os desafios da escola pÚblica paranaense na … · do 1º ano do ensino médio do colégio...
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Versão On-line ISBN 978-85-8015-076-6Cadernos PDE
OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSENA PERSPECTIVA DO PROFESSOR PDE
Artigos
O ENSINO DA BIOLOGIA: Atividades Experimentais Como
Possibilidade De Uma Melhor Aprendizagem
Alenilce Salete Santolin¹
Lianara Teresinha Mumbach Brandenburg²
RESUMO
Este artigo relata os resultados do projeto de implementação pedagógica da disciplina de
Biologia, intitulado: O desenvolvimento de atividades experimentais para o ensino da
Biologia, o qual foi implementado com alunos do 1º ano do Ensino Médio da Escola Estadual
José de Anchieta, situado no município de Dois Vizinhos-Pr. Este tema foi proposto a partir
de experinências com alunos, onde pôde-se observar as dificuldades em compreender os
conteúdos da disciplina. Adicionalmente, este trabalho enfatiza a importância de atividades
experimentais no processo de ensino e aprendizagem, e ainda, pode-se acrescentar que a
produção de materiais alternativos possam subsidiar as aulas práticas, de maneira a
enriquecer e aprofundar os conteúdos estudados em aulas teóricas tornando-se
instrumentos para efetivar a aprendizagem.
Palavras Chave: Aulas práticas, aulas experimentais, aprendizagem.
1 INTRODUÇÃO
Este artigo é resultado da implementação do projeto: O desenvolvimento de
atividades experimentais para o ensino da Biologia, como requisito do Programa de
Desenvolvimento Educacional – PDE. A implementação foi desenvolvida com alunos
do 1º ano do Ensino Médio do Colégio Estadual José de Anchieta do município de
Dois Vizinhos-PR, jurisdicionado ao Núcleo Regional de Educação de Dois Vizinhos,
no período de fevereiro a junho de 2014.
O projeto mencionado concretizou-se após a delimitação do tema: aulas
experimentais com a finalidade de enriquecer e dinamizar conteúdos trabalhados de
¹ Professora PDE
² Orientadora IES – Universidade Estadual do Oeste do Paraná
forma teórica e investigar se é possível transformar o laboratório de Biologia
efetivamente num local de ensino e aprendizagem? Que contribuições o laboratório
de Biologia trará para os alunos do 1º ano do Ensino Médio? Como as atividades
experimentais desenvolvidas em laboratório contribuirão para a compreensão dos
conceitos discutidos em sala de aula? Como tornar o aluno sujeito de seu próprio
conhecimento a partir das práticas laboratoriais?
A intenção de investigar a importância das atividades práticas partiu do
pressuposto que o processo de ensino e aprendizagem, especialmente na área da
Biologia, envolve não apenas o método tradicional decorativo, mas também a
técnica investigativa. Além disso, percebe-se que as aulas experimentais quase
deixam de existir ou acontecer.
Desta forma, este trabalho surgiu da necessidade de aplicação de atividades
interessantes e desafiadoras para o aluno, no intuito de promover uma formação
educacional mais efetiva, uma vez que a realização destas atividades permite ao
aluno relacionar fatos às soluções de problemas, ainda oportunizando-os a se
tornarem investigativos e elaboradores de hipóteses.
Além disso, conforme as Diretrizes Curriculares da Educação Básica do
Estado do Paraná – Biologia acrescenta-se que:
A aula experimental torna-se um espaço de organização, discussão e reflexão a partir de modelos que reproduzem o real. Neste espaço, por mais simples que seja a experiência, ela se torna rica ao revelar as contradições entre o pensamento do aluno, o limite de validade das hipóteses levantadas e o conhecimento científico (DCE, 2008, p. 59).
Segundo os Parâmetros Curriculares Nacionais enfatiza-se que:
O ensino de qualidade que a sociedade demanda atualmente se expressa como uma possibilidade de o sistema educacional vir a propor uma prática educativa adequada às necessidades sociais, políticas, econômicas e culturais da realidade brasileira. No entanto, se devem considerar os interesses e as motivações dos alunos, para que se venha a garantir a real e efetiva aprendizagem, vislumbrando a formação de cidadãos autônomos, críticos e participativos, capazes de atuar com competência, dignidade e responsabilidade na sociedade a qual fazem parte (Brasil, 1997, p. 27).
2 Biologia e as práticas laboratoriais
Atualmente um dos conceitos mais discutidos entre os professores de
Ciências e Biologia, gira em torno da valorização da utilização de uma abordagem
metodológica para o ensino de determinados tópicos relacionados à área e a busca
de uma ação de observação do entorno de sala de aula e da escola como um todo
(VASCONCELOS, 2002). Esta reflexão é válida, uma vez que sala de aula e escola
são considerados ambientes e universos totalmente afastados do cotidiano do aluno
no que tange seu processo de ensino e aprendizagem (VASCONCELOS, 2002).
No entanto, percebe-se que tais ideias ou preocupações não saem do simples
esboço do papel e mesmo discutidas, não são colocadas em prática pela maioria
dos professores ou educadores.
No entanto, percebe-se que existe uma valorização da abordagem prático-
experimental no ensino de Biologia e Ciências, porém não é observada na prática
pedagógica, uma vez que se percebe que a grande maioria dos educadores apenas
se dá o trabalho de enumerar diversos motivos para a não realização dessas
práticas, ao invés de pelo menos buscar e propor algumas soluções alternativas
simples.
Corroborando com a literatura, Krasilchik (1986) afirma que as aulas práticas
de Biologia não ocorrem devido à ausência de laboratórios equipados, mas sim,
principalmente pela falta de professores devidamente capacitados e comprometidos
com um ensino de qualidade.
2.1 Histórico das práticas laboratoriais
Sabe-se da importância das aulas práticas no processo de ensino e
aprendizagem de Ciências e Biologia, mas as aulas ministradas nos laboratórios são
pouco utilizadas. Embora os professores considerem que há interesse e participação
dos alunos neste tipo de aula, a prática permite a compreensão de assuntos
abordados, porém sua realização não é privilegiada no ensino. Portanto, ignorar
essa realidade não contribui para a mudança, mas deve ser iniciada e repensada
durante a formação de professores, bem como na estruturação física e curricular das
escolas.
A origem do trabalho experimental nas escolas foi influenciada pelo trabalho
experimental que já era desenvolvido nas universidades, objetivando a melhoria da
aprendizagem em relação à assimilação dos conteúdos de caráter científico
(GALIAZZI et al., 2001). Neste contexto vale ressaltar que os alunos podem até
compreender os conteúdos trabalhados em sala, contudo não conseguem aplicá-los.
Em meados dos anos 60, o conhecimento científico era considerado um saber
neutro, já a verdade científica era vista como inquestionável (BRASIL, 1998). No
entanto, hoje se enfatiza que os alunos devem perceber as relações entre o
desenvolvimento da Ciência, a produção tecnológica e a organização social,
compreendendo o compromisso da Ciência com a sociedade, em vez da suposta
neutralidade do saber científico (POZO e CRESPO, 2009).
Nos anos subsequentes foi observada uma maior valorização da participação
do aluno no processo de aprendizagem através de atividades práticas em laboratório
(POZO e CRESPO, 2009).
Cita-se ainda, que os anos 80 caracterizaram-se por proposições educacionais
desenvolvidas por diversas correntes educativas, todas elas refletindo os anseios
nacionais de redemocratização da sociedade brasileira e a forma de aplicação dos
conteúdos para cada série escolar (BORGES e LIMA, 1998). Dessa forma, a
preocupação com a reconstrução da sociedade democrática repercutiu também no
ensino de Ciências, o que se refletiu na grande variabilidade de concepções de
ensino e aprendizagem, apresentadas na forma de projetos desenvolvidos com a
mobilização de instituições educacionais de várias categorias (BORGES e LIMA,
1998).
Segundo Dourado (2001) o trabalho prático é sem dúvida muito importante,
pois nele há maior participação dos alunos e as atividades propostas pelo professor
são melhores condicionadas ou dirigidas, como descrito abaixo:
[...] trabalhos práticos são recursos didáticos em que os alunos têm
participação na realização das atividades propostas. Este é um conceito
amplo, que envolve os trabalhos de laboratório e de campo, distinguidos por
serem realizados em locais distintos (DOURADO, 2001, p. 20).
A utilização de aulas práticas associadas às aulas teóricas no ensino de
Biologia é essencial para um efetivo aprendizado por parte dos alunos. A Ciência
deve ser ensinada para formar aprendizes mais flexíveis, eficientes e autônomos,
com capacidade de aprendizagem, e não só de memorização de determinados
saberes científicos (BORGES e LIMA, 1998). Em suma, o ensino de Ciências não
deve ser considerado um fim em si, mas um meio pelo qual se compreende a
atuação de cada indivíduo na sociedade e a forma como este se sobressai (POZO e
CRESPO, 2009).
2.2 Importância das aulas práticas
Fumagalli (1993) descreve que a formação de uma atitude científica está
intimamente vinculada ao modo como se constrói o conhecimento. Na aula prática,
o aluno desenvolve habilidades processuais ligadas ao processo científico, tais
como capacidade de observação (todos os sentidos atuando visando à coleta de
informações), inferência (a partir da posse das informações sobre o objeto ou
evento, passa-se ao campo das suposições), medição (descrição através da
manipulação física e mental do objeto de estudo), comunicação (uso de palavras e
símbolos gráficos para descrever uma ação, um objeto, um fato, um fenômeno, um
evento), classificação (agrupamento, ordenação de fatos ou eventos em categorias
com base em propriedades e critérios) e predição (previsão do resultado de um
evento diante de um padrão de evidências) (FUMAGALLI, 1993).
A partir das habilidades processuais, ou concomitantemente, ocorre o
desenvolvimento de habilidades integradas: controle de variáveis (identificação e
controle das variáveis do experimento), definição operacional (operacionalização do
experimento), formulação de hipóteses (soluções ou explicações provisórias para
um fato), interpretação de dados (definir tendências a partir dos resultados),
conclusão (finalizar o experimento, através de conclusões e generalizações)
(FUMAGALLI, 1993).
Adicionalmente pode-se inferir que as habilidades processuais e integradas
estão intimamente associadas aos objetivos do ensino de Ciências, pois elas
despertam a curiosidade e o interesse pela natureza, estimula o hábito de estudo e a
observação, o que são condições necessárias para o aprimoramento do espírito
lógico e desenvolvimento do raciocínio indutivo e dedutivo (FUMAGALLI, 1993).
A prática científica moderna e criativa deve contemplar um conjunto de
procedimentos que aproximem os alunos a formas de trabalho mais rigorosas e
criativas, mais coerentes com o modo de produção do conhecimento científico,
levando-o a manipular materiais de laboratório, observar, misturar, medir, completar
quadros e também aprender a calcular (FUMAGALLI, 1993).
No ensino de Biologia, o ato de observar extrapola o olhar descomprometido
ou o simples registro, onde a identificação de variáveis e o uso de instrumentação
adequada são relevantes para o processo. Entretanto, considera-se muito a
intencionalidade do observador, uma vez que ele é o sujeito do processo de
observação, o que implica reconhecer a sua subjetividade (DCE, 2008, p. 53).
Conforme experiência de diversos educadores para o processo pedagógico
recomenda-se a adoção de um método experimental como recurso de ensino para
uma visão crítica dos conhecimentos da Biologia na busca de uma aprendizagem
mais efetiva e sem a preocupação com resultados únicos e poucos satisfatórios
(DCE, 2003, p. 53).
Como instrumento de transformação dos mecanismos de reprodução social, a
aula experimental torna-se um espaço de organização, discussão e reflexão a partir
de modelos que reproduzem o real (DCE, 2003, p. 53). Neste espaço, por mais
simples que seja a experiência, ela se torna rica ao revelar as contradições entre o
pensamento do aluno, o limite de validade das hipóteses levantadas e o
conhecimento científico.
De acordo com Krasilchik (2005):
As aulas de laboratório são imprescindíveis no ensino de Biologia, pois
permitem que os alunos tenham contato direto com os fenômenos,
manipulando os materiais, equipamentos e observando organismos.
Durante as aulas práticas, os alunos enfrentam os resultados não previstos,
onde o raciocínio e a imaginação são desafiados. A participação do aluno
depende de como o professor apresenta o problema, dá as instruções e
informações. Se uma aula prática não for aplicada de forma adequada, não
passará de um simples exercício manual, perdendo-se o significado
proposto (KRASILCHIK, 2005, p. 85-87).
Kerr (1963) e Hodson (1998) ressaltam a importância da difusão das
atividades experimentais nas escolas, e apontam dez motivos para a sua realização,
conforme pesquisas realizadas com diversos professores da área científica. Dentre
esses motivos destacam-se, o estímulo da observação, a promoção do pensamento
científico, o desenvolvimento de habilidades manipuláveis, o treino para resolução
de problemas, promoção da compreensão e da investigação, assim como permite o
gosto e interesse pela disciplina de Ciências e Biologia (HODSON, 1998).
Carvalho e colaboradores (2009) descrevem que as atividades de
experimentação são consideradas motivadoras e desafiadoras, além de muito
esperadas pelos alunos. O autor ainda enfatiza que com as atividades laboratoriais o
educando desenvolve uma nova maneira de ver o mundo, partindo de suas próprias
hipóteses e conhecimentos prévios, o que sem dúvidas, implica na ampliação de
seus conhecimentos (Carvalho et al., 2007).
As aulas experimentais podem estimular os alunos a observar, refletir,
analisar e propor hipóteses segundo as suas observações, bem como rever o que
cada educando pensa sobre determinados fenômenos científicos (BIASOTO e
CARVALHO, 2007; MODESTO, 2011).
Percebe-se durante as aulas experimentais que os alunos demonstram-se
mais atentos aos fenômenos ocorridos e ainda, aprimoram a sua capacidade de
observação, o que é fato fundamental para que compreendam as etapas da
atividade proposta e melhorem sua concentração (CARVALHO et al., 2005). Ainda
como uma das formas de estimular o aprimoramento de tal habilidade, a
concentração, Carvalho propõe a solicitação de registros escritos sobre os eventos
ocorridos durante a atividade proposta pelo educador (CARVALHO et al., 2005 ).
O ensino de Ciências é fundamental para a plena realização do ser humano e
a sua integração social. Continuar aceitando que grande parte da população não
receba formação científica e tecnológica de qualidade agravará as desigualdades do
país e significará seu atraso no mundo globalizado (UNESCO, 2005). Investir para
constituir uma população cientificamente preparada é cultivar para receber de volta
cidadania e produtividade, que melhoram as condições de vida de todo o povo
(UNESCO, 2005).
Soares explica a importância da prática no ensino quando diz que:
[...] o progresso do pensamento humano se dá a partir das necessidades
práticas do homem, da produção material de sua existência e expressa o
mundo pelo qual a teoria e a prática se unem e se fundem mutuamente. A
unidade entre teoria e a prática necessariamente a percepção da prática
como atividade objetiva e transformadora da realidade natural e social e não
qualquer atividade subjetiva. A prática é criadora, diante das necessidades
e situações que se apresentam ao homem, por meio dela ele cria soluções
e busca compreender um dado referencial teórico (SOARES, 2009, p. 19-
20).
A partir desta citação pode-se observar que a prática é algo transformador
para o progresso do pensamento humano e do próprio ser humano na sociedade. É
por meio da prática que o indivíduo vai à busca da solução de problemas, de
respostas para questionamentos e passa a compreender a teoria e a prática como
unidade e não como conjunto.
Uma das grandes vantagens das atividades experimentais é a possibilidade
de discutir como a Ciência está relacionada à tecnologia e ainda, como esta se
observa no dia-a-dia dos alunos, bem como a análise das suas relações sociais e as
implicações ambientais decorrentes da atividade científica (GONÇALVES e
MARQUES, 2006).
Portanto, a aula experimental coloca os alunos perante situações que tenham
realmente caráter problemático, encorajando-os a levantar questões, a planejar
experiências, a fazer previsões, a observar semelhanças e diferenças, a usar uma
pluralidade de métodos, a comunicar as suas ideias e a refletir criticamente sobre
todo o percurso investigativo (ALEIXANDRE, 2004 apud FERNANDES E SILVA,
2000).
3 METODOLOGIA
Durante a implementação da proposta pedagógica de intervenção pedagógica
na escola foram desenvolvidas várias atividades práticas, enfocando a compreensão
estrutural do material genético, como a montagem de um modelo DNA (não
comestível); construção de uma molécula de DNA comestível; extração e separação
do DNA do morango; montagem de cariótipo e outras atividades para fixação dos
termos enfocados no contexto.
O foco educacional do projeto foi a molécula de DNA, onde iniciou-se o trabalho
com a apresentação da unidade didática, a qual foi produzida no intuito dos alunos
se apropriarem da teoria, desenvolverem atividades de aprofundamento e se
familiarizarem com os termos envolvidos ao DNA.
A primeira prática realizada foi a extração da molécula de DNA do morango,
onde alunos organizados em dois grupos, seguiram um protocolo pré-estabelecido.
Durante a primeira tentativa foi possível observar somente um pequeno precipitado.
Estes participantes (educandos) levantaram várias hipóteses em relação ao
ocorrido, tais como; se o álcool não estava na temperatura desejada; se a
quantidade do detergente era suficiente; se os morangos estavam muito maduros,
entre outras. Na segunda extração o precipitado era maior e como a investigação
continuou, foi realizada a extração do DNA de banana.
Embasando a prática surgiram vários questionamentos, tais como a utilização
de detergente, sal, álcool para desenvolver a prática? E outras questões como quais
outros tipos de frutas poderiam ser utilizadas para extrair a molécula de DNA? Qual
a relação do DNA com o código da vida? E ainda poderíamos falar em genética sem
falar de DNA? Os alunos utilizaram o laboratório de informática para a pesquisa
destes questionamentos.
Durante a realização da segunda prática – a construção de uma molécula DNA
comestível, houve muito empenho e dedicação dos alunos e através da manipulação
de jujubas, permitiu-se que fossem reconhecidos os componentes dos ácidos
nucléicos (identificados em cores diferentes) e como cada código poderia se repetir
ou não, formando o código de cada espécie. Como meio de complementar a
atividade proposta, assistiu-se a um vídeo sobre DNA, com posterior discussão das
informações obtidas.
A construção de uma molécula de DNA em MDF foi a terceira prática a ser
realizada no intuito de produzir subsídios a aulas práticas de Biologia. Contudo, a
construção do Cariótipo pelos educandos, ressaltou a constituição cromossômica
dos diferentes seres vivos, as mutações que podem ocorrer e o porque que os
diferentes seres vivos não podem cruzar.
4 DISCUSSÕES E RESULTADOS
Nas discussões realizadas, com os professores, no Grupo de Trabalho em Rede
(GTR) 2014, sobre as ações desenvolvidas na escola, que durante a aplicação do
projeto em sala de aula torna-se mais fácil quando a teoria é trabalhada com a
atividade prática, pode se avaliar junto aos educandos o que deu certo e o que deve
ser adaptado.
Os professores cursistas do GTR-2014 observaram que, as atividades práticas
no ensino de Biologia são possíveis de serem aplicadas em qualquer escola e
contribuem para o processo de ensino e aprendizagem. Além disso, o método em
que este projeto é desenvolvido contribui para que os estudantes percebam que os
conteúdos abordados em sala estão intimamente relacionados ao seu mundo
cotidiano, afinal os alunos precisam ter prazer em aprender.
O projeto de Intervenção Pedagógica foi desenvolvido com 13 alunos do 1º ano
do Ensino Médio do Colégio Estadual José de Anchieta do Município de Dois
Vizinhos – Pr, no laboratório da própria escola. A participação dos alunos evidenciou
bastante entusiasmo e comprometimento no desenvolvimento das atividades,
embora quando as práticas tiveram que ser repetidas, possibilitou que observassem
quais os pontos a serem retomados, a fim de obter um resultado satisfatório.
Os alunos afirmaram ainda, que gostaram desse enfoque diferenciado durante
as aulas e sentem-se motivados quando a prática é proposta. Ainda relataram que
por mais simples que seja, poderia ser ampliada de acordo com a necessidade.
O educando se interessa pela realização das práticas propostas, e verificou-se
grande participação por parte destes na elaboração de perguntas e questionamentos
e executando as atividades propostas, propiciando assim uma aula mais dinâmica e
envolvente.
A Produção Didática Pedagógica apresentada é importante, e aflora subsídios
para a prática pedagógica realizada pelos professores durante as atividades
experimentais no ensino da Biologia. Neste contexto, desenvolve-se a motivação e o
pensamento científico de forma mais concreta. No decorrer das atividades práticas
apresentadas, verificou-se que as mesmas são de fácil assimilação, os materiais e
produtos são de fácil acesso, vindo de encontro com as demandas da Escola
Pública, já que os nossos laboratórios estão um tanto desprovidos de materiais mais
complexos para a realização de práticas.
Portanto, a Produção Didática Pedagógica é uma necessidade na disciplina de
Biologia, pois se permite a conexão da teoria com prática. Esta proposta pedagógica
para a Biologia com os 1º anos é excelente, e de fácil realização.
Adicionalmente, mesmo um pequeno número de atividades experimentais, as
desenvolvidas pelos professores são interessantes e desafiadoras para o aluno e
suficiente para suprir as necessidades básicas na formação de jovens, permitindo
relacionar os fatos às soluções de problemas, dando-lhes oportunidades de
identificar questões para investigação, elaborarem hipóteses e planejar
experimentos testando-as, organizando-as e interpretando dados e, a partir deles,
fazer generalizações e inferências.
O uso de materiais alternativos na confecção dos trabalhos práticos é de grande
valia no cotidiano e, promovem acima de tudo interesse na busca de novas formas
de aprendizagem.
Entretanto, isto tudo depende de um conjunto de ações que norteiam o trabalho
desejado e que dentre elas pode-se nomear a dedicação, o espaço físico, o tempo
necessário e o próprio interesse dos alunos. Assim, todos estes fatores em conjunto
levam ao desenvolvimento de uma aula teórico-prática de qualidade, com objetivos
propostos sendo alcançados de maneira eficiente.
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Educadores/ professores concordaram, que as práticas experimentais são
essenciais na construção do processo de ensino e aprendizagem, mesmo sendo um
pequeno número de atividades experimentais, as que sejam desenvolvidas pelos
professores são interessantes e desafiadoras para o aluno e suficiente para suprir as
necessidades básicas à formação de educacional de jovens, permitindo-lhes
relacionar fatos às soluções de problemas, e, dando-lhes oportunidades de
identificar, investigar inúmeras questões, elaborar hipóteses e planejar experimentos
testando-os e interpretando dados e, a partir desses, possibilitando generalizações e
inferências.
Porém, ao mesmo tempo em que os professores entendem a relevância das
atividades experimentais, argumentam sobre as dificuldades para sua execução,
como: tempo para conciliar as aulas teóricas com a carga horária, capacitação e
precariedade dos materiais disponíveis.
Quanto à execução do plano elaborado, fatores como: deficiente estrutura física
das escolas, a falta de materiais de laboratório, poucas aulas no currículo e
despreparo de professores, levam a sua não realização. Diante desse contexto, não
adianta ficar enumerando as dificuldades, mas sim deve-se buscar alternativas para
que as aulas práticas sejam efetuadas.
As aulas práticas levam os alunos a terem uma melhor aprendizagem e
possibilita que os mesmos, possam aplicar os conhecimentos adquiridos em sua
vida cotidiana, e não apenas compreender os conteúdos. Portanto, a carência de
aulas práticas no ensino de Biologia, torna os alunos desinteressados e
desmotivados, refletindo aspecto negativo na aprendizagem da disciplina. O
professor é o agente responsável pela motivação em suas aulas e sem dúvidas, isso
reflete na aprendizagem e na qualidade da educação.
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