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Versão On-line ISBN 978-85-8015-075-9 Cadernos PDE OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE NA PERSPECTIVA DO PROFESSOR PDE Produções Didático-Pedagógicas

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Versão On-line ISBN 978-85-8015-075-9Cadernos PDE

OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSENA PERSPECTIVA DO PROFESSOR PDE

Produções Didático-Pedagógicas

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SECRETARIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃO – SEED

SUPERINTENDENCIA DA EDUCAÇÃO – SUED

DIRETORIA DE POLÍTICAS E PROGRAMAS EDUCACIONAIS – DPPE

Ficha Para Identificação

Produção Didática - Pedagógica

Professor PDE – 2013

Professor PDE: Ondina Brum dos Santos

Área PDE Artes

NRE Cascavel

Professor Orientador IES Prof. Ms. Desiree Paschoal de Melo

IES UNICENTRO/Guarapuava

Escola de Implementação Colégio Estadual Carlos Argemiro Camargo

Ens. Fundamental e médio

Município da Escola Capitão Leônidas Marques- PR

Caracterização do Objeto

de Estudo Unidade – Didática

Título da Produção Didática Arte Conceitual: Uma Proposta de Ensino

Justificativa da Produção

Percebe-se, de acordo com experiências em

sala de aula, a necessidade de fazer uma proposta

de trabalho com perspectiva que não só dialogue

com a arte contemporânea, mas ao mesmo tempo

propicie ao educando acesso ao conhecimento, ao

questionamento e reflexão, compreender a arte como

parte integrante da nossa vida, da construção como

pessoas críticas, autônomas e sensíveis, diante das

produções artísticas contemporânea.

Objetivo Geral de Produção Propor uma pratica pedagógica para o ensino

artístico contemporâneo da arte conceitual

Público Alvo Alunos do 2º ano do Ensino Médio

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Relação interdisciplinar Arte, História, Geografia e Português

Resumo A organização desta Produção Didático-Pedagógica “

Arte Conceitual, Uma Proposta de Ensino”,

fundamentada nas Diretrizes Curriculares da

Educação Básica, destina-se aos alunos do 2º ano

do Ensino Médio, para a disciplina de Arte, do

Colégio Estadual Carlos Argemiro Camargo - Ensino

Fundamental e Médio, do Município de Capitão

Leônidas Marques- PR. A arte conceitual surge como

categoria ou movimento no final da década de 60 e

no início da década de 70. Costuma a ser apontada

como arte da idéia ou arte da informação e seu

ensinamento básico é o de que as idéias ou

conceitos constituem a verdadeira obra. A obra e as

idéias de Marcel Duchamp foram uma influência

primordial. Boa parte da arte conceitual assume a

forma de documentos, propostas escritas, filmes,

vídeos, performances, fotografias e instalações. Os

artistas muitas vezes usavam de modo consciente

formatos desinteressantes com o intuito de focar a

atenção sobre a idéia ou a mensagem central. As

atividades ou pensamentos apresentados poderiam

ter acontecido em outros lugares, espacial ou

temporalmente, ou simplesmente na cabeça do

espectador. Estava implícito o desejo de desmistificar

o ato criativo e dar poderes ao artista e ao

espectador, rompendo com as preocupações do

mercado de arte. O que a maior parte das obras

conceituais compartilha é um apelo às faculdades

intelectuais do espectador. O que é arte? Quem

determina o que é arte? Quem decide como é

exposta e criticada? Essas são as questões que

refletem a crescente politização de muitos artistas no

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período de 1960-70. Não há um consenso que possa

definir os limites do que pode ou não ser considerado

Arte Conceitual. A idéia que sustenta uma obra de

arte é mais importante que o produto final.

Palavras - chave Arte conceitual; Cildo Meireles; Arte e ensino.

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SECRETARIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃO

SUPERINTENDÊNCIA DA EDUCAÇÃO

DIRETORIA DE POLÍTICAS E PROGRAMAS EDUCACIONAIS

PROGRAMA DE DESENVOLVIMENTO EDUCACIONAL – PDE

UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CENTRO-OESTE DO PARANÁ

ONDINA BRUM DOS SANTOS

ARTE CONCEITUAL: UMA PROPOSTA DE ENSINO

CAPITÃO LEÔNIDAS MARQUES – PR

2013-2014

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ONDINA BRUM DOS SANTOS

ARTE CONCEITUAL: UMA PROPOSTA DE ENSINO

Produção didática – pedagógica apresentada a SEED

- PR, como requisito para o cumprimento das

atividades previstas dentro do Programa de

Desenvolvimento Educacional – PDE do Estado do

Paraná. Turma 2013-2014.

Orientadora: Professora Mestre Desiree Paschoal de

Melo.

CAPITÃO LEÔNIDAS MARQUES – PR

2013-2014

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ARTE CONCEITUAL: UMA PROPOSTA DE ENSINO

1. DADOS

LOCAL: Colégio Estadual Carlos Argemiro Camargo- EFM

PÚBLICO ALVO: Ensino Médio

NOME: Ondina Brum dos Santos

ENDEREÇO: Capitão Leônidas Marques- PR

E-MAIL: [email protected][email protected]

TELEFONE: 45 3286 2652 – 45 9911 4553

DURAÇÃO: 32 Horas Aulas

2. APRESENTAÇÃO

Este trabalho consiste na elaboração de uma unidade didática, parte

integrante do Programa de Desenvolvimento Educacional - PDE da Secretaria de

Estado da Educação do Estado do Paraná. Está fundamentada nas Diretrizes

Curriculares da Educação Básica.

Esta unidade didática é direcionada para os alunos do Ensino Médio, do Colégio

Estadual Carlos Argemiro Camargo Ensino Fundamental Médio de Capitão Leônidas

Marques, no entanto pode ser utilizada por professores que se interessarem em

trabalhar com seus alunos o tema da arte conceitual. Esta unidade didática foi

elaborada com o propósito de ser o material de apoio para a execução de um

Projeto de Intervenção Pedagógica que aborda o estudo da arte contemporânea

enfatizada na problemática da arte conceitual baseada nas obras de Cildo Meireles.

Para abordagem do tema, foi organizado um conjunto de textos de apoio,

vídeos, imagens de arte, jogos de perguntas e respostas, ações artísticas e

processos criativos de forma individual e coletiva, para que cada aluno possa ter

uma melhor compreensão nas transformações ocorridas no processo educativo na

contemporaneidade e na arte conceitual.

A metodologia a ser utilizada é voltada para análise, apreciação e

contextualização de imagens e propostas criativa. A prática educativa deste projeto

tem como objetivo compreender a arte conceitual com ênfase na idéia, nos gestos

que sustentam uma obra de arte ou o processo que pelo qual se chega até ela,

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exigindo a participação mental do espectador, buscando novos modos de fazer arte,

tornando-se mais relevante que o produto final acabado.

A seguir será apresentada uma revisão bibliográfica sobre a Arte Conceitual e

sobre Cildo Meireles, reflexões sobre a possibilidade de se pensar em uma proposta

de ensino sobre o tema e, em seguida, as orientações metodológicas dessa unidade

didática.

Arte Conceitual

Vivemos em um mundo em constantes transformações com tantas

informações que nos são apresentadas com a rapidez que tudo acontece, a cada

instante que temos acesso a televisão, o computador, o jornal, a revista ou até

mesmo o rádio, sentimos as mudanças seus desdobramentos, muitas vezes nos

agradam, outras nos espreitam e nos intimidam.

A arte não poderia ser diferente, ela acompanha estas mudanças, pois

dialoga com os fatores tecnológicos, socioeconômicos, políticos e culturais de cada

época. Faz parte de sua característica estas mudanças. A sociedade ao aventurar-

se do conhecimento se desenvolve e se transformam constantemente, a fim de

desvelar a arte e a cultura como elementos integrantes de nosso desenvolvimento

humano contínuo.

No universo da arte, categorias que eram tidas como essenciais passam a ser

questionadas. No final da década de 50, e nas duas décadas seguintes, que se

passa a perguntar não mais o que é arte, mas onde ela está. O objeto de arte

desmaterializa-se, confunde-se com a vida cotidiana, revela-se em processo, ocupa

espaços expandidos e indiferenciáveis. (FREIRE, 2006, p.25) “A arte é muito mais

que um objeto a ser contemplado”, diz Cristina Freire, “A arte pode ser muitas

coisas”, explica Celso Favaretto. E complementa:

“Toda a arte desse período, de um modo ou de outro, tem uma tônica

altamente conceitual e processual. É sempre uma arte do processo.

Uma arte que dissolveu as delimitações tradicionais do conceito de

arte, da forma da arte, dos modos de fazer arte. Dos objetos

cotidianos aos objetos mais requintados, tradicionalmente artísticos,

você tem um grande horizonte de trabalho em que essas coisas se

compõem e não se excluem jamais” (COUTINHO; ORLOSKI; et al.

2006, p.03/Arte Conceitual).

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Não será pela arte, que o ser humano torna-se consciente da sua existência

individual e social? Ele se percebe e se interroga, sendo levado a interpretar o

mundo e a si mesmo?

“É certo que as vanguardas históricas, em especial o surrealismo, o futurismo

e, sobretudo, o dadaísmo, já anunciavam essas mudanças, apontando, cada qual de

uma maneira, uma certa pré-história da Arte Conceitual” (FREIRE, 2006, p.09).

Com as vanguardas artísticas, transformar esse tipo de competência e substituí-las

por outra é sem dúvida um processo longo e difícil. Conhecimentos já arraigados

causam dificuldades para compreensão e aceitação das poéticas contemporâneas.

Surge a “arte conceitual”, propondo a rediscussão da estrutura representativa e a

valorização do conceito e do processo artístico. A partir dessa perspectiva de estudo

da arte conceitual, entende-se, que esta opera não mais com objetos ou formas,

mas com idéias e conceitos. A característica principal de toda a obra chamada

conceitual não é ver objetos e formas, mas sim sua provocação, a discussão de um

assunto, a comunicação de idéias, crítica, denúncia, gestos que traduzem a

valorização de idéias significativas da obra, mais do que o produto acabado, sendo

que às vezes este produto, não precisa existir. Composições visuais que buscam

conceitos e de alguma maneira, permitem a discussão sobre o sistema em que se

vive e a interação entre o artista e o espectador derrubando os princípios que

nortearam a obra de arte tradicional arraigada na cultura ocidental, deixa de ser

primordialmente visual feita só para ser olhada, e passa a ser considerada como

uma idéia ou pensamento. E por isso a importância do estudo da arte conceitual

representa um momento tão significativo na história da arte contemporânea. `

Se pensarmos em arte conceitual no material de Coutinho e Orloski et al

(2006, p.04/Arte Conceitual), Leonardo da Vinci apontou indícios quando afirmou

que “a arte é uma coisa mental”, uma idéia que está no pensamento do artista, do

observador. Uma outra ligação mais imediata é a ação de Marcel Duchamp com

seus ready-made, como explica Celso Favaretto:

“Quando Duchamp inventou seu ready-made lá por volta de 1913,

podemos dizer que ele escolheu a roda de bicicleta, ou o porta

garrafas ou o urinol, aleatoriamente. Mas na verdade nunca essa

escolha é aleatória. O artista de certa forma tem uma idéia, uma idéia

da arte, uma concepção o que ele entende como arte e de que efeito

ele quer produzir. Ele escolhe o material que, implicitamente, já

manifesta a possibilidade dele configurar uma idéia. Eis o

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conceitualismo”. (COUTINHO; ORLOSKI; et al, 2006, p.04/Arte

Conceitual).

Referindo-se que a arte não deve ser feita pelo artista e sim pensada

intelectualmente por ele, já interessando no conceito da obra, e não mais a obra em

si. Depois de Duchamp com seu ready-made, a arte nunca mais voltou a ser a

mesma, ele dava a entender que a arte podia existir fora dos veículos

convencionais, que é o espectador quem faz a obra, seu ponto de vista era que a

arte relacionava-se mais com as intenções do artista do que qualquer coisa que ele

fizesse com as próprias mãos ou sentisse a respeito de beleza. Como explica

Cristina Freire em seu livro Arte Conceitual (2006, p.33). Do ponto de vista da

história da arte contemporânea, o resgate da obra de Duchamp é crucial para

qualquer revisão da Arte Conceitual, pois o princípio do ready-made fundamenta

uma de suas vertentes mais importantes.

Exercendo grande influencia na evolução da vanguarda artística no século

XX, a arte contemporânea dá origem aos movimentos conceituais do final da década

de 60 e 70.

“O americano Joseph Kosuth é referencia com sua desconcertante

obra Uma e três cadeiras (1965-66) que mostra uma cadeira real (o

objeto tridimensional), uma foto de cadeira (sua tradução

bidimensional) e uma ampliação fotográfica da definição oferecida

pelo dicionário ao vocábulo cadeira (sua versão simbólica). O título

enumera uma e três cadeiras: o nome do objeto apresentado

questiona os limites da representação, pois o próprio nome do objeto

também é usado para representá-lo, podendo substituir qualquer uma

das outras formas de representação” (COUTINHO; ORLOSKI; et al.

2006, p.04/Arte Conceitual).

A arte conceitual surge na metade dos anos 60, estendendo-se a década

seguinte, propondo a eliminação da estrutura representativa e a valorização do

conceito e do processo artístico. Devido à grande diversidade de intenções

artísticas, incluindo arte oriunda de diferentes culturas, configuram em seus duplos

sentidos e direções muitas vezes com concepções contraditórias, não há um

consenso que possa definir os limites do que pode ou não ser considerado Arte

Conceitual.

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O experimentalismo é apresentado como marca do processo criativo da

contemporaneidade e na crença de que o artista não deve enfrentar mais a matéria

e sim uma idéia, um pensamento, exigindo a participação mental do espectador, na

busca de novos modos de fazer arte, sendo tanto no processo de criação dos

trabalhos quanto no modo de apresentação ao público.

Os artistas passam a não se preocupar com a forma, são os conceitos, as

idéias que prevalecem sobre a cor, forma, textura, luz e sombra dos objetos. A idéia

que sustenta uma obra de arte, sendo mais importante que o produto final. As

preposições conceituais negam a aura de eternidade, o sentido do único e

permanente e a possibilidade de a obra ser consumida como mercadoria.

Segundo FREIRE (2006, p.13), “mesmo que a Arte Conceitual seja circunscrita a um período de uma

década, as questões que ela lançou são bastante atuais [...] Faz-se necessário ampliar os sentidos

da Arte Conceitual, incluindo ações que partem do cotidiano, misturando arte e vida, e para as quais

o projeto e registro integram uma mesma obra.”

O conceito ou atitude mental tem prioridade em relação à aparência da obra.

Um exemplo de relação arte/vida segundo Cristina Freire é do alemão Joseph Beuys

ao comentar seu terno de feltro (1970). Toda a relação dele partiu de uma questão

profundamente vivencial. O uso do feltro tem uma relação simbólica do feltro, do

material feltro dentro da vida dele, o mito que ele cria dentro da própria história de

que ele era piloto aéreo durante a 2ª Guerra Mundial e o avião caiu. Os nômades

tártaros cuidaram dele enrolando todo o corpo gelado em feltro e parafina. Esses

são os dois materiais que ele utiliza muito em suas obras.

Prossegue Cristina Freire que Beuys “desenvolve a noção de

“escultura social”, que vai além de criar mais um objeto. Escultura

social seria criar novas idéias na cabeça das pessoas. Essa seria a

grande dimensão da arte, possibilidade de mudar pensamentos,

comportamentos e toda uma realidade social” (COUTINHO;

ORLOSKI, 2006, p.05/Arte Conceitual).

Escultura social - termo criado pelo artista alemão Joseph Beuys. A teoria da

escultura social parte dos conceitos de obra enquanto processo mutação e

evolução.

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“Para Joseph Beuys o conceito de escultura pode ser estendido aos

materiais invisíveis usados por todos: formas pensantes - como

moldamos nossos pensamentos ou formas falantes - como lapidamos

nossos pensamentos em palavras ou esculturas social - como

moldamos e esculpimos o mundo em que vivemos”. (COHEN, 1998,

p.23 apud COUTINHO; ORLOSKI; et al. 2006, p.5 - Arte Conceitual)

Segundo pesquisas o termo Arte Conceitual é usado pela primeira vez num

texto de Henry Flynt, em uma revista em 1961, entre atividades do Grupo Fluxus do

qual ele faz parte. Esse grupo de artistas de várias nacionalidades, conhecidos

através de performances e happenings, publicações, filmes e vídeos, realizados pelo

grupo nas décadas de 60 e 70 em razão de sua postura radical e subversiva. Ações

Fluxus misturavam arte e cotidiano, buscando destruir convenções e valorizar a

criação coletiva de artistas. Neste texto, o artista, defende que os conceitos são a

matéria da arte e por isso ela estaria vinculada á linguagem. O mais importante para

a Arte Conceitual são as idéias, a execução da obra fica para segundo plano e tem

pouca relevância. Além disso, caso o projeto venha a ser realizado, não é

necessário que a obra seja construída pelas mãos do artista, ele pode muitas vezes

delegar o trabalho físico a uma pessoa que tenha habilidade técnica e especifica. O

que importa é a invenção da obra, o conceito, que é elaborado antes de ser

materializado (ITAÚ, 2013).

A história da Arte Conceitual no Brasil como explica Cristina Freire, foi elaborada

também a partir de exposições. Em 1969, bem no auge da ditadura militar

provocando perseguições a intelectuais e artistas. Foi fechada a exposição do

Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro onde participariam artistas selecionados

para participar da VI Bienal de Paris, o que provocou um protesto da Associação

Brasileira de Críticos de Arte. Organiza-se, do exterior, representações estrangeiras,

comunidade e artistas locais um boicote à Bienal Internacional de São Paulo, a não

participar da mostra, como forma de protesto à ditadura militar. Esse boicote durou

até 1983, quando o país retornou a democracia.

Desta forma, a Arte Conceitual é um movimento artístico, a ênfase está na

idéia, no gesto, no pensamento, na atitude mental de um comportamento, na ação.

Um modo de encarar as coisas, uma atitude diante do mundo, é o precário como

norma e a luta como processo de vida. É não preocupar-se em concluir, em ser

exemplo, em fazer história. É a valorização da atividade criadora mais que objeto,

proximidade cada vez maior entre o artista e o público, obras realizadas em espaços

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abertos e democráticos. É a fusão entre arte e realidade social e política. Textos,

imagens, instalações, intervenções, fotografia, vídeos e objetos são referências

artísticas deste tipo de arte. E é a obra a ser valorizada por si só. ”Em suma, a Arte

Conceitual dirige-se para além de formas, materiais e técnicas. É, sobretudo, uma

crítica desafiadora ao objeto de arte tradicional” (FREIRE, 2006, p.10).

Uma das principais características dessa arte é oferecer o desafio, a

interpretação de uma idéia, de um conceito, de uma crítica, de uma denúncia. É

questionar o papel das instituições, “Por que é o mercado que valida a arte? Por que

ao museu é destinada a compra das obras? Por que a arte tem que ser um objeto?

O mundo já está cheio de objetos, diziam os artistas conceituais. O que vale são as

idéias, idéias significativas que, de alguma maneira, possam alterar um pouco o

sistema em que se vive” (COUTINHO; ORLOSKI, 2006, p.07/Arte Conceitual).

O que a maior parte das obras conceituais compartilha é um apelo às

faculdades intelectuais do espectador. A função da arte nesse contexto é instigar o

observador a refletir e a interagir com a obra, para sensibilizar a sociedade sobre o

ambiente, a violência, o consumo.

Segundo Pesquisas é dessa maneira que a pintura e o desenho também

passam a conviver com novas linguagens, entre elas as instalações, as

intervenções, os objetos, as performances e o vídeo arte. Apesar de atualmente ser

uma estética muito explorada, ainda gera muita estranheza nas pessoas. Algumas

questionam se essa linguagem pode ser considerada arte. Observando as atitudes

das pessoas percebe-se, que nem todos estão preparados para vivenciar novas

experiências, sabe-se que a intervenção é uma linguagem que rompe as barreiras

que aproxima expectador e obra de arte e é exatamente para essa aproximação que

muitos ainda não estão prontos. (ITAU, 2013).

Por isso o interesse em trabalhar a Arte Conceitual na escola é de

proporcionar o conhecimento, questionar, provocar discussões sobre o assunto,

identificar algumas das interrogações e estratégias lançadas pela arte conceitual,

instigar, refletir, sensibilizar o aluno sobre o ambiente, a violência, o consumismo e

gerar ousadias ao buscar novos modos de fazer arte.

A Arte Conceitual se manifestou no Brasil ligado a aspectos sensoriais,

rejeitava o objeto de arte, artigo único de luxo, mas vinculava-se à expansão da cor

no espaço, à busca de maior interação entre as formas e o corpo do espectador. Sol

Lewit esclareceu teoricamente a Arte Conceitual, dizendo: “Em arte conceitual, a

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idéia ou conceito é o aspecto mais importante da obra (...) todo o planejamento e as

decisões são formulados de antemão e a execução é uma questão superficial. A

idéia torna-se a máquina que faz arte” (CARMEN MAIA, 2009, p.18).

Cildo Meireles

Na arte brasileira alguns nomes se destacam na Arte Conceitual, Hélio

Oiticica, Lygia Clark, Anna Maria Maiolino e Cildo Meireles.

De 1968 em diante, inicia-se o período politicamente mais duro da ditadura

militar do Brasil, o debate em torno de uma cultura que integrasse as diversidades

sociais foi enterrada com o golpe militar de 64. Ocorre maior concentração de renda,

o consumo de bens aumenta. As transações entre produtores e consumidores de

arte, começam a ter mediação direta do mercado, o consumo de arte, e valores

estéticos tradicionais também deve ser fomentado.

Na busca de liberdade das restrições impostas pelas categorias que regulam

a produção de arte pelas escolas, salões e mercados de arte. Os meios de

expressão: pintura, escultura, desenho – foram incrementados por essa geração de

artistas. Tudo se tornou veículo artístico: postais, jornais, revistas, telegramas,

fotografias, objetos cotidianos, dejetos, todo e qualquer material podia ser suporte

poético.

É nesse contexto que o trabalho de Cildo Meireles emerge território de

tensões, estratégia e calculo aumentam e seu trabalho transforma-se. Cildo reafirma

a necessidade de “transformar a arte de prática estética em prática cultural e que é

preciso calculo político para transformar”.

Cildo Meireles em seus Projetos As Inserções em Circuitos Ideológicos: 1-

Projeto Coca-Cola e 2-Projeto Cédula, esses trabalhos corresponde a uma

indagação sua quanto aos fundamentos da prática artística: a arte é um “modo”, de

fazer ou de atuar, e é dessa forma uma “inserção” dos sujeitos em algum “lugar ou

meio”, que é também um “circuito”, abre mão da materialidade do objeto de arte

utilizando o refrigerante coca-cola objeto industrial com uma tinta especial para

aparecer a frase escrita quando a garrafa estiver cheia com o líquido coca-cola e a

cédula acrescenta o carimbo , os quais não estão sendo postas no lugar da arte; ao

contrário , tornando artefatos de comunicação e arte. Afirma o artista, podem ser

percebidas como espécies de “graffitis” em circulação já que prescindem do lugar

onde se inserem. Esta é a realidade dos circuitos, seu caráter inapreensível e

instantâneo. Propriedade coletiva e sem nenhum tipo de controle, os circuitos são

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politicamente ágeis. Com porosidade, as Inserções penetram em todas as brechas e

transtornam as esferas públicas e privadas. E, no entanto, muitas vezes não

precisam modificar as características formais dos objetos já que circulam em redes

impessoais.

Para escrever estas reflexões sobre Cildo Meireles foi pesquisado a obra

Cildo Meireles de Carmen Maia, 2009.

O ilustre artista carioca destacando-se pela experimentação de novas

linguagens, estética e materialidade para o objeto artístico, questões sociais e

política conduzindo reflexões sobre os conceitos e temas explorados na

contemporaneidade da vida brasileira. Uma das características da arte de Cildo

Meireles é a unicidade, cada trabalho é único, nenhum trabalho assemelha-se ao

outro, esta seria uma busca constante do artista, romper com a idéia de estilo e

fornecer a cada nova idéia uma formalização diferente da anterior. A fala de Cildo a

respeito da Arte Conceitual em 1981:

“Acho que uma das obrigações, uma das condições exigidas para que

uma coisa seja um trabalho de arte é a capacidade de ele se impor

por si mesmo, explicar-se sem teorizações de fora. (...) Por outro

lado, quando você fala de arte conceitual, coisas da qual não me

consideram um representante, acho que ela corre um pouco esse

risco (ter que explicar.)” (MAIA, 2009, p.19).

O artista afirma ainda que as Inserções, realizadas na década de 1970,

podem ser vistas como equivalentes de telas: em seus trabalhos, como nas telas,

tudo está dito.

Do experimental, ao impulso conceitual na arte, gerou uma tendência à

imaterialidade. Apesar de não priorizar o olhar, nem apresentar um conceito de

fruição e de beleza tradicionais, a ênfase conceitual não recai sobre o sistema

lingüístico. Cildo Meireles afirma: “Não me considero um artista conceitual”, apesar

de ter muitos trabalhos que tocam tangencialmente questões conceituais e ter feito

parte de exposições conceituais. Uma das razões da arte é a dificuldade da história

da arte em lidar com aquilo que é percebido como excesso de retórica verbal, as

pessoas não costumam ir a uma exposição para ler explicações. A arte pode

fornecer uma diversão sistemática, acredito que todo artista deva abrir-se para a

diversão, mesmo através da produção.

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Uma proposta de ensino

De acordo com as Diretrizes curriculares da Educação básica do Paraná

sobre o item 4- encaminhamento metodológico e sub item 4.1- conhecimento em

arte, nas aulas de arte é necessária a unidade de abordagem dos conteúdos

estruturantes, em um encaminhamento metodológico orgânico, onde o

conhecimento, as práticas e a fruição artística estejam presentes em todos os

momentos da prática pedagógica, em todas as séries da Educação Básica.

Para preparar as aulas, é preciso considerar para quem elas serão ministradas,

como, porque será trabalhado, tomando-se a escola como espaço de conhecimento.

Dessa forma, devem-se contemplar, na metodologia do ensino da Arte, três

momentos da organização pedagógica:

Teorizar: fundamenta e possibilita ao aluno que perceba e aproprie a obra

artística, bem como, desenvolva um trabalho artístico para formar conceitos

artísticos.

Sentir e perceber: são as formas de apreciação, fruição, leitura e acesso à

obra de arte.

Trabalho artístico: é a pratica criativa, o exercício com os elementos que

compõe uma obra de arte.

O trabalho em sala poderá iniciar por qualquer um desses momentos, ou

pelos três simultaneamente. Ao final das atividades, em uma ou várias aulas,

espera-se que o aluno tenha vivenciado cada um deles.

Segundo Stamm e Pillotto (2007, p.87-90), nos expõem reflexões no campo

das leis de diretrizes e bases da educação brasileira, raízes culturais são acionadas

e articuladas à vida da escola, do trabalho e das famílias. Há pouco tempo os

indivíduos eram preparados para o mercado de trabalho, esse conceito vem

perdendo força e sendo substituído pela civilidade e humanidade, parceiro entre

escola e comunidade, assuntos de interesses a alunos e professores como a

violência, drogas, sexualidade, questões planetárias ambientais, arte, lazer e cultura.

Reconhecimento de várias maneiras de ensinar. Metodologias que priorizem e

estimulam o cotidiano do aluno exercendo forte motivação nos processos de

aprendizagem para o desenvolvimento integral dos alunos: corpo –mente – emoção-

ação e autonomia. A arte como propulsora da integração escola e comunidade,

articulando entre os espaços formais, não formais e informais da educação, são

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elementos da cultura presentes nas produções humanas e na natureza, contribuindo

como um agente motivador de mudanças.

Na fala da Profª Drª Silvia Sell Duarte Pillotto em sua palestra no X Simpósio

de Arte-Educação na Unicentro, Guarapuava, PR (11 de Set de 2013), diz que cabe

a nós professores contribuir com seus alunos a perceberem a fecundidade da

problematização, do ruído, do indizível, da quebra e da ressignificação que a arte, a

educação e as múltiplas culturas apontam. A arte é o conhecimento que não se

resolve em interpretações, em explicações. Mas sim, em questionamentos. Não

precisamos mais provar o que é arte, devemos mostrar e fazer, a arte do silêncio e

mesmo do estranhamento. O professor por sua vez fica livre da obrigatoriedade de

dar respostas; de analisar, de interpretar e de responder a arte, a educação e a

cultura, na contemporaneidade precisa é de muita reflexão teórica.

Desta forma, na elaboração dessa unidade didática foi levada em

consideração a complexidade dos assuntos abordados acima e a necessidade de se

criar uma proposta de ensino que incentive o olhar do aluno a perceber a arte

conceitual nos dias de hoje.

3 - ORIENTAÇÕES METODOLÓGICAS

A organização da estrutura didática será abordada partindo de reflexões

sobre a arte e sua evolução, desde a pré-história e principais movimentos artísticos

da contemporaneidade, dando ênfase na arte conceitual apresentando como o

conteúdo foi organizado, a carga horária, materiais necessários e as sugestões de

atividades. O desenvolvimento do conteúdo foi distribuído em sete intervenções. A

primeira intervenção problematiza e faz refletir sobre os conceitos da arte; a

segunda intervenção faz compreender a arte contemporânea em sua perplexidade;

o objetivo da terceira intervenção é apreciar as obras de Cildo Meireles

possibilitando o entendimento e sua temática; na quarta intervenção uso de técnicas

criativas na impressão de frases conceituais em cédulas de dinheiro fora de

circulação; a quinta intervenção reconhecer as vanguardas artísticas dentro de cada

período histórico; sexta intervenção, entender a arte conceitual e aplicar sua prática

nas aulas de arte; a sétima intervenção avaliar o projeto, o conteúdo trabalhado

através de questionamentos e reflexões conceituais sobre a vida, cultura e

sociedade propondo uma exposição com uma instalação conceitual de

encerramento.

1ª INTERVENÇÃO: CONCEITOS DE ARTE

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Apresentação do livro didático “Arte. Ensino médio.” Secretária de Estado da

Educação do Paraná– capítulo 01 ao capítulo 05.

Objetivo: Problematizar e refletir sobre os conceitos de arte

Conteúdo: Introdução aos conceitos de arte

Carga horária: 1 hora-aula

Material necessário: Livro didático “Arte. Ensino médio. Secretária de Estado da

Educação do Paraná.

ATIVIDADE:

Orientar os alunos para que respondam as questões:

a - Arte: Quem tem uma explicação? O que é? Onde está?

b- Afinal?A arte tem valor? Qual?

c - Você suporta arte? Como?

d - Esses fazedores de arte: São loucos ou criadores irreverentes?

e -A arte é para todos? Ou para alguns?

Observação: Recolher a atividade e no final do projeto de intervenção pedagógica

pedir que respondam as mesmas questões, fazendo um comparativo, para ver as

mudanças ocorridas no ensino-aprendizagem de arte.

Resultado esperado: Através desta atividade espera-se verificar o desenvolvimento

e progresso da turma em relação ao conteúdo artístico estudado.

2ª INTERVENÇÂO: Arte Contemporânea

Objetivo: Compreender a arte contemporânea.

Conteúdo: A linguagem da arte contemporânea.

Carga horária: 2 horas-aula.

Material necessário: Tv multimídia, Pendrive ou data show e cópias das atividades

e texto.

ATIVIDADE:

Etapa 1: Apresentar aos alunos o vídeo da Arte Contemporânea da Itaú Cultural na

TV multimídia de 5:28 min.

http://www.itaucultural.org.br/aplicexternas/enciclopedia_ic/index.cfm?fuseaction=ter

mos_texto&cd_verbete=354

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Sinopse: O vídeo criado pela equipe do Itaú Cultural para abrir a exposição Trilhas

do Desejo e aproximar o público da arte contemporânea. A exposição é um dos

resultados do programa de Rumos Artes visuais 2008-2009, que busca identificar e

promover obras e artistas contemporâneos de todo Brasil.

Etapa 2: Orientar os alunos para que observem e analisem as características da

arte contemporânea partindo de um jogo de pergunta e respostas, da seguinte

questão:

- O que é Arte Contemporânea?

Anotar no quadro todas as respostas.

Etapa 3; Após exposição da atividade, mostrar o vídeo sobre os trabalhos dos

Irmãos Campana, pesquisada na internet.

Sinopse – O vídeo, Arte na Tela- Irmãos Campana, apresenta uma exposição dos

irmãos Campana com 18 minutos de duração, onde faz uma retrospectiva dos

trabalhos nos últimos 20 anos, com materiais reutilizados, agrupados e colados;

papelão, emborrachado, plástico, vidros, aço, conchinhas, lascas de madeiras.

Objetos utilizados no dia a dia. Nos trabalhos e materiais utilizados são como fontes

de inspiração, o mundo, e tudo o que ele comporta, pessoas, a natureza e objetos.

Muitas cadeiras, objetos com grande força expressiva, inspiração na cidade de São

Paulo, e na Floresta Amazônica, objetos funcionais ou não, criando um

questionamento no usuário ou expectador. (Disponível em

http://www.youtube.com/watch?v=HqoIjkk-g0c Acesso 23 de Nov de 2013.)

Etapa 4: Provocar uma discussão entre os alunos através das seguintes perguntas:

a - O que essa obra representa para você?

b - Que tipo de ambiente é representado nesta obra?

c - Qual é o tema apresentado nesta obra?

d - Quais as formas, elementos estão sendo apresentados?

e - Que características de nossa cultura podem ser identificadas?

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f - Que tipo de sentimentos essas obras desperta em você?(alegria, tristeza,

curiosidade,...)

g - Se você fosse o artista dessas obras que nome daria?

Observação: Um modo de iniciar é dar ênfase para a arte conceitual e para Marcel

Duchamp que irão ver em seguida, pode ser discutido o que é feito atualmente na

área do design, fazendo uma conexão com os trabalhos dos irmãos Campana.

Duchamp coloca um objeto banal no lugar da arte e como obra de arte. Partindo

dessa substituição, o que não era arte passa a ser. Deste modo, ele mistura o

espaço da indústria com o espaço da arte, causando obviamente uma ruptura. O

design dos irmãos Campana desloca de seus locais ou funções habituais e os

transforma em objetos verdadeiramente artísticos por meio de sua manipulação. Por

exemplo, no design de uma mesa de centro, feita a partir de uma embalagem de

pizza, hoje exposta no MoMA, os designers deram à peça força expressiva e

funcional. Com papelão, eles fazem cadeiras, com plástico constroem mesas

infláveis, com cordas fabricam poltronas (COUTINHO; ORLOSKI; et al. 2006, p.15 -

Cildo Meireles-Gramática do Objeto).

Etapa 5: Após análise e discussão das obras, conceituar a Arte Contemporânea.

A arte contemporânea é a arte produzida da segunda metade do século XX até

os dias de hoje. Caracteriza-se pela liberdade na criação, o artista passa a

questionar a própria linguagem artística, a imagem em si, a qual dominou o cotidiano

do mundo contemporâneo. Os artistas nunca tiveram tanta liberdade criadora, com

tantos recursos e materiais em suas mãos. Um trabalho de arte podia ser definido

claramente como desenho, pintura, escultura ou gravura, hoje já não se acomoda

mais tão facilmente em uma dessas categorias, a incorporação de novos materiais

que não são mais os tradicionais, tanto quanto os títulos das obras podem atuar

como formas de linguagens artísticas, tais com o cheiro, o tato, paladar e sons

tornando-os difícil a catalogação ou classificação, pois nunca se centram em uma

única questão. As possibilidades e os caminhos são múltiplos, o experimentalismo e

inquietações mais profundas, o que permite a arte contemporânea ampliar seu

aspecto de atuação, pois ela não trabalha apenas com objetos concretos, mas

principalmente com idéias, conceitos e atitudes.

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Etapa 6: Após leitura e entendimento do texto e ter assistido o vídeo dos Irmãos

Campana, ler a e elaborar um poema visual para a frase:

“Há saberes em arte que são como estrelas para aclarar o caminho de um

território que se quer conhecer.” Trama inventiva (COUTINHO; ORLOSKI; et al.

2006, p.2 - Cildo Meireles-Gramática do Objeto).

Resultado esperado: Com a apresentação dos vídeos o objetivo é fazer um

comparativo entre as várias categorias artísticas e a grande liberdade de criação e

materialidade que não são mais os tradicionais. Fazendo uma conexão entre

Duchamp e Os irmãos Campanas dando ênfase a arte conceitual.

3ª INTERVENÇÃO: Vida e obras de Cildo Meireles

Objetivo: - Apreciar obras de Cildo Meireles, ressaltando o experimento de novas

linguagens, estética e materialidade usada na construção de suas obras e o uso do

objeto na composição artística.

- Entender a temática contemporânea, enfocando a arte conceitual nas obras de

Cildo Meireles e a relação entre linguagens artísticas, linguagem do objeto na arte,

materialidade, a dimensão simbólica e social dos objetos, processo de criação e

apropriação de objetos que constitui a obra de arte.

Conteúdo: Conhecimento da vida e obras de Cildo Meireles.

Carga horária: 6 horas-aula.

Material Necessário: Cópias do texto, TV multimídia, pendrive ou projetor data

show.

ATIVIDADE:

Etapa 1: Apresentar aos alunos o texto síntese sobre Cildo Meireles. Sugerido

abaixo, buscando a compreensão e curiosidade de quem é este artista brasileiro, e

sua arte que ainda muito tem influenciado gerações de criadores, pesquisadores,

estudantes e arte educadores que buscam uma identidade com características

Nacionais.

CILDO MEIRELES UM ILUSTRE ARTISTA BRASILEIRO

Cildo Meirelles (1948) nasceu no Rio de Janeiro, foi criado entre sertanistas

ligadas ao universo indígena brasileiro, motivo pelo qual trabalha o tema em muitas

de suas obras. Morou em várias cidades do Brasil e também em Nova York. Artista

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consagrado em todo o mundo, conquistando platéias diversificadas, influenciando

gerações de criadores, pesquisadores, estudantes, espectadores e arte-educadores.

Desempenhando um papel chave no processo de concepção e produção da arte no

experimento de novas linguagens, estéticas e materialidades para o objeto artístico,

conduzindo ao leitor reflexões sobre os conceitos e temas explorados na

contemporaneidade. A produção de Cildo Meireles é sempre fruto da observação da

vida e do mundo. O artista encara a arte como uma forma de pensar, nas suas obras

transforma os objetos mundanos em reflexão, propondo poderosos comentários

sobre a arte e a vida. O interesse pela investigação sensorial do corpo e a

preocupação com a interação entre a obra e o espectador. Nenhum trabalho de

Cildo Meireles assemelha-se ao outro, esta teria sido uma busca constante em

romper com a idéia de estilo, fornecendo a cada trabalho uma idéia diferente da

anterior: “Eu acredito que toda a ideia exige uma solução a mais singular possível”

disse certa vez o próprio artista (MAIA, 2009, p.12).

Além das instalações e performances, Cildo Meireles incorpora outras áreas

de percepção às artes plástica, tais como o cheiro, o tato, paladar e sons. Os

materiais tanto quanto os títulos das obras podem atuar como formas de linguagens

artísticas, tornando-os difícil a catalogação ou classificação, pois nunca se centram

em uma única questão. Assim, ele diz que “o artista, como o garimpeiro, vive de

procurar o que não perdeu” (MAIA, 2009, p.73).

As obras de Cildo Meireles não se esgotam no campo visual, requerendo

sempre uma participação intelectiva do espectador. Como um protagonista social,

que dá ênfase à ação e à apropriação de objetos para confrontar-se com o mundo,

encarando a arte como forma de pensar, o artista pode impulsionar a criação de

trabalhos. (COUTINHO; ORLOSKI; et al. 2006, p.17 - Cildo Meireles-Gramática do

Objeto).

Questionando, entre outros temas, a ditadura militar (1964-84), dependência do

País na economia global, situando-se na transição da arte brasileira entre a

produção neoconcretista do início da década de 60 e a de sua própria geração, já

influenciada pelas propostas da arte conceitual, as obras de Cildo dialogam não só

com as questões poéticas e sociais do Brasil, mas também com os problemas gerais

da estética e do objeto artístico. Cildo Meireles gosta é do “saber” que pode ser

compartilhado e continuado por outras pessoas, acrescenta sobre seus trabalhos

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dos picolés, “arte ou água são bens raros não devem desaparecer” (MAIA, 2009,

p.114).

Etapa 2: Apresentar o vídeo Cildo Meireles: gramática do objeto – yotube - Luiz

Felipe Sá - feito em 2000- publicado em 2012.15min.

Disponível em http://www.youtube.com/watch?v=vuJ4ETfHGSA - Vídeo enviado por

itaucultural

Sinopse - Vídeo experimental com roteiro do historiador e crítico de arte Frederico

Morais, o qual apresenta uma revisão dos trabalhos de Cildo Meireles, desde a

década de 70, revelando os processos e operações envolvidos na construção de

seus objetos de arte. Produzido para fazer parte do projeto museográfico da

exposição Investigações: o trabalho do artista, no Itaú Cultural/SP (2000), o vídeo é

uma narrativa visual e textual ancorada numa trilha sonora que nos impulsiona à

percepção da ação propositora deste artista que vem atualizando e determinando a

legitimidade dos impulsos críticos associados à Duchamp.

Outras sugestões de vídeos sobre Cildo Meireles para professores:

http://artenaescola.org.br/dvdteca/catalogo/dvd/89/

http://www.youtube.com/watch?v=vuJ4ETfHGSA

http://cildomeireles.blogspot.com.br/

O passeio da câmera

São revelados 15 minutos de ação: a ação propositora do artista Cildo Meireles.

A câmera, em close, nos mostra uma mão que escreve fazendo marcas negras

sobre o branco de um papel fabriano. As marcas revelam um pensamento: qual é o

lugar do objeto de arte?

Com a breve pergunta, o papel recebe dobras; com um furador, o orifício; nele,

um cadeado é colocado, lacrando a frase. Um homem, usando luvas, como aquelas

usadas para manusear obras de arte, carrega o objeto pela cidade.

A seqüência das imagens e o som eletrizante da trilha sonora levam nossa

percepção à expressão dos objetos de Cildo Meireles.

A narrativa das imagens é anunciada por título: 1) introdução, 2) etimologia (da

palavra), 3) objetos (in) definidos, 4) economia, 5) física e matemática e 6) política.

Cada um desses temas é uma referência para as obras: Estojo de geometria, 1977-

79; Rodos, 1978; Ouro de paus, 1982-95; Arvore do dinheiro, 1969; Eureka-

blindhotland, 1975; Casos e sacos, 1976; Para ser curvada com os olhos, 1970;

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Zero dólar, 1978-84; Inserções em circuitos ideológicos: quem matou Herzog?, 1970

e Projeto Coca-Cola, 1970; Sermão da montanha: Fiat lux, 1973-79; Desvio para o

vermelho, 1967-84.

O vídeo é finalizado com Conhecer pode ser destruir, nome da obra de 1970,

que contém tal frase lacrada no início. Dessa maneira, Cildo Meireles sinaliza sua

ação propositora de questionar o sistema de arte por meio do próprio objeto que

constitui: a obra de arte.

Sugestões: você pode começar exibindo apenas a primeira parte do vídeo, em que

o artista tranca uma frase num papel: qual é o lugar de arte?A partir dessa cena,

proponha uma conversa, problematizando: o que causa estranhamento? O que os

alunos entendem por objeto de Arte? Qual simbologia está presente no ato de

esconder a frase, dobrando o papel? E trancá-lo, juntamente com a chave? É

possível saber a intenção do artista ao fazer esse trabalho? O que muda se não

tivesse visto o artista fazendo a obra? Até que ponto observar o artista produzindo é

importante para compreensão do trabalho? Como o olhar está presente nessa cena?

ATIVIDADE:

Orientar os alunos a fazer uma relação do texto com o vídeo, onde serão

respondidas as seguintes questões:

a - De que se trata o vídeo apresentado?

b - O que essas imagens representam pra você?

c - Quais suportes artísticos são usados para as obras de Cildo?

d - Que tipo de sentimentos este vídeo desperta em você?

e - Qual a proposta apresentada pelo artista em suas obras?

f - Quais as principais características das obras?

g - O que mais chamou atenção na arte de Cildo e o que você faria diferente?

h - que a trilha sonora desperta em você?

I - Classifique as diferenças entre a arte de Cildo e a arte que você conhece:

j - Quais focos de trabalho você percebe que o vídeo pode desencadear?

k - No vídeo, não há falas, apenas fragmentos de trabalhos de Cildo. Para você,

o que leva à escolha dessa estética? Em que medida contribui para conhecer o

trabalho do artista?

“A arte nunca é política, torna-se política”. (COUTINHO; ORLOSKI; et al. 2006,

p.3 - Cildo Meireles-Gramática do Objeto).

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Etapa 3 :Após leitura organizar grupos para apresentação das obras:

PROJETOS E OBRAS DE CILDO MEIRELES

Cildo arquiteta uma série de trabalhos fazendo uma severa crítica à ditadura

militar, tocando em questões sociopolíticas de maneira potente, ao mesmo tempo

trabalha com materiais, recriando as relações tempo/espaço. O vídeo nos aproxima

de algumas obras que trazem a marca desse período. Árvore do dinheiro, 1969, feita

com notas de um cruzeiro e valendo dois mil cruzeiros, é o primeiro projeto a

questionar diretamente a defasagem entre valor simbólico e valor real. A cédula zero

dólar, 1978-84, mostra os objetivos claramente políticos do artista: o valor zero de

nossa moeda e o valor vazio de nossas instituições.

Em Projeto Coca-Cola, 1970, Cildo Meireles identifica a existência de “circuitos

ideológicos”, e realiza sua proposta de inserções. Em garrafas de refrigerantes, com

embalagens de vidro retornáveis, grava informações e opiniões críticas e devolve-as

à circulação. Utiliza-se do processo de decalque, o silkscreen, com tinta branca

vitrificada que não aparece quando a garrafa está vazia e, sim, quando cheia,

tornando visível a inscrição contra o fundo escuro do líquido da Coca-Cola. Em

quem matou Herzog?, 1970, Cildo carimba a pergunta em algumas notas de

cruzeiro, moeda corrente do Brasil no período. Aproveita a facilidade da circulação

das notas de cruzeiro - quanto menor o valor, maior sua circulação -, fazendo uso

delas para criar com sua obra uma forma de interrogação nacional sobre o

assassinato do jornalista.

Na instalação monocromática Desvio para o vermelho, 1967, cada um dos três

espaços separados – Impregnação, Entorno e Desvio – é permeado pela cor

vermelha. Todo o ambiente doméstico, do sofá a geladeira, da vitrola e seus discos

à água que corre na torneira, é revestido de um tom rubro intenso. A cor funciona

como símbolo das torturas sangrentas e guarda a memória das sensações dos

tristes anos com os quais se encerram a década de 60 e demarcam-se os anos 70.

As obras de arte de Cildo Meireles não cessam nunca de viver, de significar.

Circulam e, ao circular entre nós, determinam ou provocam transformações

significantes. Afinal, Cildo é um homem das passagens, aquele que com um simples

gesto arranca objetos e as coisas de sua mundanidade, dando-lhes um sentido

novo. O mais importante em Cildo talvez esteja na apropriação de objetos. Seus

objetos são originalmente banais ou familiares. Eles estão aí, no mundo, na rua, na

casa. Mas um pequeno acréscimo ou um pequeno deslocamento, no seu uso ou

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função, dão a eles um novo significado, uma nova leitura da realidade. (COUTINHO;

ORLOSKI; et al. 2006, p.4 - Cildo Meireles-Gramática do Objeto).

ATIVIDADE: Trabalho em grupo

Apreciação das obras de Cildo Meireles (TV multimídia), em equipes de cinco

componentes. Onde cada equipe ficará responsável pela pesquisa, apreciação e

apresentação de uma obra para a classe, entre as quais apresentaremos: Projeto

Coca-cola, Cédulas, Desvio para o vermelho, Árvore do dinheiro, Inserções em

circuitos: quem matou Herzog?, Estojo de geometria, Ouro e paus, Eureka -

blindhotland, casos e sacos, os picolés e Para ser curvado com os olhos, seguindo o

roteiro abaixo:

a - Nome e data da obra apresentada:

b - Objeto utilizado?

c - Quais suportes artísticos são usados?

d - Que materiais são utilizados?

e - O que essa obra de Cildo representa pra você?

f - Que tipo de sentimentos este obra desperta?

g - Qual a proposta apresentada pelo artista em sua obra?

h - Quais as principais características desta obra?

i - O que mais chamou atenção na arte de Cildo e o que você faria diferente?

j - Como você interpreta o título escolhido com a obra apresentada?

“A arte nunca é política, torna-se política” (COUTINHO, ORLOSKI et al. 2006,

p.3 - Cildo Meireles-Gramática do Objeto).

O surgimento de Cildo Meireles, como um dos mais significativos artistas

brasileiros de sua geração, coincide com o fechamento político provocado pela

promulgação do AI-5, em 1968, e o conseqüente desenvolvimento de propostas

mais conceituais na arte. O que os alunos podem descobrir sobre esse período

histórico? Qual é a geração de artistas que emerge entre anos 1968-70? Como as

obras mais conceituais se contrapõem ao endurecimento do governo militar, à perda

da liberdade, às perseguições e torturas e aos desaparecimentos de pessoas? Em

quem matou Herzog?, 1970, Cildo carimba a pergunta em algumas notas de

cruzeiro, moeda corrente no Brasil do período, fazendo uso delas para criar com sua

obra uma forma de interrogação nacional sobre o assassinato do jornalista Vladimir

Herzog. Na época, como preso político pela ditadura militar, o jornalista é morto em

outubro de 1975, sendo o suicídio a causa oficial de sua morte. Em 1978, a justiça

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responsabilizou a União por prisão ilegal, tortura e assassinato do jornalista. Para

saber mais, em parceria com a professora de história, pode-se investigar sobre:

prisão, tortura e morte no período da ditadura militar. Pode-se ainda estabelecer

uma conexão com a morte e tortura hoje de jornalistas, como ocorreu com Tim

Lopes jornalista morto por traficantes em 2001.

Desde os anos 60, a imagem da Coca-Cola é utilizada na arte para os mais

variados fins. Andy Warhol nas telas 210 garrafas de Coca-Cola; o uruguaio Luis

Canmnitzer, em 1973, quebra a garrafa do refrigerante e engarrafa-a em outra

garrafa de Coca-Cola, transformando assim a escura bebida em algo intragável; o

colombiano Antonio Caro, com as mesmas letras brancas sobre o fundo vermelho

do logotipo da Coca-Cola, cria um jogo de palavras que faz relações entre a marca,

o nome de seu país, Colômbia, e em seus principais produtos: a cocaína. Além de

Cildo Meireles, artista brasileiro como Antonio Manuel e Nelson Leirner também

trabalharam com a Coca. A MPB (música popular brasileira) também tem sido bom

terreno para a bebida, já citada por Caetano em Alegria, alegria, Luiz Gonzaga em

Siri jogando bola, Legião Urbana em Geração Coca-Cola, Lulu Santos em O último

romântico.

Etapa 4: Após analisar o texto responda as perguntas:

a - A Coca-Cola. Ela pode ser um trabalho de arte?

b - O que a Coca-Cola é para você?

c - O que a Coca-Cola é no mercado de consumo?

d - Quais as diferenças e semelhanças de abordagem desses artistas sobre a

Coca-Cola?

e - Porque o interesse de tantos artistas usarem este refrigerante e não um

outro qualquer como objeto artístico?

f - Transformar uma garrafa de Coca-Cola numa proposta artística.

g - Nos espaços de 8x8 cm, criar duas propostas de trabalho para fazer

impressão em copias de cédulas de dinheiro que saiu de circulação (fica a

cargo de o professor (a) levar as cópias das cédulas). Discutir o cotidiano, algo

que queira mudança.

Observação: Se os alunos não tiverem experiência em impressão, Aconselha-se

pesquisar antes, levar para fazer uma visita em uma estamparia de silkscreen ou

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gráfica para confeccionar um carimbo, pode fazer molde vazado com cartolina e

parafina, usar outras técnicas que conhecer.

Professor no vídeo abaixo há informações referentes ao conteúdo:

http://bravonline.abril.com.br/busca?qu=sala+de+aula

http://bravonline.abril.com.br/materia/gravura-e-xilogravura-para-fazer-

arte#sthash.Rt1vLT1p.dpuf

Resultado esperado: Após o termino desta Intervenção é possível observar o que a

turma aprendeu sobre o experimento de novas linguagens, materialidade, dimensão

simbólica e social dos objetos e suas aplicações, o processo de criação e

apropriação que constitui uma obra de arte enfocada na arte conceitual podendo

avaliar as atividades propostas.

4ª INTERVENÇÃO - Seqüência da proposta artística da garrafa de Coca-Cola e do

trabalho de impressão nas cédulas de dinheiro.

Objetivo: Usar técnicas criativas para que sua proposta de trabalho tenha o objetivo

esperado.

Conteúdo: Continuação atividade 6 e 7 da 3ª intervenção.

Carga horária: 2 aulas-hora

Material necessário: Cartolina, velas de parafina e as cópias de cédulas de dinheiro

fora de circulação. (Aqui fica a cargo do professor, dependendo da técnica a ser

usada).

ATIVIDADE:

a - Acompanhamento do professor na apropriação da técnica escolhida,

utilização do material.

b - Recolher os trabalhos para fazer uma exposição no final do projeto.

c - Poema visual – Técnica livre. Propor a leitura ou a escuta da composição

Metáfora (1982) de Gilberto Gil. Como os alunos a interpretam? Que relações

eles estabelecem entre o artista e a meta na arte enquanto “simplesmente

metáfora”?

Uma lata existe para conter algo

Mas quando o poeta diz: ”Lata”

Pode estar querendo dizer o incontível

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Mas meta existe para ser um alvo

Mas quando o poeta diz: ”Meta”

Pode estar querendo dizer o inatingível

Por isso, não se meta a exigir do poeta

Que determine o conteúdo em sua lata

Na lata do poeta tudo nada cabe

Pois ao poeta cabe fazer

Com que na lata venha caber

O incabível

Deixe a meta do poeta, não discuta

Deixe a sua meta fora da disputa

Meta dentro e fora, lata absoluta

Deixe-a simplesmente metáfora.

Resultado esperado: A concretização da proposta planejada, entendimento da

técnica e conteúdo.

5ª INTERVENÇÃO - As Vanguardas artísticas

Objetivo: Reconhecer as vanguardas artísticas e suas transformações dentro de

cada período histórico.

Conteúdo: Os principais movimentos artísticos na história da arte: surrealismo,

futurismo, dadaísmo, expressionismo e fauvismo.

Carga horária: 6 horas aula

Material necessário: Cópias do texto, TV multimídia, pendrive ou projetor data

show, copos plástico, jornal, cola tesoura, tinta guache nas cores primárias e

secundárias e pincéis.

ATIVIDADE:

a - Apresentar aos alunos a citação da Cristina Freire para refletir e o vídeo

das vanguardas européias, em seguida a prática pedagógica.

http://www.slideshare.net/cacauarm/vanguardas-europias

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Estes vídeos são sugestões de pesquisa e estudo para professores:

http://www.slideshare.net/ArtesElisa/ensino-mdio-dadasmo-marcel-duchamp

http://www.slideshare.net/DarliCorraMarinho/arte-o-que

http://www.slideshare.net/JoseRobsonSantiago/vanguardas-12048002

“É certo que as vanguardas históricas, em especial o surrealismo, o futurismo

e, sobretudo, o dadaísmo, já anunciavam essas mudanças, apontando, cada qual de

uma maneira, uma certa pré-história da Arte Conceitual”.(FREIRE, 2006, pág.9)

Objetos: o que são?

Um copo com água. Esse pode ser um trabalho de arte? Faça uma “exposição”

desse copo com água e proponha uma discussão aos alunos. O que é o objeto

apresentado? Qual a sua função? Como esse objeto pode ser percebido pela física?

Pela química? Pela história? Pela arte? O que faz mudar o enfoque em cada uma

das áreas? No cenário da arte, como esse conjunto pode ser entendido? Alguém

poderia escolher esse objeto como uma obra de arte? Quem teria o mérito de

artista? De que maneira esse trabalho poderia ser ampliado e / ou transformado?

Em que épocas diferentes esse mesmo conjunto seria olhado de forma diferente?

Como seria percebido por um artista renascentista? E por um Futurista? Um

surrealista? Um dadaísta?Um Fauvista? Um contemporâneo?

b - Sugerir aos alunos que formem seis grupos e cada grupo transformem essa

“exposição” em instalação, ou performance, de acordo com cada período

artístico. Depois, apresentar aos alunos a obra Na oaktree, 1973, de Michael

Craig-Martin, que se constitui exatamente de um copo com água. Após

apresentação dos grupos, retomar a conversa. O que o vídeo ampliou sobre as

questões levantadas na conversa antes da exibição? Quais as novas questões

que o vídeo provocou nos alunos?

ATIVIDADE:

a - Fazer um poema Dadaísta de Tristan Tzara:

Receita:

Pegue um jornal.

Pegue uma tesoura.

Escolha no jornal um artigo do tamanho que você desejar dar ao seu poema.

Recorte em seguida com atenção algumas palavras que formam esse artigo e

meta-as num saco, ou um copo descartável.

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Agite suavemente. Tire em seguida cada pedaço um após o outro.

Copie cosciosamente na ordem em que elas são tiradas do saco.

O poema se parecerá com você.

E ei-lo um escritor infinitamente original e de grande sensibilidade, ainda que

incompreendido do público.

Após o término da atividade, pedir que todos leiam em voz alta.

b - Ler o texto relacionando com a obra: “A alegria de viver” de Matisse.

"Quando falamos sobre a natureza, não podemos esquecer que

fazemos parte dela e que devemos considerar a nós mesmos com a

mesma atenção e sinceridade com que estudamos uma árvore, um

céu ou uma idéia. Visto que há uma relação entre nós e o restante do

universo, podemos descobri-la e depois não mais tentar superá-la.”

(MATISSE, 1907 apud CAMPANI, 2011)

Cada vez mais temos nos afastado da natureza, se esquecendo que somos

parte integrante dela, e como conseqüência, estamos vendo o resultado do

desequilíbrio constante neste organismo chamado planeta terra. Além disso, esse

distanciamento nos transforma em seres frios como concreto que nos rodeia e nos

aprisiona.

Atualmente temos visto vários incentivos, propagandas e se fala muito sobre a

preocupação com a natureza, mas até onde essas preocupações não são apenas

jogadas de marketing ou uma moda passageira? Espero que não, porque sabemos

que quem vai sofrer as conseqüências no final das contas somos nós mesmos e, por

sinal,já estamos sofrendo. Mas esta preocupação não é de hoje, pois este

afastamento é de longa data e a arte tem cumprido um papel importante nesta

reflexão. Alguns artistas têm como tema esta questão em suas obras. Na pintura “A

Alegria de Viver”, Matisse (1869-1954) propôs uma visão de como seria o mundo

onde esta união entre homem e natureza estaria plena. Uma visão do ideal, como

nas obras clássicas, mas agora sem os cânones estabelecidos pelo classicismo.

Conforme Argan (1992), "La joie de vivre, de Matisse (1905-6), pretende ser

uma imagem mítica do mundo, como se gostaria que ele fosse: uma idade de ouro

em que não há distinção entre os seres humanos e a natureza, tudo se comunica e

se associa, as pessoas se movem livres como se feitas de ar, a única lei é a

harmonia universal, o amor."

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A Alegria de Viver ou La joie de vivre (1905-6), Óleo sobre tela, 174 x 238 cm, Barnes Foundation. Disponível em http://www.campanicultural.com.br/2011/09/o-homem-e-natureza-em-alegria-de-viver.html. Acesso em 02 de Dez. de 2013.

“Na obra La Joie de Vivre, Matisse retoma a busca do mitologismo

primitivo de Gauguin, ao mesmo tempo em que mistura isso com o

tema clássico de As grandes banhistas, de Cézanne, porém

eliminando a profundidade espacial ainda existente neste. Vejo esta

pintura como uma expressão da alegria de viver em um mundo

utópico, de um sonho revelado através das cores vivas e plenas,

linhas coloridas e dançantes. A imagem no centro da tela com as

figuras dançando em roda já revela um tema que Matisse irá trabalhar

alguns anos depois com A Dança (1909).(CAMPANI, 2011)”

Nos últimos anos de sua vida, Matisse abandona deliberadamente a pintura a

óleo para dedicar-se a outras técnicas, entre elas, o guache - usado nos seus

famosos papiers découpes. Coloria o papel com cores lisas de guache e nele

recortava as formas que iria colar na composição.

c - Pintar os espaços abaixo em folhas sulfite, nas cores da obra com tinta

guache: amarelo, vermelho, azul, verde, laranja e cinza.

-quatro espaços de 6.5x15cm.

-dois espaços de15x15cm.

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d - Com a técnica papiers découpes, recortar os espaços pintados e criar uma

composição. Distribuir um tópico das poesias para cada aluno criar uma

composição.

Sugestões de livros para pesquisa das poesias; Caravela – Gabriel Bicalha,

Ministério da educação - Literatura para todos; Coleção melhores Poemas-

Paulo Leminski - editora Global; Livro de sonetos, Vinicius de Morais,

ministério da Educação;

e - Com recorte e colagens de revistas criar uma composição surreal.

f - Com a mesma técnica criar composições expressionistas e futuristas.

Resultado esperado: Através das ações educacionais espera-se que a classe

reconheça a arte e sua transformação dentro de cada período histórico.

6ª INTERVENÇÃO – Síntese da arte conceitual e principais artistas.

Objetivo: Entender a arte conceitual e sua prática pedagógica nas aulas de arte.

Conteúdo: Arte Conceitual.

Carga horária: 8 horas-aula.

Material necessário: Cópias do texto, TV multimídia, pendrive ou projetor data

show, um pano velho manchado.

ATIVIDADE:

a - Propor aos alunos que imaginem a seguinte situação: Alguém percebe,

num velho pedaço de pano, sujo e cheio de manchas, um efeito estético

interessante. Expor esse pedaço de pano como uma obra de arte.

Conversando e provocando os alunos a expressarem seus pontos de vista, o

que eles revelam sobre suas concepções de arte? O importante nesta

conversa não é o julgamento sobre o que pensam, mas um aquecimento de

idéias que os prepare para a exibição do documentário.

b - Apresentação do vídeo aos alunos. (COUTINHO; ORLOSKI; et al. 2006, 23

min. - Arte Conceitual)

Sinopse - Uma exposição: Além dos pré-conceitos: experimento dos anos 60,

realizada em 2002, no Museu de Arte Moderna de São Paulo-MAM/SP, com

curadoria da tcheca Kalinovska, apresenta cento e vinte e cinco obras, abrangendo

o período que vai dos anos 50 a 70, reunindo alguns dos mais importantes nomes

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da arte conceitual: Joseph Beuys, Hanne Darboven, Eva Hesse (Alemanha); Bruce

Nauman, Sol Lewitt, Lawrence Weiner (EUA); onkawara (Japão); Ilya Kabakov

(Ucrânia); Betty Goodwin (Canadá); Jirikolar, Karel Malich (República Tcheca);

Dimitrije Mangelos (antiga Iugoslávia, hoje, Croácia); Edward krasiñski (Polônia);

John Latham (Zimbábue); Marcel Broodthaers (Bélgica); Piero Manzoni (Itália); Victor

Gripo (Argentino) e os brasileiros, Hélio Oiticica, Lygia Clark, Anna Maria Maiolino e

Cildo Meireles.

O espaço da exposição se oferece como paisagem aberta para a câmara

passear lentamente pelas obras, tendo Cristina Freire (curadora e professora no

Museu de Arte Contemporânea da Universidade de São Paulo- MAC/USP) e Celso

Favaretto (filósofo e professor da Faculdade de Educação da USP) comentando as

idéias que regem a poética visual da arte conceitual (COUTINHO; ORLOSKI; et al.

2006, p.3 - Arte Conceitual).

No primeiro bloco As obras Filosofia e prática e Torre Skoob de John Latham

apontam para essa direção. Latham usa como matéria os livros, ora por inteiro, ora

pintados, cortados e queimados. O gesto de destruição e o gesto de reconstrução do

artista voltam ao livro, encarando como o símbolo da grande cultura ocidental e seus

valores, da forma como estava sendo construída a idéia de arte (COUTINHO,

ORLOSKI et al. 2006, p.3 - Arte Conceitual)

O americano Joseph Kosuth é referencia com sua desconcertante obra Uma

e três cadeiras (1965-66) que mostra uma cadeira real (o objeto tridimensional), uma

foto de cadeira (sua tradução bidimensional) e uma ampliação fotográfica da

definição oferecida pelo dicionário ao vocábulo cadeira (sua versão simbólica). O

título enumera uma e três cadeiras: o nome do objeto apresentado questiona os

limites da representação, pois o próprio nome do objeto também é usado para

representá-lo, podendo substituir qualquer uma das outras formas de representação

(COUTINHO; ORLOSKI; et al. 2006, p.4 - Arte Conceitual).

c - Propor que cada aluno escolha uma temática para mover a criação de uma

série de objetos, relacionado com as questões políticas, étnicas, éticas,

exclusão social dentro de muitas outras possíveis, apresente a classe e

explique.

Leonardo da Vinci sinaliza a arte conceitual com sua observação de que “a arte

é uma coisa mental”, uma idéia que está na cabeça do artista, do observador. Uma

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outra ligação mais imediata é a ação de Marcel Duchamp com seus ready-made

como explica Celso Favaretto:

Quando Duchamp inventou seu ready-made lá por volta de 1913,

podemos dizer que ele escolheu a roda de bicicleta,ou o porta

garrafas ou o urinol, aleatória mente. Mas na verdade nunca essa

escolha é aleatória. O artista de certa forma tem uma idéia, uma idéia

da arte, uma concepção do que ele entende como arte e de que efeito

ele quer produzir. Ele escolhe o material que, implicitamente, já

manifesta a possibilidade dele configurar uma idéia. Eis o

conceitualismo. (COUTINHO; ORLOSKI; et al. 2006, p.5 - Arte

Conceitual).

d - Quando Marcel Duchamp é focalizado e o conceitualismo é abordado por

Celso Favaretto. O que surpreende? Quais conexões percebe-se com os

pontos de vista que expressaram sobre a questão inicial?

“O conceito ou atitude mental tem prioridade em relação à aparência da obra.

Um exemplo de relação arte/vida segundo Cristina Freire é do alemão Joseph

Beuys ao comentar seu terno de feltro (1970). Toda a relação dele partiu de uma

questão profundamente vivencial. O uso do feltro tem uma relação simbólica do

feltro, do material feltro dentro da vida dele, o mito que ele cria dentro da própria

história de que ele era piloto aéreo durante a 2ª Guerra Mundial e o avião caiu. Os

nômades tártaros cuidaram dele enrolando todo o corpo gelado em feltro e parafina.

Esses são os dois materiais que ele utiliza muito em suas obras. (COUTINHO;

ORLOSKI; et al. 2006, p.5 - Arte Conceitual).

e - Propor aos alunos a pesquisa de um objeto ou materiais relacionado com

acontecimentos em sua vida, ou na vida de familiares. Fazer esta pesquisa

para apresentar a classe e associar a obra de Beuys. Esta proposta poderá ser

apresentada em grupos.

Prossegue Freire, Beuys, desenvolve a noção de “escultura social”, que

vai além de criar mais um objeto. “Escultura social seria criar novas idéias na cabeça

das pessoas. Essa seria a grande dimensão da arte, possibilidade de mudar

pensamentos, comportamentos e toda uma realidade social” (COUTINHO;

ORLOSKI; et al. 2006, p.5 - Arte Conceitual).

“Se a obra é a idéia, muitos artistas descobriram que ser mínimo é o

Maximo da expressão artística. O americano Lawrence Weiner em

dois minutos de tinta spray aplicados diretamente sobre o chão, por

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exemplo, faz uma instrução. Nisto consiste seu trabalho: um papel

onde há uma instrução escrita. Nela cabe a idéia para o gesto. É esse

gesto de alguém que vai interessar, independente de quem irá

executá-lo – o professor, o aluno, o público ou qualquer um. Na

relação entre um suporte banal e um gesto, entre o papel comum

escrito e o que vai ser limpo depois da exposição, é que está a ênfase

da arte conceitual” (COUTINHO; ORLOSKI; et al. 2006, p.5 - Arte

Conceitual).

f - Esta proposta poderá ser apresentada na exposição do encerramento do

projeto.

“Piero Manzoni coloca a si mesmo na obra de arte, a sua própria produção, o seu

próprio corpo ou do espectador são a obra. Em Base mágica (1961) ou em sepulture

vivente, o artista eleva o espectador à obra de arte: Qualquer um que suba sobre o

“pedestal mágico” tem que ser considerado, pelo tempo que ali permanecer, uma

obra de arte. [...] Em Linha – 6M, a obra define-se pela relação com a linha. O artista

desenha uma linha com metros e metros de comprimento e a enlata. O que

interessa é essa lata como o continente de um gesto ininterrupto. Na arte conceitual

tudo é metáfora!” (COUTINHO; ORLOSKI; et al. 2006, p.6 - Arte Conceitual)

(Conversar com os alunos sobre Metáfora, colocado na música de Gilberto Gil e

também por Piero Manzoni). O que a exibição do documentário ampliou na questão

da Metáfora na arte conceitual? Que novas questões os alunos trazem após a

exibição?

g - A primeira proposta poderá ser feito no encerramento do projeto. Colocar

um “pedestal mágico”, cada um que subir ao pedestal será considerado obra

de arte por o tempo que ali permanecer, pode-se sugerir uma pintura corporal,

vestimenta de um personagem, etc.

h - A segunda proposta pode ser usado outros objetos como metáfora, sugere-

se que trabalhe em grupos, cada grupo pode apresentar um objeto com

metáfora.

No Brasil, Hélio Oiticica é um dos primeiros artistas a inaugurar a arte

conceitual. Entre 1960 e 1963, Oiticica passa por várias preposições; os

Metaesquemas, os Relevos espaciais, os Núcleos e chega aos bólides: onde não há

mais o suporte, mas a experiência da cor, a experiência plástica da cor, a pintura

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enquanto cor livre no espaço. Seus Parangolés, um desenvolvimento dos Bólides,

são capas de materiais diversos – tecidos, telas, plásticos – que envolvem o corpo,

produzindo as mesmas dobras e os mesmos lugares explícitos e ocultos dos

bólides. “A idéia é sair do quadro, sair da pintura, sair dos objetos artísticos e

construir abrigos destinados a manifestações diversas, que vão do lazer àquilo que

se chama especificamente de artístico, com muitas manifestações intermediárias”?

(COUTINHO; ORLOSKI; et al. 2006, p.7 - Arte Conceitual).

I - proposta: aqui trabalhar com pedaços de TNT e outros materiais com texturas

diferentes, tecidos nas cores dos parangoles. Ver uma musica, que possam criar

uma coreografia ou performance.

Cildo Meireles, por sua vez, coloca a idéia de redes, de sistemas em

seu trabalho. Se hoje falamos de sistema e redes por computador,

Cildo faz algo muito mais simples, porém intervém de uma maneira

muito forte na rede de troca de valores. Cildo usa o dinheiro, carimba

as cédulas anonimamente e as devolve à circulação; o mesmo é feito

com a garrafa de Coca-Cola. É quase uma estratégia de guerrilha que

Cildo nomeia de Inserções em circuitos ideológicos, e o trabalho

artístico está na subversão do sistema. “Questionar o papel das

instituições é outra característica da arte conceitual. Por que é o

mercado que valida a arte? Porque ao museu é destinada a compra

das obras? Por que a arte tem que ser objeto? O mundo está cheio

de objetos, diziam os artistas conceituais. O que vale são as idéias,

idéias significativas que, de alguma maneira, possam alterar um

pouco o sistema em que se vive. (COUTINHO; ORLOSKI; et al. 2006,

p.7 - Arte Conceitual).

Na produção da arte conceitual, surge a arte postal, uma modalidade na qual o

correio passa a ser o suporte privilegiado da arte. Uma obra de arte postal consiste

de uma série de ações, destacando - se, entre elas, duas mais importantes: a

produção e o envio do trabalho. Ao produzir um trabalho para ser enviado, o artista

tem toda a liberdade de escolher os materiais e o modo de utilizá-lo, bem como,

escolher as dimensões, a forma interior e o exterior da obra. No que se refere ao

trabalho da arte postal, só o que conta é a chegada das respostas. Nesse sentido, a

arte postal é a criação de um sistema de arte para a intercomunicação dos artistas.

j - A proposta, aqui, é a criação de um movimento de arte postal, por meio de

troca de mensagens criativas entre alunos, utilizando o sistema de correios

para a veiculação. Os alunos podem produzir qualquer tipo de imagem:

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pintura, desenho, carimbos, adesivos, envelopes, colagens, fotografia, etc... O

importante é ter uma idéia visual a ser oferecida. Oferecer uma lista com nome

e endereço completo do grupo de alunos da sala de aula, para que eles

possam fazer a postagem.

Professor (a) o movimento de arte postal pode acontecer entre os alunos de

uma mesma sala ou ser alunos de outras séries ou, ainda, com alunos de outra

escola. Outra possibilidade é utilizar a internet e seu serviço de e-mail que hoje

também desempenha o papel de “correio”. Muitos artistas têm projetos

desenvolvidos especialmente para essa rede mundial (COUTINHO; ORLOSKI; et al.

2006, p.13 - Arte Conceitual).

“Na 26ª Bienal de São Paulo (2004), o artista tailandês Navin

Rawanchaikul pede a participação do público em seu processo de

criação. O artista escreve em uma parede “Por favor, doe suas idéias

para um artista da Bienal”, que pode ser preenchido pelo público em

folhas de papel que são disponibilizadas. Tendo a instrução de Navin

como referência, os alunos podem escolher pessoas de sua família,

amigos ou professores da escola e pedir a doação de uma idéia em

arte que pode ser anotada, desenhada, cantada ou mesmo

performática. Para registrar as idéias, é preciso não se esquecer de

ter em mãos papel, gravador ou máquina fotográfica. Quais idéias

foram doadas? É possível fazer relações entre a proposição de Navin

e a de Lawrence Weiner mostrada no documentário?” (COUTINHO;

ORLOSKI; et al. 2006, p.15 - Arte Conceitual).

k - Esta proposta poderá ser feita na hora do lanche ou intervalos de aula o

que for anotado ou desenhado com canetas a prova d’água, em um pedaço de

tecido grande e no encerramento do projeto expor como cortina. Quando

cantada ou performática pode ser gravada ou fotografada. Apresentado na TV

multimídia.

“O portfólio, com um modo de organização do que foi estudado e

vivenciado, pode ganhar impulso se a sua confecção também

envolver um desafio estético. A proposta aqui é a construção de um

livro/objeto utilizando, elementos gráficos, papéis de cores diferentes,

intervenções no papel como cortes, dobraduras e costuras com linha.

A referência pode ser trabalho Ponto a Ponto – Livro objeto, de Anna

Maria Maiolino, mostrado no segundo bloco do documentário”

(COUTINHO; ORLOSKI; et al. 2006, p.17 - Arte Conceitual).

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Nesta proposta podem-se incluir a outra proposta produzida até agora, no

mesmo livro objeto.

Resultado esperado: A sexta intervenção vai proporcionar no aluno com a prática

pedagógica, a compreensão e análise da arte conceitual no cotidiano, através de um

olhar mais crítico, sendo capaz de uma melhor socialização, relacionando-se com a

vida, políticas, étnicas e éticas.

7ª INTERVENÇÃO – Avaliação do projeto

Objetivo: Avaliar o projeto através de questionamentos conceituais.

Conteúdo: Reflexões conceituais sobre a vida, cultura e sociedade.

Carga horária: 7horas aulas

Material necessário: Nesta proposta a intenção é construir uma instalação

conceitual com os alunos no encerramento do projeto, os materiais serão

providenciados a partir da pesquisa e reflexões com os alunos.

Atividade: O desenvolvimento dessa proposta deve começar com os seguintes

questionamentos:

O que passa e o que fica em nossa vida? O que faltou nisso tudo que passou?

A intenção é questionar os conceitos de vida, arte e as questões culturais da cidade.

O tema pode centrar-se na construção das duas usinas que ocupa parte do

município; uma que já foi construída e a outra que está no início da construção.

(Aqui se pode trabalhar a questão das usinas com a disciplina de geografia)

Pessoas que vieram trabalhar e partiram e pessoas que estão chegando novamente

para a segunda usina. Questionar nos benefícios, no progresso e transformações

especialmente aspectos econômicos e sociais. Podem-se questionar aspectos como

a responsabilidade de participar da história construída, e pelos espaços e objetos

que materializam essa história. Para os alunos compreender que o tempo pode

transformar e reescrever histórias. Pode ser fundamental no seu entendimento sobre

o que de fato é ser cidadão (STAMM; PILLOTTO, 2007, p.62).

Oportunizar momentos de discussões conceituais sobre a arte e a cultura em

sala de aula, trazer questões agregadas à vida social das pessoas – viagens – idas

e vindas de familiares que vivem em outras cidades. Fazer encaminhamentos

didáticos poéticos de saudades. Pode-se usar como metáforas a saudade, a dor,

esperança, sonhos, vontade. O que estas questões podem lembrar? - Aqui pode

integrar com a disciplina de português para trabalhar metáforas.

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Instigar o aluno a relatar vivências e acontecimentos e outras questões,

relacionando com objetos que lembram tudo isso.

Aqui sugiro ouvir uma música ou um poema que lembram esses temas. Pode ser

apresentada pela professora ou alunos, sempre mediada pela professora. Quais

significados sociais ou culturais que nos remetem? Que objetos podem relacionar

com saudade, dor, esperança, sonhos e vontade? Quais os aspectos positivos? O

que é necessário resgatar? Em que medida contribui para nossa qualidade de vida?

Para a educação? Para nossa família? Amigos? O que deixou para trás? O que

pode significar metaforicamente esses objetos? Aqui procurar a trabalhar com a

auto-estima do aluno tentando valorizar mais os pontos positivos resgatado pelo

aluno, os negativos a vida se encarrega.

E a partir desses momentos de discussões conceituais, selecionar as sugestões

incorporadas ao conteúdo e conceitos algo que possa dar continuidade da proposta,

interagindo com os alunos. Lembrando que o tema central está na construção das

duas usinas. O que passou e o que ficou em tudo isso? E o que ficou em tudo isso

que passou? Para começar a construção de uma instalação conceitual, levando

dados histórico-culturais sobre os objetos sugeridos.

Esta proposta de encerramento foi fundamentada no livro de SATAMM e

PILLOTTO (2007). Esta proposta terá continuidade na aplicação da intervenção do

projeto. O resultado da experiência será relatado no artigo final do projeto.

Resultado esperado: Na sétima intervenção espera-se ter alcançado o objetivo

planejado, através de questionamentos e discussões interagindo com a classe,

falando de vida, cultura e sonhos, fazendo com que reflitam e também se auto-

avaliem, conhecendo-se melhor como pessoa, cidadão, valorizando-se mais a si e

seus familiares, o município, escola e sociedade.

4 - CONCLUSÃO DA UNIDADE DIDÁTICA:

A pesquisa realizada será aplicada no 2º ano do Ensino Médio do Colégio

Estadual Carlos Argemiro Camargo, de Capitão Leônidas Marques, PR.

Através da experiência de preparação e vivência prática do projeto, é possível

estabelecer pontos de análise em relação às expectativas iniciais.

Ao término desta unidade didática conclui-se a importância do conhecimento

adquirido como educadora em mais uma etapa no desenvolvimento do processo

educacional do PDE, através de pesquisas realizadas, nas ações educativas que

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fazem parte do crescimento de cada aluno, o poder evolutivo para argumentação,

análise, crítica e o processo da criação artística. .

Foi possível constatar que o ensino da Arte Conceitual no diálogo de suas

linguagens artísticas e reflexivas um tanto novas e complexas, mas possível de ser

realizada. O educador (a) poderá sair de suas praticas tradicionais, tendo condições

de abordar propostas inovadoras em diferentes linguagens, ligadas a expressão,

dialogo, reflexão, contextualização e integração em suas ações e praticas educativa.

Um dos pontos a ser pensado é a questão da relação interdisciplinar, a

realização da interdisciplinaridade como pré-requisito na necessidade de diferentes

profissionais que trabalhem juntos em suas especificidades, propiciando um estudo

polivalente.

Na avaliação e encerramento do projeto, a necessidade do diálogo e reflexão

será o ponto principal da proposta, interagindo com a classe chegará ao ponto

primordial que é a escolha do objeto que irá ser usado como metáfora na construção

da instalação conceitual, integrando os dados histórico-cultuais da sociedade.

A escolha do referencial teórico para a preparação das ações educativas

também foi de suma importância, possibilitando a compreensão do conteúdo e o

desenvolvimento do trabalho.

5 - REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

COHEN, Renato. Work in progress na cena contemporânea: criação, encenação e

recepção. São Paulo: Perspectiva 1998, p. 23.

COUTINHO, Christiane; ORLOSKI, Erick; MARTINS, Mirian Celeste; PICOSQUE,

Gisa. Arte Conceitual.São Paulo: Instituto Arte na Escola, 2006.

COUTINHO, Christiane; ORLOSKI, Erick; MARTINS, Mirian Celeste; PICOSQUE,

Gisa. Cildo Meireles-Gramática do Objeto. São Paulo: Instituto Arte na Escola, 2006.

FREIRE, Maria Cristina Machado. Arte Conceitual. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Ed.,

2006.

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MAIA, Carmem. Cildo Meireles. Rio de Janeiro: Funarte, 2009.

ROSSETTO, Tania Regina. Arte Ensino Médio. Secretaria do Estado de Educação,

Editoração eletrônica, Icone Audivisual Ltda, 2009.

STAMM, Eliana; PILLOTTO Silvia Sell Duarte. A arte como propulsora da integração

escola e comunidade. Joinville- SC: Univille, 2007.

CAMPANI, Raul. 2011. Disponível em http://www.campanicultural.com.br/2011/09/o-

homem-e-natureza-em-alegria-de-viver.html Acesso em 02 de Dez. de 2013.

ITAU. Enciclopédia cultural. Disponível em:

http://www.itaucultural.org.br/aplicexternas/enciclopedia_ic/index.cfm?fuseaction=ter

mos_texto&cd_verbete=3187. Acesso em 06 de Dez de 2013.