seminômades. Eles se orga-nizavam em grupos que se abrigavam nas tindiqueras (bu-raco de tingui), que na verdade eram covas abertas no chão.

Graças, a observação feita dos hábitos alimentares dostinguis, foi possível identificar vegetais e animais exóticos(já que certas espécies vegetais e animais eram desconhe-cidos para os portugueses), e a partir deste fato, o colono,conseguiu classificar o que era comestível ou não. Um exem-plo, é o habito que a população da nossa região possui dese alimentar com o pinhão, fruto da Araucária, árvore sím-bolo do Paraná. Neste contexto, também se observou a cor-reta utilização da mandioca e sua posterior utilização pelocolono como alimento.

Em documentos oficiais da época da colonização da VilaNossa Senhora da Luz dos Pinhais (Curitiba), os Tinguisforam descritos como um povo pacífico, que apesar de an-darem nus, não carregavam a malicia do europeu “civiliza-do”. Eram simpáticos e acessíveis. Tão acessível, que aca-baram virando serviçais do colonizador da região.

De repente interrompendo minha explicação, um alunoque não prestou atenção na explicação inicial sobre este

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específico assunto, comenta que queria saber sobre os ín-dios existentes em Almirante Tamandaré, não em Curitiba.Então, expliquei, que quando se pesquisa sobre o habitan-te anterior a chegada dos portugueses na região, se proce-de dentro da lógica, que naquele tempo (século XVII), nãoexistia Tamandaré, o que existia eram amplas regiões de-nominadas por um nome. No caso, não era Curitiba cidade,mais Campos de Coritiba, que abrangia quase toda a Re-gião Metropolitana Norte. Ou seja, aqui onde estamos hoje,em tempos que transcendem a época do Descobrimento doBrasil, a região que pertence ao atual município, era cober-to por duas formações vegetais originais: a Floresta Om-brófila Mista, mais conhecidas como Mata de Araucárias,na maior parte do território ao sul e a Floresta EstacionalSemidecidual, os quais a população leiga conhece comocampo (e ainda pode ser observada no Morro do Sumidou-ro). Assim como também era a região da cidade de Curiti-ba, que na realidade daquela época, pertencia a um únicolugar, os Campos do Tindiquera e Campos de Coritiba (Cu-ritiba)16.

Já no embalo da pergunta, outro aluninho, quis saber oque significava tingui. Segundo os dicionários linguísticosguarani, a origem de seu nome vem do próprio Tupi-Guara-ni, o qual se interpreta em nossa língua como nariz afila-do17.

Porém, a última pergunta que me fizeram, antes do sinalsoar, demonstrou o quanto à cultura superior em tecnolo-gia bélica e conhecimentos é destrutivo quando resolvedesenvolver seus objetivos contra uma população que nãopossui desenvolvimento equivalente nestas áreas do conhe-

16 FERREIRA, João Carlos Vicente. O Paraná e seus municípios. Maringá: Editora Memória Brasileira, 1996, p. 10.17 BORDONI,Orlando. Dicionário A Língua tupi na geografia do Brasil. Campinas: Banco do Estado do Paraná, s/d.

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cimento. Pois, fui questionado por que não existem maisíndios na região?

Respondi que infelizmente pela exploração de seu tra-balho que sofreram no contexto da exploração do ouro e deoutras atividades econômicas; do constante contato quetinham com os colonizadores dos povoamentos que iam seformando, devido a sua simpatia, docilidade e inocência,eles aos poucos foram se condicionando civilizado aos mol-des dos colonizadores; outros que vagavam foram transfor-mados em escravos pelos bandeirantes; já outros se mistu-raram a outros grupos indígenas ou até mesmo aos coloni-zadores, já que eram seminômades; alguns grupos foramcatequizados por jesuítas, já que existem marcas da passa-gem desses sacerdotes no município (Recanto Marista ouParque Santa Maria) e por fim, a doença trazida pelo euro-peu trouxe a morte aos grupos mais retirados. Ou seja, ostinguis foram supostamente absorvidos e não extermina-dos, pela nova realidade que raiva na região.

Porém, sabemos que o povo tingui existiu, porque dei-xou muitas marcas. Eis, que muitos moradores da regiãopossuem o sangue tingui nas veias, características físicase até costumes e comportamentos herdados por deles. Comotambém é possível perceber de forma notória, o que sobroude sua língua, nas expressões que denominam coisas, co-midas e lugares. Um exemplo é a denominação que rece-bem alguns bairros tamandareenses: Botiatuba, Pacotuba,Boichininga, Tanguá, Juruqui, Humaitá,... No entanto, in-felizmente, não existe mais uma cultura pura que repre-sente o Povo Tingui.

Neste momento, um aluno me interrompeu, e disse queo lugar que a tia dele morava tinha nome de índio. Pergun-tei qual era o lugar. Ele respondeu que era a localidade de

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Marianã. Agradeci pela colaboração, porém, expliquei queeste nome, não possuía ligação com a língua nativa. Istoporque, a palavra Marianã, na verdade é um antropotopô-nimo18 que teve origem da expressão: “estou indo para asterras da Maria anã”, ou seja, os moradores mais tradicio-nais contam que naquela localidade, há muito tempo atrás,não possuía nome, mas morava uma mulher anã chamadaMaria. Diante disto, toda vez que as pessoas iam visitaralguém na localidade, expressavam que estava indo paraas terras da Maria anã, que com o tempo, se tornou umapalavra só “Marianã”.

Sem mais tempos para explicação, tive que ir para a 6ªsérie, onde por coincidência, abordei a colonização portu-guesa na América. Após, ter explicado e respondido os ques-tionamentos feitos por meus alunos, passei algumas tare-fas a serem realizadas na própria sala de aula. Enquantoeles faziam a lição, eu aproveitava para fazer a chamada epreencher a burocrática anotação, pertinente ao conteúdoda aula lecionada, no diário de classe. Neste breve momentoem que fiquei em silêncio, recordei-me um fato, que escu-tei ainda criança nas conversas dos adultos, na agência doextinto banco Banestado (primeira agência bancaria na ci-dade, aberta em 16 de maio de 1977), onde hoje é o atualBanco Itaú. Sendo que o contexto da conversa, poderia seruma pista para ajudar a elucidar o mistério da origem dohomem americano e porque não detalhar melhor o povoa-mento primórdio da região de Almirante Tamandaré. Pelomenos foi o que me ascendeu na consciência, naquelemomento.

18 Antropotopônimos é uma taxionomia de natureza antropo-cultural, que se expressam como denominaçõesinspiradas em nomes próprios individuais complementados por um apelido (prenome, hipocorístico, prenome+ alcunha, apelidos de família, prenome + apelido de família). ZAMARIANO, Marcia. Toponímia paranaen-se do período histórico de 1648 a 1853. Dissertação de Mestrado, Universidade Estadual de Londrina: Lon-drina, 2006, p. 91.

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Por quê?Eis, que dentro de uma normalidade, sempre faltando

dez minutos para as quinze horas, eu sempre era solicitadoa levar o dinheiro arrecadado pela venda de mercadoriasna loja de minha avó, para ser depositado no banco. Aochegar lá, presenciava a rotina de sempre (banco lotado,pessoas importantes da cidade resolvendo seus problemas,gente reclamando, com pressa,...), ou seja, movimento típi-co de uma cidade que só contava com dois bancos na épo-ca (Banestado e o Banco do Brasil).

Porém, como o banco estava lotado, o fim da fila estavajá próximo ao pessoal que aguardava falar com o gerente.Foi neste momento, que escutei um grupo de pessoas acomentar algo, sobre um ilustre político tamandareense. Oqual, havia se metido em uma enorme confusão. Pelo fatode seus funcionários que desempenhavam a sua função deexplorar calcário, terem dinamitado uma pedreira na regiãoda Ermida, onde se localizava uma gruta calcária, cujo emsuas paredes, estavam dispostos raros exemplares de de-senhos rupestres, feitos em tempos ainda não datados.

Para ser sincero, não sei o motivo porque este fato ficougravado, já que mal prestei atenção. Mas, imagino que agrande chave para isto ter ocorrido, foi porque dias maistarde, escutei outras pessoas, também comentando algosobre o assunto, inclusive até falando sobre um processojudicial, movido pelo Ministério Público, motivado pela de-nuncia de um grupo de pessoas, que pesquisavam aquelesdesenhos. E posteriormente, porque na escola, a professo-ra explicou sobre a arte rupestre.

Mas só hoje, que fui “me ligar” da gravidade daquelaação cometida contra aquele patrimônio histórico/geológi-co, e posteriormente relacionar a importância daqueles

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desenhos e manifestações pré-históricas, para a melhorcompreensão da história de minha cidade, do meu Paraná,de meu Brasil e porque não do meu Planeta.

Depois, de ter refletido sobre tudo isto, em questão detão pouco tempo, voltei à realidade, e lá estava o professorde História, que aprendia mais um pouco com sua própriaexperiência histórica. E como sempre acontecia, o sinal to-cou, para o recreio, o qual me possibilitou ir para a sala decomputação, pesquisar algo na internet que falasse sobreaquele respectivo fato. Como era algo anterior a informati-zação dos jornais e da justiça, não obtive resultados maisapurados, para me satisfazer a curiosidade do momento.Porém, descobri que na região dos minérios, existem váriosprocessos, movidos por ONGs e pelo próprio Ministério Pú-blico19, contra firmas exploradoras de calcário, motivadaspela destruição de grutas, cavernas e formações geológi-cas raras. Independente de terem em seu interior, sinais daarte rupestre ou não. Pois, é através de uma gruta, caver-na, que se apreende de forma mais objetiva e concreta, so-bre a história geológica da região e consequentemente daTerra20.

Estas informações despertaram uma lembrança. Pois, noBotiatuba existem e foram encontrados artefatos pré-histó-ricos com características neolíticas. Sendo que alguns des-tes artefatos foram achados por acidente mais ou menosno ano de 1984. Pois, nesta época os irmãos Milto e AriKotoviski, estavam construindo os muros que dividem assuas propriedades. Neste contexto, no processo de escava-ção de um buraco para fazer o posterior preenchimento de

19 REDE LATINO AMERICANA DO MINISTÉRIO PUBLICO AMBIENTAL. Ação Civil Pública. Disponível em:<http://www.mpambiental.org/index.php?acao=pecas-pop&cod=95> Acesso em: 27 nov. 2010.

20 MPPR - MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DO PARANÁ. O que restou das Cavernas. Disponível em:<http://www.mp.pr.gov.br/modules/conteudo/conteudo.php?conteudo=893> Acesso em: 27 nov. 2010.

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concreto para fazer a viga do muro, os pedreiros acharamum objeto de pedra curioso. Já que era tipo um bastão compontas simetricamente iguais e bem polidas. Sendo que nametade deste bastão havia uma saliência que o circulava.Media uns 12 centímetros com pouco mais de dois centí-metros de largura. Meu pai que estava no local viu o objetoe pegou para mandar ser analisado. No entanto, ocorreuum acidente. Que me arrependo até os dias atuais. Eis,que fui pegar o artefato escondido para provar na escolaque perto de minha casa existia homem da caverna, semquerer derrubei no chão quando tirava da gaveta. Partiuem três pedaços.

No entanto, por sorte outros artefatos pré-históricos depedras foram encontrados no Botiatuba e estão sobre aguarda do Senhor Joanito Kozowski.

Artefatos de pedras pré-históricosencontrados no Botiatuba

Foto: Secretaria Municipal da Cultura

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Como professor, é meu dever manter meus conhecimen-tos sempre atualizados. Principalmente se levar em conta,que os assuntos da ciência que leciono estão sempre pas-sando por um processo de metamorfose. Já que a CiênciaHistória evolui na mesma velocidade, que se renova e des-pertam as racionalizações humanas.

Diante desta condição, resolvi conhecer um pouco maisda história do município que eu moro. Pelo pouco que con-segui observar, as informações prestadas pelos autores ali-enígenas sobre a região se caracterizam resumidas e su-perficiais. Mas isto, não é culpa dessas bem aventuradaspessoas. Mas sim de nós historiadores e cidadãos filhos daterra, que pouco se interessamos para desvendar e enri-quecer com mais informações, a trajetória do município quenos acolhe. No entanto, para não ser injusto, existem pes-soas que estão fazendo isto no município. Os quais se des-tacam o escritor e professor Pedro Martim Kokuszka comsuas obras sobre os imigrantes poloneses na cidade; e umimportante legado não terminado sobre o Município, inici-

A gênese e

desenvolvimento de

Almirante Tamandaré

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ado pelo seu Harley Clóvis Stocchero; a professora MestraJosélia Aparecida Kotoviski, a qual iniciou em 2000 um tra-balho de coleta de lendas e histórias cotidianas do municí-pio. Além de outras pessoas, que dedicam uma parte deseu tempo, em resgatar o que o tempo tentou apagar, masque por falta de divulgação e de informações de seus tra-balhos até este momento, infelizmente não puderam serlembradas.

É lógico também, que existe um pessoal que atrapalha.Pois, colhem informações, tenta comercializá-la, além dese promoverem com isto. O que acaba fechando a portapara as pesquisas sérias.

Buscando novas informações, percebi que muitos auto-res e pesquisadores paranaenses, iniciam seus breves co-mentários sobre o município tamandareense, com a expres-são, “que a história de Almirante Tamandaré, se perde notempo e no espaço”. Tal expressão, na minha humilde einterpretação ainda pouco sábia, está equivocada. Isto sedá ao fato que a gênese da cidade, não começou em umlugar que não existe e tão pouco do nada.

Mas a grande questão é: onde e quando tudo começou?Tudo índica, baseado pela atual posição geográfica aon-

de o município se encontra, (25° 18’ de latitude sul, 49° 18’de longitude Oeste), que o território antes se chamava deCampos de Coritiba. Pois este fazia parte da abrangenteregião que compreende a região Metropolitana Norte. Cru-zadas e deslumbradas tanto por expedições espanholascomandadas por Álvaro Nuñez Cabeza de Vaca, que vie-ram do oeste entre 1541 a 154221. Quanto pela pioneira ban-deira comandada pelo português Aleixo Garcia em 1524 e

21 STECA, Lucinéia Cunha, FLORES, Mariléia Dias. História do Paraná: do século XVI à década de 1950. Londri-na: Ed. UEL, 2002, p. 1.

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mais tarde (1531) pelas entradas portuguesas de Pero Lôboe Francisco Chaves. As quais, ao desbravarem a FlorestaTropical Atlântica e contornar as serras, vindas do leste,transcenderam os limites imaginários do então Tratado deTordesilhas, cujas coordenadas plausíveis, segundo RIBEI-RO, em 1519 eram de 49° 45' w de Greenwich22.

Eis que, independente de qual reino Ibérico era o donodo território. Pelo tratado, a região do Primeiro Planalto Pa-ranaense, nos quais se localizava os Campos de Coritiba,(Curitiba, Almirante Tamandaré, Rio Branco, Colombo, Bo-caiúva do Sul, Campina Grande do Sul,...), pertenciam tudoao Reino da Espanha. Pois, pelo tratado, todo território aoeste do meridiano imaginário de Tordesilhas, pertenciamà Espanha, porém isto não foi muito observado pelos espa-nhóis e tão pouco respeitado pelos portugueses, já que apartir de 1580, ocorreu o episodio histórico da União Ibéri-ca, que durou até 1640. Ou seja, o dono do território, foiquem chegou e tomou posse dele. No caso, foram os portu-gueses.

Diante destes fatos, porém com certas restrições de pe-ríodos, o começo da história do município tamandareense,se vincula com a própria história da capital paranaense,porém, a de ressaltar, que existem certas particularidades,que criaram um divisor bem claro em suas origens comocidades.

Estas particularidades se referem ao fato, que quando oentão capitão povoador Gabriel de Lara chegou aos Cam-pos de Coritiba, já encontrou portugueses habitando a re-gião e proximidades. Pois, muitos arraiais já existiam. Pro-vavelmente formadas por Bandeiras (expedições não ofici-ais, mas sim particulares, com o objetivo de prear nativos e

22 REVISTA ISTO É. O Meridiano de Tordesilhas de acordo com diferentes geográfos. Editora Três, São Paulo, 2000.

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buscar metais e pedras preciosas). Ou seja, aqui no primei-ro Planalto Paranaense, já existiam pessoas “civilizadas”,compartilhando a região com os nativos tinguis.

Mas a grande questão é: de onde vieram tais “civiliza-dos”?

Para responder esta questão é necessário, voltar ao perí-odo inicial do descobrimento do Brasil. Isto, porque, foi apartir deste fato que o europeu chegou a América Portu-guesa.

Pela História oficial, o território luso na porção meridio-nal da América, não começou ser colonizado imediatamen-te após seu descobrimento. Esta situação ocorria, porque oReino de Portugal desfrutava de um importante e lucrativocomércio ultramarino, com suas feitorias fundadas nas re-giões costeiras das atuais nações da China, Japão, Índia,Arábia, Angola, Moçambique, Timor Leste, São Tomé e Prín-cipe, além de outras localidades distribuídas pela região doOriente. Diante deste fato, a América pouco lhe servia,pois, não possuía algo relevante para ser explorado comer-cialmente, com exceção do pau-brasil.

Naquela época, muitas nações não concordavam com adivisão do mundo, tratada pelos reinos ibéricos. Por estemotivo, não a respeitavam. Então, não raro, foi à presençafrancesa no litoral Brasileiro, que a principio também vi-nham buscar pau-brasil, e empreender busca a outras coi-sas comercializáveis na Europa.

Conhecedor deste fato e de e que a Espanha já organi-zava expedições, que saiam da costa oeste da América emdireção a leste. Além de noticias sobre ouro e prata encon-trado pelos espanhóis em território Inca e Asteca e princi-palmente porque o monopólio do comércio com o oriente jáestava sendo perdido, o então rei de Portugal, Dom João

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III, viu a necessidade de proteger o território americano.Para realizar isto, teria que formar povoamentos no territó-rio de futuro tão promissor. Mas para colonizar, teria queinvestir. Percebendo que seria caro tal empreendimento,Dom João escolheu nobres de sua extrema confiança, e lhesdoou quinze grandes lotes de terras na América, as quaisdeveriam ser providas, protegidas e gerar lucros. Mas tudo,a partir de recursos bancados pelos próprios donatários.Resumindo, se fazia assim a primeira forma de organizaçãoadministrativa no Brasil, o qual é conhecido como sistemade Capitanias Hereditárias. As quais, a Capitania de SãoVicente e a de Santana, foram as que se dispuseram emparte, sobre o atual território paranaense.

Porém, antes da chegada, de Martim Afonso de Souzapara tomar posse da Capitania de São Vicente, em 21 dejaneiro de 1532. Já era de conhecimento, que já existiamportugueses morando neste território muito antes de 1531,provavelmente aventureiros que pertenciam a então expe-dição de Aleixo Garcia e náufragos que vieram parar nes-tas terras anos após a descoberta da nova terra por Cabral.

Estes portugueses antecessores de Martim de Souza for-maram pequenas vilas (ainda não oficializadas, mas deno-minadas como vilas) nas regiões da capitania, e viviam jun-to com os índios destas regiões. Seus primeiros trabalhosna nova terra era um trabalho de agricultura, já que prova-velmente estes homens vinham de regiões agrícolas dePortugal. A caça de escravos índios também era utilizadapor esses primeiros homens em terras brasileiras, já que oporto de São Vicente (antes da chegada de Martin Affonso)era conhecido como um porto de escravos. Esses homensque habitavam não só a região de São Vicente. Mas tam-bém outros portos mais ao sul (Capitania de Santana, doa-

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da a Pero Lopes), provavelmente vieram de naus clandesti-nas que vinham em busca de terras e procuravam chegarao rio da Prata, tanto que em alguns portos da mesma épo-ca também se encontravam náufragos espanhóis.

Martim Affonso de Sousa não permaneceu no Brasil evoltou a Portugal, mas deixou muitos de seus homens emterras brasileiras, como por exemplo: Braz Cubas que de-pois se tornou capitão-mor da capitania. Esses homens queficaram foram aqueles que realmente começaram a coloni-zar mais intensificamente a capitania de São Vicente, poiscomeçaram a comandar e a organizar a nova terra desco-berta.

Independente da data, já era notória a presença do “ho-mem europeu” no litoral próximo as atuais terras parana-enses. No entanto, mesmo nas regiões onde não havia tra-ços de povoamentos, já era notório que uma das atividadesprincipais dos habitantes da Capitania, era a busca por ín-dios e metais preciosos.

Pois, o que motivava o português vir para a colônia, nãoera o sonho de uma vida nova no Brasil, mas sim, o enri-quecimento, fama e reconhecimento, pelas suas façanhas.As quais lhes trariam o respeito e a honra perdida em Por-tugal. Ou seja, os colonos que vieram para o Brasil, e fica-ram até a sua independência, não vieram para ficar. Maspara um dia voltarem para Portugal, agraciados de fama efortuna23.

No entanto, o problema é que uma grande maioria nãovoltou, e aqui ficou alimentando o sonho de um dia voltar, eagindo como se fosse um dia voltar, pois, nada faziam paramelhorar ou facilitar sua “estadia” em terras brasileira.

23 SALVADOR, Frei Vicente do. História do Brasil. 4ª Ed. São Paulo, Ed. Melhoramentos, 1965, p.59.

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Talvez este comportamento explique, porque hoje, mui-tos dos que passam e em pouco tempo se vão de AlmiranteTamandaré para outros locais, nada deixam de colabora-ção para melhorar a cidade. Pois, “porque fazer se daqui aalgum tempo não vou mais morar aqui!” Esta atitude deoutrora, hoje ainda é repetida. Maldita herança deixada porestes gafanhotos.

Porém, foi este comportamento ingrato, que mais moti-vou e deu coragem aos pioneiros colonos, a desbravar asterras paranaenses e consequentemente, deixar suas mar-cas pelos caminhos. Sendo que, na ânsia pela fortuna efama, muitos esqueceram o tempo, e foram absorvidos eacorrentados pelo chão que vieram “parasitar”.

Este sonho levou o litoral paranaense a ser também ha-bitado, tanto é que segundo os relatos do germânico HansStaden, já havia português na região desde 1549, onde seefetivou uma povoação em 1578, a qual, futuramente setornaria Paranaguá.

Porém, a sesmaria oficialmente registrada em terra pa-ranaense foi concedida a Diogo de Unhate (Tabelião emSão Vicente), em 1614. Três anos após este fato, chega aParanaguá Gabriel de Lara, integrando a bandeira de An-tônio Pedroso. No entanto, só em 1646, o capitão-povoadorGabriel de Lara, após ter encontrado ouro, nas encostas deSerra Negra, comunicou o fato à Provedoria de São Paulo.Simultaneamente, eram comunicados e divulgado a des-coberta de ouro, em Iguape, Cananéia, nos Sertões da Ri-beira (Apiaí), Sertões do Açungui, que compreendia o ser-tão das Furnas e os Campos de Coritiba24.

Com esta divulgação, iniciava oficialmente a corrida pelo

24 ENCICLOPÉDIA DOS MUNICÍPIOS BRASILEIROS. Curitiba –PR. IBGE, Vol. XXXI Paraná, Rio de Janeiro,1959, p. 138.

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ouro em território paranaense. A partir desse momento, aentão intransponível Serra do Mar, deixou de ser um obstá-culo, para as expedições rumo ao Primeiro Planalto.

Em consequência deste fato, começa a se estabelecerna região dos Campos de Coritiba, pessoas sonhadoras coma fama e riqueza, porém, sem nenhum interesse em ficarna colônia25. Talvez seja por este motivo, que nenhum do-cumento oficial se produziu sobre os primeiros povoados ehabitantes da região. Este fato fica notório a partir das in-formações tecidas por Eleodoro Ébano Pereira. Que apare-ceu na região como autoridade em assuntos de fiscaliza-ção da mineração em 1645, o qual se deparou com arraiascom mais de 20 anos de existência, e concluiu que o pla-nalto curitibano era “terra de todos”, garimpeiros, masca-tes e outros, que ali vinham tentar a sorte26. Mas só algunsos achavam e a aproveitaram. Já os outros, sem terem oque fazer se obrigaram a se fixar na região e tentar sobrevi-ver nela até o dia derradeiro.

Pelo trajeto percorrido, muitos arraiais foram sendo for-mados. O mais importante para a história de AlmiranteTamandaré, que se tem registro, foram: os formados peloscaminhos do Açungui, e Arraial Queimado atual cidade deBocaiúva do Sul e Borda do Campo (atual bairro do Atuba,cidade Curitiba), as margens do Rio Passauna e Conceiçãoe nas proximidades das Minas de Itambé. Pois, os acampa-mentos formados nessas regiões, permitiam uma melhorexploração da mesma, e consequentemente se ligavampelos traçados dos rios, apesar das dificuldades extremasexistentes. Já que, tanto as bandeiras como as entradas,necessitavam de um lugar seguro para descanso e parada

25 MACEDO, José Rivair, MACEDO, Mariley W. Oliveira. Brasil: uma história em construção. São Paulo: Ed. DoBrasil, 1996, p.47-53.

26 ENCICLOPÉDIA DOS MUNICÍPIOS BRASILEIROS...., p. 140.

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para se abastecer de provimentos. Estes arraiais desempe-nharam esta função, em período tão hostil de exploraçãodo território.

No entanto, o surgimento dos arraiais (acampamentosde expedições bandeirantes), não visava o povoamento daregião. O fato, dos arraiais se tornarem permanente e gera-rem pequenos povoados foi uma consequência desencade-ada pelos os aventureiros frustrados, que não tinham maispara onde ir, diante do impacto do fracasso.

Mesmo com o risco desta sorte, entradas e bandeirascomandadas por aventureiros ilustres, conseguiram obteralguma fortuna e fama em terras dos Campos de Coritiba.Um desses aventureiros, segundo o historiador Alfredo Eli-as Junior, foi o bandeirante Antonio Raposo Tavares em1631. Porém, se destaca o bandeirante capitão Salvador JorgeVelho, que por mais de vinte anos explorou a região27, a quallhe proporcionou a “Descoberta da Conceição” em 1680, naregião do atual Município de Campo Magro à apenas 16quilômetros da atual sede do município tamandareense.

Motivado por esta descoberta, não tardou nas proximi-dades da região, se desenvolver um arraial, que provavel-mente deu origem a um povoamento fixo. Pois, esta ideiase torna plausível quando se observa na lista de ordenan-ças da Villa de Curitiba. A qual denunciava que 1777 obairro da Conceição. Já na lista de 1785 é informado que obairro da Conceição tinha 24 casas28. Um pouco mais dis-tante dali, no ano de 1791, aparece o bairro de Campo Ma-gro com 8 casas29. Sendo que a mesma localidade serviucomo ponto fiscal do ouro explorado.

27 Idem, p. 139.28 FERREIRA, João Carlos Vicente. Municípios paranaenses: origens e significados de seus nomes. Curitiba:

Secretaria de Estado da Cultura, 2006, p. 25.29 PREFEITURA DE CAMPO MAGRO. História. Disponível em:< http://prefeituradecampomagro.blogspot.com/

p/nosso-municipio.html> Acesso em: 15 jan. 2011.

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Ainda no contexto da façanha de Salvador Jorge Velho,o qual aparece à denominação de “Conceição” para a des-coberta, fica clara que a região já pertencia a alguém. Pois,na verdade a palavra Conceição é um termo que derivou deuma má interpretação da expressão “de concessão” quesignificava terra doada pelo rei. A qual identifica algumasregiões de Campo Magro até os dias que aqui estão se te-cendo estas palavras, (Conceição dos Freitas, Conceiçãoda Meia Lua, Conceição dos Laras, Conceição dos Túlios,...).Estas expressões denominavam a quem aquelas terras per-tenciam. No caso, um exemplo, Conceição dos Freitas, per-tenceu à pioneira família dos Freitas, ou seja, não era uma“terra sem dono”, pelo menos na região onde foi descober-to o ouro. Já a Conceição da Meia Lua, foi uma doaçãoconcedida no século XIX aos imigrantes poloneses e italia-nos. Recebe a denominação de “meia lua”, porque esta setrata de uma medida agrária corrente na época30.

E realmente não era uma terra sem dono, pois todas asterras tamandareenses foram doadas pelo rei de Portugalao Marques de Cascaes (Dom Manuel José de Castro Noro-nha Ataíde e Sousa). Que as doou em parcelamentos me-nores ao Capitão Povoador Gabriel de Lara, que posterior-mente atendeu ao pedido de Matheus Martins Leme (01 desetembro de 1668), Balthazar Carrasco dos Reis (29 de ju-nho de 1661), cedendo parte da Sesmaria do Bariguy31. Sen-do que estas posses foram posteriormente deixadas de he-ranças e parceladas entre outras pessoas. No entanto, ou-tras sesmarias e terras abrangeram o território.

Mas como naquele tempo, não havia uma precisão demedida. E poucos dos donatários se preocupavam com o

30 Relato de seu Antonio Candido de Siqueira, 2001.31 NEGRÃO, Francisco. Boletim do Archivo Municipal de Curityba/Fundação da Villa de Curityba, 1668 a

1745. Vol. VII, Curityba, Livraria Mundial, 1924.

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tamanho da doação, já que havia muita terra para usufruir,com certa plausibilidade, as terras da região central de Ta-mandaré, deveriam integrar algumas dessas concessões(Conceições) cedidas pela Coroa Portuguesa, mas quenão foi tomada posse ou sequer aproveitada pelo do-natário. Apenas ele sabia que existia. Tanto pode serplausível este fato, que o primeiro nome da povoação,foi o de Conceição do Cercado. Que devido à forte in-fluencia Cristã Católica, involuntariamente de formanão oficial ganhou ênfase religioso com o acréscimoda expressão “Nossa Senhora” a denominação origi-nal. Ou seja, como existe uma denominação para Ma-ria de Nossa Senhora da Conceição, possivelmente, istoocultou a denominação corrente e oficial da época, queera Conceição do Cercado (concessão do cercado). Pois, aregião, onde hoje fica a sede, foi cercada pelo donatário,para avisar os aventureiros e pessoas que pela região fica-vam que ali tinha dono. Mas por que esta preocupação?

Porque não muito longe dali, foi encontrado um filão deouro no Rio Pacotuba, o que era um motivo para chamaratenção de outras pessoas, e consequentemente ocorreremà formação de um arraial.

Diante desta condição apontada, dentro de uma plau-sibilidade, tudo indica, que o povoado que gerou a atu-al Cidade de Almirante Tamandaré, tenha tido suagênese, em consequência dessas entradas e bandei-ras. As quais tiveram êxito nesta descoberta e refor-çada por outras expedições que no desbravar dos Cam-pos de Curitiba, com ares sanhudos de façanha, en-contraram ouro na região do Pacotuba32. A qual prova-

32 FERREIRA, João Carlos Vicente. Municípios paranaenses: origens e significados de seus nomes. Curitiba:Secretaria de Estado da Cultura, 2006, p. 25.

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velmente já possuía esta denominação dada pelos tin-guis, que significa dentro de uma lógica, lugar de muitabanana33.

A partir desse momento ocorrem os primeiros povoamen-tos fixos na região. E devido à descoberta de ouro na regiãodo Pacotuba e sua posição estratégica, cujo, os caminhosque levavam até as regiões auríferas da Conceição (regiãode Campo Magro), também passavam pelo pequeno povo-ado, a região é denominada de Freguesia do Pacotuba. Po-rém, sem o status oficial de Freguesia (povoação sob o as-pecto eclesiástico), e também, porque a localidade já faziaparte dos domínios da Vila Nossa Senhora da Luz dos Pi-nhais, principalmente a região de Campo Magro que per-tencia naquele momento ao escrivão da Vila, o CapitãoAntonio Rodrigues Seixas.

Com o fim da febre do ouro, com uma população colonaconsolidada no primeiro planalto e também havendo umanecessidade de uma organização política mais ampla parafacilitar o progresso das vilas e freguesias do território im-perial e não mais colonial. A Vila Nossa Senhora da Luz dosPinhais foi elevada ao status de “cidade” pela Lei Provinci-al n° 05, de 05 de fevereiro de 184234, (nesta época, a regiãopertencia a São Paulo). Pois, desde 19 de dezembro de 1812,Curitiba já era Sede de comarca condicionada por AlvaráImperial. Diante desta elevação de categoria, a região ter-ritorial que compreende contemporaneamente a região deAlmirante Tamandaré, pertencia à cidade de Curitiba.

Em 1853, Curitiba contava com 27 quarteirões, sendoque as atuais localidades tamandareense ou que fizeram

33 CLEROT, Leon Francisco Rodrigues. Glossário Etimológico Tupi/Guarani. Brasília DF: Edições do SenadoFederal, Volume 143, 2010, p. 373

34 FERREIRA, João Carlos Vicente. O Paraná e seus municípios. Maringá: Editora Memória Brasileira, 1996, p.261.

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parte dele já faziam parte da lista. Cito: Campo Magro,Cachoeira, Veados, Boixininga, Marmeleiro, Botiatuva (Bo-tiatuba), Pacotuva (Pacotuba), Tranqueira e Conceição35.

Porém, a sorte do pequeno povoado de Pacotuba foi quesoaram noticias do Rio de Janeiro, capital imperial. Na qualem 29 de agosto de 1853, que havia sido aprovado o projetode criação da província do Paraná, proporcionada pela LeiImperial nº 704, assinada por Dom Pedro II.

No entanto, mesmo com a lei sendo aprovada, a Eman-cipação Política do Paraná ainda demorou quatro meses parase concretizar. Como resultado de Lei Imperial, em 19 dedezembro de 1853, a Província do Paraná desmembrou-seda Província de São Paulo, deixando de ser a 5ª Comarca deSão Paulo.

Em consequência deste fato, a cidade de Curitiba foiescolhida como capital da nova província. E, na mesma datada emancipação política da província, chegou à capitalZacarias de Góis e Vasconcelos, o primeiro Presidente doParaná, que logo declarou que todos os seus problemas deadministração poderiam ser resumidos em um só: “povoarum território de 200.000 km² que contava com apenas60.626 habitantes. Essa população distribuía-se principal-mente nas cidades de Curitiba e Paranaguá”.

Diante desta nova perspectiva, ocorreu um aumento defluxo populacional para a capital e região. Da mesma for-ma, que o progresso da capital, mesmo que engatinhando,influenciava os povoados vizinhos. Percebendo isto, já compouco mais de 22 anos de província, que o então presiden-te provincial Adolpho Lamenha Lins, compreendeu a ne-cessidade de elevar a categoria de algumas regiões da Pro-

35 MARTINS, Romário. Curityba de Outr’ora e de Hoje. Curitiba: Prefeitura Municipal de Curityba, Commemo-rativa do Centenário da Independência do Brasil, 1922.

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víncia do Paraná. Isto se deveu, porque havia a necessida-de de dar uma melhor estrutura administrativa no contextode recepcionar os imigrantes que começavam a se intensi-ficar no Paraná. Foi nesta minirreforma política/geográfico-administrativa, que a localidade curitibana de “Pacotuva”,foi elevada a categoria de Freguesia em 10 de maio de 1873,por intermédio da Lei nº 43836.

Não muito longe da localidade da Freguesia do Pacotu-ba, o Presidente Provincial Lamenha Linz, funda em 1876 aColônia Lamenha (denominação criada em homenagem aopresidente da Província, fundador da colônia de imigran-tes, em solo hoje tamandareense), formada por polonesesda Silésia e alemães37.

Devido ao seu desenvolvimento, em relação às perspec-tivas da época (final do século XIX). A Freguesia do Pacotu-va é elevada a categoria de distrito de Curitiba com a deno-minação de Nossa Senhora da Conceição, pela Lei Provin-cial n° 924 de 6 de setembro de 188838, assinada pelo presi-dente da Província Balbino Candido da Silva. Porém, estamesma lei estabelecia transferência da Sede no povoadodo Pacotuba, para o povoado vizinho de Conceição do Cer-cado.

Não tardou muito (um ano praticamente), o distrito Con-ceição do Cercado foi agraciada com o status de Villa (aregião ganhou autonomia administrativa) em 28 de outu-bro de 1889, pela então Lei Provincial n° 95739, sancionadapelo Presidente Conselheiro da Assembleia Legislativa Pro-

36 MUNHOZ, Caetano Alberto. Relatório da Secretaria dos Negócios Interior, Justiça e Instrucção Publica/Quadro demonstrativo das Freguesias, Cidades e Villas do Estado do Paraná. Curityba: Typ. e Lith. avapor da Companhia Impressora Paranaense, 1894. Quadro de anexos, p. MFN 630 C.

37 FERREIRA, João Carlos Vicente. O Paraná e seus municípios. Maringá: Editora Memória Brasileira, 1996, p.72.38 MUNHOZ, Caetano Alberto. Relatório da Secretaria dos Negócios Interior, Justiça e Instrucção Publica/

Quadro demonstrativo das Freguesias, Cidades e Villas do Estado do Paraná. Curityba: Typ. e Lith. avapor da Companhia Impressora Paranaense, 1894. Quadro de anexos, p. MFN 630 C.

39 Idem, Quadro de anexos, p. MFN 630 D.

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vincial, o Sr. Jesuíno Marcondes de Oliveira e Sá. Cujo, otexto legal expressou em seu artigo: “Fica elevado à cate-goria de Villa, com a denominação de Villa de Conceiçãodo Cercado, da Paróquia de Pacotuba, com a mesma divisa,e compreendendo as colônias São Venâncio e Antônio Pra-do e do distrito de Ribeirão da Onça”.

Praticamente o status de Villa, possibilitou a localidadeum passo importante para ser reconhecido como cidadeautônoma. O qual acabou sendo o último Município criadona Província do Paraná em período imperial. No entanto, foino período inicial republicano brasileiro, em 09 de janeirode 1890 pelo Decreto nº 15 baixado pelo Capitão de Mar eGuerra José Marques Guimarães, então Governador doEstado do Paraná, o território da Villa Conceição do Cerca-do, é agraciado com a denominação de “Tamandaré”40.

O qual foi inicialmente administrado autonomamentepelo então primeiro Presidente municipal (prefeito) JoãoAlberto Munhoz auxiliado por Vidal José de Siqueira (ViceIntendente) e os camaristas (vereadores): Antônio Cândidode Oliveira, Antônio Cândido de Siqueira, Antônio EnnesBandeira, Antônio Vieira Bittencourt, Eloy Artigas de Christoe João Cândido de Oliveira, nos períodos de 1890/1892.

Até a Proclamação da Republica. A liderança dos muni-cípios cabia ao presidente da Câmara. Que era o candidatomais votado. Por este motivo que o primeiro líder adminis-trativo de Tamandaré é denominado como Presidente dalocalidade. Ou seja, não existia um poder executivo sepa-rado do legislativo representado na figura do prefeito comoconvivemos atualmente.

40 Idem.

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O Tenente Coronel João AlbertoMunhoz administrou o município ta-mandareense de 25 de janeiro de1890 a 19 de junho 1892. Era maçomparticipante da Loja Apostolo daCaridade jurisdicionada ao GrandeOriente e Supremo conselho do Pa-raná (1902-1920)41. Foi Diretor daSecretaria do Interior do Governo doEstado do Paraná em 1894.

No entanto, só em 25 de janeirode 1890 que ocorreu a instalação ofi-cial da autonomia da nova localidade sob o status de muni-cípio. No ano seguinte a Localidade de Cruzeiro, criada pelaLei nº 116 de 02 de outubro de 1890 com sede no Povoadodo Botiatuvinha do Município de Curitiba, foi extinta e ane-xada ao território de Tamandaré por Ato de 26 de dezembrode 189142.

Segundo o Relatório da Secretaria dos Negócios Interior,Justiça e Instrucção Publica de 29 de setembro de 1894,apresentado ao Governador Francisco Xavier da Silva. Noperíodo de 1892 a 1893 o Município de Tamandaré contavacom apenas 294 eleitores. Uma escola pública promiscuade ensino primário na Sede cuja professora era a Dona Flo-ripa de Siqueira Macedo e posteriormente Dona GertrudesDomitila da Cunha Martins, uma escola primaria colonial etrês escolas particulares (Pacotuba, Tijuco Preto e Conceição).

Merece destaque nesta década o camarista: “Coronel”Antônio Ennes Bandeira, o qual se tornou Deputado Esta-

João Alberto Munhoz,primeiro Intendenteda Vila Tamandaré

Foto: Galeria dos Prefeitos

41 A Maçonaria no Paraná – Vol. 2 de 7 – Registro de Direitos Autorais nº 240.200.42 MUNHOZ, Caetano Alberto. Relatório da Secretaria dos Negócios Interior, Justiça e Instrucção Publica/

Quadro demonstrativo das Freguesias, Cidades e Villas do Estado do Paraná. Curityba: Typ. e Lith. avapor da Companhia Impressora Paranaense, 1894. Quadro de anexos, p. MFN 630 A.

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dual pelo município no Biênio de 1891 e 189243. Ano emque o Estado do Paraná era governado por uma Junta Go-vernativa composta: por Roberto Ferreira, Bento José La-menha Lins e Joaquim Monteiro de Carvalho e Silva. O qualantes de ser Camarista de Tamandaré e posteriormentedeputado pela nova cidade. Foi o 7º Tenente Coronel daGuarda Nacional no período de 03 de abril de 1882 a 04 desetembro de 1885, atual Policia Militar44. Porém, nunca foipresidente ou intendente da cidade. Estava domiciliado naregião da extinta Vila de Cruzeiro. Que mais tarde uma partefoi compreendida pelo Bairro de Santa Felicidade.

Apesar da nova denominação Ta-mandaré, a população continuou a sereferir a Sede municipal como “Vila”.Isto em decorrência da importânciado fato histórico por eles presencia-dos. Tal satisfação é ainda carregadainvoluntariamente e notória, que ain-da hoje (2011), não raro é encontrardescendentes de pessoas que vive-ram este momento histórico, a se re-ferir ao centro de Tamandaré comoVila.

A partir a proclamação da República as Câmaras muni-cipais são dissolvidas. Sendo que era de competência dosgovernos estaduais nomearem os representantes do “con-selho de intendência”. O qual deveria em teoria estar sepa-rado do poder legislativo, já que representava o poder exe-cutivo. Pois, as câmaras foram restabelecidas posteriormen-te. Porém, não raro era o presidente da câmara exercer a

43 FERREIRA, João Carlos Vicente. O Paraná...., p. 117.44 POLICIA MILITAR DO PARANÁ. Fotos de Comandantes. Disponível em: <http://www.pmpr.pr.gov.br/modu-

les/galeria/fotos.php?evento=1&start=75> Acesso em 13 fev. 2011.

Deputado e camaristaAntonio Ennes Bandeira

Foto: PMPR/Comandantes

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função de intendente simultaneamente. No entanto, os in-tegrantes da Câmara eram escolhidos pelo povo. Já o in-tendente era nomeado pelo Governo Estadual. Que pelofato de não criar atrito com o poder local que era influentesobre a população, já que estava em período de transição.Nomeava o camarista mais votado ao referido cargo, quepor este motivo também era o Presidente da Câmara.

Em 1905 é criada a figura do Intendente, que vigora até1930. Ano em que foram criadas as prefeituras. Sendo queesta ficou com o poder executivo, representado pelo cargode prefeito. E a Câmara Municipal representava exclusiva-mente o poder legislativo.

Nos anos de 1907 até 1912, a Villa de Tamandaré, apre-sentou os seguintes dados estatísticos em relação a suapopulação: 1907 moravam na cidade 5854 habitantes; 1908foram relatas 5927 pessoas; em 1909 habitavam o territó-rio, 6075 pessoas; em 1910 foram contadas 6227 habitan-tes; 1911 o município chegou a ter 6382 moradores. Já em1912 o município cresceu e alcançou 6542 habitantes, sen-do que naquele ano nasceram 200 crianças, natimortos 01,ocorreram 71 casamentos e 62 óbitos45. Existiam no muni-cípio em 1912, apenas 6 seções eleitorais46.

No ano de 1912, o senhor João Cândido de Oliveira, na-tural da localidade desde antes dela se tornar autônoma seelegeu Deputado Estadual na Legislatura 1912 a 1913. Nes-ta época, o Paraná era governado pelo Presidente CarlosCalvalcanti de Alburquerque47.

45 ANNUARIO ESTATISTICO DO BRAZIL. Ministerio da Agricultura, Industria e Commercio/directoria Ge-ral de estatística. 1º Anno, Volume I, Republica dos Estados Unidos do Brazil, rio de Janeiro: Typographia daEstatistica, 1916, p.373.

46 Idem, p. 57.47 FERREIRA, João Carlos Vicente....., p. 121.

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Em 20 de setembro de 1912 Ephigênio Garcez Ribas setorna Oficial de Registro Civil de Nascimentos, Casamen-tos e Óbitos, acumulando as funções de notário público daárea da sede do Município de Tamandaré até 19 agosto de1949, substituindo-o na mesma posição Lauro Baptista deSiqueira48.

No período do Intendente João Candido de Oliveira cor-respondente ao mandato de 1912 a 1916 a Câmara era com-posta pelos seguintes camaristas: Luiz Guedes Cordeiro,Antonio Stocchero, Júlio Ferreira de Andrade, Alfredo deSouza Von Krüger, Geraldo Euclides de Christo e João Evan-gelista dos Santos49.

De forma ininterrupta o município funcionou bem até oinicio da década de trinta, sendo governado pelos senho-res: Vidal José de Siqueira: 20 de junho de 1892 a 19 de

Villa Tamandaré, década de 1920. Foto publicada no livroÁlbum do José Pedro Trindade do Paraná, 1927, p.25

48 FOLHA DE TAMANDARÉ. Pelas estradas da vida. Ephigênio Garcez Ribas/ Maria Eucharis Franco Gue-des. Ano VI, nº 106, 15 de novembro, de 1990.

49 Acta da Sessão Extraordinária de inauguração do edifício destinado a Municipalidade de Tamandaré. 26 demarço de 1916.

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setembro de 1892; Antônio Cândidode Siqueira: 20 de setembro de 1892a 22 de setembro 1896; Manoel Fran-cisco Dias: 23 de setembro de 1896 a22 de setembro de 1900 e 23 de se-tembro de 1900 a 19 de setembro de1904; Antonio Candido de Siqueira de20 de setembro de 1904 a 09 de feve-reiro de 1908; João Cândido de Oli-veira: 10 de fevereiro de 1908 a 19 dejunho de 1908; Frederico Augusto deSouza e Vasconcellos: 20 de junho de 1908 a 19 de junho de1912; João Cândido de Oliveira: 20 de junho de 1912 a 19 dejunho de 1916; e 20 de junho de 1916 a 19 de junho de1920; Theophilo Cabral: 20 de junho de 1920 a 19 de junhode 1924; Antônio Baptista de Siqueira: 1924/1926; Theo-philo Cabral: 1926/1928; João Evangelista S. Ribas: 1929/1929; João de Barros Teixeira: 1929 a 07 de outubro de 1930e Serzedello Siqueira: 08 de outubro de 1930 a 11 de abrilde 193250.

Na Legislatura Estadual de 1930-1931, o cidadão JoãoCândido de Oliveira, representou mais uma vez a Vila Ta-mandaré como Deputado Estadual, em um período em queo Estado do Paraná, estava sendo governado pelo Inter-ventor Mário Alves Monteiro Tourinho51.

Na década de 1930, a pacata cidade era agitada peloGolpe de Estado que levou Getúlio Vargas ao poder em 1930,sendo que em Almirante Tamandaré um grupo de expedi-cionário foi comandado pelo Coronel Eugênio Martins para

Intendente Sr. João de Barros Teixeira

Foto: Galeria dos Prefeitos

50 PORTAL DA CIDADE DE ALMIRANTE TAMANDARÉ. Autoridades Administrativas. Disponível em: <http://www.tamandare.pr.gov.br/secretarias/template.php?secretaria=gabinete&sessao=autoridadeAdm> Acessoem: 11 Dez. 2010.

51 FERREIRA, João Carlos Vicente. O Paraná e seus municípios. Maringá: Editora Memória Brasileira, 1996, p. 123.

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dar assistência à transição dessa nova realidade da Nação.A qual gerava tensão entre partidários do antigo regime edefensores do novo regime.

Apesar da representatividade po-lítica que o município notoriamentepossuía, vários fatos conspiraram nadécada de 1920 contra a Villa Taman-daré, pois segundo Sebastião Para-ná em 1925, ao se referir em sua obra“Os Estados da Republica”, sobre acidade de Tamandaré, ele citava queera um lugar pouco importante. Po-rém, com diversas caieiras, sendoque, o seu produto era “exportado”para Curitiba52.

No entanto, esta condição de pouca importância da lo-calidade, somou-se as diversas tensões políticas de âmbito

Intendente Antonio B.de Siqueira, 1924-1926

Foto: Galeria dos Prefeitos

52 PARANÁ, Sebastião. Os Estados da Republica. 3ª Ed. Curitiba: França e Cia Limitada, Livraria Mundial,1925, p. 306.

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nacional. Proporcionado pela Re-volução de 30 e da RevoluçãoConstitucionalista de 1932 (oqual meu avô paterno Pedro Jor-ge Kotovski que servia o Exérci-to Brasileiro nesta época. Ondeestava lotado na 5ª Divisão deInfantaria Quartel da Lapa, Bri-gada da 5ª Região Militar (atual-mente 15º Grupo de Artilharia deCampanha Autopropulsado),compondo a 2ª Bateria do 5º Gru-po de artilharia de montanha, noHistórico Cerco de Itararé)53. Quese somaram a crise econômicamundial que ocasionou consequências para economia agro-exportadora brasileira que dependia dos recursos oriundosdas exportações de café. Desencadeada pela Quebra daBolsa de Valores de Nova York em 1929.

Eis, que ocorreu uma grande consequência negativa paraa política e economia paranaense, que foram sentidas pe-los cofres públicos municipais onde muitos municípios, ti-veram imensa dificuldade de se manter administrativamen-te e autonomamente funcionando, gerando ônus e proble-mas políticos que acabavam estourando no próprio Estado.Diante desta condição, muitos municípios perderam seustatus autônomo e foram anexados a outros, como um re-médio provisório para se enfrentar a terrível crise política eeconômica que se fazia presente em todo o Brasil.

Deste contexto histórico, o município tamandareense foivitima, pois desapareceu dos mapas paranaenses por 18

Cabo artilheiro Pedro JorgeKotoviski em Campanha em

Itararé em março de 1933

Foto: Família Kotoviski

53 EXÉRCITO BRASILEIRO. Caderneta militar do Cabo Artilheiro Pedro Jorge Kotovski. 1932 a 25 de abril de 1933.

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anos, devido ao Decreto Estadual nº.1702 de 14 de julho de 1932, sancio-nada pelo Interventor/GovernadorManoel Ribas, que suprimiu a Vila deTamandaré, administrada nesta épo-ca pelo Prefeito Joaquim Agge, ges-tão 12 de abril de 1932 a 13 de julhode 1932, que mal assumiu seu postode autoridade máxima municipal. Jáque o município passou a pertencerao município de Rio Branco do Sul,administrado pelo Agente Adminis-trativo Dalvino Correia no período1932 a 1933.

Um breve alento soprou sobre a Vila, com o advento doDecreto nº 931, assinado pelo Interventor/Governador Ma-noel Ribas, que expressava que a partir de 03 de abril de1933 se restaurava a autonomia municipal tamandareen-se. A qual teve como primeiro administrador deste períodopós-restauração, o Prefeito Serzedello Siqueira no períodode 12 de abril de 1933 a 30 de janeiro de 1934.

Enquanto Tamandaré esteve neste período autônomo,governaram os prefeitos/interventores: Tenente CoronelManoel Miguel Ribeiro: 31 de janeiro de 1934 a 20 de no-vembro de 1934; o industrial João Antonio Zem: 21 de no-vembro de 1934 a 29 de dezembro de 1935; o industrial Fre-dolin Wolf: 30 de dezembro de 1935 a 29 de janeiro de 1936;o comerciante Domingos Scucato: 30 de janeiro de 1936 a18 de abril de 1936; o industrial Fredolin Wolf: 19 de abril de1936 a 28 de fevereiro de 1938; Engenheiro Agrônomo Pe-dro Moacyr Gasparello: 01 de março 1938 a 30 de dezembrode 1938. Porém, o desfrute da autonomia durou pouco, pois

Intendente Serzedello deSiqueira, o primeiro admi-nistrador a enfrentar aextinção do município

Foto: Galeria dos Prefeitos

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em virtude dadivisão admi-nistrativa de 31de dezembro de1936 e sua com-plementar dis-posição da divi-são administra-tiva de um mêsdepois, (31 dejaneiro de1937), fez Ta-mandaré pertencer ao Termo e Comarca de Curitiba.

Porém, foi na gestão do Interventor Pedro Moacyr deGracia Gasparello, que o golpe derradeiro oficial foi assina-do novamente pelo então Interventor/Governador do Esta-do do Paraná Manoel Ribas (mandato: 1932-1945), que atra-vés do Decreto Lei nº. 7573, de 20 de dezembro de 1938,extinguia o município, passando a fazer parte do territóriode Curitiba. O qual foi administrado pelo Agente Adminis-trativo Hermenegildo de Lara no período de 1938 até 1943.

Devido a sua imponente denominação que homenagea-va o herói de Guerra da Nação, Joaquim Marques Lisboa(Almirante Tamandaré, no caso “Tamandaré”) não ser aúnica no Brasil. Já que no litoral do Estado de Pernambucotambém existia a Vila de Tamandaré, que recebeu o statusde município (e que também possui o bairro de Areias).Ocorreu que o senhor Interventor/Governador Manoel Ri-bas, assinou o novo decreto-lei de nº 199 o qual fazia que apartir de 30 de dezembro de 1943, a localidade passasse aser denominada de Timoneira. Neste mesmo ano, o territó-rio do extinto município, passou a integrar o município de

Prefeitos Fredolin Wolf e João Antonio Zem

Foto: Galeria dos Prefeitos

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HISTÓRIA DO MUNICÍPIO DE ALMIRANTE TAMANDARÉ

Colombo, o qual foi administrado pelo Agente Administra-tivo Silvio de Lara em 1943.

No dia 11 de outubro de 1947, a Lei Estadual n° 02, inci-so XXI, sancionada pelo Governador Legal em conformida-

de com a nova Constituição de 1946, Moyzés Wille Lupionde Tróia, restaura a autonomia municipal54. Sendo seu ter-ritório formado pelos Distritos Judiciários de Timoneira eCampo Magro e posteriormente sua sede é restaurado em06 de novembro do mesmo ano. Porém, ainda carregando adenominação de Timoneira, que foi primeiramente admi-nistrado por um curto período de dois meses por João Ba-tista de Siqueira 19 de outubro de 1947 a 6 de dezembro de1947. O qual ficou responsável em organizar o processo detransição e garantir a boa ordem do pleito eleitoral que con-tava com colégio eleitoral de 1662 eleitores, marcado paraa data de 16 de novembro de 1947. O qual teve como pri-meiro prefeito eleito o Senhor João Wolf.

Neste mesmo ano o Governador Moysés Willi Lupion deTróia inaugura o recém-construído prédio de alvenaria de

Timoneira em 1945

Foto: Arquivo do Seminário Santo Antonio

54 DIÁRIO OFICIAL DO ESTADO DO PARANÁ. Atos do Poder Legislativo. Ano XXXV, Curitiba, 1º de Novembrode 1947, p. 02.

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300 m² onde funcionaria o Posto Misto de Higiene de 2ªClasse55, junto à contemporânea Rua Coronel João Candi-do de Oliveira.

Porém a preocupação em melhorar as condições do par-to e promover um melhor acompanhamento ao desenvolvi-mento das crianças, também se expressou na gestão doPrefeito João Wolf em 8 de julho de 1949 com o advento dacriação da APMI (Associação de Proteção a Maternidade ea Infância)56. A qual se aperfeiçoou em sua trajetória de 63anos. Sendo que contemporaneamente abrange um uni-verso mais amplo no contexto de assistência social. Inicial-mente a APMI compartilhava o espaço junto ao Posto dePuericultura, localizado nas proximidades da atual EscolaAlvarenga Peixoto. No entanto por não ter sede própria, eraconstantemente remanejada de local. Esta situação só foisolucionada na data de 18 de setembro de 1998, quando éinaugurada a sede própria desta importante instituição so-cial, junto a Rua José Carlos Colodel.

Eram autoridades no município na gestão do PrefeitoJoão Wolf (Filho de Fredolin Wolf): Senhora Ildemar Irene

Sede da APMI inaugurada em 1998, a qual compartilhousuas dependências com a Secretaria da Educação de 2005 a 2010

Foto: Antonio Ilson Kotovski Filho, abril de 2011

55 GOVERNO DO ESTADO DO PARANÁ. A concretização do plano de obras do Governador Moyzés Lupion1947-1950. (Arquivo Publico do Paraná, Ano 1947-1950 MFN 1146, Moysés Lupion), p. 84.

56 Ata de fundação da Associação de Proteção a Maternidade e a Infância.

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Wolf (presidente da APMI 1949-1951); Jaci Real Prado deOliveira (Presidente da Secção Municipal da Legião Brasi-leira de Assistência, 1951); Doutor Eliseo Bittencourt deCamargo (Médico Chefe do Subposto de Higiene (1948-1950)e o Doutor Fernando Veiga Ribeiro assistente do Posto dePuericultura (1951); Delegados: Angelo Brotto Sobrinho(1951) e Generoso Candido de Oliveira em 1951. Inspetorde Ensino em 1950: Professor Odair do Amaral e Silva eposteriormente seu Harley Clóvis Stocchero; Juiz de Paz:Antonio A. da Silva Guedes; Coletores Estaduais: Antoniode Araújo Junior 1948/1949, Arnaldo Pisseti (1950/1951).Fiscal Classificado de produtos da Secretaria de Agricultu-ra: Zair Candido de Oliveira (1951); Juiz Eleitoral Prepara-dor: Adelmar Teixeira (1951); Agente de Estatísticas: Do-mingos Arnaldo Péres (1948 e 1949), Antonio Johnson (1949-1951); Secretário-Contador da Prefeitura; Didio Santos (1948a 1951); Agente do Departamento de Correio e Telégrafos:Rosa Scucato Ziocowski (1948 a1951); Guarda Sanitário doPosto Misto de Higiene: Galdino Arruda; Agente daR.V.P.S.C.: Ismael Pinto (1948 a 1951) e Oficial do RegistroCivil: Lauro Baptista de Siqueira. No Distrito de CampoMagro era o Subinspetor Escolar: João Favoreto e o Oficialdo Registro Civil era o Senhor Rubens Torres57.

No ano de 1952, é entregue pelo então Governador Ben-to Munhoz da Rocha Neto, a nova Delegacia de Policia ecadeia com quatro celas para o município de Timoneira58

administrado na época pelo Prefeito Ambrósio Bini, a qualainda se localiza na atual Rua Coronel João Cândido deOliveira. Antes de a delegacia possuir prédio próprio, as

57 Arquivo de Requerimento apresentado a Prefeitura municipal de Tamandaré à contar de 11 de novembro a 30de dezembro de 1931.

58 CÂMARA DE EXPANSÃO ECONÔMICA DO PARANÁ. 1º Centenário de Emancipação Política do Paraná.Porto Alegre RS: Livraria do Globo S.A, 1953, p. XVI.

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pessoas que afrontavam a lei e a ordem no município, erampresas no porão da Prefeitura Velha. Porém, naquele tem-po, a realidade criminal do município era bem diferente dosdias atuais, pois, um dos fatores que contribuíam para istoera a pequena população de 8.857 habitantes. Que demo-graficamente se distribuíam numa proporção de 18,18 pes-soas por km², o que caracterizava as localidades povoadasem Timoneira59, mais como comunidade do que propriamen-te como aglomeração populacional de grande escala.

No ano de 1955, se encerrava o mandato do prefeitoAmbrósio Bini, o qual se candidata a Deputado Estadualno pleito de 1955. Porém, inicialmente não logrou êxito comsua votação de 2098 votos60. Mas conseguiu voto o sufici-ente para se tornar suplente direto ao cargo. O qual ocor-reu no ano anterior. Desta forma, o senhor Ambrósio Bini,se tornava o terceiro Deputado Estadual61 a representar omunicípio na História de Almirante Tamandaré e o primei-ro e único do efêmero Município de Timoneira.

No entanto, a localidade já havia construído uma histó-ria. E por este motivo, atendendo as reivindicações popula-res da época, de descontentamento com a denominaçãohilária de “Timoneira”, expressadas pessoalmente em con-versas pelo então prefeito da época João Wolf, junto ao en-tão Governador Moysés Lupion em seu novo mandato (1956/1961), que posteriormente sancionou a Lei nº. 2644, em 24de março de 1956, que restabelecia a denominação Almi-rante Tamandaré62, sendo esta publicada no Diário Oficialdo Estado do Paraná na Segunda Feira do dia 26 de marçode 1956. Eis que ao invés de ser denominado simplesmente

59 INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA. Censo de 1950.60 Relato de Cesar Augusto Bini fundamentado em seu acervo histórico sobre o seu pai, março de 2011.61 FERREIRA, João Carlos Vicente. O Paraná e seus municípios. Maringá: Editora Memória Brasileira, 1996, p.125.62 PORTAL DA CIDADE DE ALMIRANTE TAMANDARÉ. História da Cidade. Disponível em: < http://

www.tamandare.pr.gov.br/secretarias/template.php?secretaria=gabinete&sessao=historia > Acesso em: 10 Dez. 2010.

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de Tamandaré, foi acrescentada a palavra “Almirante” aonome, para se diferenciar da cidade pernambucana de Ta-mandaré.

A partir da data de 11 de outubro de 1947, AlmiranteTamandaré foi governado ininterruptamente pelos pre-feitos: João Batista de Siqueira: 19 de outubro de 1947a 06 de dezembro de 1947; industrial João Wolf: 06de dezembro de 1947 a 06 de dezembro de 1951;industrial do calcário Ambrósio Bini: 05 de dezem-bro de 1951 a 06 de dezembro de 1955; industrialempreendedor João Wolf: 06 de dezembro de 1955a 05 de dezembro de 1959; industrial do calcárioAmbrósio Bini: 06 de dezembro de 1959 a 14 denovembro de 1963; industrial do calcário AtílioBini: 14 de novembro 1963 a 05 de dezembro de 1963;industrial empreendedor Domingos Stoccheiro: 06 dedezembro de 1963 a 30 de janeiro de 1969; Advogadoe funcionário público Antonio Johnson: 31 de janeirode 1969 a 30 de janeiro de 1973; Tabelião Eurípedes deSiqueira: 31 de janeiro de 1973 a 31 de janeiro de 1977;Roberto Luiz Perussi: 01 fevereiro de 1977 a 31 de ja-neiro 1983; Industrial do calcário Ariel Adalberto Bu-zzato: 01 de fevereiro de 1983 a 31 de dezembro 1988;Roberto Luiz Perussi: 01 de janeiro de 1989 a 31 dedezembro de 1992; Industrial do calcário ArcidíneoFélix Gulin: 01 de janeiro de 1993 a 31 de dezembro de1996; Advogado Antonio Cezar Manfron de Barros: 01de janeiro de 1997 a 31 de dezembro de 2000 e 01 de janeirode 2001 a 31 de dezembro de 2004; Professor, advogado eassessor Vilson Rogério Goinski: 01 de janeiro de 2005 a 31de dezembro de 2008 e 01 de janeiro de 2009 a 31 de de-zembro de 201263.

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Neste mesmo ano em que Almirante Tamandaré restau-rou sua autonomia administrativa. Sendo que, os PrefeitosMunicipais de Rio Branco do Sul (Ota-vio Furquim) e do município de Timo-neira (Sr. João Batista de Siqueira),fizeram um acordo em que: a Prefei-tura Municipal de Rio Branco do Sultomaria conta até a localidade próxi-mas da Igreja de Areias, mais preci-samente na divisa com o Rio Barigui,não levando em conta a divisa oficialdelimitada pela Serra do Betara64.

Diante deste episódio, o bairro de Areias, onde se en-contra o contemporâneo Jardim São João Batista, na épocaera pouco povoado, e pela distância das sedes dos municí-pios seria mais viável que fosse administrado por Rio Bran-co do Sul.

Na década de 1950, ocorre o aparecimento das primei-ras áreas de loteamento regular, ou seja: Vila Santa Terezi-nha (Sede), Jardim do Norte (Botiatuba), Jardim FazendaFormosa (Botiatuba), Jardim Parque São Jorge (Cachoeira)e o Jardim Santa Cecília (Lamenha Grande).

A futura área de terra que daria origem a Planta VilaSanta Terezinha possuía uma particularidade. Pois a mes-ma ainda estava presa a uma antiga sesmaria, ou seja, a“conceição do cercado”, a qual foi doada pelo Governo doEstado do Paraná ao município na gestão do prefeito Am-brósio Bini, após a intervenção deste junto ao GovernadorBento Munhoz da Rocha Netto.

63 PORTAL DA CIDADE DE ALMIRANTE TAMANDARÉ. Galeria de Prefeitos. Disponível em: < http://www.tamandare.pr.gov.br/secretarias/template.php?secretaria=gabinete&sessao=prefeitos/galeria > Acessoem: 10 Dez. 2010.

64 CÂMARA MUNICIPAL DE RIO BRANCO DO SUL. Loteamento São João Batista. Disponível em: <http://www.camarariobrancodosul.pr.gov.br/his_estradaferro.html > Acesso em: 11 Dez. 2010.

Prefeito João Batista deSiqueira, primeiro

prefeito de Timoneira

Foto: Galeria dos Prefeitos

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HISTÓRIA DO MUNICÍPIO DE ALMIRANTE TAMANDARÉ

A década de 1960 começava com um fato de orgulhopara o povo tamandareense. Pois, um filho de sua terra al-cançava o cargo de Desembargador do tribunal de Justiça

do Paraná. Eis, que cito o Senhor Isidoro João Brzezinski,nascido em Tamandaré, em 17 de agosto de 1903, filho deimigrantes poloneses que inicialmente se instalaram naLamenha: Pedro Brzezinski e Paulina Brzezinski65.

Iniciou sua vida profissional em 1925 como auxiliar decartório no Registro Civil da 2ª Vara Criminal, passando serescrevente juramentado e escrivão interino. Em 1927, tor-nou-se Promotor interino em Paranaguá e no ano seguinteatuou em Clevelândia. Bacharelou-se pela Faculdade deDireito da Universidade Federal do Paraná em 1929 e nomesmo ano atuou como advogado em Curitiba. Tornou-seem 1931 Juiz Municipal de Piraí do Sul, passando depois

O ainda jovem Antonio Johnson (futuro prefeito em 1969).Ao fundo o panorama da Sede de Timoneira em 1952

Foto: Brasinha/O túnel do tempo/Abril de 2002

65 TRIBUNAL REGIONAL ELEITORAL. Assessoria de Comunicação/ouvidoria/Texto da Placa Fundamentale Homenagem presente no Fórum Eleitoral Desembargador Isidoro Brzezinski em Toledo-PR. 12 de de-zembro de 2004.

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por Reserva, Mallet e Ipiranga. Aprovado em concurso pú-blico em 1938, atuou como Juiz de Direito nas comarcas deCastro, Tibagi, Mallet, União da Vitória, Foz do Iguaçu, Ri-beirão Claro, Wenceslau Braz, Ponta Grossa e Curitiba.Nomeado Desembargador do Tribunal de Justiça do Esta-do do Paraná em 1962. Tornou-se Presidente do TribunalRegional Eleitoral do Paraná em 1964 e Vice-Presidente doTribunal de Justiça no biênio 1967/1968. Faleceu em 05 dejulho de 199066. Como homenagem aos serviços prestadosa Justiça do Estado, o artigo 5º da Resolução nº 458/2004concedeu o patronato do prédio do Fórum Eleitoral de Tole-do-PR, inaugurado em 04 de dezembro de 2004.

No entanto um fato triste assolou acidade na data de 14de novembro de 1963. Eis, que falece o ainda jovem prefei-to Ambrósio Bini, em seu lugar para conduzir o municípiopor alguns meses, ficou o Presidente da Câmara dos Verea-dores, o Sr. Atílio Bini. Já que no ano de 1964, assumiria aprefeitura o Sr. Domingos Stocchero.

Até o começo da década de 1970, o município tamanda-reense era considerado um município do interior, porém,isto mudou com o advento da Lei Complementar n.º 14, de8 de julho de 1973, sancionada pelo Presidente da Republi-ca Garrastazu Medici, que estabelecia as regiões metropo-litanas das grandes metrópoles brasileiras: São Paulo, Sal-vador, Belo Horizonte, Porto Alegre, Recife, Belém, Fortale-za e Curitiba. Neste novo contexto, aparecia no § 6º do ar-tigo primeiro, da supracitada lei, o nome do município deAlmirante Tamandaré como integrante da Região Metro-politana de Curitiba. Atualmente pelos estudos da COMEC,o município se encontra com um status muito alto de inte-gração com a capital.

66 Idem.

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HISTÓRIA DO MUNICÍPIO DE ALMIRANTE TAMANDARÉ

Na data de 15 de setembro de 1985, na gestão do entãoprefeito Ariel Adalberto Buzzato, a cidade ganhou uma pre-feitura nova, há qual muito bem elaborada arquitetonica-

mente, que se tornou um marco do crescente progresso domunicípio. O qual não era mais acompanhado pelo satura-do e pequeno, porém histórico prédio da Prefeitura Velha.O novo prédio atendeu bem a nova demanda e acolheu aCâmara de Vereadores, a qual se estabeleceu em prédiopróprio apenas em 15 de abril de 2000, na gestão do prefei-to Cezar Manfron, simbolizando a autonomia do Poder Le-gislativo no município.

Em 1991 o município tamandareense registrou segundoo IBGE, 66.159 habitantes. Sendo que o colégio eleitoralera de 34.962 pessoas.

Quarenta e três anos depois do restabelecimento da au-tonomia municipal, a partir da Lei 9309/90 assinada peloentão Governador Álvaro Fernandes Dias, publicada noDiário Oficial do Estado do Paraná, nº 3300, de 05 de julhode 1990, a cidade é elevada a categoria de Comarca.

Panorâmica da Sede em 1975, observem a esquina da Av. Emilio Johnsoncom a Rua Domingos Scucato, a neve sobre os telhados, as ruas não asfal-tadas, postes sem iluminação pública e no centro a Prefeitura Velha

Foto – Arquivo José Ido da Cruz

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Inicialmente em homenagem aos 104 anos de aniversá-rio de Almirante Tamandaré, foi entregue ao povo taman-dareense, o Fórum da Comarca de Almirante Tamandaré,em 28 de outubro de 1993, na gestão do Prefeito MunicipalCide Gulin (Arcidíneo Félix Gulin). Porém, pela falta de umacasa destinada ao Juiz, a Comarca não funcionou até resol-ver este problema burocrático.

Apenas com o Decreto Judiciário nº 598 de 15 de setem-bro de 1995, assinado pelo Presidente do Tribunal de Justi-ça do Paraná, o então Desembargador Claudio Nunes doNascimento, ocorre de fato à instalação da Comarca noMunicípio. Oficialmente entregue às onze horas da manhãdo dia 28 de outubro de 1995 ao então prefeito Cide Gulin(Arcidíneo Félix Gulin) pelos Deputados Estaduais AníbalKhury e Algaci Túlio e o Desembargador Claudio Nunes doNascimento, em comemoração aos 106 anos de AlmiranteTamandaré. A qual foi criada para atender a crescente de-manda judicial, que afogava a Comarca de Rio Branco doSul, a qual o município tamandareense estava integradojurisdicional-mente. Assu-mia como pri-meiro juiz daComarca de Al-mirante Ta-mandaré quetambém abran-gia com jurisdi-ção a cidade deCampo Magro,o Dr. OsvaldoNallim Duarte,

Solenidade de Inauguração do Fórum. Rompendo afaixa inaugural: prefeito Cide Gulin, Deputado

Aníbal Khury, e Deputado Algaci Túlio

Foto: Folha de Tamandaré, 28 de novembro de 1995

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já que a Dra. Ketib Astir José teria apenas sido designadacom o status de Juíza Substituta.

O primeiro ato da comarca foi realizado sob o protocolonº001/95, cujo feito, foi possibilitado ao Dr. Wilson de PaulaCavalheiro, cidadão ilustre tamandareense, advogado deprofissão, e vereador da cidade na gestão 1996-2000.

No ano de 1995 o município possuía 473 Km², ocupadapor uma população de 67.000 habitantes (IBGE 1990). Exis-tiam 36.356 eleitores (TER/PR), 55 escolas de 1ª a 4ª séries,19 de 5ª a 8ª e 07 de Ensino Médio. A Economia se susten-tava na produção industrial: cal, calcário, cimento, lustre,bebidas, água mineral; produção agropecuária de hortigran-geiros.

Em decorrência de apelos políticos e populares, da re-gião do distrito de Campo Magro por autonomia para con-seguirem um progresso mais efetivo, no dia 28 de dezem-bro de 1995, o então Presidente da Assembleia Legislativa,o Deputado Aníbal Khury promulgou a Lei nº. 11.221 com aseguinte súmula: cria o Município de Campo Magro, des-membrado do Município de Almirante Tamandaré67. Ocor-ria assim a diminuição de 273 quilômetros quadrados deseu território, até então de 523,105 quilômetros quadrados.A partir deste fato a superfície territorial do município era194 km². No ano de 1997 a população era de 73.018 habi-tantes. Sendo 36.597 homens e 36.421 mulheres (IBGE). Jáo eleitorado caiu para 31.155 (consequência da divisão domunicípio de Almirante Tamandaré) (TRE/PR). Pois, inicial-mente Campo Magro contou com uma população de 16.392(IBGE). Sendo que em seu primeiro pleito eleitoral contoucom 7856 eleitores (TRE/PR).

67 PREFEITURA DE CAMPO MAGRO. Nosso Município. Disponível em: < http://prefeituradecampomagro.blogspot.com/p/nosso-municipio.html> Acesso em: 10 Dez. 2010.

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No ano de 1997, como estratégia do governo federal paraimplantar o uso do gás natural nas regiões de alta deman-da de energia, começava passar pelo município as tubula-ções do Gasoduto Bolívia-Brasil.

Em 2003, com área de 188, 652 km², foram observados50 Km² de área urbana. O restante era abrangido pela árearural. Que estava ocupada por 89.410 habitantes. Os quais:80.058 ocupavam a área urbana e apenas 9.532 a área ru-ral. O PIB do Município era de R$ 306.145.851,00. Sendoque a economia girava em torno das indústrias de bebidas,material elétrico, cal e calcário, água mineral, artefatos deborrachas, de plástico, cimento; móveis, metalúrgicas, trans-

Território de Almirante Tamandaré antes da divisão territorial.Os rios Conceição, Juruqui, Passauna, foram os principais

marcos de delimitação ou fronteira na divisão do município

Fonte: Acervo Professora Josélia Kotoviski

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portadoras e fertilizantes.Após 57 anos passados desde um providencial acordo

que a princípio facilitaria a vida dos moradores da localida-de do Jardim São João Batista, que era administrado pelaPrefeitura de Rio Branco do Sul, mas que na delimitaçãooficial pertencia a Almirante Tamandaré. Ocorreu que noano de 2003, a Prefeitura de Almirante Tamandaré, na ges-tão do então prefeito Cezar Manfron, reivindicou formal-mente junto ao Tribunal Regional Eleitoral, que fossemtransferidas para o município tamandareense as respecti-vas secções eleitorais. Cujo, o principal objetivo era que osvotos para o pleito de Prefeito e Vereadores, nas eleições de2004 já fossem computados para os candidatos daquelemunicípio68.

Em defesa dos interesses do Município de Rio Branco doSul, que por 57 anos investiram na localidade que não lhepertencia oficialmente, mas que estava atendendo umapopulação aproximada de 4.600 pessoas. A Câmara Muni-cipal rio-branquense desenvolveu um estudo, com fartadocumentação, argumentando que a referida transferênciapleiteada pelo município de Almirante Tamandaré, nãopoderia ser provida sem que fosse ouvida a população (ple-biscito). Já que supostamente seriam os que sofreriam aconsequência direta daquela mudança.

Mesmo ocorrendo um parecer favorável da AssembleiaLegislativa através do relator Deputado Durval Amaral, emreferencia ao plebiscito, nada ocorreu, e o pedido pleiteadopor Almirante Tamandaré, lhe foi concedido.

Já no ano de 2005, atendendo as antigas reivindicaçõesdos moradores do Jardim São João Batista. Os quais come-

8 CÂMARA MUNICIPAL DE RIO BRANCO DO SUL. Loteamento São João Batista. Disponível em: <http://www.camarariobrancodosul.pr.gov.br/his_estradaferro.html> Acesso em: 11 Dez. 2010

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çaram a sofrer com as consequências da disputa territorial,e por este motivo pararam de receber de forma adequadaos serviços públicos do município que pertencia, até entãoterritório não oficial de Rio Branco do Sul. Diante desta cir-cunstancia, o prefeito tamandareense Vilson Goinski, aco-lheu aos apelos populares e assumiu a responsabilidadepela localidade.

Mas isto se deu após a assinatura de um acordo de desistên-cia da área em questão. Feito junto ao Ministério Público dasduas Comarcas, e com a presença dos prefeitos das duascidades (Vilson Goinski e Amauri Johnson). O qual o Muni-cípio de Rio Branco do Sul, restabelecia a posse do JardimSão João Batista oficialmente a Almirante Tamandaré.

Diante deste histórico fato, se concretiza a efetivaçãoda área do Jardim São João Batista como de responsabili-dade legal do município, através da Lei nº 1342 de 14 demaio de 2008 de Almirante Tamandaré, que estabeleceunova delimitação dos bairros do município além de dar ou-tras providências69. Neste contexto, a localidade passou apertencer ao território de Almirante Tamandaré oficialmen-te. Mas especificamente ao território do Bairro de Areias.

Em consequência de sua autonomia política e judiciá-ria, na data de 17 de março de 2006, é entregue ao povotamandareense o Fórum Eleitoral Desembargador JorgeAndriguetto, localizado na esquina da Rua Lourenço An-gelo Buzato, com a Rua Bertolina Kendrick de Oliveira.

No ano de 2007, segundo as informações do IBGE a po-pulação do município alcançou 93.051 habitantes.

Em 2009, desencadeou-se um fato inédito em 120 anosde história do município. Pois, ocorreu a entrega de 307

69 LEIS MUNICIPAIS. Lei nº 1342 de 14 de maio de 2008 de Almirante Tamandaré. Disponível em: < http://www.leismunicipais.com.br/cgi-local/showinglaw.pl > Acesso em: 10 Dez. 2010.

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apartamentos pertencentes ao Conjunto Habitacional Har-ley Clóvis Stocchero, adquiridos pelos seus moradores atra-vés de financiamento com a Caixa Econômica Federal, quefoi construído pela prefeitura municipal de Almirante Ta-mandaré com o propósito de diminuir o problema habitaci-onal na cidade.

Já na data de 04 setembro de 2010, foi inaugurado nobairro da Cachoeira, o Centro Administrativo Vereador Dir-ceu Pavone. O qual visava disponibilizar em um mesmo lu-gar, os diversos órgãos municipais, que devido à falta deprédios pertencentes à prefeitura, utilizavam imóveis loca-dos junto a particulares. O qual gerava ônus aos cofres pú-blicos e se espalhavam pela cidade, dificultando o acessoda população, que perdia muito tempo para resolver ques-tões de minutos. Fizeram-se presentes nesta inauguraçãoos Prefeitos Vilson Goinski e o Prefeito de Curitiba o Médi-co Luciano Ducci além dos vereadores do município. Auto-ridades como o governador e deputados evitaram aparecerdevido a ser período de campanha eleitoral para o governo,senado e câmaras legislativas. Sendo que a presença decandidatos em uma inauguração pública poderia ser inter-

Foro Eleitoral Desembargador Jorge Andriguetto

Foto: Antonio Ilson Kotovski Filho, abril 2011

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pretada como crime eleitoral.No que tange a atual contemporaneidade (2010) o muni-

cípio possui 103.245 habitantes, espalhados pelos 194,75Km². Sendo que estão matriculados nas 53 escolas munici-pais, 16.923 alunos; nas 17 pré-escolas, 1.188 alunos e nas12 instituições que possuem ensino médio, 3464 alunos.Existem 668 professores de ensino fundamental, 47 de pré-escola e 222 de ensino médio. Esta população é atendidapor 9 unidades de saúdes mantidas pelo município e 4 pri-vadas. Sua frota automotiva até o momento se configuraem: 19.171 automóveis; 1.125 caminhões; 247 caminhõestrator; 74 micro-ônibus; 5.470 motocicletas; 859 motonetas;198 ônibus; 6 tratores. (fora os que estão na ilegalidade ounão estão registrados no município). Neste ano ocorreram420 casamentos legais, 45 separações e 47 divórcios70.

70 IBGE. Almirante Tamandaré-PR . Disponível em:< http://www.ibge.gov.br/cidadesat/painel/painel.php?codmun=410040> Acesso em: 27 mar. 2011.

Condomínio Harley Clóvis Stocchero, idealizadona Gestão Vilson Goinski e entregue em maio de 2009.

Fonte: Revista Almirante Tamndaré, p. 21

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De férias, duas semanas para o Natal, aproveitei meutempo livre para comprar alguns presentes mais sofistica-dos em Curitiba. Percebendo que eu iria sair, meu pai resol-veu ir junto, para levar sua câmera fotográfica digital paraarrumar.

Como de costume, peguei a Rodovia dos Minérios (PR-92, trecho Curitiba - Rio Branco do Sul, cujo, o nome oficialé: Rodovia “Conselheiro Kielse Crisóstomo da Silva”, deno-minada apenas em 2007, pela Lei nº 15.439 de 15.01.2007(D. O. E nº 7400) assinada pelo então Presidente da Câma-ra Legislativa do Paraná, Hermas Brandão)71, para chegaraté o centro da capital.

No percurso ele começou a me contar. Que quando eleera piá, a Rodovia dos Minérios era conhecida como Estra-da Estratégica, que começava no Cemitério do Abranchesem Curitiba e ia até Rio Branco do Sul. A qual foi construí-da pela CCPRB (Companhia de Cimento Portland Rio Bran-

Caminhos que levam a

Almirante Tamandaré

71 DEPARTAMENTO DE ESTRADA E RODAGEM – PARANÁ. Rodovias Estaduais. Disponível em: < http://www.der.pr.gov.br/modules/conteudo/conteudo.php?conteudo=21> Acesso em: 12 Dez. 2010.

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co), em parceria com o Estado, na época governado pelo Sr.Bento Munhoz da Rocha Neto. Sendo que ela só foi abertaem 1953 e finalizada em abril de 195572, pelos funcionáriosdenominados de arigós. Porém, só em 1968, na gestão doSr. Paulo Cruz Pimentel, que ela foi asfaltada.

Antes disso, o caminho era feito pela Estrada do Assun-gui (com dois “SS”), que começava no Largo da Ordem, emCuritiba (atual Av. Mateus Leme), que remonta o séculoXIX. Já dentro do município de Almirante Tamandaré, seprolongava pela atual Av. Wadislau Bugalski. Continuandopela contemporânea Rua Rachel C. Siqueira até a Rua Pe-dro Teixeira Alves que seguia em direção a Rua AntonioGedeão Tozin até chegar à região do atual Sindicato dosComerciários no Boixininga (trecho de estrada que foi as-faltada na gestão do Prefeito Roberto Luiz Perussi: 1989/1992. Mas que se perdeu, devido à má conservação da viapavimentada), onde se ligava a Estrada da Volta Grandemargeando a atual ferrovia (atualmente só existe um peda-ço dela denominada de Rua Gustavo Joppert). A qual seliga a Rua Antonio Stocchero no Bairro da Tranqueira, (oqual foi assim denominado, devido a um posto de cobrançade tributos, que fechava a estrada com uma cancela). Quese prolongava até a divisa com a contemporânea cidade deItaperuçu (que na época era Votuverava (Rio Branco do Sul)e seguia seu destino até a Colônia Assungui (atual municí-pio de Cerro Azul).

Até 1930 a estrada original do Assungui que passavamargeando a ferrovia em seu Km 25 na região do Boixinin-ga (conhecida como Volta Grande), que passava pela pro-priedade de Pedro Brotto de Andrade (atual Sindicato) pos-

72 REVISTA BRASILEIRA DE GEOGRAFIA. Expedição Cientifica a Serra de Paranapiacaba e ao Alto daRibeira (Cel. João de Mello Moraes). Ed. IBGE, Ano XIX, julho - setembro de 1957, nº 3, p.10.

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suía livre passagem. Porém, com o advento da Revoluçãoeste trecho da estrada foi fechado, e nunca mais foi aberto.O qual gerou protesto do comerciante de madeira e lenhaDomingos Abdalla da localidade do Itaperuçu no municí-pio de Votuverava, que na argumentação de seu requeri-mento junto à Prefeitura de Tamandaré, cita que por 18 anosutilizou aquele trecho para o transporte de madeira. E quecom seu fechamento, necessita fazer uma volta muito gran-de, o que dificulta seu trabalho73.

Por esta estrada, em tempos que o transporte era feitopor carroças, a cavalo e a pé. A rotina só era quebrada,quando passava a boiada, vindas do Assungui, com desti-no ao Frigorífico Blumenau (localizado no contemporâneoBairro São Lourenço), onde hoje é o Supermercado Merca-dorama, ao lado do Parque São Lourenço, que nesta épocaera um curtume.

Em mapas de 1890, ganha destaque a localidade de Bo-tiatuba em Curitiba. Pois, a mesma era um importante lo-cal estratégico para o pouso dos tropeiros e de suas boia-das, que paravam nos campos de pastagem do senhor LeãoZeigelboim onde hoje é o Recanto Marista (Parque SantaMaria), que ficava as margens da Estrada do Assungui.Também, foram beneficiadas por esta estrada, as localida-des de Areias e Tranqueira, que podem já ser identificadasem mapas da década de 190074.

73 Arquivo de Requerimento apresentado a Prefeitura municipal de Tamandaré à contar de 11 de novembro a 30de dezembro de 1931.

74 INSTITUTO DE TERRAS, CARTOGRAFIA e FLORESTAS DO ESTADO DO PARANÁ. Coletânia de mapashistóricos do Paraná. 2.ed. Curitiba: ITCF, 2006, p. 11, 15 e 19.

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Diante desta nos-tálgica lembrança,meu pai continuoucom sua “aula de his-tória”, sobre os cami-nhos que levavam ostamandareenses até acapital. E comentouque as opções paraisto na década de 1950eram poucas. E as es-tradas que existiameram dispostas de umtrajeto muito compli-cado. Pois, eram estrei-tas, tinham que passarpor diversos sítios de moradores pioneiros, sem contar queera mato por todos os lados, subidas íngremes, onde emdias de chuvas atolava até carroça e naturalmente acom-panhavam os traçados da ferrovia.

Uma dessas estradas era a Estrada da Cachoeira ou Es-trada do Humaitá. A qual começava na contemporânea RuaCampos Sales no Bairro do Ahú. E se prolongava margean-do a Ferrovia Curitiba-Rio Branco do Sul, e por alguns tre-chos da atual Avenida Anita Garibalde, onde seguia atra-vés da Rua Belém (década de 1950, atualmente Anita Gari-baldi), que se estendia até a Estação Ferroviária da Cacho-eira. Sempre margeando a já referida ferrovia, nos trechosdas contemporâneas Ruas Francisco Kruger, Antonio John-son e Domingos Scucato, até a Ponte do Rio Barigui, ondese ligava com a Estrada do Assungui, ambas em AlmiranteTamandaré.

(O patrono do trecho da antiga Estrada doAssungui (Taboão-Sede) Vereador Wadis-lau Bugalski ao centro, neto do professorIgnácio Lipski. Na foto do seu lado direito

sua esposa Lucia Sandri Bugalski e osfilhos Maria Helena, João Carlos, MartimAfonso, Rogério Fernando e Maria Luiza

Fonte: Jornal do Bugalski (informativo de divulgaçãode campanha eleitoral), setembro de 1992)

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A origem desta estrada possui vári-os capítulos. Pois, inicialmente ela co-meçou quando em 1733, o Capitão An-tônio Rodrigues Seixas e sua esposaMaria Soares Paes, tomaram posse desua pequena concessão, e fundaram oprimeiro sitio (sua morada). Sendo as-sim, consequentemente, outros sítiostambém foram aparecendo, e uma pe-quena trilha que virou estrada por ondecavaleiros passavam para se deslocaraté a Vila Nossa Senhora da Luz dosPinhais (Curitiba)75. Trechos desta rús-tica estrada, provavelmente deram ori-gem a moderna Av. Anita Garibaldi.

Perguntei para meu pai, por que trechos?Ele respondeu que lá pelo finalzinho da década de 1890,

segundo o que é relatado pela história da Construção daFerrovia Curitiba-Rio Branco do Sul, que era para ir até Cer-ro Azul, (na época Assungui), no processo de sua constru-ção, o trajeto da ferrovia influenciou o traçado modernodesta antiga estrada. Já que, o traçado da ferrovia passavapróximo ao pioneiro caminho, sendo esta um importanteponto de apoio à construção da estrada de ferro.

Até, este fato, o caminho original parava nas proximida-des da Nascente do Rio Belém. Provavelmente na regiãoonde hoje existe a Estação da Cachoeira (atual BibliotecaMunicipal Santos Dumont), que já possuía dois núcleos ofi-ciais de povoamento. Em 1871 a Colônia São Venâncio, fun-dada no governo do Presidente da Província do Paraná

Trecho da antiga Estra-da do Humaitá ou daCachoeira que se iniciana Sede que presta ho-menagem ao senhorDomingos Scucato,comerciante, industrialdo calcário e prefeitoem 1936

Foto: Galeria dos Prefeitos

75 PREFEITURA MUNICIPAL DE CURITIBA. Bair ros de Curitiba/Cachoeira. Disponível em:<www.curitiba.pr.gov.br/curitiba/Bairros/index.asp > Acesso em: 14 Dez. 2010.

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Venâncio José de Oliveira Lisboa. A qual acolheu alemães,suecos e poloneses. Já a outra colônia data de 15 de agosto188676, ocasionado pela fundação da Colônia Antônio Pra-do (composta de imigrantes de 26 famílias poloneses, e 12famílias italianas) já no município tamandareense77. O qualseus moradores viram nas pequenas trilhas de manuten-ção que margeavam a estrada de ferro, um caminho alter-nativo, que ligava tanto a localidade a Sede da Villa de Ta-mandaré, quanto à capital Curitiba, que já dispunha de umcaminho oficial. Ou seja, a trilha que margeou a ferrovia,com o tempo se tornou estrada. Porém, era uma estradaque passava por propriedades particulares, que com o tem-po se tornaram uma passagem de servidão, e que com odesenvolvimento da região se oficializou como estrada jáem meados da década de 192078.

Estrada da Cachoeira. Provavelmente, a estrada herdoua denominação que a localidade recebia, já no século XIX,ou seja, anterior a 1853, quando a região já aparecia comouns dos 27 quarteirões de Curitiba79. Pois, segundo o queos moradores mais antigos contam, a partir de relatos deseus pais, que a região se tornou conhecida por este nome,porque existiam várias cachoeiras, onde as mulheres iamlavar roupa, pessoas iam se banhar, buscar água,... Ou seja,da expressão, vou para a cachoeira, resultou no hidrotopô-nimo80 que atualmente denomina a região, tanto o bairroda Cachoeira em Almirante Tamandaré, quanto o bairro de

76 KOKUSZKA. Pedro Martim. Nos Rastros dos Imigrantes Poloneses. Curitiba: Ed. Graf. Arins, 2000, p. 14.77 PREFEITURA MUNICIPAL DE COLOMBO.Colombo de todas as gentes . Disponível em: <http://

www.colombo.pr.gov.br/pagina.asp?id=163> Acesso em: 13 Dez. 2010.78 INSTITUTO DE TERRAS, CARTOGRAFIA e FLORESTAS DO ESTADO DO PARANÁ. Coletânia de mapas

históricos do Paraná. 2.ed. Curitiba: ITCF, 2006, p.15- 27.79 MARTINS, Romário. Curityba de Outr’ora e de Hoje. Curitiba: Prefeitura Municipal de Curityba, Commemo-

rativa do Centenário da Independência do Brasil, 1922.80 Hidrotopônimo de taxionomias de natureza física resultantes de acidentes hidrográficos, (água, córrego, rio,

ribeirão, foz, cachoeira). ZAMARIANO, Marcia. Toponímia paranaense do período histórico de 1648 a 1853.Dissertação de Mestrado, Universidade Estadual de Londrina: Londrina, 2006, p. 90.

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mesmo nome no município curitibano, os quais estão gru-dados, a ponto de ser na observação da população local,tudo um lugar só.

É denunciada as margens desta estrada no ano de 1931,pelo requerimento do Sr. Moizés Collodel, que nela existiaum terreno de invernada de gado. O qual já era utilizado amais de vinte anos. Pois, segundo o documento, ele recla-ma que o terreno teria sido cercado indevidamente, o queprejudicou a passagem de tropas pela estrada e que istoatrapalhou o comércio local81.

Existiam outras estradas, não tão convencional a popu-lação da Sede do município, mas que foram muito úteis,aos colonos imigrantes. As quais se iniciavam na impor-tante Estrada do Assungui. Entre elas, a Estrada da Lame-nha Pequena que cruzava a Colônia Lamenha (fundada em1876, composta por poloneses da Silésia e alemães). Quecomeçava na contemporânea Rua das Laranjeiras, em di-reção a Colônia Gabriela (fundada 1886 composta de polo-neses e italianos), seguindo pela atual Rua Professor Alber-to Krauser, onde terminava em território de Curitiba, na Fre-dolin Wolf. E seguindo até a contemporânea Cruz do Pilar-zinho, no Núcleo de Imigrante do Pilarzinho (fundado em1871, composto por poloneses)82.

A Estrada da Lamenha Pequena foi também conhecidacomo Estrada do Tanguá. Possui o nome de Lamenha Pe-quena, porque ela foi uma região que se originou do Núcleode Imigrantes Lamenha, assim denominada em homena-gem ao então presidente da Província Adolpho LamenhaLins. A Colônia Lamenha, situada às margens da estrada

81 Arquivo de Requerimento apresentado a Prefeitura municipal de Tamandaré à contar de 11 de novembro a 30de dezembro de 1931.

82 FERREIRA, João Carlos Vicente. O Paraná e seus municípios. Maringá: Editora Memória Brasileira, 1996,p.72. (apenas dados gerais das colônias fundadas)

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do “Açunguy”, foi parcelada em 139 lotes ocupados por 643colonos poloneses. A colônia posteriormente foi dividida emduas seções: a Lamenha Grande (hoje Almirante Taman-daré) a Lamenha Pequena (atualmente Curitiba).

Uma parte da Lamenha Pequena (Almirante Tamanda-ré), na década de quarenta, passou a ser denominada deVila Tanguá, cujo, o topônimo que batiza a localidade, temorigem na língua Tupi, onde a expressão “tan” significa for-miga e a expressão “guá” corresponde ao verbo comer. Di-ante disso, na junção destas expressões, se chega à litera-lidade: “comer formiga” ou “papa-formiga”. Porém, no dia-leto tingui, provavelmente esta literalidade não expressas-se o que realmente se pretendia. Porém, como a região pos-suía uma notória manifestação de formigueiros, possivel-mente tanguá, venha expressar terra de formigas. Outrofato relevante, é que a denominação de forma indireta, apon-ta a existência histórica do povo tingui em território taman-dareense.

Mas os caminhos que levavam até a capital não eram aúnica ligação da cidade com outros municípios. Pois, exis-tia a Estrada do Juruqui, a qual também começava na Es-trada do Assungui onde contemporaneamente se dispõema Rua Pedro Jorge Kotovski, no Botiatuba (A Sesmaria doButiatuba, a qual provavelmente recebeu esta denomina-ção, herdada dos antigos habitantes tinguis, a qual em por-tuguês se traduz como: abundancia de butiá83). Sendo queatualmente termina no Juruqui e segue como Maria Ma-nosso (nome atual) já em território de Campo Magro, mu-dando de nome conforme vai transpondo as localidades.Esta estrada margeava em seu começo a nascente do Rio

83 CLEROT, Leon Francisco Rodrigues. Glossário Etimológico Tupi/Guarani. Brasília DF: Edições do SenadoFederal, Volume 143, 2010, p 103.

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Passaúna, onde posteriormente se desvinculava desta rotae cruzava o atual município de Campo Magro passandopela misteriosa Lagoa Feia, região do Campo Novo. Sendoque seu destino final era a localidade onde hoje se encon-tra a cidade de Campo Largo.

Já a ligação que Tamandaré tinha com o Município deColombo, começava também na Estrada do Assungui. Po-rém, partindo da Sede da Freguesia que ficava no Pacotuba(isto no século XIX e antes dele). O qual podia ser feito co-meçando do cartório, onde hoje é o Pesque-Pague do Luci-aninho Buzzato, entrando a direita ao lado da antiga pro-priedade do Sr. Serzedello de Siqueira (atualmente esta ruanão existe mais). Atravessava-se a localidade do Mato Den-tro, hoje Rua Ari de Lara Vaz, ligando-se a Rua Isidoro Pe-dro Buzzato, seguindo pela atual Rua Antonio Ferro, cru-zando a linha férrea (que antes de 1906 não existia). E cru-zava a Estrada do Assungui, já no Boichininga (em tinguisignifica “cobra grande”), onde seguia em direção da Sedede Colombo, a partir do Km 4 da contemporânea PR-509(que a propósito, aproveitou um pedaço da antiga estrada),que com o advento da Lei n° 11.464 de 12.07.1996. (D. O. En° 4.748), que a denominou de Rodovia do Calcário. A qualcorresponde ao trecho que liga a Sede do município de Al-mirante Tamandaré a Sede do Município de Colombo. Sen-do que esta perfaz apenas 8 km. Iniciando no viaduto sob aRodovia dos Minérios com o nome de Rua Rachel Candidode Siqueira, passando o viaduto sobre a Rua Pedro TeixeiraAlves, construída no Governo do Governado Álvaro Fernan-des Dias no final da década de 1980. E concluída sua liga-ção com a Rodovia dos Minérios no ano de 1996 no governode Jayme Lerner.

Porém, foi pelo território tamandareense que passou a

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principal estrada que ligava a Capital do Estado ao Norteao Norte do Paraná. Ou seja, a Estrada do Cerne, construí-da na gestão de Manoel Ribas em 1929 a qual oficialmentese chama Rodovia Engenheiro Angelo Ferrario Lopes de-nominada apenas 53 anos depois de sua construção peloDecreto Estadual nº 5.546 em 18 de outubro de 1982. Noentanto, a denominação popular é Estrada do Cerne, o qualé um hidrotopônimo de taxionomia de natureza física re-sultante de acidente hidrográfico. Pois, a denominação pro-vém do Rio Cerne. Sendo que o Cerne (localidade de Cam-po Largo) é o lugar onde existe um rio localizado no Km3584. A partir da conclusão do trecho Santa Felicidade-Cer-ne, foi determinada a liberação da rodovia ao tráfego, o qualpopularmente se originou daexpressão “vou pela Estrada doCerne”, já que o trecho termi-nava no Cerne85. Sua constru-ção aproveitou alguns trechosjá existentes, traçados sobre ospioneiros caminhos que leva-vam até antigos povoados, quesurgiram no contexto da bus-ca pelo ouro, desde antes de1680.

Sua inauguração ocorreuem setembro de 1940, a qualse tornou um importante pon-to de escoamento da safra agrí-cola do Norte do Paraná por

84 TV SINAL. Documentário Estrada do Cerne. Disponível em:< http://tvsinal.wordpress.com/2010/08/13/do-cumentario-estrada-do-cerne/>Acesso em: 20 Fev. 2011.

85 DEPARTAMENTO DE ESTRADA E RODAGEM – PARANÁ. PR-090 - Rodovia do Cerne. Disponível em: <http://www.der.pr.gov.br/modules/conteudo/conteudo.php?conteudo=21> Acesso em: 20 Fev. 2011.

(Construção da Estrada doCerne/Fonte: DER-Paraná)

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mais de 20 anos. A qual agora seguia para o Porto de Para-naguá e não mais para o de Santos como era em outrostempos por falta de estradas no Paraná86.

Esta estrada cortava um importante Distrito de Taman-daré denominado de Campo Magro. Porém, que era habita-do oficialmente desde o final do século XVII (1680). Sendoque o escrivão da Vila de Curityba o Capitão Antonio Ro-drigues Seixas em 1693, já possuía um sitio na região87. Noentanto a estratégica estrada que corta a atual sede destemunicípio, o qual era apontada sua existência na lista deOrdenanças da Villa de Curityba, desde o ano de 1791, comobairro de Campo Magro88. Em 9 de abril de 1910, pela lei nº970, foi criado o distrito de Campo Magro, no município deTamandaré, com a denominação de Nossa Senhora da Con-ceição. Esta denominação não prosperou e foi alterada parao nome anterior por força da lei de 4 de abril de 1924.

A denominação Campo Magro é um geomorfotopônimode taxionomia de natureza física (Campo) complementadopor um somatotopônimo de taxionomia de natureza antro-po-cultural (Magro) 89. Cuja, inspiração teve origem no fatohistórico em que os tropeiros que passavam e invernavampela região, percebiam que durante o período de inverno ogado emagrecia. Pois, eles observavam que este fato se davaao pouco pasto verde que se dispunha para a boiada. Dian-te disso, a região no inverno mais parecia um campo min-guado que em um contexto de singularidade significa umcampo magro90. Da expressão, vou passar pelos “campos

86 Idem.87 IBGE/DEPARTAMENTO ESTADUAL DE ESTATÍSTICAS DO ESTADO DO PARANÁ. Sinopse de estatísticas

do Município de Curitiba 1950. p. 0988 Arquivo Público. Ordenanças da Villa de Curityba, 1791.89 Geomorfotopônimo é um topônimo inspirado em formas topográficas (campo, morro, serra,...). Já somatotopôni-

mo é um topônimo inspirado relativos metaforicamente as partes do corpo humano ou do animal. ZAMARIA-NO, Marcia. Toponímia paranaense do período histórico de 1648 a 1853. Dissertação de Mestrado, Univer-sidade Estadual de Londrina: Londrina, 2006, p. 90-91.

90 FERREIRA, João Carlos Vicente Municípios paranaenses: origens e significados de seus nomes. Curitiba:Secretaria de Estado da Cultura, 2006, p. 72.

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magros” ou por “campo magro”, resultou o nome. No sécu-lo XVII provavelmente estas terras eram conhecidas comoterra (conceição ou sesmarias) do Capitão Antonio Rodri-gues Seixas.

Este território, não pertence mais ao Município de Almi-rante Tamandaré desde 11 de dezembro 1995.

Tantas estradas históricas, e de repente me raiou umfleche de memória, o qual eu querendo ou não, tambémpresenciei a construção de uma rodovia contemporânea,que foi idealizada para desviar o trafego de caminhões quepassavam por Curitiba. Esta estrada é conhecida comoContorno Norte. A qual teve seu primeiro trecho inaugura-do (Colombo rodovia da Uva ou PR-417 até a Rodovia dosMinérios ou PR-092) em 07 de novembro de 1989, pelo en-tão governador Álvaro Dias. No entanto, só em 21 de de-zembro de 2005, que a ligação definitiva da rodovia com aPR-277, sentido Ponta Grossa foi entregue oficialmente apopulação do Estado, pelo Governador Roberto Requião.Esta rodovia PR-418, foi batizada de Admar Bertoli (verea-dor de Curitiba falecido em 2003), e oficializada assim pelaLei Estadual 14.971 de 22 de dezembro de 200591.

Devido ao desenvolvimento expressivo da exploraçãocalcareira na Região do Morro Azul, às quatorze horas etrinta de uma segunda-feira datada de 27 de junho de 1988.É inaugurado à pavimentação asfáltica do trecho que ligao Morro Azul a Rodovia dos Minérios, pelo senhor ArielAdalberto Buzato junto com o Governador Álvaro Dias. Aqual não foi entregue oficialmente devido às fortes chuvas.

Tantas facilidades para chegar à capital e a outras regiões.Bem diferente das primeiras estradas. Que foram as princi-

91 DEPARTAMENTO DE ESTRADA E RODAGEM – PARANÁ. Rodovias Estaduais. Disponível em: < http://www.der.pr.gov.br/modules/conteudo/conteudo.php?conteudo=21> Acesso em: 20 Dez. 2010.

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pais ligações que os pioneiros habitantes da terra taman-dareense tinham com a capital e seus vizinhos municípios,no entanto existiam, outras, que serviram como desloca-mento dentro da própria localidade aos habitantes até oadvento de estradas mais modernas e que encurtavam dis-tancias. Muitas destas estradas ou trechos originais delas,não existem mais. Porém, é possível perceber nas que so-braram e pouco foram alteradas, devido a distancia com oscentros populacionais mais desenvolvidos, que foram aber-tas a partir de trilhas, devido a sua sinuosidade e inclina-ção das subidas. Um exemplo de estrada assim é a Estradado Marmeleiro.

No entanto, no inicio do século XX isto iria mudar. Prin-cipalmente porque se expressou através do Decreto Esta-dual n° 35, publicado em 03 de fevereiro de 1890, assinadopelo Presidente do Estado José Marques Guimarães, queespecificava as condições e deliberavam outras providen-cias referente primeira concessão sobre a construção de umaestrada de ferro. Que deveria ligar Curitiba ao Assungui,(que consequentemente passava pela Villa Tamandaré). Aqual previa o início das obras em dois anos.

Porém, o desejo expressado pelo recém-governo republi-cano do Estado do Paraná, de desenvolver uma ligaçãomoderna e eficiente. Utilizando um meio de transporte rá-pido entre Curitiba aos vales dos Rios Assungui e Ribeira,com a intenção de facilitar o escoamento das riquezas na-turais, principalmente às de origem mineral e também otransporte de pessoas. Esbarram nas exigências constan-tes da cláusula segunda do contrato de concessão que es-pecificava o prazo para início das obras, o qual fez prescre-ver as previsões legais do Decreto Estadual n° 35.

Dois anos depois do fracasso da tentativa de constru-

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ção da Estrada de Ferro Norte do Paraná. Ocorre que é as-sinado pelo primeiro Presidente do Estado do Paraná daEra da nova Constituição Republicana, o Sr. Francisco Xa-vier da Silva, em 21 de dezembro de 1892, a Lei nº 75. Aqual autorizava o Poder Executivo a contratar, por meio deconcorrência pública a construção, uso e gozo de uma es-trada de ferro que se iniciava em Curitiba e seguia emdireção a Vila de Assungui de Cima, com um ramal paraCerro Azul. A qual poderia se prolongar até Jaguariahivaou outro ponto mais conveniente da Estrada de Ferro SãoPaulo-Rio Grande.

No entanto, apesar dos privilégios concedidos no textolegal n°75, não se apresentaram interessados. Entre estesprivilégios se destacavam: uso e gozo da referida linha por50 anos; vinte metros de terras de cada lado da linha; ga-rantia de 6% sobre o capital de 2.000$000$000 (dois mil con-tos de réis), e o direito à desapropriação, na forma da lei,dos terrenos indispensáveis à construção da linha.

Não logrando êxito, principalmente pela falta de inte-resse relacionada à insignificância do capital de dois milcontos de réis. O governo paranaense elaborou uma novaestratégia onde o Congresso Legislativo Estadual do Para-ná, autorizou o Poder Executivo a garantir juros de 7% so-bre o capital efetivamente empregado, desde que não ex-cedesse a 25:000$000 por quilômetro, além das outras van-tagens já ofertadas.

Para surpresa, não apareceram interessados na emprei-tada.

Porém, mesmo nos anos agitados que se seguiram a partirde 1894 até a restauração do governo legal em 1896, o so-nho da estrada de ferro, não havia acabado. Tanto que nogoverno de José Pereira dos Santos Andrade, o Poder Exe-

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cutivo autorizou novos estudos, que deveriam ser comple-tos e definitivos e com o objetivo de contratar a construçãoda referida ferrovia, mediante determinadas condições, queeram: a garantia de 7% sobre o capital empregado, contra-riando os editais anteriores.

Publicados os editais de concorrência, a proposta daempresa Societè Anonyme de Travaux Dyle e Bacalan, éaceita e em 18 de julho de 1896. Sendo assim foi formal-mente lavrado e assinado o tão sonhado e debatido contra-to.

Concluídos os estudos pela empresa em 1897, sendo ele-vado o valor da construção, segundo o orçamento apresen-tado, o Governo Estadual resolveu adiar sua construção.

Em mais uma tentativa de realizar o projeto dessa ferro-via o Congresso Legislativo do Paraná, sob a luz da Lei 246,de 20 de novembro de 1897, autorizou novamente o PoderExecutivo a contratar a construção da estratégica estradade ferro. Para decepção total, foi contratada apenas a cons-trução da primeira secção, de acordo com os estudos reali-zados, ou seja, de Curitiba até o povoado de Rocinha.

Mais uma vez a autorização do Poder Executivo de con-tratar uma empresa que construísse a ferrovia, não foi uti-lizada. Diante disto, através da Lei 631, de 14 de março de1906, finalzinho do governo de Vicente Machado da SilvaLima, foi consignada a verba Fretes e Passagens, no orça-mento da Receita do Estado do Paraná, para a necessáriagarantia de juros do capital a ser empregado.

Com esse dispositivo legal, foi baixado o Decreto nº 298,de 27 de julho de 1906, assinado pelo então presidente doEstado, o Sr. João Candido Ferreira, que concedia a Gas-ton de Cerjat, ou a empresa que o mesmo organizasse. Osprivilégios para a construção, uso e gozo da ferrovia.

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O traçado, segundo os estudos realizados, deveria atin-gir uma zona geoeconômica bastante povoada por imigran-tes poloneses dedicados a cultura de cereais em geral. Igual-mente, acusava, no percurso, a existência de campos paraa criação de gado e de rica vegetação propícia para a extra-ção da erva-mate e madeiras de lei. Ainda nessa região, osubsolo é formado de rochas calcárias, capaz de fornecermármore branco, cal e cimento.

O início da construção foi em 19 de dezembro de 1906junto às comemorações do 53º aniversario da emancipaçãopolítica da Província do Paraná e seu termino se deu emfevereiro de 1909 no segundo governo do presidente esta-dual Francisco Xavier da Silva, quando a obra alcançou aVila Rio Branco. Sendo que o primeiro trecho totalizou 43.397metros. O que permitiu ser inaugurada em 01 de março de190992.

Em meados de 1907, chegava a Vila de Tamandaré alinha férrea. Porém, o local onde ela estava sendo constru-ída, era muito próximo, da pioneira Igreja (capelinha) aliexistente desde 1863. Diante deste problema, já que com oadvento da passagem do trem, poderia ocorrer o compro-metimento da estrutura do edifício. O qual vem ocorrer jácom a passagem do trem de serviço (trem que transportavao material para a construção da ferrovia), a igreja foi des-truída e outra foi construída mais a frente, em local seguro,já em 1910. Tudo indica que umas das fontes de recursopara o advento da construção desta nova igreja, tenha tidoorigem na indenização que a construtora da ferrovia pagoupela utilização do terreno por onde ela passa.

92 CÂMARA MUNICIPAL DE RIO BRANCO DO SUL. História - Estrada de Ferro Curitiba-Rio Branco. Disponí-vel em:< http://www.camarariobrancodosul.pr.gov.br/his_estradaferro.html> Acesso em 16 de Dez. 2010.

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Já com o advento da construção da ferrovia, adentrandoem território tamandareense, o Sr. João Candido de Olivei-ra teve a oportunidade de fornecer os dormentes para aempresa que construía este trecho (divisa Curitiba até oslimites com Rio Branco do Sul)93.

O custo total da obra atingiu a importância de3.573:573$492 contos de réis e pelo Decreto n º 183, de 21de maio de 1907, assinado pelo presidente estadual JoãoCândido Ferreira, ocorreu por força legal, a transferênciade sua concessão à Companhia Estrada de Ferro Norte doParaná.

O ponto inicial da linha era no quilômetro 18 daquelaEstrada de Ferro do Paraná, seguindo em direção ao valedo Rio Juvevê, em demanda ao vale do Barigui, atingindo1.035 metros acima do nível do mar. Onde encontra a divisadas águas das bacias hidrográficas dos rios Iguaçu e do RioTacaniça, acompanha o vale deste rio até a zona compre-endida entre os afluentes dos rios Cajuru e Rocinha, termi-nando na Vila Rio Branco, cuja estação está na altitude de892.780 me-tros, acimado nível domar94.

A estradao r i g i n a l -mente pos-suía duaspontes comvãos de 40 e20 metros

93 Relatos do sr. Generoso Candido de Oliveira, 2000.94 Idem.

Ponte da Ferrovia, que passa sobre o Rio Barigui, na Sede do Município

Foto: Antonio Kotoviski Filho, fevereiro 2011

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respectivamente; 33 pontilhões e 150 bueiros. Já os funcio-nários que faziam a manutenção da estrada de ferro eramchamados (apelidados) de turmeiros.

A Sede de Almirante Tamandaré, era muito importantepara o funcionamento da ferrovia. Pois, devido sua posiçãogeográfica de estar praticamente na metade do caminhoentre Rio Branco e Curitiba, era nesta localidade que o trem(Maria Fumaça), parava para abastecer com água sua cal-deira, como também, para repor seu combustivo que ali-mentava o fogo: lenha, principalmente bracatinga. Atual-mente, é possível identificar, próximo a ponte de ferro quepassa sobre o rio Barigui, a qual margeia a Rua CoronelJoão Candido, as estruturas que sustentavam as caixas deágua, que abasteciam o trem.

Para o tráfego da Estrada de Ferro Norte do Paraná, fo-ram construídas cinco estações: Cachoeira (Avenida Fran-cisco Kruger, antiga Estrada da Cachoeira), Tamandaré (naatual Rua Pedro Teixeira Alves, antiga Estrada do Assun-gui), Tranqueira (que ficava na Rua José Chevônica), (estastrês estações se localizavam na região de Almirante Taman-daré), Itaperuçú (na época território de Rio Branco do Sul)e Rio Branco (ponto final). Atualmente no município só aEstação daCachoeiraainda existepara marcaro ápice dotransportefer roviáriono municí-pio e ondese encontra Antiga plataforma de embarque na Sede. Não existe mais

Foto da década de 1990, do acervo da ABPF-Paraná

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a Biblioteca Santos Dumont. Pois, na data de 12 de janeirode 1991, o trem deixou de transportar passageiros.

No primeiro ano de funcionamento, as principais merca-dorias transportadas foram lenha, madeira, cal, pedras,areia, milho e porcos. A erva-mate aparece em pequenaescala evidenciando-se nesta estrada tendência maior parao transporte de madeira. Esta madeira a principio era car-regada tanto em Rio Branco, quanto na Vila de Tamandaré,e era basicamente lenha (bracatinga), que servia para abas-tecer, a Termoelétrica95 existente na Vila Capanema, queabastecia com eletricidade a Capital. Após o incrementoda comercialização da cal para outras cidades do Paraná eSanta Catarina, com a isenção de impostos pelo Governodo Paraná, houve predomínio deste produto no transportedesta ferrovia.

Com a incorporação da Estrada de Ferro do Paraná pelaCompanhia Estrada de Ferro São Paulo-Rio Grande, junta-mente com a Estrada de Ferro do Paraná, formando umarede ferroviária no Paraná, Santa Catarina, da Brazil RilwayCo.

No governo do presidente estadual Carlos Cavalcanti deAlburquerque, foi baixado termo aditivo, de 06 de maio de1913, para ampliação da linha, que, a princípio deveria par-tir da Vila Rio Branco, passar por Cerro Azul, com destino aSanto Antonio do Juquiá, no Estado de São Paulo (porém,isto nunca ocorreu).

A não realização deste segundo trecho da ferrovia se ligaem um primeiro momento ao advento da Primeira GuerraMundial, o qual se desencadeou em uma crise econômico-financeira no Brasil, e consequentemente diminuiu a en-

95 COPEL. História da energia no Paraná . Disponível em: < http://www.copel.com/hpcopel/root/nivel2.jsp?endereco=%2Fhpcopel%2Froot%2Fpagcopel2.nsf%2F0%2F938F473DCEED50010325740C004A947F>Acesso em: 12 jan. 2011.

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trada de capitais estrangeiros (principalmente o inglês, jáque era um dos “carros chefes” da guerra). Por este motivo,não foi permitido o emprego de investimentos na ordem de27 mil contos de réis, o que adiou as obras de execução deseu prolongamento. Porém, outros adventos históricos, po-líticos e econômicos ocorridos mais tarde, acabaram invia-bilizando a construção do prolongamento até o Estado deSão Paulo.

Do ano de 1909 a 1942 a ferrovia estava sob responsabi-lidade da Estrada de Ferro Norte do Paraná. Do ano de 1942a 1975 fez parte da Rede de Viação Paraná Santa Catarina.Do ano de 1975 até 1996, fez parte da Rede Ferroviária Fe-deral Sociedade Anônima e por fim de 1996 até o presenteinstante, a concessão pertence à ALL América Latina Lo-gística.

Na década de 1930 ocorre um trágico acidente na ferro-via envolvendo o transporte de passageiros na região doHumaitá. Eis, que o trem desencarrilhou e tombou. Segun-do relato de Dona Noêmia Kotoviski, que viveu na pele oacidente, foi nesse dia que a senhora Bertolina K. de Olivei-ra, esposa do Senhor João Candido de Oliveira, teve o tristedestino de perder o seu braço.

Depois de escutar tudo aquilo que meu pai contava. Co-mecei a lembrar das histórias que meus avôs contavam eainda contam, sobre a aventura e alegria que era ir paraCuritiba. Pois, se engana quem pensa que era de carro, eque o trajeto que se fazia não demorava mais de 20 minu-tos entre a Sede de Tamandaré a Curitiba.

Era tudo de carroça, pois na década de 1930 e 1940 erararo ver um carro. Então já se deduz que a viagem era lon-ga, onde meus bisavôs, já saiam de casa de madrugada,para chegar cedo à capital. Pois, a viagem durava em torno

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de três horas emeia ou mais(hoje se estressapor causa de 5minutos a maisem um trajeto de20 minutos!), de-pendendo da lo-calidade de ondesaiam.

Para quemmorava nas proxi-midades da esta-ção de trem, perdia menos tempo, pois se demorava umahora mais ou menos entre Tamandaré até a capital. No en-tanto, só na década de 1940 que o trem começou a trans-portar passageiros. Como também não era todos os dias.

Porém, a ligação com a capital era necessárias, da mes-ma forma que estas longas viagens. Pois, não se deslocavaaté ela simplesmente para passear como se faz contempo-raneamente. Iam-se comprar remédios, tecidos, ferramen-tas e outros produtos que não eram vendidos nas merceari-as locais. Além de aproveitar para ir ao médico, banco oufazer algo que não era possível fazer em terras tamandare-enses.

Já os comerciantes, se deslocavam exclusivamente parabuscar produtos encomendados por aquelas pessoas quenão dispunham de tempo para se deslocar até a capital.Mas estas encomendas não eram exclusivamente a comer-ciantes. Mas geralmente por pessoa, que aproveitavam aida de alguém conhecido para Curitiba, e pedia que lhetrouxesse algo.

Descarregamento de Cal Extra Especial no Portode Paranaguá. Observem que era transportado

por carroças dentro de barris

Foto: Teodolindo A. Chimelli (Leleto), década de 1940

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Na década de 1950, com a construção da Rodovia Estra-tégica, o transporte rodoviário, melhorou a ponto de surgiruma empresa de ônibus (Expresso Rio Branco)96, que trans-portava pessoas de Tamandaré até Curitiba. Porém, comoo ônibus só passava pelo trajeto da rodovia, os moradoresdo centro de Tamandaré tinham que ir até onde hoje fica oPortal Maçônico no trevo, para pegar o ônibus, que passa-va apenas duas vezes por dia. Ou seja, vinha de Rio Brancodo Sul catando o pessoal, e posteriormente, a tarde voltavaem direção a Rio Branco do Sul.

Nesta década de 1950, se destacou o prefeito João Wolf,pela grande quantidade de ruas e estradas que foram aber-tas, além da construção de pontes. Já na década seguinte,no mandato prefeito Domingos Stoccheiro, ocorreu o ad-vento de uma lei municipal que retirava as porteiras que sefaziam presentes em grande parte das estradas.

Estas porteiras anteriormente citadas tinham como ob-jetivo, conter a dispersão do gado transportado por tropei-ros. Como também, servia para delimitar território, avisan-do o viajante que aquelas terras tinham dono. Porém, a partirde meados década de 1950, a condução de bovinos dimi-nuiu. E a necessidade de porteiras, perdeu seu principalobjetivo.

Na década de 1920 até a década de 1960, ocorria umfato curioso para nós da contemporaneidade. Pois, as car-roças eram obrigadas por lei a serem emplacadas e paga-rem tributo anual (ou seja, uma espécie IPVA). Um exem-plo interessante é o requerimento junto a Prefeitura de Ta-mandaré em 14 de Setembro de 1931 elaborado pelo lavra-dor Sr. Augusto Hecke, morador na localidade de São Ve-

96 ENCICLOPÉDIA DOS MUNICÍPIOS BRASILEIROS. Curitiba –PR. IBGE, Vol. XXXI Paraná, Rio de Janeiro,1959, p. 26.

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nâncio. Que solicitou uma nova placa (a mesma que usavaem sua antiga carroça nº 282), pelo fato desta ter sido des-truída pelo fogo que atingiu seu paiol. Pois, esta placa ser-viu para colocar na nova carroça adquirida de seu genroque mora em Curitiba. Ele pagou 1000 réis pelo requeri-mento. Já o Sr. Paulo Ribeiro de Castro, que possuía a car-roça com a placa nº 02, solicita o fim da cobrança do tribu-to, em virtude da carroça não existir mais, pois foi destruí-da pelo fogo97.

Segundo levantamento da Prefeitura de Timoneira, em1948 existia: três automóveis, 18 caminhões e duas cami-nhonetes. Já no ano de 1949 a frota pouco aumentou: poisexistiam 4 automóveis, 17 caminhões e 5 camionetes. Noano de 1950 a frota quase dobrou, pois eram 4 automóveis,

Mapa Rodoviário de Timoneira de 1951

Fonte: SANTOS, Didio. STOCCHERO. Harley Clóvis. Estudo histórico, estatístico, econômico, descritivo domunicípio de Timoneira, Timoneira: Prefeitura Municipal de Timoneira, dezembro de 1951

97 Arquivo de Requerimento apresentado a Prefeitura municipal de Tamandaré à contar de 11 de novembro a 30de dezembro de 1931.

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27 caminhões, 7 camionetes e uma motocicleta98. No anode 1956, segundo o senso, existiam 163 automóveis regis-trados na cidade, onde 141 eram caminhões e 22 eram car-ros de passeio99.

Destes 141 caminhões, um pertencia ao meu Avô pater-no Pedro Jorge Kotovski, (Ford 46) e o Tio José FranciscoKotovski tinha um BedFord 44. Que utilizavam este meiode transporte para buscar mercadorias na capital para abas-tecer a mercearia do avô Pedro e também para levar merca-doria a outras localidades (Assungui) como fazia o tio José,além de transportar cereal e cal100. Já meu avô maternoJosé Ido da Cruz, também era proprietário de um caminhãoFord 29 (a manivela), que também servia para trazer e levarmercadoria para a capital. Pois, segundo o que minha mãeconta, meu avô Zé Ido, fornecia ovo para a Fábrica Todes-chini e para a Fábrica Lucinda. Já o avô Pedro levava erva-mate para o Assungui; levava laranja colhida no CórregoFundo, para a fábrica de vinho de laranja em frente a Cruzdo Pilarzinho.

Porém, esta atividade realizada por meus avôs não eraexclusiva. Eis que outras pessoas possuíam caminhões:(Antonio Dunaiski (madeira), Francisco de Lara Vaz (ma-deira e calcário), Leandro Estefano Tosin (calcário), Esta-nislau Krizizanoski (verdura), Isidoro Goinski (verdura), CalMacedo (calcário), fora outros não identificados, devido àinelegibilidade da fonte,..., os quais levavam sua produçãode verdura, calcário, pedra brita, madeira, vinho,..., para acapital. E dela também traziam mercadorias para abaste-cer mercearias mais retiradas na região tamandareense.

98 SANTOS, Didio. STOCCHERO. Harley Clóvis. Estudo histórico, estatístico, econômico, descritivo do municípiode Timoneira, Timoneira: Prefeitura Municipal de Timoneira, dezembro de 1951.

99 Arquivo de Requerimento apresentado a Prefeitura municipal de Tamandaré à contar de 11 de novembro a 30de dezembro de 1931.

100 KOKUSZKA. Pedro Martim. Nos Rastros dos Imigrantes Poloneses. Curitiba: Ed. Graf. Arins, 2000, p.108.

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Já os automóveis identificados pertenciam a Pedro Go-inski, José Bregenski, Francisco Lara Vaz, Pedro Jorge Ko-toviski, João Roque Tosin, família Wolf... No entanto, a deressaltar que não faz parte desta lista, o dono do primeiroautomóvel em Tamandaré.

No entanto, um fato narrado pelo meu avô José Ido daCruz, traz a tona, que a existência de automóveis em Almi-rante Tamandaré já se fazia desde 1929. Pois, segundo oque ele escutava de seus pais, que o seu Fredolin Wolf (duasvezes prefeito na década de 1930), saiu a pé da Conceição(na época localidade pertencente ao município), até a Bar-ra de Santa Rita, onde os pais de meu avô moravam. E ali,pegou uma carona (carroça) até a capital, onde foi comprarum Ford 1929 (zero). E na capital mesmo aprendeu a dirigirvoltando guiando até a Conceição.

Outro fato interessante a se destacar, é que além de exis-tirem poucos carros, na década de 1920 até meados de 1960,havia também muita dificuldade em abastecer os carros.Pois, o posto mais próximo da sede de Almirante Tamanda-ré, ficava na Estrada do Assungui, em Curitiba, ou seja,onde hoje é a Churrascaria do Ervin, na Avenida MateusLeme, 2746. Isto sem contar, que não se abastecia só o car-ro. Eis, que os proprietários de automóveis, já levavam tam-bores para enchê-los ou pediam para quem fosse de cami-nhão para a capital buscar mercadoria, que trouxesse com-bustível. Não só para os carros, mais para os geradores deeletricidade. Porém, isto só iria mudar a partir do começoda década de 1970. Quando o seu Ernesto Wolf inaugura oprimeiro posto de gasolina na Sede do município sob a ban-deira da distribuidora de derivados de petróleo Shell, locali-zado onde hoje é o atual posto L.M. de bandeira da distri-buidora Pelikano, as margens da atual Rodovia dos Minéri-

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os, Km 14,5. No entanto, também na década de 1970, seuReinaldo Buzzato (ex-vereador do município no período de1968 até 1972), abre concorrência ao posto do Sr. Ernesto,com um novo posto sob a bandeira da distribuidora Esso(Posto Incasal), localizado também as margens da Rodoviados Minérios no Km 16, enfrente aos fornos de cal. Esteposto não existe mais. A de ressaltar que o primeiro postono município foi aberto na região do Passaúna nas mar-gens da Rodovia do Cerne, o Senhor Himério Lugarini pos-suía uma bomba de gasolina sob a marca da Texaco, istona década de 1940.

Em 1976, o Jornal Tribuna dos Minérios tecia o seguintecomentário: “Felizmente aquele barreiro que tínhamos nocentro da cidade nos dias de chuva, não se vê graça aoasfalto”. Isto se deve que no final da gestão do seu Eurípi-des Siqueira, ocorreu o asfaltamento da atual Rua Co-ronel João Cândido e da (Rua 1) atual Avenida EmilioJohnson. Consideradas as mais importantes da sededo município naquele momento histórico. Porém, só 11anos depois, em 1987, na gestão do Prefeito Ariel Bu-zatto, que foram asfaltadas as ruas que cruzam a Ave-nida Emilio Johnson101: Rua Antonio de Siqueira, RuaLourenço Angelo Buzato, Rua Didio Santos, Rua FreiMauro, Rua Fredolin Wolf, Rua Antonio Zem, Rua Atha-íde de Siqueira e a paralela Rua José Carlos Colodel(obs. apenas a parte central). Pois, a Rachel Candidode Siqueira foi asfaltada pelo Estado em 1996 na ges-tão do Prefeito Cide Gulin. Já a Rua Bertolina K. de Oli-veira, recebeu asfalto na 1ª gestão do prefeito Cezar Man-fron, assim como a Rua Paulo Bini, rua João Baptista deSiqueira.

101 FOLHA DE TAMANDARÉ. Sede de Tamandaré com Benefícios. Ano II, nº 48, maio de 1987, p. 03.

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Com esta nova realidade, a Viação do Sul, que desde oinicio da década de 1970, adquiriu a concessão do trans-porte viário na Rodovia dos Minérios, criou em 1978 o itine-rário Almirante Tamandaré/Curitiba. Cujo, o qual se dispu-nha partindo do ponto final localizado na Avenida EmilioJohnson, em frente à Cancha de Esporte (atual Praça Vice-Prefeito Frederico Manfron - praça do skate) com saídas desegunda a sábado (menos 8:30) às 6:20; 7:25; 8:30; 10:30;12:25; 15:30; 17:30 e 18:45; no Domingo às 7:30; 9:00; 10:30;13:45; 15:45; 17:30 e 18:45 onde seu destino em Curitibaera o atual Terminal Metropolitano do Guadalupe, antesRodoviária Intermunicipal, onde o primeiro ônibus de Curi-tiba com destino a Tamandaré saia de segunda a sábadoàs 6:55 e o ultimo às 19:45. E no domingo o primeiro era8:25 e o último as 19:25. Se por acaso a pessoa perdesse oultimo ônibus para Tamandaré, tinha que esperar a saídado Rio Branco do Sul às onze da noite.

A melhor qualidade técnica dos automóveis e consequen-temente uma maior acessibilidade à compra de automó-

Rua principal de Timoneira (atual Coronel João Candido de Oliveira). Es-trada de terra, mato, e praticamente quase em frente, a antiga Sociedade

Foto: Banner da Biblioteca Municipal Harley Clóvis Stocchero, 1946

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veis por parte da população, acabou provocando um maiorinvestimento dos recursos do Estado em infraestrutura parao transporte. Porém, como a Rodovia dos Minérios tinhasido construída no contexto de parceria entre o Estado e aCompanhia de Cimento Portland Rio Branco, havia certasrestrições sobre a sua manutenção. No entanto, com a cres-cente demanda de caminhões transportando calcário parao Norte do Paraná, foi que houve a necessidade modernizara rodovia para deixá-la mais ágil. Foi neste contexto queem 1968, no governo de Paulo Cruz Pimentel teve iniciosua pavimentação.

No entanto, com o advento da crescente industrializa-ção da capital, que se refletia em todos os setores da eco-nomia na década de 1960, ocorreu um aceleramento daurbanização. E um dos setores atingido, e que deveria sermodernizado rapidamente, foi o do transporte coletivo, oqual era o principal responsável em dar condição para queas pessoas conseguissem chegar até seus empregos102.

Porém, o grande propulsor para o avanço do transportecoletivo foi a Lei Complementar n.º 14, de 8 de julho de1973, sancionada pelo Presidente da Republica GarrastazuMedici, que estabelecia Almirante Tamandaré como inte-grante da Região Metropolitana de Curitiba, possibilitandoa Criação da COMEC (coordenação da Região Metropolita-na de Curitiba) em 1974.

Este fato alterou radicalmente o transporte coletivo in-termunicipal, o qual se interligou ao de Curitiba com o ad-vento da Rede Integrada de Transporte, em 1980. Em 1986na gestão do Prefeito Ariel Adalberto Buzzato, ocorreu àconstrução do Terminal da Cachoeira, na atual Rua Fran-

102 NEVES, Lafaite Santos. Movimento Popular e Transporte Coletivo em Curitiba. Curitiba: Ed. Gráfica Popu-lar: CEFURIA, 2006, p. 97.

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cisco Kruger, esquina com a Rua Professor Antonio Rodri-gues Dias. O qual posteriormente no final da gestão do pre-feito Cide Gulin (Arcidíneo Félix Gulin) se integrou já emjunho de 1993 a outros terminais na capital. Este terminalera abastecido inicialmente pelas linhas São Jorge, Geani-ni, Monte Santo, São Francisco, Prefeitura, Gramado e Bon-fim, pertencente à Viação Tamandaré. A inauguração dosistema integrado, contou com a presença do GovernadorRoberto Requião, dos Deputados Estaduais Neivo Beraldine Kleyton Kielse e dos Vereadores da cidade. No ano de1996, chega a Linha Ligeirinho no Terminal da Cachoeira.Ampliando a mobilidade do usuário do transporte públicoem Tamandaré.

Porém, com a criação do Terminal Rodoviário Metropoli-tano de Almirante Tamandaré. Cujo nome oficial é Termi-nal Urbano João de Barros que foi estabelecido pela Lei nº758/2000, junto à rotária da Rua Domingos Scucato com aAvenida Emilio Johnson, inaugurado em 26 de junho de2000 na gestão do Prefeito Antonio Cezar Manfron de Bar-ros. A população de Almirante Tamandaré, ganhou novasalternativas de deslocamento utilizando o transporte pu-blico, pois agora, poderia ir para Rio Branco do Sul, Itaperu-çu, Colombo e Curitiba, sem contar o deslocamento paraos bairros da cidade.

Em 30 de março de 1972, era decretado pelo senhor pre-feito Antonio Johnson pelo Decreto nº 06, as condições ne-cessárias para se obter a permissão de taxista no municí-pio.

Vago no horizonte, e apenas reflito sobre estes tempos,em que para chegar a Curitiba era uma aventura, a qualocorria o mesmo no deslocamento da Sede para qualqueroutra localidade interna. Eram tempos, de estradas que mal

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passavam duas carroças ao mesmo tempo, onde que a chu-va inviabilizava qualquer “viagem”. Tempos em que carroseram realmente meios de transportes, não expressão de luxoe riqueza. Contemporaneamente se desfruta de percursosde 10 a 20 minutos até a capital e cidades vizinhas; de ôni-bus de vinte em vinte minuto, dependendo da rua onde seencontra. Tanto progresso, e poucas lembranças, talvez sejaesta falta de lembrança que não nos faz perceber que tudoficou perto, rápido e acessível, mesmo nós achando quenão.

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Almirante Tamandaré é uma cidade composta por di-versas localidades, as quais muitas vezes são confundidascomo se fossem bairros ou consideradas uma só como é ocaso da Cachoeira. Porém, o município possui uma divisãooficial, a qual foi reformada em 2008. Neste contexto seobserva que a reforma foi uma consequência da contem-plação do Jardim São João Batista como território de fato edireito ao contexto de responsabilidade municipal. Masmesmo no que tange esta nova condição, as alterações fo-ram mínimas após a autonomia municipal em 1947. Sendoa única exceção o desmembramento do território de Cam-po Magro em 1995.

Diante deste exposto a Lei Ordinária de Almirante Ta-mandaré nº 1342 de 14 de maio de 2008, estabeleceu 44localidades como bairros oficiais. Os quais são:

Água Boa, que possui uma área 8,47 km², cujo nome éum hidrotopônimo inspirado na expressão “lugar com águalimpa”, ou “naquele local tem água boa para se beber ouusar”. Neste sentido a região passou com o tempo a ser

Bairros do Município

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denominada popularmente de “Água Boa”. Sua origem sedeu no parcelamento de sesmarias ainda no século XIX.

Já o Bairro Alto São Sebastião é um bairro com área de4,16 km², possui uma denominação hagiotopônima, prova-velmente de ênfase religioso, porém como este santo não épopular na região, esta denominação possivelmente tenhavinculo com o dono ou parente deste, o qual se acrescen-tou ao nome “são”.

O Bairro deAraras possuiuma área de4,86 km². Seunome a princi-pio é um zoo-topônimo, queindica que a lo-calidade foi ini-cialmente iden-tificada pelanotória quanti-dade de araras ou pássaros que se assemelham a elas.

Na divisa com o município de Rio Branco do Sul seencontra o Bairro de Areias o qual possui 3,62 km²,cujo, localidade já se encontrava habitada desde o sé-culo XVIII. Sendo que a possível origem de seu nomeesteja ligada a um ponto de referencia corresponden-te a um grande areal notório existente nas proximida-des do Rio Barigui que cruza a localidade103, ainda emtempos de desbravação.

Capela de Alto São Sebastião, construção de 1975

Foto: Antonio Ilson Kotoviski Filho, abril de 2011

103 Relato de Wilson Muraro, abril de 2011.

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O Bairro da Barra de SantaRita possui uma área de 5,93km², o qual recebeu um hidro-topônimo já que legou a primei-ra parte do nome do Rio da Bar-ra que cruza seu território105,unificado a um hagiotopônimoinspirado no legado de devoçãodos italianos que povoaram alocalidade desde o século XIX.Pois Santa Rita foi uma mulherde nacionalidade italiana, de-votada como protetora dos ca-sos impossíveis e contra os de-sentendimentos em família.Esta área foi um núcleo de as-sentamento de imigrantes ita-lianos106.

Já o Bairro de Betara possuiárea territorial de 2,72 km², cujo nome é um zootopônimo.Pois, betara é um peixe. No entanto de água salgada. Dian-te disto o nome Betara provavelmente se liga a outro ele-mento inspirador, como possivelmente seja um apelido quepossuía o dono da área ou de alguém que lá vivia, entãoneste caso seria um antropotopônimo. Esta região se des-taca por guardar a nascente do Rio Barigui. Existe tambémo Bairro da Betarinha que a principio deveria ter área me-nor que a localidade de Betara, porém ela possui uma áreamaior, ou seja, 4,69 km². Esta região provavelmente possuia mesma lógica em sua denominação.

Contemporânea Capela São JoãoBatista em Areias construída em1957, em substituição a pioneirafeita de madeira pelos imigrantesitalianos e moradores ali já domicili-ados pioneiramente em julho de1911. Em 17 de julho de 2011 co-memora seu primeiro centenário.Já a torre foi erguida em 1961104

Foto: Antonio Ilson Kotovski Filho, abril de 2011

104 Idem.105 Histórico da Escola Rural Municipal Barra de Santa Rita, 2007.106 Relato de José Ido da Cruz, março de 2011.

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No ano de 1853 já eram registrado oficialmente habitan-tes na localidade de Boixininga. Cujo, sua área perfaz 5,42km². Sendo que a denominação deriva do dialeto tingui oqual significa “cobra grande”. Este nome se relaciona aofato de ser uma localidade onde se existia muita cobra107.Já o Bairro Boixininga dos Franças com 2,79 km² possui aexpressão “dos Franças” para designar que a área perten-cia a família França.

O Bairro do Bomfin é uma região recente que surgiu emmeados do século XX, cuja denominação se liga aos anti-gos donos da área que pertencia à família Bomfin. Já queantes da construção da construção da Rodovia Estratégi-ca, as pessoas para encurtar o caminho entre a Lamenha ea Cachoeira, expressavam “vamos varar pelos Bomfin”108.Este bairro possui uma área de 3,02 km².

A Antiga Fazenda Teixeira de Freitas que na década an-terior a 1873 foi posteriormente parcelada em pequenaschácaras. Abrangia 1,08 Km² na localidade do Butiatuvaque fazia limites com as Terras de: Antonio Guedes, AlbinoLipla, Florêncio Martins, José Real Prado formaram o Bair-ro do Botiatuba conhecido atualmente. No entanto esta jáera uma localidade já perlustrada desde o século XVII etimidamente habitada no século XVIII109. Porém seu povo-amento de fato se deu com a passagem da Estrada do As-sungui pelo seu território apenas no século XIX110. No en-tanto, já no inicio do mesmo século já existia moradores naregião. Seu nome tem origem indígena fitotopônima, poissignifica terra de muito butiá. Na década de 1950 o Senhor

107 Relatos de Estélio Brotto, 2002.108 Relato de Valter Johson Bomfin, abril de 2011.109 SCHAAF, Mariza Budant. A população da Vila de Curitiba segundo as listas nominativas de habitantes

1786-1799. Dissertação de Mestrado, Departamento de História setor de Ciências Humanas, Letras e Artes daUniversidade Federal do Paraná: Curitiba 1974, p. 46 e 54.

110 Escritura Pública de transferência de imóveis e mapa de parcelamento de 10 de fevereiro de 1873.

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Milto Araújoloteia seu ter-reno, surgindoassim o Jar-dim do Norte.No ano de1987 surge oJardim SantaMaria, cujo,nome foi inspi-rado no Parque Santa Maria o qual o loteamento faz divisa.Contemporaneamente o bairro possui uma área de 4,85 km².Em seu território nasce um pequeno riacho que leva o mes-mo nome da localidade e deságua no rio Barigui.

Com 2,89 km² deárea temos na divi-sa com Curitiba oBairro da Cachoeira,cuja denominação éum hidrotopônimoinspirado nos aci-dentes físicos exis-tentes no Rio Belém(cachoeira), o qualresultou da expres-são vou para a ca-choeira, ou tomarbanho na..., que deuorigem à denomina-ção. Sua história jáexplicitada em capí-tulos anteriores co-

2ª Igreja Católica do Botiatuba, construída em 1934

Foto: Paróquia Nossa Senhora da Conceição de Almirante Tamandaré, 1944

O 3ª prédio da Contemporânea Capela do Di-vino Espírito Santo, construído em local dife-rente, ou seja, onde se localizava a antiga es-cola das freiras (Nossa Senhora das Graças).Popularmente conhecida como a Igreja Redondado Botiatuba, construída em 1971, a qual em suasolenidade de construção, foi feito um breve histó-rico, assinado por membros da comunidade e pos-teriormente colocado dentro de uma garrafa e en-terrada junto com a pedra fundamental

Foto: Antonio Ilson Kotoviski Filho, maio de 2011

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meça no final do século XVIII, com Capitão Antônio Rodri-gues Seixas e sua esposa Maria Soares Paes, que se esta-beleceram na região. Como território tamandareense, a áreafoi resultado de um desmembramento da Cachoeira origi-nal em 1899. Sendo assim, é por este motivo que existebairro homônimo vizinho. Porém, devido à exploração imo-biliária e a concentração intensa existente na região e bair-ros próximos, a localidade aparenta ser muito maior. Poreste motivo que contemporaneamente recebe o nome deGrande Cachoeira.

A Região do Bairro da Campina de Santa Rita possuiuma área de 3,56 km², seu hagiotopônimo de conotaçãoreligiosa, legada pelos imigrantes italianos que ali seestabeleceram. É uma área já habitada desde o século XVIII.Posteriormente no século XIX se tornou uma colônia de imi-grantes italianos que participaram da “política das portasabertas” e receberam do governo imperial áreas para o plan-tio e povoamento.

Já o Bairro da Campina do Arruda aparentemente pos-sui uma denominação fitotôponima. Porém, sua denomi-nação não se liga ao vegetal arruda. Mas sim ao sobreno-

Estação Ferroviária da Cachoeira, atual Biblioteca Municipal Santos Dumont

Foto: Luiz Bassetti, maio de 2008

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me Arruda, pois a expressão é referente a um ser humano“do Arruda”, não “da Arruda” ou “de Arruda”. Nesta con-dição a denominação é um antropotopônimo, já que repre-senta que aquela campina pertencia a alguém da famíliaArruda. É um bairro que possui uma área de 2,21 Km². Pro-vavelmente pela proximidade com a Colônia Antonio Pra-do e Cachoeira, seu território já era habitado ou conhecidodesde antes do século XIX.

Com 8,00 Km² de baixa intensidade demográfica, o Bair-ro de Campo Grande é possivelmente uma consequênciade um desmembramento de sesmarias já conhecido no sé-culo XVII, porém não habitado nesta época. Seu nome égeomorfotopônimo simples.

Já com área de 8,46 km² a Capivara dos Manfron, possuiorigem semelhante à de Campo Grande, com a diferençaque a localidade foi batizada popularmente pela identifica-ção “terra dos Manfron”. Porém esta localidade herda onome do Rio Capivara, provavelmente batizado pela exis-tência deste animal na região. Sendo assim, a Capivara dosManfron é um hidrotôponimo, por causa do rio, não do ani-mal. No entanto a de ressaltar que o território da Capivaraera grande. Sendo que a Capivara dos Manfron herdou onome do território inicial parcelado.

O Bairro da Caximba é uma área com 2,93 km², o únicobairro com denominação de origem africana, mais especifi-camente banta. Cujo qual deriva da palavra cachimba comorigem em cacimba que significa “poço cavado até o len-çol”111, porém existe uma variação do tupi-guarani que sig-nifica “mato que gruda”112. É uma localidade conhecida ejá habitada desde o século XIX.

111 LOPES, Nei. Novo dicionário banto do Brasil: contendo mais de 250 propostas etimológicas acolhidaspelo Dicionário Houaiss. Rio de Janeiro: Pallas, 2003, p.236 e 239.

112 IPPUC/PREFEITURA MUNICIPAL DE CURITIBA. Diretrizes de Planejamento das Regional. 2009, p. 125.

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Relatos de um Tamandareense

Neste bairro existe o Oratório São Sebastião. Cuja, a cons-trução recente da década de 2000, substituiu a antiga ca-pelinha construída pela Família Bueno a mais de sete sé-culos. Em seu interior se encontra uma imagem de SãoSebastião com mais de 100 anos. Nesta comunidade aindase mantém a tradição das pessoas se reunirem e rezaremuma vez por semana. Segundo as informações de morado-res, o encontro ocorre toda segunda-feira às seis da tar-de113.

Em relação ao Centro (sede)se contempla que sua origemno contexto de povoado já re-monta o inicio do século XIX.Porém como localidade oficiala partir da Lei Provincial n° 924de 6 de setembro de 1888114.Cuja região era conhecidacomo Conceição do Cercado,pois era uma sesmaria queestava cercada. A qual só foitotalmente integrada à locali-dade para habitação na déca-da de 1950 com a doação do terreno feita pelo GovernadorBento Munhoz da Rocha Netto. A outra parte correspon-dente a Vila Santa Terezinha originaria do parcelamentofeito da localidade cercada que na década de 1960. No anode 1972 o senhor Antonio Ilson Kotoviski loteia sua área deterra na Sede, surgindo desta forma o Jardim São José. OCentro possui uma área de 1,87 km².

Oratório de São Sebastião localizadono Bairro da Caximba

Foto: Antonio Kotovski Filho, abril de 2011

113 Relato de Adalzi Costa, abril de 2011.114 MUNHOZ, Caetano Alberto. Relatório da Secretaria dos Negócios Interior, Justiça e Instrucção Publica/

Quadro demonstrativo das Freguesias, Cidades e Villas do Estado do Paraná. Curityba: Typ. e Lith. avapor da Companhia Impressora Paranaense, 1894. Quadro de anexos, p. MFN 630 C.

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HISTÓRIA DO MUNICÍPIO DE ALMIRANTE TAMANDARÉ

O pequeno Bairro do Cercadinho possui uma pequenaárea de 0,44 km². Recebeu esta denominação por possuiruma área cercada por seu donatário ainda no século XIX.

Já o Bairro da Colônia Antonio Prado que possui umaárea de 4,56 km² foi estabelecida inicialmente pelo gover-no provincial entre Ta-mandaré e Colombo(Curitiba), em 1886,para ser povoada porimigrantes poloneses eitalianos. Seu nome éuma homenagem aoentão Ministro Imperi-al da Agricultura Anto-nio Prado.

No mesmo ano aColônia Santa Gabrie-la (oficialmente bairrocontemporâneo) foi es-tabelecida no municí-pio pelo governo pro-

Câmara Municipal de Almirante Tamandaré, localizada no centro da cidade

Foto: Antonio Kotovski Filho, abril 2011

Igreja Santo Antonio no Prado, constru-ção iniciada em 1930 e concluída trêsanos depois (1933), que substituiu a

pioneira capela de madeira erguida em1886. Ao lado o cemitério que data dofinal do século XIX, estabelecidos às

margens da Rua Alberto Piekas

Foto: Antonio Ilson Kotoviski Filho, abril de 2011

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Relatos de um Tamandareense

vincial para abrigar italianos. Sua área atualmente é 2,57km². No entanto sua denominação apesar de ter ênfasereligioso esta diretamente relacionada a uma homenagemprestada a Sra. Gabriela d´Escrangnolle Taunay, mãe doPresidente da Província do Paraná Alfredo Taunay, que go-vernava neste período115.

Já no ano de 1871 se instala pioneiramente na região daatual Grande Cachoeira a Colônia São Venâncio que aco-lheu inicialmente alemães, suecos e poloneses. Atualmen-te este bairro se dispõe por uma área de 1,99 km². Seu nomeapesar de possuir ênfase religioso é uma homenagem aoPresidente da Província Venâncio José de Oliveira Lisboa,que governava na época da fundação. Porém com a anexa-ção da expressão “São”116.

O bairro deCórrego Fundo éuma região quejá era conhecidadesde o séculoXVII, porém ha-bitada apenas noséculo XIX. Pos-sui uma ligaçãocom as primeiraspesquisas de ex-ploração aurífe-ra. Sua origemresultou de umdesmembramen-

115 KANASHIRO, Milena. Paisagens étnicas em Curitiba: um olhar histórico-espacial em busca de entopia.Tese de Doutorado em Meio Ambiente e Desenvolvimento da Universidade Federal do Paraná – UFPR, da linhade pesquisa “Urbanização, Cidade e Meio Ambiente”, Curitiba PR: 2006, p. 205-208.

116 Idem.

Inauguração do Centro Administrativo VereadorDirceu Pavoni, inaugurado em um Sábado dadata de 04 de setembro de 2010, localizadopraticamente nos limites entre o Bairro da

Cachoeira e de São Venâncio

Foto: Raioxnews, setembro de 2010

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to de sesmarias e posteriores parcelamentos. Atualmenteesta região possui uma área de 6,78 km². Seu nome é umhidrotôponimo que expressa à característica do rio que lheinspirou o nome.

Na Grande Cachoeira se encontra o Bairro do Humaitá,perfazendo uma área de 2,03 km². Sua origem se liga aoparcelamento de sesmarias já no século XIX. Da mesmaforma que seu território recebe o nome em virtude do pró-prio desenvolvimento da centenária Estrada da Cachoeiraou do Humaitá (atual Domingos Scucato, Antonio Johnsone Francisco Kruger) e da também centenária estrada de fer-ro. Pois, sua denominação esta ligada ao tipo de rocha en-contrada inicialmente na região, ou seja, no vocabuláriotupi-guarani Humaitá significa “agora a pedra é negra”, oupedra negra.

Na divisa com Campo Magro e Curitiba existe o BairroJuruqui, o qual perfaz 7,17 km², cujo nome foi herdado dorio que nasce e cruza sua terra. Sua história se relaciona apesquisa da exploração aurífera, e tem origem em umagrande sesmaria doada ainda no século XVII, que pos-teriormente foi parcelada. Porém seu povoamento sóocorreu timidamente no inicio do século XVIII117. Sen-do que no século XIX e se propagou em consequência aproximidade com a Colônia Nova Romastak e a passagemda estrada do Assungui não muito longe dali. Esta áreapossui um homônimo na parte do território campo magrens-se, cuja, a qual surgiu do parcelamento do município deAlmirante Tamandaré em 1995.

117 SCHAAF, Mariza Budant. A população da Vila de Curitiba segundo as listas nominativas de habitantes1786-1799. Dissertação de Mestrado, Departamento de História setor de Ciências Humanas, Letras e Artes daUniversidade Federal do Paraná: Curitiba 1974, p. 46 e 54.

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Relatos de um Tamandareense

O centenário bairro da LamenhaGrande surgiu do programa de assen-tamento e povoamento do Paranácom imigrantes. Inicialmente foi cri-ada com a denominação de ColôniaLamenha cujo antropotopônimia seliga a homenagem prestada ao fun-dador da colônia em 1876 que foi oPresidente Lamenha Lins. Sua áreaatual é de 6,31 km².

A alteração do nome para Lame-nha Grande ocorreu devido à divisãoda Colônia logo em seguida. A novaparte que surgiu foi a Lamenha Pe-quena, a qual faz divisa com a re-gião homônima de Curitiba. Sendoque o Bairro Lamenha Pequena ta-mandareense possui 2,25 km², e seunome deriva da parte territorial inicial antes da separação118.Sua separação se deu em virtude de uma nova leva de co-lonos na região. Sendo estes italianos e poloneses, que for-maram inicialmente a Colônia Nova Romastak119. Cuja, adenominação não oficial da região surgiu de um fato curio-so: os primeiros italianos que se estalaram se referiam àlocalidade como “Nova Roma” e reconheciam a localidadecom esta versão. Porém, quando no processo da distribui-ção de lotes para os eslavos, os funcionários do governoperguntavam se eles queriam as terras que ficavam na re-gião da Lamenha conhecida como Nova Roma. Sendo quea resposta era: “tak” e repetiam “Roma tak” (Roma sim, em

Capela particular da Fa-mília Manosso, no BairroJuruqui (Campo Magro),construída no século XIXpor Davi Manosso, meutataravô materno. Ao re-dor desta capela, foramenterradas algumas cri-anças recém-nascidas.Em frente, a senhora JoanaManosso

Foto: Família Manosso, década de 1920

118 PREFEITURA MUNICIPAL DE CURITIBA. Guia de Bairros/Lamenha Pequena. 1980.119 PROJETO POLÍTICO PEDAGÓGICO. Escola Estadual Lamenha Pequena/histórico da comunidade escolar e da

Instituição. 2009, p. 11.

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HISTÓRIA DO MUNICÍPIO DE ALMIRANTE TAMANDARÉ

polonês). E para não sair do costume, o povo mais simples,popularmente começou a expressar involuntariamente deforma aportuguesada a palavra “Romastak”, por causa dacuriosa história e em um contexto cômico.

Ou seja, a área da Lamenha teve que ser ampliada devi-do à chegada de novos imigrantes. Mas oficialmente a re-gião era definida como Lamenha Pequena, (uma analogiaa filho grande (mais velho) e filho pequeno (mais novo) nocaso Lamenha “Pequena”. Que por ser homologa a regiãode Curitiba na divisão, começou a ser redenominada ofici-almente a partir de como era popularmente conhecidas al-gumas partes de seu território em Tamandaré (Tanguá, SãoMiguel, Romastak (que possui uma parte em Curitiba).

O Bairro de Marianã é uma re-gião de povoamento centenário,desde o século XIX, porém de baixademografia devido ao seu terreno.Sua denominação é uma antropo-topônimia que surgiu da identifica-ção do lugar fundada em uma cu-randeira que morava na região denome Maria, com características fí-sicas de anã. Diante deste fato,muitos moradores quando tinhamque ir para a região expressavam:“estou indo para as terras de “Ma-ria anã”. Ou seja, com o tempo estapalavra se tornou uma só Marianã.Sua área atua é de 3,96 km².

O Bairro Marmeleiro é uns dos mais antigos povoamen-tos da cidade. Pois, por ser uma região que faz divisa comas nascentes do Rio Passauna, provavelmente esta locali-

Oratório Santo Izidoroconstruído em 1899,

localizado as margens daAv. Wadislau Bugalski na

Lamenha Grande

Foto: Antonio Ilson Kotovski Filho, abril 2011

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Relatos de um Tamandareense

dade foi um acampamento de expedições que buscavam oouro desde o século XVII. Porém seu povoamento se deu jáem meados do século XVIII. Seu nome é um fitotopônimo,que se liga a árvore da família das rosáceas com denomi-nação de “Pé de Marmelo” ou Marmeleiro. Muito provavel-mente, os primeiros desbravadores para identificar o locale criar um ponto de referencia observaram uma concentra-ção notória desta árvore no local e batizaram com este nome.Sua área atual corresponde a 6,81 km².

Placa tradicional de 26 de setembro de 1996 no Bairro do Marmeleiro, demonstrando que a área que pertence

a Família Trevisan possui uma história centenária

Foto: Antonio Ilson Kotovski Filho, abril de 2011

Casa da Família Trevisan no Bairro do Marmeleiro. Na parteinferior na década de 1950 funcionava uma mercearia

Foto: Antonio Ilson Kotovski Filho, abril 2011

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Com 6,90 Km², o Bairro do Mato Dentro, é uma regiãopovoada desde o século XIX. Sua denominação deriva daexpressão “segue mato à dentro”.

O maior Bairro de Almirante Tamandaré é o Morro Azulcom 12,23 km², porém sua demografia é baixa. Área de par-celamento de sesmaria conhecida desde o século XVII,porém que só foi habitada com o advento do desenvol-vimento da Estrada do Assungui. É uma área de serra,o que já se identifica na primeira expressão de seunome “Morro”. Já a expressão “Azul” se relaciona acoloração azul do minério de calcário encontrado emabundância na região.

Uma das áreas de povoado mais importante para a His-tória do Município é o Pacotuba, pois, depois da Conceição(atual Campo Magro), Campo Magro (a Sede daquele mu-nicípio), o Pacotuba já era habitado estrategicamente des-de o inicio de século XVIII. Seu nome foi inspirado no Rioque nasce e corta a região e que foi encontrado uma efê-mera quantia de ouro. A palavra “pacotuva” possui variasinterpretações. Pacotuba na forma como se expressa se re-fere à região de muita banana, ou sitio de banana. Porém,“atualmente” isto não cabe para a região. Talvez a locali-dade onde o rio nasce, possuísse uma concentração notó-ria de bananeira a ponto de receber este nome, para servirde ponto de referencia. No entanto, se levar em considera-ção que em trezentos anos o nome pode ter sido distorcidoaté chegar à forma como os conhecemos. Poderia ser Paco-tuba igual à Pacotuva que teve origem na palavra “pacatu-va” que significa região de pacas. Atualmente esta literali-dade tem mais sentido, pois não raro é ver pequenas pacasatravessarem o rio. Atualmente o bairro possui uma áreade 9,27 km².

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O Bairro da Ressaca que possui 1,62 km² é uma regiãoconhecida desde o século XVIII, porém deve ter tido a mes-ma sorte do bairro Juruqui e Marmeleiro, devido à proximi-dade com o Rio Passauna e com estas regiões. Seu nomederiva do contexto em que ressaca significa calmaria, em-

Antiga Capela do Pacotuba

Foto: Paróquia Nossa senhora da Conceição de Almirante Tamandaré, de 15 de julho de 1962

Contemporânea Igreja do Pacotuba, construção de 1967

Foto: Antonio Ilson Kotovski Filho, abril de 2011

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pregada para explicar que quando os primeiros pioneirospassaram pela região, tiveram um trajeto calmo sem ne-nhuma adversidade natural ou climática.

A Região da Restinga Seca é um bairro com 2,30 Km².Área já conhecida no século XVIII, e provavelmente timi-damente povoada nesta mesma época em virtude de suaproximidade com o Pacotuba. Seu nome expressa a carac-terística natural da região, ou seja, uma região física de-pressiva (um buraco em meio aos morros). “seca”, porquenão estava preenchida com água. Esta região se pareciacom uma restinga costeira, por isto da denominação analó-gica dos primeiros aventureiros que passaram pela região.No entanto, a partir de meados da década de 1970 sofreuum intensivo povoamento provocado pela exploração imo-biliária.

Capela São Francisco de Assis, prédio de 1997, porém seus alicercesdatam de 11 de dezembro de 1984. Antes da Capela as missas eram

realizadas nas casas de moradores da comunidade. Sendo que na datade 06 de outubro de 1985, era inaugurado o Centro Social São Francisco

de Assis (salão da Igreja), com missa realizada pelo Frei LourençoKachuba. O qual a partir desta data serviu para os cultos. O terreno foi

doado pelo senhor Vicente Govatiski e Familiares onde em 07 de0utubro de 1984 começou a construção do Centro Social

Foto: Antonio Ilson Kotovski Filho, maio de 2011

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Relatos de um Tamandareense

O Bairro São Felipe é uma localidade recente parceladapor imobiliária, pois sendo que este se deu em meados dé-cada de 1970, no entanto esta região já era conhecida ehabitada já no século XIX, pois a mesma pertencia a Ses-maria de Candido Machado de Oliveira, pai do Coronel JoãoCandido de Oliveira. Seu nome de ênfase religioso ligadoao apostolo Felipe. Sua área é de 2,18 Km².

Já na Grande Cachoeira o Parque São Jorge ou o BairroSão Jorge, foi criado em 1950 como região de loteamento.Mas já era uma área habitada desde o século XIX. Estaregião pertenceu à sesmaria de Candido Machado de Oli-veira. Atualmente sua área perfaz 0,99 km². Seu nome éum hagiotopônimo. Ou seja, uma homenagem ao SoldadoRomano do exército de Diocleciano e também padre Jorgeque foi canonizado como Santo.

Fazendo divisa com o Bairro do Juruqui, o Bairro de SãoMiguel que perfaz 5,19 Km², foi uma região já conhecidadesde o século XVIII, pois teve a mesma sorte do Botiatubae Juruqui. Porém seu povoamento, já começou forte com asprimeiras famílias de poloneses em 1876 oriundas das cons-tantes levas de imigrantes que chegavam da Polônia. Seuterritório a principio ficou praticamente na divisa entre La-menha Grande, Lamenha Pequena e a Colônia Romastak,porém com características próprias de relevo que o isola-ram da abrangência denominativa. A qual resultou conse-quentemente com o tempo em um topônimo de ênfase reli-gioso que foi inspirada na Capela de São Miguel a qual pos-sivelmente foi inspirada em homenagem ao Arcanjo Miguel.Porém, se coincidência ou não, a pessoa que mais lutou eaté brigou com o padre José Góral para ele abençoar a pio-neira capela na região, foi o senhor Miguel Krzyzanowski.Que também fez parte como sócio fundador da Sociedade

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São Miguel. Ou seja, possivelmente a escolha do SantoPatrono da Igreja se inspirou no nome deste líder comuni-tário que desenvolveu a ideia de trazer para região coisasque facilitassem a vida do morador local. Sendo que com otempo a região ficou conhecida como São Miguel. Seu Mi-guel Krzyzanowski possui este nome em louvor a São Mi-guel. Esta denominação da localidade se estende desde adécada de 1910 (1914 quando ficou pronta a capela demadeira). Sendo que a atual foi erguida na década de 1950ao redor desta que era bem menor, a qual só foi desman-chada quando a cobertura do novo templo foi montado.

O Bairro Sumidouro que possui 3,63 km², surgiu em de-corrência da passagem da Estrada do Assungui pelo seuterritório já no século XIX. No entanto o nome deriva dacaracterística da região que é cortada pelo Rio Barigui, queencontra ali uma grande área de várzea. Porém, a caracte-rística marcante que denomina a região é ligada diretamen-te a uma antiga dolina que lá existia e que conseguia cap-

Igreja de São Miguel, localizada no Bairro de São Miguel.Inaugurada em 13 de maio de 1954 em substituição a antiga

capela ali existente que inspirou o nome da localidade

Foto: Antonio Ilson Kotovski Filho, abril de 2011

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Relatos de um Tamandareense

tar a água. Ou seja, os sumidouros são áreas que podemevoluir de dolinas, que possuem uma “grande capacidadede absorção e drenagem de águas”120. Da mesma forma, seobservar a formação de vale por onde passa o Rio Bariguida uma impressão que a água some. Por este conjunto decaracterística, a região foi denominada de Sumidouro.

O menor Bairro de Almirante Tamandaré é o Taboão, comapenas 0,35 Km², cujo, região derivou do parcelamento ter-ritorial da cidade de Curitiba em virtude da autonomia deTamandaré. Ou seja, o Taboão tamandareense é um homô-nimo de seu vizinho curitibano separado pelo Rio Barigui, oqual influenciou diretamente na denominação da localida-de. Pois com a passagem da Estrada do Assungui pela re-gião, ocorreu a necessidade de se fazer uma ponte. A qualprovavelmente era chamada de Taboão devido às tabuas

Vale por onde corta o rio Barigui as margensda rodovia do Calcário no Bairro do Sumidouro

Foto: Antonio Ilson Kotoviski Filho, janeiro de 2011

120 OLIVEIRA, L. M. A gestão de riscos geológicos urbanos em áreas de carste. Curitiba: MINEROPAR, 1997, p. 08.

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HISTÓRIA DO MUNICÍPIO DE ALMIRANTE TAMANDARÉ

grossas de madeira que foram utilizadas para construir aponte no século XIX. Ou seja, esta denominação é um er-gotopônimo.

Na divisa com Curitiba, existe o Bairro Tanguá com áreade 3,43 km², cujo sua origem se deu na redenominação deuma parte territorial de abrangência da Lamenha Pequenapara se diferenciar de sua parte homologa curitibana. Seunome deriva da expressão tupi-guarani “comedor de formi-ga” ou “comer formiga”.

Antiga ponte do Taboão no final da década de 1970. Ao fundo no lado tamanda-reense a tradicional serralheria nesta época pertencente à família Macionki

Fonte: banner de inauguração da nova ponte em novembro de 2006 representada na segunda foto

(Capelinha do Tanguá de 1941, localizada no cruzamento entre a RuaAlberto Krauser e a Rua Roberto Drescheler. A primeira foto tirada em2011 mostra a capelinha restaurada pela 4ª vez em 2008 por iniciativalegislativa do Vereador Nunes (está sem a cruz devido a um caminhão

que esbarrou e quebrou no começo de 2011). Já a segunda imagem feitaem 1995 depois da 3ª reforma ocorrida em 1995

1ª Foto: Antonio Ilson Kotovski Filho/ 2ª Foto: Folha de Tamandaré, outubro de1995

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Relatos de um Tamandareense

Afastado da Sede municipal, o Bairro de Tijuco Pretopossui uma área de 1,76 Km², sendo que seu povoamentojá transcende o século XIX. Seu nome se refere a um lama-çal cortado por uma estrada, a qual pela posição das árvo-res e a forma que elas se sobrepõem em relação a elas e aestrada, faz parecer um túnel, ou seja, aquele trecho deestrada escurece muito. Mesmo em dias extremamente cla-ros. Deste fato então nasce à explicação para “preto”. Játijuco significa terra pantanosa ou lamaçal.

Uma localidade estratégica para o Império no caminhoda Estrada do Assungui foi o atual Bairro de Tranqueira.Pois, como já foi citado em capítulos anteriores, pela Estra-da do Assungui passavam muitos tropeiros com suas boia-das, vindas da Colônia Assungui, além de comerciantesambulantes. Neste contexto na região existia um posto decoleta de tributos, o qual trancava a estrada com uma por-teira. Mesmo as porteiras sendo comuns naquela época.Pois, eram elas que não permitia a dispersão do gado datropa. A porteira de Tranqueira era a lembrada e odiada, jáque para passar com a tropa, tinha que pagar o devido tri-buto. Diante disto, a denominação da localidade ficou co-nhecida como Tranqueira desde meados do século XIX.Sendo que esta localidade já era habitada antes desta de-nominação popular. Atualmente o bairro possui uma áreade 5,61 km².

Consta que aproximadamente no ano de 1901 o empre-endedor e político Antonio Stocchero construiu um pré-dio de dois pavimentos para fins de comércio e hospe-daria. Pois, como já foi citado no parágrafo acima, alocalidade era um ponto estratégico devido ao postode cobrança de impostos. Diante disto os tropeiros aliparavam para descansar.

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Próximo a Sede Municipal, existe um Bairro denomina-do de Varova, por onde passava uma ligação vicinal entre aEstrada do Assungui e a Estrada do Humaitá. No entanto aregião é muito antiga e já povoada em meados do séculoXIX. Pois nesta região, o pai de seu José Real Prado Sobri-nho possuía uma mercearia (mais antiga que a da DonaRachel Candido de Siqueira). Este bairro possui uma área

Hospedaria e casa comercial do SenhorAntonio Stocchero datada do inicio do século XX

Foto: Dossiê histórico de Tranqueira, novembro de 1986

Portal de entrada do Parque Ambiental Aníbal Khury antigo Haras Tamandaré

Foto: Antonio Ilson Kotoviski Filho, abril de 2011

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Relatos de um Tamandareense

de 3,88 km². E seu nome é um fitotopônimo, inspirado naárvore da família das rosáceas, popularmente denominadade Pessegueiro do Mato ou Fruta de Bugre. Em guarani,varova significa “fruta amarga”.

Por fim, o antigo Bairro da Venda Velha com área de 7,11km², cujo qual logrou a sorte da passagem da Estrada doAssungui por algumas partes de seu território. Esta estra-da possui esta denominação inspirada em uma antiga casacomercial que remonta o século XIX e que servia de apoioaos tropeiros e viajantes.

Capela de São Pedro no Bairro da Venda Velha, imagem do dia dainauguração datado de 06 de novembro de 2005, ocorrida as 10:30horas com missa solene realiza pelo Frei Darci Roberto Catafesta.

Terreno doado por Hezidio e Ana Margarida Cavalli em 1995,projetista da capela: Engenheiro Civil Vitor Hugo

Foto e fonte: Brasinha, dezembro de 2005, p.10

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Estes foram os quarenta e quatros bairros oficiais domunicípio. Porém apresentados de forma resumida. Pois,cada localidade possui característica e história própria quenão caberiam em um único livro.

LEGENDA:

1- Betarinha2- Córrego Fundo3- Capivara dos Manfron4- Tijuco Preto5- Betara6- Campina Grande7- Areias8- Araras9- Venda Velha

10- Tranqueira11- Morro Azul12- Água Boa

13- Marianã14- Marmeleiro15- Alto São Sebastião16- Campina de Santa Rita17- Juruqui18- Caximba19- Ressaca20- Pacotuba21- Restinga Seca22- Botiatuba23- Varova24- Mato Dentro

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25- Sede26- Sumidouro27- Boixininga28- Boixininga dos França29- Colônia Antonio Prado30- São Felipe31- Humaitá32- Colônia São Venâncio33- Campina do Arruda34- Cachoeira

35- São Jorge36- Bonfim37- Lamenha Grande38- Colônia Santa Gabriela39- Tanguá40- Lamenha Pequena41- São Miguel42- Barra de Santa Rita43- Cercadinho44- Taboão

MUNICÍPIO DE ALMIRANTE TAMANDARÉ

PREFEITURA DE ALMIRANTE TAMANDARÉ

SECRETARIA MUNICIPAL DE

URBANISMO E PLANEJAMENTO

Área do Município: 191,11km²Área de Influenciado Aquífero Karst 166 km² (86% do território), cor-responde às partes escuras do mapa.MAIO 2008

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Não raro, quando vou a alguma festa ou comemora-ção, encontrar pessoas conhecidas, expressando a frase:“não se conhece mais ninguém na cidade”. Pois, isto sedeve ao fato de não se conhecer mais ninguém em umabreve caminhada pelas calçadas da Avenida Emilio John-son, muita cara nova e pessoas que nunca se viu. Bem dife-rente dos tempos anteriores à década de 1970, onde todomundo conhecia todo mundo. Quando ocorria algo diferen-te ou alguém fazia algo fora do cotidiano, todos já sabiamquem era. Ou seja, bem diferente dos dias atuais. Mas tam-bém, são mais de 103.245 habitantes espalhados pelo mu-nicípio121.

Não seria absurdo dizer que a cidade virou uma locali-dade cosmopolita, pois não raro é se deparar com migran-tes vindos de todas as partes do Brasil e até de outros luga-res fora do país, que se estabelecem ou estão de passagempela cidade. Esta mesma observação foi verificada pelos

Composição étnica

121 IBGE CIDADES@. Almirante Tamandaré-PR. Disponível em:< http://www.ibge.gov.br/cidadesat/painel/painel.php?codmun=410040#> Acesso em 28 dez. 2010.

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historiadores: Wachowicz, que afirmou que a região deCuritiba é o “maior laboratório étnico do Brasil ou do mun-do”, onde se realizou “uma das maiores experiências étni-cas”122. Já Wilson Martins, diz que o Paraná foi “um dosestados mais ricos de povoamento imigratório”123. Quandoo autor se refere a Curitiba, ele se refere às Colônias funda-das no século XIX, que eram anteriores a existência de Ta-mandaré autônoma. Mas, que estavam localizadas em ter-ritório tamandareense.

Mas isto não é exclusividade dos nossos tempos. Pois, aHistória de Almirante Tamandaré se forjou desta maneira,principalmente em períodos anteriores ao século XX.

Contemporaneamente, a terra tamandareense por estarmuito próximo a capital do Estado do Paraná, recebe mui-tos migrantes do interior do Estado do Paraná, migrantesdo Estado de Santa Catarina e São Paulo e em pequenaquantidade do norte e nordeste do Brasil, os quais buscamcom sua migração, melhorar de vida. Pois, querendo ou não,a Região Metropolitana e a Capital possibilitam esta chan-ce.

Em consequência disso, pelo imóvel na capital possuirum custo mais elevado, muitos migrantes se estabelecemna cidade, nas regiões mais humildes por serem localida-des com imóveis mais baratos. Tanto é que este fluxo mi-gratório atingiu a cidade já na década de 1970, onde naprimeira gestão do Prefeito Roberto Luiz Perussi (1977/1983),ocorreu uma enorme gama de liberações de loteamentosna região da Cachoeira motivado pela exploração comerci-al de grandes áreas por imobiliárias da capital124.

122 WACHOWICZ, Ruy. História do Paraná. 9.ed. Curitiba: Imprensa Oficial do Paraná, 2001, p. 19.123 MARTINS, Wilson. Um Brasil Diferente: Ensaio sobre fenômenos de aculturação no Brasil. São Paulo: Anhem-

bi Limitada. 1955, p. 03.124 Relato do professor de História Luiz Romero Piva, 2004.

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Porém, a liberação para novos loteamentos, na décadade 1990, foi extremamente diminuída, em virtude da Lei nº429 de 20 de maio de 1996 de Almirante Tamandaré assi-nada pelo prefeito Arcidíneo Felix Gulin125. Que institui oplano diretor de desenvolvimento urbano. Estabelecendoobjetivos, instrumentos e diretrizes para as ações de plane-jamento do município de Almirante Tamandaré e dá outrasprovidências. O qual só permitiu a liberação de loteamen-tos que atendessem condições mínimas e seguras para ahabitação humana e não prejudicasse o meio ambiente.Reforçada pela Lei Complementar nº 03 de 03 de outubrode 2006. Que dispõe sobre o código de parcelamento dosolo urbano, sobre remembramento e condomínios horizon-tais no município de Almirante Tamandaré e a Lei Comple-mentar nº 05 de 20 de dezembro de 2006, que dispõe sobreo código de obras e edificações do município de AlmiranteTamandaré126. Ambas assinadas pelo Prefeito Vilson Rogé-rio Goinski.

Por este motivo a partir da gestão de Arcidíneo Félix Gulinaté as gestões contemporâneas, foram abertos bem poucosloteamentos sob a luz legal. O problema foi que mesmo sebuscando proteger legalmente a integridade das pessoas,muitas localidades foram estabelecidas no período posteri-or ao advento da Lei Municipal 429/1996, por meio de inva-sões em terrenos que não oferecem nenhuma segurançaao morador, pelo fato de ser construídos junto a morros eem brejos. Ou seja, em áreas que legalmente estão protegi-das, seja pela lei de zoneamento ou pela lei ambiental. Masque por influencia de pseudos “movimentos sociais” e “fal-

125 JUSBRASIL. Lei 429/96. Disponível em:< http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/582674/lei-429-96-almiran-te-tamandare-pr> Acesso em: 28 dez 2010.

126 LEIS MUNICIPAIS. Lei Complementar nº 03 de 03/10/2010 e Lei Complementar nº 05 de 20/12/2010.Disponível em:< http://www.leismunicipais.com.br/legislacao-municipal-da-prefeitura/3154/leis-de-almiran-te-tamandare.html> Acesso em 28 dez de 2010.

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sas pessoas bem intencionadas que possuem o poder daoratória e de ideologias”, que exploram nas pessoas maishumildes o sonho delas possuir um terreno próprio e os ins-piram a invadir localidades não aptas a receber moradias.

Resultado, a manutenção destas localidades irregularesse torna um problema para o município, já que se trata deuma área irregular por ser um terreno particular invadido(podendo até acarretar ao governante crime administrati-vo. Pois, não é um loteamento do município e sim um terre-no particular invadido), e consequentemente causa influ-encia negativas para imagem de qualquer governante senão fazer algo para a comunidade ali existente. Outro fatorsão as constantes enchentes (já que, os brejos estão ocu-pados, e estas são uma área natural de alagamento e ma-nutenção do volume de água do aquífero) e desmoronamen-tos de casas (pois, estão na inclinação exagerada dos mor-ros e encostas). Porém, esta situação poderia ser evitadapelas autoridades. No entanto, é uma medida que se tornaimpopular já que muitas pessoas por interesses políticosdiversos acabam propagando tal atitude a seu melhor inte-resse. Sendo que exploram de forma negativa o remaneja-mento dos moradores para outra localidade com a expres-são “expulsão” em seus comentários desses moradores daregião irregular e de risco (sem se referirem as condições deinvasão, irregularidade e de risco nos mesmos comentári-os).

Independente desta questão habitacional, o fluxo demigrantes que passa por Almirante Tamandaré, é muitogrande. Por este motivo os sensos realizados não conse-guem ser precisos quanto ao numero de sua população exis-tente na cidade, já que variam muito de ano para ano, devi-do às extremas entradas de novos moradores e ao mesmo

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tempo as extremas saídas.Em respeito a este fato, a população contemporânea ta-

mandareense, é extremamente mestiça. Pois, se encontracafuzos, mamelucos e mulatos em grande quantidade, as-sim como se encontram negros puros das mais diversas et-nias e brancos puros das mais diversas origens. Ocorre tam-bém a presença de asiáticos puros e mestiços que direta-mente também contribuíram e contribuem com a esta im-pressionante misturas de raças e a formação da cultura nacidade. Já que os hábitos de outras regiões são carregadospor estes migrantes, e com os hábitos locais se misturam.Ou seja, dentro de uma analogia, Tamandaré se tornou umaBabilônia cultural.

No entanto, nem sempre foi assim. Pois, até as décadasdo ano 1960, Almirante Tamandaré possuía notórios traçosde seus primeiros povoadores, que foram em grande parteos colonos portugueses. O qual pode ser observado na es-tatística do censo de 1950, que contou 7794 brancos emuma população geral de 8812 habitantes127. Provavelmen-te descendentes dos primeiros desbravadores que habita-ram a Capitania de São Vicente e ainda no remoto séculoXVI e das campanhas de imigração da década de 1870, emdiante promovida pelo Estado.

Registra-se também a presença de traços negros, oriun-dos diretamente de descendentes do Continente Africano(Angola, Guiné-Bissau, Madagascar e São Tomé e Prínci-pe), porém este em pequena quantidade apenas 129 pes-soas128, devido principalmente à baixa utilização de mão deobra escrava africana na região onde se encontra o municí-pio e seus vizinhos. Isto se deve a condição econômica que

127 ENCICLOPÉDIA DOS MUNICÍPIOS BRASILEIROS. Almirante Tamandaré –PR. IBGE, Vol. XXXI Paraná, Riode Janeiro, 1959, p. 26

128 Idem.

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os moradores tinham nos séculos XVII e XIX. Já que, estaregião da colônia, era uma localidade que pouco ofereciaao Reino de Portugal. Não havia plantações para atender omercado externo. Eram apenas pequenas plantações quemal atendiam o mercado interno e utilizando a mão de obraindígena, que era muito mais barata (pois, um escravo afri-cano, valia quatro escravos indígenas), além da criação degado, transportado por tropeiros, um comércio e uma exau-rida e efêmera extração aurífera. Ou seja, escravo africano,só era utilizado por pessoas muito ricas e no contexto deserviços domésticos com rara exceção (isto na região deCuritiba).

Um dos raros relatos que se tem disponível, da presençade escravos africanos na cidade, foi observada no contextode uma conversa que presenciei, onde seu GenerosoCândido de Oliveira, contava sobre a sua bisavó Mariados Anjos. Que era dona de escravos negros, (não deindígenas), já antes de 1840. Quando recebeu a doa-ção das sesmarias na localidade que corresponde oJardim São Francisco, Monte Santo e a parte onde selocaliza a Igreja Matriz. Sua bisavó recebeu o apelidode Sinhá do Terço, porque todo final de tarde ia rezar oterço na pequena Igrejinha de estuque que havia feitoem sua propriedade. Como já era uma senhora de ida-de, sempre andava na companhia de dois escravos quelhe ajudavam chegar até a capela129.

Outro fragmento histórico que relata a utilização da mão-de-obra escrava africana em território tamandareense nocomeço do século XVIII (na época era Curitiba e que hoje éCampo Magro), porém, para fins de mineração aurífera, diz

129 Relato de seu Generoso Cândido de Oliveira, aproximadamente em 1995.

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respeito ao português Gaspar Correia. Mas que também seutilizou de escravos nativos (índios)130.

Quanto à presença indígena nos traços do tamandare-ense nato é significativa baixa. Pois, foram registrados nes-ta época apenas 840 moradores pardos131, entre eles cafu-zos, mamelucos e mulatos. Isto se deve em grande parte,as predatórias caçadas aos primitivos habitantes ainda noséculo XVI e XVII, a qual praticamente exterminou todauma cultura, e inviabilizou uma miscigenação realmentesignificativa entre brancos e índios tinguis. Eis, que istoassim aconteceu porque as povoações que se instalaramna região do atual município, chegaram quando pratica-mente já não havia uma quantidade significativa de nati-vos percorrendo as terras tamandareense. Ainda lembran-do que estas povoações eram formadas por aventureirosem seu inicio, que vieram mais com a intenção de procurarriquezas e caçar índios, do que propriamente criar uma co-munidade. Rara à exceção.

No entanto, são as características europeias os traçosmais predominantes nesta população, principalmente por-que no século XIX, o Paraná começa receber uma leva mui-to grande de imigrantes europeus. Pioneiramente che-gam 160 imigrantes entre alemães, poloneses e sue-cos para ocupar 31 lotes de área 9,98 (ha) da ColôniaSão Venâncio, localizado em uma região de 300,08 (ha)na Cachoeira em 1871. A denominação São Venânciosó é oficializada para a colônia em 1877. A qual se ins-pira em homenagem não especificamente ao santo.Mas ao Presidente da Província Venâncio José de Oli-

130 PREFEITURA DE CAMPO MAGRO. Turismo rural/Trilha do Ouro . Disponível em: < http://prefeituradecampomagro.blogspot.com/p/turismo-rural.html> Acesso em 15 jan. de 2011.

131 Idem.

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veira Lisboa. Porém com a anexação da expressão“São”, para enfatizar o aspecto religioso132.

Destaca-se também, os poloneses oriundos da Silésia ealemães num total de 746 pessoas, que se estalaram em139 lotes de área com 7 (ha) numa região de 921,41 (ha) naLamenha. Esta divisão foi projetada pelo engenheiro LuizA. J. Azambuja Parigot. Esta localidade foi à primeira emsua denominação a carregar a homenagem ao proprietárioda gleba original, ou seja, o então Presidente da ProvínciaLamenha Lins 1876133.

Em 1878 chegam 244 imigrantes entre poloneses e itali-anos para ocuparem uma área de 350,82 (ha) dividida em35 lotes de tamanho de 10 (ha) da Colônia Antonio Rebou-ças em Timbutuva (as margens da antiga Estrada paraCampo Largo). A denominação da localidade foi uma ho-menagem ao Engenheiro que desenvolveu o projeto: Anto-nio Pereira Rebouças no mesmo ano134.

No ano de 1886, 180 imigrantes italianos e polonesestambém ocupam o antigo Sitio Ressaca às margens do RioBarigui, para fundarem a Colônia Santa Gabriela, que pos-suía inicialmente 40 lotes com tamanhos que variava de 7a 8 (ha) distribuídos em uma área de 216,00 (ha). O enge-nheiro responsável pelo projeto foi o Sr. Manoel Francisco T.Correia. Já a denominação da localidade se vincula a umahomenagem a Senhora Gabriela d´Escrangnolle Taunay,mãe do Presidente da Província do Paraná Alfredo Taunay.A qual se anexou a expressão Santa para enfatizar o aspec-to religioso135.

132 KANASHIRO, Milena. Paisagens étnicas em Curitiba: um olhar histórico-espacial em busca de entopia.Tese de Doutorado em Meio Ambiente e Desenvolvimento da Universidade Federal do Paraná – UFPR, da linhade pesquisa “Urbanização, Cidade e Meio Ambiente”, Curitiba PR: 2006, p. 205-208.

133 Idem, p. 201, 205-208.134 Idem.135 Idem.

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Também desde 15 de agosto 1886 existia a Colônia An-tônio Prado, composta de imigrantes de 26 famílias polone-ses e 12 famílias italianas que ocuparam 54 lotes de tama-nho que variavam de 5 a 8 (ha) em uma área de 415,67(ha)136. Porém, esta ultima compreendia tanto o territóriotamandareense quanto o do atual Município de Colombo.Esta região foi assim denominada em homenagem ao Mi-nistro da Agricultura Antonio Prado.

É graças ao constate estudo que se faz sobre as imigra-ções que ocorreram na região, que foi possível descobrirum passado, apagado pela própria extinção da cidade emmeados do século XX. Ou seja, é por causa de informaçõessimples, como a dos primeiros poloneses que vieram a mo-rar no Botiatuba. Que se descobre que a localidade já eraantiga. Pois, José Gelanski e João Gavliki, chegaram aoBotiatuba em 1894137. Ou seja, os imigrantes não legaram

Família Wolf. José Wolf e sua esposa Thereza Wolf, com os filhos Fredolin,Alfredo, Hugo, Francisca, Gabriela, Sophia e Thereza/imigração alemã

Fonte: Casa da Memória: Curitiba

136 PREFEITURA MUNICIPAL DE COLOMBO. Colombo de todas as gentes. Disponível em: <http://www.colombo.pr.gov.br/pagina.asp?id=163> Acesso em: 13 Dez. 2010.

137 KOKUSZKA. Pedro Martim. Nos Rastros dos Imigrantes Poloneses. Curitiba: Ed. Graf. Arins, 2000, p.169.

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apenas seus hábitos culturais, físicos e filosofias. Guarda-ram a história de Almirante Tamandaré, em sua própria his-tória.

Porém, com o advento da Primeira Grande Guerra (1914-1918) e Segunda Grande Guerra (1939-1945), o Estado doParaná recebeu uma nova leva de imigrantes, desta vez ita-lianos, russos, ucranianos, poloneses e alemães. AlmiranteTamandaré, se tornou o destino de muitos italianos e ucra-nianos nessa época. Diante de tais fatos, não era raro en-contrar na zona rural de Almirante Tamandaré, pessoas fa-lando polonês, italiano e ucraniano nesses períodos cita-dos. Em 1950, o censo demonstrava a presença de 56 es-trangeiros e 16 brasileiros naturalizados.

Relevando as informações expressadas, as característi-cas étnicas culturais que estes diversos povos deixaramcomo herança são extremamente visíveis nos dias atuais.Do nativo tingui, ficaram as lendas e o vocabulário quandoreferente a nomes de rios, animais, plantas e regiões. Exem-plos: Rio Barigui, Bairro do Tanguá, Juruqui, Pacotuba, Bo-tiatuba, Bracatinga,..., e hábitos alimentares como o decomer pinhão, utilizar a erva-mate. Do africano herdamosas crenças e superstições ligadas às manifestações religio-sas africanas, (talvez seja por este motivo que acreditamosem simpatias). Do europeu português, a língua, o dom decomercializar e negociar diplomaticamente, a pele branca,religião cristã católica. Dos poloneses, alemães e ucrania-nos herdamos novas técnicas de cultivo do solo e a produ-ção de novas culturas como a beterraba e cenoura, a per-cepção visionaria, o protestantismo; dos italianos herda-mos o habito de falar alto, falar simultaneamente se ex-pressando com a mão, o desenvolvimento da cultura da uvae derivados dela, filosofias políticas. Outro fator que tam-

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bém colaborou para que o tamandareense nato, filho dosfilhos das décadas anteriores a 1980 carregasse estes tra-ços europeus tão marcantes, foi o fato que os imigrantesvindos a partir de 1870, vieram para se estabelecer definiti-vamente no território, não para enriquecer e um dia voltarà terra natal. Também deles herdamos as característicasde sermos um povo fechado, sério, porém muito amigo efraterno.

Quanto às características físicas predominante do povode Almirante Tamandaré, é muito diversificada. Na regiãorural predominam pessoas de pele branca, olhos claros (ver-des ou azuis), cabelos loiros, bem típica poloneses, ucrani-anos e italianos do norte da Itália, já que estas regiões atéo presente momento não sofreram tanta a influencia dadescontrolada urbanização sofrida pelo município, porémse encontram muitos pardos (cafuzos). Já na região sededo município, até meados de 1980, eram típicas as caracte-rísticas portuguesas, pele clara, cabelos negros, olhos cas-tanhos e escuros. Já nas regiões urbanas de intenso povo-amento a partir da década de 1980, ficou difícil distinguir oque predomina, porém, o que o censo revela é a predomi-nância parda em suas três manifestações (mameluco, ca-fuzo e pardo).

No entanto, o que se percebe, é que dentro de Tamanda-ré, existem vários tipos de realidades étnico-culturais. Pois,no desempenhar da atividade de professor, consegui obser-var bem esta realidade. Por exemplo, na Escola EstadualLamenha Pequena, predomina nos alunos as característi-cas da imigração ítalo-polonesa, já no Colégio Vila Ajambi,predomina a característica parda e a forte migração de pes-soas do Norte do Estado do Paraná; já no Colégio JardimParaíso, existe uma mescla entre pardos do interior do Es-

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tado, pardos filhos de Tamandaré mesmo e alunos que ain-da carregam traços dos imigrantes poloneses na região. Ouseja, contemporaneamente, se predomina no município ohomem pardo.

Querendo ou não, cada um que passa pelo municípiodeixa um pouco de si, mesmo não querendo. Pois, foi as-sim, que surgiu esta população gigantesca. E por causadela que Tamandaré progride e tende a progredir mais.Muitos problemas este fluxo migratório trouxe ao municí-pio, mas foram estes problemas que quando resolvidos,melhoraram e modernizaram a cidade. Antes AlmiranteTamandaré era dos Tinguis, então chegaram os Portugue-ses e mais tarde os eslavos e germânicos. Porém, hoje Ta-mandaré é cosmopolita, mesmo sendo um adjetivo exage-rado, a cidade é e sempre foi. Porque sempre passou porestas bandas, gente de todas as partes do Brasil e do mun-do. Pois, se não foi assim, por que então nosso povo possuicaracterísticas tão diversificadas e mesmo assim consegueconviver com este fato de forma harmônica?

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Sabadão ensolarado, sem nada para fazer, assistia a te-levisão, quando passou uma propaganda de cerveja, quemostrava um cenário de festa, alegria, cheio de mulheresbonitas ao redor de uma piscina onde algumas pessoas sebanhavam, enquanto outros saboreavam uma refrescante“loira gelada”. Foi neste momento que me rompeu umavontade imensa de ir nadar. Logo me lembrei da “Piscinados Padres” ou Recanto Santo Antônio, que fica a poucomais de um quilômetro de casa. Sem muita hesitação pe-guei a bicicleta e fui até lá.

Já na portaria avistei o Chicão (Francisco Alves PereiraNeto), arrendatário e guardião daquele maravilhoso pontoturístico tamandareense. Fui naturalmente cumprimentá-lo, já que ele é um velho amigo e colega de profissão deminha mãe no Colégio Estadual Ambrósio Bini.

Conversa vai, conversa vem, comentei que andava meioestressado, devido à correria do dia-a-dia. Neste mesmoinstante, ele sorriu e me disse que eu havia vindo ao lugarcerto. E foi logo me mostrando à parte rasa da piscina, cujo,

Potencialidades turísticas

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o fundo é cheio de pedrinhas, e simultaneamente me expli-cando que aquelas pedrinhas ali dispostas no fundo, pos-suíam propriedades terapêuticas que auxiliavam o relaxa-mento do corpo, pois, massageiam a sola dos pés.

Depois foi me mostrar o banho de relaxamento, que seresume em ficar debaixo de onde escorre a água da pisci-na, já que ela é um reservatório de água natural corrente.Neste mesmo instante também me aconselhou se caso eutivesse algum problema nas pernas, resultado de esforçomuscular, bastava deixar aquela água cair sobre o membrolesionado por alguns minutos, que praticamente a pernase recuperaria do desgaste. O único problema é ter cora-gem de enfrentar a congelante água.

Após, ter me dado estas dicas, foi atender um grupo depessoas que vieram visitar o recanto. A partir deste mo-mento, comecei a realizar o necessário procedimento paraentrar em um local com água gelada, ou seja, fui me mo-lhando e entrando na piscina aos poucos, enquanto admi-rava o harmonioso bosque de pinus, que se concentra nointerior do recanto. Pois, queria evitar um choque térmico.

Já praticamente dentro da água, comecei a nadar e mer-gulhar, em fim, se divertir e se refrescar. Depois, de um tempofiquei descansando sentado na beira da piscina, quandoum casal, puxou conversa e perguntou se existiam outrospontos turísticos na cidade além desse.

Sem muito pensar, disse que sim, e comecei a apresen-tar o que conhecia de belo e importante que existe em Al-mirante Tamandaré. Porém, as belezas naturais eles já ha-viam presenciado, no entanto, eles queriam conhecer lo-cais feitos pelos homens, e que tivesse um valor histórico.

De forma espontânea apontei para o prédio do seminá-rio, inaugurado em 1935138, e consequentemente para a pis-

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cina, a qual, expliquei que ela era na década de trinta (1938)uma barragem. Que servia para produzir energia elétricapara alimentar o próprio seminário. Já que, nesta época, aenergia elétrica era um conforto raro para os moradores dacidade, e quem tinha era porque a produzia particularmen-te. Com o tempo, após o desenvolvimento de uma rede es-tatal de distribuição de energia, a pequena usina foi desa-tivada, e adaptada como piscina.

No entanto, a construção, mais importante, que inclusi-ve é um patrimônio histórico e artístico do Estado do Para-ná, desde 25 de março 1994, sob o processo nº 001/93. Ins-crição nº 119, Livro do Tombo Histórico, é a Prefeitura Ve-lha. A qual foi construída na gestão do Prefeito João Candi-do de Oliveira e inaugurada na mesma gestão, a qual con-tou em seu ato solene em 26 de março de 1916, com a pre-sença do Presidente do Estado do Paraná, Affonso Alves deCamargo139.

Seminário Santo Antonio, já foi sede administrativa da Paróquia

Fonte: capuchinhosprsc.org.b

138 KOKUSZKA. Pedro Martim. Nos Rastros dos Imigrantes Poloneses. Curitiba: Ed. Graf. Arins, 2000, p. 135.139 GOVERNO DO ESTADO DO PARANÁ/SECRETARIA DO ESTADO E DA CULTURA. Espirais do tempo. Bens

tombados do Paraná. Curitiba, 2006, p.47.

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Porém, após sua desativação em 1986, na gestão do en-tão Prefeito Ariel Adalberto Buzzato, o prédio da PrefeituraVelha, abrigou a Biblioteca Municipal Santos Dumont, aqual foi remanejada para o bairro da Cachoeira, ocupandoo prédio da antiga estação ferroviária140. Em seu lugar, foiinaugurada no dia 27 de abril de 2006, com um acervo inici-al de 1711 livros a Biblioteca Municipal Dr. Harley ClóvisStocchero141. A qual foi assim denominada, como justa ho-menagem, a um cidadão filho nato da terra de Tamandaré,que carregou sua origem, no contexto honroso de fazer par-te da Academia Paranaense de Letras, na qual foi o 5º ocu-pante da Cadeira Nº 6142.

Coincidência ou não, o poeta, escritor, advogado e funci-onário público, seu Harley, faleceu no mesmo dia e mês(26/03/2005) que se inaugurou o prédio em que hoje se lo-caliza a biblioteca que leva seu nome.

Prefeitura Velha década de 1940

Foto: Banner Biblioteca Harley Clóvis Stocchero

140 PARANÁ OLINE. Nova Biblioteca. Disponível em: <http://www.parana-online.com.br/colunistas/12/35296/>Acesso em: 02 dez. 2010.

141 Idem.142 HOERNER Junior, Valério, BÓIA, Wilson, VARGAS, Túlio. Bibliografia da Academia Paranaense de Letras. Curi-

tiba: Posigraf 2001, p. 48.

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Encantados com a explicação, o casal do interior do Pa-raná, perguntou o porquê daquele prédio, era tão impor-tante para a cidade a ponto de receber o status de patrimô-nio histórico. Então, expliquei que aquela construção sim-bolizava a emancipação política do município, ou seja, eraum monumento cívico.

No entanto, esta não é a única construção histórica queo município possui. Eis, que existe na região do Marmelei-ro, a Igreja Nossa Senhora da Luz, a qual foi erguida aindaem 1908. No entanto, não é apenas sua idade que lhe tornaespecial, já que em seu interior, é possível se desfrutar debelas pinturas, feito por um italiano infelizmente ainda deidentidade desconhecida.

Impressionados, já que não imaginavam este lado dacidade, o casal pediu que contasse mais, se havia outrospontos históricos e turísticos na região. Sem hesitar, expli-quei que já no começo da estrada que leva até a Igreja doMarmeleiro (Igreja Nossa senhora da Luz). Porém, não tãoimponente como as outras construções explicitadas, noentanto, um fragmento que marca a religiosidade dos imi-grantes poloneses, estabelecidos pioneiramente na regiãoque também ajudaram a escrever a história do povoamentoda cidade, é a Capelinha do Pacotuba, construída em 1929por um grupo de poloneses da Sociedade Tadeusz Kokszko.A qual, também serve como um marco, que indica que aliera um pequeno cemitério, onde foram enterrados algunsfilhos de moradores pioneiros da região (os recém-nascidosAdão e José Kotovski e o João Antônio Brzezinski). Foraoutras crianças e pessoas não identificadas, cuja, segundoinformações, se colocava uma cruz azul na sepultura dosmeninos, e uma cruz rosa na sepultura das meninas.

Um fato interessante que marcou a Capelinha foi à de-

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predação que ela sofreu por fanáticos religiosos, a qual sedeu no furto e destruição de uma imagem de São João, aqual seus pedaços foram jogados no terreno da senhoraDoroti Dugonski. Este ato de vandalismo foi motivado pelofato desses fundamentalistas repudiarem o culto a imagens.Depois de algum tempo, foi doada uma imagem de São JoãoBatista, que permaneceu intacta até a década passada,quando provavelmente um grupo de vândalo, sem motiva-ção alguma consumiram com a imagem. É por este motivoque a Capelinha do Pacotuba, é denominada oficialmentecomo Oratório São João Batista.

Colaboraram com a construção da histórica capelinha: oSr. Martin Bugalski, que dou o terreno. Já os Senhores: Ita-ciano José Siqueira, Pedro Polanisnski, Martin Bugalski,Francisco Postareck, Joaquim de Barros Teixeira, BernardoBrzezinski e meu bisavô paterno Damião Kotoviski, doaramrecursos financeiros, o qual foi utilizado pelo Senhor. To-mas Sopa, no desempenhar de seu trabalho em construí-lae pintá-la originalmente de amarelo.

A doação do terreno feita pelo senhor Martin Bugalski, eocorreu em necessidade de pessoas, que por motivos religi-osos, pela falta de cemitério ou por não conseguirem pagaro atestado de óbito, lhe geravam o problema de não conse-guir sepultar seus entes queridos em um cemitério oficial.Sendo assim, estes eram enterrados nas proximidades, jádentro do terreno de seu Martim, percebendo este fato ogeneroso cidadão, resolveu ceder um pouco mais o terrenodestinado para este fim.

No ano inicial do século XXI (2001), a capelinha foi mu-dada alguns metros de lugar e cuidada pelo empresárioReinaldo de Mello até a presente data. No entanto, no anode 2002, minha mãe, a Dra. Mestra Professora Josélia Apa-

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recida Kotoviski, desenvolveu um projeto de pesquisa comseus alunos do Colégio Estadual Jardim Paraíso, onde umdos objetivos era dar fundamentação histórica notória,para o tombamento histórico municipal do Oratório. Oqual recebeu o apoio e posteriormente foi pleiteado,junto á Câmara Municipal de Almirante Tamandaré,pela então Vereadora Clarice Gulin (neta de DamiãoKotoviski e uma das primeiras mulheres eleitas para ocargo de vereador na história do município, na gestão2001 até 2004).

Porém, só em 25 de junho de 2005, no primeiro mandatodo Prefeito Vilson Rogério Go-inski, (que a principio é descen-dente de poloneses), o OratórioSão João Batista foi reconheci-damente e merecidamente res-taurado.

Porém, estes não são os úni-cos oratórios da cidade, pois,existem A Capelinha do Tanguá,construída com os esforços dasfamílias Soccher, Wosch, Drechs-ler, Zgoda, Kleina, Ponchek, Nas-cimento, Schwonka, Kukla, Wolf,Chiquim, Krauser e Mazarottoem 1941, a qual foi restauradaem 01 de fevereiro de 1957 porMário Chiquim e Maximo Salva-ro. Em 1995 a partir da iniciativado casal Thomaz e Mirtez Galu-zki, a capelinha que representao tempo do Tanguá Colônia, foi

Solenidade de Restauração daCapelinha do Pacotuba/o Sr. Es-tanislau Pupia, Dona NoêmiaKotoviski, nora do saudoso Da-mião Kotoviski que ajudou aconstruir a capelinha, ao fundoalunos da Professora JoséliaKotovski (nora de dona Noê-mia), o Prefeito Vilson Goinski,e a ex-vereadora Clarice Gulin(filha de dona Noêmia)

Foto: Ari Dias, Junho 2005

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restaurada, com apoio do Vereador João Carlos Bugalski edo Vice-Prefeito Zair José de Oliveira e comunidade143.

Também existe a Capelinha São Carlos Boromeu, data-da de 1939, localizada na Colônia Gabriela, numa encruzi-lhada, nas proximidades da Igreja de São Francisco Xavier.A qual é um Patrimônio Histórico Cultural do Paraná, e oprimeiro a ser tombado da cidade em 13 de março de 1979sob o processo nº 071/79. Inscrição nº 70, Livro do TomboHistórico144.

E por fim a mais antiga, com mais de 110 anos que é oOratório Santo Izidoro, construídos em 1899 na LamenhaGrande. Eles representam a marcante religiosidade do imi-grante polonês, que devido às dificuldades que encontra-vam para chegar até a uma Igreja, rezavam suas missas aoredor delas, como também era um costume europeu, deconstruir pequenos oratórios nas encruzilhadas como sinalde agradecimento as benções recebidas145.

Com grande ar de satisfação, o simpático casal perce-bendo que eu era um filho da terra, perguntou o que signi-ficava o portal de entrada, que existe na margem da Rodo-via dos Minérios.

Contente pelo interesse deles pela história do municí-pio, coisa, aliais que muitos dos que são acolhidos por nos-sa cidade se quer conhecem, respeitam e até desprezam.Diante deste incentivo involuntário que este filho da terrarecebeu, comecei a satisfazer a curiosidade deles.

O portal, os quais vocês se referem, é um Portal Maçôni-co, pois nele se dispõem, a partir de um criativo trabalho dearquitetura, no contexto de uma representação sobreposta

143 FOLHA DE TAMANDARÉ. Restauração da Capelinha do Tanguá. Ano IX, 28 de outubro de 1995, p. 11.144 GOVERNO DO ESTADO DO PARANÁ/SECRETARIA DO ESTADO E DA CULTURA. Espirais do tempo. Bens

tombados do Paraná. Curitiba, 2006, p. 48.145 KOKUSZKA. Pedro Martim. Nos Rastros dos Imigrantes Poloneses. Curitiba: Ed. Graf. Arins, 2000, p. 177-179.

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de vários compassos, os quais simbolizam as organizaçõesmaçônicas. É uma construção recente, inaugura em 11 desetembro de 1999, na gestão do prefeito Cezar Manfron,que revitalizou a antiga praça que lá existia. A qual contin-ha apenas alguns marcos de organização como o RotaryInternacional, e trabalhadas pedras símbolos que represen-tavam a extração do calcário.

Surpreso o casal fez uma observação comparativa ana-lógica interessante: “Ah! Por isto que a cidade possui váriosmarcos administrativo no formato de pirâmide de base tri-angular”.

Outra obra contemporânea, que expressa de forma sim-bólica à cultural da cidade. São os Painéis de Cerâmica,que se dispõemna parede exter-na da CâmaraMunicipal de Ve-readores, que foiinaugurada em15 de abril de2000, na gestãoCezar Manfron.O qual um mos-

Portal Maçônico construído em 1999

Foto Antonio Ilson Kotovski Filho, março de 2011

Parque Ambiental de Areias, construídona Gestão do Prefeito Vilson Goinski

Fonte: Revista Almirante Tamandaré, p.53.

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tra um desenho da Prefeitura Velha (emancipação), junto aum forno rústico de cal, (economia), um livro (história) euma Araucária (natureza). Já o outro mostra o Portal Maçô-nico, criados pelo artista R.Hundsdorfe.

Apesar de serem poucos os atrativos históricos, a cidadepossui muitos parques. Um deles é este que esta a nossafrente no outro lado do muro. É o Parque Santa Maria. Po-rém, existe um probleminha, é particular, de propriedadeda APM do Colégio Marista Santa Maria. No entanto, elepossui um Hotel, que serve para diversos fins. Inclusive,me recordo quando o Coritiba Foot Ball Club fez uma pré-temporada no parque, 1989. Eis, que apesar de ser atletica-no, acompanhei uns amigos coxas, que foram pegar auto-grafo dos jogadores. Lembro que o Paulo Gobor levou atéuma revista Placar do Coxa, comemorativa das maiores tor-cidas do Brasil, para ser assinada pelos jogadores, entreeles: Tostão, Chicão, Serginho, Pachequinho,..., outros le-varam um álbum de figurinha, que continha as fotos dessaturma, apesar de serem rivais, esses caras fizeram históriano futebol paranaense. Porém, o Coxa não foi o único a sehospedar ali, o Malutron Sociedade Anônima, CampeãoBrasileiro da Terceira Divisão, também fez pré-temporadaali. Pois, o local tem piscina, lago para pescar, pista de cor-rida, campos de futebol, churrasqueiras, rios, mata, parqui-nho, um grande salão de festas multiuso, onde são realiza-das festas diversas, Festa Junina, concurso de Misses, pre-miações da Folha de Tamandaré, gincanas,..., resumindo, oparque Santa Maria atende todos os gostos e públicos. Atéfoi encontrada uma cobra sucuri no Rio Botiatuba que ocorta.

- Cobra Sucuri? Mas elas não existem só no Mato Grossoe no Norte do Brasil?

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-Foi a mesma pergunta que o atendente do 190 fez, quan-do uma mulher ligou para a polícia avisando que tinha umasucuri no rio próximo a casa dela. Pensando ser um trote, opolicial nem deu bola. Indignada a mulher ligou para a rá-dio Banda B, os quais surpresos resolveram investigar.

-Resultado: a cobra foi encontrada e retirado do local.-Como a cobra apareceu ali?-Tudo índica, que alguém foi para o Mato Grosso ou Nor-

te do País e trouxe um filhote, e possivelmente ele cresceua ponto de não ser possível mais criar em casa. Por estemotivo, o irresponsável e criminoso (já que é crime ambien-tal introduzir espécies exóticas em um habitat não compa-tível a ela), ao invés de levar até o Passeio Publico ou noZoológico de Curitiba (Parque Municipal do Iguaçu), am-bos em Curitiba. Resolveu jogar o bicho no lago do parqueou no rio que passa pelo mesmo.

- Rapaz, que loucura!- Fora este inusitado fato, meu pai conta, que quando

ele era criança, e brincava na região do atual parque, jáque o parque fazia divisa com a sua casa, existia uma espé-cie de gruta, onde existia uma escadaria de pedras. Segun-do o que ele escutava na época, aquele local era um buracoonde se abrigavam índios tinguis, e foi usado pelos jesuí-tas, devido às escadas de pedras que lá existiam e sinaiscaracterísticos146 que os denunciavam. O problema é queeste buraco não existe mais, pois, o terreno cedeu, por cau-sa das chuvas. O que sobrou é apenas um buraco.

Contemporaneamente, existe um pessoal ligado a ufo-logia, que supostamente diz verem luzes e objetos voado-res não identificados, saírem de atrás de seus morros ematas (na região das curvas em “s” da rodovia). Mas isto é

146 VENET, Ilio. Jesuítas. Curitiba: Ed. Litero-técnica , 1977.

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mais uma lenda da cidade (ou não!). Pois, eu que moro pró-ximo a mais de 30 anos, nunca tive a oportunidade de veralgo. Até um dia fui explorar a região para ver se achavaalgum vestígio, que confirmasse esta história. A única coi-sa que vi, foi uma pequena ilha fluvial que existe no rioBarigui, as margens da rodovia dos minérios, que me valeuo dia.

No entanto, existe um parque estadual público no outrolado da rodovia, praticamente de frente a entrada principaldo Parque Santa Maria. Trata-se de um dos maiores par-ques ambientais urbanos do mundo, já que o Parque Ambi-ental Aníbal Khury, foi criado através da Lei nº 14233, de 28de novembro de 2003 e decretado de utilidade pública atra-vés do Decreto nº 3003 de 19 de maio 2004, o qual possuiuma área de 220 hectares147. Devido ao seu passado, estaárea ter sido um haras (o Haras Tamandaré), sua estruturafoi aproveitada pelo 4º Esquadrão do Regimento de PolíciaMontada, mas também se desenvolvem atividades de equi-tação terapêutica para deficientes. Ou seja, é um local se-guro para qualquer visitante, pois além de ser patrulhadopela policia militar, não se pode beber bebidas alcoólicasno seu interior.

No parque existe ainda um Centro de Educação Ambi-ental mantido pela Sanepar em parceria com o Município.Além de seu lado sócio/ambiental, o visitante pode desfru-tar das trilhas para caminhadas, parquinho temático paraa criançada, decks de contemplação do lago, mirante, pis-ta para cavalgada e churrasqueiras.

O parque estadual foi inaugurado em 1º de junho de 2008,na gestão do Prefeito Vilson Goinski, com a presença do

147 ECOPARANÁ. Parque Ambiental Anibal Khury. Disponível em: <http://www.ecoparana.pr.gov.br/modules/conteudo/conteudo.php?conteudo=23> Acesso em: 03 dez. 2010.

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então Governador do Estado Roberto Requião, com a ben-ção, missa solene e posterior show do padre cantor Regi-naldo Manzotti, que foi transmitido pela TV Educativa, paratodo o Brasil148.

Outro Parque Ambiental é o do Jardim Mônica, que foicriado com o objetivo de preservar a flora e fauna da região,que possui uma infraestrutura de trilhas, parquinho infan-til e um Centro de Educação Ambiental. Foi inauguradoem 1998, na gestão do Prefeito Cezar Manfron.

E para finalizar os parques ambientais, existe um nobairro de Areias, praticamente margeando a Rodovia dosMinérios, praticamente na divisa com o município de RioBranco do Sul, o Parque Ambiental de Areias, cujo qual,possui cerca de 24.000m², foi inaugurado em 2009, na ges-tão do prefeito Vilson Goinski. É um parque que conta comcanchas esportivas, parquinho para as crianças, pista decorrida e churrasqueira, além de um belo lago central.

Além, desses parques ambientais, existe o Parque JoséAir Colodel, também conhecido como Parque Esportivo Pa-raíso que é um centro de lazer urbano, na região do JardimParaíso. O qual conta com churrasqueiras, estacionamen-to, uma pequena arborização e canchas de futebol de gra-ma, que nos dias de semana funciona como escola de fute-bol, mantida pelo município. Sua construção ocorreu nagestão do prefeito Cezar Manfron, o qual foi inaugurado nomês de agosto de 1999.

Fora os parques públicos, existem muitas sedes campes-tres de importantes clubes e associações. Entre elas se des-taca o Sindicato (Clube Campestre dos Comerciários deCuritiba), na região do Boichininga, o qual pertence ao Sin-

148 Idem.149 SINDICOM. Clube Campestre dos Comerciários de Curitiba. Disponível em: <http://www.sindicom.org.br/

site/sedecampestre/sinsedecam.asp> Acesso em: 03 dez. 2010.

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dicato dos Empregados no Comércio de Curitiba149. É umlocal maravilhoso, composto de quadras de tênis, campode futebol, piscina, churrasqueira, áreas verdes, cachoeira,trilhas, parquinho, restaurante e um mini zoológico. Porém,apesar do restaurante ser aberto ao público não associado,suas piscinas é de uso exclusivo de sócios.

A propriedade, onde está estabelecido este clube cam-pestre, pertencia a seu Angelo Brotto Sobrinho, o qual foihomenageado pela SINDICOM, com uma praça próxima acancela da portaria. Nesta interessante pracinha, existe umapedra com uma placa de bronze, indicando o nome e a datade descerramento dela que foi em 10 de agosto de 1980. Noentanto, apesar de ter sido comprada pelo sindicato, foimantida a histórica e centenária casa original e o barracão.Onde seu Angelo já antes da década de 1950 produzia vi-nho, graspa e cachaça sob a marca Brotto (escrito em rotu-lo amarelo com as letras pretas), para vender na capital ena cidade, concorrendo com a Pinga Batalhosa do seu Jai-me Teixeira Alves. Neste mesmo barracão foi feito um res-taurante e mais tarde ampliado, sem destruir o original.

Porém, no tempo do saudoso e pioneiro encarregado da

Eu com 7 anos no antigo parque temático existente no SINDICATO/feve-reiro de 1984. Na segunda foto, mostra uma cachoeira dentro do SINDI-CATO, produzida por uma barragem/julho 1995

Álbum da Família Kotoviski

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administração, o Sr. Sebastião Tavares (década de 1980),era parte da decoração rústica do restaurante os gigantestonéis de vinho, graspa e cachaça. Além de um minimuseu com os instrumentos de fabricação dessas be-bidas, sendo que o alambique funcionava nessa épo-ca, apenas de forma artesanal. Lembro-me do maca-quinho-prego Chico que tinha no mini zoológico. Atu-almente tem avestruz.

Outra sede campestre de clube é o Parque RecreativoClube Atlético Primavera (Primavera). Clube de futebol pro-fissional curitibano que realizou seu ultimo jogo profis-sional em 12 de julho de 1969, contra o extinto ClubeAtlético Ferroviário (que deu origem ao contemporâ-neo Paraná Clube do Brasil) perdendo por 3X1. Licen-ciado das atividades futebolísticas do Estado desde1970, cujo qual, possui sede e localizada na Região doJuruqui. É um local exclusivo para seus sócios. Porém,que pode ser utilizado para eventos, já que dispõemde um amplo espaço verde, churrasqueiras, quadrasesportivas, lago, salão de festas,... Historicamente, asede desde clube era originalmente um convento per-tencente à Ordem dos Irmãos Maristas, que foi adqui-rido pelo clube na década de 1990, em permuta pela ven-da de sua sede original no bairro do Taboão em Curitiba, oEstádio João Loprete Frega150.

Aproveitando a visita ao Parque Primavera, o turista podetambém visitar o Observatório Astronômico Professor Dr.Leonel Moro, que se localiza próximo do parque. Porém,que atualmente pertence ao Município de Campo Magro.

- Por que atualmente pertence ao município de Campo

150 FUTEBOL E FRITAS. Adeus Comendador. Disponível em: <http://www.futebolefritas.blogger.com.br/2007_09_01_archive.html> Acesso em 03 dez. 2010.

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Magro?- É que na época em que este observatório astronômico

foi inaugurado (24 de novembro de 1994), Campo Magroainda era um Distrito de Almirante Tamandaré.

- Mas por que foi escolhido um local isolado para cons-truí-lo?

- Os motivos é que ele se assenta sobre um morro de1062 metros acima do nível do mar. Já o segundo motivo éque a localidade possui as melhores condições meteoroló-gicas de toda a Região Metropolitana e o terceiro é que olocal é de fácil acesso. Principalmente para os alunos doColégio Estadual do Paraná. Pois, o observatório pertencea esta tradicional instituição de ensino do Estado.

- A inauguração deste observatório contou com a pre-sença do então Governador Mario Pereira e autoridadesmunicipais e o responsável por ele na época, o ProfessorJosé Manoel Luís Ungaretti da Silva e a Diretora Geral da

Instituição a Professora Adélia Dias Castelã Ribeiro.Existe também, o Parque Aquático Clube de Campo

Inauguração do Observatório Astronômico Professor Dr. Leonel Moro

Foto: Álbum Família Kotoviski

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Águas do Valverde, qual conta com piscinas abastecidascom água natural, área de recreação, uma mata para sefazerem trilhas e lanchonetes. No entanto, para poder des-frutar desta infraestrutura deve-se ser sócio. Lembro que omotivo que me levou associar-se ao clube foi por causa deuma moça, que eu gostava muito. Como descobri que elaera sócia e frequentava aos domingos a piscina, resolvi com-prar um título, só para ir ver ela de perto, e vê se conseguiaalgo. Porém, pouco o usei, e também nas vezes que fui atéa piscina, infelizmente não há vi.

Já na Rua Pedro Teixeira Alves, nº 54, existe o Clube dosSubtenentes e Sargentos do Exército. Porém, este tambémé um local restrito aos seus sócios. Já A Fundação Celeparlocalizada junto a Estrada do Pacotuba, 1123, é um localaberto aos funcionários da Celepar. Mas pode sediar eventos.

Fora estes centros lazer restritos, a cidade abriga váriospesque-pague, com estruturas variadas. Uns com piscina erestaurantes, outros só com o lago e lanchonete. Existemtambém os restaurantes com infraestrutura de chácara delazer, os quais oferecem jantarem, café colonial, almoço,espaço para lazer, pesca, passeio a cavalo, trilhas,...

- Fora parque, o que mais existe?- Se vocês gostam de aventura, ou de um simples pas-

seio, existe o Circuito da Natureza de Turismo Rural. O qualfoi desenvolvido e planejado para tornar acessível ao turis-ta, o contato e o resgate com a história e a cultura pioneirada região, além do seu lado social e econômico que visa àpromoção do desenvolvimento sustentável de comunida-des colonas. Diante disto, neste trajeto, será predominantea produção familiar, o oferecimento gastronômico típico,além de trilhas, caminhos, pesque-pague, artesanato e ar-quitetura, disponibilizados pelas Colônias do Marmeleiro,

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de São Miguel, Lamenha e outras.- É um passeio que pode ser feito de carro ou bicicleta.

Mas se vocês quiserem um desafio mais radical, aconselhovisitar as diversas grutas existentes no interior da cidade.Cuja formação predominante é o dolomito e o calcário, sen-do a Gruta do Sumidouro considerada pelo Grupo de Estu-dos Espeleológicos do Paraná-Açungui como uma das dezmais importantes da Região Metropolitana Norte de Curiti-ba e a única que permite a entrada de visitantes. Não háinfraestrutura turística nas grutas.

- É um passeio bom para vencer o estresse do dia-a-dia.- Sim é muito bom. Porém, se vocês quiserem um local

bom e natural para tratar deste mal do capitalismo, reco-mendo que conheçam a Clínica Naturista Oásis Paranaen-se, fundada no ano de 1980. Sendo a primeira instituiçãono Brasil, criada com o propósito de atuar na área da Medi-cina Alternativa ou Naturopatia, que recebe pessoas dosquatro cantos do planeta151.

- Mas como fazemos para achar estes locais, quando vi-ermos visitar a cidade novamente?

-Ah! Basta usar o guia de rua do município, que dispõemde todas estas informações. Inclusive, o pioneiro, em ela-borar um guia de rua para a cidade, ou melhor, os pionei-ros, foi meu pai, Antonio Ilson Kotoviski e o diretor de im-prensa Aristides Gustavo Machado. Os quais, na Gestãodo Prefeito Cide Gulin, com o apoio da ASSEMAT (Associ-ação dos Servidores Municipais de Almirante Tamandaré,criada em 1985 na gestão do prefeito Ariel Adalberto Bu-zzato), que no outubro do ano de 1993, junto com a come-moração do 104º aniversário da cidade, lançou o primeiro

151 UNIÃO NORTE - ADVENTISTAS DO SÉTIMO DIA. Clínica Naturista Oásis Paranaense. Disponível em: <http://www.asd-mr.org.br/visualizar_conteudo.php?form_id_area=100 > Acesso em: 10 Dez. 2010.

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guia de rua do município.Que graças a Deus, vin-gou, e todo ano é reformu-lado e distribuído pelaprefeitura municipal.

- Que legais estassuas histórias. Porém,me ocorreu outra ques-tão: fora o hotel do Par-que Santa Maria, quepelo que percebi, é re-servado a grupos de pes-soas. O que o inviabilizapara nós e alguns paren-tes que poderemos trazerpara visitar a cidade, exis-tem locais para se hospe-dar na cidade?

- Para ser sincero existem, porém, não são convencio-nais. Eis, que me refiro ao Spa Hotel do Lago, que é umtradicional ponto turístico de referência internacional,que além de ser um hotel de luxo, é também uma clí-nica de tratamento para emagrecimento, depressão,estresse e controle do diabetes. O qual foi fundado noano de 1985, pelo médico Ismael Lago e sua esposaRosil Lago152. Neste hotel se hospedaram persona-lidades importantes como os cantores sertanejosLeandro e Leonardo e o Presidente da CONMEBOL(Confederação Sulamericana de Futebol), o paraguaio

152 PUBLICAR GUIA MAIS.COM. Do Lago Hotel e SPA. Disponível em: <http://www.guiamais.com.br/local/dolago+hotel+spa-hoteis-curitiba-pr-18429711> Acesso em: 04 dez. 2010.

Capa do 1º Guia de Ruas do Municí-pio, com a foto da contemporânea

prefeitura do município

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Nicolás Leoz, fora outros que não são divulgados, devi-do ao controle extremo de privacidade que existe neste lo-cal.

- No entanto, esta privacidade uma vez foi rompida. Pois,segundo o relato de meu tio Otavio Kotoviski, teve uma vez,quando minha prima Flavia Kotoviski, que trabalhava lá,chegou para ele e disse que um hospede estrangeiro queriaassistir um jogo de futebol. E como meu tio ia domingo per-der tempo assistir o seu Paraná Clube contra o Coritibano Estádio do Pinheirão, ele falou que levava. Só quehoras antes do jogo, meu tio descobriu que o estran-geiro era seu Nicolás Leoz, rapidamente avisou seuamigo Leonel Siqueira (atualmente vereador do muni-cípio, mandato 2008-2012). O qual ligou para o entãoDeputado Algaci Túlio, (seu cunhado na época), paraque este avisasse o presidente da Federação Parana-ense de Futebol, (Onairevis Rolin de Moura), para re-ceber o ilustre visitante.

- Mesmo em cima da hora, tudo foi providenciado e tudoocorreu bem (com camarote e tudo mais). No entanto, nooutro dia, aconteceu um mal estar entre minha prima, euma mulher que faz city tour com os hospedes. Pois,querendo ou não, ocorreu uma perda financeira porparte da “guia turística”. Só que a questão foi resolvi-da involuntariamente quando a chefe chegou e agra-deceu minha prima. Já que o nome do Spa foi divulga-do por quase todas as emissoras de rádio e televisão,as quais cobriram o clássico Paratiba, já que involun-tariamente, os comentaristas e narradores, expressavamque o presidente da CONMEBOL, seu Nicolás Leoz, estavahospedado no SPA Clinica do Lago, ou seja, fizeram propa-ganda gratuita. Resumindo, o mal estar não causou proble-

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mas a minha prima.- Ah! E como meu tio raciocinou, tem males que vem

para bem. Pois, imagine se a guia leva até o estádio e colo-ca esta autoridade futebolística máxima sulamericana, nosetor de arquibancada, e por um acaso fecha o tempo entreas torcidas rivais, pois era um clássico regional de clubesda capital. Imagine como ficaria a imagem do futebol para-naense e consequentemente brasileiro para o mundo, secaso ocorresse algo com o seu Nicolás?

- Rapaz! Que impressionante!- Outro local que hospedou e discretamente hospeda

pessoas importantes é o Motel Le Piége.- Motel!- Sim. Pois, a pesar de servir para encontros românticos,

os motéis da região, também servem para hospedar viajan-tes, turistas e pessoas que buscam descansar sem se-rem perturbados. E a propósito, muito bem hospeda-do. Um exemplo é o luxo do Le Piége, que possui al-guns quartos com piscina, cozinha internacional eoutras mordomias, além de uma segurança e discriçãoque atende aquelas pessoas que não querem ser inco-modadas.

- Todos estes requisitos, fizeram a Sra. Priscilla Pres-ley, viúva do então rei do Rock, Elvis Presley, se hos-pedar no Motel Le Piége, no final da década de 80,quando venho resolver questões pessoais em Curitiba.

- Porém, o Le Piége não é o único a oferecer tais serviçose conforto, pois o Motel das Orquídeas, o Motel Status, omotel Black Stallion, também oferecem. Existem outros (Se-duções, Chalé e o Lemond Park, Caliente), mas que ofere-cem um serviço mais simples e acessível. Porém, todos es-tes motéis, não funcionam dentro da mesma rotina livre de

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um Hotel.- Interessante esta informação, pois, eu tinha outro pon-

to de vista sobre eles.Como à tarde já chegava e os frequentadores já se en-

contravam satisfeito com a visita à piscina começavam irembora. E eu também, resolvi ir. Mas sem antes se despe-dir do simpático casal do interior do Paraná que conheci.

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No dia 20 de dezembro de 2010, fui convidado pela pro-fessora mestra Flavia Irene Kokuszka a participar de umevento que concluía sua participação no Programa de De-senvolvimento Educacional do Estado do Paraná, mais co-nhecido como PDE.

Neste dia especial, a apresentação do trabalho consti-tuiu em expor ao público os frutos do desenvolvimento deseus esforços em prol da Educação e da preservação daHistória e Cultura local. O qual gerou um livro que eracomposto pela história do município, como tambémpela da biografia dos escritores de Almirante Taman-daré, que foi produzido pelos alunos da 5ª série D, doColégio Estadual Professora Jaci Real Prado de Olivei-ra. Além de contar com a presença do compositor damelodia do hino tamandareense.

Nesta mesma ocasião, fui convidado a fazer parte dascadeiras dos escritores referenciados no trabalho dos alu-nos, coordenado pela professora Flavia. Tal fato se deu,devido a eu possuir dois livros de poesias publicados (“Amor

Escritores

tamandareenses

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Relatos de um Tamandareense

descrito por um apaixonado pela vida” (2001) e “Sonhandoescrevi sobre o amor” (2002).

No entanto, eu não era o único escritor presente e lem-brado. Eis, que foi lembrado do Acadêmico Harley ClóvisStocchero, que em seu currículo, ostenta a criação das obraspoéticas: Ermida Pobre; Os dois Mundos; O pouso dos Gua-raipos, Recordações de Clevelândia; Andanças na Terra Tin-gui; Seleção Poética e Novas Cantigas. Além, de ter redigi-do a letra do Hino oficial da cidade. É filho nato de Almiran-te Tamandaré, que brotou neste solo em 22 de outubro de1926 e faleceu em 23 de março de 2005153.

Outro filho de Tamandaré, ou melhor, filha da terra queescreve, é a poetiza Zeliane Aparecida de Christo, autoradas obras poéticas: Estranho Sentimento (1999); Eterno

Lançamento do livro: “O amor descrito por um apaixonado pela vida”, doprofessor Antonio Ilson Kotoviski Filho, no Colégio Jardim Paraíso em 08dezembro de 2001, junto com o livro “Pintando um verso diferente” quefoi uma coletânea de poesias feitos pelos alunos, coordenados pela pro-fessora Josélia Kotoviski com posterior distribuição de autografo

Foto: Arquivo da Família Kotoviski

153 HOERNER Junior, Valério, BÓIA, Wilson, VARGAS, Túlio. Bibliografia da Academia Paranaense de Letras.Curitiba: Posigraf 2001, p. 48.

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HISTÓRIA DO MUNICÍPIO DE ALMIRANTE TAMANDARÉ

Amor - Crônicas, Poesias, Pensamentos e Contos (2000) eCoisas do Coração (2002).

No ano do centenário da Paróquia Nossa senhora daConceição de Almirante Tamandaré, é publicada no perió-dico Brasinha uma homenagem poética da poetiza Zelia-ne154 que resumia bem a sua personalidade:

Nossa Senhora da Conceição.

Exemplos de amor e perfeição,Representa sua linda imagem;Que lutou com toda dedicação,Para a todos levar coragem...

Nossa Senhora da Conceição,É o maior exemplo de amor e fé.

É uma das maiores partes do coração,Da grande Almirante Tamandaré.

Sua vinda trouxe-nos imensa felicidade.Foi muito especial; por isso, digo isto:

Foi bom ter unido todos em comunidade,E lá do céu, sorri e abençoa o Cristo.

Imagem peregrina,A brilhar na imensidão;

Tens uma história que fascina,E desperta fé em todo coração...

Espero sempre em ti encontrar,Paz, amor e compreensão;

E esta poesia venho lhe ofertar,Nossa Senhora da Conceição!

A História vai cumprindo com prosperidade,Seu lindo e inigualável fadário;Unindo todas as comunidades,

No primeiro Centenário...

154 BRASINHA. Nossa Senhora da Conceição. Ano III, nº 29, novembro de 1999, p.02.

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Porém, também foram homenageados outros escritores,mas que não eram filhos da terra. No entanto, naquelemomento pensei comigo, que era justa a homenagem queaqueles senhores recebiam. Pois, mesmo Almirante Taman-daré não sendo a sua querida terra natal, estes autores,independente do interesse que objetivam, criaram lançoseternos com a localidade, já que não viraram as costas paraela. Respeitaram o chão que os acolheu a parir do momen-to que colaboraram para enriquecer a cultura e a históriada região, e propagar para o mundo com suas obras, o quecolheram da terra tamandareense.

Um grande exemplo foi o merecido reconhecimento queo escritor e historiador Pedro Martim Kokuszka, nascido nacidade gaúcha de Áurea em 12 de novembro de 1947, rece-beu por ter eternizado a chegada dos imigrantes polonesesem Almirante Tamandaré. E em consequência deste traba-lho, trazer a tona fatos novos sobre a história tamandareen-se que até então só se prendia exclusivamente a política ea Sede. Em seu rol de obras, encontramos: Nos Rastros dosImigrantes Poloneses; Áurea Primórdios; Os Poloneses deGaurama; Lendas de Gaurama, Causos e Contos Gaura-menses; Áurea e Suas Comunidades Rurais e a ColeçãoLiteratura Infanto-juvenil de Almirante Tamandaré PR.

Epigrafe da obra “Nos Rastros dos imigrantes polone-ses”, que contempla o universo de seu Pedro:

Quisera ter encontrado os rastros das carroças.Mas eles são tantos que se confundem.

Há os de hoje, os de ontem e de anteontem.Uns mais apagados e outros mais evidentes nas estradas

Do Taboão, Botiatuba, São Miguel,Pacotuba e Largo da Ordem.

Quisera adentrar dentro dessa alma polaca e saber o que

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tanto rezas a Matka Boska Czenstohowa.Quisera saber, você, mãe do lenço polaco,

Por que choras enquanto trabalhas ao lado do fogão.Quisera saber por que esses rastrospolacos se apagam tão depressa...

Já o catarinense Wellesley Nas-cimento, nascido em Caçador-SCem 15 de agosto de 1950, colabo-rou com a cultura local ao criar aobra Exaltação a Tamandaré. Noentanto, o seu acervo até o mo-mento conta com: Lendas Cabo-clas do Contestado (1988); Impres-sões (1994); Cânticos dos cânticosdo contestado (1994); Contestadoa saga dos bravos (2001), fora ou-tras 22 obras a serem lançadas.

Outro morador de Almirante,porém, filho de Divisa Nova, é o mineiro José Tomáz daSilva, nascido em 1928, que em sua obra Zé do Correio –Minha Vida... Minha Luta! (2006), destaca sua passagempor diversas cidades do Brasil, inclusive, reserva um capi-tulo especial onde fala de sua volta a Almirante Tamanda-ré155.

No entanto, produzir um livro não é barato, e nem sem-pre o sonho de transformar pensamentos, em palavras queganhem o mundo se torna real. Diante desta condição, enecessário destacar que muitos alunos das Escolas Públi-cas de Almirante Tamandaré, (Colégio Estadual JardimParaíso; Colégio Estadual Professora Jaci Real Prado de

Escritor Pedro MartimKokuszka

Foto: Folha de Tamandaré/novembro de 2010

155 SILVA, José Tomaz. Zé do Correio –Minha Vida Minha Luta. Varginha – MG: Gráfica e Editora Correio do Sul,2006, p. 124-129/161.

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Oliveira, Colégio Estadual Vila Ajambi, além de outros), ti-veram em sua história educadores que colaboraram e per-mitiram que este sonho fosse concretizado.

No ano de 2001, sob a coordenação da professora mestraJosélia Aparecida Kotoviski, e os professores colaboradoresDelta Izar Garcia e Antonio Ilson Kotoviski Filho, se desen-volveu no contexto do programa educacional Vale Saber, oprojeto Pintando um verso bem diferente. O qual resultouem uma coletânea de poemas e poesias dos alunos e pro-fessores do Colégio Estadual Jardim Paraíso, cuja, obra foidenominada de Pintando um verso bem diferente156.

Já no ano de 2002, também sob a coordenação da pro-fessora Josélia Kotovski, e os professores colaboradoresAntonio Ilson Kotovski Filho e Mariusa da Cruz Becker, sedesenvolveu no contexto do programa Vale Saber, o ProjetoTamandaré: Causos e lendas de um povo157. O qual invo-luntariamente se tornou um material histórico cultural,muito apreciado e importante, a ponto de ser plagiado eaté apossado indevidamente, por pessoas que buscavampromoção ou satisfação junto a seus chefes de repartiçãopublica, que ignoraram a fonte primaria (autor original doconto), e se intitularam autores. Isto gerou alguns transtor-nos, já que pela legislação vigente toda produção literária,musical, pintura,..., para serem publicadas, necessitavamde autorização de seus autores ou devida referenciação dafonte oral e registro junto ao Escritório de Direitos Autoraisda Biblioteca Nacional.

Destaca-se o trabalho realizado pelo professor José Car-los Morer, que apesar de ser um filho de Itaperuçu-PR, en-quanto prestou serviço ao Colégio Estadual Vila Ajambi em

156 KOTOVSKI. Josélia Aparecida. Pintando um verso bem diferente. Curitiba: Ed. Do Autor, 2001.157 KOTOVSKI. Josélia Aparecida. Tamandaré. Contos e Lendas de um povo. Curitiba: Ed. Do Autor, 2002. (ISBN

433580-812-240)

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Almirante, coordenou a produção da obra Antologia Poéti-ca Ajambi 2002158. Que reuniu poesias dos alunos, dentrodo contexto do Projeto Vale Saber promovido pela Secreta-ria de Educação do Paraná. Já no que tange suas produ-ções literárias, se destacam: Da amizade ao amor (1984) eMomentos de Silêncio (1986).

Em 2003, a curitibana professora Vera Regina BarbosaCardoso, do Colégio Estadual Professora Jaci Real Pradode Oliveira, desenvolveu um projeto na disciplina de Lín-gua Portuguesa com seus alunos, que resultou na antolo-gia poética: Brilho de Nossas Estrelas159.

Sete anos depois, na mesma instituição de ensino, a pro-fessora mestra Flavia Irene Kokuszka, lança o livro: Do pre-sente ao passado: assim se faz história, o qual foi desenvol-vido junto aos alunos da 5ª série D. Neste mesmo dia, a professo-ra mestra Maria Aurora B. Manganaro lança o livro: Nossa histó-ria em versos, como coordenadora dos trabalhos realizados e co-lhidos como coletânea junto aos alunos da 5ª série A.

Mas, um dos maiores colaboradores, ou o maior colabo-rador, para que a história e a cultura do município não sepercam no tempo e consequentemente não morra, mesmonão escrevendo livro. Mas sim sendo responsável por umtradicional periódico que reproduz a realidade cotidiana domunicípio tamandareense é o lendário jornalista, esportis-ta, radialista e filho nato da terra Leônidas Antonio Rodri-gues Dias. Nascido em 11 de agosto de 1944. Dono do ta-bloide quinzenal Folha de Tamandaré, intitulado como averdade sem retoque, desde a sua fundação proporcionadapelo seu pai, o professor e jornalista, Antonio Rodrigues Dias,em 31 de março de 1985.

158 MORER. José Carlos. Antologia Poética Ajambi 2002. Curitiba: Ed. Do Autor, 2002.159 CARDOSO. Vera Regina Barbosa. Brilho de nossas estrelas. Curitiba: Imprensa Oficial, 2003.

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Porém a consagração da credibilidade deste jornal ocor-reu no advento da Lei 25 de 05 de outubro de 1989, sancio-nada pelo prefeito Roberto Luiz Perussi, que tornava a Fo-lha de Tamandaré um órgão oficial do município. Longe dedemagogia, mas dentro de uma analogia, este fato repre-senta que a Folha de Tamandaré, possui um status no mu-nicípio, equivalente ao que o Diário Oficial do Paraná pos-sui para o Estado ou que o Diário da República possui paraa União. Ou seja, a publicação dos atos oficiais da adminis-tração pública, independente de Poder no jornal, o qualmuita gente acha chato e nem dá atenção, (assim como aVoz do Brasil no Rádio), atende ao Principio Constitucionalda Publicidade, expressado no Caput do Artigo 37 da Mag-na Carta Nacional de 1988. Ou seja, a Folha de Tamandarécumpre com este papel no município, ao divulgar os atosdo Poder Executivo e Legislativo. Atualmente o tradicionaljornal cobre oficialmente os municípios de Bocaiúva do Sul,Tunas do Paraná e Campo Magro.

Não se pode deixar de destacar, o saudoso jornalista Joséde Souza Mattos que em 27 de outubro 1967 fundou a Tri-buna dos Minérios, que serviu como principal meio de in-formação da região dos minérios e da cidade de AlmiranteTamandaré até o advento da Folha de Tamandaré. Nesteperíodo também prestava o serviço de divulgação dos atosoficiais do município. Atualmente a Tribuna dos Minérioscobre especificamente notícias de Rio Branco do Sul, Itape-ruçu e Cerro Azul com algum destaque esporádico de al-gum fato notório e de repercussão mais abrangente sobreAlmirante Tamandaré. A Tribuna dos Minérios também pres-ta o serviço de divulgação dos atos oficiais de Rio Brancodo Sul, Itaperuçu e Cerro Azul.

Outro cidadão tamandareense, que colaborou com a pre-

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servação e divulgação dos acontecimentos marcantes domunicípio, mesmo que efemeramente foi o senhor NelsonBecker, o qual no ano de 1994 fundou o jornal Gazeta Anco-rado, que prosperou até o final da década de 1990.

Existiram também os periódicos Tamandaré em Notici-as, pertencente à Cidinha do Vale, com sede na Rua Anto-nio Gedeão Tosin, 555, datado de 1996. Porém com efêmeraduração de pouco mais de quatro anos; Jornal A Razão doSr. Jorge Estevão de Souza, datado de 1995 com efêmeraduração de um ano além da identificação do Jornal da Ca-choeira citado em uma noticia dada pela Tribuna dos Mi-nérios que data de 09 de novembro de 1968.

Sei que minha lembrança, a qual de repente se motivou,trouxe à tona a memória de importantes pessoas que como seu dom de expressar ideias, explorar o passado e princi-palmente contar o cotidiano citadino, escreveram bem maisque eles imaginam. Pois, ajudam conservar viva uma histó-ria tão bonita e cheia de particularidades, que descrevemuma parte da trajetória do povoamento e desenvolvimentonão só da cidade, mas do Paraná e consequentemente doBrasil.

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Não lembro a data, mas era uma comemoração cívica,e como de costume se canta o Hino Nacional Brasileiro antesda abertura oficial de qualquer evento. No entanto, alémdo Hino Nacional se cantou em seguida o belo Hino de Al-mirante Tamandaré.

HINO DE ALMIRANTE TAMANDARÉ

1ª PARTE:No teu céu, que é tão belo e azul,Brilha sempre o Cruzeiro do Sul;

quando Deus, ao compor o Universo,fez aqui o seu mais belo verso;

e ao pintar, também, a natureza, pôs maiscor no pincel, com certeza...

Nas tuas matas, no morro ou restinga,nasce, cresce e dá mel bracatinga, que,

aliada à extração mineral,sua lenha vai produzir cal,

Símbolos do município

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desta terra maior produçãoque é exportada por toda a Nação.

ESTRIBILHO:Almirante Tamandaré,

o teu povo tem força e tem fé,conservando, na sua tradição,Nossa Mãe, Virgem Conceição.

2ª PARTE:Da união do minério e o trabalho

por igual produzimos calcário;tendo aqui sempre boa produçãonosso milho, a batata e o feijão;também forte é nossa lavoura

o repolho, o tomate e a cenoura...o Tingui nos legou o amor

que preserva o riacho e a flor;gralha azul nos plantou o pinheiro,que cresceu par ao céu, altaneiro;

e os gorjeios de nosso sabiátem beleza que em outros não há...

Nesta terra abençoada e felizvive um povo que ora e prediz

a grandeza de Tamandaréno valor do trabalho e da fé.

ESTRIBILHO:Almirante Tamandaré,

o teu povo tem força e tem fé,conservando, na sua tradição,Nossa Mãe, Virgem Conceição.

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Relatos de um Tamandareense

Ao termino do hino, escutei alguns “professores” tece-rem comentário ironizando os versos: “... o repolho, o to-mate e a cenoura...”. Isto me deixou muito triste, pois, sa-bendo que aquelas pessoas possuíam um suposto diploma,e por este motivo, deveriam compreender o significado da-queles versos, retruquei o comentário, com a observação:

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160 SILVA, José Tomaz. Zé do Correio –Minha Vida Minha Luta. Varginha – MG: Gráfica e Editora Correio do Sul,2006, p. 161.

“vão procurar saber qual é o objetivo de qualquer hino, paradepois expressar o que pensam a respeito do que não co-nhecem!”. Pois estes versos representam de forma metafó-rica em lato sensu a colaboração do imigrante para com aagricultura. Já que tanto o repolho e a cenoura, não sãotípicos da região.

Deu para perceber pela cara delas e de outros seres que“caíram do caminhão” na cidade e não sabiam nada denossa cultura, história e geografia, que não gostaram mui-to do que falei. Porém, mereceram. Pois, como pode alguémque a terra acolheu afrontar ironicamente o verso de umaletra musical que conseguiu captar a história, geografia,economia e cultura local tão perfeitamente e em breve ex-posição? Para mim, isto é atitude de uma pessoa ignorante,invejosa e descomprometida com o lugar em que lhe pro-vem sustento. É bem característica daquelas pessoas quepor onde passam (já que possuem uma vida nômade), ape-nas usufruem do lugar, tentam aparecer ou tirar proveitode alguma situação e depois de um tempo somem paranunca mais voltar. Chegam sonhando com que é incompa-tível com suas atitudes, já que para receber algo, é neces-sário primeiramente doar alguma coisa. Ou seja, este fatoretrata bem o pensamento expressado pelo senhor JoséTomaz da Silva em sua obra “Minha vida... Minha luta!”:“se você não sabe para onde vai, nenhum caminho lhe ser-virá”160.

Deixando de lado, a lembrança desse desagradável fato,volto a lembrar de coisa boa e perfeita. Pois, se a função deum hino é expressar a cultura, história e notoriedades deuma terra. O Dr. Harley Clóvis Stocchero, conseguiu de for-

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ma perfeita, simples e objetiva. Na minha humilde opinião,comparo o contexto descritivo real da letra pacifica do hinotamandareense, com o contexto descritivo real e espontâ-neo da letra da musica La Marsellaise (hino Francês), queapesar de ser violenta, conseguiu traduzir bem o momentohistórico da Nação francesa. Ou seja, a letra do hino ta-mandareense é um espelho real do que se apresenta napaisagem cotidiana da cidade.

Porém, o atual hino tamandareense é uma obra recente,pois, foi redigido em 1993. Pois, tudo o que tinha até estemomento era um hino que não acompanhou a evolução dacidade que havia sido criado ainda nos primeiros anos dacidade de Timoneira e contemplava apenas a realidadeeconômica vinculada à agricultura. Diante disto, o seu Har-ley, resolveu tecer o hino. Porém, as palavras tecidas deve-riam necessariamente ganhar vida. Foi neste contexto, queo acadêmico músico do Conservatório de Música e BelasArtes do Paraná, Paulo Rodrigo Tosin, tamandareense nato,nascido em berço de família tradicional da cidade em dia15 de julho de 1976, foi convidado e criar a melodia quecasasse bem com a inspirada letra do hino municipal. Di-ante deste desafio, inspirou-se na obra Bodas de Fígaro deWolfgang Amadeus Mozart, para compor a melodia. O re-sultado não poderia ser tão menos que a expressão exce-lente.

Diante deste fato, em comemoração ao centésimo quar-to aniversário do município o então prefeito Cide Gulin (Ar-cidíneo Félix Gulin), assina em 28 de outubro de 1993, a LeiOrdinária nº 246 de 1993, aprovada pela Câmara Municipalcomposta pelos senhores vereadores: Dirceu Pavone, LuizCarlos Cezlusniak, João Carlos Bugalski, Vicente RomanoLovato, Arlei Bueno de Lara, Tadeu Edison Boza, Alfredo

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Mattos Farias, Benito Antonio Buzato, Geraldo Karpeski,Lauro Barchik e Amarildo Pase161. Que dispunha em seuArtigo 1º que fica oficializado o Hino do Município de Almi-rante Tamandaré, Estado do Paraná (letra e música), sendoa música de autoria de Paulo Rodrigo Tosin e a letra deautoria de Harley Clóvis Stocchero,...

A criação do hino satisfez o artigo 6º da Lei OrgânicaMunicipal, de 03 de Abril de 1990. Aprovada pela Assem-bleia Municipal Constituinte de Almirante Tamandaré, com-postas pelos Sr. João Carlos Bugalski (presidente), JoãoChevônica Antoniacomi (relator), Celso Augusto Vaz, Dir-ceu Pavoni, Gerônimo Jarek, João Antonio Bini, Lauro Bar-chik, Tadeu Edison Boza e Vicente Romano Lovato. No en-tão mandato do Senhor Prefeito Roberto Luiz Perussi.

Porém, o mes-mo artigo dispu-nha que são sím-bolos do municípioo Hino (já supra re-ferido), Brasão e aBandeira que de-vem representar acultura e a históriado município. Di-ante deste expos-to, o Brasão de Ar-mas oficial de Al-mirante Tamanda-ré, desde o ano de1948, se dispõem

161 TRIBUNAL REGIONAL ELEITORAL DO PARANÁ. Resultado das eleições de 05 de outubro de 2008. Dispo-nível em:< http://www.tre-pr.jus.br/internet2/tre/estatico/eleicoes/anteriores/resultados/19921003A74071.pdf> Acesso em: 12 Dez. 2010.

Dr. Harley (no centro), em solenidade de entre-ga, do atual Hino de Almirante Tamandaré, emsubstituição ao antigo Hino de Tamandaré, aoentão prefeito Cide Gulin a sua esquerda

Foto: Folha de Tamandaré/1993

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com os seguintes elementos básicos, no contesto de ex-pressão oficial: em primeiro plano, fazendo menção à pro-dução de calcário do município, figura um forno de cal (emvermelho); do lado esquerdo deste, uma menção ao RioBarigui, (não uma referencia aos lençóis freáticos existen-tes na região como é atualmente divulgado); em segundoplano aparecem duas lavouras, aludindo à fertilidade dosolo de Almirante Tamandaré; e por último, na porção cen-tral superior do brasão, pode-se ver o Brasão de Armas doEstado do Paraná de 1947, ou seja, que há lealdade daque-le para com ele162. Este brasão foi um legado do Municípiode Timoneira. Pois, inicialmente o mesmo estampava osselos de impostos do município extinto. Sendo este dese-nhado pelo professor João Roque Tozin163.

Porém, antes do atual Brasão, existiu um que inicialmen-te se originou do Brasão deCuritiba o qual estava oterritório vinculado. Ouseja, o primeiro brasão domunicípio. Sendo este al-terado apenas com o ad-vento da restauração dadenominação Tamandaré(Almirante Tamandaré) em1956. Esta alteração foiuma sobreposição de umescudo com um forno decal no centro do escudoantigo, e uma alteração na

162 PORTAL DA CIDADE DE ALMIRANTE TAMANDARÉ. Brasão . Disponível em: < http://www.tamandare.pr.gov.br/secretarias/template.php?secretaria=gabinete&sessao=brasao> Acesso em: 24 Dez.2010.

163 Relato de Claudio Tozin, abril de 2011.

Na primeira figura está o Brasão repre-sentando a recém-restaurada denomina-

ção da cidade como Almirante Tamanda-ré. Muito pouco alterado em relação ao

primeiro brasão que não dispunha o for-no de cal no centro e o dizer na faixa “Al-

mirante Tamandaré”. O segundo Brasãoelaborado por João Roque Tozin serviu

inicialmente ao Município de Timoneira,sendo posteriormente vinculado à reali-

dade do município por contemplá-lo deforma mais completa

Fonte: Acervo da Biblioteca Harley Clóvis Stocchero

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faixa de denominação abaixo do escudo. Pois antes era VilaTamandaré. Passando a então a ser Almirante Tamandaré.Porém, este brasão não vingou por muito tempo. Sendoentão a ser utilizado o brasão do Município de Timoneira, oqual é utilizado até os dias atuais.

Já oficialmente, a Bandeira do Município de AlmiranteTamandaré carrega a seguinte expressão: na cor verde,a representação das riquezas naturais do município.O azul faz referência ao céu. Ao centro da bandeirafigura o brasão do município, já supra explicitado. So-bre o Brasão se destaca em branco a palavra “municí-pio” em fonte grande que abrange tanto a parte verdecomo a azul, representando seu status administrativo. Jásob o Brasão, figura abrangendo a parte verde e azul emfonte grande na cor branca a expressão “Almirante Taman-daré”, fazendo alusão ao nome do município164. Estabandeira foi um legado também da antiga cidade deTimoneira. Noentanto, ao in-vés de possuiras inscr ições“Município deAlmirante Ta-mandaré” pos-sui disposta aexpressão “Mu-nicípio de Timo-neira”. Esta ban-deira foi elaborada pelo professor João Roque Tozin.

Bandeira oficial da cidade,elaborada por João Roque Tozin

164 PORTAL DA CIDADE DE ALMIRANTE TAMANDARÉ. Bandeira . Disponível em: < http://www.tamandare.pr.gov.br/secretarias/template.php?secretaria=gabinete&sessao=bandeira> Acesso em: 24Dez. 2010.

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Se coincidência ou não, seu Joãozinho (apelido como eracarinhosamente chamado o professor e visionário João Ro-que Tozin) era avô do maestro Paulo Rodrigo Tozin, compo-sitor da melodia do atual hino tamandareense165.

E por fim em 28 de setembro de 2010, por iniciativa doGabinete do vereador Leonel Siqueira, é instituído pela LeiOrdinária Municipal nº 1538 a Timoneira (Ilex theezansmartius) como árvore símbolo da cidade.

165 Relato de Claudio Tozin, abril de 2011.

Em relação ao hino antigo cujo, autor não foi identifica-do, ele se apresentava com a seguinte versificação:

Hino de Almirante Tamandaré (Antigo).

Almirante Tamandaré,És glorioso pertencente à nação.

Almirante Tamandaré,Estarás para sempre no nosso coração,

Almirante Tamandaré,És glorioso luzeiro de fé,

Sua terra riqueza é,Tens o gado, tens o milho e o feijão,

Almirante Tamandaré,És bonita, rica em proteção,

Almirante Tamandaré,És glorioso luzeiro de fé.

Sua gente feita de fé,Tem indústria que floresce do chão,

Almirante Tamandaré,Para sempre lembrada por um mundo de irmãos.

Almirante Tamandaré,És glorioso luzeiro de fé.

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Lembro que estava na segunda série, era aula de Estu-dos Sociais. E pelo fato de estar estudando em Curitiba (nocentenário Colégio Vicentino São José do bairro Abranches),estudávamos sobre a história da capital. Diante deste fato,a professora Regina, explicava o significado do nome Curi-tiba, o qual derivava de uma expressão indígena que signi-ficava muito pinhão, ou terra de pinhão. Nesse mesmomomento, ela resolveu ver se nós alunos conhecíamos ou-tras palavras de origem indígena. Então, começaram a sairum monte de palavras de nossas bocas (a maioria não eraindígena). Porém, algumas eram como Barigui, Tamanduá,Tibagi, Tarobá,..., (éramos crianças, então qualquer pala-vra diferente, achávamos que era do vocabulário indígena).No entanto, como eu também tinha que participar. Expres-sei: “Almirante Tamandaré”, (na época raciocinei assim,porque sempre escutava as expressões: “nessa terra só viveíndio”; “..., lá vem a indiarada de Tamandaré,...”,..., entãoimaginei que se era terra de índio, o nome do lugar tam-bém tinha que ser de índio! Bem inocente!).

O nome da cidade

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Para minha surpresa, a professora falou excelente, po-rém, explicou que era apenas a palavra “Tamandaré” quetinha origem indígena, já a palavra “almirante” era umadesignação hierárquica militar ao posto máximo da Mari-nha.

Como era dia de se falar sobre a influência indígena nalíngua portuguesa, a professora, pegou um livrinho (Dicio-nário folclórico para estudantes) de lendas indígenas e paraminha surpresa contou a estória de Tamandaré contada pelopovo Tupinambá, que relatava: Sumé era o pai dos gêmeosTamandaré e Aricute. Tamandaré era calmo e vivia paracuidar da família. Já Aricute era um guerreiro valente quegostava de guerrear.

Certo dia, Aricute ao regressar de uma batalha, insultouseu irmão Tamandaré, atirando contra sua cabana o braçode um inimigo que havia decepado. Irritado, Tamandarébateu com o pé no chão, fazendo nascer uma fonte de águaque inundou a Terra.

Quando as águas começaram a subir, os índios procura-ram o cume dos montes, tentando salvar-se. Tamandaré,que já fora advertido pelo deus Tupã da iminência do dilú-vio, pediu aos fugitivos que permanecessem na planície.Mas ninguém lhe ouviu. Somente Tamandaré ficou e subiucom sua esposa numa palmeira bem alta.

A terra sumiu e até as montanhas foram cobertas pelaságuas. Só se avistava água e o colmo da palmeira que sus-tentava Tamandaré e sua esposa, flutuando á tona. Quan-do cessou a inundação, eles desceram e povoaram nova-mente toda a terra.

O povo tupinambá possui a crença que descendem deTamandaré (Tamendonaré). Ou seja, Tamandaré, é o Noédos indígenas, e significa aquele que repovoou a terra.

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Muito tempo se passou desde aquele dia, e no desempe-nhar da função de professor de história, descobri que a ori-gem do nome Tamandaré, não se liga aos primitivos tin-guis. Mesmo tendo uma variação em tupi que nasce daexpressão “tamanda-ré” e também de outra versão “t’-ama-na-ri”166, mas que significa dentro de uma contemplaçãoampla: “que veio depois da chuva”. Ou em tupinambá “Ta-mendonaré”, que possui o mesmo significado e uma vari-ante (que veio depois da chuva ou povoador da terra).

Se não tem nada haver com a língua falada pelos pri-meiros habitantes da terra, então pensei: “por que não semanteve Pacotuva167 (Pacotuba), o qual carregava traçosda cultura cristã portuguesa na Expressão Santana (SantaAna) em união a expressão tingui “Pacotuva”, que prova-velmente significava terra de banana ou bananeiras?” 168.

Poderia ter mantido a denominação de Conceição doCercado. A qual apesar de carrega na denominação Con-ceição um traço influenciado por um trocadilho verbal depalavra. Nos quais os primeiros aventureiros que aqui che-garam, se referiam as sesmarias que era uma concessão deterras feita pelo Rei de Portugal ou pelo Capitão Povoadorou por um donatário que resolveu doar uma parte de suaposse de terra a quem bem entendesse. Pelo fato de seremmuito grandes os terrenos e ao mesmo tempo férteis. Estaconcessão era expressa como “Conceição”, já que era umtrocadilho ligado a ideia de benção, religiosidade vincula-da à imagem que se fazia a mãe de Cristo. É por este moti-vo que existe o bairro da Conceição dos Freitas, dos Laras,

166 FERREIRA, João Carlos Vicente. O Paraná e seus municípios. Maringá: Editora Memória Brasileira, 1996, p. 138.167 MUNHOZ, Caetano Alberto. Relatório da Secretaria dos Negócios Interior, Justiça e Instrucção Publica/

Quadro demonstrativo das Freguesias, Cidades e Villas do Estado do Paraná. Curityba: Typ. e Lith. avapor da Companhia Impressora Paranaense, 1894. Quadro de anexos, p. MFN 630 C.

168 CLEROT, Leon Francisco Rodrigues. Glossário Etimológico Tupi/Guarani. Brasília DF: Edições do SenadoFederal, Volume 143, 2010, p. 373.

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da Meia Lua, atualmente em Campo Magro. Era a conces-são de sesmaria a estas famílias que complementam a ex-pressão. Pois, Conceição se vincula como sinônimo de ben-ção recebida, já que se deriva do latim, concepção169. E aconcepção de uma nova vida é sempre uma benção. Poreste motivo que os católicos se referem à Maria mãe deCristo como Virgem Imaculada da Conceição ou Nossa Se-nhora da Conceição.

Neste contexto, fundamentado em documentos oficiaise em mapas de época (século XIX até a criação do municí-pio), o qual para minha surpresa, nunca se referiram a re-gião como “Nossa Senhora da Conceição do Cercado”. Massim, apenas como Conceição do Cercado170, ou posterior-mente e efemeramente “Nossa Senhora da Conceição” ape-nas. No entanto se faz uma confusão no contexto de inter-pretação da Lei da Província do Paraná de nº. 924 de 06 desetembro de 1888, que demanda a seguinte redação: “Art.Único - A sede da Freguesia de Pacotuba será o povoadodenominado “Cercado”, e a sua invocação passa a ser a deNossa Senhora da Conceição; revogadas as disposições emcontrario.” Ou seja, a denominação do Município deveriater sido apenas Nossa Senhora da Conceição sem à expres-são “Cercado”. Pois “Cercado” era apenas a denominaçãolocal que recebeu a nova Sede do distrito.

Sendo que a denominação municipal de apenas Concei-ção do Cercado se deu pela Lei nº 957 de 28 de outubro de1889, quando a localidade foi elevada à categoria de Villasob a seguinte disposição legal “Art. Único - Fica elevada àcategoria de Villa, com a denominação de Villa da Concei-

169 DICIONÁRIO DE ANTROPONÍMIA. Conceição. Disponível em: < http://www.infopedia.pt/antroponimia/Concei%C3%A7%C3%A3o> Acesso em: 27 dez. 2010.

170 MUNHOZ, Caetano Alberto. Relatório da Secretaria dos Negócios Interior, Justiça e Instrucção Publica/Quadro demonstrativo das Freguesias, Cidades e Villas do Estado do Paraná. Curityba: Typ. e Lith. avapor da Companhia Impressora Paranaense, 1894. Quadro de anexos, p. MFN 630 C.

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ção do Cercado a Freguesia de Pacotuba, com as mesmasdivisas, compreendendo as colônias São Venâncio e Anto-nio Prado, e o Distrito de Ribeirão da Onça”.

Mas a denominação oficial foi Tamandaré (não Almiran-te Tamandaré), ou seja, foi uma homenagem prestada aoainda vivo Joaquim Marques Lisboa em 09 de janeiro de1890 pelo Decreto nº 15 baixado pelo Governador e Capitãode Mar e Guerra José Marques Guimarães que era seuamigo e colega de campanhas militares. O qual muito ad-mirava os feitos e a fidelidade ao Brasil que marcaram avida do velho marujo (expressão “aqui jaz o velho marujo”,a qual solicitou em seu testamento que fosse escrita nasua lapide), que marcou a criação do ultimo município emperíodo imperial.

Joaquim Marques Lisboa recebeu o apelido de Taman-daré, em virtude do titulo nobiliárquico dado em 14 de mar-ço 1860, que lhe conferia a denominação de Barão de Ta-mandaré. Sendo esta uma homenagem de D. Pedro II aoAlmirante Joaquim Marques de Lisboa, que relembra comesta, o lugar em que com bravura, havia tombado o irmãodo Almirante, o Major Manoel Marques de Lisboa, quandoeste chefiava a defesa do porto de Tamandaré, na costapernambucana, em 1824.

Fato este percebido pelo Imperador enquanto esteve emvisita a Pernambuco 02 de julho de 1857, onde foi acompa-nhado pelo então Comandante Joaquim Marques Lisboaque comandava a Divisão que acompanharia o Imperadorna sua visita às províncias do Nordeste (Bahia, Sergipe,Alagoas, Pernambuco e Paraíba).

Pois, foi na visita à localidade de Tamandaré (Pernam-buco), um dos centros da reação contra os holandeses. Que,no cemitério, ao lado da Igreja de Santo Inácio, estava en-

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terrado o irmão do Comandante, o Major Manoel MarquesLisboa. Foi neste instante que o então Comandante Joa-quim Marques Lisboa, pediu permissão ao imperador, paratransportar os despojos do irmão para a capital imperial.Dom Pedro II não só concedeu, como determinou que atranslação fosse feita com as honras militares, correspon-dente ao posto que o homenageado possuísse na revolu-ção171.

A partir deste dia o gaúcho da localidade de Rio Grandede São Pedro do Sul (atual São José do Norte), se tornava oAlmirante Tamandaré. O qual participou nas lutas da guer-ra da Independência do Brasil na Bahia, da Confederaçãodo Equador e da repressão às revoltas ocorridas durante oPeríodo Regencial: a Cabanagem, a Sabinada, a Farroupi-lha, a Balaiada e a Praieira.

No plano externo, participou da Guerra contra Oribe eRosas e, com a eclosão da Guerra do Paraguai, comandouas forças navais em operação na bacia do Rio da Prata, emapoio à batalha do Passo da Pátria, à batalha de Curuzu e àbatalha de Curupaiti.

Nasceu em 13 de dezembro de 1807, e em sua homena-gem é comemorada nesta data o Dia do Marinheiro, foiBarão, Visconde, Conde e por fim Marques. Faleceu aos 89anos, em 20 de março de 1897. Pelos seus feitos, lhe é pres-tado homenagens diversas entre elas: Patrono da Marinhado Brasil, nomes de cidades (Almirante Tamandaré-PR; Al-mirante Tamandaré do Sul-RS e Tamandaré-PE), BibliotecaMunicipal Almirante Tamandaré em Marabá-PA. Além dehomenagens icnográficas (moedas, livros, estátuas,...).

171 MARINHA DO BRASIL. História e Tradição/O patrono/Linha do Tempo. Disponível em: <https://www.mar.mil.br/menu_v/patrono/linha_do_tempo.htm> Acesso em: 27 dez. 2010.

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Porém, a localidade de Tamandaré foi denominada Ti-moneira, já que no Estado de Pernambuco, existia uma lo-calidade com a mesma denominação (Tamandaré). Porém,alguns anos após a restauração da autonomia, o municípiopassou a ser denominado Almirante Tamandaré, para sediferenciar do município de mesmo nome em Pernambuco(só Tamandaré).

Já a palavra Timoneira significa o feminino de quemgoverna o timão de uma embarcação. Porém, segundo ohistoriador João Carlos Vicente Ferreira, o nome dado aomunicípio de Timoneira tem origem na denominação anti-ga da erva-mate colhida nos arredores de Curitiba, signifi-cando “erva que está à mão”, caracterizava-se por ser maisfraca que as demais172. Espécie vegetal natural da região.Ou seja, esta espécie oficialmente se chama Ilex theezansmartius e popularmente é conhecida como Caúna, Caúnada Folha Amargosa, Congonha, Erva de Timoneira e Timo-neira. Foi muito utilizada como energia para alimentar osfornos da queima da cal e na produção de cabo de ferra-mentas. Mesmo sendo largamente explorada, ainda existenas matas mais ainda pouco exploradas da cidade.

No ano 2010 por iniciativa do Gabinete do Vereador Leo-nel Siqueira ocorreu à proposição do projeto para transfor-mar a Timoneira em Árvore Símbolo do Município de almi-rante Tamandaré. A qual logrou êxito e em 28 de setembrode 2010 foi sancionada pelo prefeito como Lei Ordinária nº1538/2010.

Depois de refletir, cheguei à conclusão que independen-te de denominação, existem muitas histórias por traz decada uma delas. Pois, cada uma representou um marco.

172 FERREIRA, João Carlos Vicente. Municípios paranaenses: origens e significados de seus nomes. Curitiba:Secretaria de Estado da Cultura, 2006, p. 25.

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Que graças a Deus, esta sendo resgatada aos poucos, paranunca desaparecerem com o tempo. Pois, querendo ou nãoa cidade tem um nome a zelar. Porém, só zela por ele quemreconhece em si, a colaboração individual que fizeram asua trajetória.

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Dia de eleição, a rotina de sempre, pegar o titulo deeleitor e seguir até a secção eleitoral para votar. Chegandoao local, um movimento frenético das pessoas e dos fiscais.Porém, a natural fila ocasionada pelo enorme número decandidato a serem votados, que sempre acaba confundidoquem não está acostumado com a urna eletrônica.

Neste contexto, o jeito era esperar. Na fila varias pesso-as aguardavam a vez, e lembravam o tempo que o vototinha que ser falado em voz alta para os mesários.

Escutando isto, comecei a pensar o quanto era compli-cado ser eleitor naquela época. Pois, a pessoa não poderiaprometer voto para todos os candidatos que pediam. Comotambém todo favor que recebia de um político, era um com-promisso com o mesmo. Neste sentido, a traição, lhe custa-va o preço de ser perseguido pelo candidato traído, se esteviesse a ganhar o pleito. Ou seja, “para os amigos tudo.Para o inimigo a lei”. Talvez esta frase centenária, seja omelhor exemplo que explique o que era o coronelismo.

O coronelismo ou mandonismo local foi um sistema de

Coronelismo

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poder político que encontrou alicerces na política da Repú-blica Velha (1889-1930), caracterizado pelo enorme poderconcentrado em mãos de um poderoso local. Geralmenteum grande comerciante, uma pessoa de posses ou rique-zas com empreendimento próspero.

O coronelismo é a manifestação patriarcal e do poderprivado a serviço da política. Notoriamente representadopelos senhores de posses que coexiste com um regimepolítico de extensa base representativa173. Refere-se espe-cificamente a uma estrutura agrária que fornecia os alicer-ces de sustentação do poder privado no interior do Brasil. Oqual até meados da década de 1970 era uma nação essen-cialmente agrícola.

Caracterizava-se, como um compromisso, uma troca deproveitos entre o Poder Público, progressivamente fortale-cido. E a influencia social dos homens fortes locais, nota-damente dos senhores de posse e riquezas. A força dos co-ronéis provinha dos serviços que prestavam ao chefe doExecutivo, para preparar seu sucessor nas eleições, e aosmembros do Legislativo, fornecendo-lhes votos e assimpossibilitando sua permanecia em novos pleitos, o que tor-nava fictícia a representação popular, em virtude do voto“manipulado”174.

Certas competências legais, como eleger o governador,deputados e o prefeito, criar específicos impostos, foramsuprimidos do poder central e delegados em definitivo paraos Estados e municípios. Essa descentralização, introduzi-da pela República, fortaleceu o poder local.

Os grandes homens de posses ou riquezas interferiamutilizando-se de vários mecanismos nas eleições (violên-

173 MAGALHÃES, Marion Brepohl de. Paraná: política e governo. Curitiba: SEED, 2001, p. 25.174 Idem, p.26.

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cia, perseguição, troca de favores,..., cada região era umaestratégia). Esses grandes homens de posse ou riquezaseram denominados de coronéis e seu sistema de domina-ção, o coronelismo, cujo papel principal cabia aos coronéis.

Os coronéis acabaram herdando um grande poder. Ocoronel era uma pessoa que impunha extremo respeito, umafigura local, que propagava sua influencia nas cidades.Nessas localidades, onde a influencia do Estado era pe-quena, específicas funções públicas, tais como policia, jus-tiça e outras passaram a ser exercida de forma exclusiva,pelos coronéis. Mesmo que no município existissem os de-legados, o juiz, prefeito, essas autoridades, encontravam-se submetidas ao seu poder. Ou seja, o coronel tinha demandar e ser obedecido, era a pratica do “mandonismo lo-cal”175.

Estabeleceu-se uma relação de dominação pessoal do“coronel” sobre seus dependentes. Quando se perguntavaa alguém: “Quem é você?”, a reposta era: “Sou gente docoronel fulano”. Essas pessoas constituíam a clientela do“coronel”.

Um exemplo desta manifestação de poder é denunciadono relato de seu Antonio Candido de Siqueira (seu Tono). Oqual conta uma passagem em que um influente coroneldas três primeiras décadas do século XX, ao constatar queo resultado seria apertado. Pediu ao mesário para ver quemestava faltando votar. Identificando na lista, que um doseleitores era sua gente. Ordenou esbravejando para que seusjagunços fossem buscar o “polaco malandro”, onde estivessepara votar (a de ressaltar que as palavras usadas não foramestas para se referir ao saudoso cidadão filho de polone-ses).

175 FAORO, Raymundo. Os donos do Poder. Rio de Janeiro: Globo, 1976.

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Existia uma gama enorme de coronéis espalhados pelosmunicípios brasileiros. Nem todos os coronéis tinham omesmo poder de influencia, nem todos eram amigos entresi. Neste contexto, não raro na disputa pelo poder ser co-mum explodir lutas sangrentas entre bandos de jagunçosde coronéis adversários. Ao final, o coronel mais poderoso ede melhor sorte nestes conflitos, acabava por se impor naregião em disputa. Geralmente o coronel mais importanteestabelecia alianças com outros fazendeiros para eleger ogovernador do estado.

Os coronéis além de manipular os votos através do votode cabresto, utilizavam muitas outras fraudes para ganharas eleições. Exemplos: documentos eram falsificados paraque menores analfabetos pudessem votar; pessoas que játinham morrido eram escritas como eleitores; urnas eramvioladas e votos adulterados; muitas artimanhas eram fei-tas na contagem de votos.

A força do coronelismo era maior nas regiões menos de-senvolvidas economicamente. Pois, nesses lugares a popu-lação possuía poucas alternativas de sobreviver fora daagricultura. Já nas regiões mais urbanizadas a populaçãogozava de mais independência política já que podia encon-trar empregos no comércio e na indústria.

Porém, se o “coronel”, não era de fato coronel, de ondeentão surgiu esta denominação?

O coronelismo institucional surgiu com a formação daGuarda Nacional, criada em 1831, como resultado da abdi-cação de dom Pedro I, ocorrida em abril daquele ano176.

Porém, o governo da regencial (1831-1842) dispôs os pos-tos militares à venda, possibilitando aos homens de possee riquezas e seus próximos adquirirem os títulos de tenen-

176 TELAROLLI, Rodolpho. Poder local na República Velha. São Paulo: Nacional, 1977.

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te, capitão, major, tenente-coronel e coronel da GuardaNacional (não havia o posto de general, prerrogativa exclu-siva do Exército). Desta forma, com o tempo, o coronel pas-sou automaticamente a ser visto pelo povo comum comoum homem poderoso de quem todos os demais eram de-pendentes. Configurou-se no Brasil daqueles tempos umaclara distinção social onde os representantes dos dominan-tes eram identificados pelo rango militar (coronel, major,etc..) enquanto que os dominados pelo coronel eram iden-tificados notoriamente de forma genérica de “gente”, ou azoológica “cria” (sou “cria” do coronel fulano)177.

No entanto, o coronelismo que existiu na Villa de Ta-mandaré, não era tão radical como foi no nordeste do Bra-sil, como também, o sistema, não encontrou as mesmasfacilidades para se desencadear aos moldes apresentados.

O coronelismo na Villa de Tamandaré se apresentou cen-tralizador. Porém, limitado ao poder estadual, devido à pro-ximidade com a capital e a própria característica da popu-lação, que apesar de agrária, possuía posse e sobrevivên-cia independente da ajuda ou não do poder local.

Tal fato era naturalmente notório. Porque o povo poucoligava para a política. Pois, independente dela, tinha quetrabalhar e buscar formas diversas de conseguir recursos.Já que, infelizmente, no período final do século XIX atémeados da década de 1940, a região tamandareense erapouca habitada, possuía uma produção agrícola e pecuáriavoltada para o próprio sustento, iniciava a exploração dacal e comercializava com a capital alguns excedentes agrí-colas, porém, trazia de Curitiba, produtos manufaturados.Resumindo, para o povo, o coronel era um político. Porém,

177 QUEIRÓZ, Maria Isaura - O mandonismo local na vida política brasileira. São Paulo: Alfa-Omega, 1976.

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com fama adquirida devido aos conflitos gerados pelas dis-putas de poder entre os próprios coronéis.

Diante destes expostos, não raro é perceber nos depoi-mentos das pessoas que presenciaram este momento emTamandaré. Relatos demonstrando que os coronéis que poraqui pisaram, eram pessoas boas na relação com o povocomum. Pois, eram prestativos e de boa convivência. Po-rém, longe de haver contradição na informação, eles eramintolerantes na relação de convivência e disputa pelo po-der entre eles próprios, ou seja, entre os que tinham o po-der.

Neste contexto, não raro, era encontrar famílias dessespolíticos nesta época que não se falavam. Pois, se tratavamcomo inimigas. E também, não era ficção, entrar em conta-to com histórias contadas pelos mais antigos, de filhos decoronéis inimigos, que acabavam se casando escondidospara evitar a dura repreensão dos pais.

Segundo relatos de seu Generoso Candido de Oliveira,filho do Coronel João Candido de Oliveira; ele relatou queseu pai, não se dava muito bem com sua irmão mais velha,dona Rachel Candido de Siqueira, em virtude de divergên-cias políticas, geradas em consequência do primeiro casa-mento entre seu pai e sua mãe Amélia. Ou seja, o jovemJoão Candido de Oliveira pertencia a uma família rival po-liticamente da família da senhorita e futura esposa AméliaAlmeida.

O senhor João Candido de Oliveira e Dona Rachel só fi-zeram as pazes, motivados pela eminência da presença damorte que se aproximava para Dona Rachel, o qual cha-mou seu irmão para por um fim nas magoas guardada pordécadas.

O futuro Coronel era maragato (partidário do federalis-

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mo) e a enérgica e política dona Rachel era pica-pau (parti-dária republicana do poder central forte), a qual comanda-va todo mundo e era firme em suas decisões, uma caracte-rística de sangue da família.

O futuro Coronel, porque também pelos relatos de seuGeneroso, o seu pai recebeu o comando da Guarda Nacio-nal, do governo federal. Pois, isto se deu, porque naquelaépoca não existia quartel nas cidades pequenas, e como oBrasil estava passando por recente transição de sistemagovernamental, ocorreu à necessidade do governo central,garantir que esta transição se concretizasse. Apesar de sermaragato, o governo confiou a instrução militar da cidadea ele e também a outros homens politicamente fortes daépoca, pois, era uma das prerrogativas do Presidente daCâmara esta competência.

Porém, um dos motivos que lhe caracterizaram a famade autoritário, foi justamente esta ordem de promover a ins-trução militar de civis. Pois, diferente dos dias de hoje, cujotodo cidadão brasileiro que completa 18 anos deve se alis-tar, porém, nem sempre é convocado. Naquele tempo, nãohavia alistamento, simplesmente havia um sorteio, onde o“sortudo”, deveria se apresentar. O problema e que muitosnão apareciam, e diante desta situação, o coronel, era obri-gado por lei, buscar o fulano onde é que se encontrasseutilizando-se dos métodos que melhor se adequassem, in-dependente da vontade do sorteado não querer ir.

Outro motivo, era que o então Coronel João Candido deOliveira, era muito disciplinado, e cumpridor do que lhe eraconfiado. Por este motivo, era muito exigente e enérgico, jáque necessita ver as coisas, do jeito que lhe fora ordenadopelo governo central.

Porém, isto não foi uma ação exclusiva dele, pois, outros

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prefeitos e camaristas tiveram porordem que exercer esta prerroga-tiva (Tenente Coronel João Alber-to Munhoz; Tenente Coronel Vi-dal José de Siqueira; Tenente Co-ronel Antônio Cândido de Olivei-ra; Tenente Coronel Antônio Cân-dido de Siqueira; Tenente CoronelAntônio Ennes Bandeira; Tenen-te Coronel Antônio Vieira Bitten-court; Tenente Coronel Eloy Arti-gas de Christo; Tenente CoronelManoel Francisco Dias; TenenteCoronel Frederico Vasconcellos;Tenente Coronel Theophilo Ca-bral; Tenente Coronel João Evan-gelista S. Ribas; Capitão ManoelMiguel Ribeiro,...).

Estas instruções eram feitas na rua mesmo, pois nãohavia local próprio. Auxiliavam os “coronéis”, sargentos(militares de fato) destacados da capital. Eram os poucosque gostavam desse treinamento militar. Porém, era a lei.Que com o tempo foi perdendo importância, e talvez poreste motivo, que algumas autoridades do período de finalda década de 1920, deixaram de serem reverenciados ouconsiderados “coronéis”, pois não eram mais vistos dandoinstrução militar na rua.

O senhor Generoso Candido, expressou que seu pai, “oCoronel João Candido de Oliveira era um homem de perso-nalidade que quando chegava a algum lugar impunha res-peito. Transmitia uma segurança e firmeza, percebida portodos e respeitada. Era um homem sincero, leal. Não falava

Tenente-Coronel AntonioCândido de Siqueira, 3º Inten-dente de Tamandaré por doismandatos 1892 a 1896. Fale-cido em 07 de agosto de 1914

Foto: Jazigo da Família Siqueira localizadono cemitério do Abranches/ março de 2011

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bobagem, tão pouco mal dos inimigos na política. Respei-tava os inimigos como adversário político. Por este motivoque ele era sempre considerado, mesmo na derrota. Muda-va governo, mas ele sempre tinha prestigio com o governoque assumia. Principalmente em reconhecimento pelo tra-balho que exercia. Com os próprios filhos ele era tambémmuito enérgico. Mas tinha um coração bom. Não judiavade ninguém, não maltratava ninguém. Se o procurassem,ele sempre atendia. Ele ajudou a organizar o município em1889”.

Porém, apesar de ser bem visto. Não pelo fato de ser co-ronel, mas porque queria o melhor para a terra de Taman-daré. Sofreu alguns atentados. Não de populares, mas deinimigos políticos ocultos, que estavam de olho em elimi-nar, adversário tão poderoso e popular.

O Sr. João Candido de Oliveira, nasceu em 15 de outubrode 1865 vindo há falecer 91 anos depois, na data de 18 deoutubro de 1958178. Casou duas vezes, sendo que a primei-ra vez foi morar em Rio Branco do Sul (Votuverava), paraapagar o incêndio criado com seu proibido casamento, ondemontou um armazém e depois se meteu na política com osogro. Depois disso se estabeleceu na Villa Tamandaré no-vamente, onde se tornou um importante político estadualdo quadro de representantes do Partido Liberal.

Este pequeno resumo da vida do nosso mais ilustre Co-ronel, não é uma particularidade dele, mas sim, um reflexode como era a política em sua época na Villa de Tamanda-ré. A qual independente de personagem ou fato mais radi-cal (ou menos), o cenário era sempre o mesmo.

178 Lápide do jazigo onde descansa o senhor João Candido de Oliveira com sua esposa junto ao Cemitério Munici-pal da Sede.

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Neste contexto, o coronelismoexistente na Villa de Tamandaréera institucional. Pois, sua base desustentação, não se baseava naposse de terra ou riquezas sim-plesmente, mas sim advinha daprópria prerrogativa de competên-cias que se faziam necessários naépoca. Existia sim o autoritarismoe perseguições políticas. Porém,estas características não se igua-lavam ao contexto apresentadona região nordeste do país ou regiões mais afastadas dosgrandes centros.

João Candido de Oliveira

Foto: Família Cândido Oliveira

179 Relato de Luiz Arcélio da Cruz em 2011.

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Não precisa sernascido na cidade,para perceber que éa política, o principalfoco de atenção dacidade. Principal-mente pelo fato, domunicípio não sergrande economica-mente e possuir ou-tras atividades demaior ênfase queconcorram com apolítica, como é ocaso dos grandescentros urbano. Po-rém, independentede concorrência, apolítica é sempre

A política

Titulo de eleitor do ano de 1937,pertencente ao Sr. Fernando Araújo Roehnelf

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destaque em qualquer lugar do mundo.Gostaria de escrever que política no município possui

características peculiares a ele. No entanto, isto não é pos-sível, porque a nossa política local herdou traços da própriapolítica nacional. Neste contexto, não raro é perceber queos mesmos fatos inusitados que ocorrem aqui, acontecemem outros locais. Sempre dentro do mesmo contexto, o po-der.

Havia um tempo, em que o acirramento político na cida-de se dava mais pelo cargo de intendente (prefeito), mes-mo sem este receber salário (apenas uma verba, para cobrirdespesas burocráticas). Sendo que por consequência tor-nava a disputa entre camarista uma guerra. Sendo assim,os poucos que disputavam o pleito, assim o faziam, parater privilégios legais e políticos. Além de provar fidelidadepartidária e de amizade, como também para provar forçade representatividade (ostentar status social). Porém, ou-tros fatores motivam estes representantes do legislativo,um deles era justamente colaborar com a melhoria do mu-nicípio.

A partir da década de 1970, isto mudou em todo o Brasil,pois, com a obrigatoriedade do salário para os vereadores eprefeito, o pleito chamou a atenção de outros populares,que em virtude do salário, poderiam se dedicar a políticasem isto trazer consequência ao sustento da família. Nestecontexto, pessoas dos mais diversos setores da sociedade,independente de classe social, puderam também fazer par-te da democracia ativa. Pois, querendo ou não, a implanta-ção de salário para vereadores e prefeitos, na década de1970, diminuiu a elitização dos cargos de representativida-de pública.

Neste contexto, alguns hábitos do tempo do coronelis-

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mo, se tornaram mais notórios. Como fraude e violênciaentre os partidários dos candidatos. Porém, a partir da pró-pria evolução da sociedade, a Justiça Eleitoral contava commais autonomia a ponto de coibir de forma enérgica estasações.

No entanto, alguns fatos notórios marcaram os diversospleitos eleitorais no Brasil. Em Tamandaré isto não foi dife-rente. Pois, não raro na década de 1990, no período de cam-panha eleitoral municipal, na época dos grandes comícios,um grupo partidário rival do que se apresentava no palan-que, cortar os cabos de energia no poste que abastecia opalco de apresentação dos candidatos. Para impedir que ocomício se realizasse, já que geralmente era feito a noite.Como resposta, o grupo partidário vitimado, fazia o mesmoem resposta.

Lembro bem disso, porque em uma dessas oportunida-des, eu lecionava a noite no Colégio Estadual Jardim Para-íso. Lá pelas nove e meia da noite, mais ou menos, a luzacabou. Motivo: tinham atirado no transformador, para im-pedir um comício que se realizava nas proximidades.

Nesta mesma época, se propagou uma pratica irritante.O furto de placa de candidato. Que inferno, era colocar umaplaca para ajudar um candidato, no outro dia, ela já nãoestava mais lá. Independente se estava posta para dentroda cerca, ou fora da propriedade particular. Eis, que a placaera arrancada e até queimadas. Porém, muitos arrancado-res foram pegos pela policia. Mas mesmo assim isto conti-nuou acontecendo.

Graças a Deus, que os chefes de coligação entraram emacordo, para não se pintar muro, pelo menos desde 2000.Pois, quando isto acontecia era pintar num dia, no outro, jáestava manchado com tinta. Porém, nesta história de placa

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e muro, se criou uma imoral prática, da venda do espaçoonde a placa seria colocada. Ou seja, o morador deixa des-de que o cabo eleitoral pague. Então, não era raro, verificarcasas de esquina ou em avenidas importantes do municí-pio, com placa de três ou mais candidatos. Pelo menos atéa noite!

Teve também o episodio do circo, onde os comícios eramfeitos no interior deles, depois que as apresentações cir-censes ocorriam. Porém, ocorreu um fato, ainda na décadade 1990, em que ao invés do pessoal cortar a luz. Fizeram alona de o circo cair em Campo Magro. Por sorte, ninguémse machucou. Pelo menos era o que se comentava na épo-ca.

Mas este fato, não era exclusivo de grupo x ou y, massim é uma pratica de partidários que no superficial raciocí-nio de achar que esta ajudando seu candidato, na verdadesó atrapalha. Pois, queima a imagem do candidato, quemuitas vezes, sequer conhece o pessoal que fez isto.

Outro fato desagradável, que ocorre dia de eleição, é acompra de voto. Mesmo muitos sendo presos, por isto. Estaé uma pratica comum centenária. Porém, a propaganda deboca de urna é a que mais da serviço para os fiscais doTribunal Eleitoral e mesários. É por este fato, que eu nãogosto muito de trabalhar de mesário ou fiscal dia de eleiçãomunicipal. Pois, ter que chamar a atenção de conhecido écomplicado, mesmo se estando na razão.

Para ilustrar esta pratica, merece destaque um episodioque mais parece conto que história, mas aconteceu. Eis,que em um desses pleitos eleitorais, já no período da ma-nhã, um candidato da região da Cachoeira, na busca poruns votos de ultima hora. Viu se aproximar já nas proximi-dades da secção eleitoral, uma senhora muito elegante e

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bonita. Aproveitando o momento que os fiscais não se fazi-am presente, interceptou a senhora no caminho, e lhe ofe-receu um santinho. A senhora surpresa perguntou se o can-didato não estava brincando. Com uma postura séria e edu-cada falou que não, e ainda argumentou que não seria umvoto desperdiçado. A senhora também de forma séria ex-pressou: “... o senhor então esta preso!”. Resumindo, o can-didato foi fazer boca de urna e ofereceu santinho, justa-mente para a juíza eleitoral responsável pelo pleito no mu-nicípio!

Outro relato de fato histórico verídico, que mais pareceuma estória, foi à situação ocorrida, no contexto de impug-nação de uma urna na região da Freguesia. Eis, que a im-pugnação se deu, fundamentada no “voto corrente”, (prati-ca que consistia em repassar uma cédula original já preen-chida, para um eleitor, que recebia algo em troca. Sendoque este, ainda tinha que trazer a sua cédula dada pelamesa sem estar preenchida, para posteriormente ser entre-gue a outro e recomeçar o ciclo). No contexto da denuncia,se verificou após a abertura oficial das urnas, que realmen-te o fato procedia. Diante disto, por ser um crime eleitoral, ocandidato foi chamado pelo juiz, e lhe foi explicado que eletinha se utilizado da fraude do voto corrente. Pois, a letrasde preenchimento existentes nas cédulas, eram iguais. Sa-biamente, o candidato para se defender, olhou para o juiz eexpressou: “não tenho culpa que meus eleitores estuda-ram com a mesma professora179. Por isto que escrevem tudoigual!”.

Pelos relatos de moradores antigos que participaram demuitas eleições, antes das urnas eletrônicas, a contagemera manual. Sendo assim, a possibilidade de fraude era gran-de. Diante desta possibilidade, sabiamente, os responsá-

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veis pelos pleitos eleitorais criaram o seguinte mecanismo:os votos de Almirante Tamandaré, eram contados por pes-soas convocadas de Rio Branco do Sul. Já os votos de RioBranco do Sul, eram contados por convocados da cidade deAlmirante Tamandaré. Geralmente era um processo de umdia inteiro. E que quando ocorria a vitória de um candidatoa prefeito por uma diferença de menos de trinta votos, ge-ralmente ocorria recontagem.

Apesar desses transtornos, a política no município vemevoluindo dentro de uma civilidade. No entanto ainda exis-te a pratica de compra de voto. Porém, a de ressaltar, queisto só é praticado, porque existem pessoas que “inocente-mente” colaboram com ela. Ou seja, se não existir o “clien-te”, não existe o aliciador. Pois, infelizmente, muitos do povoacham que estão fazendo um grande negocio vendendo ovoto. Quando na verdade, estão cometendo um crime. Umcrime que não pode ser entendido como: “não sabia queera crime!”. Pois, tanto nas escolas quanto pelos mais vari-ados meios de comunicação é divulgado amplamente queesta pratica é criminosa.

Já em termos de boa recordação, vago na memória nostempos dos grandes comícios, onde além de se escutar aspropostas dos candidatos, a coligação contratava cantorespara se apresentarem. Como também, sedia espaço paragrupos de musicas, cantores ou artistas locais mostrar suaarte. Era divertido. A partir de 2006 os grandes comíciosseguidos de apresentações musicais e artísticas foram proi-bidos. No entanto o auge ocorreu no Pleito de 2004, quan-do se apresentaram em território tamandareense, o cantorAlexandre Pires no comício no Bairro Bonfim, as DuplasSertanejas Milionário e José Rico, Willian e Renam, Cezar ePaulinho, apresentação do humorista Maquito, entre ou-

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tros,... Não raro eram os shows pirotécnicos. Os circos tam-bém foram proibidos. Destacaram-se neste período o CircoÁurea e o internacional Le Cirque.

Em novembro de 1996 ocorreu a instalação do sistemapara emissão de títulos de eleitor o qual permitiu ao cida-dão um ganho de tempo. Pois, o mesmo não perdia mais decinco minutos de espera. Já pelo antigo sistema, o docu-mento demorava no mínimo 90 dias para ficar pronto. Na-quele momento histórico, era um programa único no país,que se implantava no Estado do Paraná. Fez-se presentena implantação do sistema o Presidente do TER/PR (De-sembargador Luiz José Perroti), os prefeitos de TamandaréCide Gulin e o prefeito eleito de Campo Magro que assumi-ria em 1997, Senhor Louvanir Menegusso, além do Juiz Elei-toral da Comarca Dr. Osvaldo Nallim Duarte e outras auto-ridades.

Tirando estes problemas e fatos pitorescos, AlmiranteTamandaré possui em sua centenária história, vários plei-tos eleitorais para a escolha de prefeitos e vereadores. Comexceção, da primeira administração, após a primeira vezque foi suprimida a existência autônoma do município. Aqual foi indicada pelo governo estadual, o prefeito Serzede-lo de Siqueira no sentido de desenvolver ações e condiçõespara os futuros pleitos no período após abril de 1933.

Com a extinção da Villa de Tamandaré em 1938 a locali-dade foi integrada a Curitiba. Ficando nesta condição du-rante todo o período do Estado Novo (1937 até 1945). Tem-po em que as Câmaras Municipais são extintas em todoBrasil. Sendo que mesmo com o advento do ressurgimentodas Câmaras Municipais, só em novembro de 1947, queTimoneira volta a ter vereador e também prefeito. Pois, atéa este período, a cidade era um distrito de Colombo.

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Sendo assim houve os seguintes pleitos eleitorais a par-tir de 1947 disponibilizados pelo Tribunal Regional Eleito-ral do Paraná e Complementados por dados específicos daCâmara de Vereadores de Almirante Tamandaré.

O Município Timoneira foi primeiramente administradopor um curto período de dois meses por João Batista deSiqueira 19 de outubro de 1947 a 6 de dezembro de 1947. Oqual ficou responsável em organizar o processo de transi-ção e garantir a boa ordem do primeiro pleito eleitoral apósa restauração da autonomia que contava com colégio elei-toral de 1662 eleitores, marcado para a data de 16 de no-vembro de 1947.

O qual participou o industrial Sr. João Wolf do PSD, quefoi eleito com 584 votos, contra o também industrial o Sr.Antonio Zem da UDN, que ficou em segundo com 524 vo-tos. Nesta mesma data, se elegeram os integrantes da Câ-mara Municipal de Timoneira, que ficou composta da se-guinte maneira: Lauro Baptista de Siqueira, (PSD) com 230votos; João Batista de Santa, (PSD) com 79 votos; EstefanoWitoslawski, (PSD) com 72 votos; Frederico Manfron, (PSD)com 38 votos; Miguel Freitas, (PSD) com 35 votos; Hemeté-rio Torres, (UDN) 175 votos; Sebastião Zem, (UDN) 105 vo-tos; José Ziolkowiski, (UDN) com 70 votos e Angelo BrotoSobrinho, (UDN) 49 votos180.

Sendo que: Alfredo Lugarini, Gustavo Joppert e o Sr.Odilon João Trevizam, foram suplentes que exerceram omandato, com destaque ao Sr. Gustavo Joppert, que foi pre-sidente da Câmara em 1951. Os outros distintos cidadãostamandareense que exerceram a presidência da Câmarados Vereadores de Timoneira, nesta gestão foram: Lauro

180 TRIBUNAL REGIONAL ELEITORAL DO PARANÁ. Resultado das eleições de 11 de novembro de 1947.Disponível em:< http://www.tre-pr.jus.br/internet2/tre/estatico/eleicoes/anteriores/index.jsp > Acesso em: 11Dez. 2010.

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Baptista de Siqueira 1948 e 1949 e o Sr. Hemetério Torresem 1950181.

Desta histórica votação, votaram 1136 eleitores, dos quais1108 votos foram válidos ocorrendo à abstinência de 526eleitores, ou seja, 38% do eleitorado não votaram. O quetotalizou 1662 eleitores182. Outro fato interessante diz res-peito à votação do Sr. Lauro Baptista de Siqueira, o qualostenta a maior votação de um candidato a vereador nomunicípio. Pois, apesar de ter computado “só” 230 votos(na comparação das votações atuais), isto representava umaproporção de 25.4% de votos validos. Em um comparativo,só para se vislumbrar uma ideia, na eleição de 05/10/2008,o candidato a Vereador Aldinei José Siqueira, pegou 1975votos (foi o vereador mais votado), porém este número sórepresentou 4.29% dos votos válidos183.

Em 22 de julho de 1951: 49ª Zona(composta de 13 urnas e 13 sec-ções), 2807 eleitores dos quais ape-nas 723 não compareceram. Totali-zando apenas 2064 votos validos,pois 10 foram nulos e 10 foram bran-cos.

Disputaram o cargo de prefeito:o Sr. Ambrósio Bini obtendo 698 vo-tos; Lauro Baptista de Siqueira ob-teve 672 votos; João Antonio Zemalcançou 500 votos e o Sr. Abel daSilva obteve 184 votos.

Lauro Baptista de Siqueira

Arquivo Família do Sr. Joel Siqueira

181 PORTAL DA CIDADE DE ALMIRANTE TAMANDARÉ. Galeria dos Prefeitos (Poder Legislativo). Disponívelem: < http://www.tamandare.pr.gov.br/secretarias/gabinete/prefeitos/galeria.php?gestao=1948 > Acesso em:11 Dez. 2010

182 Idem.183 TRIBUNAL REGIONAL ELEITORAL DO PARANÁ. Resultado das eleições de 05 de outubro de 2008. Dispo-

nível em:< http://www.tre-pr.jus.br/internet2/tre/estatico/eleicoes/anteriores/resultados/20081005A74071.pdf>Acesso em: 12 Dez. 2010.

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A Câmara Municipal ficou composta por três represen-tantes do Partido Social Trabalhista: Frederico Manfron com149 votos, Euclides Ribas Machado com 95 votos e OdilonJoão Trevisan com 93 votos. Já os representantes do Parti-do Social Democrático foram: José Jarecki com 88 votos,Manoel Freitas com 78 votos e o Sr. Severino Menegussocom 60 votos. A União Democrática Nacional, contou comAlexandre Meger com 61 votos e Alfredo Logarini com 59votos. E o único representante do Partido Republicano foi oSr. Pedro Erthal com 89 votos.

Foram presidentes da Câmara: os Vereadores Odilon JoãoTrevisan e Frederico Manfron.

Na eleição de 03 de outubro de1955, elegeu-se pela segunda vez oprefeito o Sr. João Wolf do PartidoSocial Democrata se elegeu com1105 votos. Sendo que as nove va-gas na Câmara Municipal ficaramassim divididas: 4 vagas para o Par-tido Social Democrático (991 votos),2 vagas para o Partido TrabalhistaNacional (577 votos) e 3 vagas parao Partido Democrata Cristão (615votos). Sendo que Hemetério Torrescom 214 votos; Mario Wolf com 150 votos; Agostinho Túliocom 107 votos e João Batista de Santa com 91 votos, repre-sentaram o Partido Social Democrático. Já as três vagas doPartido Democrata Cristão ficaram com Domingos NatalStocchero com 177 votos; Wadislau Bugalski com 78 votose José Jarecki com 63 votos. Já o Partido Trabalhista Naci-onal teve como seu representante: Atílio Bini com 153 vo-tos e Orlando Bonifácio Colodel com 110 votos.

Deputado Estadual eprefeito Ambrósio Bini

Foto: Galeria dos Prefeitos

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Foram presidentes da Câmara os vereadores: 1956 e 1959Hemetério Torres, 1957 - Atílio Bini e em 1958 - DomingosNatal Stocchero. Já Sr. Camilo Perussi Neto do PSD, quepegou 90 votos, assumiu o cargo de vereador, já que estavana suplência.

No pleito eleitoral municipal de04 de outubro de 1959, foram regis-trados 2.598 votantes que compa-receram, sendo 2.542 votos validos.Sendo que para a o cargo de prefei-to o Sr. Ambrósio Bini do PDS, rece-beu 1009 votos, Hemetério Torres doPSD, captou 947 votos e o Sr. Anto-nio Johnson do PTB recebeu 589votos.

A Câmara Municipal foi compos-ta por Domingos Natal Stoccherocom 197 votos; Atílio Bini com 151 votos e o seu Arlindo deFrança machado com 132 votos, representantes do PartidoDemocrata Cristão. Já o Partido Social Democrata fez cincocadeiras na campanha de José Nelepa com 163 votos; Ma-rio Wolf com 161 votos; Fredolin Wolf Junior com 145 votos;Antenor Colodel com 137 votos e seu Camilo Perussi Netocom 132 votos. Já a única vaga do Partido Trabalhista Bra-sileiro, ficou com Antonio Dalazuana que alcançou 87 vo-tos.

Foram presidentes da Câmara: 1960 - Fredolin Wolf Juni-or; 1961 -Domingos Natal Stocchero; 1962 - Arlindo FrançaMachado e em 1963 - Atílio Bini. Já os suplentes que exer-ceram mandato: Reinaldo Buzatto com 105 votos, GaldinoArruda com 91 votos e Carlos Zem com 84 votos, ambos doPDS.

João Wolf, primeiro prefei-to eleito após a restauraçãoda autonomia municipal

Foto: Galeria dos Prefeitos)

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Na eleição de 06 de outubro de1963, existiam no município 4.462eleitores, sendo que apenas 3.711votaram, nas 21 secções existen-tes no município.

Elegeu-se prefeito o Sr. Domin-gos Stocchero da coligação PDC/UDN, com 1334 votos, seguido deFrederico Manfron do PTB com1187 votos e Antonio Johnson doPTN com 1080 votos.

Já a Câmara apresentou a se-guinte configuração: Fredolin WolfJunior com 213 votos e Lauro Bap-tista de Siqueira com 148 votos,ambos do Partido Trabalhista Brasileiro. Já o Partido Demo-crata Cristão fez duas cadeiras assumidas por Alido Lind-ner com 147 votos e João Favoreto com 140 votos. A UniãoDemocrática Nacional fez três cadeiras na votação de Se-bastião Bueno com 142 votos, Arlindo Machado com 141votos e Atílio Bini com 132 votos. E por fim as duas vagaspertencentes ao Partido Trabalhista Nacional ficaram comHemetério Torres com 138 votos e seu Reinaldo Buzato com137 votos.

Foram presidentes da Câmara: 1963 - Atílio Bini; 1964 e1966- Alido Lindner; 1965 - João Favoretto; 1967 - ArlindoFrança Machado e em 1968 - Lauro Baptista de Siqueira. Jáos suplentes que exerceram mandato: Mario Chiquim (UDN)que pegou 100 votos e o Sr. Camilo Perussi Neto do PTN,que pegou 134 votos.

No dia da Proclamação da Republica foi realizado o plei-to de 1968 (15/11/1968). Sendo que o eleitorado era de 6.117,

Atílio Bini, Presidente da Câ-mara de Vereadores que exer-ceu o efêmero mandato deprefeito, em decorrência dofalecimento do prefeito Am-brósio Bini, em 14 de novem-bro de 1963

Foto: Galeria dos Prefeitos

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onde 5.483 apareceram para vo-tar nas 24 secções do município,elegendo o advogado AntonioJohnson do MDB e seu Vice, Fre-derico Manfron com 2615 votos,seguido por Alido Lindner e seuVice Fredolin Wolf Junior da ARE-NA com 2587 votos.

Já na composição da Câmaraa Aliança Renovadora Nacionallevou a melhor, com seis das novecadeiras disponível. Sendo osocupantes: Arzemir FranciscoGulin com 353 votos; João Che-vônica Antoniacomi com 337 votos; Alceu Milek com 309votos; Joaquim Bueno de Lara com 297 votos; ReinaldoBuzato com 249 votos e seu Vicente Kochany com 245 vo-tos. Já o Movimento Democrático Brasileiro foi representa-

do pelos Sr. Sebastião Bueno com308; Francelido Ribas MachadoNetto e Rogério Alfredo Tiemann.

Presidentes da Câmara: 1969- Reinaldo Buzatto; 1970 - Rogé-rio Alfredo Tiemann e em 1971 e1972 - Alceu Milek.

Nas primeiras eleições da dé-cada de 1970, realizadas em 15de novembro de 1972, de um par-tido só. O eleitorado era de 8.443votantes, sendo que comparece-ram 7315 para votar e eleger pre-feito o Tabelião Eurípides de Si-

Prefeito Domingos Stocchero

Foto: Galeria dos Prefeitos

Prefeito AntonioJohnson, advogado

Fonte: Quadro de Formandos do GinásioEstadual Alvarenga Peixoto, 1971

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queira e seu Vice Domingos Natal Stocchero, da ARENA Icom 3825 votos contra os 3022 do Sr. Federico Manfron eseu Vice Alceu Milek da ARENA II.

A Câmara formada pela Aliança Renovadora Nacionalficou assim composta: Arzemir Francisco Gulin com 540votos; Gumercindo Boza com 526; Camilo Perussi Neto com514 votos; João Chevônica Antoniacomi com 497 votos;Rogério Alfredo Tiemann com 490 votos; Joaquim Buenode Lara com 478 votos; Pedro Piekas com 422 votos; Fran-celino Ribas Machado Netto com 396 votos e Osvaldo Ave-lino Trevisan com 381 votos.

Os presidentes da Câmara foram em 1973 e 1974 - Arze-mir Francisco Gulin e em 1975 e 1976 - João ChevônicaAntoniacomi. Sendo que os suplentes que exerceram man-

Posse do chefe do executivo e membros do legislativo (vereadores), e al-guns secretários. Prefeito Eurípides Siqueira na primeira fila ao centro deterno claro, a sua esquerda o vice-prefeito Domingos Stocchero o verea-dor Arzemir Gulin. Foto tirada em frente ao Ginásio Alvarenga Peixoto

Foto: Escola Municipal Eurípedes de Siqueira

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dato: Reinaldo Buzatto com 372 votos; Joaquim Bueno Ti-móteo com 353 e o Sr. Gerônimo Jarek com 312 votos.

Nas eleições de 15 de novembro de 1976, volta-se terdois partidos disputando o pleito, porém com subdivisõesdentro deles. A 49ª Zona eleitora contava com 12.399 elei-tores dos quais compareceram 10.966 para votar nas 42 ur-nas espalhadas no município.

A dupla do MDB I formada pelo prefeito Roberto LuizPerussi e o vice Sebastião Natal Colodel alcançou 3779 vo-tos, á dupla do MDB II Alfeu Antonio Cezarini e seu viceMiguel de Freitas captaram 701 votos e o MDB III formadapor João Wolf e Osmar Joppert receberam 590 votos. Já adupla da ARENA I formada pelo Sr. Pedro Jorge e ArzemirFrancisco Gulin receberam 3806 votos e a dupla ReinaldoBuzato e Valério Milek, receberam 1133 votos.

Mas daí vem o questionamento, o candidato Pedro Jor-ge pegou mais voto que seu Roberto Perussi, então, porque seu Pedro Jorge não se tornou prefeito?

É porque nesta eleição se procedia da seguinte maneira:somavam-se os votos das duplas. Neste caso as três duplasdo MDB captaram 5.070 votos contra 4.939 das duplas daARENA. Diante disto, pelo fato da chapa formada pelo can-didato a prefeito Roberto Luiz Perussi e seu vice SebastiãoNatal Colodel terem sido a dupla do MDB mais votada, fo-ram eles então eleitos.

Já a Câmara ficou distribuída assim: cinco vagas con-quistadas para a ARENA pelos candidatos: Ariel AdalbertoBuzato com 498 votos; Joaquim Bueno de Lara com 493votos; Raimundo Prestes de Siqueira com 447 votos; JorgeJarek com 366 votos e Rogério Alfredo Tiemann com 361votos. Já o MDB, ficou representado pelo Wilson Moro Con-que com 652 votos; Reinaldo Purkote com 523 votos; Eucli-

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des Fávero com 370 votos e José Air Colodel com 361 votos.Este pleito eleitoral, também contou com a primeira

mulher a concorrer ao cargo de vereador e se tornar suplen-te: dona Terezinha Pinto de Camargo do MDB que recebeu244 votos.

Acervo Família Kotoviski

Título eleitoral do ano de 1958. Pertencente a Pedro Jorge Kotovski, oqual disputou o pleito para vereador em 22/07/1951, representando a le-genda do PSD, captando 32 votos, (2,5% dos votos validos), ficando ape-nas como suplente. Este título eleitoral teve valor até 15 de novembro de 1978

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Foram presidentes da Câmara em 1977 e 1978 - WilsonMoro Conque; 1979 e 1980 - Joaquim Bueno de Lara e em1981 e 1982 - Reimundo Prestes de Siqueira.

No dia 15 de novembro de 1982, tivemos outro pleito comsomatória. Porém, aparecem novos partidos disputandovagas para o executivo e legislativo. O numero do eleitora-do dobrou em relação a 1976, sendo um total de 24.048,onde 19.197 votaram nas 83 secções da 49ª zona eleitoral.

Com chapa única formada pelo candidato a prefeito In-dustrial do Calcário Ariel Adalberto Buzato e o seu Vice oIndustrial Pedro Jorge, o PDS alcançou 7.236 votos. Contra7.123 votos das três duplas do PMDB: Moisés Torquato eAntonio Waintuk receberam 3692 votos; Jovino Estevão daCruz e Osmar Joppert com 2385 votos e Harley Clovis Stoc-chero e Osmar de Siqueira com 1049 votos. Já o PDT alcan-çou 225 votos com a dupla Ludovico Kowalski e vice Age-nor Tissot. Por fim as duas duplas do PT formadas pelo se-nhor João Batista Menezes e Valdomiro de Assis que pe-gou 47 votos e Adão Figura e Waldemar Crisante Sinhoripegou 39 votos, somando 86 votos.

Já a Câmara ficou formada por João Sabino com 598votos; Zair José de Oliveira com 572 votos; João Batista deSiqueira Neto com 557 votos e Fredolin Wolf Junior com507 votos ambos do PMDB. Já o PDS ficou representadopor: Antonio Carlos Buzato com 637 votos; Raimundo Pres-tes de Siqueira com 579 votos; Wilson Moro Conque com571 votos; João Chevônica Antoniacomi com 543 votos eGerônimo Jarek com 496 votos.

Foram presidentes da Câmara em 1983 e 1984 - WilsonMoro Conque; 1985 e 1986 - Antonio Carlos Buzato e em 1987 e1988 - Gerônimo Jarek. Já o suplente que exerceu mandato foi oSr. Odair Ribas Machado do PMDB, com 504 votos.

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Relatos de um Tamandareense

Na ultima eleição realizadana histórica data de 15 de no-vembro de 1988, AlmiranteTamandaré passou a ser aZona Eleitoral 156, sendo queesta iniciou com 26.052 elei-tores, onde 24046 aparecerampara votar.

Com pleito simples paraprefeito, a chapa do PDT for-mada por dois ex-prefeitosRoberto Luiz Perussi e o viceEurípedes de Siqueira pega-ram mais votos que as outrasquatro chapas concorrentesjuntas, ou seja, 9258 votos. A chapa do PTB, formada porMoisés Torquato e João Lalico pegaram 3659. Já a chapado PMDB formada pela dupla Wanderley A. Oliveira e An-tonio Carlos Buzato receberam 3373 votos. A dupla do PTformada por Nazário Schimiguel e Felício Neris de Limacaptou 545 votos e a dupla do PSC formada por José Rober-to Caxiado e Vicente Assunção pegou apenas 210 votos.

Formaram a Câmara de Vereadores: o Sr. Tadeu EdisonBoza com 897 votos; Dirceu Pavoni com 774 votos; VicenteRomano Lovato com 655; João Antonio Bini com 576 votose João Carlos Bugalski com 571 votos ambos do PDT. Já oPTB foi representado por Celso Augusto Vaz com 570 votose Lauro Barchik com 268 votos. Gerônimo Jarek com 538votos e João Chevônica Antoniacomi pegou 304 votos,ambos do PMDB.

Foram presidentes da Câmara: em 1989 e 1990 - JoãoCarlos Bugalski e em 1991 e 1992 - João Chevônica Antoni-

Prefeito Ariel AdalbertoBuzzato/Fevereiro/1986

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acomi. Já os suplentes que exerceram mandato foram Be-nito Antonio Buzato do PTB com 233 votos e seu Zair Joséde Oliveira do PDT com 550 votos.

Com nova data, o pleito agora se realizava em 03 de ou-tubro de 1992, o município já contava com um eleitoradode 34.962 sendo que nesta eleição votaram 29.065. Mas sóforam válidos 23.944.

Foi eleito com 8853 votos do PDT, o Industrial do Calcá-rio Arcidíneo Felix Gulin. Seguido de Antonio Cezar Man-fron de Barros do PRP com 7338 votos; Ariel Adalberto Bu-zato do PST com 5304 votos, Miguel Siqueira Donha do PSDBcom 828 votos; Irio Decker do PT com 592 votos; Jaime GoesMaciel do PTR com 143 votos e Nilton Luis Pienegonda doPV com 140 votos.

A Câmara que agora possuía 11 vagas ficou formada por:Dirceu Pavoni com 1142 votos; João Carlos Bugalski com585 votos e Tadeu Edison Boza com 437 votos ambos do

Vereadores Lauro Barchik, Celso Augusto Vaz, Tadeu Boza, Vicente Lova-to, primeira Dama Sueli Regina Perussi, Prefeito Roberto Perussi, TenenteMobuabi Morederre, José Roberto Perussi e sua esposa Ariete Perussi

Foto: Folha de Tamandaré, Relatório do Cerimonial do Compromisso à bandeira e entrega do CDI, 17 de abril de 1989

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PDT. O PST colocou Benito Antonio Buzato com 404 votos;Lauro Barchic com 347 votos e Amarildo Pase com 341 vo-tos. O PFL foi representado por Vicente Romano Lovato com537 votos e Geraldo Karpeski com 395 votos. O PTB tevecomo representante o Sr. Luiz Carlos Czelusniak com 595votos. E por fim o PL teve Arlei Bueno de Lara com 479votos.

Foi presidente da Câmara em 1993 e 1994 - João CarlosBugalski. Já os suplentes que exerceram mandato foi o Sr.Jadir Ribeiro de Almeida do PFL com 273 votos.

Nesta eleição ocorreu um fato novo, pois foi a primeiravez que os candidatos a prefeito de Almirante Tamandaréparticiparam de um debate transmitido pela televisão.

Em 03 de ou-tubro de 1996, onúmero de eleito-res era 32.734.Porém só vota-ram 28.550 sendoos votos válidos25.078.

Foi eleito pre-feito com 12.224votos o Bacharelem Direito Anto-nio Cezar Man-fron de Barros doPPB; Dirceu Pa-voni do PDT al-cançou 10581 vo-tos; João CarlosBugalski do PTB

Santinho ou volante de propaganda eleitoral, uti-lizado no pleito eleitoral de 1992 o qual ainda uti-lizava cédulas de papel

Fonte: Acervo de Carlos Rodolfo da Cruz

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obteve 1323 votos e Luiz Romeiro Piva do PT alcançou 950votos.

Os onzes vereadores foram: Zair José de Oliveira com506 votos e Allan Gaissler de Queiros com 743 votos repre-sentando o PDT; Vicente Romano Lovato com 699 votos eJoão Antonio Bini com 549 votos ambos do PMDB. VilsonRogério Goinski com 610 votos e Osni Philipps com 376 vo-tos, representantes do PTB. Reimundo Preste de Siqueiracom 529 votos; Osvaldo Stival com 493 votos e RomildoSebastião Brito com 407 votos ambos do PPB. Wilson dePaula Cavalheiro com 505 votos e Celeste Gregório Marci-lio com 278 votos ambos do PFL.

Foram presidentes da Câmara em 1997 a 1998 - Wilsonde Paula Cavalheiro e 1999 a 2000 - Wilson de Paula Cava-lheiro. Os suplentes que exerceram mandato foram AlfredoMatos Farias do PDT com 438 votos; Antonio Angelo Pro-dóscimo do PMDB com 524 votos; Lauro Barchik do PTBcom 358; Matilde Leite Czorne do PPB com 397 e OsvaldirPedroso do PDT com 330 votos.

A cabeleireiraSra. Matilde como fato de assumiratravés da su-plência o cargo devereadora se tor-nou a primeiramulher na histo-ria do município arealizar tal faça-nha.

Na ultima eleição do século XX, no pleito de 01 de outu-bro de 2000, eram 49.526 eleitores, mas 41.727 apareceram

Prefeito AntonioCezar Manfron

Fotos: Folha de Tamandaré - agosto e dezembro de 2001

Vereadora MatildeLeite Czorne

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para votar, para eleger Antonio Cezar de Barros Manfroncom 20.927 votos, contra 15.862 votos de Dirceu Pavoni.

Os treze eleitos para a Câmara foram: Maria BernadeteAfornali Pavoni com 1620 votos; Walter Ortiz de Camargocom 1489 votos; José Amauri Lovato com 1180 votos; Os-valdo Stival com 960 votos; Aldair de Souza com 946 votos; Anto-nio Angelo Prodoscimo com 922 votos; Matilde Leite Czornecom 916 votos; João Antonio Bini com 915 votos; ReimundoPrestes de Siqueira com 829 votos; Lourenço Alberto Buzatocom 763 votos; Zair José de Oliveira com 709 votos; ClariceGulin com 544 votos e Luiz Romeiro Piva com 415 votos.

Foram presidentes da Câmara em 2001 - Osvaldo Stival;2002 - Lourenço Buzatto e em 2003 a 2004 - Lourenço Bu-zatto. Já os suplentes que exerceram mandato foram Fran-cisco Nunes da Silva do PDT com 709 votos e João Gerôni-mo Filho com 579 votos.

Este pleito foi histórico, porque apresentou no quadrodos eleitos, as três primeiras mulhe-res a ocupar o cargo de vereadora nomunicípio de forma direta. Ou seja,sem necessitar ser pelo exercício dasuplência. Como também porque foià primeira eleição municipal do mu-nicípio, que utilizou o sistema eleito-ral de urna eletrônica, sendo que oresultado da apuração se processoutrês horas depois do termino da vo-tação.

A primeira eleição municipal doséculo XXI de 03 de outubro de 2004,contou com um eleitorado de 46.362,mas os votantes foram 42.902 sendo

Foto: Folha de Tamandaré 15 dedezembro de 2001

Vereadoras MatildeLeite Czorne e ClariceGulin, sendo homena-

geadas em 2001

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os votos válidos 39.739. Foi marcada pela redução de ca-deiras para o legislativo de 13 para 11 vagas. Com 20.659votos é eleito o candidato a prefeito do PMDB, o AdvogadoVilson Rogério Goinski; seguido de José Amauri Lovato doPTB com 11032 votos; Lourenço Alberto Buzato do PSDBcom 3578 votos; Antonio Claret Giordano Todeschi do PTCcom 2324 votos e Roberto Luiz Perussi do PSC com 2146 votos.

O pleito eleitoral para o executivo foi marcado pelo fatode pela primeira vez na história do município, uma mulherter atingido o cargo de vice-prefeito. A detentora destamarca é a Sra. Maria Bernadete Afornali Pavoni.

Na Câmara ficou o seguinte: Walter Ortiz de Camargodo PTB com 1449 votos; Aldinei José Siqueira do PL com1243 votos; José Luiz Tavares do PFL com 990 votos; Matil-de Leite Czorne com 771 votos e Osvaldo Stival do PSDBcom 962 votos; Francisco Nunes da Silva do PRP com 915votos; Antonio Angelo Prodoscimo com 866 votos e OsniPhilipps com 820 votos do PMDB; Marino Raulino do PTNcom 771 votos Adir Paulo de Lara do PSC com 604 votos eVilmar Perboni do PP com 726 votos.

Foi presidentes da câmara o Sr. Antonio Angelo Prodos-cimo. Suplente que assumiu, foi o Professor de História LuizRomero Piva do PT com 718 votos.

Já a ultima eleição municipal até o presente momento,foi realizada em 05 de outubro de 2008, e contou com umcolégio eleitoral de 55.047 eleitores dos quais 49.549 vota-ram, porém só 36.410 foram validos.

Foi eleito o prefeito Vilson Rogério Goinski com 32.048votos contra 4.362 do candidato do PSOL, Luiz Romero Piva.Porém, também concorreu ao pleito, o Sr. Antonio Cezar deBarros Manfron, o qual segundo o TRE, teve seus votos con-siderados nulos.

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A Câmara de vereadores ficou formada da seguinte for-ma: Aldinei José de Siqueira, com 1975 votos; Antonio An-gelo Prodoscimo com 1769 votos; Osvaldo Stival com 1438votos; Walter Ortiz de Camargo com 1432 votos; AntonioClaret Giordano Todeschi com 1344 votos; Nereu Osni Co-lodel com 1166 votos; Leonel Wandley de Siqueira com 1142votos; João Marcelo Bini 976 votos; Francisco Nunes da Sil-va com 925 votos; Edson dos Santos Vieira com 666 votos eAldair de Souza com 642 votos.

Foi presidente da Câmara oSr. Aldinei José Siqueira.

Com o advento do surgimen-to da cidade de Campo Magro,alguns políticos, conseguiram afaçanha de ser vereador em Al-mirante Tamandaré e depois emCampo Magro, são eles: AmarildoPase e Arlei Bueno de Lara, comotambém, o Sr. Geraldo Karpeski que foi vereador em Tamandarée Vice-Prefeito em Campo Magro. Assim como o senhor TadeuBoza foi vice-prefeito na primeira gestão do município.

Vice-Prefeita Dete Pavoni e oPrefeito Vilson Goinski

Primeiros administradores do Município de Campo Magro: Da esquerdapara a direita: Vereadores: Miguel de Lara, Edil Boza, Vice-Prefeito TadeuBoza, Prefeito Louvanir Menegusso, vereadores: Sergio Campestrine,Amarildo Pase, Rilton Boza, Lufrido Menegusso

Fonte: Gazeta Ancorado, 07/01/1997

Foto: santinho de campanha eleitoral

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Saneamento básico

184 Placa de inauguração.

São raros os lugares no mundo, onde se acha água comtanta facilidade como em Almirante Tamandaré. Em de-corrência deste fato o sistema de água tratada e encanada,só foi implantado no município na década de 1970. Pois,em qualquer casa do município em que se visita-se nestaépoca, possuía um poço de onde se retirava água. No en-tanto com o processo de urbanização, esta realidade mu-dou, já que, muitos loteamentos foram abertos. Sendo quegrande parte destes novos habitantes que se estabelece-ram na cidade, não possuíam condições para construir umpoço em casa.

Diante deste fato, em outubro de 1975, é oficialmenteinaugurado o sistema de abastecimento de água na cidadede Almirante Tamandaré na região da Sede184. O qual eraprovido por um poço artesiano, localizado junto à sede daSanepar no município (Avenida Emilio Johnson). No entan-to a de ressaltar, que a região da Cachoeira, nas proximida-

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des com Curitiba, já recebia água tratada oriunda do reser-vatório do Bacacheri. Mas não toda a região.

Em setembro de 1979 um fato interessante ocorre na ci-dade. Eis, que o Prefeito municipal Roberto Luiz Perussienvia um ofício à Sanepar solicitando a instalação de umatorneira publica no Jardim Monte Santo, a qual serviu paraatender 60 famílias ali estabelecidas. Prontamente a Sane-par instalou a torneira em outubro daquele mesmo ano.Posteriormente uma rede de distribuição de água encana-da mais complexa foi instalada na região185.

No inicio da década de 1980 até 1986, a Sanepar execu-tou aproximadamente 110 quilômetros de redes de águatratada, que eram abastecidas por três poços artesianos comvazão de 680 metros cúbicos por hora. Sendo que a regiãoda Cachoeira recebia água nesta época e ainda recebe doreservatório situado no Jardim Monte Santo, com capaci-dade de 1 milhão de litros. O que beneficiava inicialmentetrês mil famílias. Tranqueira era abastecida por um reser-vatório de 80 mil litros, atingindo 350 famílias e a rede deCampo Magro possibilitou aproximadamente 200 ligaçõesna época186.

Nesta época a pesar de existir esta extração de água dosubsolo, não havia o perigo dos locais mais sensíveis deTamandaré sofrer afundamento como ocorre atualmente.Pois, naquela época as dolinas e várzeas que são pontos deabastecimento do aquífero em períodos de chuvas, não es-tavam aterradas ou no caso das várzeas não estavam im-permeabilizadas pela ocupação humana irregular e crimi-nosa.

185 TRIBUNA DOS MINÉRIOS. Monte Santo terá água. Ano XII, nº 278, Rio Branco do Sul, 23 de setembro de 1979,p. 01.

186 REVISTA PARANAENSE DOS MUNICÍPIOS. Especial Almirante Tamandaré. Curitiba: Ed. Revista Parana-ense dos Municípios Ltda, Fevereiro de 1986, ano XVIII, p.06-07.

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Em 27 de maio de 2004, o presidente da Sanepar, StênioJacob, ao participar de audiência pública na Câmara Mu-nicipal de Almirante Tamandaré, anunciou o investimen-tos da estatal em Almirante Tamandaré na ordem de R$ 5,2milhões. Os quais, R$ 2,7 milhões foram utilizados para aconstrução de reservatório e de distribuição nas localida-des de Mato Dentro e Monte Santo187.

Já os outros R$ 2,5 milhões foram recursos para a cons-trução do complexo Barigui. Ou seja, um complexo que in-clui a Captação e a Estação de Tratamento de Água no RioBarigui, com capacidade de produção de 200 litros por se-gundo. Estas obras foram consequência da necessidade dedesativação de cinco poços artesianos existentes no centroda cidade. Os quais estavam colocando em risco a própriaexistência da Sede188. Em 2005, foi entregue a Estação deTratamento Complexo Barigui.

Com o advento desta estação de tratamento, ocorreu aexecução de 80 quilômetros de rede coletora de esgoto e

Poço artesiano da Sanepar perfurado em 1985

Foto: Revista Paranaense dos Municípios

187 PARANÁ ONLINE. Sanepar investe R$ 5,2 mi em Almirante Tamandaré. Disponível em: http://parana-o n l i n e . c o m . b r / e d i t o r i a / c i d a d e s / n e w s / 8 3 0 7 3 /?noticia=SANEPAR+INVESTE+R+52+MI+EM+ALMIRANTE+TAMANDARE Acesso em: 18 Jan. 2011.

188 Idem.

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5.377 ligações domiciliares, o qual gerou em um primeiromomento 1.250 empregos diretos e indiretos. Entre os 141mil habitantes beneficiados com as obras estão os morado-res da Vila Grécia, Botiatuba, Jardim Paraíso e do JardimSilvana189. Outro fato importante a se destacar, que comeste sistema, ocorreu o desativamento de fossas domicilia-res que possuíam uma grande capacidade de contaminar oaquífero, como também, o esgoto que irregularmente con-taminava alguns rios da região (rio Botiatuba e consequen-temente o Rio Barigui. Pois, o Botiatuba é afluente do Bari-gui). Pois, na região do Botiatuba, por exemplo, para se al-cançar o aquífero, basta perfurar apenas 21 metros. Por estemotivo que uma fossa possui uma grande capacidade decontaminar o aquífero. No ano de 2005 os domicílios comágua tratada alcançaram 21.507 (93% do total, IBGE).

Outro fato interessante a se destacar, é que até o iniciodo século XXI, mesmo Almirante Tamandaré, sendo vizi-nho de Curitiba, ele não possuía sistema de captação e tra-tamento de esgoto.

Já a assistência médica-sanitária, registrada até a déca-da de 1950, se resumia a um farmacêutico e uma enfermei-ra atendente. Sendo que existiam apenas 2 postos de Pue-ricultura (ciência médica que se dedica ao estudo e cuida-do com o desenvolvimento do ser humano, mais especifi-camente da criança), um Subposto de Higiene e uma far-mácia. Nesta época, a assistência especializada de ummédico, só se tinha na capital. Ou quando o médico vinhada capital para atender um grupo de pessoa. Caso contrá-rio, o atendimento era feito por uma enfermeira e suas as-sistentes (não formadas)190.189 BEM PARANÁ. Sanepar na RMC/ 1º de Julho de 2010. Disponível em: http://www.bemparana.com.br/metro-

pole/index.php/category/almirante-tamandare/page/5/ Acesso em: 18 jan. 2011.190 ENCICLOPÉDIA DOS MUNICÍPIOS BRASILEIROS. Almirante Tamandaré-PR. IBGE, Vol. XXXI Paraná, Rio

de Janeiro, 1959, p. 26

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Nos relatos do senhor Antonio Candido de Siqueira, épossível identificar que a assistência médica no municípioera quase inexistente. Pois segundo estes relatos os partoseram feitos na própria casa das pessoas. Sendo que na dé-cada de 1920 se destacou a parteira Ida Schinaider no Pa-cotuba. Que além de fazer partos era farmacêutica homeo-pática. Nesta mesma época Tamandaré contava com umafarmácia na região do Pacotuba, de propriedade do imigran-te alemão Sr. Walter Bentz, onde era um antigo moinho191.

Outras parteiras identificadas, mas na região da Lame-nha, foram às senhoras Verônica Scholochaski, Rosa Bu-galski e Ernestina Piontek. Porém, na sede e região a se-nhora Luíza Chevônica Johnson se destacou como excep-cional parteira, sendo tal a notoriedade que o Hospital dasClinicas pagava para esta senhora ensinar as enfermeirasa realizarem partos192.

Onde na contemporaneidade existe o Deposito de Medi-camento da Saúde, localizado no prédio construído na dé-cada de 1940 (1947)193, junto a Rua Coronel João Candidode Oliveira, e que anteriormente abrigou o Fórum da Co-marca de Almirante Tamandaré. Mas que em seu objetivogeral, inicialmente foi um Posto de Misto de 2ª Classe. Pos-teriormente na década de 1970 se tornou o Hospital e Ma-ternidade Almirante Tamandaré, onde permaneceu comohospital até o inicio da década de 1980, onde voltou a serposto de saúde. Já o Hospital passou a funcionar no prédiolocalizado na Rua Lourenço Angelo Buzato.

Porém antes da construção deste posto já existia umposto de Puericultura Imaculada denominado de Concei-

191 Relato de Noêmia Kotoviski, aproximadamente em 1990 e de seu Antonio Candido Siqueira, em 2002.192 Relato de Valter Bomfin Johson, abril de 2011.193 Placa de inauguração do prédio e GOVERNO DO ESTADO DO PARANÁ. A concretização do plano de obras

do Governador Moyzés Lupion 1947-1950. (Arquivo Publico do Paraná, Ano 1947-1950 MFN 1146, MoysésLupion), p. 84.

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ção de Timoneira que se localizava ao lado da contemporâ-nea Escola Estadual Alvarenga Peixoto.

Em 26 de Novembro de 2004, o Dr. Diniz Mehl Andruzkorecebe o título de cidadão Honorário da cidade de Almiran-te Tamandaré, em respeito e reconhecimento ao seu traba-lho na área da saúde do município. Pois, a história da saú-de no município, se confunde com a história de vida domédico Dr. Diniz. Foi responsável pela proposição do título,o então Presidente da Câmara Municipal, o Sr. LourençoBuzato194.

Nos anos de 1993 foram realizadas 79.621 consultas e13.795 crianças foram imunizadas contra a poliomielite; em1994 foram atendidas 112.167 pessoas e 13.262 criançasforam imunizadas contra a poliomielite. No ano de 1995ocorreram 142.443 consultas realizadas nos postos de saú-de. Sendo que a vacinação contra poliomielite atingiu 12.942crianças de 0-5 anos. Já em 1996, 14.889 foram imunizadascontra a poliomielite.

Construção da década de 1940, que abrigou o primeiro hospital e mater-nidade da cidade e posteriormente serviu para acomodar o Fórum

Foto: Alessandra C. de Souza, outubro de1995

194 FOLHA DE TAMANDARÉ. Dr. Diniz Andrusko recebe título de cidadão Honorário. Ano XIX, nº 495, novem-bro de 2004, p. 02.

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No ano de 1996, o Hospital e Maternidade AlmiranteTamandaré, localizado na Rua Lourenço Angelo Buzato, foiagraciado pela indicação de uma ambulância no sorteio doPapa Tudo. Ou seja, este sorteio era apresentado pela Xuxana Rede Globo aos Domingos, e o ganhador do premio de-veria sempre indicar uma instituição para ser doada umaambulância. Sendo assim o contemplado Vanderlei Novako-wski, residente na época no Jardim Santa Maria (Botiatu-ba), indicou o Hospital da Sede no sorteio de 28 de abril de1996195.

Sobre o assunto ambulância, a primeira foi posta paraatender a população na gestão do prefeito Domingos Stoc-chero, sendo esta uma Rural Willis, que estava sobre res-ponsabilidade do senhor Sebastião Bueno, o qual curiosa-mente também fazia o translado do falecido do hospital paraa casa dos familiares.

A apresentadora Xuxa, entregando a chave da ambulância ao Sr.Vanderlei Novakowski e ao dono do Hospital o Cidadão Honorário de

Tamandaré, o médico Dr. Diniz Mehl Andruzko

Foto arquivo Gazeta Ancorado – 24/12/1996

195 GAZETA ANCORADO. Xuxa entrega ambulância. Ano II, nº 31, 24 de dezembro de 1996, p.4.

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Ainda no ano de 1996, se elege vereador o saudoso Dr.Allan Gaissler de Queiros. O qual, por muitos anos prestouserviços à sociedade tamandareense. Outro médico que sedestaca na cidade por seu empreendimento de sucesso nocampo de combate ao stress, depressão e obesidade a maisde três décadas é o Dr. Ismael Lago.

No ano de 1931, em protocolo de nº 36 daquele ano, oDentista João Gualberto Pereira, tece pedido de revisão datributação recaída a sua atividade caracterizada de Gabi-nete Dentário Ambulante. Pois, ele argumenta que a licen-ça de sua permanência no município que era de 90 dias,possui um valor exagerada em comparação com outrosmunicípios da região196.

Esta manifestação observada em um simples protocolodemonstra em seu contexto, como era desenvolvido o aten-dimento dentário no município e região nesta época. Ouseja, como o deslocamento até a capital era complicado.Este serviço era prestado por dentistas particulares que sedeslocavam até as cidades da região e permaneciam porum tempo. Voltando posteriormente no ano seguinte.

196 Arquivo de Requerimento apresentado a Prefeitura municipal de Tamandaré à contar de 11 de novembro a 30de dezembro de 1931.

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A energia elétrica

Chego a minha casa ao som de trovoadas e relâmpa-gos, era mais ou menos oito da noite. Sem muito, a perdertempo, já que tinha que terminar um texto de pesquisa edepois assistir o jogo do Atlético às 21:50 horas da noite, fuitomar um bom e gostoso banho quente. Já no meio do ba-nho, todo ensaboado, cai a luz. Se estivesse no verão nemreclamaria. Mas era inverno. Naquela circunstancia, o jeitofoi enfrentar a água fria.

Pensei ser uma queda de luz rápida, porém me enganei.Percebi que meu texto que carecia de terminar feito no com-putador teria que esperar para o dia seguinte. Da mesmaforma, imaginava que teria que escutar o jogo do Atléticopelo rádio. Pois, televisão nem pensar. Esquentar o leite sóno fogão, pois, o forninho de micro-ondas naquele instanteera só uma peça decorativa. Rapidamente me raiou na cons-ciência o quanto somos dependentes da energia elétrica.Pois, algumas horas sem ela, já se torna um caos.

Então, aquela noite, também me fez lembrar os temposcontados por meus parentes e meus pais. Pois, eram tem-

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pos em que a energia elétrica, era um artigo de luxo, não denecessidade.

Segundo relato de moradores antigos, a energia elétricaem Almirante Tamandaré, era produzida particularmentepor quem dispunha de condições financeiras e principal-mente que possuía um terreno com rio ou lago capaz deproduzir força hidráulica o suficiente para mover geradoresde energia. Mas mesmo produzindo energia, a distribuiçãodela se resumia em atender as necessidades da pessoa queo produzia. Mas não por egoísmo. Mas sim, porque não exis-tia uma rede de distribuição para a comunidade, como existeatualmente. E se existisse, com certeza, a energia gerada,não atenderia a demanda de mais de uma casa com algunsfocos acesos. Resumindo, a energia elétrica naqueles tem-pos (décadas anterior a 1960), só servia para iluminar a noite,fazer funcionar moinhos elétricos e manter funcionandogeladeiras comerciais de comerciantes mais abastados.

De luxo, só alguns moradores possuíam o rádio elétrico.Sendo um fato comum, as pessoas no fim de tarde, se reu-nirem nas casas dos conhecidos que o possuíam para escu-tar a Voz do Brasil, (década de 1950), programas sertanejos,transmitida legalmente pela radio emissora ZYS-25. Naépoca denominada de Rádio Cultura do Paraná197 de res-ponsabilidade do Sr. Gabriel Cubis, que poderia ser ouvidaem 500 quilo-ciclos. A qual se localizava na antiga Estradada Cachoeira (hoje Rua Antonio Johnson nº 3761 (aproxi-madamente), terreno onde atualmente se encontra a auto-peças Vila Nori). E era abastecida pela energia produzidapor um gerador movido por um motor a combustão interna.

Esta rádio era filiada a Rede de Paranaense de Emisso-

197 ENCICLOPÉDIA DOS MUNICÍPIOS BRASILEIROS. Almirante Tamandaré-PR. IBGE, Vol. XXXI Paraná, Riode Janeiro, 1959, p. 26

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ras S/A (antiga Rádio Clube Ponta Grossense S/A). A qualfoi solicitada a estabelecer sem direito de exclusividade nacidade paranaense de Timoneira a Radio Cultura do Para-ná, sob a luz do Decreto nº 35.655 de 14 de junho de 1954,assinado pelo então Presidente da Republica, o Sr. GetúlioVargas198.

Nesta época seu Antonio Rodrigues Dias apresentavaum programa que tocava musica, o qual para descobrir apreferência do ouvinte, ia de casa em casa verificando quemúsicas elas gostariam de escutar199. Pois, era uma épocaem que não havia telefone para pedir musica como se fazatualmente.

Com o fechamento da Radio Cultura do Paraná, os mora-dores de Almirante Tamandaré só contemplaram outra ra-dio com sede no município em 1999. Quando então a partirdo advento da Lei da Radiodifusão Comunitária - Lei nº9.612, de 19 de fevereiro de 1998, assinada pelo então pre-sidente da Republica Fernando Henrique Cardoso. Possibi-litou que a Radio Comunitária Timoneira no prefixo 104,9FM, com potência de 20 w (já que por lei, sua transmissãoestava limitada a região do município), a funcionar. Estaemissora comunitária se localizava na Rua Didio Santos, nº276, no centro da cidade, sendo que sua fundação contoucom os esforços do Frei Darci Catafesta e com o Sr. Valter Jo-hnson Bomfin200, responsável administrativamente pela rádio.

Contemporaneamente a cidade de Almirante Tamanda-ré conta com a emissora Radio Barigui (em homenagem aoRio Barigui que passa pelo município). A qual começou aoperar legalmente no prefixo AM 1560 MHZ, na cidade em

198 PRESIDÊNCIA DA REPUBLICA, SUBCHEFIA PARA ASSUNTOS JURÍDICOS. Decreto 35.655 de 14 de junhode 1954. Disponível em:< http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto/1950-1969/D35655.htm> Acesso em:28 dez. 2010.

199 Relato de seu Leônidas Dias em abril de 2011.200 Relato de Valter Johson Bomfin, abril de 2011.

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01 de julho de 2007, pertencente ao então Antonio Cezarde Barros Manfron. Sua sede fica na Rua José Carlos Colo-del, 306, centro da cidade201.

Exemplos de moradores que se serviram de eletricidadenesta época (década de 1940 até 1962) são: meu avô PedroJorge Kotovski, que produzia energia, a partir de uma pe-quena queda de água existente atrás de casa, alimentadapelo curso do Rio Botiatuba; seu vizinho e irmão José Fran-cisco Kotovski, que a principio tinha que encher com a águado rio Botiatuba, um pequeno canal artificial, para daí sim,produzir energia hidráulica suficiente para girar a granderoda do gerador; seu Antônio Gedeão Tosin, que produziaenergia em sua propriedade (atualmente onde fica o SPAEstância do Lago), sendo o lago, seu principal provedor deforça hidráulica; seu Leandro Estefano Tosin (seu Lalo), queproduzia energia elétrica a partir de uma barragem artifici-al no rio Barigui, (que ainda existe no centro de Tamandaré,próximo à ponte da estrada de ferro, que margeia a RuaCoronel João Cândidode Oliveira) a qualabastecia sua fabricade calcário e residên-cia; seu Rodolfo Este-vão da Cruz, depois deusar muita bateria,também construiu umgerador hidráulico deenergia elétrica, apro-veitando a força do Rioda Barra na Localida-de da Barra de Santa

201 RADIO BARIGUI. Quem Somos. Disponível em:< http://www.radiobarigui.com.br/> Acesso em: 28 dez. 2010.

Ruínas do que restou da antiga roda deágua que fazia girar um pequeno alterna-dor, para produzir eletricidade. Não existemais

Foto – Álbum da Família Kotoviski/outubro de 1975

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HISTÓRIA DO MUNICÍPIO DE ALMIRANTE TAMANDARÉ

Rita. Existiam outras pessoas que também produziam ener-gia para consumo próprio no município, no entanto grandeparte da população de 8. 812 pessoas na década de 1950,não desfrutavam de energia em seus lares.

No que se refere à produção elétrica mais antiga nomunicípio foi feita pelos padres capuchinhos na região doBotiatuba, onde hoje se encontra a piscina dos padres, aqual era uma barragem hidroelétrica que data de 1938.

Outra forma de produzir energia era através de gerado-res movido a motor de combustão interna, porém, era maiscaro que produzir energia elétrica hidráulica. Mas para quemnão dispunha de muitos recursos, a bateria era uma solu-ção barata, porém trabalhosa de manter. Já que tinha queser carregada constantemente. Geralmente, quem dispu-nha de geradores hidroelétricos, faziam a recarga para aspessoas que precisavam. Pois, era uma das formas de seganhar um dinheiro a mais naquela época.

Porém, isto iria mudar já no começo da década de 1960,quando a Companhia de Força e Luz do Paraná, começou aimplantar a rede de distribuição de energia elétrica no mu-nicípio, a qual se concluiu na sede municipal no começo daprimavera de 1962.

O qual foi muito comemorado pelo meu avô José Ido daCruz, que possuía uma mercearia ao lado do atual ColégioAyrton Senna (na época Escola Normal Regional Alvaren-ga Peixoto). Onde neste histórico dia, minha avó OdeteBasso da Cruz, ofereceu um jantar por conta da casa, aosfuncionários da Companhia de Força e Luz do Paraná emagradecimento ao feito e porque no período da implanta-ção da rede elétrica na sede, foram clientes de almoço ejanta da mercearia.

Porém, o fato mais marcante para o meu avô Zé Ido, foi à

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possibilidade de ele fabricar sorvete. Já que aguardava oadvento da energia elétrica para estrear a grande geladeiraque era na verdade um grande balcão com água e sal (paranão congelar, porém para manter a baixa temperatura infe-rior à zero). Na qual eram dispostas as formas de picolé epreenchida com a massa, que congelavam em questão deminutos. Depois eram as formas tiradas, os picolés desta-cados e posteriormente embalados e vendidos pelos meustios Carlos Rodolfo da Cruz e José Antonio da Cruz, queconta que quando viu o avô Ido com o sorvete, não sabia oque era, pois, aquilo era novidade para ele. Além de picolé,também era fabricado sorvete de massa, ou seja, o seu JoséIdo da Cruz foi o pioneiro da fabricação de sorvete no muni-cípio. Mas, isto graça ao advento da energia elétrica publi-ca na cidade.

Outro beneficio que foi consequência da implantação daenergia elétrica foi o advento da iluminação pública, a qualprimeiramente atendendo a Rua 1 (atual Avenida EmilioJohson e a Coronel João Candido de Oliveira. Sendo que ainauguração desta contou com a presença do GovernadorNey Braga que auxiliou o prefeito Ambrósio Bini a ligar aprimeira luminária. A de ressaltar que nesta época as lumi-nárias tinham que ser ligadas manualmente uma por uma,pois a rede de iluminação não possuía o sistema de relefoto-elétrico (ascende e apaga automaticamente conformea luminosidade do ambiente). O funcionário responsávelposteriormente por este serviço foi o senhor Zé Barbeiro(José Nery).

Além do radio, outra forma de lazer sofisticado usufruí-dos pelos moradores da pacata cidade de Almirante Taman-daré, foi o advento de um cinema na cidade. O qual constadesde o ano de 1957, onde inicialmente se localizava onde

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HISTÓRIA DO MUNICÍPIO DE ALMIRANTE TAMANDARÉ

hoje é a Estância do Lago, já que lá se encontrava umapequena usina de energia elétrica de propriedade do se-nhor Antônio Gedeão Tosin. Este estabelecimento se cha-mava Cine Mauá e possuía a capacidade para 70 lugares efuncionava no sábado e domingo. Mas tarde, com o adven-to da eletrificação da sede tamandareense, em 1965 o se-nhor João Roque Tosin (seu Joãozinho), transferiu seu em-preendimento cinematográfico para sede, em frente ao atualColégio Ayrton Sena, na atual Avenida Emilio Johnson.

A década de 1960, também marcou o surgimento da pri-meira emissora de Tv no estado, a TV Paranaense cujo ca-nal era o 12. Meses depois o Diário dos Associados funda-ram a Tv do Paraná, canal 6, e em 1967 surge a Tv Iguaçu,no canal 4202. Diante desta novidade o Sr. Pedro Jorge Koto-vski adquiriu um aparelho de televisão em 1961 (26 polega-da, preto e branca, com mais de quarenta quilo). O qual por

202 FERNANDO MORGADO. História da Tv no Paraná. Disponível em:< http://televisionado.wordpress.com/2009/10/03/a-historia-da-tv-no-parana/> Acesso em: 28 dez de 2010.

Cine Mauá de seu Joãozinho (João Roque Tozin), média anual de 83 ses-sões e aproximadamente 3479 espectadores. A estrutura do cinema tam-bém serviu a comunidade da Sede como Igreja Católica, enquanto se cons-truía a terceira Igreja Matriz

Foto: Arquivo Da Paróquia Nossa senhora da Conceição de Almirante Tamandaré

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ser novidade, atraia os conhecidos toda à tarde no arma-zém que era proprietário na localidade Botiatuba, para as-sistir os programas da Tv Paraná canal 6 (Rintintin, Tele-quete Montila, Bonanza), pois a Tv Paranaense não pegavana localidade.

No entanto, mesmo existindo energia elétrica na cida-de, nem todo o município era agraciada pela mesma. Pois,até meados da década de 1980, muitas regiões do interiorde Tamandaré, não dispunham deste beneficio. Isto ficaclara, na informação que a cidade de Almirante Tamanda-ré após 1985 foi o município da Região Metropolitana, maisbeneficiado pelo Programa de Eletrificação Rural203.

Estas lembranças que me levam ao passado, apenasmostram o quanto à vida diária é facilitada pela energiaelétrica. Pois, vivemos a noite como se fosse dia, já que osdias se tornaram curto demais para atender nossos ansei-os. E quando a energia cessa, um caos parece nos abater.Somos escravos deste progresso. Às vezes penso se conse-guiríamos nos adaptar a rotina dos moradores tamandare-enses das décadas anteriores a 1960.

No ano de 2005, a população alcançou a marca de 88.277habitantes (IBGE), com crescimento estimado de 5,6. Apopulação rural diminuiu para 3.522. Já a população urba-na alcançou 84.755 habitantes. Sendo que o número deimóvel com energia elétrica foi de 20.768.

203 REVISTA PARANAENSE DOS MUNICÍPIOS. Especial Almirante Tamandaré. Curitiba: Ed. Revista Parana-ense dos Municípios Ltda, Fevereiro de 1986, ano XVIII, p.06-07.

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Comunicações

Nesses dias em que ligo o computador e me comunicocom o mundo em questão de segundo, parece ocultar, quetoda esta tecnologia e facilidades de comunicação são re-cente no nosso país e no mundo. Pois no Brasil, a interliga-ção de computadores só ocorreu em 1988, porém, restritasa universidades brasileiras com ligações às instituiçõesnorte-americanas. Em 1989, este sistema começa a abran-ger e interligar as instituições públicas. Sendo que umadessas instituições públicas eram os bancos estatais (Ba-nestado, Banco do Brasil,...). Neste contexto, em 15 de de-zembro de 1989, as agências do Banco Banestado começa-vam a se integrar a Rede do Banco 24 horas204. Já em 1990,começava operar tanto no Banco Banestado, quanto noBanco do Brasil e também no Banco Bamerindus o Sistemade Transferência Eletrônica on-line, cujo sistema operavaem transmissões via-satélites. Porém, essa interligação di-gital só chegou ao município de Almirante Tamandaré nofinal de 1991. Ou seja, as instituições financeiras do muni-204 FOLHA DE TAMANDARÉ. Banestado se integra ao Banco 24 horas. Ano V, 1ª quinzena dezembro de 1989, nº 87.

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cípio, foram as primeiras a utilizar o sistema de interliga-ção de computadores na cidade.

Em 1992, as informações através de um sistema interli-gado, foi aberta ao publico, restrito, porém, se desenvolviapara atender interesses comerciais. Bancos em rede, insti-tuições governamentais e universidades por exemplo. Em1995, o governo tentou abrir a Rede para acessos a servido-res comerciais diversos privados. Porém, só em 1997 comadvento de infraestrutura necessária, foi possível tornarpopular o acesso à internet no Brasil.

No entanto, em tempos do inicio do século XX, a únicaforma de comunicação rápida mais limitada, que existiacom a Capital, Votuverava (Rio Branco do Sul) e por onde seestendia a linha férrea era através do telegrama. O qual poderiaser utilizado na cidade nas estações da Cachoeira, Tranqueira eda Sede. Este sistema de comunicação inicialmente eracontrolado pela concessionária que administrava a ferroviaaté o advento da Empresa de Correios e Telégrafos.

Porém, a comunicação tradicional a longa distancia sem-pre se fez por carta. Esta forma de comunicação transcen-de as origens do descobrimento, sendo assim, a comunica-ção por carta sempre esteve presente na história de Taman-daré, sendo que inicialmente esta comunicação era feitapor particulares e pessoas comuns, que quando iam para acapital, levavam as cartas aos endereçados, e consequen-temente traziam a resposta destes. Com o advento do trem,estas respostas ficaram mais rápidas, já que toda semana otrem passava pela cidade para abastecer, ser carregado epegar o malote de carta que tinha origem na caixa postalexistente no inicio do século XX nas estações de trens (Ca-choeira, Sede e Tranqueira). Para poder utilizar este servi-ço, era necessário que as cartas fossem seladas.

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Em 1931 é criado o Departamento de Correios e Telégra-fos, o qual melhora um pouco o serviço postal na cidade.Porém, continuou vinculado a Rede Ferroviária, no entan-to, neste período se destacou seu Domingos Scucato, pois,por trinta anos foi o principal prestador de serviço e agentedo Departamento de Correios e Telégrafos em AlmiranteTamandaré205. No ano de 1934, já constava em Tranqueirauma Casa de Correios sob a responsabilidade Senhora Al-merinda Kruger.

No ano de 1967 foi criado o Ministério das Comunica-ções que, a partir de 1968, recebe em sua estrutura o jáexistente Departamento de Correios e Telégrafos - DCT.Sendo que em 20 de março de 1969 o Departamento deCorreios e Telégrafos, por meio do Decreto-Lei nº 509 é trans-formado na empresa pública Empresa Brasileira de Correi-os e Telégrafos - ECT206. O qual teve como principal agenteo Sr. João Scucato, Rosa Scucato Ziolcowski (década de1940) e posteriormente dona Zélia Viana. Sendo que o tremfoi utilizado como meio de transporte de malotes de cartaaté o advento da Estrada Estratégica. Já pela Estrada Es-tratégica o ônibus da viação Expresso Rio Branco, foi ummeio que facilitou o transporte dos malotes do correio.

Porém, a de ressaltar que além da carta, no contexto deemergência, se utilizava o telégrafo, disponível na cidade,desde a chegada da linha férrea na década de 1900.

Na gestão do Prefeito Ariel Buzato foi instalado no mu-nicípio, postos de serviços dos Correios e telégrafos nasseguintes localidades: Campo Magro, Tranqueira e Lame-nha Grande207.

205 TRIBUNA DOS MINÉRIOS. Centenário de Domingos Scucato. Ano XII, 23 de setembro de 1979, nº 273.206 MINISTÉRIO DAS COMUNICAÇÕES. História dos Serviços Postais. Disponível em:<http://www.mc.gov.br/

o-ministerio/historico/historia-dos-servicos-postais>Acesso em: 06 de Jan 2011.207 REVISTA PARANAENSE DOS MUNICÍPIOS. Especial Almirante Tamandaré. Curitiba: Ed. Revista Parana-

ense dos Municípios Ltda, Fevereiro de 1986, ano XVIII, p.06.

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Já a telefone em Almirante Tamandaré, foi uma conse-quência do próprio desenvolvimento desta tecnologia noBrasil, pois é muito recente, já que se confunde com a pró-pria história da Telepar em 27 de novembro de 1963,

Neste período eram 4,5 milhões de paranaenses dividi-am 21 mil telefones. Constituída por capital público e pri-vado, a Empresa iniciou a execução de um plano básico detelecomunicações. Multiplicaram-se as instalações e a TE-LEPAR passou a fornecer serviços locais e interurbanos detelefonia, até então operados precariamente por pequenascompanhias, algumas delas somente com serviço local.

Ou seja, desde 1887, já existia telefone em Curitiba. Im-plementado pelo próprio inventor do telefone, AlexanderGraham Bell que ligava o Palácio da Presidência do Estado(esquina da Rua Barão do Cerro Azul e Carlos Cavalcanti)com a Secretaria de Polícia, o Quartel do 3º Regimento deArtilharia e a Estação da Estrada de Ferro. Sendo que em1895 já existiam 50 linhas de telefones particulares estadose telefones públicos. Em 1907, Ponta Grossa recebe a pri-meira Companhia Telefônica do Paraná. Em 1927 é Criadaa Companhia Telefônica Paranaense vendida em 1935.208

Mas com o advento da Telepar processo de modernizaçãofoi rápido.

Pelo fato de Almirante Tamandaré estar próximo a capi-tal, já em 1966 foi beneficiado com o telefone, pois nesteano, ocorreu uma reunião entre os moradores da Sede, aqual a Telepar fez a seguinte proposta: “era necessário àlocalidade adquirir no mínimo 50 telefones, para que fosseimplantada a telefonia na cidade”. Neste contexto, a pro-posta foi aceita, sendo que a prefeitura comprou dois, já o

208 KROETZ, Lando Rogério. A história da telefonia no Paraná. Curitiba: TELEPAR, 1982.

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senhor Mario Veiga comprou 15 telefones209. Neste marcoinicial, o numero de telefone só possuía dois dígitos. O foneda Prefeitura era 22.

No começo dos anos 70, praticamente todo o Estado erapioneiro nos serviços interurbanos com Discagem Direta ÀDistância (DDD). A partir de 1971 isto mudou com o Planode 1 Milhão de Telefones para Curitiba. Em 1975, quando ogoverno federal incorporou a Telepar ao Sistema Telebrás,encontrou uma empresa forte e moderna, com expressivacapilaridade e qualidade na prestação de serviços de tele-comunicações. Neste começo de década. Mas cinquentatelefones integraram a rede de Almirante Tamandaré, oca-sionando a necessidade de acrescentar mais um digito nonumero. Por exemplo: o numero da Prefeitura, referente aogabinete do prefeito era 262 e a da secretaria era 222210.

No ano de 1977 novas linhas são disponibilizadas aomunicípio. Porém, apenas na Sede, no segmento da Rodo-via dos Minérios e em alguns pontos do município. Ou seja,Rodovia dos Minérios, na Rua Coronel João Candido deOliveira, na Avenida Emilio Johson, na Rua Didio Santos,na Rua Pedro Teixeira Alves e na Rua Antonio Stocchero,na Travessa Tamandaré (atual Rua Frei Mauro), Rua Rachelde Siqueira, na Wadislau Bugalski, na estrada da VendaVelha, na antiga Estrada de Colombo, Conceição, CampoMagro e no começo do Pacotuba.

Os telefones existentes na cidade eram 55 de proprietá-rios particulares e 88 pertencentes à empresa ou institui-ções públicas ou religiosas (calcário, comércio, banco, prefeitu-ra,...). Já em 1978 dígitos eram de apenas seis números, exemplo:o numero da prefeitura era: 57-1122 ou 57-1314211.

209 Relato de Albino Milek (participante da reunião e comprador de dois telefones).210 GUIA TELEFÔNICO DO PARANÁ REGIÃO SUL 76/77. Almirante Tamandaré. Curitiba: GTB, 1976.211 GUIA TELEFÔNICO DO PARANÁ REGIÃO SUL 77/78. Almirante Tamandaré. Curitiba: GTB, 1977.

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Nestes tempos, independente de condições financeiras,já que a linha telefônica era muito cara, a pessoa interessa-da tinha que esperar para comprar uma linha. Pois, depen-dia da implantação de ramal em sua rua ou localidade.

No final da década de 1980 para promover o acesso aotelefone às pessoas moradoras em localidades mais retira-das, foram criados os postos telefônicos, sendo que para secomunicar com alguém naquela localidade, havia necessi-dade de ligar para o posto dizer com quem queria falar, eposteriormente aguardar o retorno da ligação. Pois, a aten-dente, ia avisar a pessoa que recebeu o telefonema, paraesta retornar a ligação. Existia um posto telefônico no Mar-meleiro, Retiro e Conceição. Era o sistema de telefone co-munitário, o qual o primeiro foi inaugurado ainda na se-gunda Gestão do Prefeito Roberto Perussi, na Rua ArlindoFrança, no Marmeleiro, sendo a responsável pelo posto aSenhora Terezinha Paulin Stival. Este posto possuía a dis-ponibilidade de dez ramais, mais só sete foram utilizados212.Em abril de 1994, foi inaugurado pelo prefeito Cide Gulin,outro posto telefônico que beneficiou os moradores do Mar-melerinho, Cachimba e Marmeleiro213.

Já na primeira gestão do prefeito Roberto Perussi a cida-de começa a desfrutar de telefones públicos, sendo o pri-meiro da Sede localizado em frente ao Colégio EstadualAmbrósio Bini na Av. Emilio Johnson, cujo funcionamentoera com ficha metálica (uma moeda com dois cortes na carae um corte na coroa). Neste mesmo período, também foiimplantado um “orelhão” (apelido para o telefone público)na Cachoeira.

212 Relato do sr. Osvaldo Stival, fevereiro de 2011.213 FOLHA DE TAMANDARÉ. Telefone Comunitário para Marmeleirinho. Ano VIII, nº 198, 31 de março de

1994, p. 02.

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HISTÓRIA DO MUNICÍPIO DE ALMIRANTE TAMANDARÉ

Já em 1992 foi implantado o Serviço Móvel Celular noParaná, com a ativação do serviço em Curitiba. Em 30 dejaneiro de 1998 foi criado a Telepar Celular S.A, que a partirdesta data passa à condição de Concessionária Pública dabanda “A”, para a prestação do Serviço Móvel Celular noEstado do Paraná.

Porém, só em 1997 é concluída a torre (estação de RádioBase), que permitiu ao povo de Almirante Tamandaré, utili-zar aparelho móvel celular no território da cidade214.

Em 30 de junho de 1997, é sancionada a Lei Ordinária deAlmirante Tamandaré-PR, nº 547, que institui o programade apoio à instalação de empresas de telecomunicações einformática na cidade. Pois, esta foi uma boa estratégia, jáque com a desestatização da telefonia, o mercado da tele-fonia e informática se tornou extremamente emergente econcorrida.

Em outubro de 1998 a Telepar lança os cartões telefôni-cos da Série Municípios do Paraná. A qual era uma coleçãode 399 cartões. O cartão número 04 desta série era o dacidade de Almirante Tamandaré. O qual teve uma tiragemde 230.000 exemplares. A estampa ilustrativa foi uma cor-tesia da Pre-feitura Mu-nicipal deAlmiranteTamandaré.

A p e s a rdas comuni-cações maism o d e r n a s Cartão da Série Municípios do Paraná 4/399

Acervo da coleção de cartão de Antonio Ilson Kotoviski Filho

214 GAZETA ANCORADO. Telefonia celular. Ano II, nº 31, 24 de dezembro de 1996.

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Relatos de um Tamandareense

terem aparecida recentemente no município, seu impactono cotidiano foi visível. Pois, tecnologias que até na meta-de da década de 2000 eram consideradas de luxo, hoje sãoacessíveis a diferentes classes sociais. No entanto, o su-porte de infraestrutura dessas novas mídias, ainda carecede melhoramentos. Mesmo tendo ocorrido um progressobem notório em relação à década anteriores.

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HISTÓRIA DO MUNICÍPIO DE ALMIRANTE TAMANDARÉ

Era intervalo (recreio) no colégio, quando um professorque havia vindo do interior do Paraná pouco mais de ummês, comentou de forma desinformada que achava que onível de ensino é baixo de Almirante Tamandaré por causada falta de escolas no município.

De forma pacifica e educada, tentei corrigir a informa-ção, expressando que o problema não era a falta de escola,e sim os vetores que permeiam a Educação na região rela-cionada ao próprio processo de ensino.

Porém, o professor ainda argumentou que não acredita-va muito nisto, já que conhecia poucas escolas. Diante destefato expressei que no município existem 17 Instituições deensino de nível fundamental e médio, vinculadas á redepública estadual e 49 Instituições de ensino básico.

Escolas pertencentes à Rede Pública Estadual do Para-ná, segundo o portal da Secretaria do Estado da Educaçãodo Paraná (SEED/PR)215:

O ensino em

Almirante Tamandaré

215 DIA-DIA-EDUCAÇÃO. Consulta Escolas. Disponível em: <http://www4.pr.gov.br/escolas/listaescolas.jsp>Acesso em 29 dez 2010.

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Relatos de um Tamandareense

· Colégio Estadual Professor Alberto Krauser, localizadona Rua Roberto Drescheler, 22, Tanguá, com 791 alunosmatriculados;

· Colégio Estadual Ambrósio Bini, localizado na Rua SãoLucas s/n, Jardim Monte Santo, com 962 alunos matri-culados;

· Colégio Estadual Professora Ângela S. Teixeira, localiza-do na Rodovia dos Minérios km 21,5, Tranqueira, com1035 alunos matriculados;

· Colégio Estadual EBJA Ayrton Senna da Silva, localiza-do na Avenida Emilio Johnson 1172, Centro, com 350alunos matriculados;

· Escola Estadual Floripa Teixeira de Faria, localizada naRua Nilo Cropolato Matias, 100, Areias, com 582 alunosmatriculados;

· Escola Estadual Professora Jaci Real Prado de Oliveira,localizada na Rua Domingos Scucato, 998, Jardim Mon-te Santo, 1079 alunos matriculados;

· Escola Estadual Jardim Apucarana, localizada na RuaIndaial, 60, com 362 alunos matriculados;

· Colégio Estadual Jardim Paraíso, localizado na Rua Pe-dro Polak, 01, Jardim Paraíso, com 564 alunos matricula-dos;

· Colégio Estadual Papa João Paulo I, localizado na RuaSão Jorge, s/n, Cachoeira, com 1044 alunos matricula-dos;

· Escola Estadual Lamenha Pequena, localizada na RuaJusto Manfron, 2000, Lemenha Pequena, com 236 alu-nos matriculados;

· Colégio Estadual Professora Maria Lopes de Paula, loca-lizada na Rua Estados Unidos 133, Jardim Gineste, com1080 alunos matriculados;

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HISTÓRIA DO MUNICÍPIO DE ALMIRANTE TAMANDARÉ

· Colégio Estadual Vereador Pedro Piekas, localizado naRua Jacy Ramos Bini, 80, Jardim das Oliveiras, com 583alunos matriculados;

· Escola Estadual Professora Rosa Frederica Johnson, lo-calizada na Rua João Antunes de Lara, 333, Cachoeira,com 732 alunos matriculados;

· Colégio Estadual Tancredo Neves, localizado na Rua RioNegro, 580, Jardim Amazonas, com 1198 alunos matri-culados;

· Escola Estadual Vila Ajambi, localizado na Rua Profes-sor Alfredo Valente, 428, com 842 alunos matriculados;

· Escola Estadual Terezinha Kepp, localizado na Rua An-tonio de Oliveira Cruz, 82, São João Batista, com 200alunos matriculados;

· Colégio Estadual Professora Edimar Wright, localizadona Rua João Antunes de Lara, 50, Cachoeira, com 839alunos matriculados.Já as Escolas municipais de ensino básico existentes até

o presente momento, segundo as informações da Secreta-ria de Educação do Paraná216 são:· Escola Municipal Alexandre Perussi, localizada junto a

Rua Antonio Rodrigues Dias s/n, Jardim Bonfim;· Escola Municipal Almirante Tamandaré, localizada na

Rua José Carlos Colodel, 129, Centro;· Escola Municipal Alvarenga Peixoto, localizada na Rua

Coronel João Candido de Oliveira, 126, Centro;· Escola Municipal Alvorada, localizada na Rua Indaial,

60, Jardim Apucarana;· Escola Municipal Arco-Íris, localizada na Rua Piraqua-

ra, 500, Jardim Roma;

216 DIA-DIA-EDUCAÇÃO. Consulta Escolas . Disponível em: <http://www4.pr.gov.br/escolas/listaescolas.jsp>Acesso em 29 dez 2010.

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260

Relatos de um Tamandareense

· Escola Municipal Clara Anadir Buzato, localizada na RuaNilo Cropolato Mattias s/n, Areias;

· Escola Municipal Bortolo Lovato, localizado na Rua Fre-derico Domingos Gulin, 70, Tranqueira;

· Escola Municipal Coronel João Candido de Oliveira, lo-calizada na Rua João Antunes de Lara, 50, Cachoeira;

· Escola Municipal Angela Antonia Misga de Oliveira, lo-calizada na Rua João Goulart, 70, Jardim Cerejeira;

· Escola Municipal Helena Witoslawski, localizada na RuaJusto Manfron, 2000, Lemenha Pequena;

· Escola Municipal Jardim Ipê, localizada na Rua JoséFrancisco Glodzinski, 37, Vila Feliz;

· Escola Municipal Jardim Taiza, localizada na Rua Ma-ringá 100, Jardim Taiza;

· Escola Municipal Jardim Graziela localizada na RuaÁustria s/n, Jardim Graziela;

· Escola Municipal Jardim Roma, localizada na Rua Cam-po Largo 1031, Jardim Roma;

· Escola Municipal João Batista de Siqueira, localizada naRua Pedro Teixeira Alves, s/n, Mato Dentro;

· Escola Municipal José Antoniacomi, localizada na RuaCarlos Manfron s/n, Tranqueira;

· Escola Municipal Lourenço Ângelo Busato, localizadana Rua São Bento, 461, Jardim Monte Santo;

· Escola Municipal Eurípedes de Siqueira, estabelecidojunto a Rua Leonardo Muraski, 238, Jardim Paraíso;

· Escola Municipal Professor Antonio Rodriguês Dias lo-calizada na Rua José Luiz Falcade, 58, Jardim Novos Ho-rizontes;

· Escola Municipal Professora Rosilda Aparecida Kowal-ski, localizada na Avenida Emilio Johnson, 47, Centro;

· Escola Municipal Professora Clair do Rocio Sandri, loca-

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261

HISTÓRIA DO MUNICÍPIO DE ALMIRANTE TAMANDARÉ

lizada na Rua Roberto Bredchseler, 22, Tanguá;· Escola Municipal Professora Mirta Naves Prosdócimo,

localizada na Rua Dr. Placido Gomes, 105, Vila Rica;· Escola Municipal São Francisco, localizada na Rua José

Real Prado, 1573, Jardim São Francisco;· Escola Municipal São Jorge, localizada na Rua São Jor-

ge, s/n, Parque São Jorge;· Escola Municipal Vereador Atílio Bini, localizada na Rua

Jacy Ramos Bini, 80, Jardim das Oliveiras;· Escola Municipal Vereador Vicente Kochany, estabeleci-

do junto a Avenida Wadislau Bugalski, 43, LamenhaGrande;

· Escola Rural Municipal Astrogildo de Macedo, localiza-da junto a Rodovia dos Minérios Km 19, Mato Dentro;

· Escola Rural Municipal Boixininga, localizada na Estra-da do Boixininga, Cercadinho;

· Escola Rural Municipal João Johnson, localizada na Es-trada Principal do Morro Azul, Morro Azul;

· Escola Rural Municipal Maria Cavassin Manfron, Estra-da Principal da Capivara Km 10, Capivara dos Manfron;

· Escola Rural Municipal Serzedelo de Siqueira, localiza-da na Estrada Principal do Pacotuba, s/n, Pacotuba;

· Escola Municipal Professor Ignácio Lipski, localizada naRua dos Pinheiros, 100, Botiatuba;

· Escola Rural Municipal Córrego Fundo localizada naEstrada Principal de Córrego Fundo s/n, Córrego Fundo;

· Escola Rural Municipal Luis Eduardo Cumim, localizadona Rua Antonio Oliveira Cruz, s/n, Jardim São João Ba-tista.Também o município dá condições para o desenvolvi-

mento da Educação Infantil, os quais:· Centro Municipal de Educação Infantil Bonfim, localiza-

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262

Relatos de um Tamandareense

do na Rua Padre Amantino Azevedo, s/n, Jardim Bon-fim;

· Centro Municipal de educação Infantil Branca de Neve,localizado na Rua João Cordeiro de Cristo, 09, Vila Gré-cia;

· Centro Municipal de Educação Infantil Cantinho do Céu,localizado na Rua João Antunes de Lara, 30, Cachoeira;

· Centro Municipal de Educação Infantil Castelo dos So-nhos, localizado na Rua Indaial, 47, Jardim Apucarana;

· Centro Municipal de Educação Infantil Criança Feliz,localizada na Rua Piraquara 500, Jardim Roma;

· Centro de Educação Infantil Graziela, localizado na RuaGrécia, 58, Jardim Graziela;

· Centro de Educação Infantil Monterrey, localizada na Rua01, 386, Jardim Monterrey;

· Centro de Educação Infantil Paraíso, localizado na RuaVicente Govatiski, s/n, Jardim Paraíso;

· Centro de Educação Infantil Pequeno Polegar, localiza-da na Rua São Roque s/n, Jardim Monte Santo;

· Centro de Educação Infantil Pequeno Príncipe, localiza-do na Rua Professora Zelete, 103, Jardim Josiane;

· Centro de Educação Infantil Regina O. Wolf, localizadana Av. Brasília s/n, Tanguá;

· Centro de Educação Infantil Reino Encantado, localiza-do na Rua Santa Maria, s/n, Parque São Jorge;

· Centro Municipal de Educação Infantil Tia Chiquita, lo-calizada, na Rodovia dos Minérios km 22, Tranqueira;

· Centro Municipal de Educação Especial e Infantil Ma-ria de Lourdes Siqueira, localizada na Rua Coronel JoãoCândido de Oliveira, 120, Centro.Algumas escolas desapareceram na Gestão do Prefeito

Vilson Goinski (2005-2012). Porém, a atitude tomada de

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HISTÓRIA DO MUNICÍPIO DE ALMIRANTE TAMANDARÉ

extinção de algumas instituições de ensino se deu pelanecessidade de remanejamento dos alunos espalhados empequenas escolas com menos de 60 alunos e sem estrutu-ra, para escolas com infraestrutura moderna e que concen-trasse em um mesmo prédio um grande grupo de alunos.Diminuindo desta forma, o custo da burocracia funcionaldespendido pela escola, que se tornava muito alta na rela-ção número de aluno/prestação de serviço público.

Isto acarretou uma diminuição de despesas. As quais aprincipio se revertem em qualidade para a própria educa-ção. Já que os recursos antes destinados a prover peque-nas escolas (que não existem mais), se transferem para obolo a ser distribuído para o desenvolvimento do ensino (pelomenos é dentro desta lógica administrativa que se funda-menta a ação governamental). Outro fato que possibilitouesta tomada de atitude foi o programa governamental fe-deral de transporte escolar.

As escolas municipais extintas foram:· Escola Municipal José Perussi Gasparin, que ficava na

Estrada Principal do Marmeleirinho, Marmeleirinho;· Escola Rural Municipal Antonio Prado, que ficava na Rua

Alberto Piekas s/n, Colônia Prado;· Escola Rural Municipal Barra de Santa Rita, ficava na

Estrada Principal da Barra de Santa Rita;· Escola Rural Municipal Campina de Santa Rita, se loca-

lizava na Estrada Principal da Campina, Campina deSanta Rita;

· Escola Rural Municipal Cercadinho, localizava-se naEstrada Principal do Sindicato dos Comerciários, Cerca-dinho;

· Escola Rural Municipal Nossa Senhora das Graças locali-zava-se na Avenida Wadislau Bugalski, 1600, Botiatuba;

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Relatos de um Tamandareense

· Escola Rural Municipal Sant’Ana, localizava-se na Es-trada da Venda Velha, Tranqueira;

· Escola Rural Municipal São Miguel, localizava-se naEstrada do Botiatuba a São Miguel, São Miguel;

· Escola Rural Municipal Thereza Cavassim Manfron, Es-trada Principal de Campo Grande, Campo Grande;

· Escola Rural Municipal Vereador Osvaldo Avelino Trevi-san, localizava-se na estrada do Pacotuba ao Marmeleirinho.Surpreso com a quantidade de escolas, o professor en-

tão tentava entender o motivo do Município de AlmiranteTamandaré possuir níveis tão baixos nos índices de de-senvolvimento educacionais (IDEB de 2009), média de 4.2217 bemabaixo do índice 6.0 dos países com o ensino mais evoluído.

Tentando demonstrar historicamente o contexto da Edu-cação de Almirante Tamandaré que é uma consequênciado desenvolvimento tardio da educação no Brasil. Comeceia apresentar um quadro histórico resumido da história daEducação Brasileira forjada aos moldes da civilização euro-peia dominante no Brasil que foi introduzida em 1549 coma chegada da pioneira Companhia de Jesus (Jesuítas), como objetivo principal de catequizar os “selvagens nativos”para torná-los cristãos. Ou seja, inicialmente a Educaçãonão era para atender o colono. É lógico que por efeito, estaprimeira manifestação do ensino abrangeu os poucos filhosde colonos existentes no território.

A partir deste fato o ensino em território brasileiro come-çou sofrer a sorte das varias ações governamentais históri-cas. Entre elas as que mais tiveram influência foram: a or-dem de saída da Companhia de Jesus do Território Portu-guês (na época isto valia para o Brasil), a qual deixou mui-217 MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO. Indicadores demográficos e educacionais/Almirante Tamandaré-Pr. Dis-

ponível em: <http://simec.mec.gov.br/cte/relatoriopublico/principal.php?system=indicadores&ordem=5&inuid=4188&itrid= 2&est=Parana&mun=Almirante Tamandare&municod=4100400&estuf=PR>Acessoem: 29 dez 2010.

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HISTÓRIA DO MUNICÍPIO DE ALMIRANTE TAMANDARÉ

tas consequências negativas por mais de dois séculos prin-cipalmente na colônia; o remanejamento da Capital Portu-guesa e a vinda da Corte para o Brasil, o que obrigou ogoverno a investir em um sistema educacional para aten-der as necessidades da nobreza e burguesia deslocada parao Rio de Janeiro e Salvador; o processo de Independênciado Brasil, onde a primeira Constituição já mostrou uma tí-mida preocupação com a Educação; o advento da transfe-rência de competência de responsabilidade do desenvolvi-mento do ensino básico para as províncias, a qual paramuitos cientistas da Educação ocorreu em período e formanão compatível com a realidade brasileira; o desenvolvi-mento da mentalidade de se repensar a cultura brasileira emanifestações em outros setores sociais na década de 1920;fundação das primeiras universidades nos principais cen-tros urbanos do país; surgimento de tendências nacionaisde tentativa de aplicação da teoria da Nova Escola; altera-ção de regime político e consequente alteração dos proje-tos educacionais; preocupação com o fim do analfabetismoe a alfabetização de adulto; desenvolvimento industrial bra-sileiro que norteou a política de ensino no Regime Militarque visava atender as novas necessidades da sociedadenaquele momento. E por fim o novo norte ditado pela Cons-tituição de 1988, promulgada após amplo movimento pelaredemocratização do País, procurou introduzir inovações ecompromissos, com destaque para a universalização doensino fundamental e erradicação do analfabetismo.

Resumindo, a Educação existente no Município, sempre foium reflexo deste contexto. Mas com um agravante, o extremoaumento populacional que sofreu nos últimos 40 anos. Pois,querendo ou não, teve que se desenvolver uma estruturapara abraçar os anseios da população, que eram e ainda é dita-

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Relatos de um Tamandareense

do pelas necessidades imposta pelo sistema capitalista.Diante deste exposto, os relatos mais antigos do desen-

volvimento da educação oficialmente em Almirante Taman-daré, se dão pelo texto da Lei nº 731 de 19 de outubro de1883218, assinada pelo Presidente da Província do Paraná, oSr. Luis Alves de Oliveira Bello. O qual em seu artigo únicodispunha da criação de uma cadeira de instrução primáriado sexo masculino, na localidade de Botiatuba, distrito dePacotuba. Porém, a relatos documentais, que já em 1872,se fazia presente uma escola na localidade. Pois, o Sr. JoãoCândido de Oliveira foi aluno de Antônio Pires Rocha Pom-bo e Antônio Joaquim Padilha.

No período de 1892 a 1893 o Município de Tamandaréapenas contava com uma escola pública promiscua de en-sino primário na Sede cujas professoras foram a Dona Flori-pa de Siqueira Macedo e posteriormente Dona GertrudesDomitila da Cunha Martins219.

Ainda no século, XIX é relatado à significativa colabora-ção dos recém-chegados imigrantes europeus estabeleci-dos nas imediações de Curitiba, entre elas se destaca aColônia Lamenha. Que futuramente faria parte da Villa deTamandaré, como principais propagadoras de escolas par-ticulares, com o intuito de desenvolver conhecimento e con-dições de adaptação do imigrante a cultura local, isto foiobservado em 1868220, mesmo existindo na região da La-menha uma Escola Primaria Colonial221.

218 BLANCK MIGUEL, Maria Elisabeth. Coletânea da documentação educacional paranaense no período de1854-89. Campinas: Editora Autores Associados, 2000.

219 MUNHOZ, Caetano Alberto. Relatório da Secretaria dos Negócios Interior, Justiça e Instrucção Publica/Quadro demonstrativo do professorado do Estado do Paraná. Curityba: Typ. e Lith. a vapor da CompanhiaImpressora Paranaense, 1894, Quadro anexo, p. ( C ).

220 CÂMARA DE EXPANSÃO ECONÔMICA DO PARANÁ. 1º Centenário de Emancipação Política do Paraná.Porto Alegre RS: Livraria do Globo S.A, 1953, p. 30.

221 MUNHOZ, Caetano Alberto. Relatório da Secretaria dos Negócios Interior, Justiça e Instrucção Publica/Resumo das Escolas de Instrucção Primaria do Estado do Paraná. Curityba: Typ. e Lith. a vapor da Compa-nhia Impressora Paranaense, 1894, Quadro anexo, p. (D).

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HISTÓRIA DO MUNICÍPIO DE ALMIRANTE TAMANDARÉ

Na região da Colônia Antonio Prado já se fazia existenteuma escola já no ano de 1860, tendo como primeiro profes-sor o imigrante alemão Augusto Hecke, que foi professordo Exército Alemão e Missionário da Igreja Luterana. Aescola recebeu varias denominações até se instalar no pré-dio inaugurado em 1986 e denominado em 1991, como Es-cola Rural Municipal Antonio Prado. Em 2007 possuía ape-nas 47 alunos matriculados no ensino de 1ª a 4ª série. Em2009 contava com 40 alunos e 4 funcionários, o que resul-tou no seu fechamento que gerou muitos protestos222.

Também no Relatório do Superintendente Geral do Ensi-no Publico do Paraná, o Dr. Victor Ferreira do Amaral e Silvaelaborado em 01 de novembro de 1894, é acusada a exis-tência de três escolas subvencionadas (particulares) emTamandaré. Localizadas no Tijuco Preto, Conceição e Pa-cotuba223.

Sendo que a escola particular no Pacotuba denunciadano relatório de 01/11/1894 supracitado confunde-se com aprópria História de vida do professor Ignácio Lipski. Nasci-do na Polônia em 04 de março de 1850, chegando ao Brasilem 01 de maio de 1876. Onde ao se estabelecer na Fregue-sia do Pacotuba, decidiu em 20 de fevereiro de 1889 criaruma escola para atender os filhos dos imigrantes polone-ses da região224. Esta escola se localizava nas proximida-des a atual Rua Dalzira Sila, no Pacotuba. Sabedores destefato, os moradores da Colônia Lamenha recorreram ao pro-fessor Lipski para lecionar a seus filhos. Em 1920, auxiliavao professor Ignácio Lipski, a professora Esther Furquim deAndrade com aulas em português225. Este auxílio se dava

222 GAZETA DO POVO. Moradores entram com mandado de segurança contra fechamento de escola. 16 deabril de 2009.

223 Idem, Anexos de Relatórios, Superintendência Geral do Ensino Publico do estado do Paraná, p. 40.224 CÂMARA MUNICIPAL DE ALMIRANTE TAMANDARÉ. Dados históricos do Professor Ignácio Lipiski (1850 – 1932).225 Idem.

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Relatos de um Tamandareense

principalmente no contexto de tradução. Pois naquela épo-ca grande parte dos alunos, falavam e só entendiam o polo-nês. Principalmente na região de São Miguel e nas Lame-nhas. Por este motivo não raro nas escolas destas regiões,existirem dois professores na sala simultaneamente226. Por41 anos o professor Lipski prestou serviços ao desenvolvi-mento da educação no município, na data de 24 de maio de1932 falecia. 227

Por esta dedicação em ensinar, mesmo em território dis-tante de sua terra natal. O povo do Município lhe agradececom o advento da Lei nº 1386 de 11 de dezembro de 2008,com o patronato da recém-construída Escola MunicipalProfessor Ignácio Lipski, localizada na Rua dos Pinheiros,100, Botiatuba. A qual aglutinou no mesmo prédio a extin-ta Escola Rural Nossa Senhora das Graças.

Em meados da década de 1910, começou a lecionar nomunicípio a professora Judith Macedo Silveira formada naEscola Normal de Curitiba, filha única do casal formadopor Aurélio Macedo e a professora Floripa de Siqueira Ma-cedo. Nasceu em 17 de outubro de 1893, na cidade recém-criada Villa de Tamandaré. Foi morar em Ponta Grossa, sen-do a segunda normalista a se instalar naquela cidade nadécada de 1920. Ocupou a cadeira número 30 da AcademiaFeminina de Letras de Ponta Grossa e participou ativamentena sociedade como promotora da paz e da cidadania. Fale-ceu no dia 22 de março de 1947228. Outra professora quemerece destaque é a normalista formada Eudócia de Si-queira, que lecionou no Marmeleiro.

A atual sede, contou com uma escola já na década de1920, a qual é relatada na obra histórica organizada por226 Relato de João Bugalski em 2002.227 PARÓQUIA SANT’ANA DE ABRANCHES. Certidão de óbito Ignácio Lipiski. 16 de abril de 1996.228 UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ. Alguns mestres que construíram a educação ponta-grossense.

Disponível em:< http://tede.utp.br/tde_busca/arquivo.php?codArquivo=96> Acesso em: 18 jan de 2011.

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HISTÓRIA DO MUNICÍPIO DE ALMIRANTE TAMANDARÉ

José Pedro Trindade “Álbum do Paraná”. O qual na página25 apresenta uma foto do antigo Grupo Escolar229 que umdia existiu no terreno próximo a contemporânea esquinada Avenida Emilio Johnson, com a Rua Coronel João Cân-dido de Oliveira.

Já na década de 1910, o professor Sinphrônio Furquimde Andrade utilizava a sua própria residência localizada naatual Avenida Wadislau Bugalski, 1760, onde se encontra aatual residência da saudosa Sr. Izalita Rodrigues do CoutoPrado, nascida em 1912, cujo relato foi observado em 2005.

Este fato já é apontada pelo o censo escolar de 1916, jáque no Botiatuba é relatada a existência de duas escolasali (provavelmente uma só para meninas e outra só parameninos), os quais totalizavam uma população escolar de

229 TRINDADE, José Pedro. Album do Paraná. 2.ed. Curitiba,. 1927. v.l, p. 25.

O primeiro Grupo Escolar de Almirante Tamandaré

Foto 1927: José Pedro Trindade “Álbum do Paraná”, p. 25

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Relatos de um Tamandareense

62 crianças. Em 1920 este número aumentou para 89 alu-nos matriculados230.

Porém estas escolas nesta época não era exclusivas sóda região, pois, das 539 escolas isoladas do Estado do Para-ná, 24 se localizam em Tamandaré, porém nenhum grupoescolar até 1920 dos 26 existentes no Estado. 231

No ano de 1939, é fundado pela Igreja Católica o Colé-gio Nossa Senhora das Graças das Irmãs Franciscanas daSagrada Família de Botiatuba, que se localizava na atualAvenida Wadislau Bugalski, onde se encontra a atual Igre-ja Redonda do Botiatuba. O qual existiu sob a administra-ção das Irmãs até o ano de 1966, quando o colégio foi fe-chado.

30 LEÃO, Ermelino Agostinho de. Diccionario histórico e geographico do Paraná. 1926. v.1, p.230.231 CÂMARA DE EXPANSÃO ECONÔMICA DO PARANÁ. 1º Centenário de Emancipação Política do Paraná.

Porto Alegre RS: Livraria do Globo S.A, 1953, p. 32.

Casa da Família Real Prado, que na década de 1910, serviu de escola paraos alunos do professor Sinphrônio Furquim de Andrade, além de ser Ins-petoria Escolar

Foto 2002 – arquivo da pro. Josélia Aparecida Kotoviski

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HISTÓRIA DO MUNICÍPIO DE ALMIRANTE TAMANDARÉ

Em 1967 o Colégio Nossa Senhora das Graças é desmon-tado, sendo construída uma escola municipal com a mes-ma denominação, porém sem “das Irmãs Franciscanas daSagrada Família de Botiatuba”, onde mora a professora LediRizolette Straioto, filha de italianos nascido em Roma (quelecionou no colégio das freiras antes de ser desmontado).Esta escola só contava com uma sala de aula, e dentro des-te mesmo espaço, se encontravam alunos, de 1ª a 4ª séries.Esta era a realidade que a professora Rizolete teve que con-viver e administrar por muitos anos. Pois, foi à primeira pro-fessora lotada no município a dar aula no Botiatuba. Estacasa, assim como a escola não existe mais. Porém, a pro-fessora ainda mora na mesma localidade232.

No ano de 1987 foi construída em alvenaria e inaugura-da a Escola Rural Nossa Senhora das Graças, a qual aten-dia 42 alunos em 2007 de 1ª a 4ª séries. Em 2009 estes

232 Relato da sr. Ledi Rizolete Straioto, 2001.

Colégio Nossa Senhora das Graças das IrmãsFranciscanas da Sagrada Família de Botiatuba, 1939

Fonte: BONAMIGO, Euclides. Histórico da Paróquia Nossa Senhora da Conceição de Almirante Tamandaré. 1998

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Relatos de um Tamandareense

alunos foram remanejados para a Escola Municipal IgnácioLipski, no terreno vizinho. Ocorrendo desta forma o fecha-mento da “Escolinha da Rizolete”, como era carinhosamentee popularmente conhecida.

A educação da localidade de Tranqueira transcende aoano de 1924. Pois, é possível este fato ser identificado naprópria História de vida da filha da recém-autônoma Villade Tamandaré, a professora Floripa Teixeira de Faria, gera-da da união de Salvador Teixeira de Faria e Clara Bueno deFaria em 11 de janeiro de 1894. Casou-se com Ventura Ri-beiro se estabelecendo em Colombo, teve seis filhos, sendoque dois foram adotados. Com o advento do falecimento deseu esposo, a viúva Floripa retornou ao seio de sua terranatal na região compreendida entre as atuais Tranqueira eAreias em Tamandaré, onde para sobreviver trabalhou naagricultura e também de costureira.

Neste período, abriu vaga para professora na Escola Iso-lada de Tranqueira. Na ausência de interessadas, já queno município não existia nenhuma candidata disposta a selocomover até a distante localidade, a Sra. Floripa foi con-vidada por autoridades da época a assumir o posto, princi-palmente por sua notória instrução e capacidade para leci-onar, apesar de não ser formada. Foi nomeada professoraestadual na Escola Isolada de Tranqueira em Tamandaré,no ano de 1924. Prestou bons serviços a Educação da loca-lidade por mais de vinte e cinco anos e aposentou-se nestamesma escola. Ela faleceu no dia 18 de novembro de 1969233.Contemporaneamente esta história de vida é representadano patronato da escola estadual que leva seu nome, locali-zada na Rua Nilo Cropolato Matias, 100, Areias.

Já a História do Colégio Estadual Floripa Teixeira de Fa-233 DIA-DIA-EDUCAÇÃO. Consulta Escolas. Disponível em: <http://www.attfloripa.seed.pr.gov.br/modules/con-

teudo/conteudo.php?conteudo=>Acesso em 30 dez 2010.

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HISTÓRIA DO MUNICÍPIO DE ALMIRANTE TAMANDARÉ

rias começa na data letiva de 24 de fevereiro de 1994, quandoa mesma recebeu a autorização para funcionar com duas5ª séries e uma 6ª serie totalizando apenas 71 alunos. Inici-almente estas turmas foram acomodas no antigo salão debaile da Sociedade Operaria Beneficente Esportiva Areias.Já a parte administrativa, compartilhou espaço com a Es-cola Municipal de Areias. Porém, por motivo de segurançao salão de baile foi interditado em junho de 2001. Sendoque as turmas foram transferidas para três salas comerci-ais nas proximidades234.

Diante desta insustentável condição, o governo estadu-al se viu obrigado a liberar no final de 2002 a construção doatual prédio sendo que já em abril de 2003 ocorreu o iniciodas obras. As quais foram entregues no inicio do ano letivode (março) 2004, porém inaugurada oficialmente apenas em23 de maio de 2005 com a presença do Governador do Esta-do do Paraná Roberto Requião. Onde inicialmente contoucom 180 alunos distribuídos de 5ª a 8ª séries. Contempora-neamente oferta o Ensino Médio e funciona no turno damanhã e tarde. Pois, a noite atende duas turmas de APED’s(Ações Pedagógicas Descentralizadas) do CEBJA AyrtonSenna235.

O atual Colégio Estadual Floripa Teixeira de Farias comose pode perceber teve origem na Escola Municipal de Arei-as, a qual em 2007 passou por força da Resolução nº 2457/07 de 16 de maio de 2007 a chamar-se Escola MunicipalProfessora Clara Anadir Buzato. Patronato em homenagema professora que era moradora da região. Neste ano a esco-la contava com 223 alunos matriculados. Sendo que estaescola começou suas atividades aproximadamente no anode 1928, junto à antiga Rua da Igreja, contemporaneamen-234 Idem.235 Idem.

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te denominada Rua Bortolo Muraro, Km 23, no bairro deAreias, em uma casa de madeira. Sendo que nesta época ainstituição de ensino se chamava Casa Escolar de Areias.Sendo inicialmente responsável a Professora Maria Anani-as do Rosário. No ano de 1930 passou a chamar-se EscolaMista de Areias, onde era responsável pelo ensino a Profes-sora Floripa Teixeira de Faria. Novamente 1961, sofre mu-dança em sua denominação, passando a ser conhecidacomo Escola Isolada de Areias. Já 1983, sob a resolução nº4065/83 de 02 de Dezembro de 1983, começou a ser deno-minada de Escola Rural Municipal de Areias. Em 1986, éconstruído o prédio atual junto a Rua da Sociedade Areias,contemporânea Rua Nilo Cropolato Matias nº 107, a 500metros da Rodovia dos Minérios no Km 23, próximo ao cam-po de futebol de Areias e da Igreja São João Batista. Sendoque primeiramente recebeu a denominação de EscolaMunicipal de Areias, a assim ficou até 2007.

Longe da Sede, na localidade de da Barra de Santa Ritase destacou como primeira professora da localidade, a de-dicada e competente Irene Colodel da Cruz nascida em 09de abril de 1910. Cuja, atividade de lecionar, foi possibilita-da pelo seu pai José Colodel, que doou o terreno e cons-truiu a sala de aula, onde funcionou por muitos anos a pe-quena Escola da Barra de Santa Rita, isto já na década de1930. Em reconhecimento a este fato, a Sra. Irene, foi agra-ciada com um nome de rua na localidade do Jardim Paraí-so. Faleceu em 26 de maio de 1982.

Na década de 1930 o governo do Estado faz na regiãouma Casa Escolar 131,47 m² de construção mista236. Foi umaescola construída no período que Tamandaré pertencia a

236 ESTADO DO PARANÁ. Relatório apresentado ao Presidente da Republica Getulio Vargas pelo Interven-tor Manoel Ribas. Exercício de 1932-1939, p.54.

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Curitiba. No ano de 1982 em um terreno doado pelo SenhorPedro Slompo, é construída a nova escola, porém manten-do a denominação legada pela localidade onde se encon-tra. Em 2007 a escola dava sinal que iria fechar, pois sócontava com 11 alunos matriculados no curso fundamentalséries iniciais. Em 2009 ocorreu o fim de suas atividades.

Outra localidade que já na década de 1920 contava comescola a partir de relatos da Sra. Noêmia Kotoviski é a Re-gião da Capivara dos Manfron. Nesta época, dona Noêmiacontou que seu pai não queria que ela fosse estudar. Já queera uma coisa desnecessária para a realidade que eles vivi-am nesta época. Porém, mesmo assim, a mãe de dona No-êmia a mandava para escola para pelo menos apreender aler e escrever. Mas, no entanto existia outro problema. Eisque faltava professor direto, já que a localidade era de difí-cil acesso e ninguém com instrução queriam lá morar. Ouseja, apesar de ter sido em 1986 inaugurada a Escola RuralMunicipal Maria Cavassim Manfron, o qual recebeu maistarde algumas ampliações já é um reflexo da existência pi-oneira da educação na localidade já que é quase centená-ria. Em 2007 a escola possui matriculados 61 alunos deEnsino Fundamental séries iniciais.

Merece também lembrança à história profissional da pro-fessora Jaci Real Prado de Oliveira, nascida em 20 de agos-to de 1915, que revela a existência de duas Escolas Isola-das na localidade de São Miguel e do Cercadinho que trans-cende 1925. Também lecionou na Sede, no Antigo GrupoEscolar. Era notoriamente dedicada ao filantropismo, alémde outras atividades culturais, que se revertia em beneficiode um lugar melhor para se viver. Faleceu com 79 anos em29 de agosto de 1994. Atualmente é imortalizada como pa-tronesse da escola estadual que leva seu nome, localizada

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na Rua Domingos Scucato, 998 no Jardim Monte Santo.237

Sendo que esta instituição de ensino começou a funcio-nar dentro de um contexto progressivo de formação de tur-ma no ano letivo de 1995 com uma pequena turma de 5ªsérie e outra de 6ª série que totalizava 81 estudantes238.

Porém, de 1995 até o ano letivo de 2001, a Escola Jaciconviveu sob o regime compartilhado em prédio do Municí-pio com a Escola Municipal São Francisco. Sendo que emvirtude da crescente demanda, ocorreu que em 1999 a es-trutura chegou a seu limite ocupando quatro salas de alve-naria e mais duas salas de madeira construídas pela APMda Escola Estadual239.

Diante deste quadro, ocorreu a necessidade imediata daconstrução de um prédio exclusivo para atender a EscolaEstadual Jaci Real Prado de Oliveira que se concretizou em2002 com a construção de uma unidade nova composta detrês blocos: sendo um com oito salas de aula; o segundocom laboratório e sala de multiuso. Já o terceiro é o blocoda recepção composto por salas administrativas (secreta-ria, biblioteca, sala dos professores, sala de informática esala de apoio), banheiros240.

A Escola Jaci teve origem como supra explicado na Es-cola Municipal São Francisco que foi fundada em 1991 naregião de Campo Verde. Por estar localizado no Jardim SãoFrancisco, herdou o nome. Em 2007 atendeu 288 alunosmatriculados nas series iniciais do Ensino Fundamental.

Na data de 30 de novembro de 1924, a Srta. Helena Wi-toslawski, nascida em 22 de março de 1906, forma-se pro-fessora normalista pela Escola Normal de Coritiba, a qual

237 KOKUSZKA, Flavia Irene. Do Presente ao passado: assim se faz a história. Almirante Tamandaré, 2010, p. 22.238 REDE ESCOLA. Escola Jaci Real Prado de Oliveira. Disponível em:< http://www.attjacireal.seed.pr.gov.br/

modules/conteudo/conteudo.php?conteudo=9> Acesso em: 14 mar. 2011.239 Idem.240 Idem.

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já em fevereiro de 1925, de forma pioneira desempenhousuas funções em território tamandareense, na Escola Iso-lada de Nova Romastak, onde atualmente é patronesse daescola municipal primaria na localidade de Lamenha Pe-quena. Homenagem esta, prestada na gestão do PrefeitoAntonio Johnson, o qual construiu uma nova escola em1970, porém em outro terreno em território tamandareen-se. A pesar deste fato, a Escola Isolada Nova Romastakcontinuou existindo, no entanto com nova denominação deEscola Isolada Lamenha Pequena até 1986241.

A existência desta escola só foi possível, porque os pio-neiros colonos formadores da Colônia Nova Romastak, de-cidiram adquirir um terreno para fins recreativos. Sendo queo mesmo possuía uma área de três mil metros quadrados,com uma casa de madeira, (localizado na contemporânea

Escola Isolada Nova Romastak

Foto: Arquivo da Escola Estadual Lamenha Pequena, década de 1960

241 PROJETO POLÍTICO PEDAGÓGICO. Escola Estadual Lamenha Pequena. 2009, p. 11 e 12.

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Rua Justo Manfron, nº 250 e conhecida como Casa Romas-tak que data do inicio do século XX). O qual nos sábados edomingos a casa era ocupada para fins recreativos. No en-tanto, pelo fato da instituição de ensino mais próxima estarlocalizado no Bairro do Tanguá, a casa recreativa foi cedidapara fins educacionais242.

No ano de 1987, ocorreu a união Escola Isolada Lame-nha Pequena com a Escola Rural Municipal Helena Witos-lawski. Manteve-se a denominação de escola Helena, queinicialmente funcionava como escola primaria. No ano de1994, a partir dos esforços da Diretora Divanir Lucia SandriMeguer, implantou-se o ensino de forma gradativa de 5ª a8ª séries, fazendo nascer a Escola Estadual Lamenha Pe-quena no período vespertino, autorizada pela Resolução nº1054/94 de 25 de março de 1994 e reconhecida pela Resolu-ção nº 4725/2010 – DOE: 23 de dezembro de 2010. A qualcompartilha o prédio com a escola municipal que se man-teve com o status de escola municipal tendo competênciade ensino depré-escola a 4ªsérie e funcio-na com alunono períododiurno243.

P o r é m ,com o conse-quente au-mento de alu-nos matricula-dos, foi inau-

242 Idem.243 Idem.

Diploma de normalista da profª. Helena Witolawski

Fotos: Escola Municipal Helena Witolawski

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gurada em 1988 a nova sede da escola no mesmo endereçocontemporâneo na Gestão do Prefeito Ariel Buzato.

Transcendendo a década de 1920 a Escola do São Mi-guel por quase um século fez história. No ano de 1994 foiconstruído um novo prédio em alvenaria em um terrenodoado, em substituição a pioneira escola de madeira. Em1997 a escola deixou de ser multisseriada, sendo que em2007 atendia apenas 48 alunos de 1ª a 4ª série, numero quediminuiu e acabou provocando o seu fechamento em 2009.

Em meados da década de 1920 um acontecimento trági-co ocorreu na Escola de São Miguel. Pois, segundo o relatode João Bugalski Sobrinho ocorreu que enquanto o profes-sor Ignácio Lipski lecionava uma histórica figura políticada cidade junto com seus subordinados invadiu a sala deaula, ordenando que se parasse de dar aulas em polonêscomo também, foram confiscados os livros em polonês equeimados244.

No período em que Tamandaré perdeu sua autonomia e

A escola nova construída em 1994 ao lado daantiga escola em madeira que não existe mais

Foto: Pedro Martins Kokuszka, 1997

244 Relato de João Bugalski Sobrinho em 2001.

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foi integrada ao território de Curitiba, recebeu do governodo Estado as Casas Escolares em Tranqueira na Sede, San-ta Rita e na Ressaca com área de 131,47 m² de construçãomista245.

A educação na localidade do Córrego Fundo iniciou suahistória no ano de 1930, na casa de um dos moradores daregião. Somente após 38 anos é que a primeira escola, ain-da em madeira, foi construída. O atual prédio da EscolaMunicipal Córrego Fundo foi construído e inaugurado noano de 1985, em um terreno doado pela família Freitas. Onome da escola é legado do nome da localidade que estalocalizada. Em 2007 atendia penas 23 alunos de 1ª a 4ªséries.

Na data de 1937 surgi na região do Tanguá à primeirasala de aula multisseriada com aproximadamente 35 alu-nos filhos de colonos da região e proximidades. A escolateve várias denominações até chegar ao atual patronato. Oqual foi uma justa homenagem à professora Clair do RocioSandri que desempenho seu dom de ensinar na escola noperíodo de 1980 e 1985. Sendo que esta senhora faleceu emum acidente no caminho que fazia para chegar ao traba-lho. Em 2007 a escola possui 608 matriculados.

Na década de 1930 a região do Mato Dentro contava comuma escola isolada funcionando na casas de colonos daprópria localidade. Sendo que posteriormente esta escolase estabeleceu em um terreno cedido pelo Senhor Astrogil-do de Macedo. Ato que foi oficializado em 1988. Nesta épo-ca a escola carregava o nome da localidade onde estavainstalada. Sendo que 1990 oficialmente recebeu a denomi-nação de Escola Rural Municipal Astrogildo de Macedo.Em 2007 atendia 76 alunos de 1ª a 4ª séries.245 ESTADO DO PARANÁ. Relatório apresentado ao Presidente da Republica Getulio Vargas pelo Interven-

tor Manoel Ribas. Exercício de 1932-1939, p.54.

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Já pelo recenseamento geral de 1950, foram foi identifi-cados em um grupo composto por pessoas de mais de 5anos de idade (7409 pessoas), as quais 3880 sabiam ler eescrever, onde 2101 eram do gênero masculino e 1779 eramdo gênero feminino. Já a sede municipal na perspecti-va de pessoas com mais de 5 anos alfabetizadas, fo-ram detectas 679, das quais 455 sabiam ler e escrever,sendo deste numero 266 homens e 189 mulheres246.Este mesmo senso detectou a existência de 39 insti-tuições de ensino primário fundamental comum, estan-do matriculado o total de 1146 alunos de uma populaçãode 8812 habitantes247.

No ano de 1950, no governo de Moisés Lupion foi cons-truído na Sede, (onde hoje se encontram a Escola Munici-pal Professora Rosilda Aparecida Kowalski em compartilha-mento deprédio comColégio Es-tadual EBJAAyrton Sen-na da Silva,loca l i zadana AvenidaEmilio John-son, 47). Umprédio de al-venaria de560 m² queinicialmentecontou com

246 ENCICLOPÉDIA DOS MUNICÍPIOS BRASILEIROS. Almirante Tamandaré-PR. IBGE, Vol. XXXI Paraná, Riode Janeiro, 1959, p. 26

247 Idem.

Bandeira do Grupo Escolar Almirante Tamandaré, (ad-ministrado pela Diretora Mair Piovezam Taborda Ribas)em desfile no Colégio Estadual do Paraná, 1967. Ban-deira inspirada na bandeira municipal. Josélia Apareci-da Kotovski, aluna da 5ª Série ao centro, a sua direitaMaria Ester Viana, já a direita está Denise M. Bini

Foto Família de José Ido da Cruz

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6 salas248. O qual abrigou pioneiramente o Grupo EscolarAlmirante Tamandaré, o qual contava com quatro salas,cantina, sala para a direção e secretaria. Nesta época ape-nas funcionava as quatro séries iniciais, sendo a diretoraNoeli Buzato Ayub249. O qual só foi ser ampliado na Gestãodo Governador José Richa.

Ainda na Gestão do Governador Moysés Lupion, o Mu-nicípio recebeu mais três prédios escolares. As Casas Es-colares na região do Marmeleiro, Conceição e Campo Novo.Todas de madeira com 144 m² além do inicio da Constru-ção do Grupo Escolar em Campo Magro250.

A Escola Rural Municipal Osvaldo Avelino Estival, pos-sui uma história que já remonta a década de 1920. Temposda professora Eudócia de Siqueira, que lecionou em 1924para os saudosos senhores Estanislau Pupia (5 anos naépoca) e Od-ilon Trivisan.Porém só em1948 que oEstado cons-truiu um pré-dio própriopara receberalunos na re-gião. Em2007 possuíamatr icula-dos 29 alu-nos de 1ª a 4ª séries. Em 2009 por ter uma quantidade de

248 GOVERNO DO ESTADO DO PARANÁ. A concretização do plano de obras do Governador Moyzés Lupion1947-1950. (Arquivo Publico do Paraná, Ano 1947-1950 MFN 1146, Moysés Lupion), p. 85.

249 LUGARINI. Célia Maria Bini. Síntese Histórica do Colégio Estadual Ambrosio Bini. 06 de abril de 1995.250 GOVERNO DO ESTADO DO PARANÁ. A concretização do plano de obras do Governador Moyzés Lupion

1947-1950. (Arquivo Publico do Paraná, Ano 1947-1950 MFN 1146, Moysés Lupion), p. 84 e 85.

Casa Escolar no Marmeleiro, construída em 1948. Patri-mônio Cultural. Onde funcionava a extinta Escola RuralMunicipal Vereador Osvaldo Avelino Trevisan

Foto: Antonio Ilson Kotovski Filho, março de 2011

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alunos muito pequena foi fechada. Neste mesmo ano pelaletra da Lei Ordinária Municipal nº 1420 de 20 de maio de2009, o prédio da escola é Declarado Patrimônio Culturaldo Município, assim como todos seus bens móveis perten-ces da instituição.

Na data de 1951, começa a funcionar a Escola Isoladade Campo Grande, tendo como professora pioneira a Se-nhora Thereza Cavassim Manfrom que já lecionava antesdeste acontecimento em sua casa. Em 23 de dezembro de1982 passou a denominar-se Escola Rural Estadual de Cam-po Grande. Foi municipalizada em 1991 e atualmente rece-be a denominação de Escola Rural Municipal Thereza Ca-vassim Manfrom, como justa homenagem a primeira pro-fessora da instituição. Em 2007 atendia apenas 46 alunosde ensino fundamental das séries iniciais, funcionando emdois períodos.

Em 1952, existiam duas instituições de ensino exclusivopara a Educação de Adulto em Timoneira, em 1953 no go-verno Bento Munhoz da Rocha Netto. Neste mesmo anoCampo Magro distrito de Timoneira, recebeu do Estado umGrupo Escolar de 566 m² com quatro salas.251 Obra iniciadae planejada no governo anterior.

Nesta época se destacou a família Dias na difícil tarefade lecionar em tempos não favoráveis a esta nobre ação.Sendo o professor Antonio Rodrigues Dias uns dos heróis.O qual foi nascido em 1910. Antes de lecionar em um pré-dio publico próprio para a atividade educacional, ele minis-trava suas aulas em sua própria casa252.

Foi casado com a saudosa professora Maria Balbina daCosta Dias que exerceu seu nobre trabalho em varias esco-

251 CÂMARA DE EXPANSÃO ECONÔMICA DO PARANÁ. ..., p. XXIV e 38.252 Relato de Valério Milek, em fevereiro de 2011.

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las do interior. Sendo o Colégio Cristo Rei em Curitiba, aúltima instituição antes de se aposentar. Um fato marcantedela, é que mesmo licenciada devido a uma cirurgia quetemporariamente a obrigou a andar de muleta, continuoutrabalhando para não ver a escola fechar. Pois, não haviaprofessora substituta na época. Detalhe: ela andava apro-ximadamente seis quilômetros, na condição pós-cirúrgica,para salvar sua escola. Nasceu em 31 de março de 1914 efaleceu com o dever cumprido em 25 de agosto de 1975253.Outro fato difícil que estes professores tiveram que enfren-tar foi na década de 1950, época em que por quase cincomeses ficaram sem receber salários254, e mesmo assim con-tinuaram lecionando.

O professor Antonio também era um amante da culturae da informação, o qual esta paixão se concretizou na datade 31 de março de 1985, com a fundação do Jornal Folha deTamandaré. Ainda jovem quando serviu o exército brasilei-ro, ajudou a abrir a Estrada da Ribeira (ou seja, em temposque as ferramentas eram a pá e picareta)255. Porém, suadedicação pelo esporte local, foi também sua marca. O “Ve-lho Guerreiro” tombou honradamente na data de 29 demarço de 1993. Em reconhecimento aos seus feitos foi imor-talizado como patrono da escola municipal localizada juntoa Rua José Luiz Falcade, 58, Jardim Novos Horizontes etambém com a denominação da antiga Estrada do Bonfim(atual Antonio Rodrigues Dias). A qual a propósito moroumuitos anos.

A escola em que é patrono começou suas atividades noano de 1995 na casa do Professor Atemildo e da Regina,

253 FOLHA DE TAMANDARÉ. Maria Balbina estaria completando 91 anos. Ano XIX, nº 507, março de 2005, p.02.

254 Relato de Valério Milek, em fevereiro de 2011.255 Relatos de Leônidas Dias, abril de 2011.

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com uma área de 32 m², atendendona época apenas 17 alunos. Sendoque por cinco anos esteve estabele-cida neste local, quando em 2000 foiinaugurada a atual escola. Sendoque em 2007 a instituição já contavacom 76 alunos matriculados de 1ª a4ª séries e possuía 7 funcionários.

Contemporâneo de profissão, osenhor Alberto Votche Krauser sedestacou na região do Tanguá ondecomeçou a lecionar em 1959 na Es-cola Isolada Santa Gabriela. Sendoposteriormente nomeado professormunicipal na gestão do PrefeitoAmbrósio Bini. Porém, a de se desta-car a bonita história de superação que fez parte da vidadesse cidadão tamandareense nascido em 25 de março de1920. Eis, que aos 8 anos de idade teve que enfrentar aperda do seu pai e as consequências disso. Sendo interna-do no Instituto São José no Abranches. Aos dezesseis anosviu a necessidade de trabalhar. Sendo que pelos mistériosdo destino perdeu sua mão no desempenhar de seu traba-lho em uma serraria existente no Bairro do Tanguá em 1936.Sem muito que fazer a respeito teve que superar o inciden-te e seguir a vida. Não desistiu de seus sonhos e formou-senormalista na extinta Escola Normal Alvarenga Peixoto256.

Era muito ligado aos esportes e as ações beneficentes.Sendo sua história uma parte da Sociedade Educativa Tan-guá. Faleceu em 08 de julho de 1979. No entanto sua histó-ria de vida ficou preservada no patronato da Escola Esta-

Professora Maria Balbina eo professor Antonio Rodri-gues Dias

Foto: Folha de Tamandaré, março de 2005

256 PROJETO POLÍTICO PEDAGÓGICO. Colégio Estadual Alberto Krause. Ano 2007, p. 12.

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dual Alberto Krauser quando em 17 de agosto de 1990 aescola foi reconhecida com esta denominação, pela Porta-ria 2355/90 publicada no Diário Oficial do Estado em 03 desetembro de 1990257.

No ano de 1994 foi implantado o Ensino Médio com osesforços da Diretora Professora Regina Olandoski Wolf. Noano de 1997 ocorreu que o Colégio Alberto Krauser deixoude compartilhar o mesmo prédio da Escola Municipal ClairSandri. Sendo que iniciou em prédio novo atendendo 573alunos distribuídos em nove salas de aula. O qual teve comoprimeira diretora desta nova era a Professora Ana EdenirCavalheiro. No ano de 2003 pela Resolução nº 1521/03 pu-blicada no Diário Oficial do Estado de 23 de junho de 2006ocorreu o Ato de Renovação da Escola/Colégio e pela Reso-lução nº 293/07 publicado em 14 demarço de 2007 reconhecido o Cursode Ensino Fundamental258.

Porém esta escola tem sua gêne-se na década de 1980, sendo que pelaResolução 7489/84 publicada no Di-ário Oficial do Estado em 08 de no-vembro de 1984 a autorização de fun-cionamento do Ensino Fundamental.Nesta época a Escola Rural Tanguáfuncionava apenas com quatro salas.Sendo sua diretora a Professora Ju-raci do Nascimento259.

Outra ilustre Professora foi a Sra.Rosa Frederica Johnson, patronesseda contemporânea escola estadual

Formando Normalista Al-berto Krauser, aluno dasprofessoras Geny LeiteFagundes, Maria Luiza Jo-hson, Noeli Zuleika Busa-to, Maria Faria Von derOsten, Marilde Virginia S.Lara, Mair Taborda Ribas,Norma Brenny, e o profes-sor João Roque Tosin, Di-retora Rita S. Siqueira

Fonte: Quadro de Formatura da EscolaNormal Alvarenga Peixoto Turma de 1963

257 Idem.258 Idem, p. 12-13.259 Idem, p. 07.

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que carrega seu nome, localizada naRua João Antunes de Lara, 333, Ca-choeira. A professora Rosa, nasceuem 15 de julho de 1930, onde já jo-vem entrou para o magistério, tendocomo característica o idealismo e avocação para o ensino. Lecionou emtempos que o transporte público nãoexistia, e sua locomoção até as es-colas que lecionava era feita a pé.Pelo seu exemplo de determinaçãoe força para enfrentar estes desa-fios e nunca esmorecer, no ano de1980 como homenagem, foi fun-dada e inaugurada à instituiçãoestadual que a imortalizou comopatronesse da escola que lecionoupor muitos anos. Faleceu ainda jo-vem, com 49 anos no dia 1º de abril de 1979260.

Chega a Tamandaré em 1959 às 16:00 horas a SenhoraConceição Pereira do Nascimento, nascida em 06 de maiode 1930. A qual se tornaria uma das mais tradicionais pro-fessoras do município. No entanto nesta época estava ter-minando o curso Normal Regional. Sendo suas professoras:Dona Alda de Siqueira, Eli Stocchero, Rosa Bini e as Direto-ras Mair Taborda Ribas, Itália Fulgencio e Norma Breny.

Na Escola Isolada da Capivara, no ano de 1958, iniciavano magistério, a professora Ângela Lucia Sandri Teixeira,nascida no Juruqui, Vila Tamandaré em 11 de junho de 1925.Na década de 1930, estudou na Escola de São Miguel. Após

Professora Rosa FredericaJohson, aluna das profes-soras Maria Luiza Johson,Norma M. Kruger, AldaDoris de Siqueira, Mair Ta-borda Ribas, Noeli Zulei-ka Busato e os professoresFrancisco Tiago da Costae João Roque Tosin, Dire-tora Rita S. Siqueira

Foto publicada BRASINHA, novembro de 2003

260 BRASINHA (Informativo da Paróquia Nossa Senhora da Conceição). Professora Rosa Frederica Johnson/EllyFurquim Stocchero. Ano IV, novembro de 2003.

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casamento foi residir na localidade de Tranqueira. No anode 1962, começou a lecionar na Escola Isolada de Tran-queira. Formou-se normalista em 1967 sendo seus profes-sores: Francisco Tiago da Costa, Itália Fulgencio, NormaBrenny, Marilde Virginia S. de Lara, Mair Taborda Ribas,Geny Leite Fagundes, Maria Faria Von Der Osten, MariaLuiza G. Johnson, João Roque Tosin, Professor José Carlosde Miranda (contemporâneo presidente do Paraná Clube) ea Diretora Rita S. Siqueira. Faleceu em 29 de novembro de1976. Pela sua dedicação ao ensino e coragem de enfrentardistancias para realizar seu trabalho, a professora Ângelafoi homenageada como patronesse do Colégio Estadual lo-calizado no Km 11 da Rodovia dos Minérios261.

Esta escola em que é patronesse, possui sua gênese nadécada de 1920, a qual se situava nas proximidades doHaras do Berkol, onde se encontra atualmente a proprieda-de da Família Joppert. Sua primeira professora foi à senho-ra Policena dos Santos Correia. Por volta de 1929 a escolafoi transferida para a entrada do Caçador (entre Tranqueirae a propriedade dos Chimelle). Nesta época a professora foia Senhora Tereza Fama, depois dona Chiquita (FranciscaVicini Correia). No ano de 1931 a escola mudou de localnovamente para a propriedade da família Miclak. Nestaépoca as professoras foram: Suzana Muller e Ester Von Kru-ger. Em 1937 é Construída a Casa escolar de Tranqueirasendo que em 1984 foi reformada e ampliada com quatrosalas de alvenaria, secretaria, sanitários, pátio cobertos efoi cercada. No período da construção foi utilizado o postode saúde para complementar as salas que faltavam parareceber os alunos. Sendo que a Escola de Tranqueira funci-onava em três períodos. Em 1988 a antiga construção foi

261 Dossiê Histórico do Surgimento de Tranqueira. Ângela Sandri de Teixeira. 1986.

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demolida já que colocava em risco a integridade física daspessoas que utilizavam o estabelecimento. Neste ano foiconstruída a nova escola. Porém no período da construçãoforam utilizadas as dependências do Salão Paroquial daIgreja de Tranqueira262.

Porém, derivado da pioneira Escola de Tranqueira, seoriginou a Escola Municipal Bortolo Lovato em 2004. Po-rém esta instituição já em 1995 possuía autorização paraatender o Ensino Fundamental nas suas séries iniciais. Em2007 estavam matriculados 347 alunos.

Também na década de 1950, a professora Divanir LuciaSandri Meger destaca-se, por ter que se deslocar a pé daLamenha Pequena, para chegar até a localidade do Botia-tuba para desempenhar seu dom de ensinar. Inicialmentefoi professora da Escola Isolada Nova Romastak.

No ano de 1960, no prédio onde se localizava o GrupoEscolar Almirante Tamandaré, teve inicio a Escola Normal

Primeira imagem é a fachada original da Casa Escolar de Tranqueira de1937, porém com a reforma ocorrida em 1984/Foto: Dossiê histórico dosurgimento de Tranqueira, 1986. Na segunda imagem temos a foto dapatronesse professora Angela Sandri Teixeira

Foto: quadro de formandos da Escola Normal Alvarenga Peixoto, turma Leônidas AntonioRodrigues Dias de 1967, pertencente a Antonio Ilson Kotovski (colega de turma da professora Angela

262 Idem, Escola de Tranqueira.

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Regional Alvarenga Peixoto que habilitava professoras alecionar no antigo primário. A diretora responsável inicial-mente pela escola foi Álda Dóris Siqueira263. O patronatoda escola foi uma homenagem ao advogado, poeta e incon-fidente (Inconfidência Mineira) Inácio José de AlvarengaPeixoto. No ano de 1991 a escola ganha um novo endereçojunto a Rua Coronel João Candido de Oliveira, estando sobcompetência do município e oferecendo exclusivamente ocurso de Ensino Fundamental para as séries iniciais.

Inicialmente com nome de Escola do Morro Azul, se fezpresente à educação na localidade que legou o nome a es-cola em 1961. A qual funcionou em uma casinha muito sim-ples de chão batido, que foi emprestada pelo Senhor JoãoAfornalli. A 1ª Professora foi à dinâmica Ledy Risolette Strai-otto. O qual enfrentou muitas dificuldades, já que se deslo-cava do Botiatuba em tempos de meios e infraestruturasde transportes precários porque não havia nenhum profes-sor na região. Em 1985, o senhor João Afornalli doou o ter-reno para a construção da Escola, quando esta passou aser chamada pelo nome de Escola Rural Municipal JoãoJohnson, que foi uma homenagem ao sogro do doador doterreno. Em 2007 possuía 36 alunos matriculados no ensi-no de 1ª a 4ª série.

Em 1965 foi fundada a Escola Isolada de Pacotuba. Jáem 1966 foi construída a nova escola ao lado da Igreja deSanta Ana. Com novo prédio em alvenaria, no ano de 1990passou a denominar-se Escola Rural Serzedelo de Siqueira,em homenagem a este cidadão que nasceu no bairro. Em2007 atendia apenas 38 alunos de 1ª a 4ª série.

Em 1966 é construída no terreno da Igreja do Bonfimuma sala de aula para atender poucos alunos, sendo inici-

263 LUGARINI. Célia Maria Bini. Síntese Histórica do Colégio Estadual Ambrosio Bini. 06 de abril de 1995.

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almente denominada de Escola Municipal Bonfim. Na datade 19 de setembro de 2002 é entregue o prédio novo, com anova denominação de Escola Municipal Mirta Naves Pro-dóscimo. Patronato em homenagem a uma antiga profes-sora da região. Contava em 2007 com 144 alunos matricu-lados nas séries de 1ª a 4ª.

Da união das pioneiras: Escola Isolada do Cercadinhocom a Escola Isolada do Boixininga que transcendiam adécada de 1930 surgiu a Escola Rural Municipal Cercadi-nho em 1967, sendo esta construída na propriedade do Sr.Aleixo Brotto, que também ajudava fornecendo água paraa instituição. No ano de 1987, o Presidente da Sede Cam-pestre dos Comerciários, Sr. Vicente da Silva, doou a áreaonde esta localizada a atual escola em alvenaria, construí-da em 1984. Em 2007 infelizmente só possuía 11 alunosmatriculados no curso fundamental séries iniciais, o queacarretou no seu fechamento em 2009.

A escola Municipal Coronel João Candido de Oliveira foicriada como uma escola isolada funcionando em casa decolonos da região. Na década de 1960 o senhor FranciscoSubinski, doou verbalmente um terreno para que fosse cons-truída uma sede para a escola. Inicialmente recebeu o nomede Casa Escolar da Cachoeira. No ano de 1971 recebeu adenominação de Grupo Escolar João Candido de Oliveira.Em 2007 contava com 579 alunos de 1ª a 4ª série. No anode 1983, na gestão do prefeito Ariel Buzato, foi construídoum dos maiores complexos escolares no município nestaépoca para abrigar 490 alunos distribuídos em 9 salas deaulas inicialmente, fora as dependências administrativas,cantina, pátio coberto.

Desta escola se originou o Colégio Estadual Edmar Wrigt.Que se destacou no município por sua competência e dedi-

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cação ao ensino. Porém, por problemas envolvendo familia-res no contexto do período do Regime Militar no Brasil, estáeducadora teve que enfrentar diversos problemas em suavida profissional e particular. Atualmente ela é patronessede um Colégio Estadual de Ensino Fundamental e Médiolocalizado junto a Rua João Antunes de Lara, 50 na Cacho-eira. O qual presta serviço à sociedade desde o dia 12 deabril de 1993, por força legal da Resolução 4103/93 de19 de agosto de 1994. Porém sua implantação se deude forma gradativa já no início do ano letivo de 1993,proporcionando a população o Curso de Magistério. Em1997 foi iniciado o Curso de Educação Geral (atualEnsino Médio). Um ano após este fato a InstituiçãoEducacional é reconhecida pela resolução 170/98 de23 de janeiro de 1998 com devida publicação legal noDiário Oficial do Estado datada de 26 de fevereiro de1998. Sendo que este mesmo dispositivo reconhecia opioneiro Curso de Magistério264.

Neste mesmo ano é autorizado o funcionamento do Cur-so de Educação Geral, legalmente reconhecido pela reso-lução nº480/98 assinada em 17 fevereiro de 1998 sendo amesma devidamente publicada no Diário Oficial do Estadoem 05 de março de 1998. Já o Ensino Médio raiou com oadvento da resolução 3844/2000 assinada em 21 de dezem-bro de 2000 com publicação oficial obrigatória em 05 defevereiro de 2001265.

Já em 2006 foi autorizado o funcionamento do Cursode Formação de Docentes da Educação Infantil e dosanos Iniciais do Ensino Fundamental na ModalidadeNormal e Médio, observando a implantação gradativa

264 REDE ESCOLA. Colégio Estadual Professora Edimar Wright EMeN . Disponível em: < http://www.attedimar.seed.pr.gov.br/modules/conteudo/conteudo.php?conteudo=1 > Acesso em: 14 mar. 2011.

265 Idem.

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a partir do início do ano letivo de2006, em concordância com a Re-solução nº3714/2006 de 28 de julho de2006266.

A década de 1970, a Educação noMunicípio passou por intensas trans-formações, devido à frenética urbani-zação descontrolada. As quais come-çaram a ser sentidas na gestão do Pre-feito municipal Roberto Luiz Perussi,diante desta perspectiva, havia a ne-cessidade de se desenvolver uma ad-ministração educacional eficiente, mas ao mesmo tempoflexível aos diversos problemas que surgiriam. Foi nestecontexto que assumiu o cargo de Secretária de Educaçãodo Município a professora Floripa Perussi Lovato (DonaNena). Pessoa com experiência adquirida em 25 anos demagistério e com passagem por diversas escolas desde RioBranco do Sul inicialmente, até a Sede. Ou seja, conviveucom diversas realidades desde o final da década de 1950.Mais 06 anos de trabalho burocrático de inspetora educaci-onal. Pelo reconhecimento de seu trabalho pelos seus cole-gas, é convidada em 1989 a ser Secretária de Educaçãonovamente do município. Foram colegas de classe de DonaNena que se formou com ela: Leônidas Antonio RodriguesDias, o professor Carlos Augusto Rose e as saudosas pro-fessoras Conceição P. Nascimento e a senhora Rosa Frede-rica Johnson.

Uma notoriedade observada na trajetória de vida dosprofessores de décadas anteriores a de 1960 que atrapalha-va o desenvolvimento da Educação, foi o difícil acesso até

Professora Edimar Wright,patrona de escola no bair-ro da Cachoeira

Foto: Colégio Estadual Edimar Wright

266 Idem.

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a escola. Ou seja, ou os professores moravam na região daescola, ou tinham que se deslocar até a ela. Mas como na-quele tempo não existia transporte coletivo, acessibilidadea automóveis e até transporte escolar, o jeito era para quemmorava longe e tinha que trabalhar, se hospedar na casa dealgum morador na região próxima ao trabalho. Sendo quesó na sexta-feira de tarde que poderiam ir visitar seus fami-liares, voltando no domingo à noite. No centro da cidade,se destacou o estabelecimento comercial de seu José Idoda Cruz, que além de ser mercearia, lanchonete e restau-rante era uma hospedaria. A qual abrigou muitas normalis-tas na década de 1950.

Porém, além da dificuldade das professoras terem quese deslocar para o trabalho. Existia outro agravante queocorria nas escolas isoladas (escola rural). Eis, que eram asprofessoras que preparavam a merenda para seus alunos.Esta condição só começou a mudar a partir de meados dadécada de 1970.

Este mesmo dilema era vivido por alunos que gostariamde se aprimorar mais nos estudos. Não raro era verificarmoradores da sede acolhendo filhos de conhecidos quemoravam no interior do município. No entanto, esta condi-ção mudou no final da primeira gestão do prefeito RobertoPerussi. Pois, a prefeitura adquiriu um micro-ônibus quefazia este serviço. Porém de forma limitada.

Em 1972 a Escola Normal Regional Alvarenga Peixoto,passou a denominar-se de Ginásio Estadual Alvarenga Pei-xoto. Porém, em 1972, a instituição de ensino mudou nova-mente de nome, sendo que desta vez recebeu o nome doex-deputado estadual e prefeito Ambrósio Bini. Neste con-texto, a professora Rosa Bini de Oliveira, se tornava a pri-meira Diretora do Colégio Estadual Ambrósio Bini. O qual

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em 1980 implantou o ensino de 2º Grau com o Curso Profis-sionalizante Básico em Comércio. Em 1991 o Colégio passaa gerir sobre a luz da Educação Geral267.

Na Antiga Estrada do Bonfim, foi fundada a Escola Ru-ral Alexandre Perussi no ano de 1977, a qual inicialmentefuncionava em um prédio de madeira. No ano de 1987 aescola ganhou dependências novas de alvenaria. Em 2007a escola tinha 478 alunos matriculados no ensino de 1ª a 4ªsérie.

No ano letivo de 1978 foi inaugurada a Escola RuralMunicipal Nossa Senhora da Luz no Marmeleirinho, emhomenagem a padroeira da comunidade. A escola inicial-mente funcionava em um paiol na propriedade do SenhorJosé Canane Ida. Tempos depois o terreno foi compradopela família da Professora Lucia Perussi Gasparim, que con-tinuou com o funcionamento da Escola. Em 1985 o SenhorJosé Perussi doou para a prefeitura a área onde foi constru-ído um prédio para a escola. Este fato faz que em 1987 aescola fosse denominada de Escola Rural Municipal JoséPerussi Gasparim. Em 2007 contava com 14 alunos matri-culados no ensino de 1ª a 4ª série. Em 2009 suas atividadesforam encerradas pela baixa taxa de matriculas.

Também no ano de 1978 tem inicio uma das maioresescola do município. A Escola João Paulo I que foi erguidona gestão do Governador Jaime Canet e inaugurado nasfestividades de comemoração do aniversario de emancipa-ção política da cidade em 11 de outubro de 1978268. O qualrecebeu esta denominação devido a comoção mundial pelamorte do Cardeal Albino Luciani (Papa João Paulo I), ocor-rida em 28 de setembro de 1978 às 23:00 local. Em 1983 foi

267 LUGARINI. Célia Maria Bini. Síntese Histórica do Colégio Estadual Ambrosio Bini. 06 de abril de 1995.268 Relatório das festividades de comemoração do 31º aniversário de Emancipação Política de Almirante Taman-

daré. Gestão Roberto Perussi.

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reconhecida pela resolução 3440/82 de 14 de janeiro de1983269. Sendo que neste mesmo ano a escola que já pos-suía a maior estrutura do município e teve que receber mais4 salas na Gestão do Prefeito Ariel Buzato em resposta aoextremo aumento de demanda de matriculas originado peladesenfreada crescente população. Até o ano de 2004 a ins-tituição estadual compartilhava o espaço com a EscolaMunicipal São Jorge. Quando esta ultima ganhou prédiopróprio no mês de junho deste ano, junto a Rua São José (a300 metros aproximadamente do pioneiro estabelecimen-to). No ano de 1999 é reconhecido o Ensino Médio. Sendoque contemporaneamente o Colégio João Paulo I em 2008contava com 1050 alunos matriculados nos cursos de 5ª a8ª séries e no Ensino Médio, distribuídas em 15 salas deaula, num total de 33 turmas que funcionam organizadasem três períodos. Já a Escola Municipal São Jorge recebealunos de 1ª a 4ª séries, como também atende o EJA.

A Escola Municipal Jardim Ipê, foi fundada no ano de1980. Seu nome deriva da região onde esta localizada. Aqual possui muitas árvores de Ipê. Neste mesmo ano entraem funcionamento a Escola Municipal Jardim Graziela,sendo mantida pela prefeitura até 1984, quando passou paracompetência estadual. Com o advento da municipalização,passou a ter competência exclusiva para o Ensino Funda-mental das séries iniciais. Em 2007 estavam matriculados443 alunos.

A escola Municipal Alvorada começou suas atividadesem um barracão onde hoje esta instalada a Igreja São Pe-dro em 1980 quando foi criada com a denominação de Es-cola Rural Jardim Apucarana (contemporânea Escola Es-tadual Jardim Apucarana) que funcionava em um pequeno

269 PROJETO POLÍTICO PEDAGÓGICO. Colégio Estadual Papa João Paulo I, 2008, p. 01.

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prédio que servia inicialmente para atender 125 alunos deensino primário. Com o Ato Autorizatório nº 7489 de 24 deoutubro de 1984, assinado pelo então Governador José Ri-cha começou a funcionar de forma mais ampla. Pois, a de-manda de alunos aumentou e a necessidade de estender oensino a um nível maior já era notória. Neste contexto,ocorre o inicio das obras para uma escola mais ampla nofinal do Governo José Richa sendo concluída em março de1987 no Governo João Elísio Ferraz de Campos com recur-sos administrados pela Fundação Educacional do Estadodo Paraná (FUNDEPAR). Em convênio com a prefeituraMunicipal de Almirante Tamandaré Gestão Ariel Adalber-to Buzzato270.

No inicio do ano letivo de 1991 começa a atender especi-ficamente o ensino de 1º grau (atual Ensino Fundamental),no período noturno. Dois anos depois, em virtude do au-mento da demanda de alunos de Ensino Fundamental, abreo período vespertino. No ano letivo de 2005 começou a fun-cionar no estabelecimento a modalidade do PAC – EnsinoMédio, que atendeu inicialmente uma turma, no períodonoturno271.

Porém, apesar de seu prédio ser Estadual, a escola ain-da funciona em regime de compartilhamento com a Prefei-tura Municipal de Almirante Tamandaré. O qual cede operíodo diurno para as atividades educacionais de 1ª à 4ªsérie. Neste período a instituição funciona sob a denomi-nação Escola Municipal Alvorada272. Que em 2007 atendeu276 alunos.

No ano letivo de 1983 começa a funcionar na Região daVila Ajambi, uma escola que leva o mesmo nome, inicial-270 REDE ESCOLA. Escola Estadual Jardim Apucarana. Disponível em:< http://www.attapucarana.seed.pr.gov.br/

modules/conteudo/conteudo.php?conteudo=9 > Acesso em: 14 mar. 2011.271 Idem.272 Idem.

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mente em duas salas de aula popularmente reivindicadaspor abaixo assinado colhidos junto a moradores da região.Sua autorização de funcionamento raiou com a resoluçãonº 7489/84 que permitia atender o ensino primário. Sendodesta forma os pioneiros professores: Geni Genésia Prado,Elvira Oyama, Ana Lucia Pereira, Jefferson da Silva, GizelaGuimarães Pereira e Lucimeri Costa273.

Em virtude da crescente demanda, o espaço saturou oque mobilizou a comunidade escolar lutar por um prédiomais amplo. O qual ocorreu. No entanto, no período queocorreu a construção, os alunos foram remanejados para asinstalações junto a Capela Anjo da Guarda, que foram cons-truídas pela Prefeitura Municipal em caráter emergencial aestrutura mínima para tal remanejamento. A de se desta-car que muitos dos que participaram desta obra, estavamdesempregados antes do fato274.

Inicia-se o ciclo básico no ano letivo de 1988. No entantofez parte da história da escola o Mobral e a Educação Edu-car (educação destinada aos adultos). Mas com a munici-palização das escolas no ano de 1991, ocorreu a criação daEscola Municipal Jardim Gramado com competência parao ensino primário, no período diurno e vespertino. Sendoque o ginásio era de competência da Escola Estadual VilaAjambi. Porém esta funcionava apenas em período notur-no, havendo ainda a necessidade de construir mais duassalas de aula em 1992275. Em 1996 a Escola Gramados co-meça a funcionar em prédio próprio.

Recentemente a Escola Municipal Gramados, localiza-da na Rua João Goulart, 70, Jardim Cerejeira, foi redenomi-nada por força da Lei Municipal nº 1495 de 18 de dezembro273 REDE ESCOLA. Colégio Estadual Vila Ajambi. Disponível em:< http://www.attajambi.seed.pr.gov.br/modu-

les/conteudo/conteudo.php?conteudo=54> Acesso em: 15 mar 2011.274 Idem.275 Idem.

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de 2009, como Professora Angela Antonia Misga de Olivei-ra. Esta homenagem foi consequentemente estabelecidapelo seu contemporâneo trabalho (década de 1980-2000),dedicado tanto na formação de alunos do ensino primáriona Escola Municipal Gramados. Quanto sua dedicação paraencaminhar pessoas fora idade escolar, ao mundo do co-nhecimento e a novas perspectivas enquanto docente dacadeira de Português do Colégio Estadual Vila Ajambi, naregião de mesma denominação. Infelizmente nos deixouainda jovem (42 anos. Nascida em 23 de setembro de 1964),em 15 de agosto de 2007. Mas com um legado notório, naatitude involuntária de agradecimento de seus pupilos eno contexto de seu reconhecimento como patronesse daescola, partindo dos próprios colegas em forma de abaixoassinado (o qual tive a honra de assinar), apresentado pos-teriormente junto a Câmara dos Vereadores. Neste mesmoano a escola atendia 307 alunos de ensino fundamentalséries iniciais.

Com a criação do CAIC, ocorreu a liberação para matri-cular nos três períodos alunos de 5ª a 8ª series no ano letivode 1993. A partir deste momento a demanda da escola sóaumentava o que resultou na necessidade de ampliação desuas dependências o que ocorreu em 30 de dezembro de1997 com o convenio nº 2225/97 entre a Associação de Paise Mestre da Escola Estadual Vila Ajambi e a FUNDEPAR.O qual permitiu de duas salas emergenciais de 117,00 m².Já a quadra de esporte se tornou realidade a partir do Con-vênio nº 1837/97 acordado em 16 de outubro de 1997, oqual possibilitou a construção em uma área de 348,00 m².276

Com esta nova estrutura foi possível o funcionamentolegal do Curso Supletivo de Ensino Fundamental Fase II, a

276 Idem.

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partir da Resolução nº 1481/2000 publicada no Diário Ofici-al do Estado do Paraná em 18 de maio de 2000. Sendo queno ano letivo de 2006 começava a funcionar o Ensino Mé-dio por força legal da Resolução nº 4224 de 26 de setembrode 2006 e DOE de 25 de outubro de 2006277.

A década de 1980 foi um campo onde brotaram muitasescolas estaduais no município. Sendo que a gênese doColégio Estadual Jardim Paraíso teve inicio na data de 1982,quando foi solicitada junto a Secretária Municipal de Edu-cação Floripa Perussi Lovato para que autorizasse e forne-cesse as dependências da Escola Municipal Novos Hori-zontes para o funcionamento de uma Escola que atendes-se o ensino de 5ª a 8ª. Fundada no real argumento que adistância de deslocamento que os alunos que concluíam a4ª série tinham de fazer até o Colégio Ambrósio Bini, eramuito grande e desmotivadora. Sendo assim, este fato ge-rava elevadas taxas de abandono do estudo278.

No ano letivo de 1984 por força da Resolução nº 7489 de24 de outubro de 1984 e publicado no Diário Oficial do Es-tado na data de 08 de novembro de 1984 era autorizado ofuncionamento do ensino de 1ª Grau nos períodos diurnose vespertino. Porém, só no ano de 1991 a Resolução 1019/91 de 14 de março de 1991 autorizou o ensino no períodonoturno279.

Devido à crescente demanda de alunos, até 1996 a Es-cola Estadual Jardim Paraíso compartilhou o mesmo espa-ço do estabelecimento da Escola Municipal Novos Horizon-tes (contemporânea Escola Municipal Eurípedes de Siquei-ra). Pois, naquele ano foi entregue o prédio estadual queatende até este momento o Colégio Estadual Jardim Para-

277 Idem.278 COLÉGIO ESTADUAL JARDIM PARAÍSO. Projeto Político Pedagógico. p.05279 Idem.

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íso. No entanto, por falta de espaço na Escola Novos Hori-zontes. O prédio Estadual acolheu até o final de 1999 duasturmas da escola municipal280.

Na data de 1998, a Diretora Rita Joseli da Cruz encami-nhou o pedido de reconhecimento do Ensino Fundamen-tal, sendo este aprovado em 08 de outubro de 1999 e reco-nhecido sob a luz da Resolução nº 4142/1999 e publicadono Diário Oficial do Estado em 07 de dezembro de 1999.Neste mesmo ano devido à procura e a necessidade de seimplantar o Ensino Médio, o qual logrou êxito com a auto-rização expressada pela Resolução nº 719/1999 de 04 defevereiro de 1999, e posteriormente publicado no Diário Ofi-cial do Estado.

Em relação à história da Escola Municipal Novos Hori-zontes, a qual se confunde com a própria trajetória do Colé-gio Estadual Jardim Paraíso, sendo que a instituição pio-neira foi municipalizada em 1991. A qual foi redenominadapor Lei Municipal em 2004, sendo o patronato entreguecomo justa homenagem ao Prefeito e Tabelião, o saudosoEurípedes de Siqueira. Em 2007 contava com 475 alunos.Em 2011 recebeu ampliações em sua estrutura.

Também no ano de 1984 é aberta no Jardim Monte San-to a Escola Municipal Lourenço Angelo Busato. Conhecidacomo a “Escola do Morro”. A escola possui esta denomina-ção devido a ser um imigrante que veio do Município deColombo para desenvolver atividades na área da cal e cal-cário na cidade. Em 2007 possui 300 alunos matriculados.

No ano de 1988 no Mato Dentro foi construída uma novaescola para substituir a pioneira Escola Isolada do MatoDentro que transcende a década de 1970. Além de prédionovo, a instituição ganhou uma nova denominação: Escola

280 Idem.

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Municipal João Batista de Siqueira. Homenagem ao ex-pre-feito da cidade e morador da localidade.

Em agosto de 1988 é inaugurada a Escola Municipal JoséAntoniacomi. Cujo nome, foi uma homenagem prestada aopai pelo ex-vereador João Chevônica Antoniacomi281.

Com efêmera duração de 20 anos, na região da VendaVelha a pedido da comunidade teve inicio no ano de 1989 aEscola Rural Municipal Sant’Ana, localizada inicialmentena propriedade do senhor Alcenio Teixeira. No ano de 1991foi construído um novo prédio em um terreno doado peloSenhor José Tartaia. A denominação recebida se liga dire-tamente a devoção que o povo daquela localidade expres-sava e ainda expressa a Santa Ana. No ano de 2007 conta-va com 56 alunos de 1ª a 4ª série. Em 2009 foi fechada porpossuir um numero muito baixo de alunos matriculados.

A jovem Escola Rural do Boixininga que surgiu no con-texto da mobilização da comunidade em meados da déca-da de 1980, para criar uma escola na localidade. Inicial-mente a escola chamava-se escola nossa Senhora dos Re-médios e funcionou em uma casa alugada. Sendo que pos-teriormente ganhou sede própria. Em 2007, possuía matri-culados 26 alunos de 1ª a 4ª série.

Com 23 anos de existência a Escola Rural MunicipalCampina de Santa Rita foi fechada em 2009. Inicialmentesuas atividades ocorreram em um prédio de madeira em1986, sendo que posteriormente ganhou dependências dealvenaria. Em 2007 possuía matriculados 10 alunos em umcontexto de ensino multisseriado, o que já dava indicio deseu destino.

Na década de 1970 o candidato a vereador Vicente Ko-chany doa o terreno onde foi construída a Escola Lamenha

281 Histórico da Escola, 2007.

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Grande, porém só em 1989 a escola foi denominada com oseu nome. Mas era para se chamar Serzedello de Siqueira.Pois, segundo o senhor João Antonio Bini vereador que vi-veu este episódio, a proposição do nome foi feita pelo vere-ador Reimundo Siqueira (seu Neninho). No entanto, conhe-cedor do contexto da história da doação do terreno, seuJoão Antonio Bini alertou o fato para não se cometer umainjustiça, o qual logrou êxito282. De suas salas começa atrajetória do Colégio Estadual Tancredo Neves que iniciousuas atividades no ano de 1986, devido ao fato de não exis-tir na região uma escola que atendesse os alunos que con-cluíam a 4ª série. Apenas em 1990 ocorreu o reconheci-mento do curso de 1º Grau, sendo que no ano de 1995 foientregue o prédio exclusivo ao colégio. Neste mesmo anodeu-se inicio ao funcionamento do curso de 2º Grau Técni-co em Administração. Seu patrono foi é um político mineirode reconhecimento nacional que foi um símbolo da luta pelaredemocratização do Brasil.

Criada em 1991, em uma casa alugada de madeira teminicio a história da Escola Municipal do Jardim Roma. Porreivindicação popular da comunidade, foram construídasduas salas de madeira junto ao posto de saúde. Mas só em1996 foi construído um prédio adequado para receber ativi-dades escolares. Em 2007 a escola atendeu 412 alunos de1ª a 4ª séries além de funcionar o sistema de EJA (EnsinoJovens e Adulto).

No final do ano de 1992, foi construído pelo Governo Fe-deral na Rua Piraquara nº 500, no Jardim Roma, a primeirainstituição do município de Educação Integral e o terceirodo Paraná. Ou seja, o Centro de Atenção Integral a Crian-ça, mais conhecido como CAIC. O qual dispõe de um nú-

282 Relato de João Antonio Bini, abril de 2011.

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cleo esportivo (ginásio de esporte), núcleo de educação comcapacidade para 1000 alunos, núcleo de cultura, saúde eeducação, para o trabalho; teatro, biblioteca, ambulatóriomédico e odontológico e salas para cursos profissionalizan-tes. Sua atividade se iniciou em 1993, mesmo sem ter rece-bido o mobiliário, os quais foram emprestados pela FUN-DEPAR. Na mesma época foram criadas três classes espe-ciais: DM. Deficiência mental; D.A. Deficiência auditiva eD.V. Deficiência visual, contando na época com professoresespecializados, atendimento psicológico e fonoaudiólogo.Com a chegada do mobiliário ainda em dezembro 1993, foipossível iniciar a Educação para o Trabalho, sendo oferta-dos os cursos profissionalizantes de corte e costura e pintu-ra em tecido, ministrados em parcerias com o SESI. E em1994 começou a funcionar a creche para crianças atender160 crianças de 0 a 6 anos. Nesta época o CAIC contavacom 70 funcionários, sendo administrado pelo Diretor Ge-ral, o Sr. Renato Ferro Sofiati.

Faz parte da Estrutura do CAIC – São Francisco de Assisa Escola Municipal Arco-Íris, o qual possui a mesma datade fundação. Em 2007 atendia 338 alunos.

Inicialmente a Escola Estadual Alvarenga Peixoto fun-dada em 25 de julho de 1994 para atender exclusivamentejovens e adultos por força legal da Resolução nº 3755/94,era composta por duas turmas integrada à modalidade dePeríodo, gradativamente, somente com o Ensino Fundamen-tal – Fase II283.

Sob nova denominação de Escola Estadual Ayrton Sen-na da Silva ocorrida em agosto de 1994, em virtude de forçalegal da resolução nº 4.291/94, ofertou o sistema de suple-

283 REDE ESCOLA. Ceebja Ayrton Senna da Silva – Ensino Médio . Disponível em:< http://www.attceebjayrton.seed.pr.gov.br/modules/conteudo/conteudo.php?conteudo=1 > Acesso em: 15 mar 2011.

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tivo para o 1º Grau. No entanto em janeiro de 1998 foi auto-rizado o Ensino Médio, o que provocou novamente a mu-dança de denominação de “Escola” para “Colégio”, inici-ando também gradativamente em observação a Resoluçãonº 4.356/98. No ano letivo de 1999 iniciou o ExperimentoPedagógico em forma de blocos de disciplinas durando porum período de dois anos e retornando à modalidade de Pe-ríodo. Já no ano letivo de 2001 teve inicio a modalidade deEtapas. Sendo que a partir do ano de 2000 a instituiçãoofertou somente Ensino Médio, mas agora sobre a denomi-nação de CEEBJA (Centro Estadual de Educação Básicapara Jovens e Adultos) reconhecido pela resolução nº 1.739/01. Com as alterações de programas educacionais relacio-nadas ao supletivo ocorreu que final do ano de 2005, houvenovamente uma mudança de modalidade ocorrendo à in-trodução do sistema Coletivo e Individual. Diante disto oColégio passou a atender novamente alunos jovens e adul-tos desde a 5º série do Ensino Fundamental, à 3ª série doEnsino Médio e cessando gradativamente a forma de Eta-pas284.

No ano letivo 2010, o CEEBJA Ayrton Senna da Silvaconta com cerca de 700 (setecentos) alunos. Porém, estenúmero constantemente sofre alterações, porque nesta novamodalidade, a matrícula pode ser feita a qualquer momen-to285.

O CEEBJA Ayrton Senna compartilha o espaço com aEscola Municipal Professora Rosilda Aparecida Kowalski,criada em 1998 para atender inicialmente os alunos do Jar-dim Monte Santo, que estavam instalados em uma precá-ria casa de madeira. O patronato da escola foi uma home-

284 Idem.285 Idem.

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nagem prestada à professora Rosilda por ela ter adminis-trado o antigo Grupo Escolar Almirante Tamandaré que aliexistiu pioneiramente. Atendia em 2007, 432 alunos de 1ª a4ª séries.

Na gestão do Prefeito Cide Gulin, o Senac instalou-seem Almirante Tamandaré, ampliando as oportunidades deensino técnico no município. No dia 18 de outubro de 1995,ocorria a formatura da primeira turma do Senac de Almi-rante Tamandaré, no Curso de Auxiliar de Escritório emDepartamento Comercial e Datilografia.

A escola Municipal Jardim Taiza foi fundada em janeirode 1996. Sendo sua primeira diretora a professora Mara So-lange Purkote. Em 2007 possui matriculados 267 alunos dasseries iniciais do Ensino Fundamental. Seu nome foi herda-do da localidade que esta estabelecida.

O Colégio Estadual Vereador Pedro Piekas possui umahistória recente iniciada em 1998. Oferta o Ensino Funda-mental e o Médio e funciona em três períodos. No ano de2007 contava com aproximadamente 643 alunos. Esta ins-tituição compartilha o espaço com a Escola Municipal Ve-reador Atílio Bini que atendia em 2007, 316 alunos das seri-es iniciais do Ensino Fundamental.

Na data de 1983 foi entregue na Gestão de Ariel Buzatoas dependência da Escola Vila Feliz, ou seja, duas salas deaula, conjunto de sanitários e cantina. Funcionava em doisturnos e atendeu inicialmente 240 alunos286.

No inicio do século XXI, no Colégio Vila Feliz, falecia nocontexto de seu exercício profissional a professora MariaLopes de Paula ocupante da Cadeira de Geografia. Sendoque esta profissional já carregava em seu nobre currículo,

286 REVISTA PARANAENSE DOS MUNICÍPIOS. Especial Almirante Tamandaré. Curitiba: Ed. Revista Pa-ranaense dos Municípios Ltda, Fevereiro de 1986, ano XVIII, p.02.

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40 anos de amor e préstimos dedicados ao magistério doMunicípio de Almirante Tamandaré. Por força do triste inci-dente e de sua vida profissional, recebeu justa homenagemno que tange o patronato da nova unidade que estava paraser concluída e inaugurada já em janeiro de 2002 no novoendereço junto à Rua Estados Unidos 133, Jardim Gines-te287.

Contemporaneamente o Colégio Maria Lopes de Paula,se destaca pelo seu trabalho junto ao desenvolvimento ar-tístico e cultura, tendo em sua Fanfarra e Coral seus princi-pais pontos de referencia, além da boa qualidade de ensinoe organização da instituição.

No ano letivo de 2003 começa a funcionar na antiga Es-cola Rural São João Batista (contemporânea Escola RuralMunicipal Luis Eduardo Cumin), a Escola Estadual Profes-sora Terezinha Elizabete Kepp em regime de compartilha-mento. Por força legal de Autorização de Funcionamentoadvinda da Resolução nº 371/03 DOE 27 de fevereiro de2003 para ofertar inicialmente o curso de Ensino Funda-mental de 5ª a 8ª série no período diurno. Devido à conse-quência da mudança na competência municipal adminis-trativa recaída sobre a região do Jardim São João Batista,no ano de 2006 a Escola passou fazer parte do município deAlmirante Tamandaré288.

O patronato da atual Escola Estadual foi uma homena-gem à professora Terezinha Elizabete Kepp, que foi vitima-da pela violência urbana no inicio da década de 2000.

Esta é mais uma instituição estadual que se originou deuma escola municipal. Sendo que inicialmente a Escola

287 DIA-DIA-EDUCAÇÃO. Consulta Escolas. Disponível em: < http://www.attmaria.seed.pr.gov.br/modules/con-teudo/conteudo.php?conteudo=1>Acesso em 30 dez 2010.

288 REDE ESCOLA. Escola Estadual Professora Terezinha Elizabete Kepp . Disponível em:< http://www.attterezinhaekepp.seed.pr.gov.br/modules/noticias/ > Acesso em: 15 mar 2011.

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Municipal Luis Eduardo Cumim, foi fundada em 1981, aqual sua denominação foi uma homenagem prestada a umaluno que passou pelos bancos da mesma escola, que subs-tituiu o pioneiro nome de Escola Rural São João Batista.

Na data de 10 de fevereiro de 2006 se abria inscriçãopara o pioneiro curso a distancia técnico do município, ge-rido através da modalidade de vídeos aulas, as quais seapresentavam simultaneamente para todo o Brasil, a partirde recepção via satélite, existentes nas tele salas. Sendoassim, foram ofertados os Cursos Técnicos em Administra-ção Empresarial, Secretariado, Gestão Pública e Técnicoem Contabilidade289.

Sendo que, isto só foi possível, graça ao convênio feitoentre a Prefeitura Municipal de Almirante Tamandaré eo ITDE (Instituto Tecnológico de Desenvolvimento deEducacional), onde os cursos ministrados eram certi-ficados pela Escola Técnica da Universidade Federaldo Paraná290.

Em 05 de maio de 2008, a implantadora e Coorde-nadora do Polo do ITDE em Almirante Tamandaré, Jo-sélia Aparecida Kotoviski entrega o certificado a 62novos técnicos291.

A Educação no município é uma área que esta emconstante evolução. Muito ainda deve ser feito. Noentanto, ela nunca deixou de estar presente. Estevedistante de muitas pessoas, ou pela própria localiza-ção ou pela mentalidade de um passado não muitodistante, onde não raro era escutar alguém dizer, “que

289 Processo administrativo nº 0033468/ITDE – Termo de Convenio. Secretaria Municipal de Governo. Implanta-ção. 11 de fevereiro de 2005.

290 Processo administrativo nº 0033468/ITDE – Termo de Convenio. Termo de Convenio assinado em 18 deoutubro de 2005.

291 FOLHA DE TAMANDARÉ. Alunos recebem diploma de curso profissionalizante. Ano XXIII, nº 598, 1ªquinzena de maio de 2008, p.6.

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escola não servia para nada!”. Os tempos mudaram, ea demanda populacional do município também mudou. Hojejá existem, faculdades no município na modalidade de en-sino a distância (EAD). Realidade, que o morador mais visi-onário das décadas 1970 para trás, nem sequer cogitava aimaginar.

No entanto, a história dos pioneiros professores não podeser esquecida, nem daqueles que não eram o Estado e tãopouco recebiam algo em troca. Mas mesmo assim, cons-truíam pequenas salas de madeiras, ou sediam seus paióisou a própria casa para que as futuras gerações tivessem omínimo de instrução.

Não é apologia, enaltecer estas pessoas. Porém, é umdesrespeito deixar a suas histórias desaparecerem. Noprocesso desta pesquisa, quando olhava o nome dealgumas escolas que não estava denominada com onome de um professor, pensava ser um ato injusto. Masdepois dessa breve pesquisa, percebi que aquelas pes-soas que ali são reconhecidas como patronas, fizeramalgo pela Educação. Talvez não tenham dado aula, maspossibilitaram que outros ensinassem.

A Educação de Tamandaré foi e é um conjunto devontades de vários setores da sociedade. Pois, foi aIgreja Católica, que estabeleceu os primeiros passosda educação no Botiatuba, foram os imigrantes polo-neses que montaram a primeira escola particular domunicípio. Foi à monarquia que levou escola nos po-voados de maior habitação e posteriormente a Provín-cia, o Estado e o Município que consolidaram a Edu-cação nestas terras e foram raras pessoas civis de bomcoração que doaram seu tempo, recursos e condiçõespara tornar possível a Educação.

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A história da Educação no município, não é uma histó-ria diferente de outros lugares no Brasil. No entanto, elaserve como uma referência de evolução, mesmo não pare-cendo.

Mas a Educação não se reverte apenas ao ensino e apren-dizagem, mas também se pauta em melhorar as condiçõesde segurança e igualdade de condições materiais do alunono contexto escolar. É neste sentido que em junho de 2005na gestão do Prefeito Vilson Goinski, ocorreu o inicio do"Programa Criança na Escola", o qual fornecia inicialmentepara alunos do ensino fundamental séries iniciais o unifor-me escolar (calça, jaqueta, camiseta), mas com o passardos anos foi se aperfeiçoando. Sendo que atualmente o kitescolar é composto pelo uniforme, mochila, calçado e ma-terial escolar básico. O qual contemporaneamente benefi-cia mais de 11 mil alunos da rede publica municipal. Sendoque esta ação governamental tornou-se lei em 24 de maiode 2010 com o advento da Lei Ordinária nº 1511/2010.

Neste contexto se percebe que a Educação no Municí-pio é um conjunto de ações de diversos setores.

Solenidade de entrega do kit escolar no ano de 2008 pelo Prefeito Vilson Goinski

Fonte: Folha de Tamandaré, nº 593, fevereiro de 2008/foto : Ari Dias

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Em tempos onde a televisão dita à cultura e molda per-sonalidades, ainda é possível nos dias de hoje experimen-tar de forma concreta e palpável a sensação única de parti-cipar de manifestações culturais populares. Ocorridas nocontexto de festas de igrejas, comemorações cívicas, feirase eventos artísticos ainda realizados na cidade de Almiran-te Tamandaré.

Cultura tamandareense

Desfile de Aniversário do Município 1966. Nesta época, os desfiles eramfeitos na Rua Coronel João Candido de Oliveira

Foto: Arquivo Família de José Ido da Cruz

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Lembro bem da Comemoração do Centenário da Cidadede Almirante Tamandaré, ocorrido na segunda Gestão doPrefeito Roberto Luiz Perussi, cujas festividades foram co-memoradas nos dias 28 e 29 de outubro de 1989. Sendo quea programação do dia 28 começou as 6:00 horas com aAlvorada Festiva, seguida posteriormente de um Culto Ecu-mênico em frente à Prefeitura Municipal as 9:00 horas. As10:00 horas ocorreram o hasteamento das bandeira do Bra-sil, Paraná e a do Município (que era a mesma que existehoje), simultaneamente ao canto dos Hino Nacional e o Hinodo Município (que não era o atual, oficializado pela Lei Or-dinária nº 246/1993). As 11:30 horas ocorreu a Apresenta-ção da Fanfarra da Policia Militar, com posterior descerra-mento da Placa Comemorativa as 11:45 horas. As 14:00horas ocorreu à abertura da exposição (uma feira com pro-dutos agrícolas, históricos, industriais e artesanais, produ-zido pelos habitantes da cidade já as 20:00 horas, desse diaocorreu o show pirotécnico.

No dia 29 de outubro, a exposição ocorreu durante o diatodo, além de realização de atividades esportivas (torneiode futebol) e culturais apresentado no Ginásio Buzatão (dan-ça, concurso de miss,...).

Mas esta comemoração não foi exclusiva do Centenário.Pois, uma das marcas da gestão do prefeito Roberto Perus-si, sempre foi comemorar o aniversário da cidade. Este fatojá era notório na primeira gestão. Época em que não se co-memorava o em 28 de outubro o aniversário de AlmiranteTamandaré, mas sim dia 11 de outubro, data da retomadada autonomia administrativa em 1947. Por este, motivo quea Tribuna dos Minérios, de 12 de outubro de 1978, destacana sua p. 05 a manchete “Almirante Tamandaré no dia alu-sivo ao seu 31º aniversário”. Nesta mesma oportunidade é

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destacada que as 6:00 horas a cidade é acordada pela Al-vorada Festiva ao som da Banda de Musica do 27º Bata-lhão Logístico de Curitiba. As 14:45 horas, com a presençado então Governador do estado o Sr. Jayme Canet Junior,iniciou-se na Avenida Emilio Johnson, um desfile compos-to pelos alunos das Escolas Municipais e Estaduais, abri-lhantado pela Banda de Musica da Polícia Militar, Corpo deBombeiro e do Exército.

O inicio do desfile, foi uma apresentação organizadadentro de uma linha do tempo, onde puxando o desfile se-guia um grupo representando os Tinguis, em seguida osescravos acorrentados carregando seus senhores. Depois,um grupo representando os trabalhadores primitivos e atu-ais com carroças puxadas a cavalo e maquinas, seguindopor um grupo representando o magistério e um grupo re-presentando os funcionários do hospital e Maternidade Ta-mandaré. Em seguida teve inicio o desfile escolar com aEscola Ambrósio Bini e a fanfarra comandada pelo profes-sor Paulo Almeida, seguidas pelas apresentações autôno-mas das outras escolas. O desfile durou cerca de uma hora.A solenidade terminou com a distribuição do título de Ci-dadão Honorário ao Governador Jayme Canet Junior, en-tregue pelo vereador Jorge Jareki, em solicitação do presi-dente da Câmara Municipal naquela época, o Sr. WilsomMouro Konque.

Já o 32º aniversario do município, datado de 11 de outu-bro de 1979, teve inicio as 8:00 horas na Igreja Matriz com acelebração de uma missa de Ação de Graças oficiada peloFrei Lourenço Cachuba. Com o término da missa os profes-sores, pais e alunos da Escola Ambrósio Bini, fizeram umacaminhada da igreja até o Campão (atual Estádio Munici-pal Joaquin Daledone), onde foram realizadas as solenida-

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des cívicas. Sendo que as 9:30 horas se hastearam as ban-deiras nacional, estadual e do município (a contemporâ-nea). Respectivamente pelo Vice-Prefeito Sebastião NatalColodel, pelo Sargento Sabadim (chefe do departamentode transito da cidade), e pela Diretora da Escola AmbrósioBini Professora Almira Fagundes onde simultaneamenteforam cantados os hinos: Nacional e Municipal (diferenteao contemporâneo). As 10:00 horas deu-se o jogo entre osFuncionários da Prefeitura contra os Contabilistas. Após,este jogo, foi oferecido um grandioso churrasco. Das 13:00às 16:00, ocorreu uma gincana, onde participaram pais, pro-fessores e alunos. E finalizando o dia festivo, ocorreu o jogoentre os alunos do período Diurno contra os do noturno.

No final da década de 1960, ocorreu um fato trágico quemarcou a comemoração (desfile) de 11 de outubro. Eis, quena Estrada do Assungui esquina com as ruínas da casa daSra. Raquel C. de Siqueira, o então Frei Mauro que cuidavadas crianças da Escola do Botiatuba, que iam desfilar, caiuda carroceria do caminhão, a qual resultou em sua morte.Mesmo com o advento desta tragédia, o desfile de aniver-

32º Aniversário do Município comemorado no Campão/1979 – Foto – Djal-ma C. Schneider

Foto: Tribuna dos Minérios. Tamandaré: 32 anos de Emancipação Política. Ano XII, nº 275, 14/10/1979

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sário do município se realizou, sob um clima de luto. Poreste motivo, em tempos mais recentes, a rua em que o sa-cerdote morreu, foi denominada de Rua Frei Mauro.

As comemorações do 104º, realizada no ano de 1993 nagestão do prefeito Cide Gulin, tiveram uma programaçãodurante todo o mês de outubro: sendo o dia 01/10 o lança-mento das festividades realizadas as 9:00, na sede da pre-feitura, com a presença das escolas municipais e estadu-ais. No 02/10 se realizou um passeio ciclístico pela sede,com saída as 9:00; 03/10 foi realizado uma Missa Ecológicaas 10:00 no Marmeleiro; nos dias 08, 09 e 10/10 se realizouo primeiro Festival Folclórico Internacional com inicio as18:30 no dia 08/10, no Ginásio de Esporte Buzatão, ondecontou com diversas apresentações (capoeira, coral, dan-ça, teatro, concurso de miss, e apresentações diversas rea-lizadas pelas escolas,...); no dia 11/10, às 20:00 no GinásioBuzatão ocorreu à entrega dos primeiros diplomados no sis-tema de supletivo na cidade. Já no dia 12, 13 3 14/10, foi come-morado o Dia das Creches com atividades especiais para as cri-anças (passeio, circo, gincana,...); dia 17/10 ocorreu a Festade São Francisco no CAIC, sendo o dia todo. No dia 22/10ocorreu um Torneio de Tranca realizado pela APMI as 19:30 noSalão Paroquial da Matriz. No dia 24/10, ocorreu a Festa daTradição as 10:00 na Escola Municipal Nossa senhora Apa-recida (consolidada-Retiro); dia 27/10 as 17:00 na Prefeitu-ra, foi marcado pelo lançamento primeiro guia de ruas domunicípio, sob organização de Antonio Ilson Kotovski. Em28/10 das 9:30 às 19:00 foi a Festa de Aniversário realizadana Sede. Dia 30/10 as 15:00 foi marcado pelo Festival deMúsica Sertaneja e Baile Gauchesco e por fim para fecharas comemorações dos 104 anos do município, realizaram-se em 31/10 as 9:00 na sede uma corrida rústica.

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No ano de 1994ainda sob a gestãodo Prefeito Cide Gu-lin, a comemoraçãodo aniversário de105º da cidade foimarcado pelo II Fes-tival Folclórico deTamandaré, com aapresentação dequinze grupos fol-clóricos nacionais ei n t e r n a c i o n a i s ,além de apresentações diversas promovida pelas escolas,cujo objetivo era resgatar a cultura local. Neste ano teve aprimeira edição do Bolo de 105 metros, feito pela Panifica-dora Timoneira (mais de 1600 kg).

No ano de 1995, em alusão aos 106 anos de história doMunicípio foram desenvolvidas as seguintes atividades, 21/10 teve inicio às 17 horas o III Festival Folclórico do Municí-pio continuando as 14:00 do dia seguinte (22/10). Na ma-nhã do dia do aniversário do município 28/10, foi instaladaa Comarca de Almirante Tamandaré no Prédio do Fórum(prédio que em décadas anteriores funcionou hospital eposto de saúde e atualmente é deposito de medicamentoda Saúde). Localizado na Rua Coronel João Candido de Oli-veira, bifurcação com a Avenida Emilio Johnson. Em segui-da as 15:00 no Ginásio de Esporte Buzatão, foi oferecido aopúblico, o Bolo de 106 metros. E encerrando as festividadedesse dia, ocorreu as 19:00 a final do Campeonato Munici-pal de Futebol no Estádio Joaquim Daledone.

Já a Comemoração do 107º iniciou-se no dia 20 de outu-

Solenidade de lançamento do 1º Guia de Ruase Serviço da cidade. A direita do prefeito CideGulin, Antonio Ilson Kotoviski, o organizador doGuia. Á esquerda o Chefe do Gabinete do Pre-feito o jovem Vilson Rogério Goinski

Foto: Aristides Gustavo Machado, outubro de 1993

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bro de 1996 com a Realização da IV Edição do Festival Fol-clórico, no Ginásio Buzatão; no dia 27 foi distribuído o BoloGigante de 107 metros com 1700 kg. E o encerramento ocor-reu na data festiva de 28 de outubro com o show do GrupoSertanejo Barulho de Carroça.

Por ser uma atração na época os bolos gigantes sempreforam produzidos pela Padaria e Confeitaria Timoneira, oqual era preparado com os seguintes ingredientes: 745 kgde pão-de-ló, 340 kg de nata, 320 kg de pêssego em calda,140 kg de doce-de-leite, 42 kg de coco, 27 kg de açúcar e 1kg de corante alimentício. Para fazer os 745 kg de pão-de-ló. Foram necessários 6700 ovos, 367 kg de açúcar, 22 kg devolumex, 15 kg de fermento. O bolo era feito em partes,depois estas partes eram montadas no formato do númeroreferente à idade do município292.

Os festivaisfolclóricos só fo-ram possíveisgraças ao traba-lho árduo das:Professora RitaJoseli da CruzQueluz, SôniaMaria JohnsonBonfim, Francis-ca KotoviskiManfron, a Secretaria da Educação Professora Adalzi GulinPaes, o Coral de Almirante Tamandaré e CTG 8 de Dezem-bro. Além de outras pessoas.

Outra manifestação cívica cultural existente no municí-pio, diz respeito aos desfiles de Sete de Setembro, raramen-

292 GAZETA ANCORADO. Receita do Bolo Gigante. Ano II, nº 24, 25 de outubro de 1996.

Bolo gigante de 106 metros

Foto: GAZETA ANCORADO - Ano II, nº 24, 25 de outubro de 1996

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te não realizado. No entanto, estes desfiles, geralmenteapresentam particularidades, os quais não se configuramapenas marchar. Pois, muitas escolas apresentam algumtema para expor, sempre relacionado à história nacional,municipal e fatos marcantes. Como existem oportunidades,onde outros grupos do cotidiano da cidade também desfi-lam.

O município possui manifestações ligadas às Igrejas,como é o caso da tradicional Festa de São Cristóvão que serealiza desde 1967 no mês de julho. Onde seu marco come-ça com uma Missa em Louvor ao Santo, seguido da tradici-onal carreata que onde os diversos meios de transporte ter-restre são abençoados, com consequente almoço realizadono Salão Paroquial da Igreja Matriz e posterior bingo. Como advento da reforma do Salão Paroquial da Igreja Matrizem 2009, foi utilizado o Salão da Igreja Redonda do Botiatu-ba, para atender a comunidade. Este almoço por tradição é

Desfile Cívico de 04 de Setembro de 2004 em alusão a 07 de Setembro, omaior desfile que a cidade já viu até o presente instante. Pois, foram reu-nidas mais de 10 mil pessoas na Av. Emílio Johson

Foto: Folha de Tamandaré. Prefeito Cezar Manfron proporciona espetáculoque ficará na história de Almirante Tamandaré/ agosto de 2004

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composto por churrasco bovino, pão, arroz ou risoto, maio-nese, salada de tomate, cebola e agrião (na década de 1970).Atualmente foi acrescentado o frango.

Esta festase tornou tra-dicional nom u n i c í p i o ,pelo fato deSão Cristóvãoser o padroei-ro dos moto-ristas. E comoa atividade deextração docalcário, se in-tensificou nofinal da década de 1960 o numero de caminhões aumentouem decorrência deste fato. Surgiu então um grande grupode pessoas no município, que encontraram no transporterodoviário de carga, o seu sustento. É por este motivo queesta festa tradicional, é um reflexo da religiosidade e daprincipal atividade econômica que movimenta a cidade.

Existe na cidade, a tradicional Festa de Santo Antonio ede Santa Luzia abrilhantada pela tradicional Sopa do Bu-cho realizada no Salão Paroquial da Colônia Antonio Pradodesde 1970, cujo, receita foi trazida pelo senhor Pedro Lovato,que a fazia desde a década de 1950 no Salão Paroquial do Boichi-ninga. A partir de 1970, o Sr. Pedro Piekas começou a promoveresta sopa em forma de Festa. Apesar de sua morte em 1996,seu filho Sérgio Piekas continua mantendo a tradição, queocorre sempre no 2º domingo de Junho e de Dezembro293.

293 Relato de Vicente Coradassi, 2011.

Procissão Carreata de São Cristóvão em 1969. Cami-nhonete carregando a imagem de São Cristóvão a qualfoi trazida de São Paulo pelo Senhor Cide Gulin e doa-da pela família Gulin a Paróquia

Foto: Arquivo Paróquia Nossa Senhora da Conceição de Almirante Tamandaré, 1969

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Inicialmente era apenas uma Festa em Louvor a SantoAntonio com origem na confraternização comunitária deimigrantes em comemoração ao dia do Padroeiro da Igrejaerguida por eles. Porém com o passar dos anos esta festaganhou importância. Já em dezembro se comemora a Fes-ta em Louvor a Santa Luzia, que teve origem com os corta-dores de pedras que viviam na colônia. Pois, esta santa éprotetora da visão. E como no processo de cortar as pedras,muitas lascas poderiam atingir os olhos, estes trabalhado-res se prendiam na fé de proteção dessa santa. Por estemotivo mandaram confeccionar uma imagem desta santade madeira, o qual foi colocada na Igreja de Santo Antonio.

A festa do Morango é uma manifestação típica colonialpolonesa, realizada desde 1998, no segundo semestre doano no barracão da igreja de São Miguel, no bairro de Juru-qui. Essa festa tem almoço festivo, exposição de comidastípicas feitas com morango e é acompanhada de atraçõesrecreativas (uma delas é a tradicional escolha da Rai-nha do Morango). Ela representa um reflexo da agri-cultura e gastronomia da região. O almoço é compos-to por churrasco, frango, maionese, risoto ou arroz, saladade tomate e cebola.

Na região do Juruqui é comemorada no salão de festada Igreja Nossa Senhora do Rocio a tradicional Festa dosCavaleiros em louvor a São Benedito. Cujo, começa comuma procissão dos cavaleiros partindo da Igreja do Marme-leiro, com posterior missa campal e almoço (churrasco, ri-soto, salada de tomate, cebola, maionese e pão), finalizan-do com bingo.

Já no ano de 2000, iniciava-se o tradicional Jantar Dan-çante da Quirera, organizado pelo Rotaract, com objetivosfilantrópicos. Sempre realizado no Segundo semestre do

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ano294. Porém, se deve destacar que o Rotary Club de Almi-rante Tamandaré já realizava este tradicional Jantar Dan-çante sob o nome de Baile da Quirera já transcendente asete de abril de 1989. O cardápio do jantar é a tradicionalquirera com suam acompanhada pela salada de chicóriaou agrião.

A origem deste típico prato gastronômico da cidade trans-cende a época da colonização. Porém, só no final do séculoXIX os imigrantes poloneses aperfeiçoaram este prato naregião, como resposta a dura sobrevivência em tempos dedesbravação em seus assentamentos. Pois, observaram nomilho uma cultura que poderia ser bem aproveitada e na-turalmente já difundida, aliada a carne de porco que erafacilmente obtida em qualquer chácara na época. Ou seja,era um alimento nutritivo e barato que foi também difundi-do pelos tropeiros, já que era fácil seu preparo295.

Em 02 de setembro de 1985, o pioneiro Rotary Clube deAlmirante Tamandaré sob a presidência do Sr. João Siquei-ra Neto, inaugura na Rua Didio Santos, nº 43, Centro, àCasa da Amizade. Que representava a primeira fase de umprojeto de Construção de um Salão Social de 240 m², parafestas, bailes, reuniões e atividades culturas, tanto do pró-prio clube, quanto para a comunidade tamandareense. In-felizmente a Casa da Amizade não evoluiu para a segundafase. Porém, apesar deste fato, nunca os rotaractianos deixa-ram de prestar auxilio e ajuda as manifestações festivas culturaisreligiosas no município, como também a desenvolver projetossociais. Esta instituição segundo informações documentaisjá faz presença na cidade desde maio de 1978296.294 ROTARY INTERNATIONAL. 700 pessoas prestigiam o Jantar Dançante da Quirera. Disponível em: < http:/

/www.rotary4730.org.br/jml1515/index.php?option=com_content&view=article&id=841:700-pessoas-prestigi-am-o-jantar-dancante-da-quirera&catid=1:notas&Itemid=19>Acesso em: 31 dez. 2010.

295 INVENTARIO DA OFERTA TURÍSTICA. Município de Almirante Tamandaré/Secretaria Municipal da Cultura eLazer, 1994, p.15.

296 FOLHA DE TAMANDARÉ. Wilson no Rotary. Ano I, nº 09, julho de 1985.

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Também é observada a ocorrência de festas de Igrejasendo a mais tradicional a festa de Nossa Senhora da Con-ceição, na Sede. Porém existe durante o ano todo comemo-rações em outras localidades, festas em louvor a seu res-pectivo padroeiro. Geralmente estas festas iniciam-se comas tradicionais missas, com posterior almoço (churrasco,frango, risoto, maionese, salada de tomate e cebola) e bin-go.

No entan-to, ligado aestas IgrejasCatólicas, seobserva as tra-dicionais or-ganizaçõesde procissõesde Sexta-Fei-ra Santa e Pen-tecoste, as quaistranscendem a história do próprio município. Pois, segundoconsta, uma das funções das Câmaras das Vilas era cuidarpara que todos participassem das procissões, já no séculoXVI297.

Consta que 1969 no segundo domingo de março, reali-zou-se no Botiatuba, a última Festa da Gruta a partir destadata começou funcionar a tradicional Piscina dos Padres,contemporaneamente Recanto Santo Antônio.

Já no Seminário, se comemorava a Festa de Santo Antô-nio, sendo a última realizada no mês de junho de 1970, ondejunto com os festejo se realizava um tradicional torneio defutebol (festival) com equipes da localidade. Depois disto, o

Procissão de recepção do Sacerdote Ambrósio LairtoBini em 13 de dezembro de 1953

Foto: Arquivo Paróquia Nossa Senhora da Conceição de Almirante Tamandaré, 1953

297 MELANI, Maria Raquel Apolinário. Projeto Araribá: História 6ª. São Paulo: Moderna, 2006, p.173.

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Seminário se restringiu a ser exclusivamente um local deretiro.

Outra manifestação cultural religiosa que persiste nomunicípio é a Transição das Capelinhas entre moradoresda comunidade, os quais recebem Imagem de Santa Mariaem casa as 18:00 horas e a repassam no mesmo horário dodia seguinte ao próximo fiel. Estas capelinhas se distribu-em na Sede, Marmeleiro, Botiatuba desde 1955, no SãoMiguel desde 1949. Porém esta manifestação não é exclu-siva destas localidades citadas, pois, em outras regiões domunicípio ela ocorre. Esta manifestação católica cristãocomeçou a ser realizada em 1888 em Guayaquil no Equa-dor, chegando ao Brasil (Minas Gerais) em 1914 e em Curi-tiba se manifestou em 1937298.

Além deste movimento de capelinhas, unem os morado-res das comunidades tamandareenses as tradicionais no-venas, que acontecem a cada semana em um domicíliodiferente da comunidade. A religião também colabora como desenvolvimento da arte cênica. Pois, dependendo do anogeralmente ocorrem encenações ao vivo da Paixão de Cris-to, desenvolvida da união entre membros da comunidade,grupo de jovens e instituições como o Rotary Club. No en-tanto esta manifestação não é exclusiva a Sede. Geralmen-te estas apresentações ocorrem na Sexta-Feira Santa comoaconteceu em março de 2008, quando o evento contou coma presença de 60 jovens de diferentes grupos da região paraa apresentação da morte de Jesus na Cruz, realizada naIgreja Matriz da Paróquia Nossa Senhora da Conceição.

Uma interessante manifestação cultural foi registradana Comunidade do Jardim Monte Santo na data de 12 de

298 SANTUÁRIO NOSSA SENHORA DO CARMO. Movimento das Capelinhas. Disponível em:< http://www.santuariodocarmo.com.br/area_publica/controles/ScriptPublico.php?cmd=verMovimento&codigo=9>Acesso em 04 jan. 2011.

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novembro de1995. Quandoocorreu a Se-gunda Ediçãodo Concursode Boneca Vi-va.

Ainda noano de 1995em 14 de agos-to, foi lançadoo programa Trilhas da Cultura, onde a abertura do progra-ma foi feito com o show de João Lopes o Bicho do Paraná,na Praça do Evangélico, localizada junto à atual AvenidaEmilio Johnson esquina com a Rua Lourenço Angelo Buza-to. Na continuidade do programa, houve de 14 a 18 de agostovarias Oficinas de Bonecos, com a apresentação do teatrode bonecos, “ A mala e os cartões” de Odílio Malheiros, noCAIC. Já na Escola Municipal São Jorge ocorreu a Oficina

de Coral in-fantil e adulto,surgindo as-sim à semen-te de um coraltamandareen-se que seapresentou noIII FestivalFolclórico In-ternacional deAlmirante Ta-mandaré, rea-

Concurso de Boneca Viva

Foto Antonio Kotoviski, publicada na Folha de Tamandaré 29 de novembro de 1995

Solenidade do IV Aniversário da Folha de Tamandaré.Leônidas Dias entregando a placa de homenagem aSra. Josélia Aparecida Kotoviski, funcionária do Ban-co Banestado em 31 de maio de 1989

Foto: Folha de Tamandaré, nº75, abril de 1989

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lizado nas comemorações dos 106 anos.Outra manifestação de preservação histórica cultural de

tradição de 24 anos até o momento no município é o eventodo aniversário da Folha de Tamandaré, que no seu contextopremia os cidadãos que melhor se esforçaram para dignifi-car a imagem do município, nos mais variados setores dasociedade.

No ano de 1993 o prefeito Cide Gulin, convidava a popu-lação para a solenidade de abertura da 1ª Mostra de Artis-ta da Terra. A qual se realizou em 07 de maio de 1993,na Prefeitura Municipal, com a programação que seiniciou as 16:30 horas com a apresentação do Coral doParaná, posterior descerramento da fita e visitação aexposição, que contou com pintores e poetas.

Foram lem-brados: o senhorPaulo Oberik, mo-rador do MonteSanto, que des-de os 13 anos de-dicava-se às ar-tes Plásticas, sen-do a cerâmicaum legado de fa-mília passado de geração a geração. Estudou desenho como professor Guido Viaro. É professor do SESC onde partici-pa de oficina de modelagem; a pintora filha de TamandaréViviam Cristina Tozin, que cursou pintura no Centro de Cri-atividade – Parque são Lourenço; a pintora Rosalina T. Car-valho dos Santos que aprendeu as técnicas com as profes-soras Lia Folch e Guilherme Mata; a pintora Neuza do Ro-sário Busato, moradora do Mato Dentro; Maria Inês Di Be-

Na Primeira foto Paulo Oberik desenvolvendo suatécnica. Na segunda foto a pintora Neuza Busato

Fonte: Acervo da Secretaria Municipal de Cultura de Almirante Tamandaré

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lla, desenhista, gravadora e escultora e o artesão, escultore entalhador Altamiro Sérgio Genoveski.

Porém, por desconhecimento da comunidade tamanda-reense naquele momento, sequer foi tocado no nome dointernacional pintor Albano Agner de Carvalho, filho doprofessor Adolfo Militão de Carvalho e de Maria BárbaraAgner de Carvalho. Nascido na recém-criada Vila de Ta-mandaré em 12 de agosto de 1899, sendo que aos 13 anossua mãe o matriculou na Escola de Alfredo Andersen, ondeestudou de 1912 a 1916. Depois, se tornou aprendiz de lito-grafia em uma gráfica. Ao ser convocado para o exército,passa a exercer a profissão de litógrafo no Serviço Militar.Faleceu em Niterói, no Rio de Janeiro, em 03 de dezembrode 1992 onde passou os últimos anos de sua vida.

No ano de 1998, a artista Mari Inês Piekas expôs suasobras de Litogravuras. Neste mesmo ano, a Secretaria mu-nicipal de Cultura realiza o terceiro concurso Miss 3ª Idade.

Em maio deste mesmo ano, se é estudado a viabilidadeda Lei de Criação da Fundação Cultural de Almirante Ta-mandaré. A qual logrou êxito em 30 de junho de 1993, sen-do sancionada pelo prefeito Cide Gulin, a Lei 220/93, que

A 1ª foto mostra o pintor ao lado do quadro “Vila Almirante Tamandaré”,onde nasceu em 12 de agosto de 1899. Na 2ª, pintura da casa onde nas-ceu na Vila Tamandaré

Foto: Álvaro Botelho

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Cria a Fundação Cultural de Almirante Tamandaré. Em 18de maio de 1994, o Decreto nº 15/94, assinado por Cide Gulin,aprova o Estatuto da referida Fundação Cultural. Já o De-creto 64/2001, assinado pelo prefeito Cezar Manfron, apro-va ementas complementares neste estatuto.

Na primeira década do século XXI, a Secretaria Munici-pal de Cultura se estabelece na quase centenária casada Família Siqueira construída aproximadamente emmeados de 1918 e que pertenceu a Dona Rachel Can-dido de Oliveira, a qual foi restaurada, visando ser omais parecido com a original. Pois, esta mesma casa,na década de 1980, abrigou uma Oficina de Bicicletado Sr. Rildo e posteriormente abrigou uma pizzaria (queno final da década de 1980 foi um point da juventude,nas noites de fim de semana). Antes disto, na décadade 1970 havia sido sede de uma Igreja Evangélica e Coleto-ria Estadual.

Casa da Família Siqueira datada de meados da década de 1910, estabele-cida junto a Rua Rachel Candido de Siqueira, antes da restauração

Foto: arquivo Josélia Aparecida Kotoviski, 2001

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Existe uma história ou estória que foi relata por seu Fran-cisco Manfron no ano de 1995, que possuía nesta data 84anos, que no processo de fundação desta casa, foram en-terrados juntos a pedras e cimento muitos objetos de valor,ouro e dinheiro.

Neste contexto, sempre foi notório as parceria para odesenvolvimento cultural entre o município e o Estado.Sendo que, na gestão do Prefeito Vilson Goinski, mais umavez ocorreu este fato no contexto do projeto Paraná Fazen-do Arte. O qual foi realizado nos dias 28, 29 e 30 de marçode 2005, realizado no Centro de Convenção Edson Dalk, oqual se iniciou com a peça teatral, “Terezinha, uma Histó-ria de Amor e Perigo”, encenado pelo grupo Filhos da Luade Renato Sodré. Neste mesmo contexto, a programaçãofoi preenchida pela Oficina Contação de História e posteri-ormente Oficina Teatral, o qual possibilitou aos participan-tes a aprendizagem de varias técnicas de encenação tea-tral.

No Carnaval de 1997, um grupo formado por setenta ta-mandareenses participaram do desfile das Escolas de Sam-ba de Curitiba, em uma das alas da Escola de Samba Leãoda Zona Norte. Este grupo se apresentou fantasiado de Fi-gurinha e Balas do Zequinha (que fez muito sucesso nadécada de 1970), feitos pelos participantes e coordenadospela professora Valdeci Tozin, secretaria da Cultura naque-le período. Eis, que o enredo da escola de samba era “Ze-quinha Curitibano”299.

Ainda no que tange o Carnaval, ocorreu uma época nacidade quando os bailões eram locais de divertimento e nãofonte de notícia policial, cujo, os quais promoviam Bailesde Carnaval. Sendo a tarde reservada para a criançada e a

299 FOLHA DE TAMANDARÉ. Tamandaré no carnaval curitibano. Ano XII, nº 287, 25 de fevereirode 1997, p. 05.

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noite para os adultos. As casas que realizavam esta pro-gramação foram o Bailão do Siqueira, o Bailão da Tia Tedee na Cachoeira o Bailão do Purkote. Mas isto na década de1980. Ou seja, o Carnaval na cidade, era de Salão. No en-tanto, enquanto a Sociedade Beneficente Almirante Taman-daré existiu, muitas atividades carnavalescas foram ali re-alizadas, o mesmo comentário se estende a Sociedade edu-cativa Tanguá.

Em 20 de dezembro de 2004, foi criado um local especi-fico para o desenvolvimento cultural do município, peloentão Prefeito Cezar Manfron, que entregou a populaçãotamandareense o Centro de Convenção Edson Dalk, locali-zado na Rua João Antonio Zem esquina com a Rua RaquelCandido de Siqueira. O qual possui um palco e espaço, des-tinado a apresentações teatrais, palestras, exposições, ofi-cinas,... Este Centro foi assim denominado pela Lei nº 1062de 10 de dezembro 2004.

Outro local que por muitas ocasiões foi palco teatral,

Foto publicada: FOLHA DE TAMANDARÉ. Tamandaré no carnaval curitibano. 25 de fevereiro de 1997

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auditório de palestras e reuniões civis, salão de eventos,formaturas, casamentos e aniversários, dos inesquecíveissaraus dos anos oitentas, do tradicional Jantar Dançanteda Quirera,... Foi e ainda é o Salão Paroquial da Igreja Ma-triz. Que para dar mais conforto aos seus usuários, foi re-construído e inaugurado em 08 de dezembro de 2010 comuma missa de Ação de Graça e louvor pela inauguração ecomo marco comemorativo pelos cento e onze anos de ins-talação da Paróquia no Município. Celebrou a missa o Pá-roco Frei José Reimi Martins. Esta nova instalação substi-tuiu o antigo salão de material erguido na década de 1970no período do pároco Frei Lourenço Kachuba junto com aCasa Paroquial, que substituiu o antigo salão feito de ma-deira pelo pároco Fausto Schmidt.

Mas Almirante Tamandaré, não possui só como expres-são cultural seus festivais, eventos religiosos e escritores.Eis, que a música, também merece destaque, porque em1995, as Sras. Marinha e Marinéia domiciliadas na Ca-choeira, formaram a Dupla Sertaneja: IRMÃS CARRA-RA, sendo que lançaram em 1995, o seu primeiro dis-co, produzido pela Gravadora Mantiqueira. Neste LP,se encontra 12 músicas as quais, cinco delas tiveramsua letra elaborada pela cantora Marinha Minha vidana fazenda; Meu cawboy; Lágrimas da Solidão, Moto-rista e Rio do meu sertão criada em parceria com ocompositor Campanal. Anos depois lançaram o disco Ir-mãs Cararas Volume II.

Pioneiramente, a primeira dupla sertaneja a gravar umdisco no município, foi à formada pelos cantores Edi. Le-mos e João Adão no ano de 1993.

Na década de 1960, quando existia a sede da já pioneiraSociedade Beneficente Tamandaré, construída com uma

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verba que venho para a prefeitura na década de 1930300,localizada na contemporânea Rua Coronel João Cândidode Oliveira, existia um Trio de Música tamandareense queabrilhantava os bailes geralmente realizados nos sábados.Formada pelos senhores: Silvio Siqueira (no acordeom), opolicial Gasparim (no violão) e o Nego Aroldo (no pandeiro).Em meados da década de 1970, o fogo destruiu a constru-ção de madeira, sede desta sociedade.

Outra Banda de música que alegrava os moradores deTamandaré no Domingo, na Estação de Trem, na décadade 1940, era a comandada pelo Maestro Pedro Botério, sen-do os músicos: Zacarias de Cristo, João David, Ico Scucato,Pedro Bini, Ambrósio Bini, Francisco Lopes, Américo Lo-pes, Adelmar Teixeira, Tonico Teixeira e Bortolo Stocche-ro301.

Outra região que contava com uma sociedade culturalfoi a localidade de São Miguel, fundada em 16 de agosto de1931 sob a denominação de Sociedade Operaria Beneficen-te Casemiro o Grande, cujo, denominação foi alterada em1º de maio de 1938 para Sociedade Operaria e BeneficenteSão Miguel. A qual foi novamente alterada seu nome paraSociedade Agrícola Beneficente e Recreativa São Miguelem 1º de junho de 1939. Esta ultima mudança de denomi-nação se deu em virtude da expressão “operaria”, a qualnão condizia com a atividade realizada na região que eraexclusivamente agrícola. Por este motivo que passou a seutilizar a expressão “rural”. Infelizmente a sede da socieda-de também terminou em chamas na década de 1980302.

300 Relato do Senhor Antonio Candido de Siqueira, em 2001.301 BRASINHA (Informativo da Paróquia Nossa Senhora da Conceição). A Saudade/ Harley Clóvis Stocchero.

Ano III, abril de 2002.302 KOKUSZKA. Pedro Martim. Nos Rastros dos Imigrantes Poloneses. Curitiba: Ed. Graf. Arins, 2000, p. 55-63.

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Segundo o relato do padre Wendelin Swierczek é possí-vel identificar a existência de uma sociedade cultural fun-dada por poloneses na Lamenha, desde 1893. Cujo, o nomeera Sociedade Santo Izidoro303.

No ano de 2006 começava a chamar a atenção no pátioda ORPEC Engenharia, Indústria e Comércio Ltda, junto aAvenida Wadislau Bugalski enormes dinossauros em tama-nho natural (Um Diplodoco de 27 metros comprimento por10 de altura (erguido na década de 1990), um TiranossauroRex de 8 metros de altura e um Pterodonte). Porém cons-truídos com sucata produzida pela atividade da industrialda empresa. Ou seja, o lixo foi transformado em arte atra-vés do projeto idealizado artista e Diretor Industrial da OR-PEC Engenharia, Fabio Ceci Szezesniak e mais 15 amigos.A escultura chamou tanto a atenção que a própria prefeitu-ra municipal de Almirante Tamandaré quis colocar as es-culturas em um local publico e integrar os dinossauros nocircuito turístico da cidade. Porém, tal possibilidade não foi

Foto: Antonio Ilson Kotovski Filho, abril 2011

O bairro do Tanguá contava desde 1945 com a Sociedade Educativa Tan-guá, o ultimo grande salão de sociedade ainda de pé no município. Atual-mente sua sede social não expressa o que em seus anos iniciais repre-sentava para aquela região e proximidades

303 SWIERCZEK, Wendelin. Na seara do semeador. Curitiba: Vicentina, 1980, p.149.

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possível em virtude que não existe forma de transportar aestrutura sem a desmontá-la.

Outra manifestação interessante que se manifesta noseio de qualquer sociedade, sendo que em Almirante Ta-mandaré isto não é diferente. Diz respeito a enorme gamade produções de contos e lendas que espontaneamentevertem das observações populares. No entanto, estes su-postos contos e lendas carregam informações históricasmuito importantes, que muitas vezes aos olhos dos leigospassam despercebidas. Eis que se prendem a ficção e dei-xam de observar o rico contexto real que se esconde naprópria história. Pois, segundo alguns pesquisadores, todalenda nasce de um fato real. Um exemplo simples sem aná-lises complexas: quando uma lenda ou um conto fala deassombração, a ficção a principio é o fantasma. Porém ofato real que ocultamente se expressa neste contexto serefere, é que a sociedade de onde provem esta estória ouhistória já contempla em seu cotidiano um universo religio-

Foto: Antonio Ilson Kotoviski Filho, março de 2011

Tiranossauro Rex de 8 metros e o Pteranodonte em frente a ORPEC

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so e já possui um conhecimento formado sobre manifesta-ções fora do natural. Independente de ser aceita por algunsou por muitos.

Neste exposto irei tecer um fato real que se transformaem conto.

Certa feita, em um domingo provavelmente do ano de1983 o meu saudoso tio Adriano junto com nosso funci-onário e caseiro Fernando, resolveram pescar no rioBotiatuba que corta a chácara. Até ai tudo bem. Po-rém, a pesca ganhou a noite e lá pela 23:00 horas maisou menos, meu pai, mãe e eu acordamos com gritosdesesperado do tio Adriano que corria feito louco dofundo da chácara.

Meu pai assustado pegou seu rifle e saiu para ver o queera. Meu tio, homem que serviu o Exército Brasileiro emBrasília, só falava: “tem visagem no mato,...”. Sem o quefalar daquilo tudo, meu pai deu uns tiro no mato. E a pescaacabou por ai. Foi quando também chegou o Fernando edisse: “vocês estão atirando no homem com mais de doismetros com terno e chapéu social que me cumprimentou edepois não vi mais?”.

Terno e chapéu social no meio do banhado? Depois dis-so a pesca acabou. Não pelos tiros, mas pelo o misteriososenhor e o brilho no meio do mato que se manifestaramnaquela noite.

Praticamente doze anos depois deste fato, foi trabalharem casa uma amiga que era e ainda é uma seguidora deuma afro-religião. Coincidência ou não, só foi um dia traba-lhar. Motivo: via coisas no brejo que não quis relatar. Ouseja, no mesmo local onde se manifestou todo o alvoroçoque assustou meu tio.

A partir desta história, o que se pode tirar de real e de ficção?

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Ou seja, este exemplo tecido, mostrou algumas realida-des cotidianas, como: pescar, relacionamento familiar, ves-tuário, ferramentas de defesa, atividade profissional de al-gumas personagens, nome de rio,... Já no contexto supos-tamente fictício, mostrou uma realidade mística supers-ticiosa que se oculta culturalmente dentro de cada ser,que influência a interpretação de um acontecimento.Pois, à noite em um brejo, e de repente uma luz donada aparece. O que vai pensar? Depois da adrenalinae do susto passar é que vem a analise, que poderia sero reflexo de alguma planta umedecida que se movi-mentou com o vento e refletiu a luz da casa ou de um refle-tor não muito longe daquele ponto, ou outra coisa dentrode uma racionalidade plausível.

No entanto independente do que era realmente no quetange o que foi visto naquele dia e do contexto real no qualse oculta em cada palavra, à cidade é rica de históriacomo essa e de qualidade mais apurada. Diante disto,pioneiramente a professora Dr. Mestra Josélia Koto-viski, desenvolveu em 2002 um projeto escolar quebuscou resgatar estas histórias e estórias do municí-pio. Sem querer resgatou mais que conto e lendas, res-gatou a história que se perdia do município no contexto decada versão captada entre o povo de tamandareense. Pois,mostrou marcos que referendavam fatos históricos a seremexplorados.

Em maio de 2008, foi criado pela Secretaria Munici-pal de Urbanismo e Planejamento, o Projeto Memóriasda Minha Terra, o qual tinha como objetivo resgatar ahistória cotidiana dos bairros para fins de resgatar umaparte da história do município. Porém, infelizmenteeste projeto que deveria gerar um livro, e ser lançado

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em 28 de outubro daquele ano, acabou só ficando no pa-pel304.

Em geral, a cultura tamandareense se contextualizaampla e abrangente, porém não típica, já que convive como conjunto de várias manifestações culturais, herdadas prin-cipalmente da religião cristã e de hábitos portugueses.Ocorre, porém, nas localidades de forte imigração polone-sa, uma variação comportamental de costumes. Já nas re-giões de grande concentração populacional sob influenciade um fluxo migratório ocorre uma notória diversidade cul-tural. Neste contexto, não existe um ritmo musical ou dan-ça que lhe represente, mas sim vários. Não existe um habi-to alimentar especifico, mas sim relacionado ao habito ali-mentar típico da Região Metropolitana.

Porém, a de se destacar que a influencia do imigrante nacultura local se tornou tímida em decorrência do períododo Estado Novo, o qual com a filosofia de integralizar a cul-tura nacional brasileira. Proibiu toda e qualquer manifesta-ção cultural de cunho estrangeira em todo território nacio-nal305.

Não absurdo é observar na cultura existente na cidadeum contexto cosmopolita, com traços regionais em suasregiões interioranas. O povo tamandareense esta mais parauma cultura metropolitana do que para uma isolada. Pois,como já foi tecido. A história da região foi forjada por umconjunto de vetores culturais.

304 FOLHA DE TAMANDARÉ. Memórias da minha terra. Ano XXIII, nº 598, 1ª quinzena de maio de 2008, p.6.305 KANASHIRO, Milena. Paisagens étnicas em Curitiba: um olhar histórico-espacial em busca de entopia.

Tese de Doutorado em Meio Ambiente e Desenvolvimento da Universidade Federal do Paraná – UFPR, da linhade pesquisa “Urbanização, Cidade e Meio Ambiente”, Curitiba PR: 2006, p. 253-255.

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HISTÓRIA DO MUNICÍPIO DE ALMIRANTE TAMANDARÉ

Não raro, é abrir e ler em diferentes jornais ou assistirem qualquer noticiário televisivo notícias de lugares ondea intolerância religiosa provoca a guerra entre países e amorte em nome de doutrinas que no papel pregam a paz etolerância. Mas na pratica, seus seguidores parecem es-quecer-se de tudo que deveriam praticar, para seguir emharmonia.

Por sorte, vivo em uma cidade onde este tipo de fato nãoocorre. Pois, existe harmonia entre os seguidores de diver-sas doutrinas cristãs. Tanto é que é possível perceber tem-plos de diferentes visões cristãs estabelecidas na mesmarua e até “vizinhos de cerca”. Ou seja, o povo de AlmiranteTamandaré é muito tolerante as manifestações religiosas,independente se cristã ou não.

Neste sentido, é notória a manifestação cristã no muni-cípio, já que esta foi o principal legado do povo portuguêspara a história religiosa da cidade. Oficialmente a doutrinaCatólica foi a que se manifestou pioneiramente na autôno-ma cidade, a partir de 05 de março de 1899, data corres-

Religião

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Relatos de um Tamandareense

pondente a criação da Paró-quia da cidade, cujo primeiropároco, foi o Frei Xisto Meiwesem 1899, que era alemão dacidade de Hagen306. Outra ca-racterística católica cristã queainda sobrevive, é a existênciade uma data, reservada a co-memorar o dia da padroeira dacidade, ou seja, no dia 08 dedezembro se comemora o diade Nossa Senhora da Imacu-lada Conceição.

Porém, a de ressaltar, que ofato, de só ser criada a paróquia em 1899, não inspira apensar que antes não havia padre ou igreja na região. Eis,que existia já, a Capela Nossa Senhora da Luz, a qual foierguida ainda no século XIX (1882) em madeira, no Mar-meleiro. Sendo que a atual foi erguida 1908, a partir dosesforços da comunidade local e principalmente dos senho-res Antonio Eduardo Trevizan e Manoel Pereira307.

No entanto, a localidade não possuía um povoamentocapaz de ter o status de Capela Curada (localidade reco-nhecida pela Igreja Católica com certa importância econô-mica e populacional). E talvez por este não reconhecimen-to deste status na localidade, que Almirante Tamandarédemorou a ser reconhecida como Freguesia e posteriormenteVila. Pois se um povoado não possui condição de construiruma igreja, como é que vai quere ser cidade?

Foto: Galeria dos Párocos da Paróquia Nossa Senhorada Conceição de Alm. Tamandaré, s/d

Frei Xisto Meiwes 1º Pároco 1899-1900

306 BONAMIGO, Euclides. Histórico da Paróquia Nossa Senhora da Conceição de Almirante Taman-daré. 1998.

307 Placa de comemoração do Nonagésimo aniversário da Capela Nossa Senhora da Luz do Marmeleiro, 24 de maiode 1998.

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HISTÓRIA DO MUNICÍPIO DE ALMIRANTE TAMANDARÉ

Eis, que também foi relatada, através da Festa do Cen-tenário da Imigração Italiana na Colônia Gabriela, realiza-da em novembro de 1985, a existência de uma igreja nalocalidade, cujo, a qual remonta o século XIX. Ou seja, 1885,ano em que nesta localidade foi construída pelos imigran-tes308. A mesma não existe mais. Pois, foi substituída poruma construção contemporânea maior.

Independente deste fato, aproximadamente em 1863, éconstruída uma das primeiras Igrejas do Município, na ses-maria de dona Maria dos Anjos, na região do Cercado (atu-al Sede). Porém, como já foi comentado, este prédio origi-nal teve que ser demolido, já que ficou comprometida suaestrutura, (era feita de uma mistura de barro com cal, numaestrutura de varas entrelaçadas (estuque)309, pela proximi-dade que possuía com a linha férrea. Provavelmente noperíodo em que o Padre Martinho Maitztequi era responsá-vel pela paróquia.

Foto: Antonio Ilson Kotoviski Filho, abril de 2011

Igreja Nossa Senhora da Luz (Marmeleiro), prédio erguido em 1908

308 FOLHA DE TAMANDARÉ. Colônia Gabriela anuncia festa da Imigração Italiana. Ano I, primeira quinzenade novembro de 1985, p.07.

309 Relato de Generoso Candido de Oliveira, 1998.

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Relatos de um Tamandareense

No entanto, uma nova foi reconstruída com o dinheiroda indenização do espaço cedido a ferrovia, mais colabora-ções de populares, entre elas a doação do terreno em defi-nitivo a paróquia, feita pelo Sr. João Candido de Oliveira esua esposa Bertolina Agnes Kendrick de Oliveira. Porém,só em 1914 tem inicio a construção de uma Igreja maiorque foi inaugurada em 1918310.

Em 13de de-z e m b r ode 1953 éorganiza-da umaprocissãopara re-cepcionaro taman-dareenseSacerdoteAmbrósio Lairto Bini, filho de Paulo Bini. No entanto anosmais tarde, este senhor desistiu da vida sacerdotal e ca-sou-se. Sendo que teve filhos, o qual um deles foi posto onome de Cesar Augusto Bini. Ou seja, um nome homônimoao filho do Deputado e Prefeito Ambrósio Bini, cujo qualrelatou este peculiar fato311.

Quarenta e oito anos depois da construção da 2ª IgrejaMatriz, em virtude de problemas estruturais e de espaço. OFrei Gregório Maria, solicitou que a Igreja fosse demolidaem 1965. Neste período, as missas foram realizadas no bar-racão do senhor João Roque Tosin, até a inauguração da

2ª Igreja Matriz, 1918/ Foto: Arquivo Paróquia NossaSenhora da Conceição de Almirante Tamandaré, 1931

310 Livro Tombo, nº 93, 1909, p. 20.311 Relato de Cesar Augusto Bini (filho do Deputado Ambrosio Bini) em 27 de fevereiro de 2011.

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nova Igreja em 1970, a qual teve sua primeira missa reali-zada em 18 de novembro de 1970, pelo Frei Beda Maria.

A demolição da igreja foi muito contestada a principiopor alguns moradores mais tradicionais. Porém, a contes-tação não surtiu efeito, sendo que a mesma foi derrubadacom muita dificuldade, naquele mesmo ano312.

Segundo relatos de seu Generoso Candido de Oliveira,no dia em que foi feita a terraplanagem do terreno do novotemplo, se encontravam muitas pessoas ao seu redor. Pois,o motivo deveria ser a novidade de se ver tal evento nacidade. No entanto, o real motivo se dava ao fato de quetodos sabiam que a Dona Maria dos Anjos havia sido enter-rada onde a Igreja estava. Diante disto, corria uma históriaou estória, que junto ao local onde esta senhora foi enterra-da existiam peças de ouro. Pois, esta senhora em sua épo-ca, desfrutava de grandes riquezas e poder político desfru-tado na capital pelo seu marido. Sendo que isto era plausí-vel, já que era a dona das sesmarias que hoje correspon-dem ao atual Monte Santo e Jardim São Francisco, além depossuir escravos negros.

Diante desta possibilidade, que alimentava os sonhosde muitos. O maquinista seu José Perussi (Juca Perussi),ao esbarrar no caixão, cujo um lado estava intacto, parou amaquina. Rapidamente reuniu o pessoal. Porém, apenasforam encontrados os restos mortais e principalmente oscabelos da Senhora Maria dos Anjos. O qual foi colhido pelosenhor Generoso Candido de Oliveira (seu neto) e levadoaté o jazigo da Família Oliveira, que se encontra no atualCemitério Municipal313.

No fim da década de 1990, a Igreja Matriz passa por uma

312 Relato de José Ido da Cruz, abril de 2011.313 Relatos de Generoso Candido de Oliveira, 2001.

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Relatos de um Tamandareense

nova reforma, sendo reinaugurada em dezembro de 1999314.Sua primeira missa foi rezada pelo frei Darci Catafesta.

É notória a fé cristã católica no município também nalocalidade do Botiatuba já em 1901, onde existia uma ca-pela com a denominação de São Pedro, pertencente à Fa-mília Gouveia. Sendo que nela, foram relatados no livro doCurato de Tamandaré a realização de dois batizados reali-zados pelo Padre Policarpo Schuhem na data de 11 de abrilde 1901315. Sendo que ao redor da mesma existiu um pe-queno cemitério.

Em 1918, é construída uma nova Igreja em Tranqueirapelo senhor Antonio Stocchero, para pagar promessa feitaa Santo Antonio. No entanto, nesta localidade a relatos doBispo D. José Camargo de Barros, sobre a existência de umacapela em 1899316. Ou seja, já no século XIX existia umaigreja no povoado.

3ª Igreja Matriz de 1970

Foto: Folha de Tamandaré Julho de 1993

314 Pedra fundamental.315 BONAMIGO, Euclides. Histórico da Paróquia Nossa Senhora da Conceição de Almirante Tamandaré. 1998.316 Dossiê histórico do Surgimento de Tranqueira. (coordenado pelos professores Adalzi Gulin Paes e Renato Ferro

Sofiati da Escola Angela Sandri Teixeira). Capela de Tranqueira, 1986.

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HISTÓRIA DO MUNICÍPIO DE ALMIRANTE TAMANDARÉ

Infelizmente a histórica Igreja foi demolida em 21 de ou-tubro de 1989, para dar lugar a uma nova.

No ano de 1935, é inaugurado o Seminário Santo Anto-nio no Botiatuba, onde até 1979, funcionou como centroadministrativo da Paróquia. Atualmente, se reverte exclu-sivamente na formação de novos sacerdotes.

Em 112 anos da Paróquia Nossa Senhora da Conceiçãode Almirante Tamandaré existiram 36 Párocos, sendo: FreiXisto Meiwes, OFM (1899 – 1900); Frei Redenptor Kulmann,OFM (1900 – 1906); Padre Geraldo Palomera, CMF (1906 –1907); Padre José Domingo, CMF (1907); Frei MartinhoMaitztegui, CMF (1907-1912); Padre João Sadurmi, CMF(1912-1916); Padre Raimundo Castolin, CMF (1916-1919);Padre Gregório de Angoita CMF (1919-1925); Padre VicenteConce, CMF (1925-1926); Frei Ricardo de Vescovana, OFMCap. (1927-1932); Frei Inácio Dal Monte, OFM (1932-1936);Frei Tarcísio de Bovolone - OFM Cap. (1936-1937); Frei Bar-nabé Ivo Tenani, OFM Cap. (1937-1946); Frei Orlando Bu-

2ª Igreja de Tranqueira, 1918, a qual foi retratada emuma pintura feita pelo Albano Agner de Carvalho

Foto: Arquivo da Paróquia Nossa Senhora da Conceição de Almirante Tamandaré

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satto, OFM Cap. (1946-1948); Frei Henrique de Treviso, OFMCap. (1948-1949); Frei Donato de Ênego, OFM Cap. (1949-1951); Frei Germano Barison, OFM Cap. (1951-1954); FreiCarlo Benetti, OFM Cap. (1954); Frei Eugênio Nichele, OFMCap. (1954); Frei Celestino Coletti, OFM Cap. (1955); FreiBeda Gavello, OFM, (1956-1957); Frei Lucas de Tomazina,OFM (1958); Frei Beda de Gavello, OFM (1959-1960); FreiVital Basso, OFM Cap. (1961-1963); Frei João Estêvão Cos-ta, OFM (1964-1966); Frei Estêvão de Campo Magro, OFM(1967-1968); Frei Beda Gavello, OFM (1968-1971); Frei DaviNogueira Barboza, OFM (1972); Frei Fausto Schmidt, OFM(1973-1976); Frei Lourenço Kachuba, OFM (1977-1985); FreiMoacir Antonio Nasato OFM Cap. (1986); Frei AntonioEmídio Gomes Neto, OFM Cap. (1987-1990); Frei DaniloBiasi, OFM Cap. (1991-1995); Frei Anselmo Jacó Schuarça,OFM Cap. (1996); Frei Darci Catafesta, OFM Cap. (1997-2005) eo Frei José Reimi Pereira Martins (2005 a presente data)317.

Para esclarecimento, a sigla OFM significa Ordem dosFrades Menores, OFM Cap. possui o significado de Ordemdo Frades Menores Capuchinhos. Já a sigla CMF significaCordis Mariae Filius. É esta a sigla oficial que cada Missio-nário Filho do Coração de Maria (Claretiano) acrescenta aoseu nome.

No ano de 1999, foi criada na Cachoeira a Paróquia Anjoda Guarda, a qual compreende as seguintes capelas: SãoJosé (Bomfin), Divino Espírito Santo (Cachoeira), São Vi-cente de Paula (São Jorge) e Capela Nossa Senhora dasGraças (Jardim Roma). Seus párocos foram Jeferson Anto-nio da Silva, Rivael de Jesus Nascimento e Cleberson Adri-ano Evangelista (atual)318.

317 Galeria de Párocos da Paróquia Nossa Senhora da Conceição de Almirante Tamandaré.318 Informação Secretaria da Paróquia Anjo da Guarda, 2011.

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Segundo informações da paróquia o Padroeiro escolhidose deu entre os seguintes nomes: São Jorge, Sagrada Famí-lia, Santa Edwirges, São Venâncio, devido ao local ondeseria construída a Capela que pertencia na época (1967) àParóquia Nossa Senhora das Graças e Santa Gema Galga-ni (Barreirinha) e Anjo da Guarda319.

O Santo padroeiro que ganhou preferência foi “Anjo daGuarda” sugerido pelo Sr. Miguel e apoiado pelo Pe. Ores-tes F. Grein (pároco da Paróquia da Barreirinha na época).Pois, esta denominação se deu ao fato de que não havianenhuma outra capela com este patronato na paróquia eregião.

Em virtude do crescimento da comunidade católica daLamenha Grande ocorreu a necessidade de se criar umaparóquia. Sendo que em 23 de março de 2008, em um Do-

Igreja Anjo da Guarda, prédio atual construído em 1982

Foto: Antonio Ilson Kotovski Filho, abril de 2011

319 Padre Cleberson Evangelista. Breve Relato. Disponível em: < http://www.padreclebersonevangelista.org.br/index.php?option=com_content&view=article&id=1020&Itemid=89 > Acesso em: 11 abr. 2011.

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mingo de Páscoa, o arcebispo de Curitiba, Dom Moacyr JoséVitti, na celebração Eucarística, instala a Paróquia de SãoJoão Batista – Lamenha Grande a qual foi desmembradado território da Paróquia Sant’Ana de Abranches. Sendoque sua jurisdição abrange as capelas: Capela São Sebasti-ão (Bonfim), Capela São Francisco Xavier (Colônia Gabrie-la), Capela Sagrada Família (Giannini), Capela Nossa Se-nhora das Graças (Monterrey), Capela São Miguel (Lame-nha Grande) e Capela Nossa Senhora Aparecida (Tanguá).Seu primeiro pároco foi o Edilson de Lima (2008/2009) e osegundo e atual é o Padre Valdecir Dávila (2009-até a pre-sente data desta pesquisa).

Uma realidade que fazia parte das comunidades taman-dareenses até meados da década de 1960 era a falta decapelas. Sendo que a celebração de Eucaristia geralmenteera feita na casa de algum morador da comunidade local.Uma dessas localidades que conviveu com esta situaçãofoi o Juruqui. No entanto, toda vez que as celebrações ter-minavam corria a ideia de se construir uma capela. Porém,foi no meio de um jogo de cartas, que começou a se discutirum projeto para concretizar aquele sonho da localidade.Neste contexto, um grupo de moradores foi falar com o pá-roco que na época era o tamandareense Frei Vital Basso320.

Tal ideia repercutiu bem, sendo que de imediato os Se-nhores Francisco Meguer e José Júlio Meguer, doaram oterreno para a construção. Posteriormente a este fato, foirealizado no local na data de 22 de setembro de 1962 a 1ªMissa e a bênção solene da pedra fundamental. Sendo quea imagem de Nossa Senhora Aparecida foi doada pelo SenhorAtílio Bini que saiu em procissão da Sede até o Juruqui321.

320 ESCOLA ESTADUAL LAMENHA PEQUENA. Projeto: A evolução do Bairro Lamenha Pequena/ProfessoraPaula Fabiane Manfron. 1999.

321 Idem.

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HISTÓRIA DO MUNICÍPIO DE ALMIRANTE TAMANDARÉ

Foram os pioneiros idealizares e fundadores da IgrejaNossa Senhora do Rocio no Juruqui: Presidente, FranciscoSandri; Vice-Presidente, Francisco Meguer; Tesoureiro, Fran-cisco Manfron; Conselheiros: Antonio Bernardo, AntonioStraiotto, Antonio Sandri, Abílio de Moraes, Lício de Mora-es e outros322.

A Igreja NossaSenhora do Rocioficou pronta em1965.

No Bairro Hu-maitá, no JardimMonte Santo em12 de Outubro de2005 é inaugura-da a Capela Nos-sa Senhora Apa-recida construída em terreno comprado com esforços dacomunidade junto a Rua São Bartolomeu, com missa reali-zada pelo frei Darci Roberto Catafesta. Realizou-se então

neste dia um an-tigo sonho da co-munidade católi-ca, a qual se ex-pressava desde oano de 1985. An-tes da construçãoda capela as mis-sas eram realiza-das nas casas demoradores.

Contemporânea Igreja Nossa Senhorado Rocio no Bairro do Juruqui

Foto: Antonio Ilson Kotoviski Filho, de abril 2011

Capela Nossa Senhora Aparecida

Fonte: Brasinha, dezembro de 2005

322 Idem.

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Relatos de um Tamandareense

Uma manifestação de fé católica herdada dos antigosimigrantes que ainda persiste no município no Bairro daCaximba e na localidade do Marmeleirinho, diz respeito àreunião de pessoas dessas comunidades em um oratório.Sendo que o Oratório do Marmeleirinho foi construído apro-ximadamente em 1969 com esforços da comunidade323. Sen-do que o mesmo é cuidado por diversas pessoas da região.Contemporaneamente segundo informações dos morado-res, o dia de orações ocorre nos sábados às cinco horas datarde.

Na operação censitária de 1950, foram detectados 8697católicos e 115 pessoas pertencentes a outras religiões.Estas 115 se referiam a doutrinas protestantes presbiteria-na. Porém, em 1911 chegam ao Brasil, missionários da cor-rente doutrinaria Pentecostal da Igreja Assembleia de Deus,onde na década de 1960, se instala em Almirante Taman-daré. Se tornando a pioneira igreja evangélica na cidade.Porém, desta época até os dias contemporâneos, ocorreuum crescimentomuito grande denovas doutrinasprotestantes nomunicípio. Poreste motivo, noano de 1999, foiinstituído peloprefeito CezarManfron, atravésda Lei 692 de 29de setembro de1999, o dia do evangélico, que se comemora em 13 de maio.

Oratório do Marmeleirinho, construção de 1969

Foto: Antonio Ilson Kotovski Filho, abril 2011

323 Relato do Sr. Nene Zem, abril de 2011.

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Para marcar este dia, foi batizada a praça existente naesquina da Rua Emilio Johnson com a Rua Lourenço Ange-lo Buzato, construída da gestão de Arcidíneo Felix Gulin(Cid Gulin), como “Praça do Evangélico”, na gestão do pre-feito Cezar Manfron.

Entre as dou-trinas protestan-tes na cidade, sedestaca a IgrejaAdventista do Sé-timo Dia Movi-mento de Refor-ma, fundada em1914, porém, quese estabeleceupermanentemen-te no município a partir de 1986, quando na região do Boti-atuba foi construído um templo para atender as necessida-des religiosas da crescente comunidade adventista presentena localidade. Este templo teve como cerimônia inicial ocasamento do senhor Nelson Devai com a senhora PatríciaThomé filha do pioneiro casal fundador e propagador dadoutrina Adventista na região, o Senhor e Pastor AntonioThomé e a Senhora Halina Jadwiga Grus Thomé324. Antesda construção desta, os cultos eram realizados na sua Sedeem Curitiba junto a Rua Davi Carneiro.

No entanto, este destaque não se reverte exclusivamen-te ao fato da fundação de mais uma doutrina cristã queprega a paz, harmonia e a preservação dos bons costumes.Mas sim, pelo fato desta comunidade ter desenvolvido naregião ações que vão além de palavras. Pois, inicialmente

324 Relato da senhora Halina Jadwiga Grus Thomé, 02 de março de 2011.

Igreja Adventista fundada em 1986

Foto: Antonio Ilson Kotovski Filho, março 2011

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antes do surgimento do templo, o visionário Antonio Tho-mé resolveu criar um hospital naturalista e terapias alter-nativas a partir de experiências colhidas na Argentina. Sen-do assim em 1974 ocorreu a compra do terreno onde con-temporaneamente se encontra o Hospital Naturalista Oa-sis Paranaense. Porém, a construção do mesmo só se ini-ciou em 1976 sendo concluído em outubro de 1980 e inicia-do seu funcionamento em setembro de 1981. Os recursospara o desenvolvimento da obra foram obtidos através decontribuições espontâneas, através de um carne de sóciofundadores e recursos mais vultuosos de seus idealizado-res: Antonio Thomé, Elias de Souza, Aderval P. da Cruz,Antonio Xavier, Jorge Grus, Manoel Schwab, Halina J. GrusThomé. Sendo o primeiro médico responsável o senhor Edi-valdo P. Baracho325.

Com o advento e consolidação do Hospital, foi criada namesma região a Escola Missionária Ebenezer, sendo queem 1994 para atender a comunidade foi criada uma Escolade Ensino Fundamental, a qual abriu suas portas a pessoasde fora da comunidade. Surgi a partir deste fato a EscolaIsaac Newton que conta atualmente com 400 alunos, a qualpossui matriz com a mesma ideologia e nome em São Pau-lo326.

Inspirados na doutrina naturalista, membros da comu-nidade adventistas costumam empreende clinicas de tera-pias alternativas na região. Uma delas foi a AssociaçãoParanaense de Estilo de Vida fundada em 1999 de iniciati-va do Senhor Onias Pessoa Luna, a qual atendia pessoascom o intuito de desintoxicação e combate aos vícios. Con-temporaneamente em fase experimental o Dr. Luiz Costa

325 Relatos da senhora Halina Thomé, Dr. Elias de Souza e placa comemorativa de fundação do hospital em 02 demarço de 2011.

326 Idem.

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pretende concretizar um SPA com ênfase na nutrição, fisio-terapia e terapias alternativas.

Para finalizar as contribuições da comunidade Adventis-ta do Sétimo Dia Movimento de Reforma para com a socie-dade tamandareense, se destaca o Conjunto Musical deCordas, coordenado pelo senhor Nelson Devai.

Porém, a cidade de Almirante Tamandaré não possui sóa doutrina cristã como base de sua formação cultural. Pois,existe no município a presença de praticantes de crençasafricanas como a Umbanda e o Candomblé.

No entanto a manifestação que mais me chamou aten-ção pelo fato de possuir representante na cidade foi o Isla-mismo. Eis, que detectei esta presença em uma aula reali-zada em 1998 enquanto expunha a importância da escritae da leitura para o desenvolvimento de uma sociedade. Pois,um aluno involuntariamente falou que seu pai não sabialer e escrever. Única coisa que ele sabe é fazer uns dese-nhos e ler um livro cheio de desenho. Perguntei para o alu-no como que era o nome do livro. Então ele respondeu queera Corão. Perguntei se por acaso era Al Corão. Ele respon-deu que sim. A partir disso, expliquei que o pai dele sabialer e escrever muito bem. Pois, os desenhos que ele faziaeram letras do alfabeto árabe. E o livro que lia estava escri-to na língua árabe. No entanto seu pai tinha dificuldadecom a escrita ocidental e com a nossa língua por ser umimigrante.

Resumindo, o ilustre seguidor do islamismo em terra ta-mandareense identificado no ano de 1998 era um imigran-te da Republica do Líbano. Ou seja, o senhor Ali HusseinJarrar, filho de Hussein Jarrar com Karine Abdala.

No contexto religioso apresentado pelo senso do ano de2000 apresentado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e

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Relatos de um Tamandareense

Estatística, ficou demonstrado que no que tangia o credoda população de 88.277 habitantes da cidade era: 55.804seguiam a Doutrina Cristã Católica Apostólica Romana;20.856 seguiam a Doutrina Cristã Evangélica (representa-das por diversas igrejas); 8.221 não possuíam religião; 1.280se identificaram como Católicos Apostólicos Brasileiros; 781pertenciam a Doutrina Cristã Testemunhas de Jeová; 355não declararam credo; 293 seguiam a Doutrina Espírita; 264seguidores de religiões não determinadas; 186 seguiam aDoutrina Cristã expressada pela Igreja de Jesus Cristo dosSantos dos Últimos Dias; 55 seguiam as tradições africanasda Doutrina da Umbanda; 22 seguem a Doutrina de NovasReligiões Orientais; 13 se identificam com tradições esoté-ricas; 11 seguem a tradição doutrinaria Judaica e 07 pesso-as seguem a Doutrina Islâmica.

Porém, um assunto interessante que chama atenção, éo sepultamento de entes queridos. Pois, houve um tempona cidade em que isto era um problema. Pois, até a décadade 1930, não existia cemitério na Sede. Diante disto, mui-tas famílias enterravam seus familiares, no próprio terreno.Um exemplo, da dificuldade de se enterrar, é a história daCapelinha do Pacotuba, de 1929, que em seu terreno, fo-ram muitas pessoas enterradas. Hoje uma parte desse ter-reno, virou rua. No entanto, as localidades do Marmeleiro,Tranqueira, Prado e Cachoeira já dispunham de cemitériodesde o século XIX.

A falta de cemitério nesses tempos era notória e nãoexclusiva de Tamandaré. Pois, o único cemitério oficial exis-tente na região era o de Tranqueira. No qual eram sepulta-dos pessoas de Votuverava, Colônia Assungui e da Sede. Otumulo mais antigo encontrado e preservado está datadode 1908.

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HISTÓRIA DO MUNICÍPIO DE ALMIRANTE TAMANDARÉ

Com o advento do Seminário dos Padres Capuchinhosno Botiatuba na década de 1930, aparece o primeiro cemi-tério oficial na localidade. Porém, restrito a sepultamentode padres.

Contava seu José Real Prado Sobrinho, nas visitas quefazia a mercearia de meu avô no Botiatuba, que no séculoXIX (1818, 1831 e 1838 até o começo do século XX), se de-sencadeou um surto de Bexiga (varíola) em Curitiba, o qualdizimou muitos moradores, tropeiros e pessoas que viaja-vam do litoral para o Assungui327. Ou seja, que passavampela Freguesia do Pacotuba (Almirante Tamandaré). Dian-te deste fato, os que morreram com esta doença, foramenterrados no terreno que margeia a Wadislau Bugalski,próximo as atuais ruínas da Pedreira Botiatuba. Dona Noê-mia Kotovski, confirmou tal relato, pois, ela dizia que quan-do foi morar no Botiatuba, tinha medo de passar pela re-gião à noite, por causa dessa história, contatada por seu

Na primeira imagem mostra o exterior da Capela do Seminário Santo An-tonio. Na segunda imagem aparece o interior da capela. Atrás dela seencontra o cemitério

Foto: acervo da Secretaria Municipal de Cultura

327 KUBO, Elvira Mari. Aspectos demográficos de Curitiba: 1801 – 1850. Dissertação de Mestrado, Departa-mento de História, Setor de Ciências Humanas, Letras e Artes da Universidade Federal do Paraná: Curitiba,1974, p. 106.

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Relatos de um Tamandareense

Zezinho e outros moradores já de idade, que moravam naregião, quando a dona Noêmia era moça. Atualmente, exis-tem casas sobre este terreno.

Porém, um fato curioso, é o contado pelo Sr. Albino Mi-lek. O qual relatou, que na época da II Guerra Mundial,quando um alemão ou descendente de alemão morria naCachoeira, os poloneses da Colônia Antonio Prado não dei-xavam este serem enterrado no Cemitério do Prado. Emrepresaria a este fato, os alemães de São Venâncio não dei-xavam os poloneses falecidos serem enterrados no Cemité-rio da Cachoeira. Outra situação incompreensível para osdias atuais é que nas décadas anteriores a 1960, protestan-tes não podiam ser enterrados em cemitério de católicos evice-versa328. Por este motivo que o cemitério da Cachoeiratambém é conhecido como “cemitério evangélico”.

Outra situação marcante narrada por Albino Milek, erao sepultamento com esteira. Ou seja, como o caixão eracaro, as pessoas mais humildes costumavam dispor o fale-cido sobre uma esteira, em seguida este era enrolado, e aspontas amarradas (como se fosse uma linguiça), em segui-da era colocado na cova e coberto com terra. Isto tudo, fei-to na frente de todo mundo.

Nesta época, em que o caixão pronto era caro, existiamos carpinteiros que faziam caixão. Porém, este caixão erafeito simultaneamente ao velório. Ou seja, enquanto o fale-cido era velado, o carpinteiro, ficava montando o caixão noquintal. Pelos relatos, dava uma sensação ruim presenciartudo aquilo329. Seu Generoso Candido de Oliveira, tambémrelatou que até 1930 não existia Cemitério na Sede, sendoque os sepultamentos eram feitos no próprio terreno330.

328 Relato de Valter Johson Bomfin, abril de 2011.329 Relato de Otavio Kotoviski, em 2011.330 Relato de Generoso Candido de Oliveira, 1998.

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No século XIX, pela falta de cemitérios na região, gran-de parte dos moradores da Lamenha inclusive os imigran-tes, eram sepultados no cemitério do Abranches. Cuja, acruz que fica em cima do portão do cemitério foi doada pelopai do Desembargador Isidoro Brzezinski, ou seja, o senhorPedro (Piotr) Brzezinski331.

Longe de apavorar as pessoas, vejo com certa preocupa-ção, o desconhecimento da existência de antigos cemitéri-os não oficiais, espalhados pelo município. Pois, indepen-dente de superstição ou respeito ao terreno sagrado, o queme preocupa são os falecidos por varíola ou outra moléstiagrave que foram enterrados de qualquer jeito, em um localonde existe uma grande quantidade de água guardada nosubsolo. Se esta preocupação procede ou não, isto eu nãosei. Porém, como já presenciei enterros onde o falecido foiposto em caixão especial devido a sua moléstia. Ficam du-vidas sobre esta situação. Mesmo passando quase cento equarenta anos do ocorrido.

Uma situação curiosa, que marcou a “história dos guar-damentos” de Almirante Tamandaré, e atualmente é con-tada como estória. Foi um fato ocorrido na década de 1960,na gestão do Sr. Domingos Stocchero. Eis, que o Sr. Sebas-tião Bueno, ex-vereador do município, mas na época funci-onário da prefeitura, foi encarregado de buscar o falecidono necrotério e se encarregar de comprar a roupa. Cumpriua missão (em partes). Eis, que perdeu no caminho o dinhei-ro para comprar a roupa do defunto. Diante de tal situação,colocou o falecido no caixão, e o entregou a família, dizendo quenão era para ser aberto. Pois, tinha morrido de uma doença muitograve. E se retirou do local para ver o que fazia332.

331 HAYGERT. Aroldo Mura G. Vozes do Paraná: retratos de paranaenses/João Osório Brzezinski. 22 Ed. Curi-tiba: Convivium, 2009, p. 05.

332 FOLHA DE TAMANDARÉ. “Não abra o caixa... O defunto esta pelado”. Ano V, nº 83, 30 setembro de 1989, p.06.

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Quando retornou, dezenas de pessoas que cercavam omorto preparavam-se para abrir o caixão. Vendo aquilo, o“Bastião”, começou a gritar: “Mingo, Mingo,..., não deixeabrir o caixão”. O Prefeito Domingos Stocchero, assustado,quis saber o motivo. A resposta foi de espantar: “o pessoaldo necrotério se esqueceram de colocar a roupa no defun-to, ele está pelado!” (Caso real, envolvendo pessoa de umafamília da Capivara)333.

Na data de 22 de agosto de 2002, era assinada a LeiOrdinária nº 913. A qual permitia a transferência atravésde “dação de pagamento”, alguns imóveis públicos do mu-nicípio, para o IPMAT (Instituto de Previdência do Municí-pio de Almirante Tamandaré), como forma de saldar umadivida da Prefeitura com esta Instituição. Entre estes imó-veis, faziam parte do rol de dação o Cemitério Municipal daSede e o Cemitério Municipal de Tranqueira. Já na data de23 de março de 2006 com o advento da Lei Ordinária nº1154, o município comprava os imóveis listados pela Lei913/2002. O qual pagaria em quatrocentos e vinte parcelas(35 anos).

Deixando de lado as curiosidades e peculiaridades liga-das ao mundo dos homens. Observo com bons olhos, o de-senvolvimento de doutrinas que preguem a harmonia e obem comum entre as pessoas. Independente de religião,doutrina ou maneira de se expressar a Deus ou se refe-rir a ele. Pois, em termos de religiosidade, o povo ta-mandareense da um bom exemplo de convivência pa-cifica e harmoniosa.

333 Idem.

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Um dia desses, parei para descansar na Praça Vice-Prefeito Frederico Manfron, estabelecida pela Lei nº 971/2003 sancionada pelo então Prefeito Cezar Manfron e inau-gurada em 19 de junho de 2004. Mas que todos a conhe-cem como Praça do Skate. Sentado no banco, nostalgica-mente viajei, ao tempo da saudosa Cancha de Esportes queali, exatamente naquele local existia. Tantas recordações,mas algumas se tornam difícil de esquecer. Pois, a memo-rável cancha, antes da existência do Ginásio de Esportes,era um dos principais locais de apresentações, festividadesjuninas e torneios esportivos do município. Como tambémera um principal ponto de encontro e lazer da juventudedas décadas de 1970, 1980 e 1990 nos domingos à tarde.Pois, nos dias de semana, o local estava reservado às ativi-dades escolares do Colégio Ambrósio Bini. Sendo tambémali que se localizava o ponto final do ônibus Tamandaré/Curitiba. Era uma cancha praça. Já que de um lado do muro,se dispunha a cancha de concreto multimodalidades (fute-bol, basquete, voleibol e handebol), uma cancha de futebol

Esporte

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de areia e uma pequena cancha de areia ao lado onde sejogava vôlei. No meio do terreno tinha uma casa, onde umlado se guardava as bolas, redes e outros materiais para aprática esportiva. Do outro lado ficava o vestiário (com chu-veiro e banheiro).

No outro lado do muro, ficava os pontos (ônibus e taxi), abanquinha de doce, os bancos onde a turma ficava namo-rando e duas pedras fundamentais. Uma, que o qual naépoca sentava em cima (tinha uns 12 anos de idade), e nemsabia o que estava escrito na placa de bronze. Sendo que,só fui descobrir no processo desta pesquisa que se tratavade uma homenagem prestada em outubro de 1985 pelomunicípio, na época administrado pelo prefeito Ariel Bu-zzato, aos 14 Bravos de Almirante Tamandaré, que foramconvocados para lutar na Segunda Grande Guerra. Os quaiseram: Afonso Herberto Wolfergrand, Antonio Schartz, Bo-nifácio Wotekoski, Deodolino Souza, Eduardo Brunick, JoãoSachacheviski, Joaquim Arnaldo Franco Ribas, José Fran-cisco dos Santos, José Guedes de Carvalho, José Mathozoda Silva, José Ribeiro Schulchaski, Jurandir Aleixo de Cris-to, Pedro Chipanski e Roque de Cristo. Outra personalidadehistórica que lutou na guerra, que não aparece na placa debronze porque era filho de Colombo, porém, que mora emAlmirante Tamandaré, a mais de 40 anos, é o senhor PedroGoinski. Por sorte, tiveram a consciência de reservar umespaço na atual praça para a pedra que homenageia osnossos heróis de guerra nascido em solo tamandareense.

Esta saudosa praça esportiva carregou uma história quereflete bem a ação de bem aventurados cidadãos que dedi-caram uma parte de seu tempo ao bem de todos da comu-nidade. Inicialmente o terreno onde se encontrava a antigacancha pertencia à prefeitura municipal, o qual teve ori-

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gem na antiga sesmaria parcelada na década de 1950 quedeu origem ao loteamento Santa Terezinha. Por ser umaárea plana serviu por muito tempo como um campo de fu-tebol. Posteriormente, para atender a pratica de EducaçãoFísica do recém-criado Colégio Ambrósio Bini, em substi-tuição a denominação existente da Escola Normal Regio-nal Alvarenga Peixoto, observou-se a necessidade de seconstruir uma quadra esportiva. Por iniciativa do professorJosé Schlichting (Professor Zeca) e da Diretora Rosa Bini deOliveira foi desenvolvido um projeto para arrecadar fundospara a construção da quadra. Neste contexto, uma das for-mas de arrecadação foi à realização do Concurso da Rai-nha dos Minérios, o qual ocorreu nos anos de 1974, 1975 e1976. A obra iniciou-se no final de 1974 e foi concluída nocomeço de 1975334. Na gestão do prefeito Ariel Buzzato, acancha, se transformou em cancha-praça, sendo o localreservado a pratica esportiva, remodelado com um vestiá-rio, refletores e quadras de areia.

Recordo de uma Festa Junina que foi feita em 1983, ànoite, que contou até com uma fogueira de 5,5 metros nacancha de areia. Porém, no ano de 1985, em comemoraçãoao aniversário da cidade, foi realizado o “Rock in Rio Bari-gui” (nome do evento inspirado no histórico Rock in Rio de1985) 335 que era uma espécie de sarau, realizado a noite, naquadra de concreto. O sarau teve como animação a Equipede Som Sabotagem.

Porém, em termos de eventos esportivos, era em suasquadras que se realizavam alguma modalidades dos JogosEscolares do Município. Como também foi nela que se rea-lizou o primeiro Campeonato Municipal de Futebol de Sa-lão, realizado em 1989, pela Secretaria de Educação e Es-334 Relato do Senhor José Schlichting, abril de 2011.335 Relato de Luiz Arcélio da Cruz, uns dos donos da Sabotagem Som.

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porte do Município, tendo como primeiro campeão o Cal-deirão. Tinha até bateria de fogos de artifício, para saudara entrada do “Rubro-Negro do Sumidouro” em quadra.

Com o desenvolvimento econômico e populacional domunicípio, foi possível se investir mais em esporte e cultu-ra. Tal fato pode ser observado, no próprio objetivo da cons-trução de um ginásio de esportes para atender de formaapropriada e confortável, as diversas manifestações cultu-rais e esportivas do município. Diante disto, em 17 de de-zembro de 1988, é inaugurado na gestão do prefeito ArielBuzzato, o Ginásio Municipal Buzatão, o qual em sua pro-gramação de solenidades, contou com um jogo amistosode voleibol entre os times profissionais e de maior desta-que da década de 1980: Sadia de Santa Catarina contra oBanespa de São Paulo. Porém, antes deste evento oficial deinauguração, semana antes, ocorreu um evento para a cri-ançada, que foi uma apresentação de telequete (luta livrede mentira). Oqual fazia muitosucesso na épo-ca, o qual con-tou com a pre-sença do comer-ciante do ramode farmácia nacidade, o Sr. Jor-ge Silva (Pirata).O qual, por mui-tos anos comeste apelido, foijuiz destas ani-madas “lutas”.

Pioneira Equipe de Competição Intermunicipal deVoleibol da cidade 1-Lucio Silva, 5- Reginaldo Lo-pes, 7- Isaias Lopes, 12- João Luiz Lopes, 11- An-dersom Ferreira da Silva, 6- Luciano, 4 – Cícero deOliveira e 8- Carlos Perussi. Estiveram ausentesClaudio da Cruz e Laertes da Cruz

Foto Arquivo: Reginaldo Lopes 1994

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Lembro que com o termino do telequete, ocorreu uma dis-tribuição para o publico (criançada) de pão com mortadela.

Com o advento do Ginásio de Esportes, ocorreu uma di-versificação de esportes no município. Pois, o voleibol mu-nicipal, cresceu muito, a ponto de ter sempre fortes equi-pes masculinas no contexto de disputas dos Jogos Abertosdo Paraná. O qual é sempre candidato a titulo na fase regi-onal. E com um detalhe, sem precisar se reforçar de joga-dores de fora, como outras equipes.

Este mesmo ginásio possibilitou o desenvolvimento decampeonatos de futebol de salão com melhor estrutura econforto para quem assiste. Porém, como é um esporte quedepende dos programas esportivos realizado pelo municí-pio, infelizmente morreu a partir do inicio do século XXI.

Porém, existem ainda no ginásio, programas de ativida-des físicas e ginástica para a população interessada. Noentanto em seu auge, 1992/1993/1994, existia no ginásio,aulas de Kung-Fu, Karatê e dança. Que atraia pessoas deoutros municípios. Em 1997 chegou a abrigar uma acade-mia de musculação.

Mas apesar do ginásio de esporte estar passando porcertos problemas na contemporaneidade, relativos à suamanutenção e apropriado uso para que lhe foi idealizado(pois, abrigou o DETRAN, um posto de auxilio desemprego,assistência jurídica,...). Ele sempre atendeu e foi um impor-tante palco, para as manifestações culturais históricas nacidade. Que foi o já referenciado Festival Folclórico. Inicia-do no final da segunda gestão do Prefeito Roberto Perussi esabiamente continuado na gestão do prefeito Cide Gulin.Da mesma forma, que ele representa o principal centro paraas atividades dos Jogos Escolares Municipais.

No ano de 2002, o Ginásio foi dado por força da Lei Ordi-

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nária nº 913 de 22 de agosto de 2002 como parte de umpagamento de uma divida gigante que o município possuíacom o Instituto de Previdência Municipal de Almirante Ta-mandaré336. Posteriormente comprado na forma que tangea Lei Ordinária nº 1154 de 23 de março de 2006.

Paralelo em importância para eventos esportivos e cul-turais, porém, pioneiro. O “Campão”, como era chamado oterreno onde se encontrava um campo de futebol, doado deboca para a prefeitura na década de 1920 para a prática dofutebol pelo senhor Joaquim Antonio Dalledone. E posteri-ormente em novembro de 1985 a doação foi efetuada deforma legal para a prefeitura, pelo seu Diomar AugustoDalledone, que manteve a palavra de seu pai337.

Sede do Tupã Futebol Clube, localizado nas margens da Rua Alberto Piekas,este estádio se confunde com a própria história do futebol tamandareense

Foto: Antonio Ilson Kotoviski Filho, abril de 2011

336 LEIS MUNICIPAIS. Disponível em: <http://www.leismunicipais.com.br/cgi-local/topsearch.pl?city=AlmiranteTamandaré&state=pr&tp=&page_this=5&block=40&search_all=1&ementaouintegra=naintegra&wordkey=IPMAT>Acesso em 08 fev. 2011.

337 FOLHA DE TAMANDARÉ. “Estádio Joaquim Dalledone” realização do tamandareense. Ano I, nº32, pri-meira quinzena de novembro.

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Esta doação deu-se necessária, porque naquele terrenode área de 18.000m², seria construído de forma oficial, umEstádio capaz de abrigar a grandeza do futebol tamandare-ense. Diante disto, em 16 de outubro de 1988, era inaugu-rado o Estádio Municipal Joaquim Antonio Dalledone, cer-cado, com arquibancada para 5000 pessoas, vestiários, es-paço para imprensa. Ou seja, uma praça esportiva capazde atender as exigências da Federação Paranaense de Fu-tebol, no contexto de sediar eventos futebolísticos de porteprofissional naquele momento histórico.

Antes da infraestrutura proporcionada pelo novo está-dio, os jogos mais importantes eram disputados no EstádioValentin Kokot, no Jardim Apucarana. Um exemplo dissofoi o jogo de entrega de faixa na década de 1980, entre ocampeão Calcoagro da Copa Folha Tamandaré contra oExpressinho profissional do Coritiba.

Na data de 28 de junho de 1991, o novo Estádio recebeuo evento mais importante de sua história até então. Eis,que naquela noite, o SERAT (Sociedade Esportiva Recrea-tiva Almirante Tamandaré), receberia o time profissional doCoritiba em um amistoso que marcava a inauguração deseus refletores. Infelizmente o time da casa, levou uma so-nora goleada de 8X0, o qual alegrou a gigante maioriada torcida que ali se fazia presente em favor dos Co-xas. Porém, os jogadores do SERAT receberam o apoiode uma pequena, mais barulhenta torcida de 20 torce-dores, que foram lá ver o espetáculo. No entanto, estatorcida era formada por atleticanos, com camisa, ban-deira e corneta. Lembro como se fosse hoje, tinha umafila enorme de coxas brancas esperando para pegarautografo dos jogadores, quando chegou seu Zair Joséde Oliveira, e nos chamou para ver os jogadores. Detalhe:

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meu grupinho com a camisa do Atlético teve a oportu-nidade de cumprimentar os jogadores alviverdes de-pois do jogo, entre eles: Tostão, Chicão, Serginho, Pa-chequinho,...

Porém, este não foi o único time profissional a pisar nosgramados do Estádio, eis que o Pinheiros (atual Paraná Clu-be) se fez presente em 1989 (antes da fusão com o Colora-do), e ganhou do SERAT por 4X0. Já em 1993, o time profis-sional do Atlético, trouxe seu plantel para treinar, sendoque o coletivo treino principal era contra o time do Cobra(grupo de ex-profissionais e jogadores amadores que joga-vam nos sábados no Campo do Kotoviski), o jogo terminou6X1 para o Atlético.

No ano de 2000, após um convenio entre a prefeitura e aUniversidade Tuiuti do Paraná, ocorreu à realização de umsonho antigo. Ou seja, a cidade seria representada profissi-onalmente por um clube, ou seja, a agremiação TamandaréEsporte Clube. O qual já em sua estreia em torneio profissi-onal tornou-se vice-campeão da série bronze (terceira divi-são do futebol profissional paranaense), perdendo o titulopara o time do Nova Estrela.

Em 22 de agosto de 2002, o Estádio Joaquim AntonioDalledone é dado pela Prefeitura sob a luz das disposiçõesda Lei Ordinária nº 913 como parte de pagamento da divi-da que o município possuía com o IPMAT338. Posteriormen-te recuperado com o advento da Lei Ordinária nº 1154 de23 de março de 2006.

Em 13 de agosto de 2004 surge a ADAPAR (Associaçãodos Amigos do Paraná Clube), com sede na Rua Nossa Se-nhora Aparecida, 501 - Parque São Jorge - Almirante Ta-

338 LEIS MUNICIPAIS. Disponível em: <http://www.leismunicipais.com.br/cgi-local/topsearch.pl?city=AlmiranteTamandaré&state=pr&tp=&page_this=5&block=40&search_all=1&ementaouintegra=naintegra&wordkey=IPMAT>Acesso em 08 fev. 2011.

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mandaré/PR339, que ocupou o lugar do Tamandaré EsporteClube, já que o convenio entre a prefeitura e a universidadese exauriu. Sendo assim a ADAPAR, representou o municí-pio na Série Prata (por lei deveria começar na terceira divi-são ou a divisão mais inferior existente, porém, em 2004 sóocorreu o certame da Série Ouro e Prata, então a Adapar,se inscreveu na segundona).

Porém, em 2006, acabava o sonho. Pois, a ADAPAR de-pois de realizar uma pífia campanha no certame da SériePrata (Segunda Divisão do Campeonato Paranaense de Fu-tebol)340, mudou de nome para Dínamo Adapar, e se retiroudas disputas profissionais de futebol, pelo município.

Porém, tradicionalmente o futebol tamandareense, é re-conhecidamente muito forte na Região dos Minérios, estacondição se deu devido a sua trajetória na Liga dos Minéri-os e na Taça Paraná. Sendo que seu auge ocorreu no ano de1986, quando ficou muito próximo do principal titulo do fu-tebol amador do Brasil (Taça Paraná). Só para constar, nomês de novembro deste ano, pelo certame da Taça Paraná,o “Sanhaço” (apelido do time, devido ao seu uniforme azul),enfiou uma sonora histórica goleada no supercampeãoamador Trieste (Santa Felicidade/Curitiba!), de 6 gols a dois,em pleno Estádio Francisco Muraro em Santa Felicidade341.O resultado dilatado, porém jogo duro, pois, o atleta Ama-rildo Gulin do Tamandaré, foi deslealmente atingido pelojogador Marcelo do Trieste, a ponto de ter sua perna grave-mente fraturada (fratura exposta)342.

Porém, se o futebol tamandareense possuiu uma histó-

339 TIMES DO BRASIL. ADAPAR. Disponível em:< http://www.timesdelbrasil.com.br/PR/adapar-pr.htm> Acessoem: 18 jan de 2011.

340 FEDERAÇÃO PARANAENSE DE FUTEBOL. Tabela e sumulas antigas. Disponível em: < http://www.federacaopr.com.br/v2011/index.php> Acesso em: 18 jan de 2011.

341 FOLHA DE TAMANDARÉ. Tamandaré fulminante. Banho no Trieste 6x2. Ano I, nº 36, primeira quinzena denovembro de 1986, p.8.

342 Idem, p.07.

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ria gloriosa, foi graças aos ilustres cidadãos tamandareen-se que tiravam “dinheiro do bolso” ou que dispunham deseu precioso tempo, para organizar o time ou torneios, paraajudar seus atletas a realizarem o sonho de disputar umtorneio oficial. Cito os principais: Arzemir Francisco Gulin,Vicente Romano Lovato, Joaquim Antonio Dalledone, Leô-nidas Antonio Rodrigues Dias, Antonio Rodrigues Dias,Luciano Perussi, Juvino da Cruz, Família Kokott...

Porém, o futebol não é exclusivo da de sede. Pois, existea Sociedade Educativa Tanguá, fundada em 08 de agostode 1943, com sede no Bairro do Tanguá, onde manda seusjogos no Estádio Francisco Thiago da Costa. A SociedadeOperaria Beneficente Esportiva Areias (do bairro de Arei-as); Tupã Futebol Clube, desde a década de 1950 que pos-sui o Estádio Valentin Kokot (Jardim Apucarana); GrêmioEsportivo 7 de Setembro, fundado em 07 de setembro de

Inauguração do Estádio Francisco Tiago da Costa em abril de 1979

Foto: Arquivo do jornal Estado do Paraná

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1986, que manda seus jogos no Estádio Leopoldina DiasFarias (talvez uns ou o único Estádio de futebol no Brasil eaté no Mundo, que possui uma patronesse como denomi-nação); além de outros clubes... Porém, na década de 1950,e 1960, existiram times que marcaram época, mas que nãoexistem mais: o 1º de Maio (Cachoeira), cujo campo ficavaonde hoje se encontra a Escola Municipal Coronel JoãoCandido de Oliveira e o Supermercado Quiti; o Cachoeira,fundado pioneiramente pelo senhor Antonio Rodrigues Diase amigos; o Bracatinga Futebol Clube (Lamenha Peque-na); Continental (Mato Dentro); Tranqueira (mandavaseu jogos em um campo próximo a antiga Estação Fer-roviária),...

Em 26 de outubro de 2002 na Lamenha Grande foiinaugurado pela prefeitura municipal mais um estádio defutebol para atender as necessidades não só do futebol ta-mandareense. O estádio com 2500 m² contava com umaarquibancada para acomodar 500 pessoas, vestiário, salapara imprensa e dois banheiros. No evento de inauguraçãose apresentaram a Fanfarra do Colégio Estadual Profes-sora Maria Lopes de Paula e dois times (AssociaçãoDesportiva Lamenha Grande e o Casemira Clube, am-bos de Almirante Tamandaré). Sendo que o jogo inaugu-ral foi entre os veteranos do Lamenha Grande contra umtime de Veterano da Prefeitura Municipal (4x1 para Prefei-tura). Marcaram presença na inauguração o Prefeito CezarManfron, a Primeira Dama Neli Simões, o vice-prefeito Ariel Bu-zato, e os vereadores: Lourenço Buzato, Zair José, AmauriLovato, João Antonio Bini, Osvaldo Stival e a senhora Ma-tilde Czorne além do diretor de esporte Arley Bini343.

343 FOLHA DE TAMANDARÉ. Lamenha grande ganha centro de referencia ao esporte. Ano XVII, nº 437, outu-bro de 2002, p. 10.

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No entanto, existem grupos de futebol em Tamandaré,que não disputam campeonato, porém, há décadas se reú-nem para jogar futebol. O mais antigo é o time (grupo) doCobra, que desde 1976, joga na Chácara do Kotovski, ondecraques e personalidades do futebol brasileiro, lá já joga-ram e fizeram parte do grupo, cito: Assis (do Atlético, Flu-minense), Levir Culpi (técnico consagrado), Serginho (Pa-raná, Coritiba, Pinheiros), Leomir (Coritiba, Fluminense),Carlinhos Neves (preparador físico da Seleção Brasilei-ra)344,..., outro grupo que ainda persiste já há três décadasé o Clube Butantã, fundado por Antonio Rodrigues Dias econtinuado por seu filho o Sr. Leônidas Dias345 e por fim ogrupo do Candido Bini. Existem e existiram outros, porém,estes são os mais tradicionais da cidade. No entanto, sãogrupos fechados.

O time do Cobra, é grupo particular com sede na Cháca-ra do Kotovski no Botiatuba, o qual seu campo é denomi-nado de Ninho da Cobra. Sendo seu fundador Antonio IlsonKotoviski no ano de 1976. Mas só em 1985 foi estabelecidoum uniforme personalizado. O jogo de estreia do uniformefoi batizado por uma bela vitória de 5 contra um gol do timedo Bairro Alto (agremiação tradicional do futebol amador).Participaram pelo Cobra deste histórico jogo o goleiro Ota-vio Kotovski, Imério Milek, Antonio Kotovski, Aldinei Siquei-ra, João Antonio Bini, Carlinhos, Marcão, Tico, Fratone,Gilberto (Gil), Roberto, Biro-Biro. O treinador era o Polaco.Com o passar dos anos muitos jogadores profissionais ves-tiram a camisa do Cobra, sendo: Claudio Marques (Coriti-ba), Caxias (Paraná), Edson Borges (Coritiba), Reinaldo Xa-

344 FOLHA DE TAMANDARÉ. Kotovski reuni cobrões da bola. Ano V, nº 89, 30 de janeiro de 1990, p. 03.345 CÂMARA MUNICIPAL DE CURITIBA. Indicação a Mérito Esportivo/proposição 1999. Disponível em:< http:/

/ d o m i n o . c m c . p r . g o v . b r / p r o p . n s f / 6 6 2 c 7 a 9 b f 8 4 5 2 8 d f 8 3 2 5 6 8 7 2 0 0 6 8 5 4 1 7 /f6d28a220d86cc1e032567d10066bc0e?OpenDocument> Acesso em: 18 jan. 2011.

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vier (Palmeiras), Dionísio (comentarista), Assis (Atlético-Pr),Marlon (Paraná), Alexandre Totó (Coritiba), Pedrali (Atléti-co-Pr),... Nos finais de ano, se fazia a festa de encerramen-to, era sempre realizado um jogo contra um grupo de joga-dores profissionais treinado pelo Levir Culpi e CarlinhosNeves. Os jogos mais importantes do grupo Cobra foi: aentrega de faixa ao Tupã (campeão municipal em 1995) econtra o Clube Atlético Paranaense nos festejos 103º ani-versario da cidade. No ano de 2004 o Cobra se torna o Gru-po Formol, onde num contexto de grupo restrito e fechadoé formado por atletas com mais de 40 anos. Realizando suasatividades sempre aos domingo pela manhã. Não realizamais amistoso.

Mas, a marca futebolística tradicional e uma das maisimportantes do Brasil, depois da Taça Paraná ou paralela aela no contexto do futebol amador, é a Copa Folha de Ta-

F.V.Cobra, em pé: Polaco, Imério Milek, Antonio Kotoviski, Moizés, OtavioKotoviski, Carlinho, Marcão. Agachados: Aldinei Siqueira, Tico, AntonioFratone, Biro-Biro, João Antonio Bini, Gilberto (Gil) e Roberto

Fonte: Acervo do Cobra, 1985

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mandaré, que reúne clubes amadores de Curitiba e RegiãoMetropolitana, que já se realiza desde 1985. Também, exis-te a Liga de Tamandaré (mais antiga, porém, de históriacomprometida pela desorganização em determinados perí-odos políticos do município), que reúne os clubes do muni-cípio e o Torneio do Trabalhador que é aberta a qualquerequipe, pois se realiza em 1º de Maio.

Apesar de o futebol ser uma paixão da maioria dos brasi-leiros, jogar em nível profissional é para poucos. Pois, nemsempre quem tem talento, consegue seguir a carreira fute-bolística. Como também nem todos que tem condição edisposição, conseguem alcançar o profissionalismo. No en-tanto, existem aqueles que em época onde o trabalho esta-va acima de tudo, a ponto de ofuscar a importância do es-

Foto do final da década de 1950 onde aparece o atleta do Palestra, Leôni-das Dias, em dia de jogo no antigo Estádio do Palestra Itália no bairro doTarumã/Curitiba (não existe mais)

Fonte: acervo de Leônidas Dias

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tudo e consequentemente marginalizar o esporte, conse-guiram se destacar, vencer e realizar um sonho.

Um dos pioneiros foi o esportista de coração e atitudeLeônidas Antonio Rodrigues Dias, Jornalista de profissão,natural de Almirante Tamandaré, nascido em 11 de agostode 1944. O qual jogou profissionalmente futebol pelo Pales-tra Itália (atual Paraná Clube)346. Porém, na entrevista reali-zada com ele em uma tarde memorável do dia 19 de abrilde 2011, ele não se considerava profissional. Pois, explica-va que jogou no time profissional meio tempo contra o Olím-pico de Iratí e meio tempo contra o Seleto de Paranaguá.No entanto, ele era ainda Juvenil (na época equivalia à ca-tegoria Junior)347.

Outro tamandareense, mas do Botiatuba que vestiu acamisa 1 de goleiro do Pinheiros (atual Paraná Clube) em1977, foi o esportista Otavio Kotoviski. Já com maior desta-que devido a acidente sofrido no clássico Pinheiros e Coriti-ba. Aonde venho a fraturar a perna na dividida com o joga-dor e atual comentarista Dionísio Filho, foi o tamandareen-se da Sede, o professor de Educação Física Vitor Lovato,que vestiu a camisa do Coritiba em 1985-86, Iguaçu de Uniãoda Vitória e do Fantasma (Operário Ferroviário Esporte Clu-be). No ano de 1994 o tamandareense Marcelo Dilson Cor-deiro Junior (Italiano), vestiu a camisa de zagueiro do Cori-tiba348. Na década de 1990, também representou o futeboltamandareense no futebol profissional, foi o goleiro WillerAriel Chevônica, que jogou no Batel de Guarapuava. Já ojogador tamandareense que mais teve destaque no futebola partir de 1998, foi o atacante Marcelo Tamandaré (EdsonMarcelo de Faria Manfron). Que teve passagem pelo Coriti-

346 Idem.347 Relato de seu Leônidas Dias, 19 de abril de 2011.348 FOLHA DE TAMANDARÉ. Italiano é profissional. Ano VIII, nº 196, 28 de fevereiro de 1994.

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ba, Malutron, América do México, Ajaccio da França, Bele-neses de Portugal, Vasco da Gama – RJ, Portuguesa, Atlé-tico-PR, Fortaleza, e até este momento joga Ionikos da Gré-cia. Porém, foi uma mulher tamandareense que chegou aSeleção Brasileira de Futebol Feminina. Eis, que a donadessa façanha foi a zagueira Angela Marcia Ferreira da Sil-va, que em 1996 foi convocada para a Seleção Olímpica deFutebol Feminino, que disputaria o torneio de futebol nasOlimpíadas de Atlanta. No entanto, foi cortada.

É lógico que existiram mais jogadores profissionais emTamandaré, principalmente a partir do ano de 2000. Porém,a de se destacar que estes citados, foram os pioneiros. Po-rém, nas categorias de base dos times da capital, não raroera encontrar um tamandareense, a tal ponto, que se eu forcitar nomes, vai faltar espaço no livro.

Nas décadas de 1960 e 1970 eram realizados os Festi-vais de Futebol, que na verdade eram torneios realizadossempre em um domingo de cada mês, que além do futebolcontavam em algumas edições com apresentações de dan-

Goleiro Otavio Kotoviski, jogando no antigo campão/1975

Foto- Álbum da Família Kotoviski

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ça ao ar livre. A princípio os organizadores mandavam umconvite (oficio), para os organizadores de time de cada lo-calidade de Almirante Tamandaré. Segundo relatos de mo-radores antigos, um desses torneios seria realizado no cam-po do São Miguel (onde hoje é a garagem da TABA, junto àatual Rua Pedro Jorge Kotoviski). E por indisciplina de suatorcida e jogadores, a localidade do Botiatuba não foi con-vidada. Torcedores do time da localidade, revoltados comtal atitude dos organizadores, resolveram se vingar. Eis, quena madrugada de sábado para domingo, eles araram o cam-po.

No domingo de manhã, quando os organizadores chega-ram e viram aquilo. Ficaram loucos. Porém, com um peque-no mutirão, conseguiram arrumar o campo. No entanto jápassava das duas horas. Segundo uns dos relatores que eramorador da localidade e era pia na época. O qual foi solici-tado para ver como estava o clima. Chegando lá, viu todosbravos, mas se quer desconfiavam de quem havia feito talsacanagem. Voltou até a Igreja do Botiatuba e informouque o festival ia começar e que ninguém desconfiava doautor daquela sacanagem. Diante disso, se reuniu os jo-vens do Botiatuba e foram ver o festival.

Chegando lá, perceberam que apesar do pessoal nãosaber quem foi. Desconfiavam deles. No tocante desse cli-ma hostil, a turminha do Botiatuba subiu no caminhão eestava indo embora. Foi neste instante, que por destino abola (a única) passou em frente do caminhão. Resultado. Omotorista ao invés de desviar, passou por cima e fugiu, paraevitar confusão. Neste contexto todo, o Festival do São Mi-guel não teve um campeão naquele dia.

Em novembro de 2000, no Estádio Recanto Tricolor per-tencente ao Combate Barreirinha, se realizou o clássico

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Combate X Tupã, valendo uma vaga para a final da TaçaParaná. Infelizmente o filho nato da terra o Tupã foi elimi-nado, ficando com a terceira posição naquele ano. Apesardo Combate possuir seu estádio em território tamandare-ense, ele é um clube da capital. Ou seja, é um filho “com-partilhado” da terra.

Porém, o esporte em Almirante Tamandaré não se resu-me só ao futebol. Eis, que em outubro de 1985, o departa-mento de Esporte da Prefeitura de Almirante Tamandaré,realizou a Olimpíada Tamandaré 85. A qual estava aberta atodos os atletas da cidade e região, para disputar diversasmodalidades349.

Tamandaré merece destaque no ciclismo, pois, teve emMarcos Aurélio Tavares, seu pioneiro representante, o qualiniciou nesta modalidade em 1976. Em 1978 fez parte da

349 FOLHA DE TAMANDARÉ. Olimpíada Tamandaré 85. Ano I, primeira quinzena de novembro de 1985, p.07.

Jornal de 30 de Novembro exposto em umquadro na sede do Estádio Valentim Kokott

Fonte: Tupã Futebol Clube

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Equipe Peugeot de Ciclismo. No ano de 1993, participou daprimeira competição de Mountain Bike realizada em Almi-rante Tamandaré.

Em 1996, o ciclista tamandareense Maicon Jean de Frei-tas (Kito), foi campeão Paranaense de Ciclismo, categoriainfantil, assim como na mesma categoria, a ciclista TaísTavares, recebeu o troféu de terceira melhor ciclista para-naense da temporada de 1996350.

Em 16 de outubro de 1999, a cidade teve pela primeiravez em sua história esportiva, representante na modalida-de de Mountain Bike, nos Jogos Abertos do Paraná, reali-zado em Toledo, graças ao apoio de Vitor Lovato, Secretáriode Esporte da época, que inscreveu Antonio Ilson KotoviskiFilho (001) e Cleverson Ribeiro (002). Porém, foi um taman-dareense que corria por Colombo, que ficou com a medalhade prata (José Luciano Lopes), quebrando a dobradinha dosmaringaenses (Campeões Paranaenses e do Sul do Brasil)351.

No ano de 2001, na região da “tríplice fronteira do muni-cípio” (Almirante Tamandaré/Campo Magro, Curitiba/Cam-po Magro e Almirante/Campo Magro). Foi realizado o Cam-peonato Brasileiro Universitário de Mountain Bike, promo-vido pioneiramente pela FPDU (Federação Paranaense doDesporto Universitário), em parceria com a CBC (Confede-ração Brasileira de Ciclismo) e FPC (Federação Paranaensede Ciclismo). O qual teve o atleta tamandareense da UNI-BRASIL, Antonio Ilson Kotoviski Filho, conquistando a me-dalha de Bronze desta competição, a qual só tinha o nomede “universitária”, pois, todos os atletas que disputaramesta competição de Cross Country de Mountain Bike, per-tenciam à categoria Elite de seus respectivos Estados352.350 GAZETA ANCORADO. Campeão Paranaense de Ciclismo. Ano II, nº 31, 24 de dezembro de 1996, p. 07.351 FOLHA DE TAMANDARÉ. O Mountain Bike Tamandareense nos Jogos Abertos do Paraná. Ano XIV, nº

360, 1º de Dezembro de 1999.352 JORNAL DA UNIBRASIL. Mountain bike. Ano II, nº09, maio de 2002, p.02.

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No ano de 2003, ficou notório que Almirante Tamandarénão é só futebol, pois, a Secretaria de Esporte, promoveu oencontro dos Desportistas com homenagens aos atletastamandareense, entre eles o cross-motociclista Paulo Ste-dile (Paulinho), Campeão Brasileiro de Brasileiro de Moto-cross na categoria MX2, no ano de 1997; Campeão Brasilei-ro de Supercross categoria 250cc em 2001; Bi-Campeão Bra-sileiro Supermotard SM2 (2006/2007); Campeão Brasileiroem 2009 de Velocross VX1 e VX2. Também teve destaqueneste dia o nadador Fabiano Machado, medalhista de bronzenas paraolimpíadas de Atlanta em 1996,...353.

No ano de 2007 o tenista Leonel Wandley de Siqueira,alcançou o 11º posto no Ranking Geral da federação Para-naense de Tênis, com 150 pontos, sendo o 4º na Classe6MB354. Já em 2010 o Sr. Arnaldo Sergio Buzato terminouem 7º posto no ranking geral, somando 300 pontos, na ca-tegoria 6MB355.

Corrida de Rua da Lamenha, pelotão entrando na Av. Wadislau Bugalski

Fonte: Jornal do Bugalski (propaganda de candidato), setembro de 1992)

353 FOLHA DE TAMANDARÉ. Tamandaré promove encontro dos desportistas com homenagem. Ano XVIII, nº459, agosto de 2003, p. 04.

354 FEDERAÇÃO PARANAENSE DE TÊNIS. Ranking. Disponível em:< http://www.fpt.com.br/ranking.asp > Acessoem: 22 jan. 2011.

355 Idem.

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Outra manifestação do esporte que se tornou tradicio-nal no município, foi a Corrida de Rua ou Prova de pedestreda Lamenha Grande, iniciada no ano de 1982, que se reali-zava sempre na data de 7 de setembro. Já em 26 de marçode 1995, foi disputada a primeira prova de Duathlon Terres-tre na cidade, valendo para a 1ª etapa do Campeonato Pa-ranaense. Foi realizado no percurso da Rodovia do Calcá-rio356.

No de 1982, existiu no Haras Tamandaré, uma pequenaacademia de musculação (sem aparelhos, só alteres, bar-ras e anilhas) e de Karatê, porém com efêmera duração. Jáno ano de 1983, na Avenida Emilio Johnson 806, abriu aAcademia Dragões do Karatê, tendo como professor o Mes-tre Amauri. Esta academia só funcionava a partir das 18:00,pois, o Mestre era Caixa do Extinto Banco Banestado. Em16 de Dezembro de 1983, graduo a primeira turma ao nívelde faixa amarela. No ano seguinte, se estabeleceu no Sin-dicato dos Comerciários. Uma das coisas que aprendi enunca me esqueci desta época, foi contar em japonês atédez!

Neste mesmo local, em 1984, a professora Rita Joseli daCruz, promovia aulas de Ginástica Estética. A qual em 1986passou a ser na sede da Assemat357 e com advento do Gi-násio de Esportes, passou lá serem realizadas estas ativi-dades.

Com o desenvolvimento da cidade, as atividades físicascomeçaram a fazer parte do cotidiano da população. Sendoque em 2000, se concretizaram academias na Sede, MonteSanto, Tanguá, Tranqueira e em Cachoeira. Apareceramoutras escolas de modalidades de artes marciais.

356 FOLHA DE TAMANDARÉ. Duathlon em Tamandaré. Ano IX, nº 221, 15 de fevereiro de 1994, p. 05.357 FOLHA DE TAMANDARÉ. Ginástica Estética. Ano II, nº36, novembro de 1986, p.07.

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No ano de 2006, na Rua Francisco Busato nº 11 – MatoDentro começa a funcionar a primeira escola de natação domunicípio, denominada de Escola de Natação ReinaldoBusatto.

Também em Tamandaré é tradicional o Jogo de Bocha,trazido pelos imigrantes italianos na década de 1930. Umadas pioneiras quadras do município pertencia à antiga So-ciedade localizada na Sede na Rua Coronel João Candidode Oliveira. Onde sempre eram realizados torneios quemovimentavam a cidade. Os destaques desta época eram:Francisco de Lara Vaz (Chiquinho Vaz), Atílio Bini, AntonioCandido de Siqueira (seu Tono), Ambrósio Bini, José Ido daCruz,... Existia na Cachoeira onde era o Bailão Minuanouma cancha de bocha.

No dia 12 e 13 de novembro de 1985, no Bar do Milek,junto a Rua Fredolin Wolf (Sede), foi realizado um pioneiroTorneio de Bocha, promovido pela prefeitura municipal358.O Sr. José Ido da Cruz foi o campeão da repescagem. Nadata de 09 de abril de 1989, no mesmo local, porém, comnova denominação “Lanches Graciosa”, foi realizado outrotorneio de Bocha.

Contemporaneamente as principais quadras deste es-porte no município se encontram no Restaurante Casteli-nho na Sede, Clube 21 de Abril no Botiatuba e no estabele-cimento comercial do sr. Aldo Manfron no Juruqui. No anode 2005, a equipe do Sr. Arlei Bini, além de disputar o Cam-peonato Paranaense, também disputou os Jogos Abertosdo Paraná em Guaratuba359. Também merece destaque, ofato da cidade possuir representantes femininas neste es-porte.

358 FOLHA DE TAMANDARÉ. Torneio de Bocha. Ano I, nº 32, novembro de 1985, p. 08.359 FOLHA DE TAMANDARÉ. Bocheiros de Tamandaré agradecem prefeito Vilson Goinski: Paranaense. Ano

XX, nº 515, junho de 2005, p.04.

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Outra personalidade esportiva, morador e casado comuma filha da terra, que colabora com o desenvolvimento doPunhobol não só no Paraná, mas consequentemente noBrasil é o professor de Educação Física, Gilberto MartinsQueluz Junior. O qual foi técnico das equipes masculinasadultas do Clube Duque de Caxias e do Clube Rio Branco.Em 1995, foi técnico do Duque de Caxias, onde disputoutorneios na Suíça, Áustria e Alemanha (tradicionais paísesrepresentantes destes esportes) já em 2005 participou doSulamericano de Clubes no Chile.

O esporte na cidade é feito por cidadãos anônimos, quemuitas vezes conseguem grandes feitos, mas que infeliz-mente não são divulgados ou são timidamente divulgados.Ou seja, caem em esquecimento. Por sorte, que a partir de1985, com a fundação do Jornal Folha de Tamandaré, umaparte da história esportiva tamandareense, ficou registra-da, é por este motivo, que o Cidadão Benemérito360 da cida-de, o Sr. Leônidas Dias, é sempre homenageado por variasinstituições. Pois, divulga o esporte amador da região me-tropolitana através de seu periódico e outros meios de co-municação. É lógico que prevalece o futebol. Pois, é umesporte popular, barato, e que pode ser jogado por qualquerpessoa. No entanto, sempre que existe um fato marcanteem outras modalidades ou o simples apoio com uma notade apresentação de um atleta para a comunidade, seu Le-ônidas, não nega espaço em seu jornal.

Neste contexto, é possível observar, que o esporte ta-mandareense, não foi construído só por atletas, mas porpessoas que possibilitaram o atleta desenvolver os seusdons. Seja como patrocinador, treinador, colaborador, divul-gador, organizador,..., ou seja, é neste sentido que também

360 FOLHA DE TAMANDARÉ. Dia 3, será a vez de Leônidas Dias. Ano XIX, nº 495, novembro de 2004, p. 02.

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merece destaque novamente seu Leônidas, pois ele foi fun-dador das Ligas dos Minérios, Bocaiúva do Sul, Rio Brancodo Sul, Colombo, Almirante Tamandaré e Campo Magro.Pois sua dedicação ao esporte é a sua história de vida, poisfez e ainda esta fazendo muito pelo esporte de Curitiba eda Região Metropolitana. Pois, ainda jovem, coordenou de1967 a 1972 o Campeonato de Futebol do SESI; idealizou ecoordenou o Campeonato de Futebol Varzeano; lançou emsua primeira edição o Campeonato Feminino de Futebol;foi de iniciativa em Curitiba por Leônidas Dias, em parceriacom o Jornal Diário Popular e Rádio Capital, o CampeonatoVeterano de Futebol, “O Veteranão”; realizou o Campeona-to Super-Praião – Shangrilá e idealizou seu maior legado oCampeonato Copa Folha de Tamandaré e o CampeonatoCobrinhas. Por sua dedicação, fez parte da Federação Para-naense de Futebol, ocupando o cargo de diretor do Depar-tamento de Interior, coordenando à Taça Paraná por doisanos361.

Na história de qualquer lugar, existem sempre os que sededicam a algum setor da sociedade. Diante disto, tenteinos meus humildes relatos, demonstrar aqueles que se des-tacaram no setor do esporte. Sei que faltam pessoas e atle-tas. Mas com certeza um dia serão lembrados e devida-mente relatados. Pois, os feitos do esporte, são eternos.

361 CÂMARA MUNICIPAL DE CURITIBA. Indicação a Mérito Esportivo/proposição 1999. Disponível em:< http:// d o m i n o . c m c . p r . g o v . b r / p r o p . n s f / 6 6 2 c 7 a 9 b f 8 4 5 2 8 d f 8 3 2 5 6 8 7 2 0 0 6 8 5 4 1 7 /f6d28a220d86cc1e032567d10066bc0e?OpenDocument> Acesso em: 19 jan. 2011.

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HISTÓRIA DO MUNICÍPIO DE ALMIRANTE TAMANDARÉ

É equivocado pensar que nas décadas anteriores a 1960a vida era um tédio por falta do que fazer, simplesmenteporque não existia televisão, baladas ou outra atividade quenos prende atualmente. Eis, que naqueles tempos a diver-são existia e era muito apreciada. Existiam as praticas es-portivas (futebol), desfiles cívicos, conversas de fim de tar-de nas mercearias, pessoas que se reuniam para escuta-rem rádio a tarde na casa de quem tinha, bailes, matinês,circo, festas de igreja, aniversários,... Ou seja, dentro darealidade da época existia diversão.

A diversão da criançada nas décadas anteriores a 1960nada pareciam com o que se tem na contemporaneidade.Pois, as crianças brincavam e muitas vezes produziam seuspróprios brinquedos. Aguçavam a criatividade através dis-to. Da mesma forma que desenvolviam espontaneamentea coordenação motora.

Não raro nas conversas que escutei espontaneamentede diversas pessoas da sociedade tamandarrense, princi-palmente quando eles observavam seus netos brincarem

Diversão

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ou ganharem brinquedos sofisticados. Foi uma unanimida-de descritiva de confirmação de um fato comum. Ou seja,relatos espontâneos que no tempo deles (décadas anterio-res a 1960) as brincadeiras eram mais sadias e os brinque-dos eram feitos em casa. Com rara exceção.

A maioria comentou ou conheciam a brincadeira da per-na-de-pau, cujo brinquedo era feito por eles mesmos. Comotambém brincavam de corrida, atravessar banhado, jogarbola,..., tudo utilizando a perna-de-pau. Esta brincadeiranão era exclusiva só de pia. Mas as meninas também brin-cavam. No contexto da pesquisa, descobri que a brincadei-ra da perna-de-pau é milenar e praticada por vários povosno mundo. Pois, ela é derivada de atividades ligadas à so-brevivência. Esta ganhou impulso nas apresentações cir-censes que por efeito foram imitadas por populares no con-texto de suas brincadeiras na Europa, sendo que chegouao Brasil enraizado na própria cultura do colonizador portu-guês e espanhol.

Outra brincadeira era empurrar argola com um pedaçode pau. Ou seja, a criança precisava de uma argola e umcabo de vassoura, o qual tinha um arame na ponta dobradoem forma de gancho. Sendo que o objetivo era controlar aargola. Enquanto se andava ou corria. Esta era uma brin-cadeira praticamente de menino.

Com o aparecimento das latas de leite ou de outro pro-duto, começa a se difundir a carretinha de lata desde 1960.A qual era várias latas preenchidas com areia ou barro, eligada uma na outra com um arame, que atravessavam alata. Sendo que estas eram puxadas como se fosse um car-rinho de plástico moderno. Poderia ser feita com uma únicalata. Esta brincadeira conseguiu sobreviver até o inicio dadécada de 1980. Este brinquedo era também feito pelas

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próprias crianças. Era uma brincadeira de pia.Existiu também a brincadeira de carrinho de roda de

madeira. A qual era parecida com os carrinhos de rolemam.Porém, como os rolamentos eram caros e de difícil acesso,além de não existir estrada com descida asfaltada, o queinviabiliza o rolamento naquela época, mas que na décadade 1980 começou a se difundir. As crianças ficavam horassubindo e descendo as ladeiras. No entanto, quando semorava perto de uma colina com grama ou mato de incli-nação acentuada, as crianças desciam em cima de tabuasou papelão.

Otávio Kotoviski relatou que teve um dia que estavambrincando de escorregar nos morros onde fica o atual Par-que Santa Maria. Foi quando chegou seu irmão Antonio,com um carrinho de descida com roda de madeira com umfreio simples (um pedaço de pau que encostava no chão,que era puxado quando ficava muito próximo da ladeiramais inclinada). No entanto, resolveram descer de três emcima do carrinho Ari, Milto e Antonio. Como a prancha fi-cou pesada, a descida foi rápida. Resultado. Na hora deparar o freio quebrou e a piazada acabou caindo na ladeiramais inclinada em meio ao mato, saindo dela todos esfola-dos.

Já as meninas brincavam com bonecas de pano, de ca-sinha e escola. Imitavam o cotidiano doméstico das mães.Brincavam de rodas e cantavam em meio a esta atividadeinfantil. Também brincavam de cobra cega junto com osmeninos.

Existiam os brinquedos: raias (pipa), peão, ioiô e o bi-bloquê. Os quais eram fabricados pelas próprias crianças.Como também as brincadeiras de faz de conta, os quaiselas imaginavam uma personagem e imitavam e se organi-

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zavam para imitar o que imaginavam e observavam na re-alidade. Muitas crianças, principalmente os meninos nãosaiam de casa sem a cetra (estilingue), para caçar passari-nho. Dai tinha a temporada da pesca, tomar banho em rio.

Jogavam bola. Alguns com bola de meia. Outro com bolacosturada. Existia o jogo de búlica. Era comum passeio comcavalos na época, mas este era uma pratica reservada aosadolescentes.

É lógico, que a criançada também fazia malvadeza, comoamarrar capim nas trilhas, para os distraídos caírem. Osmeninos faziam arco e flecha para caçar e acertar painanos outros. Tinha as tradicionais brincadeiras de pega-pegae esconde-esconde e amarelinha ou caracol (praticado pe-las meninas). Odete Basso da Cruz, contava que em suainfância não existia luz elétrica, e por este motivo as noiteseram iluminadas por luz de velas ou lamparinas. Nesta con-dição costumavam brincar de fazer sombra na parede. Ouseja, conforme se colocava a posição das mãos em frente àvela, surgia uma imagem de um bicho na parede.

Existiam os milenares jogos de tabuleiro já presente nocotidiano do século de 1920. Ou seja, os jogos de dama,ludo e trilha a pesar de já difundidos, ele era feito caseira-mente, sendo que seu tabuleiro era desenhado e as pedraseram botões de roupa. O jogo de xadrez por ter suas peçasmais complexas era mais raro. Porém, já se conhecia.

Ou seja. As crianças se divertiam e apreendiam e se de-senvolviam física, criativamente e socialmente com as brin-cadeiras. Por isto que estas brincadeiras eram sadias.

Quanto aos brinquedos mais sofisticados e industriali-zados, estes eram feitos de lata e eram à base de corda,outros brinquedos como o cavalinho, ou miniatura de car-ros na década de 1930, eram feitos de madeira artesanal-

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mente. Já as bonecas eram de porcelanas. Não existiambrinquedos de plásticos ou a pilhas.

Existia bicicleta, porém esta era cara e restrita, no en-tanto na década de 1960 era já comum vê-las pelas ruas dacidade. Mas sendo usada por adultos.

Até a década de 1950 não era tão comum ver criança sealimentando com doces o dia inteiro. Pois, vários motivoscolaboravam com isto, já que a venda desse alimento atéeste período era pouco praticada. Porém, não raro era vercrianças comendo balas caseiras, ou seja, caramelo. O qualera feito de forma simples com açúcar derretido na panela.A partir da década de 1960 os doces industrializados come-çam a se difundir e ficar acessível. Neste contexto, marcaramépoca as Balas Zequinha, Chiclete Americano, Bala Rainha, Cam-peão, Bala de Gasosa, Sete Belo, Rintintim, Pirulito Psicodélico,os doces tradicionais: cocada, pé-de-moleque, Maria-Mole, cho-colate de licor, diamante negro e Maria Cachucha. Algunsdesses doces também eram feitos em casa.

Minha mãe conta que quando era menina e minha avóia para Curitiba, geralmente esta trazia um chocolate Dia-mante Negro (uma barrinha de 21 gramas), o qual dividiaos pequenos tabletes entre ela e seus irmãos. Pois, na épo-ca o preço do chocolate era caro362. Não era como hoje, queexiste barra de 80 e 170 gramas a preço acessível.

Até o começo da década de 1980 era possível ver as cri-anças jogando bets ou bete-ombro (um jogo derivado doCricket, criado por jangadeiros no Brasil no século XVIII),brincando de se esconder a noite, rodas de voleibol, jogan-do bola tendo as latas como gol dispostas no meio das ruas.Não raro era ver mães indo buscar seus filhos na antigacancha de esporte.

362 Relato de Josélia Aparecida da Cruz Kotoviski.

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Nesta época na saudosa cancha de esporte se jogava otrave a trave (gol a gol) que se consistia em um adversáriochutar a bola de sua meta e tentar marcar o gol no outro evise-versa. Tinha a dupla de pênalti, onde os participantesse revezavam entre cobranças e goleiro, o qual se descerebote ficavam driblando até sair o gol ou o goleiro segurara bola, da mesma forma se o rebote tivesse origem no tra-vessão era uma pontuação, na trave outra e no ângulo ou-tra. Desde que fizesse o gol. Tinha o controlinho, que con-sistia em uma dupla ficar tocando dentro de um limite detrês ou quatro toques na bola. Sem invadir a área. O objeti-vo era fazer o gol. Caso a bola fosse direto para fora por trêsvezes, o ultimo que chutava tinha que ir para o gol ou sealguém da linha ultrapassasse os três ou quatro toques.Também era comum a corrida de tampinha de garrafa jo-gada na areia. Sob uma pista com rampa e obstáculos a serdesviados pelos participantes. Cada participante só pode-ria dar três toques na tampinha por vez. Caso não conse-guisse saltar a rampa e cair na pista, tinha que voltar ondeestava, da mesma forma se esbarrasse nos obstáculos ousaísse do traçado da pista. Existia a brincadeira do garra-fão onde se desenhava uma grande garrafa. Onde existiaum participante que ficava dentro do garrafão tentandopegar os que tentavam atravessar o mesmo. Se por acasoisto ocorresse a pessoa pega tinha que correr até o piquepara não ser malhado. Depois tinha que ficar dentro do gar-rafão tentando pegar alguém.

No inicio da década de 1980 ocorre a febre do vídeo-gameAtari 2600 (para os mais abastados) e o Dactar (similar na-cional mais barato). No entanto mesmo o Dactar sendo maisbarato era poucas pessoas que possuíam. Outro problemaeram os cartuchos de jogos que eram caros e limitados, os

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principais e tradicionais jogos comercializados nesta épocaeram Enduro, Pac-Mam, River Raid, Space Invaders, Atlan-tis, Megamania e Donk Kong. O terceiro problema era quenem sempre se tendo dinheiro se conseguia comprar o apa-relho. Pois para se ter uma ideia, na extinta Loja Mesbla nacapital, existia a necessidade de se ficar em uma fila deespera para comprar o aparelho (isto no inicio, dois anosdepois esta realidade mudou). Mas relevando os proble-mas citados, os que possuíam o vídeo-game na cidade in-dependente de variedade de jogos tinham que conviver comas visitas de fim de tarde. Existia a opção de jogar flipera-ma na Rua Domingos Scucato. O qual pertencia ao saudo-so Edson Dalk já pelo ano de 1981.

Infelizmente esta realidade mudou devido à violência,ao transito de veículos e as novas tendências ditadas pelatelevisão.

Já alguns moradores adultos da cidade até a década de1950, se divertiam com o jogo de azar denominado de Ca-chola. O qual possuía uma pequena gangorra. Onde se co-locava em uma das extremidades uma moeda. Na outraextremidade o jogador batia com a mão, sendo que estamoeda era arremessada para cima. Porém, antes de baterse apostava se a moeda quando caia ao chão mostrava aface cara ou coroa. Sendo que quem ganhava continuavabatendo e levando o dinheiro das apostas até perder.

Esta pratica era tradicionalmente realizada aos domin-gos e feriados, onde a homarada se reuniam para praticareste jogo em vários locais do município. Um estabelecimentocomercial que ocorria esta pratica era o de propriedade doSr. Randolfo Siqueira (Lulo) no Pacotuba.

Porém uma diversão que persiste até os dias de hoje,trazida pelos espanhóis e aprendido com os jesuítas e pro-

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pagados pelos bandeirantes foi o jogo de truco desde o sé-culo XVII, sendo em 08 de setembro de 1822 é fundado oConselho Mundial de Truco em Santos363. Já outro jogo decarta tradicional no município é jogo de escopa e vinte eum. Introduzido na cidade pelos imigrantes italianos já noséculo XIX364. Existe também o jogo de Pif ou Cacheta, muitojogado em festas, bares e nas residências.

O jogo de carta é tão difundido na cidade, principalmen-te os que envolvem apostas, que não raro é escutar notíci-as correrem na cidade, referente à prisão de seus jogadoresque estavam reunidos na casa de alguém. Porém, estesacontecimentos transcendem a década de 1980. Outro de-talhe é o sensacionalismo da imprensa, que quando divul-ga a noticia, geralmente utiliza a expressão: “policia estou-rou mais um cassino em Almirante Tamandaré”. Cassino!Quem escuta isto imagina máquina caça níquel, roleta,bacará,..., ou seja, utilizam uma denominação errada parauma simples mesa que se encontra seis ou oito jogadoresapostando, tomando cerveja, fofocando e falando besteira.Porém, esta pratica é ilegal, por isto é que muitos respon-dem judicialmente.

Independente do tipo de diversão desenvolvida pelosdiferentes habitantes e sua respectiva idade na cidade. Elasempre é diversão. Se sadia ou não, não cabe a este textojulgar. Porém, é fato notório no município que ela sofre vari-ações conforme a localidade, porém existia um padrão desemelhança a qual é possível presenciar em nossos hábi-tos nos dias atuais.

363 VELHO CHICO ONLINE. História do Jogo de Truco no Brasil. Disponível em:< http://velhochico.net/index_arquivos/Page%20953G.htm> Acesso em: 15 jan. 2011.

364 REGRA DOS JOGOS. Escopa. Disponível em:< http://www.regrasdosjogos.com.br/ntc/default.asp?Cod=47>Acesso em: 15 jan. 2011.

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Havia um tempo, em que a imagem de Almirante Ta-mandaré, não era manchada pelas manchetes de JornaisPoliciais. Havia um tempo, que se alguém pronuncia apalavra vandalismo, esta seria interpretada como atitudedo povo Vândalo (povo bárbaro), não como depredador, ba-derneiro, pichador, quebrador de lâmpada, furtador de pla-ca de bronze,..., ou seja, criminoso! Estes tempos se foram,culpa de um progresso desordenado e da omissão de mui-tos, que se prendem em grandes ocorrências, se cegandoaos pequenos acontecimentos. Os quais quando somados,se tornam gigantes perto do “grande problema” que pren-dia a atenção de muitos. Tudo neste contexto merece aten-ção, não a devoção exclusiva.

No entanto, afirmar que Tamandaré era um paraíso éerrôneo. Porém, as calamidades que ocorrem atualmente,não podem ser comparadas as anteriores as da década de1960. Existia “vandalismo”, porém este estava mais ligadoa brincadeiras de mau gosto dos Sábados de Aleluia, doque propriamente a depredação espontânea cotidiana. Eis,que segundo relatos de diversos moradores, um dos costu-mes dos jovens mais exaltados era de arrancar os portõesdas chácaras e colocarem no meio da rua para atrapalhar o

Segurança

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pessoal que ia à missa no Domingo de manhã. Às vezessoltavam as criações de animais durante a noite, escondi-am carroças,...365 Porém, isto era feito por algumas pessoase exclusivamente no Sábado de Aleluia. No entanto nãodeixava de ser uma coisa errada. Já que, muitos moradoresdas comunidades onde esta pratica existia reclamavam eaté faziam tocaia no Sábado de Aleluia para pelo menosimpedir a brincadeira de mau gosto. Porém não se compa-rava ao contemporâneo vandalismo.

Pois, pelos relatos de muitos ilustres moradores, a pazsó era rompida às vezes por brigas entre clientes nas mer-cearias que bebiam um pouco além do limite; nos períodosde políticas e raros casos de assassinatos. Com exceção osrealizados por pistoleiros contratados. Para se ter uma ideia,a maioria dos que ficavam presos no porão da PrefeituraVelha, era por motivo de “rompimento da ordem” (bagunçaou briga) e pequenos furtos366. Nestes tempos, os delega-dos eram escolhidos pelos Intendentes (prefeitos), geral-mente alguém de respeito e que soubesse lidar com a de-sordem sem exercer de violência. Eram tempos, que o dele-gado apenas ganhava a responsabilidade, o status de serum homem da lei e um muito obrigado. Pois, não se recebiasalário. Foram delegados (calça curta) nesta época: JoséIdo da Cruz, Theolindo Batista de Siqueira, Antonio Dala-zuana, Luiz J. Perroti, Hermenegildo de Lara, GenerosoCândido de Oliveira, João Siqueira,...

Quanto aos policiais, geralmente era escolhido dois outrês soldados de um grupo treinados pelos coronéis, parafazer a função de auxiliar do delegado. No entanto, comonão tinha serviço e não se recebia nada por isto, desempe-

365 Relatos de Otavio Kotoviski, José Ido da Cruz, Generoso Candido de Oliveira,...366 Relato de Antonio Candido de Siqueira, 2002.

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nhavam suas funções normais do dia-a-dia, no aguardo deser requisitado. Somente em 1922, pela Lei nº 3052 é criadaa polícia de carreira367.

Segundo relato de seu Antonio Candido de Siqueira, oqual contou que na época dos confrontos mais acirradosdas disputas políticas entre os Pica-Paus e Maragatos. Eramcomuns os soldados deste período histórico em Tamandaréconfiscar os cavalos das pessoas na rua, sem nenhum mo-tivo368. Como também, não raro era escutar comentários quemulheres eram violentadas e pessoas eram atacadas. Ou-tro morador pioneiro na cidade, seu Estanislau Pupia, con-firma a ação violenta dos revolucionários (soldados/polici-ais), que no ano de 1924 ajudou a empurrar e esconder nomeio do mato a carroça de seu tio Vadeco Melanski. Pois,se esta providencia não tivesse sido tomada, os policiaistomariam os cavalos e a carroça sem motivo algum369.

Mais organizado administrativamente e evoluído politi-camente, o recém-autônomo município de Timoneira é agra-ciado pelo Estado em 1952, com Delegacia de Policia e ca-deia com quatro celas370. A partir desta época, a prefeituradeixou de servir também como cárcere. Porém, tanto poli-ciais militares como policiais civis, compartilhavam o mes-mo prédio. Porém, ainda nesta época, os delegados não re-cebiam salários, somente os policiais militares.

No mês de Agosto de 1988, o prefeito Ariel AdalbertoBuzato, entrega o prédio construído com recursos do pró-prio município, que abriga o atual Destacamento da PoliciaMilitar, referente à 5ª Companhia do 17º Batalhão da Poli-

367 POLICIA CIVIL. Histórico. Disponível em: <http://www.policiacivil.pr.gov.br/modules/conteudo/conteudo.php?conteudo=1> Acesso em: 14 jan. 2011.

368 Relato de Antonio Candido de Siqueira, 2002.369 KOKUSZKA. Pedro Martim. Nos Rastros dos Imigrantes Poloneses. Curitiba: Ed. Graf. Arins, 2000, p.102.370 CÂMARA DE EXPANSÃO ECONÔMICA DO PARANÁ. 1º Centenário de Emancipação Política do Paraná.

Porto Alegre RS: Livraria do Globo S.A, 1953, p. XVI.

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cia Militar. Já a Delegacia de Policia, se torna prédio exclu-sivo da Polícia Civil.

Na data de 02 de maio de 1979, se instala em Tranqueiraa Polícia Rodoviária Estadual, inicialmente no Km 21, namargem sentido Curitiba/Rio Branco do Sul para fiscalizara crescente demanda de veículos que circulam na Rodoviados Minérios. Atualmente o Posto Rodoviário se localiza noKm 22 na margem contraria. O qual recebe o nome de CaboPatrulheiro Manoel Cesar Nascimento. Morto em serviçona Rodovia dos Minérios, atropelado por um caminhão des-governado no inicio das curvas em “s” na proximidade daponte sobre o Rio Barigui, sentido Curitiba- Tamandaré. Eis,que esta fatalidade ocorreu ocasionada por um bloqueioque se fazia necessário no que tangeu a manutenção daponte.

Na data de 08 de agosto de 2006, foi entregue a popula-ção tamandareense, a primeira unidade do Corpo de Bom-beiro, que inicialmente funcionou na Rua Frei Mauro, 300.Esta unidade faz parte do Programa Bombeiro Comunitá-rio, que é uma parceria entre o Estado do Paraná e a Prefei-tura de Almirante Tamandaré. Cujo, contingente, apresen-tou 12 agentes da defesa civil, mantidos pela prefeitura371.

Em 29 de junho de 2007, foi inaugurado nas esquinas daAvenida Rafaela com a Rua Rio Ouro Fino, o Posto de Bom-beiro Comunitário, que recebeu o nome de Dr. Wallace Ta-deu de Mello e Silva.

Já em 12 de novembro de 2010, como iniciativa para con-ter o vandalismo e proteger o patrimônio público surge oNúcleo de Proteção e Vigilância Municipal, que tem como

371 AGÊNCIA DE NOTICIAS DO ESTADO DO PARANÁ. Almirante Tamandaré passa a contar com unidade doBombeiro Comunitário . Disponível em: < http://www.aen.pr.gov.br/modules/noticias/article.php?storyid=22756&tit=Almirante-Tamandare-passa-a-contar-com-unidade-do-Bombeiro-Comunita-rio> Acesso em: 14 jan 2011.

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objetivo, a missão de fazer a guarda e vigilância de todos osprédios públicos municipais, 24 horas por dia. Inicialmentequarenta agentes de segurança passaram por treinamentoe capacitação para atuar na área de segurança e proteção,com ronda e monitoramento ininterruptos372.

Estes agentes recebem o apoio de uma central de moni-toramento localizada ao lado do Centro Administrativo Ve-reador Dirceu Pavoni. A qual é equipada com sistemas decontrole e observação de alarmes instalados em todas asEscolas Municipais, (CMEIS), Unidades de Saúde e outrosprédios públicos. Além disso, os agentes fazem as rondasem veículos e motocicletas, cobrindo todo o perímetro domunicípio373. Ou seja, com esta ação, foi criada a GuardaMunicipal.

Com o advento do Parque Estadual Ambiental AníbalKhury, se estabeleceu no local devido a sua infraestruturaherdada do antigo Haras Tamandaré Ltda existente na dé-cada de 1970, a sede do 4º Esquadrão do regimento de Po-lícia Montada da PM. O qual colabora com a ronda no mu-nicípio.

Porém, apesar da cidade ter uma notória presença deforças estaduais de contenção a violência civil. O municí-pio é na atual realidade uma grande fonte de noticia queforjam a fama e a gloria de muitos apresentadores de tele-visão e radio de característica sensacionalista. Um deles,que atualmente é deputado estadual e de grande votaçãona região, instituiu ironicamente em seu programa o titulode denominação de “Cidade da Bala”, como premio a cida-de com maior ocorrência de mortes violentas.

372 FOLHA DE TAMANDARÉ. Almirante Tamandaré inaugura sistema de vigilância 24 horas nos prédiospúblicos. Ano XXV, nº 664, novembro de 2010, p. 08.

373 BEM PARANÁ. Segurança. Disponível em: <http://www.bemparana.com.br/metropole/index.php/category/almirante-tamandare/page/2/> Acesso em: 14 jan. 2011

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É de consciência que contra notórios e contínuos fatosnão existe argumento. Porém, este sensacionalismo nãoatinge o “bandido”, mas sim o cidadão de bem, que possuivergonha na cara e zela por respeito, simplesmente por sermorador da cidade. Pois, não raro é escutar comentário ro-tuladores, recaírem em pessoas honestas. Pelo simples fato,que muitos que não conhecem a cidade, criarem a imagemem suas cabeças que aqui é como nos filmes de faroeste oucomo os filmes policiais.

Um dia um ser iluminado de forma séria me perguntouse eu não tinha medo de morar em Tamandaré. Levei talcomentário na esportiva porque percebi que não era debo-che. Porém, refleti sobre o quanto as informações podemser daninhas se propagadas sem responsabilidade ou comum objetivo especifico.

Houve um tempo, em que ocorreu a morte em série de20 mulheres no município (período de 1999-2002), o qualgerou protesto dos familiares e acabou se vinculando compolítica, policia,... Ou seja, uma mina de ouro para ser ex-plorada. Tanto é que este número de vitima foi aumentadopara 23, já que infelizmente ocorreu neste período outrastrês mortes. No entanto, segundo as informações policiaise judiciais estas três mulheres a mais, eram casos que nãose relacionavam com as outras vinte. Infelizmente a de sedestacar que uma das vitimadas por latrocínio foi à profes-sora Teresinha Elizabete Kepp374, a qual lecionava na Esco-la do loteamento São João Batista. Devido a este trágicoincidente, colegas e moradores resolveram prestar umahomenagem, denominando a Escola Estadual que funcio-na no prédio onde ela trabalhava, com o seu nome.

374 JUSBRASIL. Almirante Tamandaré /Três são condenados por assassinato. Disponível em:< http://www.jusbrasil.com.br/noticias/653759/almirante-tamandare-tres-sao-condenados-por-assassinato> Acesso em07 de março de 2011.

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Resultado, não raro era escutar pai de família reclamandoou desabafando triste para os conhecidos ou colegas, quequando chegava ao trabalho em Curitiba, já começavam aspiadinhas: “...fique de olho na secretaria!”; “...mulherada,fujam! O homem de Tamandaré chegou!”...

Isto sem contar os relatos de jovens e boêmios dessaépoca, que percebiam na expressão facial ou de movimen-tos involuntários de medo que as mulheres nas danceteriasdeixavam transparecerem quando se falava que era de Ta-mandaré. Algumas eram educadas e diziam que iam aobanheiro e não voltavam mais. Outras desconversavam eiam se afastando. Ou seja, quando se perguntava de ondeera, tinha que mentir ou dizer que morava no prolongamentoda Mateus Leme! Resumindo, eram as pessoas de bem quesofreram este tipo de ação e que mesmo contando isto deforma séria, muitas vezes são levadas na brincadeira. Noentanto, para quem não é leigo e entende bem deste con-texto, sabe que isto é uma ação involuntária de medo, cria-da por um sensacionalismo que se fundamente no direitode liberdade de expressão sem contemplar o dever de pre-ver as consequências e os ônus que dele resultam direta eindiretamente. Ou seja, os sensacionalistas só consideramo inciso IV do artigo 5º da Constituição Federal, porém, seesquecem de lerem o inciso V do mesmo artigo, como tam-bém o titulo do Capitulo I do Titulo II que começa no jácitado artigo.

Porém, que fique claro que eu não sou contra a propaga-ção destas informações. Mas sim, sou contra a forma queelas são passadas. Principalmente pelos motivos já eluci-dados.

Para amenizar a violência na cidade, foi votada e sanci-onada a Lei Ordinária de Almirante Tamandaré-PR, nº 1137

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de 01/12/2005 que estabelecia a proibição de bailões e bai-les dançantes em estabelecimentos comerciais. A qual en-trou em vigor em 15 de fevereiro de 2006. Antes deste even-to funcionou: o pioneiro 9 de Junho na Cachoeira e posteri-ormente o Bailão do Minuano, Clube dos Amigos e o Bailãodo Purkote na Cachoeira que mais tarde foi denominado deEstúdio P. Outro local na localidade era o Magistral; na Cam-pina do Arruda existia o Bailão Lauro 21; o Salão Bracatin-ga, o qual recebia este nome porque no meio do salão dedança existia um enorme tronco de bracatinga; na locali-dade de Tranqueira existiu o Bailão do Juvino e posterior-mente o Bailão Bem-te-vi; na sede existiu o tradicional Bai-lão da Tia Tede (década de 1980 e 1990) e também nestamesma época o Bailão do Siqueira (o qual contou com umaapresentação de Teodoro e Sampaio e Gaúcho da Fronteiraainda em tempos que sonhavam com a fama375). Na déca-da de 1990 também na sede, porém na margem sentidoCuritiba da Rodovia dos Minérios, abriu o Big Baile, o qualcontou com a apresentação da cantora Gretchen. Existi-ram outros. Porém, os citados foram os que marcaram épo-ca.

Independente se bailão é bom ou ruim para a sociedade.O grande problema é a crescente violência que contaminatudo que toca. E que infelizmente acaba gerando consequ-ências direta e indireta ao cidadão de bem. Que muitasvezes tem que ficar preso em casa. Quando na verdadedeveria ser o contrario, o bandido estar preso. Mas, este éum evento que tem que ser vencido. Porém, não existe umafórmula pronta e mágica que mude tudo da noite para odia.

375 Relato de Luiz Arcélio da Cruz, janeiro de 2011.

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Foi em um domingo de Natal, já mais ou menos, pelasquatro da tarde, que meu tio Otavio, apareceu em casapara me chamar para andar de bicicleta. Sem o quefazer, já que mal tinha voltada do almoço de Natal nacasa de minha avó Odete, aceitei o convite. Como sem-pre, o tio contando as histórias de quando ele era pia.Neste trajeto, passamos em frente ao desativado Li-xão da Lamenha Pequena, região pertencente a Curi-tiba, porém divisa com a localidade do Juruqui em Al-mirante Tamandaré. Ou seja, naquele trecho, a mar-gem da Rua Alexandre Meguer que segue para a Sededo município é território tamandareense, já a margem quesegue o trecho oposto, é Curitiba.

Logo me lembrei da luta dos moradores da Comunidadeda região da Lamenha Pequena, que conseguiram fazerparar o descarregamento do lixo de Curitiba no Aterro Sa-nitário já em 1989.

Aproveitando este fato e a notória reivindicação tambémdos moradores da região da Comunidade do Juruqui pela

Vizinhos indesejáveis

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desativação do “Lixão”. O Vereador João Carlos Bugalski,no mês de março de 1989, apresentou a Câmara dos Verea-dores do Município para ser votado e posteriormente apro-vado, o requerimento que solicitava ao Sr. Prefeito RobertoLuiz Perussi, que não mais depositasse o lixo coletado dacidade, no Aterro Sanitário.

Como consequência desta atitude do município taman-dareense e posteriores reuniões entre lideranças políticasdas duas cidades envolvidas em 15 de junho de 1989, pordeterminação do prefeito de Curitiba Jaime Lerner foi de-sativado o Aterro Sanitário de Lamenha Pequena, que fun-cionava desde 1964.

Porém, segundo a Gazeta do Povo de 20 de setembro de2010, mesmo após 20 anos fechado, o Aterro Sanitário daLamenha Pequena, ainda produz graves passivos ambien-tais, causado pelo chorume e gás. O qual vai custar quasemeio milhão de reais (R$ 423.177,14) para os cofres do mu-nicípio de Curitiba, para realizações de obras dos sistemasde drenagem das águas pluviais, dos acessos internos e dosistema de tratamento de afluentes, além da recuperaçãodo sistema de monitoramento de água subterrânea.

Enganam-se, quem pensa que só foi por causa do cheiroe da proliferação de animais peçonhentos que ocorreu adesativação do lixão. Segundo relatos do cidadão taman-dareense o Sr. Virgilino Vieira que mora no Juruqui, e tra-balhou no aterro, no ano de 1975 a 1977 na função de guar-dião e serviços gerais. O qual relata que o cheiro era o me-nor dos problemas, pois, perigoso era o gás que saia da ter-ra, pois queimavam as pessoas. Tal fato era tão grave, queem uma noite de inverno, uma pessoa alcoolizada, parouas margens da rua para se esquentar no bafo desse calor, oproblema foi que devido a embriagues da pessoa, ela não

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percebeu uma súbita evacuação violenta desse gás. Con-sequentemente, a pessoa sofreu varias queimaduras gra-ves e sofre com isto até os dias atuai.

Porém, o mesmo Sr. Virgilino relata um fato curioso. Oqual contou que na época que ficava como guardião do lo-cal. Tinha que tocar um pessoal que ia roubar o lixo reciclá-vel de catadores que por não terem condições de levaremem uma mesma viagem o fruto de seu trabalho de separa-ção no mesmo dia para vender nas reciclagens. Deixavamguardados lá, o material para buscar no outro dia.

Porém, o problema de se conviver com um novo “lixão”,assustou os moradores tamandareenses, em especial os daregião da Cachoeira. Já que em meados de 1989, se propôsa criação de uma Usina de Reciclagem, a qual forçou al-guns representantes da câmara municipal e lideranças domunicípio a visitar uma usina de reciclagem em funciona-mento em São Paulo. Porém, a lei de autorização para cria-ção da usina de reciclagem na região da Cachoeira não lo-grou êxito na votação dos vereadores em 01 de março de1989. Tal fato se deu, principalmente pela característica,modelo e forma de funcionamento da usina que se queriaimplantar na cidade. E com relevante pressão da comuni-dade local, sob a liderança do professor Luiz Romero Piva(primeiro vereador eleito do PT no município em 2000/2004e 2005, e primeiro político a concorrer ao senado do municí-pio captando 34.179 votos, no ano de 2010).

Na mesma época, se apresentava simultaneamente aofato supracitado, mais especificamente, 10 de janeiro de1990, no distrito tamandareense de Campo Magro, um pro-jeto ambiental da Fundação Rural de Educação e Integra-ção (FREI), de recolhimento do lixo que não é lixo de Curiti-ba, e posterior separação para envio para reciclagem. Que

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espantou qualquer suspeita de possíveis transtornos ambi-entais e para a sociedade campo magrense. Esta reuniãoserviu de parâmetro na decisão de implantação na umasuposta “usina de reciclagem” na Cachoeira, a qual tinhaum projeto totalmente divergentes ao apresentado pelaFREI.

Tal fato se confirma na contemporaneidade, onde esteprojeto desenvolvido pela FREI se tornou referencia mundi-al no processo de reciclagem, sendo um ponto turístico edu-cacional do contemporâneo município de Campo Magro.

Resolvido o problema “lixão”, e atualmente consolidadodevido ao fato de preservação da qualidade da água doAquífero Karst. Porém, lembrei que a região do Juruqui em1993, teve que enfrentar outro problema da mesma magni-tude.

Eis, que a empresa Spigma Comércio e Representaçãode Produtos para Mineração queria implantar na região umdeposito de explosivos. Porém, o prefeito Cide Gulin, ho-mem experiente do ramo de extração de calcário e conhe-cedor do potencial destrutivo do produto que seria armaze-nado, já que o utilizava no advento de sua atividade profis-sional antes de ser prefeito, foi contra a instalação do depo-sito. A qual se confirmou em reunião com a comunidade eem Assembleia com a presença do Deputado Algaci Túlioe do Tenente Nobuaki Morodone da Divisão do Exércitoencarregado da concessão de licença para instalação deempreendimento desta categoria no Estado.

O resultado desta empreitada foi que na primeira quin-zena do mês de setembro de 1993, era negada a licençapelo Exército a referida empresa, a qual ficou impossibilita-da legalmente de armazenar explosivo na cidade. Porém, oTenente comentou que mesmo com a liberação do Exérci-

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to, a empresa necessitaria do Alvará Municipal para funcio-nar.

Então refleti: como seria a região do Juruqui com umaterro sanitário em pleno funcionamento e recebendo ademanda de lixo que se produz contemporaneamente? En-tão minha mente paranoica imaginou a terrível realidadede se ter um depósito de dinamite, nitroglicerina e outrosexplosivos, praticamente vizinha de uma área de grandeconcentração gás metano (produzido a partir da decompo-sição de lixo orgânico). Que naturalmente estava dispersono ar livre e no subsolo! Então sorri, e lembrei-me da açãolouvável de políticos e cidadãos anônimos que lutaram con-tra tudo isto.

Pelo caminho, meu tio sempre reparava um detalhe: afalta de consciência de algumas pessoas e comentava quenão entendia porque tinha certas criaturas que jogavamlixo no terreno alheio ou na beira de estrada. Porém, nãoestou tecendo sobre jogar papel no chão, mas sim de jogarsacos de cheio lixo grandes. E o mais curioso, é que em umdos lugares que foi jogado, existia uma placa da prefeituramunicipal avisando que era proibido jogar lixo, de acordocom a Lei 865/2001 artigo 20, denuncie 3657-3034.

Era hilário, porém preocupante, pois, querendo ou não,existe a coleta de lixo no município, desde a primeira ges-tão do prefeito Roberto Luiz Perussi em 1977, ou seja, sãomais de 33 anos de existência do serviço de coleta. O qualme faz tentar achar o motivo de tal ato. Será que custaalguma coisa, colocar o saco de lixo em frente da casa parao caminhão coletar? Independente de motivo, esta situa-ção se agrava mais na Rodovia do Calcário, a qual entre okm 2 ao km 4 jogam até resto de boi.

Então ao lembrar esses atos criminosos contra o meio

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ambiente (pois, é proibido por lei!), me dá a vontade de per-der um dia inteiro ou dois e se preciso até três, e ficar es-condido no mato, só para filmar este pessoal e proceder adenuncia direto ao Ministério Público. O problema é quepessoa de bem tem que trabalhar, e funcionário público doEstado, (no caso professor), quando falta, causa um trans-torno na escola. Mas a questão não é essa, será que vaiacontecer alguma coisa ao criminoso?

Destinar o lixo ao lugar certo, separar o lixo reciclado elevar até uma reciclagem (existe várias na cidade), não évergonhoso, é um ato nobre. O qual não se faz um favor sópara a Natureza, mas para si próprio, já que o ser humanoé um elemento transformador que faz parte de um ecossis-tema de ações inter-relacionadas, onde toda ação gera umareação.

Só para efeito de informação, a Lei Ordinária nº 865 de14 de dezembro de 2001, sancionada pelo prefeito CezarManfron, instituiu o Código de Meio Ambiente do Municí-pio de Almirante Tamandaré, o qual pela também Lei Ordi-nária nº 1260 assinada pelo Prefeito Vilson Goinski, acres-centou novos dispositivos a lei original. Diante deste fato,basta agora o cidadão de bem ajudar fazer se cumprir a lei.

No entanto, um fato criminoso contra o meio ambienteocorreu em 2002 na localidade Rural da Capivara dos Man-fron, devido ao descarte de 60.000 pneus em terreno parti-cular. Porém, como o suposto deposito estava irregular e orisco da propagação do mosquito transmissor da dengue setornava grande, ocorreu à intervenção da Secretaria Muni-cipal de Saúde. A qual formalmente em 26 de novembro de2002 pediu providências urgentes junto ao Ministério Pú-blico sob a responsabilidade na época do promotor DiegoFernandes Dourado. Porém, só em outubro de 2004, após

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varias denuncias e reportagens de alertas e pedidos de pro-videncias através dos mais diversos meios de comunica-ção. Foi que a montanha de pneus foi removida da localida-de376.

Porém, parece que as pessoas só lembram que se temque proteger o meio ambiente, quando este começa a rea-gir contra o seu agressor. Pois, um fato curioso na cidadeque acompanha ela desde sua criação são as constantesinundações. O qual a cada ano os alagamentos ocorremcada vez maiores e vorazes. No entanto existem vários fa-tores para diminuí-lo. Mas, não existe uma forma de con-te-lo, já que foi o rio que escolheu passar pela cidade. Noentanto se a lei for aplicada sobre aqueles que aterram do-linas, várzeas ou que constroem na beira de riacho ou rio,talvez ocorra uma diminuição destas constantes enchen-tes. Da mesma forma, remanejar o pessoal invasor instala-do nas áreas de várzeas; não manilhar rio ou riacho, dragare limpar os rios, não jogar lixo nos rios, cobrar da fiscaliza-ção responsável ações enérgicas contra infrações ambien-tais, denunciar ações contra o meio ambiente,...

Ou seja, o rio não pode se tornar um vizinho indesejadosimplesmente porque não respeitamos seu território e a suanatureza. Pois, ele já estava ali antes de nós se estabele-cermos na região. Neste caso então o vizinho indesejadosomos nós.

É triste, mas a ação humana contra Natureza, semprese reverte contra o próprio homem. E o mais triste ainda, éque possuem pessoas que afrontam o ambiente sabendo disso,e hipocritamente inflamam os atingidos pelas consequências desuas ações contra um “laranja”, tudo para ocultar seus atos. Masexistem pessoas que percebem isto, porém,...

376 FOLHA DE TAMANDARÉ. Tamandaré da adeus à montanha de pneus. Ano XVIII, nº 493, outubro de 2004, p.06.

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Proteger, entender, respeitar as regras de convivênciacom os elementos da Natureza é proteger o futuro da pró-pria cidade. Pois, ela ainda esta avisando. O problema équando ela deixar de avisar.

Pensando nisto, em 24 de agosto de 2007 a Lei Ordinárianº 1266/07 criou a ASSOL (Associação Solução Ambientalde Catadores) para desenvolver o projeto pioneiro entre osmunicípios da Região Metropolitana, para organizar, capa-citar e valorizar o trabalho dos catadores de lixo reciclável.Da mesma forma este projeto visa fomentar ás atividadesde reciclagem estabelecendo vinculo com a sociedade egerando emprego e renda além de se desenvolver comoempreendimento solidário. Para atender este projeto a pre-feitura cedeu em comodato um barracão de 420 m² locali-zado na Rua Aides A. de Oliveira, 183 no Jardim Roma,para desenvolver as atividades de separação e armazena-mento do lixo377.

377 FOLHA DE TAMANDARÉ. Prefeitura de Tamandaré entrega barracão para catadores. Ano XXII, nº 578,agosto de 2007, p.01.

Sede da ASSOL. Inauguração em agosto de 2007

Foto: Folha de Tamandaré, agosto de 2007, capa

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Com esta iniciativa a prefeitura contribui para reduzir aexploração dos atravessadores na compra pelo lixo reciclá-vel, possibilitando ao catador melhores preços. Além deincentivar a proteção ao meio ambiente.

No entanto a atividade de reciclagem do lixo já é umapratica cotidiana no município desde meados da décadade 1970, sendo uns dos pioneiros dessa nobre e importanteatividade é o senhor Otavio Kazeker. O qual relata que atéo aparecimento do Deposito de Recicláveis do Dalmir noJardim Maria Claudia e do Sr. José Antonio da Cruz na Sedeem meados da década de 1980, o produto coletado tinhaque ser levado para Curitiba. Sendo que os mais próximosera no Taboão (lado Curitiba) e na Cachoeira (lado Curiti-ba). Porém, segundo seu Kazeker, ele não era o único a so-breviver com esta atividade, pois já em seu tempo já existi-am outros que prestavam este serviço à sociedade e ao meioambiente378.

A de ressaltar que a preocupação com o meio ambientenão é nova, da mesma forma que a conscientização de pro-teção a este. Pois, no contexto de publicação dos atos ofici-ais do Município de Almirante Tamandaré exposto no Jor-nal Tribuna dos Minérios de 23 de setembro de 1979, apare-cia a Lei nº 037 de 18 de setembro de 1979 sancionada peloPrefeito Municipal Roberto Luiz Perussi, que Criava o Con-selho Municipal de Defesa do Meio Ambiente (COMDEMA).Sendo que em seu artigo 11, ocorreu a previsão de obriga-toriamente contar nos currículos escolares, nos estabeleci-mentos de ensino da Prefeitura, noções e conhecimentos eprovidencias relativos à preservação do meio ambiente. Ouseja, a preocupação e a consciência social relativo ao meioem que estamos integrados já é antiga, pois estas lei revo-

378 Relato de Otavio Kazeker, abril de 1980.

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gava disposições antigas e em contrários. Diante disto, nin-guém pode dizer que é leigo no contexto de não saber queé errado poluir.

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Fim de domingo, sempre ia dormir cedo, já que minhajornada começava já as 6:00 horas da manhã. Pois, em 1992,eu estudava na Escola São José do Abranches. Naqueletempo, o problema não era ir para escola ou levantar cedo.Mas sim, ter que enfrentar o superlotado ônibus JardimParaíso, já as 6:20 horas. Poderia pegar o ônibus de dez paraas sete, mas era muito mais lotado.

Naquele Domingo, não estava conseguindo pegar nosono em definitivo, pois, ventava muito forte, a ponto de tercaído à luz e derrubado o lustre externo da casa, lá pela23:00 horas da noite, só escutei a tampa da caixa de águaser espatifada. Foi um bate porta e assovios irritantes cau-sado pelo vento. Só de madrugada consegui dormir.

No outro dia, no caminho de ida até a escola, come-cei achar estranho, já na altura do Jardim Buenos Ai-res, o ônibus Paraíso não parava para pegar as pesso-as, (pois, não tinha ninguém nos pontos). Foi ai, quepercebi ao ver o terreno em frente ao Bar Guarapuava,já na Lamenha, um monte de Araucárias arrancadas com

Fenômenos climáticos

históricos

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raiz caídas no chão, e até um pinheiro entrelaçado a outro.Porém, pela Rua Wadislau Bugalski, não se podia enten-

der o que aconteceu. Tanto é, que dentro do ônibus, todomundo achava que só foi uma ventania que atingiu a re-gião. Chegando ao colégio, já vi uns professores pergun-tando para uns conterrâneos se estavam tudo bem com elese a família. Achei estranho, e pensei que eram outras coi-sas, menos o óbvio.

Já em sala de aula, meus colegas já chegaram pergun-tando como eu sobrevivi. Achei estranho e mandei eles ve-rem se eu estava na esquina (não foi bem isso que falei!).Eu não estava entendendo até que me explicaram. Daí eucomecei a entender o que tinha ocorrido.

Cheguei em casa e fui assistir logo os noticiários de meio-dia.

Era a manchete principal, tanto do Jornal Estadual, quan-to do Jornal Hoje, do Jornal Nacional, dos jornais da RedeBandeirantes e da Rede Manchete e até na BBC de Lon-dres. Resumindo, por uma semana a cidade virou manche-te nacional. Foi capa de revista e tabloides.

Segundo as informações da época, um tornado da clas-se EF3 (com ventos superiores a 118 km/h), atingiu umaárea de 80 km². Deixando uma notória destruição e mortes:sendo que 350 casas foram totalmente destruídas; 33 pes-soas foram gravemente ferida; 6 pessoas foram encontra-das mortas; mais de 1500 pessoas desabrigadas aproxima-damente; além de carros tombados, casas destelhadas,plantações destruídas, árvores arrancadas, poste de energia elé-trica arrancados,..., em seu ápice no trajeto Lamenha Grande,Cachoeira Bonfim e Tanguá, em 17 de maio de 1992379.

379 JORNAL ZERO HORA. Tamandaré entre em estado de Emergência e conta os feridos. Jornal Zero Hora de19 de maio de 1992, p. 38

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Em 18 de maio de 1992, pela primeira vez na história domunicípio, era oficialmente decretado pelo prefeito Rober-to Perussi o Estado de Emergência.

Na semana da tragédia, os mais antigos comentavamsobre vendavais fortes que assolaram a cidade, sendo quetanto minha avó Odete quanto minha avó paterna Noêmia,contam que em 1º de maio de 1938, um vendaval muitoforte passou pela cidade. Sendo que na região da Varova,(mais ou menos onde atualmente se encontra a praça deprovas equestres Dom Camilo da Família Lovato), existiuuma casa que teve o banheiro arrancado, sendo que, a ba-nheira deste, foi encontrada na região da Cachoeira. Po-rém, também se encontrou pessoas penduradas em cercasde arames ou enroladas neles. No entanto, a destruiçãonão foi tão grande, porque, a região por onde passou estetornado na época, era muito pouca povoada380. Este, mes-mo tornado, abalou as estruturas do novo colégio das frei-ras no Botiatuba, e machucou muitas pessoas segundo JoãoBugalski Sobrinho381. Ou seja, o tornado passou fraco porPacotuba, se fortaleceu no Botiatuba (trincou a cozinha dealvenaria do Seminário), alcançou seu ápice na Varova, ondecausou vitimas e seguiu para a Cachoeira.

Infelizmente, é um ciclo do cotidiano climático taman-dareense este fenômeno, os quais às vezes passam fraco,mais às vezes se manifestam extremamente destrutivo.

No entanto, numa quinta-feira de um outro dia 17, po-rém do mês de julho de 1975, os moradores tamandareenseforam acordado não com destruição, mas com uma rara ebela surpresa, proporcionada pela neve.

380 Relato de Noêmia Kotoviski, aproximadamente 1993, Odete Basso da Cruz, aproximadamente 1993, José Idoda Cruz, aproximadamente 1993.

381 Relato de João Bugalski Sobrinho, a Pedro Martim Kokuszka na obra: Nos Rastros dos Imigrantes Poloneses, p.117.

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Apesar de nossa região apresentar um inverno bem ri-goroso, ele não apresenta as condições propicias para aprecipitação da neve. Diante disso, foi uma novidade quedificilmente se veria de novo.

Neste contexto, poucas imagens foram registradas des-se momento único até os presentes dias na cidade, comexceção da foto do arquivo familiar (álbum) da famíliado seu José Ido da Cruz, o qual ilustrou e ilustra al-guns documentos de divulgação do município. É lógi-co que devem existir outras fotos em outros álbunsfamiliares, que também mostre a beleza desse dia. Noentanto, pelo desconhecimento do seu valor histórico,não são expostos.

A neve de 1975. Observem o telhado branco das casas. Nesta época a RuaCoronel João Candido de Oliveira, ainda não era asfaltada. Pousaram paraesta histórica foto tirada pelo Moizés Bini com a câmera fotográfica deseu Zé Ido, em frente à delegacia, os senhores: Luiz Arcélio da Cruz, Fran-cisco Dalke (Chico-Loco), Antonio Ilson Kotoviski, soldado Silvio Siquei-ra, soldado Ademar Ferreira da Silva, seu Generoso Cândido de Oliveira eo Sargento José Sabadim

Foto do Álbum da Família de José Ido da Cruz

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Já que se esta tecendo sobre o frio, saibam que no co-meço da década de 1900 e 1910, foram registradas tem-peraturas muito baixas. Eis que: em 18 de agosto de1908, se registrou (– 3.1°); em 23 de maio de 1909 omesmo (-3.1°); em 19 de julho de 1910 (– 3.9°); em 24de junho de 1911, a população experimentou (– 4.5º)(neste ano a média do inverno foi de 6.6°). Já em 1912,a média do inverno subiu para (7.0°), sendo que a menor

Casa de seu José Ido da Cruz, Rua Didio Santos esquina com Emilio Jo-hnson. Nesta histórica foto se observa a neve sobre os carros, no chão etelhados; o morro de seu Pedro Jorge ainda sem as marcas da extração dosaibro, e a rua Didio Santos ainda não asfaltada e o moinho de cereais doseu Zé Ido, ao lado de sua casa

Foto – Álbum de fotos da Família Kotoviski/ 17 de junho de 1975

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temperatura registrada foi de (– 2.8°) em 03 de novem-bro382.

Outro fenômeno não tão raro, mas que muitas vezes porsua excessiva precipitação acaba trazendo muitos prejuí-zos para a agricultura e moradores é a chuva de granizo.Eis, que mais ou menos em 1992 ocorreu uma forte chuvade pedra que atingiu a sede e proximidades. Parecia quehavia nevado, pela tamanha quantidade de gelo que seacumulou no chão.

No entanto, um fenômeno que atinge a cidade de formanatural e normal, mas que quase sempre costuma dar mui-to prejuízo são as chuvas de janeiro e fevereiro. Eis, queinfelizmente, pelo Centro de Tamandaré estar muito próxi-mo às zonas de várzea do Rio Barigui, é quase que comumquando chove forte e por um tempo além do normal, alagara região. Porém, se engana quem pensa que este fenôme-no é recente. Eis, que isto acontece já há décadas, e cau-sam transtornos graves para a população e para a adminis-tração publico burocrática, principalmente porque algu-mas dessas enchentes atingiram o prédio da Prefeitura Ve-lha enquanto sede administrativa. Os quais são sentidoatualmente porque muitos documentos oficiais se perde-ram. Sendo que alguns desses documentos possuíam im-portância histórica, que revelariam fatos das gestões doinicio da cidade.

Se história ou estória, a de se destacar que muitos docu-mentos importantes que sumiram nesta época segundo al-guns relatos, não foi à enchente que levou. Mas a culpa foidela!

382 ANNUARIO ESTATISTICO DO BRAZIL. Ministerio da Agricultura, Industria e Commercio/directoria Ge-ral de estatística. 1º Anno, Volume I, Republica dos Estados Unidos do Brazil, rio de Janeiro: Typographia daEstatistica, 1916, p. 33.

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Já em contexto burocrático e legal, alguns documentosque se perderam, serviam para provar o tempo de trabalhoprestado, por muitos servidores públicos no advento da so-licitação da aposentadoria. Porém, este fato possui ummecanismo para resolução, que esta sendo utilizado e ga-rantindo o direito do servidor.

Infelizmente, existem no município áreas que sofrem como mesmo problema de alagamento. No entanto, os morado-res antes de forçosamente se instalarem nesta localidadejá sabiam disso. Pois, se instalaram em local que não é pos-sível ser regularizado, justamente porque esta protegido porlei ambiental, em virtude de ser área de várzea e de terrenocom elevada inclinação, ou seja, com histórico natural dealagamento e desmoronamento. Mas mesmo assim se ins-talam invadindo, porque no município existe uma indústriada invasão e de exploração politiqueira da desgraça alheia.O qual acaba fazendo sofrer o povo humilde e sem muitoconhecimento, que não tem para onde ir.

Porém, existem vezes que o dono do terreno imprópriopara habitação humana, na impossibilidade de lotear le-galmente já que a prefeitura não libera, cria mecanismopara burlar a lei, usando as brechas na legislação. Ou seja,loteia por conta própria, transmitindo apenas um documentode posse de uma determinada área delimitada dentro doterreno, através de um contrato de compra e venda, regis-trado em cartório. Sendo que o portador daquela carta deposse, depois do decorrer de um determinado período legalde habitação continua e mansa, deixa o status de posseiropara o status de proprietário de fato e direito, que deve serlavrada em registro oficial. Raro é o juiz, que consegue ob-servar a maracutaia e não conceder tal direito.

Independente de certo ou errado tal atitude, infelizmen-

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te, é da personalidade da Natureza de nosso município agre-dir severamente quem afronta seus santuários, rios, ar, ani-mais,... Saber conviver com os elementos naturais não édeixar de progredir, mas sim progredir com sabedoria quese revertem em mais lucros palpáveis e saudáveis, ao invésde lucros que a água e o vento levam.

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Sair com meu tio Otavio, ou ficar escutando as históriasde meu avô Zé Ido, minha avó Odete, avó Noêmia, meupadrinho Albino, seu Valter Pavim, tio Cide Gulin,..., nasfestas de fim de ano, de aniversário ou outra comemoraçãoou casamento onde eles se reúnem com seus conhecidos.É o mesmo que entrar em uma maquina do tempo. Pois, aaula de história que se presencia sobre o município e re-gião é espetacular.

Um dia, nestes eventos, parei para escutar eles falaremda agricultura. Neste contexto, escutei eles comentaremsobre plantação de trigo em Tamandaré. Fiquei curioso, pois,há muito tempo o nosso município não desenvolve este tipode cultura, com exceção do ano de 1988, que se tentou ex-plorar novamente esta cultura, mas que não logrou êxito383.Em 1989 a família Schultz, no Botiatuba, já se preparavapara a colheita384.

Agricultura

383 FOLHA DE TAMANDARÉ. Almirante Tamandaré incrementa plantio de trigo. Ano IV, nº 63, 15 de junho de1988, p.05.

384 FOLHA DE TAMANDARÉ. Almirante Tamandaré volta a plantar trigo. Ano V, nº 87, Dezembro de 89.

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Eles comentavam, que o trigo desde o começo do séculoXX, já era plantado em pequena quantidade, na cidade,porém, com intuito de sub existência do morador local. Umdos motivos principais era porque o trigo que chegava àregião e por sinal no Paraná era importado, e por este moti-vo era caro. Porém, nas colônias de poloneses na cidade,esta realidade era em relação aos cereais mais cômodas, jáque nelas era comum o cultivo de cevada, trigo, centeio eaveia, já que era o alimento essencial destes primeirosimigrantes. Os quais dominavam a sua técnica de cultivo,já que a trouxeram por efeito da Europa. Mas isto, já nofinal do século XIX.

Fiquei meio curioso sobre o assunto, e dias depois resol-vi pesquisar, e descobri que o trigo naturalmente já era plan-tado em terras paranaense desde o período colonial, (inici-almente trazido da Europa) o qual fazia muita riqueza aosagricultores da região do primeiro planalto que lidavam comesta cultura. Porém, esta atividade no final do século XIX,não conseguiu mais atender a demanda da população, oca-sionado principalmente pela ferrugem (uma moléstia queatingia a planta e a matava). Sendo assim, vários progra-mas de incentivo ao plantio de trigo foram desenvolvidospelos governos paranaenses. Porém, nenhum surtiu o efei-to desejado, a ponto de boa parte do trigo que vinha para oParaná, tinha que ser importado. Neste sentido, se desen-volveu o programa CRUZADA DO TRIGO, que a partir de1924 modificou o panorama do cultivo do trigo, chegando a25.949.50 kgs em 1931. Consolidada a produção de trigo noParaná, que atingiu todas as cidades existentes na época.É notório o auge da produção alcançada também por Ta-mandaré, na época Timoneira (1952), onde se alcançou umasafra de 61.200 kgs no contexto de uma área de cultivo de

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72 alqueires (correspondente à região do Botiatuba, SãoMiguel e Lamenha)385. No ano de 1956, a cidade era umagrande produtora de centeio (farinha preta)386.

Os produtores de trigo da Vila Tamandaré e posterior-mente, na década de 1920 a 1950, levavam o seu produtopara ser moído no moinho (cereais) do sr. Tertuliano Rai-mundo no Pacotuba; Frederico Manfron na Capivara; emTranqueira (no moinho da Família Stocchero); no Juruqui(da família Sandri); no (Botiatuba, da Dona Maria Graboskie posteriormente vendido ao sobrinho José Francisco Koto-viski, no final da década de 1950), na Barra de Santa Rita(Bonifácio Cruz) e no Taboão um moinho da Família Wei-gert, próximo a atual ponte do Taboão, na divisa do municí-pio387. Estes moinhos eram movidos por tração animal oupela força hidráulica.

Porém, como notoriamente não se vê mais plantaçõesde trigo e centeio na região e sim de milho, resolvi pesqui-sar só por curiosidade, descobri que este precioso alimentoé um legado dos nativos americanos a nossa sociedade. Ouseja, ele se fez presente antes da chegada do português aoBrasil. Neste contexto, foi percebido em vários trabalhoscientíficos, que a partir do século XIX, o Paraná e São Pau-lo, eram os maiores produtores dessa planta no Brasil.

Como em toda parte do território nacional, o milho ser-viu e ainda serve para a engorda de animais e para a ali-mentação humana na forma de farinha de milho, fubá, óleo,amido e água-ardente (isto já no século XIX). Em Almiran-te Tamandaré, esta cultura, se consolidou e sobrevive firme

385 CÂMARA DE EXPANSÃO ECONÔMICA DO PARANÁ. 1º Centenário de Emancipação Política do Paraná.Porto Alegre RS: Livraria do Globo S.A, 1953, p. 175-178.

386 ENCICLOPÉDIA DOS MUNICÍPIOS BRASILEIROS. Curitiba –PR. IBGE, Vol. XXXI Paraná, Rio de Janeiro,1959, p. 26.

387 PREFEITURA MUNICIPAL DE TIMONEIRA. Livro de Lançamento do Imposto/Imposto de indústria, profissõesde pesos e medidas. 1947-1961

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e forte até os dias contemporâneos, sendo que 1952 a pro-dução alcançou 38.000 sacas de 60 kgs388. Já em 1956, es-tes números dobraram.

As regiões de maior produção nesta época foram: Fre-guesia, Conceição, Córrego Fundo, Marmeleiro e Barra deSanta Rita. Os produtores dessas regiões também destina-vam uma parte da colheita para transformá-las em farinhae fubá. Sendo que a farinha de milho era feita a partir deum sistema artesanal, onde o milho era socado no manjoloe depois torrada em um chapa de ferro. Já o milho destina-do a ser fubá, era moído junto aos moinhos supracitado.

Até final da década de 1960, alguns moradores da cida-de de Almirante Tamandaré também constituíam renda coma Erva-Mate (A Erva do Diabo, na visão dos jesuítas aindano inicio da colonização das terras tinguis).

Independente da opinião jesuíta, a erva-mate desde oinicio da colonização Ibérica (Espanha e Portugal), se tor-nou uma bebida muito apreciada entre os colonos e natu-ralmente entre os índios. Já no século XIX, ocorreu a indus-trialização do mate, sendo que os moradores da região deCuritiba (atual região metropolitana) vendiam sua produ-ção aos engenhos. Neste contexto, em pequena escala, ospoucos ervais tamandareense, entravam como complemen-tação de renda a população agrícola. Sendo assim, o seuArlindo França Machado se destacou como grande produ-tor na região do Marmeleiro.

O processamento nos engenhos funcionava mais oumenos assim: após a poda das folhas, estas eram levadas aum sapecador e posteriormente era levado ao moedor (feitode madeira cheio de “dentes”), movido por tração animal.O conjunto onde ocorria o processamento era conhecido

388 CÂMARA DE EXPANSÃO ECONÔMICA DO PARANÁ,... p. 180-181.

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como carijo389. Onde uma parte da produção era consumidadentro do município e a outra era levada para o Assungui eCapital.

Uma cultura que transcende a própria História do muni-cípio é a do feijão, o qual foi também um legado do nativoamericano aos colonizadores, que facilmente apreciou onovo alimento a ponto de tornar a região, autossuficientenesta produção, possibilitando ser exportado para outrasregiões. Principalmente para o litoral, que muito pouco pro-duzia. Ou seja, a produção das quatros cidades litorâneasexistentes em 1952 (Antonina, Paranaguá, Morretes e Gua-ratuba), mal conseguiam superar a metade da produção deTimoneira, a qual correspondia a 5.750 sacas de 60 kgs,porém, Timoneira era a menor produtora de feijão da Zonado Planalto de Curitiba. Geralmente o feijão era uma cultu-ra plantada depois da colheita do milho390.

Já a batata é uma cultura de origem peruana, que pri-meiro teve que ir para a Europa em 1570, onde se populari-zou, para depois, voltar para o Brasil. Em consequência dapopulação colonial do território português do sul, estar muitopróximo às povoações espanholas, o habito e a cultura dabatata, começou a ser difundida também em território luso.Ou era, introduzido por índios capturados por bandeiran-tes, ou pelos próprios jesuítas oriundos de Reduções da re-gião do território de Guairá. Porém, o consumo deste ali-mento era ainda pouco apreciado na colônia. Mas já eraconhecido. Porém, isto iria mudar já no século XIX, com achegada da imigração europeia no sul, mais especificamen-te no Paraná e na região de Curitiba, onde se encontrava aColônia Lamenha, em futuro território Tamandareense.

389 MUSEU PARANAENSE. Parque Histórico do Mate. Disponível em: < http://www.museuparanaense.pr.gov.br/modules/conteudo/conteudo.php?conteudo=62> Acesso em 2 jan 2011.

390 CÂMARA DE EXPANSÃO ECONÔMICA DO PARANÁ,... p. 188.

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Este fato se deve, porque, além da cultura e tradições,os europeus também trouxeram seus hábitos alimentares.Neste sentido, ampliaram e desenvolveram na região a cul-tura da batata-inglesa, pelo seu fácil manejo. O qual se es-palhou entre os colonos do Distrito de Campo Magro criadopela Lei 970 de 9 de abril de 1910, sancionada pelo Presi-dente dó Estado Francisco Xavier da Silva sendo denomi-nado de Nossa Senhora da Conceição a partir de 4 de abril1924. No ano de 1956, Almirante Tamandaré se torna au-tossuficiente na produção desta cultura. Sendo a região deCampo Magro grande produtora, a ponto de contempora-neamente se Comemorar a Festa da Batatinha com o tradi-cional concurso da Rainha da Batatinha.

Apesar da batata no atual momento não receber a mes-ma importância de outrora pelos produtores no município,devido à extrema queda de seu preço nos últimos anos (mui-to produto). É uma cultura consolidada no município e naprópria cultura popular local. Pois, não raro é escutar al-guém se referir ao produtor rural descendente dos primei-ros imigrantes, como batateiro ou “polaco batateiro”.

Outro legado dos imigrantes europeus (principalmenteo polonês) se desenvolveu e se consolidou desde a sua che-gada ao século XIX foi o cultivo de hortifrutigranjeiro (ce-noura, beterraba, repolho,...) como cultura suplementar ajá existente, que com o tempo se tornou autossuficiente. Aponto de abastecer a capital sendo que a partir de meadosde 1950, eram transportados em carroças para Curitiba, ondeeram comercializados em uma feira que funcionava de madru-gada na Praça 19 de Dezembro e também na Rua Sete deSetembro onde futuramente seria o Mercado Municipal.

Os produtores destas específicas culturas no município(região de São Miguel e Botiatuba) correspondem à quarta

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geração dos primeiros imigrantes, porém com a diferençaque hoje a produção é mecanizada. Destaca-se a famíliaMoçon no Botiatuba, a qual já na década de 1970 utilizavao sistema de irrigação mecânica. O que era notório pelosrelatos de muitos moradores. Pois, nos períodos de secaprolongada, os campos cultivados, estavam sempre verdese produtivos.

Observando o uso de tecnologias na agricultura, no pe-ríodo entre a década de 1960 a meados da década de 1970,era extremamente raro a utilização de tratores agrícolas noscampos de cultivo da cidade. No entanto, existiam pessoasque possuíam tal maquinário e o alugavam prestando ser-viço de aração nos campos de quem solicitava o serviço.Um prestador de serviço que por um período obteve rendacom esta atividade foi o Senhor José Ido da Cruz, que pos-sui um trator. Na década de 1980 é instituído o trator comu-nitário, o qual era emprestado pela prefeitura de forma gra-tuita esta tecnologia que facilita a vida dos agricultores maishumildes.

Muitos podem achar estranhos os versos do atual hinomunicipal, que contempla: “...tendo aqui sempre boa pro-dução..., nosso milho, a batata e o feijão; também forte énossa lavoura o repolho, o tomate e a cenoura...”. Porém,estes versos não são rimas aleatórias, e sim, um reflexo his-tórico do legado do imigrante, o qual também reflete a atu-al produção destes produtos agrícolas, que atendem asnecessidades do município como também ajuda com boaparcela, a complementar a demanda absorvida pela capi-tal do Estado. Sendo que, esta característica da região eracontemplada pelo antigo hino que bem pouco destacavaos minérios391.

391 Relato de José Roberto Perussi em janeiro de 2011.

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Em termos de fruta, a cultura alienígena que mais sedestacou e sempre esteve presente desde o advento dacolônia no Brasil, foi à uva, trazida e plantada por Brás Cu-bas em 1532392, na Capitania de São Vicente. Porém, comoPortugal estabeleceu leis severas e especificas que proibi-am a produção na colônia de muitos produtos. A quase ine-xistente produção de vinho na colônia desapareceu, já quePortugal era um grande produtor de vinho na época. Sendoassim, a colônia não poderia concorrer com a metrópole,mas sim comprar dela (sistema do pacto colonial). Porém,a partir do século XVIII, isto mudou e o plantio de videirasse propagou e produção de vinho no Brasil ganhou impul-so, Pois, o Brasil se tornava Capital do Império Português efuturamente independente.

Ou seja, a produção de vinho em Almirante Tamandaré,também transcende a sua origem. No entanto com o ad-vento da chegada dos italianos, na Colônia Antonio Prado,Santa Gabriela, Nova Romastak, Juruqui, Campo Magro eBarra de Santa Rita e com os italianos na década de 1910 eposteriormente no período da Segunda Guerra. A produçãose tornou bem difundida a ponto de existir videira quaseem todos os terrenos da cidade.

Desta forma, os derivados de vinhos, como suco, vinho,doce,..., eram normais em qualquer casa, principalmenteem casa de italianos. Minha avó Odete Basso da Cruz rela-ta que seus avôs na década de 1920, faziam vinho, no pro-cesso tradicional, o qual se extraia o suco da uva a partir doprocedimento de se pisar sobre ela.

Na cidade, se destacaram como produtores de vinho emgrande escala para o comércio: o Sr. Angelo Brotto Sobri-

392 ACADEMIA DO VINHO. Disponível em:< http://www.academiadovinho.com.br/_regiao_mostra.php?reg_num=BR>Acesso em: 03 Jan 2011.

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nho e Domingos Carlesso no Boichininga e João AntonioZem na Lamenha Pequena, e o Sr. Bortolo Vale na LamenhaGrande; Domingos Gulin e Irmão em Tranqueira; João Batista deSanta na Cachoeira; José Trevisam no Canavial; HumbertoHerim no Pacotuba e Angelo Shiral Lello no Juruqui393.

Porém, até a década de 1960, as videiras se deram bemna região, no entanto com o advento, da doença Pérola-da-Terra, a produção de vinho sofreu um enorme impacto. Prin-cipalmente porque o município vizinho de Colombo, tam-bém comprava o excedente da produção de uva de Almi-rante Tamandaré, já que era um grande produtor de vinhodo Estado394.

Porém, no ano de 1939 outra praga foi relata, só que des-ta vez, proporcionada por gafanhotos, que atacaram as la-vouras dos imigrantes da Colônia Gabriela. Pois, este fato,resultou na construção da Capelinha São Carlos Borromeuna encruzilhada próxima a Igreja de São Francisco Xavier.Eis, que esta religiosa edificação teve como finalidade ex-pressar o agradecimento dos pioneiros imigrantes, pelo fimde uma praga de gafanhotos que por dois anos seguidostinha dizimaram as lavouras395.

Em observância aos relatos de moradores antigos, osgafanhotos, que estavam destruindo as plantações, se dis-persaram no instante em que a procissão, iniciada na igre-ja e organizada pelo Padre Natal, a qual tinha por objetivopedir a intervenção divina para acabar com a praga, che-gou ao seu ponto final. Um dos colonos, o pedreiro MartinRolenski sugeriu a construção do oratório como forma de

393 PREFEITURA MUNICIPAL DE TIMONEIRA. Livro de Lançamento do Imposto/Imposto de indústria, profissõesde pesos e medidas. 1947-1961.

394 SISTEMA FAEP. Sebrae/PR estimula plantação de uva na região Metropolitana. Disponível em:<> Aces-so em: 03 Jan 2010.

395 GOVERNO DO ESTADO DO PARANÁ/SECRETARIA DO ESTADO E DA CULTURA. Espirais do tempo. Benstombados do Paraná. Curitiba, 2006, p. 48.

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agradecimento às graçasalcançadas e elaborou oprojeto. Diante disto, oPadre Natal pediu a doiscolonos que executassema obra396.

Neste contexto apre-sentado, é possível perce-ber que até a segundametade do século XIX,que os habitantes da fu-tura cidade de Tamanda-ré, localizado no primeiroPlanalto Paranaense, sealimentavam especifica-mente de milho, feijão, arroz e mandioca. Que eram consi-derados produtos típicos de primeira necessidade, além domate e naturalmente da carne (suína, bovina, ovina, capri-na e de aves)397. Porém, isto não era uma alimentação ex-clusiva dos moradores da região do atual Tamandaré, massim, de todos os moradores da região da província parana-ense que já possuíam estes hábitos alimentares desde ostempos da formação da colônia. Mas isto só mudou com achegada do imigrante camponês europeu, que introduziunovas culturas e técnicas agrícolas398, como também o pró-prio crescimento da população, que obrigou a produção emgrande escala. Foi neste contexto, que Tamandaré em seusprimórdios como Villa autônoma, se sustentou economica-mente e posteriormente até a década de 1990, como cidadetipicamente de economia agrária.

396 Idem.397 SANTOS. Carlos Roberto Antunes dos. Vida Material e econômica. Curitiba: SEED, 2001, p. 82.398 Idem.

Oratório São Carlos Boromeu. 1º Patri-mônio Histórico Cultural do Paraná tom-bado em Almirante Tamandaré Proces-so nº 071/79. Inscrição nº 70, Livro doTombo Histórico. Data: 13/03/1979

Foto: Antonio Ilson Kotovski Filho, abril 2011

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Quem chega pela primeira vez na cidade, e observaa imagem do topo do morro central de propriedade de seuPedro Jorge que existe na Sede, já percebe que a aqui éuma terra onde se explora minério. Talvez pela fama da ci-dade, muitos devam pensar que aquela alteração naquelemorro seja fruto da exploração do calcário. Porém, a grandeverdade, que aquela paisagem contemporânea, só ficoudaquela forma devido à exploração de saibro ocorrido noinício da década de 1980, para atender exclusivamente asnecessidades de construção e fundação que sustenta a pista depouso do Cindacta na Base Aérea do Bacacheri em Curitiba.

Talvez, depois do forninho continuo da cal, o símbolo quemelhor represente a história econômica de Almirante Ta-mandaré, esteja na imagem daquele morro.

Quando se olha para a região de Almirante Tamandaré,não se consegue imaginar que um dia ela foi uma imensafloresta. Porém, tão pouco se consegue imaginar que foi oouro encontrado por Salvador Jorge Velho399, na Conceição

Terra dos minérios

399 ENCICLOPÉDIA DOS MUNICÍPIOS BRASILEIROS. Curitiba –PR. IBGE, Vol. XXXI Paraná, Rio de Janeiro, 1959, p. 139.

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em 1680 na região do atual Município de Campo Magroantes Almirante Tamandaré, e o ouro encontrado na regiãodo Pacotuba. Que foram os grandes responsáveis pelo inte-resse do ser humano em habitar a terra tão hostil à sobrevi-vência humana, mesmo que temporariamente. Mas queacabou se tornando para muitos, seu estabelecimento vi-talício.

Contemporaneamente, o que se sabe sobre o ouro sãohistórias. Histórias que relatam que o ouro encontrado nes-tas terras, mal conseguia sustentar quem o explorava. Jáque a quantidade deste metal foi efêmera. Mas suficientepara criar sonhos nunca possíveis de realizar. No entanto,os descendentes dos que ficaram, encontraram em outrosminerais a riqueza e o sustento. Muito maior de fato, masmenos que o esperado, quando se sonha com o que o ouropode prover.

No entanto em seu auge, no final do século XVII, um dosúltimos grandes empreendedores português chamado Gas-par Correia, estabeleceu, no interior do município, ao longodo rio Conceição, a extração do metal áureo. A mão de obrautilizada foi escrava, mais africana que indígena. No pro-cesso de exploração, alterou o curso do rio para facilitar aretirada do ouro, e com o auxílio de peles de carneiros, ex-traiam o fino ouro do rio. A partir desse fato, mas tarde nas-cia a Trilha do Ouro, hoje um atrativo histórico natural domunicípio de Campo Magro. O qual é possível observar natrilha que acompanha o curso do rio Conceição diversosvestígios (o muro artificial que divide o curso do rio) da ex-ploração aurífera na região que provavelmente deu origema Campo Magro e consequentemente a Almirante Taman-daré400.400 PREFEITURA DE CAMPO MAGRO. Turismo rural/Trilha do Ouro . Disponível em: < http://

prefeituradecampomagro.blogspot.com/p/turismo-rural.html> Acesso em 15 jan. de 2011.

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A primeira grande riqueza mineral depois do ouro a serexplorada efetivamente para fins comerciais no municípiofoi a cal. Graças ao advento da estrada de ferro que cortavao território da recém-criada Villa de Tamandaré, que emseus preliminares estudos geológicos em 1906, detectaramgrandes reservas de rochas calcarias, cal e mármore bran-co passivos de exploração. Porém, existe a necessidade deobservar que o calcário na região era conhecido muito an-tes do século XIX. Pois, este era extraído artesanalmentepara fornecer a matéria prima das construções de estuqueque se faziam na cidade. A pioneira capela existente nasede, feita pela família Candido Oliveira era de estuque.

Neste contexto, observando a necessidade de novas fon-tes de riquezas, tanto para o município, quanto particular.Alguns políticos da época e pessoas de posse que entra-ram em contato com este relatório, resolveram iniciar a ex-ploração comercial, baseadas nas técnicas já existentes quetranscendiam a chegada dos portugueses ao Brasil. E quejá haviam sido iniciadas na vizinha cidade de Colombo desdeabril de 1890, pelo imigrante italiano Giovanni Ceccon401.

No ano de 1916, o alemão Guilherme Kalmann na regiãode Tranqueira tentou utilizar as pedras de calcário comopedra mármore. Para este fim montou próximo à pedreirauma pequena instalação de serra e maquina de polimento,o qual não logrou êxito devido à característica do calcá-rio402.

Porém, as caieras na Villa, eram bem rudimentares emrelação aos modernos fornos de cal. Pois, eram buracos (tipoum poço) feitos estrategicamente na beira de um barranco,

401 MIMESSE, Eliane, MASCHIO, Elaine. Imigrantes italianos nas províncias de São Paulo e Paraná: diferen-ças e semelhanças no desenvolvimento dos núcleos coloniais. Universidade Tuiuti do Paraná, Curitiba,Brasil e Faculdade Internacional de Curitiba, Curitiba, Brasil, p.16.

402 Relatório do decreto de concessão de pesquisa de jazida de calcário na região de Tranqueira (Município deColombo), Decreto nº 16.233 de 27 de julho de 1944. p.01.

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onde na parte baixa desses barrancos, era o local onde secolocava o fogo, já o buraco maior (poço), era enchido compedras calcarias. Este processo de queima da pedra durava4 dias (24 horas). Quando as pedras se transformavam emcal virgem, o fogo era apagado. Sendo que, se esperava al-guns dias para se retirar as pedras do forno, em sua abertu-ra onde se colocava o fogo. Estas pedras eram colocadasem carroças ou no trem onde eram transportadas até Curi-tiba, as quais eram utilizadas nas construções, curtumes ecomo tinta. Nesta época se vendia a cal em metros cúbi-cos.

Segundo o relato do Sr. Generoso Cândido de Oliveira,seu Antonio Baptista Siqueira (intendente de Tamandaréem 1924), filho de dona Rachel Candido de Siqueira, possuium forninho de barranco, próximo onde hoje é a Estação deTelefonia da Oi. Já antes dele o senhor Antonio Candido deSiqueira, possui um forninho na antiga Estrada do Assun-gui, praticamente na esquina com a atual Rua Coronel JoãoCandido de Oliveira (antes de 1910). Porém, na década de1920, já existiam outras pessoas na região do Pacotuba,Marmeleiro e Boichininga, que queimavam a cal. Como podeser percebido nos comentários feitos também por Sebasti-ão Paraná em sua obra técnica-geográfica de 1925.403

Segundo os relatos do Senhor. Generoso Cândido de Oli-veira, o primeiro forno continuo construído na cidade, foiobra do italiano de Eduardo Canziani. O qual construiu esteforno fundamentado em uma planta feita por engenheirosna Itália trazida pelo seu filho Zizi Canziani. Ou seja, estefato já remonta o ano de 1912 e também é confirmado nosrelatórios históricos de Hermenegildo de Lara404.

403 PARANÁ, Sebastião. Os Estados da Republica. 3ª Ed. Curitiba: França e Cia Limitada, Livraria Mundial,1925, p. 306.

404 LARA. Hermenegildo de. Dados Biográficos do inesquecível Senhor Ambrosio Bini. Curitiba: 18 de abril de 1985.

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No dia 12 de setembro de 1912 o Padre Martinho Maizte-qui fez a benção do importante empreendimento. Inicial-mente trabalharam dois foguistas e sua produção era de200 a 250 toneladas mensais. Sendo a matéria prima retira-da da pedreira dos Buzatos. Sendo a produção escoada atra-vés do trem até Santa Catarina e Rio Grande do Sul405.

Este forno era quadrado, e se localizava, onde fica a con-temporânea Empresa Cal Hidra, na Rua Antonio Bini. Oqual foi comprado por Carlos Macedo. Anos depois foi ven-dido para o seu Antonio Bini em sociedade com DomingosScucato, Angelo Buzato e Bernardo Grarachenski406. Sendoposteriormente a parte do senhor Angelo Buzato e do se-nhor Grarachenski sendo vendida a seu Domingos e seuAntonio Bini. Diante deste fato, a Firma Scucato & Compa-nhia, possuía uns dos primeiros ou o primeiro forno de Calcontinuo construído no Brasil407 como também foi dono desteforno a Produtora de Cal Tamandaré Ltda (sócio-gerenteAmbrósio Bini, filho de Antonio Bini e seu Atílio Bini)408.

Em sua história este saudoso forno quase foi tombadocomo patrimônio cultural do Paraná. O problema do seunão tombamento se deu pelo fato do Estado querer realizaristo sem proceder com a devida indenização para com osdonos do terreno e do forno. Ou seja, o local seria simples-mente desapropriado de graça409.

Por ser mais prático e com maior capacidade para rece-ber pedras, na década de 1940 se popularizou e se espa-lhou por outras regiões. Sendo os principais donos de forno405 Primeiro forno de Cal de Almirante Tamandaré. Pesquisa realizada pelas professoras: Valdirene do Rocio

Buzato (Escola Alvarenga Peixoto), Carmem L. Cavassim Nascimento (Escola Municipal Alexandre Perussi,Simone Lovato (escola Municipal de Tranqueira). Sendo entrevistados os senhores Pedro Bini (filho de AntonioBini), Antoninha Gulin, Harley Clovis Stocchero e Ersilha Stocchero. Documento da década de 1980.

406 Relato de seu Generoso Cândido de Oliveira, 2002 /Relato de João Antonio Bini, abril de 2011.407 TRIBUNA DOS MINÉRIOS. Centenário de Domingos Scucato/por Verginia Siqueira Neta. Ano XII, nº 273,

23 de setembro de 1979.408 LARA. Hermenegildo de. Dados Biográficos do inesquecível Senhor Ambrosio Bini. Curitiba: 18 de abril de

1985.409 Relato de João Antonio Bini, abril de 2011.

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nesta época, o Sr. Francisco de Lara Vaz, Joanim Buzatto,Leleto Chimelli, Joaquim Dalledone,...410

Em 1933, naregião da Tran-queira o SenhorDomingos Chi-melli iniciou ostrabalhos de ex-ploração do cal-cário na pedreirado senhor Gui-lherme Kulmam,sendo o produtofinal desta explo-ração exportadapara Barra funda no Rio Grande Sul411.

Além destes pioneiros donos, na década de quarentaforam identificados os fornos de cal na localidade do Juru-qui de propriedade de Francisco Pionlek; Forno de Calfinarno Quarteirão do Boixininga (1931); Forno na localidade doMarmeleiro de Ermelino José de Lara; Empresa R. Cal Ltda(Forno Continuo) em Tranqueira; Sociedade Cal Paraná (For-no Continuo) Mato Dentro; Irmãos Buzato A. C. Ltda (For-no Continuo) Mato Dentro; Irmãos Thá (Forno Continuo)em Campo Magro; Heitor B. e Frederico Manfron (FornoContinuo) na Barra de Santa Rita e José Ferro (Forno Conti-nuo) em Campo Magro412.

A partir, desta época se desenvolve paralelamente a ex-tração a plantação da bracatinga, que abastecia os fornos

410 PREFEITURA MUNICIPAL DE TIMONEIRA. Livro de Lançamento do Imposto/Imposto de indústria, profissõesde pesos e medidas. 1947-1961.

411 Relatório do decreto de concessão de pesquisa de jazida de calcário na região de Tranqueira (Município deColombo), Decreto nº 16.233 de 27 de julho de 1944. p.01.

412 Idem.

1º Forno contínuo de queima da pedra da cal, dacidade retratada na pintura feita por Jacira BiniPerussi em 2000 e presenteada ao senhor JoãoAntonio Bini

Foto: Antonio Kotoviski Filho, abril de 2011

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da cal. Cujo, uns dos principais fornecedores eram: BortoloStival (comercio de lenha)413. Com o advento das leis ambi-entais na década de 1990, ocorreu uma diminuição do usode madeira. Sendo, que contemporaneamente, os fornossão abastecidos em grande parte, pela serragem das ma-deireiras da região.

Surge neste contexto, uma nova profissão, os construto-res de forno, que cortavam pedras de basalto ou granito, paraserem posteriormente utilizadas na construção do forno.

Pelo Decreto nº 24.226 de 17 de dezembro de 1947 assi-nado pelo Presidente da Republica Eurico Gaspar Dutra, éoficialmente autorizado o Sr. Pedro Busato a pesquisar re-servas de minério de calcário nos municípios de Colombo eTimoneira, em suas propriedades e em duas áreas distin-tas. Sendo que no Artigo 2º deste decreto, se referiu que otítulo da autorização de pesquisa, que será uma via autên-tica deste Decreto, pagará a taxa de trezentos cruzeiros (Cr$300,00) e será transcrito no livro próprio da Divisão de Fo-mento da Produção Mineral do Ministério da Agricultura.

Já o Decreto nº 30712, de 03 de abril de 1952. Autorizouos cidadãos brasileiros Reinaldo Busato e Angelo Antonia-comi a pesquisar calcário e associados no Município de Ti-moneira Estado do Paraná.

Em 1953, foram observadas com porte de indústria aospadrões da época, a existência de 9 empresas de Cal, ge-rando emprego para 94 operários414. Porém, não raro eraencontrar caeras de fornos descontínuos (forninho de bar-ranco), localizadas na beira de estradas e da estrada deferro415.

413 Idem.414 CÂMARA DE EXPANSÃO ECONÔMICA DO PARANÁ. 1º Centenário de Emancipação Política do Paraná.

Porto Alegre RS: Livraria do Globo S.A, 1953, p. 163.415 REVISTA BRASILEIRA DE GEOGRAFIA. Expedição Cientifica a Serra de Paranapiacaba e ao Alto da

Ribeira (Cel. João de Mello Moraes). Ed. IBGE, Ano XIX, julho - setembro de 1957, nº 3, p.05.

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No ano de 1968, algumas empresas de Cal de AlmiranteTamandaré, começam a produzir calcário, utilizado para acorreção de solos. Sendo que os maiores compradores des-te produto inicialmente eram os grandes produtores agrí-colas do Rio Grande do Sul e Santa Catarina.

Neste contexto, os pioneiros da produção deste novo pro-duto no município, foram o Cal Chimelli Ltda e GustavoJoppert Companhia Ltda de Calcário416.

A produção de calcário se difere da cal, pelo fato do mi-nério extraído da pedreira, ser diretamente moído, sem anecessidade de ser queimado primeiramente nos fornos.

O moimento do minério bruto era até o ano de 1971, fei-to pelos gigantescos moinhos de bola. Os quais consumi-am muita energia, sendo pouca a produção. Este moinhoera uma caixa de 4m x 4m, onde se encontravam bolas deaço, que giravam, batendo nas pedras ali depositadas, atéelas virarem pó.

Porém, com o advento do Calcário Santa Terezinha depropriedade dos senhores Albino Milek e Antonio Ilson Ko-tovski, localizado na Av. Emilio Johnson, onde hoje se en-contra a Loja de Ferragens Colodel, ocorreu uma revolu-ção. Pois, o senhor Antonio Kotovski, inspirado em um mo-inho de moer grãos, desenvolveu o primeiro protótipo doMoinho de Martelo (britador). Sendo que este pioneiro pro-jeto foi levado ao metalúrgico Constante Bonatto, cujo, omesmo, depois de muita insistência por parte de seu Anto-nio, começou a montar o moinho com grelhas de aço 1045temperado e os martelos em aço manganês. Tinha apenasum diâmetro de 70 cm por 50 de largura.

Apesar do tamanho em relação aos gigantescos moedo-

416 PREFEITURA MUNICIPAL DE TIMONEIRA. Livro de Lançamento do Imposto/Imposto de indústria, profissõesde pesos e medidas. 1947-1961

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res de bola, este protótipo conseguiu a façanha de moer 4vezes mais por hora o minério de calcário, com 50% menosenergia empregada.

Devido a sua versatilidade, a Metalúrgica Rama tomouconhecimento deste moinho e posteriormente o desenvol-veu maior e a um padrão industrial, sendo consequente-mente vendidos para as novas fabricas que em Tamandarése instalaram, ocasionando uma histórica “Corrida peloCalcário”. Pois, com o advento do moinho de martelo, o custopara se montar uma empresa diminuiu muito, já que só omoedor de bola, custava 10 vezes mais que o revolucioná-rio britador. Neste período, o numero de empresa de explo-ração de cal e calcário, instalada só no município tamanda-reense chegou a 33.

Já a extraçãoinicial no começodo século XX erafeita a base depicareta. Na dé-cada de 1930 e1940 começou aser utilizada apólvora negra,porém com baixoimpacto, mas osuficiente para explodir alguns metros de minérios. Já apartir da década de 1950, com o desenvolvimento industri-al da exploração do minério de calcário, ocorreu à necessi-dade de uma maior demanda de minério, e consequente-mente, começou a ser utilizados explosivos mais potentes.

Em 1974, começou a ser produzido no município, à calconcentrada, que era na verdade a cal virgem moída. Sen-

Cal Gulin, de propriedade do empresário CideGulin, neste estabelecimento se produz cal moí-da e calcário

Foto: Antonio Kotovski, janeiro de 2011

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Relatos de um Tamandareense

do que os maiores consumidores da Cal eram Rio Grandedo Sul, Santa Catarina, Paraná e São Paulo.

Na década de 1990, ocorreu uma forte crise no setor,devido à enorme queda de preço do calcário e da cal, ocasi-onado pelo excedente de produto no mercado. Tendo comoefeito direto, o fechamento de muitas firmas pequenas naregião dos minérios (Almirante Tamandaré, Colombo e RioBranco do Sul).

Porém, nem só do minério de calcário que se sustentou aeconomia mineral em Almirante Tamandaré. Eis, que a águamineral é uma das nossas mais importantes riquezas, comum futuro promissor. Pois, isto já era percebido já na déca-da de 1950, onde no município foram encontradas duas fon-tes, em Tranqueira e em Pacotuba.

Uma das primeiras empresas a explorar esta riqueza foia Água de Boixininga, e a Água de Pacotuba na década de1950417.

Porém, em 1962, na região de Tranqueira foi aberta aságuas Timbu, na época contando com apenas 5 funcionári-os que engarrafam esta riqueza mineral em garrafas devidro de 1litro. Contemporaneamente conta com mais de90 funcionários418.

Conforme revela a analise da água engarrafada Pacotu-ba, trata-se de uma água mineral alcalino-terrosa, sendosua composição: Bicarbonato de Cálcio (HCO³)² na propor-ção de 0.1139 grs, Carbonato de Cálcio (CaCO³) na propor-ção de 0.0200 grs, Bicarbonato de Magnésio Mg (HCO³)²na proporção de 0.1184 grs e Sílica (SiO²) na proporção de0.0095 grs. Esta avaliação seguia a Lei nº 16.300419.

417 CÂMARA DE EXPANSÃO ECONÔMICA DO PARANÁ....., p. 191.418 ÁGUA MINERAL TIMBU. Empresa. Disponível em:< http://www.aguatimbu.com.br/empresa.shtml> Acesso

em: 10 jan. de 2011.419 CÂMARA DE EXPANSÃO ECONÔMICA DO PARANÁ...., p. 191.

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Voltando a falar de pedra, é importante destacar, que nacidade, também foi explorado o mármore branco, na formade petit-pavê. Sendo que os principais cortadores de pe-dras na década de 1940 foram à família Cavassim e o seuLeleto Chimelli. Pois, segundo consta no relatório do De-creto nº 16.233 de 27 de julho de 1944, o senhor PlácidoCavassim compra parte da área da pedreira do senhor Do-mingos Chimelli, que inicialmente pertencia a GuilhermeKalmann e passa explorar pedra bruta para produzir o pe-tit-pavê.

No ano de 1950 as principais pedreiras pertenciam aRafael Greca, Reinaldo G. Gonçalves e Salaquiel DomingosChinasso (Cachoeira), Gaspar Sgoba e Manoel Ferreira doNascimento (Lamenha Pequena), Angelo Salvaro (SantaGabriela), Placido Cavassin e Gustavo Joppert (Tranquei-ra) e José B. Maximiliano Straioto (Botiatuba)420.

Apesar do ouro não ter trazido a riqueza sonhada, foramos filhos das recentes gerações da terra de Tamandaré, queencontraram no subsolo, as riquezas que beneficiaram omunicípio. Se hoje possuímos três rodovias, é porque umdos motivos foi à exploração destes minérios que forçaramem consequência estas se desenvolverem. Mesmo que umadelas tenha sido feita pela Companhia de Cimento. Foi porcausa dos grandes calcareiros da década de 1960, que foipossível ser introduzido o telefone na cidade. Pois, este eramuito caro, um artigo que poderia ser até alugado. Comofoi também, no ápice da “Corrida do Calcário”, que o Ba-nestado se interessou em abrir uma agência no municípioem 1977, já que começou existir um fluxo de valores altoscirculando no município. Em consequência destas empre-sas de exploração, outras atividades econômicas foram se420 Arquivo de Requerimento apresentado a Prefeitura municipal de Tamandaré à contar de 11 de novembro a 30

de dezembro de 1931.

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desenvolvendo. Pois, o plantio e exploração de bracatinga,o transporte rodoviário, o aparecimento de metalúrgicas quefaziam britadores e outras peças metálicas para as firmas,posto de gasolina, emprego para população local,...

Ou seja, se o ouro, trouxe as pessoas para as terras tin-guis, a cal e o calcário lhe forneceram o desenvolvimento.É lógico, que existem problemas ambientais causados poresta exploração. Porém, são fatos que já estão sendo resol-vidos, provocados principalmente pela legislação e pelaprópria característica do industrial na atualidade, que bus-ca sempre atender as exigências de qualidade do mercado,a qual exige que os produtos produzam o mínimo possívelde impacto ambiental. Porém, muito ainda deve ser feito.

Notoriamente, se percebe que calcário e a cal, não per-mitem os mesmos lucros de outrora. Por este motivo, nãoraro é ver empresas fechando na cidade. Porém, as que so-brevivem, são aquelas que buscam sempre novas técnicas.No entanto, apesar da exploração ser já antiga em Almi-rante Tamandaré, a água mineral de mesa (engarrafada),poderá em um futuro, ser um prospero investimento, assimcomo a própria água do subsolo, que é explorada, mas queainda pouco recurso trás para o município.

Novos tempos raiam tímidos no horizonte, para trazer alembrança dos velhos tempos que ainda persistem no coti-diano deste povo que tem nos minérios, o seu caminho parao progresso.

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As facilidades encontradas na atualidade para com-prar o que queremos. Faz-nos esquecer dos tempos em quemesmo tendo dinheiro, nem sempre era possível adquirirna hora ou em dias o que se desejava. Não raro, é nos zan-garmos, quando surge a necessidade de ir até a capital parabuscar algum objeto, não disponível na cidade. Porém, nosdias de hoje a locomoção é tão fácil e rápido para a capital,que às vezes até deixamos de privilegiar o comercio local.

O comércio na região onde se encontra Almirante Ta-mandaré, praticamente apareceu junto ao aventureiro quepor estas bandas vieram atrás do ouro no século XVII. Pois,a busca pelo ouro, não se contemplava em dias, mas simem anos. Diante disso, os pequenos arraias por servirem depouso ao aventureiro cansado, já que era sua base e ondese localizava seu domicilio, com certeza dispunha de al-gum pequeno comércio ou atividade comercial ambulante,que fornecia o necessário para a sobrevivência daquelepovoamento. Porém, provavelmente limitado a ferramen-tas vendidas sobre encomenda, couro, tecido, vinho,..., ou

Comércio

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421 Relato de Izalita Rodrigues do Couto Prado, 2002.

seja, produtos, que a principio, não eram produzidos na lo-calidade.

Nesses tempos, muitos negócios eram feitos a base doescambo (troca). Às vezes o aventureiro trazia alguma “dro-ga do sertão” (erva-mate, hortelã,...,), que eram trocadaspor alguns metros de tecido, por exemplo. Ou seja, não eracomum circular dinheiro nesses tempos.

As coisas mudaram com o advento da Villa Nossa Se-nhora da Luz dos Pinhais, onde apareceram os primeirosarmazéns do Primeiro Planalto Paranaense. Diante dessefato, produtos novos foram aparecendo, trazidos por vende-dores da Capital que se deslocavam com carroças cheiasde produtos, para serem vendidos ou trocados nas localida-des mais afastada da Villa (Curitiba).

Já no século XIX, começaram a aparecer na região daFreguesia do Pacotuba, armazéns bem abastecidos. Noentanto, nas localidades mais afastadas o comércio era fei-to através de vendedores que passavam nestas localida-des. Ou os moradores se deslocavam até o armazém maispróximo para comprar o produto que necessitava. Porém,às vezes encomendava alguma coisa a alguém que esti-vesse indo até a Freguesia ou a capital.

Existem relatos, que já em meados do século XIX, exis-tia na região do Botiatuba, uma mercearia pertencente aoSr. José Real Prado (Cônsul da Espanha em Curitiba), queera avó do Sr. José Real Prado Sobrinho casado com donaIzalita Rodrigues do Couto Prado, que nasceu em 1909, erelatou em 2002 este fato421.

Outra mercearia existente na região no final do sé-culo XIX, provavelmente em 1876, era a mercearia doportuguês Teholindo Baptista de Siqueira casado com

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a senhora Rachel Cândido de Siqueira, onde neste es-tabelecimento além de provimentos alimentares e fer-ramenta, existiam fazendas de sedas, fio de casimira.Era uma mercearia muito movimentada, que dava pou-so aos tropeiros que vinham do Assungui controlandoas boiadas. Pois, a mercearia de dona Rachel, ficavabem as margens da Estrada do Assungui (na atual es-quina da Rua Frei Mauro com a Rua Rachel Candidode Siqueira, onde existem as ruínas de uma antiga cons-trução)422.

Já em 1912, o Sr. Domingos Scucato, se estabelece nacidade, abrindo um armazém de secos e molhados, armari-nhos e fa-zendas. Ouseja, foi umdos maiorese mais com-pletos arma-zéns da Villade Taman-daré, o qualpossuía umaenorme vari-edade dep r o d u t o s(desde ferra-mentas a ga-solina). Fica-va no antigocruzamentoda atual Rua Coronel João Candido de Oliveira, com a Es-

Armazém de secos e molhados que estava localizadona atual Rua Coronel João Candido de Oliveira do Se-nhor Domingos Scucato. Antonio Scucato, sentada DonaMaria Scucato Siqueira, atrás Rosa Scucato ao lado deJoão Scucato (Joani), sentada a Senhora Pechina Cora-din, em pé atrás a senhorita Piera Scucato Alves, sen-tado João Coradim, Domingos Scucato, a criança Mar-garida Scucato, dona Ana Caradim Scucato e a criançaTereza Scucato Alves

Foto: acervo particular da Família Viana

422 Relatos de seu Generoso Candido de Oliveira, 2002. Joel de Siqueira, 2001.

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trada do Assungui (ao lado da ponte do Rio Barigui)423.No final da década de 1930, o senhor Pedro Jorge Koto-

viski, abriu um armazém no Córrego Fundo. Já a partir de1947 abriu um armazém de secos e molhados no Botiatu-ba424, o qual possuía tudo que podia ser vendido, desde rou-pa, tecido, ferramenta, querosene, medicamentos, arma defogo, pólvora, munição, radio, bicicleta, peça de bicicleta,...,ou seja, produtos que antes tinham que ser comprados di-retamente em Curitiba. Nesta época, os produtos eram ven-didos a granel, ou seja, era raro e caro os produtos que jávinham embalados.

Neste contex-to, ocorre umacontradição cominicio do relatodeste tamanda-reense, pois, citeique em Taman-daré não era fácilachar certos pro-dutos. Realmen-te, porém, com oadvento dessesraros armazénsestratégicos, muitos produtos começaram a ser acessívelao morador do município. No entanto, com a construção daEstrada Estratégica e o desenvolvimento dos carros e daslinhas de ônibus, a existência desse tipo de armazém, foidesaparecendo já em meados da década de 1970.

Nesta época, não existia o sistema atual compra, onde o cli-423 TRIBUNA DOS MINÉRIOS. Centenário de Domingos Scucato/por Virginia Siqueira Neta. Ano XII, nº 278,

23 de setembro de 1979.424 PREFEITURA MUNICIPAL DE TIMONEIRA. Livro de Lançamento do Imposto/Imposto de indústria, profissões

de pesos e medidas. 1947-1961

Armazém de seco e molhados de Pedro JorgeKotoviski, construído na década de 1950 no Bo-tiatuba. Não existe mais, ruiu devido à constru-ção da nova Wadislau Bugalski

Foto: Álbum de Família de Antonio Kotoviski/ 2002

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ente se servia nas prateleiras. Mas sim, o cliente dizia o que que-ria, e o balconista se encarregava de pegar a mercadoria.

Outros comerciantes fortes eram o Sr. Alfredo Lugarini,na região do Passauna; Frederico Manfron na região daCapivara; Gumercindo Boza e Jacob Manfron em Campo Ma-gro, Jeronymo de Souza Roza (Tranqueira)425, Albino Milek no naSede, fora outros não citados, mas que foram importantespara o desenvolvimento econômico no município.

Na década de 1950, existiam na cidade, 62 estabeleci-mentos comerciais (armazéns, mercearias e bares)426. Nes-ta época ( e anterior a ela) o sistema de cobrança de impos-to tinha uma particularidade, pois, o comerciante registra-va as vendas em um livro, onde posteriormente era calcu-lado o imposto, o qual deveria ser pago com a compra deselos na coletoria, que eram colados nestes livros e carim-bados. Estes selos até eram coloridos sendo que cada correpresentava um valor. Com o advento da autonomia dacidade com a denominação de Timoneira, o selo possui comogravura em cor única o brasão da atual da cidade. Ou seja,o atual Brasão, pelas características nele impressas, e pelarestauração dos símbolos municipais e estaduais com o fimdo período Vargas, tudo leva a possibilidade que o BrasãoMunicipal tenha sido criado já no final da década de 1940.Já os selos anteriores, carregavam o antigo Brasão do Esta-do do Paraná. Curiosamente estes selos tarifários compra-dos na Coletoria também funcionavam informalmente comomoeda corrente.

Nestes tempos, grande parte dos produtos chegavam aoscomerciantes em sacos de 50 kg, ou em barris, no caso doslíquidos como o vinho e a pinga. Os quais eram engarrafa-425 PREFEITURA MUNICIPAL DE TIMONEIRA. Livro de Lançamento do Imposto/Imposto de indústria, profissões

de pesos e medidas. 1947-1961426 ENCICLOPÉDIA DOS MUNICÍPIOS BRASILEIROS. Almirante Tamandaré. IBGE, Vol. XXXI Paraná, Rio de

Janeiro, 1959, p. 26.

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dos pelos próprios comerci-antes. Por exemplo: a PingaScucato possuía este proce-dimento antes de 1950, alémde também ser distribuídas aoutros estabelecimentos.

A partir de 1960, o comér-cio começou encontrar ummercado mais forte na cida-de, em virtude principalmen-te das indústrias de cal que se desenvolviam e geravamempregos na cidade. Já em 1970, o comércio começava ase especializar em determinados produtos. Principalmenteo de material de construção. Já a partir de 1980 começamaparecer papelarias, açougues, autopeças, banca de revis-ta, lojas de moveis,... Ou seja, a evolução do comércio dacidade, é uma consequência do desenvolvimento da explo-ração mineral e da desenfreada urbanização devido à pro-ximidade com a capital. Sendo que o IBGE em 2005 regis-trou 297 comércios varejistas e 24 comércios atacadistas.

Os atuais tempos, não lembram nada do tempo em quea circulação do dinheiro em grande monta era escassa. Pois,observando o relato do Senhor Albino Milek, muitas nego-ciações envolvendo bens duráveis (imóvel ou móvel) erammuitas vezes ou a maioria das vezes feita à base de troca.No entanto, este tipo de negociação ainda era comum nadécada de 1960. Um exemplo para ilustrar o fato: se troca-va alguns metros de madeira por um cavalo. Ou seja, osnegócios ocorriam no contexto do interesse dos envolvidos.Porém, existiam valores de referencia que norteavam asnegociações.

O primeiro selo foi utilizado a partir1948, observem o detalhe do brasão.Já o segundo e o terceiro eram osselos utilizados na década de 1930,porém estes eram confeccionadospelo Estado

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Almirante Tamandaré desde seus primórdios tempos,sempre dependeu do comércio e da exploração de minéri-os. Porém, foram os minérios que atraíram as pessoas paraaqui viverem e em consequência empreender algo que ga-rantisse a sobrevivência. Alguns optaram pela agricultura,já outro por atividades do terceiro setor da economia. Jáoutros, tirando os exploradores da cal, optaram e desenvol-ver pequenas fábricas, de produtos básicos.

Um desses produtos básicos era o tijolo e a telha. Pois,eram produtos, que além de servirem a população local,poderia ser exportado para a capital. Neste contexto, exis-tiu no Tanguá a olaria do Sr. Artur Wolf que remonta a dé-cada de 1940. Já na região da ponte do Taboão, existia aolaria Paulo C. Shimitz Cia Johnson, também remontandoa década de 1940. A Sede do município, também contavacom a olaria do Sr. Pedro Jorge, que remontava a década de1940427. Em 1950 existia a Irmão Bini Ltda na Sede; Himério

Atividades

econômicas gerais

427 PREFEITURA MUNICIPAL DE TIMONEIRA. Livro de Lançamento do Imposto/Imposto de indústria, profissõesde pesos e medidas. 1947-1961.

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Lugarini no Passauna e Indústrias R. Fredolin Wolf na La-menha Pequena428.

Outra forma de captar recursos foram às serrarias, asquais forneciam tabuas, sarrafos, vigas,..., ou seja, produzi-am matéria prima para construções. As principais espéciesvegetais exploradas foram à araucária, imbuia e canela,muito abundante nesta época as quais eram cortadas nabase do machado e transportadas em carroças.

Como não existia energia elétrica em quantidade naquelaépoca para alimentar motores, as serrarias funcionavamatravés de um sistema hidráulico (rodas da água), com ser-ras vai e vem. Eram denominadas popularmente de enge-nho.

No século XIX, na região do Pacotuba, é relatado a exis-tência de uma serraria, movida a roda de água. Sendo que,no mesmo prédio, existia na parte superior (no sótão), ummoinho. O dono deste moinho era um alemão, o Sr. Zeferi-no Zenf429.

Na década de 1940, existia no município na região doBoixininga, a serraria do Sr. Pedro Broto de Andrade, ondehoje fica contemporaneamente o Restaurante e Pesque-Pague do Broto. Já na região da Conceição, existia a serra-ria da família Wolf; no Marmeleiro existia a serraria da fa-mília dos Zem e na Tranqueira as serrarias pertenciam aosStocchero; J. Domingos Chimelli (1928-1931) Tranqueira;Davi Manosso possuía um engenho de serra no Juruqui430.

Na região da ponte do Taboão já na década de 1920, exis-tia uma ferraria, onde se fazia carroça, charrete, carrinhode mão, ferravam cavalo, faziam arado,..., ou seja, ferra-

428 Arquivo de Requerimento apresentado a Prefeitura municipal de Tamandaré à contar de 11 de novembro a 30de dezembro de 1931.

429 Relato de Estanislau Pupia, 1997.430 PREFEITURA MUNICIPAL DE TIMONEIRA. Livro de Lançamento do Imposto/Imposto de indústria, profissões

de pesos e medidas. 1947-1961

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mentas agrícolas,..., sendo o proprietário o Sr. Teófilo Scze-panski sendo que mais tarde passou para o Sr. Paulo Maci-onki. Ainda existe esta ferraria, porém na forma de serra-lheria. Outra ferraria era Vacari Bevirato e Cia no Juruqui431.Em 1950 existia a Francisco Lovato e Irmão na Tranqueira,Pedro Cavichiolo (Lamenha Pequena e Atílio Stela (Passau-na).

Outra atividade que proporcionou recursos às famíliasno município foram as fabricas de derivados de carnes (fá-brica de banha, salame e linguiça). Que funcionaram nomunicípio desde a década de 1940, sendo uma delas locali-zada na Cachoeira, na Rua Mauricio Rosemann, que per-tencia ao senhor Stanislau Borowski, que posteriormentefoi comprada pelo João Fruhwert (João Peixeiro). Já a outrafabrica se localizava em Tranqueira, de propriedade do Sr.Istanislau Miclak432. As quais eram abastecidas por gadovindo do Assungui e da região. Em Campo Magro existia afabrica de Angelim Pianaro; Himério Lugarini no Passaunae Antonio Alves na Sede433.

Existiram no município, desde o século XVIII, os peque-nos engenhos de farinha de milho ou biju. Uma herançaindígena. Esta farinha era fabricada com milho umedecido,onde era socado por um sistema chamado de manjolo, atévirar uma pasta, depois torravam em uma chapa. A maioriadas casas possuía esta fabrica artesanal. Quem não pos-suía, utilizava o manjolo de quem tinha, pois era comunitá-rio. Existiu em grande quantidade, na região do CórregoFundo, Conceição, Marmeleiro, Barra de Santa Rita e Capi-vara. Na região da sede, não existia esta atividade.

431 Idem.432 Idem.433 Arquivo de Requerimento apresentado a Prefeitura Municipal de Tamandaré à contar de 11 de novembro a 30

de dezembro de 1931.

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Esta técnica existiu até meados da década de 1960, sen-do substituída por modernas máquinas. O que extinguiu aprodução artesanal para a venda em nosso município.

Na década de 1920 na Lamenha Pequena, existiu umafabrica de Barrica que foi fechada em 1931 de propriedadede João Antonio Zem434. No Pacotuba, ainda no inicio doséculo, o Sr. Damião Kotoviski produzia calçados em suaOficina de Sapato. Já na Sede existiu uma fabrica de tinta(Irmãos Garibaldi Ltda) na década de 1940 até meadosda década de 1950. Existiu uma Fabrica de Tamancona Colônia Santa Gabriela de propriedade de BejamimGranato nas décadas de 1940 e 50435. Já o Senhor João Ba-tista de Siqueira possuía uma Fabrica de Crina Vegetal noMato Dentro.

Também merece destaque já na década de 1940 a Pani-ficadora de propriedade de Maire Stocchero em Tranqueirae a Panificadora Palanicheski na Sede. Outra atividade ve-rificada foi: Alfaiataria de Leonardo Lewirkoski na ColôniaLamenha e a Alfaiataria de Brutus Clemens na Cachoei-ra436.

Em 16 de maio de 1977, é inaugurado na Avenida EmilioJohson, o Banco BANESTADO (Banco do Estado do Para-ná). Foram os primeiros funcionários desta agência (JoséliaAparecida Kotoviski, Dioclécio Ferreira da Silva, Cesar Au-gusto Bini, Luiz Mozart Gobor, Gerente Benedito Mendon-ça, Jurez Campele, Luiz Fernando dos Santos). No ano de2001, o Banestado se torna Banco Itaú, operando no mes-mo local da antiga denominação.

Em meados da década de 1980 o Banco do Brasil, abre434 Arquivo de Requerimento apresentado a Prefeitura Municipal de Tamandaré à contar de 11 de novembro a 30

de dezembro de 1931.435 PREFEITURA MUNICIPAL DE TIMONEIRA. Livro de Lançamento do Imposto/Imposto de indústria, profissões

de pesos e medidas. 1947-1961.436 PREFEITURA MUNICIPAL DE TIMONEIRA. Livro de Lançamento do Imposto/Imposto de indústria, profissões

de pesos e medidas. 1947-1961.

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uma agência, ao lado do Banestado. Por ser pequena e nãoacompanhar a demanda necessária para uma qualida-de melhor de atendimento, o Banco do Brasil, muda-se para a esquina da av. Emilio Johnson, com a RuaFredolin Wolf, (imóvel do Sr. Albino Milek, onde é atu-almente é a Panificadora Reis). Por fim, com sede pró-pria muda-se no endereço em frente na própria aveni-da, onde existe até o momento.

Luiz Arcélio da Cruz relata que em junho do ano de 1989,é inaugurado também na Av. Emílio Johson no imóvel depropriedade do seu Albino Milek (onde hoje se encontra aLoja Santista), uma agência do extinto Banco Bamerindus,onde pioneiramente trabalhou na função de caixa. Estebanco fechou em 1997, onde seus funcionários foram rema-nejados para a agência em Colombo sob o novo nome deHSBC.

Já no dia 10 de maio de 2004, junto a Rua José CarlosColodel, esquina com a Rua Lourenço Ângelo Buzato, seestabelece no município a Caixa Econômica Federal, coma denominação de Agência Pedra Branca. Nome definidoatravés de um concurso cultural promovido entre os alunosdas Escolas da Rede Municipal de Ensino, em conjunto coma prefeitura. Seu primeiro gerente foi João Antonio Devi-ta437.

Por fim, em Julho de 2008, se estabelece no município oBanco Bradesco, tendo como primeiro gerente o Sr. AlmirJacson Blogoslowiski. Esta informação foi possível graçaao Sr. Reginaldo Bassetti, que também foi um dos pioneirosfuncionários da agência.

No final da década de 1980, (depois de 1987), foi estabe-

437 FOLHA DE TAMANDARÉ. Caixa Econômica agência em Almirante Tamandaré. Ano XVIII, nº 477, abril de2004, p.07.

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lecido no Bairro da Cachoeira um posto avançado do BancoBanestado, vinculado a Agência Banestado 202-X do cen-tro de Almirante Tamandaré. O qual na década de 1990deixou de funcionar. Antes da existência de bancos na ci-dade, os empresários locais tinham que se deslocar até acapital, para poder utilizar-se dos serviços bancários.

Como é possível observar não só neste capitulo, mas emum contexto econômico geral da história da cidade. Que omunicípio teve como principais atividades econômicas ocomércio representado por mercearias, botequins, secos emolhados; a queima da cal e derivados; olaria; ferraria; de-pósitos e extração de lenha; exploração de pedreira; fabricade vinho; moinhos de cereal, a agricultura e fabrica de vi-nho como os carros chefes provedores de recursos ao seupovo. Ou seja, existiam outras atividades, mas que eramexplorada de forma solitária e limitada. Mas que tambémcolaboraram para o desenvolvimento da cidade.

Em 2006 segundo o Instituto Brasileiro de Geografia eEstatística, o município conta: 18 indústrias de extração deminerais; 52 indústrias de produtos minerais não metáli-cos; 32 indústrias metalúrgicas; 04 indústrias mecânicas;07 indústrias de materiais elétricos e de comunicações; 03indústrias de materiais de transporte; 22 indústrias de ma-teriais e do mobiliário; 05 indústrias do papelão, papel, edi-torial e gráfica; 10 indústrias da borracha, fumo, couros,peles, produtos sintéticos e indústria diversa; 17 indústriasquímicas, produtos farmacêuticos, veterinários, perfumes,sabões, velas e materiais plásticos; 05 indústrias têxteis,vestuário e artefatos de tecido; 16 indústrias de produtosalimentícios, bebidas e álcool etílico e 06 serviços industri-ais de utilidade pública.

Este mesmo senso registrou os seguintes números de

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estabelecimentos prestadores de serviços: 38 na constru-ção civil; 04 instituições de crédito, seguro e de capitaliza-ção; 45 administradoras de imóveis, valores mobiliários,serviços técnicos profissionais e auxiliares ativos economi-camente; 27 prestadores de transporte e educação; 69 ser-viços de alojamento, alimentação, reparo, manutenção, ra-diodifusão e televisão; 12 serviços médicos, odontológicose veterinários; 08 de ensino e 16 prestadores de serviços deagricultura, silvicultura, criação de animais, extração ve-getal e pesca.

Como é possível observar nestas estatísticas e no cotidi-ano, fica notório o acelerado desenvolvimento econômicoque atingiu o município nas ultimas três décadas. Porém,este desenvolvimento ainda deve ser aperfeiçoado para re-almente trazer efeitos benéficos no contexto da realidadeda cidade.

Foto: Antonio Ilson Kotoviski Filho, maio de 2011

Moinho Nossa Senhora do Carmo, no Marmeleiro, construído em 1948pelo senhor Natal Perussi. Este estabelecimento também funcionou comomercearia além de produzir energia elétrica para alimentar a própria resi-dência e carregar baterias. Por anos produziu Fubá, Quirera, Canjica eBiju, sua força hidráulica era produzida pelas águas do Rio Passauna

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Neste contexto, deve ser destacado como grande cola-borador do desenvolvimento econômico no município o Se-nhor Antonio Gedeão Tosin, o qual foi segundo muitos dosmoradores antigos entrevistados, uns dos primeiros taman-dareenses a desenvolver a industrialização no município.Pois, praticamente desenvolveu e se especializou na hidra-tação da cal. Segundo informações da Folha de Tamandaréde 16 de janeiro de 1986 em seu numero 22. Este tradicio-nal cidadão foi o primeiro a construir uma Fabrica de Cal noBrasil (não confundir com o primeiro forno contínuo). Nas-ceu em Colombo em 20 de julho de 1891, mas viveu prati-camente sua vida toda em Tamandaré até o advento deseu falecimento em 15 de setembro de 1974.

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HISTÓRIA DO MUNICÍPIO DE ALMIRANTE TAMANDARÉ

Meu nome é ANTONIO ILSON KOTOVISKI FILHO.Nasci as 10:00 horas do dia 10 de outubro do ano de 1976(Domingo de primavera no hemisfério sul, com cara de in-verno) no Hospital e Maternidade Nossa Senhora de Fáti-ma. Que se localizava na Avenida Visconde de Guarapua-va 3077, cidade de Curitiba, Estado do Paraná, Brasil, Con-tinente da América – Subdivisão América do Sul.

Sou o primeiro filho do casal formado por Antonio IIsonKotoviski e Josélia Aparecida da Cruz Kotoviski. Estecasal já está casado á 34 anos. Antonio Ilson Kotoviski,filho de Pedro Jorge Kotoviski (filho de Damião Kotovcz(meu bisavô filho de Nestor Kotovcz e Anastacia Kotovcz)com Francisca Brzezinski Kotovcz (minha bisavó filha dePedro Brzezinski com Paulina Ponezek) e Noêmia Cordei-ro Kotoviski (minha avó, filha de Antônio de Paula Cordei-ro, filho de Manoel de Paula Cordeiro com Geralda Gou-veia) e Belarmina de França Dias filha de Honorato Diasda Rosa e Dina de Lara), respeitada senhora da sociedadetamandareense. Era comerciante. Já meu avô na sua ju-

Biografia

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ventude participou como soldado artilheiro do Exército Bra-sileiro no famoso e histórico Cerco de Itararé, que foi conse-quência da Revolução Constitucionalista de 1932.

Meu pai é industrial e empresário do setor de ilumina-ção pública, foi presidente do PSC (Partido Social Cristão) éuma pessoa com grande influencia política nos municípiosde Almirante Tamandaré, Campo Magro, Bocaiúva do Sul,Rio Branco do Sul e Itaperuçu. Foi criador do primeiro Guiade rua e serviços do município de Almirante Tamandaré,no ano de 1993. É cunhado do ex-prefeito de AlmiranteTamandaré Cide Gulin (Arcidíneo Felix Gulin) (meu tio) eirmão da Vereadora de Almirante Tamandaré Clarice Gu-lin (minha tia) que teve a honra de ser uma das primeirasmulheres a exercer o cargo de vereadora do município. Oqual geraram três filhos Luciano Gulin, Rogério Gulin eAlessandro Gulin.

Meu pai ainda possui outros irmãos: Otavio Kotoviski,comerciante do ramo de vidraçaria que foi jogador de fute-bol profissional na posição goleiro (1977) do Pinheiros (atu-almente é Paraná Clube), protetor do meio-ambiente, casa-do com Jussara Pavin prima da ex-prefeita e deputadaestadual do município de Colombo, Elisabete Pavin, quepossuem dois filhos Phablo Kotoviski e Flavia Kotoviski.Irmão de Francisca Kotoviski Manfron, professora do Es-tado do Paraná, três vezes Secretaria de Educação do mu-nicípio de Campo Magro, casada com Sérgio Manfron, quegeraram três filhos: Fabio Manfron, Karina Manfron e Je-rusa Manfron. Irmão de Adriano Wilson Kotoviski, comer-ciante e soldado do Exército Brasileiro servindo em Brasília(Capital da Republica Federativa do Brasil) casado comLúcia Margarida Bini Kotoviski, geraram três filhos: ThaisAdriana Kotoviski, Lincoln Adriano Kotoviski e Débora

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Laís Kotoviski. Irmão de Leonice Kotoviski Milek, respei-tada senhora da sociedade tamandareense (minha madri-nha), casada com o comerciante Albino Milek, criaram doisfilhos: Imério Milek e Luciana Milek. Meu pai Antoniopossui dois irmãos os quais não conheci. Como tambémnenhum dos meus outros tios paternos. Pois estes falece-ram no parto, seriam os meus tios mais velhos, seus nomeseram José Kotoviski e Adão Kotoviski.

Josélia Aparecida da Cruz Kotoviski (minha mãe), éprofessora de Língua Portuguesa, Inglês e Literatura. FoiDiretora, Vice-Diretora, Coordenadora do Colégio EstadualJardim Paraíso. Mestra em Ciência da Educação, bancáriado extinto Banco do Estado do Paraná (BANESTADO), pin-tora, coordenadora de ensino especial do município de Al-mirante Tamandaré, coordenadora municipal do projetoParaná Alfabetizado no ano de 2005, e coordenadora deCurso Técnicos a Distância ofertados pelo ITDE da Univer-sidade Federal do Paraná no município tamandareense. Foicomerciante do ramo de confecções. É filha de José Ido daCruz (meu avô, filho de Rodolfo Estevão da Cruz filho de(Adolfo Estevão da Cruz e Juvina C. da Cruz) com IreneColodel da Cruz filha de (José Colodel e Filomena Lugari-ni Colodel) comerciante do ramo de supermercado, ex-de-legado do município de Almirante Tamandaré. Odete Bas-so da Cruz (minha avó, filha de Frederico Manosso Bassofilho de Francisco Basso e Maria Hercule Basso) com Vi-tória Manosso Basso (filha de Davi Manosso e Silvia JustiManosso), comerciante do ramo de confecção, enfermeirado Hospital Pequeno Príncipe (hospital especializado ematendimento a crianças), e senhora muito respeitada nasociedade tamandareense. Irmã de Rita Joseli da Cruz,ex-Diretora do Colégio Estadual Jardim Paraíso, professora

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de Educação Física, Especialista em Educação Especialcasada com Gilberto Martins Queluz Junior, geraram umfilho, Felipe Heron Queluz. Irmã de Carlos Rodolfo da Cruzcomerciante, político do Município de Almirante Tamanda-ré, casado com Juçara Daluz Dalazuana, geraram um fi-lho Carlos Rodolfo da Cruz Junior e Fernanda Augustada Cruz (filha do primeiro casamento com Amarilda Gu-lin). Irmã de José Antonio da Cruz, comerciante e empre-sário do ramo de reciclagem, professor do Estado do Paranáda disciplina de Matemática, foi presidente Municipal doPTB (Partido Trabalhista Brasileiro), gerou uma filha, IsisDanniele Cury da Cruz. Irmã Luiz Arcélio da Cruz que foifuncionário público do Estado do Paraná, bancário do 5º.maior banco do mundo (HSBC), ex-peão de rodeio, oficialde justiça da Comarca de Almirante Tamandaré, casadocom Djanane Pedroso da Cruz (funcionaria pública, na fun-ção de secretaria escolar), geraram dois filhos, Gabriel Hen-rique da Cruz e Lucas da Cruz.

Família Cruz/Em pé: Josélia, José Antonio,Rodolfo, Rita, Célio. Sentados: Odete e José Ido

Foto: Álbum Familiar/2004

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Possuo um irmão mais novo, Jeann Carlo Kotovski, en-genheiro eletricista, católico atuante, ex-soldado do Exér-cito Brasileiro e musico (toca teclado, piano e órgão), casa-do com Melissa Camargo Kotovski (pedagoga, proprietá-ria de empresa de treinamento e desenvolvimento profissi-onal/organizacional).

Estudei no centenário (fundado em 1904) Colégio Vicen-tino São José, que se localiza na Rua Padre José JoaquimGoral, 182, bairro Abranches, Curitiba, Estado do Paraná –Brasil, do ano de 1981 a 1993. Cursei o Ensino Médio noColégio Unificado que se localiza na Rua 13 de Maio, 450,Centro, Curitiba, Paraná no ano de 1994. Mas terminei osestudos no Colégio Estadual Ambrósio Bini que se localiza-va na Avenida Emilio Johnson 1152, cidade de AlmiranteTamandaré, Paraná nos anos de 1995 a 1996.

Cursei e me formei em Estudos Sociais em 03 de julhode 1998 pela Universidade do Oeste Paulista (UNOESTE),localiza-se na Rua José Bongiovani, 700, cidade de Presi-dente Prudente – Estado de São Paulo – Brasil. Cursei e meformei em História, também pela Universidade do OestePaulista (UNOESTE) em 30 de junho de 2000.

Cursei e me tornei Mestre em Ciência da Educação noano letivo 2000/2001 pela Universidade Internacional, quese localiza na Rua Vasco da Gama, 14 – 2685 Portela – LRS– país Portugal.

Cursei Direito e me tornei bacharel em 2007, pelo Com-plexo de Ensino Superior do Brasil (UNIBRASIL) que se lo-caliza na Rua Konrad Adenaur, 442 – bairro Tarumã, Curi-tiba – Estado do Paraná.

Tornei-me Especialista em História do Brasil em 2010 pelaFaculdades Integradas de Jacarepaguá, localizada na Ladeira daFreguesia, 196 – Freguesia – Jacarepaguá – Rio de Janeiro.

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No dia 17 de fevereiro de 1997 fui admitido pelo Estadodo Paraná para lecionar inicialmente na Escola EstadualJardim Paraíso e na Escola Jaci Real Prado de Oliveira, ain-da em tempos que esta instituição compartilhava o espaçocom a Escola Municipal São Francisco. Sendo minhas pri-meiras disciplinas que lecionei: Educação Física e Históriano Jardim Paraíso e Português (6ª e 8ª séries), Matemática(5ª série) e Ciências (8ª série) na Escola Jaci. Ou seja, 36horas aulas semanais e mais 3 horas aulas para ajudar fe-char o quadro de aulas.

Trabalhei como professor de História do Brasil, Históriado Paraná, História Geral, Geografia do Brasil, Geografia doParaná, Geografia Geral, Filosofia, Educação Física, Mate-mática, Língua Portuguesa, Química, Ensino Religioso eCiências nas seguintes escolas de ensino médio e funda-mental: Colégio Estadual Jardim Paraíso, Escola EstadualProfessora Jaci Real Prado de Oliveira, Escola Estadual Jar-dim Apucarana, Escola Estadual Lamenha Pequena, Esco-la Estadual Pedro Piekas, Colégio Estadual Tancredo Ne-ves, Escola Estadual Floripa Teixeira, Colégio Estadual VilaAjambi e Colégio Ângela Sandri Teixeira. Todas localizadasem Almirante Tamandaré nos períodos de 1997 até os diasatuais (2011). Fui Professor do Curso de Pós-Graduação emHistória, ofertado pela Faculdades Integradas de Jacarepa-guá – Rio de Janeiro – Rio de Janeiro. Trabalhei tambémcomo comerciante de artigos de presente e confecções, fuiproprietário de uma loja e oficina de peças e equipamentospara bicicleta e proprietário da empreiteira de iluminaçãopublica Comercial Saturn, todas localizadas na cidade deAlmirante Tamandaré nos anos 1989 a 1996.

Fui um grande desportista. Como aprendiz de Karatê,graduei-me na faixa amarela no ano de 1982. Como apren-

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diz de Kung-Fu, conquistei o nível azul nos anos de 1992 a1994. Fui jogador de futebol do Clube Atlético Paranaensena posição de zagueiro-central, quarto-zagueiro e médiovolante, da categoria “cobrinha” (sub-12) na temporada de1987 e 1988. Também vesti as cores da Sociedade Recreati-va Almirante Tamandaré nos anos de 1989 a 1990. Porémfoi no Mountain Bike que eu mais me destaquei. Tive ahonra de disputar mais de 100 competições, nos anos de1995 a 2003. Entre estas competições de Mountain Bikedestaco a competição dos Jogos Ciclísticos Universitários(2000) onde alcancei a medalha de bronze. Fui o primeirociclista a participar dos Jogos Aberto do Paraná em Toledo(1999) como representante da cidade de Almirante Taman-daré, fiz parte da Seleção Paranaense de Mountain Bikemontada pela extinta APRMTB (Associação Paranaense deMountain Bike). Disputei e consegui a primeira posição emuma competição de Duathlon realizada em Almirante Ta-mandaré (1999). Como praticante de mountain bike dispu-tei campeonatos nacionais, estaduais, regionais, metropo-litanos, provas festivas,... nas categorias Cadete (1995),Estreantes (1995-1997), Expert(1998), Sub-23(1999), Pró-Eli-te(1999-2003).

Também fui atleta das modalidades dos 100 metros ra-sos, 200 metros rasos, revezamento 4 X 100 e salto e dis-tância, quando integrava o time de atletismo do ColégioVicentista São José (1990 a 1993), onde tive a oportunidadede disputar os Jogos Escolares de Curitiba.

Mas uma paixão me despertou o dom da poesia, sendoque cheguei até a escrever um livro para explicitar o meuamor que sentia por uma senhorita de minha cidade. Acre-ditem não adiantou muito! Sendo assim comecei a tomargosto pelo mundo das palavras e lancei outro livro. Os li-

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vros lançados foram “Amor descrito por um apaixonado pelavida” (2001) e “Sonhando escrevi sobre o amor” (2002). Es-tes livros foram distribuídos a diversas bibliotecas es-palhados pelo Brasil e mundo. Mas existem outros jáprontos, mas que não foram lançados até o momento(2010), são eles: Versos imperfeitos. Intenções verda-deiras (poesia); Viagem versada (poesia); Poesias: orefugio de uma alma romântica (poesia); Inspiraçãoderradeira (poesia); Escrituras românticas (poesia); Vozinterior! (poesia); Reflexos de muitos momentos (poe-sia); A história da humanidade em versos (poesia); Ahistória brasileira em versos (poesia); Os países do pla-neta terra em versos (poesia); Livro negro: o lado opostodo amor (poesia); Horizonte terminal (romance ficçãocientifica); A indisciplina no contexto escolar (técnico

pedagógico); O Integralismo noBrasil (técnico histórico) e o Li-brorum Prohibitorum (filosóficoe Nova Era). Atualmente já sãomais de 1850 poesias inéditascriadas por mim. Além de escreverpoesias escrevi artigos sobre fute-bol (mais especificamente sobre oClube Atlético Paranaense), paraos sites www.furacão.com, ewww.rubronegro.net.

Escrevi um breve histórico deminha vida desde o meu nascimen-

to até este momento em que possuo 34 anos. O que vierdepois disso tentarei descrever e colocar em uma outro obraliterária.

Foto: Arquivo da Família Kotoviski, 2009

Mestre Antonio IlsonKotoviski Filho,

formando em Direito

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Contar a história de uma localidade não se faz do diapara a noite. Tão pouco em meses ou em alguns anos depesquisa. Tão pouco a história de um lugar se prende apolítica única e exclusivamente ou a fatos analisados poruma visão doutrinaria ou ideológica. Ou seja, na perspecti-va de julgamento se certos ou errados. A História de umlugar são relatos de fatos, que forjam a cultura de um povo.São fatos e acontecimentos cotidianos que parecem sim-ples e até passam sem receber nenhuma atenção. Mas quedentro de um contexto especifico para a localidade propor-cionaram uma grande revolução.

A história de Almirante Tamandaré possui esta particu-laridade. Pois, independente de estar englobada em umahistória maior e sofrer as influencias diretas e indiretas da-quela. A cidade em si, possui uma história única e exclusi-va. A qual a torna particular e exclusiva de seu povo.

O modesto livro tecido que preencheu a mente de mui-tos com informações e curiosidades, como também fez re-nascer lembranças até então adormecidas que pareciam

Considerações finais

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sem importância. Foram imortalizadas em pouco mais decinco meses. Ou seja, este livro de história foi lavrado emcinco meses!

Mas muitos irão se questionar: “cinco meses de pesqui-sa, então grande parte do que esta escrito aqui é uma falá-cia.” Sim. Realmente, tal revelação superficialmente passaeste raciocínio. Porém, ele foi tecido em cinco meses, nãopesquisado.

Pois, para se ter a facilidade de escrever algo sobre umlugar em tão breve período é necessário possuir uma gran-de gama de informações. E é neste contexto que aparece oprimeiro passo da investigação cientifica. Ou seja, conhe-cimentos específicos sobre o contexto e veracidade destasinformações.

É no tocante a esta condições que iniciou a minha in-vestigação. Pois, já são 34 anos que recebo informaçõessobre a história de Almirante Tamandaré. São conhecimen-tos que adquiri, escutando involuntariamente a conversados outros. Eis, que sou um filho nato desta terra, meuspais também são e os pais deles,... Ou seja, eu sou ummembro da sociedade, que participa de eventos, de festas,de reuniões e do cotidiano que movimentam a cidade,...,sou uma pessoa que desde a minha infância acompanhomeus familiares e familiares de outras famílias tradicionalda cidade.

Neste contexto possuo o que todo tamandareense natode minha idade ou mais experiente que eu contempla. Ouseja, marcos de referencia. Diante disto, se nós precisar-mos de informações sobre política, saberemos a quem re-correr; sobre calcário, saberemos onde encontrar,... Ou seja,o que é um mistério para muitos que não são da terra, paranós, é uma coisa tão comum, que às vezes nem percebe-

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mos a importância disto, a ponto de deixar o tempo consu-mi-la.

Mas, não é só de relatos orais que uma obra cientificaganha credibilidade. Mas sim dos fundamentos que recep-cionam estas informações e lhe dão terreno firme e plausí-vel.

Foi a partir deste raciocínio e posterior reflexão e a formacomo estão se propagando certos fatos históricos, que meraiou a ideia de escrever um livro sobre a história da cida-de. Pois percebi, que os professores que contam a “Históriade Almirante Tamandaré”, já estão em idade muito avan-çada. Diante deste natural quadro, conclui que se alguémnão guardar o conhecimento que estes ilustres senhores esenhoras da sociedade local possuem sobre a história ta-mandareense, anterior a década de 1950, eles se perderiamno tempo, como ocorreu nos tempos ainda dos pioneirosdesbravadores. Os quais estiveram aqui. Porém, não sabe-mos quem eram, quantos eram e o que realmente faziam.Tudo que sabemos é baseado em suposições técnicas e devagas pesquisas de geógrafos e historiadores da década de1920. Ou de relatórios oficiais ainda do tempo em que anossa região pertencia a Curityba, mas que também estãose consumindo no tempo ou possuem acesso restrito e ex-tremamente burocrático.

Diferente dos pioneiros habitantes, ainda é possível, co-nhecer a história de Tamandaré desde sua emancipação,até os dias atuais, ou seja, mais de 122 anos se contar ain-da um pequeno período anterior a sua emancipação.

Pois, os professores os quais pude apreender algo comeles, nasceram em 1909, 1910, e conviveram com pessoasnascida no século XIX. No caso, cito minha avó NoêmiaKotoviski que nasceu em 1920, e lucidamente conta a his-

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toria dos pais dela, que nasceram no século XIX; o firme eforte seu Tono, (Antonio Candido de Siqueira), neto de umIntendente de tradicional família pioneira do município,nascido em 1921; a saudosa Izalita Rodrigues do Couto Pra-do, que nasceu em 24/02/1909 e o seu esposo seu Zezinho(o saudoso José Real Prado Sobrinho), que conheci aindacriança, mas nesse tempo, escutava ele falar do passado,como se lá estivesse naquele momento. O também saudo-so Seu Generoso Cândido de Oliveira, nascido em 1916, fi-lho do Coronel João Candido de Oliveira. O tio José Fran-cisco Kotoviski, que cheguei conhecer, nascido em 1909; osaudoso avô Pedro Jorge Kotoviski; nascido em 19 de outu-bro de 1913; também o meu saudoso bisavô Rodolfo Este-vão da Cruz nascido em 20 de junho de 1905; a saudosadona Adelina Santos Scucato, nascida em 1919, a qual quan-do ia comprar na loja de confecção de minha mãe, faziauma retrospectiva histórica espetacular espontaneamen-te,... Ou seja, estes professores, relatavam coisas natural-mente, em simples conversas que tinham com velhos co-nhecidos. E por sorte eu escutei muita dessas conversas,mas só agora percebi a importância de todas estas históri-as que eles tinham a satisfação de contar.

Porém, outros professores mais recentes, que tambémrelatam muita coisa, são meu avô materno seu José Ido daCruz, filho de filho da terra, desde 1932, minha avó OdeteBasso da Cruz, filho da terra desde 1935, porém de paisimigrantes da Itália. Seu Joel Siqueira nascido em 1949, osenhor João Bugalski, neto de Ignácio Lipski, o Sr. Zair Joséde Oliveira nascido em 1946, neto do Coronel João Candidoe de seu José Real Prado Sobrinho, seu Albino Milek, meupai Antonio Kotoviski, meus tios Otavio Kotovski, Luiz Ar-célio da Cruz,...

Cada professor deste foi especializado em um determi-

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nado setor da sociedade. Um exemplo são meus avôs. Eisque eles possuem uma gama de informações, porque pos-suíam armazéns e mercearias em tempos que estes nãoeram encontrados com facilidade na cidade. Ou seja, escu-tavam historia (e não estórias), de tudo que é tipo. Nestesentido, eu sempre tive a meu dispor um suporte referenci-al. Onde meu único trabalho na realização desta obra era ode confirmar a veracidade e casar informações, no contex-to de outras versões que recebia de outros professores ecom fontes documentais escritas, preservada em periódi-cos, fotos e documentos oficiais dos mais diversos gêneros.

Neste contexto de confirmação e fundamentação, meupai que muito me ajudou com suas informações, ficava bra-vo, quando eu ia confirmar o tal fato com outras pessoas eem documentos diversos. Achava que eu não acreditava.Porém, eu sempre explicava para ele, que era necessário,pois, desta vez eu não estava escrevendo um livro de poe-sia, mas sim um documento histórico, onde a oralidade devepossuir uma base probatória em documentos, leis, mapas,periódicos, fotos e notoriedade pública (que se confirmemem outros relatos). Como também toda fonte documentaldeve ser analisada dentro de um procedimento e métodocientifico especifico para verificar sua coerência e veraci-dade, não para julgar se certo ou errado ou para interpretarsobre um contexto doutrinário438.

Pois, não quero cometer erros, como o do professor Ro-nel Corsi, cujo qual, expôs de forma publica em seu Blog439

e no Museu da Escola Pública, a informação que o prédioda atual Escola Rosilda Municipal Kowalski e CEBJA Ayr-ton Senna, foi construído em 1911. Quando na verdade o438 BOOTH, Wayne C, COLOMB, Gregory G, WILLIAMS, Joseph M. A arte da pesquisa. São Paulo: Martins Fontes, 2000.439 REVELANDO A MEMÓRIA NA MEDIDA E NA NECESSIDADE. Revelando a memória na medida e na ne-

cessidade: Detalhes arquitetônicos escolares/terça-feira, 27/10/2009 . Disponível em:< http://ronelcorsi.blogspot.com/2009/10/revelando-memoria-na-medida-e-na_27.html > Acesso em: 29 jan. 2011.

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mesmo só foi entregue em 1950. Ou seja, o projeto até podeser de 1911, mas sua construção só ocorreu em 1950. Comotambém, nenhuma foto panorâmica da região, anterior a1950, possui o edifício no local onde se encontra contempo-raneamente. Da mesma forma, uns dos pedreiros que aju-daram a erguer a escola, foi o saudoso Bernardo Milek. Quetambém participou da construção da Delegacia de Almi-rante Tamandaré440. A de ressaltar que as pedras utilizadaspara construir as bases deste prédio e da delegacia, foramfornecidas pelo Sr. Albino Sipla (nascido em 1914)441. Outrofator relevante é que no relatório de obras do Governo Moy-sés Lupion esta obra aparece em fase de construção442. Ouseja, o que eu tentei demonstrar, que qualquer informaçãode caráter histórico, deve possuir um embasamento de con-firmação em mais de uma fonte. Pois, a credibilidade deum fato histórico, não esta em sua “interpretação socialideológica”, mas sim em sua precisão de ocorrência e des-crição. Da mesma forma que nem tudo que se encontraescrito em um livro possui o status de infalibilidade. Pois,quando se explora um passado que em um primeiro mo-mento ocorre a ausência de documentos e fica preso so-mente a oralidade, a informação pode se distorcer involun-tariamente com o tempo. Já que um conta de um jeito e érepassada de outro. Neste contexto se comprova a existên-cia do fato, mas esta comprovação não se estende no con-texto de como ela se processou.

Outro fato importante a demonstrar, é que não basta tereste cuidado apenas. Deve-se possuir necessariamente co-nhecimentos geográficos regionais muito amplos,... Pois,caso contrário pode recair em armadilhas, as quais resul-440 Relato de Albino Milek, em 2011.441 KOKUSZKA. Pedro Martim. Nos Rastros dos Imigrantes Poloneses. Curitiba: Ed. Graf. Arins, 2000, p. 95.442 GOVERNO DO ESTADO DO PARANÁ. A concretização do plano de obras do Governador Moyzés Lupion

1947-1950. (Arquivo Publico do Paraná, Ano 1947-1950 MFN 1146, Moysés Lupion), p. 84.

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tam em erros graves. Um exemplo: a localidade Botiatuba.Eis que em muitos livros e documentos ela se apresentacomo um arraial próximo à mina de ouro443 e por coincidên-cia vizinha ao Passaúna. Já em outros sem uma exposiçãogeográfica se apresenta: “como terra doada em 1686, peloCapitão-Mor governador Thomaz Fernandes de Oliveira ouSr. Manoel Soares que era dono da região do atual Butiatu-ba vizinhas com a sesmaria de seu sogro D. Rodrigo e o RioPassaúna”444. Ou seja, dentro de uma lógica parece que estase tecendo sobre o Botiatuba tamandareense, já que estefica próximo a nascente do Rio Passauna. E por este motivose recai no erro de se tecer estas informações verídicas comose pertencentes à localidade. No entanto, esta informaçãoesta equivocada.

Por que? Porque o Botiatuba que se esta se referindo é oque está localizado em Campo Largo (Botiatuva), ao ladodas minas de Itambé. Porém, naquela época se escreviaBotiatuva que é o mesmo que Botiatuba, Butiatuva e Buti-atuba. O qual era vizinho do Passauna. Que fica próximo doBotiatuvinha. Ou seja, não basta verificar a veracidade dainformação, se deve também verificar a posição geográficae se não existe uma localidade homônima.

Mas hipoteticamente, a área atual do Botiatuba taman-dareense, poderia ter pertencido a essa sesmarias, a qualfoi dividida com o tempo entre herdeiros de Baltazar Car-rasco dos Reis e os herdeiros destes,... Pois, no século XVIIas sesmarias eram de grandes extensões territoriais. E asdivisas naquele tempo, eram demarcadas por marcos natu-rais (rio, colinas, campos,...). Este marco era o Rio Passau-

443 WACHOWICZ, Ruy Christovam. História do Paraná. 9. ed. Curitiba: Imprensa Oficial do Paraná, 2001, p. 62-63.444 STANCZYK FILHO, Milton. Alianças Matrimoniais e Estratégias de Bem Viver no Espaço Social da Vila

de Nossa Senhora da Luz dos Pinhais de Curitiba (1690 – 1790). Universida Federal do Paraná, trabalhoapresentado no XIII Encontro da Associação Brasileira de Estudos Populacionais, realizado em Ouro Preto,Minas Gerais, Brasil de 4 a 8 de novembro de 2002, p. 10-11.

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na, o qual possivelmente foi estudado e investigado paraver se não existia ouro de aluvião no caminho feito por ele.Tanto em a sua foz, quanto em direção de sua nascente.Como não seria surpresa, que a região do Botiatuba, deri-vou da área maior, a sesmaria de Butiatuba (atual Botiatu-va em Campo Largo), que é separada pela área do Butiatu-vinha (não muito longe um do outro, também derivada des-te)445. Talvez seja este motivo que a região do Marmeleiro eBotiatuba já aparecem com povoamentos em meados doséculo XVIII e antes disto pelo número de pessoas existen-tes dentro de um contexto de “quarteirão”. Porém, isto éuma hipótese, não uma afirmação.

Ou seja, só expus uma observação de considerações fi-nais, sem ter conseguido uma prova concreta para tal fato,mesmo eu tendo tido o contato com fragmentos de escritu-ras e instrumentos de transferências e testamentos destaépoca. Pois, o problema aparecia pela falta de mapas preci-sos e no contexto homônimo de localidades, além do fatodesses documentos estarem dispersos entre os cartóriosda Comarca de Campo Largo, Curitiba, Paranaguá, Arqui-vo Publico e museus restritos, fora os que se perderam como tempo por indevida conservação. Ou seja, como expres-sei inicialmente, estes fatos eram tão comuns, que ninguémse dava conta que um dia seria histórico, por isto ninguémcuidou adequadamente. A mentalidade de preservação deacontecimento cotidiano é um fato tímido, indireto, recen-te e restrito a certas pessoas. Não é uma mentalidade gerale difundida. Por este motivo que esta observação não apa-rece nos capítulos iniciais. E não deve ser considerada comoverídica ou plausível.

445 NEGRÃO. Francisco. Boletim do Archivo Municipal de Curytiba/Documentos para a história do Paraná/Fundação da Villa de Curytiba 1668-1745. Vol.VII, Curytiba, Livraria Mundial, 1924, p. 07-09.

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No entanto o Botiatuba taman-dareense foi uma área de sesma-ria (mas de quem inicialmente?) eseu nome tem origem na línguatingui. Isto é fato.

Outra questão homônima ob-servada no processo desta pesqui-sa foi observar que a foto do In-tendente Theophilo Cabral dispos-ta na parede da Galeria dos Pre-feitos não corresponde a sua realimagem. Pois, a que esta lá é a fotode seu neto, que por ter o mesmo nome do avô confundiu aconclusão do historiador446.

446 Comentário feito pelo senhor Harley Stocchero (Harleyzinho), filho do Acadêmico Harley Clovis Stocchero. Mar-ço de 2011.

Nesta foto de meados da década de 1920, aparece enfrente ao Grupo Es-colar, o Intendente Theophilo Cabral, o qual esta de preto ao centro segu-rando um buque de flores que recebeu em uma homenagem prestada naépoca

Theophilo Cabral, neto do In-tendente Theophilo Cabral

Foto: Galeria dos Prefeitos

Foto: Família Viana

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Porém, no desenvolver da obra, começou aparecer umfato, que poderia dar fundamento para uma conclusão defalta de credibilidade. Isto se deu, porque alguns aconteci-mentos marcantes foram realizados por meus familiares. Ecomo sou eu que estou escrevendo a história, poderia seentender, que existe uma apologia aos meus familiares.

Em relação a esta circunstancia, não é da natureza dequalquer historiador que passou por uma academia de His-tória, possuir um fato histórico na mão, e não contá-lo. Pois,é de consciência que pode acarretar um rompimento se-quencial temporal e lógico de uma informação. Neste con-texto, ocultar fatos notórios que forjaram a história do mu-nicípio seria pior que a descrença neles. Já que, que nadécada de 1950, a população tamandareense não passavade 9 mil habitantes, sendo estes espalhados em 487 km²,sendo desta forma, 5,52 habitantes por quilometro quadra-do447. Ou seja, era pouca gente, e nem todos tinham recur-sos e as facilidades que encontramos hoje, muita coisa erafeita no improviso e com um olhar visionário, que melhoratendesse as necessidades da sobrevivência.

Só para ilustrar este fato, a Sede do município, descritapor todas estas ilustres e pioneiras pessoas, não possuíamais de 16 casas (a Sede em um contexto disposto de agru-pamento de casas de forma concentrada, como é hoje), exis-tiam muitos sítios e localidades espalhadas448. Praticamenteas pessoas se conheciam do município, se não intimamen-te, mas por nome. Não era como hoje, que existe um mer-cado, uma escola, praticamente na esquina ou na frente denossas casas. Talvez até possa ter ocorrido de eu não terpercebido a existência anterior de um fato considerado como

447 ENCICLOPÉDIA DOS MUNICÍPIOS BRASILEIROS. Almirante Tamandaré. IBGE, Vol. XXXI Paraná, Rio deJaneiro, 1959, p. 26.

448 Relatos de Albino Milek e José Ido da Cruz.

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pioneiro. Porém, no contexto de confirmação, pessoas dis-tintas, separadas de localidade e família, confirmam o fato.E como naquele tempo os fatos inusitados corriam maisrápido na cidade do que na internet, considerei tal infor-mação junto com observações nos livro caixa de coleta deimpostos da época e outros documentos oficiais.

Um desses fatos, por possuir um grau de importânciarelevante à história do calcário na cidade, até deu brigaaqui em casa, pelo fato de não querer relatá-lo em um pri-meiro momento no livro. Pois, o protótipo do britador decalcário, criado de forma a atender os interesses da firmaem si, não de outros ou ser algo a ser comercializado emcontexto geral, foi o que me deu mais trabalho para confir-mar. Porém, foi graça a procura pela confirmação da veraci-dade da história de meu pai. Que entrei em contato comoutros fatos históricos, que desde criança os conhecia, masque por desinteresse já que não fazia parte do meu mundo,nunca tinha dado bola.

Outra informação relevante a ser destacada e conside-rada, porque só se fala de Botiatuba, Pacotuba, Rua RachelCandido de Siqueira, Rua Coronel João Candido de Olivei-ra, se atualmente estes lugares, “são pouco movimenta-dos”.

O Botiatuba era importante, porque possuía uma locali-zação que era cortada pela a Estrada do Assungui, ou seja,a via mais importante que ligava Cerro Azul a Capital, euma das duas vias que ligavam a Sede de Tamandaré aCuritiba. E como, existia uma concentração populacionalrazoável para a época na localidade, alguns investimentosforam ali realizados. A Rua Rachel Candido de Siqueira,como já foi explicado era o trecho da Estrada do Assunguique passava pela Sede. Pacotuba era um antigo arraial que

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servia de base aos aventureiros que por ali passavam embusca de ouro e posteriormente foi Sede. Sendo que a pre-feitura se localizava inicialmente onde fica o Pesque e pa-gue do Lucianinho. Foi o local de estabelecimento do pri-meiro Cartório de Registro Civil da cidade, que funcionouna Estrada da Água Boa, na casa de Dona Cornélia449. AEstrada da Cachoeira foi um advento ocorrido em meadodo século XIX, já a Estrada do Assungui, transcende o sé-culo XVIII.

Já a Rua Coronel João Candido de Oliveira, era a ruaonde ficava a Sede do Município, o primeiro Grupo Escolar,o posto de puericultura,... Recebeu este nome já com o ad-vento da transferência de sede do município do Pacotubapara a Vila Conceição do Cercado. Ou seja, ainda em tem-pos que o Coronel João Candido estava vivo. Pois, isto sedeveu porque aquela região que compreende desde a pon-te do Barigui, terminal, Jardim São Francisco, Monte San-to, Parque São Jorge, Humaitá, até a divisa com a ColôniaSão Venâncio (atual bairro), pertencia à sesmaria da famí-lia Candido Oliveira, ou seja, a seu pai Candido Machadode Oliveira. Já o território Cercado que se estendia do ter-minal, ao portal e adjacência até a sesmaria dos Teixeira deFreitas onde fica o Botiatuba, Varova, Restinga Seca. Per-tencia a Província (Estado) gerada por um ato de confiscoainda no século XVII. A qual só na década de 1950 foi doa-da pelo Estado e loteada. O nome da Rua Coronel JoãoCandido de Oliveira, já constava na Ata de Inauguração daPrefeitura em 1916.450

Porém, como bacharel em História que sou, reconheço,que podem existirem divergência quanto à localização ou

449 Relato de seu Antonio Candido de Siqueira, no ano de 2001.450 Acta da Sessão Extraordinária de inauguração do edifício destinado a Municipalidade de Tamandaré. 26 de

março de 1916.

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datas. Isto ocorre, porque as pessoas que relataram estesfatos, muitas vezes se confundem com detalhes específi-cos como datas. Pois, estamos falando de 80, 70, 60,..., anosatrás. Mesmo nós, não conseguimos datar fatos não cotidi-anos precisamente, que ocorreram a três ou quatro anospassados. Um exemplo é o terminal de ônibus, quantosconseguem afirmar convictamente, a data de implantaçãodele no centro? Pois, é. E é um fato recente. Neste mesmocontexto se verifica que a forma com que se escrevem ossobrenomes se diferem muito da forma como se escrevehoje, apesar de ser da mesma família. Isto é valido para osnomes das localidades.

Outra consideração relevante, que muitos poderão nãocompreender, é que não teci uma obra para enaltecer asrealizações políticas. Mas sim, para mostrar que certas obrasque hoje passam despercebidas, mas que contribuíram parao desenvolvimento do município, e nem percebemos isto.Porém, pela responsabilidade que alguém possui em assi-nar a realização de uma obra, eu vejo importante, o direitodeste que exerceu para si as responsabilidades legais, deser também lembrado. Não é apologia, mas sim respeito aquem empreendeu obras, arriscando num plausível resul-tado. Um exemplo é a implantação da coleta de lixo nomunicípio. Imagine, se isto não existisse hoje. Porém, naépoca pessoas da comunidade achavam que era um gastodesnecessário.

Sei que muitos poderão raciocinar que muitas obras, ti-veram dois lados, o lado de beneficio ao povo e outro aopróprio beneficio do executor. Porém, não me vejo em con-dições técnicas e probatórias de escrever sobre isto. Pois,segundo o que aprendi na Academia de Direito, é que tudoque se aponta e expressa para o público, deve necessaria-

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mente possuir uma fundamentação legal e probatória fáti-ca, para ter valor jurídico. Conversa de cara desiludido coma sua vida e que busca na difamação do próximo a justifica-tiva para o seu fracasso, não é fundamento legal e cientifi-co. Diante disso, meus textos se limitam a falar de fatos, edependendo do fato não examina e expõe seu contexto. Mas,se alguém quiser se aventurar a julgar personalidades his-tóricas do município, a tentar provar coisas que promotoresnão conseguiram, então escrevam um livro e contem o querealmente aconteceu, não queiram se apegar a isto parapré-julgar a forma como retratei os acontecimentos da ci-dade.

Feitas estas considerações, tudo que eu espero ter feito,é ter contribuído com a preservação histórica e cultural domunicípio. Talvez eu tenha esquecido de alguns fatos, depessoas e outros lugares fora do centro. Peço desculpa pornão considerar as regiões que hoje formam Campo Magro.Pois, mesmo elas tendo participado da História de Taman-daré, suas características observadas, se ligam mais a Sededaquele município e aos caminhos traçados pelo seu pio-neiro e dono Baltazar Carrasco dos Reis, família e herdei-ros.

Ou seja, minha intenção é ter feito algo realmente útilem minha vida. Por este motivo, reuni meus conhecimen-tos da Ciência da História com a Metodologia da PesquisaCientifica e Jurídica, para tentar promover um resultadosatisfatório, na integralização dos conhecimentos que pos-suo sobre Tamandaré, com sua expressão no contexto daproximidade com a veracidade.

Neste sentido, devo destacar que o Acervo Histórico daBiblioteca Pública do Paraná; da Biblioteca do Museu Para-naense; Biblioteca Municipal Harley Clóvis Stocchero; Ar-

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quivo Público do Paraná; do Arquivo Restrito do ProjetoContos e Lendas de Um Povo, da senhora Josélia Kotoviski;dos jornais da Tribuna dos Minérios e Folha de Tamandaré(os quais possuo arquivados); Placas de Pedra Fundamen-tais; Cartório de São Vicente-SP; Documentos da ParóquiaNossa Senhora da Conceição de Almirante Tamandaré esites de instituições públicas oficiais, Projetos Políticos Pe-dagógicos das escolas da rede municipal e estadual,... co-laboram em fornecer as respostas que procurava.

Porém, é com pesar que relato que na busca por infor-mações históricas muitas placas de pedras fundamentais ede túmulos foram arrancadas. Provavelmente por pessoasque acham que 3 kg de bronze (R$ 15,00) é um grande lucro(até imagino para comprar o que!). Também verifiquei quemuitos livros e documentos foram ou estão se consumindopor má conservação. E o pior, que não existe no municípioum Arquivo Publico, que conserve os documentos oficiaisde forma adequada e aberto ao publico. E com isto preser-ve uma parte de sua história.

Outro fato curioso, é que muitos sobrenomes são escritode várias maneiras, mesmo pertencendo à mesma família.Exemplos: Kotovski – Kotoviski – Kotowski – Kotowiski;Busato – Busatto – Buzato – Buzzato – Buzatto,...; Cândidode – Candido de; Lipinski – Lipski;..., Romero – Romeiro;afinal qual é o certo, se nos documentos oficiais como o doTRE-PR, expressa: em 2008 Luiz ROMEIRO Piva, em 2004ROMERO; no relatório de 1982, Ariel Adalberto Buzzato, jáem 1976 Ariel Adalberto Busato, Lourenço Alberto Buzatoem 2000; Antonio Kotowski em 1972, Josélia Kotovski em2004,... Isto sem contar a Rua Bertolina Kendrick de Olivei-ra – Rua Bertolina Candido de Oliveira – Rua Bertolina Ke-nidy de Oliveira(?); Mileck (TER-PR) – Milek. Independente

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de qual esta certo ou errado, fica um aviso. Atualmente,como a as famílias do município são conhecidas, este irre-levante fato hoje, não faz diferença nenhuma, porém, da-qui 200 anos? É lógico, que em um livro de história como omeu, que é também baseado em documentos oficiais, podeocorrer estas variações. No entanto são estas variações queinfluenciam outras, que pode ter efeitos em fatos de inter-pretação futura. Neste contexto em uma entrevista realiza-da com seu Valter Johson Bomfin, ele observou um erroque é cometido no contexto do sobrenome Bomfin. Pois, ocerto segundo ele é “Bomfin” e não “Bonfim ou Bonfin”451.

Outro exemplo, na minha carteira de motorista, apareceKotoVISki, já na de meu irmão KotoVSki. Isto sem contarque nasci em 10 de outubro. Mas meu CPF diz que eu nasciem 11 de outubro. Estas interpretações já fazem efeito. Pois,na busca por cidadania o pedido esbarra nesta variação desobrenomes. Um exemplo que surpreende é que nenhumdos Kotovski citado é o sobrenome carregado pelo ances-

451 Relato de Valter Johson Bomfin, abril de 2011.

Carteira de identidade de estrangeiro expedida apenas em 16/10/1942.Praticamente 23 anos depois da chegada de Damião no município, vindode território Ucraniano invadido pela Rússia com o advento da PrimeiraGuerra Mundial

Acervo Família Kotoviski

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tral da família. Pois, observando a assinatura do meu bisa-vô Damião, percebe-se que o sobrenome é “Kotovcz”. Nes-te mesmo documento em que ele assina seu nome, que é aCarteira de Identidade para estrangeiro. Aparece seu so-brenome “Kotowski”, no contexto de preenchimento pelofuncionário responsável.

A de ressaltar que são estas pequenas informações, queàs vezes se tornam um “bode expiatório”, para derrubar acredibilidade de um fato no contexto falacioso de muitosargumentos de pseudos-historiadores. Como também se-param dentro do contexto legal e burocrático famílias quepossuem parentesco comum. E o pior é que estes erros sefazem presentes em documentos oficiais diversos.

Também a de se destacar que muitos nomes foram es-critos “errados”, em virtude do cartorário ou responsávelpelas confecções dos documentos legais, na época da che-gada dos imigrantes terem escrito errado. Um exemplo é orelato de Cide Gulin, quando expressou que o sobrenomeGoulim, surgiu de um erro do cartorário. Porém, que tantoGulin quanto Goulim é mesma coisa452.

Em referencia a este fato, peço desculpa se escrevi osobrenome errado de alguma família neste livro referencia-da. Pois, quando entro em contato com relatos e documen-tos, nem sempre é possível confirmar como se escreve cer-tos nomes.

No entanto, a variação de alguns nomes, principalmen-te aos de imigrante italianos vindos a partir da década de1930, se dá em virtude de uma estratégia contra uma pos-sível perseguição política, que muitos achavam que pode-ria ser feita aqui no Brasil por parte de partidários de regi-mes diversos na Itália. No entanto, a “perseguição” partiu

452 Relato de Arcidineo Felix Gulin, em fevereiro de 2011.

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do próprio Estado Federal, que proibiu fundamentado emuma política de integração e nacionalização cultural, a uti-lização de nomes estrangeiros em estabelecimentos comer-ciais até na restrição a liberdade e locomoção. Principal-mente a alemães, italianos e japoneses. Outra expressãoda perseguição se deu no contexto de confisco de bens desúditos do Eixo; proibição de falar em publico com línguaestrangeira453,... Mas isto não é uma informação de livroapenas. Pois, segundo o relato de Odete Basso da Cruz (des-cendentes de italianos), esta perseguição era notória. Aponto de seus parentes terem que ficar escondidos nas re-giões mais afastadas da Sede para não sofrerem repressãodas autoridades.

Diante deste exposto, espero que os relatos deste taman-dareense, sirvam de inspiração, para outros relatos, que nãopermitam que a história local morra. Como assim fez até opresente levantamento o Sr. Hermenegildo Lara, que pro-vavelmente foi um dos primeiros ou o primeiro filho da Villade Tamandaré a se preocupar em registrar a história domunicípio. Pois, sua própria história profissional o creden-ciavam e o inspirava a isto. Pois, já aos em 1926 (aos dezes-sete anos), começou a trabalhar no Cartório Civil de Regis-tro de Nascimento, Casamento e Notas da cidade. Foi es-crivão da delegacia de policia em 1928, e foi lhe concedidoo titulo de tabelião como o oficial maior do cartório em 1935.Tornou-se delegado em 1938 e Agente Administrativo doDistrito de Tamandaré. Faleceu com 87 anos, em 24 de marçode 1997454. Porém, deixando um legado muito importante,que hoje serve para ajudar a contar uma parte da história

453 KANASHIRO, Milena. Paisagens étnicas em Curitiba: um olhar histórico-espacial em busca de entopia.Tese de Doutorado em Meio Ambiente e Desenvolvimento da Universidade Federal do Paraná – UFPR, da linhade pesquisa “Urbanização, Cidade e Meio Ambiente”, Curitiba PR: 2006, p. 255.

454 FOLHA DE TAMANDARÉ. Nossa Gente/Hermenegildo de Lara. Ano I, nº 32, primeira quinzena de novem-bro de 1985.

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do município. Porém, este legadopoderia ser muito maior se as au-toridades que entraram em conta-to com ele antes de seu falecimen-to, tivessem realizado seu cívicodesejo. O de ser criado um museuna cidade para guardar o materialcoletado por ele sobre a cidadedurante a sua gloriosa vida. Noentanto, não ocorreu o interessepor parte dos governantes. E poreste fato, muito deste valioso ma-terial se perdeu com a sua morte.

Outro cidadão que merece des-taque por ter produzido um importante documento sobreas características do município é o senhor Didio Santos queno desempenhar de sua função pública elaborou o Estu-do histórico, estatístico, econômico, descritivo do mu-

nicípio de Timoneira, em parce-ria com Harley Clóvis Stoccherono ano de 1951455.

O senhor Didio Santos nasceuem Paranaguá em 14 de novem-bro de 1894, foi secretário do mu-nicípio na gestão do Prefeito JoãoWolf e nas duas administrações doPrefeito Ambrósio Bini. Faleceuem 25 de maio de 1962456.

Mais recentemente outro cida-dão colaborou com a história domunicípio sem perceber necessa-

Agente AdministrativoHermenegildo de Lara/

pioneiro historiadortamandareense

Foto publicada Folha de Tamandaré.Nossa Gente. Novembro de 1985

455 STOCCHERO, Harley Clóvis. Ermida Pobre. Curitiba: O Formigueiro, 1984, p.04.456 Idem.

Fonte: Folha de Tamandaré, Nov/1985

Didio Santos, importantefigura política da década

de 1940 a 1960

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riamente que fazia isto. Pois, no contexto de elaborar umdossiê histórico de exposição simples e com fotos e fatosdiversos sobre a Paróquia Nossa Senhora da Conceição deAlmirante Tamandaré em 1998, o Frei Euclides Bonamigopreservou um fragmento norteador da história de elevadaimportância para as futuras gerações do município.

Também é necessário destacar o trabalho das escolasestaduais e municipais que no processo do ensino-aprendi-zagem desenvolvem projetos de resgate da história da co-munidade. Sendo que os principais arquivos disponibiliza-dos e que foram de extrema utilidade se referem aos traba-lhos realizados por professores da Escola Estadual Lame-nha Pequena (1999), Colégio Estadual Ângela Sandri (1986),Colégio Estadual Jardim Paraíso (2001-2002), Escola JaciReal Prado de Oliveira (2010) e da Escola Alvarenga Peixo-to na década de 1980. Em consequência desses trabalhos,resgataram bem mais que objetivaram inicialmente. É ne-cessário ressaltar que foi graças ao diversos Projetos Políti-co Pedagógico (documento burocrático oficial escolar) queentrei em contato no decorrer desta pesquisa, os quais fo-ram importantes marcos norteadores que inspiraram novasinformações, averiguações e conclusões.

Porém, contar a história do município, que parece fácil,muitas vezes se torna difícil e dificultada. Pois, se tornauma disputa entre quem vai ser o historiador oficial de Al-mirante Tamandaré. Como se isto existisse e fizesse algu-ma diferença na ordem do dia. Mas em 1989, em decorrên-cia da centenária comemoração, entrou em pauta na Câ-mara Municipal um Projeto de Lei, que esclarecia que adata de comemoração de 11 de outubro estava errada emudava a data comemorativa para 28 de outubro. Mas parase comprovar tal fato, se havia a necessidade de apresen-

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tar argumentações históricas para isto. Neste contexto, aFolha de Tamandaré nº 83 de 30 de setembro de 1989, pu-blicou em seu Editorial Tamandaré 100 anos, na página 02a seguinte frase: “Vereador Jarek pode entrar para a histó-ria do município”, da mesma forma foi referenciado um re-sumo histórico feito por Hermenegildo de Lara457, neste con-texto, seu Harley revoltado, escreveu uma carta a Folha deTamandaré de 15 de outubro de 1989, onde apresentou seusargumentos contestando tal fato. O qual revelou, que seupai, já havia feito um resumo histórico, sendo que este foidisposto dentro de um tubo de PVC e enterrado junto àpedra fundamental da atual Prefeitura458.

De certa forma o vereador Gerônimo Jarek, entrou e feza história do município, pois, a sua proposição logrou êxitoe corrigiu uma injustiça histórica com o advento da Lei nº31/89, sancionada pelo prefeito Roberto Perussi em 05 deoutubro de 1989. A partir deste dia a comemoração oficialda data festiva, se daria no dia 28 de outubro. E o ano deemancipação política, se contaria a partir de 1889459.

Porém, o resumo da história municipal já existia e foitecida na parceria entre Didio Santos e Harley Clóvis Stoc-chero no contexto do Estudo histórico, estatístico, econô-mico, descritivo do município de Timoneira. Que era umrelatório oficial da Prefeitura Municipal de Timoneira, pu-blicado em dezembro de 1951. O qual se fundamentou nosrelatórios apresentados oficialmente ao governo do Estadoem décadas anteriores. Mas este não é o mais antigo, eraapenas um aperfeiçoamento de outros resumos já elabora-dos em relatórios para o governo estadual, feito por pesso-

457 FOLHA DE TAMANDARÉ. Tamandaré 100 anos. Ano V, nº 83, 3º de setembro de 1989, p. 02.458 FOLHA DE TAMANDARÉ. Dr. Harley diz que todos os méritos na realização da pesquisa sobre Almiran-

te Tamandaré são seus/10 de outubro de 1989. Ano V, nº 84, 15 de outubro de 1989, p.06.459 Idem, p. 07.

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as que infelizmente se desconhecem os nomes.O problema neste caso talvez tenha sido a forma como

foi divulgado e interpretado o acontecimento. Que a propó-sito foi involuntário e superficial já que se vinculou ao autorda lei em uma época em que todos estavam presos as ten-sões dos preparativos para as festividades dos 100 anos domunicípio.

Independente de quem fez ou deixou de escrever a “his-tória oficial do município”, e não mais se vinculando ao as-sunto supracitado, pois este tem contexto totalmente dife-rente do que tecerei agora. Prendo-me a observação de quemuitos querem escrever a história da cidade, porém, pou-cos querem pesquisá-la, buscar e referenciar coerentemen-te de onde vieram tais informações e como se chegou até aelas (metodologia da pesquisa cientifica). Pois, se fizeremisto, irão enaltecer pessoas que realmente fizeram umapesquisa, mas que não tiveram recursos para expor a mes-ma em forma de livro. Ou seja, não possuem a humildadede reconhecer que teve que fazer copia (plágio). Pois, assu-mem compromissos, e no contexto de apresentar resulta-dos acabam tendo que apelar a copiar na integra o traba-lho alheio, pensando que ninguém está vendo.

Existem outros que querem transformar a história domunicípio em estórias que o povo conta. Se prende a ideo-logia e ao “achismo” de que possuem o “real” ponto de vis-ta. Ou seja, transformam acontecimentos concretos e denotoriedade publica, em lendas. E consequentemente dis-torcem o que lhe foi relatado. O efeito disso, é que quandoum historiador sério vai fazer uma pesquisa, as pessoas fi-cam receosas de contar o que sabem, pois, se contarem oque realmente viram e viveram, serão tachadas indireta-mente de mentirosas na visão hipócrita de “pseudo-histori-

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ador”. Resumindo, as portas se fecham para todos, por causada má fé de aventureiros e pessoas sem rumo que passampor Tamandaré, que querem se enaltecer e tirar proveito dealguma oportunidade de lucro ou gloria. Porém, quando sequeimam se mando do município, viram história do livro damalandragem.

E existem os que se apropriam indevidamente de docu-mentos. Por exemplo, o rascunho do Livro Tamandaré: con-tos e lendas de um povo, organizado pela professora José-lia Kotoviski. Quase se tornou obra de pessoas que se querse esforçaram para produzi-lo, e que sumariamente oculta-ria o nome de todos aqueles que colaboraram com relatos.Outro fato triste colhido em relatos no decorrer desta pes-quisa que resumi bem este contexto, foi à apropriação in-devida (furto) de um conjunto de três obras literárias produ-zidas pelo Senhor Luiz Fernando dos Santos (morador deTamandaré que muitos anos trabalhou no Banestado). Asquais eram observações criticas que denunciavam a ocul-tação de acontecimento e manipulação popular por detrásdas noticias e da televisão. Segundo o relato, esta sua obrafoi usada pela pessoa de má fé, até como parte de trabalhocientifico. Porém, seu Luiz não pode fazer nada, pois o seutrabalho não havia sido registrado na Biblioteca Nacional,no entanto foi pela pessoa460.

Também ocorrem que fotos antigas de arquivos familia-res, somem, e aparecem em capas de guias, internet e ain-da com o dizer: “foto pertencente ao arquivo de fulano detal, reprodução protegida por lei”! Ou seja, as pessoas nãodeixam mais ver álbuns familiares, documentos pessoais,emprestar fotos ou permitir certos relatos. Porque além decertos seres se apropriarem indevidamente da foto, ainda

460 Relato de Luiz Fernando dos Santos, 22 de abril de 2011.

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se intitulam como donos.Eu conto história. Porém, eu quero deixar um documen-

to que possua o valor da credibilidade. Por este motivo, queexponho as minhas fontes nas notas de rodapé, referênciase no contexto dos textos quando existe a possibilidade. Pois,eu não vivi antes de 1976, sendo assim, como é que eu po-deria renegar o nome de quem me contou ou me informouo que ocorreu antes disso.

Porém, apesar destes fatos que se ocultam no ato depesquisar história, verifiquei um fato interessante mais pre-ocupante. O qual reflete bem a falta de consciência históri-ca que circula na cidade. Pois, no contexto do capítulo Ca-minhos que levam até Tamandaré, observei que não existenenhuma rua até o presente momento (abril de 2011) como nome do primeiro administrador do município, tão poucodo segundo, do terceiro... Os únicos lembrados da antigaTamandaré foram o Coronel João Candido, Antonio Baptis-ta de Siqueira, Serzedelo de Siqueira, Antonio Zem, Fredo-lin Wolf, João de Barros Teixeira, Domingos Scucato. Ouseja, nenhuma rua, praça, escola, ou outro patrimônio pú-blico carrega o nome dos Senhores Alberto Munhoz, Theo-philo Cabral, Frederico Augusto de Souza e Vasconcelos,Manoel Francisco Dias, Manoel Miguel Ribeiro, João Evan-gelistas dos Santos Ribas (Rua da Lamenha Grande, JoãoEvangelista?),... Longe de apologia, mas uns dos motivospara o patrimônio público possuir denominação de pesso-as, datas ou outra referencia, diz respeito a ser um meca-nismo de preservação da história e cultura local. Pois, sem-pre vai existir o cidadão que irá questionar quem é o patro-no do bem público. É neste contexto que a história se pro-paga. Não existe nenhuma rua com a data Onze de Outu-bro, Vinte e Oito de Outubro,..., não existe nenhuma com o

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nome do primeiro pároco da cidade, ou seja, dá a impres-são que a cidade não tem história. No entanto, rua um,..., eoutras denominações de pessoas que se quer passaram pelacidade existe aos montes. Está certo que alguns destespatronos foram importantes, mas a história deles é univer-sal, já a nossa é especifica, local e precisa ser preservada.

Mas a de ressaltar que esta preocupação não é exclusi-va minha, pois de forma mais restrita e especifica. Porémcom significado amplo para o bom entendedor, o Dr. HarleyStocchero expressava em sua Coluna (Página da Saudade),do jornal paroquial Brasinha, por que o nome de Dona Luí-za Johnson não aparecia em nenhuma rua, escola ou cre-che? Ou seja, seria falta de memória histórica.

Um povo que não preserva sua história é um povo quenão sabe o que é, e para que luta além da sobrevivência.

Estas considerações resumem em um contexto de lin-guagem universal e compreensível os caminhos que utili-zei para alcançar certas informações. Sendo que, o períodopré-histórico de Almirante Tamandaré, foi obtido exclusi-vamente por fontes bibliográficas (geográficas, geológicas,antropológicas, indígenas), rara exceção de transcendên-cia que ocorria de um fato hoje que se liga a um do passa-do, mas mesmo assim utilizei fontes legais, jornalísticas eeletrônicas.

Para escrever sobre o período Colonial Coritibano de Al-mirante Tamandaré, as fontes se prenderam em documen-tos legais administrativos, civis e penais. Fontes bibliográ-ficas da história do Paraná e Curitiba.

No contexto do período Freguesia (que vai desde o seureconhecimento como Freguesia até a extinção da Villa deTamandaré). Foi possível utilizar fontes orais como referen-cia para serem exploradas em fontes biográficas, bibliográ-

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ficas, relatórios oficiais administrativos e de instituiçõessociais privadas (maçonaria, sociedades culturais), legisla-ção, instituições religiosas e fotos.

Já o período Timoneira que se estende até o dia que Al-mirante deixou de ser um município do interior, foi possívelutilizar fontes orais como norte para documentos oficiais,periódicos, fotos e bibliografia esparsa em pesquisas aca-dêmicas. Além de informações colhidas em órgão de clas-ses, clubes, instituições religiosas e educacionais.

Por fim, o período Região Metropolitana, se fundamen-tou em tabloides, fontes orais como referencia, áudios-vi-suais, documentos oficiais, fotos, bibliografias, legislação,processos judiciais,...

Ou seja, a partir desta demonstração a obra “Relatos deum tamandareense”, no contexto de uma concepção técni-ca é caracterizada por uma pesquisa de campo no que tan-ge o levantamento de fatos a partir de fontes orais. As quaissão integralizadas e confrontadas com fontes escritas ofici-ais e de circulação publica. Sendo que muitas dessas fon-tes foram também analisadas e confrontadas suas infor-mações com outras fontes para ganharem um status de cre-dibilidade e serem utilizadas. Ou seja, é também uma pes-quisa de característica bibliográfica. Sendo que seu padrãode exposição textual se vincula ao descritivo e não ao con-texto analítico. É uma obra de referencias e marcos, não dehipóteses e analises contextuais sócio/econômica/cultual.Com características de textos de contemplação ao leigo eao técnico. Neste contexto, as referencias e algumas expli-cações ocorrem no rodapé. Da mesma forma, que informa-ções oficiais são descritas em forma de paráfrases (como oshistóricos das escolas, por exemplo).

A história tamandareense é um tesouro, que não pode

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ser renegado, apagado ou distorcido. Tem que ser preser-vada, pois, é a alma que deu vida da cidade. São os sonhosdos pioneiros que aqui vieram para ficar e morar. São osdesafios enfrentados por cada geração. Ela não é de umapessoa, mas de todos. Deve ser contada com responsabili-dade, não por interesse. Deve partir do amor que se possuipela terra, não de compromisso assumidos a custo de pro-moção pessoal e dinheiro. A história de Tamandaré não deveser explorada como um projeto, mas sim como uma cons-tante realidade. Sendo o cidadão tamandareense de cora-ção e atitude o seu principal guardião e arauto.

No entanto, a questão que ainda não se encontra expli-cação aceitável é: por que Almirante Tamandaré não con-seguiu se desenvolver economicamente ao nível ou superi-or a cidades como São José dos Pinhais, Araucária e Cam-po Largo? Pois, por nosso território no inicio do século XX,em tempos complicados para o transporte e comunicações,já desfrutava de uma ferrovia. Sendo a Sede um estratégicoponto de abastecimento do trem. Por nosso querido territó-rio passou a estratégica estrada do Assungui, sendo a ci-dade um importante ponto de descanso de tropeiros. Pornossa cidade passou a principal ligação entre o norte doEstado e a Capital até a década de 1960, ou seja, a Estradado Cerne construída na década de trinta. Antes de tudoisto, o ouro foi nossa riqueza, depois a cal e calcário, sendoa cidade e região uma das maiores produtoras desse mine-ral no Brasil na década de 1970.

O que aconteceu com Tamandaré? Seria a maldição dosuposto Padre Francisco Bonatto, que rogou uma praga quese perpetuaria por 70 anos sobre o município, impedindoele de progredir contada pelo senhor Francisco Alves Perei-

461 KOKUSZKA, Pedro Martim. Maldição em almirante Tamandaré. Vol. V, Erechim, RS: Graffoluz, 2010.

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ra (Chicão)461? Eis, que ela já passou. E o município nãomudou e hoje enfrenta problemas com a Natureza. Seria aspalavras interpretadas como “praga” do padre geólogo ita-liano que trabalhou no Seminário na década de 1930, quan-do irado expressou que aqui nunca seria uma cidade, poisum dia iria afundar?

Padre não amaldiçoa ninguém, e sim abençoa é a filoso-fia da fé cristã. Mas é um humano e se irrita muitas vezes.Talvez eles observaram e previram o que ninguém queriaver ou aceitar sem enfrentar a adversidade, e no momentode ira expressaram o que se ocultava em seu interior.

Mas a cidade esta viva. Se alimentando do que fazemose de como realizamos nossos sonhos em seu território. Tal-vez ela não seja o reflexo do que o cidadão tamandareensede coração deseja que seja. Da mesma forma, o progressoque a Natureza da cidade deseja, não esteja no mesmouniverso que tentamos impor a ela. Talvez já seja hora deobservar o que a terra, a água e o vento nos tentam mos-trar. Seria um progresso norteado pela preservação do es-paço natural magnificamente existente? Seria um repen-sar a forma como ocupamos, usamos e vivemos sobre estaterra?

Faz mais de 120 anos que ela nos fala isto. O problema éque esta terra nos ama demasiadamente. Pois, se não amas-se já teria radicalizado.

Mas estes últimos parágrafos é apenas um comentáriode um apaixonado por esta cidade. Os quais encontrambase em uma celebra frase que utilizei em meu primeirolivro de poesia retirada da Revista Seleções de fevereiro de1973: “é inútil responsabilizar uma pessoa pelo que possater dito enquanto loucamente apaixonado, bêbado ou emcampanha eleitora”.

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Pesquisar sobre a história do município não é uma tarefafácil, mesmo para quem é da terra. Pois, sempre existe al-guma informação que nos chega no romper da aurora. Épor este motivo que teci as Considerações Finais depois daBiografia do Autor. Eis, que previ algo nesse sentido o qualveio a se realizar no contexto de chegar informações solici-tadas junto a Coordenação de Agronomia da UniversidadeFederal do Paraná, cujo muito me alegrou ao repassar da-dos sobre o Prefeito/Interventor Pedro Moacyr de GraciaGasparello. Sendo este o ultimo administrador da antigaCidade de Tamandaré.

Eis que o nobre administrador nasceu no Distrito do Por-tão em Curitiba na data de 04 de Abril de 1914, sendo seupai o funcionário publico Pedro Gasparello e sua mãe Mer-cedes de Gracia Gasparello. Formou-se Engenheiro Agrô-nomo em 15 de novembro de 1937 pela antiga Escola Agro-nomica do Paraná. Sendo posteriormente indicado ao car-go de interventor da cidade deTamandaré em 01 de março1938 permanecendo no cargoaté 30 de dezembro de 1938. Ouseja, foi o administrador maisnovo que a cidade contemplou,pois tinha apenas 23 anos e 11meses quando assumiu a inter-venção .

Imagino que devo encerrarmeus relatos, mesmo sabedorque a história dos homens nãopara.

Interventor Pedro Moacyrde Gracia Gasparello

Foto:Arquivo da Coordenação deAgronomia da UFPR

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HISTÓRIA DO MUNICÍPIO DE ALMIRANTE TAMANDARÉ

João Roque Tosin, S/d, (in memoriam).Joel Siqueira, S/d especifica e 2002.José Antonio da Cruz, S/d especifica.José Francisco Govatisk, 2002.José Francisco Kotoviski, S/d especifica (in memoriam).José Ido da Cruz, S/d especifica.José Maria Soares, 2011.José Real Prado Sobrinho, S/d especifica (in memoriam).José Roberto Perussi, S/d especifica.José Schlichting Neto, S/d especifica e 2011.Josélia Aparecida da Cruz Kotoviski, S/d especifica.Juçara Dalazuana, S/d específica.Ledi Risolete Straiotto, S/d especifica.Leônidas Rodrigues Dias, S/d especifica e 2011.Luiz Arcélio da Cruz, S/d especifica.Luiz Fernando dos Santos, 2011.Luiz Romero Piva, S/d especifica.Luciano Gulin, S/d especifica.Lurdes Navarete, 2002.Madalena Malvina Manfron, 2002.Maria José Real Prado, 2002.Maria Machado dos Santos, 2002.Maurílio de Brito, 2002.Minervina de Brito, 2002.Rafael Barbosa, S/d especifica.Reimundo Preste Siqueira, 2002.Reinaldo Buzato, S/d especifica.Renato Viana, S/d especifica, 2002 e 2011.Rodolfo Estevão da Cruz, S/d especifica (in memoriam).Nair de Barros, 2002.Nair de Siqueira, 2002.Nenê Zem, 2011.Niva Maria Brotto, 2002.Noêmia Cordeiro Kotoviski, S/d especifica.Odete Basso da Cruz, S/d especifica.Olga Scucato, 2002.Onias Pessoa Luna, S/d especifica.Osvaldo Stival, S/d especifica.Otavio Kaseker, 2011.Otavio Kotoviski, S/d especifica.Pedro Martins Kokuszka, S/d especifica e 2002.Silvestre Kokott, 2011.Tereza Zem, 2011.Valério Milek, S/d especifica.Valter Johson Bomfin, S/d especifica e 2002.Vicente Coradassi, 2011.Victório Manosso, 2002Vitor Lovato, S/d especifica.Wilson Muraro, 2011.Zair José de Oliveira, S/d especifica.Zélia Scucato Viana, S/d especifica, 2002 e 2011.

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Dedicatória .................................................................................. 5Agradecimentos .......................................................................... 7Considerações iniciais ................................................................ 9Geografia ................................................................................... 13Caminhos que levam a Almirante Tamandaré ...................... 83Composição étnica ................................................................. 139Potencialidades turísticas ...................................................... 151Escritores tamandareenses .................................................... 173O nome da cidade ................................................................... 191A política .................................................................................. 209Saneamento básico................................................................. 233A energia elétrica .................................................................... 241Comunicações ......................................................................... 249O ensino em Almirante Tamandaré ...................................... 257Cultura tamandareense .......................................................... 311Religião .................................................................................... 337Esporte ..................................................................................... 357Diversão ................................................................................... 381Segurança ................................................................................ 389Vizinhos indesejáveis .............................................................. 397Fenômenos climáticos históricos ........................................... 407Agricultura ............................................................................... 415Terra dos minérios .................................................................. 425Comércio .................................................................................. 437Atividades econômicas gerais ............................................... 443Biografia ................................................................................... 451Considerações finais ............................................................... 459

Sumário