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Versão On-line ISBN 978-85-8015-076-6 Cadernos PDE OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE NA PERSPECTIVA DO PROFESSOR PDE Artigos

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Versão On-line ISBN 978-85-8015-076-6Cadernos PDE

OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSENA PERSPECTIVA DO PROFESSOR PDE

Artigos

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RELAÇÕES CULTURAIS: SOCIEDADE AFRO BRASILEIRA

E SUA IDENTIDADE

Rosemari Scheffer da Silva Maurer1

Dr. Marcelo de Souza Silva2

RESUMO

O presente artigo tem por objetivo evidenciar os resultados obtidos no trabalho

realizado no Programa de Desenvolvimento Educacional (PDE), junto aos alunos do 2º

ano do Ensino Médio do Colégio Estadual Prof. Gildo Aluísio Schuck, no município de

Laranjeiras do Sul, buscando a amenização do preconceito étnico-racial, refletindo

sobre as diversas etnias que formam o Brasil, em especial da cultura afro brasileira.

Referenciando os valores do respeito às diferenças, as quais estão integradas ao

reconhecimento da própria identidade e da relevância do outro, formando uma

sociedade mais justa e igualitária. Pretendeu-se, com este material, proporcionar o

conhecimento e a prática da leitura, identificando os fatos marcantes na história

brasileira na qual está inserido o povo africano e seus descendentes, oportunizando

ao aluno o resgate de sua ascendência étnica e cultural, contextualizando com a sua

realidade. As atividades foram desenvolvidas através de produções de textos,

exposições audiovisuais, pesquisas bibliográficas, discussões em grupos e por meio

de diferentes apontamentos, com a finalidade de expor os valores que, muitas vezes,

ficam ocultos por falta de esclarecimento, conhecimento teórico e das leis. Com a

construção desse conhecimento junto com os educandos, os mesmos tiveram a

oportunidade reconhecer as diferenças, identificando-se e, sobretudo, amenizando o

preconceito no meio escolar, na família e na sociedade.

Palavras-Chave: Identidade; Igualdade; Africanidade; Afrodescendência.

¹Professora de História do Quadro Próprio do Magistério da Secretaria de Estado da

Educação do Paraná. Pós Graduada em Desenvolvimento e Integração da América Latina e,

participante da Turma 2013.

²Professor do Departamento de História da Unicentro/Guarapuava, Orientador da

turma 2013.

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INTRODUÇÃO

Os livros didáticos e outros livros de história ensinam que o processo da

abolição da escravatura ocorreu de forma vagarosa e impulsionada por

grandes lutas, de um lado as pessoas que desempenhavam trabalhos em

regime de escravidão aliados a pessoas buscavam a mudança e defendiam a

liberdade, e, de outro lado, pessoas de grande poder aquisitivo, as quais

utilizavam a mão de obra escrava para satisfazer todas as necessidades

cotidianas, assim como aumentar suas riquezas. Com a implantação das leis

abolicionistas, os escravos libertos, não inspiravam confiança e, ainda,

causavam certo medo, não ocupando os postos de trabalhos remunerados,

devido a este fato a sociedade elitizada pressionou o governo a tomar ações

para solucionar o problema da falta de mão de obra, o qual apoiou e subsidiou

de forma gradual a vinda dos imigrantes que ocuparam todo tipo trabalho

realizado por mão de obra escrava, imigrantes oriundos da Itália, Espanha,

Alemanha, Polônia e Japão.

O preconceito que já existia em relação aos africanos e seus

descendentes se aliou ao desprezo e esquecimento, excluindo-os, em grande

parte, do mercado de trabalho das possibilidades de ascensão social e

econômica. As periferias e os quilombos foram os locais onde buscaram

refúgio, ficando desguarnecidos dos serviços e benesses do Estado, sem o

básico para sobreviver, passando fome, vivendo na miséria e muitas vezes

trabalhando em troca de alimentação. Apesar de uma redução gradual, esse

sofrimento tem se mantido até os dias de hoje, muitas vezes disfarçado ou

camuflado, pois o tema fere a Declaração Universal dos Direitos Humanos. O

assunto é polêmico, algumas organizações e pessoas têm levantado à

bandeira da igualdade racial e dos direitos iguais. Os movimentos sociais têm

trabalhado incansavelmente para que nossa sociedade seja mais justa e

igualitária. A cultura afrobrasileira e os afrodescendentes foram e, ainda são,

subjugados na política, na sociedade, no trabalho e, também, na parte de seu

papel histórico a construção do Brasil.

Observamos que existe uma dificuldade de se implantar as leis em

defesa da igualdade e da justiça, uma vez que estas são influenciadas pelo

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sistema econômico, social e cultural. Ao encontro de melhorias e mudanças, as

leis 10.639/03 e 11.645/08 vêm com o objetivo de desconstruir estereótipos e

promover mecanismos que buscam mudanças estruturais e conceituais na

sociedade para lidar com a diversidade existente.

Com a criação das leis 10.639/03 e 11.645/08, vem reforçar a escola

como uma das principais ferramentas de modificação de pensamento, as leis

garantem os direitos e é nela que está depositada a oportunidade da mudança.

Dowbor (1998) menciona que “a escola deixará de ser lecionadora, para ser

gestora de conhecimento”. E complementa:

Pela primeira vez a educação tem a possibilidade de ser determinante sobre o desenvolvimento; a mesma precisa construir a sua própria identidade, inovando, através de projetos com seus alunos, despertando-os para uma consciência cidadã. (Dowbor, 1998, p.259).

A educação escolar deve enfatizar a temática da igualdade racial,

buscando sensibilizar, instruir e oportunizar o reconhecimento e valorização da

cultura afro-brasileira, resgatando a importância na formação da cultura

brasileira no processo de construção do Brasil e principalmente do

reconhecimento da própria identidade, no entanto, o resultado esperado na

área discente é que sejam tomados como hábito a mudança de

comportamento, a alta valorização, o reconhecimento e o respeito às

diferenças de cada indivíduo, sempre na busca de uma sociedade justa e

igualitária.

METODOLOGIA E DESENVOLVIMENTO DAS ATIVIDADES

A Unidade Temática foi apresentada com o objetivo discutir e conhecer

as características da herança cultural dos povos africanos e a contribuição

destes na formação da identidade nacional, levando em consideração a lei

10.639/2003. Sendo consideradas as dificuldades encontradas no ambiente

escolar, sejam pelos alunos, professores, equipe pedagógica e administrativa,

buscamos tratar de assuntos como preconceito, racismo, valorização étnica e

igualdade.

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As atividades foram desenvolvidas através de produções de textos,

exposições audiovisuais, pesquisas, discussões em grupos e por meio de

diferentes apontamentos, com a finalidade de expor os valores que muitas

vezes ficam ocultos por falta de esclarecimento, conhecimento teóricos e das

leis. Com a construção desse conhecimento nos educandos, espera-se que

daqui por diante ocorra à amenização do preconceito contra os que os cercam.

Com base na metodologia, o assunto foi iniciado com a realização de

uma apresentação Didático-Pedagógica aos alunos, onde foi explanado de

forma simplificada o tema e posteriormente aplicada uma pesquisa individual,

para mapear a situação hereditária e verificar o conhecimento sobre leis e os

pontos positivos e negativos em relação à cultura Afrodescendente, o qual

buscou aproximar o educando do assunto, a estratégia utilizada foi de verificar

a realidade de cada um, envolvendo no contexto o educando e sua

ascendência, verificando a quantidade de pessoas que compõem sua família,

qual a cor consta na certidão de nascimento, e se ela condiz com a realidade, à

família teve origem em qual país, qual o ponto de desembarque no Brasil

quando aqui chegou, o grau de escolarização da família conforme a faixa

etária, se a cor já foi motivo de constrangimento ou de ter sido lesado em

alguma situação, o que foi agregado da cultura africana a nossa cultura atual,

se há necessidade de criar mais leis para garantir direitos iguais a todos.

Neste questionamento também se buscou verificar a necessidade de

criar novas leis que amparam os negros, se a Constituição de 1988, no artigo

3° (Dos Princípios Fundamentais) já contempla a igualdade nos mais amplos

aspectos.

Artigo 3° (Constituem objetivos Fundamentais da República Federativa do Brasil) I - construir uma sociedade livre, justa e solidária; II - garantir o desenvolvimento nacional; III - erradicar a pobreza e a marginalização e reduzir as desigualdades sociais e regionais; IV - promover o bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de discriminação.

Com objetivo de tratar o assunto no meio escolar, à lei 10.639/03 foi

sancionada em 09 de janeiro de 2003 pelo então Presidente Luiz Inácio Lula da

Silva, esta lei alterou a Lei 9.394 de 20 de novembro de 1996, estabelecendo

mudanças nas Diretrizes e Bases da Educação Nacional.

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LEI No 10.639, DE 9 DE JANEIRO DE 2003.

Altera a Lei no 9.394, de 20 de dezembro de 1996, que estabelece as

diretrizes e bases da educação nacional, para incluir no currículo

oficial da Rede de Ensino a obrigatoriedade da temática "História e

Cultura Afro-Brasileira", e dá outras providências

O PRESIDENTE DA REPÚBLICA Faço saber que o Congresso

Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei:

Art. 1o A Lei no 9.394, de 20 de dezembro de 1996, passa a vigorar

acrescida dos seguintes arts. 26-A, 79-A e 79-B:

"Art. 26-A. Nos estabelecimentos de ensino fundamental e médio,

oficiais e particulares, torna-se obrigatório o ensino sobre História e

Cultura Afro-Brasileira.

§ 1o O conteúdo programático a que se refere o caput deste artigo

incluirá o estudo da História da África e dos Africanos, a luta dos

negros no Brasil, a cultura negra brasileira e o negro na formação da

sociedade nacional, resgatando a contribuição do povo negro nas

áreas social, econômica e política pertinente à História do Brasil.

§ 2o Os conteúdos referentes à História e Cultura Afro-Brasileira

serão ministrados no âmbito de todo o currículo escolar, em especial

nas áreas de Educação Artística e de Literatura e História Brasileira.

§ 3o (VETADO)"

"Art. 79-A. (VETADO)"

"Art. 79-B. O calendário escolar incluirá o dia 20 de novembro como

‘Dia Nacional da Consciência Negra’."

Art. 2o Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação.

Brasília, 9 de janeiro de 2003; 182o da Independência e 115o da

República.

LUIZ INÁCIO LULA DA SILVA

Cristovam Ricardo Cavalcanti Buarque

Apesar de muitas leis tratarem o assunto, a lei 10.639/03 tem como

fundamento o reconhecimento de luta da população negra a qual por muitos

anos, tem lutado pelo seu reconhecimento histórico e na formação do Brasil,

destituindo ou amenizando a desigualdade e preconceito existente. Através

desta lei, o tema é tratado na raiz, pois nada melhor tratar do assunto no

estabelecimento de ensino, formador de conhecimento, e que aos poucos

devido à formação atual das famílias tem se tornado formador de cidadãos.

De posse desses dados coletados na pesquisa, da lei dos direitos

humanos e da lei 10.639/03, iniciou-se um trabalho de aprofundamento sobre a

história do povo africano trazido ao Brasil, local onde viviam, comércio,

culinária, religião, vestimenta, língua e danças, para isso foram solicitadas aos

alunos pesquisas utilizando livros e mídias.

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1. CARACTERÍSTICAS SOCIAIS E CULTURAIS DA ÁFRICA

As pessoas na atualidade desconhecem a África, desconsiderando

apenas a quantidade e variedade de animais ou etnias lá existentes,

identificando o continente somente com a pobreza. O continente africano

possui uma diversidade natural enorme: Ao nordeste é cercado pelo Mar

Vermelho, ao norte pelo Mediterrâneo, a oeste pelo oceano Atlântico e a leste

pelo oceano Índico. Tendo características principais, o deserto do Saara ao

norte, o deserto do Calahari a sudeste, a floresta tropical ao centro do

continente, terras altas, incluindo onde nascem rios que formam o Nilo.

(Souza, 2008. p.11).

Na África Atlântica, onde a possibilidade de escoamento de mercadorias

e fluxo de pessoas era favorecida, muitas das atividades comerciais ocorriam

naquela região, a qual apresentou um grande desenvolvimento, tendo como

principais mercadorias para negociação o ouro, cauris, noz de cola e marfim.

A África é considerada o berço da civilização, pois há registros de mais

de cinco mil anos na região do Egito.

As populações africanas possuem diversas estruturas sociais,

comunidades, tribos, onde o que o predominou foi à atividade nômade,

causando a formação de grupos isolados e pequenos.

Algumas civilizações deixaram suas marcas, podendo destacar o Reino

de Kush (civilização dos “faraós negros”), cuja capital era a cidade de Meroé.

Os kushitas, que deixaram marcas através de pirâmides e muita desarmonia

com os egípcios.

A culinária antiga africana antiga possui poucos relatos, pois, à medida

que a África recebeu a interferência de outros países, a culinária foi se

adaptando conforme cada região, onde foram diversificados os plantios (milho,

trigo, mandioca, feijão, tubérculos (inhames), sorgo e frutos), incluindo algumas

especiarias, como o óleo de dendê e cravo da Índia.

As religiões africanas são, eminentemente, monoteístas. Conforme a

tradição Yorubá, Olodumaré (ou Olorum) é o nome do único Deus Supremo, o

Senhor absoluto. O qual não recebe oferta diretamente, as oferendas devem

ser oferecidas aos Orixás. Junto com Olodumaré, participaram da criação do

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mundo (Oxalá, Oxum e Iemanjá). Os africanos costumam usar pinturas,

tecidos, adornos, caracterizando o seu grupo, cada pintura tem um significado,

podendo citar as pinturas usadas em cerimônias. No entanto, com interferência

dos colonizadores, outras formas de vestimenta foram introduzidas a sua

cultura.

A África possui quatro grupos linguísticos:

Afro-Asiáticas (norte e leste): berbere, egípcio antigo, semítico,

cushita e chádico;

Niger-Cordofaniana: Cordofaniano e Níger-Congo (ashanti, suaíli,

banto, xosa, zulu, iorubá, ibo, etc.);

Nilo-Saariana (norte do Nilo, no Saara e no Sudão): Songai,

saariano, mabã, furiã, comã e nilótico;

Coissã (sul): Hadza, sandane e coissã.

A dança africana procura exprimir todos os sentidos, acompanhado de

vários tipos de instrumentos, procura atrair energia, libertação, encontro com

divindades através de movimentos repetitivos, dentre elas, as mais comuns

são: Kizomba; Samba, Danças Caboverdianas e Danças Tribais.

2. O PROCESSO DA ESCRAVIDÃO

A captura era feita muitas vezes pelos próprios africanos, com interesse

de disputa de territórios, poder sobre tribos, desejo de se desfazer de quem

eles consideravam inimigos, vitórias nas guerras e vários outros fatores; os

europeus arrancaram essas pessoas de suas terras, e trazidos como

mercadorias para o Brasil, dentro de navios, sem nenhum cuidado com a

higiene e alimentação, mas mesmo assim procuravam manter as “mercadorias”

em bons estados, mostrando a crueldade e descaso que estas pessoas

sofriam.

A viagem poderia durar meses, assim enfrentavam a fome e as doenças,

muitas vezes causadas pelo ambiente desleixado, sem higiene, pouco espaço

para muitos, que ficavam amontoados. Em torno de vinte e cinco por cento de

africanos morriam, durante o percurso da África até o litoral brasileiro.

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Pelas atividades desenvolvidas durante a elaboração desse trabalho

observou-se que o lucro do comércio de escravos naquele momento oferecia

aos próprios grupos africanos, uma ilusão de enriquecimento.

Segundo Gislane Azevedo, as sociedades inteiras na África se

desestabilizaram e a economia se desorganizou. Nessa perspectiva, a

influência mercantilista europeia na sociedade africana representou o

crescimento de algumas regiões enquanto outras foram dizimadas.

De acordo com Souza (2008 p.56), desde 1520 até 1870, isto é, durante

350 anos, várias regiões da África forneceram escravos para a América. Os

primeiros foram usados pelos espanhóis na exploração da prata na região do

Peru. No Brasil, com a produção de açúcar, tabaco, algodão, ouro, diamante e

café. O uso do trabalho de escravos africanos esteve na base da construção da

maior parte da América.

Durante a noite, os escravos eram levados para galpões ou armazéns,

locais apropriados para compra e venda de produtos, neste caso, os negros

que seriam negociados com os fazendeiros locais. Eles ficavam mal cobertos,

ou seja, os panos eram insuficientes para cobrir suas vergonhas, como se dizia

na época. No dia da venda, ao amanhecer, ficavam expostos enfileirados, e

eram examinados da mesma maneira que se examina o gado, para que a

compra fosse efetivada. O que se pode perceber é que não havia união entre

os escravos trazidos para o Brasil, porque pertenciam a grupos étnicos

diferentes, e tais diferenças se manifestavam pelos costumes, língua, etnia, e

localidades de origem.

Não havia uma preocupação em manter as famílias juntas, elas eram

separadas sem nenhuma preocupação, como bem se expressa Lima:

“quem comprava escravos desconsiderava os laços familiares existentes entre os negros africanos e, se assim desejassem, separavam as crianças dos seus pais, mulheres dos seus maridos, enfim, rompiam de vez os vínculos familiares” (GÓES; FLORIANO. “A Paz das Senzalas”. apud LIMA, Fernanda da Silva. A História da criança negra nas primeiras décadas do século XIX).

Os escravos trabalhavam em torno de quinze horas diárias, ou seja, do

amanhecer até o anoitecer. Eram vigiados por capatazes e feitores, se

tentassem fugir eram capturados por capitães do mato, que recebiam por

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escravos recapturados. Devido ao excesso de trabalho, má alimentação,

péssimas condições de higiene e os castigos físicos que sofriam, por isso,

muitos ficavam doentes, e manter-se vivo era uma tarefa difícil. O desempenho

dos escravos em um trabalho forçado, raramente passava de 10 anos.

Outro fator a destacar é o local de trabalho, este basicamente acontecia

no engenho de açúcar, da senzala a lavoura, da casa de moenda a casa de

purgar. Sem ter folga, o cansaço físico era excessivo, causava acidentes

frequentes, e até mortes. Os escravos domésticos, escolhidos entre os mais

bonitos, dóceis e confiáveis, recebiam roupas melhores, alimentação mais

adequada e certos cuidados, e consequentemente viviam mais tempo. Devido

a isso, foram integrados a outros grupos, acrescentando estilos de linguagem,

alimentação, religião, ritmo, vestuário, medicinas naturais, suas vivências

culturais a dos brasileiros. Nesse contexto, o que mais chama a atenção é a

culinária, cujo paladar é surpreendente, bastante quente (apimentado), com o

uso frequente do óleo de dendê, sendo muito rico em vitamina A e a utilização

de diversos peixes, a fim de enriquecer o cardápio brasileiro.

À noite eram levados para as senzalas, a qual fazia parte de um

complexo de habitações existentes, localizada nos engenhos de açúcar ou nas

minas de fazendas de café. A senzala, termo defino por Albuquerque (p.78)

como “residência de serviçais em propriedade agrícola” era uma espécie de

galpão onde ficavam alojados.

Pelas palavras do autor percebe-se que, naquele local, não havia

nenhum tipo de privacidade, todos ficavam em ambiente amplo e sem

divisórias, em algumas fazendas havia mais de um alojamento onde eram

separados homens de mulheres, e outros com divisórias para casais com

filhos. Como passavam a maior parte do dia no ofício que lhe era designado, a

senzala era basicamente para passarem a noite. Em algumas, existiam

instrumentos de aprisionamentos, onde os escravos ficavam acorrentados para

que não fugissem. Nesse ambiente, havia poucos acessórios, alguns dormiam

no chão batidos e outros em camas que eram basicamente feitas de palhas.

Pelas informações acima, se observa que o trabalho árduo exige repor

as energias gastas, o correto então, seria consumir alimentos nutritivos e

consistentes, porém, isso não ocorria, havia o descaso dos seus senhores,

muitos deles juntavam as sobras de suas casas, e levavam para as senzalas,

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lá as mulheres cozinhavam, utilizando alguns ingredientes comuns na África,

como o leite de coco, azeite de dendê, pimenta, óleo da palmeira entre outras

variedades. Quando se utilizava a carne de porco, as melhores partes do porco

ficavam para os senhores, enquanto as orelhas e os pés de porco, linguiça,

carne-seca, eram misturados com o feijão, onde se originou a feijoada.

Quanto às vestimentas, estas eram bastante simples, feitas com tecidos

rústicos, como os de algodão-cru. Basicamente para os homens eram calças

de algodão e camisas (duas peças de cada/ano), a maioria das mulheres

usavam saias ou vestidos longos e turbantes.

Em algumas senzalas o estilo de se vestir diferenciava com a hierarquia

dos grupos e conforme os ofícios de trabalho, como artesãos, alfaiates,

ferreiros entre outros. Cabe ressaltar, que nessa época existia lei que

amparava os escravos, com auxilio quanto alimentação, terras para plantio e

vestuário.

3. LEIS ABOLICIONISTAS DO SÉCULO XIX

Com a chegada dos portugueses no Brasil, iniciam-se também um dos

processos mais desumanos já existentes, o processo da utilização de mão de

obra escrava, pessoas que eram vendidas como mercadorias, submetidas a

trabalhos forçados, trabalho executado com períodos prolongados, com pouca

vestimenta, moradia desconfortáveis e a alimentação inadequada.

Durante a segunda metade do século XIX pressionados pela Grã-

Bretanha e por movimentos político-sociais internos, foram criadas pelos

legisladores do Império dispositivos legais que sinalizavam uma luz no fim do

túnel para aqueles que sofriam dia após dia, no entanto poucos se

beneficiaram, pois as leis foram implantadas com intervalos distantes entre

uma e outra.

Algumas leis abolicionistas:

a) Lei Bill Aberdeen – 1845

Promulgada no dia 8 de agosto de 1845, a Lei Bill Aberdeen proibia o

tráfico de escravos entre a África e a América.

b) Lei Eusébio de Queirós – 1850

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Aboliu de vez o tráfico de escravos nos navios negreiros. Como a

Inglaterra estava determinada a eliminar o tráfico, o Brasil encontrou apenas

essa solução.

Aprovada no dia 4 de setembro de 1850, essa lei se diferencia das

outras leis que proibiam o tráfico pelo fato de terem maior apoio dos chefes de

polícia e um fortalecimento nas fiscalizações de navios negreiros.

Assim, os escravagistas tiveram de encontrar outra maneira de arranjar

mão-de-obra.

c) Lei do Ventre Livre – 1871

Projeto de lei aprovado no dia 28 de setembro de 1871, a Lei do Ventre

Livre libertava todos os filhos de escravos nascidos a partir da aprovação da

lei. De acordo com a lei, os filhos dos escravos teriam duas opções, ou ficavam

com seus pais até os 21 anos ou seriam entregues ao governo.

d) Lei dos Sexagenários – 1885

Projeto proposto pelo deputado Rui Barbosa, a Lei dos Sexagenários

libertava todos os escravos acima de 60 anos, tendo os proprietários direito a

compensação financeira para ajudar os ex-escravos. Assim como na Lei de

Ventre Livre, proprietários de escravos jamais foram indenizados.

e) Lei Áurea – 1888

No dia 13 de maio de 1888, foi sancionada a Lei Áurea, que extinguia a

escravidão no Brasil. Assinada pela princesa Isabel, essa lei foi uma luta de

todas as leis aprovadas antes, mas houve destaque no esforço e empenho da

princesa Isabel, primeira mulher no Brasil a assumir uma chefia de Estado no

continente americano.

Podemos verificar que a grande maioria das leis foi implantada durante a

segunda metade do século XIX, mas, especialmente quanto às três primeiras,

a historiografia tem apontado que pouco significaram na prática, sendo muito

mais um artifício político para criar a impressão de que se estava promovendo

a abolição gradualmente no Brasil.

O século XX foi o século dos movimentos sociais e políticos, os quais

têm batalhado pelo reconhecimento e igualdade, sem discriminação de raça ou

cor. No entanto, com o trabalho realizado pelos movimentos sociais e as leis

em vigor, não há uma intimidação para os exploradores de trabalho escravo, a

todo instante a mídia tem noticiado a descoberta de trabalho escravo em vários

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estados, em que os mesmos são cobrados antecipadamente pela comida e

alojamento, enquanto não saudar a dívida está sujeito a trabalho de mais de 12

horas diárias, sem equipamentos adequados para o trabalho e vivendo em

condições sub-humanas. Além disso, permanecem as visões negativas sobre a

etnia afro-brasileira no imaginário nacional, identificados com a pobreza e a

marginalidade, ou mesmo evidenciando que o racismo e a questão racial são

problemas grandes ainda no Brasil e que devem ser enfrentados em várias

áreas, inclusive na promoção de um ensino que leve os alunos a

reconsiderarem o papel do negro na História nacional, desmistificando

posições e leituras e, assim, contribuindo para a igualdade racial. Este trabalho

se encaixa neste objetivo maior.

4. METODOLOGIA APLICADA

De modo a realizar um controle das atividades, foi necessária a criação

de uma planilha, nela está disposta a metodologia a ser aplicado nas aulas, o

conteúdo foi planejado e estruturado, onde o acompanhamento pode ser

facilmente realizado, contemplando alterações quando necessário.

Toda metodologia aplicada pelo professor deve assegurar a

aprendizagem, oportunizar reflexão, ser capaz de motivar, despertar o

interesse e preparar o aluno para argumentar, sempre que necessário.

Na busca da criação de um elo entre presente e passado, a metodologia

aplicada em cada aula teve como parâmetros a aula expositiva, debates,

pesquisas e exposições.

A introdução ao assunto ocorreu mediante uma apresentação Didático-

Pedagógica através de aula expositiva, e, posteriormente foi aplicado um

questionário individual, mapeando a situação hereditária e verificando o

conhecimento sobre leis, os pontos positivos, negativos em relação à cultura

afrodescendentes. O resultado demonstrou que a maioria dos alunos

desconhecia a origem dos seus pais, no entanto em alguns casos foi

enfatizado com certo orgulho que a origem provinha da Europa, tiveram

também dois relatos que já se sentiram discriminados motivados pela cor, a

qual ocorreu em ambiente escolar. Em relação às leis, principalmente a lei

10.639/03, houve uma unanimidade no desconhecimento da mesma.

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Para aprofundar na cultura afrodescendente, foi solicitada uma pesquisa

aos alunos, onde o tema buscava a origem dos africanos trazidos ao Brasil,

local onde viviam, comércio, culinária, religião, vestimenta, língua e danças. Os

meios utilizados foram os seguintes: Livros da biblioteca, o laboratório de

informática e vídeos de locadoras, a qual foi entregue individualmente.

As aulas seguintes focaram o período da escravidão, nesse contexto

foram realizadas aulas expositivas, apresentação em data show, apresentação

em PowerPoint e à utilização de trechos de filmes. O objetivo foi retratar todos

os aspectos históricos da escravidão em terras brasileiras.

Com o objetivo dos alunos conhecerem, fortalecerem e valorizarem a

cultura Afrodescendente foi solicitada uma pesquisa individual, a qual fez parte

de uma apresentação em sala de aula e posteriormente foi utilizada em

exposição para as demais turmas. Os temas foram: Personalidades, culinária,

instrumentos musicais, músicas, danças, vestimenta, penteados e adornos.

Cada apresentação foi avaliada conforme os requisitos utilizados, desenvoltura,

conhecimento e pontualidade. A primeira apresentação contemplou as leis,

servindo também como parâmetro para um debate, as demais ocorreram

conforme o planejamento prévio. Para os alunos, dentre as apresentações às

surpresas foram o tratamento dispensado com os idosos após a lei do

Sexagenário, o encaminhamento que ocorria com as crianças e à variedade de

pratos originados na culinária africana.

Com a finalidade de ponderar, foram realizadas duas avaliações,

podendo perceber que houve uma grande evolução em conhecimento e

envolvimento com o assunto.

Para que houvesse uma maior interação entre os alunos, foi realizado

um debate sobre as leis existentes, a qual ocorreu em duas aulas, onde teve a

participação um Moderador (professora) e Debatedores (alunos). A finalidade

deste debate foi de conscientizar, oportunizar uma discussão amigável,

realizando reflexões, verificando a eficácia da aplicação das mesmas e a

necessidade da criação de novas leis. Os alunos foram divididos em grupos,

um grupo defendia os escravos, outro grupo defendia os proprietários de

escravos e o terceiro grupo representava o governo imperial. Os argumentos

de ambos os lados foram constantes, onde cada grupo tentava achar a melhor

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solução para cada situação criada. O resultado foi extremamente positivo, pois

se percebeu que todos vestiram os personagens a eles atribuídos.

De posse da programação e todos os materiais necessários, começou a

organização da exposição. A realização da exposição ocorreu no saguão da

escola, alunos, funcionários da escola e a comunidade tiveram a oportunidade

de participar. Foi criado um cenário, com música típica ao fundo, cujo objetivo

era o reconhecimento da própria identidade e a valorização da cultura afro

descendente, onde manequins vestiam roupas com estilo africano, painéis com

imagens, desenhos e textos informativos, objetos antigos, utilizados

principalmente no trabalho braçal na época, finalizando com uma feijoada

completa, servida a todos.

Para finalizarmos, ocorreu uma reflexão sobre todos os diversos temas

abordados, onde todos tiveram oportunidade de realizar comentários sobre os

assuntos desenvolvidos ou expressando o sentimento próprio.

5. AVANÇOS

Ao longo dos tempos os movimentos negros têm lutado contra o

preconceito e escravidão, inicialmente começou em busca da liberdade, que

apesar de implantada no papel, na vivência prática não usufruem desse direito.

Os movimentos continuam em busca de legitimar esse direito, tirando os

mesmos da exclusão, ofertando melhor condições de vida e oportunidade de

crescimento pessoal.

Ações públicas ou privadas, conhecidas como Políticas Afirmativas

buscam corrigir as desigualdades sociais, raciais e econômicas. No Brasil

várias ações foram implantadas como o programa de bolsas de estudo, cotas

nas universidades, distribuição de terras e moradias. No período atual as leis

em evidências são as seguintes:

a) Lei 10.639/03, a qual torna obrigatório o ensino da História e Cultura Afro

Brasileira na Escola.

b) Lei 12.288/10, a qual institui o Estatuto da Igualdade Racial.

c) Lei 12.711/12, que estabelece cotas para negros nas universidades.

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CONSIDERAÇÕES FINAIS

O Brasil, não conhece o Brasil... “Querela do Brasil” (1978), cantada por

Elis Regina (1945-1982), é uma obra da qual temos que sempre estar

resgatando e levando aos nossos jovens brasileiros para que se conheçam e

valorizem a sociedade em que vivem, considerando um desafio constante do

passado, no presente e no futuro.

Sendo assim, com esse trabalho procurou-se provocar uma profunda

reflexão sobre a diversidade cultural e as múltiplas identidades existentes na

sociedade brasileira.

Com o aprofundamento teórico ocorrido através de aulas expositivas,

pesquisas e leituras muitos de nossos jovens demonstraram surpresa sobre

determinados assuntos, a própria lei 10.639/2003, não era do conhecimento

dos mesmos, isso fez com que o trabalho se tornasse mais instigante, pois, a

pureza do tema, acabou fascinando aos alunos e a mim. Mas, quando o tema

foi levado de forma a mostrar o preconceito e o racismo existente no nosso

meio, os mesmos acabaram se identificando, alguns pela cor da sua pele,

outros, pelas condições econômicas e principalmente pelas condições físicas.

Através das pesquisas nas mídias, percebeu se a grandeza da cultura

afrodescendente que a sociedade brasileira utiliza principalmente à culinária,

realizada pesquisas de cardápios da culinária afros regionais e assim

colocadas no cardápio no encerramento do projeto. A pesquisa sobre os estilos

de cabelos afro, que não é muito comum na nossa região e que foi considerado

por muitos como verdadeiros designes artísticos; as vestimentas encantaram

pela complexidade dos modelos e diversidades de cores, com isso foi feita uma

exposição de vestimentas estilos afro com alguns adornos trazidos da região

da Bahia e algumas decorações como instrumentos utilizados por escravos de

ganho (... - 1940) da região vizinha (Rio Bonito do Iguaçu), outras, por famílias

antigas da nossa região e por colecionadores de peças afrodescendentes e

africanas.

Diante das apresentações dos trabalhos houve preocupação, pelos

alunos, em defender e comprovar seus temas, fazendo com que suas

descobertas fossem aceitas pelo grupo através das discussões assim

construindo uma visão mais reflexiva, que, por intermédio da professora as

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questões e as respostas dadas foram feitas de forma planejada e organizada,

assim as aulas debates foram consideradas excelentes. Podendo observar que

“o debate deve ser visto como um instrumento para se trabalhar as

capacidades argumentativas dos alunos ao defenderem oralmente um ponto de

vista, uma escolha ou um procedimento de descoberta” (Schneuwly e Dolz,

1999).

E isto pode ser confirmado através da celebre frase de Nelson Mandela,

“Ninguém nasce odiando outra pessoa pela cor de sua pele, ou por sua origem,

ou sua religião. Para odiar, as pessoas precisam aprender, e se elas podem

aprender a odiar, podem ser ensinadas a amar, pois o amor chega mais

naturalmente ao coração humano do que o seu oposto. A bondade humana é

uma chama que pode ser oculta, jamais extinta”. (Schneuwly, B. Dolz,)

Como resultado deste trabalho percebeu-se que a maioria dos cidadãos

brasileiros traz em sua genética traços ou vestígios da África, chamados de

mestiços, mas, se não trazemos nos traços, trazemos nos costumes e práticas

deixadas pelos africanos. O conhecimento das leis, a valorização, a

implantação de igualdade e direitos das sociedades afrodescendentes reduzirá

com certeza o racismo e a forma errônea de considerar o negro como ser

inferior. E, quanto mais cedo pudermos trabalhar esse pensamento nas

escolas, menos problemas e mais respeito teremos na sociedade.

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